160

Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

2018.1

Jovens

0

5

25

75

95

100

CruzDeMalta_Dez17_CapaProfessor

terça-feira, 12 de dezembro de 2017 18:23:36

Page 2: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

RevisãoMauren Julião

Projeto Gráfico e EditoraçãoNLopez Comunicação

Angular EditoraDepartamento Editorial - Associação

da Igreja Metodista Av. Piassanguaba, 3031 – Planalto Paulista

04060-004 – São PauloTel. (11) 2813-8643 / (11) 2813-8600

[email protected]: //angulareditora.com.brhttp://www.metodista.org.br/

escola-dominical

Todos os direitos nacionais e internacionais reservados à

2018.1

Cruz de MaltaRevista para Escola Dominical – Jovens

Aluno(a)

Secretaria Executiva EditorialJoana D’Arc Meireles

Colégio EpiscopalHideide Brito Torres – bispa assessora

Coordenação editorialAndreia Fernandes Oliveira

Equipe de RedaçãoAndreia Fernandes Oliveira

Mauren Julião

ColaboraçãoEdson Cortasio Sardinha

Enoque Rodrigo de Oliveira LeiteEliana Estevam Emilio

Hebert NogueiraHideide Brito Torres

José Geraldo MagalhãesKennie Ladeira MendonçaLucélia Fabrício Pinheiro

Roseli de Oliveira

SUMÁRIO

Lição 01: Servir com integridade – Mateus 6 ..............................................................................6Lição 02: Iluminando o Olhar – Mateus 6.22-23 / Lucas 11. 34-36 .................................... 13Lição 03: O fruto do Espírito em nós – Gálatas 5. 16-23 .........................................................19Lição 04: Viver no Espírito – Gálatas 5. 22-24 .............................................................................26Lição 05: Fé e determinação – 2Timóteo 2. 1-13 ........................................................................32Lição 06: “Lembrai-vos dos encarcerados” – Hebreus 13.3 .............................................. 38Lição 07: Princípios da Amizade – Rute 1.1-18 ........................................................................... 44Lição 08: As bem-aventuranças – Mateus 5.1-12 ...................................................................... 51Lição 09: Israel e os gibeonitas – Josué 9......................................................................................57Lição 10: Construir um lugar habitável – 2Reis 6.1-7 ............................................................ 64Lição 11: Nossa relação com a natureza – Romanos 8.19-23 .............................................. 71Lição 12: Diálogo e tolerância – Gênesis 11 1-9 / Atos 2. 1-13 ...............................................78Lição 13: Deficiência não é castigo – João 9.1-12 ...................................................................... 85Lição 14: Ananias e Safira – Atos 5.1-11 ..........................................................................................92Lição 15: O valor do Reino – Mateus 13.44-46 ........................................................................100Lição 16: O amigo inoportuno – Lucas 11. 5-13 .........................................................................107Lição 17: O que fazer com os talentos – Lucas 19.12-27 ........................................................113Lição 18: Quase cristão – Atos 26.28 ............................................................................................. 119Lição 19: A cura da maledicência – Tiago 1.26 / Mateus 18. 15-17 ..................................126Lição 20: A negação de si mesmo – Lucas 9.23-25 .................................................................132Lição 21: A imperfeição do conhecimento humano – 1Coríntios 13.9 ........................139Lição 22: O sepultamento de Jesus – João 19.38-42 .............................................................. 146Lição 23: O caminho de Emaús – Lucas 24.13-35 ................................................................... 151Métodos de ensino na Escola Dominical ......................................................................................158

EXPEDIENTE

Page 3: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

PALAVRA DA REDACAO

Querido(a) professor(a)

Andar com Deus e fazer o bem estão interligados. Um testemunho cristão pleno se revela por meio de atitudes íntegras e bondosas. Se a maldade e a falta de integridade estão presentes em uma socieda-

de corrupta, a integridade e a bondade são valores inestimáveis no Reino de Deus e, portanto, marcas de uma vida de santidade.

Nesta revista, tratamos do tema da integridade e do caráter cristão, a par-tir das orientações da Palavra e da vida e testemunho de pessoas que andaram com Deus se relacionaram com Ele, testemunhando seu agir e refletindo em ações o fruto deste relacionamento: fazendo o bem! Dois blocos especiais se relacionam também ao tema: Parábolas de Jesus e Sermões de John Wesley, pastor anglicano do século XVIII que deu início ao movimento chamado meto-dista. Além disso, duas lições especiais sobre o período da Páscoa encontram-se no final da revista para serem usadas de acordo com as programações locais.

Nosso intuito é que, a partir do estudo compartilhado da Palavra de Deus através das lições aqui produzidas, cresçamos como Igreja de Cristo no ca-minho da santidade expressa por amor ao Senhor e em amor pelo próximo. Sua atuação como professor(a) é fundamental para alcançar esse objetivo. Observe as orientações e dicas, leia com atenção cada lição, procure intei-rar-se dos assuntos que não domina e tenha sempre a liberdade de adaptar o material à realidade e necessidades de sua classe e igreja. Busque orienta-ção pastoral nesse sentido.

Nossa oração é para o Espírito Santo lhe conduza usando sua vida como instrumento de bênção na vida dos alunos e alunas, e que através dos estu-dos sua vida seja edificada também.

Bom trabalho!

Equipe de Redação

~

~

Page 4: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

4 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ORIENTACOES PARA O(A) PROFESSOR(A)

Estimado(a) Professor(a)

Esta revista é uma ferramenta para sua prática de ensino e visa o cres-cimento e formação cristã dos discípulos e discípulas que participam da Escola Dominical. Neste processo de formação a sua atuação como

professor(a) é fundamental, pois você é um importante instrumento de Deus para levar o conteúdo aqui apresentado para os alunos e alunas, aju-dando-os e estimulando-os a aproveitar também o melhor deste material. Sendo assim, seu preparo e capacitação contínua vão ajudar muito na efeti-vidade de seu trabalho.

No intuito de colaborar com a sua prática, e visando o melhor aproveita-mento do material, partilhamos algumas dicas:

� Leia toda a revista para que você tenha uma visão total do material, assim poderá adaptá-la à sua classe e igreja local, e planejar a ordem das aulas. Caso perceba que é preciso inverter a ordem das lições, por exem-plo, ministrar a terceira antes da segunda, faça sem hesitação. A visão total do material lhe dará segurança para adaptá-lo à sua realidade. Não caia na tentação de querer ensinar tudo de uma vez – você tem um curso pela frente.

� Procure iniciar o preparo da aula no início da semana que a antecede; isto lhe dará mais tempo de estudo e possibilidades de encontrar ma-teriais que sejam úteis. Preste atenção nas notícias, fatos do cotidiano, situações da igreja, vídeos, músicas, imagens etc., que podem ser usadas na aula.

� Ao planejar a aula, se possível, tenha um dicionário de português, mais de uma versão da Bíblia Sagrada para comparação dos textos e outros materiais de apoio, como dicionários e comentários bíblicos. Alguma li-teratura é citada na Bibliografia e pode ampliar seu conhecimento.

~

~

Page 5: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 5

� Dialogue sobre as dúvidas com o ministério pastoral ou alguém da equipe pedagógica. Aproveite também os recursos humanos da Igreja, convide pessoas que possam colaborar com a exposição da lição.

� Trabalhe com foco, objetividade e criatividade; aproveite as estraté-gias sugeridas e conte com a ação e inspiração do Espírito Santo. Dedique tempo em oração antes de fazer seu planejamento.

� Evite ler integralmente a revista na aula! (Faça leitura apenas dos des-taques). Use o texto para discussão em grupos, estimule a leitura prévia das lições pelos alunos e alunas para melhor aproveitamento do tempo de aula.

� Relacione o tema com a realidade dos alunos e alunas, com a vida e missão da Igreja, através de exemplos e dando oportunidade para a clas-se se expressar.

� Interceda por seus alunos e alunas: para que sejam frequentes, para que o conhecimento transforme o caráter e a visão à luz da Palavra. Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana.

� Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo de ensinar – des-pertamento vocacional; uma estratégia pode ser desafiar alguém da classe de tempos em tempos para dar a aula, com sua assessoria.

� Incentive o relacionamento para além da classe e procure, através da observação do controle de frequência, buscar as pessoas ausentes e afas-tadas. Envolva as frequentes nesta tarefa.

� Mantenha uma linguagem simples e objetiva, tenha paciência para tirar as dúvidas, seja amável e busque viver de modo coerente com o Evangelho. Sua vida ensina tanto quanto suas palavras.

Ao final da revista, trazemos algumas metodologias que podem enri-quecer suas aulas. Leia com atenção e use conforme a necessidade, procu-rando variar as estratégias para manter um ambiente interessante para a aprendizagem.

Page 6: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

6 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 01

SERVIR COM INTEGRIDADE* Texto bíblico: Mateus 6

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro”. v.24

Todo o capítulo 6 de Mateus é uma grande compila-ção de ditos de Jesus acerca de “princípios e valores”. Valores são as coisas que nos movem internamente,

que são de fato importantes para nós. Já os princípios são verdades profundas. Possuem um caráter coletivo, e são a causa primária de nossos valores, os rudimentos, as origens que fundamentam nossas escolhas. Por exemplo, o arrepen-dimento é um princípio bíblico pelo qual os valores de uma comunidade de fé se desenvolvem. As práticas das igrejas po-dem ser diferentes em alguns aspectos, mas sempre estarão de algum modo conectadas pelos princípios cristãos e tende-rão a aproximar-se em aspectos comuns. Se fugirem demais, esses valores estarão em desconexão com o princípio.

Page 7: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 7

O valor da IntegridadeNo capítulo 6 de Mateus, Jesus colo-ca a integridade como valor frente ao princípio da submissão a Deus e à sua vontade. Integridade, de acor-do com o dicionário de significados, “tem origem no latim integritate, que significa a qualidade ou estado do que é íntegro ou completo. É sinô-nimo de honestidade, retidão, impar-cialidade.” (https://goo.gl/y4jx7j).

Na prática, então, a integridade como valor aparece na pureza de in-tenção ao dar a esmola (2-4), ao orar (5-8) e ao jejuar (16-18). O objetivo dessas ações não é de apresentar-se aprová-vel e louvável diante das pessoas, mas, fazer o bem e agradar a Deus.

A oração do Pai Nosso (9-13) também aparece como modelo de oposição ao falatório dos gentios. O objetivo da oração não é convencer Deus das carências humanas, como os gentios estavam ensinados a fa-zer. Ao contrário, é relacionamen-to com Ele. Daí que a síntese dessa oração de Jesus ensina que, ao orar, devemos realmente dizer a verdade a Deus, em termos de necessidades, mas também receber dele as orien-tações necessárias, rendendo-lhe autêntica glória e louvor. Além dis-so, a oração expressa relacionamen-to com o próximo e para ter o valor da integridade é preciso orar para estar em contato com Deus e sen-sível às necessidades das pessoas. Caso contrário, a oração se torna hi-pócrita: parece, mas não é.

No restante do capítulo, o tema da integridade se relaciona com a fé, outro princípio, pois, “sem fé é impos-sível agradar a Deus”. Se cremos em Deus, então a totalidade de nossa en-trega deve ser manifesta. Não pode-mos ter dúvidas de que Deus suprirá as necessidades físicas, emocionais e espirituais que temos. Devemos con-solidar nossa fé, a fim de não ficarmos em um estado de divisão entre con-fiar e tentar gerir nossa vida por nós mesmos(as).

No verso 24, Jesus exemplifica o problema da falta de integridade, que gera oscilação entre dois senho-res. Ele utiliza o exemplo do dinheiro, pois se trata de um valor consistente para o ser humano. Almejamos uma boa vida, sonhamos com condições tranquilas ou de abundância. O pro-blema é que este valor, desvirtuan-do-se, pode ser colocado no lugar de Deus, gerando corrupção.

Onde está a Integridade da Igreja?Warren Wiersbe, no já clássico “A cri-se de integridade” (1993), faz um duro diagnóstico sobre a perda de poder e de influência da Igreja no mundo. Segundo ele, “A Igreja acostumou-se a ouvir pessoas contestarem a mensa-gem do Evangelho, porque essa men-sagem é loucura para os perdidos. Mas hoje a situação está embaraço-samente invertida, pois o mensageiro passou a ser suspeito. Tanto o minis-tério quanto a mensagem perderam

Page 8: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

8 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

a credibilidade perante um mundo atento, que parece estar a divertir-se com o espetáculo. ‘Por que é que ha-víamos de escutar a igreja?’, pergunta o mundo crítico. ‘Com que autoridade vocês, cristãos, nos pregam sobre pe-cado e salvação? Ponham ordem na própria casa; depois talvez queiramos escutá-los’.” (WIERSBE, 1993, p. 11)

A maior dificuldade que a Igreja enfrenta não é o pecado que existe no mundo ou o sistema pecaminoso no qual ela se insere, pois as Escrituras mesmo afirmam que “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19). O maior pro-blema da Igreja hoje é a falta de au-toridade e de poder, características reconhecidas no ministério de Jesus e nos servos e servas que em todos os tempos atuaram em nome do Senhor. Quando, no decorrer da história, a Igreja se afastou dos padrões bíblicos de santidade e pureza, sua autoridade se esvaziou e ela perdeu o poder de salgar e iluminar. Com isso, a propa-gação do Evangelho transformador deixou de alcançar sua inteireza.

Mas como Cristo é o Senhor da Igreja, também por meio de seu Espírito Santo Ele levanta pessoas dispostas a trazê-la de volta ao cami-nho da santidade interior e prática. Todo avivamento começa por uma conversão, uma volta do povo de Deus aos princípios bíblicos e aos va-lores da Igreja de Cristo. O reconhe-cimento de que existe uma distância entre Deus e seus servos e servas é insuperável para que o derramar do Espírito Santo venha, trazendo a in-tegridade outra vez.

O que realmente faz diferença?A integridade como valor é algo que precisa de perseverança e continui-dade. Para obtê-la no caminho do discipulado, precisamos ter cuidado com as influências em nossa vida.

É comum termos pessoas que nos inspiram e nos orientam em várias di-reções de nossa vida. Influenciamos e recebemos influências o tempo todo. Algumas dessas influências são perceptíveis e nítidas. Aparecem no nosso comportamento, no modo de vestir, nos ambientes que frequenta-mos, livros que lemos, expressões de fala, etc. Outras são mais sutis e pro-fundas e podem emergir apenas em tempos de crises, de lutas profundas ou de grandes mudanças.

Porém, estar por perto das boas influências pode não ser o bastan-te. Judas esteve por perto de Jesus. Muitos dos companheiros próximos de Paulo o abandonaram quando ele estava em perigo. Da mesma forma, estar perto de más influências tam-bém não quer dizer a perdição total. Que o digam os amigos de Daniel, cercados por toda a idolatria e a opu-lência política perversa da Babilônia!

Então, o que pode, de fato, fazer a diferença?

Davi diz a Salomão para ser forte (1Crônicas 28). A palavra em hebrai-co para forte é transliterada como rhazac. No hebraico, o termo pode ser entendido como “ser constante, obstinado”. Também pode ser tradu-zido como “fortalecer”. Davi abençoa a Salomão com esta palavra e, por ser

Page 9: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 9

um mandado de Deus, isso significa que é uma bênção, uma ordem e uma palavra profética ao mesmo tempo.

Porém, a perseverança ordenada e a bênção predita possuem um con-dicional muito claro. Várias vezes neste texto temos uma pequena pa-lavra que faz toda a diferença: “Se”. “Se perseverar ele em cumprir os meus mandamentos e juízos”; “Se o buscares, ele se deixará achar por ti; se o deixares, ele te rejeitará para sempre”. São os “ses” que nos expli-cam a maneira de sermos fortes. A força de que a Palavra fala é, portan-to, a força de permanecer, persisten-temente, nos propósitos divinos.

Assim como no exercício físico, é a força da perseverança que garantirá a saúde e o vigor que impulsiona para obedecer ao serviço de Deus. E a pala-vra que Deus profere é, em si mesma, a garantia do cumprimento. A nos-sa parte é sustentar-nos firmes no

“se” para termos o “sim”. Como dis-se Stanley Jones, “Todas as vezes em que você se recusa a encarar a vida e os problemas, você enfraquece o seu caráter”. Um caráter fraco não gera integridade e por isso o resultado do seu serviço não permanece. Oremos como João Wesley: “Oh, Senhor, não me deixe viver sem propósito”!

ConclusãoA integridade é uma experiência que precisamos ter com o Espírito Santo, para não cairmos na tentação de fazer as coisas “como os fariseus hipócri-tas”, com uma face pública e uma face privada. Nossa vida precisa ser impac-tante para as pessoas, a ponto de le-vá-las a desejar uma experiência real com Cristo por meio daquilo que so-mos, fazemos e falamos. Isso só acon-tece quando o Espírito Santo gera essa integridade em nós, por meio do arre-pendimento e conversão genuínos.

BATE-PAPONosso ministério tem

sido desenvolvido com

integridade, à luz do que

vimos hoje? Que sinais

apontam para isso? Há algo

que precisa ser ajustado?

Como fazer?

*Esta lição é uma síntese adaptada da carta pastoral “Discípulas e discípulos nos caminhos da missão servem com integridade”, do Colégio Episcopal da Igreja Metodista. Para conhecê-la na íntegra, acesse: https://goo.gl/tHFLK9. **Leia os textos desta seção durante a semana para fixar a lição de hoje. Faça isto semanalmente para cada lição.

LEIA DURANTE A SEMANA**Domingo: Mateus 6Segunda-feira: 1Crônicas 28Terça-feira: Lucas 16.10-13Quarta-feira: Provérbios 28.5-7Quinta-feira: 1Pedro 3.13-17Sexta-feira: Miqueias 6.6-8Sábado: Salmo 25

Page 10: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

10 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivoRefletir sobre o tema da Integridade, que permeia toda a revista, enfatizan-do a importância de viver e servir a Deus com integridade, como fruto da obra transformadora do Espírito Santo em nós.

Para início de conversaInicie a aula perguntando à classe: a) o que é integridade? b) Esse conceito varia de tempos em tempos ou de lugar para lugar? c) Quais os “inimigos da integridade hoje”? Procure anotar num quadro ou cartaz as respostas dadas e introduza o tema da lição e da revista. Você pode ler com a classe a palavra da redação para a revista do(a) aluno(a). Enfatize nesta introdução que em-bora a integridade e os valores da Palavra de Deus sejam muito banalizados hoje em dia, eles não são mutáveis e Deus espera que vivamos com integri-dade a fé.

Por dentro do assuntoEsta lição é uma síntese adaptada da carta pastoral “Discípulas e discípulos nos caminhos da missão servem com integridade”, do Colégio Episcopal da Igreja Metodista. Procure lê-la na íntegra para facilitar sua compreensão do assunto (disponível em: https://goo.gl/tHFLK9). Destacamos, da carta, al-guns trechos:

“Os autores e autoras que abordam o tema da liderança nos advertem de que todas as pessoas e instituições possuem valores. A questão é saber se eles são bons ou não. O problema é que nem sempre os valores decla-rados, aqueles que aparecem em nossas falas, cartazes e sermões, são os valores reais. Dizemos que a oração é um valor, mas não oramos. Dizemos que a evangelização é um valor, mas não evangelizamos. Portanto, desco-brimos nossos valores olhando para aquilo que fazemos. Exemplificando isso, alguém declarou: “As pessoas fazem o que elas valorizam e valorizam o que fazem”. Um diagnóstico de nossas atitudes e práticas irá demons-trar nossos valores atuais e um arrependimento profundo e verdadeiro vai apontar as mudanças de valores a que o Espírito Santo nos quer con-

Page 11: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 11

duzir. Podemos definir nossos valores como nossas práticas e hábitos. Já os princípios são verdades profundas, entendidas como autoevidentes. Possuem um caráter coletivo, e são a causa primária de nossos valores, os rudimentos, as origens que fundamentam nossas escolhas. Por exemplo, o arrependimento é um princípio bíblico pelo qual os valores de uma comu-nidade de fé se desenvolvem. As práticas de comunidade a comunidade podem ser diferentes em alguns aspectos, mas sempre estarão de algum modo conectadas pelo princípio e tenderão a aproximar-se em aspectos comuns. Se fugirem demais, esses valores estarão em desconexão com o princípio. Por este entendimento, podemos dizer que Jesus está colocando nesse capítulo inteiro a integridade como valor frente ao princípio da sub-missão a Deus e à sua vontade”.

“Temos o desafio de impactar, de fazer a diferença e levar a transfor-mação do Evangelho aos confins da terra, por meio da salvação e da vida abundante prometidas por Jesus. Porém, todos os dias, as igrejas ou seus representantes são denunciados por envolvimentos em práticas frontal-mente contrárias ao Evangelho que se propõem a pregar. O que está errado? Wiersbe confronta:

Dizer as palavras certas, ter as credenciais certas, pregar sermões de textos certos, ajudar pessoas com problemas, e até mesmo fazer milagres jamais pode tomar o lugar de fazer a vontade de Deus. A tra-gédia de hoje, porém, é que muitos não conhecem a diferença entre realidade e fingimento; o que a maioria chama de bênção, pode ser, na realidade, julgamento de Deus (WIERSBE, 1993, p. 17).

Construindo a nossa integridade: caráter como inteireza de vida e testemunho vitalO famoso pregador Spurgeon escreveu: “Senhor, nos ajude não apenas a sermos capazes de discernir a diferença entre o certo e o errado, mas, por favor, nos ajude a discernir entre o certo e o quase certo”. Muitas vezes, a sutileza das motivações interiores pode nos levar para longe do verdadeiro serviço a Deus. Observe isso nos argumentos de Jesus: “Nem todo aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos dirão a mim na-quele dia: ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos mui-tos milagres?’ Então lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-vos da mi-nha presença, vós que praticais o mal” (Mateus 7.21-23). Apesar de as obras

Page 12: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

12 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

exteriores apontarem uma fidelidade ao mandamento de Jesus, este, que conhece as intenções, reprova as suas obras. É o mesmo ponto do texto de Mateus 6, que podemos entender como: ‘Não basta fazer a vontade de Deus, é preciso fazer do jeito de Deus’. Aquilo que move mais interiormente o ser humano é a chave de relevância que faz toda a diferença, pois no Reino os fins nunca justificam os meios. Em algum momento, as reais intenções de cada atitude aparecem e a falta de integridade coloca tudo a perder: credibi-lidade, resultados, expectativas, frutos... que não permanecem”.

Por fimTrabalhe as questões do bate-papo e encerre a aula orando pela Igreja de Cristo espalhada na Terra, para que o Espírito Santo capacite os filhos e filhas de Deus a viver integramente como testemunhas verdadeiras do Senhor.

BibliografiaIGREJA METODISTA. Colégio Episcopal. Discípulas e discípulos nos cami-nhos da missão servem com integridade. São Paulo: 2017. Disponível em ht-tps://goo.gl/NiNUxd. Acesso em 09/11/2017.Dicionário de significados: https://goo.gl/fudE3h. Acesso em 09/11/2017.

ANOTAÇÕES

Page 13: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 13

Lição 02

ILUMINANDO O OLHAR Textos Bíblicos: Mateus 6.22-23 / Lucas 11. 34-36

“São os olhos a lâmpada do corpo...” Mateus 6.23

Nossa maneira de ver o mundo, as pessoas e as circuns-tâncias da vida podem determinar nossa qualidade de vida e nossa relevância no mundo. Nossa visão – na-

tural e espiritual – precisa de cuidado. Aquilo que olhamos, observamos, pode influenciar nosso interior, aproximando--nos ou afastando-nos da vontade de Deus. Olhar a vida sem a graça e o amor de Deus pode nos levar por caminhos de dor e morte. Por outro lado, quando esta graça nos ilumina o olhar e o amor nos faz enxergar além das circunstâncias, caminha-mos para a vida plena e abundante proposta pelo evangelho de Cristo.

Page 14: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

14 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

A lâmpada do corpoNo tempo de Jesus os olhos eram con-siderados como janelas pelas quais o corpo tinha acesso à luz, e se eles fos-sem saudáveis o corpo receberia os benefícios que a luz pode trazer. Jesus usou esse saber popular para ilustrar um ensinamento sobre a vida espi-ritual: assim como os olhos naturais dão acesso à luz para o corpo, os olhos espirituais o fazem para o espírito. É preciso, pois, cuidar do olhar e atentar para o modo de ver a vida.

No texto de Mateus Jesus usa esta expressão quando trata da relação humana com os bens materiais. Ele está alertando sobre o perigo de dei-xar que o apego às coisas materiais dirija nosso olhar, o que pode tornar nossos olhos turvos para os valores do Reino e a pureza de vida.

“No olho da pessoa revela-se como ela se relaciona com a sua ri-queza (...) O olho pode, portanto, re-velar a benção ou a desgraça que a generosidade ou, respectivamente, a ganância, trazem ao ser humano” (RIENECKER, 1993, p. 112).

Este princípio pode ser expandido para outros valores relacionados à vida terrena: nosso olhar pode estar “embaçado” por egoísmo, vaidade pessoal, rancor, desejo de sucesso ou até mesmo religiosidade e legalis-mo – valores contrários aos do Reino – que ofuscam a verdadeira luz que pode iluminar nossa vida.

Em Lucas a mesma ilustração se apresenta em outro contexto,

considerando o fato de que os olhos são o órgão que recebe a luz. Se ele está sadio, receberá completamente a luz e os seus efeitos farão bem ao corpo, mas se não estiver, receberá parcialmente a luz, o que pode preju-dicar todas as funções do organismo. Assim, é preciso cuidar de receber totalmente a luz de Cristo e a men-sagem do Evangelho, para enxergar com clareza e viver bem nessa terra, cumprindo os propósitos de Deus.

Nos dois textos o que fica claro é: usar bem os olhos e absorver a luz é uma escolha pessoal; a saúde dos olhos espirituais depende do posicio-namento em relação à luz de Cristo.

O olho mau e o olho bomO olho bom, simples ou sadio, é aque-le que consegue enxergar com foco. É sabido que não conseguimos en-xergar com nitidez em duas direções diferentes ao mesmo tempo. Então, o “olho bom” – que pode ser traduzido também por perfeito – é aquele que recebe a luz de Cristo e foca nos va-lores do Reino, olhando para o alto, sabendo que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mu-dança” (Tiago 1.17)

Já o “olho mau” é aquele que se direciona ao mesmo tempo para mais de um objeto, ou seja, disperso, que por isso coloca em risco o cor-po. Outra alusão dentro da cultura judaica pode ter o significado de

Page 15: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 15

“um espírito rancoroso ou invejoso” (TASKER, 1961, p. 61).

A mesma expressão usada neste texto para olho mau está em Mateus 20.15, na parábola dos trabalhadores na vinha. Ao final da parábola, diante da murmuração dos que se sentiam injustiçados, o dono da vinha declara: “são maus os teus olhos porque eu sou bom?”. O sentido da expressão nos faz entender que um olho mau é também um olho sem generosidade, que não se conduz pela graça, mas pelo legalismo e por um senso de justiça egoísta, que não usa de miseri-córdia em direção às outras pessoas.

Essas colocações nos fazem perce-ber que precisamos conduzir nosso olhar pela luz de Cristo, por sua graça e misericórdia, para fazer nossas es-colhas e conduzir nossos passos por ela, considerando sempre o Reino de Deus que é “justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Romanos 14.17), um Reino que leva em conta o próximo, que tem valores eternos e não se li-mita à vida terrena.

Como iluminar o olhar A Bíblia traz muitos textos a respeito da luz e do olhar. Eles apontam pelo menos duas direções para manter um olhar sadio:

Buscar orientação na Palavra e vi-ver pelos seus princípios: A Palavra é “lâmpada para os pés” e “luz para os caminhos”. (Salmo 119.105). Mais do que conhecê-la, é preciso orientar-se por ela nas ações e reações nas dife-

rentes áreas da vida. Diante de tantas fontes que hoje querem ser referen-ciais de como agir, do que vestir, do que ouvir e sobre o que falar, refe-renciais estes que, às vezes, chegam a afirmar que a Bíblia já não respon-de todas as demandas da juventude, nós reafirmamos a importância da Palavra de Deus como nossa “regra de conduta e fé.”

Seguir os passos de Jesus: Ele mesmo disse: “Eu sou a luz do mun-do; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida”. (João 8.12). Isso vai bem além de ir à Igreja, envolve uma decisão diária de viver sob a direção Senhor, e buscando orientação do Espírito Santo para nossas escolhas quanto à profissão, namoro e casamento, pro-dutos que vamos adquirir, lugares que frequentamos. Mas tem também a ver com seguir o exemplo de Jesus no trato com as pessoas, olhando-as com amor e compaixão, reconhecen-do que todas elas são alvo do amor de Deus e que podemos ser instrumen-tos da Graça para ajudar em suas ne-cessidades e anunciar o amor e poder de Deus. Como Jesus, devemos tam-bém promover a paz e a justiça e de-nunciar a injustiça. Isso vai colaborar para que outras pessoas tenham a sua visão restabelecida.

Luz que iluminaEm Lucas Jesus conclui sua fala so-bre os olhos dizendo: “Se, portanto, todo o teu corpo for luminoso, sem

Page 16: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

16 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ter qualquer parte em trevas, será todo resplandecente como a can-deia quando te ilumina em plena luz.” (v.36). Entendemos então que é possível viver plenamente na luz do Senhor, a ponto de resplandecer e iluminar também ao nosso redor, como o próprio Jesus falou: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vos-sas boas obras e glorifiquem a vos-so Pai que está nos céus.” (Mateus 5.16). A luz de Cristo ilumina nos-sa vida para trazermos luz para o mundo, através de ações que façam diferença na construção de uma sociedade mais ética, solidária e comprometida com a vida. Este é o

propósito da nossa existência: andar na luz, ter plena comunhão com o corpo de Cristo, sendo “... irrepreen-síveis e sinceros, filhos de Deus in-culpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual res-plandeceis como luzeiros no mun-do” (Filipenses 2.15).

ConclusãoDiante de tantas luzes que atraem e até ofuscam nosso olhar, Deus nos chama para seguir na luz de Cristo e da Palavra, e ser luz nessa terra, parti-cipando da missão com caráter san-to, ética e integridade. Nas próximas lições veremos aspectos práticos dessa caminhada.

BATE-PAPO

Que passos concretos

podemos dar para

alinhar nosso olhar aos

propósitos missionários

de Deus?

LEIA DURANTE A SEMANA

Domingo: Mateus 6.22-23 / Lucas 11.34-36Segunda-feira: Salmo 123 1-2Terça-feira: Provérbios 4.18-27Quarta-feira: Filipenses 2.12-16Quinta-feira: Mateus 5.14-16Sexta-feira: Salmo 19.7-11Sábado: Provérbios 3

Page 17: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 17

ObjetivosRefletir sobre a forma de olhar a vida a partir da Palavra de Deus; mos-trar a Palavra de Deus como determinante para a nossa forma de viver; reafirmar a importância de crer na Graça de Deus e na transformação do ser humano.

Para início de conversaFaça com a classe o seguinte exercício: Todos e todas devem olhar para a frente, fixando os olhos num ponto da sala (você pode colocar uma figura ou cartaz afixado na parede como referência). Com os olhos fixos no ponto de referência, peça que três ou quatro pessoas se voluntariem para descrever com o maior detalhamento possível a roupa da pessoa que está à sua direita ou esquerda. O olhar não pode se desviar da frente. Todos devem fazer esse exercício, mesmo que não falem. Terminando a atividade, comente sobre as dificuldades encontradas e introduza o tema da lição apontando para o fato de que Deus nos chama para olhar firmemente para Ele e a partir de sua orientação dirigirmos nosso olhar ao próximo.

Por dentro do assuntoNo texto de Mateus sobre “o olho bom e o olho mau”, está num contexto de ensino sobre a relação com o dinheiro. Antes dele Jesus alerta para não acu-mular tesouros na terra (vv.19-21) e logo em seguida afirma que não se pode servir a Deus e a Mamom (do aramaico Mamon = riqueza, bens terrenos, dinheiro; do hebraico “o que se armazena”, a personificação da riqueza), tra-zendo também a orientação de buscar em primeiro lugar o reino de Deus e não andar ansiosos pela comida ou vestes, visto que o Pai celeste sustenta seu povo (vv. 24-33). Assim, no olhar da pessoa revela-se como ela se relacio-na com a sua riqueza, obtendo dela a bênção ou a maldição.

A ligação entre o olhar e o dinheiro se encontra no mesmo sentido em Mateus 20.15: “são maus os teus olhos porque eu sou bom?” – expressão do final da parábola dos trabalhadores na vinha, que retrata a posição do dono da vinha que resolve pagar o mesmo valor para os que começaram a traba-lhar no início do dia e os que começaram a jornada em diferentes períodos do dia, trabalhando menos que os primeiros. Esta decisão gera, segundo a

Page 18: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

18 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

parábola, murmuração entre os que trabalharam o dia todo, que se senti-ram injustiçados mesmo tendo recebido o que estava combinado. Aqueles homens tinham o “olho mau”, isto é, viam com um senso de justiça egoísta, sem misericórdia. Este é um olho que “não pode ver a beleza da graça. Ele não pode ver o brilho de generosidade. Ele não pode ver bênção inesperada para os outros como um tesouro precioso. É um olho que é cego para o que é verdadeiramente belo e brilhante e precioso e divino. É um dos olhos do mundo. Ele vê o dinheiro e recompensa material como mais desejável do que uma bela exibição da livre, graciosa, generosidade Divina” (John Piper).

Já no evangelho de Lucas, o contexto é de como as pessoas recebem o Evangelho. Sendo assim, a luz parece referir-se à manifestação do evange-lho e Jesus é aquele que acende a lâmpada. “A palavra candeia (lâmpada) é usada em dois sentidos nos versos 33 e seguintes. O discípulo deve deixar que a sua lâmpada receba a luz daquela lâmpada; e assim, se o indivíduo não é iluminado por aquela fonte, toda a sua vida é afetada. Os olhos sem dúvida representam o valor principal no coração” (ASH, 1980, p. 202).

Esta luz recebida, por sua vez, precisa brilhar, ser colocada no alto para iluminar os arredores. Ou seja, a luz que recebemos de Cristo deve não só iluminar nossas escolhas e existência, mas também ser exposta para trazer luz a quem ainda vive em trevas.

Para isso, os valores que nos dirigem não podem ser os materiais, pas-sageiros, que se limitam a esta vida. Ao contrário, nossas ações e reações devem ser pautadas na luz da Palavra e do Espírito, gerando ações de amor e cuidado, como fruto de um coração iluminado pela Graça.

Por fimFaça um quadro com as sugestões levantadas no Bate-papo e peça que cada aluno e aluna escolha três passos dos levantados para começar a colocar em prática. Eles devem ser anotados e colocados em um lugar onde sejam sem-pre vistos para lembrar o desafio de caminhar na direção da luz de Cristo e dos propósitos de Deus. Ore para que todos e todas alcancem seus objetivos nesta direção.

BibliografiaASH, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas. São Paulo: Ed. Vida Cristã, 1980.PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F. &REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.RIENECKER, Fritz. Evangelho de Mateus. Comentário Esperança.Curitiba: Ed. Evangélica Esperança, 1993.PIPER, John. O que são os olhos maus em Mateus 6. 23? Disponível em: ht-tps://goo.gl/MeX2r2. Acesso em 20/10/2017.

Page 19: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 19

Lição 03

O FRUTO DO ESPIRITO EM NOS Texto bíblico: Gálatas 5.16-23

“Contra estas coisas não há lei...” v.23b

Ao convidar as pessoas para se tornarem seus discípu-los e discípulas, Jesus sempre enfatizava: Segue-me. Esse seguir a Cristo deveria ser muito mais do que ir

onde o nosso Senhor fosse, mas seguir seus ensinamentos e vivê-los, a exemplo da própria vida do Mestre. Ainda hoje este é o nosso desafio, e para que tenhamos êxito, o Senhor nos deixou seu Espírito. Desta forma, ao nos deixarmos guiar por Ele, nosso modo de agir e nosso caráter são gradualmen-te transformados e o fruto de sua presença se torna visível em nossa vida.

´ ´

Page 20: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

20 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Andar no Espírito para vencer a carnePaulo mostra a necessidade de viver no Espírito a partir da constatação da influência dos desejos carnais. Nesta carta aos Gálatas, ele procura trazer respostas e orientações a par-tir de informações recebidas sobre seguidores da fé judaica que disse-minavam dúvidas no meio da igreja, “pervertendo o evangelho de Cristo” (1. 6-7), insistindo na continuação da observância das leis de Moisés.

Antes de tratar da vida no Espírito, Paulo expressa sua preocupação com o aparente retrocesso dos Gálatas quanto aos princípios do Evangelho (v.7). Ele trabalha na carta o papel da lei diante da Graça e da fé (3.11-22), e sua função nos conduzir a Cristo, através de quem somos feitos filhos e filhas (4. 3-7). Trata também da li-berdade que Cristo conquistou para seu povo e alerta que esta liberdade não pode ser usada para dar ocasião aos desejos da carne, o que só é possí-vel andando no Espírito (5.16).

O apóstolo apresenta então uma relação de quinze atitudes carnais (paixões humanas), que indicam nossa inclinação para a prática do pecado: prostituição, impureza. las-cívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, brigas, ciúmes, acesso de raiva, am-bição egoísta, desunião, inveja, divi-sões, bebedices e glutonarias. Para todas estas obras, a afirmação: Não herdarão o Reino de Deus os que tais coisas praticam (5.21). É preciso,

então, andar no Espírito para não se deixar dominar por elas.

O que é o fruto do EspíritoO fruto é o resultado da ação do Espírito Santo de Deus em nós. O que essa presença ativa promove em nós são virtudes pelas quais conseguimos resistir às tentações da carne.

Estas virtudes se revelam em ati-tudes pelas quais manifestamos dian-te do mundo o caráter do Deus nos fez seu povo exclusivo (1Pedro 2.9-10).

Paulo utiliza a palavra “fruto” e não “obra”, o que indica que tais ati-tudes são resultado da presença e ação do Espírito em nós, e não sim-ples atos da vontade humana. Não é mera ação, é virtude! É resultado de uma disposição transformada de agradar a Deus em tudo. O Espírito Santo nos capacita para viver den-tro dos propósitos e exigências do Evangelho sem que isso se torne um peso, pois gera uma mudança no nosso caráter, de modo que con-seguimos vencer nossas inclinações naturais para o pecado.

