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Seção sindical do Andes Filiado à CSP/CONLUTAS Associação dos Docentes da UFF Ano XIII Junho de 2011 Reitoria repassa aos cursos cobrança feita pelo Ministério da Educação para ampliar oferta de vagas; porém, sobrecarregados, cursos estão impossibilitados de atender ao pedido á h N ã o V s g a a p. 8 - Professores e bombeiros seguem mobilizados, pressionando governador Sérgio Cabral a ceder nas negociações p. 6 - Reitoria tenta aprovar acordo para ceder terreno de dois campi à Prefeitura de Niterói para construção de vias públicas p. 7 – Servidores Públicos Federais fazem mais uma passeata em Brasília pela Campanha Unificada

Jornal da ADUFF - Julho/2011

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Jornal mensal da ADUFF - Julho/2011

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Seção sindical do AndesFiliado à CSP/CONLUTAS

Associação dos Docentes da UFF

ADUFFSSind

Ano XIII Junho de 2011•

Reitoria repassa aos cursos cobrança feita pelo Ministério da Educação para ampliar oferta de vagas; porém, sobrecarregados, cursos estão impossibilitados de atender ao pedido

áhNão V sga a

p. 8 - Professores e bombeiros seguem mobilizados, pressionando governador Sérgio Cabral a ceder nas negociações

p. 6 - Reitoria tenta aprovar acordo para ceder terreno de dois campi à Prefeitura de Niterói para construção de vias públicas

p. 7 – Servidores Públicos Federais fazem mais uma passeata em Brasília pela Campanha Unificada

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Seria cômico se não fosse trágico. Exatamente em um

momento em que os efeitos nefastos da expansão precari-zada começam a ser percebi-dos de maneira mais eviden-te na UFF e que, exatamente por isso, iniciamos uma série de reportagens sobre o tema, a reitoria divulga um ofício afirmando que é preciso criar 1700 novas vagas.

A cobrança foi feita pelo Ministério da Educação, que diz que nossa Universidade não está atendendo às me-tas colocadas pelo Reuni. Por conta disso, para continuar recebendo os repasses de re-cursos, todas as unidades te-rão que aumentar sua oferta de vagas. Não sabemos como essa “façanha” será possível, considerando que o quadro é de turmas superlotadas, disci-plinas sem professores, aulas em contêineres e muito mais. Como nossa ilustração de capa tenta resumir, a UFF já está completamente saturada, mas a cobrança é para seguir au-mentando a oferta de vagas.

Enquanto a cobrança pelo aumento de vagas discentes segue aumentando a passos largos, a contratação de novos professores é escassa e len-ta. As universidades federais estão sufocadas pelas políti-cas anunciadas pelo governo Dilma nesses seis primeiros meses de gestão. O corte nos investimentos sociais (R$ 3 bi-lhões retirados da educação), a suspensão dos concursos pú-blicos têm efeito direto. Como

Acredite se quiser: é preciso criar mais vagas

“concessão” para permitir que a Universidade siga funcionan-do, foi editada (e aprovada no Congresso no início de junho, com apoio da base governista) a Medida Provisória 525, que li-bera a contratação de 20% dos professores das universidades públicas e instituições tecnoló-gicas de ensino sem concurso público. Ou seja, a sinalização do governo é bem clara: não abre concurso, mas permite a contratação de professores substitutos. São sinalizações claras de qual é a concepção dominante de Universidade pública, de serviços públicos e do papel do Estado.

Além da falta de docentes, existe um problema bem claro: a falta de espaço físico. Aqui na UFF, quinze novos prédios estão sendo construídos nos campi do Gragoatá e da Praia Vermelha para abrigar o novo contingente de estudantes. Contudo, as obras andam mais lentamente do que a expansão de vagas. Na verdade, no mo-mento as obras nem andam. A reitoria não apresentou os es-tudos de impacto de vizinhan-ça necessários para a cons-trução dos novos prédios e a Justiça embargou as obras.

Mas a reitoria acredita que pode fazer a prefeitura rever o pedido de embargo das obras. Para isso, tem um trunfo im-portante: a cessão de partes dos campi do Gragoatá e Praia Vermelha (coincidentemente, os mesmos) à prefeitura, para a construção de duas vias pú-blicas: a Via Orla e a Via 100.

