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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE AGRONOMIA
LUIZ GUILHERME BRUNO DE OLIVEIRA
LEVANTAMENTO SOBRE USO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS NA
REGIÃO DE ANDRADINA - SP
UBERLÂNDIA - MG
Outubro, 2018.
LUIZ GUILHERME BRUNO DE OLIVEIRA
LEVANTAMENTO SOBRE USO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS NA
REGIÃO DE ANDRADINA - SP
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Agronomia, da Universidade Federal de
Uberlândia, para obtenção do grau de Engenheiro
Agrônomo.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Juari Celoto
UBERLÂNDIA - MG
Dezembro-2018
LUIZ GUILHERME BRUNO DE OLIVEIRA
LEVANTAMENTO SOBRE USO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS NA
REGIÃO DE ANDRADINA - SP
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Agronomia, da Universidade Federal de
Uberlândia, para obtenção do grau de Engenheiro
Agrônomo.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Juari Celoto
Aprovado pela banca examinadora em:
_____________________________ _____________________________
Banca 1 Banca 2
____________________________________
Prof. Dr. Fernando Juari Celoto
RESUMO
A concepção de pequeno proprietário com potencial para competir no mercado, com oferta regular e
produtos de qualidade somente será sustentável se alicerçada dentro dos princípios de segurança e
eficiência que, neste caso, só poderá ser obtido pelo uso de boas práticas agrícolas. Nesse contexto
insere-se o uso correto e seguro de produtos fitossanitários. O objetivo do trabalho foi conhecer a
situação dos agricultores familiares na região de Andradina/SP, quanto ao uso de boas práticas
agrícolas, essencialmente sobre o uso de agrotóxicos. Os dados foram coletados utilizando
questionário aplicado como entrevista, nos próprios locais de trabalho dos agricultores. Entre os
responsáveis pela produção nas propriedades, predominam produtores de 40 a 60 anos de idade, com
nível de escolaridade superior à média nacional, porém, com limitado conhecimento técnico,
especialmente quanto ao uso de defensivos, dependendo quase exclusivamente do conhecimento
prático e da experiência adquirida no cotidiano de trabalho, devido à baixa disponibilidade de
orientação técnica de qualidade, oriunda dos órgãos de assistência e dos canais de revenda de insumos.
O principal método de manejo fitossanitário nas propriedades é o emprego dos defensivos agrícolas.
Constatou-se que 20% dos entrevistados, não consultam bula ou receituário agronômico buscando
informações sobre o uso dos defensivos. Os riscos da utilização dos agrotóxicos são evidenciados
pelos procedimentos adotados (apenas 17% utilizam EPI completo, 64% não realizam tríplice lavagem
das embalagens, horário inadequado de pulverização e intervalo de segurança adequado). A assistência
técnica prestada na região, realizada predominantemente por técnicos de revendas, apenas indica
defensivos agrícolas, não orientando quanto ao manejo integrado de pragas e doenças, tratos culturais.
Muitos produtores ainda não aplicam as práticas de manejo adequadas, em grande parte devido à falta
de orientação sobre onde buscar as informações.
Palavras-chave: Agricultura Familiar, Agrotóxicos, MIP.
ABSTRACT
The conception of smallholders with the potential to compete in the market with regular
supply and quality products will only be sustainable if it is based on the principles of safety
and efficiency, which in this case can only be obtained by the use of good agricultural
practices. In this context the correct and safe use of phytosanitary products is inserted. The
objective of this work was to know the situation of family farmers in the region of Andradina
/ SP, regarding the use of good agricultural practices, mainly on the use of agrochemicals. The
data were collected using a questionnaire applied as an interview, in the farmers' own
workplaces. Among those responsible for production on the property, producers predominate
from 40 to 60 years of age, with a level of schooling higher than the national average, but
with limited technical knowledge, especially regarding the use of pesticides, depending
almost exclusively on practical knowledge and experience acquired in the daily work, due to
the low availability of quality technical guidance, coming from the assistance agencies and
the channels of resale of inputs. The main method of phytosanitary management in properties
is the use of pesticides. It was verified that 20% of the interviewees, do not consult bula or
agronomic prescription looking for information about the use of the pesticides. The risks of
the use of pesticides are evidenced by the procedures adopted (only 17% use complete PPE,
64% do not perform triple pack washing, inadequate spray time and adequate safety interval).