Devemos notar que o fru-to do Espírito é apresentado em contrapartida às obras da carne. Anteriormente Paulo afirma: “andai em Espírito e jamais satisfareis à con-cupiscência da carne” (v. 16). Sendo assim, prostituição, lascívia, inimiza-des, ciúmes, discórdias, bebedices, e todas as demais obras da carne, que no fundo são práticas que buscam

Page 21: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 21

satisfazer nossa natureza humana (e por sinal não conseguem, geran-do um descontentamento cada vez maior em nós e ferindo as pessoas ao nosso redor), podem ser vencidas por este fruto bendito, o resultado da presença do Espírito Santo em nós.

Contentamento e realizaçãoDentre estas virtudes, destacamos nesta lição o amor, a alegria e a paz. Estas três virtudes geradas em nós através do Espírito de Deus são ver-dadeiras dádivas que nos trazem realização e contentamento. Não é esta afinal a busca e o anseio da hu-manidade: receber amor, ter alegria e paz? Não é esta a razão pela qual mui-tas pessoas se entregam aos desejos carnais, ainda que os prazeres da car-ne sejam ilusórios e momentâneos? Pois Deus nos dá gratuitamente es-tas dádivas pelo Espírito e espera que compartilhemos também na convi-vência com as pessoas, dentro e fora da comunidade de fé.

Através da ação do Espírito em nós somos capazes de amar e receber amor. Não um amor qualquer, mas aquele descrito em 1Coríntios 13: pa-ciente, altruísta, honesto, bondoso, que não é ciumento nem se porta in-convenientemente, um amor que ja-mais acaba.

Também é só através do Espírito que podemos nos alegrar mesmo diante das dificuldades, como vi-veu e expressou o salmista (Salmo 16.8-9; 28.7; 30.5, entre outros), os

profetas (Isaías 61.10), e outros au-tores bíblicos (Romanos 5.1-5, 14,7; Tiago 1.2-3). Note-se que esta alegria não é proveniente de situações agra-dáveis apenas, mas de uma convicção da presença de Deus e do seu poder de fazer todas as coisas cooperarem para nosso bem. Essa alegria não se explica bem. Ela é sentida por aque-les e aquelas que se rendem à ação do Espírito Santo em suas vidas. Esta ale-gria pode e deve ser compartilhada!

A paz é outra necessidade humana que é suprida pela presença do Espírito Santo. Nós precisamos de paz em três aspectos: a paz espiritual, que é a paz com Deus (Romanos 5.1); a paz emo-cional, que é a paz de Deus, um senti-mento interno de bem-estar e ordem (Colossenses 3.15), e a paz nos relacio-namentos, que é o que a Bíblia cha-ma de paz com as pessoas (Romanos 12.18). A paz nos relacionamentos re-duz conflitos. Esta paz do Espírito que é completa nos dá tranquilidade diante dos problemas e a serenidade neces-sária para enfrentá-los.

Desafio para a vidaDiante de tamanha bênção que nos é concedida, somos desafiados e de-safiadas a viver e andar no Espírito (v.25) e, ao invés de viver correndo atrás de prazeres que não podem satisfazer de fato, investir tempo na comunhão com o Espírito Santo atra-vés da oração e estudo da Palavra, da convivência com pessoas de fé, no caminho do discipulado.

Page 22: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

22 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Uma vez que o amor não é egoís-ta, Deus nos chama a demonstrar estas virtudes em atitudes concre-tas diante das pessoas e na direção delas. Podemos agir com amor, mes-mo diante de atitudes que nos desa-gradam. Se temos alegria, podemos consolar os que choram. Se temos a paz, podemos ser pacificadores e pa-cificadoras. Precisamos reconhecer, porém, que isto só é possível se vi-vermos na dependência do Espírito e realmente nos deixarmos guiar por Ele. Este é o desafio do Evangelho, e buscando estas coisas, não cedere-

mos às paixões humanas, e vamos agradar a Deus e honrar seu nome.

ConclusãoA humanidade está carente de amor, alegria e paz, porque não tem olhado para Deus. Como cristãos e cristãs, somos chamados e chamadas a vi-venciar essas virtudes no nosso dia a dia, junto a todas as pessoas, para que elas vejam Cristo em nós e através de nós possam experimentar a Graça. Esta vivência vai desde o ambiente familiar, passa pela comunidade de fé e se estende para o mundo.

BATE-PAPO

Como podemos expressar

o amor, a alegria e a paz

nos diferentes círculos de

convivência que temos?

E como Igreja, como

podemos manifestar estas

virtudes para além da nossa

comunidade?

LEIA DURANTE A SEMANA

Domingo: Gálatas 5.16-23Segunda-feira: Efésios 5.1-11Terça-feira: 1Coríntios 6.12-20Quarta-feira: Gálatas 5.1-15; 25-26Quinta-feira: Romanos 5.1-11Sexta-feira: Gálatas 2.16-21Sábado: 1Coríntios 13

Page 23: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 23

ObjetivosRefletir sobre a importância da vida de santidade e o valor do fruto do Espírito na luta contra as obras da carne; abordar as características do amor, paz e alegria como dádivas que nos trazem realização e contentamento pes-soal, fortalecendo contra as obras da carne que propõem prazer temporário.

Para início de conversaUse a técnica da Tempestade Cerebral descrita no final da revista para verifi-car o conhecimento prévio da classe sobre o fruto do Espírito. Após anotar as contribuições do grupo, introduza o tema, que será estudado em duas aulas. Destaque que embora no senso comum a palavra fruto seja usada como pro-duto da árvore, no texto aos Gálatas, ela é usada com o significado de conse-quência (resultado) da presença do Espírito Santo em nós. Verifique que essa é uma das definições da palavra nos dicionários da língua portuguesa.

O Dicionário Bíblico Wycliffe (p. 824) traz a seguinte definição: “O ‘fruto do Espírito’ são os hábitos e princípios misericordiosos que o Espírito Santo produz em cada cristão (Gl 5.22-23; Ef 5.9). Assim, neste sentido, pode-se di-zer que o ‘fruto’ é o resultado total que procede de qualquer ação ou atitude específica”.

Sugerimos que você leia as duas lições antes de ministrar a primeira aula, para ter uma ideia do conteúdo geral do assunto.

Por dentro do assuntoQuando o apóstolo Paulo escreveu essa carta às igrejas da Galácia (v. 1.2), tinha uma grande certeza em seu coração: a de que Cristo nos libertou para sermos livres e não devemos mais voltar ao jugo da servidão (v. 5.1). Essa certeza também refletia uma preocupação (vv. 4.19-20), pois o povo cristão destas igrejas estava pensando em abandonar a fé e voltar às anti-gas práticas (v. 5.7).

Paulo tinha sido informado de que algumas pessoas de origem judaica es-tavam visitando as novas igrejas e disseminando dúvidas no meio do povo (vv. 1.6-7), apresentando, inclusive, questionamentos acerca do seu apostolado

Page 24: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

24 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

(vv. 1.10-12). Estes afirmavam que a fé verdadeira só era válida se mantivesse o rigor da observância das leis de Moisés. Diante disto, o apóstolo exorta os Gálatas que voltar a tais práticas era rejeitar a liberdade conquistada por Cristo, por meio do sacrifício da Cruz (vv. 3.1-5).

Estes fatos levaram o apóstolo a falar-lhes acerca da natureza humana, da luta que se dá no interior de toda pessoa cristã, quando a natureza terrena (carne) e a natureza divina, gerada pelo Espírito, entram em conflito (v. 5.17). Assim, Paulo apresenta uma relação de quinze atitudes carnais, ou atitudes de natureza humana. Estas atitudes mostram a nossa inclinação para a prá-tica do pecado, quando na verdade nossa inclinação deveria ser para uma vida com Deus no Espírito.

As três primeiras obras da carne – prostituição, impureza e lascívia – di-zem respeito às antigas práticas que os gálatas tinham antes de ser alcança-dos pelo evangelho de Cristo, contrárias à proposta de santidade, voltadas para o prazer do corpo. A lista aumenta: Idolatria, feitiçaria, inimizades, bri-gas, ciúmes, acesso de raiva, ambição egoísta, desunião, inveja e divisões. Estas, inimigas dos relacionamentos entre o povo de Deus. E por fim, bebe-dices e glutonarias, que também eram práticas dos cultos pagãos e afetam o corpo físico, na busca de satisfação. Para todas estas obras a afirmação: “Não herdarão o Reino de Deus os que tais coisas praticam” (v. 5.21).

A expressão grega “obras da carne” que Paulo apresenta neste texto (vv. 5.19-21), não se refere ao corpo humano, que é bom e é transformado em templo do Espírito Santo (1Co 6-19), mas diz respeito à inclinação humana para a prática do pecado. A vida no Espírito é a única maneira de resistir às tentações carnais (Gl 5.16).

Ao demonstrar que tais obras da carne não devem dominar nossa vida, o apóstolo apresenta uma lista de virtudes, que são fruto do Espírito (resulta-do da vida no Espírito), e encerra afirmando que não é pelo rigor da lei que se pratica estas virtudes (vv. 5.23b), mas tudo é resultado da nova vida em Cristo (v. 5.24) e do mover do seu Espírito em nós (v. 5.25).

Amor, alegria e paz são as primeiras virtudes descritas na lista de caracte-rísticas que o Espírito produz. Elas são dádivas de Deus para nós, que nos tor-nam realizados e realizadas nesta vida, mas ao mesmo tempo, são virtudes que também se direcionam de nosso coração para Deus, “pois o primeiro amor do cristão é o seu amor a Deus, sua principal alegria é a sua alegria em Deus e a sua mais profunda paz é a sua paz em Deus” (STOTT, 2000, p.135).

“O amor faz a abertura, porque Deus é amor. No entanto, o amor perma-nece presente até o fim da lista, de sorte que o resultado é um desdobramen-to do amor em nove aspectos. P. Burckhardt tenta fazer justiça à unidade

Page 25: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 25

dessa multiformidade, da seguinte maneira (p. 86, citações com pequenas alterações): alegria como amor que jubila, paz como amor que restaura...”, (Pohl, 1999, pp. 127-128).

A pessoa que possui tais virtudes não precisa viver atrás de satisfazer as paixões da carne, pois tem em si o amor do Pai, a alegria verdadeira e a paz que excede o entendimento. Não se trata mais daquilo que não podemos fazer, mas do que não precisamos fazer, pois temos a satisfação que vem de viver com Cristo.

Por fimAo final da aula, desafie cada aluno e aluna a pensar em quais tem sido os “ladrões” da paz, alegria e amor em suas vidas e convide-os para um mo-mento de oração em que as dificuldades sejam apresentadas a Deus, pedin-do que Ele manifeste essas virtudes do Espírito em cada vida.

BibliografiaALBRECHT, Astor. Gálatas 5.1,13-25: A dádiva de andar com Deus. Auxílio Homilético. Proclamar Libertação: Editora Sinodal. 2015, Vol. 40. Disponível em: https://goo.gl/F8wwjJ. Acesso em 11/10/2017.BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. (RA). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil,1999.GIESE, Nilton. A natureza humana e os frutos do Espírito de Deus. Disponível em: https://goo.gl/ZxqozK. Acesso em 09/10/2017.IGREJA METODISTA. Revista Cruz de Malta: Por uma Igreja fiel a Palavra. Revista do/a aluno/a. São Paulo: 2012.PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F. &REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.POHL, Adolph. Carta aos Gálatas. Comentário Esperança. Curitiba: Ed. Evangélica Esperança, 1999.STOTT, John R. W. A mensagem de Gálatas. São Paulo: Abu Editora, 2000.

ANOTAÇÕES

Page 26: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

26 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 04

VIVER NO ESPIRITO Texto bíblico: Gálatas 5.22-24

“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”. v. 25

Viver no Espírito vai além daquilo que podemos experi-mentar para nossa satisfação, como o amor, a alegria e a paz. Traz também outras virtudes que nos habili-

tam a vencer as paixões carnais que afetam nosso relaciona-mento com as pessoas, conosco mesmo e também com Deus. Veremos hoje as demais virtudes que são fruto do Espírito Santo em nós.

´

Page 27: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 27

Virtudes para os relacionamentosAo apresentar a luta humana contra as obras da carne, Paulo aponta o fru-to do Espírito como a condição para vencê-las. Além das três caracterís-ticas citadas na lição anterior, vamos considerar as demais virtudes que se manifestam na vida de quem se dei-xa guiar pelo Espírito Santo de Deus.

São virtudes que se manifestam na vivência com outras pessoas: lon-ganimidade, benignidade, bondade, fidelidade (lealdade), mansidão e domínio próprio. Embora o domínio próprio também tenha a ver com nossa vida pessoal e a fidelidade com nosso relacionamento com Deus, es-tas virtudes também apontam para nossos relacionamentos sociais. Vejamos algumas de suas caracterís-ticas:

Longanimidade: é grandeza de ânimo; é a capacidade de resistir com coragem às adversidades e com paciência extrema à ofensa ou injú-ria recebida por parte de outras pes-soas. A pessoa longânime não revida, não se rebela, não se ira. Consegue aquietar o coração quando o desejo é “estourar” ou reclamar (Tiago 5.7; Efésios 4.2, 26).

Benignidade e bondade: embora benignidade e bondade sejam ter-mos parecidos, que muitas vezes se confundem, a benignidade é mais uma característica do caráter, que leva ao prazer de fazer o bem, en-quanto que a bondade se expressa

em atos: gentileza, ajuda a quem pre-cisa, afetuosidade e generosidade (Efésios 4.32; 1Tessalonicenses 5.15).

Fidelidade: o termo usado no gre-go se traduz também por fé; porém, quando pensamos na necessidade de sermos pessoas longânimes, be-nignas e bondosas, a palavra fideli-dade é a que melhor se adapta por significar lealdade. Assim, vemos que a fidelidade tem a ver com nossa comunhão com Deus, mas também com as pessoas (Deuteronômio 10. 16-17; Salmo 101.6; Provérbios 12.17).

Mansidão: é sinônimo de sere-nidade, a qualidade de quem possui gênio pacífico. É o oposto da ira, da discórdia, da gritaria, da violência e de tantas outras atitudes que re-presentam as obras da carne e nos afastam das pessoas. Segundo o Dicionário Bíblico on-line, “É a for-ça revestida de veludo. É a calma, a tranquilidade e o equilíbrio emocio-nal. A mansidão é necessária para agradar a Deus, para a convivência e para manter a paz” (Provérbios 15.1; Mateus 5.5; 11.29).

Domínio próprio: É a capacida-de de “conter-se a si mesmo”, tra-dução que fica mais próxima do original. Essa virtude nos habilita a vencer os desejos carnais que atingem diretamente nosso corpo: prostituição, impurezas, bebedi-ces e glutonarias (HENDRIKSEN, 1999, p.321-324). Também nos au-xilia no trato com as pessoas, evi-tando as inimizades, porfias (rixas),

Page 28: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

28 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ciúmes, iras, discórdias, dissen-sões e facções (Provérbios 16.32; 1Tessalonicenses 4.4-5; Tito 2.11-14).

Manifestar o fruto é honrar a DeusO fruto do Espírito nos habilita justa-mente para resistir às obras carnais, muitas das quais se manifestam em nossos relacionamentos interpes-soais. A fidelidade, a mansidão e o domínio próprio são atitudes que primeiramente dizem respeito a nós mesmos, nossas reações, e nos permitem honrar a Deus e reafir-mar nosso amor por Ele, enquanto a benignidade, bondade e longani-midade se expressam em ações na direção das pessoas, como sinal de nosso amor e respeito, sem os quais a relação com Deus fica prejudicada (1João 4.20-21).

Deus, que sabe das fragilidades e pecados que interferem negati-vamente no convívio com pessoas, ao nos conceder a graça do fruto do Espírito, nos habilita para edificar nossos relacionamentos.

O pastor luterano Telmo Emerich afirma que esse fruto espiritual ma-nifestado em nossa vida não é para nós, mas para as pessoas ao nosso redor: “... o fruto produzido na mi-nha vida é para sustento e prazer do meu semelhante. Eu sou uma árvore onde o fruto produzido é para quem precisa, para quem tem fome... Quem não quer saber de uma árvore com essas qualificações?!

Quem não quer se aproximar de uma árvore cujo fruto é dessa qua-lidade divinal? E, questionada sobre a qualidade do seu fruto, sobre a sua origem, a árvore, humilde que é, só saberá apontar para o Espírito Santo, pois o fruto é dele. E quem não quer seguir esse Deus maravilhoso que transforma uma árvore estéril, seca, numa árvore frondosa e frutífera”? (EMERICH, 2010).

Se o Espírito Santo é quem nos guia, logo aparece o fruto, nas ações e reações do dia a dia. Se ele não guiar, as obras da carne se evidenciam. As manifestações do fruto do Espírito, revelam nossa proximidade de Deus. Se não manifestarmos o fruto, prova-velmente manifestaremos as obras da carne, evidenciando o quanto nos distanciamos de Deus. Se estamos em Cristo, se andamos em Espírito, “não tem como esse fruto não apa-recer (...) porque o fruto não é nosso, mas do Espírito” (EMERICH, 2010).

Pensando na comparação do pas-tor Emerich, fica claro que precisa-mos nutrir a presença do Espírito em nós para que o fruto se mani-feste. Sendo assim, precisamos de disciplinas práticas que nos ajudam a ter uma vida espiritual saudável, como a prática da oração e leitura bíblica, o envolvimento no discipu-lado cristão, a prática do bem, a so-lidariedade. Mas também é preciso dominar as vontades humanas e corrigir os maus hábitos, que levam ao pecado. A Palavra de Deus nos re-comenda resistir ao diabo (Tiago 4.7)

Page 29: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 29

LEIA DURANTE A SEMANA

Domingo: Gálatas 5.22-24Segunda-feira: Colossenses 3.8-17Terça-feira: João 15.1-8Quarta-feira: 1João 4.7-21Quinta-feira: 1Pedro 5.5-11Sexta-feira: João 14.16-21Sábado: Tito 2.11-14

BATE-PAPO

Quais são as virtudes do

Espírito mais desafiadoras

no sentido de manifestação

na nossa vida diária?

e também fugir da aparência do mal (1Tessalonicenses 5.22). Com esses cuidados, certamente daremos es-paço para a manifestação plena do fruto do Espírito em nós a cada dia, honrando o nome do Senhor e aben-çoando as pessoas ao nosso redor.

ConclusãoNinguém consegue viver a santi-dade exigida pelo Evangelho pelas próprias forças. Mas esta não é a

proposta de Jesus. Ele disse que es-taria conosco e nos prometeu o seu Espírito (João 14.16-17). Também afirmou sem Ele nada podemos fazer (João 15.5); isso inclui o com-promisso evangelístico e também uma vivência que nos torne teste-munhas fieis e verdadeiras de seu amor, poder e graça. Então, vivamos na dependência do Espírito para vencer as obras da carne e agradar ao Senhor.

Page 30: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

30 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivoDespertar para as características do Espírito em nós que nos habilitam para bem nos relacionar com as pessoas, conosco mesmo e também com Deus, vencendo as paixões carnais que afetam esses relacionamentos.

Para início de conversaRelembre com a classe o tema da última aula, fazendo um resumo sobre os principais aspectos tratados (você pode levar um cartaz/slide com os prin-cipais pontos ou deixar que os alunos e alunas relatem e você anota num quadro. Certifique-se de levar seu próprio resumo, para o caso de faltarem elementos importantes na citação da classe). Em seguida, retome o tema, apontando que nesta lição trataremos das características do Espírito em nós que nos ajudam nos nossos relacionamentos.

Por dentro do assuntoConforme já citado na lição anterior, Paulo orienta os gálatas nesse trecho de sua carta sobre a vida no Espírito como meio de vencer as obras e paixões da carne, palavra usada para descrever a inclinação humana para o pecado.

Em Romanos 8. 1-15 o apóstolo afirma que quem anda no Espírito não se inclina para as coisas da carne, e enfatiza: “o pendor da carne dá para a mor-te, mas o do Espírito para a vida e paz” (v.6). Ele também alerta que “o pendor da carne é inimizade contra Deus”, (v.6) o que nos faz lembrar as palavras de Jesus: “vós sois meus amigos se fizerdes o que vos mando” (Jo 15.14). Daí a importância de buscarmos este viver no Espírito, que nos capacita a agradar a Deus manifestando suas virtudes no nosso dia a dia.

Ora, a principal característica da vida no Espírito é o amor. Este amor que vem de Deus e nos leva para Ele, nos capacita a viver em obediência aos princípios da Palavra e expressar as demais virtudes do Espírito: “...longanimidade como amor que sustém, benignidade como amor que se compadece, bondade como amor que doa, fidelidade como amor confiável, mansidão como amor humil-de, domínio próprio como amor disposto a renunciar” (POHL, 1999, pp. 127-128).

Longanimidade, benignidade e bondade são virtudes sociais, isto é, se expressam na direção das outras pessoas. Fidelidade, mansidão e domínio próprio se manifestam em nós mesmos e honram a Deus.

Page 31: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 31

Sobre estas coisas, afirma Paulo, “não há lei” (v.23), visto que “a função da lei é controlar, restringir, impedir e aqui não há necessidade de limitações” (STOTT, 2000, p. 135), ou seja, aquilo que era garantido pelo peso da lei agora é vivido livremente pela ação do Espírito, como fruto da Graça. E porque es-tamos debaixo desta graça, o pecado não tem domínio sobre nós (Rm 6.14).

As obras da carnePaulo diz que as obras da carne são conhecidas. John Stott afirma que ainda que nossa natureza carnal possa ser oculta, suas obras são visíveis e podem ser classificadas em quatro áreas:

� Área sexual: prostituição, impureza, lascívia � Área religiosa/ espiritual: idolatria, feitiçaria � Área social: inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões,

facções � Área da alimentação: bebedices, glutonarias

Todas estas práticas são condenadas por Paulo, que afirma que quem as pratica não herdará o reino de Deus. Note-se que não há distinção entre elas. Não existe pecado maior ou menor, qualquer destas práticas leva ao distanciamento de Deus.

Quem está em Cristo, porém, já crucificou a carne (v. 24), já não vive de-baixo da lei e nem usa da liberdade para satisfazer as próprias vontades. Antes, pelo poder do Espírito, vive para agradar a Deus e manifestar sua gra-ça e amor a outras pessoas, tanto naquilo que faz para o próximo como na-quilo que deixa de fazer por amor a Deus.

Por fimA partir da questão proposta no Bate-papo, faça uma lista das virtudes que menos são manifestas atualmente e faça um momento de oração pedindo ao Senhor graça para que essas virtudes se manifestem na vida de cada filho e filha de Deus.

BibliografiaALBRECHT, Astor. Gálatas 5.1,13-25: A dádiva de andar com Deus. Auxílio Homilético. Proclamar Libertação: Editora Sinodal. 2015, Vol. 40. Disponível em: https://goo.gl/F8wwjJ. Acesso em 11/10/2017.EMERICH, Telmo. Fruto do Espírito Santo. Disponível em: https://goo.gl/mLmWT1. Acesso em 10/10/2017.HENDRIKSEN, William. Gálatas: comentário do Novo Testamento. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1ª ed, 1999. STOTT, John R. W. A mensagem de Gálatas. São Paulo: Abu Editora, 2000.

Page 32: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

32 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 05

FE E DETERMINACAO Texto bíblico: 2Timóteo 2. 1-13

“Lembra-te de Cristo...” v.8a

Muitos são os desafios de viver a fé no período da juventude, e às vezes não nos sentimos capazes de enfrentá-los. É possível viver uma fé genuína

e um ministério frutífero na juventude? Timóteo é um bom exemplo para responder afirmativamente a esta pergunta e através das cartas de Paulo a ele endereçadas temos muitas instruções que nos ajudam.

´

~

~

Page 33: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 33

Viver a fé com coragemA segunda carta de Paulo a Timóteo é uma carta de encorajamento e ins-trução. Depois da exortação a per-manecer fiel e guardar a fé dada no primeiro capítulo, o apóstolo chama seu discípulo a viver plenamente a fé e desenvolver com zelo seu minis-tério, através de quatro atitudes que nos servem de instrução e inspira-ção para viver o chamado de Cristo ainda hoje.

Fortificar-se na graça que há em Cristo: Diante da salvação opera-da em Cristo e da vocação que opera em nós pela graça, Deus nos chama, assim como chamou Timóteo, a nos fortalecer na graça e no conheci-mento de Cristo. Não há outra fonte que possa nos fortalecer. Essa força não está em nós, mas a adquirimos, à medida que buscamos a Deus. A fonte é a graça de Deus revelada em Cristo. Dela precisamos nos alimen-tar pela comunhão com Ele através da oração e estudo da Palavra, a co-munhão com homens e mulheres de Deus e a inspiração do Espírito Santo. Esse fortalecimento é inte-rior, pela presença de Cristo em nós, conforme Paulo orienta também aos Efésios (3.14-19; 6. 10-18).

Transmitir o conhecimento da fé: A melhor forma de preservar a fé é transmitir. Deus dá essa ins-trução a seu povo desde o Antigo Testamento (Deuteronômio 6.1-9). Jesus também instruiu seus discí-pulos que divulgassem o que apren-

diam dele (Mateus 10.27). Este é um dos princípios do discipulado: trans-mitir o que aprendemos com Cristo a pessoas que possam fazer o mes-mo com fidelidade e assim espalhar as boas novas do Evangelho. Essa é uma tarefa de todo cristão e cristã, e não há idade para fazer isso, nem mesmo um grau de maturidade es-pecífico. O que conta é a idoneidade (honestidade e conhecimento, capa-cidade) e integridade. Transmitimos com fidelidade o que aprendemos de Cristo, e continuamos a fazê-lo na medida em que aprendemos mais. Assim o Reino cresce e nós também.

Participar dos sofrimentos da vida cristã: Paulo exorta Timóteo a não fugir dos sofrimentos inerentes à vida cristã e à prática do Evangelho, como ele mesmo não fugia. Hoje, vi-vemos sofrimentos e perseguições um pouco diferentes daquela época, mas o princípio é o mesmo: enfren-tar nossas próprias “perseguições” e sofrimentos e nos solidarizar com aqueles e aquelas que sofrem, por causa do Evangelho e também quan-do o Evangelho não é vivido de fato.

Considerar o exemplo de Cristo: A vitória de Cristo sobre a morte e o inferno nos serve de inspiração e for-talecimento diante dos desafios de viver e transmitir a fé. Mas também devemos considerar seu amor que o levou a viver até as últimas conse-quências o projeto de Deus para tra-zer vida eterna e abundante a quem crer. Assim devemos nos oferecer

Page 34: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

34 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

em favor das pessoas e do propósi-to de Deus, pois “se morremos com ele, também viveremos com ele”. Nosso esforço, renúncia e trabalho no Senhor não é vão, Ele venceu a morte e nos dá a vitória (1Coríntios 15.58-59).

Disciplina que traz frutoPaulo ilustra a disciplina necessária para ter êxito na vida cristã e minis-tério através de três figuras: o solda-do, o atleta e o fazendeiro. Cada uma dessas atividades requer esforço, re-núncia, constância e foco, mas tam-bém produzem resultado positivo que faz valer a pena o empenho.

O soldado de serviço não pode se envolver em outras atividades, nem tem licença para deixar seu posto, mesmo diante de emergências. Ele responde ao seu comandante, está à disposição para lutar por sua pátria e não luta sozinho. Mais do que tra-balhar pela guerra, um bom exército trabalha para manter a paz. A paz e a defesa de seu povo é o alvo e o prêmio do bom soldado. Assim devemos nós lutar pelo Reino de Deus, lembrando que nossa luta “não é contra a carne e o sangue”, e precisamos estar debaixo da autoridade do nosso Senhor, nos cuidar mutuamente, não deixar quem se fere para trás e trabalhar pela paz.

Já quem é atleta tem como alvo a medalha ou coroa. No tempo de Paulo os atletas se submetiam a um período de dez meses de rigo-roso treinamento (Bíblia de Estudo Almeida, 1999, p. 249 NT). Ainda

hoje quem é atleta sem disciplina tem pouca chance de vencer. Em 1Coríntios 9, Paulo usa a comparação do atleta para ensinar que nós luta-mos por uma coroa superior, assim, precisamos seguir o exemplo no de-senvolvimento de nossa vida espiri-tual, pois nossa coroa é eterna.

O último exemplo é do lavrador. Muita gente não sabe bem como é esse trabalho, pois na maioria dos ca-sos o que comemos compramos no comércio. Mas esse é um trabalho que exige esforço, esperança e pa-ciência. É preciso cuidar da terra, re-gar a semente, contar com a graça de Deus e esperar que a planta cresça até produzir o fruto. Assim também nós devemos cultivar a Palavra tanto na nossa vida pessoal como na vida de outras pessoas, na certeza de que Deus dá o crescimento e faz frutifi-car o trabalho de nossas mãos, feito com fé, esperança e amor.

ConclusãoDeus nos chama em Cristo Jesus para ser participantes da sua obra de implantar o Reino, anunciando o Evangelho da Graça. Não há idade para essa tarefa. Todas e todos são convocados. O Senhor mesmo está conosco “todos os dias, até a consu-mação dos séculos” (Mateus 28.20). Essa é a nossa motivação e garantia de que podemos viver plenamente o Evangelho e cumprir cabalmente (integral e completamente) nosso ministério.

Page 35: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 35

LEIA DURANTE A SEMANA

Domingo: 2Timóteo 2.1-13 Segunda-feira: 2Timóteo 1Terça-feira: 2Timóteo 2.14 – 3.17Quarta-feira: Atos 16.1-5Quinta-feira: Efésios 3.14-19; 6.10-18Sexta-feira: Deuteronômio 6.1-9Sábado: 1Coríntios 9.23-27

BATE-PAPO

Temos dado ouvido

às instruções da Palavra

de Deus e de homens e

mulheres que Ele levanta

para nos acompanhar na

caminhada da fé?

Quais os maiores desafios

de viver a fé e desenvolver

o ministério na juventude?

Que passos podemos dar

para vencê-los?

Page 36: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

36 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivoRefletir sobre o chamado de Deus para a juventude e a necessidade de man-ter o foco nos princípios do Reino.

Para início de conversaComece a aula propondo a seguinte brincadeira: cada aluno e aluna deve completar a frase “Sou muito jovem para...” citando apenas uma das coi-sas que pode considerar ser jovem demais para fazer ou assumir. De pre-ferência, as respostas não devem se repetir, ou seja, se alguém já citou o pensamento, o aluno ou aluna deve pensar em outra coisa. Ao final das par-ticipações, pontue que de fato há tempo para todas as coisas, mas que nun-ca é cedo para trabalhar pelo Reino de Deus e anunciar seu poder e graça. Muitos exemplos da Bíblia apontam isso, como a menina da casa de Naamã (2Rs 5.2-3), Samuel (1Sm 3) e o jovem Timóteo, destinatário da carta de Paulo que estudaremos nesta lição.

Por dentro do assuntoAs epístolas a Timóteo formam com a escrita a Tito um bloco de cartas cha-madas pastorais, escritas por Paulo a pessoas, neste caso seus discípulos que eram também colaboradores na obra e estavam à frente de comunidades. Nelas, Paulo dá instruções pessoais e também orientações eclesiásticas. “Estas Cartas, pois, referem-se ao cuidado e organização da Igreja e do reba-nho de Deus; dizem aos homens como devem comportar-se na comunidade de Deus; instrui-lhes a respeito de como administrá-la, como devem ser os líderes e pastores, e como enfrentar as ameaças que põem em perigo a pu-reza da fé e a vida cristãs” (BARCLAY, pp. 11-12).

Quem era Timóteo “O nome Timóteo é muito difundido na literatura antiga e significa: aquele que honra a Deus. Timóteo nasceu em Listra, uma colônia romana fundada por em Augusto em 6 a.C., por volta da época em que Jesus passou a atuar publicamente na Palestina (...) Os habitantes falavam o licaônico, ou seja,

Page 37: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 37

nem latim nem grego era sua língua materna (At 14.11). Somente a elite da cidade falava grego, à qual também pertencia o pai de Timóteo (At 16.1).

Na primeira viagem missionária no ano de 45 Paulo e Barnabé falaram a judeus e gregos em Listra, quando muitos aceitaram a fé, entre os quais pro-vavelmente naquele tempo também a mãe judia Eunice e a avó Loide (2Tm 1.5; At 14.1). O jovem Timóteo era testemunha de como Paulo foi apedrejado (cf. o comentário a 2Tm 3.11; cf. At 14.19s). Na ocasião Timóteo tornou-se cren-te em Jesus, o Senhor, de modo que o apóstolo podia chamá-lo seu amado fi-lho no Senhor (1Tm 1.2,18; 2Tm 1.2; 1Co 4.17). Timóteo conhecia as Sagradas Escrituras desde criança; as duas mulheres judaicas o haviam instruído no AT, antes de se tornarem pessoalmente crentes em Jesus, o Messias. Cinco anos mais tarde, no segundo itinerário de evangelização (ano 50), Paulo vi-sitou o jovem, que entrementes havia crescido na fé e gozava de destacado reconhecimento por parte dos irmãos na igreja de sua cidade natal e além dela. Foi ele que Paulo e Silas levaram consigo como ajudante em lugar de João Marcos na continuação da viagem” (BURKY, 2007, p. 30).

A vida do jovem Timóteo nos desafia a assumir responsabilidades na obra de Cristo, como agentes do Reino de Deus, e as instruções de Paulo nos trazem direções concretas de posturas que devemos ter como servos e ser-vas de Deus, independente de nossa idade.

Incentive a classe a ler as duas epístolas e as leituras indicadas para a semana.

Para saber maisQuem era Timóteo? Disponível em: https://goo.gl/VsYmFF. Acesso em 30/10/2017

Por fimDepois de trabalhar as questões do Bate-papo, encerre desafiando a classe a buscar com diligência as áreas em que podem atuar no Reino e na Igreja, e desenvolvê-las conforme as instruções recebidas na aula.

BibliografiaBÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. (RA). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil,1999.BARCLAY, William. 2Timóteo. Disponível em: https://goo.gl/w4qMGQ. Acesso em 20/10/2017.BURKY, Hans. Cartas a Timóteo: 2Timóteo. Comentário Esperança. Curitiba/PR: Editora Evangélica Esperança, 2007.

Page 38: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

38 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 06

“ LEMBRAI-VOS DOS ENCARCERADOS” Texto bíblico: Hebreus 13.3

“(Porque)... estive na prisão, e foste ver-me”. Mateus 25. 36

O Brasil está em 4º lugar do mundo quando se trata de população carcerária. São cerca de 360 mil pessoas presas condenadas e 240 mil presas provisoriamen-

te. Como cristãos e cristãs não podemos ficar alheios a esta realidade. São pessoas que precisam, como todas as outras, da graça e do amor de Deus, e podemos ser instrumentos para levar o Evangelho até elas.

Page 39: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 39

Um lugar de solidãoQuando se trata do tema prisão, ca-deia, cárcere, algemas, não faltam referências bíblicas para nos trazer orientação e entendimento. Talvez a mais conhecida seja a citada por Jesus em Mateus 25: “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e des-tes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestis-tes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver”, (vv. 35-36).

Jesus foi enfático. “...estive na pri-são, e foste ver-me”. Ele sempre de-fendeu as pessoas fracas e oprimidas e sempre foi a favor da libertação das cativas, mas sua recomendação final era: “Vai e não peques mais”.

A prisão é um lugar de solidão, de medo e opressão. Um lugar sombrio e de isolamento. O profeta Jeremias que o diga, quando foi lançado numa cisterna cheia de lama ao ponto de fi-car atolado nela, conforme registra o capítulo 38 no verso 6.

Só para ter uma ideia sobre o iso-lamento carcerário nos dias atuais, o Departamento Penitenciário (Depen) é responsável pelo Sistema Penitenciário Federal, e uma de suas principais finalidades é isolar as li-deranças do crime organizado, cum-prir rigorosamente a Lei de Execução Penal e custódia que envolve as pes-soas presas e condenadas e as que estão provisoriamente detidas, que estão sob disciplina diferenciada. Entre as pessoas que ficam isoladas no Sistema Penitenciário estão as que respondem pela prática de crimes violentos, fuga ou grave indisciplina no sistema prisional de origem; pre-

sos e presas de alta periculosidade e que possam comprometer a ordem e segurança pública, além de réus que colaboram com a justiça nas chama-das delações premiadas.

Largar a criminalidade não e fácil, principalmente quando se trata de tráfico de drogas, pois é preciso acer-tar as contas, os débitos com trafican-tes. Ainda há outro agravante, que são as declarações de antecedentes cri-minais normalmente pedidas pelas empresas antes de contratar alguém. Com a mínima chance de reingresso na sociedade, a pessoa acaba voltan-do para a criminalidade. Ainda há, infelizmente, casos de pessoas que são presas injustamente e cumprem pena por crimes de terceiros até que a verdade venha à tona.

Mesmo diante da dificuldade da criminalidade, à luz do Evangelho e ensinamentos de Jesus, sabemos que ainda é possível uma pessoa que se envolveu com os crimes acima ter uma vida restaurada.

O que podemos fazerExercer o ministério carcerá-

rio exige dedicação, vocação, dons e quebra de paradigmas. Podemos considerar, dentro do entendimen-to vocacional de Dons e Ministérios, que nem todas as pessoas são chama-das para trabalhar diretamente nessa área. No entanto, a lembrança dessas pessoas, a empatia (“como se esti-vessem presos com eles”), a oração e intercessão, e o combate do precon-ceito dentro e fora da Igreja é tarefa de todos e todas nós.

O Manual Prático para o Ministério

Page 40: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

40 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Cristão Carcerário (Igreja Metodista, 1996), traz algumas orientações im-portantes para nos lembrarmos quando vamos trabalhar efetivamen-te com pessoas encarceradas:

� Quem está na prisão é uma pes-soa como você. Ela quer falar de sua vida, sua história, sua família e seus problemas. Ouça atentamen-te, com paciência e muito amor.

� Não se permita elaborar jul-gamentos. Esta não é a tare-fa conferida por Jesus a um(a) agente do Ministério Carcerário (Mateus 7.1-5).

� Seja uma testemunha de Cristo, tendo a um só tempo uma postura profética de denúncia comprome-tida (Romanos 12. 1-2) e de anúncio da Boa Notícia, de que a partir de Jesus de Nazaré, um novo tempo se inicia para humanidade (Isaías 9.1-7; Apocalipse 21.5).

� Aproveite as oportunidades. A pessoa presa gosta de falar de as-suntos que dizem respeito à fé cris-

tã. É muito comum encontrar nas celas os mais diversos símbolos religiosos, principalmente a Bíblia.

Se você sente que essa é a sua voca-ção, coloque-se diante de Deus e certa-mente Ele vai te usar nesse ministério. Peça orientação pastoral e procure conhecer grupos cristãos que já traba-lham nesse ministério. Sua vida pode ser instrumento de transformação de pessoas e até famílias inteiras!