A reitoria está empenhada em aprovar rapidamente o acor-do de cessão desses terrenos, para garantir a pronta retoma-da das obras.

É preocupante, porém, ima-ginar como ficarão esses cam-pi: vários novos prédios, vias públicas onde não circularão veículos de transporte público, dezenas de milhares de novos estudantes, demanda de mais espaço para estacionamento, mais barulho, mais poluição. Esse é o tipo de espaço físico que pretendemos cultivar em nossa Universidade?

Na última sessão do Con-selho Universitário, a ADUFF esteve junto com o DCE e o Sintuff rejeitando a imposição desse acordo. A Universidade precisa conhecer e debater a fundo o projeto para, só en-tão, ter condições concretas de avaliar se ele é positivo para a própria Universidade e para o conjunto da sociedade. E se-guirá lutando por um processo de expansão que democratize a Universidade, sem fazer com que ela perca a qualidade.

Ato-show na UFRJ contra mercantilização da UniversidadeNo último dia 30 aconteceu na UFRJ, no campus da Praia Vermelha, ato-show contra a mercantilização da Universidade, que encerrou o seminário “A UFRJ em debate: a situação da Praia Vermelha”.Para Luis Acosta, presidente da Adufrj-SSind, as discussões travadas ao longo do evento mostraram que a UFRJ necessita lutar contra a mercantilização: “Um plano diretor é um instrumento muito importante, mas o foco não deve ser a fragmentação. O grande problema da universidade não é esse. Penso que precisamos ter um plano diretor que combata a mercantilização na universidade, seja do ensino ou dos espaços, que é a nossa grande ameaça”, afirmou.O show contou com a participação de estudantes da Escola de Música da UFRJ, da cantora Maíra Freitas e de Monarco com a Velha Guarda da Portela.

Estudo do IPEA avalia impactos do novo Código FlorestalO Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou no início do mês um comunicado sobre as mudanças do Código Florestal e as implicações do PL 1876/99 nas Áreas de Reserva Legal. De acordo com o estudo, cerca de 29 milhões de hectares de mata nativa deixariam de ser recuperados no país, na perspectiva mais otimista. Em outro cenário, que considera o “risco moral” da isenção, 47 milhões de hectares poderiam ser perdidos. Para esse cálculo, o estudo considerou a hipótese de que a anistia poderia incentivar outros proprietários rurais a derrubar a reserva legal remanescente. No bioma Amazônico, estão 60% dessa área não recuperada. Em termos relativos, no entanto, a Caatinga e a Mata Atlântica seriam as mais prejudicadas.

Seminário sobre a Mercantilização da Água ocorre de 20 a 21 de julho no RioO processo de privatização da água é uma realidade nas cidades brasileiras de grande e médio porte. Atento a esta situação, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) organiza o Seminário Internacional: Panorama político sobre a questão da água. O evento será realizado na Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), nos dias 20 e 21 de julho.Durante o evento, os participantes irão debater sobre os atuais projetos que visam a mercantilização e privatização da água em diferentes países, como Itália, Chile, Bolívia e Peru, além do Brasil, e diversos setores, como na mineração, agricultura, saneamento, entre outros. Outro objetivo do seminário é proporcionar um espaço de troca de experiências acerca das lutas contra a privatização da água, fortalecendo assim articulação entre as organizações participantes para a mobilização em defesa da água como um bem público.

PresidenteGelta Terezinha Ramos XavierEditorAlvaro NeivaDiagramaçãoLuiz Fernando Nabuco

EstagiárioAndrew [email protected] [email protected]

Rua Prof. Lara Vilela, 110 - São Domingos - Niterói - RJ - CEP 24.210-590 Tels: (21) 2622.2649 e 2620.1811

Facebookfacebook.com/aduff.ssindTwittertwitter.com/aduff_ssindImpressãoFolha Dirigida (4000 exemplares)

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O curso de Comunicação Social da Universidade Federal de

Sergipe (UFS) é mais um dos que vem sofrendo os efeitos da expan-são forçada. Ausência de laborató-rios qualificados, falta de profes-sores para diversas disciplinas e até mesmo aulas de diagramação em cartolina são alguns dos pro-blemas vividos no curso. Há anos batalhando pelas melhorias ne-cessárias, no final de maio, os estu-dantes decidiram ocupar a reitoria para negociar avanços reais.