The technical assistance provided in the region, predominantly carried out by resellers, only
indicates agricultural defenses, not guiding the integrated management of pests and diseases
and cultural treatment. Many producers still do not apply proper management practices,
largely because of the lack of guidance on where to look for the information.
Keywords: Family Agriculture, phytosanitary, public policies.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8
2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 9
2.1 Agricultura familiar no Brasil..................................................................................9
2.2 A microrregião geográfica de Andradina/SP ....................................................... 10
2.3 Evolução Tecnológica no Espaço Agrícola ........................................................... 11
2.4. Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) ................................................... 12
2.5 Defensivos Agrícolas ............................................................................................... 13
2.6 Misturas em Tanque ............................................................................................... 14
2.7 Uso correto e seguro de defensivos agrícolas ....................................................... 15
2.8 Sistema Campo Limpo ........................................................................................... 16
3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 17
3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 17
3.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 17
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 18
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 19
5.1 Responsável pela assistência técnica ..................................................................... 19
5.2 Quanto ao uso de defensivos agrícolas .................................................................. 20
5.3 Quanto ao manejo integrado de pragas ................................................................ 22
5.4 Caracterização dos aplicadores de defensivos agrícolas ..................................... 23
5.5 Segurança nas aplicações de defensivos agrícolas .............................................. 30
5.6 Informação de manejo de aplicação ..................................................................... 33
5.7. Preocupações com o descarte da calda ................................................................ 35
5.8 Manutenção de equipamentos para a aplicação de produtos fitossanitários .... 36
5.9 Armazenagem e Descarte de embalagens ............................................................. 41
5.10 Atitudes em casos de intoxicação ........................................................................ 45
5.11 Interesse dos trabalhadores rurais em receber assistência técnica .................. 48
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 49
8
1 INTRODUÇÃO
Políticas públicas como investimentos em infraestruturas, pesquisa e extensão rural
voltadas para o fortalecimento da agricultura familiar ajudam a consolidar táticas que
viabilizam o desenvolvimento rural, melhoram as condições de vida e aumentam a
diversificação de rendas dos agricultores (PETTAN, 2010).
A adoção do chamado “pacote tecnológico” que representa a modernização da
agricultura a partir da década de 1950, bem representada pelo uso de fertilizantes e defensivos
químicos, sementes Factualmente a agricultura familiar sempre enfrentou dificuldades
políticas e econômicas caracterizada principalmente pela instabilidade nas políticas agrícolas
ofertadas aos produtores como deficiência no sistema de apoio publico e desenvolvimento
rural. Ainda assim, em meio a tantas dificuldades, dados oficiais mostraram que o segmento
tem superado os principais desafios impostos a categoria.
Organismos geneticamente modificados, modernização do maquinário, somadas ao
incentivo de financiamento agrícola na época aumentou a produção agrícola no país. Apesar
da melhoria do setor, isso não significou diretamente melhoria na vida dos agricultores
familiares, o custo da implementação da tecnologia era muito alto para a agricultura familiar
mesmo com as políticas de incentivo do governo (MOREIRA, 2000).
A revolução tecnológica trouxe ainda, uma maior preocupação nos países
subdesenvolvidos sobre o manejo dos recursos naturais e a escolha do tipo de tecnologia
adotada para os processos produtivos, mostrando a necessidade cada vez maior da
sustentabilidade dos sistemas de produção. Os defensivos agrícolas, por exemplo, usados para
proteger as lavouras contra o ataque de pragas, devido ao uso extensivo e desordenado acabou
agravando problemas de ordem social. A intensa demanda desses produtos aliada ao
despreparo dos agricultores em relação as normas básicas de segurança e informações que
deveriam ser primordiais como o descarte dos produtos e embalagens utilizadas levaram ao
agravamento dos quadros de intoxicação humana e degradação ambiental (LADEIRA et al.,
2012).
