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JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UFV ANO 6 | EDIÇÃO Nº 19 | JUNHO 2009 Maristela Leão Fauna Brasileira Criar animal silvestre em casa é ilegal Lei Rouanet: propostas na lei de incentivo à cultura página 11 As histórias e os ídolos do esporte local Futebol de Viçosa Descubra o valor da leitura na infância páginas 2 e 5 Novo Enem Entenda o que muda no ingresso do Ensino Superior página 8 Reproduçção entrevista cultura opinião e cidade Vigilantismo e a repercussão da instalação de câmeras em Viçosa páginas 3 e 4 Dênny Sivieiro página 15 página 7

Jornal OutrOlhar | Edição 19 | Junho de 2009

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Jornal laboratório do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa produzido pelos alunos da turma de 2007 no período 2009.1 sob orientação do professor Ricardo Duarte. Nessa edição escrevi sobre o novo formato do Enem. A matéria saiu em Cidade. Além de diagramar essa editoria, fui assistente de edição final.

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JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UFV

ANO 6 | EDIÇÃO Nº 19 | JUNHO 2009

Maristela Leão

Fauna BrasileiraCriar animal silvestre em casa é ilegal

Lei Rouanet:propostas na lei deincentivo à cultura

página 11

As histórias e os ídolos do esporte local

Futebol de Viçosa Descubra ovalor da leitura

na infância

páginas 2 e 5

Novo EnemEntenda o que muda no ingresso do Ensino Superior

página 8

Repr

oduç

ção

entrevista cultura

opinião e cidade

Vigilantismo e a repercussão dainstalação de câmeras em Viçosa

páginas 3 e 4

Dênny Sivieiro

página 15 página 7

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opiniãoopinião

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Jornalismo público e de qualidade

O jornalismo comercial adota, de um modo geral, critérios de escolha do que é notícia tomando como base os interesses dos pro-prietários e acionistas do jornal; os interesses econô-micos (vender jornal); os interesses de editores geral-mente comprometidos com o status quo da empresa; e os interesses por aquilo que está na mídia. Já o jornalis-mo público – praticado se-jam em emissoras de rádio e tevê educativas ou em jornais universitários, labora-tórios, etc – deveria adotar um caminho inverso.

A decisão do que seria notícia em veículos que re-cebem recursos dos cofres públicos poderiam tomar como base a seleção de pautas convergentes aos interesses das políticas pú-blicas nacionais, a nível estadual e municipal; pre-ocupar-se mais com assun-tos de interesse social que econômico e mais com assuntos fora da mídia que mercadológicos.

O “OutrOlhar”, desde seu início, sempre adotou essa postura. E nesta edi-ção, despontam também assuntos que afetam de alguma maneira o nosso público-alvo: estudantes do ensino médio das esco-las públicas da cidade e re-gião. Com essa preocupa-ção, a intenção do jornal sempre foi de selecionar assuntos a partir de uma pauta já esquecida pelo jornalismo comercial, pres-tando contas à sociedade e na busca de desenvolver experiência sobre a prática de um jornalismo público de qualidade.

prof. Ricardo Duarte

Jornal-laboratório produzido pela turma de 2007 do curso de Comu-nicação Social - Jornalismo da Uni-versidade Federal de Viçosa.

Endereço: Vila Giannetti, Casa 39, Campus Uni-versitário - 36570-000 - Viçosa, MG

Tel: 3899-2878

Reitor: Prof. Luiz Cláudio Costa

Diretor do Centro de Ciências HumanasLetras e ArtesProf. Walmer Faroni

Coordenadora do Curso de Comunicação Social/JornalsimoProfª. Soraya Ferreira

Editor ChefeProf. Ricardo Duarte (Interino)Registro: MTB 3123

Assistente de EdiçãoThiago Araújo

Redação e RevisãoAndré Pacheco, André Vince, Andriza de Andrade, Bárbara Gergeiheimer, Daniel Leite, Daniela Araújo, Daniela Silva, Dênny Sivieiro, Elizângela Arêas, Elder Barbosa, Eloah Monteiro, Éverton Oliveira, Felipe Cardoso, Fernanda Monteiro, Fernanda Pônzio, Fernanda Reis, Fernanda Viegas, Fernando Nardy, Geanini Hackbardt, Jéssi-ca Marçal, Lara Carlette, Lívia Alcântara,

Lorena Tolomelli, Luan Henriques, Lucia-na Melo, Luciana Castro, Luiz de Moraes, Luiz Nemer Neto, Marília Cabral, Maísa Oliveira, Maria Antônia Perdigão, Maris-tela Leão, Mateus dos Santos, Michelly Oda, Nízea Coelho, Oswaldo Botrel, Pedro Nunes, Raul Gondin, Roselly Rodrigues, Samanta Nogueira, Talita Aquino, Thaís Castro, Thiago Araújo, Titina Maia e Vic-tor Godoi

Diagramação: André Pacheco (Cultura), Raul Gondim e Eloah Monteiro (Ciência e Tecnologia), Talita Aquino e Eloah Mon-teiro (Comportamento), Marília Cabral e Fernanda Pônzio (Esportes), Fernanda Reis (Entrevista), Thiago Araújo (Cidade). Os alunos de Opinião e Meio Ambiente com-partilham os créditos de suas respectivas diagramações.

ImpressãoDivisão Gráfica Universitária

Tiragem1500 Exemplares

Os textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso, sendo de intei-ra responsabilidade de seus autores

AO LEITOR

Como tudo neste país, mais uma proposta foi lançada sem consulta ao povo, porém, des-ta vez, não houve tempo para pensar na resposta. Ou melhor, para pensar, apenas pensar, houve sim. “Magníficos reito-res, vocês têm até o dia 30 do próximo mês para definirem se querem mudar radicalmente o sistema de ingresso dos estu-dantes em suas instituições.” “Mas ministro, o tempo não está muito curto?” “Oh! Des-culpem-me, vocês têm razão. Vou dar-lhes mais 20 dias.”

Obviamente este é um diá-logo imaginário, mas não dei-xa de transparecer a situação inusitada da proposta do Mi-nistério da Educação (MEC): unificar o sistema de ingresso em universidades por meio do

Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

A proposta é boa? O for-mato será produtivo? Pode até ser, afinal há muito se busca uma reformulação do temido vestibular. Mas é pre-ciso entender que questões desta proporção necessitam ser melhor debatidas. É certo que o Governo vai repassar mais recursos para a assis-tência estudantil, mas quem garante que o pernambuca-no que passar no Sul do país vai ter acesso a este repasse? E como ficarão os estudan-tes do Sudeste? Apesar desta região apresentar as maiores notas no Enem, estas não re-fletem as notas dos alunos de escolas públicas. Eles vão, então, perder suas vagas para vestibulandos de outras regi-

ões? Isso sem falar daqueles que não têm acesso diário à internet, meio onde serão di-vulgadas notas e resultados.

Há ainda mais uma questão, talvez a mais importante: como ficará a qualidade do ensino? Sim, porque durante a inscri-ção os estudantes terão acesso às suas notas e à nota corte do curso pretendido. De forma que ele poderá, facilmente, optar por um curso que não almeja apenas para ter a vaga garantida em uma Universida-de Federal. Está passando da hora de se pensar o futuro dos profissionais no Brasil.

Fica a pergunta: depois do Reuni, do Prouni, das Cotas, da Unificação e de tantos ou-tros programas, a intenção é realmente fazer um país me-lhor

Nízea Coelho

A maioria das instituições de ensino adotam a carteira de estudante para a identificação dos alunos. Do lado de fora da escola, esse documento pode garantir descontos em locais como cinemas, teatros e shows musicais.

Na verdade, a “meia-entra-da”, pagamento relativo à meta-de do valor real do evento, é um direito dos estudantes não muito exercido em Viçosa. Com exce-ção do cinema, em nenhum ou-tro lugar funciona esse sistema, nem mesmo nas apresentações teatrais no campus da UFV. Isso porque a situação da cidade é atípica, com muitos estudantes, a maioria jovens cheios de dis-posição para sair e se divertir nas baladas e barzinhos. Se as festas universitárias vendessem bilhetes de meia-entrada, prati-camente todos os participantes pagariam metade do preço, in-clusive os estudantes do ensino médio. Por quê não adotar um valor único? Os promotores de eventos dizem que o valor co-brado já é a meia-entrada, mas nunca se viu o bilhete com o preço “inteiro”.

O fato é que desconto atrai público e entre os jovens esse efeito é ainda maior. Como a maior parte dos estudantes ain-da não tem uma fonte fixa de renda, o dinheiro não costuma sobrar no fim do mês. É por isso que cada vez mais farmácias, restaurantes e até cabeleireiros aliviam o bolso da galera. Mes-mo que este abatimento seja só para os universitários, já é algu-ma vantagem. Um dia, os alu-nos do segundo grau vão entrar na faculdade e poderão usufruir dessas facilidades.

É claro que o uso da meia-entrada em mais eventos seria muito melhor. Mas se pensar-mos bem, Viçosa ainda oferece opções baratas de lazer, o que não é fácil encontrar nos gran-des centros. Em todo o caso, na dúvida, é só pegar um cinemi-nha que sai pela metade do pre-ço enquanto a vida de estudante durar.

A “meia” da maioria

“No ano de 1.500 Pedro Ál-vares Cabral descobriu o Bra-sil”, “Em 1.888 a princesa Isabel libertou os escravos”. Mesmo sabendo que os fatos históricos não aconteceram bem assim al-guns livros didáticos e professo-res ainda ensinam o Brasil sob esta ótica eurocêntrica, reduzin-do ou mesmo desconsiderando personagens de extrema impor-tância para a formação histórica do país, os indígenas e os afri-canos.

Buscando solucionar esta falha no ensino brasileiro o go-verno federal sancionou, no dia 10 de março de 2008, a Lei

11.645/08, que alterou e estabe-leceu novas diretrizes e bases à educação. Assim, tornou-se obrigatório o ensino de “His-tória e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” nos ensinos funda-

mental e médio, tanto de escolas públicas, quanto de particulares.

Sem dúvida esta foi uma ini-ciativa importante, talvez o pri-meiro passo rumo a uma educa-ção mais democrática, no sentido de todas as heranças culturais

brasileiras – indígena, africana e européia – serem igualmente contempladas. No entanto, a lei isolada não tem poder algum.

Para que ocorra uma mu-dança significativa no ensino da “História do Brasil” é necessá-rio, primeiramente, qualificar professores. Caso contrário, es-tes acabarão tratando a temática indígena e africana com superfi-cialidade, falando apenas sobre curiosidades que não contribuem em nada para a compreensão da participação desses povos na formação nacional. Assim, pre-valecerão preconceitos e esterió-tipos. E pior, o discurso do colo-nizador continuará se impondo sobre o colonizado.

É necessário redescobrir o Brasil

Mais uma do Mec...

A lei isolada não

tem poder algum.

Maísa Oliveira

Lorena Tolomelli

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Cotas: a inclusão dos excluídos?

Nos filmes de ficção cien-tífica nós já vimos histórias sobre clones, criaturas metade homem-metade bicho, pessoas modificadas em laboratório que viram monstros terríveis, etc. Depois da decodificação do ge-noma humano e com as novas potencialidades da biotecno-logia, a ficção daqueles filmes pode já não ser tão fictícia as-sim.

Os meios de comunicação têm divulgado, com uma fre-qüência incrível, resultados às vezes assustadores de pes-quisas científicas de ponta. As novas técnicas da engenharia genética aplicada, sobretudo, e as possibilidades que ela trará num futuro próximo levantam questões críticas sobre os direi-tos humanos, nossa segurança biológica e nossa dignidade.

Quando uma experiência pretende alterar o patrimônio genético da raça humana, por exemplo, ela pode ter impli-cações muito perigosas. No entanto, sociedade e Estado

devem incentivar a pesquisa e estimular novas técnicas que possam aliviar os problemas da humanidade. No caso dos alimentos transgênicos, por exemplo, as qualidades que estão no mercado há anos e vem sendo consumidas até agora não afetaram a saúde de ninguém. A Comissão Técni-ca Nacional de Biossegurança (CTNBio) fiscaliza a seguran-ça ambiental e alimentar deles. Logo, não creio que os transgê-nicos sejam uma preocupação.