Com a adesão ao REUNI (Programa de apoio a planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) em 2008, o curso, que contava ape-nas com a habilitação de Jorna-lismo, passou a contar também com as habilitações em Publici-dade e Propaganda e Audiovi-sual. Essa mudança fez o núme-ro de estudantes que ingressa semestralmente triplicar, e os investimentos não acompanha-ram o patamar de ampliação necessário. No ano seguinte à aprovação do projeto do REU-NI na universidade, em 2009, os estudantes realizaram uma grande avaliação do curso junto ao corpo discente e elaboraram um dossiê que deixava clara a ne cessidade de mais investimen-tos para combater a precari-zação anunciada que estava sendo apontada pela nova conjuntura. O ano de 2010 foi marcado por tentativas de di-álogo com a reitoria,

houve as-

sembléias, os problemas foram apresentados em reuniões de departamento e até uma audi-ência pública foi convocada, mas o reitor não compareceu. Diante da falta de avanços e sem condi-ções para se manter estudando na situação precária em que se encontrava o curso, os estudan-tes convocaram uma assembléia geral, em que decidiram pela ocupação da reitoria.

Pedro Alves, estudante de Comunicação Social da UFS e coordenador da Enecos (Execu-tiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social), afirmou que “Esta ocupação, assim como

as greves de profes-sores pelo

Brasil e a

greve nacional dos técnicos ad-ministrativos das universidades são consequências da política de educação implementada no nos-so país. O REUNI é apenas a cere-ja do bolo da precarização”.

As movimentações dos diver-sos setores ligados à educação su-perior revelam a insatisfação com o projeto do governo federal. “A universidade, hoje, serve como uma etapa de treinamento das pessoas para transformá-las em capital humano, só isso. Na prá-tica, a universidade pública está sendo extinta com esse modelo de universidade proposto”, com-pletou Pedro Alves.

O fim da ocupação só foi de-cretado após reunião com a rei-toria e com o Ministério Público Federal, na qual foram estabele-

cidos prazos objetivos para a entrega de novos prédios e

contratação de novos pro-fessores. O acordo prevê ainda a formação de uma comissão para acompa-nhar todo o processo lici-tatório das obras. O prazo para a conclusão das obras do Complexo de Comuni-cação é setembro de 2012. A reitoria assumiu o com-promisso de buscar, junto ao MEC, uma mudança no

Ocupação de reitoria da UFS conquista vitóriasPor Andrew Costa

critério de aluno equivalente, que cria distorções quanto à demanda real de docentes.

Além das vitórias concretas, Pedro Alves destaca a importân-cia política da ocupação: “Fizemos debates, exibição de filmes, aulas públicas, transformamos aquele espaço em um espaço público permanente de mobilização”.

As assembleias realizadas du-rante a ocupação no hall da reitoria chegaram a reunir mais de 500 pes-soas. Com isso, o tema da ocupação – “Chega de Migalhas!” – transfor-mou-se em uma campanha ampla, de toda a UFS, contra a precariza-ção do ensino e também contra o projeto do REUNI na universidade.

Os problemas dos outros cur-sos da UFS são muito parecidos. Na Faculdade de Letras, 30 discipli-nas não têm professor, o curso de Geografia não tem qualquer labo-ratório, a Odontologia sofre com a falta de medicamentos, a Fisiote-rapia não conta com escola-clínica e o curso de Educação Física está sem piscina há mais de três anos.

A comunidade acadêmica da UFS espera que o acordo dos es-tudantes de Comunicação Social com a reitoria, avalizados pelo Mi-nistério Público, sejam cumpridos, e tenham desdobramentos para os demais cursos da instituição.

Assembléia Geral reúne centenas de estudantes no hall da reitoria ocupada

Fotos: Comissão de Com

unicação da Ocupação

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UFF não cumpre meta de vagas do Reuni

Segundo MEC, o déficit de vagas é de quase dois mil; reitoria pressiona unidades para atender à demanda, mas não existem professores, espaço físico, nem infra-estrutura suficientes

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do de Metas é de 9.958 vagas. Há, portanto, um déficit de 1.757 vagas a serem ofertadas a partir de 2011.

