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NOVA ORTOGRAFIA Adotamos a da Língua Portuguesa a c b JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UFV ANO 6 | EDIÇÃO Nº 20 | NOVEMBRO 2009 Erivam de Oliveira Rodrigues Alves Estudantes de escolas públicas de Viçosa viajam fora das exigências da lei Estatuto da Igualdade Racial obriga ensino da cultura negra Transporte escolar em perigo Escolas da cidade afirmam que já estão usando os novos conteúdos ENTREVISTA ESPORTE CIÊNCIA E TECNOLOGIA COMPORTAMENTO Jovens começam a usar bebidas alcoólicas cada vez mais cedo Projetos sociais dão chance de melhoria de vida para viçosenses Saiba as funções do sistema de memorização no aprendizado Enquete revela a preferência de concluintes do ensino médio páginas 8 e 9 página 7 página 5 página 10 página 14 página 16

Jornal OutrOlhar | Edição 20 | Novembro de 2009

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O Jornal-Laboratório OutrOlhar é uma produção de alunos do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. A edição nº 20 foi produzida sob orientação do professor Joaquim Lannes.

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NOVA ORTOGRAFIA

Adotamos a

da Língua Portuguesa

a cb

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UFV

ANO 6 | EDIÇÃO Nº 20 | NOVEMBRO 2009

Erivam d

e Oliveira

Rodrigues A

lves

Estudantes de escolaspúblicas de Viçosa viajam fora das exigências da lei

Estatuto da Igualdade Racial obriga ensino da cultura negra

Transporte escolar em perigo

Escolas da cidade afirmam que já estão usando os novos conteúdos

ENTREVISTA

ESPORTE

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

COMPORTAMENTO

Jovens começam a usar bebidas alcoólicas cada vez mais cedo

Projetos sociais dão chance de melhoria de vida para viçosenses

Saiba as funções do sistema de memorização no aprendizado

Enquete revela a preferência de concluintes do ensino médio

páginas 8 e 9

página 7

página 5

página 10página 14

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Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV), sob responsabilidade da turma de 2008.

Endereço: Vila Giannetti, Casa 39, Campus Universitário - 36570-000 - Viçosa, MGTel: 3899-2878

Reitor: Prof. Luiz Cláudio Costa

Diretor do Centro de Ciências HumanasLetras e ArtesProf. Walmer Faroni

Coordenadora do Curso de Comunicação Social/JornalismoProfª. Soraya Ferreira

EditorProf. Joaquim Sucena LannesRegistro: MT/RJ-13173

Editor de FotografiaErivam de OliveiraRegistro: MT/SP-20193

SubeditoresRodrigo Castro (Cidade), Lucas Guerra (Ciência e Tecnologia), Andriza Andrade (Comportamento), Rodrigues Alves (Cul-tura), Nayara Souza (Entrevista), Sávio Lopes (Esportes), Monizy Amorim (Meio Ambiente) e Daniel Fernandes (Opinião)

RedaçãoAlexandre Garcia, Andriza Andrade, Cami-la Caetano, Camila Campanate, Caroline Lomar, Daniel Fernandes, Diego Mendes, Diogo Rodrigues, Erik Oliveira, Felipe Pi-nheiro, Gustavo Paravizo, Hélio Assa-Fay, Jader Gomes, Jordana Diógenis, Kamilla Bitarães, Kelen Ribeiro, Kívia Oliveira, Li-lian Lima, Lucas Gadbem, Lucas Guerra, Luiz Phillipe Souto, Luiza Sena, Marcela Sia, Maria Clara Corsino, Mayara Barbosa, Monizy Amorim, Murilo Araújo, Murilo da Luz, Nayara Souza, Olívia Miquelino, Paula Machado, Priscila Fernandes, Rayza Fon-tes, Rodrigo Castro, Rodrigues Alves, Sa-mantha Dias, Sávio Lopes, Thiago Alves

Revisão Final: Rodrigues Alves

Diagramação: Diogo Rodrigues

ImpressãoDivisão Gráfica Universitária

Tiragem2000 Exemplares

Os textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso, sendo de intei-ra responsabilidade de seus autores

Estudar ou trabalhar?Hélio Assa-Fay

Estudo ou trabalho. Em um dado momento da vida, defronta-mos com esse dilema. Afinal, qual será a melhor opção?

O trabalho é uma condição necessária para a sobrevivência, já que através dele garantimos o nosso sustento. Mas o estudo também pode ser um fator im-portante para um trabalho me-lhor no futuro. Vários jovens, ao terminar o ensino médio, resol-vem trabalhar e deixar os estudos de lado, muitas vezes não por op-ção própria, mas por necessida-de de sustentar a família. Então, depois de alguns anos, buscam a qualificação acadêmica.

A procura dos trabalhadores por nova formação tem por ob-jetivo conseguir, no futuro, um acréscimo de renda ou um tra-balho extra que possa ajudar na sobrevivência. Acredito que uma das grandes causas dos jovens abandonarem os estudos para trabalhar é a condição de vida em que se encontram, a qual não fa-vorece o incentivo aos estudos.

Com certeza, são duas tarefas difíceis, já que um trabalhador ao longo do dia se sobrecarrega com suas atividades e, ao chegar a noite, o que encontra é a desmoti-vação e a falta de tempo para estu-dar. Assim, muitas vezes é obriga-do a desistir dos estudos. Para um bom desempenho profissional é preciso ter boa formação. Para se estudar, são necessários tempo e dedicação. E, para quem trabalha, é difícil fazer essa conciliação.

Muitos creem que a melhor forma de se conseguir progredir na vida é fazer as duas atividades ao mesmo tempo. Particularmen-te, não concordo com essa opi-nião. Para mim, o estudo precisa de tempo, uma vez que quanto mais o indivíduo estudar, mais facilidade ele terá em entrar no mercado de trabalho. Quem ten-ta conciliar as duas coisas confes-sa que são tarefas difíceis, mas é a única forma que encontram de sustentar a família e dar conti-nuidade a um sonho de uma vida melhor. Na realidade brasileira, conciliar é a melhor saída.

Perspicácia, obstinação, paciência e, sobretudo, vocação e talento são al-gumas das virtudes básicas para ser um bom jornalista. Tudo sem contar com o perfeito domínio do idioma e um conhecimento básico de temas diversos. Contudo, um outro fator a ser observa-do no perfil dos aspirantes a esta apaixonante profissão é o poder de se indignar com as coisas do dia-a-dia. Coisas que, em um primeiro momento, podem parecer corriqueiras e sem a menor importância. Mas que, com um olhar mais apurado, aprofundado e responsável (o olhar jornalístico) passam a ser vistas como distor-ções e irregularidades que

O Jornalismo por futuros jornalistascolocam em risco a própria sociedade e seus membros. Sem a reunião desses fatores, certamente não haveria boas histórias para serem contadas ou para serem levantadas ao conhecimento e à discussão do povo. As pautas e abor-dagens surgiriam insossas, inodoras e incolores e ainda requentadas com a inutilida-de, o que afastaria os nossos leitores de vez.

O jornalismo é hoje, talvez, uma das poucas profissões desfalcadas de uma regula-mentação, devido à incom-petência e à irresponsabili-dade dos legisladores, que apesar de ocuparem postos-chave em nosso país, atuam em causa própria.

Diversos setores ainda en-

caram o jornalismo como uma atividade incômoda e desnecessária aos seus inte-resses próprios e tentam fazer de tudo para minimizar a sua importância e desestruturar os seus membros. Mas o jornalis-mo não é bico e sim vocação que se molda, se lapida e me-lhor se prepara ainda na uni-versidade. Nossos estudantes, antes mesmo de proporem temas para serem apurados e produzidos, são levados a conhecerem a realidade do público-alvo do jornal que produzem: estudantes ado-lescentes do ensino médio da rede pública de Viçosa e ar-redores. Depois, já na produ-ção dos temas que serão pu-blicados, sofrem constantes questionamentos sobre casos

relativos à fidedignidade dos fatos, à ética, à moral e aos bons costumes do que está se enfocando. Tudo em prol não só do bom pro-duto jornalístico, mas tam-bém pela boa formação e ainda pela responsabilida-de dos cargos que irão as-sumir, dentro em breve, no mercado de trabalho e na sociedade.

Esperamos que mais esta edição do OutrOlhar esteja a contento dos nossos leito-res e dos professores que, certamente, irão utilizá-la para a ampliação de co-nhecimento e formação crítica necessária de futu-ros cidadãos.

EDITORIAL

Joaquim Sucena LannesEditor

O que você faz na internet?Caroline Lomar

Orkut, MSN, Twitter, Skype, Facebook. Essas palavras são cada vez mais comuns no cotidiano de quem utiliza a internet. Os sites de relacionamento crescem diariamente e quem compõe a grande maioria dos usuários são os jovens. É algo perfeitamente aceitável – e imporante – que os jovens possuam um domínio ex-tenso das novas tecnologias.

Na sociedade atual, quem não está por dentro das novidades que surgem a cada dia não tem as mes-mas chances de quem procura se atualizar. O que se questiona é a

relação que o jovem mantém com a rede.

A internet é um terreno infini-tamente vasto e que pode facilitar muito a vida de quem sabe utilizá-la. Quando usada com responsa-bilidade, pertinência e modera-ção, é o melhor dos mundos. Mas não é isso que se vê. Um estudo da Universidade de Coimbra, em Portugal, em conjunto com outras grandes instituições europeias, aponta que a maioria dos jovens que possuem acesso à internet em casa gastam entre uma e duas horas por dia navegando na rede, e que esse tempo pode aumentar no fim de semana. E o que eles fa-

zem durante este tempo, segundo o mesmo estudo? Sites de relacio-namento, chats e jogos.

Orkut, MSN e derivados são mesmo viciantes. A tentação de atualizar sua página pessoal a cada minuto para conferir a chegada de novas mensagens é muito mais atraente do que os livros e cader-nos que eventualmente estejam es-perando. Mas sabe-se muito bem que não são a melhor escolha.

A rede está cheia de sites educa-tivos, com os mais variados temas. Tem para aprender línguas, divul-gar invenções, orientar sobre o vestibular, jogos on-line que abor-dam conteúdos estudados em sala

de aula, obras literárias nacionais e internacionais disponíveis na ínte-gra e outras opções inimagináveis para quem se restringe ao mundo dos scraps e mensagens instantâ-neas. Opções não faltam.

Não existe nada de errado em navegar na rede, nem em utilizar os recursos de interação que ela proporciona. A internet aproxi-ma as pessoas, faz com que lugares distantes se tornem próximos, e a função de seus usuários é trans-formá-la numa ferramenta para o sucesso pessoal. Para começar a utilizá-la de maneira correta não é preciso abandonar os velhos hábi-tos. O segredo é o equilíbrio.

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“O fato é que a classe política brasileira está defasada e viciada”

Nas mãos da juventudeThiago Alves

A juventude é o fermento, a le-vedura dos povos. Ela reúne o en-tusiasmo para o estudo e a energia para a ação, que juntas fortalecem o coletivo e elevam o aprendiza-do. Quer sejam universitários, quer sejam secundaristas, mo-radores da cidade ou do campo, cada um faz parte do patrimônio da humanidade.

Mas não basta ser jovem na idade, é preciso que se forme um ideal. E isso só é possível quando unem-se o estudo e o entusiamo de transformar o mundo em um lugar diferente, regido por novas relações, onde não impere a in-justiça, a violência, a miséria e o desespero. Em nossa história são incontáveis os exemplos de jovens estudantes que lutaram por uma causa, muitos sacrificando suas próprias vidas. No Brasil, os uni-versitários estão organizados des-de a década de 30, com a criação da União Nacional dos Estudan-tes (UNE), sendo, durante vá-rios momentos, protagonistas de importantes lutas sociais, como na resistência à ditadura militar (1964-1985), incluindo o movi-mento estudantil da UFV.