Porém, o furor dos cientis-tas deve ser freado quando ne-cessário. Em 2007 o governo inglês apresentou um projeto para autorizar a criação de em-briões híbridos humano-ani-mal, o que poderia gerar orga-nismos instáveis ou aberrações! É possível que eles já estejam sendo criados em laboratórios secretos pelo mundo.

A vida humana não pode ser subordinada ao abuso científico! É um contra-senso que estejam criando “bebês-medicamentos” para matá-los e doar a medula deles! O embrião é um ser hu-

mano digno de direitos. O pró-prio congelamento de embriões para fertilização in vitro já é um absurdo!

Desenvolvimento tecnológi-co às vezes significa retrocesso, não progresso. Se os cientistas começam a gerar embriões para matar os imperfeitos e selecio-nar os que têm a genética deseja-da (eugenia), seria como voltar às práticas dos antigos pagãos que jogavam suas crianças defi-cientes ao fogo ou atiravam-nas penhasco abaixo. O materia-lismo e a eugenia vergonhosa mascarada com bons sentimen-tos não podem convencer-nos! Só Deus sabe aonde nos levará esse “cientificismo”...

Não. Não teremos o reality show Big Brother Brasil aqui em Viçosa. Na realidade, até pode ser algo similar, mas com uma diferença: quem antes fi-cava vigiando os confinados, agora será o vigiado. Isso por-que estão sendo instaladas câ-meras de segurança em alguns pontos do centro da cidade. A finalidade? Trazer mais segu-rança.

Mas será que com a pro-metida segurança, não virão outros problemas? Essa é a so-lução adequada para combater a criminalidade?

Alguns críticos afirmam que o efeito dos dispositivos de vigilância se aproxima do con-texto da ditadura, já que elas passam a inibir certos compor-tamentos não só dos crimino-sos, mas das demais pessoas.

Outro ponto. Com as câ-meras funcionando, os assal-tantes devem parar de atuar nas áreas por elas cobertas. Isso é bom. Mas para onde eles irão? Provavelmente, devem encon-trar novos lugares, para novos assaltos. Por isso as câmeras podem gerar uma falsa sensa-

ção de segurança, e isso, não é bom.

Quanto à solução, podemos pensar no seguinte: hoje as câmeras de segurança fazem parte do processo de moderni-zação dos municípios, e isso se tornou algo praticamente irre-versível. Entretanto, elas não são capazes de solucionar tudo. Por isso o ideal é agir na raiz do problema, através de um investimento paralelo conside-rável em todo o sistema educa-cional. Além disso, também é necessário criar mais empregos e melhorar o sistema penitenci-ário, que atualmente se mostra incapaz de ressocializar seus detentos.

Se isso não for feito, essa ação será igual a da chamada “Operação Tapa-Buraco”, do Governo Federal, em que os bu-racos tapados voltam em pouco tempo, mas que se o reasfalta-mento fosse realizado, isso não aconteceria. Se administração pública tentar tapar os buracos da criminalidade com câmeras, não vai adiantar muita coisa. O pior é que nesse Big Brother nenhum de nós pode ganhar um milhão de reais...

BBB ViçosaLuiz Nemer

Conquistar uma vaga no en-sino superior público brasileiro não é nada simples. Primeira-mente você precisa possuir co-nhecimentos acumulados que superem os de seus concorren-tes. Por isso, quem não recebeu a adequada formação na base escolar enfrenta grandes difi-culdades nesta seleção.

Como tentativa de nivelar a enorme desigualdade no ingres-so das universidades públicas, implantou-se, em algumas enti-dades brasileiras, o sistema de cotas. Ele surgiu com a propos-ta de dar oportunidades a quem antes não as teve, e ainda, au-mentar o percentual de negros na graduação, promovendo as-sim o exercício da inclusão.

Questiona-se, no entanto, esta forma de inclusão, seja ela social ou racial. É fato que o po-bre fica muitas vezes a mercê de uma vaga na universidade por

não ter tido condições de pagar por um estudo base qualificador. E esse é o grande problema: ter que comprar a “boa” educação, já que o ensino desqualificado da maioria das escolas públicas do país responde por tamanha exclusão na inserção universi-tária. Desta forma, criam-se as cotas sociais pra minimizar tais desvantagens. E assim a sujeira vai sendo jogada para debaixo do tapete e o discurso inclusivo encobre a precariedade do nos-so sistema educacional.

Seguindo a mesma linha, tem-se as cotas raciais. Estas fomentadas por um discurso ainda mais fervoroso de banir o

racismo do ensino superior. É, no entanto, perceptível e preo-cupante o negro ocupar tão pou-cas cadeiras na academia. Mas designá-lo como aluno especial pela concessão de um favore-cimento no ingresso superior devido à sua cor é, no mínimo, uma forma segregacionista. E segregar é aumentar ainda mais o preconceito.

As cotas raciais são muitas vezes justificadas como uma forma de tentar reparar as in-justiças históricas. Contudo, o negro não precisa se ater ao passado, neste aspecto, para conseguir fazer seu futuro. A ele e aos demais brasileiros é imprescindível que seja ofereci-do, pelo Governo, um ensino de base educador e qualificador.

Assim o negro, o branco, o pobre, o rico, o brasileiro será capaz de vencer pela sua com-petência e esforço, sendo ele próprio o construtor de seu su-cesso.

Luciana Castro

Segregar é

aumentar ainda

mais o preconceito.

A Revolução científica e a BioéticaLuiz de Moraes

A vida humana não

pode ser

subordinada ao

abuso científico!

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cidadecidade

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Mar

istel

a Le

ão

Câmeras instaladas no início da Av. P.H. Rolfs, próximo às 4 Pilastras

Para trazer maior segurança à população, Viçosa vai im-plantar o projeto “Olho Vivo”, desenvolvido pela Diretoria de Tecnologia e Sistemas da Po-lícia Militar de Minas Gerais (PMMG). O projeto prevê a instalação de câmeras de vigi-lância em pontos estratégicos da cidade, onde há maior inci-dência criminal.

A idéia de implantação do projeto surgiu no 1° Fórum de Segurança, que aconteceu em 2006, organizado pelo Lions Clube, o Rotary Clube, a Asso-ciação Comercial de Viçosa, a UFV e a Prefeitura. Segundo o secretário de desenvolvimen-to, Ramon Carlos Fernandes, que na época era o secretário de trânsito, a cidade vivia uma crise de segurança pública em

2006 e o fórum discutiu medi-das como o aumento do efetivo policial e o monitoramento das principais ruas da cidade.

O comandante da 97ª Com-panhia Especial da Polícia Militar (PM), Major Ranieri Márcio da Cruz, afirmou que a execução do “Olho Vivo”, no 34° Batalhão da PM em Belo Horizonte, reduziu de forma significativa o número de deli-tos na região. Ainda segundo o Major, a utilização das câmeras inibe a prática criminosa, pois além de serem monitoradas 24 horas por dia e possibilitar uma ação imediata da polícia, as imagens podem ser utiliza-das como prova judicial.

A opinião dos moradores da cidade ainda está dividida. Alguns acreditam que as câ-meras vão ser capazes de di-minuir os delitos cometidos,

principalmente os assaltos muito comuns no Centro, mas o projeto somente será eficien-te se houver uma ação efetiva da polícia, averiguando os fatos e detendo os infratores. Outros acham que a medida não surtirá muito efeito, uma vez que os ladrões não se ini-bem em praticar assaltos em plena luz do dia.

Viçosa será o terceiro muni-cípio do interior de Minas a re-ceber o projeto Olho Vivo, que até o momento já foi instalado em Uberaba e Montes Claros, além da capital mineira. O in-vestimento para implantação do projeto foi financiado pelo Governo do Estado e alcançou o valor aproximado de R$ 600 mil. A prefeitura vai arcar com os custos de manutenção e mo-nitoramento em um valor esti-mado em R$ 60 mil por ano.

Daniela Araújo

Olho Vivo é instalado em Viçosa

“Não temos em Viçosa um espaço público com estrutura adequada para a prática de es-portes. Principalmente depois da demolição, no ano passado, do Estádio Carlos Barbosa”, essas são as palavras do Che-fe da Divisão de Esportes da Prefeitura Municipal de Viço-sa, Adaílson Abranches. Mas como já publicado na mídia da cidade, o problema que en-volve esse assunto parece estar com os dias contados. Está em desenvolvimento um projeto para a construção de um está-dio na cidade.

Ainda não há prazos para o começo das obras, pois a Prefei-tura tem primeiro que elaborar um projeto para ser encaminha-do ao Ministério dos Esportes, mas a Câmara Municipal de Viçosa já entregou ao Ministro Interino dos Esportes, Wadson Nathaniel Ribeiro, um docu-mento oficial reinvindicando a construção de um estádio para incentivar a prática de esportes na cidade, o que já representa

um começo. O empreendimento é resultante da parceria entre a Prefeitura de Viçosa, o Ministé-rio dos Esportes, a UFV, a Asav e a Liga Esportiva da cidade. O projeto propõe a construção de um estádio para 10 mil pessoas, com grama natural e dimensões oficiais, localizado na rua do Pintinho, no Bairro Bela Vis-ta, no terreno da Asav, ao lado ginásio já existente, que inclu-sive fará parte do projeto, pois conta com uma boa estrutura de vestiários, banheiros e salas de fisioterapia e de reunião. A construção do estádio será um grande passo para melhoria da estrutura esportiva da cidade, que mesmo com algumas defi-ciências, tem equipes de fute-bol regularmente organizadas e competitivas, além disso, há campeonatos municipais, com atletas de diversas faixas etá-rias. O presidente da Liga Es-portiva, Pedro Saraiva, destaca a importância social que o em-preendimento possui, pois, tor-nará viável o desenvolvimento de projetos que utilizem o es-porte com forma de cidadania.

MIchelly Oda

Projeto de estádio dá novosrumos ao esporte

O Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – é uma instituição de educação pro-fissional, que tem como objetivo a capacitação de pessoas para aturarem no mercado industrial. Hoje o Serviço está presente em todos os estados do país e apresenta uma varie-dade de cursos nas modalida-des: aprendizagem, técnico, superior, pós-graduação, qua-lificação e aperfeiçoamento. Todos os cursos oferecidos pelo Senai, nas 27 áreas de atuação, são gratuitos.

Para Viçosa a instala-ção do Senai representa um avanço no desenvolvimento social. Uma parcela signifi-cativa da população local não tem a oportunidade de cursar o ensino superior, principal-mente em instituições públi-cas, como a UFV. Dados do Re-gistro Escolar da própria universidade mostram que, em 2008, do total de alunos ingressantes na graduação, aproximadamente 18% eram de na-tivos. Em 2009 esse percentual foi de cerca de 16%. Possibilitar o acesso de mais viçosenses a uma formação que lhe permita melhora na sua condição de vida é a finalidade da prefeitura. “O

que tem acontecido é que está partindo para a marginalidade. A gente sabe que eles estão ali é por uma falta de opção. Se a gente conseguir fa-zer com que aquelas pessoas tenham uma quali-ficação, a gente tem certeza que elas vão ter uma boa produtividade”, afirmou a vice-prefeita de Viçosa, Lúcia Duque Reis.

Outra contribuição do Ser-viço é em relação aos peque-nos e médios empresários que atuam na cidade. Segundo o presidente da Adevi (Agência de Desenvolvimento de Viço-sa), Anderson Donizete Meira, há “inúmeros empreendedores interessados em investir em Viçosa e que esbarram, dentre outras coisas, na falta de mão de obra qualificada no nível técnico”. Além disso, com o pessoal capacitado para a atu-ação no mercado de trabalho,

a cidade estará mais propícia a ampliar a sua atividade produtiva e absorver os novos trabalhadores, é o acredita o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Viçosa, Antônio Ciríaco Teixeira da Silva.

Em Viçosa o Senai não tem data confirmada para a implantação. Porém, já ficou acertado o local que será atrás do Colégio Viçosa, na rua Gomes Barbosa, Centro.

Fernanda Viegas

Desenvolvimento social é metada cidade com o SENAI

Possibilitar oacesso de mais

viçosenses a uma formação que lhe

permita melhorar na sua condição de vida

é a finalidade da prefeitura.

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Desde sua criação em 1998, o Enem é utilizado como o método de avaliação do ensino médio no Brasil. O exame ficou conhecido por ser uma prova que preza pela interdisciplinaridade e a contex-tualização.

