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Órgão oficial da Associação Brasileira de Imprensa 348 NOVEMBRO 2009

Jornal da ABI - A Cronologia dos Quadrinhos - Parte 1

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Primeira parte da edição especial do Jornal da ABI dedicada a contar a história cronológica dos quadrinhos até 1949. Texto de Ota. Edição de Francisco Ucha.

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Page 1: Jornal da ABI - A Cronologia dos Quadrinhos - Parte 1

Órgão oficial da Associação Brasileira de Imprensa

348NOVEMBRO

2009

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2 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

DIRETORIA – MANDATO 2007/2010Presidente: Maurício AzêdoVice-Presidente: Tarcísio HolandaDiretor Administrativo: Estanislau Alves de OliveiraDiretor Econômico-Financeiro: Domingos MeirellesDiretor de Cultura e Lazer: Jesus ChediakDiretor de Assistência Social: Paulo Jerônimo de Sousa (Pajê)Diretor de Jornalismo: Benício Medeiros

CONSELHO CONSULTIVO 2007-2010Chico Caruso, Ferreira Gullar, José Aparecido de Oliveira (in memoriam), Miro Teixeira,Teixeira Heizer, Ziraldo e Zuenir Ventura.

CONSELHO FISCAL 2009-2010Geraldo Pereira dos Santos, Presidente, Adail José de Paula, Adriano Barbosa doNascimento, Jorge Saldanha de Araújo, Luiz Carlos de Oliveira Chesther, ManoloEpelbaum e Romildo Guerrante.

MESA DO CONSELHO DELIBERATIVO 2009-2010Presidente: Pery Cotta1º Secretário: Lênin Novaes de Araújo2º Secretário: Zilmar Borges Basílio

Conselheiros efetivos 2009-2012Adolfo Martins, Afonso Faria, Aziz Ahmed, Cecília Costa, Domingos Meirelles, FernandoSegismundo, Glória Suely Álvarez Campos, Jorge Miranda Jordão, José Ângelo da SilvaFernandes, Lênin Novaes de Araújo, Luís Erlanger, Márcia Guimarães, Nacif Elias HiddSobrinho, Pery de Araújo Cotta e Wilson Fadul Filho.

Conselheiros efetivos 2008-2011Alberto Dines, Antônio Carlos Austregesylo de Athayde, Arthur José Poerner, Carlos ArthurPitombeira, Dácio Malta, Ely Moreira, Fernando Barbosa Lima (in memoriam), LedaAcquarone, Maurício Azêdo, Mílton Coelho da Graça, Pinheiro Júnior, Ricardo Kotscho,Rodolfo Konder, Tarcísio Holanda e Villas-Bôas Corrêa.

Conselheiros efetivos 2007-2010Artur da Távola (in memoriam), Carlos Rodrigues, Estanislau Alves de Oliveira, FernandoFoch, Flávio Tavares, Fritz Utzeri, Jesus Chediak, José Gomes Talarico, José Rezende Neto,Marcelo Tognozzi, Mário Augusto Jakobskind, Orpheu Santos Salles, Paulo Jerônimo deSousa (Pajê), Sérgio Cabral e Terezinha Santos.

Conselheiros suplentes 2009-2012Antônio Calegari, Antônio Henrique Lago, Argemiro Lopes do Nascimento (Miro Lopes),Arnaldo César Ricci Jacob, Ernesto Vianna, Hildeberto Lopes Aleluia, Jordan Amora,Jorge Nunes de Freitas, Lima de Amorim, Luiz Carlos Bittencourt, Marcus AntônioMendes de Miranda, Mário Jorge Guimarães, Múcio Aguiar Neto, Raimundo CoelhoNeto e Rogério Marques Gomes.

Conselheiros suplentes 2008-2011Alcyr Cavalcânti, Edgar Catoira, Francisco Paula Freitas, Francisco Pedro do Coutto,Itamar Guerreiro, Jarbas Domingos Vaz, José Pereira da Silva (Pereirinha), Maria doPerpétuo Socorro Vitarelli, Ponce de Leon, Ruy Bello, Salete Lisboa, SidneyRezende,Sílvia Moretzsohn, Sílvio Paixão e Wilson S. J. de Magalhães.

Conselheiros suplentes 2007-2010Adalberto Diniz, Aluízio Maranhão, Ancelmo Góes, André Moreau Louzeiro, ArcírioGouvêa Neto, Benício Medeiros, Germando de Oliveira Gonçalves, Ilma Martins da Silva,José Silvestre Gorgulho, Luarlindo Ernesto, Luiz Sérgio Caldieri, Marceu Vieira, MaurílioCândido Ferreira, Yacy Nunes e Zilmar Borges Basílio.

COMISSÃO DE SINDICÂNCIAJarbas Domingos Vaz, Presidente, Carlos Di Paola, José Carlos Machado, Luiz Sérgio Caldieri,Marcus Antônio Mendes de Miranda, Maria Ignez Duque Estrada Bastos e Toni Marins.

COMISSÃO DE ÉTICA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃOAlberto Dines, Arthur José Poerner, Cícero Sandroni, Ivan Alves Filho e Paulo Totti.

COMISSÃO DE LIBERDADE DE IMPRENSA E DIREITOS HUMANOSOrpheu Santos Salles, Presidente; Wilson de Carvalho, Secretário; Arcírio Gouvêa Neto,Daniel de Castro, Germando de Oliveira Gonçalves, Gilberto Magalhães, Lucy MaryCarneiro, Maria Cecília Ribas Carneiro, Mário Augusto Jakobskind, Martha Arruda dePaiva e Yacy Nunes.

COMISSÃO DIRETORA DE ASSISTÊNCIA SOCIALPaulo Jerônimo de Sousa, Presidente, Ilma Martins da Silva, Jorge Nunes de Freitas, JoséRezende Neto, Maria do Perpétuo Socorro Vitarelli e Moacyr Lacerda.

REPRESENTAÇÃO DE SÃO PAULOConselho Consultivo: Rodolfo Konder (Diretor), Fausto Camunha, George Benigno JatahyDuque Estrada, James Akel, Luthero Maynard, Pedro Venceslau e Reginaldo Dutra.

Jornal da ABINúmero 348 - Novembro de 2009

Editores: Maurício Azêdo e Francisco UchaProjeto gráfico e diagramação: Francisco UchaCronologia, pesquisa e redação: Otacílo Barros

Apoio à produção editorial: Alice Barbosa Diniz,André Gil, Conceição Ferreira, Diogo Collor Jobimda Silveira, Fernando Luiz Baptista Martins,Guilherme Povill Vianna, Maria Ilka Azêdo, Mário Luizde Freitas Borges.

Publicidade e Marketing: Francisco Paula Freitas(Coordenador), Queli Cristina Delgado da Silva,Paulo Roberto de Paula Freitas.

Diretor Responsável: Maurício Azêdo

Associação Brasileira de ImprensaRua Araújo Porto Alegre, 71 - Rio de Janeiro, RJ -Cep 20.030-012Telefone (21) 2240-8669/2282-1292e-mail: [email protected]

Representação de São PauloDiretor: Rodolfo KonderRua Dr. Franco da Rocha, 137, conjunto 51Perdizes - Cep 05015-O4OTelefones (11) 3869.2324 e 3675.0960e-mail: [email protected]

Impressão: Taiga Gráfica Editora Ltda.Avenida Dr. Alberto Jackson Byington, 1.808Osasco, SP

É POR MEIO DELAS que costumamos dar os pri-meiros passos nos campos do senso estético e doapreço pelas palavras. Por muitas gerações, as his-tórias em quadrinhos, editadas em revistas, gibisou jornais, cumpriram a tarefa de entreter, divertire, sobretudo, ajudar a alfabetizar. De estabelecero efetivo laço afetivo com a leitura. Estudos che-gam a sugerir que, quando adubadas no solo fér-til das hqs, das pequenas crianças naturalmentebrotam os grandes leitores – e essa não é umareferência apenas à estatura física.

OS PREDICADOS PRESENTES nos quadrinhos sãocapazes de converter sujeito indeterminado empersonagem principal. Quem se deixa encantar esabe bem explorar as hqs torna-se leitor ávido ecurioso. Garante, por assim dizer, o seu final fe-liz. Muitos são os estímulos abarcados nos traçosmarcantes, nas cores contrastadas. No humor, porvezes refinado, ou exposto em ironia abrutalha-da. Na magia perene dos clássicos e no frisson dasaventuras inimagináveis. Nas bravatas dos super-heróis e nas peraltices dos personagens infantis.

OS QUADRINHOS SÃO, na verdade, uma espé-cie de berço no qual é possível embalar toda e qual-quer imaginação. As onomatopéias não estão lápor acaso. Ao descrever sons com fonemas – pow,soc e bum rolam à vontade – o autor faz reverbe-rar nas cabeças de quem lê tapas, socos e ponta-pés. Explosões. E, no deslumbramento diante dodesenho estático, impresso no papel, tudo ganhamovimento, no folhear entre uma página e outra.

COM O ENCOLHIMENTO dos grandes jornaisocorrido nas últimas décadas, tanto em formatoquanto em número de páginas, os quadrinhos per-deram seu espaço. Vão longe os tempos em queeram publicadas seções diárias com tirinhas. E queas fartas edições de domingo traziam encartados,como um brinde, suplementos coloridos com

personagens preferidos dascrianças. De certa forma, eficiente estratégia decativar hoje o leitor de amanhã. Que seção cum-pre tal função nas publicações atuais?

HOJE, QUANDO AINDA presentes nos jornais, osquadrinhos estão espremidos entre palavras cru-zadas, horóscopos e passatempos. Mas, já houveum tempo em que personagens e seus autoreseram disputados por magnatas da imprensa. Eles

sabiam que as tiras traziam mais e novos leitores.E, nesse intento, não cabia economizar papel outinta. A fase de extrema valorização das hqs teveinício no fim do século 19, quando os processosgráficos foram aprimorados.