ConclusãoOs textos bíblicos do Antigo e Novo Testamentos sobre o tema da prisão nos encorajam a nos envolver minima-mente em oração, mas buscar também ações que possam alcançar as pessoas presas e suas famílias com a boa notí-cia do amor de Deus. Ainda que estas pessoas tenham cometido erros, elas são alvo do amor de Deus e podem ser transformadas pela ação do Espírito Santo à luz da Palavra de Deus. Incluí-las em nossas orações e agenda missio-nária é parte do chamamento de Jesus.

LEIA DURANTE A SEMANA

Domingo: Hebreus 13.3Segunda-feira: Mateus 25.31-36Terça-feira: Jeremias 38.6-13Quarta-feira: Isaías 9.1-7Quinta-feira: Mateus 7.1-5Sexta-feira: Romanos 12.4-18Sábado: Lucas 4.16-19

BATE-PAPO

Que ações podemos ter

como juventude para

responder ao apelo bíblico

da lição de hoje?

Você se lembra qual foi a

última vez que orou para as

pessoas que estão na prisão?

Já chegou a visitar alguma

delas? Que tal compartilhar

sua experiência?

Page 41: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 41

ObjetivoTratar da situação das pessoas encarceradas e despertar para a necessidade de, como cristãos e cristãs, amar essas pessoas, oferecer-lhes assistência e anunciar o Evangelho, crendo que são elas alvo do amor de Deus e passíveis de mudança pelo poder do Espírito Santo

Para início de conversaComece a aula com a pergunta: quem conhece alguém que está em situa-ção de cárcere? O que a Igreja tem a ver com isso?

Depois de ouvir um pouco a classe, introduza o tema da lição enfatizan-do que nos preocupar com essas pessoas e oferecer-lhes a boa nova do Evangelho é parte de nossa missão.

Por dentro do assuntoA carta aos Hebreus, mesmo sendo conhecida como “carta”, não apresenta um início, meio e fim, como as epístolas paulinas. Na verdade, ao examinar os textos com maior cuidado, nos deparamos com uma introdução de um sermão (1,1-4), o que dá a entender que é uma fala expositiva. Trata-se, então, mais de um tratado, um discurso, do que de uma carta propriamente dita.

Não dá para precisar que o texto aos Hebreus tinha como destinatários os hebreus, pois não encontramos nenhuma referência “aos Hebreus” como receptores da mensagem. Estudiosos apontam que o grego em que foi escrita, seja uma tradução do hebraico. Pode-se dizer que o sermão em si teve como destino os judeus cristãos, pois o texto indica que os ouvintes ou leitores são conhecedores da liturgia e culto judaico.

Independente da data, autoria, destinatário e local em que foi escrita a Carta aos Hebreus, o texto é muito atual para nossos tempos

Os oito primeiros versículos do capítulo 13 de Hebreus, segundo VASCONCELLOS (2008), trazem conselhos práticos para a vida cotidiana. Não é, segundo autor, “nada de autoajuda, cada um voltado para si mesmo. Mas indicações de como a solidariedade pode ser reforçada, e como a comunida-de pode se fortalecer mesmo em tempo de hostilidade e perseguição” (p.95).

Page 42: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

42 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Quanto ao versículo 3: “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles” (13.3), o autor afirma ser uma “recomendação muito apropriada à situação vivida pela comunidade: cuidar dos presos e das pessoas que fo-ram torturadas. Certamente, Hebreus está se referindo a gente condenada por causa de sua fé que rompeu com o sistema social e político e, por isso, foi marginalizada. O pedido é que as pessoas que ainda não foram punidas não temam solidarizar-se com as demais: “vocês devem agir como se esti-vessem presas na prisão com eles”. No entanto, pensando que as pessoas presas em geral (mesmo aquelas que estão respondendo por crimes que cometeram) são alvo do amor de Deus manifesto em Jesus e passíveis de transformação e conversão pelo poder de Deus, podemos aplicar esse versí-culo como conselho em relação a elas.

Enfatize esta visão com a classe, lembrando que Jesus veio para libertar os cativos e anunciar a salvação do Senhor (Lc 4.18-20)

Sobre o sistema carcerário brasileiroO Brasil está em 4º lugar do mundo quando se trata de população carcerá-ria. Os dados se referem às pessoas presas condenadas que em 2014 chega-ram a 607.700, segundo o Infopen Do total de condenadas, 27% respondem diretamente por tráfico de drogas. O estado do Amazonas está com quase o dobro dessa média nacional. Segundo dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), são 57% dos presos provisórios e 50% das pessoas detidas cumprem pena por tráfico de drogas. A situação é alarmante.

“Três episódios que aconteceram em 2017 denotam a crise nos presídios brasileiros. No dia 1º de janeiro, pelo menos 60 presos que cumpriam em Manaus (AM) foram mortos durante a rebelião que durou 17 horas. Na mes-ma semana, houve um tumulto em uma penitenciária em Roraima, onde 33 presos foram mortos. No dia 14, Rio Grande do Norte, pelo menos 26 pre-sos foram mortos em rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz. Após o ocorrido, cerca de 220 presos foram transferidos para outras penitenciá-rias. Estados como Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná também enfren-taram esse tipo de problema. No dia 24 de janeiro, mais de 200 detentos fugiram do Instituto Penal Agrícola em Bauru (SP)” (EBC – Empresa Brasil de Comunicação).

Autoridades da área, advogados e alguns setores da sociedade debatem a situação do sistema prisional brasileiro, que é frágil e precário, com a preo-cupação de trazer segurança dentro e fora dos presídios, mas poucas solu-ções efetivas são alcançadas.

Page 43: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 43

Como Igreja, precisamos tomar nossa posição de autoridade espiritual e interceder por uma ação de Deus na vida das pessoas que estão presas, gerando transformação e mudança de vida, a verdadeira libertação que há no conhecimento da verdade (Jo 8.32) e na pessoa de Jesus Cristo. Devemos também nos colocar como instrumentos em suas mãos, agindo naquilo que estiver ao nosso alcance para que essa transformação aconteça.

Por fimEncerre a aula com um momento de oração pelas pessoas encarceradas, pedindo que sejam alcançadas pelo amor e pela graça de Deus. Você pode levantar nomes de pessoas nesta situação e suas famílias e propor à clas-se uma semana de oração por elas. Incentive também a turma a conhecer mais sobre o assunto e quais as iniciativas e projetos da Igreja nesta direção.

Para saber maisIGREJA METODISTA, COLÉGIO EPISCOPAL. Estive Preso e fostes ver-me. Disponível em: https://goo.gl/U3GpJo. Acesso em 16/11/2017.

BibliografiaVASCONCELLOS, Pedro Lima. A carta aos Hebreus: um sacerdote fiel paraum povo a caminho. São Paulo: Paulus, 2ª ed. 1991.DEPEN. Sistema Penitenciário federal: Disponível em: https://goo.gl/hB-2MY9. Acesso em 16/11/2017.CONECTAS - Direitos Humanos: Disponível em: http://www.conectas.org. Acesso em 16/11/2017.IGREJA METODISTA. Jornal Conexão. São Paulo, junho de 2012. Disponívelem: https://goo.gl/MGkKXH. Acesso em 16/11/2017.EBC – Agência Brasil de notícias. Disponível em: https://goo.gl/HBEXX6. Acesso em 16/11/2017.

ANOTAÇÕES

Page 44: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

44 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 07

PRINCIPIOS DA AMIZADE Texto Bíblico: Rute 1.1-18

“Onde quer que fores irei eu... o teu Deus é o meu Deus”. v.16

Na caminhada cristã precisamos de bons relaciona-mentos. Este é o princípio do discipulado de Jesus. Mas às vezes, em momentos de crise, percebemos

que nossos relacionamentos são frágeis. A experiência de Rute nos mostra que um relacionamento significativo re-quer alguns princípios de intencionalidade.

´

Page 45: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 45

Uma história rica de significadosPara o autor de Rute, o segredo para entender a história está no signifi-cado dos nomes. Eles revelam tra-ços de personalidade, de caráter e de simbologias narrativas. Assim, temos: Belém = Casa do Pão; Judá = Deus seja louvado; Moabe = Família do Pai; Elimeleque = Deus é meu rei; Noemi = Doçura; Malom = Doença; Quiliom = Enfermidade; Orfa = Costas; Rute = Amiga. Lendo a his-tória de Rute sob essa perspectiva, percebemos como ela pode ter ele-mentos comuns à nossa:

Existem fases em que o envolvi-mento com projetos, sonhos e pers-pectivas de vida nos coloca numa atmosfera de alegria, expectativa e vontade de realização. Queremos “mudar o mundo”.

Somos “Doçura” e estamos envol-vidos e envolvidas por ela. A atmosfe-ra de fé nos envolve porque “Deus é o meu rei”. Nesse tempo da vida, uma fé cativante e um amor entregue nos preenchem. Não medimos as conse-quências! Estamos totalmente dispo-níveis... Estamos na “Casa do Pão”.

Então, de repente, as coisas pare-cem mudar. Começa a faltar pão na casa do pão. Nos deslocamos para Moabe, aquele lugar onde duas fi-lhas desesperadas engravidaram do pai, lutando por suas próprias forças para garantir um futuro (Gênesis 19.30-38). Mas não há esperança em Moabe. E Doçura faz o que parece

impossível: gera doença e enfermi-dade. O que sai dela é ruim, faz mal e não dura. Seus filhos são fracos e não têm resistência. Depois de um tem-po, morrem. Doçura fica desampara-da e com ela as pessoas que trouxe para sua convivência: as noras.

Às vezes vivemos experiências parecidas. Não geramos o que pre-tendíamos, o fruto do nosso trabalho é doente e frágil, a doçura que nos movia se torna amargura (“Mara”). Então acabamos por falar coisas in-sensatas: “Não existe lugar para mim. Eu não frutifico. Não sei qual é meu lugar. Ninguém deve andar comigo”.

“Deus é meu rei” pode estar longe dos olhos por causa de nossa falta de fé. Mas não está longe do coração. Ele se move colocando-nos novamente no trilho do discipulado, traz amigos e amigas que se dispõem a caminhar conosco, mesmo que resistamos ou fiquemos dando desculpas e vivendo na autocomiseração. Deus não nos deixa morrer nos campos da famí-lia do pai incestuoso e limitado. Ele quer nos trazer à Casa do Pão e nos alimentar de esperança e vida.

O que é preciso? Ter alguém como Rute. Ela insiste em ficar quando é mandada embora. Ela não se demo-ve, muito embora os argumentos de Noemi sejam sólidos e façam todo o sentido. E Rute, a Amiga, nos fala so-bre o discipulado porque atua e faz exatamente como Jesus. Ela apon-ta princípios para desenvolvermos amizades genuínas.

Page 46: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

46 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

O princípio da mudançaPor onde quer que tu fores, irei eu também...

Rute nos diz que, quando quere-mos relacionamentos autênticos, temos que sair do nosso lugar de cos-tume. É o que Jesus faz: “o verbo vi-rou gente e armou sua barraca entre nós”. Ele não apenas veio para morar com a gente, mas sua habitação é mó-vel, desmontável, carregável. Porque Ele veio para estar onde nós estamos. Assim, Rute é aquela pessoa que Deus levanta para nos mostrar que não estamos tão sós como afirmamos. Essas pessoas oram por nós, insistem, aconselham e se fazem presentes até quando não queremos. Ficam ao nosso lado até que passem as calami-dades. Elas mudam seu jeito de ser e viver pela disposição de ajudar.

O princípio da permanência E onde quer que pousares, pousarei também...

Rute não apenas anda por uma parte do caminho, mas ela fica quan-do cai a noite. Como o estranho no caminho de Emaús, ela “entrou para estar” com Noemi. No caminho do relacionamento, é preciso investir tempo para estar. A pousada noturna fala do tempo do descanso, do alívio das tensões, do renovo para cami-nhar. Essa experiência é curativa. Não existe amizade verdadeira em modelo fast food. É preciso investir tempo. Pousar, permanecer. Só as-sim os frutos são produzidos.

O princípio da parceriaO teu povo será o meu povo

A permanência inclui também abertura para o aprendizado e a partilha. Chegou uma hora em que Jesus disse: “Vocês não são servos. Chamo vocês de amigos”. A amiza-de é desinteressada, focada no rela-cionamento, na alegria da partilha e não na “utilidade” do outro e da outra. É como a carta de Jeremias: plantar e comer; edificar e morar; amar a cidade, ter filhos e filhas nela e ficar ao ponto de ver netos e netas! Para que nossa vida tenha doçu-ra, temos de desenvolver a entrega do amor, do afeto, da parceria. Sem amor, nada feito!

O princípio da féO teu Deus será o meu Deus

Como cristãos e cristãs, partilha-mos de um legado juntos e podemos desenvolver o melhor de todos os relacionamentos a partir dele: nos-so Deus, revelado em Jesus Cristo e experimentado pelo Espírito Santo! No cotidiano, muitas vezes o que se vive é competição, inveja, tentativas de apagar a história da outra pessoa, ciúmes na igreja, no trabalho, nas amizades... Temos de compartilhar a fé com as pessoas que sofrem reve-zes. Temos de ser suporte para quem está em fragilidade. Temos de ter compromisso com quem veio antes e com quem virá depois. Nosso Deus é nossa fé em comum. Ele nos une em si mesmo!

Page 47: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 47

O princípio da aliançaFaça-me o Senhor o que vem lhe aprouver...

John Wesley assinou um pacto com seus pregadores para que pro-curassem a todo o custo manter a lealdade. Diante das adversidades, ele nunca se recusou a enfrentar os con-flitos, pois sabia que este era o pre-ço da unidade. Jesus também teve a mesma disposição com os discípulos ao abrir o seu coração até nas horas de fraqueza: “Estou triste até à morte, fiquem comigo”, Ele pediu a eles no Getsêmani (Marcos 14.34). Rute nos ensina que não adianta viver deixan-do as pessoas pelo caminho. Se ou-tra coisa além da morte nos separar, pode ser que ainda que tenha algo er-rado. Ainda que as circunstâncias da

vida possam por vezes nos distanciar, temos que ter uma aliança com cada amigo e amiga em nossa jornada. Uma aliança de amizade genuína. De abertura para perdão e partilha. De uma ética espiritual, prática e viven-cial. Como Rute ao andar com Noemi.

ConclusãoNa caminhada da vida, precisamos de “Rutes”, ninguém caminha só. Embora o Senhor caminhe sempre conosco, são as amizades sinceras que nos fortalecem, e nos ajudam a correr a carreira que nos é proposta pelo Evangelho. Devemos também ser Rute na vida das pessoas. Esta é a proposta do Evangelho: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cum-prireis a lei de Cristo” (Gálatas 6.2).

Domingo: Rute 1.1-18Segunda-feira: Rute 1.19-22Terça-feira: Gênesis 19.30-38Quarta-feira: Gálatas 6.1-10Quinta-feira: Provérbios 27.5-10Sexta-feira: Salmo 133Sábado: Romanos 12.9-16

BATE-PAPO

O quanto nosso

envolvimento em projetos

pessoais tem nos impedido

de desenvolver amizades

sinceras, para dar e receber

apoio?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 48: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

48 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivoCompreender a narrativa do livro de Rute a partir do eixo relacionamento, descobrindo como o caráter íntegro de Rute transforma a experiência trau-mática de Noemi em possibilidade de um futuro feliz.

Para início de conversaFaça um cartaz com os significados dos nomes citados no texto bíblico e afi-xe num lugar visível. (Belém = Casa do Pão; Judá = Deus seja louvado; Moabe = Família do Pai; Elimeleque = Deus é meu rei; Noemi = Doçura; Malom = Doença; Quiliom = Enfermidade; Orfa = Costas; Rute = Amiga). Inicie a aula com a leitura da versão adaptada do texto (abaixo), com os nomes traduzidos em destaque. Leia pausadamente para melhor compreensão.

“E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; por isso um homem da Casa do Pão de Deus seja louvado saiu a pere-grinar nos campos da Família do Pai, ele e sua mulher, e seus dois filhos. E era o nome deste homem Deus é meu rei, e o de sua mulher Doçura, e os de seus dois filhos Doença e Enfermidade, efrateus, da Casa do Pão de Deus seja lou-vado; e chegaram aos campos da Família do Pai, e ficaram ali. E morreu Deus é meu Rei, marido de Doçura; e ficou ela com os seus dois filhos. Os quais to-maram para si mulheres moabitas; e era o nome de uma Costas, e o da outra Amiga; e ficaram ali quase dez anos. E morreram também ambos, Doença e Enfermidade, ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido. Então se levantou ela com as suas noras, e voltou dos campos da Família do Pai, porquanto naquela terra ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo, dando-lhe pão. Por isso saiu do lugar onde estivera, e as suas no-ras com ela. E, indo elas caminhando, para voltarem para a terra de Deus seja louvado, disse Doçura às suas noras: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós usastes com os faleci-dos e comigo. O Senhor vos dê que acheis descanso cada uma em casa de seu marido. E, beijando-as ela, levantaram a sua voz e choraram. E disseram-lhe: Certamente voltaremos contigo ao teu povo. Porém, Doçura disse: Voltai, mi-nhas filhas. Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no meu ventre mais filhos,

Page 49: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 49

para que vos sejam por maridos? Voltai, filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido; ainda quando eu dissesse: Tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido e ainda tivesse filhos, esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Deter-vos-íeis por eles, sem tomardes mari-do? Não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim do que a vós mesmas; porquanto a mão do Senhor se descarregou contra mim. Então, levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e Costas beijou a sua sogra, porém Amiga se apegou a ela. Por isso, disse Doçura: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após tua cunhada. Disse, porém, Amiga: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. Vendo Doçura, que de todo estava resolvida a ir com ela, deixou de lhe falar.

Por dentro do assuntoRute, do ponto de vista do gênero literário, é uma novela. A novela é um es-tilo de escrita bem próprio, no qual as tramas dos personagens visam a uma grande história a ser contada. Os detalhes são importantes, por isso a neces-sidade de conhecer o significado dos nomes citados.

Depois de trabalhar o corpo da lição, adicione à reflexão o resultado des-te relacionamento, apontando o que acontece quando a Amizade decide in-vestir na Doçura perdida.

Há resgate ministerial: Rute se casa com Boaz e gera um filho. Quando ele nasce, ela o entrega a Noemi. Aquela que dizia ter o ventre seco, que não pode-ria mais ser mãe, volta a fazer o que seu coração desejava: cuida, gera, alimenta, protege e educa um bebê. Sua vida pode ser restaurada hoje, se você deixar Deus usar as Rutes em sua vida para lhe restaurar o primeiro amor e a força da sua vocação, ministério e sonhos. Curioso ainda é o nome da criança: Obede, que sig-nifica: “O que adora”. Ministérios restaurados geram adoração genuína!

Há um testemunho que impacta: As vizinhas de Noemi afirmam que Rute valia mais do que dez filhos – grande elogio no contexto judaico – e que ela realmente amava a sogra. É preciso testemunhar publicamente o poder da cura gerado por uma amizade, o que recebemos e damos através da ami-zade. As pessoas precisam saber disso para se sentirem encorajadas!

Há uma inserção nas promessas divinas: por causa das atitudes de Rute, o bebê gerado por Noemi entra na família de Deus: de Obede, Jessé; de Jessé, Davi; de Davi, Jesus.

Page 50: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

50 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Por fimIncentive sua classe a detectar as Rutes em sua vida: pessoas inspiradoras que ajudaram em momentos de dificuldade e necessidade de superação. Ajude as pessoas a também identificarem-se com Rute, procurando desen-volver a mesma postura para com pessoas desanimadas e cansadas que en-contrem em sua trajetória ministerial.

BibliografiaBÍBLIA. Português. Bíblia TEB Estudos. São Paulo: Loyola, 3ª ed. 1989.SCHOKEL, Luís Alonso. Dicionário Bíblico Hebraico-português. São Paulo: Paulus, 1997.SIQUEIRA, Tércio Machado. O livro de Rute. Disponível em: goo.gl/scpJ7z. Acesso em 17/10/2017.

ANOTAÇÕES

Page 51: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 51

Lição 08

AS BEM- -AVENTURANCAS Texto bíblico: Mateus 5. 1-16

“Regozijai-vos e exultai, porque grande é o vosso galardão nos céus”. v. 12

No evangelho de Mateus, Jesus é apresentado como o Mestre da justiça que veio para cumpri-la integral-mente (Mateus 3.15). A justiça é o fundamento do

Reino de Deus este é o tema desta lição que trata das bem--aventuranças, onde encontramos um modelo de cidadania desse Reino.

~

Page 52: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

52 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

A cidadania do ReinoQuais as características das pessoas que querem ser cidadãs do Reino de Deus? Por meio das bem-aventuran-ças, percebemos que elas:

� São humildes de espírito: são pessoas abençoadas e felizes por-que aprenderam a depender de Deus e confiam na sua bondade e misericórdia. Sabem que Deus se importa e que, ainda que outras pessoas as desprezem ou as opri-mam, podem confiar no amor de Deus. As pessoas humildes de es-pírito não dão espaço para ganân-cia e para a busca desenfreada e inconsequente pelo dinheiro e outras riquezas (Mateus 6.19-21). � Choram: a bênção prometida

não é para todas as pessoas que choram, mas é uma consolação para quem chora pelos pecados que oprimem seus espíritos (de-las e das outras), porque dentro da misericórdia de Deus há per-dão e alívio para quem se arre-pende. Cristo vem para consolar quem chora (Isaías 61.2; Lucas 2.25) e perdoar quem se arrepen-de (Lucas 18.9-14). � São mansas: a mansidão não

significa fraqueza ou submissão por covardia, diante de ameaça ou dominação. Moisés era manso (Números 12.3), mas sabemos que tinha uma liderança enérgica e co-rajosa. Pessoas mansas são as que não dependem da força bruta para

conseguir o que desejam, depen-dem da força do Senhor (Salmo 37.11; Romanos 12.19; 1Pedro 2.23). � Têm fome e sede de justiça:

são pessoas que desejam acertar, corrigir abusos, defender direi-tos, agir pela garantia da justiça. Desejam a justiça com a mesma intensidade com que querem sa-ciar ou matar a fome. Não falamos de uma pessoa justiceira que quer se colocar no lugar de Deus, mas daquelas que, por dependerem de Deus para concretizar a justiça, trabalham o quanto podem, se co-locam como instrumento e parti-cipam ativamente no trabalho de Deus. � São misericordiosas: essas

são as que tratam as pessoas com amor e misericórdia, especial-mente as pessoas necessitadas e injustiçadas em todos os sentidos. O Reino de Deus pertence a quem, como Cristo, tem amor e miseri-córdia e, por isso, demonstra so-lidariedade (Mateus 6.14-15; 7.1-2; 25.34-40). Para o povo romano, misericórdia era sinal de fraque-za; para os fariseus o zelo e a ri-gidez no cumprimento da lei não davam espaço para demonstrar misericórdia; mas para Cristo a misericórdia era uma expressão determinante da adoração a Deus (Mateus 22.37-40). � São limpas de coração: são

aquelas de coração singelo, sim-ples e que têm um propósito bem

Page 53: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 53

específico na vida: cumprir a von-tade de Deus. A palavra “coração” inclui também a mente, ou seja, ra-zão e sentimento engajados nesse propósito. � São pacificadoras: uma pes-

soa pacificadora é aquela que semeia e colabora com a paz, rela-ciona-se e intervém nas relações humanas nessa perspectiva. É a pessoa que se propõe a mediar conflitos, a acabar com eles; que sempre “joga água na fervura” ao invés de atiçar a fogueira; que faz parte da famosa turma do “deixa disso”. Nesse tempo de tanta vio-lência e agressividade, nosso de-safio é não reproduzir o violento comportamento deste século. � São perseguidas: a ênfase

aqui são as pessoas perseguidas por causa da justiça, aquelas que permanecem firmes nos princí-pios do Evangelho, sem ceder às pressões do mundo. Se assumi-mos o compromisso com a cruz de Cristo, certamente teremos adversidades. As pessoas cidadãs do Reino, ao passarem pelas tri-bulações e perseguições, têm o auxílio da graça de Deus para se-guirem adiante, chegam até a se alegrar diante das perseguições, pois sabem que terão a vitória em Cristo Jesus (1Pedro 1.6-12).

A justiça do ReinoSer uma pessoa cristã é assumir uma postura fundamentada na justiça

frente ao mundo em que se vive, ain-da que essa postura possa significar ou gerar perseguições, incômodos, falta de aprovação por pessoas injus-tas. A justiça é característica funda-mental do Reino de Deus, portanto o fundamento da nossa identidade cristã. As pessoas que possuem o Reino são as que buscam e lutam pela implementação da justiça e que por ela sofrem perseguições. Para uma comunidade perseguida, isso vem como um bálsamo. É a Palavra de Deus consolando, animando e orientando o povo.

As bem-aventuranças desafiam e convocam as pessoas cristãs a se comprometerem com a justiça. No entanto, de que justiça se fala? Seguramente não é a justiça dos es-cribas e fariseus (Mateus 5.20), pois a justiça deles inviabilizava a vida, era fardo e por isso, já não tinha mais relação com Deus (Mateus 11.28-30). Jesus critica essa justiça e busca reto-mar o verdadeiro sentido dessa pala-vra. A justiça é o critério que organiza a vida e as relações e, por isso, deve es-tar comprometida com a vida, com o bem-estar das pessoas. Fariseus e es-cribas conheciam a lei no papel, mas muitos deles não entendiam o sen-tido para a vida. E nós? Como temos lidado com as leis de Deus?

Cumprir a justiça de Deus é tor-nar-se semelhante a Ele. Ao tratar sobre a justiça expressa no sermão do monte, assim se expressou o pas-tor anglicano John Wesley, no século

Page 54: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

54 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

XVIII: “E que é a justiça, senão a vida de Deus na alma; a mente que havia em Cristo Jesus; a imagem de Deus estampada no coração, agora reno-vada segundo a semelhança daque-le que o criou? Que é justiça, senão amor de Deus, porque Ele primeiro nos amou, e, por sua causa, amou a toda a humanidade” (Sermão 21, so-bre o Sermão do Monte, discurso 1).

Para a comunidade de Mateus cumprir a justiça era realizar a von-tade de Deus e assim buscar a perfei-ção cristã que, na tradição wesleyana, significa “amar a Deus de todo nosso coração, mente, alma e força. Isto implica em que nenhuma inclinação má, nada de contrário ao amor, per-maneça na alma; e que todos os pen-samentos, palavras e ações sejam governados pelo puro amor” (John Wesley, sermão 40, A Perfeição Cristã). Quanto mais nos tornamos solidárias e solidários às dores de

outras pessoas, mais nos assemelha-mos ao Pai, mais compromisso com a justiça demonstramos.

ConclusãoUma pergunta nos resta: por que nos comprometer, trabalhar e sofrer e buscar o cumprimento da justiça? Porque essa é a vontade de Jesus Cristo! Nesse movimento de busca, acende em nós a esperança eterna de um novo céu e uma nova terra onde habita essa justiça. “ (2Pedro 3.13). Esta é completa implantação do Reino de Deus. Assim, essa espe-ra não é aquela em que se cruza os braços, mas sim a que nos motiva a trabalhar, a espalhar a Boa Nova de Cristo com confiança de que Ele su-prirá todas as nossas necessidades. “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas es-tas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33).

Domingo: Mateus 5.1-11Segunda-feira: Mateus 6.1-6Terça-feira: Mateus 6.9-15 Quarta-feira: Mateus 7.17-23Quinta-feira: Mateus 5.13-16Sexta-feira: Mateus 5.18-26Sábado: Mateus 5.29-30

BATE-PAPO

Quais as principais

barreiras para o exercício

da justiça nos dias de hoje?

Como superá-las?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 55: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 55

ObjetivoRefletir sobre os valores do Sermão da Montanha apontados nas bem--aventuranças.

Para início de conversa Comece a aula perguntando à classe quantas e quais são as bem-aventuran-ças citadas por Jesus no Sermão do Monte. Cada pessoa pode dizer uma até que a lista acabe. Esta pergunta servirá para introduzir o assunto e também verificar o conhecimento da classe. Anote à medida que as pessoas vão fa-lando e complete a lista se for preciso. A seguir, pergunte quais das atitudes descritas por Jesus são desvalorizadas hoje na sociedade e quais são ainda valorizadas. Com esta abertura, trabalhe o tema da aula

Por dentro do assuntoO Evangelho de Mateus, embora seja o primeiro na estrutura bíblica, não foi o primeiro a ser escrito, ele surge no final dos anos 80, enquanto o Evangelho de Marcos data dos anos 70. Por ser um texto escrito em meio a perseguição dos fariseus às pessoas judias que se tornaram cristãs, um tema se destaca: a observância da Lei, que é apontada pelo autor como o cumprimento da justiça de Deus, isto é, da sua vontade (Mt 6.1-6). Em Mateus, Jesus é apresentado como o Mestre da justiça que veio para cum-pri-la integralmente (Mt 3.15).

Na época de Mateus, com a destruição do templo, os fariseus assumiram o controle da religião judaica e passaram a confrontar diretamente os cris-tãos e cristãs em sua fé. Ao trazer princípios cristãos para a comunidade, o autor do texto tinha a preocupação de educar e fortalecer a fé das pessoas que se achegavam ao cristianismo.

Nos capítulos 5, 6 e 7 encontramos o Sermão do Monte. Antes desse Evangelho ser escrito, esse relato fazia parte do material usado pela igreja primitiva para “preparar novos membros” para a nova vida em Cristo. Por isso, há nesse sermão, uma coleção de importantes ensinos de Jesus sobre o que é ser uma pessoa cristã.

Page 56: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

56 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

As bem-aventuranças são a introdução do Sermão do Monte. Sem aceitar os desafios nelas propostos, todo o restante do sermão fica sem sentido, pois, ele mesmo aponta a importância do compromisso de viver e lutar pela justiça.

A porta de entrada do Reino de Deus é a justiça e ela é o fundamento das bem-aventuranças, como de todo Sermão do Monte. A justiça aqui apontada é a oposição a justiça dos fariseus, que era uma justiça descompromissada com a vida, mas praticada apenas em causa própria. Assim, a justiça reque-rida por Jesus excede a dos escribas e fariseus (Mt 5.20) e se transforma em denúncia a essa justiça hipócrita.

Escribas e fariseus eram os responsáveis por guardar, ensinar e legislar sobre a Lei (em alguns casos, os escribas eram fariseus). Com o passar do tempo, foram tornando-se os grandes inimigos do cristianismo. Desde a época de Jesus eles já se constituíam adversários, o que se intensificou após a destruição do Templo e a dispersão. Essas pessoas conheciam a lei no pa-pel, anunciavam-na, mas não entendiam seu valor para a vida, que era de preservação. Por isso, transformavam-na em um fardo pesado demais que acabava por prejudicar a vida.

Jesus foi um crítico a essa “justiça esvaziada”, a essa lei que já não tinha mais relação com Deus, pois tinha se tornado instrumento de opressão. Cumprir a justiça proposta por Jesus era tornar-se semelhante ao Pai (Mt 5.48) e, isso se faria possível mediante uma vida solidária (Mt.43-44). Se, por um lado a justiça dos fariseus era opressora, por outro lado a justiça do Reino desafiava as pes-soas a viverem a radicalidade do amor, algo que não era nada fácil.

Ser uma pessoa cristã nesse mundo é uma postura que não se funda-menta em regras de padrão e comportamento. Antes, é assumir que possuir o Reino (Lc 12.32) é ter consciência de que se é sal da terra e luz do mundo e, assim sendo, deve-se viver a radicalidade do amor que implica em amar, inclusive, as pessoas inimigas. Isso é exceder a justiça de escribas e fariseus, algo nada fácil para o falho ser humano.

BibliografiaALMEN, JJ. Vocabulário Bíblico. São Paulo: Aste, 3ª ed., 2001.GASS, I.B. Uma introdução à Bíblia. As comunidades cristãs a partir da se-gunda geração. Vol. 8. São Paulo/São Leopoldo, Paulus/Cebi, 2005.IGREJA METODISTA. Revista Cruz de Malta: Onde habita a justiça. São Paulo: Imprensa Metodista, 1992.IGREJA METODISTA. Revista Cruz de Malta: O reino de Deus. São Paulo: Imprensa Metodista.STORNIOLO, Ivo. Como ler o evangelho de Mateus: o caminho da justiça. São Paulo, Paulus, 10ª ed., 2008.

Page 57: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 57

Lição 09

ISRAEL E OS GIBEONITAS Texto bíblico: Josué 9

“Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte”. Provérbios 14.12

As aparências enganam!” – é um dito popular que pode traduzir a expressão de provérbios, que nos alerta a não nos deter na primeira impressão dos

fatos ou pessoas. O episódio da aliança firmada por Israel com os gibeonitas tem muito a nos ensinar nesse sentido e também sobre o cuidado que devemos ter em submeter to-das as nossas decisões ao Senhor. Vejamos alguns detalhes desse acontecimento.

Page 58: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

58 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Os gibeonitas e sua estratégiaOs gibeonitas eram vizinhos de Israel em Canaã. Habitavam em Gibeão, Cefira, Beerote e Quiriate-Jearim (v.17), cidades próximas de Gilgal, onde Israel se instalou ao atravessar o Jordão (Josué 4.16-19).

Enquanto outros povos vizinhos se uniam para lutar contra Josué e Israel, eles pensaram numa es-tratégia melhor, criando um “es-quema” para se aliançar com eles. Fingiram-se embaixadores de uma terra distante, disfarçando-se para isso, e convenceram Israel de fa-zer aliança com eles, dizendo estar ali “por causa do nome do Senhor, teu Deus; porquanto ouvimos sua fama...” (v.9). Sabedores das vitórias de Israel e de como Deus estava com eles em suas batalhas, temeram ser destruídos, por isso buscaram alian-ça passando-se por outro povo.

Por um lado, pareciam reco-nhecer que Israel tinha um Deus poderoso que estava com eles e acharam que valia a pena se sub-meter a esse povo e não lutar con-tra ele. Por outro, no entanto, sua astúcia levou-os a enganar os líde-res povo de Deus através de uma estratégia bem elaborada.

Essa ideia dos gibeonitas ain-da é presente nos nossos dias. Um pensamento de que basta falar no nome de Deus – ainda que de algu-ma forma se reconheça seu poder – e tirar proveito disto. O senso de

autopreservação leva as pessoas a mentir e dar “jeitinhos”, consideran-do que é por “uma boa causa”. Mas quem confia no Deus de Israel não precisa de enganos para se preser-var. Deus faz isso pelo seu poder! A verdadeira confiança em Deus nos leva a seguir as instruções da Palavra e andar em verdade. A nossa segu-rança é o Senhor. Cabe a nós buscar discernimento sobre o que ouvimos e nos cuidar para não cair nesse tipo de tentação.

Uma decisão precipitadaApesar de questionar os “visitantes”, os líderes de Israel foram iludidos por sua aparência (eles usavam roupas, utensílios e calçados velhos e tinham pão velho e bolorento consigo – vv. 4-5) e palavras enganadoras.

O maior erro dos israelitas foi não consultar o Senhor. Deus já havia dado instrução sobre não fazer alian-ças com os povos da terra de Canaã (Êxodo 34.12), mas provavelmente eles acharam que não era o caso, pois acreditaram na mentira dos gibeoni-tas. Se tivessem consultado o Senhor, certamente saberiam que era uma cilada. Saberiam também se tives-sem o cuidado de pesquisar sobre os estranhos, pois três dias depois da aliança firmada já tiveram notícias a respeito deles (v. 16).

O fato é que algo levou aqueles líderes a assumir precipitadamente uma aliança com um povo que eles não conheciam bem. Autoconfiança

Page 59: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 59

no senso de julgamento, senso de misericórdia, ou outro motivo – não sabemos o que os moveu, mas sua decisão traria consequências para todo o povo.

Este acontecimento nos ensi-na que não podemos nos deter na primeira impressão! Os gibeonitas se fizeram de necessitados para conseguir o que queriam dos is-raelitas. Tudo indicava que eles fa-lavam a verdade, mas não. Quando desejamos abençoar pessoas ou fazer acordos, precisamos discer-nir os fatos.

Provérbios alerta sobre cami-nhos que parecem bons, mas le-vam à morte (14.12). Não se trata só de discernir as necessidades, mas os propósitos de Deus para tudo o que vamos fazer. Da mesma forma pode acontecer o contrário: encon-trarmos alguém que pareça não precisar ou “merecer” nosso apoio, amizade e acordo, mas dos quais de-vemos nos aproximar.

Se queremos viver para a glória de Deus, andar em seus caminhos e cumprir sua vontade, devemos sub-meter todas as situações e escolhas da nossa vida a Ele, e não nos dei-xar levar por aparências, emoções ou mesmo necessidades. Alianças e acordos errados podem nos levar a lutas e trabalhos que não são nossos, nos fazendo investir tempo e energia que poderiam ser melhor aplicados, mas se damos nossa palavra, deve-mos cumprir.

Assumindo a responsabilidade O povo chegou até o território dos gibeonitas, mas não podia extermi-ná-los por causa da aliança firmada pelos líderes (príncipes do povo) o que trouxe descontentamento. Mas os líderes assumiram a responsabi-lidade do juramento feito se expli-cando ao povo, honrando a palavra empenhada e poupando a vida dos gibeonitas, porém, tornando-os es-cravos e colocando-os para servir ao povo e ao altar do Senhor.

Mesmo tendo sido enganados, os líderes não deixaram que isso interferisse no seu caráter ou le-vasse-os a pagar na mesma moe-da. Eles mantiveram a integridade e assumiram as consequências de sua precipitação, que não foram poucas. Além de manter a vida dos gibeonitas dando-lhes morada no território, por causa da aliança fei-ta, Israel teve que lutar para defen-der Gibeão quando seus inimigos apareceram. Essa não era uma luta deles, mas tiveram que empenhar força e recursos para lutar pelos gibeonitas porque se compromete-ram em nome do Senhor.

Como cristãos e cristãs somos desafiados a honrar nossa palavra, assumir as consequências de nossas escolhas, sabendo que, mesmo quan-do somos enganados, Deus não se engana. O que está à prova em nossa vida cristã não são as outras pessoas, mas nós mesmos. É como reagimos

Page 60: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

60 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

que revela nosso caráter. Ainda que alguém nos traia ou use de má fé para conosco, isso não deve nos levar a buscar justiça humana ou agir da mesma forma. Devemos honrar nos-sos compromissos com as pessoas e assumir as responsabilidades pe-los acordos e escolhas que fazemos. Com a ajuda do Senhor, até as esco-lhas ruins podem cooperar para nos-so bem e forjar nosso caráter.