O Ministério da Educação (Mec), em 31 de março deste ano, enviou um projeto aos reitores das universidades federais do país com o intuito de unificar e subs-tituir os vestibulares tradicionais por uma única prova. Esse exame seria um novo Enem, que passa por reformulações.

A primeira mudança será na duração. Antes o exame acontecia em um dia, em 2009, será nos dias 3 e 4 de outubro. Nesses dois dias, os alunos terão em média 2 horas e quinze minutos para resolverem cada uma das 4 provas, mais 1 hora para a redação (segundo dia). As provas tem início às 13h.

O número de questões também aumenta: de 63 passa-se para 180, divididas agora em quatro áreas do conhecimento (outra novidade).

Segundo o Mec, essas serão questões que não possuem uma única disciplina como referência. Para resolvê-las o aluno deverá re-correr às competências que o Exa-me exige, extrapolando as frontei-ras entre as disciplinas.

A redação volta com a temática focada mais uma vez nas questões sociais e globais, privilegiando as chamadas “atualidades”.

Com relação ao tipo de questão que o novo Enem pretende utilizar, o coordenador de um curso prepa-ratório para o vestibular da cidade, Ademir Ricart Alves, diz que “es-sas questões já vem sendo prati-cadas por muitas universidades” e que, sendo assim, não pretende por enquanto modificar o modo como prepara seus alunos. “Quem estu-da, está preparado para qualquer prova”, completa.

O Enem vai continuar valendo para o acesso às universidades par-ticulares por meio do Prouni, mas em certos casos o ingresso nas fe-derais mudará radicalmente. São quatro as formas de utilizar a pon-

tuação do novo exame. Dentre as 55 instituições federais, até o fecha-mento dessa edição, 27 já haviam se posicionado a favor da utilização do exame em alguma modalidade.

As universidades estão cautelo-sas. O diretor da Diretoria de Ves-tibular e Exames da UFV, Orlando Pinheiro da Fonseca Rodrigues diz que “a implantação não pode ocor-rer da noite para o dia, deve-se es-tabelecer metas, critérios e garantir em lei a continuidade do projeto independente de governos”.

Como a proposta é de um exa-me único para todo o país, as cau-sas dessa preocupação seriam o possível êxodo de estudantes que poderá ocorrer principalmente do norte para o centro-sul. Outros motivos seriam o aumento de re-cursos da União para atender a de-manda de segurança nos dias das provas, a contratação de profissio-nais para aplicá-las, a questão das cotas sociais dentre outras, isso tudo tendo em vista que, segundo Orlando, hoje o vestibular tradi-cional é auto-suficiente.

Orlando ainda afirma que o histórico do Brasil é dotado de ati-tudes imediatistas que já provoca-ram grandes prejuízos à educação do país. Logo, o que deveria ser pensado são métodos de valoriza-ção dos professores de ensino mé-dio e fundamental, além do conte-údo dado para que todos tenham as mesmas oportunidades.

Nesse sentido, o Mec apresen-tou no mesmo mês em que enviou o projeto do novo Enem, uma pro-posta para Reformulação do Ensi-no Médio baseado nas competên-cias e nas áreas do conhecimento exigidas no Exame.

Um outra questão polêmica do novo Enem é o Sistema de Seleção Unificada. Esse sistema vem sendo comparado a um “leilão”. Na pro-posta original, a disputa pelas vagas nas universidades que adotassem o Enem como fase única seria reali-zada via internet durante um perío-do onde o candidato poderia mudar suas opções entre os cursos quantas vezes quisesse, até a divulgação do resultado final.

O que muda com o novo Enem?MEC promove reformulações no Exame Nacional do Ensino Médio que podem modificar os rumos do ensino no país

por Maristela Leão e Thiago Araújo

Áreas do conhecimento1º dia

Ciências Humanas(História e Geografia)

Ciências Naturais(Física, Química e Biologia)

2º diaLinguagens

(Português e línguas estrangeiras*)Redação = Redação

Matemática = Matemática

Questões/Tempo63 questões + redação

(em um dia)

180 questões + redação

(em dois dias)

(4h30min no dia 2/10 e 5h30min no dia 3/10)

AproveitamentoCada universidade pode es-colher como vai utilizar a pon-tuação do novo Enem.

Conheça as quatro modali-dades:

Fase Única

A universidade selecionará os es-tudantes com as melhores pontu-ações para todas as vagas, em substituição ao atual vestibular.

Primeira etapa

A pontuação no Enem é utiliza-da substituindo a primeira fase. O aluno ainda precisa fazer provas específicas (segunda fase), apli-cadas pela universidade, para conquistar a vaga.

Integrado ao vestibular

Parte da pontuação do exame é utilizada em conjunto com o atu-al vestibular da universidade. É a opção da UFV. A participação do Enem por aqui sobe de 20% para 50%.

Vagas remanescentes

A universidade convoca os me-lhores classificados para as vagas que restaram após o vestibular.

5h

10h

Novas competênciasDominar linguagens

Dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das lingua-gens matemática, artística e cien-tífica.

Compreender fenômenos

Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos na-turais, de processos histórico-geo-gráficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.

Enfrentar situações-problema

Selecionar, organizar, relacionar, interpretardados e informações re-presentados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.

Construir argumentação

Relacionar informações, repre-sentadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em si-tuações concretas, para construir argumentação consistente.

Elaborar propostas

Recorrer aos conhecimentos de-senvolvidos na escola para elabo-ração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sócio-cultural.

* Inglês e espanhol só em 2010

Dia

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ela

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culturacultura

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Em outubro de 2008, o ins-tituto Datafolha divulgou uma pesquisa, na qual 20% dos en-trevistados disseram preferir assistir filmes em DVD ao as-sistir TV aberta, ir a shoppings, ir ao cinema, viajar, frequentar bares ou ir a festas e academias. Em Viçosa, esse gosto pelos filmes das locadoras e dos cap-turados na Internet se confirma, principalmente entre o público jovem.

A cidade possui apenas uma pequena sala de cinema e, so-mente nos bairros centrais, pos-sui 11 locadoras de filmes. A

média de locações por semana é de 400 filmes, segundo a fun-cionária Lorena Ferrari, de uma das locadoras mais procuradas da cidade. Ainda de acordo com Lorena, esse número já foi maior, uma vez que agora as lo-cadoras concorrem diretamente com a Internet. Em relação aos gêneros cinematográficos mais procurados, não há nenhuma surpresa, a preferência continua pelas comédias, mais presti-giadas pelos adolescentes, e os clássicos ficção e ação seguem em segundo lugar.

O funcionário Anderson Rabelo, da sala de cinema de Viçosa, disse que a faixa etá-

ria da maioria das pessoas que comparecem às sessões é de 13 a 22 anos. Afirmou também não haver uma preferência do público por algum gênero espe-cífico, mas confirmou uma no-tável predisposição das meni-nas adolescentes para comédias românticas ou romances em ge-ral. Para quem também aprecia uma boa pipoca, seguem alguns filmes que chegam nos próxi-mos meses nas telonas do Bra-sil: “Exterminador do Futuro - A Salvação”; “Transformers 2: A vingança dos derrotado”; “Harry Poter e o Enigma do Príncipe” e “A era do Gelo 3”.

A opção mais barata de lazerRoselly Gonçalves Rodrigues

Primeiro foi o ritmo aluci-nante da jovem guarda, depois foram os badalados tempos do iê-iê-iê, chegando rostinho co-lado das canções românticas da década de 80 começam a des-crever uma trajetória de muito sucesso, a do consagrado rei da Música brasileira, Roberto Car-los.

Trajetória esta, ainda sem ponto final. Mesmo sendo da geração das pessoas hoje na faixa dos 40 e 50 anos, Roberto ainda rouba a cena, ou melhor, os ouvidos, da garotada. Fãs clubes juvenis e comunidades no Orkut como “Jovens fãs de Roberto Carlos” tem expressi-vo número de integrantes.

Completando 50 anos de carreira em 2009, o cantor, ainda vivo entre as gerações, consegue reunir grandes pla-téias de várias idades. Natural de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, onde passou sua infância e adolescência (mes-ma cidade desta repórter que aqui escreve), trocou as praças

da pequena cidade e o material de engraxate pelo conservatório de música até se tornar o can-tor que mais vendeu discos na América Latina.

A estudante Ana Flávia Cunha, 14, declara sua admira-ção pelas canções de Roberto. “Eu sei que ele não é tão atual, mas suas músicas são tocantes. Acho que todo mundo, inde-pendente da idade consegue se identificar um pouco com as letras”.

Já o estudante, Guilherme Rosa, 22, do Curso de Química da UFV, confessa não ser “tiete” de Roberto, mas aprecia bastan-te o estilo musical e as letras.

Suas composições também fazem sucesso na voz de outras bandas da juventude atual. As músicas, “Além do Horizon-te”, regravada por Jota Quest., “Falando Sério”, pelo conjunto baiano Babado Novo, “Jesus Cristo”, pelos Titãs, provam que as canções e composições do Rei estão mais enraizadas na cultura do brasileiro do que se pode imaginar, afinal de contas ele é o Rei.

O Rei comemora 50 anos de carreiraLara Carlette

As festas juninas são a atração mais aguardada pelo povo brasileiro depois do carnaval, e tem origem euro-péia. Os aldeões faziam ritu-ais nessa época do ano para celebrar o solstício de verão (dia mais longo do ano), que acontecia entre 22 e 23 de Ju-nho. “Depois o Vaticano deu a essa festa pagã um signifi-cado religioso, ao comemorar o nascimento de Santo Antô-nio de Pádua (13), que ficou conhecido como santo casa-menteiro; de São João Batista (24), que realizou o batismo de Jesus; e a data de faleci-mento de São Pedro (29), que é popularmente conhecido como guardião do portão do céu” esclarece a antropóloga Josefa Mendes.

Como a maioria das fes-tas que se torna popular no Brasil, a festa junina foi in-corporando elementos que a tornaram mais rica, como a quadrilha, dançada na França apenas pela nobreza e que se tornou a principal atração do bailão na roça.

Em Viçosa, a Apae (Asso-ciação de Pais e Amigos de Excepcionais) promove há três anos uma festa junina or-ganizada pelo grupo de pais Parceiros da instituição, re-alizada no Bairro de Fátima, e aberta a toda a comunidade viçosense. O festejo ocorre no final do mês do mês de Ju-nho, com barracas de comida típica, jogos e apresentação de quadrilhas de alguns bair-ros da cidade, além de baile com bandas locais. A assis-tente social Maria das Dores Lopes, da Apae, afirma que esse projeto arrecada fundos para a instituição. “Além dis-so, nós promovemos outro ar-raial junino apenas para pais e alunos, que acontece na sede rural”, completa Dora.

O norte do Brasil é a re-gião que possui maior pecu-liaridade no que diz respeito às comemorações juninas. As lendas indígenas têm presen-ça marcante no folclore da região, e faz com que o tra-dicional arraial divida espaço com as encenações de boi-bumbá, personagem típico da Amazônia. Nas festas esco-

lares, as crianças oferecem à São João boizinhos confec-cionados de papel colorido, lata e retalhos de tecido. O ritual tem origem na lenda de Mãe Catirina que, grávida de Pai Francisco, teve desejo de comer língua de boi. Aten-dendo ao capricho da amada, o velho Chico vai atrás de sa-crificar o animal, que resiste bravamente.

A região Nordeste é a mais rica em tradição dos festejos juninos, por ser o centro de muitos ritmos e sabores típi-cos dessa época do ano. As cidades de Caruaru (PE) e Campina Grande (PB) com-petem até hoje pelo título de “Maior São João do Mundo”, produzindo “mega-arraiás” durante todo o mês de Junho que movimentam a economia da região. No Sudeste ainda se mantém a tradição caipira, com a caricatura roceira ori-ginada nos interiores de São Paulo e Minas Gerais. Em muitas cidades pequenas, há a tradição de quermeces, e que a renda é destinada para a paróquia ou projetos comu-nitários.

Festa Junina: a maiormanifestação popular do interior brasileiroFernanda Monteiro

O Nordestão é o maior festival de quadrilhas do Nordeste, onde osgrupos juninos competem pelo título de melhor quadrilha da região

Joana Soares

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culturacultura

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De um lado temos as gra-vadoras e do outro milhares de internautas ávidos para escu-tar - na maioria gratuitamente - música.