Os secundaristas, estudantes que hoje estão entre as séries fi-nais do ensino fundamental e o ensino médio, também tiveram grande atuação em tempos atrás. Desde 1948, com a fundação da UBES, União Brasileira de Es-tudantes Secundaristas, órgão representativo que na década de 60 teve ação significativa em movimentos populares, na alfa-betização de adultos, em proje-tos culturais, nas artes plásticas, cinema e muitos outros. Durante a ditadura, eles foram duramente perseguidos. Sem deixar de lado, no entanto, a luta pela liberdade.

Hoje, inúmeras leis federais garantem ao estudante o direito de se organizar e formar grêmios estudantis. Lugar de revindicar melhorias e espaços únicos de socialização, de tomada de cons-ciência sobre o protagonismo juvenil, além de estimular a cres-cente democratização do espaço escolar. Toda escola deve apoiar e criar as condições para isso.

Ler é importante, mas é preciso cuidadoDaniel Fernandes

Os avanços tecnológicos vivi-dos pela sociedade cada vez mais alteram os hábitos de vida de todo mundo. Muito embora as novida-des estejam aí para qualquer um que se interesse, os jovens são, sem dúvida, os mais afetados pe-los novos “vícios digitais”, como, por exemplo, a internet e o vídeo-game. Se até mesmo a televisão já não tem a mesma atratividade que teve um dia, o que dizer en-tão do hábito da leitura, que cada vez mais é abandonado pelos mais novos?

Num mundo onde tudo é en-tregue já materializado, a imagi-nação fica em segundo plano e a capacidade de se transportar atra-vés das linhas de um livro e se co-locar em uma história, imaginan-do cenários, personagens e uma trama é muito pouco utilizada.

Outro grave problema decor-

rente desse processo de abando-no da leitura é a dificuldade em interpretar textos e utilizar corre-tamente a gramática. Pior do que desestimular a leitura, a internet criou uma linguagem própria,

muito utilizada, e que foge total-mente do uso padrão da escrita. Repleta de abreviações, gírias e palavras inventadas, essa gramá-tica própria dos adolescentes os faz, em alguns casos, retroceder, desaprendendo o conhecimento adquirido na escola.

Grande auxiliar no aprendi-

zado dos conhecimentos linguís-ticos, a leitura auxilia a memori-zação e compreensão das regras gramaticais, ajudando o estudante em formação a conhecer melhor aplicações de acentos, pontua-

ção e como escrever da maneira correta determinada palavra, por exemplo.

Para tentar ressuscitar o prazer por livros, obras como os best-sellers Crepúsculo e Lua Nova, da americana Stephenie Mayer, são uma ótima porta de entrada. Com a escrita mais simples e acessível,

“Nas favelas, no Senado...sujeira pra todo lado”Diogo Rodrigues

Votamos a cada dois anos e a corrupção persiste. Adianta mesmo exercer a cidadania?

Quando Renato Russo com-pôs a música “Que país é este”, em 1987, o mesmo José Sarney que hoje preside o Senado Federal era o presidente do Brasil. Por coinci-dência (ou não), 22 anos depois, favelas e Senado permanecem re-pletos de imundice, e José Sarney continua figurando no cenário político nacional. O fato é que a classe política brasileira está defa-sada e viciada. É necessário reno-var. No entanto, com jovens que, em sua maioria, não confiam nos políticos e pouco se interessam pela política, a nação segue seu caminho, desacreditada.

Para o doutor em ciências so-ciais e professor de Teoria Política na UFV, Jeferson Boechat, uma possível alternativa para diminuir a corrupção seria o remodela-mento da Constituição brasileira. “É preciso reformular a regra do jogo, mas essa é uma questão com-

plicada. Quem vai fazer isso?”, diz. Em nota oficial emitida no dia 5 de outubro, José Sarney mostrou-se disposto. “Acredito que temos à frente um encontro marcado para adaptá-la aos tempos modernos e torná-la uma Constituição sem os defeitos da atual”, comentou o senador, que certamente não é pessoa das mais indicadas para re-alizar tal reforma.

Ao se escolher um candidato, é necessário conhecer seu passado - seus projetos, sua conduta - para assim potencializar o que pode ser realizado no futuro. Cada vez mais acessível à população, a internet é uma bom meio para se poder co-

nhecer sobre políticos e suas res-pectivas propostas. Existem sites, como o Portal da Transparência (www.portaldatransparencia.gov.br), que visam esclarecer ações po-líticas para a sociedade.

O estudante de ensino médio Danilo Soares, de 15 anos, afir-ma que, apesar de não confiar na índole de nenhum político brasi-leiro, pretende votar mesmo antes dos 18 anos, quando o voto ainda não é obrigatório. “Penso que meu voto pode efetivamente influen-ciar na política do meu município e do meu país”, argumenta. Uma possível solução para a escolha de bons candidatos seria a implanta-

ção do voto facultativo no Brasil. Se votassem apenas os que têm interresses claros em seu voto, a chance de evitar maus políticos no poder aumentaria.

Os jovens brasileiros estão de-sunidos e desmotivados para re-alizarem mobilizações de massa contra a corrupção. Jeferson Bo-echat acredita que os movimen-tos estudantis existentes hoje não possuem credibilidade nem mes-mo entre os estudantes, algo que deveria ser fundamental. Já o estu-dante Danilo Soares se posiciona: “acho que os cidadãos não têm que fazer nada contra a corrupção. São os políticos que devem criar caráter e ética, para assim fazerem apenas o papel que demos a eles, sem roubos”, diz. “Mas sei que isso é utopia”, completa.

A letra de Renato Russo não perderá sentido tão cedo. Pelo jei-to, o Brasil vai conviver com mais alguns anos de sujeiras nas favelas, no Senado, nas prefeituras...

voltada para o público adolescen-te, esse tipo de romance prende a atenção e desperta curiosidade, como em um filme, e são capazes de convencer de que livros podem sim ser legais e atrativos. Porém, como trazem histórias básicas, com um enredo simples apesar de interessante, sem maiores apro-fundamentos e reflexões, ater-se apenas a esse tipo de leitura tam-bém é um perigo.

Clássicos da literatura mundial e nacional são obras eternas, que mesmo após muitos anos ainda servem como parâmetro de quali-dade, mantendo-se como referên-cia de leitura para qualquer gera-ção. Personagens como o vampiro Edward, protagonista de Crepús-culo, podem ter papel significativo na formação de um novo leitor, mas não devem jamais se sobrepor a personagens nacionais, como Brás Cubas, Bentinho, Iracema e alguns outros.

“Num mundo onde tudo é entregue materializado, a imaginação semprefica em segundo plano”

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comportamentocomportamento

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Gripe suína muda hábitos do brasileiroAndriza Andrade

Apesar do surto ter sido praticamente superado, normas de higiene continuam a ser adotadas nas escolas

Depois do surto da denomi-nada gripe suína, novos hábitos foram incorporados ao nosso cotidiano. Escolas, igrejas e am-bientes públicos tiveram que se adaptar à nova situação, para evi-tar o alastramento da pandemia e conscientizar a população quanto aos hábitos de higiene.

Segundo a coordenadora do Colégio Equipe, Silvia Rubim, a escola se preparou durante as fé-

Sexualidade ainda é tabu para os adolescentesMayara Barbosa

É como dizem, o sexo está na ponta da língua dos adolescen-tes. O assunto está sempre nas rodas de conversas e bate papos entre amigos, sejam meninos ou meninas. Essa é a tão falada fase em que os hormônios entram em ebulição. É na adolescência que se entra em um período de desco-berta do corpo e do sexo.

A dificuldade para falar sobre o assunto aparece apenas dentro de casa. A maioria dos adoles-centes têm vergonha e não veem uma abertura e naturalidade para conversar sobre o assunto com os pais. Eles preferem simplesmente meios mais fácies ou menos em-baraçosos de tirarem suas dúvidas ou apenas comentarem suas expe-riências com os colegas.

Alunos da Escola Estadual Effie Rolfs tentaram explicar para a nossa reportagem essa di-ficuldade de diálogo. Eles disse-

rias para receber os alunos, envian-do cartas contendo informações sobre as medidas preventivas para os pais dos alunos. Os professores também se adaptaram e acres-centaram horários para os alunos lavarem as mãos. Também passa-ram a usar, nos colégios, álcool em gel e copos descartáveis. Sílvia conta que todas as medidas foram muito eficazes e ficou surpresa de como essas medidas foram impor-tantes para os alunos mudarem os hábitos de higiene.

ram que, dentro da escola, nem sempre o assunto é abordado. É aí que entram os amigos. Essa troca de experiências entre os jovens é o meio mais comum, no qual eles comparti-lham e tiram dúvidas sobre sexualidade.

Poucos en-trevistados disseram ter dúvidas e, quando as têm, ale-garam não s a n á - l a s , por acha-rem que as próprias expe-riências ensi-narão. As trocas de informações ou apenas contar para um amigo as experiências vividas já bastam.

A forma de con-

O médico infectologista Alex Pinheiro explica que esses hábitos devem ser estimulados para con-trole da infecção, e previne: “o uso do álcool em gel é tão eficaz quan-to lavar as mãos com água e sabão, porém o álcool é mais prático e, por isso, foi tão usado no combate à gripe suína”. O médico diz que os picos da doença em Viçosa foram consequência de uma despreocu-pação que seus habitantes tiveram com os novos hábitos.

Nos hospitais, os pacientes com suspeita de contaminação pelo ví-rus H1N1 ficam em quartos iso-lados e toda a equipe trabalhava com máscaras e roupa protetora. Segundo a estudante Estela Vale, suspeita de ter sido contaminada pelo vírus, os médicos recomen-daram a separação dos utensílios pessoais e o uso de máscara em ambientes comuns da sua casa. Estela acredita que esses cuidados são necessários para que o com-bate se torne eficiente e evite um novo surto.

Andriza Andrade

CRIANÇAS têm maior cuidado com a higienização das mãos

O que mudouO uso do álcool em gel ainda é feito em sala de aula

A higienização das mãos continua a ser executada antes e depois do intervalo

O bebedouro só pode ser usado com copo descartavél

tar, entre me-ninos e meninas,

é sempre diferente. Garotos aumentam

suas histórias. As garo-tas diminuem. E as dúvidas

persistem. As mais recorrentes são sobre homossexualidade, gra-videz, métodos contraceptivos, questões sobre o desenvolvimen-to dos órgãos genitais e doenças sexualmente transmissíveis. Essas e outras dúvidas podem ser facil-

mente tiradas com os pais ou es-pecialistas em comportamento e sexo.

Segundo o psicólogo Felipe Stephan Lisboa, a procura por ajuda acontece apenas quando os casos se tornam extremos. Ele ex-plica também que as dificuldades para haver conversas estão muito ligadas à ansiedade e afetam prin-cipalmente os garotos, pela pres-são de uma sociedade com valores machistas.

Com dúvida ou sem, os adoles-centes iniciam sua vida sexual cada vez mais cedo. As conversas entre eles, explica o psicólogo, são im-portantes, mas devem ter assistên-cia por parte de adultos responsá-veis. Não para dizer o que se deve ou não se fazer. Mas pra orientar e direcionar, quando necessário. Sempre de forma agradável e sem pressões, para que o diálogo ocor-ra da melhor forma possível e o adolescente tenha uma vida sexual sadia.