Deus respalda alianças por amor de seu nomeA aliança de Israel com os gibeonitas foi feita em nome do Senhor (v. 18). Muito tempo depois, Saul intentou destruir os gibeonitas e por causa dis-so Deus permitiu que viesse a fome sobre Israel, para que soubessem que uma aliança havia sido quebra-da (2Samuel 21.1). Um juramento fei-to em nome do Senhor não poderia ser quebrado nem mesmo pelas ge-rações futuras. Ainda que Deus não

tenha sido consultado, Ele foi com os israelitas quando lutaram por Gibeão e estendeu sua graça a esse povo. Isso revela a misericórdia do Senhor.

A Bíblia nos ensina que Deus per-manece fiel mesmo quando somos infiéis. Em Jesus Cristo a graça e mi-sericórdia de Deus se estendem a todas as pessoas. Podemos abençoar aqueles e aquelas que ainda não re-conhecem o amor de Jesus e ser ins-trumentos para que se entreguem a Ele. Mas na hora de nos associar ou aliançar, precisamos consultar o Senhor e entender seus propósitos.

ConclusãoAndar com Jesus e cooperar na construção do Reino de Deus exi-ge de nós dependência do Senhor, fidelidade nos mínimos detalhes e um caráter aprovado. Isso se revela nas nossas escolhas e na responsa-bilidade que assumimos em honrar nossa palavra.

Domingo: Josué 9 Segunda-feira: Êxodo 34.10-17Terça-feira: Josué 4Quarta-feira: Josué 5Quinta-feira: Josué 6Sexta-feira: Josué 8Sábado: Tito 2.11-14

BATE-PAPO

O que podemos fazer para

evitar enganos e escolhas

erradas na nossa vida?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 61: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 61

ObjetivoRefletir sobre a importância de consultar a Deus antes de fazer acordos e alianças, a fim de discernir espiritualmente o que está além das aparências e de nos responsabilizar por nossas escolhas, mantendo nossa palavra e cumprindo nossos acordos.

Para início de conversaSe possível, prepare alguém de fora da classe, que os alunos e alunas não co-nheçam bem, para fazer uma visita no início da aula e contar uma história so-bre si. A pessoa pode estar caracterizada na vestimenta. Na história contada deve haver elementos verdadeiros e falsos, de tal maneira que não fique cla-ro à primeira vista o que é verdade. A pessoa pode terminar pedindo algum tipo de ajuda. Terminada a história, perguntar à classe se acreditam ou não na história e por que. A partir das respostas, introduzir o tema da aula, ressaltan-do que nem tudo é o que parece, e que muitas vezes nos deixamos levar por aparências ou nossas próprias emoções e cuidado, sem discernir a verdade. (Tempo para a história e pedido: 5 min. / reflexão e introdução da aula: 5 min.)

Por dentro do assuntoA cidade de Gibeão estava dentro do território de Benjamim (Js 18.25) e era si-tuada “a uns 10 km ao noroeste de Jerusalém e a uns 11 km a sudoeste de Ai.” (Bìblia de Estudo Almeida, 1999, p.252 AT). Deus determinara que os povos de Canaã fossem exterminados, mas não havia tal instrução aos povos exterio-res a ela, daí o estratagema dos gibeonitas de se fingir de terras distantes.

“Esse relato é um exemplo da operação do perdão e graça divinos no mundo decaído onde Israel se encontra. O contexto literário faz paralelo com o de Raabe. Assim como Raabe e sua família escaparam da destruição mediante negociações com os representantes de Israel, de igual manei-ra procedem os gibeonitas. O acordo feito com Raabe precede o relato do assalto contra sua cidade. O tratado com os gibeonitas precede o relato da guerra com os líderes das cidades ao redor ao sul de Canaã (cap. 10). Nos dois casos esse livramento acontece depois da confissão dos feitos divinos

Page 62: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

62 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

de salvação em favor de Israel. O contexto teológico faz paralelo com o re-lato de Acã. O pecado de Acã seguiu-se à celebração da circuncisão e uma Páscoa especial. O erro com os gibeonitas acontece depois da cerimônia de celebração da aliança. Nos dois casos Israel erra ou peca sem percebê-lo na hora. Nos dois casos acontece uma batalha depois de a falta ser identificada. O contexto político descreve ainda mais a liderança de Josué. Assim como em Josué 8.30-35, Josué faz um acordo. Ao invés de uma aliança divina, este é um tratado com povos vizinhos. Josué não aparece como alguém pessoalmente responsável pelo erro de fazer um tratado com os gibeonitas. Pelo contrário, é apresentado como o líder que age para estabelecer o tratado em nome da liderança, pronuncia juízo sobre os gibeonitas quando o engodo destes se re-vela e, então, livra os gibeonitas das mãos de um irado Israel. (...) Os feitos de Deus no livramento do seu povo formam a base para a crença dos gibeonitas, assim como aconteceu no caso de Raabe. Vê-se também um paralelo na ma-neira como o Senhor Deus de Israel recebe o crédito. De fato, sua confissão explícita do Senhor contrasta com a ausência de qualquer confissão por parte dos israelitas. O Senhor é novamente mencionado no versículo 14, em que se assinala explicitamente que Israel deixou de inquirir junto a seu Deus. Tanto Raabe quanto os gibeonitas fazem confissões de fé parecidas e tanto uma quanto os outros escapam da destruição que Deus havia determinado so-bre os cananeus. (...) Para o cristão, a inclusão dos gibeonitas na comunidade aliança de Deus (assim como ocorrera com Raabe) questiona qualquer atitu-de de justiça própria. Antes ensina a importância de avaliar todos os povos e de apresentar-lhes a vida de Cristo (ver G13.28). (HESS, 1999, pp. 157, 159, 164).

O povo de Israel fez a aliança em nome do Senhor, e por isso não podia voltar atrás. Não se trata apenas da disposição do povo, mas do valor que tinha o nome do Senhor dos Exércitos. O próprio Deus sinaliza a importância de honrar seu nome quando dá vitória a Israel quando o povo luta por Gibeão (Js 10), e muito tempo depois, no reinado de Saul (2Sm 21.1-14). Jesus alertou quanto à importância da nossa palavra quando fala dos juramentos (Mt 5.34-37), orientando a manter o sim e o não. Alerte a classe sobre o valor que temos dado à palavra que empenhamos em nome de Jesus, nos votos que fazemos diante do altar e nas promessas e acordos que fazemos com as pessoas. Nossa integridade cristã passa pela fidelidade em cumprir nossa palavra.

Por fimTrabalhe a questão do Bate-papo na seguinte perspectiva: O discernimen-to precisa ser buscado em Deus pela oração e considerando a direção do Espírito Santo, e as ferramentas práticas para isso são: conhecimento e

Page 63: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 63

aplicação dos princípios da Palavra, a busca de conselhos de homens e mulheres de Deus (Pv 11.14) e na investigação das situações. Não devemos ter pressa de dar respostas imediatas especialmente quando se trata de assumir compromissos e responsabilidades, como é o caso das alianças e acordos. Ressalte também que ter cautela não significa protelar decisões desnecessariamente.

BibliografiaBÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. Português. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. (RA). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil,1999.HESS, Richard. Josué: Introdução e Comentário. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1995.PARK, Seung Ho. Administrar La vida como pueblo de Dios. Buenos Aires: Instituto Bíblico Ministério Global de América, 2015.

ANOTAÇÕES

Page 64: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

64 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 10

CONSTRUIR UM LUGAR HABITAVEL Texto Bíblico: 2Reis 6.1-7

“... construamos um lugar que habitemos”. v.1

Ao pensar em caráter cristão, ética, integridade e mis-são, nos vemos em um projeto de construção coleti-va que exige compromisso missionário e saudáveis

relações interpessoais. Na sociedade em que vivemos, esta deve ser uma das propostas missionárias da Igreja: convidar pessoas para habitar junto, entendendo-se como construtora de um ambiente onde todo mundo tenha espaço, vez e voz.

´

Page 65: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 65

Cada um de nós pegará uma vigaEste texto é um diálogo entre pessoas de uma mesma comunidade: Eliseu e seus discípulos, que integravam a Escola de profetas, um espaço de formação teológica e de resistência à apostasia da época, uma espécie de fraternidade formada por homens, geralmente jovens, que se conside-ravam irmãos e eram chamados de filhos do líder – nesse caso, Eliseu.

Ao que parece, a comunidade esta-va crescendo e o espaço de reunião se tornava pequeno. Então, os discípulos sentiram a necessidade de ampliar o lugar. Uma formação bíblica e teoló-gica que fortalece a espiritualidade e o compromisso missionário provo-ca o aumento da comunidade. Essa formação deve estimular a análise da realidade para perceber o que precisa mudar e também oferecer li-berdade para propor tais mudanças. Foi isso que aconteceu. Os discípulos se dirigiram a Eliseu sem temor: “eis que o lugar que habitamos contigo é estreito demais para nós. Vamos, pois, ao Jordão, tomemos de lá, cada um de nós uma viga, e construamos um lugar em que habitemos” (vv.1-2).

Interessante perceber o engaja-mento desses jovens discípulos, pois seu discurso não se limitou a desta-car a fragilidade da comunidade, mas apresentaram também uma proposta de ação e, mais do que isso, o entendi-mento de que todos precisavam tra-balhar juntos. A proposta: ir ao Jordão

pegar madeira. O comprometimento: cada um pega uma viga. O objetivo: construir um lugar para habitar, para melhor se acomodar.

Liderança não é um título vitalícioA resposta de Eliseu foi positiva e desafiadora: “Ide”. E a resposta do discípulo foi acolhedora: “serve-te de ires com os teus servos”. Fica im-plícita no diálogo a conjugação de talentos. Eliseu estava na liderança e liberou a ação; os discípulos eram liderados e fizeram questão de sua presença. No projeto da construção de um lugar habitável, todos tinham um papel a desempenhar.

A função da liderança não é vi-talícia, surge diante de determina-das situações. Há tempos em que lideramos e outros em que alguém nos lidera. Numa relação de hierar-quia, uma pessoa manda e as outras devem obedecer. Numa relação de comunhão, quem lidera age com au-toridade instituída por Deus, e quem está sob a liderança se dispõe a obe-decer em amor, pois a relação é de partilha e não de opressão.

Quem lidera não deve apenas deixar que as pessoas façam, deve acompanhar o projeto e “meter a mão na massa” com o grupo. Quem está sob liderança precisa entender que a presença de líderes é parte importante no projeto de Deus para a comunidade de fé. O diálogo ho-nesto e respeitoso entre as pessoas

Page 66: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

66 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

envolvidas é a ponte para que a mis-são aconteça.

Caiu meu machadoNum mesmo propósito, Eliseu e os discípulos se dirigiram ao Jordão para cortar madeira (v.4). Enquanto trabalhavam, o machado caiu na água (v.5). Há aflição na fala de quem per-deu a ferramenta: “Ai! Meu Senhor! Porque era emprestado”. Conseguir ferramentas naquela época não era fácil. A escola de profetas era uma comunidade pobre, com poucos re-cursos financeiros, talvez daí a neces-sidade de emprestar ferramentas.

Na construção de um projeto comum, de um lugar habitável, é possível que situações indesejadas apareçam; mesmo trabalhando com responsabilidade, podemos “per-der as ferramentas”, isto é, o ânimo, a alegria e o sentido missionário. Ninguém está livre disso.

O que fazer quando isso aconte-ce? O jovem fez a coisa certa, diri-giu-se ao profeta, que representava a presença de Deus diante da comu-nidade. Não estamos livres de sofrer tribulações enquanto servimos a Deus, mas somente nele encontrare-mos força e auxílio para solucionar nossos problemas e fortalecer nossa fé para seguir construindo.

E quando quem nos acompanha na missão perde seu instrumento? Precisamos agir como Eliseu. Ele não reclamou, mas quis saber onde caiu para ajudar, se dispôs a recuperar a

ferramenta perdida (v.6). A relação de confiança e amizade fez com que Eliseu se interessasse pelo problema do seu discípulo e fez com que o jo-vem aflito se sentisse à vontade para partilhar seu problema.

Na construção de um lugar onde todas as pessoas possam habitar, a con-fiança e o acolhimento são fundamen-tais. Diante das fragilidades de nossos irmãos e irmãs, precisamos ajudar. Ao agirmos assim, damos mais possibili-dade para que a pessoa se recupere e reassuma o seu lugar na obra.

Eliseu ajudou a encontrar o ferro lançando o pedaço de pau na água, Deus fez o machado flutuar, mas foi o jovem que o recuperou. Isto nos dá pista de como ajudar: nossa missão é colaborar no processo de transfor-mação e superação das dificuldades, estar junto, disponíveis para a ação de Deus através de nós. O fato de a pes-soa ter “perdido seu machado”, isto é, ter apresentado fragilidades na cami-nhada missionária, não significa que ela não possa voltar a ajudar na obra. Nosso compromisso é ajudá-la a se re-cuperar e fazê-la voltar e sentir-se re-integrada ao projeto missionário. Nós fazemos a nossa parte e Deus faz o mi-lagre. Deus fez o ferro flutuar, Deus faz a vida ser completamente restaurada.

Instrumentos emprestadosHá muitas formas de colaborar na missão de construir um bom lugar para que habitemos. O machado que caiu na água era emprestado –

Page 67: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 67

alguém se envolveu como podia em-prestando o que tinha.

O machado era uma ferramen-ta de trabalho e a pessoa que o em-prestou deixou de usá-lo para si em prol do bem comum. Tudo o que nós temos é emprestado: nossos bens, talentos, formação, são presentes da graça e do amor de Deus. Quem em-prestou o machado deve nos servir de inspiração! Como nos relacionamos com o projeto missionário da nossa igreja? Se não temos envolvimento direto em uma obra específica, po-demos sustentar quem está. E isso não significa apenas investimento financeiro, existem inúmeras for-mas de ajudar, como a intercessão, o encorajamento. Sempre temos algo

com que podemos abençoar a obra missionária. Um coração disponível receberá orientação de Deus sobre como investir na Missão.

Conclusão O crescimento da obra missionária requer (re)construções de todo tipo: espiritual, relacional e também físi-ca. Essa é uma obra coletiva, em que cada pessoa tem muito a colaborar, direta ou indiretamente. Às vezes, no cumprimento da missão, nós fraque-jamos, mas é com a ajuda de Deus e de outras pessoas que superamos as dificuldades. Deus nos ajudará a construir um lugar habitável para quem já está na comunidade e para quem ainda chegará.

Domingo: 2Reis 6.1-7Segunda-feira: Eclesiastes 11Terça-feira: Romanos 12Quarta-feira: 2Reis 4.38-44Quinta-feira: Salmo 51Sexta-feira: Isaías 54Sábado: Mateus 25.14-30

BATE-PAPO

Qual dos personagens do

texto apresenta o maior

desafio para sua atuação

missionária? Por que?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 68: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

68 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivoRefletir sobre como as boas relações interpessoais estabelecidas na Igreja colaboram com o desenvolvimento saudável do seu projeto missionário.

Para início de conversaDinâmica: colocar a caneta na garrafa. Material: 1 caneta, 1 rolo de barbante e 1 garrafa pet ou re-cipiente similar. Corte fios de 3m (um para cada participante). O grupo fica em círculo e cada pes-soa deverá segurar uma ponta do barbante de forma que os barban-tes pareçam um aro de bicicleta. Busque o meio desse aro e prenda todos os fios com um outro fio de 30 cm. Coloque na ponta desse fio uma caneta amarrada. O grupo deve se movimentar coletivamente para colocar a caneta na garrafa. Para aumentar o grau de dificuldades você pode aumentar o tamanho do barbante e esco-lher recipientes de abertura menor. Para facilitar o entendimento assista ao vídeo: https://goo.gl/AGpE8m.

Depois da dinâmica reflita rapidamente sobre a experiência e peça que o grupo relacione com o trabalho missionário desenvolvido pela igreja.

Por dentro do assuntoEliseu foi um profeta de Israel que atuou durante os reinados de Acabe, Acazias, Jeroão, Jeú, Jeoacaz e Joás, o que corresponde a um período de mais de 50 anos (O novo dicionário da Bíblia, 3ªed. 2006, pp.408-409). Seu com-promisso com a obra que Deus lhe permitiu experimentar um ministério frutífero. O relato em 2Reis 6.1-8 mostra um dos seus feitos miraculosos, e o pano de fundo desta história tem a ver com o crescimento da comunidade que estava sob a sua direção.

Page 69: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 69

Eliseu, cujo nome significa “Deus é a salvação” começou seu ministério como aprendiz/servo de Elias e depois passou a liderar. No texto do aluno apontamos a questão da liderança como algo destinado a uma missão espe-cífica. Não podemos ter a liderança como titulação para benefício próprio ou cargo vitalício. Ela sempre acontece diante de um contexto e com uma finalidade. Assim, quem um dia está na liderança, em outro momento ou situação vivenciará a experiência de ser liderado(a) por alguém.

A pastora metodista Nancy Cardoso (2014), pesquisadora do Antigo Testamento, afirma que o texto de 2Reis 6.1-8 é “uma história de urgência, sustos e pedidos”. A urgência se manifesta na necessidade de construir um outro espaço para a comunidade e na fala de Eliseu: “ide”, que pode ser en-tendida como “podem ir imediatamente”. O susto é evidenciado diante da perda do machado. Os pedidos são expressos em três situações: para cons-truir um novo lugar, para que Eliseu esteja junto na busca por madeira, para que Eliseu ajude a recuperar o machado.

Urgências, sustos e pedidos estão na nossa relação comunitária, no com-promisso missionário e na nossa vida espiritual. Interessante perceber que diante desses três aspectos, há a participação de Eliseu, que representa aqui a presença de Deus.

A urgência surge da necessidade de resolver os problemas. Para isso é preciso buscar orientação em Deus. Ficar prorrogando algo que precisa ser resolvido traz consequências ruins. Não se trata de agir sem pensar, sem ponderar. Trata-se de não procrastinar, isto é, adiar ações e decisões que precisam ser tomadas.

Os sustos também são presentes na nossa caminhada. A vida se encar-rega de nos surpreender positiva e negativamente. Existem sustos na nossa vida pessoal e comunitária. Ainda que eles nos abalem, Deus nos ajudará a superá-los. Nesse sentido, o texto aponta para a solidariedade como parte do processo de resolução. Somos quem ajuda e quem, em algum momento da vida, receberá ajuda. Sobre a solidariedade que pode ser evidenciada no texto, a pastora Nancy reflete:

“Na delimitação do grupo que Eliseu acompanha, o drama da ferramenta emprestada é sinal de identificação básico. Também no texto da mulher e o azeite (2Reis 4. 1-7) as relações de empréstimo são fundamentais para a su-peração da crise vivenciada. Tomar emprestado aqui tanto ajuda a qualificar a situação da precariedade do grupo social das narrativas de milagres como aponta para um dos movimentos vitais de desenvolvimento de alternativas e resistências. Estas trocas são materiais e simbólicas. Podem denotar de-pendência ou solidariedade. Ou as duas coisas ao mesmo tempo”.

Page 70: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

70 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

No desenvolvimento do projeto missionário dependência e solida-riedade são extremamente importantes. Dependemos de Deus para nos abençoar, nos direcionar, nos educar em relação à sua vontade e, em soli-dariedade, dependemos uns dos outros. O processo de construção de um lugar onde todas as pessoas possam habitar não é fácil, mas a dependência de Deus e a solidariedade são vigas fundamentais que nós devemos buscar constantemente.

Por fimO comportamento dos personagens do texto se tornam parâmetros para o nosso comportamento em relação à missão e às pessoas da nossa igreja. Explore com o grupo quais são os desafios que cada um deles traz e com qual deles as pessoas se identificam. Esta é a proposta da seção Bate-papo.

BibliografiaAZEVEDO, Israel Belo de. 2Reis 6.1-7: Quando tudo dá errado. Disponível em: https://goo.gl/3NZJaX. Acesso em 10/10/2017.PEREIRA, Nancy Cardoso. Profecia cotidiana e a religião sem nome: religio-sidade popular na Bíblia. São Paulo, Fonte Editorial, 2014.

ANOTAÇÕES

Page 71: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 71

Lição 11

NOSSA RELACAO COM A NATUREZA Texto Bíblico: Romanos 8. 19-23

“Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus...” v.19

O texto bíblico desta lição destaca que a criação aguar-da a manifestação dos filhos e filhas de Deus que herdaram não somente o privilégio da filiação, mas

também a responsabilidade de ser mordomos fieis da cria-ção de Deus. Essa transformação é realizada pelo Espírito de Deus que tem o poder de mudar o interior, os valores mais fundamentais do ser humano. E Deus já providenciou tal transformação por meio da justificação em Cristo, através da cruz. Logo, os filhos e filhas de Deus, como parte da criação, devem transformá-la, ao mesmo tempo em que são transfor-mados(as). A criação é obra de Deus e assim reflete algo do Criador, o amor por tudo o que Ele fez.

~~

Page 72: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

72 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

O pecado trouxe separação A morte e a separação entraram no mundo como consequência da que-da pelo pecado humano, de modo que a queda trouxe a separação en-tre Deus e o ser humano, do ser hu-mano com o seu semelhante e com o restante da criação.

A separação humana do restante da criação é percebida no mundo por meio da destruição da natureza, da poluição das águas, da terra e do ar; pela extinção de várias espécies de animais; pela exploração irresponsá-vel das fontes de energias naturais, etc. Enfim, toda degradação ambien-tal está relacionada à degradação da humanidade e é reflexo da condição humana pecaminosa.

João Wesley, em suas reflexões sobre a criação, aponta para a fé san-tificadora. Ele pressupõe que não se pode conceber a separação entre o cuidado com o meio ambiente e a prática da vida cristã. Ensina tam-bém que devemos desenvolver uma disciplina espiritual e física, bem como realizar ações no sentido de proteger a terra e toda a criação.

No enfoque da “santidade social”, preconizado por Wesley, bem à fren-te de seu tempo, a preocupação com sustentabilidade ambiental já se ma-nifestava, visto que o enfoque de seus estudos não era apenas sobre convi-vência entre as pessoas do seu tempo, mas também delas com as gerações futuras para quem, como “mordo-mos” e detentores(as) da custódia da

terra, devemos entregar a natureza devidamente cuidada e protegida, conforme o plano original de Deus.

Ora, visto que o ser humano é do-tado de razão, segundo Wesley, ele tem o dever de compreender e de-fender esse lugar comum a todas as pessoas que é a terra. Wesley cha-mava esse dever de imagem política de Deus, que é uma responsabilida-de inerente ao ser humano, propi-ciada pela graça de Deus mediante um relacionamento vivo com Ele (RUNYON, 2002 p. 23). Wesley ensi-na que é no tempo presente que co-meça a renovação da criação. Ele não tratou a santificação apenas no que diz respeito à justificação, mas enfati-zou que ela não se completa antes da renovação da vocação original para a qual a humanidade foi criada, que é refletir e viver a imagem de Deus no mundo, ou seja, a humanidade precisa resgatar a imagem de Deus perdida com a queda, e esse resgate faz parte do processo de santificação que visa à vida eterna.

Cuidar da criação: semelhança com DeusObservando o relato da criação (Gênesis 2. 4-15) vemos que não ha-vendo ninguém para lavrar a terra, Deus fazia com que um vapor a regas-se. Então Ele fez o ser humano do pó da terra, à sua imagem e semelhança, e lhe deu a responsabilidade de lavrar e cuidar do jardim que havia criado. Essa missão foi desvirtuada como

Page 73: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 73

consequência do pecado, conforme descrito em Gênesis 3.18-23. Por sua vez, visto que a Graça restaura os planos iniciais de Deus em relação à humanidade, isto é, o relaciona-mento de Deus com o ser humano e também do ser humano com a na-tureza; a nova criação de Deus deve ser reestabelecida em sua função de cuidar da terra, conforme mostra o texto de Romanos.

John Wesley concebia a imagem de Deus também de forma relacio-nal, pois ao invés de enfatizar algo que o ser humano possui, destaca a maneira como ele se relaciona com Deus e com o mundo. De modo geral, a imagem de Deus no ser hu-mano diz respeito ao amor e ao re-lacionamento. Portanto, não se trata de “uma capacidade ou uma posse inerente ao ser humano, mas um re-lacionamento vivo propiciado pela graça divina” (RUNYON, 2002, p. 23). Ele também dizia que somos “mor-domos” de Deus, que não possuímos nada, já que tudo pertence a Ele.

Em seu sermão intitulado “O mordomo fiel” (n. 51), Wesley exor-ta: “Dá contas de tua mordomia, porque já não poderás mais ser mordomo” (Lucas 16.2). Ao final, ele ensina: “Aquele que nos dá tudo deve necessariamente ter direito a tudo; assim, se lhe dermos alguma coisa menos que a totalidade, não poderemos ser despenseiros fiéis. E, considerando que ‘todo homem receberá sua própria recompensa,

segundo seu próprio labor’, não po-deremos ser sábios despenseiros, a não ser que trabalhemos até o der-radeiro limite de nossa capacidade, não deixando por fazer coisa algu-ma que possa ser feita, mas nisso empregando toda nossa força” (JOSGRILBERG, 2003, p.99).

Ora, visto que teremos de dar con-tas a Deus da nossa mordomia, isto é, da nossa função de cuidar da criação como um todo, devemos desde já cuidar dos mananciais, das reservas naturais, das áreas de preservação, do habitat natural, parques, etc.

Dentro dessa visão, não há como se apartar o processo de santifi-cação do zelo pelo meio ambiente. Se santificação envolve uma nova criação da imagem de Deus no ser humano a renovação da imagem política, que representa o cuidado humano da criação, também deve ser observada.

Somente a renovação gradual da imagem de Deus – ou seja, a santi-ficação manifesta na vida das pes-soas – constituiria um testemunho concreto do propósito de Deus na criação e de sua promessa de ren-ovar o céu e a terra (JENNINGS JR, 2007, p.84).

Conclusão:A Igreja não pode ficar estática dian-te da notória degradação ambiental em nossos dias. É preciso pregar, di-vulgar e debater o tema, visto que é impossível ao ser humano atingir a

Page 74: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

74 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

santificação sem que a imagem po-lítica de Deus que está diretamente ligada ao cuidado da criação, seja também restaurada. Nós também, no nosso dia a dia, precisamos agir em favor da natureza, nos pequenos

detalhes: usando com sabedoria os recursos naturais, cuidando dos es-paços públicos como cuidamos da nossa casa, ajudando na conscienti-zação das pessoas próximas sobre o cuidado com a natureza.

Domingo: Romanos 8.19-23Segunda-feira: Gênesis 2Terça-feira: Gênesis 1Quarta-feira: Gênesis 3Quinta-feira: Salmo 19.1-7Sexta-feira: Gênesis 9.1-3Sábado: Salmo 104

BATE-PAPO

Como nossos atos do dia

a dia negam a imagem

política de Deus em nós? O

que podemos mudar nos

nossos hábitos em favor

da natureza e qual nossa

disposição para isso?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 75: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 75

ObjetivoRefletir sobre a mordomia cristã em relação ao meio ambiente como um todo, visto que foi a primeira missão dada pelo Criador à humanidade.

Para início de conversaColoque nas mãos dos alunos e alunas alguns espelhos e peça que respon-dam se foi essa a imagem que herdamos de Deus na criação. Em seguida explique que a imagem refletida no espelho é uma inspiração de Deus, fei-ta cuidadosa e especialmente para ser nossa característica física, mas não a imagem dele; a imagem de Deus referida em Genesis 1 não trata das nos-sas características físicas, mas se relaciona com a razão, a ética, a moral, a amabilidade, a benevolência, etc., passadas especialmente à humanidade. Cite que com queda da humanidade a essas características foram corrom-pidas e deturpadas pelo pecado, e que faz parte processo de santificação dos filhos e filhas de Deus a recuperação dessas características que refle-tem em nós a imagem do Criador e faz com que voltemos a cumprir a mis-são a nós confiada.

Por dentro do assuntoO tema da “Imagem de Deus” foi muito importante na teologia de John Wesley. Esse tema é recorrente no âmbito da teologia cristã desde a patrís-tica e foi dos estudiosos daquela época que ele tirou sua inspiração.

Wesley concebia a imagem de Deus de forma relacional – ao invés de enfatizar algo que o ser humano possui, destaca a maneira como ele se re-laciona com Deus e também vive essa relação com o mundo: O ser humano reflete para todas as outras pessoas ou criaturas o amor que recebe de Deus. Assim, para Wesley, a imagem de Deus no ser humano não é “uma capaci-dade ou uma posse inerente ao ser humano, mas como um relacionamento vivo propiciado pela graça divina” (RUNYON, 2002, p. 23).

A teologia wesleyana concebe a imagem de Deus na humanidade em três dimensões: a imagem natural, a imagem moral e a imagem política.

Page 76: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

76 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

A dimensão natural da imagem de Deus na humanidade refere-se às ca-pacidades de entendimento/razão, vontade e liberdade. Na visão de Wesley, com a queda do homem todas elas foram corrompidas e esmaecidas, mas não totalmente destruídas os extintas.

A dimensão moral da imagem de Deus constitui a principal caracterís-tica do relacionamento humano com Deus, sendo esta a dimensão que mais facilmente é distorcida pelo pecado. À luz de sua compreensão relacional, se insere aqui a importância da obediência a Deus, que não consiste em sim-plesmente seguir regras, pois nosso relacionamento é com o Criador, e não com as regras. Essa obediência permite que a vida humana esteja continua-mente aberta à recepção do amor, justiça, misericórdia e verdade que pro-vém de Deus, e, como sua imagem, exercer e transmitir o que foi recebido (RUNYON, 2002, p. 29-30).

A imagem de Deus na dimensão política é um meio pelo qual a huma-nidade reflete o seu criador. Trata da responsabilidade especial de ser o “canal de comunicação” entre o Criador e o resto da criação, de modo que “todas as bênçãos de Deus fluíssem por meio da humanidade até as outras criaturas”. Assim, a humanidade é a própria imagem de Deus na medida em que a benevolência de Deus é refletida nas ações humanas para com o resto da criação (RUNYON, 2002, p. 28).

Wesley dizia que somos “mordomos” de Deus, que não possuímos nada, tudo pertence Ele. Somos apenas detentores da custódia de um mundo que pertence ao Criador. Para o professor Rui Josgrilberg, o termo utili-zado por Wesley, steward, do inglês, é melhor traduzido por “cuidador” (JOSGRILBERG, 2003, p.99)

Na visão de Wesley, não há como se apartar o processo de santificação do zelo ao meio ambiente. Devemos então, buscar essa renovação em nossas vidas, cumprindo assim as expectativas da criação (Romanos 8.19-23), de-fendendo e zelando da criação de Deus com vistas à sua preservação para as futuras gerações.

Por fimFaça com a classe a reflexão do Bate-papo e orem pedindo a Deus estratégia e disposição para restaurar o cuidado com a criação. Se possível, incentive a criação de um projeto simples de preservação e cuidado com a natureza, como limpeza de parques públicos, plantação de mudas de árvores, elabora-ção de material de conscientização ambiental para ser distribuído na igreja e seus arredores.

Page 77: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 77

Para saber maisSermão 57: “Sobre a queda do homem”. Disponível em: https://goo.gl/wk-fRM9. Acesso em 10/10/2017.Sermão 60: “A libertação geral”. Disponível em: https://goo.gl/wkfRM9. Acesso em 10/10/2017.

BibliografiaJENNINGS JR.,Theodore W.. Wesley e o mundo atual. São Bernardo do Campo, SP: Editeo, 2007.JOSGRILBERG, Rui de Souza. “A preocupação ecológica na tradição wesle-yana.” in CASTRO, Clovis Pinto (org.). Meio ambiente e missão: a responsa-bilidade ecológica da Igreja, de São Bernardo do Campo: Editeo, 2003.RUNYON, Theodore. A Nova Criação: a teologia de João Wesley hoje. São Bernardo do Campo/SP: Editeo, 2002.

ANOTAÇÕES

Page 78: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

78 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição12

DIALOGO E TOLERANCIA Textos bíblicos: Gênesis 11.1-9; Atos 2.1-13

“E como os ouvimos falar, cada um em nossas próprias línguas as grandezas de Deus? (...) Outros, porém, zombando, diziam:

Estão embriagados!” Atos 2.11, 13

A palavra diálogo vem da fusão de duas palavras gre-gas: dia e logos. Dia pode ser traduzido como “atra-vés” enquanto que logos assume vários significados

como “palavra”, “expressão”, “significado”. O diálogo é pre-missa para a convivência; por meio dele nos colocamos no mundo, interagimos e nos transformamos. Para além da con-ceituação da palavra diálogo, está o desafio de dialogar. Há diálogos e diálogos, no entanto, quer positivos ou negativos, autoritários ou “empoderadores”, são eles que estabelecem as nossas relações sociais. O diálogo nos compromete.

´

^

Page 79: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 79

Quando a torre sobeOs dois textos desta lição se re-ferem respectivamente a Babel e Pentecostes. A ênfase da nossa abordagem é pensar em como dia-logamos entre nós, membros da mesma comunidade de fé e com outras pessoas de fora do nosso “ar-raial”. Nossa proposição é que em tempos de Babel (para fazer alusão aos tempos que vivemos hoje) te-mos o desafio de dialogar como em Pentecostes.

A festa de Pentecostes que acon-teceu após a morte e ressurreição de Jesus ficou marcada para sempre na história da humanidade. Foi nesse dia, quando as pessoas reunidas di-alogavam, louvavam e oravam, que se cumpriu a profecia anunciada no Antigo Testamento (Joel 2.28-32) e a promessa de Jesus (Lucas 24.50-53): o Espírito Santo inundou a vida humana! Há quem afirme que o Pentecostes é a redenção da torre de Babel (Gênesis 11.1-9).

A torre de Babel foi construída ao mesmo tempo em que a cidade (v.4); as pessoas que lá chegaram se ap-ropriaram de uma terra (v.2), desen-volveram suas tecnologias (v.3), e se iludiram ao achar que teriam o con-trole sobre tudo. Nessa construção estavam implícitos a autopromoção, a onipotência e o egoísmo, pois que-riam se fechar em si mesmos, ter posição de privilégio em relação às outras pessoas e se encerrar em seu universo (v.4).

Interessante perceber que o dese-jo era subir aos céus (v.4), mas não para ver Deus e sim se autopromov-er. A intencionalidade nada tinha a ver com a sua fé ou expressão de religiosidade; foi Deus que desceu, como em Pentecostes, para ver a ci-dade e a torre e, ao que parece, não gostou do que viu (v.5-6).

Se pensarmos na cidade como a nossa sociedade, percebemos que os valores que motivaram a con-strução daquela torre ainda estão presentes e ditando a forma das pessoas verem, falarem e viverem. Não há problema nenhum na busca de realizações pessoais, o problema está em encerrar a vida nesses pro-jetos. A nossa realização pessoal e profissional precisa estar conecta-da com a casa comum (oikos), com a família, a Igreja, a sociedade, com o planeta!

Na Babel atual temos o desafio de manter o diálogo anunciado em Pentecostes. Difícil tarefa a nossa! Em meio às demandas da cidade e projetos pessoais, nosso coração deve estar na casa comum, na tarefa solidária de colaborar para que out-ras pessoas encontrem a Cristo.

A Igreja, ainda que inserida na so-ciedade, não pode se deixar seduzir a ponto de se tornar uma torre. Isso nos isola e, diferente disso, precisa-mos ser um espaço transformador e de acolhida. Nossa missão não é construir uma torre que nos leve até o nosso ego, mas uma ponte que

Page 80: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

80 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

nos dirija ao pleno conhecimento de Jesus Cristo.

Quando o Espírito desceGênesis 10 deixa explícito que já havia povos dispersos e várias lín-guas (v.5). A confusão que surge a partir da intervenção de Deus se dá em relação à linguagem. Se definir-mos linguagem como uma prática social e interativa, podemos inferir que Deus confundiu a forma deles se relacionarem, aquela linguagem única era algo muito ruim. Com a ação de Deus eles passaram a não se entender mais e cada um(a) foi viver outras experiências; saíram do seu mundo, da sua torre.

Quando o Espírito desceu, en-controu pessoas disponíveis que aguardavam as ordens para con-strução do seu projeto (Lucas 24.44-49; Atos 1.12-14; 2.1). A manifestação divina não é para confundir! Com o simbolismo das línguas de fogo, Deus veio dialogar e impulsionar as pessoas a dialogarem e se entender-em. Assim aconteceu, os discípulos que ali estavam começaram a falar em diversos idiomas sobre as gran-dezas de Deus (v. 2.4). Para além da polifonia das línguas, a linguagem do amor de Deus era anunciada e as pessoas entendiam (v.6).

A linguagem em Babel era única, não favorecia o diálogo com quem não estava na cidade; ao que parece ela se apresentava sob a forma de um monólogo opressor, explorador e

enganoso que promovia um projeto de vida egoísta, centrado em si mes-mo. De fato, era preciso confundir essa linguagem (v.7)! Por mais alta que fosse a torre, nunca chegariam a Deus dessa forma, pois nos aproxi-mamos dele apenas pela sua graça e quando isso acontece, percebemos a necessidade de amar e dialogar com outras pessoas (Mateus 22.37-40).

Entre Babel e PentecostesNa torre de Babel o domínio de tecno-logias avançadas apontava para um conhecimento técnico, privilegiado. Quem propunha o diálogo, quem tra-zia a mensagem do que fazer e como fazer, tinha um conhecimento for-mal e de destaque social. As técnicas de construção eram refinadas, sabe-doria vinda da Mesopotâmia.

E quem falava em Jerusalém por ocasião daquele Pentecostes espe-cial? Galileus! O que isso significa? Galileus eram pessoas da periferia, do interior, sem muita instrução for-mal (Atos 4.13). Isso tornou o episódio mais surpreendente ainda, porque era gente simples que, guiada pelo Espírito Santo, anunciava algo que pessoas de várias partes do mundo, de diferentes graus de instrução e posições econômicas puderam en-tender (Atos 2.5-7).

Entre a admiração e o espanto havia, no coração de quem era te-mente a Deus, a disposição de ou-vir e se apropriar da mensagem do Evangelho. No entanto, havia também

Page 81: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 81

quem não estava disponível para ou-vir, dialogar e se comprometer. Por isso, desprezava o que estava aconte-cendo e até loucura falava: “É bebe-deira”. Não era bebedeira, estava muito cedo (v.15). Comer e beber tão cedo não era parte do costume judai-co. No diálogo em Pentecostes houve temor, obediência e disposição em dialogar com gente diferente. Houve cuidado com o que era dito, reconhe-cimento de que a sabedoria humana pouco vale diante da sabedoria divi-na. Assim devemos agir.

ConclusãoVivemos um tempo de muita intole-rância. As pessoas se ofendem com opiniões diferentes e até se agridem por isso. Precisamos nos dispor para dialogar mais. E que seja o nosso diálogo um reflexo do que acon-teceu em Pentecostes. Uma coisa temos por certo: a graça de Deus en-tre nós, por meio da revelação bíbli-ca, pode nos encher de humildade e compaixão para ouvir, e também de coragem, respeito e misericórdia para falar!