Um duelo que está sendo travado desde o início da déca-da quando o Napster (um pro-grama de compartilhamento de

arquivos pela rede) deu o ar de sua graça e mostrou uma nova maneira de consumir música.

Se há anos era através do LP ou do CD, hoje pode-se ter qualquer música que seja em um simples arquivo digital chamado Mp3. E o melhor, não precisando pagar.

Mas isso não quer dizer que a coisa seja assim tão simples. Existe toda uma indústria por trás das melodias e letras de sua banda preferida. E essa in-dústria tem - até certo ponto - a lei ao seu lado.

A advogada Ana Gori é es-pecializada em Direitos Auto-rais e cantora independente, o que dá a ela conhecimento no que diz respeito à proprieda-de intelectual. “O erro está na interpretação da lei e não nela própria”, diz Ana, e comple-ta, “é preciso evoluir para um conceito mais concreto e me-nos subjetivo. O escopo da lei

é dar condições aos artistas de viverem de sua arte.”

E é justamente por ter pes-soas que vivem da arte (nesse caso a música) que uma lei é importante, porém, nunca se deve esquecer que o mono-pólio sobre a produção cultu-ral traz uma série de pontos importantes. É o que conta o assessor de imprensa da Fun-dação de Artes de Ouro Preto, Saulo Rios: “ Há uma série de interesses em jogo. O interesse das gravadoras é sempre lucrar com as músicas.”

E muitas vezes apenas o lu-cro é visado, deixado de lado todas as emoções pessoais que uma canção pode trazer ao ou-vinte. Por isso a lei precisa ser revista para se adequar à nova mentalidade da massa em con-sumir música. Ninguém mais paga por emoções, ainda mais se elas ocuparem poucos megas no disco rígido.

Caiu na rede é MP3André Pacheco

A lei Rouanet, que tem por objetivo estimular in-vestimentos em atividades culturais (shows, teatros, ex-posições etc.), foi criada em 1991. O mecanismo usado é o incentivo fiscal, ou seja, as empresas interessadas em patrocinar alguma produção cultural deixam de pagar uma determinada quantia em impostos ao governo, com-prometendo-se a usar esta quantia no patrocínio de uma determinada atividade cultu-ral.

O Ministério da Cultura (MinC) está propondo uma mudança nessa lei. O MinC alega que do jeito que está, a lei tem concentrado inves-timentos nas regiões sul e sudeste, estando a verba na mão de poucos produtores. Isto acontece por que fica a cargo da empresa escolher o projeto a ser patrocinado. Na

proposta de mudança assina-da pelo ministro da Cultu-ra, Juca Ferreira, continuará a empresa escolhendo qual projeto patrocinar. Porém, uma comissão formada por representantes dos setores artístico, empresarial e do próprio governo julgará qual a faixa de renúncia em que cada projeto cultural será en-quadrado.

“O principal objetivo da mudança é diversificar as formas de acesso aos recur-sos públicos por parte de pro-dutores e artistas”, escreveu o ministro em um artigo pu-blicado em vários jornais do país. No entanto, a proposta de mudança tem provocado algumas reações contrárias. Os críticos alegam que há o risco de, com a reforma da Rouanet, o governo poder di-recionar recursos a projetos cujo conteúdo cultural lhe “agrade” mais. Uma espécie de dirigismo cultural.

O egresso do Curso de Comunicação da UFV, Ra-fael Munduruca, conseguiu aprovação via lei Rouanet do projeto “O Café com Papo”, um evento de debates sobre temas que envolvem Cida-dania. E – aprovado na Lei Rouanet, comentou sobre as possíveis mudanças. “Nin-guém é contra modificações na lei, desde que seja para melhor. O que não podemos é perder esse sistema de fi-nanciamento que apesar de todos os problemas vem be-neficiando e muito a cultura em nosso país”, disse Rafael.

O projeto da nova lei Rou-anet ficou sob consulta públi-ca no site do Minc durante 45 dias, terminados no dia 6 de maio. O MinC recebeu mil e quinhentas propostas vindas de diversos setores da Socie-dade Civil. Para ser aprova-da, a nova proposta precisa ser submetida à aprovação do Congresso Nacional.

Governo propõe mudança na lei de incentivo à culturaFelipe Mendes

Em cima de um palco não há diferença, todas as pessoas são iguais, não há distinção de cor, religião, preferências. To-dos são simplesmente atores. E isso não é diferente na Ofi-cina de Teatro da UFV. Desde 2001, o projeto tem a função de repassar técnicas teatrais e circenses.

Porém não é só de técnicas que vive o teatro. Em uma ci-dade pequena onde o meio aca-dêmico e a cidade se diferen-ciam por status, é nessa oficina em que pessoas dos diferentes meios se encontram e fazem do palco lugar comum.

Para o professor Fabrício Figueiredo, autor do projeto, a diferença é que para o artista todo mundo é igual. A arte se sobrepõe a qualquer que seja o valor inserido na pessoa. Em cima de um palco a pessoa é o artista, não mais uma pessoa que mora na cidade de Viçosa ou um estudante. Há uma in-tegração entre todos esses “ti-pos” diferentes.

A estudante Nubya do Nas-cimento entrou para o projeto depois de ser convidada por um amigo, estudante da UFV. “Eu não sabia que pessoas da cidade podiam participar. Fui

meio que na cara dura, sem sa-ber se podia ou não”. Mesmo assim ela fez a prova de apti-dão e entrou para a oficina. Se-gundo ela, em momento algum as pessoas da oficina a trataram de forma diferente por ser da cidade. Muito pelo contrário, ela diz que a integração é mui-to presente.

O coordenador de Teatro da Divisão de Assuntos Culturais (Dac) da UFV, Luciano Cintra , gostaria que esse projeto fos-se mais difundido, mas a uni-versidade não dá suporte para isso. A divulgação da oficina, por exemplo, só é feita dentro do campus e pelo site da Dac, mesmo sendo as vagas abertas a toda a comunidade.

Mesmo assim boa parte dos alunos da oficina são de Viçosa. Isso sem contar com o projeto desenvolvido com os alunos da Escola Effie Rolfs, sendo 25 vagas para adolescentes, geral-mente entre 11 e 12 anos.

Só é preciso atenção às da-tas de provas para ingresso na oficina. Elas são feitas no iní-cio de cada ano letivo. Existem turmas em vários dias da se-mana e em horários diferentes. Mais informações podem ser obtida na DAC, na casa 3 da Vila Giannette ou pelo telefone 38992659.

Luan Henriques

Teatro solidário

FIqUE ESPERTOBaixar músicas pela

internet pode ser con-siderado ilegal, mas isso depende da inter-pretação feita da lei.

O que acontece é que a nossa legislação não deixa claro se é crime ou não quando existe o compartilha-mento sem a obten-ção de lucro de algu-ma das partes.

Fernanda M

onteiro

Alunos durante aula da oficina de teatro

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meio ambientemeio ambiente

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Os rios são fonte de vida. Para o homem suas águas são essenciais para sua manutenção na Terra, pois pode beber, regar plantações, navegar e pescar. Mas o que vemos hoje em dia é a destruição dos rios e do ecos-sistema, sobretudo dos peixes, prejudicando seu desenvolvi-mento e até mesmo dizimando espécies.

A poluição mais comum é aquela causada pelo lixo e esgo-to. Para o professor de Biologia da UFV, Sérgio Luis Pinto da Matta, não é somente esse tipo de poluição que afeta os peixes. Ele afirma que os resíduos das indústrias nos rios (principal-mente mineradoras) acabam prejudicando a vida dos peixes e a também do homem, pois os metais pesados presentes nesses

rejeitos acumulam nos organis-mos e podem ter efeitos noci-vos à saúde dos dois, causando doenças e até morte.

Dono de uma peixaria em Viçosa, Aldo Akio Onimaru diz que o número de peixes tem di-minuído nos últimos anos e é cada vez mais difícil encontrar um local para a pesca de pei-xes saudáveis. Segundo Aldo os rios de Viçosa e região estão poluídos e inviáveis para pesca, obrigando as peixarias a com-prarem os animais de rios dis-tantes, como os da Amazônia.

Preservar os rios é também preservar a vida dos seres que nele vivem. A conscientização quanto aos cuidados com os rios é necessária e pode salvar os peixes e o ecossistema dos rios e, principalmente, melhorar a qualidade de vida do homem.

André Vince

COMO CONTRIBUIR PARA EVITARA POLUIÇÃO DOS RIOS

1. Não jogue lixo nas águas dos rios.2. Não despeje esgoto diretamente nos rios.3. Não desperdice água, em casa ou em qualquer outro lugar.4. Observe se alguma indústria está poluindo algum rio e avise as autoridades sobre a

ocorrência.

Poluição e peixes: convívio afeta o homem

Animais silvestres não devem ser domesticados

Animais diferen-tes, incomuns no nosso

dia-a-dia, sempre nos cha-mam a atenção. Algumas ve-

zes as pessoas possuem gran-de curiosidade em conhecerem

animais chamados de exóticos, ou silvestres. Mas o que são animais

exóticos? E silvestres?Um dos médicos veterinários

do Cetas (Centro de Triagem

de Animais Silvestres), Alexandre de Oliveira Tavela, dá uma rápida defini-ção sobre o que são animais silvestres e exóticos.

“Animais silvestres são aqueles que em algum período de suas vidas pertencem à fauna brasileira e não são domesticados”, esclarece o vete-rinário.

Alexandre explica ainda, que se entende por domesticados aqueles animais que estão “acostumados” com humanos como gatos, cachorros, e até cavalos. Já animais exóticos são aqueles que não pertencem à fauna brasileira como leões e ursos. Dos “ti-pos” de animais, os que podemos ter em casa, ou numa fazenda, são só os domesticados.

O sargento José Félix Neto, co-mandante do 2º Grupo de Polícia Mi-litar do Meio Ambiente, que fica em Viçosa, esclarece que muita gente tem pássaros irregulares, por exemplo, e procura a polícia para tentar a regula-rização do animal.

Félix ressalta que, quando o pássa-ro não vem de um criadouro registra-do no Ibama, não existe forma alguma de se regularizar a situação.

“Quando você tem um animal em extinção não tem a menor possibili-dade de se registrá-lo. E caso alguma pessoa seja pega com um animal ir-regular, em extinção ou não, a pessoa paga multa e pode responder a um processo por crime”, esclarece o sar-gento da Polícia do Meio Ambiente.

Caso você possua um animal silvestre em casa e queira entregá-lo, pode ligar para a Polícia do Meio Ambiente de Viçosa, pelo telefone 3899-2668. Pelo mesmo número podem ser esclarecidas dúvidas ou se fazer denúncias sobre esses animais manti-dos irregularmente.

Vale ressaltar que quando o animal irregular é entregue espon-taneamente, a pessoa que o possui fica isenta de penalidade.

O Cetas, que trata os animais recolhidos, oferece a possibili-dade de visita às escolas, desde que marcada com antecedência. O Centro pode ser contatado pelo telefone 3899-2495.

Gestão de resíduos no Brasil é um lixo

Dênny Siviero

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O Brasil só reaproveita 11,5% do lixo que produz a partir da reciclagem e da com-postagem, que é um processo de reutilização do lixo orgâni-co. Segundo dados do Cempre (Compromisso empresarial para a reciclagem), quase todo o resto é descartado em aterros sanitários e lixões. Os aterros sanitários são locais onde se deposita o lixo, em que, além de existir uma preparação do terreno para o controle do impacto ao meio-ambiente, também ocorre uma seleção

do que é descartado. Já os depósitos não-contro-

lados, os chamados lixões, não rece-

bem nenhum

tratamento e causam diversos problemas à saúde da popula-ção. Os lixões são proibidos por lei, mas são institucionali-zados por grande parte das pre-feituras brasileiras. De acordo com o Laboratório de Enge-nharia Sanitária e Ambiental da UFV, a gestão inadequada do lixo é responsável por 65% das doenças do Brasil.

Uma das iniciativas para diminuir os problemas asso-ciados ao lixo que vem sendo implementadas no país é o in-centivo à formação de coope-rativas de catadores. Elas têm crescido a cada ano e são as grandes responsáveis pela co-leta seletiva no Brasil.