O ofício da Prograd fala expli-citamente na possibilidade de in-terrupção no repasse de recursos caso a UFF não atenda a meta esta-belecida. “Apesar das dificuldades, vamos precisar cumprir a meta com o MEC, sob pena de termos descon-tinuidade nos repasses de recursos financeiros e humanos, situação que já começou a acontecer, pela não liberação da totalidade de va-gas docentes previstas para 2011”.

Aumento vertiginoso“A explosão do número de va-

gas discentes nas universidades fe-derais sem a necessária ampliação das vagas docentes (uma amplia-ção de vagas docentes que corres-ponda efetivamente à expansão e a reestruturação em curso) é um dado alarmante”, afirma a professo-ra de Serviço Social Kátia Lima.

O documento gerou uma crise, porque a maioria dos cursos já está sobrecarregada e não tem a menor condição de atender à solicitação de aumento de vagas. Como vi-mos na edição passada do jornal da ADUFF, diversos cursos estão reduzindo a oferta de vagas para o vestibular 2012, como é o caso da Escola de Serviço Social, no Gra-goatá, que suspendeu o vestibular para o turno vespertino.

“O REUNI realiza uma expansão irresponsável das vagas discentes nas universidades federais”, afirma a professora Kátia Lima. Ela cita dados do Relatório de Acompanhamento do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão – REUNI – elaborado pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Institui-ções Federais de Ensino Superior) que demonstram que em 2006 eram ofertadas 122.003 vagas nos cursos

de graduação presencial das univer-sidades federais. Em 2010, esse nú-mero subiu para 199.282, configu-rando um aumento de 77.279 vagas, que corresponde a 63% no período de 2006 a 2010.

Além do número insuficiente de docentes e servidores técnico-admi-nistrativos, a UFF vive o problema da falta de espaço físico. Vários prédios estão sendo construídos nos cam-pi do Gragoatá e da Praia Vermelha para receber os novos estudantes. Porém, o aumento do número de vagas não esperou os prédios fi-carem prontos e o que vemos são muitas turmas superlotadas. E o que é pior: a construção dos prédios foi embargada recentemente porque a reitoria não apresentou à prefeitura Niterói os estudos de impacto am-biental exigidos. Além disso, a UFF não atendeu à primeira notificação judicial de suspender as obras e foi multada, por isso, em R$ 25 mil.

Suspensão de concursosSegundo informações extra-

oficiais, vários colegiados de curso já manifestaram total impossibili-dade de aumentar o número de va-gas. Além de reuniões oficiais com diretores e coordenadores de cur-sos, a reitoria tem pressionado di-retamente algumas unidades, para que ajudem a UFF a atingir a meta. Um docente do Pólo Universitário de Volta Redonda, que preferiu não se identificar, revela que a reitoria cobrou um aumento no número de vagas. A reitoria teria alegado que a unidade tem um déficit de 80 vagas, mas esse déficit não é reconhecido pelo pólo. Das 33 vagas de profes-sores efetivos previstos pelo acordo do REUNI para Volta Redonda em 2011, 12 vagas já foram cortadas. Ou seja, quem não criar novas vagas, não terá os professores necessários para atender a uma demanda que

vem crescendo sem parar ao longo dos últimos anos. Os docentes de Volta Redonda não sabem o que fazer, pois estavam contando com essa abertura de concurso para no-vos professores, mas afirmam que não existe espaço físico para abri-gar mais 80 estudantes.

Uma das poucas exceções foi a Escola de Engenharia, que aten-deu ao pedido do reitor e se dispôs a criar cem novas vagas. Em email que circulou em diversas listas, o professor Paulo César, da Engenha-ria, afirmou que “Teríamos condi-ções de absorver mais 80 alunos por ano, se tirássemos da área física da Engenharia diversas Unidades e ór-gãos estranhos à Engenharia que ali ocupam áreas enormes, com nossos docentes e discentes espremidos”. O professor PC reclama do espaço ocupado pelo Instituto de Compu-tação, a Escola de Arquitetura, o Pré-Vestibular Popular, entre outros.

Novos cursosA UFF está abrindo seis novos

cursos para o vestibular 2012: as li-cenciaturas em Informática e Ciên-cias Naturais, em Pádua; a licenciatu-ra em Geografia, em Angra dos Reis; e os bacharelados em Antropologia, Sociologia e Artes, em Niterói.

