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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA VIÇOSA - MAIO DE 2008 - ANO 05 - NÚMERO 15 pág. 03 Ele venceu um exército inteiro, libertou milhões e mudou a humanidade apenas com sua paz Fotografia: Reprodução/Arte: Pato Domingues Gandhi A alma gigante Alimentos industrializados levam problemas à mesa pág. 10 ( ( ciência )) Pesquisa mostra o desinteresse do jovem viçosence por proteção solar pág. 06 ( ( comportamento )) A Ginástica Rítmica presente nas Olimpíadas e em Viçosa pág. 14 ( ( esportes )) Conheça as vacinas que devem ser tomadas depois que se cresce pág. 04 ( ( cidade )) Por quê é tão difícil ver a beleza do arco-íris quando ele é uma bandeira? pág. 12 ( ( entrevista ))

Jornal OutrOlhar | Edição 15 | Maio de 2008

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O Jornal-Laboratório OutrOlhar é uma produção de alunos do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. A edição nº 15 foi produzida sob orientação do professor Joaquim Lannes.

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAVIÇOSA - MAIO DE 2008 - ANO 05 - NÚMERO 15

pág. 03

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pág. 10

(( ciência ))

Pesquisa mostra o desinteresse do

jovem viçosence por proteção solar

pág. 06

(( comportamento ))

A Ginástica Rítmica presente nas Olimpíadas e

em Viçosapág. 14

(( esportes ))

Conheça as vacinas que devem ser tomadas depois

que se crescepág. 04

(( cidade ))

Por quê é tão difícil ver a beleza do arco-íris quando ele é uma bandeira?

pág. 12

(( entrevista ))

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crítica à mídia

(( opinião ))

TATIANA DUARTE

Estado Laico. Alguém já ouviu falar? A primeira pergunta que pode surgir na sua cabeça é: o que seria um Estado Laico? Para quem ainda nunca escutou essa expressão ela pode ser substituída por Estado Leigo, ou seja, quando o governo é totalmente desprovido da influência de qualquer religião. No Brasil, o Estado se tornou Laico, em 1889, quando o abandonou a monarquia católica e tornou-se uma república laica.

E qual é a importância de um Estado ser Laico? Primeiramente, é importante, pois

serve para a maior liberdade da sociedade, tendo como finalidade a preservação dos direitos e a garantia individual do cidadão.

Outro fator importante é a separação do Estado e Religião, que evita a intromissão de certa religião nas decisões políticas e judiciárias do governo.

Porém, o brasileiro não aprendeu a conviver em um Estado que não tem uma religião oficial. Por termos uma maioria religiosa católica a população acredita que o Estado deve ser tendencioso para o lado da maioria. Será?

O padre Paulo Dione Quintão, estudioso e especialista

em religião, afirma que o Estado deve realmente ser Laico, no sentido de ser aberto à participação de todos os cidadãos. Ele ainda comenta que essa laicidade permite que o Estado não seja defensor de nenhuma bandeira específica.

Agora que você já sabe o que é um Estado Laico deve ter em mente que essa definição não quer dizer que o mesmo seja ateu (que nega a existência de Deus), mas sim ser insento de uma religião fixa para todos. E que fique bem claro que a sociedade deve sim ser religiosa, mas cada um com a religião que lhe for conveniente.

Estado democrático + Religião? DÉBORA BRAVO

Ao Leitor

Apresentado como ati-vidade laboratorial em prol da formação profissional, no mês de abril, durante o 11º Fórum Nacional de Professores de Jor-nalismo (FNPJ), em São Paulo, o Jornal Laboratório OutrOlhar foi apontado pelos presentes como um projeto inovador e uma atividade de grande relevância para a formação voltada para a área impressa. Para nós, tal fato se cons-titui em motivo de orgulho, uma vez que o OutrOlhar obteve dis-tinção frente a outros seis veícu-los com objetivos semelhantes de diversas Instituições de Ensino brasileiras, igualmente expostos no Grupo de Trabalho Produção Laboratorial – Impressos. Durante os debates so-bre a Produção Laboratorial Im-pressa, o OutrOlhar foi citado e apontado por diversas vezes como modelo de atividade labo-ratorial mais próxima do ideal. A curiosidade a respeito da trajetó-ria do veículo, bem como sobre detalhes da sua produção foi ge-ral. Na ocasião, recebemos ainda sugestões que certamente serão expostas e analisadas pelo grupo que produz e edita o jornal. Fatos como estes con-tribuem para uma renovação de ânimos e para a busca de ino-vações que possam aprimorar o ensino da prática impressa no Curso e, principalmente, atender ao nosso público-alvo.

Prof. Joaquim Sucena Lannes

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Somos influenciados dia-riamente pelos comportamentos ditados pela televisão. Certas palavras ou frases exaustivamente ditas na TV, quando menos se espera, entram no nosso vocabulário.

Programas como os reality shows são responsáveis por uma respeitável porcentagem de jargões acrescentados ao nosso cotidiano, também devido ao tempo de “contato” com o grupo de participantes.

Baseados na série americana Survivor, o primeiro reality show realizado no Brasil foi o No Limite, lançado em 2000. Após o sucesso do programa, várias emissoras do país apostaram nessa idéia.

A partir daí, surgiram programas no estilo de séries televisivas, apoiadas na vida real, como Casa dos Artistas,

O aprendiz, Fama, Ídolos e o considerado de maior sucesso, Big Brother Brasil, exibido pela Rede Globo.

Entre brigas, amores, conversas e devaneios, milhares de pessoas se espelham nos

participantes a respeito de seu modo de vestir, agir, comer

e, principalmente, de falar. Assim, procuram seguir os “confinados”, atendendo aos dois principais estímulos subconscientes do homem: buscar prazer e evitar a dor.

A heterogeneidade dos personagens dessa série, sem

enredo pré-determinado, traz uma série de expressões novas. Os jargões repetidos diariamente acabam incorporados na fala de cada telespectador. Assim, do ponto de vista artístico, as gírias repetidas soam como sinônimo de medidor de audiência do programa.

Tipo assim, por mais que tentemos nos manter distantes dessas expressões, os meios de comunicação causam muita força sobre nosso inconsciente. Sem noção. Não há quem não esteja a mercê dos modismos, percebe? Ah, fala sério!

É notável que boa parte do nosso linguajar é reflexo do que vemos na televisão e, conseqüentemente, usamos, pra caraca, no nosso cotidiano. Não tem hora e nem lugar para usarmos as gírias, tá ligado? E a tendência é as utilizarmos cada vez mais. Ninguém merece.

Tim Gouveia

“Ninguém merece”

Jornal Laboratório produzido pela turma de 2006 do Curso de Comuni-cação Social – Jornalismo da Univer-sidade Federal de Viçosa

Endereço: Vila Giannetti, casa 39, campus universitário CEP 36570-000 – Viçosa MGTel: 3899-2878 – [email protected]

ReitorProf. Carlos Sigueyuki Sediyama

Diretor do Centro de Ciências Hu-manas, Letras e ArtesProf. Walmer Faroni

Chefe do Departamento de Artes e Humanidades

Prof. Fábio Faria Mendes

Coordenador do Curso de Comuni-cação SocialProfª. Kátia Fraga

Jornalista-responsávelJoaquim Sucena Lannes – MT/RJ 13173

EditoresAna Maria Pereira, Debora Antunes, Pablo Pereira, Gabriele Maciel, Gisele Nishiyama, Inês Amorim, Mário Vítor Filho, Tatiana Duarte

Revisão de textoAgnaldo Montesso, Gabriele Maciel, Inês Amorim, Talita Aquino, Murilo Alves (1º Período)

Diagramação, arte e revisão finalFelipe Menicucci, Pato Domingues, Ta-tiana Duarte, Tim Gouveia

RedaçãoAgnaldo Montesso, Ana Maria Pereira, Ana Paula Nunes, Aramis Assis, Bárba-ra Gegenheimer, Carolina Reis, Débora Antunes, Débora Bravo, Diego Alves,

Diego Tarlis, Eloah Monteiro, Felipe Menicucci, Felipe Pedroza, Fernanda Couto, Fernanda Mendes, Fernanda Torquato, Gabriele Maciel, Gisele Nishiyama, Inês Amorim, José Tarcísio Filho, Joséllio Carvalho, Kirna Nasci-mento, Luciana Melo, Lúcio Érico, Ma-nuella Rezende, Marcela Sia, Mariana Azevedo, Mário Vítor Filho, Maristella Paiva, Mônica Bento, Pablo Pereira, Pato Domingues, Paula Chaves, Sabri-na Areias, Samira Calais, Saulo Rios, Savana Brito, Talita Aquino, Tatiana

Duarte, Tim Gouveia, Vagner Ribeiro, Zana Ferreira.

ImpressãoDivisão de Gráfica Universitária

Tiragem 1500 exemplares

Os textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso e são de inteira responsabilidade de seus autores.

OUTR ((O)) LHAR

Page 3: Jornal OutrOlhar | Edição 15 | Maio de 2008

Para falar sobre dinheiro e felicidade, é preciso ter em mente que os dois são coisas muito diferentes, enquanto que o dinheiro é concreto, a felicidade é abstrata, não é palpável, é sensível. Diante disso, o que é a felicidade para você? Hoje, o conceito está um pouco equivocado na mente de algumas pessoas, mede-se a felicidade pelo que o outro tem e não pelo que você mesmo alcançou.

Partindo do pressuposto de que felicidade não é isso, e sim o nível de satisfação que as pessoas podem alcançar na vida, e difere de alegrias ou contentamentos momentâneos, podemos relacioná-la com várias coisas, inclusive com o dinheiro.