Domingo: Gênesis 11.1-9; Atos 2.1-13Segunda-feira: Mateus 12.36-37Terça-feira: Atos 7.1-53 Quarta-feira: Atos 8.26-40Quinta-feira: Jeremias 1.1-10Sexta-feira: Ezequiel 2-3Sábado: Êxodo 4

BATE-PAPO

Que ações podemos

desenvolver para diminuir

a intolerância e melhorar

a convivência, a partir da

família e da Igreja?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 82: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

82 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivosRefletir sobre a importância da tolerância e diálogo com pessoas de diferen-tes culturas e crenças, destacando que amor, tolerância e respeito às diferen-ças e aos diferentes sempre foi um ensinamento de Jesus; mostrar que com amor e respeito podemos anunciar a Graça e a salvação em Cristo Jesus.

Para início de conversaPergunte para a turma sobre as dificuldades implícitas em dialogar com pessoas de diferentes crenças e opiniões. Peça para que as pessoas parti-lhem suas estratégias de superação dessas dificuldades. Depois de alguns minutos de partilha, introduza a aula citando a ação de Deus em Babel, quando o diálogo levava à soberba, em contraste com Pentecostes, quando o objetivo era alcançar pessoas de diferentes culturas.

Por dentro do assuntoExplicitamente não existe nenhum paralelo entre os relatos da Torre de Babel e de Pentecostes. No entanto, em ambos o tema do diálogo está pre-sente e a maneira como ele se desenvolve pode servir de inspiração para nossa forma de nos relacionar com Deus e com as pessoas. Para aumen-tar sua gama de conhecimento, trouxemos algumas contribuições dos pro-fessores de Bíblia Milton Schwantes quanto ao relato da Torre de Babel, e Carlos Mesters e Francisco Orofino sobre Pentecostes.

Torre de Babel (Gênesis 11.1-9). O cenário desse relato é a planície, onde será construída uma cidade e nela a torre. Esta torre tem uma finalidade: ‘cujo topo chegue até os céus e tornemos celebre o nosso nome para que não sejamos espalhados por toda a terra’ (v.4). Neste projeto há cheiro de ar-rogância e um ‘certo bairrismo’, intenções questionáveis e reprováveis à luz do Reino de Deus que nos orienta a agir com simplicidade e, se algum recon-hecimento advier, que seja pelo serviço para Reino, não pelo trabalho em benefício próprio e ‘massagem do ego’. O Reino nos convoca à disposição de ir para onde o Senhor disser que é preciso, pois nós somos, neste mundo, forasteiros(as) em terra estranha, a serviço do Mestre que deseja que todas as pessoas conheçam seu nome e o reconheçam como Senhor e Salvador.

Page 83: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 83

O Professor Schwantes (2013) afirma que este relato é uma espécie de parábola que “surgiu para contestar, para negar (...). Negado é este conjunto integrado, constituído por cidade-torre-estado-totalitarismo. O totalitaris-mo expressa-se pelo controle do povo (‘eis que o povo é um’, v.6), pela ilim-itada arrogância (‘agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer’, v.6) e, enfim, pela manutenção da unidade cultural para facilitar o controle. Negada é, pois, a cidade como projeto de hegemonia. Todo esse projeto não se reduz à torre, mas nela alcança uma decisiva concentração. Afinal, a res-peito da torre se diz que seu ‘topo chegue até os céus’ (v.4). Convém que se dê uma atenção especial a esta torre (...). Seguidamente se interpreta a torre como parte do sistema de santuários babilônicos. No caso, vincula-se à torre (v.4-5) com a menção de Senaar e de Babel (vv.2 e 9). A torre seria, pois, uma zigurate que costumava integrar a área do santuário. Essa interpretação é muito comum, mas não combina com o texto em hebraico, pois aí se usa um termo para torre não no sentido de uma edificação no setor do templo, mas sempre como uma força militar, comparável às acrópoles, às partes mais al-tas e mais bem fortificadas (...). É uma espécie de quartel general” (p. 95-96).

Como Deus age nessa parábola? Ele dispersa e promove a diversidade de línguas. Nesse sentido Schwantes afirma: “é evidente que, neste caso, dis-persão não é nada negativo. É integralmente positivo. A dispersão é a solução! Há de se pensar aí também na dispersão e na diferenciação de povos, cada qual com a sua cultura e língua. Em especial, na última fase de releituras do texto, aquela que aplicou a parábola a Senaar e Babilônia, deve se ter em vista os povos. Os babilônios haviam submetido muitos povos. Nosso texto apoia a autonomia e a liberdade dos povos, cada qual com a sua cultura e língua. Nada de império mundial. Mas certamente não se poderá dizer que o en-foque principal recai sobre a dispersão dos povos. A exigência primeira é a dispersão das aldeias, o direito das vilas camponesas. O reforço dessas vilas impede o Império e a cidade (...). Dispersão, pois, luta pela autodeterminação dos pobres, dos que produzem na roça. Aqui o projeto de dispersão é o projeto do trabalhador (...). Por outro lado, o projeto de Gênesis 11 objetiva a diversi-dade de línguas. Língua é cultura. Dispersão e diversidade de cultura estão no mesmo nível. Completam-se. O sistema de aldeias dos camponeses tinha uma de suas sustentações na diversidade de expressões culturais. Também existiam diferenças marcantes na própria linguagem. No Norte falava-se um pouco diferente do Sul, como mostra o livro do profeta Oseias (cf. Juízes 12). Todas estas diferenças eram uma proteção contra a hegemonia do Estado e das cidades. Constituíam defesas para os pobres. Davam-lhes códigos de co-municação que escapavam do controle de cima” (p.99-100).

Page 84: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

84 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Para saber mais sobre Babel acesse: A cidade e a torre (Gênesis 11.1-9) – Exercícios hermenêuticos. Milton Schwantes. Disponível em: https://goo.gl/LyRNk4. Acesso em 27/11/207.

Atos dos Apóstolos (Atos 2. 1-13). Enquanto em Babel são os poderosos que falam, em Pentecostes, são os pobres, os galileus, pescadores que falam, e como falam? Por obra do Espírito Santo conseguem se fazer entender pe-las várias nacionalidades ali presentes. Não era preciso ter uma linguagem única, mas o Senhor alcançou aquelas pessoas na diversidade, nas suas par-ticularidades. A língua, como afirmam Mesters e Orofino, são uma das sim-bologias do Espírito Santo. “São três os símbolos para significar a ação do Espírito: vento, língua, fogo. Todo ser humano tem experiências concretas do que vem a ser vento, língua e fogo. Assim, cada um, cada uma, a partir da sua própria experiência (de vento, de fogo, de língua), consegue avaliar qual o efeito que o Espírito quer realizar em nossas vidas. Além disso, para quem conhece a história do AT, o vento que encheu toda casa evoca a ventania que secou o Mar Vermelho e permitiu ao povo fazer a travessia e iniciar o êxo-do (Êxodo 14.21). Evoca ainda a nuvem que encheu todo o interior do Templo (1Reis 8.10-11). As línguas evocam a confusão das línguas na construção da Torre de Babel, que agora, com a ajuda do Espírito Santo, está sendo superada (Gênesis 11.9). O fogo evoca a manifestação de Deus na conclusão da Aliança e no nascimento do povo de Deus no Monte Sinai no AT (Êxodo 19.16-19). No dia de Pentecostes, estava nascendo o novo povo de Deus, iniciando o novo Êxodo, a nova Aliança, o novo Templo. Jerusalém estava cheia de peregrinos por cau-sa da festa de Pentecostes. Lucas diz que eram pessoas piedosas, isto é, gente aberta para os apelos de Deus. Vinham de todas as partes do mundo, desde os partos no Oriente, até os romanos no Ocidente. Lucas parece ter consultado um atlas para não esquecer nenhuma nação conhecida da época. Todas as nações estão representadas” (p.43).

Por fimAo encerrar a aula, peça que os alunos e alunas pensem nas pessoas com quem têm dificuldade de dialogar e ore com a classe pedindo que Deus ca-pacite, pelo seu Espírito a amar e vencer os obstáculos a fim de comunicar a salvação e a Graça.

BibliografiaSCHWANTES, Milton. Projetos de Esperança, meditações sobre Gênesis 1-11. São Paulo: Paulinas, 2002. MESTERS, Carlos & OROFINO, Francisco. Atos dos Apóstolos. Círculos Bíblicos. São Leopoldo: CEBI; São Paulo: Paulus, 2002.

Page 85: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 85

Lição 13

DEFICIENCIA NAO E CASTIGO Texto Bíblico: João 9.1-12

“Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas”. Tiago 2.1

De acordo com o censo do IBGE, em 2010, havia no Brasil 45,7 milhões de pessoas com algum tipo de de-ficiência, o que representava cerca de 22% da popu-

lação, que então era de 207 milhões de habitantes. Embora não haja uma estatística sobre a participação dessas pessoas em igrejas, acredita-se que o número é baixo. Assim, temos entre essa população um fértil campo missionário. A ação de Jesus e junto ao cego de nascença nos inspira na busca de seguir construindo uma igreja cada vez mais acessível para todas as pessoas.

´

^

~

Page 86: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

86 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Nascido para a glória de DeusAntes do episódio da cura, Jesus sai do templo para não ser apedrejado pelos judeus (João 8.59). Fora, ao ca-minhar, Ele se depara com o cego que certamente estava a esmolar, algo comum na vida de deficientes da época. Se Jesus tivesse permane-cido no templo, provavelmente não teria encontrado aquele cego, pois as pessoas com deficiência não eram bem-vindas nos espaços religiosos; na realidade, de acordo com o livro de Levítico (17.17-21), elas nem po-diam oferecer sacrifícios no templo.

O texto em questão contém uma peculiaridade interessante: é a úni-ca vez em que se menciona nos evangelhos que o cego curado nas-ceu nessa condição, o que pode indi-car um caso especial.

Este relato ensina a Igreja a viver a totalidade da graça de Cristo de forma prática, rejeitando a exclusão imposta por uma cultura preconceituosa e ex-perimentando a palavra libertadora de Jesus para todas as pessoas.

Os discípulos, mesmo receben-do diariamente os ensinos de Jesus, não foram capazes de libertar-se do pensamento judaico e tão logo vi-ram o cego já fizeram uma pergunta no mínimo perturbadora: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (v.2). Tal ques-tionamento partia de uma crença da época, de que doenças ou deficiên-cias eram fruto de castigo divino

pelo pecado do indivíduo ou de seus ancestrais. Jesus teve a oportuni-dade de esclarecer de uma vez por todas esta questão que dava origem a um comportamento excludente que vinha de muitas gerações.

Com a cura do cego, Jesus criou uma oportunidade perfeita para dar uma resposta que sanasse a dúvida e crença que durante séculos im-pactou diretamente a história das pessoas com deficiências, a saber: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus”. (v.3)

Esta fala foi desconcertante, pois nenhuma das hipóteses levantadas pelos discípulos estava certa. Na ver-dade, Jesus afirmou que aquele cego nasceu para glória de Deus. Naquele caso a glória de Deus se manifestou através da cura, e em inúmeros out-ros esta glória se manifesta quando, independentemente de curas físicas, pessoas deficientes e doentes vivem para o Senhor exercendo sua vo-cação no corpo de Cristo.

Deficiência não é castigoO modo como Jesus tratou essa ques-tão lançou bases para erradicar a as-sociação entre deficiência e castigo. Todavia, ainda hoje esta associação errônea permanece nos mais varia-dos segmentos cristãos, inclusive justificada por passagens bíblicas, em especial a de Êxodo 20.5,6. Um olhar mais atento, porém, faz per-ceber que este texto não trata de

Page 87: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 87

pessoas com deficiência, mas sim do pecado de curvar-se a ídolos.

Outros textos nas Escrituras nos ajudam a perceber o valor da pro-moção da inclusão e da justiça, mar-cas inegociáveis do Reino de Deus. Um exemplo é Levítico 19.14: “Não amaldiçoarás o surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas te-merás o teu Deus”. Neste sentido o que o Messias espera de sua Igreja é uma prática que promova a vida em suas diferenças e totalidade, pois há inúmeras pessoas deficientes e famílias que precisam ouvir falar do amor de Cristo e experimentar a bênção de fazer parte da comunhão da Igreja.

Quão envolvida está a nossa ig-reja no alcance dessa população tão diversa e especial? Qual é o nosso envolvimento pessoal com a causa da deficiência?

Rompendo com as nossas limitaçõesO desafio da convivência com pes-soas deficientes é imenso e enrique-cedor para quem nele se envolve. Nas atitudes de Jesus e dos discípu-los em relação ao cego, encontramos pistas de como superar as nossas li-mitações.

Sair do templo: Jesus saiu do tem-plo e no entorno se encontrou com quem não conseguia chegar até lá. Nós temos o desafio de sair da nossa cômoda religiosidade, levando nos-sa atuação missionária às pessoas

menos favorecidas. Com quantas pessoas com deficiência você se rela-ciona? Elas não existem nos seus cír-culos de amizades ou estão invisíveis ou excluídas deles? O primeiro passo é atentar o olhar, enxergar quem não tem sido visto por conta do precon-ceito e da discriminação.

Perguntar, conhecer: A atitude dos discípulos de perguntar foi muito importante. Foi assim que eles conheceram a verdade. Nossa intimidade com Jesus deve produ-zir em nós sede de conhecer, de re-pensar aquilo que nos foi ensinado. Nós sabemos pouco ou nada sobre a deficiência e quanto menos dia-logarmos sobre esse tema, mais os pré-conceitos vão se solidificando. Não há problema em não conhecer, o problema é não querer ter a pos-sibilidade em mudar de opinião, em ampliar o conhecimento da graça e do amor de Jesus. Quando conhec-emos, sentimos mais segurança em nos aproximar.

Escutar a voz das pessoas defici-entes: a fala do cego é evidenciada em três versículos: 9 e 11 e 12. Depois, durante a discussão teológica que se segue no texto, vemos mais registros da sua fala (vv.17,25,27,30,31,33,38). O olhar de Jesus para aquele homem abriu possibilidades para ele falasse, se afirmasse, anunciasse a sua história e por fim, fizesse a sua con-fissão de fé: “Creio, Senhor” (v.38). O espaço que as pessoas deficientes precisam ter em nossa Igreja não é

Page 88: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

88 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

apenas físico. Além das medidas de acessibilidade é importante dar a elas voz, e as pessoas sem deficiên-cia devem ter coragem e humildade para ouvi-las e aprender com elas. O que será mais perfeito para Deus? Ministrações “impecáveis” do ponto de vista humano ou a participação de diferentes pessoas, inclusive as que têm deficiências?

É tempo de removermos as pe-dras do caminho, como falta de com-preensão, falta de acessibilidade, falta de pessoas para aprender a língua brasileira de sinais (LIBRAS), falta de interesse por esta área da missão, para vermos cumprir o que declara Isaías 29.18 “Naquele dia, os

surdos ouvirão as palavras do livro, e os cegos, livres já da escuridão e das trevas, as verão”.

ConclusãoJesus tinha um propósito claro ao dar vista para o cego de nascença; além de abençoá-lo com a visão e glorificar o nome do Pai através do milagre, Ele desejava acabar com o preconceito da época e dos dias de hoje; O mes-tre aposta em seus servos e servas para dar a todas as pessoas o amor que dilui todo tipo de discriminação. Constantemente precisamos nos lembrar que fomos chamados e cha-madas para fazer exatamente como nosso Jesus fez quando esteve na terra.

Domingo: João 9.1-12 Segunda-feira: Êxodo 4.10-12Terça-feira: Lucas 18.35-43Quarta-feira: Ezequiel 18.1-4Quinta-feira: Deuteronômio 24.16-20Sexta-feira: Isaías 35.1-10 Sábado: Salmos 113

BATE-PAPO

Quantas pessoas com

deficiência frequentam

a sua Igreja? Por que

você acha que isso

acontece?

O que você pode fazer

para que pessoas com

deficiência sejam

acolhidas em sua igreja?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 89: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 89

ObjetivosDestacar a necessidade do envolvimento da igreja no acolhimento e evan-gelização de pessoas com deficiência; pontuar que os desafios em lidar com pessoas “diferentes” não podem desmotivar a comunidade no engajamen-to missionário frente a pessoas com deficiência e seus familiares.

Para início de conversaLevante as seguintes questões em classe: “você já conviveu com pessoas com deficiência? Como foi sua experiência? ”.

A partir das participações, faça uma breve discussão sinalizando as di-ficuldades e despreparo da sociedade de um modo geral em lidar com os aspectos que cercam as deficiências; enfatize a beleza da “diferença” e o quanto ela colore o mundo, mostrando que a deficiência não significa su-perioridade nem inferioridade, mas sim a pluralidade da criação de Deus. Inicie a lição em seguida.

Por dentro do assuntoO evangelho de João foi escrito entre 95 a 100 d.C.; sua autoria é atribuída a João irmão de Tiago e filho de Zebedeu, Este evangelho relata a história de Jesus de um modo diferente, com passagens exclusivas como esta da cura de um cego de nascença, além da cura do paralítico do tanque de Betesda (João 5.1-15), e Jesus lavando os pés dos discípulos (João 13.1-17), entre outras.

O quarto evangelho parece ter uma preocupação em não focar nos acon-tecimentos já relatados nos demais; no que diz respeito a milagres, o que se percebe pela quantidade de milagres citados em relação aos sinóticos: en-quanto Mateus Menciona 20; Marcos 18 e Lucas 20, em João encontramos 7 milagres.

No episódio da cura do cego de nascença, Jesus tinha ido a Jerusalém com seus discípulos para celebração de uma das principais festas dos ju-deus que era a festa dos Tabernáculos. No capítulo oito João relata a tensão entre os fariseus e Jesus a partir de suas ações como Jesus perdoar a mulher que tinha sido pega em adultério e fervilhando com a discussão de quem

Page 90: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

90 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

era filho de Abraão, chegando a ponto de Jesus ter de sair do templo para não ser agredido, como nos informa o verso 58: “Então, pegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e saiu do templo”.

A cura do cego provocou um certo alvoroço, sobretudo porque aquele homem deveria ter por volta de 45 anos de idade quando fora curado; ele era conhecido de praticamente de toda Jerusalém, pois seu afazer diário era o de esmolar. Este milagre trouxe tal impacto que sua descrição e desdobra-mentos ocupam todo o capítulo nove do evangelho de João.

“Através da cura deste cego, todo o conflito entre a lei e a misericórdia de Deus fica claro. Isto podemos perceber na discussão que se segue ao mi-lagre. O cego é expulso da sinagoga por reconhecer que Jesus é o enviado de Deus (vv. 33 e 34)” (FEIDEN, 1989).

Para as pessoas com deficiência esta passagem é providencial, devido ao caráter pedagógico contido no milagre de Jesus. Os discípulos ao verem o cego fazem uma pergunta a Jesus sobre quem havia pecado, em seguida su-gerem uma resposta: o foi o cego? Ou os pais dele? Porém Jesus não se dei-xa levar pelas sugestões dos discípulos e oferece uma resposta libertadora, dignificante: nem ele nem seus pais, mas, ele está assim para que a Glória de Deus seja manifesta.

Na atualidade há uma mistura religiosa muito forte em nosso país e com isto existem práticas em nome do cristianismo que não necessariamente têm a ver com Cristo. A ideia de castigo divino nos filhos por pecado de seus pais, que foi removida por Jesus de acordo com o texto em questão, pare-ce ter sido aceita novamente em alguns segmentos cristãos; ainda há jul-gamento de pessoas com deficiência relacionados ao pecado, e também o discurso distorcido de que a falta de cura é falta de fé. Isso prejudica a evan-gelização e o próprio acolhimento e consolidação da pessoa no ambiente da igreja. Precisamos nos lembrar que Deus criou todas as pessoas e é sobera-no em relação à vida humana e suas condições.

A comunidade verdadeiramente alicerçada em Cristo pode mais! Ela pode ser instrumento de cura para quem Deus assim desejar, e pode que-brar todas as barreiras que vão desde as teológicas até as atitudinais, tornan-do a comunidade local um corpo de manifestação da Graça, onde pessoas com deficiência sejam verdadeiramente acolhidas e possam desenvolver seus dons, talentos e responder ao chamado de Cristo. Para isso, é preciso quebrar os preconceitos e tomar medidas de adaptação no ambiente físico da Igreja gerando acessibilidade. Também é preciso preparar pessoas para atender às necessidades específicas que cada pessoa deficiente tem.

Page 91: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 91

Por fimConvide a turma para fazer uma visita a uma instituição que trabalhe com pessoas com deficiência e a partir disto desenvolver uma ação para o acolhi-mento e discipulado deste público em sua igreja.

BibliografiaLOPES, Hernandes Dias. João: as glorias do filho de Deus. São Paulo: Hagnos 2015.DARKE, Brenda. Deficiente: o desafio da inclusão na igreja, São Paulo: Hagnos, 2015. FEIDEN, Erno. Auxílio homilético: João 9.1-7. Disponível em: https://goo.gl/VBv7yV. Acesso em 15/10/2017.

ANOTAÇÕES

Page 92: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

92 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 14

ANANIAS E SAFIRA Texto bíblico: Atos 5.1-11

“Levantando-se os moços, cobriram-lhe o corpo e, levando-o, o sepultaram”. v.6

Dados do censo de 2010 apontam que cresceu o núme-ro de pessoas que se denominam “evangélicas não praticantes”; muitas delas são jovens e oriundas de

lares evangélicos. Talvez você conheça alguém que se encai-xa nessa situação: a pessoa crê no Evangelho, mas não está disposta a viver os desafios implícitos nessa fé; às vezes, as pessoas preferem se eximir da responsabilidade de lutar por uma igreja saudável e relevante. Mas não é isso que Deus es-pera de nós. A participação da juventude no episódio da mor-te de Ananias e Safira foi fundamental e pode nos inspirar na nossa atuação missionária.

Page 93: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 93

Era um só o coração e a alma?O relato de Ananias e Safira contras-ta com os dois anteriores, registra-dos no final de Atos 4 (vv. 32-37), que apresentam a opção radical de solida-riedade e comunhão assumida pela comunidade cristã, exemplificada por Barnabé, que vendeu um campo e entregou o dinheiro aos apóstolos, conforme o compromisso de fé.

Após a descrição da proposta de vida da igreja primitiva, o autor parece apontar que nem todas as pessoas agiam da mesma maneira.

Ananias e Safira eram casados e possuíam uma propriedade. Ao opta-rem por viver em comunidade, esta propriedade não lhes pertencia mais (vv.32,34). Eles venderam o terreno, mas retiveram uma parte do valor para benefício próprio.

Na comunidade que era caracteri-zada por ter um mesmo coração (v.32), ou seja, a mesma maneira de pensar, havia corações que não estavam in-teiros no propósito. É isso que Pedro denuncia: “por que encheu Satanás o teu coração...” (v.5.3). Ao dar espaço a Satanás, Ananias planejou ficar com parte do dinheiro que não era mais dele. O projeto de Cristo era mais do que uma vida de aparências, requeria integridade e entrega total do coração.

O Evangelho nos coloca em xequeSerá que havia problema em Ananias guardar seu próprio dinheiro? Aqui

está a questão. Embora fosse o repre-sentante legal do terreno, junto com sua esposa Safira, a propriedade já não era mais deles, agora pertencia à comunidade. Foi um compromisso voluntariamente assumido (4.32-35). Barnabé o cumpriu (vv.36-37), mas ao que parece, o casal não estava tão disposto a isso (vv.5.1-2).

Em Atos 5.4, Pedro destaca a liber-dade que Ananias tinha de não as-sumir o compromisso da partilha de bens: “conservando-o, porventura, não seria teu?”. Ananias mentiu e o seu pecado o matou, o separou de Deus e da comunidade. O amor ao dinheiro, a falta de confiança na pro-visão divina e na fidelidade da comu-nidade levaram Ananias a confiar “desconfiando”. O Evangelho sem-pre coloca em xeque a nossa relação de apego ao dinheiro.

Safira, ainda que não tenha sido protagonista, consentiu e, diante dessa injustiça, se omitiu. Três horas depois de seu marido estar morto, ela chegou à comunidade (v.7) e sem saber de nada, foi interrogada por Pedro: “Dize-me, vendeste por tan-to aquela terra? Ela respondeu: Sim, por tanto” (v.8).

Se a cifra (“tanto”) a que Pedro se referiu foi o valor entregue por Ananias aos discípulos, Safira mentiu e seguiu apoiando a atitude do mari-do. Se o mesmo “tanto” se referia ao valor real da venda do terreno, Safira não mentiu para Pedro, mas ainda as-sim pecou porque não se posicionou

Page 94: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

94 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

contra a atitude injusta de seu mari-do. A omissão e a conivência diante da atitude de Ananias levaram Safira à morte. Num sistema patriarcal, machista, em que a mulher deve-ria obedecer cegamente ao marido, Safira não conseguiu priorizar o sistema do Reino de Deus, em que as pessoas são iguais e devem sempre lutar e agir com justiça. Sua omissão lhe causou a morte.

O Evangelho também coloca em xeque a forma como nos relaciona-mos com as pessoas e com situações delicadas do ponto de vista ético. Quer por fraqueza, indiferença, in-segurança ou por outros motivos, a omissão pode até ser uma saída para fugir aos enfrentamentos, mas não é o que Deus espera de nós (Mateus 5.10-12). Assumir o Reino é assumir uma posição: “pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (Atos 4.20).

Juventude em açãoAnanias e Safira morreram dentro da comunidade. O que fazer? Deixar os corpos ali? O pecado exposto? Não. Isso não seria correto. Para o povo judeu ninguém deveria ficar sem um enterro digno. Na época de Jesus, os corpos, depois de lavados e perfumados, eram envoltos em um lençol e o rosto era coberto com um pano. No relato de Atos, há indícios que os corpos do casal foram cuida-dos (vv.6,10).

Os protagonistas nesse cuidado são os moços. Na morte de Ananias, se levantaram para retirar o corpo (v.6). Na morte de Safira, entraram para retirar o corpo. É preciso se le-vantar e entrar em ação para que o que está morto seja retirado do meio da comunidade.

Nas ações desses jovens, podemos buscar hoje inspiração para nossa at-uação dentro e fora da comunidade. Deus deseja uma juventude engajada em renovar a igreja e a sociedade em geral, em tirar a morte e a injustiça do seu meio.

Vale destacar que Pedro não teve nenhuma responsabilidade nas mortes de Ananias e Safira. O apósto-lo apenas constatou o poder mortal do pecado, do engano e da omissão para a vida humana (vv. 4,9). O peca-do mata e pode excluir pessoas da comunidade, mas neste episódio, quem cuidou dos corpos de Ananias e Safira foram irmãos de fé. Eles reti-raram os corpos e os enterraram.

A comunidade precisa cuidar de quem erra. O pecado deve ser en-terrado, mas as vidas precisam ser cuidadas para ressurgirem. Nesse processo de cuidado e pastoreio, Deus conta com a força da juventude. Essa força não está apenas na faixa etária, mas no espírito renovado em Deus que se torna cada vez mais ci-ente da sua dependência da Graça, e do seu compromisso na expansão e proclamação do Reino.

Page 95: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 95

ConclusãoOs jovens se levantaram e entraram quando foi necessário. Diante dos projetos de injustiça, precisamos nos levantar para lutar pela justiça. Diante da omissão que se torna conivente com o mal, precisamos entrar em

ação, denunciar o pecado, anunciar a esperança cristã e a urgência da trans-formação do caráter. Uma juventude evangélica é uma juventude que pra-tica o Evangelho, pois ele não se resu-me em palavras. Jesus, o Evangelho, é a Palavra posta em prática.

Domingo: Atos 5.1-11Segunda-feira: Atos 4.5-22Terça-feira: Marcos 8.34-38Quarta-feira: Salmo 34.1-10, 15-16Quinta-feira: Mateus 5.1-12Sexta-feira: Mateus 19.16-22Sábado: Atos 2.42-47

BATE-PAPO

O que pode nos levar à

omissão e engano no

convívio cristão? Como

evitar essas forças e ajudar

a eliminar esses males do

meio da Igreja?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 96: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

96 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivoRefletir sobre o papel da juventude como geradora de vida na comunidade de fé.

Para início de conversa Durante a semana, peça para que algumas pessoas (que não fazem parte da classe) respondam previamente à seguinte pergunta: “O que você espera da juventude na sua igreja?”. Em sala, reúna a turma em grupos e peça para que os grupos respondam: “Qual o valor da juventude para essa igreja lo-cal?” Esta pergunta deve ser respondida considerando-se como a juventu-de atua na igreja, quais seus projetos e presença nas atividades e projetos missionários locais. Depois de apresentarem suas conclusões, partilhe as respostas da sua pesquisa e relacione-as com o trabalho dos grupos.

Apresente essa lição a partir da perspectiva da atuação dos jovens no epi-sódio da morte de Ananias e Safira.

Por dentro do assuntoOs quatro primeiros capítulos de Atos descrevem a unidade e a força da co-munidade cristã no projeto de proclamação do Reino de Deus. O episódio de Ananias e Safira começa a mostrar que nem tudo são flores. Desde de a sua formação, a Igreja esteve envolvida em conflitos de várias ordens, e por ser uma instituição humana não seria diferente. Ao relatar os conflitos, o autor de Atos quer ajudar a comunidade leitora na resolução das suas próprias dificuldades.

A história de Ananias e Safira trata de dois temas bem pertinentes: o amor ao dinheiro e a omissão diante das injustiças. A professora Ivoni R. Reimer (1992) afirma que “a ação de Ananias se caracteriza por autoafirma-ção contra os interesses comuns, a de Safira se caracteriza por falta de au-todeterminação”. Assim esses dois personagens nos apontam projetos de vida que devem ser questionamos diante do Reino de Deus, no qual o bem comum é mais importante que a satisfação individual, o posicionamento pessoal em prol da justiça deve prevalecer em relação a omissão.

Page 97: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 97

Precisamos ter cuidado para não agir como Ananias; às vezes fazemos qualquer coisa para nos proteger, passamos dos limites, matamos o nosso coração e somos instrumentos de morte na vida de outras pessoas. Não há nada que fique oculto aos olhos de Deus. Duras palavras, mas libertadoras também, porque abrem a possibilidade de arrependimento, confissão e mu-dança de comportamento.

A professora Ivoni R. Reimer afirma que o nome de Safira apresentado já no início da narração pode pressupor uma exigência legal e nos ajuda a entender um pouco sobre o direito de posse das mulheres na relação con-jugal: “parece que as mulheres, quando casavam, normalmente não traziam consigo bens imóveis. Mas quando isso acontecia, o marido só tinha o direi-to de administrar o imóvel, mas não de vendê-lo, a não ser que tivesse o con-sentimento e a permissão da mulher” (p.9). É bem possível que Safira tenha precisado assinar o contrato de venda. Ela destaca também que “através desse negócio, ela (Safira) estava desistindo da segurança que lhe cabia por direito. Safira estava pois, disposta a desistir desse direito conjugal em prol da comunidade” (p.10). E por que se calou diante da injustiça? De fato, não teremos uma resposta exata.

O texto não nos responde e o que dissermos serão inferências. No en-tanto, vale destacar que o projeto do Reino exige de nós tomada de posição constante. Não adianta começarmos bem e não persistirmos nas escolhas certas. Os desafios de ser cristão e cristã se apresentam diariamente, as es-colhas entre a vida e a morte se dão a todo momento. Onde buscar auxí-lio para permanecer firme? A graça divina nos capacita, nos perdoa e nos orienta nesse processo. E essas escolhas são o exercício diário de dependên-cia dessa graça.

Pouco se fala sobre a participação dos moços nesse episódio; além de tratarmos dos motivos que levaram Ananias e Safira à morte, gostaríamos de apontar o papel da juventude. Para isso desejamos destacar o papel dos moços em relação ao enterro do corpo. O Novo Dicionário da Bíblia (Vida Nova, 2006) destaca que a menção aos moços, talvez “sugira que alguma fra-ternidade de homens moços tinha o dever de cuidar dessas questões” (p.61).

O professor Anderson de Oliveira Lima (2012) cita como nota de roda-pé em seu artigo que Pablo Richard não tem dúvida de que “estes jovens podem simbolizar a nova geração de cristãos que está enterrando o antigo projeto de vida e garantindo a consolidação de uma nova comunidade”.

Nossa intenção ao destacar o papel da juventude é enfatizar o poder de renovação que a juventude pode assumir no projeto de fortalecimento da Igreja e de construção de um mundo à luz dos valores do Reino de Deus.

Page 98: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

98 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Construa com o grupo qual pode e deve ser o lugar da juventude na Igreja e como ela deve atuar para continuar com um ministério de relevância. Só verdadeiramente professa o Evangelho quem o pratica.

Por fimEscolha projetos de trabalho da juventude que deverão ser alvos de oração durante uma semana e acompanhe com o grupo e a liderança da juventude o andamento dos projetos. Sua participação e incentivo são fundamentais. Outra proposta interessante é listar o nome de jovens que não estão par-ticipando mais da igreja local e pensar num projeto de acompanhamento dessas pessoas.

BibliografiaREIMER, Ivoni R. Safira: o pecado das co-sabedoras. Série A Palavra na Vida. São Leopoldo/RS: Cebi, 1992. MESTERS, Carlos. Os conflitos no livro de Atos dos apóstolos: uma sugestão para o estudo. Revista Estudos Bíblicos, vol.03. Petrópolis: Vozes, 2ª ed., 1985.MESTER, C., OROFINO, F. Atos dos Apóstolos. Círculos bíblicos. São Paulo / São Leopoldo: Paulus e Cebi, 2ªed., 2002. LIMA, Anderson de Oliveira. A morte de Ananias e Safira: uma amea-ça aos inimigos do igualitarismo cristão em Atos dos Apóstolos 5.1-11. In: Teocomunicação – Revista de Teologia da PUCRS, vol. 42, nº1, p.50-67. Porto Alegre: jan/jun. 2012 Disponível em https://goo.gl/ocm39B. Acesso em 12/09/2017.Censo demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Disponível em https://goo.gl/sYQDeQ. Acesso em 12/09/2017.

ANOTAÇÕES

Page 99: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

AS PARABOLAS DE JESUS

As próximas lições trazem algumas parábolas de Jesus relacionadas à nossa vivência como servos e servas de Cristo. Cabe, então, uma pergunta inicial:

O que é uma parábola e porque Jesus as usava para ensinar?

“Uma parábola descreve verdades e processos espirituais do Reino de Deus por meio de figuras da natureza ou da vida terrena... ela concretiza uma ideia principal” (RIENECKER, 1999, p.217). Aparentemente, trata-se de narrações simples com ilustrações facilmente compreensíveis, mas o “mistério” é entender o seu ensinamento principal, o sentido para o qual a ilustração foi empregada.

Em Mateus 13, ao usar diferentes parábolas sobre o Reino, Jesus explica a seus discípulos porque ensina por parábolas. O que se percebe é que para entender as parábolas é preciso reconhecer a autoridade de Jesus: “porque vendo não veem; e, ouvindo, não ouvem nem entendem” (v.14). Não é que Jesus esteja escolhendo quem pode ou não entendê-las, como se separasse os que ficarão sem entendimento. Mas Ele fala da dureza de coração do povo e sua indisposição para ouvir (v.15).

Para entender a Palavra revelada, é preciso disposição e reconhecimento da autoridade do Senhor e da própria Palavra – não considerar insignificante ou desnecessária só porque não se entende de primeira mão. Embora Jesus usasse elementos simples e do cotidiano, a compreensão da mensagem de-pendia de uma disposição de aprender a vontade do Senhor e reconhecer a autoridade de Jesus. Ainda hoje é assim: precisamos reconhecer a auto-ridade da Palavra e do Espírito que a revela (seja diretamente para nós ou através de outra pessoa).

´

Page 100: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

100 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 15

O VALOR DO REINO Texto Bíblico: Mateus 13. 44-46

“E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele campo”. v. 44b

Existe uma expressão corrente em nossos dias que afir-ma que tem coisas que “não têm preço”. É uma ten-tativa de mostrar que alguns acontecimentos da vida

têm valor inestimável, pelos quais não se pode pagar. Esta ex-pressão cabe muito bem para se referir ao Reino de Deus e à salvação encontrada em Jesus: não tem preço! O valor é ines-timável... e o preço, na verdade, foi pago na cruz do Calvário.

Mas qual será o valor que temos dado de fato a este Reino?

Page 101: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 101

Duas parábolas, uma revelaçãoEstas parábolas estão somente no Evangelho de Mateus. Elas têm o ob-jetivo de mostrar o valor do Reino de Deus. As duas pessoas, ao encontrar algo tão valioso, vendem tudo o que têm para adquiri-lo.

É interessante pensar que o pri-meiro encontrou o tesouro por aca-so, enquanto trabalhava no campo. Ele fica transbordante de alegria, pois não esperava tamanha dádiva. O segundo, por sua vez, procurava boas pérolas, mas encontra uma tão boa, que vale para ele vender tudo para adquiri-la.

Aprendemos aqui que o Reino é dado graciosamente: ele está ao al-cance de todas as pessoas. Sendo procurado ou encontrado sem in-tenção, ele nos foi garantido por Jesus. Ao pensar no trabalhador do campo, que encontrou o tesouro mesmo sem o procurar, nos lembramos da graça de Deus que permeia a vida humana, um Deus que vem ao nosso encon-tro, e nos surpreende com seu amor. Às vezes quem encontra a Graça está em busca de um sentido para a vida, de respostas para a existência, como o caso do negociante de pérolas. Também aí é a Graça que atua, rev-elando a salvação que vem de Cristo como resposta de uma busca.

Uma grande verdade revelada na parábola é que o Reino de Deus tem um valor inestimável, e pode ser encontrado nos caminhos da

vida, o amor de Deus está disponível e acessível. Não importa qual a condição anterior a esse encontro. O importante é a decisão tomada di-ante dele: para adquiri-lo, é preciso uma ação, uma resposta.

O valor que damos ao Reino Normalmente mostramos o valor que as pessoas ou coisas têm para nós conforme o tempo e recursos que investimos em relação a elas. No Reino de Deus é assim também: o que fazemos ou investimos para viver nele mostra o valor que lhe damos. Não se trata de valores financeiros ou materiais simplesmente. Envolve renúncia, escolha de priorizar o que realmente tem valor: o Reino Eterno.

“A pessoa para a qual a causa de Deus não é digna de todo sacrifício, jamais compreenderá a preciosidade da pérola. Ela não pode ser destruí-da, perdida, e já pode ser conquistada aqui na terra, a fim de que atraia nosso coração para o céu... O valor é tão alto que tudo o mais pode e deve ser em-penhado” (RIENECKER, 1994, p. 236).