“Foram criadas entre 20 e 30 no-vas graduações nos últimos anos de-correntes do REUNI. Quando eu assu-mi o vestibular, há quatro anos, eram oferecidas 5,3 mil vagas. Agora serão mais de nove mil”, declarou ao jornal O Globo o coordenador do vestibular da UFF, professor Néliton Ventura.

Das Instituições Federais de En-sino Superior (IFES) do Rio de Janei-ro, a UFF é a única que abrirá uma quantidade significativa de novos cursos para 2012. Uni-Rio e UFRJ diminuíram o ritmo de criação de novos cursos em decorrência das necessidades impostas pelo REUNI.

Um ofício emitido pela Pró-reito-ria de Graduação (Prograd) no

dia 9 de junho caiu como uma bom-ba em cada unidade, em cada de-partamento da UFF. Em um momen-to em que a Universidade já acusa os graves efeitos de uma expansão apressada e precária, a circular afir-mava que a UFF está em déficit com as metas do Reuni e precisaria de um esforço coletivo para oferecer a quantidade de vagas acordadas.

“Por delegação do Magnífico Reitor, a Pró-Reitoria de Graduação, em conjunto com a Pró-Reitoria de Planejamento e com a Comissão de Metas, está preparando um Plano de Providências para alcançar as Metas do REUNI, conforme solici-tado pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educa-ção (Sesu/MEC)”, diz o memorando 4/2011, assinado pelo pró-reitor de graduação, Renato Crespo Pereira.

“É importante salientar que a Universidade está passando pela maior expansão da sua história. De fato, estamos com o maior plano de investimento em obras dentre as Uni-versidades Federais, além de estar-mos recebendo docentes e técnicos previstos pelo Programa REUNI”, diz o texto. O documento reconhece, par-cialmente, a precariedade da expan-são, mas conclama os cursos a se es-forçarem para atingir as metas: “nesse momento, estamos sendo chamados a superar as dificuldades advindas desse processo, principalmente em relação à falta de espaço físico, origi-nado pelas obras ainda não concluí-das, pois o quantitativo de recursos orçamentários aportados até o mo-mento para a UFF não corresponde às vagas discentes ofertadas até o primeiro semestre de 2011”. Segundo o MEC, o número total de vagas ofer-tadas na graduação presencial até a presente data é de 8.201 vagas, e o número pactuado no Plano de Acor-

Obras de expansão no campus do Gragoatá, embargadas pela Justiça

Luiz Fernando Nabuco

Alvaro N

eiva

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Jornal da ADUFFPágina 6 Ano XIII - JUNHO/2011

Há algum tempo circulam pelos corredores da UFF boatos sobre

a possibilidade de a Universidade ceder parte dos terrenos dos campi do Gragoatá e da Praia Vermelha à prefeitura para a construção de pis-tas por dentro dos campi. Na quar-ta-feira, 29 de junho, na primeira vez em que a proposta foi apresentada oficialmente no Conselho Universi-tário, a reitoria não atendeu às soli-citações por mais tempo de debate e tentou aprovar o acordo, mas um protesto impediu a aprovação.

No boletim eletrônico divulga-do pela ADUFF na véspera do CUV, já havíamos divulgado que o assun-to poderia ser debatido, embora a pauta ainda não tivesse sido divul-gada oficialmente. Na pauta, dis-tribuída no dia, o termo de acordo para construção da Via Orla, da Via 100 e de uma ciclovia era o primei-ro ponto. Foi proposta pela bancada estudantil uma inversão de pauta, para que outros assuntos já debati-dos em conselhos anteriores pudes-sem ser encaminhados, mas a reito-ria encaminhou contrariamente.

O relator do processo, professor Edson Alvisi, informou que o proces-so foi aprovado na Comissão de Le-gislação e Normas, na Comissão de Orçamento e Finanças e na Comissão de Assuntos Administrativos, que fez algumas ressalvas, solicitando o deta-lhamento de algumas informações.

Depois de sua fala, seguiram-se muitas intervenções manifestando preocupação com o projeto. Além disso, muitos conselheiros levantaram a dúvida se a cessão do terreno seria uma exigência da prefeitura para libe-rar a construção de novos prédios nos dois campi, embargada porque a UFF não apresentou no prazo devido os estudos de impacto ambiental.