A HISTÓRIA DOS QUADRINHOS, como os própri-os, é repleta de reviravoltas. As hqs já tiveram mo-mentos gloriosos e foram perseguidas em ações decaça às bruxas, acusadas de aliadas do comunismo.Os quadrinhos foram marginalizados, queimadossob a alegação de prejudicarem o desempenho es-colar, levando à delinqüência juvenil. Pura boba-gem. Tanto que, com o tempo, as próprias edito-ras de livros didáticos passaram a recorrer a seustraços para adoçar seus conteúdos acadêmicos.

PRODUTO DA INDÚSTRIA cultural de massa, osquadrinhos experimentam o sabor de seu tempo.Há quem acredite que, de certa forma, eles sem-pre estiveram a nos cercar, desde as pinturas rupes-tres dos homens que contavam suas histórias nasparedes das cavernas. A tecnologia avançou, a co-municação revelou novas mídias e os garotos con-tam agora com outras diversões, o que só agrava aretração dessa indústria outrora tão rentável.

OS QUADRINHOS RESISTEM, persistem. Talvezestejam se preparando para passos futuros, possí-veis com as inovações tecnológicas. Não é absur-do pensar, com os recursos já disponíveis, em re-vistas com animação digital e opções de interati-vidade. Novas formas de contar antigas aventuras.

É PARA PRESERVAR o fio da meada da história dashqs que a ABI lança esta edição especial. A primeiraparte da retrospectiva que aponta o que aconte-ceu até agora. Certamente, longe de colocar pon-to final nessa história.

VIDA LONGA AOS QUADRINHOS!

Bem-vindo aos quadrinhos!

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Há 141 anos, Ângelo Agostini fez his-tória. Na verdade, entrou para a histó-ria ao realizar, no Brasil, a primeira HQem seqüência e com um personagemfixo, que começou a ser publicada em 30de janeiro de 1869. Tal obra atendia pelotítulo de As Aventuras de Nhô-Quim ouImpressões de Uma Viagem à Corte, eduraria nove capítulos, todos sob os cui-dados e traços do próprio Agostini, quejá acumulava outras publicações de de-senhos, contudo sem personagens fixos,no pasquim o Diabo Coxo.

O italiano Agostini, que chegara aoBrasil em 1859, criou estilo, influencioue tornou a caricatura em forma de sáti-ra política, assim como os quadrinhos,parte da imprensa do País. E foi um dosfundadores da mais importante revistainfantil brasileira: a popular O Tico-Tico.Durante 46 anos, de 1864 a 1910, desen-volveu uma perspicaz e minuciosa obser-vação do tipo brasileiro, especialmenteo carioca. Mas sua intervenção por meiodos traços se deu, sobretudo, na cenapolítica. Republicano, anticlerical e abo-licionista, utilizava a crítica como mo-tor de sua ativa função social.

O Segundo Reinado no Brasil (1840a 1889) foi marcado pela ilimitada to-lerância com relação à imprensa perió-dica e de propaganda, com a livre circu-lação de jornais, livros e panfletos. A sá-tira era cotidiana e cortejos carnavales-cos traziam carros representando as fi-guras importantes do Império. A ilus-tração ganhou seus primeiros traços noBrasil no Jornal do Commercio, de 14 dedezembro de 1837, com a caricatura(uma espécie de folheto litografado) deautoria de um artista consagrado: Ma-noel de Araújo Porto Alegre, que estu-dara em Paris nesse ano, e de lá trouxera a novidade.

A partir daí, a influência francesa na ilustraçãobrasileira foi marcante. Até que, em 1859, desembarcano Brasil um piemontês, nascido em Farcelle, Itália,em 8 de abril de 1843, neto materno de uma senho-ra parisiense. Ele passara a infância e a adolescênciaem Paris, onde estudara pintura. O jovem era Ânge-lo Agostini. Todo o ambiente político da época foi bemaproveitado pelo artista, que logo se tornou um dosmaiores críticos do reinado. Seus traços não perdo-avam o Papa Pio IX e demais autoridades eclesiásti-cas brasileiras. Defendiam a campanha abolicionis-ta. Chegou a criar um símbolo do homem nacional:um índio soberbo, ao estilo de ‘O Guarani’, que nosdesenhos sempre surge carregando os desmandos do

bro de 1867. Redigido por Américo de Cam-pos e Antonio Manoel dos Reis, era adep-to do Partido Liberal. Agostini encontrouum período fértil para sua sátira: a Guer-ra do Paraguai. Em caricaturas, desenhos,ilustrações de soldados mortos e mapas,ocupou muitas vezes as páginas do Ca-brião, não esquecendo a sátira ao Duque deCaxias e ao recrutamento de voluntáriospara o duro conflito. O artista criou o sím-bolo do jornal: um tipo popular e mordazchamado Cabrião que percorria as ruasatrás de personagens curiosos e atazanan-do os políticos do Partido Conservador.

Agostini muda-se para o Rio em 1867e colabora durante um ano para O Arle-quim. Em 1868 está no Vida Fluminense,onde, no ano seguinte, publica os noveepisódios de As Aventuras de Nhô-Quimou Impressões de Uma Viagem à Corte. Nadécada de 1880 funda a Revista Ilustrada,com as famosas páginas duplas dedicadasaos carnavais de 1881 a 1883, estampan-do dezenas de figurinhas entre deuses, he-róis, índios, guerreiros, religiosos, políti-cos, populares e até o Imperador. Nessarevista, Agostini desenvolve As Aventurasde Zé Caipora, retomando o tema de Nhô-Quim, que ainda surgiria diversas vezesem folhetos. O personagem fez tanto su-cesso que, em 1901, voltaria no D. Quixotee na revista O Malho, de 1904 em diante.

O advento da Abolição e da Repúbli-ca não aquietou o lápis do desenhista.Com duas de suas causas conquistadas,ele continuou satirizando os políticos eos costumes da capital do começo do sé-culo nas páginas de O Malho. No iníciode 1904 tem breve passagem pelo jornalGazeta de Notícias e, no dia 11 de outu-bro de 1905, com Luiz Bartolomeu deSousa e Silva, funda O Tico-Tico. Agosti-ni desenhou o primeiro logotipo, com umgrupo de garotinhas nuas brincando

entre as letras do título da revista. Também são desua autoria a História de Pai João, publicada no quin-to número, a capa da edição de 10 de janeiro de 1906e a série A Arte de Formar Brasileiros, iniciada em maiodo mesmo ano.

O artista continuou desenhando em O Malho atéàs vésperas de sua morte, num domingo, 23 de janeirode 1910, cansado pelos anos de trabalho e atingidopela morte de seu amigo de 50 anos, Joaquim Nabu-co, que falecera no dia 17 do mesmo mês, em Wa-shington. Como herança, deixou uma obra memo-rável e contestadora, num volume surpreendente emquantidade e qualidade, criando um estilo único, pi-oneiro e precursor da caricatura e da história emquadrinhos nacionais.

Ângelo Agostini e os primeiros traçosdos quadrinhos na imprensa brasileira

Império: altos impostos, parlamento, políticos, ‘afi-lhadagem’. Ou apenas observando, inconformado,as trapalhadas da corte.

Uma rica trajetória profissionalAo chegar ao Brasil, Agostini começou a desenvol-

ver sua arte em São Paulo. O primeiro jornal foi oDiabo Coxo, o primeiro periódico ilustrado editadona cidade. Semanário, começou a ser publicado em17 de setembro de 1864, tendo duas séries de 12números, sendo o último conhecido em 31 de dezem-bro de 1865. Redigido por Luiz Gama (1830-1882),também tinha a colaboração de Sizenando Nabuco.Os desenhos de Agostini já impressionavam. Eleconstruía e movimentava seus desenhos com umaimpressionante facilidade. Foi célebre a caricatura dodesastre ocorrido com o trem inaugural da Estradade Ferro Santos-Jundiaí, na várzea do Carmo, quedescarrilou, ferindo o presidente da Província e es-tragando toda a cerimônia.

Já Cabrião surgiu em 30 de setembro de 1866, cir-culando semanalmente com 51 edições até 29 de setem-

POR PAULO CHICO

Além de desenhar o logotipo da revista O Tico-Tico , Agostini colaborou durante muitos anosproduzindo diversas histórias em quadrinhos memoráveis, como esta do Chico Caçador.

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CERCA DE 30.000 A.C As pinturas rupestres nas

cavernas podem ser consideradasas primeiras manifestações dearte seqüencial.

CERCA DE 1070 D.C A TTTTTapeçaria de Bayeuxapeçaria de Bayeuxapeçaria de Bayeuxapeçaria de Bayeuxapeçaria de Bayeux —

peça de pano contando emdesenhos a história da invasãoda Inglaterra pela Normandia —provavelmente foi encomendadapara adornar a catedral domesmo nome que foi inauguradaem 1077. Elas contam umahistória em seqüência emostram até uma aparição docometa Halley nesse período.

1731 O pintor e gravador inglês

William Hogarth (1697-1764)pinta um grupo de seis quadrosque contam uma história, AAAAAHarlot’s ProgHarlot’s ProgHarlot’s ProgHarlot’s ProgHarlot’s Progressressressressress (O progressode uma prostituta). Esta e outrasséries feitas por Hogarth sãocitadas por Will Eisner como umademonstração pioneira de arteseqüencial. Os quadros originaisse perderam num incêndio, massobreviveram através de gravurasque os reproduziam. Hogarthtambém se notabilizou comouma das primeiras pessoas abrigar por seus direitos autorais.

1835 Na Alemanha, Wilhelm Busch

cria os encapetados MaMaMaMaMax undx undx undx undx undMoritzMoritzMoritzMoritzMoritz (Juca e Chico, natradução de Olavo Bilac), umadupla de garotos encrenqueirosque morrem torrados no final dahistória ilustrada e serviria deinspiração para os lendáriosSobrinhos do CapitãoSobrinhos do CapitãoSobrinhos do CapitãoSobrinhos do CapitãoSobrinhos do Capitão.

