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JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA
HABEAS CORPUS NQ 7.897 - PR (Registro n Q 98.0062976-9)
Relator: Ministro Fernando Gonçalves
Impetrante: Ronaldo Antônio Botelho
401
Impetrado: Desembargador Relator do Habeas Corpus nQ 687.738 do Tri
bunal de Justiça do Estado do Paraná
Paciente: Carlos Alberto Scarpelini
EMENTA: Habeas corpus - Liminar - Denegação - Novo writ
- Prefeito municipal- CF, art. 29, X.
1. Não cabe habeas corpus para obtenção de medida liminar parcial
mente atendida em outra impetração, salvo manifesta ilegalidade de efei
tos de difícil reparação.
2. O entendimento pretoriano é no sentido de que a investigação contra prefeito municipal, em virtude da prerrogativa de função, apenas po
derá ser procedida pelo órgão competente para oferecer eventual denúncia junto ao Tribunal de Justiça - Constituição Federal- art. 29, X.
3. A suspensão do indiciamento formal do prefeito municipal em
inquérito policial requisitado pelo Ministério Público, até o julgamento do mérito da impetração, sem prejuízo da continuação da diligência quanto às demais pessoas indicadas na peça investigatória, afasta a tese do
indevido constrangimento, resultando, em conseqüência, o pronunciamento antecipado da superior instância em supressão de um grau de jurisdição.
4. Ordem denegada.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sex
ta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, denegar o habeas corpus. Votaram com o Relator os Ministros Vicente Leal e Anselmo Santiago. Ausentes, por motivo de licença, o Ministro William Patterson e, justificadamente, o
Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro.
Brasília-DF, 15 de outubro de 1998 (data do julgamento).
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
402 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ministro VICENTE LEAL, Presidente.
Ministro FERNANDO GONÇALVES, Relator.
Publicado no DJ de 09.11.98.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO FERNANDO GONÇALVES: Versa a espécie acerca de habeas corpus impetrado a favor de Carlos Roberto Scarpelini, que estaria a sofrer indevido constrangimento por ato do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, denegatório de liminar para trancamento de inquérito policial contra ele instaurado, a requerimento do Ministério Público, não obstante sua condição de prefeito municipal de Apucarana, impeditiva de ser investigado pela autoridade policial local, em razão do foro privilegiado.
Houve, no tribunal a quo, agravo regimental, cujo acórdão guarda a seguinte ementa:
"Processual Penal. Habeas corpus. Agravo regimental requerido para o fim de reconsiderar a liminar indeferida, no sentido de trancar inquérito policial requisitado pelo Ministério Público contra prefeito municipal, com base em expediente oriundo da Ouvidoria Geral - Denúncia de funcionário da administração sem a sua assinatura - Provimento parcial para o fim de obstar o indiciamento formal do paciente no inquérito de que se trata, até julgamento meritório do writ, sem prejuízo do prosseguimento das investigações requisitadas pelo Ministério Público." (fls. 137-138)
Prestadas as informações (fls. 131-133), a ordem, que inicialmente tinha sido impetrada perante o STF, por decisão monocrática do Relator (fls. 143-144), foi remetida a esta Corte, tendo a Subprocuradoria Geral da República opinado pela denegação da ordem (fls. 153-157).
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO FERNANDO GONÇALVES (Relator): Como destaca o parecer ministerial, o paciente já obteve na decisão do agravo regimental, onde foi apreciada a temática referente à denegação da medida liminar, a pretensão de não ser indiciado formalmente no inquérito policial em curso
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 403
até o julgamento meritório do writ (fls. 154 e 133). Colocou em realce o julgado (fl. 139) que o simples trancamento do inquérito estaria pondo obstáculos à investigação requisitada pelo Ministério Público que age por dever de ofício.
Não se nega, por outro lado, que a jurisprudência, tanto do Supremo
Tribunal Federal (HC nº 74.403-6-MG - Primeira Turma - ReI. o Min. Sydney Sanches), como do Superior Tribunal de Justiça (RRC nº 4.402-0-SC - Sexta Turma - ReI. o Min. Luiz Vicente Cernicchiaro) encaminha-se,
à luz do disposto no art. 29, inciso X, da Constituição Federal, no sentido de que a investigação contra prefeito municipal, em virtude da prerrogativa de função, apenas poderá ser procedida pelo órgão competente para oferecer eventual denúncia junto ao Tribunal de Justiça.
In casu, como visto, o indiciamento do paciente foi suspenso em sede
de agravo regimental, enquanto se aguarda a decisão de habeas corpus,
mostrando-se, em conseqüência, precipitada eventual decisão do Superior
Tribunal de Justiça que, a par da não existência de constrangimento, importaria na supressão de um grau de jurisdição.
De mais a mais, além de já estar atendido o desideratum do paciente,
não cabe o acolhimento de habeas corpus contra despacho negatório de liminar em feito da mesma natureza (STJ - HC nº 6.327-SC), máxime na espécie onde ficou assentado, verbis:
"Todavia, merece o presente agravo regimental parcial provimento, para o fim de sustar as investigações contra a pessoa do sr.
prefeito municipal impetrante, enquanto estiver sub judice o habeas corpus impetrado, sem prejuízo da continuação das provídências já
requisitadas pelo Ministério Público envolvendo as demais pessoas que estão indiciadas na peça investigatória." (fl. 140)
Como se vê, o pedido de trancamento do inquérito, além de temerário,
exterioriza, data venia, verdadeiro despautério, coarctando a atividade ministerial e policial de agir em virtude de prática configuradora de crime, em tese.
Diante do exposto, nego a ordem.
RST], Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
404
Relator:
Impetrantes:
Impetrada:
Paciente:
REVISTA DO SUPERIORTRIBUNAL DE JUSTIÇA
HABEAS CORPUS Nº 8.341 - SP (Registro nº 98.0097216-1)
Ministro Vicente Leal
Antonio Claudio Maris de Oliveira e outro
Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região
Délcio Trevisan
Sustentação Oral: Sérgio Eduardo Mendonça Alvarenga, pelo paciente, e Antônio Augusto César, Subprocurador-Geral da República
EMENTA: Penal - Processual Penal - Denunciação caluniosa -Ação penal-Ausência de justa causa - Trancamento - Habeas corpus.
Para configurar o crime de denunciação caluniosa é necessário que o fato descrito na falsa denunciação constitua típico ilícito penal.
Mera querela desenvolvida nos autos de processo entre juiz e advogado, da qual resultou pedido de investigação para apurar fatos atípicos não autoriza a promoção de ação penal por denunciação caluniosa.
Habeas corpus concedido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conceder o habeas corpus para trancar a ação penal, na conformidade dos votos e notas taquigráficas a seguir. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Luiz Vicente Cernicchiaro e Fernando Gonçalves. Ausente, por motivo de licença, o Sr. Ministro William Patterson.
Brasília-DF, 25 de março de 1999 (data do julgamento).
Ministro VICENTE LEAL, Presidente e Relator.
Publicado no DJ de 19.04.99.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO VICENTE LEAL: O advogado Délcio Trevisan apresentou notitia criminis contra o Juiz Trabalhista Antero Nunes Martins,
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 405
acusando-o da prática dos crimes de injúria, incitação ao crime e violência
arbitrária contra o exercício de sua profissão de advogado.
O Tribunal Regional Federal da 3ª Região decidiu pelo arquivamento da
investigação, considerando penalmente atípica conduta do magistrado.
Em razão disso, o magistrado trabalhista ofereceu representação contra
o advogado, imputando-lhe a prática de denunciação caluniosa. Acolhendo
essa petição, o Ministério Público ofereceu denúncia perante a Terceria Vara
Criminal da Seção Judiciária da Justiça Federal em São Paulo.
Objetivando o trancamento dessa ação penal, sob a alegação de ausên
cia de justa causa, foi impetrada ordem de habeas corpus, que foi denegada
por decisão majoritária da egrégia Segunda Turma da Corte Federal Paulista.
Insatisfeitos, os advogados impetrantes reeditam o mesmo pleito peran
te este Tribunal, em caráter substitutivo de recurso ordinário.
Sustentam, em longas razões, que o paciente, advogado militante na área
trabalhista há quase quarenta anos, encontra-se sofrendo constrangimento
ilegal, submetido a uma ação penal desprovida de justa causa, pois agiu de
modo legítimo ao denunciar conduta que considerou injuriosa, tendo-se limi
tado a narrar os fatos e pedir que os mesmos fossem apurados por meio de
inquérito policial.