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comportamentocomportamento

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Ansiedade observadaCamila Campanate

Quando a ansiedade e o ner-vosismo, incontrolavelmente, sobem à cabeça, não é possível manter o raciocínio e a ação dese-jada em qualquer avaliação. Esse comportamento afeta milhares de pessoas na sociedade. Quanto mais nos deparamos com desafios pessoais e profissionais, a exigên-cia se torna mais intensa.

Essas preocupações e tensões se evidenciam em trabalhos, provas ou em apresentações que exijam demonstração de conhecimento.

Segundo a professora de ciên-cias Consuelo Teixeira, a ansie-dade é sempre gerada quando há uma observação por uma pessoa que avalia, seja ela um professor ou mesmo o público que assiste a uma apresentação. “O olhar do outro gera insegurança”, enfatiza. Ela conta que o aluno enxerga o poder nas mãos do professor, dando a ele o direito de usufruir

Álcool atinge jovens cada vez mais cedo Lilian Lima

Proibido pra menor? Será que a exigência da apresentação da carteira de identidade impede que os adolescentes menores de idade tenham acesso à bebida al-coólica? Não entrando no mérito da fiscalização da lei, o assunto é alcoolismo, e sob um outro olhar, o dos jovens de 14 a 18 anos.

Ao abordar jovens nessa faixa etária, as primeiras preocupações que surgem são em relação aos pais. A reportagem ouviu que “Minha mãe me mata se souber que eu bebo”.

Numa conversa com cerca de 15 jovens, garotos e garotas, a resposta mais ouvida à pergunta: “Com que frequência você bebe?” foi “Aos fins de semana”. A influ-ência das festas sobre a ingestão de bebida alcoólica é evidente. Já a dose ingerida pode variar de fes-ta pra festa, como definir quanto um jovem bebe numa festa de be-bida liberada, uma dessas “Open Bar”?

da autoridade de avaliar e ques-tionar todas as suas ações. Esse sentimento causa temor e receio aos alunos que temem os critérios usados pelo professor.

As pessoas ficam naturalmente nervosas, mas, em alguns casos, esse comportamento se excede e prejudica o desempenho escolar e profissional.

Para a universitária Marian-ne Camargos, o nervosismo foi a grande barreira para não ter passa-do em seu primeiro vestibular. Ela conta que estudou bastante e que sempre foi uma boa aluna, mas a ansiedade na hora da prova com-prometeu seu desempenho. “Sem-pre me pressionei. Estudava em escola pública e, desde a quinta sé-rie, quando tive oportunidade de conseguir uma bolsa de escola pri-vada, comecei a me cobrar cons-tantemente”, comenta. Marianne sentia mal-estar, enjoos, dores in-testinais e até falta de apetite.

A ansiedade cotidiana traz

o friozinho na barriga, além de tremedeiras. Esses sintomas, no entanto, podem ser considerados normais. Porém, muitos indiví-duos sofrem a ansiedade patoló-gica, o que compromete dema-siadamente suas vidas. De acordo com o psicólogo André Camacho, “essa ‘pré-ocupação’ é absoluta-mente normal. Chama a atenção se essa ansiedade é patológica e se manifesta em um quadro com um padrão de tempo/espaço maior, em que há uma paralisia em quem a sofre. Essa ansiedade, então, o impede de produzir, trabalhar e relacionar-se”, explica o psicólogo André Camacho.

Para ele, o controle da ansieda-de pode ser conseguido com ativi-dades físicas regulares e momentos de lazer. Outra medida de preven-ção é respirar fundo sempre que o nervosismo se aproximar, pois é nessa tranquilidade que busca-mos o complemento para o nosso bem-estar.

As influências de amigos, a curiosidade, a auto-afirmação e o glamour das comemorações estão entre as principais causas

Outras influências puderam ser percebidas. Por exemplo, a curio-sa relação entre namoro e bebi-da. Muitos jovens afirmaram que antes bebiam, mas pararam por conta do namoro. A procura pela bebida é mais acentuada entre os solteiros, que são também os mais “baladeiros”.

Segundo o médico Drauzio Varella, formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o alcoolismo é uma do-ença crônica, com aspectos com-portamentais e socioeconômi-cos, caracterizada pelo consumo compulsivo de álcool, na qual o usuário se torna progressivamente

tolerante à intoxicação produzida pela droga e desenvolve sinais e sintomas de abstinência, quando a mesma é retirada.

Ainda assim, o limite entre o “beber socialmente” e se tornar um alcoólico é frágil. Depende de outras questões como tolerân-cia e fatores genéticos, que não são determinantes, mas podem fazer com que o risco de se viciar aumente. Sensação de onipotên-cia e rebeldia, características da adolescência, também são fatores influentes.

A idade é mesmo de experi-mentar, isso não dá pra negar. O importante é saber julgar quais as consequências que certas novida-des podem trazer. A primeira be-bedeira, o primeiro “porre”, pode ser decisivo. Nesses momentos, a bronca dos pais ainda é o melhor remédio contra a ressaca. Uma combinação de pesquisas explica isso. Estudos da Universidade do Texas provaram que, nessa faixa etária, os adolescentes que acha-vam que os pais sabiam o quanto

eles bebiam e se preocupavam com isso tendiam a beber em menor quantidade e com menor frequência do que os adolescentes cujos pais pareciam não se preo-cupar com esse comportamento. Enquanto os pesquisadores do Instituto Central de Saúde Mental de Mannhein, na Alemanha, con-firmaram que, quanto mais cedo o adolescente entra em contato com o álcool, maiores são suas chances de desenvolver dependência à be-bida na vida adulta.

Parece distante? Segundo a psicóloga Carmen Lúcia Gomide Costa, chefe da Divisão Psicosso-cial da UFV, recentemente jovens que têm sofrido com o consumo abusivo de álcool têm procurado ajuda especializada. Há 20 anos, a Universidade Federal de Viçosa conta com o “Programa de Aten-ção ao Uso, Abuso e Dependência de Álcool/Bem-Viver”, uma ajuda destinada aos servidores compro-metidos com o uso abusivo do álccol ou com a dependência al-coólica.

Camila Campanate

Lívia Riboli

NERVOSISMO pode ser fulminante numa prova de vestibular

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culturacultura

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Kelen Ribeiro

“Tambores do Buieié”valoriza raízes culturais

O grupo Tambores do Buieié é fruto de um projeto cultural que visa incentivar e valorizar as raí-zes da cultura afro-descendente através da arte, dança e música. Criado pelo professor e músico viçosense Thyaga Fernandino, o grupo atualmente conta com a participação de 26 crianças e adolescentes, todos moradores da comunidade Buieié, localizada na zona rural de Viçosa.

Thyaga relata que os tambores eram feitos de materiais recicla-dos como latas, baldes e garrafas, mas que, mesmo com a escassez de recursos, o grupo apresentou um potencial incrível para a rea-lização do trabalho.

O desenvolvimento do projeto é apoiado pelo programa TIM ArtEducação e pela organização não-governamental Núcleo de Arte Viva - NAVI, que trouxe à comunidade do Buieié o reco-nhecimento como Ponto de Cul-

Sebos vendem livros mais em conta e são excelentes para manter a leitura em dia e encontrar obras raras

Rayza Fontes

Ler pode ser uma viagem barata

As insistentes campanhas de incentivo à leitura feitas pelo Ministério da Educação pare-cem ainda não ter surtido efeito nessa nova geração. Os números mostram que o Brasil ainda está longe de ser um país de leitores. De acordo com pesquisa da To-ledo & Associados, o brasileiro lê em média 1,8 livros por ano; enquanto na França, a média é de sete livros.

Em Viçosa, apesar da grande quantidade de escolas e institutos de ensino superior, a leitura ainda fica em segundo plano. Recente pesquisa feita com alunos de cur-sinhos populares da cidade mos-trou que dos 30 jovens que res-ponderam à pergunta: “por que você não lê?”, a metade afirmou que os livros são muito caros, ou-tros 12 alegaram falta de tempo ou paciência para tal.

Infelizmente, aos que fazem parte do segundo grupo, pouco

tura e a assistência necessária para que novos instrumentos fossem adquiridos.

Além dos tambores, os jovens também aprendem a tocar tarol, atabaque e violão. Muito além do talento musical, no grupo eles desenvolvem a cidadania e o sen-timento de respeito pela individu-alidade do próximo, trabalhando com muita criatividade e alegria.

A valorização da cultura nativa no Buieié também é responsável pela inclusão social de crianças e adolescentes marginalizados no espaço artístico atual. O grupo já se apresentou em diversos estados do país. Muitos dos participantes do projeto já veem a possibilidade de realização de suas metas pro-fissionais e acreditam que o reco-nhecimento é muito importante na construção e concretização de seus sonhos.

“A pessoa quando é reconheci-da, quando é amada, ela adquire cidadania, sabedoria. Cresce espi-ritualmente!”, finaliza Thyaga.

pode ser feito, além das campa-nhas de incentivo e trabalho cons-tante dos professores de Língua Portuguesa. Quanto aos custos dos livros, essa não pode ser mais uma desculpa. Existem locais de troca e venda de livros usados na cidade, onde é possível encontrar os mais variados títulos e autores

por até R$1. Viçosa conta com três desses lugares, popularmente conhecidos como sebos, apesar de geralmente adotarem “livraria” no nome do estabelecimento.

Osvaldo Viana, dono do sebo “Livraria LL Letras e Livros” con-ta que nem só de troca e venda de usados vive seu comércio, pois

VARIEDADE de obras permite encontrar até livros raros

apesar de não ter internet, possui um grande contato com editores e fornecedores novos, o que abas-tece o seu estoque já que antigos fregueses trocam seus livros usa-dos por novos. Os usados geral-mente são vendidos pela metade do preço de um novo, variando de acordo com o seu estado de con-servação.

A Livraria “Achei”, localizada no centro da cidade, conta tam-bém com revistas de todos os gê-neros e discos de vinil.A vendedo-ra Maria Aparecida, que trabalha no local desde a inauguração, há oito anos, enfatiza que as revis-tas são um grande chamariz, pois atraem as crianças e incentivam a leitura desde a infância.

Os livros didáticos ou a lite-ratura exigida no vestibular são sempre procurados nos sebos vi-çosenses. Carolina Assis, frequen-tadora assídua dos sebos da cidade e também dos existentes na inter-net, garante que até hoje só com-pra a literatura exigida nas provas

em sebos, pois assim economiza dinheiro e depois de lidos pode trocá-los por outros. Ela ainda res-salta que “o tratamento das obras nesses locais é muito diferente das livrarias, é tudo muito informal e o ambiente meio bagunçado é ex-tremamente confortável”.

Para os que não consideram a possibilidade de pegar livros em-prestados da Biblioteca Munici-pal, adquirir um volume conser-vado por um bom preço parece mesmo a melhor alternativa. Só não vale deixar de ler.

Rayza Fontes

Jader Gomes

E aí, já tá na hora da novela?

É inegável para nós, brasilei-ros, que a novela seja um hábi-to. Ela é o produto mais consu-mido no Brasil e, quando chega a sua hora, há sempre alguém, se não a família inteira, que se senta em frente à TV e se trans-porta a um outro mundo.

Diante das imagens, surge um outro mundo, com novas realidades, que dá asas a ima-ginação e permite um envolvi-mento em diferentes formas, por meio da trama e dos perso-nagens.

Nas novelas nacionais, é muito comum que os autores tragam para a telinha uma rea-lidade distante de nós, tanto ge-ográfica quando culturalmente. Inserem no nosso cotidiano uma pitada do estilo de vida de outros povos.

Quem nunca ouviu ou saiu repetindo algum dos jargões indianos difundidos na novela

Caminho das Índias? Quantos fo-ram os que procuraram as aulas de dança do ventre quando O Clone dominava a audiência do horário nobre na TV aberta?