1839 O suíço Rudolfe Töpffer

publica Les Amours deLes Amours deLes Amours deLes Amours deLes Amours deMonsieur VMonsieur VMonsieur VMonsieur VMonsieur Vieux Boisieux Boisieux Boisieux Boisieux Bois, obrailustrada de arte seqüencial queusa elementos mais tardeincorporados pelos quadrinhos.

1855 O francês radicado no Brasil

Sébastien Auguste Sisson publicano jornal Brasil Illustrado o que éconsiderado a primeira históriaem quadrinhos publicada noBrasil: Namoro, Quadros aoNamoro, Quadros aoNamoro, Quadros aoNamoro, Quadros aoNamoro, Quadros aoVVVVVivo, por S… o Cio ivo, por S… o Cio ivo, por S… o Cio ivo, por S… o Cio ivo, por S… o Cio mostrandoos costumes da época.

1869 Angelo Agostini publica na

Vida Fluminense As AAs AAs AAs AAs Aventurasventurasventurasventurasventurasde Nhô Quim oude Nhô Quim oude Nhô Quim oude Nhô Quim oude Nhô Quim ou ImpressõesImpressõesImpressõesImpressõesImpressõesde de de de de Uma VUma VUma VUma VUma Viagem à Coriagem à Coriagem à Coriagem à Coriagem à Cortetetetete. A datadessa publicação, 30 de janeiro,foi incorporada ao calendáriocomo Dia do Quadrinho Nacional.

1886 Primeiro “gibi” de que se

tem notícia: Angelo Agostinicompila em fascículos asaventuras de Zé CaiporaZé CaiporaZé CaiporaZé CaiporaZé Caipora,que começara a publicardesde 1883 na RevistaIlustrada. Essa edição éconsiderada a primeirarevista com umpersonagem fixopublicada noBrasil. Agostinidepois retomariao personagemem O Malho eDom Quixote.

1892 James Swinnerton colabora

no Examiner de São Francisco,Estados Unidos, e cria o painelsemanal TTTTThe Little Bears, he Little Bears, he Little Bears, he Little Bears, he Little Bears, quedepois passa a sair diariamente.É a primeira série americana compersonagens fixos.

1895 YYYYYellow Kidellow Kidellow Kidellow Kidellow Kid, de Richard Felton

Outcault, faz sua estréia nojornal The World, de JosephPulitzer, tornando-se publicaçãosemanal em 1896. A sériemostra um menino que moranuma favela e os dizeres sãoescritos no seu roupão amarelo.O uso da cor amarela foi umteste para experimentar aimpressão em mais de uma core atrair mais leitores. Daí vem otermo “jornalismo amarelo”(correspondente ao nosso“imprensa marrom”).

1896 Começa a compra de passes

de artistas de hq e a disputaentre os magnatas da imprensa:Oultcault transfere-se do TheWorld, de Pulitzer, para o Examiner,de Wiliam Randolph Hearst.

Hearst lança no seu JournalAmerican o primeiro suplementocolorido de quadrinhos, intituladoThe American Humourist. Alémde YYYYYellow Kidellow Kidellow Kidellow Kidellow Kid (abaixo, àesquerda), o suplemento estréiaa mais antiga história emquadrinhos em circulação e a

primeira a fazer uso de todosos elementos tradicionaisdos quadrinhos: TTTTThehehehehe

Katzenjammer KidsKatzenjammer KidsKatzenjammer KidsKatzenjammer KidsKatzenjammer Kids, deRudolf Dirks. Inspirada nos

clássicos MaMaMaMaMax undx undx undx undx undMoristchMoristchMoristchMoristchMoristch de Busch, estasérie seria conhecidano Brasil como OsOsOsOsOsSobrinhos doSobrinhos doSobrinhos doSobrinhos doSobrinhos doCapitãoCapitãoCapitãoCapitãoCapitão.

1900 O vagabundo

Happy HooliganHappy HooliganHappy HooliganHappy HooliganHappy Hooligan, deFrederick Burr Opper,

começa a sair nos jornais darede de Hearst e é a primeirasérie de quadrinhos a seradaptada para o cinema, emseis curtas dirigidos por J. StuartBlackton no mesmo ano (equinze anos mais tarde em ummonte de animações). Tambémse diz que serviu de inspiraçãopara o personagem doVagabundo, de Charles Chaplin.

1902 Outcault cria novo

personagem que se tornaráainda mais popular: BusterBusterBusterBusterBusterBrownBrownBrownBrownBrown, um encapetado meninoda classe média alta. Este seriaposteriormente copiado pelapublicação brasileira O Tico-Tico erebatizado aqui como Chiquinho.

1903 TTTTThe Upside Downshe Upside Downshe Upside Downshe Upside Downshe Upside Downs of Ladyof Ladyof Ladyof Ladyof Lady

Lovekins and Old ManLovekins and Old ManLovekins and Old ManLovekins and Old ManLovekins and Old ManMuffarooMuffarooMuffarooMuffarooMuffaroo do holandês GustaveVerbeek começam no New York

Herald. A novidade dessa série éque ela tem dupla leitura. Aoacabar de ler a primeira parte, oleitor vira o jornal de cabeçapara baixo e a história continua.

Nasce a primeira tira decunho jornalístico: A. PikerA. PikerA. PikerA. PikerA. PikerClerkClerkClerkClerkClerk, de Clare Briggs, noAmerican de Chicago. Opersonagem apostava emcavalos de corrida e comentavaos páreos da véspera.

1904 TTTTThe Newlywedshe Newlywedshe Newlywedshe Newlywedshe Newlyweds, de George

McManus começa contando odia-a-dia de um casal de recém-casados.

1905 Considerada a primeira obra-

prima dos quadrinhos, LittleLittleLittleLittleLittleNemo in SlumberlandNemo in SlumberlandNemo in SlumberlandNemo in SlumberlandNemo in Slumberland, deWindsor McCay começa no NewYork Herald. Mostra ospesadelos de um menino queexagera nas sobremesas e temaventuras alucinantes no mundodos sonhos, invariavelmentecaindo da cama e acordando aofim de cada episódio.

No Brasil, o pioneiro O Tico-O Tico-O Tico-O Tico-O Tico-TicoTicoTicoTicoTico é lançado comodesdobramento do jornal satíricoO Malho e considerada a primeirapublicação brasileira importantevoltada exclusivamente para ascrianças. É líder no mercado até

1900

MAX UND MORITZ

TAPEÇARIA DE BAYEUX

A HARLOT’S PROGRESS

THE KATZENJAMMER KIDS, OS SOBRINHOS DO CAPITÃO

HAPPY HOOLIGAN

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5Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

Max Yantok entra para o timede colaboradores do Tico-Tico,onde criaria divertidos personagenscomo KaKaKaKaKaximbownximbownximbownximbownximbown e PipocaPipocaPipocaPipocaPipoca,num estilo único e alucinado.

1911 Alfredo Storni cria, para OOOOO

Tico-Tico-Tico-Tico-Tico-TicoTicoTicoTicoTico, o casal Zé Macaco eZé Macaco eZé Macaco eZé Macaco eZé Macaco eFFFFFaustinaaustinaaustinaaustinaaustina, antecipando em algunsanos outro casal famoso dosquadrinhos, Pafúncio e Marocas.

1912 J. Carlos funda a revista

independente O JuquinhaO JuquinhaO JuquinhaO JuquinhaO Juquinha,retomando seu personagem.

Primeiro processo judicialenvolvendo personagens dequadrinhos. Rudolf Dirks, autorde TTTTThe Katzenjammer Kidshe Katzenjammer Kidshe Katzenjammer Kidshe Katzenjammer Kidshe Katzenjammer Kids,troca o Journal American deHearst pelo The World dePulitzer. Hearst processa o autor,que é impedido de levar consigoseus personagens para a novapublicação. A série é retomadapor Harold Knerr. A briga seestende na justiça até 1914. Adecisão do juiz é salomônica:Dirks readquire o direito decontinuar com seus personagens,porém tem que dar outro nomeà tira. Passam a existir duasséries com os mesmospersonagens básicos (umcapitão, uma mãe alemã, uminspetor barbudo e doismoleques endiabrados) publicadasparalelamente em jornaisconcorrentes, mas a nova versãoassinada por Dirks recebe otítulo TTTTThe Captain and the Kidshe Captain and the Kidshe Captain and the Kidshe Captain and the Kidshe Captain and the Kids.

1910

1907 Surge o primeiro “GibyGibyGibyGibyGiby”, um

molequinho negro que virariasaco de pancadas de Juquinha,em O Tico-Tico. Mas, nessemesmo ano, J Carlos deixa apublicação.

MrMrMrMrMr. A. Mutt. A. Mutt. A. Mutt. A. Mutt. A. Mutt (que depoisviraria Mutt & JeffMutt & JeffMutt & JeffMutt & JeffMutt & Jeff), de HenryFisher, começa no San FranciscoChronicle e estabelece o marcode primeiro mega-sucesso dosquadrinhos

1908 O jornal italiano Corriere della

Sera lança a primeira publicaçãopara crianças, o Corriere deiCorriere deiCorriere deiCorriere deiCorriere deiPiccolPiccolPiccolPiccolPiccoliiiii, similar ao nosso Tico-Tico.

1910 Krazy KatKrazy KatKrazy KatKrazy KatKrazy Kat, de George

Herriman, aparece pela primeiravez em outra série, The DingbatFamily. Em 1913 passaria a sero titular da tira.

a década de 30, quandocomeçam os Suplementos deAdolfo Aizen, mas sobrevive atéo início dos anos 1960. O Tico-O Tico-O Tico-O Tico-O Tico-TicoTicoTicoTicoTico tinha leitores ilustres comoCarlos Drummond de Andrade

e Ruy Barbosa. Este, certa vez,interpelado por um colega noSenado sobre a fonte de umainformação que teria acabadode falar, teria respondido: “Li...no Tico-Tico”.

