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20 | Vilas Magazine | Junho de 2017 ESPORTE Thiara Reges Freelance para a Vilas Magazine A conteceu dia 7 de maio a abertura da temporada 2017 do Campeona- to Baiano de Kart. Com os pilotos na pista, o domingo de sol foi de muita velocidade, mas também, algumas tris- tezas. O kartódromo, que já foi palco de disputas do Campeonato Baiano, Cam- peonato Brasileiro e Copa Brasil de Kart, hoje sobrevive em um espaço improvisa- do, na luta para que o esporte não acabe. O circuito, ou o que sobrou dele depois da construção do Centro de Excelência e Treinamento Pan-Americano de Judô, leva o nome do maior piloto brasileiro da his- tória, Ayrton Senna. As avidades do Kart baiano em Lauro de Freitas começaram nos anos 90, após a desavação do circuito no Sep, em Salvador. A concessão para o uso do espaço local, de propriedade da Arquidiocese de Salvador, era de 20 anos, e não foi renova- da. Apesar das tentavas da Federação de Automobilismo da Bahia – FAB, a propos- ta de comparlhamento do espaço entre as duas modalidades esporvas não foi aceita, e em 2013 o Kartódromo perdeu 30% da pista, toda a estrutura de boxes e a área de convivência. Mas a perda foi ainda maior. Pilotos de diversas categorias desisram do kart, e profissionais que atuavam diretamente no segmento, a exemplo de mecânicos espe- cializados, procuraram novas ocupações. Para não cessar as avidades do kart, o campeonato baiano froi realizado nos úlmos quatro anos no estado vizinho, Sergipe, no Kartódromo Emerson Fi- paldi, em Aracajú. “Durante quatro anos levamos pilotos, geração de renda e em- prego, para Aracaju, de forma gratuita”, destaca Euvaldo Guimarães Luz, membro da diretoria da Associação Baiana de Kart. Depois de algumas manifestações dos karstas e com o apoio da FAB e de Selma Morais, hoje vice-presidente da Confederação Brasileira de Automobi - lismo, foi possível realizar essa etapa do campeonato baiano em Lauro de Freitas. NOVO CIRCUITO MAIS LONGE Um novo e moderno complexo auto- mobilísco já tem local definido, será no município de São Francisco do Conde, que doou um terreno de 850 mil m² para a FAB. As obras já começaram e a pista de velocidade na terra já está pronta para receber compeções nacionais. Quanto à praça para práca do kart, a Federação, em parceria com a Prefeitura municipal de São Francisco do Conde e Governo do Estado, através do programa Faz Atleta, estão empenhados para que as obras comecem no mês de setembro, com previsão para conclusão de pista e boxes em fevereiro de 2018. A pista terá 1200 m² o que permite a realização de campeonatos nacionais e internacionais. O Complexo contará ainda com uma pista de arrancada, também prevista para fevereiro, e no futuro um autódromo, com pista nos padrões ofi- ciais, que atendam demais categorias a exemplo da stock car, que ainda depende da captação de recursos. “É uma pena sair de Lauro de Freitas, estávamos mais perto de Salvador, mas não foi possível. Hoje a pista tem pouco mais de 700 m² o que inviabiliza a realização de compeções nacionais. Nossa expectava é que com as primeiras praças esporvas prontas, consigamos patrocínios e recursos financeiros que possibilitem a construção do autódromo, potencializando o esporte na Bahia”, destaca Selma. Euvaldo se preocupa com a distância da nova pista e teme que mais karstas, que hoje estão na ativa, desistam da práca esporva. “É uma oportunidade de apresentar o kart para novas pessoas, quem sabe novos amantes do esporte, mas por outro lado, sair da região me- Karsmo baiano supera desafios e mantém acesa a chama do esporte Julio Cezar, Euvaldo Luz e Julio Cesar Filho, ganhadores da categoria Sport 400 A Apesar da falta de estrutura Kartódromo Ayrton Senna sedia etapa do Campeonato Baiano de Kart

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20 | Vilas Magazine | Junho de 2017

ESPORTE

Thiara RegesFreelance para a Vilas Magazine

Aconteceu dia 7 de maio a abertura da temporada 2017 do Campeona-to Baiano de Kart. Com os pilotos

na pista, o domingo de sol foi de muita velocidade, mas também, algumas tris-tezas. O kartódromo, que já foi palco de disputas do Campeonato Baiano, Cam-peonato Brasileiro e Copa Brasil de Kart, hoje sobrevive em um espaço improvisa-do, na luta para que o esporte não acabe.