Verberam que a atitude do paciente não configura, em absoluto, o delito
de denunciação caluniosa.
Pedem, no final, o trancamento da ação penal.
Prestadas as informações, estas acompanhadas de copIa do acórdão
denegatório do writ original (fls. 85/106), foram os autos encaminhados ao
Ministério Público Federal, que em parecer de fls. 1081112, opina pela
denegação da ordem.
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO VICENTE LEAL (Relator): Após longa reflexão so
bre o thema sub judice, convenci-me de que a contenda emoldurada nos
autos não autorizam a instauração de uma ação penal.
Para uma adequada visualização da controvérsia é interessante efetuar-se
a leitura de alguns excertos da denúncia, verbis:
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
406 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
"1. Consta nos autos que o advogado Délcio Trevisan, em 16 de fevereiro de 1995, litigando em processo trabalhista, inconformado com sentença proferida pelo Juiz Trabalhista Antero Arantes Martins, peticionou a este utilizando-se de termos agressivos. O juiz, ao receber a petição, assim proferiu o despacho:
"Os termos utilizados pelo subscritor da petição de fls. são desnecessariamente ofensivos a todos os membros que compõem a Magistratura do Trabalho.
Oficie-se à Amatra II - Associação dos Magistrados Trabalhistas da 2ª Região, com cópia daquela manifestação, a fim de que sejam levadas a efeito as providências que forem necessárias."
2. Notificado deste despacho, o advogado Délcio Trevisan, no dia 09 de junho de 1995, apresentou notitia criminis à Procuradoria Regional do Trabalho - 2ª Região, imputando ao juiz trabalhista a prática de atos delituosos capitulados pelos artigos 140, 286 e 322 do Código Penal, ou seja, os delitos de injúria, incitação ao crime e violência arbitrária, dando margem à instauração do inquérito policial. A notitia criminis veio assim redigida:
O requerente é advogado, constituído nos autos do Processo nº 3/86, em curso perante a 41 ª JCJ/SP, entre partes:Tobias Marcello Azeredo Passos, reclamante e Caixa Econômica Federal do Estado de São Paulo SI A, reclamada.
A referida reclamação encontra-se em fase de liquidação e, após a apresentação de artigos e liquidação, o requerente foi surpreendido pelo despacho de fl. 672 do referido processo, bastante estranho em relação à legislação aplicável.
O requerido, em petição em que o requerente, como advogado, solicitava providências processuais, em defesa de seu cliente, determinou, sem qualquer previsão legal, como ato pessoal, que se oficiasse a Amatra - Associação dos Magistrados Trabalhistas da 2ª Região - associação de classe, estranha aos quadro do Poder Judiciário, ofendendo a dignidade e decoro do requerido, incitando seus pares à prática injuriosa, perpetrando, no exercício de função pública, violência contra o exercício profissional do requerente, apesar de notificação extrajudicial.
O procedimento do requerido constitui crime, no entender do requerente, face às disposições contidas nos arts. 140, 286 e 322 do Código Penal.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 407
Pelo exposto, o requerente apresenta a presente, a fim de que apurado o crime, através do competente "inquérito policial", re
querido por V. Exa., na forma da legislação aplicável, sejam os requeridos condenados na forma da lei" (fls. 23/25).
Da leitura atenta da denúncia, onde se transcreve por inteiro o conteúdo da peça de denunciação, conclui-se que o melhor entendimento foi expresso no voto vencido da ilustre Juíza Sylvia Stexner. Sustentou Sua Excelência a tese de que "não há como falar-se em denunciação caluniosa quando o agente
imputa a outrem fatos atípicos, que sequer poderiam ter ensejado a instauração do
inquérito policial" (fl. 104).
E após invocar o magistério de Celso Delmanto e Alberto Silva Franco sustentou a ilustre magistrada paulista, verbis:
"Esse exatamente o caso dos autos em que o paciente, em representação totalmente inepta (fls. 32/34), atribuindo ao magistrado trabalhista a prática de 'crimes' previstos nos arts. 140,286 e 322 do Código Penal, pediu a instauração de inquérito policial. Os 'fatos criminosos' imputados ao magistrado vieram assim descritos: '( ... ) O requerido, em petição em que o requerente, como ad
vogado, solicitava providências processuais, em face do seu cliente,
determinou, sem qualquer previsão legal, como ato pessoal, que se oficiasse à Amatra - Associação dos Magistrados Trabalhistas da 2ª Região - associação de classe, estranha aos quadros do Poder Judiciário, ofendendo a dignidade e o decoro do requerido, incitando seus pares à prática injuriosa (sic), perpetrando, no exerCÍ
cio de função pública, violência contra o exercício profissional do requerente (sic), apesar de notificação extrajudicial' (fl. 33). A sim
ples leitura revela, além da inépcia, a inexistência de qualquer ato
ou fato penalmente típico atribuído ao magistrado, razão, aliás, do arquivamento do inquérito por decisão desta colenda Corte.
Não se pode negar, é certo, a impropriedade da conduta do paciente. Tal fato, no entanto, é de ser perseguido através das vias administrativas de seu órgão de classe. O que não se pode,
no caso, é atribuir-se-Ihe a prática de delito de denunciação caluniosa, exatamente pelo fato de que suas 'denúncias' são totalmente
inconsistentes, ineptas a ponto de tornar incompreensível tenha a autoridade instaurado inquérito policial para sua investigação" (fls. 105/106).
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
408 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Correto o pensamento acima transcrito, cujo termos incorporo a este voto e adoto como razão de decidir.
Isto posto, concedo o habeas corpus e ordeno o trancamento da ação
penal, à mingua de justa causa.
É o voto.
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 7.732 - SP (Registro n Q 98.0042114-9)
Relator: Ministro Fernando Gonçalves
Recorrente: Teresa de Jesus Mareco de Vergara
Advogado: José Luiz Pereira
Recorrido: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Paciente: Teresa de Jesus Mareco de Vergara (presa)
EMENTA: RHC - Expulsão - Progressão - Decreto de expulsão -Art. 111 da LEP.
1. O entendimento pretoriano é de que não se defere ao estrangeiro a progressão de regime, caso haja contra ele decreto de expulsão, a ser
implementado quando do cumprimento da pena restritiva de liberdade
por crime praticado no território brasileiro.
2. Na hipótese, entretanto, de condenação através de sentença
trânsita em julgado, onde foi determinado, em primeiro lugar o cumprimento de pena em regime integralmente fechado e, ao depois, por outro
delito, em regime aberto, não é lícita a invocação em desfavor do alienígena de eventual equívoco como forma de se adaptar o édito à letra do art. 111
da LEP (soma ou unificação das penas), porque inviável a alteração da
res judicata, ainda que seja em face de decreto de expulsão.
3. RHC provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sex
ta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, dar provimento ao recurso.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 409
Participaram do julgamento os Ministros Luiz Vicente Cernicchiaro e Anselmo
Santiago. Ausentes, por motivo de licença, o Ministro William Patterson e,
justificadamente, o Ministro Vicente Leal.
Brasília-DF, 22 de setembro de 1998 (data do julgamento).
Ministro FERNANDO GONÇALVES, Presidente em exercício e Relator.
Publicado no DI de 13.10.98.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO FERNANDO GONÇALVES: Trata-se de recurso ordinário interposto contra acórdão da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, denegatório de ordem de habeas corpus impetrada em prol de Teresa de Jesus Mareco de Vergara, com vistas à obtenção de progressão do regime fechado para o semi-aberto, ao argumento de ser estrangeira e contra ela existir decreto de expulsão.
Assinalam as razões de recurso ter a paciente cumprido a pena referente ao crime de tráfico de entorpecentes em regime fechado (cinco anos e quatro meses) e que, atualmente, cumpre pena de 2 (dois) anos de reclusão pela prática dos delitos descritos nos arts. 297 e 304 do Código Penal. Afirmam, ainda, que tendo o regime fechado sido fixado apenas em relação ao tráfico de entorpecentes, importa em constrangimento ilegal a obstacularização da sua progressão para o aberto.
A douta Subprocuradoria Geral da República, através do Dr. ArxTourinho manifestou-se pelo provimento do recurso, em parecer assim ementado:
"Recurso em habeas corpus. Sentença monocrática transitada em julgado.
Erro do juiz singular que, no mesmo processo, condena o réu por diversos crimes e não soma as respectivas penas para fins de fixação do regime prisional. Defeito que não pode ser, de oficio, corrigido pelo juiz da VEP, mormente se tal procedimento causar prejuízo ao condenado." (fls. 69)
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO FERNANDO GONÇALVES (Relator): O pedido de transferência para o regime aberto foi negado com âncoras no art. 111 da
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
410 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Lei de Execuções Penais, ao entendimento de que condenada a paciente por mais de um crime no mesmo processo, o regime de cumprimento será feito pelo resultado da soma das penas.
