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Destaques 2 || Educação 6 || Sociedade 10 || JUPBOX 13 || U.Porto 14 || FLASH 16 || Desporto 18 || Cultura 22 || Críticas 27 || Cardápio 28 || Opinião 29 || Devaneios 31 NOVEMBRO ‘10 Jornal da Academia do Porto || Ano XXIII || Publicação Mensal || Distribuição Gratuita Directora Aline Flor || Director de Fotografia Miguel Lopes Rodrigues || Directora de paginação Natacha Cunha Chefe de Redacção Dalila Teixeira Manifestação a 17 de Novembro Estudantes saem à rua O que muda para Portugal? P4 Alternativas para viajar ao menor preço P22 Férias da nossa geração Cimeira da NATO

JUP Novembro 2010

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Jornal da Academia do Porto || Ano XXIII || Publicação Mensal || Distribuição Gratuita || Directora Aline Flor || Director de Fotografia Miguel Lopes Rodrigues || Directora de paginação Natacha Cunha || Chefe de Redacção Dalila Teixeira

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Page 1: JUP Novembro 2010

Destaques 2 || Educação 6 || Sociedade 10 || JUPBOX 13 || U.Porto 14 || FLASH 16 || Desporto 18 || Cultura 22 || Críticas 27 || Cardápio 28 || Opinião 29 || Devaneios 31

NOVEMBRO ‘10

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Manifestação a 17 de Novembro

Estudantes saem à rua

O que muda para Portugal? P4

Alternativas para viajar ao menor preço P22

Férias da nossa geração

Cimeira da NATO

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6170/2010, na eventualidade do não pagamento de propinas é prevista “a suspensão da matricula e da ins-crição, com privação do direito de acesso aos apoios sociais até à regu-larização dos débitos, acrescidos dos respectivos juros, no mesmo ano lectivo em que ocorreu o incumpri-mento da obrigação”.

No final da assembleia magna, o presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC) disse que a acção no dia 17 de Novembro serviria para “exigir ao Governo a revogação do decreto-lei 70/2010 para evitar que estudantes saiam do sistema de ac-ção social e consequentemente do ensino superior”

A Assembleia Magna de Coim-bra ditou o regresso à luta de rua. Os estudantes da Universidade de Coimbra assim adoptam uma pos-tura mais “agressiva” na luta por uma acção social escolar mais justa e solidária.

ATÉ O CANGURU PERDEU A BOLSAO cortejo da Latada de Coimbra

Estudantes às ruasUma manifestação nacional de estudantes do Ensino Superior foi convocada pela Associação Académica de Coimbra. A 17 de Novembro, várias associações de todo o país estarão em Lisboa para reivindicar o direito a melhores apoios sociais.

Mariano Gago satirizado nos muros da cidade do Porto

NUNO MONIZ

ela vem contestar os regulamentos universitários que impedem alunos de se matricular e, subsequente-mente, concorrer à bolsa de acção social escolar. Este tipo de entra-ves legais também se encontra na Universidade do Porto. Segundo o artigo 4º do “Regulamento de Propi-nas da UPorto” com o despacho nº.

vindicações a “redução imediata da propina”, “mais financiamento para o Ensino Superior”, “igualdade no acesso à acção social por parte dos estudantes nacionais e estrangeiros” e que “nenhum estudante seja im-pedido de se matricular por ter dívi-das para com a Universidade.”

Referente à última revindicação,

ção começa na Cidade Universitária e termina na Assembleia da Repúbli-ca. O objectivo principal é contestar a legislação que estabelece condi-ções para a atribuição de bolsas e o Decreto 70/2010.

Contudo, segundo a moção apro-vada na Magna de Coimbra, a ma-nifestação terá também como rei-

No dia 17 de Novembro, estudan-tes do Ensino Superior vão invadir as ruas de Lisboa. Os estudantes de Coimbra decidiram, na madrugada de 30 de Setembro, convocar uma manifestação com âmbito nacional em protesto contra a legislação que estabelece as actuais condições para atribuição de bolsas de estudo. A ac-

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JUP || NOVEMBRO 10 || 3 Des

taqu

e

apresentação do novo Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo (a 3 de Setembro de 2010). Após várias horas de discussão, o ENDA apresen-tou 4 deliberações. Primeiro, apre-sentar uma proposta de normas téc-nicas ao MCTES e à DGES. Segundo, entregar um cheque de 98 euros e 60 cêntimos, com o intuito de su-portar as horas extra de trabalho do Sr. Ministro para que possa, dessa forma, finalizar o regulamento de atribuição de bolsas de estudo pelo qual os estudantes desesperam há vários meses. Terceiro, exigir o con-gelamento do preço da refeição so-cial e do alojamento em residência universitária para o ano 2010/2011, no anterior valor atribuído a estes parâmetros. Por ultimo, reunir com o Primeiro-Ministro, José Sócrates.

NOVAS NORMAS TÉCNICAS, MAIS EXCLUSÃO

Dirigentes estudantis de vários pontos do país pretendem mais fi-nanciamento e mais justiça na ac-ção social escolar, visto que após a fixação das normas técnicas no dia 14 de Outubro espera-se que um considerável número de estudantes deixará de ser apoiados. Segundo Miguel Portugal, presidente da AAC, o actual regulamento de atribuição de bolsas tem “bons princípios”; contudo, não aceita a saída de estu-dantes do Ensino Superior devido à falta de apoios.

De acordo com as normas técni-cas, se um aluno estiver em perigo de prescrever, deixa de ser elegível para bolsa. O aproveitamento esco-lar é considerado segundo o critério de obter mais de 50% dos ECTS em que se inscreveu. Isto é, se um alu-no do Ensino Superior se inscrever

foi aberto por um canguru, sem bolsa. O canguru foi escolhido para simbolicamente representar os es-tudantes do ensino superior que, com os recentes cortes no finan-ciamento do Ensino Superior e na acção social escolar, vão começar a sentir ainda mais dificuldades na hora de pagar as propinas e outras despesas associadas à frequentação da Universidade. Sátira esta que foi acompanhada por um protesto em que vários membros de núcleos de estudantes da AAC desfilaram pe-las ruas de Coimbra de mão atadas, fazendo alusão aos estudantes que

frequentam a Universidade com poucos apoios e que actualmente se encontram forçados a abandonar o ensino superior devido à falta de apoios económicos.

Para alem do canguru, ao longo das quatro horas do cortejo, José Sócrates, Mariano Gago e António Marinho Pinto foram outras perso-nalidades públicas que foram satiri-zadas no Cortejo da Festa da Latada em que os cortes na acção social escolar e a falta de condições nas residências estudantis estiveram na ordem do dia. Pelo percurso liam-se frases como “Quem rouba assim é Gago”.

Ainda antes da publicação das normas técnicas do novo regula-mento de atribuição no passado dia 14, planeou-se um acampamento em Lisboa, de forma a forçar o lança-mento das mesmas. O acampamen-to, proposto por cinco associações de estudantes, foi discutido mas não aprovado na reunião extraordinária do Encontro Nacional de Direcções Associativas (ENDA).

ENDA EXTRAORDINÁRIO, FRACAS CONCLUSÕES

A 11 de Outubro, reuniu-se um En-contro Nacional de Direcções Acadé-micas (ENDA) extraordinário que de-correu nas instalações da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Este ENDA foi convocado pela Fe-deração Académica do Porto com carácter de urgência, com um único ponto na ordem de trabalhos; Acção Social directa e indirecta. As normas técnicas concretizadoras do novo Regulamento de Atribuição de Bol-sas de Estudo não tinham sido apro-vadas, passado mais de um mês da

a 3 cadeiras em que uma delas te-nha mais ECTS que as outras duas cadeiras, mesmo obtendo aprovei-tamento às duas cadeiras que têm menos créditos e não obtendo apro-veitamento à terceira, o aluno fica sem direito a bolsa. De acordo com o regime transitório, será atribuída aos bolseiros de 2009/2010 a bolsa mínima de 98€. Ou seja, os estudan-tes que recebiam bolsa continuam a receber este ano. Esta alteração poderá ter impacto nos estudantes em termos de atraso de atribuição, visto que os técnicos do SASUP po-dem não conseguir analisar as can-didaturas todas em tempo útil para cumprir o prazo estipulado pelo Re-gulamento de Bolsas aprovado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Como resultado o Ministério pretende atribuir mais bolsas mínimas aos estudantes. Con-tudo, sendo um regime transitório, poderá significar a perda de bolsa no ano académico seguinte.

Na verdade, com as alterações do decreto-lei 70/2010, mudam as regras de cálculo dos rendimentos das famílias. Uma família de 4 ele-mentos passa a contar como tendo apenas 2.9 pessoas, o que significa que a capitação vai ser maior, ex-cluindo muitos estudantes de ter bolsa. Por outro lado, passam a con-tar os rendimentos brutos das famí-lias, ou seja, não o rendimento de que as famílias realmente dispõem, mas também o que elas pagam de impostos ou os empréstimos que tenham, por exemplo para pagar casa, como se fossem rendimentos, o que também retirará do apoio al-guns milhares de alunos.

NÚMERO DE BOLSEIROSApesar de ser impossível neste

momento avançar com um número de bolseiros total, foram já excluí-dos mais de 9400 bolseiros por irre-gularidades no processo, tais como processos incompletos por falta de apresentação de documentos re-queridos pelo novo Regulamento de Bolsas e Normas Técnicas. No ano passado, era quase 80 mil o nú-mero de estudantes que beneficia-vam de bolsa. Este ano, esse núme-ro salda-se, por agora, em menos de 60 mil, aguardando-se ainda saber quais os estudantes do 1º ano que realmente poderão ter bolsa à luz das novas regras.

Os que vão e os que ficam

Convocada pela Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra (AAC), a manifestação estudantil de 17 de Novembro continua a causar polémica, mesmo entre as associações de estudantes.Os principais objectivos

da acção de protesto são “a revogação do decreto-lei 70/2010 [que muda a fórmula de cálculo dos rendimentos], o preço das cantinas e do alojamento, mais financiamento para o Ensino Superior e ainda melhor Acção Social Escolar Directa”, conforme explica Miguel Portugal, presidente da Direcção da AAC.A participação ainda é

parcimoniosa, uma vez que um dos grandes motivos - a (na altura não) publicação das normas técnicas - já foi concretizado. No entanto, “esperam-se novidades durante os proximos dias, mas a AAUM [Universidade do Minho] e AEESEC, já aprovaram a ida a Lisboa”, explica o responsável pela AAC. Para a Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação de Coimbra, no entanto, que “não existe uma resposta que possa ser dada” quanto à adesão oficial, uma vez que, até o fim de Outubro, ainda não tinha havido uma reunião da direcção com esse ponto na ordem de trabalhos.A Federação Académica

do Porto, por sua vez, não deverá fazer parte do grupo de estudantes manifestantes. Ricardo Morgado, presidente da FAP, explicou numa entrevista ao JUP que, por um lado, a manifestação seria um passo atrás depois do sucesso, ainda que parcial, das negociações das AEs com o Ministério; por outro lado, explica que, apesar de já ter sido convocada mais de uma semana antes, a manifestação do dia 17 de Novembro não foi proposta no ENDA, não existindo assim o compromisso de seguir as deliberações conjuntas do Encontro Nacional de Dirigentes Associativos.

Os estudantes voltam às ruas devido aos problemas no apoio social

RICARDO SÁ FERREIRA

[email protected]

MIGUEL LOPES RODRIGUES

• IAS (Índice de Apoio Social) = 419.22€

• P (Propina) = 986,88€• C = Capitação

Fórmula da Capitação : C=RTA/A

• RTA (Rendimento Total do Agregado Familiar) = (0.85*RT) + RNT• RT = Rendimentos de

Trabalho• RNT = Rendimentos não

provenientes de Trabalho (apoios sociais, etc)

• A = Soma das parcelas do agregado (1 bolseiro, 0.7 pessoa maior de idade, 0.5 pessoa menor de idade)

Nova fórmula da bolsa:(12*IAS)+P-C

ALINE FLOR

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JUP || NOVEMBRO 104 || DESTAQUE

As Cimeiras da NATO são encon-tros organizados periodicamente que reúnem os chefes de Estado dos países-membros. Neste encon-tros são levadas a cabo discussões políticas e/ou económicas e tam-bém questões urgentes de seguran-ça que possam afectar os membros.

Esta Cimeira de Lisboa, no Parque das Nações (FIL), vai ser a primei-ra a ser realizada em Portugal des-de que estas começaram em 1957. O nosso país reforça a sua aliança e reforça também o seu papel na organização. Portugal é estrategica-mente importante como membro da NATO, antes de mais pela sua localização geográfica e pela utiliza-ção que os americanos têm dado à Base das Lajes no Açores. Estes fac-tores colocam o nosso país na lista de países fundadores, assinantes do Tratado do Atlântico Norte. Portu-gal entra na NATO ainda sobre a alçada do fascismo do Estado Novo.

O secretário-geral Anders Ras-mussen revelou, em Julho, à comu-nicação social portuguesa, que esta cimeira será bastante importante e que definirá o futuro da NATO durante os próximos dez anos. Ras-mussen considera também que a experiência histórica de Portugal é uma mais-valia nos contactos com outros países. Enalteceu também o

Ainda faz sentido?Este mês, nos dias 19 e 20, vai-se realizar a já bastante polémica Cimeira da NATO em Lisboa. Este acontecimento está a dar azo a vários movimentos e acções anti-guerra, assim como preocupações com a segurança das altas figuras de Estado participantes.

CIMEIRA DA NATO

papel do país nos conflitos dos Bal-cãs e do Afeganistão e o seu papel como membro da Aliança Atlântica.

Neste encontro com os Ministros do Negócio Estrangeiros e da De-fesa, Luís Amado e Augusto Santos Silva, em Julho, o secretário-geral anunciou que espera aprovar um novo conceito estratégico na Ci-meira de Lisboa nos dias 19 e 20 de Novembro. Os contactos com a Rússia são também um passo que a NATO quer dar nesta Cimeira. A Federação Russa já confirmou a sua presença na Cimeira de Lisboa. Nes-te momento a Rússia está envolvida nas Parcerias para a Paz e faz parte da Comunidade dos Estados Inde-pendentes. Outro assunto que se quer discutir na Cimeira de Lisboa é a questão do escudo antimíssil para o qual a NATO pretende o apoio da Turquia. Por enquanto a Turquia tem mantido uma posição de “zero problemas” na sua relação com a Rússia e o Irão, e estabelecido re-lações diplomáticas com a NATO. Aguarda-se a discussão de vários assuntos, e vários líderes como Ni-colas Sarkozy e Angela Merkel já vieram declarar que esperam che-gar a consensos sobre as pastas po-lémicas, como o escudo antimíssil.

Outra das grandes questões liga-das à Cimeira é sem dúvida a se-

gurança. Fortes dispositivos vão ser montados e as forças policiais em peso vão patrulhar a área. Estima-se que o Governo gaste cerca de 5 milhões de euros em material de segurança. Entre os dispositivos, en-contram-se carros blindados anti-minas, anti-motins, anti-bombas e anti-fogo, viaturas com capacidade para seis pessoas. Além deste ma-terial estão a ser adquiridos outros materiais como gás lacrimogéneo e gás-pimenta. No fim de Setembro, os partidos da Oposição vieram pe-dir explicações ao governo sobre os elevados custos do material numa altura particularmente difícil a nível económico, e chamaram atenção ao facto de a GNR já possuir carros blindados. O Governo justificou-se dizendo que o material é necessá-rio à Polícia de Segurança Pública por necessidades futuras que ultra-passarão a Cimeira a realizar-se em Novembro, no Parque das Nações. Apesar disso, em Comissão dos As-suntos Constitucionais, Direitos, Li-berdades e Garantias, o Ministro da Administração Interna Rui Pereira revelou que não sabe se o material chegará a tempo da Cimeira.

CONCERTOS ADIADOS E CANCELADOS

O facto de a Cimeira de realizar-

se no Parque das Nações está a con-dicionar a realização dos concertos dos Arcade Fire e da colombiana Shakira que serão no Pavilhão Atlân-tico, visto que este está localizado dentro do perímetro de segurança do local. O concerto da banda cana-diana estava marcado para o dia 18 de Novembro e da colombiana para dia 21. A disputa entre o Governo e a promotora do concerto dos Arcade Fire arrastou-se por alguns meses, mas o espectáculo acabou, por fim, a ser cancalado. O Ministério dos Negócios Estrangeiros considerou que a data do concerto era incom-patível com os acontecimentos em questão, por causa da segurança do local, mas foi só depois de reforçada esta posição pela PSP que a promo-tora acatou a imposição. Os Arcade Fire poderão voltar a Portugal ape-nas no próximo ano; aqueles que já compraram bilhetes para o concer-to serão reembolsados.

CONTESTAÇÃO: MOVIMENTOS ANTI-NATO

No plano da contestação desta-cam-se dois movimentos que, ao longo dos últimos meses, se têm desdobrado em acções de sensi-bilização, informação e acções di-rectas para contestar a realização da Cimeira em Portugal. Uma das

Nos últimos meses, houve acções de contestação à realização da Cimeira em Portugal.

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JUP || NOVEMBRO 10 DESTAQUE || 5

plataformas é a CPPC, Conselho Português para a Paz e Cooperação, organização que foi formalizada em 1976 e que desde então tem es-tado presente nas movimentações Anti-Guerra e também Anti-NATO. Outra plataforma chamada PAGAN, Plataforma Anti-Guerra Anti-NATO, foi criada devido à realização da Ci-meira em Portugal. Constituída a 30 de Setembro de 2009, é um “movi-mento anti-militarista português in-tegrado na campanha internacional «No to War, No to NATO»”. Tem como propósito “manifestar pública e pacificamente o desagrado com as políticas belicistas da NATO.”