Cada um(a) de nós precisa con-stantemente renunciar a algo para manter o Reino como prioridade. E se assim fizermos, tudo o mais nos será acrescentado, afirmou Jesus (Mateus 6.36). Há plenitude de alegria e provisão nesta terra, ain-da que isso não signifique falta de dificuldades. Muitas vezes provisão vem justamente diante da falta, e isso é extraordinário. Mas para viver

Page 102: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

102 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

a preciosidade e plenitude do Reino, é preciso reconhecer sua grandeza não com pensamentos e sentimen-tos, mas com atitudes.

Valor expresso em atitudesJesus amou tanto o Reino e a nós que deu a própria vida em nosso fa-vor. Ele renunciou à sua posição de Rei e Senhor, “não teve por usurpa-ção ser igual a Deus, mas esvaziou--se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens...” (Filipenses 2.6,7). Paulo, tendo encontrado o Reino, declara: “Mas o que para mim era ganho re-putei-o perda por Cristo” (v. 3.7). Este é um aspecto importante da valori-zação do Reino Deus: de não confiar em nós mesmos e nossos recursos. Ainda que devamos ter gratidão em nossos corações por tudo o que te-mos e somos, pelas nossas habilida-des, amizades, bens e oportunidades na vida, precisamos reconhecer que tudo isso não se compara ao conheci-mento de Cristo, aos valores eternos deste Reino de justiça, paz e amor.

Sendo assim, para viver por este Reino, nossa atitude deve ser de dis-por tudo o que temos para seu cresci-mento e estabelecimento nesta terra, a começar de nossas próprias vidas, o que nos leva a outro aspecto impor-tante desta valorização: a renúncia.

Com sua morte e ressurreição, Cristo não só nos dá o perdão e a eternidade, mas uma vida abundante nesta terra. E nós, o que temos dado a

Ele? O tempo que sobra, o dinheiro que sobra, o amor que sobra?

Na fase da juventude, temos muitas demandas, inclusive pensando no fu-turo: é tempo de estudar, escolher car-reira, trabalhar, buscar alguém para constituir família, e costumamos inve-stir nosso tempo e nossas forças bus-cando sempre o melhor. Isto não está errado. Mas quando nos deparamos com o valor do Reino de Deus, somos chamados e chamadas a rever nossa ordem de prioridades. Qual é nossa garantia do futuro, senão o Senhor? Esse futuro envolve o Reino, então, o quanto estamos investindo nele? Quanto tempo temos separado para buscar comunhão com Deus, com nossos irmãos e irmãs da comunidade de fé, para servir na casa do Senhor com nossos dons e talentos, e ainda, para levar a boa nova do Evangelho para tantas pessoas que ainda não a encontraram? Elas também são alvo do amor e da graça de Deus, que deseja alcançá-las como nos alcançou.

ConclusãoDar o valor devido ao Reino exi-ge atitude e confiança no Senhor. Precisamos abrir mão do bom que temos para ter o melhor, assim como o trabalhador do campo e o nego-ciante de pérolas. E o melhor é viver a vontade de Deus nessa terra, com sinceridade de coração, investindo nesse reino eterno e com a certeza de que nosso Senhor não deixará que nada nos falte.

Page 103: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 103

Domingo: Mateus 13.44-46Segunda-feira: Mateus 6.25-34Terça-feira: Filipenses 2.1-11Quarta-feira: Filipenses 3.1-12Quinta-feira: 1Coríntios 6.9-10Sexta-feira: Marcos 10.15Sábado: Romanos 14.16-19

BATE-PAPO

Temos feito nossas escolhas

colocando o Reino de Deus

em primeiro lugar? O que

precisa mudar?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 104: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

104 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivosMostrar o alto valor do Reino de Deus na vida de quem o encontra e as di-ferentes circunstâncias em se pode encontrá-lo; apontar que o valor que damos a este Reino se revela nas atitudes que temos em relação a ele.

Para início de conversaInicie a aula com a seguinte pergunta: Se alguém lhe desse um cheque assi-nado em branco ou um cartão de crédito sem limites para gastar, quais são as três coisas que você compraria? (Você pode também imprimir previamente um modelo de cheque em branco ou cartão de crédito e entregar a cada par-ticipante da classe propondo a mesma questão). Depois de ouvir a classe, pon-tue que as coisas dessa terra têm valor diferenciado de pessoa para pessoa, mas que o maior valor do mundo está na vida eterna, no Reino de Deus, que nos é oferecido gratuitamente, e assim introduza o tema da lição.

Por dentro do assuntoApós a explicação da parábola do joio, apresentam-se as duas pequenas pa-rábolas do tesouro (13.44) e da pérola (13.45-46), as duas próprias de Mateus e respectivamente ocupando o quinto e o sexto lugar das sete parábolas do capitulo 13.

Um achado inesperado: o tesouro escondidoAqui, como em outras parábolas do mesmo capitulo, o Reino é não é com-parado a personagens, mas às realidades que fazem seus personagens agir: “O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro...”. Devemos ver aí uma dife-rença significativa? Talvez seja uma maneira de sublinhar o caráter gratuito da descoberta que vai ser feita e a incrível sorte do descobridor. A parábo-la do joio, como a da pérola, menciona primeiramente a atitude humana: o semeador saiu a semear, e o negociante a procurar. Em nossa parábola, a atenção é dirigida de imediato para um tesouro escondido, cuja existência é perfeitamente ignorada por aquele que vai descobri-lo, um tesouro que ele não precisou procurar, que lhe vem por pura sorte, sem que ele tenha

Page 105: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 105

mesmo podido imaginar algo semelhante. Na continuação da parábola, o homem faz um grande esforço para comparar o campo. Sabe-se então que o homem não é o proprietário do campo e que ele faz o possível para sê-lo. Eis o que importa. Sua atitude de tornar a esconder o tesouro é muito espon-tânea – não se faz menção a nenhuma deliberação, como se fosse evidente, tão normal quanto o gesto de uma mulher que põe fermento na massa. Se o homem torna a esconder o tesouro, supõe-se que não é para deixá-lo na terra, mas para garantir a conservação de sua preciosa descoberta até que ele se organizasse para tomar posse dela.

Um achado cobiçado: a pérola de grande valorEnquanto em Mateus 13.44, o Reino era comparado ao objeto, no caso, o te-souro, em Mateus 13.45 ele é comparado ao sujeito, no caso o negociante. Enquanto na parábola anterior o tesouro já estava lá e é descoberto de re-pente sem que o tivessem procurado, aqui se trata de imediato de uma bus-ca por parte do personagem.

Sua descoberta não será menos inesperada. Como indica a parábola, o que busca é um negociante – é nisso que consiste a sua profissão; são “péro-las finas”, que ele compra, talvez dos pescadores, para revender em seguida. Ora, o que ele encontra é, como designa o grego, uma pérola única, de valor excepcional, “muito preciosa”, e não somente fina como as que ele buscava e as quais tinha o costume de comercializar. Tal achado, como o do tesouro, é um achado de pura sorte, pelo qual nosso homem não podia esperar.

O cerne das parábolasA parábola acentua a sorte daquele que descobre o tesouro e o investimento que ele consente em fazer depois para possuí-lo. No entanto, é interessante privilegiar o segundo aspecto, mesmo que ele esteja estreitamente ligado ao primeiro. Se o acento fosse sobre o valor do objeto encontrado, a primei-ra parte da parábola (descoberta) bastaria. Poderíamos em último caso, nos contentar com uma simples comparação: “O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo” (v. 44); o Reino de Deus é ainda seme-lhante a um comerciante que acha uma pérola de valor (v.45). E tudo poderia terminar aí, mas as coisas não param aí e a maior parte da parábola acentua a reação dos personagens, especialmente as atitudes comuns, tanto de um lado como de outro: “Ele vai vende tudo o que possui e compra...”

Bem entendido, a atitude de vender tudo, que a parábola coloca em rele-vo, não pode ser isolada do que a motiva: o caráter único do tesouro a adqui-rir. É porque o tesouro e a pérola possuem um valor inestimável aos olhos

Page 106: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

106 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

daqueles que os encontram que eles consentem em se despojar de tudo a fim de poder adquiri-los. O investimento do sujeito é motivado pelo valor do objeto. A amplidão da exigência decorre da amplidão do dom.

(Adaptado de: IGOURGES, Michel, As parábolas de Jesus em Marcos e Mateus – das origens a atualidade, São Paulo: Edições Loyola, 2004, p.61-65)

Por fimDepois de trabalhar as questões do bate-papo, retome a pergunta do início da aula e dê a oportunidade de cada aluno e aluna pensar em outros investi-mentos caso tivessem recebido o cheque/cartão

Para saber maisMateus 13.44-46. Auxílio Homilético, 2011. Disponível em:https://goo.gl/rCFbmG. Acesso em 20/10/2017.

BibliografiaIGOURGES, Michel, As parábolas de Jesus em Marcos e Mateus – das ori-gens a atualidade, São Paulo: Edições Loyola, 2004.RIENECKER, Fritz. Evangelho de Mateus. Comentário Esperança. Curitiba: Ed. Evangélica Esperança, 1993.

ANOTAÇÕES

Page 107: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 107

Lição 16

O AMIGO INOPORTUNO Texto bíblico: Lucas 11.5-13

“Pedi e dar-se-vos-á...” Lucas 11.9

A oração é um elemento vital no nosso relacionamento com Deus, que nos é totalmente disponível, e muitas vezes não usamos como convém. Com a parábola do

“amigo inoportuno”, aprendemos alguns princípios desse precioso meio de graça.

Page 108: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

108 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Um tipo específico de oraçãoA Bíblia mostra que na prática da oração existem diferentes modali-dades, como a adoração, que exalta o Senhor pelo que Ele é, a confissão, pela qual reconhecemos nossa na-tureza pecaminosa e pedimos per-dão, o louvor, que exalta os feitos do Senhor ou a intercessão, pela qual oramos em favor de pessoas ou cau-sas. Estes e outros tipos devem fazer parte de nossa vida de oração, que é diálogo constante com o Senhor para desenvolver nossa comunhão com Ele. Vale lembrar que no exer-cício da oração – que é diálogo e não monólogo – devemos encontrar tempo e meios de ouvir também o que o Senhor tem a nos dizer.

Nesta parábola Jesus traz princípios sobre a oração de petição, que é o tipo de oração em que apresentamos a Deus nossos desejos e necessidades. Esta parábola faz parte da resposta de Jesus diante do pedido “Senhor, ensina-nos a orar” (11.1). Depois de apresentar o modelo de oração que chamamos de “Pai Nosso”, Jesus seg-ue com essa história que nos revela princípios da petição e também do rel-acionamento com Deus.

Inconveniência ou liberdade?A história é sobre um homem que bate na casa de seu amigo à meia noi-te para pedir três pães. Num século em que temos em muitas cidades

serviços 24h, que vamos dormir de-pois das 22h, talvez nos pareça estra-nho que seja tão inoportuno assim alguém – especialmente um amigo – bater à nossa porta tão tarde, para pedir algo simples. Quantas vezes precisamos de ajuda nas horas mais inusitadas, e se não batemos à porta, pelo menos ligamos ou mandamos whatsapp ou SMS para alguém? E quantas vezes recebemos também tais chamadas?

Hoje em dia pode parecer comum essa ação, mas no tempo de Jesus nada era tão simples. As pessoas não tinham vida noturna porque à noi-te trazia muitos perigos. Na maioria dos casos a família dormia toda no mesmo cômodo, com a porta para a rua fechada com uma pesada trava e tramela. Abrir a porta, então, era difí-cil e o barulho acordaria todo mundo na casa, o que seria um transtorno, tornando o pedido inconveniente.

No entanto, era um amigo. Havia urgência e importância no pedido, como veremos a seguir, mas podem-os entender também que o amigo sentia liberdade para tal ação. Ele tinha uma necessidade e estava de-terminado a obter o que precisava, então foi ao lugar onde teria respos-ta: a casa do amigo. A verdadeira amizade faz isso, nos dá liberdade de procurar quando precisamos, sem o peso de nos sentir atrapalhando.

Nosso relacionamento com Deus também pode ser assim. Podemos ter com Ele uma amizade que nos dá

Page 109: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 109

liberdade para pedir a qualquer hora. Não dorme o nosso Deus (Salmo 121.4), então Ele está disponível em todo tempo. Não há inconveniência em pedir a qualquer hora, há liber-dade. Algumas vezes precisamos e podemos até insistir, que não sere-mos mal interpretados.

Necessidade realOutro detalhe da história que pode parecer estranho é o pedido do ami-go: três pães para dar a um hóspede que chegara de surpresa. A hora que o amigo chegou mostra mais uma vez a liberdade que a amizade traz. Então, porque aquele homem simplesmen-te não usou dessa liberdade para di-zer que não tinha comida em casa?

O fato é que naquele tempo a hospitalidade era uma questão de honra. Ninguém poderia tratar mal um hóspede, ou deixar de dar-lhe o necessário durante sua estadia. Até a segurança era responsabilidade do hospedeiro. Além disso, o alimen-to era preparado pela manhã para suprir o dia da família, sem prever sobras. O horário não era próprio para cozinhar, já que não havia a fa-cilidade do fogão a gás ou outras do mundo moderno. Então, a saída era pedir emprestado e contar que al-guém teria provisão extra em casa.

Aquele homem não estava inco-modando o amigo por algo pequeno ou que podia esperar. Era a necessi-dade da hora, de honrar e cuidar do seu hóspede, e ele não pediu mais

do que precisava. Aqui também aprendemos mais um princípio da petição: temos liberdade para pedir, mas precisamos considerar as reais necessidades.

Não que Deus seja como nós hu-manos, e vá se incomodar com al-guma coisa. Mas Ele que sabe o que é melhor para nós, não dará nec-essariamente o que pedimos, mas o que precisamos de fato. E temos que reconhecer que às vezes Ele sabe melhor do que nós sobre isso. O modo como Deus responde varia conforme seus propósitos. Há tem-pos em que Ele nos dará as coisas mais simples que pedirmos, e out-ros em que Ele nos ensinará a bus-car suprimento por nós mesmos. O princípio que vale aqui é que podem-os “abusar” usando da liberdade para pedir o que pensamos precisar e estar abertos a receber o que real-mente precisamos.

Não somos um incômodo para DeusJesus termina a parábola dizendo que se não for pela amizade o amigo atenderá ao pedido para acabar com o incômodo. Mas para Deus, nos ou-vir e atender a nossas necessidades não é incômodo. Se algo o incomo-da talvez deva ser a nossa postura ao pedir. Ninguém deve dirigir-se ao Senhor pensando que tem algum direito ou mérito. É pelo amor e pela Graça que Ele nos atende. Por cau-sa da sua natureza divina de Pai, que

Page 110: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

110 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

tem prazer em dar coisas boas aos seus filhos e filhas (Mateus 7.11). Por isso Jesus segue a parábola incenti-vando a pedir, bater e buscar – níveis diferentes de esforço associados à história contada – porque o Pai celes-tial dá o Espírito aos que pedem. Ora, o Espírito é o bem maior, pois Ele nos revela a vontade do Pai, consola e ins-trui, nos ajudando a discernir as reais necessidades da vida, e dando-nos alegria, amor e paz – bens eternos que nos trazem realização nessa terra.

Além disso, a motivação não deve ser egoísta, como não era a do personagem da parábola: ele pediu o pão para atender às necessidades de alguém. Assim devemos consid-erar que o que Deus nos concede não é apenas para nosso bem-estar,

mas para abençoar as pessoas ao nosso redor.

ConclusãoA melhor forma de aprender a orar é orando. O próprio Espírito Santo nos ensina e inspira, dando-nos a certe-za de que o Pai está atento a tudo que nos diz respeito e é poderoso para fazer “infinitamente mais do que o que pedimos ou pensamos, confor-me o seu poder que opera em nós” (Efésios 3.20). A oração constante (1Tessalonicenses 5.16) e os momen-tos a sós com o Senhor (Mateus 6.6) não só fortalecerão a nossa fé, mas nos conscientizarão da presença constante do Senhor que nos capaci-ta a viver para sua glória, sendo bên-ção nesta terra.

Domingo: Lucas 11.5-8 Segunda-feira: Tiago 5.13-18Terça-feira: Salmo 66.16-20Quarta-feira: Mateus 6.5-18Quinta-feira: Efésios 3.14-21Sexta-feira: 2Pedro 3.8-19Sábado: Isaías 59.1-2

BATE-PAPO

Compartilhe brevemente

com a classe suas

experiências de oração

(obstáculos, orações

respondidas, sua prática

diária de oração).

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 111: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 111

ObjetivoRefletir, a partir da parábola do “amigo inoportuno” e seu contexto, sobre princípios da oração e estimular sua prática.

Para início de conversaComece a aula com as perguntas: Existe um tempo certo para orar? É certo co-locar tudo em oração, ou devemos orar somente por aquilo que não consegui-mos fazer sozinhos? Depois de ouvir as respostas pontue que Deus está atento a tudo o que lhe falamos, e não há nada pequeno demais ou grande demais que não possa entrar nas nossas orações e petições, mas precisamos entender al-guns princípios da oração, e a parábola desta lição nos aponta alguns deles.

Por dentro do assuntoObservamos pela leitura dos evangelhos que Jesus mantinha uma prática de oração privada, retirando-se muitas vezes para orar; seus discípulos cer-tamente observavam tal prática, e o texto que antecede a parábola do “ami-go inoportuno” registra que tendo Jesus terminado um de seus momentos de oração, um dos discípulos pede que Ele lhes ensine a orar, conforme João fizera. Embora não haja nos evangelhos registro de ensinamento específico de João a respeito do tema, “líderes religiosos daqueles dias frequentemen-te ensinavam seus seguidores como orarem” (MORRIS, 1974, p. 182).

Sobre a oraçãoOração é a “ação pela qual o ser humano se põe em comunhão com Deus. A oração inclui falar com Deus, prestar-lhe adoração e apresentar-lhe peti-ções, assim como confessar-lhe os pecados e interceder por outros” (Bíblia de Estudo Almeida - SBB). A oração é diálogo, então pressupõe tempo de falar e tempo de ouvir o que Deus tem a dizer, nas suas diferentes formas de se expressar pelo Espírito e pela Palavra. Deus sempre ouve as orações de seu povo, mas tem seu tempo e modo de respondê-las. Por isso no exercício da oração é preciso confiança, fé, paciência e submissão à sua vontade. A oração não é ferramenta apenas para apresentarmos a Deus nossos pedi-dos, mas é meio de comunhão, de relacionamento, pelo qual vemos Deus transformar as circunstâncias e também nosso interior, levando-nos ao crescimento espiritual. Nesse sentido, manter uma vida de oração ativa é vital para nossa saúde espiritual. “... Quer tenhas prazer nisso ou não, estuda

Page 112: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

112 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

e ora diariamente. É para o benefício de tua vida. Não há outra alternativa: de outro modo tu permanecerás frívolo todos os teus dias” (J. Wesley).

Alguns tipos de oraçãoADORAÇÃO – Uma expressão de amor a Deus e reconhecimento de

sua natureza, poder, majestade. Nesse tipo de oração fixamos os olhos no Senhor. (Ap 7.11 e 12).

CONFISSÃO – É a purificação do santuário interior (mente e coração) pela confissão de pecados. O reconhecimento da grandiosidade e perfeição de Deus nos faz deparar com a nossa natureza falha. (Sl 139.23).

LOUVOR – Exaltação a Deus pelos seus poderosos feitos. Nesse tipo de oração fixamos os nossos olhos nas mãos do Senhor e seus feitos. (Sl 145.1-7).

AÇÕES DE GRAÇA –Nesse tipo de oração nos fixamos os nossos olhos naquilo que Deus faz em nossas vidas e tudo que nos diz respeito. E isso com gratidão. (Sl 92.1-5) A Bíblia nos instrui a apresentar as nossas petições com ações de graça.

CONSAGRAÇÃO - Consagrar é dedicar afetuosamente. Nesse tipo de oração estamos dedicando nossa vida ou a de alguém ao Senhor, num dese-jo de submisso ver cumprida a Sua vontade. (Ex 32.29).

ENTREGA - É uma transferência de fardos. Nesse tipo de oração sujei-tamos ao Senhor nossas preocupações, angústias, incertezas, etc. (1Pe 5.7).

PETIÇÃO – Oração de petição é um compartilhar de desejos. Abrimos nossos corações e apresentamos a Deus necessidades, vontades e sonhos. (Mc 11.24).

INTERCESSÓRIA – É a oração que fazemos quando nos colocamos diante de Deus em favor de outrem e/ou alguma causa (1Tm 2.1 – 4).

Para saber maisJohn Wesley: Homem de Devoção. Disponível em: https://goo.gl/mTavAq. Acesso em 30/10/2017.

Por fimEncerre a aula desafiando os alunos e alunas a dedicar mais tempo à oração, incluindo outras modalidades além da petição, buscando aumentar o nível de comunhão e intimidade com Deus por esse meio de graça.

BibliografiaBÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. (RA). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil,1999.MORRIS, Leon L. Lucas – Introdução e comentário São Paulo: Mundo Cristão, 1974.PROJETO CENÁCULO. IM 3ª. RE. Cartilha de Implantação – Ministério de Oração e Intercessão. São Paulo, 2005.RIENCKER, Fritz. Evangelho de Lucas. Comentário Esperança. Curitiba/PR: Editora Evangélica Esperança, 2005.

Page 113: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 113

Lição 17

O QUE FAZER COM OS TALENTOS? Texto Bíblico: Mateus 25.14-30

“Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou seus servos e lhe confiou os seus bens”. v.14

Através da parábola dos talentos Jesus alerta sobre como aproveitamos as capacidades e recursos que nos são dados por Deus e nos lembra que Ele confia

em nós e pedirá contas do que fazemos com aquilo que nos foi confiado nesta vida, que certamente nos abençoa, mas tem o fim maior de servir na construção do seu Reino.

Page 114: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

114 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Deus confia em nosso potencialNa parábola, cada servo recebeu o talento de acordo com sua capaci-dade. Isso não quer dizer que um era mais importante que o outro; ao con-trário, o senhor soube valorizar o que cada um sabia fazer não colocando responsabilidade maior do que eles poderiam assumir. Isto já nos ensina algo sobre a natureza de Deus e seu relacionamento conosco: Ele não nos considera mais ou menos por cau-sa de nossas habilidades; não nos dá tarefa que não possamos cumprir, prova que não possamos vencer. O que Ele espera de nós é que não ne-gligenciemos os talentos colocados em nossas mãos. Assim como os ser-vos da parábola, podemos escolher o que fazer com o que recebemos como talento. Mas nossas escolhas geram consequências com as quais teremos que viver. A expectativa do Senhor é que frutifiquemos e multipliquemos talentos, e podemos contar com Ele para nos ajudar nessa tarefa.

O que escolher?A parábola mostra duas posturas ou atitudes diante dos talentos confia-dos aos servos:

1. Enterrar o talento: O servo que recebeu um talento foi desaprovado, pois ele enterrou algo valioso, o equiv-alente a mais ou menos 16 anos de trabalho. Sua justificativa foi o medo de perder o bem do senhor. Quem sabe, na sua insegurança, ele deu

ouvidos a vozes pessimistas que o le-varam àquela escolha. Independente do motivo, a consequência foi ficar de fora da festa do seu senhor.

Enterrar o talento pode significar pelo menos duas atitudes: guardar nossos dons e negligenciar a obra de Cristo (dentro e fora da Igreja), ou reter nossos recursos somente para nós, sem nos importar com as neces-sidades das outras pessoas.

A fome, a desigualdade social, a miséria que vemos no Brasil e no mundo são consequências de tal-entos enterrados, da falta de dis-posição de trabalhar para abençoar outras vidas.

Essas marcas também se mostram no dia a dia da Igreja, com tantas de-mandas e tão poucas pessoas para atendê-las. Muitos ministérios es-tão inativos ou trabalham precar-iamente porque há discípulos e discípulas de Jesus enterrando seus talentos. Muitas pessoas estão pere-cendo sem conhecer o amor e a graça de Deus porque nos acomoda-mos na tarefa da evangelização. Não é bom que seja assim. Não importa quais sejam nossas justificativas, en-terrar nossos talentos – recursos e dons – nos deixará isolados das pes-soas e da festa do Senhor, e haverá “choro e ranger de dentes” (v.30).

2. Trabalhar para multiplicar o talento. Os servos que receberam dois e cinco talentos fizeram a escol-ha de trabalhar com empenho para cuidar do bem valioso que lhes fora

Page 115: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 115

confiado. Com esforço e dedicação os talentos foram multiplicados e assim, na volta do patrão, foram re-cebidos com alegria e honra pelo seu senhor, sendo convidados a par-ticipar da festa. Certamente corriam o mesmo risco que o outro servo, mas resolveram enfrentar as dificul-dades e o medo. Eles entenderam o privilégio da confiança do patrão.

Hoje, precisamos também fazer nossa escolha em relação aos talen-tos que o Senhor nos confia. Será que entendemos o privilégio que é ter a confiança do Pai?

Se escolhermos desenvolver nossa capacidade de partilhar, aju-dar, amar, interagir com as pessoas, servir com nossos dons, anunciar o que Cristo tem feito por nós, mostrar solidariedade, nossa comunidade de fé ser tornará unida, haverá par-tilha, comunhão, respeito, as marcas do Reino serão visíveis. Se essa dis-

posição se manifestar também para fora do ambiente da Igreja, nosso mundo será melhor, a partir do nos-so bairro e cidade.

Não podemos esquecer também que o Senhor voltará e prestaremos contas a Ele. Aquilo que realizarmos com os talentos que recebemos, poderá então nos conduzir à festa eterna que o Senhor tem preparada para todos e todas que fazem parte do seu Reino, iniciado aqui.

ConclusãoA parábola dos talentos nos desafia e motiva a pensar e (re)avaliar nos-sas atitudes diante de tudo o que o Senhor nos tem confiado: dons, re-cursos, tempo... o que temos feito com nossos talentos? É tempo de desenterrar os talentos e investir na construção do Reino de amor, justiça e paz. É possível transformar a reali-dade, com trabalho e fé.

Domingo: Mateus 25.14-30Segunda-feira: Lucas 19.11-27Terça-feira: Eclesiastes 9.7-10Quarta-feira: 1Coríntios 16.13-14Quinta-feira: João 9.4-5Sexta-feira: 1Coríntios 15.57-58Sábado: Eclesiastes 12

BATE-PAPO

Quais são os talentos

que temos tendência

de enterrar? Por quê? O

que podemos fazer para

ajudar-nos mutuamente a

multiplicar nossos talentos?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 116: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

116 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivoDespertar, a partir da parábola dos talentos, para a importância de valorizar-mos os dons e recursos que Deus nos deu, colocando-os a serviço do Reino.

Para início de conversaComece a aula com a seguinte dinâmica: Cada pessoa deve dizer um dom ou talento que vê naquela que está à sua direita, ou ainda no que ela trabalha fora da Igreja. Depois que toda a classe falar, perguntar: “isso que sabemos fazer ou temos como talento, está sendo usado para a glória de Deus e para o crescimento do Reino”? Dê uns minutos para reflexão pessoal e ore pela aula e por cada aluno e aluna em relação a isto, introduzindo o tema da lição.

Por dentro do assuntoA parábola dos talentos está inserida no sermão profético de Jesus, dentro da exortação à vigilância e da sua segunda vinda, sendo precedida pelas pa-rábolas dos servos e das dez virgens e seguida por considerações acerca do chamado “Grande Julgamento”. O contexto é o alerta sobre a volta de Cristo, o noivo e Senhor. O ensinamento é sobre remir o tempo que nos é dado, como servos e servas vigilantes, produzindo para o Reino e vivendo de acordo com seus princípios, pois o Senhor virá e deseja encontrar um povo aprovado.

O valor do talentoCada denário representava o salário de um dia de trabalho, 1 talento era composto por seis mil denários, seis mil dias de trabalho, ou seja, para al-guém alcançar esse valor seria necessário trabalhar quase vinte anos.

O uso posterior dessa palavra, “talento”, para indicar as habilidades ou dotes naturais se desenvolve do uso simbólico com que o termo é usado nessa parábola.

Embora a palavra “talento” seja conhecida com o significado de aptidão ou dom, capacidade para realizar determinadas funções e atividades, seu significado original refere-se a bens. Originalmente o talento era um peso que variava de 26 a 36 quilogramas e podia ser de ouro, de prata e de cobre.

Page 117: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 117

Posteriormente a palavra passou a indicar um valor monetário, que diferia consideravelmente, dependendo do lugar e do tempo. Não se trata de uma moeda simplesmente, “mas certa medida ou peso de dinheiro que às ve-zes era pago em moedas cunhadas e às vezes em barras de ouro e prata”. Conforme nota da Bíblia de Estudo Almeida (1999), “um talento equivalia a seis mil denários, ou seja, o salário de seis mil dias de trabalho”, o que para nós seria aproximadamente 16 anos. Apesar de variantes nesse valor, o que realmente está implícito na parábola é que o Senhor deixou bens confiados a seus servos, sem determinar o dia em que prestariam contas, e a respon-sabilidade de cada um era fazer o melhor possível para ter o que apresentar ao Senhor na sua volta, demorando ou não. Podemos aplicar aqui tanto o conceito atual dos dons e habilidades como o original, de valores materiais.

Nesta parábola, “A mais elevada promessa está lado a lado com o mais sério julgamento. Por amor ao mais sublime e glorioso futuro, em direção do qual o cristão renascido pode caminhar, ou seja, em direção da volta do Senhor, cabe-lhe não tratar com leviandade o presente em que se encontra. Diante da expectativa pelo Senhor que retorna, o cristão não deve esquecer--se de permanecer fiel nas coisas pequenas e cotidianas! (...) O cristão preci-sa aproveitar o tempo da vida na terra para trabalhar e agir com as dádivas que lhe foram presenteadas. O Senhor espera fidelidade de cada um de nós, até que Ele venha” (RIENECKER, 1998, pp. 404, 405)

Para saber maisMateus 25.14-30. Auxílio Homilético, 2015. Disponível em: https://goo.gl/8KAnCF. Acesso em 01/11/2017.Mateus 25.14-30. Auxílio Homilético, 1985. Disponível em: https://goo.gl/rHFsNC. Acesso em 01/11/2017.

Por fimEncerre a aula com um tempo de oração pelos alunos e alunas no sentido de que encontrem meios para usar dons e talentos de uma forma mais efetiva. Desafie também para que participem dos ministérios da igreja conforme suas habilidades.

BibliografiaBÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. (RA). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.RIENECKER, Fritz. Evangelho de Mateus. Comentário Esperança. Curitiba/PR: Ed. Evangélica Esperança, 1993.

Page 118: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

118 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

SERMOES DE WESLEY

Deus sempre usou homens e mulheres para ensinar sua Palavra em toda a história da Igreja, tanto os apóstolos na época do Novo Testamento, quanto pregadores e pregadoras que vieram depois.

Temos muitos exemplos: Justino Mártir (100-165), Agostinho de Hipona (354-430), Hildegard de Bingen (1098-1179) Antonio de Lisboa (1195-1231), Júlia de Norwich (1342-1416), Catarina de Siena (1347-1380), Martinho Lutero (1483-1546), são apenas alguns.

O Senhor revelou seu evangelho e levantou cristãos e cristãs para anun-ciar sua vontade a fim de que o ser humano pudesse andar de forma ética e íntegra em toda justiça de Deus.

Muitos desses ensinos se deram por meio de pregações e sermões, que ao ser registrados também pela escrita, são usados no decorrer dos tempos para edificar a Igreja de Cristo e também anunciar a sua salvação.

Nestas próximas quatro lições, iremos examinar a Palavra de Deus prega-da e ensinada por John Wesley (1703-1791), pastor anglicano que deu início ao movimento metodista, através de alguns de seus sermões registrados.

Wesley organizou as Sociedades Metodistas e as Classes dentro da Igreja da Inglaterra, lideradas por leigos e leigas, com os objetivos de compartilhar a Palavra de Deus, orar, fortalecer seus membros e pregar. Estas sociedades e classes foram difundidas em vários países. Por andar a cavalo pregando a mensagem da salvação foi apelidado de “O Cavaleiro de Deus”. Calcula-se que, em 50 anos, Wesley tenha percorrido 400 mil quilômetros e pregado 40 mil sermões, com uma média de 800 sermões por ano.

No site https://goo.gl/nZ8rUh, da faculdade de Teologia da Igreja Metodista, encontramos 141 Sermões de Wesley traduzidos para o Português. Entre eles estão os 52 Sermões com notas do reverendo William P. Harrison e traduzidos por Nicodemos Nunes.

~

Page 119: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 119

Lição 18

QUASE CRISTAO (SERMAO 2) Texto Bíblico: Atos 26.28

“...a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus...” João 1.12

Uma pessoa pode ter uma vida religiosa “praticante” e ainda assim não ser participante do Reino, pois a vida cristã vai além das atitudes exteriores, e a Palavra de

Deus mostra essa realidade. No sermão “Quase Cristão”, João Wesley aponta o que qualifica uma pessoa cristã como “qua-se cristã” e o que falta para ser uma pessoa cristã completa.

~

~

Page 120: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

120 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

A inspiração de WesleyA base bíblica usada por John Wesley é Atos 26.28, que registra a expressão de um rei chamado Agripa: “Por pou-co me persuades a me fazer cristão”. Baseado nesta expressão, Wesley vai pregar sobre os “quase cristãos”: pessoas que, ainda que tenham apa-rência exterior de justiça e bondade, não possuem a fé salvadora, o amor a Deus e ao próximo.

Ele pregou este Sermão pela pri-meira vez em Londres em 1741. Foi um esboço para as “Regras Gerais das Sociedades Unidas”, publicadas em 1743, aproximadamente dois anos depois da pregação deste discurso.

Agripa, um “quase cristão”O apóstolo Paulo havia sido preso porque os judeus da Ásia o acusavam de profanar o templo (Atos 21. 27-40). Por motivo de segurança, ele foi transferido para Cesareia Marítima (23.12-23) e lá permaneceu até que Festo assumiu o governo da provín-cia romana da Judeia. Festo desce à Cesareia para ouvir Paulo e as acusa-ções dos judeus (25.4-6) e recebe a vi-sita do rei Agripa e sua irmã, Berenice (25.13). Festo então apresenta e expli-ca o caso de Paulo, gerando interesse do rei em ouvi-lo (Atos 25.13-22).

Paulo faz sua defesa diante do rei Agripa e testemunha o Evangelho. Interrompido por Festo, ele pergunta ao rei se ele acreditava nos profetas.

É neste momento que o rei lhe diz: “Por pouco me persuades a me fazer

cristão” (Atos 26.28). E Paulo respon-de: “Assim Deus permitisse que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó rei, porém todos os que hoje me ou-vem se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias” (v.29).

Foi neste contexto que Paulo reconheceu que Agripa era um “quase cristão”.

Wesley diz que “... sempre houve muitos, em todas as épocas e nações, que quase chegaram a ser persuadi-dos a se fazerem cristãos. Mas, visto que perante Deus de nada vale ir so-mente até esse ponto, é para nós da mais alta importância considerar: o que implica ser quase cristão e o que é ser totalmente cristão”.1

Quem são os quase cristãos?Ser “quase cristão”, na pregação de Wesley é ter a honestidade que toda pessoa não cristã deve ter. Wesley cita ensinamentos dos filósofos que conduziam seus discípulos a uma prática de moral e justiça invejável.

“A segunda coisa inerente ao ser quase cristão, é a posse da forma da piedade, daquela piedade que é pre-scrita no Evangelho de Cristo; é a aparência exterior de real cristão”. Ele nada faz do que o Evangelho proíba. Pratica os ensinamentos de Cristo, possui forma de piedade e usa dos meios de graça em todas as oportunidades.

Os quase cristãos podem ter a prática constante da oração doméstica e o estabelecimento de

Page 121: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 121

horas destinadas ao culto a Deus, observadas diariamente com serie-dade de atitude, praticando assim uma religião exterior com forma de perfeita piedade.

Os quase cristãos são sinceros. “A sinceridade está, pois, implicada, nec-essariamente, no ser quase cristão; em sua alma há de haver intenção real de servir a Deus e um desejo cor-dial de fazer-lhe a vontade.”

É possível alguém chegar a este ponto e ainda ser apenas quase cris-tão? Wesley diz que sim. Conta seu próprio testemunho de homem ín-tegro e em busca da verdade. Era um religioso sincero que desejava combater o bom combate da fé. Mas afirma com coragem: “ainda assim, minha própria consciência testifica-va no Espírito Santo, através de todo esse tempo, que eu era apenas — um quase cristão”.

Para Wesley, práticas religiosas perfeitas não transformam a pessoa em verdadeiro cristão.

Quem são os totalmente cristãos? Diante destas colocações, pergun-tamos: quem são os verdadeiros cristãos?

Wesley diz que a primeira car-acterística do(a) verdadeiro(a) cris-tão(ã) é o amor a Deus. “Porque assim diz a Palavra: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, e de toda tua alma, e de toda a tua mente, e de todas as tuas forças” (Mateus 22.37).

A segunda característica em que implica o ser totalmente cristão(ã) é o amor ao próximo. Porque assim diz o Senhor nas seguintes palavras: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.39).

A terceira característica é a fé sal-vadora que muda a vida total da pes-soa. Wesley diz: “uma coisa ainda há que pode ser considerada separada-mente, embora no momento se inte-gre nas considerações precedentes, e que define o ser integralmente cristão. Refiro-me ao fundamento de tudo, quero dizer a fé. Coisas mui excelentes se dizem da fé, através dos profetas de Deus. ‘Aquele que crê, diz o discípulo amado, é nascido de Deus’. ‘A quantos o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus, isto é, os que creem em seu nome’. E: ‘Esta é a vitória que vence o mundo: a vos-sa fé’. O próprio Senhor, em pessoa, declara: ‘Aquele que crê no Filho tem a vida eterna e não vê a condenação, mas passou da morte para a vida’”.

“A fé que não traz arrependimen-to, amor e todas as boas obras, não é aquela fé certa e viva, mas uma fé morta e diabólica”.

A reta e verdadeira fé consiste além de crer na Bíblia Sagrada, “uma segu-ra esperança e confiança certa de ser salvo da eterna condenação, mediante Cristo. É uma confiança certa e segu-ra que o homem deposita em Deus, no Deus que, pelos méritos de Cristo, perdoa seus pecados e o restaura no favor do Altíssimo, daí decorrendo um

Page 122: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

122 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

coração amante, disposto a obedecer a seus mandamentos”.