A vida das pessoas é uma busca constante pela felicidade e muitas acreditam que é impossível ser feliz sem dinheiro no bolso.

Mas, existe outra corrente que abomina esse fato. Para essas pessoas, a felicidade está nas pequenas coisas, nas mais simples. Por exemplo: a felicidade não está em ter dinheiro para comprar um presente legal pra namorada, mas sim no sorriso que ela esboça, independente de ser um presente caro ou uma lembrancinha feita de

palitos de sorvete...

É claro que não podemos negar que o dinheiro é útil e que ele facilita a vida, mas existe um limite, ou seja, uma quantia que permita a você viver confortavelmente; mais que isso, é desnecessário.

Além disso, a sensação de poder comprar pode ser confundida com felicidade, mas até

mesmo, as propagandas,

vilãs de muitos estudos comportamentais, já admitem, em seus slogans, que “certas coisas não têm preço”. Como passear de mãos dadas na beira da praia ou passar a tarde brincando com os filhos.

Além disso, correr atrás de dinheiro significa trabalhar mais e mais e implica também em ter menos tempo para usufruir o que todo esse capital pode proporcionar.

É preciso ter um tempo para a família, ir ao salão de beleza ou jogar futebol com os amigos. E o pior é quando esse dinheiro deixa de ser um meio para que você conquiste as coisas e se torna apenas um fim. Aí, está tudo perdido!

(( opinião ))

O amor de um homem pára o ódio de milhõesPATO DOMINGUES

Aos 18 anos, quando aquele jovem franzino abandonou as batas, indianas como ele, para vestir os ternos de aluno da Faculdade de Direito em Londres, apenas queria ser aceito como igual aos demais, o que é comum à idade.

Essas desobediências aos rigorosos princípios religiosos de seu povo talvez já fossem os primeiros sinais de sua grande espiritualidade, que logo o faria perceber que nem os ternos ou as leis humanas pertenciam à sua natureza.

Porém, foi no sul da África e na Índia, reivindicando o direito das minorias, auxiliando feridos e liderando seu povo em um movimento pacífico de independência, que, durante mais de 50 anos, pôde satisfazer sua vontade de servir aos semelhantes.

Acreditando que só

mesmo a poderosa violência espiritual do amor poderia vencer a violência material do ódio, c o n s e g u i u l i b e r t a r m i l h õ e s através de seu sacrifícios i n d i v i d u a i s , sempre norteando-se pelos princípios sagrados da ahimsa (não-violência; benevolência) e satyagraha (apego à verdade).

Julgando que o amor de um único homem pode neutralizar o rancor de todo um povo, soube conciliar com sabedoria as coisas do mundo espiritual de Deus e as do mundo material dos homens.

Assim, Mohandas Karamchand Gandhi, tornou-se não apenas o líder místico e político de seu povo, mas um símbolo de esperança para toda humanidade, então atormentada

pelo horror da recém terminada Segunda Guerra Mundial.

Um atentado, motivado pelo fato dele aceitar a divisão

de seu país entre hindus e

m u ç u l m a n o s , tirou-lhe a vida em janeiro de 1948.

Não por mero acaso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos – que, ironicamente, materializa os ideais espirituais de

respeito e fraternidade em leis, que ele acreditava serem insuficientes para servir à humanidade – foi adotada no mesmo ano, alguns meses depois.

O desconforto que tomou conta do mundo com a perda do Mahatma (do

sânscrito, Grande Alma) é considerado um dos

sinais de que sua pacífica e incansável luta foi um dos fatores responsáveis por selar os ideais

de preservação do ser humano que pairavam no

ar.A Declaração, que

assim como sua morte completa 60 anos em 2008, é tida como

a resposta concreta do planeta a esse sentimento de congregação em torno de um ideal único, limitando a soberania dos Estados nacionais sobre o indivíduo.

Certas coisas não têm preçoFERNANDA TORQUATO

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Pato Domingues

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Você já percebeu como se compõe a paisagem urbana da cidade de Viçosa? Pois então, em meio a inúmeros prédios que se erguem aos montes e se apertam uns aos outros, deparamos também com aqueles casarões antigos que nos remetem ao passado, não é? Viçosa, com seus 136anos de história, é hoje uma ci-dade em expansão devido às uni-versidades que crescem e atraem cada vez mais pessoas. Assim, hoje, é um grande desafio manter essas construções mais antigas, pois muitas vezes elas ocupam um espaço que seria favorável a construções de centros comerciais ou mesmo de prédios urbanos. Porém, apesar de haver uma certa pressão por parte das construtoras, imobiliárias e dos próprios donos dessas antigas construções, elas devem ser pre-

servadas, como garante Ricardo dos Santos Teixeira, chefe do De-partamento de Patrimônio Históri-co de Viçosa. “Essas construções fazem parte da memória da cida-

de, e, de certo modo, a história fica cristalizada naquele ponto. A cidade continua se desenvolvendo, mas a paisagem vai estar marcada

pela historia”, ressalta Ricardo. Um dos meios mais efi-cazes de proteção e conservação do patrimônio histórico é por tom-bamento, ou seja, quando o Poder

Público, através do Decreto de Lei Federal nº. 25, de 30 de novembro de 1937, impõe ao proprietário do bem de valor histórico-cultural

restrições administrativas visando a sua preservação. O proprietá-rio não perde o imóvel, mas fica impossibilitado de demolir ou transformar o patrimônio sem per-missão do órgão responsável pelo seu tombamento, que no caso de Viçosa é representado pelo Con-selho Municipal de Cultura e do Patrimônio Cultural e Ambiental. Todos os anos, o Con-selho faz projetos visando cons-cientizar os cidadãos da impor-tância desses bens tombados. O projeto de 2008, que teve suas atividades iniciadas em abril, tem como público alvo alunos que estudam em imóveis que são tombados, como os do Edmun-do Lins. Por meio de oficinas, o Conselho espera despertar nos jovens a percepção do patrimônio não só como fator importante na composição do cenário da cida-de, mas também como elemento que traduz a história de um povo.

(( cidade ))

A História de Viçosa contada através dos casarões

“Hoje é dia do Zé Gotinha”. Quan-tas vezes você já não escutou esta frase quando era pequeno? Mui-tas, com certeza, se você tomou as vacinas necessárias. Crianças até os seus cinco anos de idade devem ser vacinadas contra uma série de doenças, para que essas não sejam contraídas mais tarde. Mas ainda existem outros tipos de doenças que devem ser prevenidas inclusi-ve depois da infância. Então, quem pensa que não precisa mais ir a um posto de saúde tomar uma injeção, muito se engana. Existem vacinas que devem ser tomadas de 10 em 10 anos. Uma delas é a de febre ama-rela que foi muito noticiada na mídia no início deste ano, devido ao surto que ocorreu no país. Aqui em Viçosa, o controle teve de ser ainda mais rigoroso. De acordo com o médico Júlio Cota, a cida-de se tornou uma área de risco, já que pessoas de todos os lugares

do Brasil vêm para cá. “Porque aqui na verdade não é uma região que tenha ca-sos. Você tem que ter o mosquito transmis-sor que aqui em Viço-sa tem, mas deve ter uma pessoa contami-nada também”, diz o médico. Além dessa vacina, você tam-bém deve tomar, de 10 em 10 anos, a du-pla adulto que é a de tétano e de difteria. E para aqueles que não tomaram quan-do criança a tríplice, que é a vacina con-tra rubéola, sarampo e caxumba, podem tomá-la, agora, quan-do adultos. Algumas profissões também exigem um cuidado

especial, como no caso dos médicos veterinários. “Tanto os alunos quanto os profissionais que tem esse risco ocupacional de sofrer um acidente de trabalho com os animais, vão tomar além das de-mais vacinas, a de he-patite B e a anti-rábica”, afirma a técnica de enfer-magem Janaína Setto. Todas as pessoas podem se vacinar gratuitamente, de segunda a sexta em Viçosa, nos seguintes lu-gares: na Divisão de Saú-de da Universidade, no horário de 8h as 11h30 e de 14h as 18h ou no Cen-tro de Saúde da Mulher e da Criança, localizado no centro, das 7h30 às 16h30. E não se esqueça de levar sua carteira de vacinação.

Do Zé Gotinha à idade adulta: vacinar é precisoMARISTELLA PAIVA

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GABRIELE MACIEL

Tombamento evita que a história dos antigos casarões transforme-se em ruína com o tempo

Gabriele M

aciel

Estudante vai ao posto para colocar em dia sua carteira de vacinação

Maristella Paiva

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O Terminal Rodo-viário de Viçosa foi inaugurado no final da década de 70 pelo então prefeito da ci-dade César Sant’anna Filho. Nos primeiros anos de funciona-mento, a rodoviária foi administrada pela prefeitura. No en-tanto, em 1995, uma empresa passou a gerenciar o estabele-cimento. Segundo Ernani Souza, membro da atual empresa que gerencia o terminal, um dos pro-blemas enfrentados pelos usuários durante a antiga administração era a falta de segurança no local. Não havia portões ou câmeras, o consumo de drogas e a prostitui-ção eram fatos corriqueiros dentro da rodoviária. Por isso, em 1997, houve um projeto de revitalização, que implantou câmeras e portões

para a segurança dos passageiros. Apesar dessas melhorias, ainda é comum encontrar usuários que reivindicam mudanças no lo-cal. É o que comenta um funcioná-rio do guichê da empresa Unida. Segundo o atendente, as pessoas costumam reclamar sobre o preço do banheiro, a limpeza do estabe-lecimento, dentre outras coisas. Já para a funcionária da rodoviária Leci das Graças, o que

falta é uma padronização no comércio interno do lo-cal. “Os bares são todos re-petidos e não existe uma banca de jor-nal aqui den-tro”. Muitos c o n c o r d a m com essa fal-ta de padrão no comér-cio, porém, a

administração da rodoviária não pode estabelecer parâmetros para as lojas, uma vez que todas são alugadas. Por dia passam cerca de mil pessoas pelo terminal. Para muitos deles, não importa se a rodoviária é bonita ou não. Mas, para os que chegam à cidade, a primeira impressão não é tão boa assim. E, como a primeira impres-são é a que fica...