Ambas as plataformas têm al-guns objectivos no que diz respeito à mobilização nessa semana que se adivinha de protesto. A PAGAN organiza uma Contra-Cimeira com participações internacionais em vários painéis e mesas redondas so-bre temas da Guerra, Militarização, NATO, Feminismo, etc. Por outro lado, a CPPC concentra os seus es-forços na realização de uma grande manifestação no dia 20 de Novem-bro em Lisboa.

O JUP falou com um activista da PAGAN sobre a realização da Cimei-ra e o que é a NATO em Portugal.

tudo a militarização da UE e a ne-cessidade de esta cooperar de for-ma ainda mais activa na organiza-ção e em todos os futuros conflitos preconizados pela aliança. Esta si-tuação é uma exigência dos EUA” e também “está também em cima da mesa a possibilidade dos exércitos intervirem em situações em que a segurança nacional de qualquer um dos países membros possa es-tar em risco. Isto pode-se aplicar a situações de conflito social, idênti-cas às que decorrem hoje na Gré-cia e França”.

O activista considera que a con-testação é importante por uma questão da manter a paz e lutar por ela: “É necessária a mobilização de todas as pessoas que consideram que a guerra não é solução porque este novo conceito estratégico as-sume um risco grave para o equi-líbrio mundial”. A PAGAN pretende que Portugal saia da NATO o mais rápido possível.

Para o “Carvalho”, a NATO tem pas-sado a ideia e que é “uma organi-zação pacífica e com objectivos de defesa militar perante uma agres-são estrangeira”. Para este membro da PAGAN, depois do fim da Guerra Fria esta organização deixou de fa-zer sentido, porque a ameaça ori-ginal tinha desaparecido: “após o desaparecimento deste bloco [sovi-ético], esta definição pacífica deixou de legitimar a própria organização”.

Para a PAGAN é urgente desmas-carar a NATO e revelar o potencial bélico da NATO, que, segundo a or-ganização é uma realidade ofensi-va e violenta, que não faz sentido. Acerca do novo Conceito Estraté-gico da NATO, que vai ser aprova-do na Cimeira de Lisboa, Carvalho refere que “representa acima de

“Após o desaparecimento deste bloco [soviético], esta definição pacífica deixou de legitimar a própria organização.

DIREITOS RESERVADOS

NATO: raízes e História

organização: “Para manter os Rus-sos fora, os Americanos dentro, e os Alemães em baixo.” Actualmente, o seu Secretário-Geral é o dinamar-quês Anders Fogh Rasmussen.

Depois da queda da União So-viética e desmoronamento de re-spectivo bloco, a NATO sofreu uma redefinição estratégica, porque a principal razão da sua criação já não existia. O objectivo passou a ser tornar-se o centro de segurança de toda a Europa, englobando os países do bloco soviético e da América do Norte. A acção da NATO sempre esteve marcada pelas acções mili-tares, bastante polémicas. No pós Guerra Fria a acção militar da NATO centrou-se especificamente nos Bal-cãs. Os maiores exemplos são, pro-vavelmente, os bombardeamentos da Bósnia-Herzegovina em 1995, e da Jugoslávia em 1999.

Com o crescente número de países, foram criados programas de parceria entre os vários países e en-

Portugal recebe a presença do Presidente Barack Obama e de out-ros altos-dignatários na Cimeira da NATO. Mas, primeiro, o que é que se vai passar nesta cimeira? A NATO ou OTAN (sigla francófona, que também é aplicada ao português), é a Organização do Tratado Atlân-tico Norte, criada em 4 de Abril de 1949, pela assinatura de um tratado entre os países do Pacto de Bruxelas e os EUA. Este tratado celebrava a protecção dos EUA aos países eu-ropeus em caso de ataque nuclear soviético e a mútua assistência em caso de agressão. Além dos EUA e de 12 países da Europa Ocidental, o tratado incluiu o Canadá. A OTAN – ou NATO – foi durante a Guerra Fria uma forte aliança política, a chama-da Aliança Atlântica, incorporando novos países e aumentando o seu potencial bélico. O primeiro Secre-tário-Geral da NATO foi Lord Ismay, conhecido pela famosa declaração em que definia os objectivos da

tre estes e a organização. Por exem-plo, a Parceria para a Paz em que cada país tem uma relação bilateral individual e que pode escolher a extensão da sua participação. É um dos “motores” da Aliança Atlântica. A grande controvérsia que rodeia a NATO é a crítica ao controlo exces-sivo dos Estados Unidos da América e o seu controlo quase total da or-ganização. O país mais poderoso do Mundo exerce uma força motriz e intensa na organização. Depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, a NATO viu-se forçada a invocar pela primeira vez o Artigo 5. Este artigo invoca que qualquer ataque a um dos seus membros é um ataque a todos. Este facto levou às operações nos países consid-erados perigosos a nível terrorista como o Afeganistão.

A Organização é regulada por um Parlamento e por um Conselho, onde estão presentes os actuais 28 países membros.

JÚLIA ROCHA E NUNO MONIZ

www.cppc.ptConselho Português para a Paz e a Cooperação

antinatoportugal.wordpress.comPlataforma Anti-Guerra Anti-NATO

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JUP || NOVEMBRO 106 ||Educ

ação

A “arte” de comunicar através das mãos

Este mês assinala-se o Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa (LGP), língua oficial no país desde 1997. O JUP falou com futuros intérpretes cujo objectivo consiste em promover a inclusão da pessoa Surda como cidadã em igualdade de direitos e de oportunidades.

“O intérprete de Língua Gestual Portuguesa é ‘o ouvido e a boca do surdo’”. Assim o descreve Alexandre Carvalho, estudante do 3º ano do curso de Tradução e Interpretação em LGP da Escola Superior de Edu-cação do Instituto Politécnico do Porto (ESE). O JUP falou com alu-nos e professores desta licenciatura para melhor entender a realidade do profissional que faz a “ponte” entre a comunidade ouvinte e a Co-munidade Surda.

O trabalho de um intérprete realiza-se em escolas, tribunais, au-tarquias, hospitais, na televisão e

O que é a Língua Gestual Portuguesa?“A LGP é uma língua visual e motora, cuja produção se processa através dos gestos e das expressões faciais e corporais, e cuja percepção se realiza através da visão” A LGP é considerada, desde 1997, uma das três línguas oficiais de Portugal – a saber, Língua Portuguesa, Mirandês e Língua Gestual Portuguesa.Fonte:

Programa Curricular da Língua Gestual Portuguesa

RENATA SILVA

LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA

em associações. Mas, na verdade, é no contexto escolar que a maioria dos estudantes que se licenciam no curso da ESE vão desempenhar a sua função, explicou a docen-te e intérprete Cláudia Rubim. As Escolas de Referência para a Edu-cação Bilingue de Alunos Surdos (EREBAS) são o destino de estágio de muitos alunos e a colocação de vários recém-licenciados.

O curso de Tradução e Interpre-tação em Língua Gestual Portugue-sa permite a entrada de estudan-tes em regime pós-laboral, onde surgem pessoas “que procuram o curso por interesse pessoal” e que vêem na licenciatura “uma mais-valia para o desempenho das suas profissões”, acrescenta.

É o caso de Lurdes Figueiredo, aluna do 3º ano, cuja opção passou pelo facto de ser uma área “não muito conhecida” e “interessante”. Pelo contrário, Alexandre Carva-lho, que se prepara para estagiar numa EREBAS, já conhecia e con-vivia com a Comunidade Surda, antes de se inscrever no curso. Foi esse contacto que o levou a que-rer ser intérprete de LGP, alguém

“útil a uma comunidade um pouco largada ao abandono”. “O acesso à informação e aos serviços públicos na sua própria língua é um direi-to que assiste a todos os cidadãos Surdos”, justifica.

Ensinar e dotar de várias qualida-des um intérprete de Língua Ges-tual Portuguesa “aumenta a possi-bilidade de desenvolvimento e de participação da pessoa Surda como cidadã em igualdade de direitos e oportunidades”, considera Cláudia Rubim.

No entanto, para os alunos de Tradução e Interpretação em LGP, a licenciatura não fornece bases sufi-cientes para o mercado de trabalho, devido “à falta de interacção com a Comunidade Surda”, lamenta, por sua vez, Alexandre Carvalho. “ Locais como os hospitais, centros de saúde e centros de emprego não constam da preparação que obtemos duran-te a nossa formação”, acrescentou, revelando ainda ser “muito difícil aprender qualquer língua gestual sem o contacto permanente com falantes nativos”.

A mesma opinião é partilhada por Joana Queirós, também do 3º ano,

que reitera a importância ao longo do curso do “contacto com os surdos, como por exemplo nas associações”.

Por outro lado, “o contacto com profissionais intérpretes pode ser um factor benéfico pela partilha das suas experiências e vivências no mercado de trabalho”, adiantou o aluno da ESE.

Quando questionado sobre a dificuldade em aprender LGP, Ale-xandre explicou ao JUP que “exis-te uma variação linguística muito elevada em diversas zonas geográ-ficas do país”, exigindo “um esfor-ço extra em aprender regionalis-mos”. Faltam também dicionários e gramáticas, acrescenta. Nesse sentido foi lançado pela Porto Editora no dia 21 de Setembro o

Dicionário de Língua Gestual Por-tuguesa, da autoria da intérprete Ana Bela Baltazar.

Na Internet há também o “Spre-adthesign.com”. Trata-se de um site lançado em 2008, onde se pode pes-quisar várias palavras e ver os gestos correspondentes. Com este projecto de âmbito internacional, pretende-se a divulgação das línguas gestuais de diversos países europeus.

Para além do curso Tradução e Interpretação de Língua Gestual Portuguesa, existem formações bá-sicas e introdutórias dadas pela As-sociação de Surdos do Porto.

Porque há mais intérpretes de LGP, actualmente existe um maior número de estudantes Surdos que frequentam a universidade, usu-fruindo desses serviços, explicou Cláudia Rubim. Por esse motivo, a ESE criou recentemente um Mes-trado em Tradução e Interpretação em LGP, para “proporcionar o de-senvolvimento de um conjunto de competências científicas e técnicas fundamentais para o exercício de funções destes profissionais.”

O intérprete é o ouvido e a boca do Surdo

RENATA SILVA

LGP (em língua gestual)

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JUP || NOVEMBRO 10 EDUCAÇÃO || 7

O Nobel da Física e Portugal

À CONVERSA COM JOÃO LOPES DOS SANTOS

PAULO [email protected]

O grafeno chamou a atenção dos físicos por ter propriedades invulgares.

quando são produzidas pelos mé-todos mais promissores para apli-cações industriais, raramente as camadas assentam perfeitamen-te, havendo uma pequena torção entre elas. O primeiro trabalho que há sobre este assunto foi de-senvolvido em conjunto pela UP, UM e Boston University. Já o se-gundo tema é relevante porque a reconstrução das fronteiras per-mite alterar as propriedades elec-trónicas e de transporte de fitas de grafeno. Tenho apenas pena de que em Portugal ainda não se faça investigação experimental sobre grafeno.

JUP: Que aplicações poderá vir o grafeno a ter no futuro?

JLS: Sendo um material com propriedades muito diferentes do habitual, as possibilidades de aplicação são imensas, uma vez

Grupo de trabalho do professor João Lopes dos Santos.

DA ESQUERDA PARA A DIREITA: Eduardo Castro (Instituto de Ciência dos Materiais de Madrid), João Lopes dos Santos (FCUP), Nuno Peres (Universidade do Minho), Francisco “Paco” Guinea (Instituto de Ciência dos Materiais de Madrid), António Cas-tro Neto (Boston University) e Vítor Pereira (National University of Singapore).

O prémio Nobel da Física 2010 foi atribuído a Andre Geim e a Konstantin No-voselov pelas suas descobe-rtas pioneiras sobre grafe-no. Dois dos seus trabalhos seguintes foram feitos em colaboração com investiga-dores portugueses, um dos quais com investigadores da FCUP: Eduardo Castro, então estudante de doutoramento e actualmente a trabalhar no Instituto de Ciência dos Materiais de Madrid, e João Lopes dos Santos, profes-sor associado e presidente do Departamento de Física e Astronomia da FCUP. O JUP foi conhecer mais de perto o trabalho do Professor Lopes dos Santos.

JUP: O que é o grafeno?João Lopes dos Santos: É uma

forma de carbono. A mina de um lápis também é constituída por carbono, na forma de grafite. Na grafite os átomos de carbono dispõem-se em camadas e den-tro de cada camada numa rede hexagonal. Cada camada é muito resistente mas elas são facilmen-te separáveis entre si. Quando escrevemos, o lápis deixa uma marca no papel porque ficam lá pedaços de grafite, conjuntos de várias camadas que se libertaram

da mina. A uma única dessas ca-madas isoladas dá-se o nome de grafeno. O trabalho dos laureados com o Nobel consistiu em isolar uma folha de grafeno suficiente-mente grande para medir as suas propriedades.

JUP: Quais as descobertas da investigação que fez em conjun-to com os homenageados?

JLS: No trabalho em que par-ticipei, recebemos dados experi-mentais do grupo de Andre Geim sobre um sistema de bicamada de grafeno. O que fizemos foi demonstrar teoricamente que o gap de energia pode ser variado facilmente aplicando um campo eléctrico externo, sem ser preci-so fazer alterações à estrutura do material. O gap de energia corres-ponde à separação entre os es-tados de valência e de condução dos electrões no material, sendo muito importante para as suas propriedades electrónicas. Ter um gap variável permite por exemplo construir um detector/emissor de radiação de frequência variável.

JUP: Que tipo de investigação se faz no Porto sobre grafeno?

JLS: Em Portugal é feita inves-tigação teórica em grafeno nas Universidades do Porto e do Mi-nho. Os tópicos de investigação actuais nesta área na FCUP são as propriedades electrónicas de

uma bicamada de grafeno com torção e a reconstrução química das fronteiras das folhas de grafe-no. O primeiro é importante para as aplicações industriais porque,

que permite abrir áreas que até agora nem existiam por falta de materiais adequados. Estes desen-volvimentos dependerão agora muito da imaginação para utili-zar as características únicas do grafeno. Actualmente, por exem-plo, foram criados com grafeno os transístores que operam à fre-quência mais elevada até agora conseguida. A Samsung produz folhas de grafeno com 70cm de largura. Sendo estas transparen-tes mas ao mesmo tempo ten-do propriedades metálicas, são ideais para ecrãs tácteis ou para revestir células solares. Mas, aci-ma de tudo, o grafeno chamou a atenção dos físicos por ter pro-priedades electrónicas e mecâni-cas extremamente invulgares.

PAULO ALCINO

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JUP || NOVEMBRO 108 || EDUCAÇÃO

UP e o “novo” regime de prescrições

Depois de a Federação Académi-ca do Porto (FAP) ter apresentado uma moção contra o regulamento do regime das prescrições da Uni-versidade do Porto, o documento foi alterado. Inicialmente era pedi-da a suspensão do regime durante, pelo menos, um ano. Depois das negociações, as condições de isen-ção do regulamento na UP abran-gem agora mais estudantes, tal como era previsto pela federação que apresentou a moção. Ainda as-sim, segundo informações da FAP, mais de 600 estudantes prescre-veram no início deste ano lectivo, altura em que se começou a sentir os efeitos do regulamento que en-trou em vigor já em 2007.

O regulamento original previa a isenção apenas dos estudantes a tempo parcial e dos trabalhadores-estudantes. No documento actual, os estudantes portadores de defici-ência física e sensorial, com doença transmissível ou infecto-contagiosa ou com doença grave de recupera-ção prolongada têm também justi-ficação para não acumular os cré-ditos necessários. Para além destes,

estão também incluídos no docu-mento os estudantes em situação de maternidade ou paternidade ou de morte de um familiar próximo, e ainda os alunos com estatuto de atletas de alta-competição.

O regime de prescrições é aplicá-

vel a estudantes de licenciatura e de mestrado, deixando assim de fora o terceiro ciclo de estudos, o doutora-mento. Nos primeiros dois anos não há prescrições, qualquer que seja o

tipo de ingresso: inicial, reingresso, transferência ou mudança de cur-so. Neste regime tudo tem que ver com os créditos que cada estudante acumula ao longo dos anos.

Cada ciclo de estudos e cada curso tem um número máximo de

inscrições permitido que depende do número de créditos necessários. Para não prescrever, o estudante deve acumular, pelo menos, 60 créditos (ECTS) nos três primeiros

anos. No entanto, se conseguir apenas o número mínimo, deve co-meçar a acumular 50 ECTS por ano, nos anos seguintes. Assim, num curso que exige 360 ECTS, o objec-tivo é que o estudante complete uma média de 40 ECTS por ano. No caso dos trabalhadores-estudantes e dos estudantes a tempo parcial (que se inscrevem no máximo em 37,5 créditos por ano lectivo), só precisam de ter metade dos crédi-tos mínimos relativamente aos es-tudantes regulares. Um estudante prescrito não pode candidatar-se ao Ensino Superior durante o ano lectivo. Passado esse tempo, o estu-dante pode reingressar no mesmo ciclo onde tinha prescrito.

Os estudantes podem recorrer da decisão de prescrição da sua matrí-cula desde que fundamentem de-vidamente esse mesmo recurso. O regime de prescrições é obrigatório por lei para todas as instituições, mas elaborado e aplicado individu-almente. No caso da UP, todas as faculdades têm que obedecer ao regime imposto pela Universidade.

POLÉMICA E FALTA DE INFORMAÇÃO

O actual regime tem sido muito contestado pelas associações aca-démicas e pelos alunos de várias universidades. Por enquanto, isto parece ser um problema apenas para os alunos prescritos, já que a maioria dos estudantes que não prescreveu não sabe bem o que muda com o novo regulamento.

Rita Castro, aluna da Faculdade

de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e Beatriz Moreira, aluna da Faculdade de Farmácia da Universi-dade do Porto (FFUP) são exemplo disso. As alunas já ouviram falar va-gamente no novo regime mas não têm informações suficientes para formar uma opinião acerca disto. Contudo, com a crescente divulga-ção do tema em manifestações e protestos, os estudantes tendem a procurar saber mais sobre o tema.

