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JUP - Janela Única Portuária, o Simplex do Mar Uma melhoria para a simplificação do fluxo de informação portuária. Fernanda Nunes Ferreira 1

JUP - Janela Única Portuária, o Simplex do Mar

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Texto de Fernanda Nunes Ferreira sobre a Janela Única Portuária

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JUP - Janela Única Portuária,o Simplex do Mar

Uma melhoria paraa simplificação do fluxode informação portuária.

Fernanda Nunes Ferreira

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Título: JUP - Janela Única Portuária, o Simplex do MarAutora: Fernanda Nunes Ferreira

Coordenação editorial: Transportes & Negócios / Riscos EditoraFoto da capa: APSS

escreva sobre transportes NÓS PUBLICAMOSé uma iniciativa da ADFERSIT,

com a colaboração do Transportes & Negócios como media partner

Os textos publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores enão vinculam nem a ADFERSIT nem o TRANSPORTES & NEGÓCIOS

Setembro 2012

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JUP - Janela Única Portuária,o Simplex do Mar

Fernanda Nunes Ferreira

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1. Sistemas de informação

Os serviços logísticos integrados são condição essencialpara o desenvolvimento do transporte marítimo e portuário.Esses serviços tornam-se mais céleres com a adopção de umaestratégica que passa pelos sistemas de informação e pelaacessibilidade às novas tecnologias visando desta forma umamelhoria do processo.

No transporte marítimo e portuário observamos umacomplexidade de acções e intervenientes com funções dísparesentre si, pelo facto de ser também um meio de transporte in-ternacional, logo com ligações a outros países, e pelo facto depermitir estabelecer diversas e diferentes relações comerciaisentre as entidades envolvidas.

Na indústria marítima - e no caso concreto de Portugal -a informação disponível não estava acessível a todos os interve-nientes e a quem dela necessitasse.

Os sistemas de informação relacionados com este sectoreram até há pouco deficitários. Tornou-se então urgente queexistisse um sistema de informação on-line que permitisse essaacessibilidade a dados tão importantes como o que entra e saido nosso território pelos portos nacionais.

Surge assim a JUP - Janela Única Portuária.

2. Logística marítimo-portuária

A actividade logística ligada à indústria marítima e por-tuária é diversa no que concerne às actividades e consequen-temente com uma complexidade de acções e intervenientes.

Podemos falar de actividades relacionadas somente comos portos na sua componente hinterland, entenda-se o que pode

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o território que cerca um porto oferecer a essa comunidade, efalamos concretamente de:

- acessibilidades rodoviárias, fazer entrar e sair merca-dorias do porto de uma forma rápida de e para os seus clientes;

- as ligações com plataformas portuárias, criandodisponibilidade de um porto (na sua área ou nas suas proxi-midades) oferecer espaços de armazenagem para mercadoriasque fiquem em stock;

- oferecer aos armadores que “visitam” um porto serviçosde complementaridade, como por exemplo manutenção e lim-peza de contentores, serviços de ship chandlers (assistência apessoal a bordo do navio).

Por outro lado, podemos também observar o que os portospodem significar em termos de ligações a outros portos, com-plementando os serviços entre si, por exemplo a vocação decada porto, uns mais dedicados à logística automóvel (naviosro-ro), outros mais dedicados à logística dos contentores ouainda vocacionados para carga geral e convencional.

São inúmeras as possibilidades da logística nesta indús-tria, desde que sejam tidas em conta as mais-valias a seremapresentadas a montante e a jusante, entenda-se da terra parao mar e do mar para a terra.

3. Plataforma Portuária – Interface logístico com váriasfronteiras

As ligações entre as diversas entidades que interagemnum porto são múltiplas, os serviços prestados pela comunidadeportuária envolvem empresas privadas e organismos públicos.Entre todas estas entidades - e estamos concretamente a falar,entre outros, de Agentes de Navegação, Transitários ou Despa-

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chantes Oficiais, enquanto entidades privadas, e de AutoridadeMarítima, Capitania, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, en-quanto entidades estatais - existe a necessidade da troca deinformação, que sem um sistema de informação pode induzirem falsos erros, perda inclusivamente da própria informação,ou até mesmo originar informação repetida.

É importante que todas as entidades intervenientes pos-suam igual acesso a uma base de dados, que permita o desen-volvimento de actividades e planeamento de tarefas inerentesa esta indústria, como por exemplo a marcação para os serviçosda capitania de um pedido de pilotos para acompanhar umnavio desde a sua entrada na barra até à acostagem na doca doporto (esta informação tem de ser do conhecimento de todosos intervenientes), do SEF para verificar quem vem a bordo,da Autoridade portuária para marcar o cais; no caso dasentidades privadas, por exemplo do agente de navegação parapreparar toda a documentação necessária para entrega na Al-fândega e contactar com o cliente da carga. Em suma, é de vi-tal importância que todos tenham simultaneamente acesso aesta informação.