A Microrregião de Andradina, Noroeste do estado de São Paulo, é uma região
considerada tipicamente advinda de explorações agropecuárias familiares, com políticas
públicas pertinente ao segmento, especialmente originária de assentamentos e
reassentamentos rurais (DE OLIVEIRA, 2014). Por meio desta caracterização, estabelecer
9
uma análise na qual pode-se demonstrar a importância do manejo dos defensivos agrícolas
que os agricultores adotam na região pode contribuir para difundir informações corretas para
os agricultores, mostrar a necessidade dos mesmos, melhorar sua qualidade de vida, reduzir
impactos ambientais e ainda pode produzir informações uteis para formulação de políticas
públicas eficazes.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Agricultura familiar no Brasil
Desde o início do processo de formação do território brasileiro a agricultura familiar
ou agricultura de subsistência é parte extremamente importante das atividades produtivas e
rentáveis do país. Contudo, ao decorrer do período colonial, e também nos períodos seguintes,
este tipo de agricultura não auferiu de fato nenhum ou pouco apoio governamental para
progredir satisfatoriamente. Durante o processo de modernização da agricultura brasileira, nas
décadas de 1960 e 1970, as políticas públicas para a área rural e agrícola favoreceram os
setores mais desenvolvidos e já capitalizados, commodities voltadas ao comércio
internacional e que eram, portanto, produtos advindos de grandes latifúndios, desfavorecendo
ainda mais o segmento dos pequenos produtores (GRISSA, 2014).
No âmbito da burocracia brasileira, podemos considerar que até a década de 1990 não
houve efetivo apoio de políticas nacionais que incentivassem esse tipo de agricultura. A
situação mudou positivamente quando em 1996 foi criado o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), uma reivindicação dos trabalhadores
rurais que apesar de ainda enfraquecido quanto capacidade técnica foi um marco histórico e
revolucionário para a agricultura como um todo. Pequenos produtores puderam contar com o
acesso aos benefícios da política agrícola, antes negligenciadas (MATTEI, 2001).
No ano de 2006, a lei federal do Governo Federal Nº 11.326 estabeleceu critérios para
que a agricultura possa ser considerada familiar: máximo de dois servidores assalariados e até
quatro módulos fiscais, que na região de Andradina corresponde à 120ha (30ha cada um).
Também entram nessa classificação silvicultores, aquicultores, extrativistas, pescadores,
indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária. Em concordância com esses critérios
o produtor pode então contar com benefícios e incentivos como financiamentos para o
aumento da capacidade produtiva, uso de novas tecnologias, capacidade de implementação e
manutenção de empreendimentos, entre outros. Hoje, o PRONARF conta com mais oito
10
programas e subprogramas diferentes para incentivo da melhoria da agricultura familiar
(BNDES, 2018)
Um levantamento feito pelo portal Governo do Brasil mostra que a agricultura familiar
tem uma grande importância para a economia brasileira, com faturamento médio anual de
US$ 55,2 bilhões, e se posiciona em oitavo lugar em importância na produção mundial de
alimentos. O interessante nestes dados é que se fosse considerado apenas a produção desse
tipo de agricultura, o Brasil ainda estaria entre os dez países mais importantes para a
agronegócio mundial. O último Censo Agropecuário a agricultura familiar se mostrou base da
economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes e responsável pela
renda de 40% da população economicamente ativa do país (FERREIRA, 2016).
2.2 A microrregião geográfica de Andradina/SP
A Microrregião Geográfica de Andradina está localizada no noroeste do estado de São
Paulo, abrange área de 6.888,149 km², distribuída entre onze municípios. Segundo
levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em 2006, sua
população foi estimada em 179.591 habitantes e densidade demográfica em 26,1 hab./km²
(SILVA, 2012).
Figura1. Representação da Região de Andradina. Fonte: Simões (2006)
A região é caracterizada pela presença de propriedades agrícolas familiares, com
evidência para os assentamentos rurais que no ano de 2009 já somavam cerca de 36 projetos
com mais de 3.200 famílias assentadas, além dos projetos de reassentamento da Companhia
11
Energética de São Paulo (CESP). A pecuária leiteira tem maior destaque como atividade
regional, pastagens ocupam grande parte da totalidade produtiva, cerca de até 90% das
chamadas Unidades de Produção Agrícola (UPA) (SILVA, 2015)
Em 2007 e 2008 um levantamento realizado em parceria com a Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo, apontou um total de mais
de 7.000 UPA’s na região de Andradina/SP, sendo que 57,46% das unidades apresentam áreas
menores que 20 hectares, evidenciando a importância da agricultura familiar na região,
principalmente ao levar em consideração a quantidade de áreas ligadas a projetos de reforma
agrária. O recenseamento apontou também uma concentração fundiária, um vasto número de
propriedades ocupado pequena área e um menor número de grandes propriedades ocupando
vasta área, assim como acontece na maioria outros estados brasileiros (SIMÕES, 2006).