1906 J. Carlos começa a publicar

O TO TO TO TO Talento do Juquinhaalento do Juquinhaalento do Juquinhaalento do Juquinhaalento do Juquinha emO Tico-Tico, destronando opersonagem ChiquinhoChiquinhoChiquinhoChiquinhoChiquinho napreferência dos leitores.

O TICO-TICO

THE UPSIDE DOWNS OF LADY LOVEKINS AND OLD MAN MUFFAROO

LITTLE NEMO IN SLUMBERLAND, DE WINDSOR MCCAY

MUTT & JEFF, DE HENRY FISHER

KRAZY KAT, DE GEORGE HERRIMAN

BUSTER BROWN

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6 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

Cliff Sterrett leva o cubismoaos cenários de quadrinhos,criando PPPPPolly and Her Polly and Her Polly and Her Polly and Her Polly and Her Palsalsalsalsals,uma tira mostrando o cotidianode uma garota muito bonita epaquerada e sua família.

1913 George Mac Manus consolida

sua fama criando BringBringBringBringBringing Uping Uping Uping Uping UpFFFFFatheratheratheratherather (no Brasil conhecidocomo PPPPPafúncioafúncioafúncioafúncioafúncio), mostrando asperipécias de um casal de novos-ricos tentando se introduzir nasociedade mas sem abrir mãode sua origem humilde.

1914 Edgar Rice Burroughs publica

em capítulos folhetinescos aprimeira aventura com opersonagem TTTTTarzanarzanarzanarzanarzan na revistaAll-Story. Este viraria personagemde quadrinhos apenas em 1929.

Luís Loureiro, encarregado dedesenhar as histórias deChiquinhoChiquinhoChiquinhoChiquinhoChiquinho para o Tico-Tico,introduz o personagemBenjaminBenjaminBenjaminBenjaminBenjamin na série. O meninonegro, que virou um sucessoinstantâneo, era inspirado emum criado que trabalhava nacasa da família Loureiro.

1918 Gasoline AlleyGasoline AlleyGasoline AlleyGasoline AlleyGasoline Alley, de Frank King,

começa no Chicago Tribune eestabelece um novo conceito:personagens que envelhecem emtempo real. Personagens nascem,casam, envelhecem, morrem. Atira é publicada até hoje.

1919 Criado por Otto

Messmer, o Gato FélixGato FélixGato FélixGato FélixGato Félix(ao lado) faz sua estréianos cinemas. O australianoPat Sullivan foi creditado,durante anos, comodetentor dos copyrightsdo personagem. Em 1923

Messmer começa a desenharas tiras do Gato FélixGato FélixGato FélixGato FélixGato Félix para oKing Features Syndicate. Estassobrevivem aos desenhosanimados, que foramdestronados pelo cinemasonoro e pelo camundongoMickey, de Walt Disney.

Believe It or NotBelieve It or NotBelieve It or NotBelieve It or NotBelieve It or Not (Acredite…Se Quiser), de Bob Ripley, surgenos jornais. É um painel diário

(com sua versão dominical)com curiosidades sobre

esportes e fatosestranhos. A série viramania nacional e étransposta paradiversas mídias epermanece até hoje

como uma série dedocumentários para tv

e de livros ilustrados.

1920 WWWWWinnie Winnie Winnie Winnie Winnie Winkle theinkle theinkle theinkle theinkle the

BreadwinnerBreadwinnerBreadwinnerBreadwinnerBreadwinner é pioneira aomostrar uma mulher em papéisnão-domésticos. Mas para ascrianças a grande estrela dasérie é seu irmão mais novo,Perry, que domina as páginasdominicais.

1921 Surge o personagem de

quadrinhos australiano demaior longevidade: GingerGingerGingerGingerGingerMeggsMeggsMeggsMeggsMeggs, de Jimmy Bancks. A tiraexiste até hoje (feita porcontinuadores, claro).

1922 A primeira exposição sobre

histórias em quadrinhos érealizada no Waldorf Astoria, emNova York.

1924 Little Orphan AnnieLittle Orphan AnnieLittle Orphan AnnieLittle Orphan AnnieLittle Orphan Annie (Aninha,

a Pequena Órfã), de HaroldGray, é considerado o primeiro“novelão” dos quadrinhos. Umamenina órfã acompanhada de

seu cãozinho passa por milagruras até ser adotada pelomagnata Daddy Warbucks. Elaatravessa vários períodos dahistória norte-americana, incluindoa grande depressão de 1929.

1927 Surge a primeira repórter

mulher das histórias emquadrinhos: Jane ArdenJane ArdenJane ArdenJane ArdenJane Arden.

1928 Disney lança Mickey MouseMickey MouseMickey MouseMickey MouseMickey Mouse

em desenhos animados e estese tornaria o novo queridinho daAmérica. SteambSteambSteambSteambSteamboat Willieoat Willieoat Willieoat Willieoat Willie jáusa a grande novidade domomento: o som. O KingFeatures logo entra em acordopara transformar o personagemnuma tira de quadrinhos, quecomeça a sair em 1930.

A Argentina vê surgir seupersonagem mais importante, oíndio PPPPPatoruzúatoruzúatoruzúatoruzúatoruzú, de DanteQuinterno. Patoruzú é umcacique Tehuelche da Patagôniaque possui força sobre-humana.

J. Carlos lança suapersonagem de quadrinhosmais famosa:LamparinaLamparinaLamparinaLamparinaLamparina (àdireita) vemengrossar a suafileira de criaçõesque já conta comJujuba e CarrapichoJujuba e CarrapichoJujuba e CarrapichoJujuba e CarrapichoJujuba e Carrapicho.Tudo publicado emO Tico-Tico.

TARZAN OF THE APES

PAFÚNCIO, DE GEORGE MAC MANUS

POLLY AND HER PALS

1920

WINNIE WINKLE THE BREADWINNER

GASOLINE ALLEY

LITTLE ORPHAN ANNIE

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7Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

1929 No dia 10 de janeiro, o jovem

repórter TTTTTintim intim intim intim intim e seu cão Milu(Milou) aparecem nosuplemento Le Petit Vingtième,publicado no jornal Le VingtièmeSiècle, de orientação católica.Não foi uma boa estréia: criadopelo belga Georges ProsperRemi, mais conhecido comoHergé, essa primeira aventura –No País dos Sovietes – foipraticamente produzida sobencomenda. O diretordo jornal, abade NorbertWallez que era contrárioao regime comunista,incentivou o autor a

colocar Tintim tentando fazeruma reportagem durante umaviagem à Rússia. Na história,vários agentes do governosoviético tentam impedir queTintim faça a matéria para queele não revele ao mundo comoé um país dominado peloregime comunista. Depois da

guerra, o abade foi preso pelosingleses acusado de colaborarcom o regime nazista.

É lançado o tablóide TheTheTheTheTheFunniesFunniesFunniesFunniesFunnies, precursor dos comic-books que invadiriam os EstadosUnidos na década seguinte, eprimeira publicação periódicaexclusivamente de quadrinhos,vendida em bancas erepublicando tirasfamosas da época.

O marinheiro PPPPPopeyeopeyeopeyeopeyeopeye faz asua primeira aparição em TheTheTheTheTheThimble TheaterThimble TheaterThimble TheaterThimble TheaterThimble Theater, de Segar, elogo se torna a estrela máximada tira. Sua fama aumenta aindamais quando começa a aparecernos desenhos animadosproduzidos por Max Fleischer apartir de 1933.

Os quadrinhos mostram pelaprimeira vez desenhos realistas.Duas séries oriundas dos pulpganham adaptações. Hal Fostercomeça a desenhar TTTTTarzanarzanarzanarzanarzan, de

Edgar Rice Burroughs,e Buck Rogers in theBuck Rogers in theBuck Rogers in theBuck Rogers in theBuck Rogers in the222225th Century5th Century5th Century5th Century5th Century, de DickCalkins, também ganha aspáginas de jornais.

A Casa Editora Vecchi fazuma tentativa de lançar umtablóide semanal de quadrinhos,antecipando em cinco anos ainiciativa de Adolfo Aizen, masfracassa. Mundo InfantilMundo InfantilMundo InfantilMundo InfantilMundo Infantil duracerca de um ano. Publicava,entre outras, BringBringBringBringBringing Up Fing Up Fing Up Fing Up Fing Up Fatheratheratheratherather(Pafúncio), de McManus, eLauraLauraLauraLauraLaura, de Pat Sulivan.

Surge A GazetinhaA GazetinhaA GazetinhaA GazetinhaA Gazetinha,suplemento do jornal A Gazeta,que teve diversas fases e lançouinúmeros personagens nacionaise americanos.

1930 Chick Young cria BlondieBlondieBlondieBlondieBlondie,

aproveitando o filão de tiras commulheres bonitas desencadeadopor Polly and her Pals, de CliffSterrett. Em 1933 a loura se casa

STEAMBOAT WILLIE

1930

com o milionárioDagwood Bumstead,

que por causa disso édeserdado pela família epassa a viver uma vida deamericano classe média, indo

trabalhar num escritório. Apesarde tudo, o casal vive feliz parasempre e a família vaiaumentando com a chegadados filhos e meia dúzia de

cachorros, sobrevivendo nosjornais até hoje. Aqui foiconhecida como Belinda.Belinda.Belinda.Belinda.Belinda.

Betty BoopBetty BoopBetty BoopBetty BoopBetty Boop (acima) aparecepela primeira vez num desenhode Max Fleischer, Dizzy DishesDizzy DishesDizzy DishesDizzy DishesDizzy Dishes.Mas, quem diria: nos primeirosdesenhos era uma cachorra.Mas logo ela seria humanizada eficaria tão sexy que chegou a terproblemas com a censura.