O circuito, ou o que sobrou dele depois da construção do Centro de Excelência e Treinamento Pan-Americano de Judô, leva o nome do maior piloto brasileiro da his-tória, Ayrton Senna. As atividades do Kart baiano em Lauro de Freitas começaram nos anos 90, após a desativação do circuito no Stiep, em Salvador.

A concessão para o uso do espaço local, de propriedade da Arquidiocese de Salvador, era de 20 anos, e não foi renova-da. Apesar das tentativas da Federação de Automobilismo da Bahia – FAB, a propos-ta de compartilhamento do espaço entre as duas modalidades esportivas não foi

aceita, e em 2013 o Kartódromo perdeu 30% da pista, toda a estrutura de boxes e a área de convivência.

Mas a perda foi ainda maior. Pilotos de diversas categorias desistiram do kart, e profissionais que atuavam diretamente no segmento, a exemplo de mecânicos espe-cializados, procuraram novas ocupações.

Para não cessar as atividades do kart, o campeonato baiano froi realizado nos últimos quatro anos no estado vizinho, Sergipe, no Kartódromo Emerson Fitti-paldi, em Aracajú. “Durante quatro anos levamos pilotos, geração de renda e em-prego, para Aracaju, de forma gratuita”, destaca Euvaldo Guimarães Luz, membro da diretoria da Associação Baiana de Kart.

Depois de algumas manifestações dos kartistas e com o apoio da FAB e de Selma Morais, hoje vice-presidente da Confederação Brasileira de Automobi-lismo, foi possível realizar essa etapa do campeonato baiano em Lauro de Freitas.

NOVO CIRCUITO MAIS LONGEUm novo e moderno complexo auto-

mobilístico já tem local definido, será no município de São Francisco do Conde, que doou um terreno de 850 mil m² para

a FAB. As obras já começaram e a pista de velocidade na terra já está pronta para receber competições nacionais.

Quanto à praça para prática do kart, a Federação, em parceria com a Prefeitura municipal de São Francisco do Conde e Governo do Estado, através do programa Faz Atleta, estão empenhados para que as obras comecem no mês de setembro, com previsão para conclusão de pista e boxes em fevereiro de 2018.

A pista terá 1200 m² o que permite a realização de campeonatos nacionais e internacionais. O Complexo contará ainda com uma pista de arrancada, também prevista para fevereiro, e no futuro um autódromo, com pista nos padrões ofi-ciais, que atendam demais categorias a exemplo da stock car, que ainda depende da captação de recursos.

“É uma pena sair de Lauro de Freitas, estávamos mais perto de Salvador, mas não foi possível. Hoje a pista tem pouco mais de 700 m² o que inviabiliza a realização de competições nacionais. Nossa expectativa é que com as primeiras praças esportivas prontas, consigamos patrocínios e recursos financeiros que possibilitem a construção do autódromo, potencializando o esporte na Bahia”, destaca Selma.

Euvaldo se preocupa com a distância da nova pista e teme que mais kartistas, que hoje estão na ativa, desistam da prática esportiva. “É uma oportunidade de apresentar o kart para novas pessoas, quem sabe novos amantes do esporte, mas por outro lado, sair da região me-

Kartismo baiano supera desafios e mantém acesa a chama do esporte

Julio Cezar, Euvaldo Luz e Julio Cesar Filho, ganhadores da categoria

Sport 400 A

Apesar da falta de estrutura Kartódromo Ayrton Senna sediaetapa do Campeonato Baiano de Kart

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Maurício de Castro Lima

De 1968 a 1972, a Avenida Centenário, no bairro do Chame-Chame, em Salvador, foi palco de emocionantes corridas de automóveis, um dos templos do automo-bilismo brasileiro, onde foram realizadas, além das provas locais, várias regionais,

a exemplo do Torneio Norte Nordeste e nacionais, como o Campeonato Brasileiro de Fórmula V e os famosos 500 km da Bahia.

A pista da Avenida Centenário tinha a largada em frente onde era, até pouco tempo, o Habib’s, sendo que no canteiro e na pista paralela que dá acesso ao Shopping Barra ficavam os boxes. O sentido da avenida era invertido em relação ao fluxo de tráfego normal. Esta inversão tinha três motivos principais: primeiro, evitar que após as corridas ou à noite, o pessoal dos ‘pegas’ ficasse utilizando a pista para fazer corridas clandes-tinas. Segundo, para tornar a entrada dos boxes mais segura e eficiente e por fim, conseguir uma ‘reta’ oposta maior, onde os carros alcançassem mais velocidade final.