Para alguns alunos este regime é “uma moeda de duas faces”, como afirma Júlia Rocha, aluna da FLUP. De acordo com a estudante univer-sitária, em alguns casos o regime é injusto uma vez que há pessoas que “por razões estranhas à vida académica ou por complicações pessoais têm de sofrer a conse-quência de algo que não podem controlar”. Porém, segundo a mes-ma estudante, em alguns casos o regime deve ser aplicado, uma vez que “há alunos que estão a absor-ver vagas, recursos e dinheiro por razões não muito importantes”.

Da mesma opinião é Raquel Abreu, aluna da FLUP, que conside-ra que “através deste regime todos os alunos poderão ter um melhor rendimento nos cursos da UP, sen-do que apenas os minimamente interessados permanecem”. Ainda Sara Marques, da mesma institui-ção, advoga que “todos os alunos se devem esforçar por conseguir dentro do mínimo de tempo es-tabelecido tirar o curso”. Contudo entende também que “o número de créditos estipulados para tirar os cursos tem de ter em conta a na-tureza e dificuldade desses respec-tivos cursos”. A estudante admite ainda que já tinha ouvido falar da medida, porém, no princípio, tinha uma ideia errada sobre a mesma. Antes de perceber melhor em que consistia o regime, Sara Marques pensava que os alunos não podiam voltar a inscrever-se depois de prescreverem e não podiam, assim, acabar o curso.

Esta é uma ideia que tem vindo a ser clarificada à medida que o as-sunto começa a ser difundido e ex-plicado aos alunos da Universidade do Porto. Contudo, existem ainda muitas lacunas a resolver na infor-mação que os estudantes recebem sobre o regime de prescrições, que pode afectar alguns alunos sem se-quer os alertar sobre o facto.

IRINA RIBEIRO

O regime de prescrições está nas agendas do Ensino Superior e tem sido alvo de contestação por parte dos estudantes. Na UP, mais de 500 estudantes prescreveram no primeiro ano em que se sentiram os seus efeitos.

O JUP ERROUNa quarta coluna da página 4,

o comentário foi feito por Susana Castro, e não por Francisco Esteves.

A notícia da página 5, “Os estudantes mostram o seu descontentamento, com pompa e circunstância”, foi escrita por

Mariana Catarino.Na notícia da página 9, “Os

estudantes mostram o seu descontentamento, com pompa e circunstância”, Luís Gomes foi erradamente referenciado como Luís Mendes.

A foto da página 20 foi cedida pelo GADUP, e não pela FADU.

Aos visados, as nossas sinceras desculpas.

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JUP || NOVEMBRO 10 EDUCAÇÃO || 9

ERASMUS: cidade do Porto cada vez mais internacional

Só no primeiro semestre deste ano lectivo, a Universidade do Porto recebeu 1062 estudantes através de programas de mobilidade interna-cional de estudantes universitários. Ao todo, está prevista a chegada de mais de 1500 estudantes neste ano lectivo, o que faz da Universidade do Porto a Instituição com mais alunos estrangeiros do País.

Embora a maioria dos estudantes estrangeiros sejam do Brasil, de Es-panha, da Polónia, Turquia e Itália, este ano, a Universidade do Porto recebeu alunos provenientes de 53 países diferentes, vindos de luga-res tão remotos como o Malawi, a Mongólia, a Costa Ria, o Togo, o Irão e a Tailândia.

No pátio da Universidade Cató-lica Portuguesa (UCP), Alžbeta Ga-vendova, que chegou da Eslováquia em Setembro e que ficará por cá

até Novembro ao abrigo do progra-ma Erasmus, explica o porquê de ter escolhido a cidade do Porto para a sua aventura: “Eu podia escolher qualquer lugar que quisesse, podia candidatar-me a qualquer universi-dade mas a Universidade Católica foi a que me respondeu mais rapi-damente e foi muito fácil comuni-car desde o inicio com as senhoras que trabalham no departamento de mobilidade. A comunicação foi tão fácil logo a partir do primeiro con-tacto que achei que o melhor seria vir para aqui estudar.”.

Já no caso de Katharina Kucz-minski, proveniente da Alemanha, os motivos para a sua escolha fo-ram outros: “Escolhi o Porto por-que já conhecia algumas pessoas aqui e porque me apaixonei pelas pessoas, pelo modo de vida e pelo país em si quando estive aqui de fé-

rias. Aqui a vida é muito mais lenta e relaxada”, explica.

É no âmbito do Programa Eras-mus que surge a Erasmus Student Network – Porto (ESN Porto). Cria-do por um grupo de estudantes vo-luntários, com o apoio da Reitoria da Universidade do Porto, o BPI e a ESN International, a organiza-ção tem como objectivo integrar e apoiar os estudantes vindos do estrangeiro através do Programa Erasmus. O projecto BuddyPorto, incluído no ESN Porto proporciona o acompanhamento de um guia que ajuda e esclarece as dúvidas dos alunos que chegam à cidade.

“Eles foram muito simpáticos. Antes de eu vir para aqui eles já tinham entrado em contacto co-migo através de e-mails e do Face-book para saber quando é que eu iria chegar. Foram ao aeroporto

buscar-me e ajudaram-me com o alojamento. Foi muito bom sentir que alguém estava a tomar conta de nós e que estavam interessados em entreter-nos”, explica Alžbeta Gavendova, a propósito do apoio da ESN para integrá-la na vida acadé-mica da Invicta.

O objectivo do ESN Porto é mos-trar o melhor de Portugal aos estu-dantes vindos do estrangeiro. Nesse sentido, organiza diversas activida-des, como visitas guiadas pela cida-de, viagens a outras cidades, aulas de desportos radicais e dança, fes-tas, entre outras.

Häly Nõmm, um jovem estónio de 20 anos, que estuda Psicologia no Instituto Superior da Maia (IS-MAI), afirma que “sempre quis vir para Portugal, para poder expe-rienciar algo completamente dife-rente”. O ISMAI pareceu-lhe ser a melhor opção para fazer Erasmus. O estudante diz estar a gostar da experiência “mais do que a 100%”. Considera-se bem-vindo por todos, e apesar de já ter uma boa impres-são de Portugal antes de vir para o nosso país afirma estar surpre-endido: “Não conheço o Porto, e aconteceu-me várias vezes estar na rua com um mapa e virem-me per-guntar se precisava de ajuda. Não me parece que no meu país exista esse tipo de abertura”, explica. A impressão causada no estudante da Estónia foi muito boa, e o programa dá-lhe a oportunidade de conhecer gente nova “todas as semanas ou até mesmo todos os dias”, refere. Häly gosta de estar rodeado de “gente tão boa”. No entanto, nem tudo é perfeito e o jovem conta que no início, os procedimentos buro-cráticos não lhe agradaram.

Javier Trujillo, de 22 anos estuda no quinto ano na Faculdade de En-genharia da Universidade do Porto (FEUP) ao abrigo do programa Era-mus. O espanhol diz que não esco-lheu o Porto por uma razão espe-cial, tendo em conta que era a sua

sétima opção, mas que, “com o pas-sar do tempo, vai subindo lugares”. Javier não tinha tantas expectativas em relação ao Porto, mas, tal como Häly, está surpreendido: “O Porto é a cidade ideal para nos divertirmos. Tem todos os ingredientes para isso e actividades não faltam. O que falta é tempo para desfrutar de todas”. A imagem que o jovem tinha de Por-tugal não era a melhor, apesar de sempre lhe terem dito que o Porto era a cidade mais “íntima e caloro-sa” do país. Agora, Javier não tem dúvidas quanto a isso: “É algo que se nota, e começo a ganhar muito carinho pelas pessoas daqui”. O JUP quis saber o que é que o estudante estava a gostar mais nesta experi-ência “O que gosto mais é a Super Bock… Não, não, brincadeira (risos). O que mais gosto é o facto de estar a mudar a minha ideia sobre Portu-gal”, confessa.

GABRIELA ALMEIDA E LUÍS MENDES

Todos os anos, centenas de jovens provenientes de diferentes partes do mundo escolhem a cidade Invicta como destino para estudar.

Além do programa Erasmus, existe também o programa de Mobilidade e Intercâmbio, entre Portugal e Brasil. Naiara Back de Moraes é uma jovem de 22 anos que decidiu vir estudar para Portugal. Estuda na Facul-dade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), dado que esta tinha protocolo com a sua facul-dade de origem, a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI). Naiara afirma estar a gostar da experiência… “e muito!” O JUP perguntou à jovem se se sentia bem recebida e bem tratada em Portugal. Esta respondeu: “Pelo pessoal da ESN e reitoria sim, me sinto muito bem acolhida. Sinto dificuldade apenas com colegas portugueses, poucos se mostra-ram solidários e receptivos”.

O Eurodinner da ESN Porto juntou sabores de vários países numa grande festa de estudantes Erasmus na Invicta

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JUP || NOVEMBRO 10

Todas as tardes de Sábado, sem-pre que as condições climatéricas o permitem, a Praça Carlos Alber-to é palco de uma versão “à moda do Porto” do famoso mercado Portobello londrino. O Mercado Porto Belo foi trazido até à cidade Invicta por Inês Magalhães, desig-ner de moda, que durante alguns anos viveu em Londres, mais pre-cisamente em Notting Hill, onde fica o Portobello Road Market. Cliente assídua do popular merca-do, a mentora do projecto “sentia falta da existência de algo seme-lhante na cidade”. Neste mercado a diversidade de produtos é gran-de. Podem encontrar-se roupas vintage ou de jovens criadores, produtos biológicos como chás e compotas, velharias, brinquedos para crianças ou ainda máquinas fotográficas e livros antigos.

Quando em 2008 regressou ao Porto, a sua cidade natal, a desig-ner de 32 anos apresentou a pro-posta à Câmara Municipal do Por-to para que se fizesse o mercado na Praça Carlos Alberto e a 20 de

Mercado Porto Belo dá vida aos sábados da InvictaInês Magalhães criou na Praça Carlos Alberto um espaço ao ar livre que atrai “miúdos e graúdos”. Acontece aos Sábados, sempre que o tempo ajuda.

O Mercado Porto Belo atrai pessoas de todas as idades

10 || SOCIEDADE

SUSANA COSTA

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JUP || NOVEMBRO 10

SUSANA COSTA

SUSANA COSTA

Junho de 2009 o projecto ganhou vida. O local escolhido já tinha al-guma tradição de mercados que remontava ao século XVII, uma vez que aí se realizava a Feira das Caixas, onde se faziam as caixas para as bagagens dos emigrantes que iam para o Brasil. Mas a prin-cipal razão para a Carlos Alberto ter sido o lugar de eleição para lançar esta iniciativa foi a vonta-de que Inês tinha de “ressuscitar” esta zona da baixa portuense que estava “muito adormecida”, como explicou. “Em 2001 houve uma obra na Praça para construir um parque subterrâneo e o comér-cio da envolvente foi-se muito abaixo”, continua Inês. Quando a construção terminou “as pesso-as já tinham perdido o hábito de passar aqui”, acrescenta Inês.

Na primeira edição, o Mercado Porto Belo tinha cerca de vin-te expositores, mas o número já aumentou. Embora vá variando a

cada fim-de-semana porque “há alturas em que toda a gente pode vir e outras em que há algumas baixas, temos sempre à volta de 35 expositores”, revela Inês Ma-galhães, que é responsável pelo mercado. E será que há algum critério para seleccionar os ven-dedores? Inês assegura que sim. A designer faz sempre questão de conhecer o produto que as pesso-as querem vender e os potenciais vendedores para que o espírito familiar e o bom ambiente do mercado sejam sempre manti-dos. “Quero que o produto seja sempre muito variado”, diz Inês, “assim há uma mistura saudável que atrai todo o tipo de gente e não se torna elitista ou só para uma determinada faixa etária”, conclui. Maria Paula, de 66 anos, vende bijutaria em Porto Belo e confirma esta tendência de um público heterogéneo. “Vejo desde a juventude até pessoas de idade, passando também por estrangei-ros”, diz a vendedora.

Mais de um ano passou desde a primeira edição e Inês faz um balanço “muito positivo”. Maria-na Silva, de 22 anos foi a primei-ra vez ao evento em Setembro e agora, sempre que pode, passa por lá porque “tem bom ambien-te e acabo sempre por comprar qualquer coisa para mim ou para oferecer”, revela a jovem. As pes-soas aderiram em massa e os pe-didos para conseguir um lugar no Mercado Porto Belo são mais do que a capacidade que existe para os receber. “As pessoas que par-ticipam não querem sair daqui”, refere Inês Magalhães, “mesmo que calhe de haver uma tarde em que não vendam nada dizem sem-pre que é um prazer estar aqui”. A prova disso mesmo é Carlos Pessoa, de 57 anos. Fez em Setem-bro um ano que foi pela primeira vez ao mercado vender sacos de alfazema que, quando aquecidos, aliviam as dores musculares, e desde então não perde nenhuma edição: “sempre que houver feira estou cá, já sou residente”, conta o vendedor.

Apesar de não estar em con-tacto com os clientes, Inês fala com os vendedores que lhe dizem que são várias as pessoas a pedir para que o mercado se realize o ano todo, o que é difícil já que nos meses mais frios e chuvosos, como Janeiro e Fevereiro, há for-

çosamente uma paragem. E porque não mudar o merca-

do para um recinto fechado no Outono e no Inverno? Embora já tenha tido diversas propos-tas nesse sentido e não descarte completamente essa possibilida-de, não é algo que a responsável pelo evento se sinta motivada a fazer porque o Porto Belo “é giro porque é na rua e faz sentido por-que é na rua”. “Levando isto para um sítio fechado a probabilidade de ser um sucesso é muito baixa”, acrescenta Inês Magalhães. Uma vez que se trata de um mercado de rua, “as pessoas passam aqui a caminho da missa ou porque vão a Cedofeita e acabam sempre por parar e comprar”, diz Inês, e conclui que “num recinto fecha-do o mercado ficaria demasiado descaracterizado”.

O ano passado, o evento teve lugar de Junho até ao fim de De-zembro. Mas este ano a mentora do projecto pretende que haja mercado todos os Sábados, das duas às sete horas da tarde, des-de que não chova, equacionando ainda, novamente, uma eventual paragem em Janeiro ou Fevereiro, se o clima assim o exigir.

O Porto Belo é giro porque é na rua e faz sentido porque é na rua. Levando isto para um sítio fechado a probabilidade de ser um sucesso é muito baixa.

SUSANA [email protected]

O “Portobello Road Market” original

O mercado de Portobello estende-se quase por um quilómetro, em Portobello Road, e é um ponto de passagem muito visitado pelos turistas em Londres. O local atinge todo o seu esplendor aos Sábados, dia em que recebe mais turistas, mas nos outros dias também há alguma actividade, tal como explica Inês Magalhães, que durante anos viveu em Portobello. “É um ponto turístico que durante a semana não tem muito movimento para além de alguns vendedores de fruta e legumes, mas ao fim-de-semana traz uma enchente que dá muita vida à cidade”, conta.O Portobello Road Market começou como mercado de comida no século XIX e só na década de 60 do século XX passou a acolher também vendedores de antiguidades. Em 1999, a zona de Portobello viu a sua fama catapultada ao ser um dos cenários do filme Notting Hill, protagonizado por Julia Roberts e Hugh Grant.

|| 11 Soci

edad

e

As inscrições no Mercado Porto Belo estão abertas a qualquer pessoa, basta contactar a organização através do endereço [email protected]. Aos participantes é disponibili-zada uma mesa para que possam expor os seus produtos. A selecção dos candidatos é feita de acordo com a diversidade dos produtos que pretendem vender. Cada lugar no mercado tem o preço único de dez euros.

Queres vender no mercado Porto Belo?

Começou em Outubro, mas o objectivo é que uma vez por mês as crianças encham a Praça Car-los Alberto para vender, até um euro, as “traquitanas e tralhas” que já não usam. A responsável pelo Mercado Porto Belo, Inês Magalhães, já tinha ideia de fazer algo dedicado aos mais pequenos mas, foi depois de receber uma chamada a sugerir que fizesse uma versão do mercado em que as crianças pudessem participar como vendedores que deitou ‘mãos à obra’. A mentora do pro-jecto convidou Tânia Santos, for-mada em Psicologia e uma habi-tuée do mercado original para ser o seu braço direito e, em menos de duas semanas, tinham a pri-meira edição do Mino Porto Belo preparada. “A adesão foi automá-

tica”, conta Inês. “Tivemos aqui 60 crianças a vender e a aprender como lidar com o dinheiro”, reve-la a designer de moda. O evento foi largamente divulgado e “não se circulava na Praça Carlos Al-berto, havia imensas crianças e famílias e o evento superou em muito as nossas expectativas”, ex-plicou Inês Magalhães. A edição de Novembro já está agendada mas, para já, o dia ainda não será divulgado.

Para inscrever o seu filho no Mini Porto Belo basta enviar uma mensagem de correio electrónico para [email protected] ou contactar o 915425049 e pagar uma taxa de inscrição de 2,50 eu-ros por criança.

Mini Porto Belo dedicado às crianças

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JUP || NOVEMBRO 10

ao aumento dos juros da dívida pú-blica (isto é, os juros que o Estado paga em troca dos empréstimos ob-tidos). Este aumento deve-se à dimi-nuição da confiança que os possí-veis compradores de títulos têm no cumprimento do compromisso por parte do Estado. Ou seja, quando al-guém pensa em emprestar dinheiro à República Portuguesa vai ter em consideração o equilíbrio, ou não, das contas públicas para analisar o risco de não lhe ser devolvido o dinheiro que vai emprestar.

Face a este problema (quer ele seja o problema económico mais grave que o país enfrenta, quer não seja) e na esperança de que os «mercados» fiquem convencidos, o governo escolheu como sua priori-dade política o controlo do défice.

ABC da Austeridade Austeridade tem como sinónimos rispidez, disciplina, penitência, severidade. No plano económico, o termo é geralmente aplicado quando se fala em rigor das contas públicas, nomeadamente no que diz respeito à redução drástica da despesa.