De outro lado, como acentua o ven. acórdão, existe decreto de expulsão, mostrando-se, portanto, o regime aberto incompatível com a progressão.
A espécie, no entanto, data venia, não versa sobre progressão. A paciente "foi condenada à pena de cinco anos e quatro meses de reclusão, em regime
integralmente fechado, pela prática de delito tipificado no art. 12, caput,
c.c., art. 18, I, da Lei n Q 6.368/76 e à pena de dois anos de reclusão, em regime aberto, pelos delitos tipificados nos arts. 304 e 297 c.c. art. 69 do Código Penal" (fls. 12).
o cumprimento da pena, em regime integralmente fechado, pelo crime do art. 12 da Lei n Q 6.368/76, teve início em 17 de maio de 1993 (fl. 20), encerrando-se no dia 17 de setembro de 1998 (5 anos e 4 meses), abstração feita aos dias remidos.
Nestas condições, como anota o parecer ministerial, não pode ser alterado o comando contido na sentença condenatória, máxime em prejuízo da
paciente. Destaca, com efeito, o Subprocurador-Gera1 da República Arx Tourinho:
" a hipótese sub judice assume dimensões particulariza-das, haja vista que o juízo singular, ao proferir a condenação, por
equívoco, deixou de aplicar à espécie a regra inserta no art. 111 da
LEP, fixando regimes diversos para os crimes imputados à acusa
da, quando o certo seria proceder-se à soma das penas para posterior fixação do regime prisional.
Nestes termos, indiscutível o erro contido no decisurn monocrático. Todavia, transitada em julgado a sentença, não caberia ao
Juízo da Vara de Execuções Penais alterar as regras fixadas na mesma, mormente prejudicando a condenada.
Assim sendo, ante a imutabilidade da decisão condenatória
em questão - ressalte-se que nem por revisão criminal poderia tal
sentença ser desconstituída, já que essa ação não se coloca à dispo
sição da acusação -, vislumbra-se presente excesso na execução, posto que já foi integralmente cumprida a pena fixada sob regime
fechado, encontrando-se pendentes, tão-somente, aquelas para as quais foi fixado o regime aberto.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDENCIA DA SEXTA TURMA 411
Finalmente, note-se que o fato de existir decreto de expulsão contra a recorrente não possui o condão de alterar os termos fixados na sentença condenatória irrecorrível. Se nem por meio da via recursal admite-se a reformatio in pejus quando inerte a acusação, obviamente tal procedimento não pode ser utilizado, de ofício, pelo juízo da VEP, até porque não compete ao mesmo fixar o regime prisional, mas, apenas, decidir as questões surgidas no decorrer do cumprimento da pena, se não exauridas no decreto conde
natório." (fi. 71)
Há, diante da situação fática e jurídica, flagrante constrangimento indevido, porque inviável a alteração da res judicata para adaptar-se o de
creto condenatório aos termos do art. 111 da LEP. O equívoco anterior quan
to à inteligência da norma em apreço (regime de cumprimento determinado pela soma ou unificação das penas) não pode pesar contra a paciente, ainda que, na condição de estrangeira, penda em seu desfavor decreto de expulsão. Tem ela direito líquido e certo, por força da coisa julgada, ao regime aberto,
qualquer que seja a alegação contrária que se queira utilizar.
Ante o exposto, dou provimento ao recurso.
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 8.184 - SP (Registro nº 98.0094512-1)
Relator: Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro
Recorrente: Marina Hamud Morato de Andrade
Advogada: Marina Hamud Morato de Andrade - defensora
Recorrido: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo
Paciente: Ricardo Bueno
EMENTA: RHC - Penal- Armas - Lei nº 9.437/97 - Art. 20-
Inteligência -A Lei nº 9.437/97 - institui o Sistema Nacional de Armas - Sinarm - estabelece condições para o registro e para o porte de arma
de fogo, define crimes e dá outras providências. O art. 10 descreve crime de ação múltipla, ou, como preferem alguns autores - crime de conteú
do variado. Tem a seguinte redação: "Possuir, deter, portar, fabricar, adquirir, vender, alugar, expor à venda ou fornecer, receber, ter em depósi-
RST], Brasília, a. U, (U8): 399-436, junho 1999.
412 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
to, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda e ocultar arma de fogo, de uso permitido, sem a autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar." O "possuir", o "deter", exemplificativamente, estão sujeitos a regulamento (Decreto n Q 2.222, de 8 de maio de 1997) em vigor a partir de 8 de novembro do mesmo ano. As condutas aí relacionadas, não suscetíveis de regulamentação, evidente, estavam proibidas a partir da publicação da lei. Ainda, exemplificativamente: "portar", "fabricar", "adquirir", "vender", "expor à venda". A inteligência do art. 20, dessa forma, há de considerar a parte final, cuja remissão ao art. SQ deixa evidente alcançar ofensa a conduta do "proprietário", possuidor ou detentor de arma de fogo.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas constantes dos autos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Votaram com o Sr. Ministro-Relator os Srs. Ministros Fernando Gonçalves e Vicente Leal. Ausente, por motivo de licença, o Sr. Ministro William Patterson.
Brasília-DF, 9 de fevereiro de 1999 (data do julgamento).
Ministro VICENTE LEAL, Presidente.
Ministro LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, Relator.
Publicado no DI de 22.03.99.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO LUIZVICENTE CERNICCHIARO: Recurso ordinário interposto pela Dra. Marina Hamud Morato de Andrade, em favor de Ricardo Bueno, inconformada com v. acórdão do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo, denegatório de habeas corpus, objetivando o trancamento de ação penal proposta pelo parquet às fls. 8/9, onde foi imputado ao paciente a prática delitiva descrita no art. 10, caput, da Lei n Q 9.437/ 97, pelo fato de portar aos 20 de setembro de 1997 arma de fogo, sem a respectiva autorização.
Às fls. 68/69 consta termo de audiência, oportunidade em que restou suspenso o processo pelo prazo de dois anos, após aceitação da proposta
ministerial nos termos do artigo 89 da Lei n Q 9.099/95.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 413
Insatisfeito, impetrou o paciente habeas corpus sustentando o vigor da Lei n Q 9.437/97, somente após a edição do Decreto n Q 2.222/97, aos 8 de novembro de 1997.
o v. aresto paulista acordou, por maioria, pela eficácia imediata do mencionado texto legal, entendendo despiciendo o disposto no artigo SQ da mes
ma Lei.
A recorrente requer às fls. 91/99, a cassação da decisão suspensiva e o trancamento da ação penal ao seguinte argumento:
"Os fatos ocorridos anteriormente, como este sob exame, continuam sendo regulados pela Lei das Contravenções Penais, de competência do Juizado Especial Criminal, ao qual incumbe apurar a eventual ocorrência de infração ao artigo 19 do Decreto-Lei nQ 3.688/ 41." (fl. 99).
Parecer do Ministério Público Federal (fls. 1111114) pelo provimento do recurso para trancar a ação penal e posterior remessa ao Juizado Especial Criminal, para apuração de eventual contravenção (artigo 19 do Decreto-Lei n Q 3.688/41).
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO LUIZ VICENTE CERNICCHIARO (Relator): O tema refere-se à extensão do art. 20 da Lei n Q 9.437/97 - institui o Sistema Nacional de Armas - Sinarm, estabelece condições para o registro e para o porte de arma de fogo, define crimes e dá outras providências.
Aqui, mais do que nunca se impõe a interpretação lógica.
O dispositivo legal tem a seguinte redação:
"Art. 20. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, exceto o artigo 10, que entra em vigor após o transcurso do prazo de que trata o artigo SQ."
Essa norma, por seu turno, merece ser lida com atenção:
"Art. SQ. O proprietário, possuidor ou detentor de arma de fogo tem o prazo de seis meses, prorrogável por igual período, a critério do Poder Executivo, a partir da data da promulgação desta
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
414 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
lei, para promover o registro da arma ainda não registrada ou que
teve a propriedade transferida, ficando dispensado de comprovar a sua origem, mediante requerimento, na conformidade do regulamento."
Visa, pois, ao registro da arma. O Estado, com isso, pretende estar senhor da quantidade e espécies de armas no país.