2.3 Evolução Tecnológica no Espaço Agrícola
No início da década de 1950, a chamada Revolução verde alterou drasticamente o
cenário agrícola mundial, no âmbito ambiental e também nas relações de trabalho. A
revolução tinha como princípio transformar as práticas agrícolas com iniciativas tecnológicas
com intuito de aumentar significativamente a produção e qualidade de alimentos no mundo
(FINATTO, 2006).
Iniciada no México pelo agrônomo Norman Borlaug, técnicas como a introdução de
insumos químicos, melhoria da maquinaria agrícola, sementes geneticamente modificadas,
beneficiaram a produção e exportação de produtos agrícolas, principalmente milho e trigo.
Em pouco tempo o México, que apresentava dificuldades para produzir trigo, passou a
exportá-lo. A Revolução logo se popularizou ao resto do mundo e tendo além de impactos
econômicos positivos teve grande engajamento também no cenário social. Anos mais tarde,
Borlaug chegou a ganhar o prêmio Nobel da Paz graças as grandes consequências
humanitárias da revolução (SERRA, 2016).
A princípio, esperava-se que o aumento da produção agrícola aumentaria o poder
econômico das populações rurais e reduzisse o preço dos produtos, amenizando o grande
problema da fome no mundo. Infelizmente, isto não aconteceu, a densidade demográfica
ainda superava o aumento da quantidade de alimentos, além da distribuição não homogênea
dos mesmos. Ainda assim, Apesar de especulações sobre a contribuição da revolução contra o
problema da fome mundial, um estudo realizado por Conway (2003) confirmou que sem a
Revolução Verde a condição da fome no mundo seria bem pior.
12
No Brasil, a Revolução Verde teve iniciou por volta da década de 1960 concomitante
ao período político conhecido como “Milagre Econômico”, um grande marco para a
exportação de alimentos, principalmente a soja. Embora observados aspectos extremamente
benéficos da Revolução Verde nas primeiras décadas de implementação, diversos aspectos
negativos também foram observados, entre eles danos ao meio ambiente, muitas das novas
técnicas necessitavam de grande volume de agua pra sustentabilidade do método, além do
aumento da concentração de renda já que toda tecnologia demanda custos, e não seriam
portanto de fácil acesso aos pequenos produtores (SERRA, 2016).
2.4. Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER)
Com o avanço da inovação tecnológica institutos de pesquisa agropecuária e apoio a
formação de cientistas foram privilegiados. Máquinas agrícolas, estudo do solo,
melhoramento genético, fertilizantes e defensivos tiveram grande destaque nos projetos de
pesquisa. A partir de tal perspectiva, surge um novo profissional, especialista em assistência
técnica e rural. São profissionais, formados em ensino superior e técnico nas áreas de
engenharia agronômica, florestal, economia, zootecnia (DIAS, 2008).
Já há algumas décadas a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) é caracterizada
segundo lei federal como um serviço de educação não formal do meio rural para promover
conhecimento e beneficiar atividades dos serviços agropecuárias ou não, extrativistas,
artesanais e florestais. O objetivo é fazer com que a política chegue ao produtor para melhorar
a condição de vida do mesmo, gerando renda e também segurança alimentar para quem
produz e quem consome esses produtos (MATTEI, 2001).
Apesar de idealizada na década de 1940, a ATER passou por diversas mudanças
devido o cenário político do país e começou a ter maior procura e destaque com a criação do
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONARF), em 1995, com o
objetivo principal de fornecer subsidio agrícola de investimentos aos agricultores familiares.