12 || SOCIEDADE

Escolha essa condicionada pelas recomendações no mesmo senti-do por parte de instituições como o FMI (Fundo Monetário Interna-cional) e o BCE (Banco Central Eu-ropeu) e muito influenciada pelas agências de ‘rating’ privadas que ao classificarem as políticas dos gover-nos nacionais (o seu papel de infor-madores condiciona de forma de-terminante o comportamento dos mercados) se vêm revelando como novos poderosos agentes no actual contexto de globalização financeira.

Perante este consenso global, aparentemente só contestado pelo mundo do trabalho, nomeadamen-te pela OIT (Organização Interna-cional do Trabalho) e pelas duas centrais sindicais portuguesas (a CGTP e a UGT que se juntam na greve geral do próximo dia 24 pela primeira vez em vinte e dois anos), o governo vai garantindo a fatalida-de das medidas incluídas nos vários PEC’s (Programa de Estabilidade e Crescimento) e prestes a serem concretizadas no orçamento de es-tado para 2011.

Com a certeza da escolha pela austeridade, a dúvida será perceber de que forma o bom funcionamen-to dos serviços públicos é posto em causa e quais as consequências da redução das prestações sociais para a pobreza, sendo já seguro que o desemprego aumente. É também claro quem sai mais prejudicado: os

da contabilidade da mercearia da esquina, a existência de défice é natural na economia e necessária para levar a cabo políticas contra-cíclicas (adoptadas em períodos em que é necessário investimento público que accione a retoma eco-nómica, sobretudo quando o inves-timento privado e o consumo se encontram estagnados). Acontece que o défice também necessita de financiamento, o que leva o Estado a ter de pedir dinheiro emprestado, ou seja, a financiar-se. Para tal, o Es-tado emite títulos de divida pública, que são negociados nos mercados financeiros (mercados com caracte-rísticas especiais, como por exem-plo, a especulação).

O que, portanto, preocupa o go-verno é que se tem vindo a assistir

As medidas que têm vindo a ser implementadas pelo Governo são resposta à preocupação com o equilíbrio das contas públicas, fra-gilizado após a crise dos mercados financeiros em 2008 e as seguintes injecções de capitais públicos para salvar o sistema bancário, o que fez disparar o valor dos défices em vá-rios países da Europa.

Sabemos que o défice é a dife-rença entre as despesas do Estado (na educação, na saúde, nas pen-sões e outras prestações sociais, investimento em infra-estruturas, benefícios fiscais, etc.) e as recei-tas (pela colecta através de diver-sos impostos e taxas, pelos lucros de empresas públicas, etc.) calcu-lado anualmente e que é expresso em percentagem do PIB. Diferente

Algumas medidas e objectivos do Orçamento de Estado 2011

Estado para o Ensino - Congelar as pensões, pro-moções e progressões na função pública - Aumento da taxa normal do IVA em 2pp.;

RECEITA

- Revisão das deduções à colecta do IRS (já previsto no PEC); - Imposição de uma contribuição ao sistema financeiro em linha com a iniciativa em curso no seio da União Europeia; - Aumento em 1 pp da contri-buição dos trabalhadores para a CGA, alinhando com a taxa de contribuição para a Segurança Social.

DESPESA- Cortar salários da função pública- Diminuir o subsídio de desem-prego - Reduzir as ajudas de custos e horas extraordinárias da função pública.- Reduzir as despesas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com medicamen-tos e meios complementares de diagnóstico; - Reduzir em 20% as despesas com o Rendimento Social de Inserção; - Eliminar o aumento ex-traordinário de 25% do abono de família nos 1. º e 2.º escalões e eliminar os 4.º e 5.º escalões desta prestação; - Reduzir as transferências do

funcionários públicos que vêem os seus salários reduzidos, os desem-pregados que têm cada vez menos apoio, os jovens à procura de em-prego e as pessoas em situação de maior fragilidade ao verem as suas prestações sociais reduzidas ou retiradas. Também os estudantes universitários não são poupados, estimando-se que mais de 10.000 estudantes venham a perder a bol-sa de estudo em resultado dos no-vos critérios de atribuição contidos no decreto de lei 70/2010.

Uma austeridade que, ao preju-dicar de tal forma os salários (e a procura/consumo) e o investimen-to público (necessário à criação de emprego), contém em si o terror de ser pior a emenda que o sone-to: com a contracção da economia (diminuição do consumo e da pro-dução que implica também uma diminuição da riqueza colectada pelos impostos) não é seguro que o défice diminua o que, continuando este tipo de prescrições, faz avizi-nhar um 4º PEC de sacrifícios.

Os mercados, esses, seguem in-tranquilos. Para infelicidade do Ministro das Finanças, Teixeira do Santos, que, abatido, confessa: “não vejo por onde ir se os mercados exi-girem mais”.

AMARÍLIS FELIZESmaosvisiveis.wordpress.com

Vem colaborar com o JUP!Rua Miguel Bombarda, 187espacosjup.blogspot.com

Próxima reunião4 de Novembro18h

Page 13: JUP Novembro 2010

JUP || NOVEMBRO 10 || 13 JUPB

OX

ISABEL RIBEIRO 4º Ano de Medicina Dentária

Acho bem que é para as pessoas se porem a estudar e não a acu-mular matrículas e ocupar espa-ço na faculdade. Só não concordo que as pessoas não possam agora congelar a matrícula, que não se pode fazer na minha faculdade agora.

BRUNO LARANJO SANTOS4º Ano de Engenharia Electrotécnica

Acho que o regime de prescri-ções devia ser diferente, devia ser consoante o número de cadeiras inscritas e não o total de cadei-ras, mas quanto ao resto estou de acordo.

GABRIEL BARROS5º Ano de Engenharia Civil

O regime de prescrições deve ser visto como um balizamento da vida académica. Se por acaso o aluno estiver em risco de prescre-ver deve ver aquilo que vai fazer, se está no curso certo, se está a ter a atitude certa perante o cur-so... nesse aspecto concordo. Mas existem várias situações pontuais que o regime não prevê, nomea-damente quando se está a apenas a uma ou duas cadeiras de acabar o curso e se prescreve.

MARTA GONÇALVES1º Ano de Ciências da Comunicação

Acima de tudo tem de ser uma responsabilidade de cada aluno. Sabendo que existe esse regime de prescrição e o aluno vê que está em risco de prescrever, mais vale inscrever-se em tem-po parcial.

Concordas com o novo regime de prescrições?

DIR

EITOS R

ESERV

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VERA COVÊLO [email protected]

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JUP || NOVEMBRO 1014 ||

E-LEARNING CAFÉ

2 DE NOVEMBRO, 19H30“OPEN IDEAS, THINK TANK”

A iniciativa Open Ideas, Think Tank visa promover a discussão de temas como a Gestão, Liderança e Estratégia.

A organização convida quem gosta de discutir estas temáticas, de apren-der e partilhar conhecimento a par-ticipar nesta iniciativa e a tornar-se membro do grupo.

MAIS INFORMAÇÕES: http://groupspaces.com/OpenIdeas-ThinkTank/

3 DE NOVEMBRO, 20H30WORKSHOP DE XADREZ Promovido pelo Gabinete de Acti-vidades Desportivas da Universidade do Porto (GADUP).

INFORMAÇÕES/INSCRIÇÕES: Balcão do GADUP no átrio da Fa-

culdade de Desporto.MAIS INFORMAÇÕES:

http://www.sas.up.pt

8 DE NOVEMBRO, 21H15“PALAVRAS CRUZADAS – ENTRE O EVANGELHO E A UNIVERSIDADE” Serão 75 minutos de (re)descoberta daquilo que a Palavra faz nos diver-sos ambientes do saber e na vida de universitário.Decorrerá nas segundas 2ª-feiras de cada mês: 8 Novembro, 13 Dezem-bro, 10 Janeiro, 14 Fevereiro, 14 Mar-ço, 11 Abril, 9 Maio, 13 Junho.ORGANIZAÇÃO: Pastoral Universi-tária.

10 DE NOVEMBRO, 21H30JAZZ Grupo liderado por Michael Lauren, professor da ESMAE.

AGENDA

3 DE NOVEMBROMCKINSEY REALIZA SESSÃO SOBRE OPORTUNIDADES DE CARREIRA E RECRUTAMENTONa sala B019 da FEUP, às 15h00.A entrada é livre e gratuita.No entanto, os estudantes interessados em participar devem enviar um e-mail para [email protected], com o nome, ano e curso e a uma manifestação de interesse em assistir à sessão.

5 DE NOVEMBROCONFERÊNCIA “MEDIAÇÃO E FORMAÇÃO”, COM JOSÉ ALBERTO CORREIAAuditório 2C da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP)18horasINFORMAÇÕES:Serviço de Pós-Graduações em Ciências da Educação TEL.: +351 226079739 FAX.: +351 226079725 E-MAIL: [email protected]

6 DE NOVEMBROWORKSHOP DE TAI-CHI CHUANSala de Formação e Sala do Fundo Antigo (Biblioteca) da Reitoria da U.Porto, 9h30 às 12h30 e das 14h às 17h.Estrutura do curso: teórico - manhã / prático - tarde Preços: 25€ UP | 30€ fora UPINSCRIÇÕES: - Gabinete de Cultura - Desporto e Lazer da Reitoria da U.Porto - Ana Martins [email protected] Ruben Rodrigues [email protected] Tlf. 220408193Anfiteatro Nobre da FLUP, 17h30.

8 DE NOVEMBROLEITURAS E CONFERÊNCIAS EM TORNO DE HEDDA GABLER, DE HENRIK IBSEN, CONFERÊNCIA DA PROFESSORA ASTRID SAETHERFaculdade de Letras da Universidade do Porto, 17h30.

9 DE NOVEMBRO10ªS JORNADAS DE ENGENHARIA QUÍMICA DA FEUP

- “ENGENHARIA QUÍMICA: EMPREGABILIDADE”Grande Auditório da FEUPOradores convidados da FEUP e de empresas como Sonae, Efacec, Galp, UPTEC, Continental.

ATÉ 10 DE NOVEMBROANUÁRIA 2010 - MOSTRA DE TRABALHOS DE ALUNOS DA FAUPFaculdade de Arquitectura da Universidade do PortoPorto (vários locais)

10, 11 E 12 DE NOVEMBROBUSINESS & INNOVATION NETWORK @ FEUPNa Faculdade de Engenharia da U.Porto.

15 DE NOVEMBROFMUP PROMOVE CONFERÊNCIA SOBRE “DIABETES NA ADOLESCÊNCIA”Aula Magna da FMUP, das 9h30 às 13 horas.

15 A 16 DE NOVEMBRO“OPEN MIND” - CICLO DE CINEMA E DEBATES- 15 de Novembro, às 21h00, no auditório, filme “24 Hour Party People”, de Michael Winterbottom - 16 de Novembro, às 18h00, na sala B032, debate “Música, ócio nocturno e juventude” com base no filme.

15 A 18 DE NOVEMBROWORKSHOP DE FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURASala de Formação da Reitoria da U.Porto, 18h30 às 21h30. Formador: Pedro Canto BrumPreço: 35€ UP | 40€ fora UP INSCRIÇÕES: Gabinete de Cultura, Desporto e Lazer da Reitoria da U.Porto; Ana Martins [email protected]; Ruben Rodrigues [email protected] ; Tlf. 220408193

16 DE NOVEMBROCICLO DE CONFERÊNCIAS DO MESTRADO EM SOCIOLOGIA“Organizações Não Governamentais de Desenvolvimento: a problematização das suas representações e práticas”, com Vanessa MarcosSala 203 da FLUP, 17h30

17 A 19 DE NOVEMBROCLIMATE AND PUBLIC HEALTH RISKS 2010 - A CHALLENGE OF THIS NEW DECADEAnfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da U.Porto

25 DE NOVEMBRO, 2, 9, 13 E 16 DE DEZEMBRO WORKSHOP DE ESCRITA CRIATIVASala de Formação da Reitoria da U. Porto, 18h30 às 20h30.Formador: João Pedro MéssederHorário: 18h30 às 20h30 PREÇO: 65€ UP | 75€ não UP INSCRIÇÕES: Gabinete de Cultura, Desporto e Lazer da Reitoria da U.Porto; Ana Martins [email protected]; Ruben Rodrigues [email protected] ; Tlf. 220408193ORGANIZAÇÃO: Reitoria da Universidade do Porto e a Editora Civilização

26 E 27 DE NOVEMBRO JORNADAS DE BIOENGENHARIAFaculdade de Engenharia da Universidade do PortoOrganizado pelos estudantes do Mestrado Integrado em Bioengenharia da FEUP/ICBAS

ATÉ 27 DE NOVEMBRO “TRANSPARÊNCIA - ABEL SALAZAR E O SEU TEMPO, UM OLHAR”Museu Nacional Soares dos ReisCOMISSÁRIO: Manuel Valente AlvesORGANIZAÇÃO: Museu Nacional Soares dos Reis, Reitoria da Universidade do Porto, Casa - Museu Abel Salazar

ATÉ 30 DE DEZEMBROHOMENAGEM A UMA FIGURA EMINENTE DA UNIVERSIDADE DO PORTO - PROFESSOR FERREIRA DA SILVAReitoria da Universidade do Porto5 de Novembro, pelas 18h30: inauguração da exposição na Sala de Exposições Temporárias do Edifício da Reitoria onde serão mostradas obras e aparelhos científicos utilizados por Ferreira da Silva que pertencem ao espólio do Museu da Ciência da Faculdade de Ciências.COMISSÁRIO: Carlos Corrêa

ATÉ 30 DE DEZEMBROExposição: O ABC DO INSTRUMENTO CIRÚRGICOSala de Exposições Temporárias, Reitoria da Universidade do Porto - 3º pisoCOMISSÁRIA: Maria Amélia Ricon FerrazTerças a Sextas das 11h00 às 18h00 - entrada livre

http://elearningcafe.up.pt/

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JUP || NOVEMBRO 10 || 15 UPo

rto

RECORD DE ESTUDANTES DE MOBILIDADE

Licenciados Pós-Bolonha tendem a continuar estudosLicenciados da UP têm tendência para prolongar os es-tudos na era pós-Bolonha e optam pela Universidade do Porto para continuar a formação.

Os formados na Universidade do Porto têm tendência para pro-longar os estudos após o primeiro ciclo de 3 anos, de acordo com um inquérito realizado a metade dos alunos que concluíram esse pri-meiro ciclo em 2006/2007. O estu-do foi realizado pelo Observatório de Emprego da Universidade do Porto, no âmbito de um programa de estudos sobre a transição dos formados na U.Porto para o mer-cado de trabalho.

Dos mais de mil respondentes licenciados pós-Bolonha, cerca de metade continuava os estudos ou estava em formação/estágio profis-sionais na altura da aplicação do inquérito (entre Fevereiro e Abril de 2010). Uma percentagem bas-tante significativa (37,6%) já exercia uma actividade profissional.

Quanto aos que prosseguiram estudos, os resultados mostram que valorizam razões como Au-

mentar as condições de sucesso na futura inserção profissional, Aprofundar conhecimentos e com-petências na sua área científica e Desenvolvimento das capacidades pessoais. “Razões que apontam, globalmente, para uma forte valo-rização do ensino como meio para um ingresso qualificado no merca-do de trabalho”, segundo a equipa técnica do estudo.

A grande maioria dos que con-tinuaram estudos manteve-se na U.Porto (85,2%), embora nem sem-pre na mesma Faculdade ou área científica da licenciatura. Esta op-ção de continuar na Universidade do Porto relaciona-se com “a avalia-ção muito positiva que os licencia-dos fazem da formação obtida na U.Porto, com destaque para os co-nhecimentos teóricos e o desenvol-vimento e enriquecimento pessoal, mas também para as competências relacionais, técnicas e profissionais

adquiridas”, afirma-se no sumário de apresentação do estudo.

PRÉ-BOLONHADado que 2006/2007 foi ainda

ano de conclusão de licenciaturas de acordo com o esquema pré-Bolonha, o inquérito envolveu também licenciados no regime anterior. Neste caso, 73,4% dos respondentes estava empregado (incluindo bolseiros), três quartos tinham ingressado num emprego regular após a conclusão do curso e o tempo médio de procura do primeiro emprego foi de 3,4 meses (3,5 meses para as mulheres e 2,9 para os homens). A maioria (74,4%) ingressou no primeiro emprego até seis meses após a conclusão do curso.

As funções que desempenham são avaliadas como só podendo ser exercidas por alguém com uma li-cenciatura igual ou idêntica (68,2%) ou com outra licenciatura (16,3%). Por sua vez, muitos dos diploma-dos exercem actividades profissio-nais que se enquadram no grupo dos Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas (75,2%), detêm um vínculo laboral a termo (56,6%) e estão inseridos em em-presas (73,9%) de natureza privada.

Inquiriu-se quase metade do to-tal dos licenciados pré-Bolonha em 2006/2007, uma percentagem mui-to próxima da percentagem dos formados pós-Bolonha nesse ano, o que foi considerado pelos inves-tigadores, tanto num caso como noutro, amostras robustas.

Estima-se que os cursos da U.Porto recebam mais de 1500 jovens de todo o mundo ao abrigo de projec-tos de mobilidade internacional de estudantes universitários (cerca de 1062, só no primeiro semestre), em 2010/2011. São 53 as nacionalidades que povoam o “mapa” da U.Porto este ano lectivo. Projecta-se dessa forma um novo máximo na história na instituição, resultado do constan-te esforço de internacionalização de-senvolvido pela universidade que se tem traduzido também na posição de liderança assumida pela Univer-sidade em vários consórcios inter-nacionais e na subida registada nos principais rankings de universidades.