O art. 10, por seu turno, é crime de ação múltipla, ou, como preferem outros autores - crime de conteúdo variado. Útil promover a sua leitura, verbis:
"Art. 10. Possuir, deter, portar, fabricar, adquirir, vender, alugar, expor à venda ou fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda e ocultar arma de fogo, de uso permitido, sem a
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar."
O "possuir", o "deter", exemplificativamente, estão sUjeItos a regulamento, que veio através do Decreto n Q 2.222, de 8 de maio de 1997, passando a vigorar a partir de 8 de novembro do mesmo ano.
As condutas relacionadas no art. 10, não suscetíveis de regulamentação, evidente, estavam proibidas a partir da publicação da lei. Assim, exemplifica
tivamente, "portar", "fabricar", "adquirir", "vender", "expor à venda".
A inteligência do art. 20, dessa forma, há de considerar a parte final,
cuja remissão ao art. 5Q deixa evidente alcançar apenas, insista-se, conduta do "proprietário, possuidor ou detentor de arma de fogo".
Isto posto, nego provimento ao recurso.
RECURSO EM HABEAS CORPUS NQ 8.332 - SP (Registro n Q 99.0006745-2)
Relator: Ministro Vicente Leal
Recorrente: Procuradoria Geral do Estado de São Paulo
Recorrido: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURlvlA 415
Paciente: Valdemi Almeida Santos
Advogados: Valeria Cristina Farias e outros
EMENTA: Penal- Contravenção penal- Condução de veículo sem
habilitação - Fato anterior à Lei nº 9.503/97 - Contravenção penal.
- O ato voluntário de dirigir veículo automotor sem possuir a Car
teira de Habilitação, antes definido como contravenção penal, recebeu novo tratamento jurídico após a edição do novo Código Nacional de Trân
sito, que deu-lhe novo conceito: (a) se tal postura não acarretar efetivo perigo de dano, com demonstração objetiva dessa potencialidade, o fato consubstancia mera infração administrativa: (b) se demonstrado o perigo, o fato é definido como crime (art. 309).
- Denunciado o réu antes da vigência da Lei nº 9.503/97, sob acusação de condução de veículo sem habilitação com efetivo perigo de dano, deve ser punido pela prática de contravenção penal, sob a regência legal
anterior.
- Recurso ordinário desprovido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao recurso, na conformidade dos votos e notas taquigráficas a seguir. Participaram do julgamento os Srs. Ministros LuizVicente Cernicchiaro, Fernando Gonçalves e Hamilton Carvalhido. Ausente, por motivo de licença, o Sr. Mi
nistro William Patterson.
Brasília-DF, 20 de abril de 1999 (data do julgamento).
Ministro VICENTE LEAL, Presidente e Relator.
Publicado no DI de 10.05.99.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO VICENTE LEAL: O representante da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo impetrou ordem de habeas corpus em favor
de Valdemi Almeida Santos, denunciado como incurso nas sanções do art. 32 da LCP, por conduzir veículo sem ser portador da Carteira Nacional de Habilitação.
RST], Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
416 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Na peça exordial do writ, postulou o trancamento da ação penal por
ausência de justa causa, ao argumento de que o Código de Trânsito, em seus
artigos 162, I e 309, revogou o delito previsto no artigo 32 da LCP, ao vincu
lar a tipicidade do crime de dirigir veículo sem habilitação à ocorrência de
risco de dano, atribuindo-lhe natureza de infração administrativa, punível com
multa.
A egrégia Sétima Câmara do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de
São Paulo denegou a ordem, ao reconhecer a coexistência dos fatos típicos
previstos nos artigos 32 da LCP e 309 do Código de Trânsito. (fls. 26/30).
A douta Subprocuradoria Geral da República, em parecer de fls. 55/58,
opina pelo improvimento do recurso.
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO VICENTE LEAL (Relator): No debate sobre a com
preensão do tipo previsto no art. 32 da Lei das Contravenções Penais, sempre
afirmei o ponto de vista de que o ato voluntário de dirigir veículo automotor
sem possuir a Carteira Nacional de Habilitação consubstanciava, por si só,
contravenção penal, configurando, na essência, infração penal de mera con
duta. Não havia, portanto, necessidade de se perquirir sobre a eventual ocor
rência de perigo concreto.
Tal posição, todavia, não era unânime nesta egrégia Turma.
A questão, todavia, perde relevo com a nova moldura inscrita na Lei n Q
9.503/97, que instituiu o novo Código de Trânsito.
É que a conduta em tela dirigir veículo automotor sem a devida habi-
litação, antes definido como contravenção penal-, recebeu novo tratamento
jurídico. O novo Código de Trânsito conferiu novo conceito ao tema: (a) se tal
postura não acarretar efetivo perigo de dano, com demonstração objetiva dessa
potencialidade, o fato consubstancia mera infração administrativa; (b) se a direção não autorizada gerar perigo, o fato constitui crime, nos termos do art.
309 do mencionado diploma legal.
Com o novo tratamento normativo, não tem mais repercussão na justiça
penal o simples ato de dirigir veículo sem carta de habilitação, restando revo
gado o art. 32 da Lei das Contravenções Penais, que permanece vigente ape
nas no tocante à direção não habilitada de embarcação em águas públicas.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 417
Houve, portanto, o fenômeno da abolitio criminis, que gera a conseqüência prevista no art. 107, lII, do Código Penal, na hipótese em que a conduta não tenha ocasionado perigo de dano, quando até então era conside
rada contravenção penal.
Todavia, é de se reconhecer que, no caso sub examen, o acusado envolveu-se em acidente de trânsito com vítima de lesões corporais culposas quando dirigia veículo automotor sem carteira de habilitação na cidade de São Vicente.
Segundo o teor das informações prestadas pelo Juízo de Direito Criminal daquela Comarca, o procedimento cabível foi instaurado no Juizado Especial Criminal e redistribuído para o Juízo Comum, em virtude da não localização do paciente, oportunidade em que foi denunciado como incurso no artigo 32 da LCP. Após a realização da citação por edital, o processo foi suspenso nos termos do artigo 366 do CPP, com a nova redação que lhe foi conferida pela Lei n Q 9.271196.
No caso presente, o fato imputado ao paciente ocorreu em 17 de julho
de 1997, antes da vigência do preceito punitivo referenciado, tendo ocasionado, comprovadamente, o perigo efetivo de dano.
Assim, é de se afastar, em absoluto, a incidência da Lei n Q 9.503/97, que ao definir como crime de trânsito a direção não autorizada de veículo que
gere perigo de dano não pode retroagir para agravar a situação do réu.
E quanto à sobrevivência da contravenção, é de se reconhecer que o ato de conduzir veículo sem habilitação que implique em comprovado perigo de
dano ocorrido antes da publicação do Código de Trânsito Nacional permanece sob a regência legal anterior, devendo ser punido como contravenção penal.
Assim, deve a ação penal a que responde o paciente submeter-se ao comando do artigo 32 da Lei de Contravenções Penais.
Esta egrégia Turma já decidiu a matéria em mais de uma ocasião. Registre-se o seguinte precedente:
"RHC. Lei das Contravenções Penais (art. 32). Código Nacio
nal de Trânsito (art. 162 e art. 309). Sucessão de leis. Revogação orgânica.
A contravenção penal deixou de existir por superveniência de
lei que considerou crime o respectivo fato. A nova norma penal se aplica somente aos fatos ocorridos após o início de sua vigência.
RSTJ, Brasília, a. !l, (!l8): 399-436, junho 1999.
418 REVISTADO SUPERIORTRIBUNALDEJUSTIÇA
No caso do Código de Trânsito, em janeiro de 1998. A conduta do art. 32 da Lei das Contravenções Penais teve sua natureza jurídica
transformada em espécie penal mais grave. Vale dizer, a contravenção deixou de existir: cedeu espaço ao crime. A lei penal mais seve
ra não alcança fatos anteriores à sua vigência. Repete-se, mais uma vez: a solução do caso concreto está submetido às regras da Teoria
Geral do Direito". (ReI. Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro).
Tal precedente encasa-se com precisão à hipótese sob julgamento. Tam
bém neste caso impõe-se a punição do réu pela prática de contravenção penal e não de crime.
Isto posto, nego provimento ao recurso.
É o voto.
RECURSO ESPECIAL Nº 74.122 - DF (Registro nº 95.0045332-0)
Relator: Ministro Vicente Leal
Recorrentes: União Federal e Caixa Econômica Federal- CEF
Recorrido: Renice Ríbeiro Oliveira
Advogados: Paulo da Mata Machado Júnior e outros, e João Duarte Moreira
e outros
EMENTA: Processual Civil- Medida cautelar preparatória - Fal
ta de ajuizamento da ação principal - Extinção do processo sem julga
mento do mérito - Impossibilidade.