Apesar dos períodos críticos pelos quais estes programas passaram, hoje, a ATER está
fortemente relacionada com a consolidação e aumento ao PRONARF, já que para o agricultor
conseguir aprovação do subsidio oferecido é necessário um projeto técnico viável sobre o
investimento a ser desenvolvido. Normalmente estes projetos são realizados com a ajuda das
EMATER, uma empresa pública com patrimônio próprio de autonomia jurídica e financeira
presente nos estados brasileiros com o intuito de desenvolver diferentes tipos de extensão
13
rural junto aos produtores da agricultura familiar, os serviços são oferecidos de forma gratuita
(TURPIN, 2009).
Apesar da melhoria da qualidade e acesso a esse tipo de serviço, pesquisas de
satisfação dos produtores realizadas no ano de 2002 mostraram que aproximadamente 90%
dos produtores apontaram necessidade da melhoria da assistência técnica, indicando
deficiência no número de profissionais destas instituições e levando então a projetos
padronizados e pouco acompanhados. Essa situação é ainda mais agravada quando somada ao
baixo nível de capacitação técnica e escolar normalmente observadas nos agricultores
familiares, regiões como o Nordeste, por exemplo, o IBGE aferiu que no ano de 2009 cerca de
90% dos produtores familiares não possuem nem o ensino fundamental completo (DE
MORAES, 2013).
2.5 Defensivos Agrícolas
No ano de 2009, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO), o Brasil já era o terceiro maior produtor agrícola do mundo, e maior de
produtor das culturas de cana de açúcar, laranja e café. A evolução da produtividade agrícola
no país nas últimas décadas é cada vez mais expressiva. O aumento da demanda produtiva fez
com que alternativas que reduzissem as perdas em razão de pestes na agricultura tivessem
cada vez mais destaque. Tendo em vista que pragas agrícolas podem levar a perda média de
até 40% da área plantada, os defensivos agrícolas passaram a ser cada vez mais empregados
nas culturas em maior destaque como milho, soja e café (SECRETARIA ESPECIAL DE
AGRICULTURA FAMILIAR E DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2018).
Também chamados de agrotóxicos, nada mais são que substâncias químicas que tem
papel de prevenir, aniquilar, repelir ou inibir organismos vivos que podem causar injurias nas
lavouras. Os mais utilizados são: Herbicidas, inseticidas, fungicidas, acaricidas, agentes
biológicos de controle, defensivos à base de semioquímicos e produtos domissanitários.
Estima- se que no ano de 2017 no Brasil, 33% dos estabelecimentos, representado por mais de
1.680.000 estabelecimentos utilizaram algum tipo de agrotóxico (IBGE, 2017).
Estudos apontaram o Brasil como o maior consumidor de agrotóxicos no mundo, com
crescimento de 190% nos últimos anos, ultrapassando até mesmo os Estados Unidos, líder da
produção mundial (MOREIRA, 2002).
Com o início da Segunda Revolução industrial a indústria de defensivos agrícolas
obteve grande avanço, com a descobertas de novos compostos químicos e a criação de
14
grandes indústrias de produção. Apesar do grande êxito, muitos produtos acabaram se
tornando um problema na agricultura e na saúde pública mundial devido a toxicidade. Na
década de 1960 começaram a surgir novos produtos, com menor toxicidade para o homem e
meio ambiente (MOREIRA, 2002).
A pressão do mercado mundial por produtos certificados, principalmente nos países
desenvolvidos, exige a regulamentação do processo produtivo desde a origem da matéria
prima. Hoje, a maioria dos defensivos atua em áreas como o sistema endócrino do organismo
vivo, impedindo o metabolismo celular, por exemplo, com intuito de reduzir efeitos negativos
aos seres humanos e também ao ambiente (ALMUSSA; SCHMIDT, 2018).
Mesmo com a melhoria da tecnologia de produção destes produtos, o uso inadequado,
devido a alta toxicidade de alguns produtos, a falta de treinamento dos trabalhadores, a falta
de equipamentos de proteção individual e equipamentos adequados para aplicação, a carência
de vigilância em saúde podem levar a graves casos de intoxicação, agudas ou crônicas,
podendo até ser fatais (MELLO; SILVA, 2013).