EURODINNERA 19 de Outubro, reuniram-se cer-

ca de 100 estudantes estrangeiros da U.Porto à mesma mesa no “Eurodin-ner” que decorreu no espaço “reser-vado” aos Erasmus da U.Porto, no 2ª piso do Bar Galerias de Paris. Ponto obrigatório no programa anual de actividades preparado pela Erasmus Student Network - Porto (ESN Por-to) para acolher os estudantes de

mobilidade da Universidade, o “Eu-rodinner” tem como grande objecti-vo promover o convívio e o diálogo entre as diferentes nacionalidades usando a gastronomia como lingua-gem universal. Para isso, os estudan-tes são desafiados a confeccionar e partilhar entre si pratos, bebidas, sobremesas e petiscos típicos dos respectivos países de origem. Pelo meio, têm a oportunidade de provar especialidades da cozinha portugue-sa e de conviver ao som de música tradicional de cada país.

LABS SAPO/U.PORTO LANÇA SAPO VOXXA aplicação de recolha automática

de citações de fontes de comunica-ção social na Internet, Sapo Voxx, que está a ser desenvolvida para a Sapo, é um dos projectos em curso no Laboratório Tecnológico Sapo (Labs Sapo/U.Porto). Fruto de uma parceria entre a Faculdade de Enge-nharia (FEUP) e a Portugal Telecom, o Labs Sapo/U.Porto foi oficialmente inaugurado a 18 de Outubro.

O Sapo Voxx consome as emissões on-line de vários orgãos de comuni-cação social (e.g. Lusa, JN, Público) e tenta encontrar citações (directas ou indirectas) proferidas por um conjunto aberto de entidades. Após encontrar essas citações o Sapo Voxx tenta igualmente encontrar o tópico acerca do qual versa a citação.

O Labs Sapo/U.Porto está instala-do no Departamento de Engenharia Informática da FEUP e a funcionar desde Abril de 2010 com o objecti-vo de promover a criação de novos

produtos e serviços que potenciem a utilização da tecnologia em portu-guês. Conta actualmente com a co-laboração de cerca de 20 alunos do Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação (MIEIC) e do Programa Doutoral em Enge-nharia Informática (ProDEI) e com a perspectiva de colaboração de alu-nos de outras faculdades da U.Porto.

Para além do Sapo Voxx, no Labs Sapo/U.Porto estão em curso ou-tros projectos como o Sapo Ciclope (conjunto de ferramentas de moni-torização para os blogues do Sapo); o Marsupilami (sistema de ilustra-ção de texto baseado em colecções multimédia de larga escala) e o Be-epBeep/Sylvester (criação de filtros automáticos para separação por tópico de mensagens de Twitter em português).

Mais informações

http://noticias.up.pt

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JUP || NOVEMBRO 10

FESTIVAL INTERNACIONAL DE TUNAS UNIVERSITÁRIASO XXIV FITU - Festival Internacional de Tunas Universitárias, encheu o Coliseu do Porto nos dias 15 e 16 de Outubro.O evento, organizado pelo Orfeão Universitário do Porto, levou a concurso a Tuna de Engenharia da Universidade do Porto, a Tuna Académica da Faculdade de Economia, a Tuna da Universidade Católica do Porto, a Twist - Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico, a Infantuna de Viseu e a Tuna Universitária do Minho.A grande vencedora foi a Tuna da Universidade Católica Portuguesa, dos “Padrecos”, que celebrou assim o seu 20º aniversário.

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SIMONE ALMEIDA

Legenda:1. Tuna da Universidade Católica Portuguesa2. Tuna Universitária do Minho3. Tuna Universitária do Porto4. Jograis do Orfeão5. Agrupación Arcipreste de Hita6. Tuna Universitária do Porto

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Arrancam os campeonatos intra-faculdades na U.PortoA FepLeague e a Liga de Futsal da Faculdade de Engenharia (FEUP) são dois exemplos de campeonatos universitários realizados entre estudantes da mesma faculdade.

divididas em grupos, de onde só seguirão as duas melhores. Por sua vez, os terceiros lugares jogarão en-tre si “play-offs” para apuramento de mais duas equipas para os quar-tos de final. A partir dos “quartos” passa a equipa que ganhar cada jogo individual, até a final.

Mobilizando cerca de 300 es-tudantes, a FepLeague é um tema comum entre os estudantes daque-la faculdade. “É a actividade da AE-FEP que se prolonga durante mais tempo e é a actividade mais falada. Quando se fala da AE diz-se se or-ganizou bem a FepLeague ou não”, conta Bruno Coelho ao JUP. O coor-denador do Departamento Despor-tivo refere ainda que até no sorteio dos grupos houve sala cheia, tal era a expectativa entre os estudantes.

Além da FepLeague a Faculda-de de Economia promove ainda a FepCup, competição jogada entre as mesmas equipas, mas em que as fases de grupos são substituídas por jogos individuais onde o vencedor passa à fase seguinte – uma espé-cie de Taça de Portugal. No final de

As actividades vão de Outubro até ao início de Maio e não passam ao lado do panorama estudantil destas instituições. A FepLeague é uma competição que tem vindo a realizar-se há já 10 anos. A edição deste ano conta com 24 equipas, mas houve épocas em que o núme-ro ascendeu às 32. Para Bruno Coe-lho, coordenador do Departamento Desportivo da Associação de Estu-dantes da Faculdade de Economia do Porto (AEFEP), a passagem do curso de cinco para três anos foi a principal causa da redução do nú-mero de estudantes participar.

Não há distinção entre equipas: podem ser femininas ou mascu-linas, mistas, e até os professores podem formar a sua equipa ou fa-zer parte de uma juntamente com alunos. Este ano há até uma equipa só com estudantes Erasmus.

As regras da competição são mui-to simples: as 24 equipas são dividi-das em três grupos de oito. Dentro de cada grupo passam as quatro melhores. As equipas que passaram à fase seguinte serão novamente

ambas as competições, há ainda a SuperCup, um jogo entres as equi-pas vencedoras de ambas as ligas.

Também a Faculdade de Enge-nharia tem vindo a promover des-de há cinco anos as competições de futsal entre estudantes da faculda-de, numa linha de funcionamento semelhante à da FEP. A Liga e a Taça futsal envolvem cerca de três centenas de estudantes. Apesar do número de equipas para esta épo-ca ainda não estar definido, deverá rondar as 24.

As principais dificuldades destas competições passam pela disponi-bilidade dos alunos. Há dias fixos para se jogar e os encontros entre equipas são previamente marcados, contudo pode acontecer os estu-dantes não terem disponibilidade para jogar em determinada data. Nesses casos a solução passa por trocar os horários dos jogos entre equipas, ou mais tarde compensar os jogos. Para Bruno Canhoto, estu-dante que colabora com o departa-mento Desportivo da AEFEUP esta flexibilidade é muito importante,

FADU reconhece os melhores estudantes-atletasSara Moreira vence pelo IPP, mas a Universidade do Porto fica de fora dos grandes prémios.

Associação Académica de Coimbra (AAC), que recebeu quatro dos cin-co principais prémios em disputa. Melhor Equipa Masculina, Melhor Equipa Feminina, Melhor Atleta Mas-culino e Melhor Treinador, foram os galardões conquistados pela AAC.

A atleta Sara Moreira, do Instituto Politécnico do Porto (IPP), recebeu o prémio de Melhor Atleta Femini-na do ano, depois de se ter sagrado Campeã Nacional Universitária de 3000m e Campeã Mundial Univer-

sitária de Corta-Mato. O IPP tinha também estudantes nomeados na disputa para Melhor Equipa Femi-nina (Basquetebol do IPP) e Melhor Equipa Masculina (Futebol de 11 do IPP e Futsal da AE do Instituto Supe-rior de Engenharia do Porto).

A Universidade do Porto saiu da Gala do Desporto Universitário sem conquistar qualquer prémio em dis-puta, apesar de Maria Luísa Estriga, treinadora do andebol feminino, bem como a sua equipa, estarem nomea-

das para Melhor Treinador e Melhor Equipa Feminina, respectivamente.

Durante a cerimónia foram tam-bém entregues distinções aos atletas que receberam medalhas nos Cam-peonatos Europeus Universitários e os elementos das Selecções Nacionais Universitárias receberam um diploma de mérito pelos resultados obtidos.

Este ano, os Galardões Prestígio fo-ram atribuídos ao Instituto Politéc-nico do Porto e ao Comité Olímpico de Portugal.

Drink Team, a equipa vencedora da FepLeague na edição do ano passado

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pois “cada vez é mais complicado puxar os estudantes para activida-des extra curriculares”.

Estas Ligas são financiadas es-sencialmente pela taxa de inscri-ção paga pelos estudantes, que é usado para o aluguer do espaço e para pagar os árbitros federados que estão presentes nos jogos. Quanto aos prémios, passam mais pelo simbolismo do que pelo valor material: medalhas ou, no caso da FEUP, bilhetes semanais para

as noites da Queima. Mas, como refere Luís Pombo, estudante de Economia participante na última edição dos campeonatos da FEP, o importante é “o desporto, a com-petição, o companheirismo e as desculpas que o futebol proporcio-na para outras actividades, como jantaradas porque se ganhou... ou porque se perdeu!”

VERA COVÊLO [email protected]

O Casino da Figueira da Foz foi o local escolhido para Gala do Des-porto Universitário, organizada pela Federação Académica de Desporto Universitário (FADU) no dia 6 de Outubro. A iniciativa, que decorreu pelo terceiro ano consecutivo, veio premiar os melhores atletas da épo-ca 2009/2010, para reconhecer quem sempre se dedicou ao desporto uni-versitário e para comemorar os 20 anos da criação da FADU.

A grande vencedora da noite foi a DIANA FERREIRA

Galardões

Melhor Atleta Feminino: Sara Moreira (IPP)

Melhor Atleta Masculino: Sérgio Franco (AAC)

Melhor Treinador: Jorge Franco (AAC)

Melhor Equipa Feminina: Futsal Feminino (AAC)

Melhor Equipa Masculina: Rugby Sevens (AAC)

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JUP || NOVEMBRO 10 || 19 Des

port

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Pólo de Ciências da Comunicação recebeu International Conference on Media and Sport

A primeira Conferência Interna-cional de Média e Desporto (IN-COMES) trouxe à Universidade do Porto doze investigadores de países como a Holanda, Alemanha, Reino Unido, entre outros, que apresen-taram à comunidade académica estudos realizados sobre cobertura mediática de eventos desportivos.

Sendo os mega-eventos os prin-cipais acontecimentos em análise, as conferências acabaram por se focar maioritariamente em tópicos relacionados com o último Cam-peonato Mundial de Futebol e os Jogos Olímpicos, em especial os de Pequim, realizados em 2008.

Os trabalhos desenvolvidos passa-vam pela análise de determinados órgãos de comunicação social para extrair resultados. Foi destacada a importância da cobertura televisi-va de um evento, já que a televisão continua a ser o meio de comunica-ção social (média) predilecto entre a população. Chegou-se também à conclusão que os grandes eventos desportivos contribuem largamen-te para o desenvolvimento e explo-ração de outros meios de difusão e

de novas tecnologias. A nível da forma de tratamento

das notícias e dos atletas, concluiu-se que os média davam natural-mente mais atenção aos atletas dos seus países, e desportistas de re-nome. Notava-se também que era dada muito mais importância aos países europeus em detrimento de outros continentes. Especialmente no Mundial da África do Sul, havia alguma negatividade relacionada quando se mencionavam países africanos. Uma conferencista ro-mena, Bianca Marina Mitu, alertou para o crescimento do mediatismo à volta do desporto, com uma ten-dência para apelar ao sensacionalis-mo e a esfera mais pessoal do des-porto de forma a atrair o público.

Apesar do auditório onde se re-alizaram as conferências ter ficado muito longe de estar cheio, no final do INCOMES, o professor Rui Ale-xandre Novais considerou o evento um sucesso, salientando a sua im-portância e a vontade de lhe dar continuidade em anos futuros.

Durante dois dias, nas instalações do curso de Ciências da Comunicação da UP, falou-se de desporto e cobertura mediática de grandes eventos.

GADUP

U.Porto em terceiro lugar no Troféu Nacional Universitário de VelaDois estudantes da FEUP e um da FCUP integraram a equipa que levou a Universidade do Porto ao pódio.

A equipa de Luís Sena e Pedro Setas Costa, da Faculdade de Engenharia, e João Zamith, da Faculdade de Ciências, levou a Universidade do Porto (UP) ao pódio no torneio que marcou o início das competições universitárias nacio-nais, nos dias 16 e 17 de Outubro, na ria de Aveiro. O trio esteve empatado com outra equipa no segundo lugar, mas no desempate os estudantes da Universidade do Porto passaram para a terceira posição. Apesar do resulta-do positivo, a equipa admite que “sou-be a pouco”. Luís Sena, estudante de Engenharia Mecânica na FEUP, consi-dera que “o primeiro lugar era difícil, mas o segundo era acessível”.

A organização dos Troféu esteve a cargo da Associação Académica da Universidade de Aveiro, o Sporting Clube de Aveiro e a Federação Portu-guesa de Vela.

Para Luís Sena, atleta federado de vela, notava-se um certo “amadoris-

mo” na organização da prova, a co-meçar pela escolha do local, que, na opinião do estudante da FEUP, não era o mais propício à realização da prova, o que terá limitado uma maior competitividade. João Zamith con-corda com o companheiro de equipa dizendo que o país tem uma costa extensa, e que não percebe “por que é que a prova foi organizada na Ria, onde o vento não era constante”.

Ao todo, quinze equipas disputa-ram este Troféu. Além da equipa que chegou ao pódio, o Porto esteve ainda representado por mais um equipa da UP e uma do Instituto Politécnico do Porto (IPP), que ficaram em 8º e 9º lugar, respectivamente. A equipa ven-cedora foi a Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST).

Este Troféu foi o ponto de partida para mais um ano de competições universitárias a nível nacional, com a UP a contabilizar já uma Medalha

de Bronze. A Vela é uma modalidade nova nos campeonatos universitários, tendo por isso ainda um longo cami-nho a percorrer. Para Luís Sena, este troféu deveria abrir caminho para outras competições, mas não só aos primeiros classificados. “Falta o pós-troféu”, afirma.

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Equipas em competição no Troféu de Vela em Aveiro

Bianca Marina Mitu durante a sua apresentação sobre mediatismo em torno dos eventos desportivos

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JUP || NOVEMBRO 1020 || DESPORTO

Galaico-Durienses reforçam laços entre universidadesA XXV edição dos Jogos Galaico Durienses será organizada pela Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD) de 23 a 25 de Novembro.

Há 20 anos, seis universidades – Universidade do Porto (UP), Universidade do Minho (UM), Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), Universidade da Coruña (UDC), Universidade de Santiago de Compostela (USC) e Universidade de Vigo – juntaram-se com o objectivo de organizar jogos de convívio entre as várias universidades. Assim nasceram os Jogos Galaico-Durienses.

Os Jogos começaram por se realizarem duas vezes por ano, uma vez em Março e outra em Novembro, uma vez em Espa-nha e outra em Portugal. Como em muitos casos as dificuldades financeiras imperaram, a sua or-ganização tornou-se apenas anu-al, mas manteve-se a rotatividade para a sua organização entre am-bos os países. A próxima edição, a vigésima quinta, decorre de 23 a 25 de Novembro, em Vila Real.

As modalidades variam todos os anos, mas procura-se apostar um pouco em desportos menos

“badalados”. Para esta edição a UTAD propõe a esgrima, natação, tiro e corrida, badmington e jo-gos populares como desportos individuais. Quanto às activida-des colectivas, haverá voleibol, rugby e futsal – esta última a ser disputada apenas por funcioná-rios e docentes com mais de 30 anos. Haverá ainda os Jogos sem Fronteiras, actividade onde parti-ciparão apenas os dirigentes des-portivos das seis universidades.

Cada instituição participa com cerca de 40 participantes, que ainda estão em processo de selec-ção pelo Gabinete de Actividades Desportivas da Universidade do Porto. No entanto, Bruno Almei-da, director do GADUP, comenta que nem sempre é fácil cativar os estudantes para esta iniciativa, apesar de os Jogos serem uma ac-tividade apelativa: afinal, são três dias numa cidade diferente em convívio com colegas universitá-rios e com todas as despesas pa-gas. “Cada vez é mais complicado

arranjar participantes, porque os estudantes têm menos tempo e pode ser difícil mobilizá-los para passar alguns dias fora”, afirma Bruno Almeida.

Na última edição dos Galaico-Durienses, em Santiago de Com-postela, a UP ficou em 4º lugar, não cumprindo o objectivo de ficar entre os lugares do pódio, mas ainda assim foi a melhor equipa portuguesa. Para este ano, o objectivo continua a ser “ga-nhar”, mas o director do GADUP reconhece que quem joga em casa, neste caso a UTAD, parte sempre em vantagem.

No próximo ano, a pedido da UP e contrariando a norma que dizia que os Jogos alternavam entre Portugal e Espanha, a com-petição será realizada pela Uni-versidade do Porto no âmbito do centenário da instituição. A Ga-liza receberá posteriormente os Galaico-Durienses durante dois anos consecutivos.

VERA COVÊLO TAVARES

ANDRÉ DUARTE E LEANDRO SILVA

O Regresso da Tranquilidade

Quem olhou de relance para o banco de suplentes da Selec-ção Portuguesa, no jogo contra a Dinamarca, deparou-se com um cenário diferente. Um Car-los Queiroz que oscilava entre as exaltações com árbitros e um ar resignado perante as más exi-bições da equipa deu lugar a um Paulo Bento tranquilo, tal como era habitual nos tempos de trei-nador leonino.É a sua imagem de marca.

Tranquilidade quando assumiu a equipa principal do Sporting, depois do fiasco na final da Taça UEFA em Alvalade na época 2004/2005, tranquilidade na saí-da mediática do clube e tranqui-lidade quando aceitou treinar uma selecção afectada por uma série de maus resultados e pela polémica acerca do processo disciplinar de Carlos Queiroz.