A prefeitura viçosense tam-bém está inserida neste con-texto. A Associação dos Cata-dores de Materiais Recicláveis de Viçosa é uma idealização da assistente social Maria Eunice

Mendes Freitas. Segundo ela, “os profissionais

que se reúnem em cooperativas

como esta

conseguem preços mais com-petitivos no mercado, porque negociam maiores quantida-des e ficam menos sujeitos a atravessadores”. A grande vantagem da cooperativa, de acordo com Maria Eunice, é que além de diminuir o im-pacto ambiental causado pelo lixo, ainda proporciona digni-dade e fonte de renda para os coletores da cidade.

Além disso, os catadores conseguem melhorar o valor agregado dos materiais cole-tados na usina de beneficia-mento da cooperativa, que foi financiada pela prefeitura. Esta usina está localizada na Travessa Purdue, no Centro de Viçosa, e possui hoje apro-ximadamente 116 coletores associados, segundo dados da própria instituição.

No entanto, a falta de po-líticas de conscientização da população e de legislação mais rígida demonstram que os problemas causados pelo lixo estão longe de serem solu-cionados. Além disso, o uso de formas de produção de energia a partir da incineração desses resíduos é quase inexistente

no Brasil e poderia repre-sentar uma alternativa

energética bastan-te eficiente.

Éverton Oliveira

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meio ambiente

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Profissões em expansão

Preservação ambiental. Essa expressão muito utili-zada atualmente pode ser um fator importante na escolha de uma futura profissão. Es-tamos presenciando diversas conseqüências geradas por meio da degradação do meio ambiente. Para amenizar es-ses efeitos, novas profissões estão surgindo e se consoli-dando, e profissionais prepa-rados estão sendo cada vez mais requisitados pelo mer-cado de trabalho.

Ecólogo, gestor ambien-tal, geólogo, advogado am-biental, biólogo, monitor de ecoturismo são algumas das profissões que vem se des-tacando em função da ne-cessidade de cuidar do meio ambiente. O aluno do 3º ano do Ensino Médio do Coluni, Caelum Woods de Carvalho pretende prestar vestibular no final do ano para Enge-nharia Florestal. O estudante disse que quer trabalhar com a população que vive nos ar-redores de parques para cons-cientizá-la da importância da preservação ambiental.

Outra profissão que chama atenção dos estudantes é a En-genharia Ambiental. A coorde-

nadora do curso na UFV, Ann Mounteer, afirma que o campo de atuação do engenheiro am-biental é vasto, tanto pelas leis que exigem esse profissional quanto pela necessidade de atenuar um problema esqueci-do por muito tempo. Ela acre-dita que “o Brasil tem muita coisa que precisa ser feita na área ambiental, por isso vai ter muita oportunidade por muito tempo”.

Um curso da UFV que tam-bém visa essa área é o de En-genharia Agrícola e Ambien-tal. Antes conhecido apenas como Engenharia Agrícola foi reformulado para atender às necessidades do mercado. O coordenador do curso, Antô-nio de Matos, aponta que ago-ra o profissional pode trabalhar tanto no processo produtivo da agropecuária e agroindús-tria quanto no tratamento de resíduos. Matos acrescenta que 70 % dos alunos formados no curso estão trabalhando na área ambiental.

Muitas profissões relacio-nadas ao meio ambiente ain-da não possuem o reconheci-mento necessário. Mas esse quadro está mudando e essas profissões tendem a ficar mui-to mais presentes no nosso dia-a-dia.

Samanta Nogueira

PLANO NACIONAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O objetivo do plano é diminuir as emissões de gases de efeito estufa no Brasil e adaptar a sociedade aos impactos causados pela mudança do clima. Entre essas medidas, estão:

- buscar manter elevada a participação de energia renovável na matrizelétrica;- fomentar o aumento sustentável da participação de biocombustíveis namatriz de transportes; - buscar a redução sustentada das taxas de desmatamento; e - incentivar o desenvolvimento de pesquisas para que se possa traçar umaestratégia de adaptação às mudanças.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente - Governo Federal

Uma das maiores polêmicas no meio científico é a verdadei-ra causa do aquecimento global. Não se sabe ao certo se esse pro-cesso teve origem nas atividades humanas ou em fatores naturais. Muita gente desconhece que es-tamos passando por um período de maior atividade solar e me-nor atividade dos vulcões, o que poderia estar provocando as al-terações no clima do planeta. O professor do Curso de Geografia da UFV, Edson Fialho, diz que a redução no número de erupções vulcânicas pode estar contri-buindo para o fato: “Os vulcões emitiam, além dos gases, poeira que ajudava a formar as nuvens. Poeira e nuvem na atmosfera são obstáculos para a luz do Sol.

Como não há mais tanta atividade vulcânica, a atmosfera está mais limpa. Se o Sol está em um perí-odo de atividade mais intensa, a atmosfera mais limpa permite a maior entrada de energia.”

A maioria das pessoas apren-deu que o maior vilão na história do aquecimento é o CO2 (gás carbônico) e que este é emitido através da queima de combustí-veis fósseis, como petróleo, car-vão e gás natural. Mas um dos maiores emissores do gás na atmosfera são os oceanos, a ve-getação e os solos. Porém, para o professor do Curso de Enge-nharia Agrícola e Ambiental da UFV, José Maria Nogueira da Costa, “essa questão não pode ser desatrelada da Revolução Industrial. De lá para cá, nós tivemos um aumento popula-

cional de cerca de 400%. Como pode o ambiente se manter em condições semelhantes? É certo que causas naturais continuam existindo, mas o impacto causa-do pelo nosso consumo de ener-gia e pelas emissões de CO2 por fósseis é um grande contribuin-te. Sem falar nas taxas crescen-tes de desmatamento e na mu-dança de uso da terra.”

Na verdade, o importante não é saber o que gerou o pro-blema, mas tentar diminuir os impactos provocados pelo ho-mem. Segundo Edson Fialho, “a intensificação desse processo pode produzir prejuízos ao pró-prio homem e estes vão desde a extinção de espécies animais e vegetais até a queda da qua-lidade de vida e o aumento de catástrofes em áreas urbanas.”

Titina Maia

Ser humano não altera clima sozinho

GPS, satélites super modernos, fo-tografias aéreas, essas são as geotecno-logias mais famosas das quais ouvimos falar. Entretanto, engana-se quem acha que essas tecnologias são complicadas e estão muitos distantes da nossa reali-dade.

Elas são responsáveis por grande par-te do que é monitorado no planeta e são muito eficientes no mapeamento de áre-as ambientais. Essas tecnologias ajudam na identificação e controle do desmata-mento, de APP’s (Áreas de Preservação Permanente – como as matas ciliares), de queimadas, de áreas em processo de devastação, principalmente de grandes regiões. Sem os satélites ou fotos aére-as, não se saberia com tanta precisão o

tamanho de uma área devastada na Flo-resta Amazônica, por exemplo.

O funcionamento desses aparelhos parece ser abstrato e muitas pessoas pre-ferem nem procurar saber como ocorre. Mas de acordo com o coordenador do Cedef (Centro de Estudos e Desenvolvi-mento Florestal), Gilberto Moreira, “tudo funciona como se fosse Matemática, Fí-sica, uma coisa que todos eles (estudan-tes do Ensino Médio) estão acostumados a estudar.” Ele se refere a conceitos como vácuo, atração gravitacional, óptica, comprimento de ondas e cálculos mate-máticos em geral.

O coordenador do Neput (Núcleo de Estudo de Planejamento e Uso da Terra), João Luiz Lani, considera o geoproces-samento muito importante, pois este pos-sibilita a espacialização de áreas. Nem

as aerofotos ou imagens de satélites são georeferenciadas e segundo Lani, é pre-ciso referenciá-las. O georeferenciamen-to consiste em “colocar as coordenadas de acordo com aquela área”, isso pode ser feito de duas formas: pelo processo UTM (Universal Transverse Mercator) ou Latitude e Longitude.

Para o coordenador do Neput as foto-grafias aéreas são mais apropriadas para mapear áreas menores que necessitam de maior precisão na imagem, e os satéli-

tes são mais eficientes no m a p e a m e n t o de áreas maiores. Isso porque há uma diferença entre os dados captados por satélites e aeronaves com senso-res, os primeiros traba-lham com escalas me-nores e já as segundas com escalas maiores.

Geotecnologias contribuem para a preservação ambientalArte: Sam

anta Nogueira

Pedro Nunes

GLOSSÁRIO (Fonte: GeoMinas)- UTM é o sistema de coordenadas planas que circulam o globo baseado em 60 zonas de tendência, no sentido norte-sul.- Latitude: a distância em graus (0º a 90º) de um dado ponto da superfície terrestre à linha do Equador.- Longitude: a distância em graus (0º a 180º) de um dado ponto da super-fície terrestre ao Meridiano de Greenwich.

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esportesesportes

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Praticar yoga: evolução do corpo, mente e espírito

Em Viçosa é grande o número de bicicletas. Além de servirem à prática de esportes, elas são econômicas, práticas e uma alternativa de transporte. Mas Viçosa não oferece ciclo-vias e instalações adequadas para a prática desse esporte tão difundido. O trânsito na cidade é complicado e perigoso, soma-do com a grande quantidade de ciclistas. Um problema de es-trutura, típico de Viçosa. Para buscar melhorias nas condições para os ciclistas e di-vulgar o uso da bicicleta como

um meio de transporte limpo, iniciou-se na cidade o movi-mento “Bicicletada”. Mostran-do as vantagens ambientais e uma forma de lazer que atinge a comunidade viçosense como um todo, o “Bicicletada” é um movimento que já existe em Portugal e no Brasil. Um dos idealizadores do movimento em Viçosa é o pesquisador José Mário. Ele afirma que o perfil da cidade pede a construção de uma ci-clovia, por conta do número de bicicletas, além de valorizar a prática de esportes na cidade.

O movimento visa popularizar mais o ciclismo enquanto es-porte, como uma alterna-tiva de lazer a c e s s í v e l , além de tra-zer segu-rança para o dia-a-dia dos ciclis-tas, com um melhor pla-nejamento urbano. A “Bicicle-tada” nunca realizou um evento na cidade e por isso ainda não é muito conhecida.O secretário de trânsito, Reinal-do Leite, diz que a estrutura da cidade não comporta a constru-ção de uma ciclovia, mas con-

sidera que essa obra melhoraria muito o trânsito, pois muitas

pessoas dei-xariam seus veículos em casa. Ele ain-da comentou sobre o projeto de construção da ciclovia no circuito da li-nha férrea do município, em

que te- ria um grande custo e exigiria uma parceria público-privada. A ciclista Carla Paes acha o trânsito da cidade caótico e não sabe se a construção da ciclovia resolveria o problema. “Fal-ta organização e educação no

Falta organiza-

ção e educação no trânsito, competir com ônibus e carros não dá

Sem espaço para as magrelas

Pode tudo, dentro dos limites

Crianças e adolescentes precisam praticar esportes. Cor-rer, pular, saltar, chutar, arremessar, tudo isso, faz bem para eles. Segundo o professor de Educação Física da UFV, Paulo Lobato, para as crianças o esporte deve ter um caráter lúdico. A competição esportiva é indicada somente após os 12 anos de idade. Outro aspecto importante é respeitar o desenvolvi-mento motor do praticante. Por isso, são desaconselháveis, para quem está em fase de crescimento, esportes que causem impacto. A frequência da prática pode variar até quatro vezes por semana, de acordo com a vontade da pessoa.

O professor Rogério da Cunha, em artigo publicado no www.futsalbrasil.com.br, ressalta a “Carta dos direitos da criança no esporte”, uma ideologia psicopedagógica, que se norteia pela respeito ao jovem esportista, traz logo em seu artigo primeiro: “toda criança tem direito a praticar esportes”, e encerra em seu 11o artigo afirmando que “toda criança tem direito a não ser um campeão”. Esta lição serve de alerta para os pais que iniciam seus filhos na prática esportiva com a expectativa de ter um jogador profissional, um campeão. O papel deles deve ser de acompanhar, estimular e informar-se sobre os benefícios e riscos das atividades que seus filhos praticam.

A mídia também exerce forte apelo em relação aos espor-tes quando expõe e valoriza corpos tidos como belos. Influen-ciados por essa realidade, muitos jovens vão em busca de um físico perfeito nas academias de musculação. O professor Lo-bato opina a respeito deste comportamento: “Todos querem ser bonitos, fortes. O exagero é que é o problema. O erro está na representatividadedo corpo perfeito na sociedade. A busca deve ser por qualidade de vida.” Lobato aconselha que qual-quer pessoa que quiser iniciar uma prática esportiva precisa ter orientação médica, procurar profissionais competentes, respeitar os limites do corpo e usar equipamentos apropria-dos. Seguidos estes passos, é só escolher a opção de esportes que melhor lhe atender e começar a praticar.