(( cidade ))

Nem todo dia é para se comemorarMARIANA AZEVEDO

Às vezes, mesmo tendo nascido e morado a vida inteira em uma cidade, sabemos pouco sobre ela, não é? Em Viçosa, por exemplo, muitos não co-nhecem bem o que cha-mamos de datas oficiais. Segundo a secretária de Cultura e Lazer da cida-de, Virgínia Bittencourt Moura, comemoramos oficialmente três datas. O dia 22 de maio é o destinado à padroeira de Viçosa. Santa Rita de Cássia já estava presente na primeira capela erguida, em 1800, nas terras que viriam a se tornar o município de Viçosa. A santa, inclusive, deu nome à cidade, que já foi “Santa Rita do Rio Turvo” e passou a ser “Viçosa de Santa Rita”, após ser emancipada. Por falar em emancipa-

ção, esse é o motivo de comemo-ração de outra data oficial, 30 de setembro, mais conhecida como aniversário, ou dia da cidade. Nes-sa data, em 1871, o povoado de “Santa Rita do Rio Turvo” é ele-vado à categoria de vila, e ganha autonomia administrativa. A terceira comemoração municipal é a menos conhecida

pela maio-ria, já que, ao contrário das outras, não é feriado. É o chamado dia da Demo-cracia, que é celebrado em Viçosa no dia 8 de agosto. A data foi esco-lhida em ho-menagem ao ex-presidente Arthur da Sil-

va Bernardes, que nasceu nesse dia, no ano de 1875. Cada uma dessas datas tem um estilo próprio de comemo-ração, e todos podem participar. Então, seja na procissão do dia 22, nos shows do dia 30 ou na entrega de condecorações (comendas) do dia 08, o importante é conhecer a história do lugar em que se vive.

Rodoviária de Viçosa necessita de melhoriasANA PAULA NUNES

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O ex-presidente Arthur Bernardes recebe homenagens em seu dia, 08 de agosto

Mariana A

zevedoA

na Paula Nunes

A última reforma no prédio da rodoviária foi a aproximadamente 11 anos atrás

Comércio movimenta a economia da cidade

MÔNICA BENTO

Cada dia é uma coisa diferen-te para comprar. No começo do ano, é o material escolar, depois uma roupa nova, um presente para o seu amigo aniversariante, a pizza para comemorar o ani-versário... E por aí vai. O que você faz cada vez que compra alguma dessas coisas em Viçosa? Movimenta o comér-cio da cidade! De acordo com da-dos de pesquisa do CENSUS de 2003, o comércio responde por, aproximadamente, 50% das ati-vidades do setor urbano viçosen-se. Ainda segundo essa pesquisa, só o setor de vestuário, calçados e acessórios corresponde a cerca de 200 estabelecimentos comer-ciais na cidade. “Falta dar mais oportuni-dades para as pessoas sem expe-riência”, é a reclamação feita por Liliane Duarte, de 23 anos. Há quatro anos ela trabalha em uma loja de roupas, e diz que arranjar o primeiro emprego no comér-cio não foi fácil. Para ela, apesar de ser dos setores que mais em-pregam na cidade, ainda faltam muitos postos de trabalho para absorver a mão de obra exceden-te e que aumenta a cada ano. Uma das principais ca-racterísticas para se conseguir um emprego, em qualquer área, e principalmente para quem lida diretamente com clientes, é a facilidade em se comunicar. Porém, não basta gostar de lidar com o público para garantir seu emprego. Quanto mais conheci-mento você tiver, maior a chance de você crescer, em qualquer si-tuação.

Saiba mais sobre a pesquisa do CENSUS no site da Prefeitura

Municipal de Viçosa: www.vicosa.mg.gov.br

Page 6: Jornal OutrOlhar | Edição 15 | Maio de 2008

Uma pesquisa realizada entre os dias 25 e 26 de março deste ano mostra que você, caro leitor do OutrOlhar, não está tomando os devidos cuidados com a sua pele. Dentre os alunos da Escola Esta-dual Effie Rolfs, 84 estudantes do segundo ano responderam a uma pergunta simples: Você usa pro-tetor solar? E os resultados são, segundo o dermatologista Gui-lherme de Almeida, no mínimo, preocupantes. Doutor Guilherme con-ta que a pele é o órgão que faz a mediação entre o corpo e o meio externo, ela corresponde a 16% do peso corporal, e tem diversas funções, como regulação térmica, controle do fluxo sanguíneo, de-fesa orgânica, proteção contra di-versos agentes do meio ambiente e funções sensoriais (pelo sentido do tato). “A pele é um órgão vital e, sem ela, a sobrevivência seria

impossível”, diz o dermatologista. Quanto aos resultados

da pesquisa, de todos os alunos envolvidos, apenas 8 disseram ter

o hábito de usar o protetor solar, 61 afirmaram usar raramente e o restante respondeu que não usa a proteção. Este resultado vem re-forçar um levantamento feito em 4 farmácias de Viçosa, onde os ge-rentes afirmaram vender uma mé-dia de 16 frascos de protetor solar ao mês, uma quantidade pequena considerando uma cidade com a população de Viçosa. E não adianta pensar que é apenas a exposição direta ao sol que traz danos à saúde da pele. Dermatologistas alertam que tan-to em dias nublados, quanto em sombras, os raios solares são re-fletidos e nos atingem. Você, leitor, que optou por ler esta matéria, deve avaliar se seu comportamento previne problemas de pele. Para constar: segundo a Organização Mundial de Saúde, todo ano são registrados cerca de 2 milhões e 132 mil casos de câncer de pele no mundo.

(( comportamento ))

Alunos viçosenses negam o uso de protetor solarTIM GOUVEIA

Tempo de escolha, de descoberta, de incertezasAGNALDO MONTESSO

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Montagem

: Tim G

ouveia

Reprodução

Há momentos da vida de cada pessoa que são pontos de parada e reflexão. Uns desses primeiros pontos é a juventude, a passa-gem da infância para a chamada “maioridade”, que implica em muitos deveres. Os jovens, mui-tas vezes, têm que escolher um caminho. A série de transforma-ções e conflitos é enorme. Os hor-mônios estão à flor da pele. Quem não passou ou está passando por essa fase? E como ela acontece se vivêssemos em um país dife-rente, como cultura completa-mente distinta, em outra época? O sociólogo Franklin Rothman viveu a infância e juven-tude em Nova York, nos EUA, em um grande ambiente de idealismo em seu país devido à Guerra do Vietnã. Por isso, participou do Pe-ace Corps, que foi idealizado pelo então presidente John Kennedy, para solucionar os problemas dos

países do “Terceiro Mundo”. O professor da UFV, após se formar, aos 20 anos, passou dois anos de sua vida no México em comuni-

dades ca-rentes, aumen-

tando ainda mais seu interesse pela cultura latino americana, que ele descobriu quando era jo-vem no bairro do Brooklin, com os imigrantes costa-riquenhos. Já o coreógrafo Rei-

naldo Muniz viveu em Cuba em um período denominado por ele de parte idealista da Revolução Cubana. Reinaldo ressaltou a sua

educação, que naquela época era feita com os melhores professores do mundo em cada área. A mãe de Muniz ficou sabendo da recém lançada Escola de Artes de Cuba e o fez estudar Dança, mesmo con-tra a vontade do filho, que hoje sente saudades dos seis anos que

passou naquela escola e que o aju-daram a quebrar o seu preconceito e o alheio em relação a essa arte. Viny Chen, dona de uma pastelaria em Viçosa, nasceu em Hong Kong na China. Deixou seu

país há 9 anos, para fugir da pobreza que assola o seu povo, mesmo com o

grande crescimento econômi-co, que se verifica principalmen-te na capital, Pequim. Seu maior sonho é fazer Direito, mas que ainda não foi realizado por cau-sa do sistema muito fechado do seu antigo país, que não permite que a maioria das pessoas escolha seus rumos, e pelo ritmo de tra-balho que ela enfrenta no Brasil. Os traços da cultura de cada país e da geração que cada um viveu estão marcados no destino de cada um. Marcas que cada um de nós leva, pelas opor-tunidades e experiências que vi-vemos e que ainda vamos viver.

Page 7: Jornal OutrOlhar | Edição 15 | Maio de 2008

Os gêmeos são muitas vezes retratados como antagonistas. Se um é bom, o outro é mau; se um constrói, o outro destrói. Para aqueles que nascem de um mesmo óvulo e, portanto, com características físicas externas muito semelhantes, a afirmação da individualidade fica ainda mais

difícil, principalmente quando os pais e a sociedade que os cerca sobrecarregam esta semelhança, vestindo-os com roupas idênticas e criando expectativas de comportamento.