Segundo Lucilene Cury, pro-fessora de Comunicação da USP e especialista em psicologia cogni-tiva, não é tão simples entender a relação entre a novela e o telespec-tador, mas o envolvimento entre eles se dá a partir do momento em que a ficção, que é baseada em tra-ços da realidade, trabalha com as expectativas, os sonhos e até mes-mo a suprir as carências de quem a acompanha.

É através dessa cultura diferen-te, transportada através de capítu-los exibidos diariamente durante meses, que muitos têm o primeiro contato com essa tão falada nova realidade. São apresentados luga-res, crenças, costumes, utilizados pelo autor e interpretados pelos atores, o que pode relativizar, mo-dificar ou até mesmo estereotipar tais características.

Porém, não se pode negar que a novela possui um papel de destaque no momento em que os telespectadores constro-em a imagem dessa determina-da cultura.

Para os noveleiros de plan-tão, as novelas que retratam os Estados Unidos, por exemplo, que é um país de grande in-fluência no mundo e, por isso, mais conhecido, trazem menos novidades do que aquelas que mostram a cultura de países do Oriente Médio, mais distantes da cultura ocidental.

Muitas vezes, assistir a nove-la é como quando se lê um livro, nos sentimos parte da história, nos tornamos personagens dela. E ao mesmo tempo, do “lado de fora”, ficamos torcen-do pelo típico final feliz.

Nada melhor do que apro-veitar o momento para se co-nhecer novos mundos, que se não dessa forma, talvez nunca seriam desvendados.

Pontos de embarque

Livraria Achei Rua José das Cruz Reis, 168 B3891-0526

Livraria LL - Letras e LivrosAv. Santa Rita, 255, Loja 33892-6764

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culturacultura

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Rodrigues Alves

O outro lado da história

O povo brasileiro se formou a partir da mistura de três grupos étnicos diferentes: índios, euro-peus e negros. Quase todos sa-bem dessa origem, mas as escolas sempre priorizaram o ensino de somente uma das matrizes cultu-rais que formam a identidade bra-sileira: a branca europeia.

Buscando reverter essa situa-ção, integrantes do movimento negro conseguiram fazer com que os deputados aprovassem o Estatuto da Igualdade Racial. Ele poderá ser sancionado pelo pre-sidente da República, caso passe pelo Senado, no dia 20 de novem-bro, Dia da Consciência Negra.

O Estatuto, entre outras ban-deiras, vem confirmar um dos artigos da Lei de Diretrizes e Ba-ses da Educação (LDB): todas as escolas de ensino fundamental e médio, públicas e privadas, são obrigadas a ensinar a história da África e a cultura negra na forma-ção da sociedade nacional (tema já abordado na edição nº 14 do OutrOlhar). O objetivo é fazer

Escolas adaptam currículo para o ensino obrigatório de história da África e cultura negra Jordana Diógenis

Viçosenses são minoria na UFV

As estatísticas confirmam: apenas cerca de 16% dos estu-dantes da Universidade Federal de Viçosa são nativos da cidade. A comunidade viçosense não está na universidade, não pode des-frutar do ensino que apresenta ótimos resultados em avaliações de peso nacional, como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade).

A boa qualidade do ensino coloca a UFV entre as melhores universidades públicas do Brasil, o que a torna muito atraente para jovens de várias partes do país e de fora dele. No entanto, a falta de interesse por parte dos alunos da periferia da cidade, por viverem numa realidade muito diferente da universitária, caracteriza um marcante distanciamento entre esses jovens e o ensino superior.

Flávio da Costa Júnior é estu-dante de História da UFV e dá aulas desde o início de 2008 para estudantes do Curso Paróquia de Santa Rita, localizado no centro, na “praça da igreja”, em cima dos Correios. O curso oferece aulas de preparação para o vestibular e é aberto à comunidade periférica da cidade. A única turma é forma-da por mais ou menos 35 alunos.

No ano passado, como con-ta Flávio, alunos desse cursinho foram aprovados no vestibular da UFV. Isso mostra que, apesar da fraca formação escolar, os alu-nos, em sua grande parte da rede pública, estão realmente empe-nhados em enfrentar quaisquer obstáculos para ingressarem no ensino superior.

A estudante Sandra Magda Ferreira destaca que “muitas ve-zes desperdiçamos as chances de crescer na vida”. Apesar de ter es-tudado em escola pública desde o ensino fundamental, ela sempre teve interesse em estudar em uma universidade federal. Para tornar isso concreto, Sandra buscou o reforço de um cursinho popular, o Cursinho do DCE/UFV, pois a sua base educacional se mostrou insuficiente. Neste ano, já colhen-do os frutos do seu esforço, ela ingressou no curso de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa.

com que, ao se trabalhar a questão étnico-racial, diminua e acabe o racismo e a discriminação sobre os negros.

Tanto a LDB quanto o Estatu-to determinam que os conteúdos devem ser trabalhados dentro do currículo escolar, ou seja, não é preciso se criar uma disciplina específica. Eles podem ser aborda-dos nas aulas de história, geogra-fia, literatura e educação artística, por exemplo.

Alguns professores dizem já seguirem as novas exigências. É o

caso da professora de história da Escola Municipal Dona Nanete, Giovanna Sabione. Ela afirma que há nove anos trabalha com história da África, sempre buscando refle-xões acerca do racismo. Na Escola Municipal Ministro Edmundo Lins, a professora de história Sue-li Saraiva Guimarães, vivenciou exemplos de como o ensino das questões africanas ajuda na dimi-nuição do preconceito racial e na aceitação da própria identidade. Para a professora de geografia, Cássia Silva Freitas, é preciso que

os livros didáticos também acom-panhem essas reformulações, além da capacitação dos professores.

Uma parte dos alunos ainda considera o ensino muito super-ficial e não se lembra de quando tiveram aula sobre a cultura afri-cana. As primas Jéssica e Patrícia Lopes, estudantes da 6ª série da Escola Estadual José Lourenço de Freitas, acham que seria interes-sante aprender sobre uma cultura diferente da brasileira, mas não sabem exatamente porque seria importante.

A aluna Sirlei Cardoso, do 3º ano do ensino médio, do colégio Ágora, considera essencial estudar sobre a África porque é conteúdo para o vestibular. Mas, se pudesse escolher, ia preferir estudar a his-tória dos EUA à do povo africano, que deu origem à diversidade étni-ca dos brasileiros.

Em Viçosa, segundo a secretá-ria de Educação Vera Sônia Sarai-va, só no ano que vem, com a im-plementação do projeto político pedagógico, as 21 escolas muni-cipais serão obrigadas a trabalhar esses temas.

A ESCOLA EFFIE ROLFS e outros colégios afirmam ter incluído os conteúdos exigidos no Estatuto da Igualdade Racial

O Estatuto da Igualdade Racial na sala de aula• História geral da África e cultura negra passam a ser conteúdos obrigatórios;• Não será preciso criar uma nova disciplina;• História, geografia, literatura e educação artística são exemplos de disciplinas que podem incluir os novos conteúdos• Objetivo: diminuir e acabar o racismo e a discriminação sobre os negros

Rodrigues Alves

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cidadecidade

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Priscila FernandesRodrigues AlvesNayara Souza

Alunos viajam sem segurançaVeículos escolares, superlotados, não cumprem exigências de segurança previstas em lei, como o uso do cinto

Brincadeiras, cantorias, bate-papo, muita zuação. A viagem de ida e volta para escola pode ser um momento divertido em que os alunos inventam várias coisas para passar o tempo. Mas, para chegar são e salvo em casa ou no colégio, é preciso que o busão esteja em boas condições de uso, além de garantir a segurança dos passageiros.

O Código Brasileiro de Trân-sito tem um artigo que trata desse tipo de transporte. Nele, são en-contrados vários itens obrigató-rios (veja ilustração abaixo) que servem para diminuir os riscos de acidentes durante o trajeto.

Mãe de alunos teme pela segurança no embarque

Em Viçosa, os alunos da rede municipal e estadual que precisam do transporte escolar (que é direi-to garantido pela Constituição Federal, leia abaixo) sabem que a realidade é diferente do que está nas leis. Mesmo recebendo uma verba do Estado de Minas Gerais, destinada a esse fim, alguns ônibus apresentam várias irregularidades: são antigos, não têm nenhuma identificação (com faixa amarela) e não possuem cintos de seguran-ça.

A nossa reportagem pegou carona no ônibus dos alunos da Escola Estadual Alice Loureiro e percebeu mais coisas do que a animação da galera. O número de passageiros é maior que o de bancos, os alunos passam a maior parte do percurso em pé, com a

cabeça ou até mais parte do corpo para fora da janela, alguns viajam nos degraus da escada e não há ne-nhum adulto, além do motorista, para acompanhar os passageiros, como exigência da legislação.

O ponto para pegar os ônibus escolares fica em frente à praça da Prefeitura. Os alunos saem cada um de sua escola e vão a pé, sozi-nhos, para lá. Enquanto esperam o ônibus, eles aproveitam para con-versar ou brincar com estudantes de outros colégios.

Quando o ônibus chega, todos saem em disparada para garantir a janela, passando, inclusive, na frente dos ônibus em movimen-to. Maiores empurram menores, todos querem entrar na mesma hora. Não há controle algum de quem entra no veículo. NA HORA DO EMBARQUE vale até garantir um lugar junto à porta

“Dona Dorinha”, mãe de três filhos que estudam na Escola Municipal Coronel An-tônio da Silva Bernardes (CASB) diz deixar o salão de cabeleireiro onde trabalha e ir até a praça da Prefeitura para colocar os filhos no ônibus que os leva para o bairro Nova Viçosa, onde moram.

“Tenho muito medo. Na hora que o ônibus chega é uma bagunça só. Saio do serviço para vir colocar ela [a filha de 9 anos]. Isso por conta dos grandes que empurram os pequenos.”

Quanto às condições de segurança dos veículos, ela diz não ficar preocupada, por confiar no motorista “muito gente boa, muito atencioso”. “Dona Dorinha” já andou nos ônibus escolares, quando foi para a reunião de pais no colégio, e confirma que eles não têm cintos de segurança e que alguns são muito velhos.

Ao ser questionada, porém, sobre a segurança dos alunos durante o trajeto, ela culpa eles mesmos pelos riscos que estão correndo.

“Eles gostam de fazer bagunça, não têm modos. Vão em pé fazendo zueira. Precisava de uma pessoa para controlar, mas não tem, o prefeito não coloca”.

Rodrigues Alves

FALTA DE INSPETOR gera tumulto, entre os alunos, na entrada e saída dos veículos

Rodrigues Alves

Nayara Souza

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetiva-do mediante a garantia de:

VII - atendimento ao edu-cando, no ensino fundamen-tal, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

CONSTITUIÇÃO FEDERALArtigo 3º - O veículo destinado à condução coletiva de es-

colares, para fins de circulação nas vias abertas à circulação, deve satisfazer aos seguintes requisitos:

II - pintura de faixa horizontal na cor amarela.V - cintos de segurança em número igual à lotação. VI - extintor de incêndio. IX - assentos com, no mínimo, para cada criança com até

doze anos de idade incompletos;Artigo 4º - O veículo deverá ser submetido à inspeção se-

mestral para verificação dos equipamentos obrigatórios, de segurança e dos estabelecidos nesta Portaria, de acordo com o final de placa

CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIROO que dizem as leis

Desenhos: Marianne Campos

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cidade

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Problemas do passado ainda persistem no presente

Em Viçosa, não há fiscalização desde janeiro

A função de fiscalizar o trans-porte escolar é da Secretaria Mu-nicipal de Trânsito e Segurança Pública. Na página do site oficial da Prefeitura de Viçosa (www.vicosa.mg.gov.br - veja abaixo), a população pode conferir quais as obrigações da Secretaria, de acordo com as leis municipais 1.262/98 e 1.518/2002.