Um apuramento para o Mun-dial tremido, seguido de uma prestação pouco mais que me-diana (apenas uma vitória con-tra a Coreia do Norte) e uma derrota na partida com a No-ruega precedida de um empate com o Chipre nos jogos de qua-lificação para o Euro 2012. Foi esta a herança deixada por Car-los Queiroz ao novo timoneiro da equipa das Quinas. O início da era Paulo Bento tem

sido auspicioso: duas vitórias se-guras, futebol mais agradável e uma equipa mais tranquila, à

imagem do seu treinador. No-te-se também a influência de um Nani em grande forma e de um Cristiano Ronaldo mais parecido com o jogador que ac-tua no Real Madrid. As mudanças a nível táctico

e mesmo as próprias convo-catórias, foram poucas. As di-ferenças mais notórias são a inclusão de Carlos Martins no meio-campo e o regresso de Pepe à posição de central. Pau-lo Bento entregou também a João Pereira a missão de fazer esquecer Paulo Ferreira e Mi-guel no lado direito da defesa. É demasiado cedo para retirar

conclusões definitivas. Apenas o tempo e os resultados dirão se a escolha de Paulo Bento para seleccionador foi acerta-da. Apesar dos bons resulta-dos iniciais, a selecção nacio-

nal continua em situação complicada nas contas do apuramento para o Euro-peu. A equipa lusa tem ape-nas mais um ponto que a Dinamarca apesar de ter mais um jogo d i sputado . Portugal está proibido de perder pon-

tos, sobretudo se os dinamar-queses ganharem à Noruega. Por agora, só existe uma cer-

teza: Paulo Bento era o homem que a Selecção precisava. Um homem com pulso de ferro mas ponderado e suficiente-mente sereno para lidar com os “egos” dos jogadores, a ex-pectativa de dez milhões de treinadores de bancada e a pressão mediática inerente ao cargo que ocupa. Nestes tem-pos de crise, a estabilidade que Paulo Bento trouxe, veio mes-mo a calhar.

O início da era Paulo Bento tem sido auspicio-so: duas vitórias seguras, futebol mais agradável e uma equipa mais tran-quila, à imagem do seu treinador.

FRANCISCO FERREIRA (ARQUIVO JUP)

A diversidade de jogos é escolhida por quem organiza, mas tem de haver sempre um jogo tradicional

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JUP || NOVEMBRO 10 DESPORTO || 21

O Squash é um desporto prati-cado entre quatro paredes – sendo que a da retaguarda é de vidro - e terá surgido Inglaterra no século XIX, quando começou a ser praticado pelos condena-dos em prisões. Este desporto, jogado individualmente ou em duplas, tem como objectivo, de uma forma muito básica, acertar

com uma bola de borracha nas áreas delimitadas da parede fron-tal. Dado que os atletas jogam de forma alternada com o adversário – ora arremessa um a bola, ora arremessa outro – a ideia é bater com a bola na parede para que o adversário não o consiga fazer quando for a sua vez de jogar.

É, por isso, um desporto muito

rápido que exige grande resistên-cia e força física, pois ao contrário de outras modalidades em que se pode gerir mais ou menos o ritmo a que se desenvolve uma activi-dade, no Squash passa-se logo do oito ao oitenta: de um estado em que não se está a jogar para, logo de seguida, estar-se a “dar o litro”.

Actualmente, em Portugal, en-

tre 500 a 1000 pessoas praticam Squash, mas apenas cerca de 250 participam em competições de âmbito profissional, apesar de não poderem ser chamados de “profissionais” já que não vi-vem apenas dessa actividade. De facto, Alberto Rezende, treinador de Squash no Clube de Squash do Porto e campeão nacional no

Squash: a técnica de jogar uma bola contra a paredeSaído das prisões para o mundo, o Squash é uma modalidade que tem vindo a crescer ao longo dos tempos. Em Portugal ainda está pouco desenvolvido, mas a tendência é para crescer.

MODALIDADE DO MÊS

ano passado, afirma que para já, “em Portugal é impossível” viver do Squash.

Já na vizinha Espanha, onde cerca de 100 000 pessoas prati-carão a modalidade, já é pos-sível levar esta modalidade de forma profissional. Para Alberto Rezende, as principais razões para o estado ainda embrion-ário desta actividade em Portu-gal passam “não haver apoios por parte dos Estado, é um de-sporto com pouca visibilidade mediática e é um desporto que tem poucos praticantes para ter grandeza suficiente”.

Contudo, apesar do número ainda reduzido de participantes, o campeão nacional de Squash conta ao JUP que, depois de cerca de uma década de estag-nação, ultimamente a modali-dade tem vindo a crescer, es-pecialmente nas camadas mais jovens, “devido aos profissionais que começaram a trabalhar na área” e também ao facto de o Grupo Solinca “ter investido bastante na modernização do Squash em Portugal.”

VERA COVÊLO TAVARES

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UP promove escalada na Serra de Valongo

A Universidade do Porto vai organizar, no dia 7 de Novembro, um dia de escalada em Valongo. A iniciativa é aberta a toda a co-munidade académica, com expe-riência nesta actividade ou não, mas os interessados em partici-par têm de se inscrever na mo-dalidade de Escalada promovida pelo Gabinete das Actividades Desportivas da Universidade do

Porto (GADUP), que decorre na Faculdade de Desporto (FADEUP).

A ideia será subir a Serra de Valongo, um local propício para a prática desta actividade, sob a orientação do técnico do GADUP Filipe Carvalho que estará sem-pre presente.

As inscrições deverão ser feitas no balcão do GADUP na Faculda-de de Desporto.

Novembro é mês mais de mais duas provas universitárias nacionais

26 de Novembro.Já a Associação Académica da

Universidade de Aveiro (AAUV) está encarregada de organizar o I Torneio de Apuramento de Andebol feminino, entre 29 e 30 deste mês.

BREVES

Depois do Troféu de Vela em Outubro, as modalidades inter universitárias continuam. A Asso-ciação Académica da Universida-de do Minho (AAUM) vai receber o I Torneio de Apuramento de Hóquei em Patins nos dias 25 e

De relembrar que tanto as equipas de Andebol feminino da Universidade do Porto (UP) como a de Hoquéi em Patins foram campeãs nacionais na época an-terior, pelo que as expectativas para esta época estão em alta.

Professor, à esquerda, e aluno, à direita durante uma aula de Squash

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Turismo jovem afasta-se do convencionalUm milkshake de factores como a crise económica, gosto em viajar, curiosidade por novas culturas e espírito de aventura levam milhares de jovens a procurar novas modalidades de turismo. O JUP foi conhecer jovens que passaram a fazer turismo de forma mais aventureira e arriscada.

INTERRAIL DE COMBOIO PELA EUROPA

O Interrail é um tipo de viagem que faz parte do imaginário da maior parte dos jovens. Criado em 1972, apareceu como sendo uma forma mais barata e mais livre de os jovens visitarem vários países da Europa.

Alexandre Santos, estudante de Nutrição na FCNAUP, fez um In-terrail no Verão passado com mais cinco amigos. “A minha maior paixão sempre foi viajar”, aponta Alexandre como motivo para ter embarcado na aventura. Já Inês Pedroso, estudante de Ciências de Comunicação, diz que no início foi a “curiosidade e a vontade de ul-trapassar fronteiras” que a levou a fazer o Interrail, coisa que já pen-sava fazer há muito tempo.

Alexandre Santos percorreu 18 cidades de 11 países numa jor-nada de 25 dias pela Europa e afirma que todos os sítios pelos quais passou “têm o seu encanto”: Praga, “por ser das cidades mais bonitas que vi até hoje”, “Berlim pelas pessoas, pela cerveja, pela despreocupação, pela história que é constantemente recordada pela cidade toda, pela arte urbana”, “Amesterdão pela diferença, pela liberdade...”, diz, acrescentando sempre mais uma cidade e mais um motivo pelo qual o Interrail que fez em Agosto deste ano se tornou inesquecível.

Para Inês Pedroso, todas as 11 ci-dades por onde passou com mais seis amigos a marcaram de uma forma ou de outra. “As cidades de Itália marcaram-me; muito, ali-

ás: é um país com um potencial enorme, são mais do que bonitas e com uma história incrível. Outra das cidades que mais me cativou foi, sem sombra de dúvida, Berlim: uma cidade marcada por uma his-tória recente e conservada, com uma cultura imensa, com pessoas de personalidade muito própria e com um movimento nocturno espectacular”. “Liubliana foi uma cidade que me surpreendeu. Mais escondida e mais recatada, talvez aquela na qual pusemos expec-tativas mais baixas…revelou-se uma cidade interessante”, afirma, dizendo que lhe custa não referir todas as outras cidades.

Para Alexandre, a melhor parte do Interrail foram as viagens entre as várias cidades em que aprovei-taram para se divertir e conhecer-se melhor. “Nem uma viagem de 13 horas entre Viena e Brasov nos abrandou e impediu de ser a me-lhor viagem entre todas as que fi-zemos”, diz o estudante. Inês diz que todos os momentos vividos deixaram uma marca que jamais será apagada: “mesmo os momen-tos menos agradáveis deixaram lições para o futuro: ao nível de adaptação a novas circunstâncias, é de um valor inabalável. Aprendi a lidar com sítios sem condições de limpeza, aprendi a lidar com culturas completamente distintas. Aprendi a ser mais autónoma e mais capaz. Aprendi a desenras-car-me e a fazer contas à vida... O Interrail pode ser ainda mais caro se não preparamos bem as coisas. Quanto à experiência de convívio, é um desafio enorme estar com as mesmas pessoas durante 24 horas,

25 dias seguidos”. Quanto aos custos, ambos es-

tudantes disseram ter gasto uma média de 1200€ incluindo gastos com as viagens, o alojamento e alimentação.

Para Alexandre, a maior vanta-gem deste tipo de viagem é o di-nheiro: “gastamos muito menos por cidade do que se visitássemos cada cidade isoladamente. Viajar de comboio pela Europa é muito fácil e permite-nos chegar aos centros das cidades sem passar por check-in e temos a oportunidade de ver paisagens fantásticas enquanto es-tamos no comboio”, explica.

Se voltavam a repetir a expe-riência? Ambos dizem que sim. “Com outro percurso”, diz Inês; “adorava fazer algo assim noutro local como a América do Norte ou a Ásia”, acrescenta Alexandre.

TURISMO DE POLEGAR LEVANTADO E CARTAZ NA MÃO

A conhecida cena de uma pes-soa, na berma da estrada com o polegar estendido e um cartaz com um destino escrito na outra mão é-nos apenas familiar dos filmes. Em Portugal, o costume de andar à boleia não é muito frequente, estando intimamente conotado com um acto de rebel-dia de jovens com um espírito aventureiro. Nos quatro cantos do mundo, são muitas as pessoas que, por vários motivos, pedem boleia a estranhos.

Em alguns casos, fazem-no numa curta distância, mas há quem o faça por milhares de qui-

tura. Depois, explica que, “como correu tudo bem, acharam piada, ainda chegaram a perguntar se o dinheiro que me davam não che-gava, mas consegui explicar que não é uma questão de dinheiro. Hoje em dia, os meus pais já estão habituados ao meu tipo de viagem e confiam na minha análise das di-ferentes situações e pessoas”.

Gonçalo Cadilhe, um dos maio-res especialistas de turismo do país e cronista regular do semaná-rio Expresso, confessa que para si andar à boleia “não é um último caso. Se puder, gosto imenso”.

O cronista fala da imprevisibili-dade deste tipo de viagem, em que “se vai à boleia sem datas marca-das e, sobretudo, com uma liber-dade bestial”, algo a que recorreu principalmente no início da sua carreira de viajante, quando não tinha que se fazer acompanhar de equipamentos de filmagem, como hoje acontece.

Andar à boleia implica um certo perigo. Gonçalo Cadilhe concorda, mas conclui que “o medo também se aprende a controlar” e explica que este é menor quando vamos com amigos.

Pedro Oliveira nunca foi sozi-nho nas suas viagens de hitchhi-king. “Fui sempre com um ou dois amigos. Na minha opinião, dois é o número perfeito porque nem estás sozinho, o que muita gente pode achar estranho, nem estás com gente a mais”. O ex-estudante de Erasmus afirma que nunca re-jeitou nenhuma boleia, mas “fui sempre muito cuidadoso”.

Em Portugal, a modalidade não é muito comum, mas o especia-

“Nem uma viagem de 13 horas entre Viena e Brasov nos abrandou e impediu de ser a melhor viagem entre todas as que fizemos.”

lómetros. Em alguns países, a mo-dalidade revela-se fácil, segura e eficaz. Para alguns, “apanhar bo-leia” não é apenas uma forma de economizar na deslocação, signifi-ca bastante mais.

Pedro Oliveira, antigo estudan-te da Faculdade de Economia, já praticou a modalidade várias vezes. Durante o ano lectivo de 2008/2009, esteve a estudar na Finlândia pelo programa Erasmus. Em conversa com um grande ami-go e devido a alguma curiosidade pelo hitchhiking (termo utilizado na língua inglesa), Pedro decidiu viver esta experiência que, se-gundo o próprio, “vai muito mais além do poupar dinheiro”.

Enquanto esteve em Erasmus, o antigo aluno da FEP visitou Helsín-quia, Rovaniemi e Inari na Lapó-nia, e também a Noruega. Depois do seu regresso a Portugal, Pedro sentiu saudade de andar à boleia e decidiu fazer “uma viagem por Es-panha”, em que passou por Zara-goza, Valencia, Alicante e Madrid.

Nas viagens de polegar levanta-do e cartaz na mão, Pedro estima que percorreu cerca de três mil quilómetros. Na sua primeira via-gem, os familiares de Pedro não ti-nham conhecimento da sua aven-

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tura

lista em viagens conhece países “onde é fácil andar à boleia por-que há pouca gente com carro e não serás o único. É muito co-mum na América Central as pes-soas andarem à boleia nas carri-nhas pick-up”.

À boleia, Gonçalo Cadilhe, acon-selha que as pessoas mais inexpe-rientes comecem por se aventurar à boleia em regiões tranquilas, usando como exemplo a sua ex-periência em ilhas: “Aconselho a uma pessoa inexperiente se a bo-leia é nos Açores ou na Nova Ze-lândia. Não aconselho se a boleia é nos Estados Unidos ou na Europa.”

Com o avançar dos anos, o nú-mero de pessoas que andam à bo-leia tem-se reduzido, afirma o pos-to de turismo do Porto. A razão apontada para a diminuição desta prática deve-se à crescente aces-sibilidade dos transportes, cada vez mais económicos, frequentes e eficazes.

A modalidade não promete extinguir-se. Pedro Oliveira, afir-ma que a boleia “é mais que um meio de deslocação, é um meio de conhecer pessoas novas e interes-santes e é uma forma de viagem muito divertida”. Numa das suas viagens na Lapónia, Pedro con-ta que conheceu uma finlandesa num cenário altamente imprová-vel. “Uma das boleias que mais me impressionou foi a de uma jovem, com 18 anos e que tinha a carta de condução há menos de um mês. Ia visitar a família e era linda de morrer. E o mais engraçado da situação foi ela ter dado boleia a três rapazes que tinham passado dez dias a caminhar num parque nacional na Lapónia com barbas gigantes e com um aspecto nada interessante. Nesse dia parecia que o improvável nunca iria acon-tecer, mas aconteceu, e tivemos uma viagem incrível com uma pessoa muito interessante”.

COUCHSURFING: MAIS QUE UMA FORMA ALTERNATIVA DE VIAJAR

Couchsurfing é uma comunida-de internacional de viajantes que procuram e/ou disponibilizam um sofá,onde os “surfers” possam fi-car durante um ou mais dias.

Esta actividade não se limita a ser uma forma alternativa de

dadeira missão desta actividade “é conviveres com o dia-a-dia de outras pessoas, de outros países. Quando as pessoas vêm para tua casa tu ficas a conhecer a rotina delas: a que horas acordam, o que comem, o que gostam de fazer, como se vestem”.

A exigência para ser “surfer” é apenas a da criação de um perfil no site. Esse perfil terá informa-ções sobre a casa (por exemplo, quantas pessoas se aceitam por noite e durante quantos dias) e informações pessoais (quais os gostos da pessoa, experiências de couchsurfing, formação académi-ca, etc). Quando se quer ir para a casa de alguém, tem que se fazer um request, onde se explica os mo-tivos pelos quais se pretende fazer couchsurfing, pedido que pode ou não ser aceite.

Uma outra possibilidade de fa-zer couchsurfing é saber se há ou não sofá disponível. No caso de não existir, pode-se simplesmente “acolher” uma pessoa apenas du-rante uma tarde, por exemplo, e ir passear com ela pela cidade.

Até agora, a Daniela só prati-cou a modalidade em Londres. Durante o tempo que esteve na cidade, adaptou-se aos hábitos e rotinas de quem a recebeu. Uma das situações “estranhas” com

que se deparou foi ter que co-mer brócolos crus, algo que não costuma fazer, mas que faz parte dos hábitos ingleses.

O que é verdadeiramente im-portante nesta actividade, comum a todos os “surfers”, é “a inter-ajuda e a vontade de aprender e de ensinar”.

NUMA CIDADE POR UM DIA

Os voos low-cost são cada vez mais procurados por todos os que apreciam uma boa viagem e gos-tam de uma boa pechincha em viagens de avião. As companhias aéreas low-cost são capazes de efectuar vários voos em horários que permitem a chegada a um novo país e o retorno a casa no mesmo dia. A vantagem consiste na visita à cidade por apenas um dia, sem gastos relativos à estadia.

O número de turistas por um dia na cidade do Porto tem vindo a cres-cer, constata o posto de turismo do Porto. Normalmente, são espanhóis oriundos das zonas fronteiriças que visitam o Porto por um dia e pedem informações de locais a visitar no posto de turismo.

O posto de turismo do Porto não dispõe ainda de iniciativas e programas especiais para este

novo tipo de turismo, mas é uma possibilidade para o futuro.