Entre as muitas questões le-vantadas, estavam a poluição so-nora e visual que pode ser causada, afetando as salas de aula, a falta de segurança, aumentando considera-velmente o número de acessos aos campi, e os impactos ambientais. Muitos conselheiros colocaram a im-possibilidade de aprovar um acordo sem que exista um projeto com da-dos concretos, explicando não ape-nas os termos do acordo, mas todos os possíveis impactos. Além disso, questionou-se a responsabilidade da Universidade com a sociedade, considerando a prioridade dada aos carros de passeio em detrimento do transporte público e a necessidade

Reitoria quer impor vias públicas dentro dos campi

de remover mais uma comunidade, em uma cidade que tem milhares de famílias desabrigadas.

“Lutamos há décadas pela construção da Universidade públi-ca, um espaço de educação supe-rior baseado na autonomia, onde a formação não aconteça apenas nas salas de aula, mas também nas bibliotecas, debates, espaços livres, rodas de música. O projeto de ex-pansão já prevê que o espaço físico do Gragoatá seja ocupado priorita-riamente por prédios, de salas de aula. Agora, construir uma via públi-ca dentro do campus é atacar mais os espaços de convivência dentro do campus”, afirmou o diretor do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICHF), Francisco Palharini. “Pedimos que o projeto fosse dis-tribuído à comunidade acadêmica com antecedência, mas não o foi. Temos que aprovar um projeto sem que a comunidade o conheça? Por que?”, questionou Palharini.

Além de Palharini, que pediu o adiamento da discussão por pelo menos 30 dias, Érica, representante do DCE, propôs a constituição de uma comissão especial para estu-dar os possíveis impactos socio-ambientais do projeto por pelo me-nos três meses, antes de aprová-lo.

As duas propostas foram a voto e, em votações tumultuadas e aper-tadas, perderam por três votos e quatro votos. Era possível perceber a presença de vários conselheiros que não acompanham as reuniões do

CUV há meses. Diante do resultado muito equilibrado, alguns conselhei-ros solicitaram a votação nominal, mas o reitor, Roberto Salles, ignorou o pedido, na tentativa de encami-nhar a votação sobre o acordo antes que se esgotasse o tempo limite da reunião. Imediatamente, dezenas de manifestantes - estudantes, servido-res técnico-administrativos e docen-tes - ocuparam o palco do auditório, entoando palavras de ordem, espe-cialmente: “A Via Orla não vai passar, sem debater ninguém vai aprovar!”.

O protesto durou pouco mais de 15 minutos e, com isso, expirou o

período regimental daquela sessão. Irritado, Roberto Salles retirou-se anunciando que considerava que o acordo havia sido aprovado. Segun-do ele, isso seria dedutível das duas votações anteriores, decisão essa que não deve ser mantida devido à sua fragilidade em termos legais.

ADUFF, Sintuff e DCE e vários conselheiros realizaram uma breve reunião, identificando a necessidade de aprofundar o debate sobre o tema. Ainda não se sabe como a reitoria vai encaminhar a questão. A próxima reu-nião ordinária do CUV está prevista para acontecer no dia 27 de julho.

fonte: http://www.noticias.uff.br/noticias/2011/06/proposta-projeto-vias-acesso-campi.pdf

Docentes, funcionários e estudantes fazem protesto no Conselho Universitário para impedir aprovação apressada de acordo com a prefeitura de Niterói

Zulmair Rocha

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Cerca de 8 mil servidores públicos federais de 32 entidades fize-

ram manifestação no último dia 16, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra a morosidade do go-verno federal em dar uma resposta concreta à pauta de reivindicação da Campanha Unificada 2011, protoco-lada desde fevereiro. A campanha unificada reúne em um mesmo fó-rum representantes de três centrais sindicais (CSP-Conlutas, CTB e CUT), além de federações e sindicatos na-cionais das diferentes categorias de servidores públicos.

Os manifestantes, prove-nientes de todas as regiões do país, fizeram uma passeata da Catedral Metropolitana e até a sede do Ministério do Plane-jamento, Orçamento e Gestão (MP), onde uma comissão de re-presentantes foi recebida pelo secretário de Relações Sindicais da pasta, Duvanier Paiva.