Daniela Fonseca

trânsito, competir com ônibus e carros não dá”. Ela conside-ra que a bicicleta um meio de transporte democrático, limpo e um veículo apaixonante, A organização do trânsito traria mais praticantes para as ruas. A prática do ciclismo em Viçosa é cada vez maior e com o aumento de estudantes espera-se também o aumento da participação desses meios de transporte no trânsito da cida-de. Para os ciclistas, a precaução recomenda o uso de equipa-mentos de segurança; para os motoristas, responsabilidade e atenção com os veículos meno-res.

Thaís Faria

O Yoga nasceu na Ín-dia há mais de cinco mil anos, e envolve o trabalho do corpo juntamente com exercícios de respiração e meditação. Hoje em dia muitas pessoas procu-ram o yoga como prática de exercício físico. Mas ela não é apenas um exercício físico. O instrutor de Yoga Thyaga (nome místico que recebeu em um monastério) conta que as pessoas pro-curam o Yoga por diversos motivos; respirar melhor, dormir melhor, ter mais tran-quilidade, concentração, fle-xibilidade, parar de ter dores na coluna. “Depois a pessoa começa a ver que outros ní-veis estão sendo trabalhados, ela começa a sentir mais paz, tranquilidade, a se sentir mais feliz e fica mais ativa, come-ça a fazer mais coisas e ter mais organização.” O Yoga traz desenvolvimento físico, mental e espiritual, as pesso-

as a procuram muito pensan-do na paz que ela transmite, mas segundo Thyaga, o mais belo que há nessa prática é a possibilidade que o homem tem de achar seu próprio ca-minho: “As academias estão cheias de pessoas buscando a estética. Estamos precisan-do ir além disso, não cabe mais na humanidade esse velho homem, a humanida-de precisa do homem espi-ritual, que conheça suas energias, que respeita as leis da natureza, que cuide da sua alimenta-ção e da sua conduta. A estudante Jennifer Batista co-meçou a praticar Yoga no começo do ano. Achava que estava um pouco enfer-rujada por conta das provas do vestibular e a procu- r o u

como forma de exercício; ga-nhou flexibilidade e melhor torneamento dos músculos. “Até agora percebi que me-lhorei muito, mas acho que é um processo”, afirma Jenni-fer. Além do melhoramento físico, Jennifer também men-ciona para a melhora do lado psicológico e do equilíbrio

Marília Cabral

Thyaga é praticante de yoga há mais de 20 anos

Marília C

abral

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esportesesportes

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Histórias e Ídolos do futebol viçosenseLívia Alcântara

Futebol! Uma palavra que para grande maioria dos bra-sileiros remete àquele esporte que se joga com os pés e em que o grande objetivo é botar a bola pra dentro das redes. Já para os norte-americanos, fute-bol é um jogo em que o grande objetivo é correr um campo de grande extensão com uma bola estranha em mãos para fazer o chamado “touch down”, pon-tuação máxima no esporte.

O estudante Erick Finley é norte-americano e faz inter-câmbio em Viçosa desde o ano passado. Ele pratica futebol americano desde sua infância e chegou a participar de times juvenis na escola, mas parou com receio de se machucar: “Quando se é criança o espor-te é mais leve, mas com o tem-

po o jogo se torna mais trucu-lento e dependendo do grau de profissionalização, pode ficar muito perigoso”.

Seu amigo, o estudante Charles Macinteyrr, também pratica futebol americano, e quando perguntado sobre a baixa popularidade do espor-te no Brasil tem uma resposta curiosa: “Eu acho que é porque os brasileiros são bons com os pés e os norte-americanos com as mãos. Você pode perceber isso na dança, já viu um norte-americano sambar bem?”.

Outro obstáculo para a prá-tica no país pode ser o alto pre-ço dos equipamentos que vão desde capacetes até chuteiras apropriadas, e por isso mesmo que no Brasil o futebol ame-ricano é normalmente jogado nas ruas e praças de uma ma-neira diferente do que é visto

na América do Norte. Além de não se utilizar os equipamen-tos, algumas outras regras são adaptadas para as condições estruturais tupiniquins como a não existência de traves para chute de longa distância, o que muda um pouco a dinâmica do jogo.

Erick, Charles e outras pes-soas (inclusive brasileiros) jogam futebol americano na grama ao lado da agência do banco Itaú da UFV nas tardes de domingo. Apesar de pare-cer um pouco complicado de início, as regras são aprendi-das em pouco tempo. E para quem ainda não se convenceu a praticar o esporte, Charles manda o recado: “O futebol americano mais do que tudo é um espaço para reunir os ami-gos e se divertir muito”.

Futebol americano tupiniquimElder Barbosa

Quando se fala sobre le-vantamento de peso no Brasil, provavelmente, o nome de Vi-çosa estará envolvido. Pesistas viçosenses ou que treinam aqui muitas vezes são destaques no cenário nacional.

No Departamento de Edu-cação Física da UFV há um centro de treinamento ligado à Confederação Nacional de Levantamento de Peso. Ali 12 atletas de elite treinam, fora os da categoria sub-20 e os iniciantes. O coordenador do local, Pedro Meloni, destaca que o Centro tem bons mate-riais, mas a quantidade deles é pequena e há poucos recursos financeiros e apoio.

A falta de investimentos também é citada pelo atleta

Welisson Silva. O pesista, que competiu nos jogos Olímpicos de Pequim no ano passado, conta que o esporte enfrenta dificuldades, mas acredita que a tendência é melhorar: “O grande desafio na maioria dos esportes com certeza é a falta de investimento, a cobrança é muito grande, porém os inves-timentos são insuficientes, e em Viçosa não é diferente.”.

Se você se interessa pelo esporte e gostaria de praticá-lo, pode procurar o Centro de Treinamento localizado na UFV. Além de atletas mais experientes e consagrados, o centro também procura por iniciantes. Para mais informa-ções, basta ligar para 3899-2069 ou 3899 –2258 e procu-rar pelo Pedro.

Fernanda Pônzio

Levantamento de Peso também para jovens atletas

Silvestre e Estrela Dalva 1 x 1 . Partida decisiva. Silvestre luta por um empate para não sair do campeonato. Estrela Dalva faz pressão. O tempo vai se esgotando até que o goleiro do Silvestre cai e o juiz para o jogo. Entra em campo o mas-sagista. - Tunico, o que você está sentindo? - Nada, o Pança mandou ensebar. Resultado? Goleiro, massagista e técnico expulsos. Essa é uma das his-tórias de Pança Sete Cordas, nesta época, técnico da equipe de futebol do Silvestre. Agora Pança é radialista esportivo e é bastante popular no meio fute-bolístico viçosense.

Hoje em Viçosa existem cerca de 80 equipes de futebol, que jogam entre si no domingo. Mas este futebol começou há muito tempo. Emanuel Ânge-lo, conhecido como Chupico, jogava bola na década de 70 e conta que havia apenas cinco equipes: Estrela Dalva, Atléti-co de Viçosa, Operário, Luve

e Colégio Viçosa. Os últimos três vinculados à UFV. Nesta época Chupico já era servidor da UFV e integrava o Operá-rio. Para ele naquela época ha-via mais dedicação dos atletas do que hoje. Deste futebol saíram craques como Raimundo Isi-doro da Silva, mais conhecido como Dorinho. O craque pas-sou por 15 times profissionais, entre eles o Cruzeiro, com o qual foi campeão da Copa Libertadores da América em 1976. O craque lembra com muita alegria estes tempos e, assim como Pança, têm mui-tas histórias para contar. Uma delas, quando César Malu-co era jogador do Palmeiras. “Naquela época a gente ficava três, quatro meses sem receber. Num jogo do Palmeiras com um time pequeno, o Brandão, técnico do Palmeiras na épo-ca, gritou para César: Sai pra receber! Sai pra receber! Ele saiu do campo e foi correndo para a secretaria. Ele pensou

que era para receber o salário e o treinador falando para receber a bola.”

Para Dorinho, o futebol de Viçosa está renascendo há uns três anos e a Liga Esportiva de

Viçosa tem ajudado bastante promovendo campeonatos de futebol da cidade.

Equipe do Toninho Julio - 1965 Antes de Dorinho ir jogar no Cruzeiro

Equipe da Vigilância (UFV) - 1982

Viçosa Atlético Clube - Torneio Carlos da Costa Dias 1979

Arquivo pessoal d

e Chupico

Arquivo d

o site ww

w.futviçosa.com

.br

Arquivo do site www.futviçosa.com.br

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omportamentocomportamento

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Em Viçosa há muitos grupos que trabalham com a preserva-ção das culturas tradicionais. A região possui forte influência quilombola, ou seja, grande parte da população descende de negros. As comunidades que integram projetos de fortale-cimento e valorização dessas raízes praticam danças afro, possuem grupos de congado, realizam contação de história pelos mais antigos...

O Buieié, onde atua o pro-jeto Rememorar, que trabalha com crianças e é coordenado pela professora Laura Prosato, é uma destas comunidades. A estudante Eliane Miranda, do Curso de Dança da UFV, res-ponsável pelo projeto, afirma que “hoje, com a globalização e a influência do consumismo, as crianças adquirem outros de-sejos que não os de costume da sua comunidade, relacionados com sua cultura”. O objetivo do projeto é fazê-los descobrir suas raízes ouvindo os mais velhos, brincando, realizando conversas na comunidade.

Já o Projeto Gengibre, co-ordenado pela professora Carla Ávila, trabalha com adultos em grupos de congado, dança, etc. Segundo a aluna Maria Gabrie-la Almeida, “o Gengibre acre-dita que conservar nossos cos-tumes, mitos, nossa memória, é essencial para preservarmos nossa identidade. Entendemos, em um tempo de mudanças constantes, a necessidade de ressignificação. Assim, nossa proposta é dialogar as tradições e a contemporaneidade”.

Estas posturas se fazem con-dizentes com as idéias do soció-logo Stuart Hall, que afirma no livro “A identidade cultural na pós-modernidade” que “um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as socieda-des modernas.” Por isso, iden-tidades estão sendo fragmenta-das e umas das conseqüências é a tendência das pessoas busca-rem cada vez mais estas raízes, estes grupos que primam pelas tradições da cultura.

Fundado no ano de 2004, o Projeto Gengibre é um Núcleo Interdisci-plinar sobre Cultura Popular e atua nos eixos de Pesquisa, Ensino, Exten-são e Produções Artísticas. Além disso, o grupo reflete sobre a oralidade, a identidade e a memória que estão presentes nas manifestações culturais populares que fazem parte da formação de identidades brasileiras, espe-cificamente na Zona da Mata Mineira.

Como um rizoma, o Gengibre se organiza de modo integrado. Os pro-jetos inseridos no programa relacionam-se entre si em diversos sentidos: como uma rede que permite a interação prática e teórica. A seguir está um dos exemplos de como tal rede ocorre: partindo do Projeto de exten-são Guardiões da Memória, captamos falas, expressões e gestos pesqui-sados em campo, além dos contextos simbólicos que se tornaram tramas, para a construção em laboratório cênico do espetáculo Terra Preta.

Ao lado, observe um esquema que tenta representar o caráter “rizo-mático” do grupo:

Gengibre (cultura popular)

Hera Terrestre(Danças Contempo-râneas de Matrizes

Brasileiras)

Espetáculos Vídeo-documentáriosRádio

inteneranteEventos

Oficinas

Projetos valorizam tradição e identidade popular

Muitas vezes os jovens fi-cam perdidos tentando escolher entre prestar ou não o vestibu-lar, que curso fazer, trabalhar, fazer um curso técnico. Porém, outra possibilidade é muito real, pelo menos no mundo dos me-ninos. O Tiro de Guerra (TG) é uma instituição militar encarre-gada de formar reservistas para o Exército Brasileiro. Como é obrigatório para todos os garo-tos ao completarem 18 anos, os TGs são estruturados de modo que o convocado possa conci-liar a instrução militar com o trabalho ou estudo.