4. As Tecnologias de Informação como factor demelhoria para os processos

As Tecnologias de Informação cresceram exponencial-mente nos últimos anos, permitindo melhorar e optimizar pro-cessos, contribuindo assim para a competitividade das empre-sas, facilitando a troca de informação entre parceiros de negó-cios, e visando a comunicação electrónica entre empresas.

Como exemplo disso, falamos no contexto deste artigodo uso do EDI (Electronic Data Interchange), que se baseia no

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movimento “virtual” entre duas aplicações informáticas comlocalizações diferentes, possibilitando desta forma eliminar ofluxo físico de documentação.

No contexto da indústria marítimo-portuária, o EDI per-mite ainda reorganizar os processos, não se limitando somentea desencadear acções mas a agilizar os próprios processos.

Aquando da estadia de um navio num porto é necessáriaa prestação de vários serviços, entre outros o fornecimento deágua, electricidade, combustível e recolha de resíduos; destemodo urge que seja fornecida informação fiável e em simul-tâneo para todas as entidades, pessoas e empresas que possamassegurar esse tipo de serviços, porque terão de ser realizadosdurante o mesmo período de tempo, ou seja, enquanto o navioestiver ancorado, com autorização para o efeito.

A transferência electrónica de dados, EDI, tem já nestaindústria do mar o seu upgrade para o XML, que utiliza umcanal privilegiado, a internet, obtendo dessa forma uma fiabili-dade na troca de informação.

Os processos são assim melhorados significativamenteem face da celeridade com que decorrem e com que permitema realização rápida de acções.

5. O Plano Tecnológico

Portugal tem um para cumprir um Plano Tecnológicoaté 2015, que visa uma alteração profunda, a vários níveis, danossa sociedade, passando pelas pessoas empresas e insti-tuições, no intuito de com um esforço transversal a todos to-marmos consciência de que temos de inovar e modernizar,apresentando e implementando medidas viáveis e concretaspara tal.

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Este plano deve ser entendido como uma estratégia quepromova os nossos níveis de competitividade e desenvol-vimento do nosso País, e que assenta em três grandes áreas:

1. Área do Conhecimento;2. Área da Tecnologia, que visa fomentar o avanço tecno-

lógico3. Área da Inovação, que visa fomentar a adopção de

novos processos em face da globalização

6. PORTMOS – Integração do sistema marítimo--portuário nas Auto-Estradas do Mar

Este sistema visa que sejam revistos os procedimentosem vigor nos portos, a nível administrativo e a nível operacio-nal, e que assentam em base informática, de forma a simplificara componente administrativa e operacional. Pretende-se comisso facilitar as ligações entre todos os intervenientes, quer anível da cadeia logística, quer a nível das entidades privadase estatais.

No contexto das Auto-Estradas Marítimas, pretende-seque este sistema possibilite a integração de todos os terminaisportuários europeus, bem como das plataformas logísticas,visando agilizar todos os elos da cadeia logística.

Este sistema assenta num projecto que se divide em trêsfases:

Fase 1 – visa definir o conceito e o modelo de requisitosorganizacionais, operacionais, de infra-estruturas e de infor-mação, assim como os procedimentos necessários à integraçãodo sistema marítimo e portuário a nível nacional e que irá per-mitir a integração nas auto-estradas marítimas.

Fase 2 – análise do desenvolvimento adequado no que

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concerne à informação e estruturas necessárias de apoio àsauto-estradas marítimas.

Fase 3 – Iniciativas, que visem elaborar novas possibili-dades de interacção com entidades internacionais apelando àparticipação dos portos nacionais.

As fases 2 e 3, que decorrem em conjunto, tornaram jápossível que fosse elaborada a arquitectura da informação epermitiram já a acessibilidade a uma plataforma de serviços(PORTMOS), possibilitando a integração de todo o fluxo deinformação.

7. JUP – Janela Única Portuária

A Janela Única Portuária é uma plataforma comum detransmissão de dados que visa garantir o fluxo de tráfego ma-rítimo por via a uma integração de processos agrupando todosos diferentes portos que estiverem associados.

A JUP permite ter a visibilidade a todas as entidades en-volvidas na comunidade marítimo-portuária, optimizando pro-cessos e acções e tornando o sistema de acesso a informaçãomarítimo-portuária mais rápido, eficaz e eficiente.

Esta plataforma comum a todos os membros da Comuni-dade Marítimo-Portuária possibilita que toda a informação(dados) seja tratada e processada antecipadamente à chegadado navio e mercadorias ao porto.

As entidades que necessitam de informação on-line emantecipação por parte das Autoridades do Estado são:

- Administração Portuária;- Capitania;- Direcção Geral das Alfandegas;- Serviço de Estrangeiros e Fronteiras;

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- Sanidade Marítima e Inspecção Veterinária.Como prestadores de serviços associados a esta

plataforma temos:- Terminais Portuários;- Agentes de Navegação;- Despachantes Oficiais;- Transitários;- Fornecedores de serviços diversos.A JUP proporciona e possibilita ainda um serviço adicio-

nal ao Estado, porque permite o controlo em tempo real parao combate à fraude e evasão fiscal, sendo que é possível saberconstantemente a localização dos contentores desde que entramna zona portuária até à sua saída.