A toxicidade da maioria dos agrotóxicos é expressa em termos de dose média letal
(DL50), via oral, é a dose necessária de um composto para matar 50% de uma população em
teste, normalmente medida em miligramas de substância por quilograma de massa corporal
dos indivíduos testados. Os agrotóxicos podem ser enquadrados em 4 classes e representados
por 4 cores intensas, classe toxicológica I (extremamente tóxicos, cor vermelha), classe II
(muito tóxicos, cor amarela), classe III (moderadamente tóxicos, cor azul) e classe IV (pouco
tóxicos, cor verde) (RECENA; CALDAS, 2008).
2.6 Misturas em Tanque
A mistura em tanques é uma prática muito adotada na agricultura, defensivos são
associados no tanque de um equipamento aplicador, antes da pulverização. O objetivo desta
prática é aumentar o poder de ação dos produtos utilizando-se de menor quantidade de
produto e trazendo, portanto, uma significativa economia de recursos (PETTER et al, 2012).
Apesar do objetivo, a mistura em tanque pode ser uma prática perigosa se não
realizada de forma bem planejada. As misturas podem interagir de forma aditiva (a ação da
mistura dos produtos é a soma das qualidades de cada produto), sinérgica (a ação da mistura
dos produtos é maior do que a soma das qualidades de cada produto), antagônica (a ação da
mistura dos produtos é menor do que a soma das qualidades de cada produto). A interação
entre as formulações pode trazer diversos problemas, desde afetar a efetividade das aplicações
15
reduzindo a qualidade dos defensivos, até mesmo causar algum tipo de dano como a
toxicidade para os agricultores (IKEDA, 2013). Petter et al., 2012 ressaltou que quando bem
conhecidas as formulações, a mistura de defensores pode ser extremamente benéfica
principalmente em termos econômicos e até por esse motivo, indispensável. Além disso as
misturas podem em alguns casos reduzir as contaminações ambientais e aumentar o espectro
de ação no momento da aplicação.
Para garantir a segurança das misturas em tanque, em dezembro de 2017 o Ministério
da Agricultura, através do Secretário de Defesa Agropecuária, submeteu à Consulta Pública,
pelo prazo de 60 dias a contar da data de sua publicação, um projeto de Instrução Normativa
Conjunta MAPA/ANVISA/IBAMA que estabelece critérios e procedimentos a serem
adotados para recomendação de mistura em tanque de agrotóxicos e afins, e sua prescrição em
receituário agronômico. A normativa reafirmou o conceito de mistura tanque e
recomendações em que as misturas deviam ser feitas, encaminhadas ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento com divulgação no Portal eletrônico do mesmo. As
recomendações deveriam ser pautadas na literatura cientifica, prescritas por profissionais
habilitados e conter informações sobre os produtos misturados como concentrações e
recomendações de uso como cuidados e advertências. A descrição completa da mesma pode
ser acessada através do portal eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUARIA E ABSTECIMENTO-
MAPA, 2017).
2.7 Uso correto e seguro de defensivos agrícolas
Produtos fitossanitários assim como outros produtos químicos devem ser
cuidadosamente utilizados e manipulados a fim de preservar a saúde dos trabalhadores e
também evitar danos ao meio ambiente. O uso seguro deve ser garantindo em cada etapa do
uso do defensivo, desde a aquisição por meio de receita agronômica prescrita por profissional,
transporte, armazenamento, aplicação, até chegar a última etapa, o descarte correto das sobras
e embalagens (ZAMBOLIM; CONCEIÇÃO; SANTIAGO, 2003).
No momento da aquisição dos fitossanitários apenas o profissional legalmente
habilitado, engenheiro agrônomo pode indicar com segurança o produto correto a ser
utilizado, para isto será considerado problemas da lavoura, ataque de pragas, doenças e
plantas daninhas. Os trabalhadores devem se certificar da data de validade dos produtos
16
adquiridos, ler com atenção rótulos e bula e exigir nota fiscal do estabelecimento de compra
para evitar falsificações (ANDEF, 2016).
O transporte deve ser cumprir respeitando a legislação em veículo adequado. O
desrespeito às normas pode levar a multas para o vendedor e comprador do produto. O
transportador receberá do expedidor informações com informações e classificações dos
produtos, produtos considerados cargas perigosas requer cuidados ainda maiores garantidos
por lei. O armazenamento dos produtos deve ser em construção de alvenaria, bem ventilada e
iluminada, sem goteiras e como parte elétrica com bom estado de conservação, sem umidade.