“Irmãs Michele” ou “Micheline e Michele”, assim são chamadas por aquelas pessoas que não conseguem notar nenhuma

diferença física nas gêmeas. Michele é estudante de História, mesmo curso pretendido pela irmã, mas afirma que “compartilhar idéias é uma coisa que não me faz igual a minha irmã, somos ligadas sim, mas cada uma sabe o que deseja”.Assim é a maioria dos irmãos gêmeos. Parecidos por fora, mas, bem diferentes por dentro. Para essas pessoas é fundamental que sejam vistas como pessoas únicas com personalidades e atitudes diferentes. A psicóloga Grasiela Gomide diz que “a família tem que trabalhar no desenvolvimento da personalidade da criança separadamente”. Ela afirma também que “pelo fato de essas crianças serem muito ligadas, elas acabam gerando expectativas umas sobre a outra, o que pode gerar um grande conflito”.

Montagem

: Ana M

aria Pereira

(( comportamento ))

O Desafio do relacionamento entre Pais e FilhosFERNANDA COUTO

A dificuldade que existe no relacionamento entre pais e filhos é algo que acontece em todas as famílias, por mais abertos que os pais sejam. É o novo convivendo com o velho. Esse conflito já foi mais difícil de resolver, quando a sociedade era mais rígida. Agora é a vez do dialogo, de maior liberdade e cumplicidade. No entanto, com essa liberdade vem a falta de limites.

Atualmente o maior desafio dos pais é encontrar o equilíbrio. Para o pai Milton Mendes “tem que haver o bom senso. Reconhecer quando está errado como eu mesmo já reconheci em várias ocasiões”. Ele conta que quando era mais jovem havia restrições do tipo “homem de cabelo grande não pode”. Milton passou pela fase de transição entre a educação autoritária e maior liberdade para os filhos.

Segundo a psicóloga

Adriene Madureira Pires “essa geração de novos pais pós-ditadura nem sempre consegue

acertar os trilhos no equilíbrio entre liberdade e autoridade”. O que mais acontece são

desvios de comportamento pela grande flexibilidade dos pais na educação.

Mas ainda existem resquícios da autoridade do passado. Será mesmo que essa

relação está aberta ao dialogo? Para o estudante Lucas Oliveira sua relação com os pais é boa. Ele acha o dialogo importante, apesar de não conversar com os pais sobre os assuntos polêmicos e ter se informado sobre eles com a internet, amigos e televisão.

Adriene Pires ressalta a importância do dialogo nas relações entre pais e filhos, mesmo que seja difícil. A abertura na relação para os filhos é algo saudável para a sociedade e aos poucos as famílias encontrarão a melhor maneira de educar as crianças, entre erros e acertos.

Gêmeos – a questão da individualidadeANA MARIA PEREIRA

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Chico C

avalcante

Sinal verde para as escolas

SABRINA AREIAS

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicou, no início do ano, uma resolução permitindo que as escolas públicas ou parti-culares do ensino médio possam oferecer aulas teóricas de trânsi-to para obtenção da Carteira Na-cional de Habilitação (CNH). O curso deverá ter 90 ho-ras-aula e ser dado na forma de atividade extracurricular para os alunos que se interessarem. As aulas terão que ser ministradas por instrutores cadastrados no Departamento Nacional de Trân-sito (Denatran), sendo oferecidas durante todo o ensino médio ou apenas nos dois últimos anos. Para o Denatran, essa re-solução irá garantir para você, estudante, um maior conheci-mento sobre comportamentos éticos e seguros no trânsito. Além disso, as aulas em escolas públicas serão gratuitas. Como um dos problemas para se tirar a carteira é o dinheiro, com a medida do Contran será possí-vel economizar em torno de R$ 70,00, valor pago pelas aulas de legislação nas auto-escolas de Viçosa.

Ilustração: Pato Dom

ingues

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Alternativas valorizam saúde e bolso de agricultoresJOSÉ TARCÍSIO

Você sabe qual a semelhança entre a agricultura, a mineração, a construção e a pesca comer-cial? Apesar de serem a t i v i d a d e s i m p o r t a n t e s para o homem, estamos falando das quatro atividades que mais matam no mundo, segundo a Or-ganização Internacional do Traba-lho. Na agricultura, o agrotóxico é um dos principais responsáveis por essa situação. Conscientes da importância de novas maneiras de cultivo, alguns órgãos se dedicam a estudar métodos que possam di-minuir os efeitos desses produtos. Localizado no bairro Vio-leira, o Centro de Tecnologias Al-ternativas (CTA) se dedica a pes-quisar e ampliar o conhecimento de atividades realizadas através da agroecologia. Os benefícios desses métodos alternativos são

explicados pelo engenheiro agrô-nomo Breno de Melo, que faz parte dessa associação: “Além de não comprar estes produtos na

loja, que são um veneno, evitan-do o uso de agrotóxicos, o meio ambiente será beneficiado. Então você estará favorecendo os recur-sos naturais”, garante. Como exemplo de recurso alternativo, Bruno cita a impor-tância da integração do sistema. Esse sistema se daria pela inclu-são, no mesmo local da cultura a qual se deseja plantar, de animais e do próprio homem. Deste modo, se afeta também o meio social, pois a família do agricultor atuará como mão-de-obra, e a inclusão de animais irá ajudar a prevenir a invasão de pragas no sistema produtivo. Assim, haverá uma re-dução nos gastos destinados aos defensivos agrícolas, um aumen-to na qualidade da plantação, além do ganho na saúde dos agriculto-res e futuros consumidores. Uma das regiões que adaptaram seus cultivos para m é t o d o s

alternativos faz parte do Sindica-to dos Trabalhadores Rurais de Araponga, que tem um grande destaque na produção cafeeira na-cional. Neide Leal, agricultora e membro do sindicato, já conse-guiu ver na prática o resultado das medidas defendidas pelo CTA: “O pessoal daqui que cul-tivou o café sem uso de agrotóxicos conseguiu vender para coopera-tivas do sul de Minas por um preço bem mais caro que o normal. Aca-ba tendo um avanço até no valor da produção” diz ela com orgulho.

Vermelho, azul, verde e amarelo. Não, eu não estou falando sobre a bandeira de nenhum país. Na ver-dade, essas são as cores que repre-sentam a coleta seletiva: vermelho para plástico, azul para papel, ver-de para vidro e amarelo para metal. Coleta seletiva é o re-colhimento, em separado, de materiais que podem ser reutili-zados. Papéis, vidros, latinhas e garrafas pet são alguns dos pro-dutos que devem ser separados do chamado lixo orgânico (res-tos de carnes, verduras etc., que são levados para os aterros sa-nitários). Tendo em vista a enor-me e ainda crescente quanti-dade de lixo produzido pelo homem, a coleta seletiva sur-ge como um processo extrema-mente importante cujos ganhos

vão além do ambiental, sendo também econômicos e sociais. Conservação do solo, manutenção da cidade limpa, pre-venção de enchentes e geração de renda pela venda dos recicláveis são exemplos dos benefícios pro-porcionados pela coleta seletiva. Em Viçosa, desde 1995 existe o projeto Reciclar que con-ta com a participação voluntária de alunos, professores e funcio-nários da UFV. A área de atua-ção é o campus da Universidade, mas a coleta também é feita em outros pontos da cidade quando solicitada. Em agosto do ano passa-do, entrou em vigor uma lei que estabelece a coleta seletiva dentro das Escolas Municipais, e agora existe um projeto, ainda em fase de estruturação, de implantar a co-leta seletiva em todo o município.

Segundo Edivânia E v a n g e -lista, fun-cionária da S e c r e t a r i a M u n i c i -pal de Meio Ambiente, o projeto será realizado em uma parceria entre a prefeitura e a UFV, e inicial-mente atingirá três bairros, ainda não definidos. Depois se es-tenderá para os demais bairros. Essas iniciativas, no entanto, acabam esbarrando em um mesmo problema: a falta de consciência da população. A cul-tura do desperdício está mesmo atrelada à sociedade. Para ten-

tar minimizar esse fator, todos os projetos mencionados buscam promover a educação, mas isso também tem que par-tir de cada um. A coleta seletiva é assim, uma lição de cidadania.

Separando o lixo quenão é lixo

MANUELLA REZENDE

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(( meio ambiente ))

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Cresce preocupação com o uso de sacolas plásticasFELIPE MENICUCCI

É muito comum ir ao mercado, padaria ou verdurão e voltar cheio de sacolas. A maioria delas vai para o “Puxa-saco”, outras servem de forro para as lixeiras da casa, e muitas são desperdiçadas. As sacolinhas plásticas, inventa-das no século XIX, chegaram ao

Brasil na década de 80, mas só agora as

pessoas começam

a perceber que o excesso delas causa danos ao Meio Ambiente. Num grande supermer-cado da cidade, por exemplo, são consumidas cerca de 15 mil saco-linhas por dia. Mas de que essas sacolas são feitas, e por que elas são prejudiciais à natureza? Para começar, o material utilizado na confecção das sacolas é o petró-leo, substância não renovável e que já falta no planeta. E ainda, a decomposição dos saquinhos é

lenta. Um

parente seu, daqui a 300 anos, vai se deparar com a sacola que você usou hoje.

No Brasil, são jogadas no lixo cerca de 100 bilhões de sacolas plásticas por ano. Isso corresponde a 9,7% de todo o lixo produzido no país. Para tentar diminuir esse número e colabo-rar com a preservação ambiental, vários supermercados da cidade começam a fazer sua parte. Em um deles, as sacolas serão substi-tuídas em breve por outras feitas com material biodegradável e que demora menos para se decompor.