Esta fé se manifesta nos frutos de justiça e integridade. “Mas, supos-to que respondais afirmativamente, formar bons propósitos e nutrir bons desejos fazem um cristão? De for-ma alguma, a não ser que produzam bons frutos. O inferno — diz alguém — está calçado de boas intenções”.

Ao final do Sermão Wesley faz uma sequência de perguntas que todos nós devemos responder com sinceridade e nos converter ao Evangelho de Cristo. Estas perguntas podem ser resumidas em três: Amo realmente a Deus? Amo realmente

ao próximo? Tenho certeza da sal-vação, no que Cristo fez por mim na cruz do Calvário?

ConclusãoWesley faz um apelo que ainda hoje nos cabe a quem quer seguir Jesus: “Tenhamos todos a experiência de ser, não apenas quase, mas integral-mente cristãos, sendo justificados livremente por sua graça, pela reden-ção que há em Jesus; sabendo que te-mos paz com Deus por Jesus Cristo; regozijando-nos na esperança da gló-ria de Deus; e tendo o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos é dado”!

Domingo: Atos 26.28Segunda-feira: Atos 21.27-40Terça-feira: Atos 25.1-12Quarta-feira: Atos 25.13-27Quinta-feira: Atos 26Sexta-feira: Mateus 5.17-48Sábado: Mateus 7.13-21

BATE-PAPO

Como um “quase cristão”

pode ser tornar um

verdadeiro cristão? Quais

são as três características

apresentadas por John

Wesley?

LEIA DURANTE A SEMANA

1 Esta como as demais citações entre aspas sem referência são retiradas do sermão 2: “Os quase cristãos”. Disponível em: https://goo.gl/31iFGe e em https://goo.gl/UckfVD.

Page 123: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 123

ObjetivosDestacar a importância da prática da piedade na vida cristã; destacar que exteriorizar uma religião não significa uma conversão genuína; pontuar o que nos falta.

Para início de conversa Separe a classe em grupos três pessoas. Distribua uma folha para cada grupo, onde os mesmos escreverão as características do(a) verdadeiro(a) cristão(ã). Logo após devem colocar a folha dobrada em uma mesa. Após o estudo da lição, mande voltar à folha e comparar o que foi escrito anterior-mente com as lições aprendidas com o Sermão de Wesley. As conclusões devem ser compartilhadas.

Por dentro do assuntoLeia e estude o Sermão 02 (Quase Cristão) antes de ler a lição da Revista e se preparar para a aula. Ele ser acessado no site: https://goo.gl/7C9wCp, da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista.

Do prefácio de John Wesley aos Sermões, escrito em 17711. Os Sermões que se seguem contêm a substância do que tenho pregado

nos últimos oito para nove anos. Durante esse tempo falei frequentemente em público, sobre cada um dos assuntos da presente coleção — e não tenho consciência de que haja um só ponto de doutrina, dos que costumo versar em público, que aí não esteja perante o leitor cristão, seja tratado incidental-mente, seja-o de maneira deliberada. Todo homem honesto que percorrer estas páginas claramente verá quais são as doutrinas que abraço e ensino como essenciais à verdadeira religião.

2. Estou, entretanto, perfeitamente convencido de que estes Sermões não se apresentam sob a forma que alguns poderiam esperar. Nada aí apa-rece em vestuário castigado, elegante ou retórico. Mesmo que fosse meu desígnio ou intenção escrever desse modo, o tempo não mo permitiria. Mas presentemente não tenho, em verdade, desígnio diferente; escrevo como

Page 124: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

124 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

geralmente falo, isto é, para o povo — AD POPULUM: à massa humana, àque-les que nem apreciam, nem compreendem a arte de falar, mas que são, não obstante, competentes juízes das verdades necessárias à felicidade presen-te e futura. Digo isto para poupar aos leitores curiosos o trabalho de procu-rarem aquilo que não encontrarão.

3. Ambiciono a verdade simples para o povo simples: assim, de propó-sito deliberado, abstenho-me de todas as especulações delicadas e filosó-ficas; de todos os arrazoados embaraçastes e intrincados; e, na medida do possível, abstenho-me até de mostra erudição, a não ser através da citação que algumas vezes faço da Escritura original. Trabalho por evitar todas as palavras que não sejam fáceis de entender, todos os vocábulos que não se-jam de uso comum, e, em particular, aquele gênero de termos técnicos, que tão frequentemente ocorrem no seio das corporações teológicas, — aqueles modismos familiares aos homens de erudição, mas que soam aos ouvidos do povo comum como uma língua desconhecida. Não estou certo, todavia, de não ter incidido algumas vezes, por inadvertência, nesses deslizes: é mui-to natural que se imagine que uma palavra, a nós familiar, seja-o também a toda gente. (HARRISON, 1953. p.. 22).

Das notas introdutórias ao Sermão 2Este Sermão foi pregado em Londres, cerca de um mês antes de o ser em Oxford. O tipo de caráter aí descrito não se limita a tempos ou a lugares. Os primitivos metodistas de Oxford viviam a melhor fase da vida “quase cris-tã”. Sinceridade, zelo, observância escrupulosa das ordenanças, invariável diligência no cumprimento de todos os deveres, combinavam-se para cons-tituir o caráter que, por zombaria, recebeu o qualificativo de “Metodista”. Não obstante tudo isso, neste sermão o pregador declara que aquelas qua-lidades pertencem somente aos “quase cristãos”. Sem a essência da verda-deira piedade, essa forma exterior de devoção se toma destituída de valor.

Este sermão nos dá um esboço das “Regras Gerais das Sociedades Unidas”, que foram publicadas primeiro em 1743, aproximadamente dois anos depois da prolação deste discurso. (HARRISON, 1953. p. 46).

Por fim Ao final da aula, após os grupos compararem suas anotações na folha com as características apresentadas por John Wesley do verdadeiro cristão, leia para a classe as perguntas finais do Sermão:

“O amor de Deus foi derramado em teu coração? Podes exclamar: “Meu Deus e meu tudo?” Não desejas coisa alguma, senão a Deus? És feliz em

Page 125: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 125

Deus? Ele é tua glória, teu prazer, tua coroa de regozijo? Está escrito em teu coração este mandamento: “O que ama a Deus, ame também a seu irmão?” Amas, pois, a teu próximo como a ti mesmo? Amas a todos os homens, mes-mo a teus inimigos, aos inimigos de Deus, como à tua própria alma; e como Cristo te amou? Sim, crês que Cristo te amou e se entregou por ti? Tens fé em seu sangue? Crês no Cordeiro de Deus que tira teus pecados e lança-os como uma pedra no fundo do mar? Que Ele cancelou o escrito de dívida que era contra ti, tirando-o e pregando-o em sua cruz? Tens, na verdade, reden-ção em seu sangue, e ainda a remissão de teus pecados? E o Espírito testifica com teu espírito, que tu és filho de Deus”?

Depois de compartilhar as questões do Bate-papo, termine com uma ora-ção de contrição e arrependimento.

BibliografiaHARRISON, William P. (Ed). Sermão 2. Quase Cristão. Sermões de Wesley. Volume 1. São Paulo: Imprensa Metodista, 1953.

ANOTAÇÕES

Page 126: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

126 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 19

A CURA DA MALEDICENCIA (SERMAO 49) Textos bíblicos: Tiago 1.26 e Mateus 18. 15-17

“Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração,

a sua religião é vã”. Tiago 1.26

A maledicência é um dos pecados mais comuns na vida cristã. Não significa apenas falar mal de outra pessoa, mas também divulgar situações impróprias e priva-

das de alguém. Mesmo com o argumento da oração, a male-dicência pode ser um laço para a Igreja em seus diferentes grupos de convívio. Em seu Sermão 49 Wesley explica o que é a maledicência e como tratar este mal tão comum em nos-so meio.

~^

Page 127: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 127

O poder da línguaTiago deixa claro que a pessoa que não consegue controlar suas pala-vras tem uma vida cristã vã e inútil (v.1.26). Este tema é trabalhado com muito cuidado em sua epístola.

Em suas Notas Introdutórias, Wesley diz que o governo da língua é tão essencial, que Tiago ilustra o assunto por várias metáforas notáveis. “Um navio é um grande corpo, mas é manobrado por um pequeno leme, uns poucos centímetros de ripa diri-gem o curso das maiores embarcações sobre as águas. Quando avaliamos o porte de um navio e o tamanho do cor-po humano, verificamos que o leme é tão pequeno em relação ao primeiro como a língua o é em proporção ao segundo. Assim também uma fagulha pode produzir explosão que destruirá uma grande cidade”.1

Governar a língua é um caminho de santidade. Muitos problemas na família, na Igreja e na sociedade seri-am evitados se soubéssemos contro-lar nossas palavras.

O que é maledicência?Segundo o dicionário Priberam da língua portuguesa é o “ato de dizer mal, difamação, murmuração”.

Wesley diz que ela “não é, como al-guns supõem, o mesmo que a mentira ou a calúnia. Tudo quanto o homem diz pode ser verdadeiro, e ainda seu falar constituir maledicência”.

A maledicência é, nem mais, nem menos, do que dizer mal de

uma pessoa ausente, referindo algu-ma falta realmente praticada ou dita por alguém que não se encontre pre-sente quando se faz a referência.

É comentar sobre uma pessoa sem dar a ela o direto de defesa.

Wesley cita um exemplo: “Suponhamos que, tendo visto um homem beber, ou ouvi-lo praguejar ou jurar, eu refira o fato quando ele se encontre ausente: isto é male-dicência. Em nossa linguagem famil-iar isto é também chamado, e com extrema propriedade, ‘falar pelas costas’”.

Este pecado é tão comum que para alguns nem pecado é. Contudo, é uma ação que contraria os valores da Palavra de Deus e não promove a justiça, a paz e a alegria do Reino de Deus.

Um mal de todas as pessoasHomens e mulheres são levados por este caminho de pecado con-tra o próximo com muita facilida-de. Dificilmente alguém nunca caiu neste pecado de comentar o erro de alguém na ausência da pessoa.

Wesley dizia: “Quão poucos são os que podem testificar diante de Deus: Estou limpo neste particular; sempre pus atalaia diante da minha boca e guardei a porta de meus lábios! A própria vulgaridade desse pecado torna-o difícil de evitar. Como estamos rodeados por ele de todos os lados, se não formos profun-damente sensíveis ao perigo, e se nos

Page 128: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

128 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

não guardarmos constantemente, estaremos sujeitos a ser levados na torrente”.

Muitas vezes, seguindo o camin-ho da falsa santidade ou da falsa preocupação com o próximo, aca-bamos levando o pecado alheio para rodas de oração, reuniões da Igreja e muitos outros lugares indevidos. Inventamos a “santa maledicência”.

Wesley nota que “ela é mais difícil de evitar porque ela frequen-temente nos ataca sob disfarce”. Pensamos que estamos agindo de uma forma simples e comum, contu-do o que realmente estaremos fazen-do é “dar lugar ao diabo”.

Como evitar a maledicência?O caminho para evitar a maledicên-cia é a prática do Evangelho segundo Mateus 18.15-17.

Wesley diz: “se vires com teus próprios olhos um irmão, um cristão, cometer pecado inegável, ou o ou-vires com teus próprios ouvidos, de modo que te seja impossível duvidar do fato, então teu papel é evidente: aproveita a primeira oportunidade para ires ao seu encontro; e, se ti-veres ocasião, “fala-lhe dessa falta entre ti e ele só”.

Este confronto precisa ser feito em espírito de amor e solidariedade. A orientação de Wesley é clara: “Na ver-dade, grande cuidado se deve tomar em que isto se faça num espírito reto e de maneira correta. O sucesso de

uma advertência depende grande-mente do espírito com que é feita. Não estejas, portanto, em falta quanto à fervorosa oração a Deus, para que a exortação seja feita num espírito de seriedade, com profunda, penetrante convicção de que só Deus é que te faz diferir do transgressor; e se qualquer bem for feito por aquilo que se disser agora, é Deus que o opera”.

Muitas vezes nossa intenção é a melhor, mas erramos no modo como falamos. Wesley adverte: “Mas vê que a maneira por que fales seja tam-bém segundo o Evangelho de Cristo. Evita tudo no olhar, no gesto, na pala-vra e no tom de voz que tenha o sabor de orgulho ou de suficiência própria”.

Caso a pessoa não deseje nos ouvir, o Evangelho nos orienta levar teste-munhas que “Sejam também mansos e delicados, pacientes e longânimes, incapazes de “retribuir o mal com o mal, a injúria com a injúria, mas, ao contrário, bendizendo sempre”.

Todo nosso gesto deve ser baseado unicamente no amor. “O amor ditará a maneira pela qual devam proceder, de acordo com a natureza do caso”.

Por último deve ser levado à Igreja. Aqui Wesley recomenda que não seja “toda a Igreja”, mas líderes da Igreja que podem, com amor e sabedoria, auxiliar na reconciliação.

Caso não haja reconciliação, en-tão Jesus diz que a pessoa deve ser considerada gentia e publicana.

Wesley dá a seguinte orien-tação sobre esta palavra do Senhor:

Page 129: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 129

“Não tens obrigação de pensar dele nada mais, a não ser quando o en-comendares a Deus em oração. Não mais precisas falar dele, mas entre-ga-o a seu próprio Senhor. Deves-lhe ainda, em verdade, assim como a to-dos os demais pagãos, ardente, terna boa vontade. Deves-lhe cortesia e, se-gundo as ocasiões se apresentarem, todos os serviços de humanidade”. Devemos lembrar que Jesus veio para os publicanos e pecadores.

Conclusão: No final do sermão Wesley faz um apelo apaixonado: “Oh! que to-dos vós que suportais o opróbrio de Cristo (...) sede um paradigma ao mundo cristão, ao menos neste exemplo só! Expulsai a maledicên-cia, o falatório, a murmuração: que, nenhuma dessas coisas proceda de vossa boca! Vede que “não faleis mal de homem algum”; do ausente nada, a não ser o bem.

Domingo: Tiago 1.26; Mateus 18.15-17Segunda-feira: Tiago 1.19-25Terça-feira: Salmo 34.11-14Quarta-feira: Tiago 3.1-12Quinta-feira: Mateus 12.33-37Sexta-feira: 1Pedro 2.1-2Sábado: Colossenses 3.8; Tito 3.1-2

BATE-PAPO

Como vencer a prática da

maledicência?

Por que a maledicência está

relacionada a falta de amor

ao próximo?

LEIA DURANTE A SEMANA

1 Esta como as demais citações entre aspas sem referência são retiradas do sermão 49: “A cura da maledicên-cia”. Disponível em: https://goo.gl/31iFGe e em https://goo.gl/UckfVD.

Page 130: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

130 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivosEstudar o Sermão de Wesley abordando a santidade nas palavras (o que edi-fica e o que destrói a vida das pessoas); explicar o que é maledicência e quão próximo este pecado está de nós; apontar caminhos para fugir deste laço.

Para início de conversaInicie a aula com a dinâmica do telefone sem fio: Divida os participantes em dois grupos com igual número de participantes que deverão sentar-se frente a frente em fila. Posicione-se entre as duas fileiras. Fale uma palavra ou frase no ouvido dos dois primeiros participantes, que deverão passá-la adiante também sussurrando. A última pessoa da fileira ao receber a men-sagem, deverá levantar a mão acusando seu recebimento e reproduzi-la para sua verificação. Ganha o jogo o grupo que reproduzir a frase com mais rapidez e precisão da palavra ou frase.

Perceba com o grupo a diferença entre o que foi falado inicialmente e o que entendido no final e relacione com a questão da maledicência e fofoca.

Por dentro do assuntoLeia e estude o Sermão 49 (A Cura da Maledicência) antes de ler a lição da Revista e se preparar para a aula. Ele ser acessado no site: https://goo.gl/7C-9wCp, da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista.

Das notas introdutóriasO princípio que esses textos envolvem tem sido por demais deturpados, no púlpito e fora dele. Que teste de caráter cristão, esse! Quão gravemente so-mos repreendidos, mesmo nas coisas que menos esperávamos estar em fal-ta! Mas Tiago vai mais longe. Ele não se contenta com o simples enunciado do grande princípio que é fundamental em seu caráter ...

“Se alguém não tropeça em sua palavra, é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo” (Tiago 3.2). Aí está a base do argumento e das ilus-trações que se seguem. O freio, o leme e a fagulha, como apresentam grada-tivamente o assunto ao nosso entendimento! A impetuosidade do cavalo é controlada pelo freio e pelas rédeas; os ventos desabalados se dominam, e às vezes se tornam obedientes à vontade do timoneiro, graças a um peque-nino leme, parte invisível, mas indispensável do navio. Temos a doutrina da

Page 131: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 131

negação de si mesmo na figura do freio e das rédeas, enquanto que o leme ilustra a influência das tentações quando ele se encontra em mãos firmes.

Mas, que força pode sustentar as mãos que seguram as rédeas e guiam o leme? Somente a graça soberana de Deus! Sem ela somos semelhantes ao cavaleiro cujo corcel tomou o freio nos dentes, ou ao navio que perdeu o leme, estando à mercê dos ventos! Dissensões, ódios, contendas de famí-lia e vizinhança, como podem ser, em grande parte, prevenidos, mediante prudentes conselhos! “Aquele que ama a simplicidade, pela graça de seus lábios, o rei lhe será por amigo”. (HARRISON, 1953. p. 457, 458).

Do conteúdo do Sermão 49Wesley ensina que a maledicência é diferente da mentira ou da calúnia. “A maledicência é, nem mais, nem menos, do que dizer mal de uma pessoa ausente, referindo alguma falta que houvesse sido realmente praticada ou dita por alguém que não se encontre presente quando se faz a referência”. É “falar pelas costas”.

Este pecado é muito frequente na vida da igreja e existe grande dificul-dade em evitá-lo.

O que aconteceria se não fossemos maledicentes? Wesley termina seu Sermão refletindo sobre o amor que tem o poder de impedir a prática da maledicência:

“Como “nossa paz correrá como um rio”, quando assim “seguirmos a paz com todos os homens!” Como será o amor de Deus abundante em nossas próprias almas, se desse modo confirmarmos nosso amor a nossos irmãos! E que efeito teria isto sobre todos os que estivessem unidos em nome do Senhor Jesus! Como se aumentaria continuamente o amor fraternal, quan-do aquele grande entrave oposto à ele fosse removido! Todos os membros do corpo místico de Cristo cuidaram então uns dos outros. “Se um membro sofrer todos sofrerão com ele”; “se um é honrado, todos se regozijarão com ele”; e cada um amará a seu irmão “com um puro coração fervente”.

Por fim Como pessoas cristãs, precisamos ter postura ética e coerente com o Evangelho do Senhor Jesus..

Termine a lição desafiando cada participante ao compromisso de viver sem a prática da maledicência. Marque uma “prestação de contas” para o próximo encontro. Assim cada aluno e aluna poderá compartilhar seu cres-cimento espiritual e desafios.

Bibliografia:HARRISON, William P (Ed). Sermão 49. A cura da maledicência. Sermões de Wesley. Volume 2. São Paulo: Imprensa Metodista, 1954.

Page 132: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

132 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 20

A NEGACAO DE SI MESMO (SERMAO 48) Texto bíblico: Lucas 9.23-25

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me”. v. 23

O discipulado segundo o modelo de Jesus é exigente. Se realmente desejamos seguir o Evangelho preci-samos negar a nós mesmos, tomar a cruz e iniciar o

seguimento. É impossível viver o discipulado sem o caminho da autonegação. Nesta lição examinaremos o Sermão 48 de John Wesley sobre “a negação de si mesmo”, o que nos desa-fia, como Igreja, a assumir todas as implicações dos ensina-mentos do Senhor Jesus.

~

~

~

Page 133: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 133

Um Messias diferenteApós a confissão de Pedro em Cesareia de Filipe, afirmando ser Jesus o Cristo, o Filho de Deus, o Senhor passa a ex-plicar um pouco do que significava ser Messias.

Era necessário que o Messias sof-resse. “O sofrimento para ele não era nenhum acidente, mas, sim, uma ne-cessidade divina compulsiva. A cruz era a sua vocação. De acordo com isso, das muitas coisas que ele sofreria, Jesus fala apenas da rejeição final. Logo após ele acrescenta à previsão de sua cruz, uma outra cruz, sendo que esta teria de ser carregada pelos seus seguidores. Há uma diferença, a cruz deles não era literal, e os sofri-mentos não tinham poder expiador. Mas era real” (MORRIS, 1974, p. 161).

Esta é a primeira vez que Lucas emprega a palavra cruz e ela entra com efeito marcante. Quem segue a Cristo morre para todo modo de vida (Lucas 14.27). Lucas nos diz que esta não é uma decisão que pode ser aca-bada ou removida do caminho: deve ser feita dia a dia.

A cruz está relacionada a negar a si mesmo. É um convite a viver a radicalidade do Evangelho em todas as áreas da vida. “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?” ( v.25).

Para todos os tempos e todas as pessoasWesley nos ensina que este sermão de Jesus não foi dirigido apenas aos

seus apóstolos e primeiros discípu-los e discípulas, mas foi encaminha-do a toda humanidade “sem exceção ou limitação”.1

Este ensino de Jesus “é da mais universal natureza, referindo-se a todos os tempos, a todas as pessoas; essas palavras não são meramente comida e bebida, ou coisas que pertençam aos sentidos. A signifi-cação do texto é: ‘Se algum homem ou mulher’, de qualquer categoria, posição, circunstância, em qualquer nação, em qualquer época do mun-do, ‘quiser’ efetivamente ‘vir após mim, negue-se a si mesmo’ em todas as coisas; ‘tome sobre si a sua cruz’, qualquer que seja sua espécie; sim, e isto diariamente; e siga-me”.

Condição para o discipuladoA negação de nós mesmos é absoluta, indispensavelmente necessária, quer para que nos tornemos discípulos e discípulas de Cristo, quer para que nos conservemos nesta condição.

Wesley diz que se continuamente não negamos a nós mesmos, não aprendemos dele, mas de outros me-stres. Se não tomamos diariamente a nossa cruz, não o seguimos, mas acompanhamos o mundo, ou o prín-cipe deste mundo, ou nossa própria mente carnal. Se não andamos pelo caminho da cruz, não estamos se-guindo-o; não estamos andando em suas pegadas; mas estamos retro-cedendo, ou, pelo menos, retardan-do-nos na jornada.

Page 134: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

134 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

É impossível deixarmos de negar a Cristo, a não ser que nos neguemos a nós mesmos. Wesley ensinava que o fato da pessoa não seguir inteira-mente a Cristo, é sempre devido à falta de negação de si próprio e à re-cusa em tomar sua cruz.

Segue-se que é manifestamente devido à falta de negação de si mes-mo, ou de tomar sua cruz, que a pes-soa não segue perfeitamente a seu Senhor, não vive plenamente o dis-cipulado de Cristo.

O que é negar a si mesmo? Significa negar minhas vontades quando elas vão de encontro à von-tade de Deus.

Negar a si mesmo não é natural ao ser humano. Wesley dizia que toda nossa natureza deve certamente levantar-se contra isto, mesmo em sua própria defesa; o mundo e, con-sequentemente, os homens que tomam a natureza, e não a graça, por seu guia, aborrecem o próprio som desse enunciado. E o grande inimigo de nossas almas, bem conhecendo sua importância, não pode fazer out-ra coisa senão levantar todas as pe-dras contra aquela verdade.

Negar a si mesmo é a negação ou a recusa de seguir nossa própria von-tade, pela convicção de que a vontade de Deus nos é a única regra de ação.

Por que devemos negar a nós mesmos? Baseado no Salmo 51.5, Wesley en-sinava que nossa natureza é por

igual corrupta em cada um de seus poderes e em cada faculdade. E nos-sa vontade, igualmente depravada como o resto, está totalmente ven-dida para acariciar nossa corrupção natural porque fomos gerados com o pecado original. Somos naturalmen-te inclinados para o pecado.

A vontade de Deus é o único o caminho que leva diretamente a Ele. A vontade do homem e da mul-her, que uma vez correu paralela-mente à vontade de Deus, é agora outro caminho, não somente diverso daquele, mas, em nosso estado pre-sente, diametralmente oposto a ele: leva para mais longe de Deus.

Wesley deixa claro eu o ser hu-mano não pode caminhar simultan-eamente os dois caminhos: não pode, a um só tempo, seguir sua própria vontade e seguir a vontade de Deus; deve escolher uma ou outra: negar a vontade de Deus para seguir a sua própria, ou, negando-se a si mesmo, seguir a vontade de Deus.

Ele diz: “O negarmo-nos a nós mesmos é negar nossa própria von-tade, onde ela não se ajuste à von-tade de Deus; e a negação de nossa vontade deve abranger as coisas que mais agradáveis nos sejam. É negar a nós mesmos qualquer praz-er que não decorra de Deus e não conduza a Ele; é, com efeito, recu-sarmo-nos a sair de nosso caminho, mesmo para a estrada deleitável e florida; recusarmos o que sabe-mos ser veneno mortífero, embora agradável ao paladar”.

Page 135: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 135

O que significa carregar a Cruz?Cada pessoa que deseja seguir a Cristo e que pretenda ser real discí-pulo(a), deve não só negar-se a si mes-mo, mas também “tomar sua cruz”.

Wesley nos ensina que a cruz é algo contrário à nossa vontade, re-pugna a nossa natureza. O discipu-lado vai além de negar a si mesmo. Exige não apenas evitar o pecado, mas assumir a cruz que é tão con-trária à nossa natureza. Ele diz: “Ora, correndo a carreira que nos está proposta segundo a vontade de Deus, com frequência encontramos uma cruz erguida no caminho, isto é, al-guma coisa que não é agradável, mas dolorosa; alguma coisa que é con-trária à nossa vontade, que é repug-nante à nossa natureza. Que se deve então fazer? A escolha é simples: ou tomarmos nossa cruz ou desviarmos do caminho de Deus, do santo man-damento que nos foi dado”. Tomar a cruz é “acatar a vontade de Deus,

ainda que contrária à nossa própria vontade; escolher o remédio salutar, embora mais amargo; livremente aceitar a dor passageira, qualquer que seja sua espécie e grau, quando ela seja essencial ou acidentalmente necessária ao eterno prazer”.

Conclusão:Em seu Sermão Wesley exorta os pregadores a ensinar toda a verda-de sobre negar a si mesmo. Retirar a cruz da pregação equivale a destruir o próprio Evangelho. Ele orienta que quem “ensina a Palavra de Deus deve falar da negação de si mesmo e da cruz frequente e largamente; deve inculcar sua necessidade da manei-ra mais clara e mais forte; deve im-primi-la com toda sua força sobre todas as pessoas, em todos os tempos e em todos os lugares, impondo-a ‘li-nha por linha, preceito por preceito’: assim terá ele uma consciência livre de ofensa; assim salvará sua própria alma e as daqueles que o ouvirem”.

Domingo: Lucas 9.23-25Segunda-feira: Filipenses 3.4-11Terça-feira: Salmo 51Quarta-feira: Mateus 26 36-45Quinta-feira: Romanos 6.1-11Sexta-feira: Hebreus 5.7-9Sábado: Mateus 10.34-39

BATE-PAPO

Wesley dizia que a nossa

vontade é oposta a vontade

de Deus. Como descobrir

e praticar a vontade de

Deus em todas as áreas,

principalmente em nosso

relacionamento com o

próximo?

LEIA DURANTE A SEMANA

1 Esta como as demais citações entre aspas sem referência são retiradas do sermão 48: “A negação de si mesmo”. Disponível em: https://goo.gl/31iFGe e em https://goo.gl/UckfVD.

Page 136: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

136 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ObjetivosExplicar o texto bíblico e como Wesley dialoga sobre ele. Analisar o Sermão e Wesley discorrendo o tema da negação e sua importância na vida cristã.

Para conversarDistribua papeis para a classe para que respondam por escrito a seguinte pergunta: “Que motivos que levam a pessoa a não tomar sua cruz e a não negar a si mesma? Ao final da aula as respostas devem ser comparadas com as dadas por Wesley.

Por dentro do assuntoLeia e estude o Sermão 48 (A Negação de Si Mesmo) antes de ler a lição da revista e se preparar para a aula. O Sermão pode ser acessado no site: ht-tps://goo.gl/7C9wCp, da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista.

Das notas introdutórias “Deve-se observar que Wesley não tinha tendência para quaisquer teorias “socialista”. Ele ensinava com clareza e ênfase o direito da propriedade in-dividual, mas sempre figurando o homem como despenseiro do Senhor. Wesley não reconhece ao Estado o direito à propriedade de toda a terra de um país, para ser administrada em benefício igual de todos, do pregui-çoso e do diligente: ensinava a doutrina da operosidade, do trabalho para a aquisição dos bens temporais, mas estes devem conservar-se sujeitos às exigências da caridade em benefício dos enfermos, dos necessitados e dos inocentes ao desamparo. Para este fim, para que os homens tenham com que fazer o bem aos outros, devemos aprender a recusar a nós mesmos to-das as coisas desnecessárias. Como perniciosas à saúde, algumas devem ser abolidas. Como provocadoras de orgulho pecaminoso e ostentação, ou-tras devem ser afastadas. Como meio de exercício espiritual e educação, a negação de si mesmo ocupa um lugar importante em nossa vida cristã” (HARRISON, 1954. p. 440).

Page 137: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 137

Do conteúdo do Sermão 48Para Wesley, a negação de si mesmo é um dever universal e pertence à pró-pria essência da religião. Entretanto, são comuns alguns erros em relação à natureza, extensão ou necessidade dela. Algumas vezes ela se torna tão geral que vem a ser indefinida, ou é levada a tais minúcias que não se pode aplicar a todos os homens. Ele faz duras críticas aos escritos de sua época sobre o assunto.

Primeiro trabalha sobre a natureza da negação de si mesmo. Afirma ser fundada sobre a supremacia da vontade de Deus: daí o aplicar-se até aos an-jos dos céus. Mas, aplica-se ela especialmente ao ser humano, cuja vontade é por natureza avessa a Deus. A negação de si mesmo é a subordinação da vontade à vontade de Deus. O tomar nossa cruz vai mais longe, e não somen-te nega nossa vontade, mas suporta a provação positiva. Às vezes suporta-mos a cruz que não queríamos voluntariamente tomar. Não é a tortura de nós mesmos, como a flagelação e outras práticas semelhantes; mas o abra-çar a vontade de Deus conforme se revela em sua Palavra ou se manifesta em sua Providência.

A falta da negação de si mesmo é a causa comum que impede que o ser humano seja inteiramente discípulo de Cristo. O pecador e a pecadora con-victos têm má vontade de negar-se a si mesmos em face do pecado; daí a perda de sua convicção ou, se esta permanece, já não se encontra paz. A pessoa cristã que negligencia o dever de renunciar a algum pecado agradá-vel ofende o Espírito Santo; ou deixa de tomar sua cruz, usando de todos os meios e dedicando-se inteiramente a Deus, ou nunca chegará à perfeição.(HARRISON, 1954. p. 431).

Por fim Leia ao final da aula os motivos apresentados por Wesley que levam a pes-soa a não tomar sua cruz e a não negar a si mesmo:

“Não continua a insistir em oração, tanto privada como pública, comun-gando, ouvindo, meditando, jejuando, conferindo as coisas religiosas. Se não negligencia totalmente algum daqueles meios, pelo menos deles não usa como podia. Ou não é zeloso de obras de caridade, assim como de obras de piedade. Não é misericordioso na medida de suas forças, com as qualifica-ções completas que Deus concede. Não serve fervorosamente ao Senhor, fazendo o bem aos homens, de toda espécie e de todo grau que possa, a suas almas como a seus corpos. E por que não continua ele em oração? Porque em tempos de aridez ela lhe é penosa e desagradável. Não continua ouvin-do em todas as oportunidades, porque o sono é doce; Ou porque faz frio, ou

Page 138: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

138 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

o tempo está carregado, ou chove. Mas por que não continua em obras de misericórdia? Porque não pode alimentar o faminto, ou vestir o nu, a não ser que comprima as despesas com seu próprio equipamento pessoal, ou use alimentos mais baratos e menos deleitáveis... Portanto, sua fé não se aperfeiçoa, nem pode crescer em graça; e isto porque não quer negar-se a si mesmo e tomar diariamente a sua cruz”. (HARRISON, 1954. p. 452).

Compare esta resposta de Wesley com as respostas dos alunos e alunas.

BibliografiaHARRISON, William P (Ed). Sermão 48. A Negação de Si Mesmo. Sermões de Wesley. Volume 2. São Paulo: Imprensa Metodista, 1954.

ANOTAÇÕES

Page 139: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 139

Lição 21

A IMPERFEICAO DO CONHECIMENTO HUMANO (SERMAO 69) Texto Bíblico: 1Coríntios 13.9

“Porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos”.

A imaturidade nos faz achar que sabemos tudo. Contudo, o crescimento na graça nos torna humil-des e dependentes de Deus. Diante desta descoberta

afirmamos que precisamos do Senhor e dependemos do seu amor e direção, pois somos incapazes de entender os misté-rios da vida e de Deus.

Wesley ensina, no seu Sermão 69, que aceitar a imper-feição do conhecimento humano é um grande passo para uma vida de humildade, simplicidade e dependência de Deus.

~~

~

Page 140: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

140 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Conhecemos em partePaulo deixa claro em 1Coríntios 13.9 que todo conhecimento é parcial. “...em parte conhecemos e, em par-te profetizamos” significa que Deus não revela tudo, de sorte que quem é profeta, não menos que a pessoa sá-bia, dá apenas um vislumbre parcial da verdade.

Este conhecimento em par-te está relacionado até mesmo ao Evangelho de Jesus.

No lava-pés (João 13.4-7), Pedro pergunta a Jesus: “Vai lavar os meus pés, Senhor?” (v.6). Jesus lhe respon-de: “O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois” (v.7).

Muitas coisas que Jesus fez e faz não sabemos. Não temos respostas prontas e perfeitas para nada na vida.

Deus diz através do profeta Isaías que os pensamentos e caminhos de-les são mais altos que os nossos (v. 55.8,9). Este conhecimento da nos-sa própria limitação deve nos levar a uma atitude de humildade e de-pendência completa do Senhor.

Paulo constrói em nós a esperança de que um dia conheceremos perfeit-amente os mistérios de Deus. Ele diz: “porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado (...). Porque, agora, vemos como em espelho, ob-scuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou con-hecido (1Coríntios 13.7-9).

O Limite do nosso conhecimentoO desejo do conhecimento é um prin-cípio universal no ser humano, fixado em sua natureza mais íntima. Isso é po-sitivo. Este desejo pelo conhecimento é plantado em toda a alma humana para propósitos excelentes. Com ele, pretende-se impedir nossa inércia em qualquer área na nossa vida, erguen-do nossos pensamentos para objetos mais altos, mais merecedores de nos-sa consideração, “até que ascendamos à fonte de todo conhecimento e toda excelência, o Criador de toda sabedo-ria e toda graça”, diz Wesley.

Embora nosso desejo de conhec-imento não tenha limites, nosso con-hecimento, em si mesmo, tem. De fato, ele é confinado em limites bem est-reitos; muito mais estreitos do que as pessoas comuns possam imaginar ou as letradas estão dispostas a admitir.

Wesley diz que conhecemos mui-tas coisas em parte, mas a totalidade das coisas está oculta por um projeto divino. Ele diz: “Nessa nossa ignorân-cia profunda é vista a bondade, assim como a sabedoria de Deus, restring-indo o conhecimento humano de todos os lados, com o propósito de encobrir a vaidade do homem”.1

A imperfeição do conhecimento humanoWesley aponta a imperfeição do co-nhecimento humano em relação a Deus e ao mundo criado. Ele come-ça a explicar essa imperfeição com

Page 141: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 141

relação ao próprio Deus, dizendo: “Comecemos com o próprio grande Criador. Quão surpreendentemente pouco nós conhecemos sobre Deus! Quão pequena parte de sua nature-za nós conhecemos bem como de seus atributos essenciais! Que con-cepção nós podemos formar de sua onipresença? Quem é capaz de com-preender Deus nesse e em todos os lugares? Como Ele preenche a imen-sidão do espaço? Onipresença: como compreendê-la? Eternidade: quem pode compreendê-la”?

M. Basilea Schlink, cristã alemã, certa vez escreveu em um cartaz: “Senhor, eu não te entendo, mas con-fio no seu amor”.

Wesley cita também quão pouco o homem conhece do universo, das es-trelas e dos planetas. Ele faz uma longa lista de assuntos que eram desconhe-cidos em sua época e hoje são con-hecidos em parte com a evolução da ciência. Ele diz: “Quem pode explicar a luz e a eletricidade? Quem conhece o ar, a chuva, o orvalho? Os continentes, os mares... os vegetais... os animais... o ser humano... os insetos... nosso espíri-to e alma, nosso corpo...”.

Refletindo sobre a imperfeição do conhecimento, Wesley começa a discorrer sobre questões ilógicas que são difíceis de ser respondidas. Um exemplo é quando a atitude da pessoa que se diz cristã é pior do que a atitude de uma pessoa ímpia que não tem conhecimento de Deus. Quem pode explicar?

Wesley diz: “Tem sido afirmado, e eu temo que seja verdadeiro, que muitos dos assim chamados cristãos

são bem piores do que os pagãos que os rodeiam: são mais devassos e mais abandonados a todo tipo de maldade, não temendo a Deus, nem ao homem! Ó, quem pode compreender isso?”.

O desconhecimento da graça santificadoraSabemos que a graça de Deus opera em nossa vida. Contudo, nosso co-nhecimento sobre esta graça é im-perfeito.

Wesley diz que há grande varie-dade no modo e no tempo de Deus conceder sua graça santificadora, por meio da qual Ele capacita seus filhos e filhas a lhe dar todo seu coração, graça que nós não podemos, de modo algum, explicar.

Por que algumas pessoas são santificadas tão rapidamente e out-ras demoram tanto a caminhar no caminho do discipulado e da santi-ficação? Wesley diz: “Nós não sabe-mos por que Ele a concede a alguns antes que peçam por ela; a outros, somente alguns poucos dias depois que a buscaram; e ainda permite que outros crentes esperem por ela talvez vinte, trinta, ou quarenta anos; mais ainda, e outros, até poucas horas, ou mesmo minutos, antes que seus espíritos retornem a Ele... Deus indubitavelmente tem razões; mas essas razões são geralmente ocultas dos seres humanos”.

Uma imperfeição nos ensinaPodemos aprender diversas lições va-liosas com relação à ignorância do nos-so conhecimento. Wesley cita três:

Page 142: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

142 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição da Humildade: não pen-sar de nós mesmos, particularmente com respeito ao nosso entendi-mento, “além do que convém”; mas “pensar com sobriedade”, estando inteiramente convencidos(as) de que não somos suficientes, por nós mesmos(as), para ter um pensamen-to bom; de que estamos sujeitos(as) a tropeços em cada passo, a errar em todo o momento de nossas vidas, se não tivermos “a unção do Espírito Santo”, que “permanece em nós”; se não for aquele que conhece o que está no ser humano, nos socorrer em nossas fraquezas; e de que “há um es-pírito, na pessoa, que traz sabedoria”, e a inspiração do Espírito Santo que “traz entendimento”.