Os representantes das enti-dades entregaram ao secretário um documento cobrando que o governo apresente uma resposta concreta para a pauta de reivindi-cações do funcionalismo público, protocolada em abril. Em especial, os servidores querem que o gover-no explicite qual será sua política salarial, já que, mesmo após três rodadas de reuniões dos servido-res com o MP, não foi registrado avanço nas negociações.

No documento, eles exigem também que o governo retome as negociações com a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras (Fasubra), que decretou greve em protesto contra falta de propostas concretas.

“Nós participamos das primei-ras rodadas de negociação com o governo, mas, como nenhuma proposta foi apresentada, a cate-goria decidiu entrar em greve. Os servidores de 44 universidades federais já aderiram. Agora, nós vamos parar os hospitais universi-tários e, com o apoio da sociedade, da comunidade acadêmica e dos demais movimentos de trabalha-dores, fortalecer ainda mais a nossa luta”, afirmou Paulo Henrique San-tos, da coordenação da Fasubra.

Na reunião com o secretário, os servidores reafirmaram a uni-dade do movimento em torno de eixos comuns, como a defesa de uma política salarial permanente com incorporação anual da infla-ção, da paridade de vencimentos entre servidores da ativa e apo-sentados e dos acordos firmados e não cumpridos pelo governo.

Eles reivindicaram também que o governo retire do Congres-so as medidas legislativas que prejudicam os servidores federais, como o Projeto de Lei (PL) 549/09, que congela os salários dos servi-dores públicos por dez anos, e o PL 92/07, que privatiza a Previdência Social dessas categorias.

A reunião com o Secretário de Relações Sindicais do MP, entretan-to, foi infrutífera. Duvanier Paiva recebeu o documento dos mani-festantes e afirmou que continuará negociando com as entidades, tan-to em conjunto, no caso da pauta unificada, quanto em separado, no caso de pautas específicas.

“No dia 5 de julho teremos mais uma reunião com o conjunto das entidades. Até lá, realizaremos as reuniões específicas e também oficinas para debater temas em que há divergências, como é o caso da nossa proposta de criação da previ-dência complementar do servidor. O governo ainda não apresentou nenhuma proposta porque ainda

está conhecendo as reivindicações de cada categoria”, justificou.

Após a reunião com o secretário, a presidente do AN-DES-SN, Marina Bar-bosa Pinto, afirmou que a classe trabalha-dora brasileira está lutando, nos estados, nos municípios, na-cionalmente contra a precarie-dade das condições de trabalho, enfrentando uma política de arrocho salarial. “O ANDES-SN é parte dessa luta e sempre convi-ve em várias delas. Na sua base, desenvolveu uma série de gre-ves no âmbito dos estados. Nós também já estamos discutindo a radicalização do movimento em âmbito nacional das instituições federais de ensino superior e em conjunto com os servidores pú-blicos federais”, afirmou Marina.

Para a presidente do ANDES-SN, a reunião com Duvanier Paiva deixou claro, mais uma vez, que não há compromisso do gover-no em apresentar uma proposta, ainda que ele diga que fará todo o esforço nesse sentido até o dia 5 de julho. “Nós somamos esfor-ços porque acreditamos que a unidade é uma condição para a vitória. Nós sabemos que ele só apresentará uma proposta, e que

Por Najla Passos e Renata Maffezoli ANDES-SN

essa proposta só vai ser favorável a nós se nos mantivermos mobi-lizados, sempre com unidade e com ação na rua”, conclamou ela.

Um dos coordenadores da CSP-Conlutas, Zé Maria Almeida, reforçou a afirmação da presi-dente do ANDES-SN, destacan-do a importância da unificação do movimento dos servidores federais com os demais setores da sociedade civil.

“A luta dos servidores fede-rais é uma luta fundamental nes-se momento, mas é importante que a gente compreenda essa luta nos marcos de um conjunto de greves e de mobilizações, que estão ocorrendo em todo o país e que busquemos, de forma cons-ciente, unificar todas essas lutas. Por que a força que nós podemos ter para dobrar a intransigência do governo, vem da mobilização e da unidade da classe trabalha-dora”, concluiu Zé Maria.

Servidores federais fazem manifestação em Brasília

Servidores públicos protestam contra governo federal em marcha unificada em Brasília

Antonio Cruz/A

BRN

ajla Passos/AN

DES-SN

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A mobilização dos profissionais da educação e dos bombeiros do

Rio de Janeiro permanece forte. Os 439 bombeiros presos pela ocupação do Quartel-General foram soltos e re-ceberam anistia do governo estadual no último dia 29, em uma importante vitória. Mas a mobilização continua, com passeatas semanais, reunindo os diversos setores em luta.