- Segundo nossa lei processual civil, em se tratando de medida cautelar de caráter preparatório, de natureza restritiva de direitos, deve
a ação principal ser proposta no trintídeo subseqüente à data da efetivação da providência liminar, sob pena de cessar sua eficácia.
- A falta do ajuizamento da ação principal no prazo legal não implica, necessariamente, na extinção do processo sem julgamento do mé
rito, retirando, tão-somente, a eficácia da medida liminar anteriormente
deferida no seu curso, que deve ter trâmite até o julgamento definitivo
pela sentença.
- Recursos especiais não conhecidos.
RSTJ, Brasília, a. 11, (11 S): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURl\1A 419
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sex
ta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer dos recursos especiais, na conformidade dos votos e notas taquigráficas a se
guir. Participaram do julgamento os Srs. Ministros LuizVicente Cernicchiaro e Fernando Gonçalves. Ausente, por motivo de licença, o Sr. Ministro William Patterson.
Brasília-DF, 4 de março de 1999 (data do julgamento).
Ministro VICENTE LEAL, Presidente e Relator.
Publicado no DJ de 05.04.99.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO VICENTE LEAL: Trata-se de medida cautelar inominada requerida por servidores públicos federais, preparatória de ação
ordinária, objetivando o reconhecimento do direito de que o pagamento das parcelas mensais dos financiamentos obtidos para aquisição dos imóveis fun
cionais residenciais seja efetuado pelos índices de reajustamento salarial, bem como a elaboração de novo cálculo dos valores totais e mensais do débito pela
exclusão dos índices do BTN.
O r. juízo de 1 º grau, após conceder parcialmente a providência liminar apenas para assegurar a observância da proporcionalidade prevista no Decre
to nº 99.266/90 no primeiro aumento salarial concedido após o contrato de compra e venda das unidades residenciais, julgou extinto o processo sem jul
gamento de mérito, pelo transcurso do prazo de trinta dias sem o ajuizamento da ação principal.
Contra essa decisão os requerentes interpuseram apelação, tendo a egrégia Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1 ª Região, por unanimi
dade, dado provimento ao recurso, ao reconhecer que a liminar concedida somente assegurou em partes as pretensões deduzidas pela exordial. O julgamento em tela foi consolidado em ementa do seguinte teor, in verbis:
"Processual Civil. Medida cautelar. Falta de ajuizamento da
ação principal. Extinção.
1. A falta de ajuizamento da ação principal, no prazo estipu
lado na lei, conduz à perda de eficácia da medida cautelar, deferida liminarmente.
RSTJ, Brasília, a. ll, (I 18): 399-436, junho 1999.
420 REVISTADO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
2. No entanto, in casu, o juiz deferiu apenas uma das medidas requeridas, devendo, portanto, o processo prosseguir até a sen
tença final" (fl. 170).
Irresignadas concomitantemente, a Caixa Econômica Federal e a União
Federal interpõem recursos especiais (fls. 170/175 e 178/187), lastreados na
alínea a do permissivo constitucional, verberando ter o acórdão em destaque violado os artigos 806 e 808, I, do Código de Processo Civil, ao deixar de reconhecer que todos os pedidos requeridos na medida cautelar foram apre
ciados pela decisão que concedeu parcialmente a liminar.
Não apresentadas as contra-razões e homologado o pedido de desistên
cia quanto à requerente Rizza Porto, ambos os recursos foram admitidos na origem, ascendendo os autos a esta Corte, oportunidade em que, por despacho de fls. 205 e 209, homologuei os pedidos de desistências requeridos por
Maurício Bastos e Maria Teonila.
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO VICENTE LEAL (Relator): Consoante salientado
no relatório, a presente medida cautelar foi requerida incidentalmente por
adquirentes de imóveis funcionais da União Federal, como preparatória de
ação ordinária para assegurar a reavaliação, objetivando, em essência, o pagamento das parcelas mensais dos financiamentos pelos índices de reajustamento
salarial, bem como a elaboração de novo cálculo do saldo total e das presta
ções pela exclusão da variação do BTN como índice de correção monetária.
Após conceder parcialmente a liminar, apenas para assegurar que o rea
juste das prestações fosse proporcional ao primeiro aumento salarial concedido após o preço de aquisição dos imóveis, o r. juízo de 1 Q grau julgou extinto
o processo, pelo transcurso do prazo de trinta dias, contado a partir da data da efetivação da medida, sem o oportuno ajuizamento da ação principal.
Eis o teor do decisum:
"A liminar concedida é de natureza "restritiva de direito" (fl.
129). Foi efetivada há mais de 30 dias, mas não se propôs a ação principal (fl. 149). Cessada está a eficácia da medida.
A omissão presume a perda do 'interesse de agir' de proteger o processo de conhecimento: única finalidade da ação cautelar.
RST], Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 421
Ademais, a ré não pode ser coarctada pela medida restritiva além
do prazo legal.
Fica, pois, extinto o processo sem julgamento do mérito. A ver
ba honorária é de um salário mínimo para cada ré que tenha contes
tado (CPC, arts. 808, IH, 267,VI, § 32 , e 20, § 42)" - (fi. 150).
Todavia, o tribunal de origem, ao reconhecer o caráter parcial da provi
dência cautelar, determinou o prosseguimento do feito quanto aos pedidos
que não foram objeto da liminar até a sentença final de mérito.
Tenho que a pretensão recursal não merece prosperar.
Com efeito, segundo nossa lei processual civil a medida cautelar
consubstancia ação destinada a obter a antecipação da tutela jurisdicional
com vistas a assegurar a eficácia do provimento definitivo nos casos de exis
tência do periculum in mora e do fumus boni iuris, procedimento distin
to do processo principal.
Ademais, a teor do vernáculo contido no artigo 808 do Código de Pro
cesso Civil, em se tratando de medida de caráter preparatório, de natureza
restritiva de direitos, deve a ação principal ser proposta no trintídeo subse
qüente à data da efetivação da providência cautelar, sob pena de cessar sua
eficácia.
Assim sendo, é de se reconhecer que a falta do ajuizamento da ação
principal no prazo legal não implica, necessariamente, na extinção do proces
so sem julgamento do mérito, retirando, tão-somente, a eficácia da medida
liminar anteriormente deferida no seu curso, que deve ter trâmite até o julga
mento definitivo pela sentença.
Na espécie, ainda que a ação principal não tenha sido ajuizada pelos
requerentes após o transcurso do prazo de trinta dias contado da data do
deferimento parcial da medida liminar, não poderia ter o r. juízo de 12 grau
julgado extinta a medida cautelar, que deve prosseguir até a sentença final.
Ora, a falta de ajuizamento da ação somente implica na cessação da
eficácia da providência liminar.
Em face dessas considerações, tenho que o acórdão recorrido não violou
os indigitados dispositivos de lei federal.
Isto posto, não conheço dos recursos especiais.
É o voto.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
422 REVISTADO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
RECURSO ESPECIAL NQ 132.942 - SP (Registro n Q 97.0035505-5)
Relator: Ministro Hamilton Carvalhido
Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social- INSS
Advogados: Ricardo Ramos Novelli e outros
Recorrida: Nadir Aparecida D'Onófrio
Advogado: Luiz Ângelo de Camargo Urso
EMENTA: Previdenciário - Teto - Salário-de-beneficio - Valor máximo.
1. Inexiste incompatibilidade entre as regras dos artigos 136 e 29, § 2Q
, da Lei n Q 8.213/91, que visa, sim, preservar íntegro o valor da relação salário-de-contribuição/salário-de-beneficio.
2. A Constituição Federal estabelece tão-só o valor mínimo do beneficio previdenciário, qual seja, não poderá ser inferior ao salário mínimo.
3. Precedentes.
4. Recurso conhecido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sex
ta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, retificando decisão proferida em sessão do dia 11.05.99, por unanimidade, conhecer do recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Vicente Leal e
Fernando Gonçalves. Ausentes, por motivo de licença, o Sr. Ministro William Patterson e, ocasionalmente, o Sr. Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro.
Brasília-DF, 1 Q de junho de 1999 (data do julgamento).
Ministro VICENTE LEAL, Presidente.
Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Relator.