Ham Fisher, que começou asua carreira como repórteresportivo, teve a idéia de fazeruma tira quando entrevistou umboxeador. Mas tentou durante

TINTIM NO PAÍS DOS SOVIETESPOPEYE, DE SEGAR

TARZAN, DE HAL FOSTER

BLONDIE

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8 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

quase dez anos vender a tira,sem sucesso. Finalmente, em1930, Joe PJoe PJoe PJoe PJoe Palookaalookaalookaalookaalooka estréia e viraum fenômeno. No Brasil recebeuo nome de Joe SopapoJoe SopapoJoe SopapoJoe SopapoJoe Sopapo.

1931 O genial Luiz Sá começa a

publicar no Tico-Tico-Tico-Tico-Tico-TicoTicoTicoTicoTico seuspersonagens mais famosos:Réco-Réco, Bolão e Azeitona,Réco-Réco, Bolão e Azeitona,Réco-Réco, Bolão e Azeitona,Réco-Réco, Bolão e Azeitona,Réco-Réco, Bolão e Azeitona,virando colaborador regular darevista até o seuencerramento noinício dos anos 60.

Dick TDick TDick TDick TDick Tracyracyracyracyracy, de ChesterGould, inaugura o gêneropolicial nos quadrinhos.A tira é um sucesso,principalmente por causados vilões bizarros, que chegama ser mais esquisitos ainda queos do Batman.

TTTTThe Little Kinghe Little Kinghe Little Kinghe Little Kinghe Little King (O Reizinho),de Otto Soglow, faz sua primeiraaparição no New Yorker.....

1932 HenryHenryHenryHenryHenry (Pinduca), de Carl

Anderson, aparece no SaturdayEvening Post mostrando asestripulias de um menino carecaque nunca fala.

JaneJaneJaneJaneJane, do inglês Norman Pett(aqui conhecida como JanePouca-Roupa), é a primeira hq aintroduzir a nudez feminina (o

modelo era a esposa do autor).Depois ela teve até uma filha:Jane, Daughter of JaneJane, Daughter of JaneJane, Daughter of JaneJane, Daughter of JaneJane, Daughter of Jane.

Alley OopAlley OopAlley OopAlley OopAlley Oop (Brucutu), de V. T.Hamlin, estréia nos jornais norte-americanos. No início é apenasum simples homem dascavernas, mas há uma reviravoltaquando um cientista o traz aosdias atuais com a ajuda de umamáquina do tempo. A partir daípassa a viver aventuras em váriosperíodos da história mundial.

1933 Na tira FFFFFritzi Ritzritzi Ritzritzi Ritzritzi Ritzritzi Ritz, desenhada

por Ernie Bushmiller, surge umasobrinha da personagem-títuloque depois acabaria virando atitular da série: NancyNancyNancyNancyNancy (conhecidano Brasil por nomes comoPPPPPeriquita, Xuxuquinha, Nanci,eriquita, Xuxuquinha, Nanci,eriquita, Xuxuquinha, Nanci,eriquita, Xuxuquinha, Nanci,eriquita, Xuxuquinha, Nanci,Maricota, TMaricota, TMaricota, TMaricota, TMaricota, Tecaecaecaecaeca e vários outros).

William Ritt e Clarence Graylançam Brick BradfordBrick BradfordBrick BradfordBrick BradfordBrick Bradford, maisuma série de ficção científica,que no Brasil recebe o nome deDick JamesDick JamesDick JamesDick JamesDick James.

1934 Vencedor de um concurso

promovido pelo King Features,Alex Raymond lança de uma veztrês personagens: Flash GordonFlash GordonFlash GordonFlash GordonFlash Gordon,Jungle Jim Jungle Jim Jungle Jim Jungle Jim Jungle Jim (Jim das Selvas) eSecret Agent X-9Secret Agent X-9Secret Agent X-9Secret Agent X-9Secret Agent X-9 (AgenteSecreto X-9) – este escrito porDashiell Hammett – paracompetir simultaneamente comBuck Rogers, Tarzan e Dick Tracy.

Raymond torna-se empouquíssimo tempo a principalestrela do mundo dos quadrinhos.

Voltando de uma viagem aosEUA, onde viu a popularidadedos suplementos dominicais dosquadrinhos, Adolfo Aizen resolvetrazer a idéia para o Brasil elança o Suplemento InfantilSuplemento InfantilSuplemento InfantilSuplemento InfantilSuplemento Infantil,inicialmente um apêndice do

jornal A Nação (ao lado).Logo a publicação torna-seindependente e seu nomemuda para SuplementoSuplementoSuplementoSuplementoSuplementoJuvenilJuvenilJuvenilJuvenilJuvenil. A capa doprimeiro número foi feitapor J. Carlos e já traziauma história brasileira: OsOsOsOsOsExploradores da AtlântidaExploradores da AtlântidaExploradores da AtlântidaExploradores da AtlântidaExploradores da Atlântida,de Monteiro Filho, a únicaque fez na vida. Asobrecarga de trabalhoobrigou Monteiro acancelar logo a série, queno último quadrinho tinhaas iniciais “G.D.” (Graças aDeus). Embora publicasseoutros quadrinhosbrasileiros, como os deCarlos Augusto Thiré

(primeiro marido de TôniaCarreiro e pai de Cecil Thiré), abase do SuplementoSuplementoSuplementoSuplementoSuplemento erammesmo as histórias americanas.Em suas páginas foram lançadosFlash GordonFlash GordonFlash GordonFlash GordonFlash Gordon, Mandrake,Mandrake,Mandrake,Mandrake,Mandrake,TTTTTarzan, Príncipe Varzan, Príncipe Varzan, Príncipe Varzan, Príncipe Varzan, Príncipe Valente, Dickalente, Dickalente, Dickalente, Dickalente, DickTTTTTracyracyracyracyracy, Jim das Selvas, T, Jim das Selvas, T, Jim das Selvas, T, Jim das Selvas, T, Jim das Selvas, Terry eerry eerry eerry eerry eos Piratasos Piratasos Piratasos Piratasos Piratas e muitos outros, alémde incorporar os personagensDisney, lançados antes pelo OTico-Tico. O sucesso foiimediato: rapidamente astiragens atingiram a casa dos

O REIZINHO, DE OTTO SOGLOW

PINDUCA

DICK TRACY, DECHESTER GOULD

BRUCUTU, DE V. T. HAMLIN

BOLÃO E AZEITONA, DE LUIZ SÁ OS EXPLORADORES DA ATLÂNTIDA, DE MONTEIRO FILHO

BRICK BRADFORD, DE WILLIAM RITTE CLARENCE GRAY

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9Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

360 mil exemplares (somandoas três edições semanais),destronando o até entãoimbatível O Tico-Tico emotivando osugimento de filhotescomo MirimMirimMirimMirimMirim e LLLLLobinhoobinhoobinhoobinhoobinho.Aizen inovou ainda,mobilizando os jovens detodo o País ao criar o CentroJuvenilista.

Li’l AbnerLi’l AbnerLi’l AbnerLi’l AbnerLi’l Abner(Ferdinando) deAl Capp faz suaestréia, retratandoo universo dos caipiras, e torna-se outro mega-sucesso nos EUA.

TTTTTerry and the Pirateserry and the Pirateserry and the Pirateserry and the Pirateserry and the Pirates (Terry eos Piratas) é a primeira série desucesso de Milton Caniff,mostrando as aventuras de umgaroto no extremo oriente.

Lee Falk cria Mandrake theMandrake theMandrake theMandrake theMandrake theMagMagMagMagMagicianicianicianicianician (Mandrake, o Mágico)para o King Features Syndicate.Phil Davis é escolhido paradesenhar a tira, logo traduzidano Suplemento Juvenil.Suplemento Juvenil.Suplemento Juvenil.Suplemento Juvenil.Suplemento Juvenil.

1935 Belmonte, o inesquecível

criador do Juca PJuca PJuca PJuca PJuca Patoatoatoatoato, publicaPPPPPaulino e Albinaaulino e Albinaaulino e Albinaaulino e Albinaaulino e Albina na Gazetinha.

Jesus Blasco publica naEspanha seu personagem CutoCutoCutoCutoCuto,na revista Chicos.

Marjorie Henderson Buell,assinando Marge, cria Little LuluLittle LuluLittle LuluLittle LuluLittle Lulu(Luluzinha), inicialmente um

painel semanal no SaturdayEvening Post. Em 1943 aFamous Studios (pertencente àParamount e sucedânea doestúdio de Max Fleischer) licenciaa personagem para a produçãode curtas de animação. Mas énos também licenciados gibis daeditora Dell de 1945 em dianteque LuluzinhaLuluzinhaLuluzinhaLuluzinhaLuluzinha encontra suamídia mais popular e épublicada regularmente porquase 40 anos. No Brasilsó chegaria em meadosda década de 50 nasedições publicadaspela editora OCruzeiro.

1935

FLASH GORDON, DE ALEX RAYMOND

IMPERADOR MING, O ARQUI-INIMIGODE FLASH GORDON

JIM DAS SELVAS,DE ALEX RAYMOND

LULUZINHA E BOLINHA

Bill McCleery(escritor) and R.B. Fuller(desenhista) criamOaky DoaksOaky DoaksOaky DoaksOaky DoaksOaky Doaks, umaespécie de versãocômica do PríncipePríncipePríncipePríncipePríncipe

VVVVValentealentealentealentealente que inclusive o precede.No Brasil recebeu o nome deSir TSir TSir TSir TSir Tereréereréereréereréereré.

1936 O planeta Saturno

decide invadir a Terra.Mas só os italianos

ficam sabendo, através dahq Saturno Contro la TSaturno Contro la TSaturno Contro la TSaturno Contro la TSaturno Contro la Terraerraerraerraerra,

de Cesare Zavattini, desenhadapor Giovanni Scolari.

Lee Falk cria outropersonagem que fará maissucesso ainda: TTTTThe Phantomhe Phantomhe Phantomhe Phantomhe Phantom(Fantasma), desta vez emparceria com o desenhista RayMoore. Mas, aqui no Brasil, o

FERDINANDO, DE AL CAPP

TERRY E OS PIRATAS, DE MILTON CANIFF

SIR TERERÉ

MANDRAKE, O MÁGICO,DE LEE FALK

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personagem não foi lançadopelo Suplemento Juvenil, e simpelo Correio Universal. Depoisseria lançado em revistas nasmais diversas editoras do País ese tornaria um sucesso devendas.