Lição da fé e confiança em Deus: A convicção plena de nossa própria ignorância nos ensina a confiar completamente em sua sabedoria. Pode nos ensinar (o que nem sem-pre é tão fácil, como alguém poderia conceber) a confiar no Deus invisível muito além do que podemos vê-lo! Pode nos auxiliar no aprendizado dessa difícil lição, a “subjugar” nos-

sa própria “imaginação” (ou melhor, raciocínios, como a palavra propria-mente significa).

Lição de resignação: Podemos ser instruídos(as) a dizer em todo o tempo e em todas as instâncias, “Pai, não seja como eu quero, mas como tu queres”. Essa é a última lição que nosso bendito Senhor (como homem) aprendeu enquanto estava na terra. Ele não pôde ir mais alto do que “não seja como eu que-ro, mas como tu queres”, até que Ele curvou sua cabeça e entregou o seu espírito. Que nisso também sejamos semelhantes à sua morte, para que possamos conhecer completamente o “poder de sua ressurreição”.

Conclusão:Nossa incapacidade de compreen-der Deus, o mundo e até nós mesmos nos leva a uma total dependência do Senhor. Crer, confiar, amar e prati-car a justiça deve ser nosso caminho cristão; ainda que não compreenda-mos a totalidade da vida, devemos vi-ver com dignidade e fazer a vida das pessoas melhor.

Domingo: 1Coríntios 13.9Segunda-feira: Isaías 55.6-11Terça-feira: 1Coríntios 13.10-13Quarta-feira: Provérbios 3.5-8Quinta-feira: Salmo 131Sexta-feira: João 13.1-7Sábado: Salmo 139.1-6

BATE-PAPO

Por que admitir a limitação

do conhecimento humano

promove a humildade, fé e

resignação?

LEIA DURANTE A SEMANA

1 Esta como as demais citações entre aspas sem referência são retiradas do sermão 69: “A imperfeição do conhecimento humano”. Disponível em: https://goo.gl/31iFGe e em https://goo.gl/UckfVD.

Page 143: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 143

ObjetivosAnalisar a concepção paulina sobre o assunto da imperfeição do conheci-mento humano; discorrer sobre o sermão: principais pontos abordados, o que Wesley queria destacar, o que esse sermão ainda nos ensina.

Para início de conversaOrganize a classe em grupos e faça as seguintes perguntas: o ser humano pode ter um conhecimento perfeito de Deus? Os cientistas conhecem a to-talidade do universo? O conhecimento do ser humano é ilimitado? Por que não conhecemos todas as coisas? Quantos por cento a gente conhece da vida? É importante deixar que a classe expresse opiniões com liberdade.

Por dentro do assuntoLeia e estude o Sermão 69 (A imperfeição do conhecimento humano) an-tes de ler a lição da revista e se preparar para a aula. O Sermão pode ser acessado no site: https://goo.gl/7C9wCp, da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista.

O valor do conhecimento na espiritualidade wesleyanaGonzalo Báez Camargo, em seu livro “GÊNIO E ESPÍRITO DO METODISMO WESLEYANO” declara que Wesley e seus irmãos, desde pequenos, apren-deram a importância do conhecimento e de “raciocinar tão serenamente como fosse possível, antes de formar decisões. Disse o poeta Southey so-bre ele: “Realmente nenhum homem tem sido mais destro na arte de ra-ciocinar”. Assim foi que mais tarde, quando chegou à sua vida a envolvente experiência pessoal da graça divina, e quando liderou o mais poderoso avi-vamento cristão da época, e um dos mais poderosos da história, pôde com-binar o júbilo com o juízo, o sentimento com a inteligência, o arrebatamento do entusiasmo com o governo da razão” (1986, pp. 30,31).

Wesley fazia as seguintes perguntas disciplinares aos candidatos a prega-dores: “1. Conhecem a Deus como um Deus que perdoa? Mora neles o amor de Deus? Não desejam, senão somente a Deus? São inteiramente puros na

Page 144: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

144 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

vida que levam? 2. Têm dons, assim como graça, para a obra? Possuem em algum grau uma inteligência clara e sã, um critério reto das coisas de Deus, uma concepção exata da justificação pela fé? Falam reta, fácil e claramente? 3. Têm produzido seus trabalhos alguns frutos? Existem algumas pessoas verdadeiramente convencidas de seus pecados e convertidos a Deus por meio de sua pregação? Quando em alguém harmonizam estes três sinais, cremos que está chamado por Deus a pregar” (CAMARGO, 1986. pp. 36, 37).

A certeza da imperfeição do conhecimento humano não estagnava sua vida intelectual. Pelo contrário, Wesley estimulava seus pregadores a ler e estudar várias disciplinas. Ee próprio escreveu sobre vários assuntos em diferentes áreas do conhecimento.

“O cuidado que Wesley dedicou à educação ficou expresso nos livros de texto por ele compilados para as crianças. Utilizou os projetos de Whitefield para uma escola para filhos de mineiros em Kingswood, Bristol, e em 1748. Wesley ampliou-a e fundou uma escola para os filhos dos pregadores ali estabelecidos. A sua preocupação chega aos pormenores do currículo e regras. O currículo era mais vasto do que na maioria das escolas daquele tempo, as regras eram um pouco severas e especialmente criticadas pelos educadores contemporâneos por não permitirem jogos!” (IEMP).

A limitação e imperfeição do conhecimentoWesley pregou o Sermão “A Imperfeição do Conhecimento Humano” em Bristol, 5 de março de 1784, baseado em 1Coríntios 13.9 – “Em parte, conhecemos.”

Afirma que o desejo do conhecimento é um princípio universal, contudo, é limitado e atende apenas as nossas necessidades presentes. Com isso, co-nhecemos tudo em parte.

Objetivo da Imperfeição do ConhecimentoReserve um tempo maior para trabalhar as três lições de Wesley sobre a imperfeição do conhecimento humano: a) Lição da Humildade; b) Lição da fé e confiança em Deus; c) Lição de resignação.

É interessante destacar em sala de aula o total desconhecimento de Jó dian-te dos acontecimentos que o cercavam. O livro conclui o caminho de humilda-de de Jó em afirmar que falou muita coisa do que desconhecia: (Jó 42.1-6).

É esta humildade de Jó que Wesley pretende produzir em seus leitores e leitoras. Não conhecemos a vida, Deus e o universo. Tudo que sabemos é em parte. Por isso precisamos ter um coração humildade, confiante em Deus e paciente.

Page 145: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 145

Por fim Termine a aula voltando às perguntas iniciais entregues aos grupos. A conclusão de Wesley é que esta limitação e imperfeição do conhecimento humano foi uma providencia de Deus. Contudo, devemos evoluir e crescer em todas as áreas, mesmo sabendo que nunca dominaremos nenhuma questão com perfeição. Esta conclusão precisa determinar nossa humil-dade, fé e resignação.

BibliografiaIGREJA EVANGÉLICA METODISTA PORTUGUESA (IEMP). John Wesley - Cidadão Cristão. Disponível em: https://goo.gl/pDLDKX. Acesso em 06/10/2017CAMARGO, Gonzalo Báez, “Gênio e Espírito do Metodismo Wesleyano. São Paulo: Imprensa Metodista, 1986.

ANOTAÇÕES

Page 146: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

146 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Lição 22

O SEPULTAMENTO DE JESUS Texto bíblico: João 19.38-42

“Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas”. v. 40

A morte de Jesus é ofuscada pela sua ressurreição, e isso não poderia ser diferente porque o nosso Mestre venceu a morte! (v.55). No entanto, o episódio do seu

sepultamento, por meio das vidas de Nicodemos e José de Arimateia, tem muito a nos ensinar.

Page 147: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 147

Quem é quem?O relato do sepultamento está pre-sente nos quatro evangelhos: Mateus 27.57-61; Marcos 15.42-47; Lucas 23.50-56; João 19.38-42. O protagonismo de José de Arimateia é destacado em to-dos eles, mas é apenas o texto de João que cita a presença de Nicodemos.

José de Arimateia é descrito nos evangelhos como: membro do Sinédrio; homem bom e justo; rico; discípulo de Jesus que esperava o re-ino de Deus.

Nicodemos, cujo nome significa conquistador, era um fariseu, um dos principais líderes dos judeus, também membro do Sinédrio. Ele se aproximou de Jesus (João 3); de-fendeu o seu ministério perante os fariseus (7.45-53); e auxiliou no sep-ultamento do Filho de Deus (19.39).

José de Arimateia e Nicodemos representavam duas instâncias de frequente oposição a Jesus. Foi na sinagoga, mediante os conflitos de ideias, que a morte de Jesus começou a ser tramada (Mateus 12.14) e foi o Sinédrio que o entregou à morte (João 18.35). Tanto um quanto out-ro apresentavam uma discrição na relação com Jesus, talvez por medo, tendo em vista suas posições na so-ciedade judaica.

A solidariedade vence os obstáculosApesar do medo, aqueles homens se mostraram solidários e atuantes num momento crucial da trajetória do Mestre; suas posições sociais fi-caram em segundo plano, eles arris-

caram sua reputação. Os discípulos, a essa altura, por conta do pouco prestígio social e do medo, estavam escondidos. Provavelmente, caso fossem pegos teriam um destino se-melhante ao de Jesus.

Cada pessoa atua de uma maneira no Reino de Deus; umas são mais ex-plícitas, outras nem tanto. No entan-to, a presença de Jesus e o projeto de Deus podem causar revoluções na nossa forma de segui-lo.

Em muitos momentos da camin-hada cristã precisamos tomar posição, assumir responsabilidades, e isso nem sempre é fácil, exige cor-agem. Ao dizer sim ao projeto de Deus, a segurança, a posição social e até mesmo a reputação, ficarão em segundo plano.

No sepultamento de Jesus a aju-da veio de onde menos se espera-va. Ao dizer sim ao projeto de Deus, somos convidados e convidadas a rever os nossos critérios de julga-mento. Rotular pessoas alimenta preconceitos e encurta a nossa visão. Precisamos ter cuidado com isso. O projeto de salvação é para toda hu-manidade, o amor de Deus e o poder transformador de Jesus operam onde querem e da maneira como desejam. Não há limites para o agir de Deus.

Quem espera o Reino de DeusO evangelho de Marcos descreve José de Arimateia como alguém que esperava o Reino de Deus (Marcos 15.43). Tal esperança conduziu a conduta daquele ilustre membro do Sinédrio. Ele não concordou com os

Page 148: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

148 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

seus companheiros (Lucas 23.51), rei-vindicou de Pilatos o corpo e junto com Nicodemos cuidou do seu enter-ro, oferecendo a Cristo a sua própria sepultura (Mateus 27.60). Por esperar pelo Reino, usou seu poder para ga-rantir a dignidade humana. Enterrar o cadáver em uma sepultura era uma forma de lhe honrar a memória.

A espera pelo Reino se traduz em ações que colaboram com a preser-vação da vida, da integridade, da dignidade. Não é qualquer tipo de espera, não é viver uma espirituali-dade egoísta, sem se preocupar com a salvação das pessoas e com a con-strução de um mundo mais digno e justo. A espera pelo Reino faz você superar seus medos e limitações e se engajar completamente na missão.

Mais de 30Kg de admiraçãoExistem dois episódios que se refe-rem à unção de Jesus e sua morte. A primeira unção é a realizada por Maria de Betânia (João 12.1-8), que tomou uma libra (327,45g) de nardo (óleo perfumado) para ungir Jesus. Com esse gesto, Maria demostrou gratidão ao nosso Salvador. Ainda que repreendida, seguiu com seu gesto de adoração.

A segunda foi realizada por Nicodemos que levou cerca de cem libras, mais de 30kg, de um perfuma-do composto de mirra e aloés para preparar o corpo de Jesus. As espe-ciarias tinham duas finalidades: dis-farçar o mau odor e grudar os lençóis no corpo. Este era o tradicional en-terro com especiarias aromáticas

do povo judeu do primeiro século. O valor é um pouco extravagante, mui-tos veem isso como símbolo de Jesus ser enterrado como um rei (Novo Dicionário da Bíblia, 2006, p. 881).

Trinta quilos são trinta quilos em qualquer período da história humana, não dá para esconder essa quantidade. Aquele homem que antes fora procu-rar Jesus à noite, escondido, desta vez não se importou em ser visto neste ato de adoração e de cuidado com Jesus.

Expressões de gratidão e adoração são fruto das transformações que ex-perimentamos quando reconhece-mos Jesus como o Messias e Senhor das nossas vidas, e fazem parte da nossa relação com Ele.

ConclusãoJosé de Arimateia e Nicodemos si-nalizam desafios para nossa vida espiritual no que diz respeito a nos-sa postura de espera pelo Reino e também a como demostramos nos-sa gratidão e adoração ao Senhor. O Cristo Ressurreto é a nossa esperan-ça. Na sua graça encontramos força, sabedoria e coragem para sermos discípulas e discípulos de acordo com a vontade do nosso Deus.

Domingo: João 19.38-42Segunda-feira: João 19.23-27Terça-feira: João 19.28-30Quarta-feira: João 19.31-35Quinta-feira: Isaías 50.1-11Sexta-feira: João 19.17-42 Sábado: João 20.1-18

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 149: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 149

ObjetivoRefletir sobre as transformações que a presença de Jesus provoca nas nos-sas vidas.

Para início de conversaNem sempre é fácil assumir diante de um grupo ou situação a sua fé e re-ligião. Peça que as pessoas partilhem as dificuldades vivenciadas nesse sentido e como lidaram com isso. Se possível, partilhe o seu testemunho também. Conclua afirmando que medo, vergonha ou timidez em testemu-nhar o nome de Jesus faz parte da nossa trajetória, mas por meio de uma vida de santificação nós vamos superando essas dificuldades.

Por dentro do assuntoNo sepultamento de Jesus vemos a participação de duas pessoas que duran-te o Evangelho de João passam quase desapercebidas: Nicodemos e José de Arimateia, ambos faziam parte do Sinédrio, uma espécie de conselho/tribu-nal supremo dos judeus.

Nos tempos de Jesus o grande Sinédrio de Jerusalém se compunha dos sumos sacerdotes, membros das famílias privilegiadas das quais eram tira-dos os sumos sacerdotes, os anciãos e os escribas. A totalidade incluía tanto saduceus quanto fariseus (Novo Dicionário da Bíblia, 2006, p.1275).

A crucificação era uma condenação humilhante, destinada aos piores criminosos. Naquela época era raríssimo que um cidadão romano passasse por isso. A morte de um crucificado era muito lenta e dolorosa, provavel-mente por isso, o centurião e os soldados foram postos de guarda para impe-dir a retirada de Jesus da cruz (João 19. 29). Quando demoravam muito para morrer as suas pernas eram quebradas. No caso de Jesus, isso não aconte-ceu (v.33-36).

A morte de Jesus, para além do plano salvífico de Deus, serviu de exemplo para que outras pessoas com ideias messiânicas não se atrevessem a agir como Ele; era uma forma de parar a rebelião do povo oprimido pela religião e pelo império romano.

Page 150: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

150 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Os relatos sobre Nicodemos e José de Arimateia no evangelho de João pa-recem demostrar uma participação que vai crescendo em termos de envol-vimento no projeto de Jesus, e tem no sepultamento do Mestre o seu ápice. Se até então a participação fora tímida, mas tudo havia mudado, pois cuidar do corpo de um crucificado era assumir um risco muito grande. A Bíblia de Estudo da Reforma (SBB, 2017) afirma: “José de Arimateia e Nicodemos, dis-cípulos de Jesus, que permaneceram em oculto por meio dos judeus, hon-ram Jesus, encarregando-se do seu sepultamento” (p. 1798).

Existem pessoas que, desde muito cedo, no seu seguimento de Jesus, já assumem uma postura pública de sua fé, não têm vergonha de se dizer cristãs, são enfáticas na sua atuação missionária. Geralmente nós admira-mos e honramos essas pessoas. Mas há quem trace caminhos diferentes, pessoas que, sendo mais tímidas, sentem medo. E quanto a estas pessoas? Como agimos?

Nós, como professoras e professores, temos o compromisso de encorajar pessoas que são tímidas na fé a seguirem em busca do seu fortalecimento espiritual. Sem desmerecê-las ou julgá-las, podemos incentivá-las em suas transformações. A maturidade cristã se revela em nossas atitudes, no nosso testemunho. Nós somos conhecidos e conhecidas pelos nossos frutos. E os frutos de quem serve a Deus alimentam a vida das pessoas que precisam.

Para saber maisSobre a crucificação: https://goo.gl/aUE4zq. Acesso em 05/11/2017.

Por fimProponha um tempo de oração pela vida espiritual da sua classe.

BibliografiaBÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo da Reforma. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), 2017.BORTOLINI, José. Como ler o Evangelho de João: o caminho da vida. Série “como ler a Bíblia”. São Paulo: Paulus, 1994.DOUGLAS, J. D (org.). O Novo Dicionário da Bíblia. ed. Revisada. São Paulo: Vida Nova, 2006.Public Encyclopedia Services. Sobre Crucificação. Disponível em: https://goo.gl/7A6ciF. Acesso em 18/11/2017.

Page 151: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 151

Lição 23

O CAMINHO DE EMAUS Texto Bíblico: Lucas 24.13-35

“... porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras”? v.32

Diversos são os sentidos atribuídos a palavra caminho. No sentido literal, “caminho” pode significar espaço que se percorre, estrada, direção, via. No sentido figu-

rado, opção de vida, forma de agir, etc. Na Bíblia, a palavra ca-minho também se reveste de muitos sentidos. Além de ser designada como vereda, estrada, atalho, também pode signi-ficar medida de distância: “caminho de um sábado” (cerca de 800 metros – Atos 1,12; Êxodo 16.29); a vida humana (Jeremias 10.23); o comportamento; a conduta (1Reis 15.26; Tiago 1.8).

´

Page 152: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

152 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

Num sentido teológico, a Bíblia, fala dos caminhos de Deus (Isaías 40.3; 58.2), por onde Ele anda e como age, quais são seus planos e desígnios (Salmo 32.8; Isaías 48.17, 55.8); fala do novo e vivo caminho, que significa o acesso à comunhão com Deus pelo sacrifício de Jesus (Hebreus 10.20), que se apresenta como o Caminho (João 14.6). O texto desta lição relata a caminhada de Jesus com duas pes-soas e nos mostra que a sua presença mudou o caminho delas bem como sua forma de caminhar.

No caminho, a desesperançaA ressurreição acabara de aconte-cer, aquelas duas pessoas, ainda que tivessem ouvido o testemunho das mulheres, preferiram não acreditar. Desesperançados, tomaram outro caminho, saíram de Jerusalém para Emaús, uma cidade que segundo o texto ficava a sessenta estádios, isto é, cerca de 11 km (Lucas 24.13). Não se sabe quase nada sobre Emaús, ele assume o sentido de um lugar co-mum, sem muito significado, um es-paço para quem desiste de projetos e sonhos diante das dificuldades que aparecem. Emaús era o lugar da fuga de quem perdera a esperança.

Desesperança era algo que mar-cava a forma deles caminharem para Emaús; conversavam sobre o que ia acontecendo, e de tão imersos que es-tavam nos últimos acontecimentos, ficaram impedidos de reconhecer Jesus. Estavam tão entristecidos que pararam de caminhar (vv.13-17).

A vida cristã é uma espécie de caminhada em direção ao alvo (Filipenses 3.13-14) e as pessoas que nela prosseguem, em algum momento da vida, já caminharam entristecidas, pararam e até mes-mo fugiram em outra direção. Entretanto, Jesus Ressurreto, com-panheiro do caminho, dispõe-se a ir até nós e caminhar conosco.

Primeiro Jesus apareceu àquelas mulheres que foram em sua direção (Lucas 24.1), depois a quem tinha tomado o caminho contrário (vv.13-35) e, por fim, a quem não teve nem coragem de sair de casa para camin-har (João 20.19). Nesses três movi-mentos de encontro, as pessoas não reconheceram de imediato o Mestre, e com isso podemos aprender que ainda que a tristeza e a desesperança ceguem nossos olhos na caminhada cristã, Cristo está conosco. Isso pos-sibilita que a lágrima cesse e que os olhos se abram para uma nova forma de ver Deus e a vida.

No caminho, a lembrançaQuando Jesus se colocou na trilha da desesperança, Ele a transformou na trilha da lembrança. Quais foram as ações de Jesus nessa caminhada? Ele se aproximou (v.15), perguntou (v.17,19), ouviu (vv.18-24) e falou (vv.25-27). Essa metodologia de Jesus nos inspira agir para abençoar as pessoas que caminham ao nosso lado e que se frustram na caminhada com Deus. O que aprendemos com ela? Ao nos dispor a caminhar com alguém que

Page 153: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 153

se entristeceu na vida cristã, temos que nos aproximar com a disponibili-dade de conhecer as experiências da pessoa; para isso é preciso perguntar e calar para ouvir as respostas.

Enquanto caminhavam, Jesus investiu um bom tempo para que aquelas pessoas pudessem se abrir e falar das suas frustrações. Quando elas pararam entristecidas, Jesus também parou. Um ouvido acolhe-dor é mais importante do que um dedo acusador que recrimina a mu-dança de caminho. Um coração pa-ciente é mais importante do que pés inquietos diante de quem desanima na caminhada com Deus.

Depois de se aproximar, camin-har, perguntar e ouvir aquelas pessoas, Jesus começou a falar. Seu discurso estava centrado nas Escrituras (vv.25-27), foi a partir delas que Cristo confrontou aquelas pessoas. Enquanto caminhava em direção a Emaús, foi relembrando o que Moisés e os profetas falaram a respeito do Messias, e de como tudo o que havia acontecido já estava sob o controle de Deus.

Discipular pessoas, como fez Jesus, requer de nós conhecimento das Escrituras e orientação do Espírito Santo para usá-las de forma que aqueça o coração de quem escuta e desperte nas pessoas o desejo de con-hecer mais. Diante de pessoas que se mostram desanimadas, nossa função é usar a Palavra de Deus para relem-brá-las da onipotência, onisciência, e onipresença do Senhor.

No caminho, o descansoA maneira como Jesus se aproxi-mou e ensinava fez com que eles não quisessem se afastar do Mestre. Depois de uma longa caminhada, já era quase noite quando chegaram à aldeia; Jesus fez menção de ir embo-ra, mas foi convidado a permanecer e aceitou o convite (vv. 28-29). Foi nesta hora, à mesa, que Jesus se re-velou. Ao abençoar e partir o pão, foi reconhecido.

A Bíblia não afirma que esses dois discípulos haviam participado da última ceia antes da crucificação, mas certamente conheciam, ainda que de ouvir falar, a forma de Jesus abençoar o alimento, como o fez também na multiplicação de pães que alimentou os cinco mil (v. 9.16) (ASH, 1980, p.335), Jesus está sempre conosco, mas muitas vezes precisa-mos parar para reconhecê-lo. Ele se revela no descanso da nossa alma e também em detalhes. Diante da agitação e frustrações da vida, pre-cisamos aprender a descansar com Jesus. Tudo o que ouvimos e sabe-mos a seu respeito pode se tornar revelado nestes momentos.

No caminho, a mudança A partir do reconhecimento de que era Jesus quem estivera com eles por todo o caminho, “levantaram-se na mesma hora” (v. 33) e voltaram para Jerusalém. Ainda que fosse tar-de, como eles tinham dito ao convi-dar Jesus para ficar com eles, foram para anunciar que o mestre havia

Page 154: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

154 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

ressuscitado. Tinham pressa em compartilhar a notícia que avivaria a esperança de seus irmãos e irmãs. Não havia nada mais importante.

Jerusalém continuava da mesma maneira que quando a deixaram; havia temor, decepção, seus irmãos e irmãs estavam amedrontados e reclusos em casa. O caminho era o mesmo, a estrada com os mesmos perigos se mantinha. Por que voltar? Com os olhos abertos e o coração aquecido, aquelas pessoas tiveram um novo discernimento: Jesus Cristo, o Caminho, lhes mostrara uma nova forma de caminhar!

A promessa se cumpriu! O Cristo Ressuscitou! Jesus venceu a morte! Sua palavra é verdadeira! Agora não mais caminhariam com o olhar nas circunstâncias, caminhavam por fé em Jesus! E, por isso, deveriam voltar,

não poderiam ficar parados, deveri-am anunciar a vitória da Vida sobre a Morte.

Ter Cristo revelado em nós é as-sumir o compromisso de trilhar os caminhos do Reino de Deus, é seguir sua vontade, perseverar nas dificul-dades e se submeter integralmente aos propósitos divinos. Não há estra-da melhor a trilhar!

ConclusãoNosso encontro com Jesus Cristo pode mudar a nossa forma de cami-nhar e orientar os nossos caminhos. Podemos ter o mesmo vigor daque-las pessoas para anunciar o Cristo ressurreto. Há muitas pessoas em dúvida, sem esperança, andando na direção contrária à da vontade de Deus. O Senhor nos chama para nos voltar para essas pessoas.

Domingo: Lucas 24.13-35Segunda-feira: Salmo 1Terça-feira: Salmo 25Quarta-feira: Salmo 37Quinta-feira: Isaías 55Sexta-feira: Romanos 11.33-36Sábado: Hebreus 10

BATE-PAPO

Quais os desafios que

Jesus Cristo propõe para a

caminhada da juventude na

sua igreja local?

LEIA DURANTE A SEMANA

Page 155: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 155

ObjetivosRefletir sobre os motivos que nos levam a desanimar na caminhada cristã e muitas vezes fugir da nossa realidade; pontuar que Jesus está conosco e que ao ouvir sua palavra nossa fé é estimulada, e nosso coração aquecido.

Para início de conversaLeia o texto bíblico e em seguida peça que a turma escute a música “A par-tida e o norte”, Estevão Queiroga e então peça que a turma relacione a letra da música com o texto bíblico. Veja a letra:

Por dentro do assuntoNessa lição afirmamos a constante e respeitosa presença de Jesus Cristo em nossa caminhada, em nossa vida, ainda que muitas vezes não o reconheça-mos. Também enfatizamos a importância de se aproximar de pessoas que estão sem esperança, desanimadas na caminhada da vida e da fé.

Quando eu parti partiu-se em mim meu coraçãoMeus pés tremeram ao pisar em outro chãoEu disse adeus e a Deus eu disse sem razãoQue a minha companhia era a solidãoO fogo me queimou, mas me aqueceuA luz que me cegou, me fez ver DeusMinh’alma se fartou sem água e pãoA mãe da esperança é a provaçãoPor sobre a estrada anoiteceu e amanheceuE eu vi que os dias mais sombrios também são teusO homem que eu parti de casa se perdeuE a caminhada fabricou um novo euO caminho muda, e muda o caminhante

É um caminho incerto, não um caminho erradoEu, caminhante, quero o trajeto terminadoMas, no caminho, mais importa o duranteDeixei pegadas lá no vale da morteUm solo infértil aos meus muitos defeitosMinha vida alargou-se em caminhos estreitosE eu vi vocêA PartidaE o NorteO fogo me queimou, mas me aqueceuA luz que me cegou, me fez ver DeusMinh’alma se fartou sem água e pãoA mãe da esperança é a provação

Fonte: https://goo.gl/qdgXuy

Page 156: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

156 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

O texto de Lucas 24.13-35 é um texto clássico para ilustração da pedago-gia de Jesus. Na maneira como Jesus agiu em relação àquelas pessoas, nós encontramos pistas de como devemos agir como professoras e professores de Escola Dominical. No entanto, a ênfase nessa lição não é o método peda-gógico de Cristo, mas a maneira como Ele pode, positivamente, interferir na nossa caminhada, mudando a forma de ver, entender e viver a vida.

Esse texto faz parte do bloco de aparições de Jesus Cristo após a sua res-surreição, no intuito de animar seus discípulos e discípulas a prosseguir. Na caminhada com eles, Jesus alertou sobre a sua morte, mas as pessoas tive-ram dificuldades de compreender (Marcos 9.30-31; Lucas 18.31-34). Havia uma ideia construída havia séculos sobre como seria a vitória do Messias; ela seria por meio do triunfo, não da morte, e pensar algo diferente disso era muito difícil. Nós lemos o episódio da morte de Jesus já conhecendo o fi-nal, a sua ressurreição. No entanto, quem havia caminhando com o Mestre, posto nele as suas esperanças, tinha motivos para desanimar, para achar que tudo tinha se acabado. Aquelas pessoas que voltaram para Emaús eram mais duas que estavam vivendo a incredulidade que abateu muita gente do grupo de Jesus.

Os esquemas rígidos para interpretar a vida e as Escrituras colaboraram para que eles não conseguissem reconhecer Jesus enquanto caminhavam. Já não tinham acreditado nas mulheres e agora ficara impossível de reco-nhecer o Salvador. Diante do não reconhecimento, Jesus enxergou ali o terreno propício para prosseguir. Caminhou com eles, fez perguntas como estratégia para que expusessem sua forma de pensar e, diante do que reve-laram, usou as Escrituras para confrontar a forma estreita com que estavam enxergando a realidade. A presença de Jesus no caminho foi tão amorosa, que fez com que aquelas pessoas o convidassem para ficar em casa. Esse comportamento permitiu que Jesus partilhasse da intimidade deles e, no gesto do partir o pão, a Palavra se uniu a prática e os olhos se abriram.

O Cristianismo tem como base o testemunho de vida, isto é, teoria que confirma a prática, prática que confirma a teoria. Caminhar e interagir com Jesus muda a forma de agir. Quando os discípulos conseguiram enxer-gar Jesus Cristo, eles mudaram o discurso e a direção da sua caminhada. Adquiriram o de que era preciso voltar para Jerusalém e anunciar a ressur-reição, proclamando vida em meio ao caos. Havia pessoas em Jerusalém que, assim como eles, careciam daquela boa notícia.

Caminhar com Cristo muda a nossa forma de ver. Não deixamos de en-xergar a realidade, nem tampouco necessariamente haverá sempre a mu-dança favorável das circunstâncias. A mudança na forma de enxergar tem a

Page 157: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 157

ver com o entendimento que vamos adquirindo, a sabedoria de quem escuta a Palavra e que a tem revelada pela boa graça de Deus. O lugar das Escrituras nesse processo de libertação é fundamental.

Uma curiosidade: Com base em João 19.25, existem algumas linhas da pes-quisa bíblica que aventam a possibilidade dos dois discípulos no caminho para Emaús serem um homem e uma mulher. Veja o que aponta DREHER (1993): “Duas pessoas caminham numa estrada. Vêm de Jerusalém, seguem para Emaús, uma pequena aldeia na qual moram. Pelo relato, estas pessoas faziam parte do grupo que seguia Jesus. Parecem ser um casal, um homem e uma mu-lher. O homem se chama Cleopas. Ficamos sabendo isso, quando ele fala (v.18). A outra pessoa não tem nome. Também não fala. Não parece estar em pé de igualdade com Cleopas, ao menos para a sociedade daquele tempo. O texto não diz quem é. Mas sabemos de João 19.25 que, junto à cruz, estava, ao lado da mãe de Jesus, de sua irmã e de Maria Madalena, ainda uma outra Maria, mulher de Clôpas. E acreditamos que a mulher de Clôpas deve ser aquela pessoa que an-dava com Cleopas – o mesmo Clôpas – no caminho de Emaús” (p. 8-9).

Por fimTermine com a seguinte história: “Conta-se que num grupo de estudo bíbli-co, no se estudava a história de Emaús, alguém perguntou, ao final da narra-tiva: “Para onde Jesus foi?” E a pergunta se repetiu de boca em boca. Até que uma pessoa bem humilde, que até ali estava sentada bem quietinha na roda, arriscou: “Eu sei para onde ele foi!”. O grupo todo quis saber. “Para onde?” E algumas pessoas até deram uma risadinha, pensando que a resposta seria: “para o céu”, mas logo pararam de rir, ao ouvir o que aquela pessoa tinha a dizer: “Ele foi para dentro deles!”. Esta resposta surpreendente acerta na mosca. De fato, Jesus foi para dentro deles, pois são eles que vão assumir agora a missão que Jesus deixou. Vão voltar para Jerusalém, para continuar a história, a Missão” (DREHER, 1993, P.54-55).

Ao fim, encoraje as pessoas a prosseguirem na missão e ore com o grupo por isso.

BibliografiaKÜNTZER, Renato. Prédica: Lucas 24.13-35. Proclamar Libertação - Volume: XXXVIII. Disponível em: https://goo.gl/pyNpbh. Acesso em 10/11/2017.SCHIEFERDECKER, Jorge. Prédica: Lucas 24.13-35. Proclamar Libertação - Volume: XXVII. Disponível em: https://goo.gl/JScijz. Acesso em 10/11/2017.DREHER, Carlos A. O caminho de Emaús. Leitura bíblica e educação popu-lar. Serie “A Palavra na vida”, n 71/72. 1993.

Page 158: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

158 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

METODOS DE ENSINO NA ESCOLA DOMINICAL

A pedagogia apresenta diversos métodos e estratégias para o desenvol-vimento de uma boa aula, que podem ser usados isolada ou combina-damente, levando-se em consideração as características do público

de estudantes e os assuntos ou matérias que se ensina. Selecionamos aqui alguns deles, que entendemos ser úteis para o enriquecimento das aulas de Escola Dominical. Eles podem ser usados combinadamente ou individual-mente. Adapte o que for preciso levando em conta o tamanho e as caracte-rísticas da classe e o tempo de aula.

Aula expositiva dialogada: A exposição do conteúdo é feita com a participação ativa da classe, que

deve conhecer previamente o conteúdo (ler a lição antes da aula). O(a) pro-fessor(a) faz perguntas, pede exemplos e articula o conteúdo com a realida-de e experiências do grupo. Depois de introduzir a aula, verifique se a lição foi lida ou se há conhecimento prévio do assunto. Ao fazer as perguntas e pedir exemplos, certifique-se de que ninguém monopolize a palavra, res-pondendo sempre e tomando muito tempo da aula. Tenha sempre uma resposta preparada ou um meio de prosseguir o assunto caso ninguém res-ponda às questões propostas.

Cuidados: alinhar as respostas e conectá-las ao conteúdo, evitar desvio do tema da aula, acatar e respeitar todas as participações.

Estudo de textoObjetiva explorar as ideias de um(a) autor(a) através do estudo crítico de

um texto. Na ED é ideal ser aplicado em pequenos grupos, com uso de ques-tões que orientam o estudo. Isso pode ser feito para o estudo do texto bíblico ou seções da revista. Divida a classe em grupo, depois de introduzido o tema e objetivos da aula, e proponha o estudo a partir de questões ou ideias a ex-

´

Page 159: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

ANDAR COM DEUS E FAZER O BEM 159

trair do texto. Pode ser feito com o mesmo texto para todos os grupos ou cada grupo estuda uma parte do texto. Depois de um tempo de discussão em grupo, fechar a aula com apresentação das conclusões através de relato dos grupos e suas observações sobre cada apresentação dentro da proposta da aula.

Tempestade CerebralInteressante para introduzir a aula e desenvolver uma temática a partir

do conhecimento prévio da classe. Pode ser feita oralmente ou por escrito. Diante de um tema apresentado ou pergunta sobre ele, cada aluno e alu-na deve se expressar em frases curtas ou uma palavra que relacionada ao tema/pergunta. A partir da anotação das expressões, constrói-se a formula-ção dos conceitos e lições da aula/temática apresentada.

Observações e cuidados: estabelecer regras para as expressões da classe previamente: ex.: somente frases curtas (até x palavras); não se pode deba-ter as ideias apresentadas no primeiro momento; cada pessoa fala na sua vez. Tenha o cuidado de considerar todas as ideias, peça esclarecimento caso não pareça haver relação com o tema, e a partir das ideias apresenta-das envolva o conteúdo da aula, deixando que a própria classe conclua se houver ideias fora do tema, sem críticas diretas às ideias e pessoas.

Estudo dirigidoÉ o estudo do tema feito sob a orientação e diretividade do(a) profes-

sor(a), visando sanar dificuldades específicas. No caso da Escola Dominical, esse método pode ser usado, por exemplo, propondo-se a leitura da lição a partir de um roteiro elaborado pelo(a) professor(a), com compartilhamento posterior. A leitura pode ser individual, em duplas ou grupos maiores, de-pendendo da realidade da classe e tempo disponível para a aula. Esse estu-do pode ser proposto também para a aula seguinte. Apresenta-se o roteiro previamente e a classe tem a tarefa de trazer o assunto para apresentar na próxima aula a partir da leitura dirigida feita na semana.

Observação: o roteiro deve ser feito a partir dos objetivos propostos para a aula. Nesse roteiro devem estar sinalizados os principais pontos a ser des-tacados durante o estudo/ leitura da lição, seja ela feita em aula ou em casa. É importante que haja apresentação breve do resultado do estudo por parte dos alunos e alunas e as devidas observações do(a) professor(a).

Page 160: Jovens - Rede Metodista de Comunicação · Incentive-os a fazer a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana. Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo

160 CRUZ DE MALTA | PRofEssoR(A)

DramatizaçãoÉ a representação teatral, a partir de um tema, realizada pelos alunos e

alunas, que visa instigar para a vivência da realidade do texto e se envol-verem com o mesmo. Pode conter explicitação de ideias, conceitos, ar-gumentos, e ser também um jeito particular de estudo de casos, já que a teatralização ajuda na compreensão e apreensão de conteúdos. O roteiro pode ser dado pelo(a) professor(a) ou ser elaborado pela classe. É impor-tante que a dramatização seja objetiva e dentro dos propósitos da aula. Pode ser feita em grupos pequenos ou envolvendo toda a turma. Depois da dra-matização é importante haver uma conclusão do assunto através de breve debate ou pontuação das ideias principais.

Cuidados: nem todas as pessoas gostam de fazer dramatização, então é importante perceber isto e dar a estas pessoas tarefas que contribuam, como narração, ajuda em cenários, e até anotações dos principais pontos apresentados na dramatização.

Outras estratégias e metodologias podem ser encontradas na bibliografia

Para saber maisMétodos e acessórios de Ensino. https://goo.gl/QGHGXt. Acesso em 20/10/2017.Socorro! Sou professor da Escola Dominical. https://goo.gl/WRTrN2. Acesso em 20/10/2017.

BibliografiaANASTASIOU, Léa da Graças Camargos &ALVES, Leonir Pessate. Estratégias de Ensinagem. Disponível em: https://goo.gl/6zoM4C. Acesso em 06/10/2017.