Publicado no DI de 28.06.99.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118); 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 423
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO: Trata-se de recurso
especial interposto contra acórdão da Quinta Turma do Tribunal Regional
Federal da 35! Região, assim ementado:
"Previdenciário - Revisional de benefício - Art. 202 da CF
- Falta de amparo legal para a limitação da renda mensal inicial
-Art. 33 da Lei n Q 8.213/91- Recurso improvido.
1. O artigo 202 da Constituição Federal deixou de estabele
cer limite para o valor da renda mensal inicial do benefício previ
denciário.
2. A Lei nQ 8.213/91 não pode se distanciar do comando ex
pressamente consignado na Lei Maior.
3. O artigo 136 da Lei n Q 8.213/91 eliminou o menor e o maior valor-teto para o cálculo do benefício, a partir de 6 de outubro de
1988.
4. Recurso impovido. Sentença mantida."
A ofensa aos artigos 21, § 4 Q, 31, 33 e 41 da Lei nº 8.213/91 e o artigo 33
do Decreto n Q 611192 funda o apelo extremo.
Positivo o juízo de admissibilidade (Constituição da República, artigo
105, inciso IIl, alínea a).
É o relatório.
VOTO
o SR. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO (Relator): Senhor Pre
sidente, a questão é a da possibilidade de limitação do valor do salário-bene
fício, diante do mandamento inserto no artigo 136 da Lei n Q 8.213/91: "Fi
cam eliminados o menor e o maior valor-teto para cálculo do salário-de-benefício ... "
Tal disposição estaria em conflito com o disposto no § 2Q do artigo 29 da
Lei Previdenciária, que estabelece valores máximo e mínimo para o salário
de-benefício.
A própria Constituição Federal, como vigente à época, inautorizaria a limitação em causa.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
424 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Esta questão encontra já entendimento assentado neste SuperiorTribu
nal de Justiça, no sentido da inexistência de qualquer conflito entre as regras
do plano infraconstitucional, por isso que a norma do artigo 136 da Lei n 9
8.213/91, que impõe a eliminação de tetos máximo e mínimo, deve ser com
preendida no contexto do sistema normativo, que estabelece o vínculo entre a contribuição e o benefício, dada a natureza contraprestacional da relação jurídica. A interpretação sistemática do disposto no artigo 136 da Lei da Previdência conduz à afirmação, sim, da regra geral de que a relação salário-de-con
tribuição/salário-de-benefício não pode sofrer limitação, a fim de que se mantenha íntegro o seu respectivo valor.
Por todos, vejam-se os seguintes precedentes:
"Constitucional. Previdenciário. Salário-de-benefício. Teto-li
mite. Salário-de-contribuição. Lei n 9 8.213/91, arts. 29 e 136. CF,
art. 202.
-A Lei n 9 8.213/91, que dispôs sobre os Planos de Beneficios
da Previdência Social, dando cumprimento ao art. 202 da Constituição ao definir o cálculo do valor inicial, fixou os limites mínimo e máximo, este nunca superior ao valor maior do salário-de-contri
buição na data do início do benefício (art. 29, § 29).
- A regra do art. 136 do mencionado diploma legal, que de
termina a eliminação de tetos mínimo e máximo, deve ser compreendido no contexto do sistema normativo, que estabelece o vínculo entre a contribuição e o benefício, dada a natureza contrapres
tacional da relação jurídica.
- Recurso especial conhecido". (REsp n 9 196.920-SP, ReI.
Min. Vicente Leal, in DJ de 19.04.99).
"Previdenciário - Cálculo da renda mensal inicial- Benefí
cio concedido após a promulgação da Constituição de 1988 - Eli
minação do maior valor-teto de contribuição.
1. A relação entre o salário-de-contribuição, com base no qual
o segurado recolheu suas contribuições, mensalmente, aos cofres
da Previdência e o salário-de-benefício, a que fará jus na inativida
de, deve ser mantida, eliminando-se qualquer espécie de limitação
posterior.
2. Recurso não conhecido". (REsp n 9 184.117-RS, ReI. Min.
Anselmo Santiago, in DJ de 15.03.99).
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 425
"REsp - Previdenciário - Benefícios - Correção - Valor limite - Lei n Q 8.213/91, art. 136.
- Orientação mais recente do Supremo Tribunal Federal,
intérprete da Constituição, a revisão dos beneficios previdenciários
disposta no art. 58 do ADCT não se aplica aos benefícios concedidos após a promulgação da Constituição de 88 (Informativo STF, n Q 89, pp. 1 e 2).
- O art. 29, § 2Q, da Lei n Q 8.213/91, estabelece, literalmente,
o valor do salário-de-benefício, não superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição na data do início do benefício. A mesma orientação está expressa no art. 33, ao disciplinar a renda men
sal do benefício. O reajustamento é tratado no art. 4l.
Nesse contexto deve ser interpretado o disposto no art. 136 da referida lei, ao mencionar - "Ficam eliminados o menor e o
maior valor-teto para cálculo do salário-de-benefício".
Não faz sentido, o contexto disciplinar o valor do salário-debenefício, casuisticamente, e, ao depois, adotar norma geral de eliminação dos respectivos valores. Bastaria, então, dispor que não haverá teto, ou simplesmente silenciar.
A inteligência do disposto no art. 136, data venia, é a seguinte: a regra geral, ou seja, a relação - salário-de-contribuição/ salário-de-benefício - é constante, a fim de manter íntegro o valor
da respectiva relação". (REsp n Q 193.256-R}, ReI. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, in D} 22.03.99).
"Previdenciário. Teto. Salário-de-beneficio. Valor máximo. Art. 29, § 2Q
, da Lei n Q 8.213.
- Legalidade do art. 29, § 2Q, da Lei n Q 8.213/91, que limita
o salário-de-benefício ao valor do salário-de-contribuição. Precedentes.
- Embargos acolhidos." (EREsp n Q 158.651-SP, ReI. Min. Felix Fischer, in D} 26.04.99, p. 45).
Gize-se, por fim, que a Constituição Federal fixou apenas o limite míni
mo do benefício, qual seja, o do salário mínimo (artigo 201, § 2Q).
Pelo exposto, conheço do recurso, para reformar o acórdão recorrido e
julgar improcedente o pedido.
É o voto.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
426 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
RECURSO ESPECIAL NQ 176.337 - SP (Registro nº 98.0039929-1)
Relator: Ministro Hamilton Carvalhido
Recorrente: Maria Lucia Medeiros Della Nina
Advogado: Joaquim Fernandes Maciel
Recorrido: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
Advogados: Solon Ribeiro Filho e outros
EMENTA: Previdenciário - Beneficio - Art. 58 do ADCT - Lei nº 8.213/91.
1. A Lei nº 8.213/91 não se aplica aos beneficios concedidos antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, sendo certo, por outro lado, que a equivalência salarial instituída pelo artigo 58 do ADCT, aplica-se aos beneficios concedidos anteriormente, mas a partir de 5 de abril
de 1989.
2. Recurso não conhecido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das
notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso, nos
termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Votaram com o Relator os Srs. Minis
tros Fernando Gonçalves e Luiz Vicente Cernicchiaro. Ausentes, por motivo de licença, o Sr. Ministro William Patterson e, justificadamente, o Sr. Ministro Vicente Leal.
Brasília-DF, 20 de maio de 1999 (data do julgamento).
Ministro VICENTE LEAL, Presidente.
Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Relator.
Publicado no DI de 28.06.99.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO: Trata-se de recurso
especial interposto contra acórdão da Quinta Turma do Tribunal Regional
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 427
Federal da 3ª Região, alegando-se ofensa aos artigos 2º, V, e 41, I, da Lei nº 8.213/91 e artigo 194, parágrafo único, IV, da Constituição Federal, como
suporte da insurgência especial.
Positivo o juízo de admissibilidade (Constituição da República, artigo
105, inciso IH, alínea a).
O Ministério Público Federal veio pelo não conhecimento do recurso,
invocando precedente da Quinta Turma deste Superior Tribunal de Justiça:
"Recurso especial. Previdenciário. Revisão de cálculo de benefício. Plano de custeio e benefícios. Equivalência salarial. Art.
41, da Lei n Q 8.213.
- Descabida a aplicação do princípio da equivalência salarial com o número de salários mínimos à época da concessão do bene
fício previdenciário, concedidos na vigência da Lei n Q 8.213, pois a própria Lei, em seu art. 41, incisos I e H, estabelece a fórmula do
cálculo do valor inicial da aposentadoria e dita regras para seu rea
justamento.
- Precedentes.
- Recurso não conhecido. (REsp n Q 162.798-SP, Quinta Tur-
ma, ReI. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 29.06.98)." (fls. 77/78).