A Chefe do Departa-mento de Meio Ambiente de Vi-

çosa, Edivânia Rosa, dá algumas dicas simples para evitar o uso dos saquinhos. Ela sugere que cada um leve sua própria sacola quando for fazer compras, ou en-tão pedir caixas de papelão para transportar os produtos. “É pos-sível continuar tendo conforto e minimizar ao máximo a agressão ao Meio Ambiente. É só cada um fazer a sua parte”, explica. As sacolinhas plásti-cas são, realmente, muito práti-cas. Mas é preciso ter consciên-cia dos danos que elas causam e da importância em se cuidar do Meio Ambiente. Do contrá-rio, aquele parente seu, de daqui a 300 anos, vai ter problemas.

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(( meio ambiente))

DÉBORA ANTUNES

Entre o mar e o sertão

Fortes tempestades ou a terra seca, rachada pelo sol. Os dois fenôme-nos parecem até opostos, no en-tanto, ambos podem ser efeitos de uma mesma causa: o aquecimento global. Ao contrário dos filmes de ficção que profetizam o fim do mundo, o aumento da temperatura da Terra é algo real e suas conse-qüências chegam a ser tão drásti-cas quanto nos filmes.

O aquecimento global tem a sua origem nas atividades huma-nas que liberam gases poluentes na atmosfera terrestre. Estas emis-sões acabam por reforçar o efeito estufa (que por si só é natural) fazendo com que ele se torne no-civo já que os poluentes prendem o calor na Terra, aumentando sua temperatura. Como efeitos desse au-mento temos o derretimento das geleiras e a conseqüente elevação

dos oceanos. Assim, de um lado, cidades inteiras poderão ser alaga-das e, por outro lado, algumas re-giões sofrerão com a escassez de água, impossibilitando a produção de alimentos. Além das mudanças climá-ticas, o aquecimento global ainda pode fazer com que doenças já controladas voltem a surgir, é o que alerta o pesquisador Luís Cláudio Costa. Porém, ele também afirma que o processo é reversível, basta

uma mudança da postura humana diante dos problemas ecológicos. Agora que você sabe dos efeitos do aquecimento global pode contribuir para a sua redução tomando algumas medidas muito simples: economize energia elétri-ca, evite a utilização de produtos feitos a partir do petróleo, como as sacolas plásticas, recicle o seu lixo e, principalmente, ajude na conscientização das pessoas para este problema.

SAVANA BRITO

Rede de esgoto não é lata de lixo

Onde você jogou o papel da bala que consumiu hoje? Era tão pe-queno que não ia fazer diferença se você o jogasse em qualquer lugar não é? ERRADO! É exa-tamente esse tipo de atitude que provoca grandes problemas nas redes de esgotos municipais. Es-sas redes são projetadas para rece-ber apenas o volume dos esgotos e conduzir somente substâncias líquidas. O papel da sua bala, so-mado ao de tantas outras pessoas que pensam da mesma maneira, é o grande inimigo da sua cidade e pode estar provocando enormes transtornos como alagamentos e mau cheiro. O lixo e a água da chuva são os maiores inimigos de es-gotos. Cada vez que se deposita algum tipo de material sólido nos

esgotos acaba-se por compro-meter o bom funcionamento das redes. Os materiais sólidos ento-pem a rede, jogando os dejetos na superfície e trazendo riscos de doenças. O chefe do Serviço de Água e Esgoto do município de Viçosa (SAAE), Engenheiro Sân-zio Borges, alerta que o uso cor-reto da rede depende realmente de que as pessoas não depositem nenhum tipo de lixo sólido nos encanamentos domésticos, vias públicas e bueiros. Viu como é fácil usar cor-retamente a rede de esgotos? Seu bom funcionamento está relacio-nado, em grande parte, ao uso correto. Portanto, não jogue lixo sólido no esgoto, para isso exis-tem latas de lixo. Lembre-se: no esgoto, só líquidos!

Ilustração: Tim G

ouveia

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Os riscos da alimentação artificialVAGNER RIBEIRO

Antiumectante, acidulante, fla-vorizante, antioxidante, edul-corante, estabilizante. Você faz idéia do que sejam esses termos? Saiba que toda vez que você chupa uma bala, masca chiclete ou toma um refrigerante, acaba ingerindo grande parte desses produtos de nomes esquisitos. Essas substâncias são os aditivos sintéticos. Elas são produzidas em laboratórios pe-las indústrias de alimentos. Sua função é a de alterar odor, sabor, coloração entre outras caracte-rísticas, sem que isso altere seu valor nutritivo; além de serem fundamentais para o armazena-mento de determinados produtos. Alguns aditivos são tão comuns em nossa alimentação que nem mesmo se percebe o ris-co que se corre ao consumi-los em excesso. É o caso dos adoçantes artificiais e açúcares que podem

provocar, entre outros proble-mas, a diabetes, a obesidade e algumas mudanças bruscas de comportamento. “Estudos apon-tam para a possibilidade de que o uso regular de certos aditivos, poderia contribuir, a longo pra-zo, para o surgimento ou agra-vamento de hipertensão arterial, alergias, problemas cardíacos, hiperatividade em crianças e até mesmo câncer”, explica a nutri-cionista Carla Regina da Silva. O gosto e a aparência, na maioria das vezes, são ten-tadores, mas nesse caso vale a velha máxima que diz que “é a dose que faz o veneno”. Então, dê preferência aos alimentos in natura e se não resistir às gulo-seimas, aprecie com moderação.

Se hoje você guarda seus arqui-vos de computador em um apa-relho que cabe na palma de sua mão e ainda ouve suas músicas preferidas, saiba que isso era impossível há 30 anos. Naquela época, não havia nem compu-tador. Seu pai escutava músicas em um walkman, que era um to-cador portátil de fitas cassetes. Se você não sabe o que é uma fita cassete, vamos te ex-plicar o que é isso. É um tipo de gravação de áudio lançado em 1963. Ela armazenava sons em um rolo de fita magnética e todo seu mecanismo de movimento se encontrava numa caixa plásti-ca de 10 cm X 7 cm, facilitando o manuseio e a utilização. Esse sistema permitia escutar qualquer parte de uma determinada músi-ca, sem ter de rebobinar a fita por completo. Porém, não eram mui-to confiáveis: a superfície da fita

era fácil de arranhar ou danificar, e a cobertura magnética desbo-tava quando o cassete era usado. A primeira versão dos atuais MP3 players surgiu em 1997 e sua capacidade de arma-zenamento de dados era o equiva-lente a dois CDs. De acordo com o comerciante Venceslau Barbosa, esses aparelhos são os mais ven-didos em sua loja. “As pessoas compram os players porque eles são muito fáceis de carregar e usar. Na nova geração, os MP5 têm tela para assistir vídeos e já tiram fotos”, explica Venceslau. Os principais usuá-rios dessa tecnologia são os jo-vens. “Todos os meus arquivos de escola eu coloco neles. Por-que se meu computador falhar, eu tenho cópia de tudo. E como eu viajo muito, gosto de escu-tar várias músicas para passar o tempo”, comenta Mariana de Santis, estudante do 3º ano do

ensino médio do Colégio Carmo. O antigo walkman já saiu de linha há muito tempo. O que ficou foram as idéias de li-berdade e versatilidade, muito

bem incorporadas pelos moder-nos aparelhos de MP3 players. Venceslau afirma que “isso é uma coisa que nunca vai parar de evoluir”. O walkman que o diga.

A evolução que anda no seu bolsoJOSÉLLIO CARVALHO

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(( ciência e tecnologia ))M

ontagem: Vagner R

ibeiro

Os mais novos aparelhos de MP3 chegam até 4 gigabytes, os MP4 já passam de 60 Gb

Joséllio Carvalho

Consulte a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Taco) no site do Ministério da Saúde:

www.saude.gov.br

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A Genética é um ramo da Biologia que nos últimos anos ganhou es-paço nas pesquisas e estudos por todo o mundo, devido às inúme-ras descobertas proporcionadas por ela. O Projeto “Genoma Hu-mano”, que possibilitou o mape-amento de todos os genes do ser humano, e o Projeto “Proteoma”, responsável pela identificação de todas as proteínas existentes em nosso organismo, são exemplos de evolução da Engenharia Genética. Apesar de parecer algo muito complexo, a Genética também está ligada a outros as-suntos muito mais próximos de nós. É através dela que pode-mos descobrir as origens e as explicações para as nossas ca-racterísticas físicas e mentais. A professora de Ciências da Escola Estadual Effie Rolfs, Lindayane Cardoso, explica que muitas das características do ser humano são hereditárias, ou seja, vindas dos pais. Mas não se pode generalizar, pois todos

p o s -s u e m

as suas p a r t i c u -laridades. “Todos nós

h e r d a m o s muitas coi-

sas de nossos pais e familia-

res, como cor dos olhos, pele e cabe-

los, estatura, peso,

além de pré-disposição para doenças como câncer, diabetes e colesterol alto. Mas, além disso, existem as características que são produto da interação entre genótipo, que é a herança genética, e o fenótipo, que sofre influência do meio. É isso que proporciona as particula-ridades do ser humano”, afirmou Lindayane. A professora ainda re-latou que através dos estudos ge-néticos é possível descobrir a ár-

vore genealógica de uma família, além de possibilitar mui-

tos avanços em testes de DNA, inseminação ar-tificial e clona-gem humana. Todos esses

atrativos fizeram com que Gabriel Medeiros, estudan-te do ensino médio no Colégio Equipe, se interessasse pelo

tema: “O ramo da Genética me desperta muita curiosidade por conseguir esclarecer muitas coisas que grande parte das pessoas gosta-ria de saber, como a herança gené-tica vinda de nossos pais, além de contribuir em muitas outras áreas”. No Brasil, o campo da Genética já atinge bons níveis em termos de avanços e descobertas, e há muito ainda a ser explorado. Com certeza vale a pena, caro lei-tor, ler e se interar sobre esse tema.