A formação do atirador (nome dado ao convocado) é realizada no período de 40 se-manas, com uma carga-horária semanal de 12 horas. Há um acréscimo de 36 horas destina-das às instruções específicas do Curso de Formação de Cabos – um terço desse tempo é direcio-nado para matérias relaciona-das à saúde, ação comunitária, defesa civil e meio ambiente.

A rotina diária começa na madrugada (normalmente os atiradores acordam às 4:30hrs) e vai até às 8hrs. Durante o res-to do dia os convocados reali-zam as outras tarefas como cur-sinho, trabalho ou faculdade.

Segundo o atirador Paulo Moreira, que já concluiu o Ensi-no Médio e hoje concilia traba-lho e as atividades do TG, eles aprendem muitas coisas novas, como sobrevivência e aprender

a se virar sozinho. Paulo se alis-tou voluntariamente e valoriza as amizades encontradas no Tiro de Guerra.

Para o atirador Vinicius Be-loni, que faz cursinho pré-ves-tibular à noite e ajuda o pai nas horas vagas, a rotina atrapalha um pouco nos estudos e nos horários. “Eu não queria servir. Entrei obrigatoriamente. Mas agora esta dando pra conciliar e eu estou gostando de servir” conta. Vinicius acrescenta que uma coisa importante que eles aprendem é o respeito. “Aqui você tem que aprender a seguir a ordem, independente de estar certo ou errado, você aprende a criticar e escutar, o que às vezes é o mais correto a fazer”.

Mas, mesmo com as dificul-dades dos horários ou de acor-dar cedo, o atirador e estudante Bruno Moreira, do Curso de Cooperativismo da UFV, acal-ma os futuros convocados: “as pessoas sempre dizem ‘Nossa, você foi pego! Que pena!’, é difícil achar alguém que diga ‘Parabéns’. Mas quem esta aqui vê o outro lado”. Para ele o TG é uma escola de vida.

“Muita gente pensa que fi-car aqui só vai atrapalhar e não querem servir. Eu acho que é besteira, porque você entra aqui e vê que é totalmente diferen-te do que as pessoas falam lá fora”, alerta Paulo.

“Nossa, fui pego!”Talita Aquino

Geanini Hackbardt

Retificação

Na edição 18 do OutrO-lhar, a foto acima foi vei-culada na capa do jornal sem a devida referência. A foto, na verdade, é de Ara-mis Assis e retrata um dos ensaios do espetáculo Ter-ra Preta, desenvolvido pelo Projeto Gengibre. Mais ain-da: a foto não dizia respeito diretamente à matéria da página 15, sobre precon-ceito. A moça da capa (lado direito), na verdade está caracterizada em um personagem do espetáculo promovido pelo Gengibre. Ficam aqui as nossas descul-pas em público.

O que é o Projeto Gengibre?Eloah Monteiro

Gengibre

Entre sombras e

Gestos

Arte

Ensino

Pesquisa

Guar-diões da

Memória

Grupo Capoeira

Alternativa

Extensão

Fontes:_ ALMEIDA, Maria Gabriela. Dos processos de criação da Cia Hera Terrestre ao espetáculo Terra Preta

Monografia a ser publicada. Universidade Federal de Viçosa, MG – 2009_ Carla Ávila - Idealizadora e coordenadora do Núcleo Gengibre

Ara

mis A

ssis

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comportamentocomportamento

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Há um velho ditado segun-do o qual tudo o que é demais passa. Nada mais verdadeiro quando o assunto é a preocu-pação com a saúde. Na medida certa, é garantia de uma vida com mais qualidade. Em exces-so, transforma-se em um pesa-delo que pode atrapalhar a vida do indivíduo e a de quem está ao seu lado. O problema é que, nestes tempos de informações maciças sobre a necessidade de adoção de um estilo de vida adequado, muita gente está co-meçando a ir além do ponto. São pessoas que padecem do que os especialistas chamam de ortorexia.

De acordo com a psicólo-ga Jucélia Mattos, a ortorexia

surgiu como uma distorção da idéia de que a comida natural - muitos vegetais, cereais, nada de carne ou enlatados - é a me-lhor forma de alimentar o corpo e alma. É certo que esse tipo de alimentação melhora a saúde, mas o problema é que os orto-réxicos levam a receita ao pé da letra e compulsivamente.

Segundo a psicóloga, “o ex-cesso de cuidados, com carac-terísticas patológicas, ocorre quando a preocupação com o alimento saudável compromete o prazer de comer, as relações sociais, o uso racional do tem-po, o bom senso e quando a pessoa sente muita culpa, even-tualmente, cede ao desejo de ingerir alimentos ‘não puros’ e transgride a dieta”.

Ela ainda explica que o portador da doença é aquele que se dedica grande parte de seu tempo a planejar, com-prar e preparar sua comida. Dispõe de um autocontrole rigoroso para não se render diante das tentações da mesa. Recusa a maioria absoluta dos alimentos incluídos em qualquer cardápio. Além de sentir-se superior àqueles que se esbanjam nos pecados gas-tronômicos e de perder tem-po na desagradável iniciativa de convencer todo mundo a entrar para ‘sua turma’. Isso gera conflitos e dificuldades de relacionamento.

A estudante Fernanda Ca-bral da UFV procurou auxílio com um nutricionista para po-

der perder uns quilinhos e al-cançar seu peso ideal. “Procurei ajuda de um nutricionista pra poder emagrecer com saúde, já fiz várias vezes outras dietas, como a dieta da sopa, mas elas não deram certo. Desconheço a existência da doença e nunca imaginei que perder peso com saúde poderia virar uma doen-ça”. Apesar de realizar a dieta como foi orientada, Fernanda diz que não deixa de saciar suas vontades, come um chocolate aqui e outro ali, só não abusa dos “seus limites”.

A ortorexia nervosa, se-gundo Jucélia Mattos, pode afetar tanto mulheres como homens. Ela recomenda en-quanto tratamento da doença, a psicoterapia comportamen-

tal e o uso de medicamentos antidepressivos que só devem ser utilizados sob prescrição de um psiquiatra. “Esse tra-tamento é fundamental por-que ajuda a pessoa a mudar a forma de ver os alimentos”, explica.

Entretanto, a existência des-se transtorno não significa que se deva deixar de lado a preo-cupação com uma alimentação saudável. A OMS (Organiza-ção Mundial da Saúde) calcula que o baixo consumo de frutas, legumes e verduras esteja as-sociado a 30% das doenças is-quêmicas do coração e 10% dos casos de derrame no mundo. Logo, o negócio é não exagerar na vigilância alimentar e sim comer bem sem paranóia.

Ortorexia: mania de ser “saudável”Bárbara Gegenheimer

Victor Godoi

Veganismo: a favor dos direitos dos animais

O Veganismo é uma filoso-fia de vida baseada nos direi-tos animais. Além de abolir o consumo de qualquer tipo de alimento de origem animal, como carnes, peixes, frutos do mar, leite, laticínios, ovos e mel, os adeptos (chamados de veganos), não utilizam roupas e acessórios produzidos com material animal, como couro e camurça, e produtos cosmé-ticos e farmacêuticos testados em animais.

O estudante Douglas Coelho é vegano há quase três anos. Ele afirma que, além dos be-nefícios para a saúde, o não-consumo de produtos animais traz benefícios para o planeta. “A maior parte da destruição da Amazônia é para dar origem a pasto para o gado. E o gás metano exalado nos gases des-tes animais é um dos principais causadores de poluição do ar.”

É preciso ressaltar que a opção vegana é motivada,

principalmente, por convic-ções éticas. “Todos precisam perceber que um animal não é objeto de comércio. A mo-ral humana garante a todos o direito a vida e liberdade, mas negamos os mesmos di-reitos aos animais, que têm sentimentos e sentem dor tanto quanto nós, humanos”, enfatiza Douglas.

A nutricionista Dra. Sônia Machado Ribeiro concorda com os benefícios de uma dieta vegetariana, embora aponte que esta oferece ris-cos para manter o estado nu-tricional em nível adequado, principalmente para jovens em fase de crescimento, mu-lheres grávidas e idosos. “Pe-los conhecimentos atuais, em matéria de nutrição humana, parece que a virtude está no meio termo: dieta equilibra-da, incluindo produtos de origem animal e vegetal” en-sina.

Victor G

odoi

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entrevistaentrevista

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quando ser distraído é um problemaSabe quando você está

conversando com uma pessoa e tem a impressão de que ela presta atenção em tudo que está ao seu redor, menos na conversa? Ou então, sabe aquele amigo que sempre se esquece de ir a algum compromisso? Ou ainda: sabe aquela pessoa que parece estar sempre no “mundo da lua”? Pois é. Todos esses comportamentos podem indicar o TDA (Transtorno de Déficit de Atenção).

Segundo a psicopedagoga, Rita Finamore, a pessoa que possui esse transtorno geralmente é esquecida, deixando de cumprir seus compromissos;

tem dificuldade de se concentrar nas atividades do cotidiano e se distrai facilmente. Rita explica: “o transtorno pode estar relacionado a duas questões, uma primária e uma secundária. A primária é uma questão biológica, em que uma área do cérebro é prejudicada e por isso a pessoa possui uma tendência a ter o quadro, e a secundária, que está relacionada ao ambiente em que essa pessoa vive, onde os pais são muito protetores e resolvem tudo para ela.”

O transtorno traz prejuízos ao longo dos anos, principalmente no que diz respeito ao aprendizado. A psicopedagoga diz que crianças e jovens com TDA geralmente apresentam

um baixo rendimento escolar. Ela afirma: “à medida que vai passando o tempo e a pessoa deixa de aprender as coisas, vão se criando lacunas e isso faz com que ela não desenvolva totalmente o seu potencial.” Apesar da dificuldade no aprendizado, Rita deixa claro que pessoas com TDA são inteligentes e têm uma percepção normal do mundo.

Quanto ao tratamento do déficit de atenção, ser acompanhado por um profissional especializado é importante. O apoio psicológico tem o intuito de mudar o comportamento da pessoa, através do trabalho com funções cognitivas como o raciocínio e a atenção, possibilitando a pessoa

utilizar toda sua capacidade intelectual. Rita Finamore ainda ressalta que o apoio e a compreensão dos amigos, da

escola, e, sobretudo, da família são fatores essenciais no bem-estar e no desenvolvimento da pessoa com déficit de atenção.

Fernanda Reis

Como dominar o vestibular

Preparar-se corretamente para o vestibular não é tarefa das mais fáceis. Muitos estudantes, mesmo os já inscritos para fazer as provas, ainda têm dúvidas sobre a melhor maneira de estudar o conteúdo que cai nos processos seletivos.

Segundo o aluno do curso de Engenharia Química, Jardel Farias Duque, é preciso focar os estudos nas disciplinas da área em que o candidato vai prestar vestibular. Ele obteve o primeiro lugar geral no Vestibular 2009 da UFV, ficando com a maior pontuação entre todos os concorrentes.

Jardel diz que sempre se aprofundou mais nas ciências exatas (matemática, física e química), pois estava

concorrendo a uma vaga para o curso de Engenharia Química também na UFMG, e passou nas duas universidades. “Eu revisava e fazia os exercícios das matérias de exatas logo depois das aulas, ao chegar em casa. As outras disciplinas, como as humanas, deixava para depois, sem a necessidade de estudar todos os dias essas matérias”, conta.

Reservar um tempo para o lazer é fundamental para ir bem nos estudos. “Eu estudava bastante durante a semana para poder descansar no final de semana, quando nem pegava nos livros e cadernos. Aí eu aproveitava também para andar de bicicleta e jogar basquete, porque ninguém é de ferro”, diz.

Jardel estudou durante o último ano do ensino médio no Colégio de Aplicação da UFV (Coluni), além de ter feito um semestre de cursinho pré-vestibular em uma escola particular de Viçosa. Para ele, a qualidade da escola é importante, mas a dedicação do aluno é o grande diferencial para conquistar uma vaga numa universidade pública. “Resolver questões de vestibulares anteriores das universidades onde você pretende entrar e procurar listas de exercícios resolvidos e comentados também ajuda muito na preparação para as provas”, conclui.

2009 é o Ano da França no Brasil. O objetivo do Ano é fazer com que os brasileiros possam conhecer melhor a cultura francesa. Professora e diretora de uma escola de francês de Viçosa, Gerda Kilger fala um pouco sobre as culturas dos dois países.