1937 Hal Foster abandona TTTTTarzanarzanarzanarzanarzan e

cria Prince VPrince VPrince VPrince VPrince Valiantaliantaliantaliantaliant (PríncipeValente) para o King FeaturesSyndicate, de Hearst. A história éconsiderada a mais perfeitaiconografia da Idade Média enarra as aventuras de um jovempríncipe desde a pré-adolescência. Hearst gosta tantoque – fato raro – deixa queFoster continue mantendo osdireitos sobre o personagem.

Al Capp cria outra série, massó faz os roteiros. Os desenhosficam por conta do ilustradorRaeburn Van Buren. SlatsSlatsSlatsSlatsSlats é umrapaz novaiorquino que fica órfãoe vai morar com a tia Abigail nointerior, numa cidadezinhachamada Cabtree Corners. Aquia série ganhou o título de ZéZéZéZéZéMulamboMulamboMulamboMulamboMulambo e a cidade virouRancho FRancho FRancho FRancho FRancho Fundoundoundoundoundo. Mas é seu sogroBathless GroggBathless GroggBathless GroggBathless GroggBathless Groggins ins ins ins ins (PraxedesPorcalhão) o mais popularpersonagem da série.

Animados com a propagandagratuita que PPPPPopeyeopeyeopeyeopeyeopeye faz de seuproduto (principalmente nosdesenhos animados),plantadores de espinafre noTexas erigem uma estátua emhomenagem ao marinheiro. Umano depois, o criador Elzie Segarfalece devido a uma doença edeixa o personagem nas mãos

de vários continuadores,notadamente Bud Sargendorf, oque mais anos passoudesenhando a série, primeiroem gibis e depois assumindo omaterial para jornais.

Roberto Marinho foi o primeiroempresário procurado por Aizen,na época em que ele procuravaum financiador para seu projetode lançar suplementos dequadrinhos. Na época, recusou.Três anos depois, vendo osucesso do Suplemento JuvenilSuplemento JuvenilSuplemento JuvenilSuplemento JuvenilSuplemento Juvenil,foi a vez dele se aproximar deAizen, propondo-lhe sociedade, eeste lhe deu o troco, recusando.Marinho resolve partir para aconcorrência e lança O GlobO GlobO GlobO GlobO GloboooooJuvenilJuvenilJuvenilJuvenilJuvenil, imitando não só o títulocomo o formato, e publicandopersonagens que não haviamsido comprados por Aizen,como FFFFFerdinando, Brucutu eerdinando, Brucutu eerdinando, Brucutu eerdinando, Brucutu eerdinando, Brucutu eZé MulamboZé MulamboZé MulamboZé MulamboZé Mulambo.

Aizen lança MirimMirimMirimMirimMirim, mantendoa mesma fórmula do SuplementoSuplementoSuplementoSuplementoSuplementoJuvenilJuvenilJuvenilJuvenilJuvenil de publicar as séries detiras em continuação, porémem novo formato: meio

tablóide, que evoluiria para otamanho padrão que as revistasem quadrinhos passariam a terna década seguinte. Como ooutro, passa a sair três vezespor semana, em dias alternadosao SuplementoSuplementoSuplementoSuplementoSuplemento.

Henning Dahl Mikkelsen (“Mik”)cria na Dinamarca FFFFFerd’nand.erd’nand.erd’nand.erd’nand.erd’nand.

Francisco Armond e RenatoSilva lançam o Garra CinzentaGarra CinzentaGarra CinzentaGarra CinzentaGarra Cinzentana Gazetinha, precursora dogênero terror. A série faz tantosucesso que chega a serexportada para o México e

A concorrência entre RobertoMarinho e Adolfo Aizen se acirra.Marinho lança GibiGibiGibiGibiGibi, no mesmo for-mato de MirimMirimMirimMirimMirim, e esse título se tor-na tão popular que o nome vira si-nônimo de revista em quadrinhos.

Aizen contra-ataca lançando Lo-Lo-Lo-Lo-Lo-binhobinhobinhobinhobinho, para evitar que ele venha alançar uma publicação chamada“Globinho”. É a primeira publicaçãoem quadrinhos brasileira em forma-to standard, mas não atinge as ven-das desejadas e é cancelada. O títuloé reaproveitado e no ano seguinteum artigo é acrescentado, virandoO LobinhO LobinhO LobinhO LobinhO Lobinhooooo. Nessa fase muda tam-bém para o formato standard e as principais atrações são ossuper-heróis que a DC vem lançando um atrás do outro,como Joel CicloneJoel CicloneJoel CicloneJoel CicloneJoel Ciclone (Flash) e FFFFFalcão da Noitealcão da Noitealcão da Noitealcão da Noitealcão da Noite (Hawkman).

O golpe de misericórdia, entretanto, vem quando Ma-rinho compra o passe de todos os personagens do KingFeatures publicados por Aizen, como FFFFFantasmaantasmaantasmaantasmaantasma, MandrakMandrakMandrakMandrakMandrakeeeee,PPPPPríncipe Vríncipe Vríncipe Vríncipe Vríncipe Valentealentealentealentealente e outras estrelas do Suplemento JuvenilSuplemento JuvenilSuplemento JuvenilSuplemento JuvenilSuplemento Juvenil.Com as revistas privadas de seus principais personagens,as vendas caem. Devido a essa e outras dificuldades pro-vocadas pelos tempos de guerra, como a escassez de papel,Aizen não tem outra alternativa a não ser passar o controleacionário de sua empresa (agora chamada GCSN - Gran-de Consórcio de SuplementosNacionais) para a empresa ANoite, pertencente ao go-verno. Mas permanececomo diretor.

Aizen versus Marinho

PRAXEDESPORCALHÃO

GARRA CINZENTA

POPEYE, POR BUD SARGENDORF

FANTASMA, DE LEE FALK E RAY MOORE

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13Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

França. O criador, aliás,criadora, era umamulher: Helena Ferraz.

Surge Sheena, QueenSheena, QueenSheena, QueenSheena, QueenSheena, Queenof the Jungleof the Jungleof the Jungleof the Jungleof the Jungle (Sheena,a Rainha da Selva),criada pelo mestre WillEisner sob o pseudônimode William Thomas.

Charles Addamscomeça a colocar em seuscartuns no New Yorker unspersonagens muito esquisitos:uma mulher com cara de morta-viva, seu mordomo, um maridoestranho, uma velha, um gordocareca e crianças nadaconvencionais. Eles nem tinhamnomes mas se tornaramimensamente populares e

adquire superpoderes. Apublicação é um sucesso devendas sem precedentes, atiça aconcorrência e isso acarreta umatonelada de imitações e maissuper-heróis fantasiados, muitoslançados pela mesma DC.SupermanSupermanSupermanSupermanSuperman logo vira série deanimação (por Max Fleischer),tira diária de jornais e atéseriados cinematográficos,novela de rádio e o que mais sepuder pensar. Isso tambémestabelece o gênero comic-book, que prolifera no período

da II Guerra Mundial e sobreviveaté hoje.

Charlie ChanCharlie ChanCharlie ChanCharlie ChanCharlie Chan, o popular heróida literatura policial criado porEarl Der Biggers na década de20, já tinha tido diversas versõescinematográficas desde ostempos do cinema mudo econtinuava fazendo muitosucesso. Agora é a vez de passarpara os quadrinhos, virando umatira diária distribuída peloMcNaught Syndicate. AlfredAndriola é o desenhistaSUPERMAN, DE JOE SHUSTER E JERRY SIEGEL

PRINCIPE VALENTE, DE HAL FOSTER

continuaram a aparecerregularmente durante décadas narevista. Só quando foram para atv, em 1964, é que receberamum nome: A FA FA FA FA Família Addamsamília Addamsamília Addamsamília Addamsamília Addams.

1938 Após passarem anos

tentando vender seupersonagem sem sucesso, Joe

Shuster e Jerry Siegelconseguem uma brecha emuma nova revista que estavasendo lançada pela editora quemais tarde se tornaria a DCComics: Action ComicsAction ComicsAction ComicsAction ComicsAction Comics.Começa aí a carreira meteóricado SupermanSupermanSupermanSupermanSuperman (Super-Homem),único sobrevivente do planetaKrypton que vem à Terra e

A FAMÍLIA ADDAMS

CHARLIE CHAN

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14 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

escolhido pelo próprio Biggerspara fazer as tiras.

A famosa novela radiofônicaTTTTThe Lone Rangerhe Lone Rangerhe Lone Rangerhe Lone Rangerhe Lone Ranger, de FranStriker, é convertida emquadrinhos distribuídos peloKing Features Syndicate. Osdesenhos começam com EdKressy mas logo CharlesFlanders assume a série. Dezanos depois a editora Delllançaria um gibi, primeirorepublicando as tiras e depoiscom material inédito.

Messias de Mello, com acolaboração de “Moura”, publicaa série Audaz, o DemolidorAudaz, o DemolidorAudaz, o DemolidorAudaz, o DemolidorAudaz, o Demolidor emA Gazeta.

Surgido em 1934 fazendouma ponta num dos desenhosda série Silly Symphonies – LittleWise Hen –, Donald DuckDonald DuckDonald DuckDonald DuckDonald Duck(Pato Donald) logo foipromovido a coadjuvante de

MickeyMickeyMickeyMickeyMickey e rapidamente se tornouuma das principais estrelas daDisney, aparecendo também nastiras do camundongo. Neste anoele ganha sua própria tira dequadrinhos e, mais tarde, a Delllança a revista do Pato Donald.