Nintendo revoluciona tratamentos médicosPABLO PEREIRA

Provavelmente sua mãe já cha-mou sua atenção porque você fica o dia todo jogando videogame sem praticar nenhuma ativida-de física. Pois essa idéia de se-dentarismo ligado aos games está com os dias contados e o culpado disso tem nome e sobrenome: Nintendo Wii. O mais novo produto da Nintendo combina a diver-são dos jogos com a prática de exercícios e vem revolucio-nando o ramo dos games pela sua interatividade. Com controles sem fio, o jogo faz com que o usu-ário se movimente durante os jogos e reproduz na tela todas as ações do jogador. Para Valdir Neto, proprietá-rio do Nintendo Wii, trata-se de um jogo extremamente real, pois além de captar os seus movimentos, ele conta com um sistema de vibração e alto-falantes que tornam

tudo mais verdadeiro. “A gente se sente tão preso ao jogo que age como se estivesse lá dentro. Pa-rece que tudo está ocorrendo na sala da sua casa”, afirma Valdir. Em alguns países, já existem alguns experimentos que utilizam o Nintendo Wii para fins

terapêuticos em pacientes com derrames e lesões cerebrais, com a função de estimular a fisiotera-pia dos pacientes. De acordo com os mé-dicos, os processos de tratamento dessas doenças são muito descon-fortáveis e dolorosos, o que mui-

tas vezes dificulta a reabilitação. “O conceito social sempre foi a de um garoto em um quarto es-curo jogando sozinho por horas. Agora, ao invés de aper-tar botões de forma viciada e re-petitiva, pessoas de todas as ida-des são convidadas a se levantar

do sofá e jogar de uma ma-neira mais fácil e intuitiva”, explica o fisioterapeuta Da-niel Feisar. Ele alerta apenas para o tempo de jogo, que pode causar algumas dores e inflamações se realiza-do de maneira exagerada. Um estudo feito por pesquisadores na Inglaterra comprovou que o uso regu-lar do Nintendo Wii pode queimar até 1.830 calorias por semana (o equivalente a quase 4 Big Mac’s). Che-gou a oportunidade que você esperava de provar para sua mãe que jogar videogame também pode ser algo bem saudável e produtivo. E aí, vai perder essa chance?

O que só a genética explicaDIEGO ALVES

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(( ciência e tecnologia))

Pablo Pereira

O Wii Sports exige muita movimentação dos membros, são várias modalidades, como a luta de boxe

Ilustração: Tim G

ouveia

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Jairo Bouer é um psiquiatra muito referenciado no Brasil quando o assunto é sexo, saúde e comporta-mento. Já passou pela TV Cultura e MTV Brasil. Atualmente tem quadros esporádicos no Fantásti-co, no Canal Futura, e em diversas rádios brasileiras. Jairo escreve há 12 anos para a Folha de S.Paulo. Seus livros mais famosos são: Ál-cool, Cigarro e Drogas, Sexo & Cia e O Guia dos Curiosos em parceria com o Jornalista Marcelo Duarte. Leia a seguir, trechos da entrevista concedida por Bauer ao OutrOlhar:

OutrOlhar: Você sente algum retrocesso no comportamento dos jovens com a “liberação se-xual”?Bouer: O de confundir autonomia com irresponsabilidade. Auto-nomia é se cuidar e não falta de

limite e responsabilidade. Sinto nos jovens uma ansiedade de ex-perimentar demais. Como podem tudo, é comum irem para uma festa e ficarem com dez pessoas. Isso é muito over (ultrapassado). Estão valorizando a questão da experiência pela ansiedade, pelo físico e se esquecendo de olhar para eles mesmos e saber se vale à pena: será que eu quero? Será que eu gosto?

OutrOlhar: Nesses dez anos de experiência, o que evoluiu no adolescente?Bouer: Eles são uma geração mais informada. Não tem aquele tabu de que a menina não podia lavar a cabeça porque estava menstrua-da, não podia se masturbar porque ia crescer espinha e pêlo na mão. Embora um ou outro adolescente ainda tenha essa dúvida...

OutrOlhar: Qual o maior risco

da precocidade sexual?Bouer: Não ter maturidade. Às vezes, você tem acesso à infor-mação, mas não consegue utili-zá-la porque é muito novo ou não sabe lidar com ela. É a garota de 15 anos que fica sem graça de fa-lar para o cara de 18 que ela quer que ele use camisinha. Isso ocorre muito por falta de maturidade, insegurança e uma questão de auto-es-tima. Essas coisas todas dificultam a pessoa de bater o pé e conseguir fazer o que ela que deveria fazer.

OutrOlhar: Quais são os prin-cipais “segredos” para que um jovem tenha uma boa educação sexual?Bouer: Os “pulos de gato” para trabalhar com eles são dois: au-

tonomia com responsabilidade e redução de danos, que também dá para ser usado em sexualidade. Fez bobagem? Acontece! Boba-gem todo mundo faz, de vez em quando rola mesmo. O importante é não continuar a fazer bobagem.

Está tudo beleza? Então vamos co-meçar a se cuidar.

OutrOlhar: Que dica você daria aos pais que que-rem dar uma boa educação sexual para os filhos?Bouer: A dica para

os pais é estarem abertos para a discussão, entender que a sexua-lidade dos filhos não começa na adolescência. Começa muito atrás. Se os filhos percebem desde cedo que os pais estão abertos, quando chegarem à adolescência, os pais vão conseguir falar melhor.

(( entrevista ))

Informação sexual e retrocessoGISELE NISHIYAMA

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Reprodução

Não é fácil compreender, aceitar, viver ou discursar sobre ser ho-mossexual. Mas, não porque seja delicado, deixa de ser normal. As-sim, com o tom sereno de quem procura entender sinceramente to-das as vertentes da questão, M.T., de 20 anos, definiu a homossexu-alidade como “uma construção natural, como simplesmente ser”. Ele nos conta que, as-sumidamente homossexual des-de os 14 anos, o início de sua compreensão em relação à sua orientação sexual aconteceu da seguinte forma: “Existia a atra-ção, e foi em uma época que eu me relacionava com um círculo de pessoas que questionavam es-ses tabus, que se permitiam, e eu me senti à vontade, protegido para ver se esta era realmente a minha orientação. Convivendo com es-sas pessoas eu pude parar e per-guntar a mim mesmo: se eu sinto atração, por que eu não posso?”.

Segundo M.T, uma di-ficuldade grande para os homos-sexuais é se assumir, mesmo que não tenha sido nenhum bicho-de-sete-cabeças para ele. “Eu acho que assumir é algo muito mais interior do que como você vai ex-plicitar isso para as pes-soas. A partir do mo-mento que eu assumo pra mim que eu sou, a forma como as pessoas vão ficar sabendo dis-so não é relevante. Por exemplo, algumas pes-soas da minha família sabem explicitamente e outras não, mas eu também nunca escon-di. Elas simplesmente nunca me pergunta-ram, então eu nunca falei. Eu não mudo meu comportamento por elas, continuo me comportando como com qual-quer outra pessoa”, explica ele. É interessante perceber

também que, apesar de todos es-ses conflitos, M.T. não acredita que não ser heterossexual seja causa de infelicidade. “As pessoas sofrem opressões por vários ou-tros motivos, se eu fosse mulher também seria oprimido de uma

outra maneira. Colocar a felici-dade como algo que possa estar atrelada à minha orientação sexu-al é algo que não existe. Não acho

que seria mais feliz só por não ser homossexual. Uma coisa não tem a ver com a outra”, afirma. “Apesar de soar utópico, não acredito que a desconstrução dessa opressão seja impossível. Mas eu acho que, primeiramen-

te, as pessoas preci-sam ter acesso a essa discussão e ao debate que se tem a respeito da homossexualidade. Existe um projeto em Juiz de Fora que visa instruir professores para lidar com alunos adolescentes homos-sexuais. No ensino, o professor tem que ser preparado para li-dar com isso, porque ele não pode ignorar o preconceito e nem

fomentá-lo. Antes de qualquer embate contra o preconceito, é preciso preparar a sociedade para desconstruí-lo”, finaliza.

Simples assimTALITA AQUINO

Talita Aquino

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O Conto de Dona Chiquinha

LÚCIO ÉRICO

Em um dia de uma semana qualquer, mas com um lindo sol, me perguntava: “Isso não poderia ser o começo de uma das histórias de Dona Chi-quinha?”. Uma célebre con-tadora de história de Viçosa, homenageada pela UNESCO, entrevistada pelo Jô Soares. Dona Chiquinha em seus mais de 65 anos, diz que encontrou nas histórias a alegria de sua vida. Em um bate-papo a nossa contadora falou um pouco mais sobre seus causos, reflexões e opi-niões sobre como a leitura é importante na vida de todos.

OutrOlhar: Por quê a Senho-ra começou a contar histó-rias?Dona Chiquinha: Eu tinha uma salão de massagem que quando fechou cheguei ao fundo do poço. Até que por sorte em 1994, fiz um curso da Biblioteca Nacional para con-tar histórias. Minha vida mu-dou fez um giro de 180 graus. A história me deu uma nova vida, cheia de alegria.