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO (Relator): Senhor Presidente, pelo que se pode depreender das razões do recurso interposto, busca
se a retroatividade do artigo 58 do ADCT e da Lei n Q 8.213/9l.
Ocorre que o benefício em causa foi concedido em setembro de 1987, não se podendo pretender que a este tempo retroajam as normas constitucio
nal e ordinária a que antes se aludiu, sendo certo, como é, que o critério de equivalência salarial aplica-se aos benefícios anteriormente concedidos, mas
a partir de 5 de abril de 1989 (artigo 58 do ADCT) é que a lei previdenciária alcançou, de forma imediata, os benefícios concedidos a partir de 5 de abril de 1991 (artigo 145 da Lei n Q 8.213/91).
Pelo exposto, não conheço do recurso.
É o voto.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
428 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
RECURSO ESPECIAL Nº 182.565 - SP (Registro nº 98.0053558-6)
Relator: Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro
Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social- INSS
Recorrida: Isaura Mota Pinheiro
Advogados: Ricardo Ramos Novelli, e Hilario Bocchi Júnior e outros
EMENTA: REsp - Previdenciário - Pensão por morte - Dependência econômica - Prova testemunhal - A Constituição da República, com concreção do direito, admite todas as provas em juízo. Há uma só ressalva. Aliás, lógica: se obtido por meio ilícito.
Na espécie sub judice, não há qualquer vício.
Inadmissível "paralelo" com a questão do rurícola. Tanto quanto a este instituto guardo reservas. Sigo a orientação do Superior Tribunal de Justiça para uniformizar a jurisprudência. Não se justifica interpretação extensiva.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas constantes dos autos, por unanimidade, não conhecer do recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Votaram com o Sr. Ministro-Relator os Srs. Ministros Anselmo Santiago e Vicente Leal. Ausentes, por motivo de licença, o Sr. Ministro William Patterson e, ocasionalmente, o Sr. Ministro Fernando Gonçalves.
Brasília-DF, 29 de outubro de 1998 (data do julgamento).
Ministro VICENTE LEAL, Presidente.
Ministro LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, Relator.
Publicado no DI de 07.12.98.
RELATÓRIO
° SR. MINISTRO LUIZ VICENTE CERNICCHIARO: Recurso especial interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social- INSS, com apoio nas alíneas a e c do art. 105, In, da CF, contra v. acórdão do TRF da 3ª
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 429
Região concedendo benefício pleiteado por entender restar comprovada a dependência econômica da autora em relação a seu filho falecido, com base
nos depoimentos testemunhais prestados.
O recorrente argúi ofensa ao art. 16, § 4º, da Lei nº 8.213/91 sustentan
do impossível ser concedida a pensão ausente, ao menos, início de prova ma
terial, fazendo analogia ao entendimento esposado nos casos de "rurícolas".
Sem contra-razões (fl. 128).
Recurso admitido (fl. 129).
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO LUIZ VICENTE CERNICCHIARO (Relator): O v.
acórdão, Relator o eminente Juiz Theotonio Costa, deve ser prestigiado.
A Constituição da República, com concreção do direito, admite todas as provas em juízo. Há uma só ressalva. Aliás, lógica: se obtido por meio ilícito.
Na espécie sub judice, não há qualquer vício.
Inadmissível "paralelo" com a questão do rurícola. Tanto quanto a este instituto guardo reservas. Sigo a orientação do Superior Tribunal de Justiça para uniformizar a jurisprudência. Não se justifica interpretação extensiva.
Ademais, a erudita sentença de fls. 100/104 registra importante pormenor, verbis:
"A prova documental de fls. 12/13 são mais que simples evidência não só de que a autora vivia no mesmo endereço de seu filho, como também que este contribuía para o sustento da família." (fl. 103).
Não conheço por ambos os fundamentos.
Relator:
RECURSO ESPECIAL Nº 183.361- RN (Registro nº 98.0055331-2)
Ministro Fernando Gonçalves
Recorrente: União Federal
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
430 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Recorrida: Maria Lila Machado Duarte
Advogados: Natercia Nunes Protasio e outro
EMENTA: Administrativo - Ex-combatente - 2ª Guerra Mundial
Direito à pensão especial- Inocorrência - Leis n~ 5.315/67 e 8.059/90.
1. Não se considera ex-combatente, para os fins dos referidos diplomas legais, com vistas à percepção de pensão especial, aquele que apenas participou de patrulhamento do litoral brasileiro. Só se elege como
tal, alguém que tenha, efetivamente, participado de operações bélicas no teatro da Segunda Guerra Mundial, como membro das Forças Armadas e da Marinha Mercante.
2. Recurso especial conhecido e provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sex
ta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e lhe dar provimento. Votaram com o Relator os Ministros Luiz Vicente Cernicchiaro e Anselmo Santiago. Ausentes, por motivo de licença, o Ministro William
Patterson e, ocasionalmente, o Ministro Vicente Leal.
Brasília-DF, 20 de outubro de 1998 (data do julgamento).
Ministro FERNANDO GONÇALVES, Presidente e Relator.
Publicado no DJ de 09.11.98.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO FERNANDO GONÇALVES: Trata-se de recurso
especial interposto pela União com fundamento no art. 105, inciso UI, letras
a e c, da Carta Política, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, assim ementa do, verbis:
"Constitucional. Pensão especial. Ex-combatente.
1. A pensão especial é direito conferido pelo artigo 53, 11, do ADCT, ao ex-combatente, desde que preencha o requisito previsto
na Lei nº 5.315/67.
2. Apelação e remessa oficial improvidas." (fi. 77)
RSTJ, Brasília, a. U, (U8): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 431
Sustenta a recorrente, além de dissídio pretoriano, violação ao art. 1 Q da
Lei n Q 5.315/67, pois, segundo entende, não era caso de se reconhecer à viúva
pensão especial, tendo em vista a condição de ex-combatente do seu falecido
marido, visto que a participação em missões de vigilância e segurança do lito
ral brasileiro não rende ensejo àquele beneficio.
Sem contra-razões (fi. 107), o recurso teve admitido o seu processamen
to (fi. 108), ascendendo os autos a esta Corte.
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO FERNANDO GONÇALVES (Relator): O recurso
comporta acolhida.
Com efeito, a jurisprudência iterativa das Turmas que compõem a Ter
ceira Seção desta Corte é no sentido preconizado pela recorrente, vale dizer,
não se considera ex-combatente, para os fins das Leis n25. 5.315/67 e 8.059/
90, com vistas à percepção de pensão especial, todo aquele que, limitando-se,
apenas, ao patrulhamento do litoral brasileiro, não tenha participado efetiva
mente de operações bélicas no teatro da Segunda Grande Guerra.
É o que se depreende das ementas a seguir transcritas, verbis:
"Constitucional. Administrativo. Pensão especial. Ex-comba
tente. Segunda Guerra Mundial. Leis n25. 5.315/1967 e 8.059/1990.
- Considera-se ex-combatente, para efeito de percepção da
pensão especial disciplinada pela Lei n Q 8.059/1990, todo aquele
que tenha efetivamente participado de operações bélicas no teatro
de operações da Segunda Guerra Mundial, como membro das for
ças militares e da Marinha Mercante, nos termos inscritos no art.
1 Q da Lei n Q 5.315/1967, não se enquadrando nesse conceito aque
les que apenas participaram de patrulhamento no litoral brasileiro.
- Recurso especial conhecido e provido." (REsp n Q 114.326-
RN, ReI. Ministro Vicente Leal, DJU de 05.05.97, p. 17.162).
"Administrativo. Pensão especial. Ex-combatente. Conceito.
- Considera-se ex-combatente, para fins de percepção de pen
são especial (art. 53, II, do ADCT), aquele que efetivamente tenha
participado de operações bélicas na Segunda Guerra Mundial.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
432 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
- Não se enquadra nessa hipótese aquele que simplesmente participou de missões de patrulhamento no litoral.
- Precedentes.
- Recurso conhecido e provido." (REsp nº 72.913-PE, ReI. Ministro Felix Fischer, DJU de 05.05.97, p. 17.070)
"Administrativo. Conceito de ex-combatente. Interpretação do art. 1º da Lei nº 5.315, de 1967.
- O conceito de ex-combatente, tal como capitulado no art. 1º da Lei nº 5.315, de 1967, não se estende àqueles que serviram
em missão de patrulhamento e segurança da costa brasileira, senão àqueles que efetivamente participaram de operações bélicas no período da Segunda Guerra Mundial.
- Inaplicabilidade à espécie do enunciado da Súmula nº
126-STJ.