1939 A DC emplaca seu segundo

hit no gênero super-heróislançando BatmanBatmanBatmanBatmanBatman de Bob Kane

no número 27 da revistaDDDDDetective Comicsetective Comicsetective Comicsetective Comicsetective Comics. No anoseguinte ele ganha umcompanheiro adolescente,Robin, e a dupla nos anos 50enfrenta acusações dehomossexualismo quando opsiquiatra Frederic Werthampublica The Seduction of theThe Seduction of theThe Seduction of theThe Seduction of theThe Seduction of theInnocentInnocentInnocentInnocentInnocent. Este livro por sua vezprovoca a perseguição aos gibiscomo todo um gênero, fogueirasem praça pública e até mesmouma CPI no senado norte-americano.

NamorNamorNamorNamorNamor, o Príncipe, o Príncipe, o Príncipe, o Príncipe, o PríncipeSubmarinoSubmarinoSubmarinoSubmarinoSubmarino, de Bill Everett, dáseu primeiro mergulho. Nestemesmo ano surge tambémTTTTThe Human The Human The Human The Human The Human Torchorchorchorchorch (O TochaHumana), um andróidecriado por Carl Burgos.

1940 Na cola do Superman surge o

Capitão MarvelCapitão MarvelCapitão MarvelCapitão MarvelCapitão Marvel. Aqui suaidentidade secreta não é dejornalista, mas sim jornaleiro (edepois radialista): o menino BillyBatson grita a palavra mágicaShazam! E adquiresuperpoderes, enfrentandovilões como o diabólico Dr.Silvana. No ano seguinteganharia um “filhote”, o CapitãoCapitãoCapitãoCapitãoCapitãoMarvel JrMarvel JrMarvel JrMarvel JrMarvel Jr, e depois uma irmãgêmea, Mary MarvelMary MarvelMary MarvelMary MarvelMary Marvel. Os trêsformam a FFFFFamília Marvelamília Marvelamília Marvelamília Marvelamília Marvel.Freddy Freeman, o alter ego doCapitão Marvel JrCapitão Marvel JrCapitão Marvel JrCapitão Marvel JrCapitão Marvel Jr....., era deficientefísico e precisava de muletas paraandar. O personagem irrita a DCComics, que move um processoacusando a concorrente FawcettPublications de plágio. A briga searrasta dezesseis anos na justiça.

Will Eisner cria e lança seupersonagem TTTTThe Spirithe Spirithe Spirithe Spirithe Spirit numaespécie de mini-gibi distribuídode brinde nos jornais

BATMAN, DE BOB KANE

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15Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

americanos, inovando nanarrativa gráfica e tornando-se oprimeiro autor do gênero a deteros direitos sobre seupersonagem.

Surge uma tira protagonizadapor uma mulher jornalista,Brenda Starr ReporBrenda Starr ReporBrenda Starr ReporBrenda Starr ReporBrenda Starr Reporterterterterter, que eratambém criada por uma mulher,Dale Messick.

Francisco Irwerten cria, noParaná, o Capitão GralhaCapitão GralhaCapitão GralhaCapitão GralhaCapitão Gralha,provavelmente o primeiro super-herói brasileiro.

Joe PJoe PJoe PJoe PJoe Palookaalookaalookaalookaalooka, de HamFisher, é o primeiropersonagem de quadrinhosnorte-americano a se alistar noexército visando combater na IIGuerra Mundial. Logo todos ospersonagens em quadrinhosestariam engajados e viveriamaventuras ligadas ao universo

da guerra. Mesmo o PríncipePríncipePríncipePríncipePríncipeVVVVValentealentealentealentealente entra em campanha,ainda que continuando naIdade Média e combatendo oshunos. Japoneses invademBengala, habitat do Fantasma epor aí afora.

Steve RoperSteve RoperSteve RoperSteve RoperSteve Roper faz sua primeiraaparição na tira cômica BigBigBigBigBigChief WChief WChief WChief WChief Wahooahooahooahooahoo. Mas o personagemfaz tanto sucesso que logo acabavirando o titular da série e Wahooe os outros índios desaparecem,bem como o enfoque mudapara aventura. Roper é umfotojornalista especializado emdescobrir fraudes, que trabalhana revista Proof.

Goebbels, braço direito deHitler, declara: “O Super-Homemé um judeu!”. De fato, a fonéticado nome kryptoniano dopersonagem, Kal-ElKal-ElKal-ElKal-ElKal-El, emhebraico pode ser traduzidacomo “tudo o que Deus é”.

Assis Chateaubriand completaseu leque que abrange agoratodos os segmentos daimprensa entrando se sola nomercado de quadrinhos elançando O GuriO GuriO GuriO GuriO Guri, revista que

inova por ser totalmenteimpressa em cores. Essa seria aprimeira de um sem-número detítulos que lançaria a partir dadécada seguinte pelo selo daEditora O Cruzeiro.

1941 Plastic ManPlastic ManPlastic ManPlastic ManPlastic Man (Homem de

Borracha), de Jack Cole, juntabrilhantemente os gêneros super-herói e comédia, fazendo suaestréia na revista Police Comics.Police Comics.Police Comics.Police Comics.Police Comics.

1941

AUDAZ, O DEMOLIDOR, DE MESSIAS DE MELLO

CAPITÃO MARVEL, DE C. C. BECK SPIRIT, DE WILL EISNER

BRENDA STARR REPORTER, DE DALE MESSICK HOMEM DE BORRACHA, DE JACK COLE

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16 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

Os heróis de gibis tambémsão recrutados para o “esforçode guerra” na luta para combateras forças do Eixo, e alguns sãocriados especialmente para isso:neste ano surge o CapitãoCapitãoCapitãoCapitãoCapitãoAméricaAméricaAméricaAméricaAmérica, um soldado americanoque ganha poderes especiais aoparticipar, como cobaia, de um

experimentoultrasecreto para criarsupersoldados.

O psiquiatra WilliamMoulton Marston, sob opseudônimo CharlesMoulton, cria para aeditora All-American(associada da DC)WWWWWonder Wonder Wonder Wonder Wonder Womanomanomanomanoman(Mulher-Maravilha),visando atingir o públicofeminino. O desenhistaé Harry G. Peter.

Na aventura de TTTTTintinintinintinintinintinLe Crabe aux PincesLe Crabe aux PincesLe Crabe aux PincesLe Crabe aux PincesLe Crabe aux Pincesd´Ord´Ord´Ord´Ord´Or (O Caranguejodas Pinças de Ouro)Hergé cria um de seusprincipais personagens:

o capitão Haddock, que nuncarespeitou a lei “se beber, nãodirija um navio”.

PPPPPogoogoogoogoogo, de Walt Kelly, surge narevista Animal ComicsAnimal ComicsAnimal ComicsAnimal ComicsAnimal Comics, aindaem uma forma embrionária evoltada para o público infantil.Em 1948 ele mudou o enfoque

para sátira política, quandocomeçou a publicar o personagemem tiras no Star de Nova York.

ArchieArchieArchieArchieArchie faz sua estréia narevista Pep Comics. Aencomenda partiu do editorJohn L. Goldwater da editoraMLJ, que queria umpersonagem inspirado emMickey Rooney, campeão dos

filmes adolescentes da época.As histórias foram criadas por VicBloom e Bob Montana.

1942 Dante Quinterno produz ele

mesmo a versão cinematográficade seu personagem PPPPPatoruzúatoruzúatoruzúatoruzúatoruzú:Upa em ApurosUpa em ApurosUpa em ApurosUpa em ApurosUpa em Apuros é o primeirodesenho animado argentinoem cores, mas o resultado

comercial não encoraja acontinuação da série.

Péricles começa a publicar noGuriGuriGuriGuriGuri de Chateaubriand asengraçadíssimas aventuras doOliveira TOliveira TOliveira TOliveira TOliveira Trapalhãorapalhãorapalhãorapalhãorapalhão.

Para elevar o moral das tropas,Milton Caniff cria a gostosa MissMissMissMissMissLaceLaceLaceLaceLace para o Camp NewsService, jornal distribuído parasoldados norte-americanos queestavam em missões de guerra.

Com a entrada definitiva dosEUA na Segunda Guerra, todosos personagens se engajam esão comuns capas ridicularizandoos japoneses – inimigos diretosdos americanos por causa doataque a Pearl Harbor – oumesmo com os heróisespancando Adolf Hitler. Atémesmo o PPPPPato Donaldato Donaldato Donaldato Donaldato Donald entra nadança: Walt Disney e equipecomeçam a produzir o curta deanimação Der Fuehrer’s Face,que seria lançado nos cinemasno início do ano seguinte.

Disney tinha feito um poucoantes uma viagem à América

O CARANGUEJO DAS PINÇAS DE OURO

DER FUEHRER’S FACE ALÔ AMIGOS

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Latina como “embaixador deboa vontade” trazendo consigo anata de seu estúdio. O objetivoera angariar a simpatia dospaíses latinos à causa dosAliados, já que alguns paísesestavam flertando com ofascismo. É assim que surge opapagaio Zé CariocaZé CariocaZé CariocaZé CariocaZé Carioca,companheiro de Donald nofilme Alô AmigosAlô AmigosAlô AmigosAlô AmigosAlô Amigos (1943). Háquem diga que o papagaio foiinspirado num desenho de J.Carlos. Zé Carioca, entretanto,fez sua estréia mundial nãonesse filme de animação e simem páginas dominicais dequadrinhos nos suplementosamericanos a partir de outubrode 1942, antes mesmo de ofilme ser lançado.

Alfredo Machado cria aDistribuidora Record de Serviços

de Imprensa, cuja principalatividade é fornecer quadrinhospara revistas e jornais brasileiros,fazendo a intermediação com osprodutores norte-americanos ede outros países. Mais tarde setornaria também editora delivros, atualmente o maior grupoeditorial do País.

1943Péricles cria O Amigo da OnçaO Amigo da OnçaO Amigo da OnçaO Amigo da OnçaO Amigo da Onça,um cartum semanal usandolinguagem de quadrinhos quevira a principal atração da revista.O nome vem de uma piadapopular corrente da época, masa inspiração vem de El InimigoEl InimigoEl InimigoEl InimigoEl InimigoDel HombreDel HombreDel HombreDel HombreDel Hombre, do argentino Divito.