OutrOlhar: Você cria as suas histórias?Dona Chiquinha: Não, o que eu conto são histórias que eu leio de autores de livros. Eu não conto nenhuma história

Já parou para pensar como funciona a sua escola? Ou melhor, já se perguntou por que você é avaliado? Muitos alunos não gos-tam de provas, trabalhos, notas vermelhas e muito menos ter que repetir o ano.

A pedagoga Roseli de Castro é formada pela Universi-dade Federal de Viçosa e trabalha na Secretaria Municipal de Edu-cação. Ela nos contou um pouco mais sobre como funcionam as nossas escolas. E mais, como a exigência de um bom rendimento do aluno pode ser essencial para uma melhor qualidade de ensino.

OutrOlhar: O que é o Sistema de Ciclos de Aprendizagem e o que ele modifica no processo da educação?Roseli: O Sistema de Ciclos de Aprendizagem, previsto pela LD-BEN, propõe a partir da 1ª até a

4ª série uma nova metodologia de avaliação, que se baseia em diag-nósticos dos alunos feitos pelos professores. No caso, o professor avalia se o aluno alcançou o ob-jetivo da série a partir de concei-tos A, B, C ou D. Por mais que o aluno não tenha alcançado o objetivo, ele é aprovado automa-ticamente. Somente a partir da 5ª série existe o que chamamos de “dependência”, que é uma chan-ce de o aluno repetir uma matéria da série anterior, o qual ele não alcançou o objetivo estabelecido pela disciplina.

OutrOlhar: Como procedeu a adoção dessas mudanças educa-cionais aqui em Voçosa?Roseli: Em Viçosa houve resis-tência na adoção desse sistema, optamos por não aceitar, mas em outros municípios de Minas e na rede Estadual a adoção aconteceu de “cima para baixo”, pois houve

uma preocupação em eliminar a reprovação escolar, mas não hou-ve uma estrutura mínima de ensi-no viável para a aplicação desse novo sis-tema sem prejudicar o aprendi-zado. Por isso, hou-ve várias críticas por parte dos professo-res e diretores, que contestaram a visão da aprovação automática dos alunos.

OutrOlhar: Quais são as princi-pais dificuldades de adaptação encontradas pelo aluno quando há a modificação no sistema de avaliação e passa a se cobrar o seu rendimento?Roseli: O acúmulo de dúvidas e defasagens no aprendizado acaba

se transformando numa “bola de neve”, tendendo a piorar a cada avanço de conteúdo da turma que o aluno com problemas de

dependência não consegue acompanhar. Isso gera uma série de pro-blemas tanto psicológicos, por exemplo, a rebeldia, o complexo de

inferioridade etc., quanto fami-liares. A partir da 5ª série vários professores ministram as aulas, modificando a relação de inter-disciplinaridade e a atenção que existia até então com apenas um professor para todas as matérias. A relação aluno-professor acaba se tornando mais complicada e distante, o que implica num maior desinteresse dos alunos numa re-cuperação do aprendizado.

A importância das avaliações no ensino brasileiroBÁRBARA GEGENHEIMER

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(( entrevista ))

Roseli: Acúmulo de dúvidas vira uma bola de neve

que eu ouvi, porque não é in-teressante contar algo que al-guém já falou. Eu procuro algo que nunca foi narrado, por isso eu leio, para trazer algo novo aos ouvidos. O negócio é cha-mar a atenção e incentivar o jovem que me ouviu a ir à bi-blioteca e procurar novas his-tórias lá.

OutrOlhar: Por quê as pes-soas gostam das suas histó-rias?Dona Chiquinha: Eu acho que transmito alegria e ilusão, dei-xando uma ótima recordação para vida. Acho que é por isso que as pessoas gostam quando eu conto histórias.

OutrOlhar: A senhora já pen-sou em escrever um livro?Dona Chiquinha: Vontade eu tenho, mas o que me falta é

tempo, mal consigo me sentar (risos).

OutrOlhar: Qual mensagem que você tem aos nossos jo-vens leitores?Dona Chiquinha: Não há outro caminho se não for a leitura. Teve um dia que ouvi um ami-go falar que é mais importante ler do que estudar. Eu assustei, mas depois ele me explicou que quem não lê não estuda. Hoje eu concordo com ele. Quem não estuda não tem mais espaço no mercado de trabalho, não tem cultura, e não sabe o que conversar. O jovem que lê ocupa mais o tempo, consegue escolher me-lhor entre o certo e o errado. A leitura é uma ferramenta que traz para a sociedade sabedo-ria, paz e consciência do nosso país.

Bárbara G

egenheimer

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A estudante do COLU-NI Samara Andrade não consegue correr 100 me-tros sem ficar ofegante e sentir dor nos músculos. A razão dessa dificuldade se encontra na falta do hábito de pra-ticar exercícios físicos. Se, assim como Samara, você também não possui o costume de se exerci-tar, é melhor ficar atento para possíveis prejuízos que isso pode causar.Samara pratica educação física uma vez por semana, mas que fique bem claro que faz isso porque é obrigada. Da mesma forma que ela, muitos outros adolescentes não gostam e evitam ao máximo esses exercícios. A professora da disciplina na escola Effie Rolfs, Marli Júlio, explica que geral-mente são as meninas que mais escapam, usando como descul-pas o medo de quebrar as unhas

ou de ficar sujas e suadas. Atual-mente, Marli não só coordena as atividades do corpo, mas também da mente. Em aulas teóricas, ela debate com os alunos a importân-cia das atividades corporais e seus benefícios. “Mas essa conscienti-zação não é imediata, alguns alu-nos até entendem a importância de praticar exercícios, mas não estão dispostos a praticá-los”, admite.

P a r a os alunos preguiçosos de Marli e de tantos outros pro-f e s s o r e s , o médico Júlio Cota a d v e r t e : sedentaris-mo faz mal à saúde. Exercícios freqüentes têm o poder de melhorar a atividade

circulatória, levando mais oxigê-nio ao coração, cérebro e múscu-los. Além disso, previnem o apa-recimento de hipertensão arterial, diabetes e osteoporose e comba-tem a obesidade e a asma. “Os jovens de hoje ficam muito tempo sentados em frente à televisão e ao computador. É preciso gastar calorias”, lembra ele. Então, se você ainda está sentado, mexa-se!

(( esporte ))

Movimentos harmônicos que encantamPAULA CHAVES

As Olimpíadas de Pequim estão chegando e é um bom momento para se informar sobre aqueles esportes que muitas vezes só ve-mos pela TV. Um desses espor-tes, de pouca projeção no país, é a Ginástica Rítmica. O esporte envolve arte e ritmo e é praticado somente por mulheres. Tem como base um conjunto de movimen-tos corporais, executados com expressividade. Alguns deles são obrigatórios, como por exemplo, saltar, equilibrar e girar. Também podem ser utilizados objetos nas apresentações, como bola, arco e corda. Para praticar a Ginás-tica Rítmica é necessário que a esportista tenha flexibilidade, equilíbrio, coordenação, agilida-de, ritmo e resistência muscular. Em uma competição as ginastas podem concorrer individualmente ou em conjunto. Os exercícios são feitos em um espaço de tamanho predeterminado para que possam

ser vistos, ap rec i ados e avaliados. Essa avaliação é feita por ár-bitros licencia-dos de acordo com o Código de Pontuação. A Gi-nástica Rítmica exige muita dedica-ção das atletas, mas todo esse esforço compensa, pois pro-porciona ao público um espetáculo com muita graciosidade e harmonia en-tre movimento e música. A aluna de Educação Física da UFV, Gize-le Arruda, faz parte de um grupo de Ginástica Rítmica formado por ela e mais duas amigas, que jun-tas montam coreografias e fazem as apresentações artísticas. Ela se maravilhou com o esporte desde o início: “O primeiro contato com

algo desco-nhecido foi mágico, achá-vamos lin-do”, afirma.Para as me-ninas que se

interessam pelo esporte, saibam que ele pode ser praticado gratui-tamente aqui em Viçosa. O proje-to social, “Bom de nota, bom de bola”, em parce-ria com a Prefei-

tura, inclui a modalidade Ginás-tica Rítmica. As aulas acontecem na Praça de Esporte Municipal, nas segundas, terças e quartas-feiras, pela manhã e pela tarde. Podem participar as alunas de es-cola pública que tiverem entre 10 e 17 anos. As inscrições devem ser feitas pelos pais ou pelo res-ponsável na Secretaria de Cultura.

Corpo sentado, circulação paradaZANA FERREIRA

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Ladrão de um lado, polícia de outro e uma cadeia no meio. O que você acabou de ler não é uma notícia policial, mas sim uma brincadeira infantil chamada polícia e ladrão. Pique-esconde, queimada, amarelinha e rouba-bandeira são outros exemplos desse tipo de diversão. Na era do vídeo-game, do computador e da violência, esses jogos estão perdendo es-paço para a segurança do lar. Além de divertir, as brin-cadeiras de rua ajudam no apren-dizado das crianças. Estes jogos representam um fenômeno da cultura brasileira indispensá-vel para que a criança conheça e reconheça a realidade em que vive com suas relações sociais, sua simbologia e seus valores.

Na era do vídeo-game, do computador e da

violência, os jogos de rua estão perdendo

espaço para a segurança do lar

Vale lembrar que é impor-tante não confundir esporte com brincadeira de rua, pois cada um tem seu valor e nenhum é melhor do que o outro. No entanto, é muito mais fácil para uma crian-ça ativa que participa de jogos de rua se interessar por esportes no futuro. É o caso da estudante do 2º ano do Colégio Anglo, Da-nielle Ramos, que quando crian-ça brincava na rua e isso a fez se interessar por esportes. Agora ela participa do time de basquete em campeonatos interescolares. Jogar vídeo game ou brincar no computador tam-bém é muito divertido, mas tudo tem sua hora e seu lugar. O melhor é conciliar os jogos eletrônicos com as brincadeiras de rua, sem deixar que a tecno-logia acabe com as tradições.