- Recurso provido." (REsp nº 93.224-PE, ReI. Ministro
William Patterson, DJU de 05.08.96, pág. 26.490)
Ante o exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento.
Relator:
RECURSO ESPECIAL NQ 186.721- RJ (Registro nº 98.0062693-0)
Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro
Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social- INSS
Advogados: Olegário Campos de Oliveira e outros
Recorrida: Diva Carneiro Hastenreiter
Advogada: Izabel Meira C. Lemgruber Porto
EMENTA: REsp - Processual Civil - Cálculo - Liquidação -Conta - Impugnação - Recurso - O interesse de recorrer surge no
momento em que a decisão judicial lhe gera gravame. A publicação do cálculo, ainda que o magistrado, por despacho, mande ouvir as partes,
não altera a situação jurídica. Atender a essa sugestão não é pressuposto
para o recurso. Registrem-se, o juiz não fica restrito ao cálculo, nem à
manifestação dos interessados.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 433
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sex
ta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das
notas taquigráficas constantes dos autos, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Votaram com o Sr. Ministro-Relator os Srs. Ministros Anselmo Santiago, Fernando Gonçalves e Vicente Leal. Ausente, por motivo de licença, o Sr. Ministro William Patterson.
Brasília-DF, 3 de novembro de 1998 (data do julgamento).
Ministro VICENTE LEAL, Presidente.
Ministro LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, Relator.
Publicado no DI de 14.12.98.
RELATÓRIO
o SR. MINISTRO LUIZ VICENTE CERNICCHIARO: Recurso es
pecial interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social- INSS, com base
nas alíneas a e c do permissivo constitucional, contra v. acórdão do Tribunal
Regional Federal da 2ª Região que não conheceu da apelação por entender haver ocorrido preclusão lógica e temporal em decorrência de a conta de liquidação não haver sido objeto de impugnação oportuna.
O recorrente sustenta não ser exigível a impugnação aos cálculos como condição à admissibilidade do recurso de apelação.
Contra-razões (fls. 1011104).
Despacho de admissão à fl. 106.
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO LUIZ VICENTE CERNICCHIARO (Relator): Os
modernos princípios de acesso ao Poder Judiciário compreendem também a possibilidade do recurso. Aliás, constitucionalmente, está mencionada a possibilidade da revisão do julgado. Além disso, há de se ponderar, a conta elabo
rada pelo contador, não constituiu, não define a situação jurídica. Esta decor
re da decisão do juiz. Conseqüentemente, como o pressuposto do recurso é o julgado, a constituição de uma situação jurídica, data venia, não é necessária
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
434 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
para que haja possibilidade de recorrer da homologação do julgamento do
cálculo que, previamente, haja a reclamada manifestação. Acrescente-se, não
só pelo Código de Processo Civil, mas tambér:1 pelo contexto constitucional,
o revel pode ingressar na relação jurídica a qualquer momento. Evidentemen
te, respeitando-se as decisões anteriores.
Ilustrativamente, assim decidiu a Corte Especial, verbis:
"EREsp - Processual Civil- Cálculo -- Liquidação - Conta
- Impugnação - Recurso - O interesse de recorrer surge no mo
mento em que a decisão judicial lhe gera gravame. A publicação do
cálculo, ainda que o magistrado, por despacho, mande ouvir as par
tes, não altera a situação jurídica. Atender a essa sugestão não é pres
suposto para o recurso. Registrem-se, o juiz não fica restrito ao cálculo, nem à manifestação dos interessados". (EREsp nº 22.432-7-RS)
Assim sendo, conheço do recurso especial e lhe dou provimento, para
que o tribunal a quo julgue o mérito da apelação como achar de direito.
RECURSO ESPECIAL NQ 207.797 - AL (Registro nº 99.0022404-3)
Relator: Ministro Hamilton Carvalhido
Recorrente: Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS
Advogados: Ana Amélia Leite de Brito e outros
Recorridos: Luiz Gonzaga de Sá e outros
Advogados: George Sarmento Lins e outro
EMENTA: Administrativo - Servidores públicos - Vencimentos -
Reajuste - Lei nº 8.880/94 (artigos 28 e 29) - Resíduo 3,17%.
1. É devido o resíduo de 3,17% no vencimento dos servidores públi
cos, decorrente da variação acumulada do IPC-r de janeiro de 1995, por
força do artigo 28 da Lei nº 8.880/94.
2. Precedentes.
3. Recurso não conhecido.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
JURISPRUDÊNCIA DA SEXTA TURMA 435
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sex
ta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das
notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso, nos
termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Votaram com o Relator os Srs. Minis
tros Vicente Leal, Luiz Vicente Cernicchiaro e Fernando Gonçalves. Ausente,
por motivo de licença, o Sr. Ministro William Patterson.
Brasília-DF, 25 de maio de 1999 (data do julgamento).
Ministro VICENTE LEAL, Presidente.
Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Relator.
Publicado no DJ de 14.06.99.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO: Trata-se de recurso
especial interposto contra acórdão da Segunda Turma do Tribunal Regional
Federal da 5ª Região (fi. 59), que, à unanimidade, negou provimento à re
messa oficial, para manter a sentença que determinou devido o reajuste de
3,17% sobre os vencimentos de servidores civis federais, retroativos a 1 Q de
janeiro de 1995, com base no artigo 28 da Lei n Q 8.880/94.
O recorrente alega ofensa ao artigo 28, em combinação com o artigo 22,
ambos da Lei n Q 8.880/94, como suporte de sua insurgência especial, aduzindo
que qualquer vantagem na remuneração de servidores deve ter expressa de
terminação legal, pugnado, ao final, pela exclusão do percentual de 3,17%
atribuído aos servidores.
Positivo o juízo de admissibilidade (Constituição da República, artigo
105, inciso III, alínea a).
É o relatório.
VOTO
o SR. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO (Relator): Senhor Pre
sidente, a questão está na incorporação do percentual de 3,17%, a título de
resíduo, nos vencimentos dos servidores públicos, retroativo a 1 Q de janeiro
de 1995, com base no artigo 28 da Lei n Q 8.880/94.
RSTJ, Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.
436 REVISTADO SUPERIORTRIBUNALDEJUSTIÇA
A matéria já está decidida no âmbito desta Turma, que tem se firmado no sentido de considerar devido não só o percentual de 22,07%, relativo à
variação do IPC-r de janeiro de 1995, como também o resíduo de 3,17%, decorrente da aplicação do artigo 28 da Lei n2 8.880/94, vez que o § 52 do artigo 29 do mesmo dispositivo legal, não afastou sua incidência.
A propósito, e por todos, os seguintes julgados:
"Administrativo. Servidores públicos federais. Vencimentos. Reajuste. Lei n2 8.880/94. Resíduo de 3,17%.
- O § 52 do artigo 29 da Lei n2 8.880/94 instituiu a revisão geral dos vencimentos e soldos dos servidores públicos federais, no valor correspondente à variação acumulada no IPC-r entre o mês da primeira emissão do Real e o mês de dezembro de 1994, sem prejuízo da aplicação da forma de reajuste assegurada por força do artigo 28 do mesmo diploma legal, sendo devido, pois, o resíduo de 3,17%.
- Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.
- Recurso especial não conhecido." (Recurso Especial n 2
199.418-AL, ReI. Min. Vicente Leal, in DJ de 26.04.99)
"Recurso especial. Administrativo. Servidores públicos. Reajuste. Lei n 2 8.880/94. URV. Variação do IPC-r. Resíduo de 3,17%.
Conforme precedentes desta Corte, seguindo orientação exegética dos arts. 28 e 29 da Lei n2 8.880/94, dada pelo egrégio STF em sessão administrativa, deve ser aplicado, conjugadamente, no reajuste dos servidores, além do percentual de 22,07% (variação do IPC-r) o índice de 3,17% (aplicação do art. 28).
Recurso provido." (Recurso Especial n2 195.488-DF, ReI. Min. José Arnaldo da Fonseca, in DJ de 12.03.99)
"Administrativo. Funcionário público. Arts. 28 e 29 da Lei n 2
8.880/94.
- É devido aos funcionários públicos federais o índice de 3,17% relativo à aplicação do art. 28 da Lei n2 8.880/94.
- Precedentes.
- Recurso provido." (Recurso Especial n 2 187.769-DF, ReI.
Min. Felix Fischer, in DJ de 08.03.99)
Pelo exposto, não conheço do recurso.
É o voto.
RST], Brasília, a. 11, (118): 399-436, junho 1999.