Gerda morou em Paris e afirma que uma característica importante dos franceses que não se vê muito por aqui é o seu hábito de questionar: “Um comportamento muito importante que eu acho que os franceses tem é de questionar as coisas e de criticar para mudar, para melhorar”.

Segundo ela, o espírito da Revolução Francesa, na verdade, perdura até hoje, tendo em vista que ainda existem muitas greves na

França e uma busca constante por mudanças e melhorias.

Gerda também menciona a força e organização dos sindicatos franceses, e explica que por esse caráter reivindicativo, os trabalhadores sempre alcançam suas reivindicações. Isso faz com que não exista tanta desigualdade social como acontece aqui no Brasil.

Sobre às semelhanças, Gerda aponta o gosto pela música como uma delas. Outro ponto é o caráter festivo dos jovens franceses. A professora afirma que eles fazem muitas festas, mas talvez nem tanto quanto os brasileiros.

Uma curiosidade em relação à França é o esquema de vestibular. Gerda explica que o baccalauréat é uma

prova nacional aplicada ao término do ensino médio por meio da qual os alunos podem ingressar no ensino superior. Todavia, ela ressalta que algumas universidades elaboram o seu próprio processo seletivo.

Além de falar sobre aspectos comportamentais do povo francês, Gerda apontou a importância do Ano da França no Brasil: “Para a sociedade brasileira a vantagem é a possibilidade de conhecer a cultura francesa em toda a sua riqueza”. Ela também destacou os eventos no nível do ensino, da pesquisa e da tecnologia, que contribuem para um maior desenvolvimento do Brasil nessas áreas, junto a contratos de colaboração firmados entre os dois países.

Mateus dos Santos

Cultura francesa em foco Jéssica Marçal Arquivo Pessoal

Jardel acertou 95,25% das questões

POR DENTRO DA FRANÇA*

Capital: ParisAno de fundação de Paris: 250 a.CData nacional: 14 de julho (Queda da Bastilha)Cores da bandeira: azul, vermelho e branco

*Fonte: www.suapesquisa.com/cidadesdomundo/paris.htm

ALGUNS EVENTOS EM VIÇOSA**

Exposição “Reflexões Parisienses”, de Marcos BrandãoData: 2 a 29 de agosto de 2009Local: Hall da Biblioteca Central da UFVAberta ao público

Exposição La Saga Du FrançaisData: 8 a 30 de setembroLocal: Hall interno da Biblioteca CentralAberta ao público

**Fonte: Gerda Kilger

Ilustração: Emmanoel M. Barreto

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entrevistaentrevista

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A educação não pode esperar“O incentivo à leitura pode

melhorar muito a educação no Brasil”. A frase parece óbvia, mas poucas pessoas conseguem aplicá-la tão bem quanto a sua autora. Trata-se da coordenadora voluntária Leiva Nunes, do projeto “Escola no Campus: incentivo à leitura, à cultura e ao desenvolvimento social”.

A iniciativa promove uma parceria com oito escolas municipais rurais de Viçosa. As principais atividades são a entrega de livros, a contação de histórias e a realização de brincadeiras educativas. São beneficiados estudantes de seis a 12 anos.

Bibliotecária e mestra em Ciência da Informação, Leiva explica por que é importante criar nos estudantes uma rotina de leitura. “Transformar um adulto num bom leitor é muito mais complicado, porque ele não tem o hábito de contato com os livros. Se a criança começa a ler desde cedo, passa a ter interesse por vários tipos de leitura, o que ajuda na interpretação dos textos”.

O principal objetivo da iniciativa, garante Leiva, será atingido no longo prazo. “Nosso ponto máximo é a universidade.

Nós direcionamos todas as atividades, de forma que os alunos fiquem com vontade de buscar mais conhecimento. A partir disso, nós teremos bons leitores, estudantes e, principalmente, universitários”.

Ainda de acordo com a coordenadora, o projeto tem alcançado resultados muito positivos desde a sua criação, em 2007. “As crianças ficam

entusiasmadas quando veem os livros. Elas estão apresentando um desenvolvimento muito bom. Já houve, inclusive, um retorno familiar. Os pais e os irmãos também participam das leituras, o que aumenta o

interesse dos estudantes”. Leiva também destaca o valor do trabalho com as escolas rurais. “Eu acho importante ajudar essas crianças, pois elas dificilmente teriam acesso à universidade, a pesquisas escolares”. É mais

uma boa ideia do “Escola no Campus”, que conta com o apoio da Fundação Artística, Cultural e de Educação para a cidadania de Viçosa (FACEV). E mais uma prova de que a educação não impõe limites.

Daniel Leite

Ator da Globo concede entrevista ao OutrOlharQuem assistiu A Favorita deve

se lembrar de um pequeno garoto que roubou a cena muitas vezes.

Um olhar expressivo e um sorriso doce foram características marcantes do personagem Domênico, interpretado pelo ator Eduardo Melo, 12 anos.

Na trama, Domênico era filho do casal Léo e Catarina. Eduardo soube emocionar o público e, pela sua atuação, já foi indicado para receber vários prêmios como o Melhor Ator Mirim de 2008. Em entrevista ao OutrOlhar, devidamente autorizada por seus pais, o garoto fala sobre sua vida, sua carreira e seus planos.

OutroOlhar: Quais foram os principais trabalhos que você já realizou?Eduardo Melo: Já participei de vários comerciais e campanhas publicitárias de empresas como

O Boticário, Claro e Petrobras. No cinema, atuei no filme Café com Leite, que me rendeu dois prêmios de melhor ator. Na TV, meus grandes trabalhos foram no especial Por toda a minha vida e na novela A Favorita, da Globo.

OO: Como você ingressou no meio artístico?

EM: Por meio vários testes para publicidades. Os comerciais foram minha porta de entrada para a TV.

OO: O que representou sua participação na novela A Favorita para você?EM: A novela me trouxe a certeza de que estou fazendo o que gosto, posso afirmar que quero ser ator. O Domênico, meu personagem, me possibilitou trabalhar ao lado de grandes atores, me sinto privilegiado por isso.

OO: Como foi trabalhar ao lado de atores como Tarcísio Meira e Lília Cabral? A responsabilidade era maior?EM: Com certeza, a responsabilidade era enorme. Foi fantástico trabalhar com essas

pessoas, pois aprendi como é ser um ator de verdade. Vou levar os ensinamentos por toda a vida.

OO: De que forma você concilia o trabalho de ator com seus estudos?EM: Eu estudo de manhã e trabalho à tarde. A dificuldade aumenta em épocas de provas, pois preciso me dedicar ainda mais aos estudos. OO: No futuro, você pretende seguir alguma outra carreira?EM: Não, pretendo me aperfeiçoar como ator e estudar para ser um grande diretor!

OO: Que dicas você dá aos jovens que desejam ser atores?EM: Digo a eles para nunca desistirem de seus sonhos, pois em algum dia podem se tornar realidade.

Fernando Nardy

“ Nós direcio-

namos todas as ati-

vidades, de forma

que os alunos fi-

quem com vontade

de buscar mais co-

nhecimento.

Jéssica Marçal

Leiva Nunes assumiu a coordenação do projeto “Escola no Campus” no ano passado

Foto cedida por Andressa Melo

Eduardo foi revelação em 2008

“ (...) pretendo

me aperfeiçoar

como ator e estudar

para ser um grande

diretor!

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ciência e tecnologiaciência e tecnologia

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Em tempos de repensar ques-tões ambientais, os biocombus-tíveis têm sido assunto recor-rente na mídia e nas conversas do dia-a-dia. Mas uma nova forma de energia também pre-cisa ser levada a sério: a agro-energia, que é a bioenergia produzida a partir de produtos agropecuários e florestais utili-zando a biomassa como fonte. Um exemplo de agrocombus-tível seria o bagaço da cana-de-açúcar que, ao perder sua vida útil, só serve para a produção do etanol. Dessa forma, não ocorre desperdício de biomas-sa, como pode ocorrer com os biocombustíveis. “Os biocom-bustíveis são colocados como a melhor solução para o fim dos combustíveis fósseis, sendo que existem outras fontes, como as energias eólica e solar, que têm potencial e não são desenvolvi-das” conta a integrante do Gru-

po Agroecológico de Agricul-tura Orgânica Maitê Maronhas. O principal entrave para o desenvolvimento dessas fontes alternativas de energia é a economia, porque, segundo o professor do De-partamento de Fitotecnia Már-cio Barbosa, “apesar do grande potencial destas novas tecnolo-gias que estão surgindo, elas não conseguem entrar em competi-tividade com o modelo atual”. Desta forma, os agrocom-bustíveis precisariam ter seus preços equivalentes com os combustíveis fósseis ou preços menores que eles. O professor do Departamento de Bioquí-mica, Luciano Fietto, explica que “os agrocombustíveis são economicamente viáveis. Seus custos são elevados se compa-rados com os custos do etanol produzido hoje, mas com o uso eles vão se aperfeiçoando e tendo um preço mais baixo”.

Pouca gente sabe, mas es-condido entre os muitos pré-dios da Universidade Federal de Viçosa, existe um espaço com mil histórias pra contar e capaz de despertar sua imagi-nação. É o Parque da Ciência, que ensina ciência e tecnologia de maneira muito divertida. Desde agosto de 1998, o Parque atende a toda comuni-dade universitária e viçosen-se, tendo como público mais freqüente alunos de escolas do município. Através da expo-sição de experimentos inte-rativos, o visitante tem con-tato físico com conceitos antes vistos apenas nos livros. Um exemplo disso é a máquina eletrostática de Winshurst, que, localizada na entrada do Parque, recepciona os visitan-tes com pequenos choques. Segundo a estudante Flá-

via Santos, que já visitou o Parque, o espaço “é muito interessante porque dá oportu-nidade ao visitante de intera-gir, sendo uma boa chance de aprender a física na prática”. Para o monitoramento das visitas, o Parque da Ciência conta com o auxílio de estu-dantes de graduação da UFV, que dão explicações acerca dos projetos expostos. Apesar da boa estrutura, que conta com salas de aula, laboratórios, um aquário e um borboletá-rio, o Parque ainda necessita de apoio financeiro para dar continuidade a estes projetos. O Parque da Ciência possui entrada franca e funciona de segunda a sábado. Para entrar neste universo da ciência e da tecnologia, as escolas devem agendar sua visita pelos tele-fones 3899-2699 e 3899-2499.

Agroenergia: uma solução sustentável

Rizolyptus! Com certeza você deve está se perguntando o que é, ou melhor, pra que serve? Esse é o nome de um produto único no mundo, que foi desenvolvido através da parceria da Universi-dade Federal de Viçosa com as nove maiores empresas florestais brasileiras. Trata se de um inocu-lante que auxilia na formação das raízes das mudas de eucalipto. A pesquisa foi realizada no laboratório do departamento de

UFV lança produto único no mundo

Diversão e ciência se encontram no Parque

Andriza Andrade

Maria Antônia Perdigão

Raul Gondim e Elizângela Viana

fitopatologia da UFV. Durante a fase inicial foram isoladas mais de 100 culturas de bactérias ob-tidas da rizosfera das mudas. Se-gundo o Professor Acelino Couto Alfenas, idealizador da pesquisa, durante a fase clonal das mudas é muito comum ocorrer o não enraizamento das estacas, por-tanto, “esse produto atua estimu-lando a produção de hormônios de enraizamento” proporcionan-do um ganho médio de 16%. O Brasil, em especial Minas Gerais, detêm tecnologia de

ponta, chegando mesmo a ex-portar conhecimentos técnicos e científicos para a Austrália, a terra de origem do eucalipto. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Silvicultura, a SBS, o setor florestal brasileiro mantém, em regime de produ-ção, cerca de 4 milhões e 800 mil hectares de plantações flo-restais de rápido crescimento. De acordo com testes to-xicológicos realizados pelo Departamento de Nutrição da UFV, o “Rizolyptus” utiliza bactérias isoladas das plantas em condições naturais e não acarreta prejuízo à saúde. O desenvolvimento do inocu-lante é um exemplo da intera-ção Universidade e Empresa. Para Elza Fernandes, presi-dente da Comissão Permanen-te de Propriedade Intelectual, “o rizolyptus é um exemplo de sucesso quando conside-ramos o desenvolvimento da pesquisa e a transferên-cia das tecnologias” afirma.

Elizângela Viana

Dep

arta

mento d

e Fitopa

tologia