Brincando com os pés

na ruaFERNANDA MENDES

Ilustração: Tim G

ouveiaZana Ferreira

Pessoas sedentárias perdem sua saúde e oportunidades de se divertirem

Page 15: Jornal OutrOlhar | Edição 15 | Maio de 2008

Apito final: o dono do jogoSAMIRA CALAIS

Quem nunca xingou o juiz en-quanto assistia ao final do campe-onato em que seu time lutava pelo título? Mas por trás da paixão do torcedor pelo clube do coração, há um profissional sério e preparado, que tem como função mediar um jogo de futebol. O árbitro é popularmente conhecido como juiz justamen-te por “comandar” o jogo e ele, assim como um juiz de tribunal, tem que tomar decisões sobre de-terminadas situações. Só há uma diferença: essa decisão deve ser tomada em apenas alguns segun-dos. O professor Próspero Paoli, especialista em futebol e arbitra-gem, conta que a boa partida do juiz acontece quando ele não apa-rece: “Diferente dos jogadores, o árbitro é bom quando não tenta ser o foco, se destacar mais que os atletas”. Muitas vezes esses pro-

fissionais passam por situações inusitadas. O formador e prepara-dor de árbitros da Associação de Árbitros de Viçosa, Flávio Rober-to, afirma que situações sérias e polêmicas sempre acontecem nos jogos em que ele apita no municí-pio e região. Certa vez, Flávio dei-xou de aplicar cartão vermelho em um jogador porque sabia que cor-ria o risco de ser agredido, pois o jogo acontecia em um lugar muito violento. “Eu tomei uma decisão a favor da minha segurança. Tenho que aceitar as críticas que vieram devido essa escolha”. Em compensação, sem-pre ocorrem fatos engraçados durante as partidas: “Um jogador veio me falar: olha o tempo seu juiz! Então eu olhei para o céu, olhei para ele e respondi: é, parece que vai chover, né?”. O importante para exer-cer a ocupação de juiz de futebol é saber se impor dentro do jogo,

fazendo com que os atletas res-peitem sua posição. Arbitrar não é

só ter conhecimento de regra, mas também habilidade e atitude.

Que jovem atleta não sonha em ir para as Olimpíadas, como o nadador Kaio Márcio e a judoca Edinanci Silva? Mas o que eles não sabem é que esses vencedo-res começaram nas disputas escolares, como os inter-classes. Todo ano, os alunos de alguns colégios esperam ansiosos por essas competi-ções, já que é nesse momen-to que eles podem mostrar o seu potencial para a prática de um esporte.

O colégio ESE-DRAT realiza todo ano o interclasse. Os professores dão toda assistência para a realização dos torneios, mas a iniciativa é mesmo dos alunos. Eles próprios se organizam e compram seus uniformes, além de con-tribuírem com a escola na compra das medalhas para

as premiações. A professora do colégio,

Rita Maria Lopes Moreira, vê es-sas competições como uma ma-neira dos alunos se inspirarem a praticar esportes. Ela sempre toma

cuidado para que eles sejam esti-mulados: “Sempre existe a figura do ídolo, aquele que se destaca mais. E é preciso tomar cuidado para que isso não desanime os outros alunos”, ressalta a profes-

sora. Outra escola que tem tor-

neio interclasse é o COLUNI. A competição recebe o nome de TICO. Os alunos podem participar de mais de uma modalidade e são

nos treinos que os titulares são escolhidos. A diferença desse torneio é que as dis-putas são apenas entre as séries, o que só aumenta a competitividade: “As ri-validades entre as séries é que nos estimulam!”, diz o aluno Vinício Perusso, do 2° ano.

Se na sua escola tem torneio interclasse, procure sempre participar. Se não tem, fale com seu professor de Educação Física e, jun-to com ele, organize um. Exercitar-se é saudável e pode lhe trazer muitas con-quistas. Mas atenção! Briga não combina com esporte!

Disputas nas escolas levam à prática do esporteCAROLINA REIS

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(( esporte ))Sam

ira Calais

Carolina R

eis

Alunos treinam para garantir um bom desempenho nos jogos interclasses, que acontecem anualmente

O árbitro deve se impor em campo: ser juiz requer muita preparação e disciplina

Page 16: Jornal OutrOlhar | Edição 15 | Maio de 2008

“Contagem regressiva: 5,4,3,2,1! Bora, já bateu o sinal!” É quase um grito de guerra nas salas de aulas, pois ali começa o esperado horário do intervalo, ou recreio. Tanto faz o nome, pois o que inte-ressa mesmo é o que fazer nesses 20 minutos. Marcelo Gomes, aluno do 1º ano do Ensi-no Médio da E. E. Effie Rolfs, aproveita o tempo livre para jogar vôlei com os amigos na quadra do colégio. Outro lugar mo-vimentado durante o re-creio nessa escola é a bi-blioteca. Ali, dezenas de alunos lêem revistas em quadrinhos, folheiam li-vros variados, colocam o

assunto em dia, é o que diz Adil-son Silva, bibliotecário e profes-sor de Português da escola. Já no Coluni, os alunos aproveitam o horário do recreio de um jeito diferente, mas é cla-ro, “sem abrir mão da diversão”,

como eles mesmos fazem questão de dizer. No colégio os alunos podem entrar e sair na hora que quiserem. Mais da metade dos estudantes sai da escola durante o intervalo. “Lanchar, sair com os amigos, ficar andando pela UFV,

descontrair” é um hábito confirmado pelos alunos Yasmim de Paiva e Tiago Paoli. A h , mas não é todo dia que o Tiago sai do colégio no intervalo não! Tiago já se apresentou duas vezes na

Quinta Cultural. Esse é o nome do projeto desenvolvido no Coluni em que os alunos fazem apresen-tações artísticas e culturais nos intervalos às quintas-feiras, como explica Catarina Greco, orienta-dora educacional da escola. E a galera gosta e parti-cipa do projeto. A arena do pátio do Coluni, onde acontecem as apresentações, fica sempre cheia e os shows são sucesso de públi-co. “Com a Quinta Cultural dei-xamos de ficar andando pela UFV para divertir e prestigiar nossos colegas, quase ninguém sai do co-légio” é o que dizem as alunas do 3º ano, Vanessa Nogueira e Thaís Rocha. Elas lamentam o fato de nas escolas em que estudaram an-teriormente não haver iniciativas semelhantes.

(( entretenimento ))

Aprenda como se virar nos 20MÁRIO VÍTOR FILHO

Alunos se divertem durante o projeto Quinta Cultural

Mário V

ítor Filho

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Tragam a pipoca, a aula vai começarLUCIANA MELO

Ficou para trás o tempo em que era difícil aprender História. Para aqueles que acham que a única forma acessível de aprendizado é a dedicação de várias horas a li-vros didáticos, saibam que estão muito enganados. Uma das mais in-teressantes alternativas está nos filmes que narram o passa-do histórico da humanidade. Fa-tos importantes e que marcaram épocas, agora se eternizam nos modernos DVD’s: Lutero, Joana D’arc, Carlota Joaquina, Olga, Os Inconfidentes, entre outros grandes sucessos, trazem para as nossas telas muito mais do que

lazer, transmitem a história de um modo particular e nem um pouco tediosa.

A abordagem despretensiosa de muitos autores fez

com entretenimento e aprendiza-do se completassem, tornando a

prática de assistir filmes prazero-sa e informativa a o

mesmo tempo. A iniciativa de transfor-mar História em filme valoriza nossa cultura e deixa para a poste-ridade uma herança valiosa, além da certeza de que muitos aconte-

cimentos não se perderão com o tempo. Segundo a professora e pedagoga Ludmylla Bitencourt,

ao usarem esse recurso em salas de aula os educado-res têm percebido que, ao assistirem os filmes, os estudantes compre-endem a história de uma

forma natural, tendo assim um complemento atrativo para os livros didáticos que ainda são in-dispensáveis ao aprendizado. Aos alunos agora sobram alternativas para se sair bem em História, afinal de contas, na era da imagem não é nada mal estudar de forma tão descontraída.

Tim Gouveia

“Não posso, está chovendo”

ELOAH MONTEIRO

Em Viçosa, além de escassas, as opções de lazer geralmente são pagas e voltadas apenas para o pú-blico adulto. Entretanto, existem muitas alternativas desconhecidas

pela maioria dos jovens. Optar pelo lúdico pode representar uma das melhores escapatórias para o ócio que uma chuva indesejada pode causar. Para movimentar um aguaceiro qualquer que possa aparecer e se divertir, o jornal OutrOlhar selecionou uma opção interessante de lazer e entreteni-mento para você.

PORTA-LÁPIS Quando acaba um rolo de papel higiênico na sua casa, ao invés de jogá-lo fora, você pode confeccionar um porta-lápis. Primeiro enfeite o lado externo do rolo de papelão e um dos lados de uma folha de papel da maneira que quiser e com o material que bem entender. Feito isso, basta colar o lado enfeitado

do recorte em uma das aberturas e terá um porta-lápis belíssimo! Um dia ruim para ati-vidades externas pode ser uma oportunidade e tanto para se divertir num espaço familiar e aconchegante. Então, quando cair a próxima chuva, não se desespere! Abuse da criatividade, da imagi-nação e aproveite.