Ao todo o percurso utiliza-do media 3.090 metros, com dois retornos em U, além de quatro curvas intermediárias. As curvas do Calabar eram as mais perigosas devido à quantidade de postes, pela proximidade do canal e prin-cipalmente por serem curvas de média a alta velocidade. A do Calabar de dentro era a mais veloz e gostosa de fazer; tinha também a do cemitério e a oposta ao cemitério. No mais, eram ‘retas’ meio curvas onde os carros andavam sempre em aceleração plena.

A maior velocidade, perto dos 200 km/h para os carros de mais potência, era sem-pre atingida no final da reta oposta aos boxes, aí vinha uma forte freada para fazer o retorno do posto ou como alguns chegaram a chamar, a ‘curva do côco’.

Por sua posição serpenteando ao longo de um vale, permitia que um numeroso público – falava-se na época em cerca de 40 mil pessoas –, ficasse acomodado nas suas encostas com uma visão privilegiada da corrida, como se fossem arquibancadas naturais.

O recorde da Centenário ficou pertencendo à Alfa Romeo P33 da equipe Jolly Gancia, tendo ao volante José Carlos Pace, com o tempo por volta de 1’30”, a uma média de 123,4 km/h, obtido nos treinos dos 500 km da Bahia em 1969.

Comparadas às corridas de rua do resto do país, posso afirmar sem medo de errar que as nossas corridas eram mais seguras e mais organizadas que a maioria das provas de rua daquele tempo, porém se compararmos aos padrões de hoje acharemos uma loucura em termos de segurança, sem guard-rails, com postes, árvores, canal e meios-fios sem prote-ção alguma. Mas era assim mesmo, corria-se até em pavimentação de paralelepípedos!

Em 1972 as corridas em circuitos de rua foram proibidas em todo o país, devido à falta de segurança e ao grande número de acidentes que vinham acontecendo, até com mortes de pilotos e espectadores.

MAURÍCIO DE CASTRO LIMA é arquiteto, motociclista, ex-piloto decorridas e Rally. Amante do automobilismo, sua pesquisa sobre otema pode ser acompanhada no blog oldraces.blogspot.com.br

Resultado da primeira etapa do Campeonato Baiano de Karts, Troféu Lelo BalaSport 400 “A”: 1º) Euvaldo Luz (20 pts), 2º) Julio Cezar Filho (19 pts), 3º) Júlio Cézar (16 pts), 4º) Danilo Botelho (12 pts), 5º) Luiz Avaci (9 pts), 6º) Carlos Henrique (9 pts), 7º) Valdemiro Oliveira (8 pts), 8º) Paulo Galleas (7 pts), 9º) Armando Duran (6 pts).

Sport 400 B: 1º) Sergio Tavares (19 pts), 2º) Ale-xandre Peres (18 pts), 3º) Helden Pita (15 pts), 4º) Wilson Maciel (12 pts), 5º) Zilney Campello (11 pts), 6º) Victor Oliveira (11 pts), 7º) Helcio Prates (11 pts), 8º) Jaime (6 pts), 9º) Marcos Braga (5 pts), 10º) Fernando Bahiense (1 ponto). O piloto João Gonçalves não pontuou.

Rental: 1º) Klaus/Sérgio (20 pts), 2º) Leonar-do/Anderson (20 pts), 3º) Sérgio/Leandro (15 pts), 4º) Fernando/Henrique (13 pts), 5º) Marcos/Senna (11 pts), 6º) Elísio/Vítor (10 pts), 7º) João/Robson (7 pts), 8º) Adeilton/Jose Joventino (6 pts), 9º) Keoni/Esdra (5 pts), 10º) Mauricio/Egney (3 pts). A dupla Yure/Jorge não pontuou nesta etapa.

As corridas na Centenáriotropolitana pode fazer com que pilotos, que hoje são competidores, desistam do esporte”, frisa.

“No meu ver a construção do Com-plexo não precisa significar o fim das atividades do Kartódromo Ayrton Senna, mas este necessita de um apoio gover-namental, ajustes e ampliação de pista, além de melhorias na área de convivência dos pilotos, para continuar operando”, completa Euvaldo.

Funcionando de terça a domingo, com maior pico de movimento durante os finais de semana, os pilotos se esfor-çam para manter o esporte vivo, e para fortalecer o kartismo até criaram uma nova categoria para o campeonato deste ano, a categoria Rental, onde os pilotos correm com carros de aluguel.

“A Bahia tinha corridas de automóveis na década de 60/70, e hoje, apesar de possuirmos fábrica de veículos no estado, que seria um grande incentivo, ainda não temos uma pista, um espaço adequado destinado à prática do automobilismo”, conclui Euvaldo.