O secretário municipal de Trânsito, Transporte e Seguran-ça, Reinaldo Lopes de Souza Lei-te, diz ter conhecimento dessa lei e de suas funções, mas não sabe se elas se estendem quando a Prefei-tura contrata uma empresa priva-da para fazer o serviço.

“Na lei que nós temos caberia à Secretaria de Trânsito estar fis-

calizando [o transporte escolar]. Agora eu não sei se isso está espe-cificado no edital [de licitação da empresa que fornece o serviço] porque eu não sei se a Prefeitura

utiliza a lei existente”.A Prefeitura de Viçosa possui

sete microônibus escolares para atender o número de alunos que precisam do transporte escolar.

Rodrigues AlvesNayara Souza

Mas eles não são suficientes para cobrir as 43 rotas existentes. A Prefeitura decidiu contratar a Viação União, através de processo de licitação, para executar a tarefa. Por sua vez, a União terceirizou o serviço para outras duas compa-nhias, a Viação Viçosa e a Viço-tur.

“Não sei se é permitido ou não a terceirização por parte da empresa vencedora [da licitação] porque creio eu que não seja”, afir-ma o secretário.

Leite diz que não há fiscaliza-ção periodicamente nos ônibus escolares, nem nos da Prefeitura nem nos das empresas contrata-das. Desde que ele assumiu a pas-ta, em janeiro deste ano, não hou-ve nenhum tipo de vistoria nesses veículos.

“Não cabe a gente adivinhar que

isso é atribuição nossa. Isso tudo é um conjunto. Se houve uma lici-tação por parte da administração, ela tem que ser informada ao ór-gão competente: ‘Oh, você vai ter que fiscalizar de seis em seis meses, de ano em ano, tem que ser feito periodicamente uma fiscalização, ver as condições do veículo’. Isso não foi passado a mim desde que assumi a Secretaria de Trânsito. Não sei se antigamente faziam esse tipo de vistoria.”

O secretário diz nunca ter rece-bido nenhum tipo de denúncia de irregularidades no transporte es-colar. “Partindo desse princípio de vocês estarem fazendo esse tipo de matéria, de ter constatado algum tipo de irregularidade, isso acabou dando um impulso para que, de repente, a gente comece a fazer al-gum tipo de fiscalização”.

REINALDO LEITE alega nunca ter recebido denúncias dos pais

COM A PALAVRA, A SECRETARIA DE TRÂNSITO

Alexandre Garcia

Dos 5.564 municípios es-palhados pelo Brasil, 853 deles somente em Minas Gerais, ca-lhou de você estar em Viçosa, uma cidade da Zona da Mata com pouco mais de 70 mil ha-bitantes. E por que Viçosa se chama “Viçosa”? Por que isso? Por que aquilo? A história de Viçosa inicia-se no século XIX com a construção de uma pe-quena igreja em homenagem à Santa Rita de Cássia em um local pouco povoado. Com o aumento populacional, o vi-larejo ganha o nome de Santa

Rita do Turvo, momento históri-co presente até mesmo em trecho do Hino a Viçosa: “O passado teu, Viçosa! / Reverencio, e me curvo / Cantando a lira saudosa / Da Santa Rita do Turvo”. Estes primeiros povoados surgiram de-vido ao declínio do ciclo aurífe-ro e à procura de terras agrícolas férteis. Já em 1871, o distrito de Santa Rita do Turvo eleva-se a categoria de município. Somente após cinco anos, pode-se usar a definição de “cidade” para o novo nome, Viçosa de Santa Rita, dado em homenagem ao bispo Antônio Ferreira Viçoso.

Durante este período houve a

instalação da ferrovia Estrada de Ferro Leopoldina Railway, que, além de trazer melhorias à situa-ção econômica da cidade, propor-cionou o aparecimento de fábricas têxteis e um surto de crescimento populacional urbano. Da gradu-al aglomeração de trabalhadores surgiram reivindicações que cla-mavam pela criação de uma esta-ção ferroviária na cidade. Ela ficou pronta apenas em 1914, três anos após a cidade passar oficialmente a se chamar Viçosa.

Os habitantes logo cuidaram de formular as primeiras leis mu-nicipais. Entre elas, duas não con-seguiriam resolver completamen-

te os problemas: na Viçosa antiga, proibiu-se a criação de porcos pró-ximo ao perímetro urbano, por questão de higiene; também já se pensava na construção de calça-das. Hoje ainda encontramos pro-blemas referentes a animais soltos no perímetro urbano (cachorros). As calçadas, se já existem, são de péssima qualidade e por vezes in-suficientes para comportar o fluxo de pedestres. É a Viçosa de ontem e de hoje sofrendo com problemas semelhantes.

A ascensão da figura de Arthur Bernardes de vereador viçosense à presidente da nação, em 1922, e a criação da ESAV, Escola Superior

de Agricultura e Veterinária (hoje UFV), em 1926, foram dois fatos historicamente re-levantes até a década de 1930. Deste momento até 1960, a expansão urbana se caracteri-zou principalmente pelo aden-samento das regiões anterior-mente ocupadas. A população não passava de 21 mil habitan-tes. Da década de 1960 aos dias atuais, Viçosa sofre com os sur-tos desenfreados da construção civil, que ocupam lotes irregu-lares e engolem espaços destina-dos a parques e praças, transfor-mando o centro em um grande monstro de cimento armado.

URBANIZAÇÃO

Nayara Souza

São atribuições da Secretaria de Trânsito, de acordo com a Lei 1.262/98 e a Lei 1.518/2002:Gerenciar o sistema viário de Viçosa, atendendo ao planejamen-to urbano e à lei 9.503.Planejar, organizar o sistema de transporte público, coletivo e individual de passageiros.Propor convênios para o exercício de suas atividades.Controlar e fiscalizar a condução coletiva de escolares, na for-ma instituída pelo capítulo XIII do CTB.

Extraído de http://www.vicosa.mg.gov.br/?area=conteudo&secao=31

PREFEITURA DE VIÇOSAArtigo 3º - O veículo destinado à condução coletiva de es-

colares, para fins de circulação nas vias abertas à circulação, deve satisfazer aos seguintes requisitos:

II - pintura de faixa horizontal na cor amarela.V - cintos de segurança em número igual à lotação. VI - extintor de incêndio. IX - assentos com, no mínimo, para cada criança com até

doze anos de idade incompletos;Artigo 4º - O veículo deverá ser submetido à inspeção se-

mestral para verificação dos equipamentos obrigatórios, de segurança e dos estabelecidos nesta Portaria, de acordo com o final de placa

CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

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entrevistaentrevista

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Felipe Pinheiro

Aluno do Coluni se destaca nos estudos

Recentemente, o estudante Adnilson da Silva, 16 anos, foi qualificado em quinto lugar na Olimpíada Brasileira de Biologia. Posição de destaque que causou comoção entre os alunos de sua escola.

Natural de Viçosa, Adníl-son é um exemplo entre os estudantes de ensino médio. Ele veio de uma escola esta-dual no município de São Mi-guel do Anta. Atualmente no Coluni, nunca acreditou que os problemas das escolas pú-blicas fossem empecilho para que alcançasse seus objetivos. “Se aparecer uma olimpíada, eu pego e faço. Tem que apro-veitar essas oportunidades”, alega.

O esforço e a dedicação foram fatores essenciais para as conquistas, segundo Adnil-son. “A questão não é esperar o conhecimento cair, é ir atrás dele, mas quando o cara não quer... não tem jeito”, afirma.

Mesmo com todos os re-cursos e alcance da internet, os livros ainda são sua ma-neira preferida de pesquisa. “Acostumei a pesquisar só em livros. Internet não tem muita fonte confiável”, completa.

Hoje aluno de uma das me-lhores escolas de ensino médio do Brasil, Adnílson destacou seu empenho e a sua vonta-de de entrar para o colégio de aplicação da Universidade Federal de Viçosa (Coluni). Em meio a risos, confessou ter contado um pouquinho com a sorte. Em seu exame de sele-ção para o Coluni, enfrentou cerca de 10 candidatos por vaga.

Tanta dedicação aos estu-dos não impedem, porém, seu tempo de descanso e diversão. “Eu gosto de assistir televisão, filmes e desenhos. Jogar um baralho. São 24 horas por dia, tem que ter tempo para tudo”, finaliza.

Nayara Souza

Sonhar pode custar caro“Sonhar não custa nada, né?!”.

É assim que o estudante João Ba-tista de Oliveira define a chance de cursar uma faculdade. O jornal OutrOlhar realizou uma enquete com 54 alunos de 16 a 36 anos da Escola Estadual Effie Rolfs e do Cursinho Popular DCE/UFV perguntando o que eles preten-diam fazer ao concluir o ensino médio. As opções eram vestibu-lar/faculdade, trabalhar, curso técnico ou outros. O resultado demonstrou que 72,9% deles de-sejam prestar vestibular e entrar na faculdade; 9,25%, além da graduação, pretendem também trabalhar parelalemente; 1,9% pretendem trabalhar e fazer curso técnico; e 1,9% apenas trabalhar.

A opinião de João Batista é igual a de outros estudantes que veem a faculdade como um so-nho distante. Josiane Costa, 19 anos, deseja prestar vestibular para Artes Plásticas e fez a seguin-te consideração “se não conseguir vou fazer um curso técnico e tra-balhar”.

Ariane Aparecida, de também 19 anos, diz acreditar que “todo estudante procura a graduação, mas que é difícil dependendo da sua base escolar.” Essa percepção é um exemplo das várias questões que surgiram durante as entrevis-tas que foram feitas. Os alunos também demonstraram dúvidas em relação à carga de conheci-mento é suficiente para o ingresso no ensino superior ou no mer-cado de trabalho. Também não sabem se os pais têm condições de custear as despesas de morar numa outra cidade ou se é melhor trabalhar e continuar os estudos depois.

Nas entrevistas, foi evidencia-do que as dificuldades e as incer-tezas são muitas, mas, não im-pedem a existência dos sonhos. Nayara Berrido contou que quer se formar na faculdade e manter-se atualizada com diversos cursos para ser “uma ótima profissio-nal”. Helenice Petrina, 28 anos, estudante do Cursinho Popular DCE/UFV, voltou a estudar para

Mesmo com dificuldades, a maioria dos entrevistados deseja ingressar no ensino superior

conquistar a realização completa em sua vida. “Já tenho um casa-mento sólido, duas filhas e quan-do me formar em pedagogia serei totalmente realizada.”

As entrevistas mostraram di-versas opções de futuro e, mesmo com diferentes objetivos, os es-

tudantes não deixam de sonhar. Alguns depoimentos revelam que essa vontade ainda existe. Nayara Mendes, 18 anos, é um exemplo: “quero muito passar no vestibular para o curso de direito este ano, depois de formada pretendo advo-gar e logo depois ser promotora de

justiça. Acredito que, com meus conhecimentos, vou poder ajudar muitas pessoas”.

Outra característica é a perse-verança de Antônio Júlio Gonçal-ves, 26 anos, estudante do cursi-nho. “Sempre trabalhei, estudei e nunca deixei de sonhar”.

Walber Aquino

Bárbara Elisa

Caroline Galvão

Antônio Gonçalves

Guilherme Amorim

Nayara Mendes

Fernanda Souza

Estudantes da Escola Estadual Effie Rolfs e do Cursinho Popular do DCE:

segundo enquete do OutrOlhar, 73% querem ingressar exclusivamente no ensino superior

após terem concluído o ensino médio

Fabrício Vilela

Fotos: Nayara Souza

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entrevistaentrevista

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Lucas Gadbem

Psiu! Silêncio, por favor!A poluição sonora é causada

pela intervenção do homem nos ruídos convencionais da natu-reza, ficando mais evidente nos processos de urbanização e indus-trialização.