Muito bem sinalizado e de preferência trancado para evitar entrada de crianças e animais
(ZAMBOLIM; CONCEIÇÃO; SANTIAGO, 2003).
Para o manuseio, o uso dos EPI é fundamental para reduzir o risco de absorção do
produto tóxico pelo organismo, protegendo a saúde do trabalhador. Jalecos, aventais, botas,
calças apropriadas, máscaras devem ser utilizados. O preparo da calda exige muito cuidado, é
o momento em que o trabalhador está manuseando o produto concentrado, a embalagem deve
ser aberta com cuidado para evitar derramamento do produto, o uso de balanças, copos
graduados, baldes e funis específicos para o preparo da calda pode ser recomendado. Nunca
deve ser utilizado os mesmos equipamentos para outras atividades. Após o uso embalagens
devem ter fim adequado como lavagem e descarte (ZAMBOLIM; CONCEIÇÃO;
SANTIAGO, 2003).
O endereço eletrônico da ANDEF, disponibiliza gratuitamente apostilas de
recomendações aos trabalhadores que buscam garantir maior segurança da manipulação dos
produtos fitossanitários. As recomendações incluem todos os passos que necessitam atenção e
mostram de forma simplificada e até mesmo passo a passo ilustrado da aplicação correta e
segura desse tipo de produto. (ANDEF, 2016)
2.8 Sistema Campo Limpo
O sistema Campo Limpo é um programa brasileiro de logística reversa de embalagens
vazias de defensivos agrícolas, coordenado pelo Instituto Nacional de Processamento de
Embalagens Vazias (IMPEV) que adota políticas em todas as regiões do país e compartilha
com o agricultor, indústria e comercio a responsabilidade do descarte e aproveitamento
consciente desse tipo de produto (MARQUES, 2015).
Com a realidade da expansão agrícola e os avanços na tecnologia de cultivo, aumenta
também a demanda pelos defensivos agrícolas. A gestão inadequada dos resíduos, como
embalagens, pode resultar em sérios impactos ambientais como a contaminações das águas,
17
solo, humanos e animais. Na década de 1960 com a expansão do uso dos agrotóxicos, muitos
agricultores, sem saber o que fazer com as embalagens, enterravam, queimavam ou jogavam
nos rios as embalagens vazias (OMS, 2015).
Segundo o IMPEV o programa campo limpo fez com que desde de 2002, 94% das
embalagens plásticas primarias (contato direto com produto) e 80% de embalagens vazias
comercializadas tivessem destino aquedada. O programa ainda recicla embalagens laváveis
permitindo que cerca de 95% delas voltem as indústrias de forma segura. Estima-se que até o
ano de 2018, este sistema evitou o correspondente à geração média de resíduos de uma cidade
de 500 mil habitantes e fez com que 1,4 milhão de barris de petróleo não fossem consumidos
(IMPEV, 2018).
A atividade orçamentaria do IMPEV é financiada pelas empresas associadas, embora o
próprio instituto provem de muitas ações para garantir em parte sua autossuficiência, em 2012
empresas forneceram quase 57 milhões de reais para investimentos em infraestruturas,
logística, pontos de apoio, comunicação e projetos de educação e assessoria. O governo,
usuários do sistema e comerciantes já investiram mais de R$ 700 milhões, a Lei nº
9.974/2000 estabeleceu responsabilidades de cada participante do sistema de logística
reversa e fez com que as ações fossem tomadas como elos de uma corrente, dividindo
responsabilidades (IMPEV, 2018).
No âmbito político esse programa também foi muito benéfico para o país, fazendo
com que o Brasil fosse reconhecido mundialmente pelo programa se tornando referência para
outros países e agregando também valor ao produto no mercado internacional (LOPES, 2013).
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
O presente trabalho tem como objetivo principal demonstrar a importância dada pelos
produtores ao manejo dos defensivos agrícolas na agricultura familiar no município de
Andradina/SP, desde a recomendação ao descarte das embalagens dos pesticidas.