7.1. JUP permitiu reduzir 31 horas no processoalfandegário

A Janela Única Portuária foi um processo que demorou,desde a sua concepção até à sua implementação, cerca de 10anos e neste momento funciona em todos os portos portugueses.

Anteriormente, tínhamos podido observar já uma tenta-tiva com um sistema piloto denominado PCOM (PlataformaComum de Gestão Portuária), que teve a sua estreia no portode Lisboa. Este sistema esteve ainda em teste durante algumtempo e serviu de alavancagem para a actual Janela ÚnicaPortuária.

Esta plataforma é um sistema de um grande nível decomplexidade tecnológica e actualmente transformou-se numaferramenta imprescindível a toda a comunidade marítimo--portuária, desde as administrações portuárias aos agentes eco-nómicos da indústria do mar, sendo que simplificou procedi-

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mentos e tornou mais célere os processos.Hoje em dia não necessitamos de aguardar dois a três

dias para ter um despacho de um navio ou de mercadorias,sendo que a informação é transmitida em avanço: quando onavio chega existe já parte de um serviço administrativo e bu-rocrático que teve lugar anteriormente, permitindo que o tempode estacionamento do navio se tornasse substancialmente maisreduzido e optimizado. Esta situação é de uma importânciaextrema para as nossas exportações e também importações.

Todos os procedimentos aduaneiros foram agilizados. Asimplificação de todo o sistema aduaneiro, pagamento de taxase direitos, tem um significativo impacto na nossa economia:tudo acontece mais rapidamente gerando proveitos tambémmais imediatos.

Este projecto foi liderado pelo Ministério das Obras Pú-blicas Transportes e Comunicações (MOPTC) e pela APP (As-sociação dos Portos de Portugal) e foi suportado também pelaComissão Europeia através de Linha Orçamental das RedesTranseuropeias de Transporte (RTE-T).

A Direcção Geral das Alfândegas e dos Impostos Espe-ciais sobre o Consumo (DGAIEC), em conjunto com as admi-nistrações portuárias dos portos de Lisboa, Sines e Leixõesestabeleceram um acordo de compromisso para a implemen-tação da Janela Única Portuária. Posteriormente deu lugar aoPIPE (Procedimento e Informação Portuária Electrónica) oque permitiu estender a JUP aos restantes portos portugueses.

A título de informação adicional, Portugal fica a assim apar de alguns países que têm já sistemas semelhantes. No entan-to existem ainda países europeus que não detêm estes sistemasde informação integrada para o sector marítimo, antes possuempequenos sistemas alocados somente a um porto indivi-dualmente, mas não integrados e cobrindo todo o seu território.

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8. Conclusão

Portugal é um país com natural vocação para os assuntosdo Mar e é fulcral que invista no potencial que tem na suaCosta Atlântica. Economicamente será importante que dedi-quemos atenção a esta questão, pois das nossas acções podemadvir benefícios desde que estrategicamente analisados.

Importa saber qual a melhor forma de conseguir juntarparceiros de uma mesma indústria, de um mesmo sector paraque concorram em conjunto com as melhores práticas do quese faz a nível europeu e mesmo a nível mundial. Ter a noçãoexacta de todas as cargas/mercadorias que entram e saem donosso território faz ter a possibilidade de analisar todo o poten-cial dos nossos portos.

Devemos no entanto salientar que não menos importanteé conseguirmos gerir todo o fluxo da informação para as entida-des que estão envolvidas nesta indústria do Mar. A globalizaçãoobriga-nos a ser mais competitivos, inovadores e empreende-dores; a concorrência obriga-nos a estarmos atentos a todas asoportunidades.

As tecnologias de informação bem geridas posicionam--nos numa situação vantajosa, permitindo estar ao lado de par-ceiros internacionais. E se conseguirmos garantir que a gestãoe controlo dessa informação é eficaz preparamo-nos para ser-mos mais competitivos a par dos nossos parceiros globais.

A JUP - Janela Única Portuária é somente o início deum longo caminho que nos colocará numa posição maisvantajosa em termos de conhecimentos de gestão, e que per-mitirá a todos os envolvidos tornar o fluxo de informação maiscélere, optimizando os processos, aliviando a carga admi-nistrativa (paperless) e permitindo acções e tomadas de decisãoem face dos serviços mais consistentes e com menos falhas.

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9. Referências bibliográficas

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Fernanda Nunes Ferreira,

pós-graduada em Logística eactual Mestranda, a defender atese “Factores decomplementaridade entre osPortos de Setúbal e Lisboa”,frequentou a licenciatura emDireito. Com mais de 26 anosno sector logístico e marítimo,foi directora de logística naMSC- Mediterranean ShippingCompany, segundo maiorarmador mundial, da Pioneerem Portugal, e projectmanager no grupo espanholDragados. Ex-consultora daLOGZ, Plataforma Logísticado Poceirão e ex-consultorada Sadoport, concessionáriado terminal multiusos doPorto de Setúbal.

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