Devido ao crescimento, prin-cipalmente vertical, desenfreado de Viçosa, somando-se aos mi-lhares carros que aqui transitam e, as inúmeras festas que são rea-lizadas com bastante frequência, a cidade pode ser considerada barulhenta.

Leis que regulamentam o fato existem, mas nem sempre são seguidas por aqueles que pro-vomevem festas. Até mesmo atitudes incom-

Entenda como a poluição sonora gera incômodo e traz malefícios para a saúde da populaçãopatíveis com a boa convivência, como barulhos provenientes de reformas e obras, podem afetar o próximo e causar danos.

Para explicar melhor o pro-blema e também os malefícios que o barulho traz às pessoas, o otorrinolaringologista Sérgio Lo-pes concedeu entrevista ao jornal OutrOlhar.

OutrOlhar: Qual o limite que o ouvido humano pode suportar em decibéis?

Sérgio Lopes: O ouvido huma-no pode suportar sem lesões, cer-tos níveis de ruído, dependendo do tempo de exposição. Um som

de 110 dB podemos estar expostos por, no má-

ximo, uma

hora. Para você ter uma ideia, os sons da fala normal situam-se entre 15 e 45 dB de intensida-de; uma torneira gotejando é de aproximadamente 20 dB; um se-cador de cabelo é de 85 a 90 dB; um caminhão pode chegar a 100 dB; um show de rock 120 a 130 dB. Sons de 130 dB chegam a provocar dor.

Em Viçosa, os ruídos urba-nos se aproximam ou ultrapas-sam esse limite?

Sim, pois não há rigor na fisca-lização tanto no limite de emis-são de ruído de veículos como das inúmeras festas que por aqui ocorrem.

Você considera Viçosa uma cidade

poluída sonoramente?Sim, pois existem inúmeros ve-

ículos emitindo ruídos acima do limite, festas praticamente todas as noites em bairros residências, estabelecimentos comerciais sem tratamento acústico, entre ou-tros.

Quais tipos de problemas relacionados à saúde a poluição sonora pode causar?

Zumbido, perdas auditivas temporárias ou permanentes, dor nos ouvidos, deterioração do reconhecimento da fala, intole-rância a sons , nervosismo, ansie-dade, dores de cabeça, tonturas, constrição dos vasos sanguíneos

p er i f ér i c o s , perturbações

Marcela Sia

A arte marcial e a arte de viverO mestre de taekwnodo Lan-

der Moreira Gonçalves pratica a modalidade há 30 anos. Já foi técnico das seleções mineira e brasileira e conta como o espor-te o ajudou e pode ajudar outras pessoas a vencerem na vida.

OutrOlhar: Como você des-cobriu essa arte marcial?

Lander Gonçalves: Foi em 1978, estava com 7 anos de ida-de e fui assistir a uma aula de ta-ekwondo em que meus primos praticavam, adorei a aula e em poucos dias comecei a praticar e nunca mais parei.

Quais os benefícios dessa mo-dalidade?

São diversos os beneficios do taekwondo, como por exemplo, o excelente condicionamento físi-co, controle do peso, musculatura

rígida, combate ao stress, flexibi-lidade, coordenação motora, au-tocontrole, disciplina, formação de caráter, defesa pessoal entre outros.

Quais os reflexos desse espor-te na vida de quem o pratica?

O esporte é um fator de grande importância para que o cidadão possa também usufruir de direi-tos iguais perante a sociedade. O taekwondo por ser uma arte mar-cial milenar tem como base em seus ensinamentos quatro pontos importantes em que dignificam o caráter de um homem, sendo eles, a disciplina, respeito, integridade e perseverança.

Comente seu trabalho social com o taekwondo.

Ao longo desses anos de car-reira, venho inserindo em minha academia um trabalho social que permite ao aluno se destacar com

o esporte, tendo em consequên-cia realizações tanto profissionais como pessoais. A falta de aptidão física, mental e social não fazem com que os seres humanos sejam diferentes. A falta de iniciativa de oportunidades oferecidas é o que os diferencia.

Como essa arte marcial te aju-dou a obter sucesso na vida?

Pratico taekwondo há 31 anos, comecei a dar aula aos 14 anos de idade, inaugurei minha academia em 1986, assim, já se passaram 23 anos de dedicação e amor ao es-porte. Ë com humildade que me considero um vitorioso por man-ter minha academia aberta por todos esses anos.

Treinei a seleção mineira e bra-sileira de taekwondo e com isso tive a oportunidade de conhecer vários países como atleta e técnico. Portanto, sou uma pessoa que ama

o que faço e tenho toda a dedica-ção para ensinar com muito cari-nho e profissionalismo tudo o que

eu aprendi para os meus alunos. Coloco determinação e disciplina para conquistar os meus objetivos.

Janaína Matoso

circulatórias, taquicardia, dilata-ção da pupila, diminuição da mo-bilidade gastrointestinal (ocasio-nando gastrite, úlcera), alterações do apetite , liberação de noradre-nalina, adrenalina (hormônios do medo, da raiva e da ansiedade) e cortisol.

Você já tratou de algum pa-ciente que sofreu algum tipo de problema causado pela poluição sonora?

É rotina o tratamento de pa-cientes com sequelas de poluição sonora, principalmente trabalha-dores que têm contato com má-quinas como serras de construção civil, marcenarias, serralherias, in-dústria moveleira...

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meio ambiente

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meio ambiente

Paula Machado

Saneamento é alvo da prefeituraPopulação, em conjunto com o governo municipal, aponta os problemas de lixo, esgoto e água e sugere soluções

Maria Clara Corsino

Viçosa sofre com aumento de temperaturaViçosa sempre foi bem co-

nhecida pelo seu clima frio. Mas de um tempo para cá os termô-metros parecem ter se estragado. Ultimamente, eles têm registrado temperaturas médias de 28 e altas de 33 graus, de acordo com o Ins-tituto Nacional de Meteorologia (INMET).

Algumas pessoas têm notado que a temperatura na cidade fica mais quente a cada ano. Pedro Advíncula, 67 anos, sempre mo-rou em Viçosa e acha que a tem-peratura só tem subido.

Outros mroadores, como a es-tudante Sandra Mendes, dizem acreditar que as altas tempera-turas registradas em Viçosa são consequência do aquecimento global. Então, por que nossa ci-dade está tão quente? Seria por causa do aquecimento da Terra.

Segundo o professor Edison Soares Fialho, do curso de geogra-fia da UFV, não se sabe o quanto pequenas cidades iguais a Viçosa

A Prefeitura Municipal de Viçosa, em parceria com os mo-radores da cidade, está elaboran-do o Plano Municipal de Sanea-mento Básico desde o primeiro semestre de 2009. A população colabora com a ação da prefeitu-ra participando de reuniões que acontecem em aproximadamen-te 23 localidades do município. Nesses encon-tros, os cidadãos podem apontar os problemas que afetam o lixo, o esgoto e as águas de seus bairros e proximidades, além de sugerir medidas e solu-ções.

O auxílio dos habitantes está sendo de grande valia para a con-cretização do projeto, afinal nin-

podem contribuir para o aqueci-mento global. Ou melhor, nem se sabe ao certo se somos respon-sáveis pelas mudanças climáticas. Alguns pesquisadores acreditam que o fenômeno aconteça natural-mente, como já ocorreu em outras épocas.

Ou seja, o aumento da tempe-ratura na Terra seria irreversível. Por outro lado, esses pesquisado-res também não têm certeza da velocidade deste processo natural. Assim, o homem poderia (prova-

velmente ele pode) ajudar a aque-cer a Terra mais rápido.

O professor Edison diz que o cotidiano de uma cidade pequena e pouco industrializada como a nossa pouco influencia no seu cli-ma. De acordo com suas pesqui-sas, a geografia da região favorece o aumento na temperatura local.

A cidade possui muitos vales e está cercada por morros que dificultam a circulação de ar e a irradiação de calor. A retirada da cobertura vegetal piora a situa-

guém melhor do que aqueles que convivem diariamente com o pro-blema para falar sobre ele.

Participação dos jovensMuitos jovens aproveitam a

oportunidade para exercer a sua cidadania. É o caso das estudantes

Jéssica Ferreira, Marilene Verde-ana e as gêmeas Emília e Maria Emília Januá-rio, moradoras do Buieié, zona rural. “Elas me a c o m p a n h a m para onde eu vou [realizar o meu trabalho].

A Jéssica falou bastante na reu-nião sobre o saneamento”, diz a presidente da Associação dos Mo-radores de Buieié, Maria Apareci-da Januário.

O presidente da associação de São José do Triunfo, Joel Pauli-

no de Souza, conta que o pessoal da sua região também contribui muito nos encontros, relatando principalmente os problemas com ralação ao lixo, à limpeza de caixas de rede pluvial e à drenagem. En-tretanto, reclama que a juventude de lá não é tão participativa. “Os

ção, pois as plantas renovam o oxigênio do ambiente. O verde é substituído nas áreas urbanas por edifícios. Durante o dia, eles ab-sorvem ainda mais calor. À noite, todo esse calor é liberado para o ambiente.

Grandes metrópoles como Belo Horizonte ou São Paulo contribuem para a formação de ilhas de calor, pois elas são mui-to industrializadas e com grande circulação de veículos. No caso de

adultos de 25 a 30 anos ajudam bastante, mas os mais novos não costumam participar”, diz ele.

O projeto já está em fase final de elaboração, provavelmente até o fim do mês já estará pronto o relatório com o diagnóstico para o saneamento da cidade. A ideia é

Viçosa, a área rural tem favoreci-do mais o aquecimento da região e do planeta do que a área urbana. O desmatamento e as queimadas lançam toneladas de gás carbôni-co no ar.

Segundo fontes da Prefeitura, projetos realizados na área, dentro do município, não são voltados diretamente para a melhoria do clima. Mas a preservação da vege-tação ajuda, e muito, na qualidade do ar.

MORADORES em reunião fazem balanço dos problemas de saneamento básico da cidade

Murilo da Luz

Lembre-se!O Efeito Estufa é um processo que ocorre quando uma parte da radiação solar refletida pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. O calor fica retido, não sendo libertado para o espaço. É causado principalmente pelo gás carbônico (CO²), e os CFCs (presentes nos aerosóis), os gases de estufa.

Ilha de Calor é o fenômeno no qual um centro urbano apresenta uma temperatura mais alta que sua periferia. Isso acontece por que há maior concentração de carros e indústrias nesta área, eliminando grande quantidade de gases de estufa.

Maria Clara Corsino e Diogo Rodrigues

Fontes: INMET E DEA/UFV

que o plano todo esteja concluído até o fim do ano para que Viçosa tenha prioridade ao receber ver-bas do Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico), do gover-no federal, que visa realizar me-lhorias no saneamento básico dos municípios brasileiros.

Diagnóstico deve ficar pronto até o fim do ano

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meio ambiente

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meio ambiente

Murilo da Luz

Projeto de aterro sanitário não é colocado em práticaFalha na execução da obra fez com que beneficios fossem nulos para o povo viçosense

Gustavo Paravizo

Consciência Ambiental: o caminho é cuidar

Monizy Amorim

O significado de revitalização para o rio São Bartolomeu

Muito recorrentes na atuali-dade, informações que tratam o meio ambiente e as questões re-ferentes à qualidade de vida têm grande aceitação na sociedade. Quando se fala em preservação ambiental, respeito às nascentes, fauna e flora, as pessoas logo agu-çam seus ouvidos com interesse no que podem e devem fazer para contribuir com as gerações se-guintes e, claro, com seu próprio bem-estar.