A Gonçalo Cadilhe, o “turismo por um dia” parece pouco inteli-gente, devido ao impacto negati-vo que o uso do avião tem para o ambiente, afirmando que “é ne-cessário ter uma relação sensata com a ecologia”.

Para o profissional de viagens, os gastos das deslocações não são o problema; apenas é necessário que as pessoas saibam gerir o seu tempo, “organizando a sua vida de maneira a, com pouco dinheiro, conseguir tempo para que todos os custos sejam repartidos por vá-rios dias”.

Pedro Oliveira, antigo estudante de Economia, já pensou várias ve-zes em ser turista por um só dia. Porém, explica que prefere per-manecer por mais tempo numa cidade e acrescenta que, “nos dias de hoje, já nos são disponibilizadas muitas formas de contornarmos grandes despesas numa viagem”.O que é

verdadeiramente importante, e é comum a todos os “surfers”, é “a inter-ajuda e a vontade de aprender e de ensinar”

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CATARINA MEDEIROSDANIELA TEIXEIRA

DIANA FERREIRAMARIANA CATARINO

viajar e poupar dinheiro no alo-jamento. Tem um quadro de prin-cípios e objectivos próprios, que nada têm que ver com dinheiro. No couchsurfing pretende-se que os viajantes participem na vida das cidades que visitam, que co-nheçam e se adaptem à rotina de quem os recebe (ou de quem recebem), que interajam com pes-soas que não conhecem e de dife-rentes culturas.

Daniela Cerqueira, estudante da Universidade do Porto, aventurou-se recentemente no couchsurfing e revela que o objectivo “é receber alguém e ensinar-lhe um pouco da nossa cultura, a nível da gastro-nomia, por exemplo, e de levar a conhecer a cidade” e os seus prin-cipais pontos de interesse.

Daniela diz-nos que começou a fazer couchsurfing pelos “motivos errados”, ou seja, para “poupar di-nheiro no alojamento”. Mas a ver-

Viajar à boleia, em que se vai sem datas marcadas, sobretudo, com uma liberdade bestial

http://www.interrailnet.com/http://www.couchsurfing.org

Links

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IRINA RIBEIRO

A moda

Quando passeio na rua, não posso deixar de notar que os adolescentes estão cada vez mais parecidos uns com os outros. Já me aconteceu pas-sar de carro em algum sítio e acenar para raparigas, que se pareciam com as minhas primas. Acho que é normal confundir alguém, mas nunca me tinha acontecido tão sis-tematicamente. O que mais vejo são raparigas e rapazes com o cabelo demasiado volumoso, maior do que o próprio corpo, e calças a cair até aos joelhos. Gostava de saber quem dita estas regras da moda (que todos pare-cem, religiosamente, seguir) e porque é que as pessoas parecem não querer seguir um estilo próprio. Agora, há uma homogeneida-de da moda que é adoptada por todos e que faz com que ninguém tenha uma carac-terística individual, ninguém sobressaia pela sua originali-dade. Hoje em dia, a imagem

conta muito mais do que de-via. Neste país e no mundo, não há lugar para a fealdade. Quem não seguir um padrão pré-definido pela sociedade é simplesmente marginalizado, posto de parte, exactamen-te porque todas as outras pessoas seguem o referido padrão. O ideal de beleza

faz com que as pessoas (principalmente, as mulhe-res) vivam obcecadas em construir uma personagem que agrade à sociedade. Esta ávida procura faz com que, muitas vezes, as loucuras sejam perpetuadas em nome da inclusão ou da não mar-ginalização. Tudo isto tem uma outra consequência que é a crescente preocupa-ção da sociedade com aquilo que não é, definitivamente, o mais importante. Ou seja, as pessoas vão ficando cada vez mais fúteis e super-ficiais, muitas das vezes, inconscientemente. A socie-dade vai-se “estupidifican-do”. Tudo isto faz com que estejamos pouco atentos aos problemas graves que nos rodeiam e que subvertamos os valores morais que nos fazem viver de uma forma equilibrada. O que eu estou a tentar explicar é que, se não tivermos cuidado, isto pode transfigurar-nos de tal

maneira que já não nos conhece-mos.Não estou a dizer que não nos devemos tratar nem devemos deixar de cuidar de nós (não me interpretem mal), antes pelo contrá-rio, deve-

mos, sim, fazê-lo, principal-mente, para agradarmos a nós próprios e não só aos outros. Apenas, não deve-mos viver em função deste paradigma de beleza (que objectivamente não existe) e não devemos deixar-nos alienar pela procura desse mesmo paradigma.

“Tudo isto tem uma outra consequência que é a crescente pre-ocupação da sociedade com aquilo que não é, definitivamente, o mais importante.”

24 || CULTURA

Acho que devia fazer mais, podia dar mais de mim e não posso porque trabalho, porque sou humana”.

O voluntariado é normalmente de três horas por dia, mas Adeli-na diz que nunca se fica por aí. E, nessas três horas, tudo pode acon-tecer. “Se a criança está internada, ela decide o que quer fazer. Se ela decidiu que tinha de cantar três horas, nós cantamos três horas. Tudo o que lhes passar na cabeça e for possível”.

Mas não se criam laços imediatos com as crianças. São, por norma, observadoras e querem conhecer

Adelina acredita que um dos passos para vencer o cancro é a necessidade que eles têm de viver e o positivismo com que encaram a doença.

No entanto, há sempre excep-ções. O Luís é um desses casos. Quando entrou no Hospital, “era um miúdo alegre, bem-disposto, fantástico e, no espaço de um mês, foi-se completamente abaixo”. Aca-bou por não superar a doença e faleceu “porque não teve força de vontade para a superar”.

Nestas situações, é muito compli-cado saber o que dizer às famílias

...Ser Voluntária na Oncologia Pediátrica

do S. João

CONTA-ME COMO É...

em desistir. “É evidente que quando saio do S. João, nestas alturas, chego ao carro e descarrego. Muitas vezes choro, porque são muitas emoções que lá dentro não podemos passar, mas curiosamente quem nos dá força são as crianças”.

E o que é preciso para se ser vo-luntário? “É preciso gostar muito, ter muito carinho. Não é preciso ser ninguém em especial, é preciso ter amor, amor para dar e saber rece-ber, porque nós recebemos muito mais do que aquilo que damos”.

LILIANA PINHO E SARA MARQUES

Adelina Gomes tem 54 anos e é coordenadora do voluntariado da Associação Acreditar. É voluntária no Hospital de S. João “há dois anos e meio, embora pareça que seja há vinte” e trabalha com crianças a quem foi diagnosticado cancro, principalmente a nível cerebral.

“É preciso ter muita força de von-tade. Foi uma colega do trabalho que me falou. Estive um ano a amadure-cer a ideia, a pensar nos prós e nos contras”. Mas acabou por ceder. E Adelina nunca se arrependeu da es-colha que fez. “Arrependo-me sim de não conseguir fazer mais e melhor.

primeiro, mas depois aceitam os voluntários como amigos. “Vale tudo, desde brincadeiras a conver-sas sérias. Às vezes temos perguntas bem difíceis das quais eu queria fu-gir, mas temos de ter a capacidade de lhes saber responder com a mes-ma astúcia com que elas as fazem”.

A voluntária conta ainda que as crianças são mais corajosas que os adultos e têm uma capacidade mui-to superior de sofrimento perante os tratamentos, que são tão doloro-sos. As crianças “têm força, conse-guem continuar e ensinam os pais a acreditar”.

que as conforte e lidar com isso a nível pessoal.

Para apoiar a família, existe o projecto Sete Cores do Arco-Íris, que vai desde os cuidados do diag-nóstico até ao final – seja a cura ou a morte. “Normalmente – e infeliz-mente – é a morte; por isso é que são [cuidados] paliativos.” A Acre-ditar disponibiliza ainda psicólogas aos pais e o apoio que eles necessi-tam, “pois muitas vezes estes pais o que precisam é de ser ouvidos”.

A nível pessoal, Adelina sente-se feliz e realizada. Mas os dias não são sempre iguais, e por isso já pensou

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JUP || NOVEMBRO 10 CULTURA || 25

Vasco da GamaCozinha aberta constantemen-

te, perfeito para quem tem ho-rários desregulados para as refei-ções, ou para quem costuma ter ataques de fome a meio da ma-nhã ou da tarde. Principalmente quando não se tem tempo e en-tre trabalhos da faculdade tem-se mesmo de comer alguma coisa, quem sabe se não calha bem uma francesinha vegetariana.

Duas televisões e uma grande

resulta em amizade”.Aberto todos os dias excepto no

Domingo, dispõe sempre de um prato do dia e catorze super-menus com bebida incluída – da meia fran-cesinha à fêvera em prato.

O ambiente acolhedor, os pre-ços económicos, a variedade e o ponto de acesso wireless são ape-nas algumas das características que fazem do Vasco um sítio ideal para estudantes.

NUNO MONIZ

O “Vasco” tem cozinha sempre aberta

GOURMET DAS TASCAS

e o Sr. Manuel. Apesar dos longos anos de vida do

estabelecimento, esta família gere o espaço há 23 anos, tendo anterior-mente passado por várias mãos.

A aposta é clara e fica ainda mais quando se lê o menu do Vasco: “O acolhimento passa pelo extremo cuidado no serviço prestado e no estabelcer com os seus clientes um estreito relacionamento de simpa-tia, que na maior parte dos casos

O Vasco da Gama, conhecido como “Vasco” há 39 anos, é o sna-ck-bar ideal para quem quer ser bem recebido.

Situado na Rua da Boa Hora, ao pé dos Serviços de Acção Social da Universidade do Porto (SASUP) e do Centro Desportivo Universitário do Porto, é-se cumprimentado pelos funcionários logo à terceira visita.

O Vasco é um projecto de família - pai e filhos. O Sr. Vilela, o Sr. Carlos

NUNO [email protected]

perspicácia: desporto numa, séries noutra. Uma boa maneira de passar um bocado num ambiente que ra-pidamente se torna familiar.

Vasco da GamaRua da Boa Hora, 58Telf: 222050235

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JUP || NOVEMBRO 1026 || CULTURA

LILIANA PINHO

Bigodes, álcool e muita festa em mais um Arraial de EngenhariaDe 26 a 29 de Outubro, os estudantes da Academia encheram o Pavilhão Rosa Mota, atraídos por um car-taz ambicioso e a promessa de noites de grande folia.

O arraial é de Engenharia, mas nem só de engenheiros se fez a festa. Se no ano passado o Arraial tinha sido um sucesso, este ano superou as expecta-tivas. De todo o lado, vieram pessoas para ver o mais ansiado nome do cartaz: Günther e as Sunshine Girls. O fenómeno do Youtube esgotou o pa-vilhão Rosa Mota e tornou o espaço demasiado pequeno para o sem-nú-mero de pessoas que estava presente na noite de quinta-feira.

Por todo o lado se viam bigodes e imitações do artista sueco, trautean-do as letras ainda antes de o espectá-culo começar. E Günther não desilu-diu, levando os estudantes ao rubro com “Teeny Weeny String Bikini” e “Tutti Frutti Summer Love”. O ponto alto foi a “Ding Dong Song” e, ainda que tenha sido cantada três vezes, mostrando o raro reportório do can-tor, foi cantada com entusiasmo de todas as vezes.

Quem também levou o pavilhão ao rubro foram os Homens da Luta. “E

o povo, pá?” gritaram os estudantes em uníssono de cada vez que Neto e Falâncio o pediram. A banda, do Por-to, estava em casa. Fizeram piadas, puxaram pelos engenheiros, e encer-raram o dia 27 com muita euforia.

Mas o Arraial desde logo começou bem. A terça-feira começou com o DJ Xico L, mas foi dia de música direc-tamente vinda de Engenharia, com a TEUP e a TUNAFE – Tunas masculina e feminina de Engenharia - que aque-ceram as hostes para a semana.

E, claro, o Arraial não podia aca-bar mal. David Fonseca foi outro dos nomes mais aguardados, com as suas canções “Superstars”, “Kiss me, Oh Kiss Me”, “Cry for Love”, entre muitas mais. Um espectáculo à al-tura do que o artista português nos tem habituado.

Sílvio Monteiro é de Engenharia Química e tinha as expectativas em alta, “pelo cartaz essencialmente, porque foi uma aposta ganha com nomes sonantes”. E, como a tantos

outros, o que mais o atraiu foi Gün-ther. “Vim para ver que ele realmente existe, que não é só no Youtube. Ain-da assim acabei por vir os dias todos, também por David Fonseca”. Mas Sílvio garante que, se Günther não fosse o ponto alto do arraial, as suas expectativas sairiam “um bocado fu-radas”. Uma palavra para descrever o certame? “Surpreendente.”

A edição deste ano apostou tam-bém em animações paralelas – como os modeladores de balões e os pauli-teiros – e marcaram ainda presença nomes como La La Pito, Meu Ou-tro Tanto, Come na Rua, Cintura e Hookers On Rockets.

Ficou apenas a nota ser necessá-rio mais controlo sobre a empresa de segurança, uma vez que, segun-do o JUP apurou, alguns seguranças (aparentemente já embriagados) fo-ram protagonistas de algumas cenas abusivas que resultaram em queixas dos estudantes.

LILIANA PINHO

Padrecos 2010 no Coliseu do Porto

O Festival de Tunas deste ano contou com a participação da Tuna Académica de Lisboa, da Tuna Uni-versitária do Minho, da Azeituna (Tuna de Ciências da Universidade do Minho) e da Tuna de Medici-na do Porto. A Tuna feminina da Universidade Católica Portuguesa (UCP), a Tuna de Engenharia da Universidade do Porto e a própria Tuna da Universidade Católica Por-tuguesa actuaram sem, no entanto, entrarem no concurso.

André Guiomar, aluno do Mes-trado de Cinema e Audiovisual da UCP, afirma que o festival ”foi um espectáculo que resultou, principal-

mente pela versatilidade de estilo das tunas que iam desde o Minho a Lisboa, passando pelo Porto. Para os caloiros foi óptimo porque se en-volveram num ambiente diferente”

Tomás Vilas Boas, um dos ele-mentos da TUCP falou com o JUP acerca do Padrecos. “Este ano foi o mais marcante porque se realizou no mesmo ano em que a Tuna faz 20 anos”, afirma.

Depois da entrega de prémios, o Coliseu do Porto fechou as portas ao som do hino da Tuna da Univer-sidade Católica Portuguesa, “Tuna de Padrecos”.

TERESA CASTRO VIANA

Foi a 2 de Outubro que o Coliseu do Porto recebeu o Festival de Tunas organizado pela Tuna da Universidade Católica Portuguesa, que comemora este ano o seu 20º aniversário.

Prémios Padrecos 2010Melhor Pandeireta:- Tuna Universitária do MinhoMelhor Estandarte- Tuna de Medicina do PortoMelhor Interpretação Musical- Tuna Académica de LisboaMelhor Solista

- Tuna Académica de LisboaTuna mais Tuna- Azeituna2ª Melhor Tuna- Tuna Universitária do MinhoMelhor Tuna- Tuna de Medicina do Porto

Não era um dos favoritos, mas arrecadou o Nobel da Literatura

Mário Vargas Llosa disse um dia que “a literatura não é algo que nos faça felizes, mas ajuda-nos a defendermo-nos da infelicidade”. E foi desta vez que a literatura fez Vargas Llosa muito feliz, ou “co-movido e entusiasmado” nas suas próprias palavras.

No dia 7 de Outubro, a Academia Sueca anunciou o escritor peruano como o Nobel da Literatura 2010.

Aos 74 anos, Llosa foi reconhecido “pela sua cartografia das estrutu-ras de poder e pelas suas imagens mordazes da resistência, revolta e derrota dos indivíduos”, conforme comunicado oficial da Academia.

O autor de clássicos como “A Tia Júlia e o Escrevedor”, “A Casa Ver-de”, “A Guerra do Fim de Mundo” ou “A Cidade e os Cães” não é ape-

A Academia deliberou e, este ano, o reconhecimento foi para Mario Vargas Llosa, um eterno candidato.

nas um dos escritores mais influen-tes da sua geração. Líder político e activista pela liberdade e igualdade social, nunca baixou os braços na luta contra um regime melhor no seu país, o Peru, uma luta que se encontra bem vinculada nos temas e na forma como escreve.

Ainda que fosse um eterno can-didato, o escritor não era um dos favoritos deste ano e competia com outros grandes nomes. A atribuição do prémio não deixou de ser uma grande surpresa para todos, inclusi-ve para Llosa.

Mario Vargas Llosa torna-se as-sim o 103º a ser premiado com o Nobel da Literatura, que é atribuído desde 1901 e tem um valor de cerca de um milhão de euros.

LILIANA PINHO

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Crít

icas

Em 2010, Oliver Stone faz a seque-la de Wall Street, original de 1987.

O filme conta a história de Ja-cob Moore (Shia LeBeouf), cor-rector da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Jacob anseia ascen-der rapidamente na sua carreira e alcançar um cargo de poder.

Por outro lado, Gordon Gekko, interpretado por Michael Dou-glas, é o personagem central do filme. Gordon sai da cadeia, passados oito anos da sua con-denação por fraude fiscal. Quan-do o patrão de Jacob se suicida, Gekko acredita que foi graças a Bretton James, outro corretor, que terá lançado um boato que fez com que a sua empresa en-trasse em colapso, levando en-tão ao suicídio do seu chefe.

Jacob namora com a filha de Gekko e usa o relacionamento para se aproximar dele, com vista à construção de um plano para derrubar o homem que destruiu a vida do seu patrão e mentor.

Oliver Stone tem um gosto particular pela área da bolsa de valores, daí o lançamento de dois filmes relacionados com o tema.

A história não é fantástica mas vive das boas interpreta-ções e de uma boa fotografia.

MIGUEL LOPES RODRIGUES

O “This Is War” é o terceiro ál-bum de 30 Seconds To Mars. Ex-tremamente melódico, mas ainda assim, rockeiro. “This Is War” é um álbum perfeito para ouvir naqueles dias em que precisamos de sentir, de reviver… sentir um arrepio na espinha, abrir os braços, fechar os olhos e cantar. É um álbum que alerta para as escolhas e egoísmo do Homem, tendo em conta a era em que vivemos e o desrespeito que nutrimos pela Terra, pelo Mundo e acima de tudo uns pelos outros.