É lançado o primeiro seriadode BatmanBatmanBatmanBatmanBatman, estrelado por LewisWilson (Batman) e Douglas Croft(Robin).

1944 Alex Raymond se alista nas

Forças Armadas e as páginasdominicais de Flash GordonFlash GordonFlash GordonFlash GordonFlash Gordon sãoretomada por Austin Briggs, quejá fazia as tiras diárias do mesmopersonagem desde 1940.

Morre George Herriman,criador do Krazy KatKrazy KatKrazy KatKrazy KatKrazy Kat e devido aseu estilo único a série écancelada – seria impossível sepensar em outro autor paracontinuar essa hq.

Frank Robbins cria JohnnyJohnnyJohnnyJohnnyJohnnyHazardHazardHazardHazardHazard, que começa como umaviador lutando na SegundaGuerra Mundial. A tira começa asair no dia 5 de junho, um diaantes do Dia-D, a batalha daNormandia, que marcou aretomada do continenteeuropeu pelos aliados.

1945 Adolfo Aizen funda a Editora

Brasil-América, após desligar-sedo Grande Consórcio deSuplementos Nacionais. Suaintenção é publicar apenaslivros, mas acaba seestabelecendo novamentecomo a maior editora dequadrinhos do país. Em outubrode 1946 em co-edição com oítalo-argentino Cesar Civita(irmão de Victor Civita) lançaSeleções Coloridas,Seleções Coloridas,Seleções Coloridas,Seleções Coloridas,Seleções Coloridas, impressana Argentina pela Editorial Abril.

Burne Hogarth abandona aUnited Feature Syndicate e

TTTTTarzanarzanarzanarzanarzan (que depois retomaria,em 1947) e cria DragoDragoDragoDragoDrago, umaespécie de “Cisco Kid latino-americano”. A ação se passa naArgentina. Sucesso de crítica,mas não de público, a série duraapenas cerca de um ano.

1946 Al Capp lança um concurso

para escolher a representaçãográfica da horrenda Lena theLena theLena theLena theLena theHyenaHyenaHyenaHyenaHyena, uma personagem dahistória de Li’l AbnerLi’l AbnerLi’l AbnerLi’l AbnerLi’l Abner (Ferdinando)que nunca mostrava a cara. O

MISS LACE, DE MILTON CANIFF

1945

O AMIGO DA ONÇA, DE PÉRICLES

BATMAN, DE 1943

DRAGO, DE BURNE HOGARTH

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júri, composto de Salvador Dali,Boris Karloff e Frank Sinatra, deuo prêmio ao então quasedesconhecido Basil Wolverton.

Milton Caniff abandona TTTTTerryerryerryerryerry,que passa às mãos de GeorgeWunder, e cria Steve CanyonSteve CanyonSteve CanyonSteve CanyonSteve Canyon.Ele seguiu o mesmo caminhode Roy Crane, que abandonouWWWWWash Tash Tash Tash Tash Tubbs ubbs ubbs ubbs ubbs (Capitão César)para criar um novo personagem,Buzz Sawyer Buzz Sawyer Buzz Sawyer Buzz Sawyer Buzz Sawyer (Jim Gordon), doqual seria detentor dos direitos.

Depois de dar baixa naMarinha, onde alcançou apatente de Major, Alex Raymondvolta aos quadrinhos, agora comum novo personagem: Rip KirbyRip KirbyRip KirbyRip KirbyRip Kirby(Nick Holmes), um detetiveparticular que é sempreacompanhado do mordomoDesmond (Duarte).

A tira Dick TDick TDick TDick TDick Tracy racy racy racy racy antecipa emvárias décadas a telefonia celular,quando o inventor Diet Smith fazpara ele um rádio de pulso.

O belga Maurice De Bevere,assinando Morris, cria o westerncômico Lucky LukeLucky LukeLucky LukeLucky LukeLucky Luke, que depoispassaria a contar com acolaboração de René Goscinny(Asterix) nos textos.

1947 A Ebal lança sua primeira

revista “oficial”, isto é, sem aparceria com os Civita: O HeróiO HeróiO HeróiO HeróiO Herói,um mix de personagens deaventuras, impressa emrotogravura e com capa empreto e branco (e com um erroortográfico, pois os primeirosnúmeros não traziam acento emherói, como mandava aortografia vigente). Essa seria aprimeira de uma linha deperiódicos que chegaria a umamédia de 30 publicações pormês, nos tempos áureos.

O Sesi lança uma publicaçãopara o público infanto-juvenil,SesinhoSesinhoSesinhoSesinhoSesinho, onde estreiam, entreoutros, Ziraldo, Fortuna e umbrilhante desenhista clássico que

logo abandonaria acarreira nos quadrinhospara se tornar costureiro,Gil Brandão, responsávelpor uma históriaambientada no meio ruralbrasileiro, Raça eRaça eRaça eRaça eRaça eCoragemCoragemCoragemCoragemCoragem.

A revista VidaVidaVidaVidaVidaDDDDDomésticaomésticaomésticaomésticaoméstica lança umfilhote: Vida InfantilVida InfantilVida InfantilVida InfantilVida Infantil,voltada para o públicomirim. Entre seusprincipais colaboradoresestá o lendário Joselito,criador de Pituca.Pituca.Pituca.Pituca.Pituca.

Numa aventura do PatoDonald surge um personagemque, embora só viesse a serincorporado aos desenhosanimados na década de 1980,viraria um dos principais e maisricos (em todos os sentidos)ícones do universo Disney: UncleUncleUncleUncleUncleScrooge Scrooge Scrooge Scrooge Scrooge (Tio Patinhas), comooutros personagens de Patópolis(e da própria cidade em si) umacriação de Carl Barks.

1948 Em parceria com Carlos

Estêvão, Millôr Fernandesescreve os roteiros de sua únicaexperiência em quadrinhos:Ignorabus, o Contador deIgnorabus, o Contador deIgnorabus, o Contador deIgnorabus, o Contador deIgnorabus, o Contador deHistóriasHistóriasHistóriasHistóriasHistórias (publicada no Diárioda Noite). Obra-prima dononsense, todos os personagensmorrem pouco depois que ahistória começa, num terremotoque arrasa a cidade de Bagdá, eos autores (que tambémaparecem na tira) são obrigadosa sair catando um novo elenco.Mais tarde a tira é rebatizadacomo Rato SantoRato SantoRato SantoRato SantoRato Santo.

O agente Luís Rosenberg(proprietário da Apla) e odesenhista haitiano radicado noBrasil, André Le Blanc, fazemuma tentativa de montar umesquema de distribuição de tirasbrasileiras nos moldes dossyndicates americanos. MorenaMorenaMorenaMorenaMorenaFlorFlorFlorFlorFlor é publicada em vários jornaisbrasileiros (começando peloDiário da Noite) e revendida paraArgentina, Chile e Panamá. LeBlanc, que também foi oresponsável pelas ilustrações doslivros infantis de Monteiro Lobato,

faria também inúmerasadaptações de romancesbrasileiros para quadrinhos naEdição Edição Edição Edição Edição MaravilhosaMaravilhosaMaravilhosaMaravilhosaMaravilhosa de Aizen.

Gianluigi Bonelli e AurélioGaleppini publicam, na Itália, aprimeira aventura do cowboyTTTTTex Wex Wex Wex Wex Willerillerillerilleriller. Em pouco tempo Textorna-se o maior fenômenoeditorial desse país. É publicadono Brasil a partir de 1951 narevista JúniorJúniorJúniorJúniorJúnior, uma edição de OGlobo (que ainda não usava oselo Rio Gráfica), no mesmoformato “cheque”.

1949 O sucesso de Vida InfantilVida InfantilVida InfantilVida InfantilVida Infantil

motiva a mesma editora a lançaroutra revista nos mesmosmoldes, mas voltada para umpúblico ligeiramente mais velho:Vida JuvenilVida JuvenilVida JuvenilVida JuvenilVida Juvenil.

As feministas vencem umabatalha: Hilda Terry (a autora deTTTTTeenaeenaeenaeenaeena) é admitida comomembro da National CartoonistsSociety, entidade de classenorte-americana, até então umrestrito “clube do Bolinha”.

Surge SuperboySuperboySuperboySuperboySuperboy, versãoadolescente do SupermanSupermanSupermanSupermanSuperman,criada à revelia dos autores JoeShuster e Jerry Siegel, quecomeçam os desentendimentoscom a DC Comics a partir daí evão sendo expelidos da editora.

O chileno René Rios,assinando Pepo, cria CondoritoCondoritoCondoritoCondoritoCondorito.Embora nunca tenha dado certono Brasil, esse personagem éum sucesso não só em seu paísnatal como em toda a AméricaLatina. Geralmente suas históriastêm apenas uma página einvariavelmente terminam comCondoritoCondoritoCondoritoCondoritoCondorito ou outro personagemdesmaiando, seguido daonomatopéia “plop”. Dizem quePepo criou esse personagemem protesto ao filme SaludosSaludosSaludosSaludosSaludosAmigos Amigos Amigos Amigos Amigos (Alô Amigos) deDisney, ultrajado pelo fato de oChile ter sido mal representado.Enquanto os brasileirosganharam o papagaio Zé Cariocae os mexicanos o galo Panchito,o Chile era representado por...um aviãozinho bimotor.

Frank Godwin, que já tinha senotabilizado por Connie, ilustraas tiras de Rust RileyRust RileyRust RileyRust RileyRust Riley (no BrasilPedrinho e Célia) com roteirosde Rod Reed (o mesmo deCisco Kid).

DICK TRACY E SEU RÁDIO DE PULSO

A história dos próximos 60 anos continuano segundo volume do Jornal da ABI •

Especial de Quadrinhos, que trará também entrevistas e perfis dealguns dos mais destacados desenhistas brasileiros.

Continua!

NICK HOLMES, DE ALEX RAYMOND

LUCKY LUKE,DE MORRIS

TEX WILLER

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