Várias tecnologias são desen-volvidas com o objetivo de dimi-nuir os impactos causados pela

O Aterro Sanitário é a me-lhor maneira de evitar que o lixo produzido diariamente por uma cidade polua o ar, o solo e a água da população. O problema é a dificuldade na hora de implantá-lo, pois é necessário possuir um bom projeto e também algumas licenças ambientais. E foi nesse quesito que a cidade de Viçosa esbarrou para consegui-lo.

O projeto de engenharia do aterro já havia sido criado, a ci-dade possuía um local adequado - o Morro do Siriquite, na Zona Rural - e o licenciamento prévio, mas a Prefeitura falhou no mo-mento da execução da obra. O professor Eduardo Marques, que faz projetos na área de Cartogra-fia Geotécnica e Meio Ambiente, considera que os ganhos para a cidade foram nulos.

“Após conseguir a Licença Pré-via junto à Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM, a Pre-feitura considerou que o proble-ma estava resolvido em termos de licenciamento ambiental, o que não é bem assim, já que não ha-viam sido concedidas as licenças de instalação e de operação. Além disso, o projeto não foi cumprido,

Muito se tem falado sobre revitalização de rios e bacias hi-drográficas. Talvez você já tenha escutado algo sobre o assunto e tenha pensado que isso só aconte-ce longe da nossa realidade.

Saiba que em Viçosa existe um projeto do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), para revi-talização do rio São Bartolomeu.

É necessário que definamos, primeiramente, o que é revitali-zar. Segundo o Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, revitalizar é “fazer recuperar o grau de ativi-dade, de eficiência”, e a revitaliza-ção seria o “conjunto de medidas que visam a criar nova vitalidade, a dar novo grau de eficiência a al-guma coisa”.

No caso do rio São Bartolo-meu, aqui em Viçosa, o conceito utilizado pelo SAAE “consiste no ato de recuperar, conservar e pre-servar o ambiente através de ações que promovam o uso sustentável dos recursos naturais e o aumento da quantidade e da qualidade da água”.

Esse projeto tem como obje-tivos recuperar as nascentes atra-vés do reflorestamento de áreas desmatadas e despoluir as águas do rio através da construção de interceptores de esgoto e de fos-sas sépticas. Com essas medidas a água do São Bartolomeu não vai mais se misturar com o esgoto, o que significa menos poluição do seu curso e, logo, uma quantida-de menor de produtos químicos para o tratamento da água. Outra ação a ser feita é aumentar a va-zão do São Bartolomeu, ou seja, a quantidade de água transpor-tada em certo tempo, por meio da construção de minibarragens para ajudar na infiltração da água das chuvas.

A revitalização do São Barto-lomeu se encaixa com definições normalmente utilizadas nos di-cionários, mas isso nem sempre acontece.

Porém, nada significa que não esteja ocorrendo uma revitaliza-çãol. É preciso, antes de tudo, que se compreenda qual definição e o que se entende por revitalização especificamente em cada projeto.

o que acabou por transformar o aterro previsto em um lixão”, ob-servou.

Atualmente, a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Viçosa vem trabalhando para acabar com o lixo a céu aberto, que é extremamente prejudicial à população. Para tal, já conta com um Aterro Controlado - um ní-vel intermediário entre o lixão e o Aterro Sanitário. É, então, uma espécie de remediação, em que a contaminação é menor, mas ainda existe.

O Aterro Controlado funciona basicamente com a cobertura do local com terra e grama, isolando o lixo e evitando animais carnicei-ros, como urubus, nas proximida-des. Além disso, máquinas fazem a recirculação dos resíduos, conta-minando menos a água do lençol freático.

Embora a Prefeitura aponte a falta de dinheiro como empecilho para criar o Aterro Sanitário, se-gundo o professor Eduardo Mar-ques, Viçosa pode ganhar com o empreendimento, já que em Mi-nas Gerais um Aterro dá direito a uma parcela da parte ecológica do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Servi-ços – ICMS.

emissão de gases tóxicos, geração de resíduos plásticos e o desperdí-cio de alimentos, por exemplo.

A produção de filtros antipo-luição, sacolas biodegradáveis e agora as ecobags - sacolas feitas de algodão cru -, ilustram bem a tendência, que também é explora-da de modo comercial por quem as produz, o que estimula alguns cuidados.

Consumir produtos desenvol-vidos com materiais reciclados é uma saída atraente aos que dese-jam participar da construção de ecossistemas mais duradouros. Entretanto, o consumo isolado desses artigos não garante uma

utilização consciente dos recursos naturais.

O professor de Ecologia da Universidade Federal de Viçosa, José Henrique Schoereder, afirma que “o que devemos fazer é cons-truir o futuro tentando compa-tibilizar ao máximo o ambiente com nossas ações”, fato que ilustra o meio ambiente como respon-sabilidade do coletivo, fator a ser refletido quando o objetivo é co-mum, como é o caso.

Atitudes simples devem ir ao encontro das novas tecnologias, o que pode ser representativo quan-do a questão é a qualidade de vida das pessoas.

“A partir do momento que há a consciência ambiental, elas [as pessoas] passam a descobrir o sig-nificado das suas ações enquan-to agentes sociais”, argumenta Thamara Barros, participante da ONG Ambiente Brasil, que tra-balha com educação ambiental na cidade de Viçosa.

Com atenção não só na ques-tão do meio ambiente, mas tam-bém da formação cidadã, a sepa-ração do lixo, o cuidado com o gasto excessivo de água e energia elétrica no chuveiro e a entrega de pilhas usadas nos postos de coleta são alternativas pequenas, mas de grande amplitude.

Diego Mendes

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ciência eciência e tecnologia

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Quando o uso do celular se torna obsessãoJá sentiu vibrar sem estar to-

cando? Já passou a noite toda trocando mensagens? Já sentiu os olhos ardendo de tanto ficar che-cando o visor? Já sentiu dores nos dedos por ficar horas apertando as teclinhas?

Se você respondeu de maneira positiva a pelo menos três dessas perguntas, fique em alerta. Você pode desenvolver dependências ligadas ao uso excessivo de tecno-logias, em especial, o celular.

Boa parte da população afirma não viver sem o telefone móvel, principalmente os mais jovens. Hoje, o telefone é utilizado para consultar as horas, despertar, para comunicação instantânea, para facilitar a organização dos conta-tos, colocar lembretes, tirar fotos, fazer vídeos, escutar música...

De fato, anualmente, aumenta o número de pessoas que usam

Kívia Oliveira

o celular com muita frequência e a maior incidência está entre os adolescentes. Na hora do almoço ele divide o lugar na mesa, à noite está sempre ao alcance, durante o dia fica no bolso e, se ele é esqueci-

do em algum lugar, torna-se moti-vo de irritação ou apreensão. Tais atitudes, que mudam o compor-tamento das pessoas, causam de-pendência e, nos casos extremos, podem provocar distúrbios con-

Vestibular, provas, diversi-dade de conteúdos a serem es-tudados, junta-se a tudo isso a pressão... como o jovem ainda consegue se lembrar de tudo que estudou? A memória é um dos principais aliados de um bom estudante, e aquela, também, que sempre o deixa na mão em momentos decisivos, quando se pergunta: como era mesmo aquela fórmula? Dessa forma, quais são os caminhos tomados pelo cérebro para montar nossas recordações, e como podemos deixar nossas lembranças sem-pre ligadas?

Nosso cérebro é composto por vários centros memoriais - visual, auditivo, tátil, olfativo, afetivo. Utilizamos sempre um desses centros ou a combina-ção deles para memorizarmos um fato em especial. A grafia de uma palavra, o movimento das mãos quando a escrevemos, a leitura do quadro, a voz do pro-fessor, cada um possui um signi-

Lucas Guerra

Da memória ao saberSaiba como funciona o processo de memorização no aprendizado

ficado específico para o cérebro e irão fazer parte de um dos centros memoriais.

Nossa memória é associativa, o cérebro possuiu várias conexões para nos fazer lembrar os fatos que queremos. Essas associações provêm de cada um dos centros memoriais que possuímos. Por exemplo, se esquecemos de uma fórmula matemática em um ins-tante, podemos relembrá-la por meio de várias conexões - uma música que nos faça lembrar a expressão, uma situação engraça-da que possa ter ocorrido quan-do aprendemos a fórmula, ou até mesmo o lugar exato em que a es-crevemos no caderno.

A memória também está aliada ao prazer. Se gostarmos de estudar alguma matéria em especial, nossa capacidade de gravá-la é multipli-cada. Por isso, muitas vezes temos dificuldade em memorizar as leis da física, alguma composição química ou o ano de um aconte-cimento histórico. Os desprazeres que cada um de nós possuímos com algumas disciplinas especí-

ficas nos fazem esquecer rapida-mente delas quando necessitamos delas.

Segundo o psicanalista e psicó-logo Everardo Alberto Fonseca, o prazer e o estímulo são essen-ciais para que os alunos consigam aprender uma matéria, o próprio aprendizado é um exercício de memorização. De acordo com ele, para manter a memória ativa pre-cisamos apenas de incentivo, tanto da nossa parte, como da parte dos professores. “O estudante precisa descobrir o prazer que cada ma-téria possui. A descoberta vem da força de vontade. O professor tem a função de ajudar o aluno a en-contrar o prazer na sua matéria. O professor que busca na educação apenas o seu salário deveria mudar de profissão”, ressalta Everardo.

Nossas lembranças não vivem apenas de prazeres e estímulos. Uma alimentação saudável tam-bém é fundamental para a ma-nutenção de nossa memória. Ali-mentos que contenham potássio, como banana, batata, abacaxi e cereais, são ótimos estimuladores.

temporâneos conhecidos como tecnoses. Dentre essas complica-ções estão: síndrome da vibração fantasma, insônia, cansaço ocular, dedo de celular, audição prejudi-cada e queimaduras de bateria.

Em relação ao motivo dessa re-lação íntima, a psicóloga Janaína Copello Quintes Monnerat des-taca o fato de não considerar o ce-lular como um vício e justifica: “os adolescentes usam as tecnologias para se sentirem mais bem aceitos dentro dos seus grupos e também como uma maneira de se firmarem nos círculos sociais”.

A pedagoga Cláudia Venância Pimentel da Silva, chefe do depar-tamento de Ensino Fundamental de Viçosa, conta que vários pro-fessores já reclamaram do uso do celular dentro das salas de aula. Alunos se dispersam, saem pra atender telefonemas, ouvem mú-sica e ainda têm os espertinhos que pedem e passam cola das ava-liações por SMS. “Proibir não é o caso, mas sim restringir o uso. A atitude é recolher qualquer apa-relho eletrônico se o aluno estiver comprometendo o andamento da aula”, afirma a pedagoga.

O psicólogo Everardo Alberto Fonseca, em conversa com o OutrOlhar, receitou um ótimo exercício para estimular a me-mória dos jovens. Confira:

1) Leia o texto, concentradamente, em voz alta. Dessa forma, irá ativar dois centros sensoriais, o auditivo e o visual.

2) Após a leitura, faça um resumo de tudo que leu. Ao escrever o resumo, a memória tátil (do movimento e da escrita) será ativada. O cérebro também irá criar uma associação proveniente da síntese.

3) Por fim, faça exercícios de fixação para ativar o raciocínio e memorizar o que acabou de estudar!

Lembre-se: a memória necessita da nossa atenção, dedicação e leitura!