Todo o álbum é uma ode à guer-ra, como em “Night Of The Haun-ter”, “A Call To Arms”, “Search & Destroy”, entre outras. Ao longo das músicas, nota-se a evolução que a banda sofreu na composição deste álbum, ainda que baseado em sons alternativos, futuristas e agarrados ao rock tradicional (não fossem es-tes influenciados pelos Pink Floyd, Kiss, Alice Cooper, etc).

Os três singles, “Kings And Que-ens”, “Closer To The Edge” e “This Is War” retratam bem o poder do álbum. A ordem de apresentação dos singles foi bem escolhida, com coerência e segue uma determina-da linha musical. A falta de músicas mais calmas neste álbum é colma-tada com “100 Suns” e “Alibi”, fe-chando ainda com o surpreendente “Equinox”, uma música pesadamen-te calma com canto gregoriano e alguma simetria. O sentimento que o álbum deixa a quem o ouve é de querer mais, de um arrepio inten-so e vibrante. Não obstante, “This Is War” também dá que pensar, no que o Homem fez e vai fazer, no passado e no futuro, deixando o presente num vácuo espacial, em que cada um de nós decide o me-lhor a fazer.

LUÍS MENDES

4/5 “THIS IS WAR”30 SECONDS TO MARS

Em “O Bazar Alemão” é-nos des-crito o ambiente pré-Segunda Guer-ra Mundial na ilha da Madeira, mais propriamente no Funchal. Nesta altura, esta cidade cosmopolita é reconhecida internacionalmente como um fantástico destino de fé-rias. Mas há ainda muitos estrangei-ros que residem permanentemente na ilha, gozando da hospitalidade portuguesa. A certa altura, a co-munidade judaico-alemã na cida-de do Funchal começa a ser per-turbada pela assombrosa ameaça nazi, a que pensavam ter escapado.

Ao longo da história, conhecemos casos de famílias que fazem parte desta comunidade: o casal Eugen Beckman e Elisabeth Schulte que vêem o seu pedido de casamento negado por ela ser de origem ju-daica, a família Brusov da Polónia, o médico Franz Schönberg entre outros. Conhecemos também os delatores: os Bromberger, fervo-rosos adeptos de Hitler que não hesitam em denunciar o que eles consideram que não cumpre as leis da protecção da pura raça ariana.

Apesar do interesse histórico desta obra e da descrição muito bem conseguida dos seus prota-gonistas, falta-lhe seguimento. Em cada capítulo conhecemos no-vas personagens, mas a história propriamente dita nunca avança.

É curioso saber principalmente a influência do III Reich, que pertur-ba mesmo a tranquilidade do Fun-chal. A autora, jornalista, baseou-se na investigação de uma professora do Departamento de Estudos Ale-mães da Universidade da Madeira que encontrou informações sobre as denúncias feitas contra resi-dentes judaicos (principalmente os de origem alemã) à Gestapo, no Consulado Alemão do Funchal.

JÚLIA ROCHA

3/5“WALL STREET”- O DINHEIRO NUNCA MORREOLIVER STONE

3/5 “BAZAR ALEMÃO”HELENA MARQUES

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JUP || NOVEMBRO 10

Car

dápi

o13/SET A 20/NOVPORTO MÚLTIPLORestaurante Via Garrett 11h00 às 12h00

23/SET A 12/NOVNOVOS.COM JÚLIO RESENDE Galeria Cor Espontânea Segunda a Sábado das 13h00 às 19h00 ENTRADA LIVRE

30/SET A 27/NOVABEL SALAZAR E O SEU TEMPO - UM OLHAR Museu Nacional Soares dos Reis Terça das 14h00 às 18h00 Quarta a Domingo das 10h00 às 18h00

13/NOVCULTURE & ADMINISTRATION Mosteiro São Bento da Vitória21h30

1/NOVVAMPIRE WEEKENDColiseu do Porto21H00 Entre 25€ e 35€

3/NOVXAVIER RUDD Hard Club23€

3/NOVPEDRO ABRUNHOSA & COMITÉ CAVIARColiseu do Porto23€-21H30

3/NOVSOMBRA TOUR 2010MOONSPELL E OPUS DIABOLICUMCasa da Música22,5€

4/NOVCRYSTAL CASTLESTeatro Sá da Bandeira23€-21H00

5/NOVRITA REDSHOESHard Club15€

8/NOVBROKEN SOCIAL SCENE Casa da Música 25€-22H00

21/SET A 14/DEZLEITURAS NO MOSTEIROMosteiro de São Bento da Vitória Terça 21h00ENTRADA GRATUITA

2/OUT A 19/DEZ LOOK UP! NATURAL PORTO ART SHOWVários locais da cidade

2/OUT A 19/DEZ “O LAGO DOS CISNES” NO GELOColiseu do Porto

23/OUT A 27/NOV SEMINÁRIO “AS FÚRIAS”Museu de Arte Contemporânea de Serralves

MÚSICA VÁRIOSEXPOSIÇÕES2/NOV A 21/NOVT3+1CANTO DO CISNE, OS MALEFÍCIOS DO TABACOTeatro Carlos Alberto Quarta a Sábado às 21h30; Domingo às 16h Entre 10€ - 15€

18 A 28/NOVSOMBRASTeatro Nacional S.João Terça a Sábado às 21h00; Domingos às 16h Entre 7,5€ e 16€

26 E 27/NOVODISSEIA: O COLÓQUIOTeatro Nacional de São João Sexta e Sábado 10h30 - 13h00; 14h30 - 18h00 ENTRADA GRATUITA

27/NOVCADERNETA DE CROMOS AO VIVOColiseu do Porto 21h30Domingos às 16hEntre 15€ - 25€

TEATRO

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JUP || NOVEMBRO 10

privatização da escola pública originou a emergência de um for-te movimento estudantil que foi capaz de derrotar muitas destas direcções associativas. No Porto, a FAP era dominada por Diogo Vas-concelos (PSD) e apenas as AE’s de Ciências, Belas-Artes e Letras (mais tardiamente) se opuseram aberta-mente a esta lei e organizaram-se.

O ano 1992 foi um ano de ma-nifestações e greves. Mesmo nas faculdades e academias em que o poder se mantinha sob influência do PSD, os estudantes desafiaram-no e convocaram greves e manifes-tações um pouco por todo o país. A 18 de Novembro de 1992 ocorreu uma grande manifestação nacional que conseguiu juntar nas ruas mais de 10 mil estudantes. Um ano de-pois, cerca de 1000 estudantes di-

PALAVRAS LEVA-AS O VENTO

|| 29 Opi

nião

Apesar de o movimento estudan-til do ensino secundário vir de uma importante vitória, a revogação da PGA (Prova Geral de Acesso), no ensino superior as principais aca-demias eram dominadas pelo PSD.

O fim do «ensino tendencial-mente gratuito» e o início da

Era uma vez uma leirigiram-se para São Bento e foram recebidos à bastonada pela polícia de choque. O governo de Cavaco Silva revelava-se: primeiro tinham sido os trabalhadores da TAP, agora eram os estudantes e seguir-se-iam ainda os manifestantes contra as portagens na ponte 25 de Abril e os vidreiros da Marinha Grande. Cava-co Silva marcava, definitivamente, a política nacional e impunha as leis e a propina à bastonada.

A carga policial veio permitir que a contestação extravasasse as faculdades. A manifestação de res-posta aconteceu a 7 de Dezembro e pôs na rua mais de 20 mil pes-soas. Aos estudantes do superior juntaram-se estudantes do secun-dário, professores, cidadãos anó-nimos e alguns sindicatos. O mi-nistro Couto dos Santos caía nesse

1992: Cavaco Silva é primeiro-ministro e Couto dos Santos ministro da educação. Em pleno mês de Agosto é aprovada a lei 20/92, a famosa lei das propinas.

ANDREA PENICHEEx-presidente da Direcção da AEFLUP

dia e era substituído por Manuela Ferreira Leite.

Se é verdade que o movimento contra as propinas não conseguiu revogar a lei, também é verdade que impediu que o valor proposto, já para o ano de 1994/95, de propina máxima, 750 euros, não fosse além dos 300 euros.

Mas, na verdade, aquilo que hoje a distância nos permite perceber é que este movimento falou verdade quando disse que esta lei repre-sentava o fim do ensino público, gratuito e universal. Avisámos que aceitá-la seria permitir o aumento progressivo dos valores a serem pagos; chamámos a atenção para o facto de esta escolha expulsar estudantes da universidade; lem-brámos que a acção social escolar não era capaz de responder a estes casos e que o ensino se estava a tornar cada vez mais elitista, a re-produzir as desigualdades sociais, e a afirmar-se como um privilégio daqueles que o podiam pagar. E, por isso, boicotámos a lei e gritá-mos «Não pagamos!»

E o resultado está aí: o valor das propinas já ronda os 1000 euros,

o que significa que aumentaram cerca de 450% desde que a lei en-trou em vigor; um doutoramento pode custar 35 mil euros. Hoje há estudantes que não chegam sequer ao ensino superior; há estudantes que são obrigados a desistir da sua formação porque não têm dinhei-ro para pagar propinas. Hoje, um agregado familiar de quatro pes-soas, com um rendimento de tra-balho total de cerca de 1900 euros, não tem direito a bolsa e paga as propinas por inteiro. Hoje, o ensino superior é um privilégio de quem o pode pagar, diga o ministro Maria-no Gago o que quiser para sossegar a consciência.

A lei 20/92 significou um retro-cesso civilizacional. Aniquilou a possibilidade de Portugal recupe-rar de quase meio século de atraso e de se preparar para os desafios dos tempos que correm. Quem patrocinou e aceitou o fim do en-sino superior público, universal e gratuito é, pois, responsável pelo atraso do país.

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JUP || NOVEMBRO 1030 || OPINIÃO

FICHA TÉCNICADIRECÇÃODIRECÇÃO DO NJAP/JUP - PRESIDENTE Ricardo Sá Ferreira VICE-PRESIDENTE Catarina Cruz VOGAIS Nuno Moniz (JUP) || Henrique Guedes (galerias)

DIRECÇÃO DO JUP Aline Flor DIRECTORA DE PAGINAÇÃO Natacha Cunha DIRECTOR DE FOTOGRAFIA Miguel Lopes Rodrigues CHEFE DE REDACÇÃO Dalila Teixeira EDITORES E SUB-EDITORESEDUCAÇÃO Teresa Castro Viana SOCIEDADE Leandro Silva DESPORTO Vera Covêlo Tavares CULTURA Liliana Pinho OPINIÃO Nuno Moniz

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Adriano Campos || Aline Flor || Amarílis Felizes || Andrea Peniche || André Duarte || Catarina Medeiros || Daniela Teixeira || Diana Ferreira || Gabriela Almeida || Irina Ribeiro || Júlia Rocha || Leandro Silva || Liliana Pinho || Luís Mendes || Mariana Catarino || Miguel Lopes Rodrigues || Nuno Moniz || Paulo Alcino || Renata Silva || Ricardo Sá Ferreira || Sara Marques || Simone Almeida || Susana Costa || Teresa Castro Viana || Vera Covêlo Tavares

IMAGEM DA CAPA Miguel Lopes Rodrigues DEPÓSITO LEGAL nº23502/88 TIRAGEM 10.000 exemplares DESIGN LOGO JUP Bolos Quentes De-sign EDITORIAL/GRAFISMO Joana Koch Ferreira PAGINAÇÃO Aline Flor || Natacha Cunha

PRÉ-IMPRESSÃO Jornal de Notícias, S.A IMPRESSÃO Nave-Printer - Indústria Gráfica do Norte, S.A. Propriedade Núcleo de Jornalismo Académico do Porto/Jornal Universitário REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Rua Miguel Bombarda, 187 - R/C e Cave 4050-381 Por-to, Portugal || Telefone 222039041 || Fax 222082375 || E-mail [email protected]

APOIOSReitoria da Universidade do Porto, Serviços da Acção Social da Universidade do Porto, Univer-sidade Lusófona do Porto, Instituto Português da Juventude.

EDITORIAL

Depois de um ano longe das ruas, os estudantes do Ensino Superior voltam a mostrar as suas cores à cidade de Lisboa.

As direcções associativas tentaram o que puderam e conseguiram vitórias – algumas nem tanto. Avisaram pacificamente as condições necessárias mas foi só depois da ameaça de acção que conseguiram uma reacção do Governo.

Depois da publicação das normas técnicas e com o caminho preparado para a atribuição das bolsas de estudo sob o novo regulamento, pode parecer exagerada uma acção nacional que procura melhorias na Acção Social Escolar. Mas não.

Algumas exigências foram cumpridas, mas nem por isso devemos baixar os braços. Nem podemos, enquanto vemos os nossos direitos a serem arrancados a pouco e pouco. Ainda falta assegurar o apoio a “actuais” e futuros estudantes bolseiros e manter os preços de alimentação e alojamento, de que dependem tantos estudantes. Falta garantir-lhes que o Ensino Superior é uma aposta ganha e que vale a pena investir na educação: a educação dos que vão construir o nosso país quando estes – os que agora estão no poder – acabarem por cair. Falta lembrar aos nossos caros governantes que a política não é um jogo de marionetas, mas que nas suas mãos está o futuro de quem ainda espera o seu lugar ao sol. E falta fazê-los ver o quão errada parece ser a sua ideia de “democracia”: quando não conseguimos ver nisto um governo “do povo, pelo povo, para o povo”.

O destino parece próximo, mas é ao chegar ao topo desta montanha que podemos ver o longo caminho que ainda há para percorrer do lado de lá.

Filhos da geração de um Abril adormecido, é esta uma boa altura para nos levantarmos para ir até onde as palavras de apelo parecem não estar a chegar. ALINE FLOR

As lições brasileiras

… E desde esta data que escre-vo tudo indica que seja uma ven-cedora, Dilma Rousseff. Em caso de acerto torna-se mais previsí-vel o percurso e as escolhas do futuro governo brasileiro. Será, na sua essência, um governo de continuidade. Não quer isso di-zer que uma vitória de José Ser-ra representasse uma mudança radical nos rumos da política brasileira, já que até o conser-vador Financial Times aponta as “notáveis semelhanças” entre os dois candidatos, mas é difícil não ver no candidato da coligação de centro-direita do PSDB/DEM um regresso aos anos de Fernando Henrique Cardoso, que deixou a presidência em 2002. De qual-quer forma, só pelos resultados da primeira volta, esta campa-nha já será lembrada pela maior

no subsolo marítimo, reforçaram ainda mais a posição do país no cenário internacional. Em Junho, Dilma efectuou um périplo pela Europa no qual Portugal não fi-cou de fora, encontrando-se com José Sócrates e, quem mais, Amé-rico Amorim, aquele que com a descoberta do petróleo brasileiro um dia acordou o homem mais rico de Portugal.

Mas não nos enganemos, a can-didatura de Dilma foi uma solução de recurso. Os sucessores mais óbvios de Lula, como José Dirceu, Palocci ou mesmo outras figuras de topo do PT, sucumbiram aos inúmeros escândalos de corrup-ção envolvendo o actual Governo, o que de certo modo contribuiu para a concentração de poder unipessoal em Lula e que tem ali-mentado as suposições de que o presidente pode voltar em 2014. O revês é, claro, a credibilidade polí-tica de Dilma. É certo e sabido que, na política, os coadjuvantes não nasceram para líderes.

Por fim, se alguma lição fica destas presidenciais brasileiras é como um programa político, só-

lido e mobilizador, como o do PT que levou Lula ao poder em 2002, com a promessa de rechaçar as medidas neoliberais em favor da imensa maioria da população, pôde se transformar, apenas oito anos depois, em uma propagan-da desalentadora e instituciona-lizada. Com uma realidade social – a nível da distribuição de ren-da, acesso à habitação, à saúde e educação públicas – que impos-sibilita qualquer propaganda nu-mérica capaz de maquiar a sua calamidade. O PT de Dilma será, então, um partido longe dos mo-vimentos sociais e das lutas po-líticas travadas no seu passado, onde a união com sectores con-servadores da sociedade brasilei-ra passaram a ser oficializadas nas alianças eleitorais com par-tidos do calibre do conservador PMDB ou na candidatura ao Es-tado de Alagoas do Ex-Presidente da República cassado, Fernando Collor de Mello. Falar da vitória deste PT é, lá no fundo, falar de uma esquerda que perdeu.

ADRIANO CAMPOS

O leitor destas linhas com certeza já saberá quem saiu vencedor da segunda volta das presidenciais brasileiras…

transferência de votos já operada por um governante na história do Brasil, com o poderio político de Lula (com 80% de aprovação popular) a alavancar a candida-tura da apagada e tecnocrata Dil-ma Rousseff.

Com um crescimento económi-co a superar os 7% este ano e com os números de ascensão social a registar a saída de 24 milhões de pessoas da linha de pobreza, crise é uma palavra que só se encon-tra nas secções de política inter-nacional dos jornais brasileiros. Lula soube usar estes números como ninguém no clima de pré-campanha que o PT impôs nos úl-timos dois anos. Uma economia pujante e a expectativa de vir a tornar-se um dos maiores produ-tores mundiais de petróleo, com a descoberta de enormes reservas

PODER ONLINE AGÊNCIA BRASIL

Nunca baixar os braços

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JUP || NOVEMBRO 10 OPINIÃO || 31

Devaneios

Penso sempre nela.Todos os dias penso nela.E tenho saudades.

Faz-me falta e há-de sempre ser assim.

As lágrimas cobrem a minha pele cansada.E penso nela.Todos os dias penso nela.E tenho saudades.

Ainda a sinto comigo.Ainda a tenho comigo.Hoje e sempre.

Teresa Castro Viana

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Page 32: JUP Novembro 2010

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