As assembléias dos profissionais das escolas estaduais têm reunido frequentemente mais de dois mil tra-balhadores. A greve começou no dia 7 de junho e até hoje o governo não fez uma contraproposta às principais reivindicações da categoria, que são: reajuste emergencial de 26%; incorpo-ração imediata da gratificação do Nova Escola (prevista para terminar somente em 2015); descongelamento do Plano de Carreira dos Funcionários Adminis-trativos. Em audiência dos profissio-nais da educação com os secretários de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Resende e de Educação, Wilson Risolia, o governo se comprometeu a apresen-tar uma resposta até o dia 15 de julho às principais reivindicações.

Na terça-feira, dia 28 de junho, a 3ª

Vara da Justiça da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Rio realizou uma primeira audiência para analisar o pe-dido de liminar do Sepe contra o corte do ponto dos profissionais de educa-ção. Todas as partes foram convocadas para a audiência, mas os secretários de governo não compareceram. Apenas a Procuradoria do Estado compareceu.

No Tribunal, o Sepe defendeu o pedido de liminar em cima do direito de greve do funcionário público e da falta de reajuste anual por parte do governo. O sindicato falou também das más con-dições de trabalho e dos baixos salários da rede estadual, que levaram os profis-sionais de educação à greve; a falta de professores na rede também foi desta-cada na audiência - esta uma conseqü-ência direta dos poucos atrativos para o exercício da profissão em nosso estado, que, mesmo sendo o segundo mais rico do país, tem um dos pisos salariais mais baixos para o professor, além de péssi-mos índices nas avaliações federais.

Bombeiros conquistam vitórias

No dia 29 de junho, a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janei-

ro aprovou a anistia administrativa aos bombeiros presos pela ocupação do Quartel-General, no centro do Rio, e também o reajuste à categoria. A anis-tia foi imediatamente sancionada pelo governador Sérgio Cabral, que inicial-mente tinha chamado os manifestan-tes de vândalos. Diante das repercus-sões negativas de suas declarações, ele demonstrou manifestou arrepen-dimento. Segundo o governador, a anistia é uma espécie de “mea-culpa” em relação à corporação, a qual cha-mou de “muito querida” da população. Após a prisão dos bombeiros, milhares de pessoas foram às ruas do Rio em so-lidariedade aos presos, incluindo mui-tos trabalhadores de outros setores do funcionalismo público estadual.

No dia 12 de junho, a orla de Copacabana tinha sido tomada por mais de 50 mil pessoas, em uma das maiores manifestações realizadas no Rio de Janeiro, nos últimos anos. A principal pauta daquele ato foi a anistia aos bombeiros, que tinham sido recentemente libertados. Mas a manifestação contou com a pre-sença significativa de trabalhadores ligados ao Sindicato Estadual dos

Professores e bombeiros seguem em luta

Profissionais da Educação (Sepe), ao Sindicato dos Trabalhadores em Saú-de e Previdência Social (Sindsprev) e muitos outros movimentos sociais.

Apesar das importantes vitó-rias obtidas, os bombeiros seguem mobilizados. “A nossa luta vai con-tinuar. Esse reajuste aprovado hoje significa só R$ 70 a mais. Sem contar o trauma psicológico de todos os companheiros que ficaram presos, o que ainda não passou”, afirmou o bombeiro Silas de Aguiar.

O reajuste está muito abaixo das reivindicações da categoria, que pleiteia um aumento do piso salarial dos atuais R$ 950 para R$ 2.000, além de vale-transporte. Mas a anistia permitiu a retomada das negociações com o governo.

Também foi aprovada a mudan-ça no uso do Fundo Especial do Cor-po de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro (Funesbom). A partir de ago-ra, 30% dele será usado exclusiva-mente para o pagamento de gratifi-cações aos bombeiros. O Funesbom, recolhido a partir da taxa de incêndio paga pela população fluminense, reuniu R$ 110 milhões em 2010.

Samuel Tosta

“Mar vermelho” na orla de Copacabana: mais de 50 mil pessoas participam de passeata em apoio à luta dos bombeiros