DISTÚRBIOS CONTEMPORÂNEOS podem ser causados pelo uso excessivo de celulares

Kívia Oliveira

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tecnologiaciência e tecnologia

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Exercícios comuns, como pular corda, trazem boas consequências a diversos órgãos e sistemas do corpo humano

Camila Caetano

Atividades simples são benéficas à saúde

Controlar o peso não é apenas uma questão de estética é um bem à saúde. Devido ao grande núme-ro de pessoas com sobrepeso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já está considerando o transtorno alimentar como uma epidemia.

A OMS define como sobre-peso o Índice de massa corpórea (IMC) entre 25 e 29,5/metro quadrado; e obesidade quando ele é superior a 30/metro qua-drado. Se você deseja saber a sua massa corpórea basta dividir seu peso, em quilogramas, pela sua al-tura ao quadrado, em metros.

Em decorrência do aumen-to de pessoas acima do peso, há mais casos de adolescentes com Síndrome Metabólica, doença relacionada a diversos males liga-dos à obesidade, como problemas cardiovasculares. O controle do peso é essencial para reduzir esse risco.

Em um artigo da revista Com Ciência, Lília D’Souza-Li, pro-

Luiza Sena

Internet direto da tomada: mais usuários na redeDesde o surgimento da inter-

net, em meados de 1945, novi-dades tecnológicas surgem com bastante frequência no ramo. Quando não se consegue pensar em mais nada a ser criado, logo algo novo chega ao mercado. A rede foi criada com objetivos mi-litares, mas, nas décadas de 1970 e 1980, começou ser usada como importante meio de comunica-ção acadêmico. Apenas em 1990 a internet alcançou a população em geral.

O uso dessa tecnologia modi-ficou a vida de milhares de pesso-as e algumas não conseguem mais se imaginar vivendo sem a rede. Hoje podemos acessar a internet de praticamente qualquer local, isso graças aos moldens móveis e celulares.

Recentemente, uma nova maneira de acesso ganha vida

no Brasil. Ela permite conexão diretamente da tomada de ener-gia e recebe o nome de PLC (do inglês, Power Line Communica-tion). Apesar desse mecanismo já estar presente no mercado em vá-rios países, apenas em abril deste ano a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou e

definiu critérios técnicos para o uso da PLC no Brasil. Com essa apro-vação, ficou estipulado que as concessionárias de energia (Cemig, em Minas Gerais, por exem-plo) seriam os provedo-res desse tipo de acesso à internet.

A implantação do sistema necessita de um modem que extrai o si-nal da internet via rede

fessora da Unicamp, apresenta algumas mudanças que podem ser feitas diariamente para se aumen-tar o aumento de peso: tomar café da manhã todos os dias e evitar o jejum prolongado por mais de 4 horas; começar as refeições do almoço e do jantar comendo ver-duras; evitar a repetição de pratos (uma sugestão é comer uma fruta como sobremesa após terminar o prato principal para não repetir a refeição); dormir e levantar cedo; e fazer atividades físicas diárias de pelo menos 30 minutos.

Uma das atividades físicas reco-mendadas é pular corda, exercício simples e prático. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa de Atividade Física da Universida-de de Illinois comprova que pular corda torna o coração, músculos e ossos mais fortes. Também au-menta a agilidade, flexibilidade e capacidade aeróbica. Além disso, para mulheres, o baixo impacto dos pulinhos é um excelente an-tídoto contra osteoporose. Como pular corda é um exercício inten-so, para quem está começando é

necessário intercalar a atividade com intervalos de descanso, como pular 1 a 2 minutos e descansar 30 segundos. Aos poucos você deve aumentar o tempo de atividade e, por fim, eliminar o descanso.

A atividade de pular corda, como qualquer outra, exige cui-dados. Segundo a professora de Educação Física da UFV, Leonice Doimo, é indispensável um aque-cimento leve que faça aumentar a frequência cardíaca gradativa-mente. Alongamentos são ideais para serem feitos ao final da ativi-dade, pois com o corpo aquecido os efeitos serão melhores (maior ação sobre os elementos elásticos dos músculos e ligamentos).

Paulo Lanes Lobato, também professor de Educação Física da UFV, diz que é necessário mostrar que a prática da atividade física contribui para melhoria da quali-dade de vida e não só para a perda de peso. “Com isso, estimula-se ao praticante entender que a perda de peso seja apenas mais uma con-sequência da prática da atividade física”, conclui.

elétrica, sinal esse que passa pelo cobre da fiação. A tecnologia PLC pode ser usada em redes elétricas de alta, média e baixa tensão. Quando o sistema é instalado, to-das as tomadas do local passam ter conexão à rede.

Em Viçosa, pesquisas na área são realizadas, desde julho de 2008, pelo estudante Fernando Ranaubo, do curso de Engenharia Elétrica da UFV. Fernando tra-balha com comunicação via rede elétrica.

Para ele, as vantagens do uso dessa nova tecnologia são muitas, mas a principal é a extensão de seu alcance, sendo possível chegar em regiões onde outras alternativas de acesso rápido a internet ainda não estão disponíveis.

Porém, dúvidas aparecem com relação a chegada da PLC em Viçosa. “A implantação deste sis-tema requer um investimento ini-cial alto, além disso, esta rede só é aplicada em pequenas distâncias, o que requer um aglomerado para que seja viável a implantação des-ta tecnologia, como em grandes condôminos, por exemplo”, decla-ra Fernando.

Apesar das contrariedades, a cidade de Viçosa ainda espera que o acesso à internet via energia elétrica se torne viável, para que a simplicidade de se conseguir uma conexão à rede por meio das tomadas de nossas casas se torne possível.

PULAR CORDA é simples e prático, entretanto, como toda atividade física, ajuda para uma melhor qualidade de vida

Camila Caetano

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esportesesportes

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Alvo de grande parte dos jovens que buscam aumentar a massa muscular sem grande es-forço físico, os anabolizantes se tornaram comuns no meio dos estudantes.

Na idade jovem é comum os indivíduos valorizarem a aparência física acima de tudo. Todos querem ficar bonitos, com corpos esbeltos, parecidos com o conceito de beleza que veem nas tevês, jornais, revistas e internet. Porém, para alcançar esse objetivo, eles apelam para o uso inadequado de anabolizan-tes, sem ter a menor noção do mal que isso pode lhes causar.

Questionada sobre qual a fi-nalidade do uso de anabolizan-tes, a nutricionista Mônica Sal-danha, especialista em nutrição esportiva, explica que eles nor-malmente são usados em casos de deficiências hormonais e doenças degenerativas. A nutri-cionista ressalta que eles devem ser usados exclusivamente sob indicação médica, visto que o uso inadequado desses este-roides pode causar problemas paralelos de saúde que ficarão para sempre na vida dos usuá-rios.

O professor de educação fí-sica e personal trainer Eduardo Ribeiro chama a atenção para o fato de que, mesmo com orien-tação médica, esses remédios são perigosos e podem causar diversos efeitos colaterais. Den-tre eles, o professor cita: pro-blema no coração, impotência sexual, esterilidade, espinhas, insônia, atrofia dos testículos, tumores nos rins, agressividade e até mesmo a morte.

Acostumado a vivenciar si-tuações em que atletas se utili-zam de anabolizantes para levar vantagem sobre outros saudá-veis e radicalmente contra o uso desses esteróides, o faixa-preta de jiu-jitsu Paulo Alexandre aconselha qual caminho devem seguir os jovens que desejam ganhar massa muscular. “Pro-cure uma pessoa especializada, de preferência um médico, e pratique esportes”, diz.

Anabolizantes, para quê?Diego Mendes

Oportunidades para jovens viçosenses através do esporteConheça o Projeto Bom de nota, Bom de bola, revelador de talentos do esporte viçosense

Que o verão já está chegando ninguém dúvida, afinal, os dias estão cada vez mais quentes e o que mais se ouve nas ruas são co-mentários do tipo “Nossa, que calor!”, “Ô sol quente esse!”. Vo-cês devem estar se perguntando o que isso tem a ver com esporte, e garanto que esses dias pra lá de ensolarados têm feito a festa dos alunos de natação do Projeto Bom de Nota, Bom de Bola.

O programa começou ofere-cendo aulas gratuitas de futebol. No entanto, com o passar do tempo, tornou-se possível a in-clusão de novas modalidades es-portivas, como natação, basque-te, handebol, vôlei, badminton, karatê, judô, entre outros.

O projeto atende a cerca de 500 crianças e jovens, de 6 e 16 anos, que têm a oportunidade de escolher qual esporte desejam praticar. No caso da natação e de algumas modalidades coletivas, as aulas são realizadas na AEV (Associação Esportiva Viçosen-se), mas há outros lugares que atuam em parceria com o proje-to, cedendo suas instalações. A UFV e o distrito de São José do

Alongamento deve ser prática do dia a diaAo fazer exercícios físicos mui-

tas vezes sentimos dores e descon-fortos musculares e, ao contrário do que se pensa, a dor não é um sinal de desenvolvimento físico. Geralmente, são sinais de tensões musculares, causadas pela falta de alongamentos, os quais são essen-ciais para o relaxamento do mús-culo após as atividades. No entan-to, a questão é: como se alongar corretamente em nosso dia a dia?

O professor de educação física da Escola Edmundo Lins, José Cláudio Santana, relata que sem-pre exige que seus alunos alon-guem. “É uma atividade que eles não gostam muito, mas temos que insistir que façam, caso con-

Olívia Miquelino

Sávio Lopes

NATAÇÃO é o esporte mais procurado pelos alunos do projeto Bom de Nota, Bom de Bola

Triunfo).Uma importante parceria ocor-

re entre o Projeto Bom de Nota, Bom de Bola e o Projeto Ajudô, realizado pela Academia Pena, conhecida pela tradição no ensino das artes marciais na cidade.

Um exemplo de atleta destaque do Projeto Ajudô é Vitor Hugo, mais conhecido como “Taxinha”. Com 16 anos, o atleta conseguiu uma vaga para o próximo Mundial de jiu-jitsu, na Califórnia (EUA).

Para participar dos projetos o estudante deve estar matriculado em alguma escola pública de Vi-çosa. Esse vínculo é importante, pois as atividades esportivas fun-cionam como um complemento educacional para as crianças e adolescentes.

Edison Gomes é outro exem-plo de jovem beneficiado pelo projeto. Era estudante da Escola Estadual Doutor Raimundo Alves Torres (o Esedrat) quando ingres-

sou no Projeto através das aulas de basquete. No 8º ano, recebeu uma bolsa de estudos no Colégio Equi-pe, graças ao seu bom desempenho esportivo. Depois disso, concluiu seus estudos e passou no vestibu-lar para Educação Física da UFV. Hoje, no sexto período do curso, agradece ao projeto, atuando nele como professor de basquete e le-vando aos seus alunos os valores que o fizeram não só atleta, mas também cidadão.

trário podem sentir dores no fi-nal da aula”, disse. As orientações que o professor dá aos seus alunos enquanto se preparam para as ati-

vidades são: postura adequada, pernas semiflexionadas e o posi-cionamento correto dos segmen-tos (pernas e braços) para atingir

a musculatura desejada.Segundo a personal trainer Fa-

biana Costa, um dos cuidados que se deve ter ao alongar é em relação à postura: “o mais importante é a coluna, pois para suportar o nosso peso, o ideal é ela permanecer ere-ta”. Além disso, ela destacou que o alongamento não precisa necessa-riamente causar dor para que ele tenha efeito, basta sentir o múscu-lo se esticando e permanecer de 12 a 15 segundos na posição.

Estudos recentes relatam que a prática no início das atividades não traz tantos efeitos. Fabiana alerta: “Alongar antes do exercí-cio não traz muito benefício, mas no final é de extrema importância para evitar dores e diminuir a fa-diga”.

ORIENTAÇÃO profissional ajuda a boa prática esportiva

Olívia Miquelino

Sávio Lopes