3.2 Objetivos Específicos
I. Analisar os tipos de produtos utilizados, assim como misturas de tanque, frequência e
períodos de aplicação, tecnologias de aplicação, fonte de recomendação ou motivos
pelo qual se explicam a utilização de defensivos agrícolas;
II. Verificar a posse e a utilização de equipamentos de segurança adequados para manejo;
18
III. Analisar o armazenamento, procedimentos utilizados para o descarte, e o destino final
das embalagens (pontos de coleta mais próximos e a viabilidade para o transporte a
esses locais);
IV. Levantar informações de casos de intoxicações causadas pelos agrotóxicos e
problemas de deriva, em função da aplicação do produto em outras propriedades;
V. Avaliar o nível de conhecimento e receptividade dos agricultores, quanto às novas
tecnologias, o grau de confiança e o próprio conceito que possuem em relação aos
profissionais da assistência técnica.
4 MATERIAL E MÉTODOS
Este é um trabalho descritivo, a pesquisa foi realizada com 42 trabalhadores e
agricultores familiares da região de Andradina-SP, no Noroeste Paulista, entre setembro e
outubro de 2016, pois esse município apresenta diversas atividades agrícola de importância
econômica, como fruticultura, hortaliças, a escolha dessas culturas pelos produtores deve-se a
diversos motivos, entre eles a maior rentabilidade, a garantia de venda dos produtos e a
facilidade de manejo de algumas culturas.
Os dados foram coletados por meio de questionário aplicado como entrevista, nos
próprios locais de trabalho dos produtores, e observações diretas durante a visita às
propriedades, mensurando informações detalhadas sobre assistência técnica que eram
oferecidas a essas fazendas, quanto a recomendação do uso de defensivos agrícolas,
informações sobre a pessoa que aplicava os defensivos como: idade, gênero , caracterização
das famílias e dos estabelecimentos, quanto a preocupação coma segurança de aplicação de
produtos fitossanitários , também visou investigar a percepção dos produtores sobre os
cuidados e riscos da utilização desses produtos; e o conhecimento dos agricultores em relação
ao manejo integrado de pragas.
O questionário compreendeu 29 questões fechadas, nas quais buscou-se, além da
caracterização das famílias e dos estabelecimentos, levantar informações detalhadas sobre o
manejo, armazenamento e descarte dos agrotóxicos.
19
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Responsável pela assistência técnica
O órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
responsável em fornecer assistência técnica para a região de Andradina/SP é a Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral (CATI), este órgão está presente em todos os municípios
paulistas, por meio das 594 Casas da Agricultura, dos 40 Escritórios de Desenvolvimento
Rural e dos 21 Núcleos de Produção de Sementes e Mudas, proporcionando ações práticas de
desenvolvimento do agronegócio, de acordo com a realidade de cada região.
Durante o levantamento dos dados verificou- se que 21 % das propriedades rurais não
recebem assistência técnica, (figura 1). De acordo com Vicente et al. (1998), ao pesquisar o
perfil de aplicadores de defensivos agrícolas, constatou que na maioria das propriedades
rurais, cerca de 57%, os produtores não recebem nenhum tipo de orientação técnica,
resultados maiores do que encontrados neste trabalho.
Segundo Monqueiro et al. (2009), muitos desses produtores que não recebem assistência
técnica possuem a jornada de trabalho exaustiva, chegando as vezes a trabalhar cerca de onze
horas diárias, o numero excessivo de horas de serviço diária causam maiores desgastes físicos
aos produtores favorecendo a maior ocorrência de acidentes de trabalho.
Figura 1. Questionamento aos produtores sobre as fontes de orientação técnica
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
20
Observa-se que na figura 1, que a maior porcentagem de assistência técnica foi
atribuída a assistência particular (24%), ou seja, os produtores que realmente desejam
obter assistência técnica na maioria das vezes têm que buscar assistência particular e pagar
pelo serviço. A segunda maior fonte de assistência técnica (23%) foi atribuída a Extensão
Rural (ATER), mas ainda precisando ser um serviço a ser melhorado, pois a falta de
atuação da ATER foi atribuída que a maior atuação da entidade é por demanda em grupos
de produtores pré definidos, o que dificultaria a assistência deste prestada a produtores
menores. De acordo com os produtores, 16 % recebiam assistência por meio de técnicos
de revendas, a menor porcentagem, na maioria das vezes essa assistência técnica atribuída
ao técnico ou mesmo o balconista da revenda quando os produtores efetivam a compra
dos insumos, que na maioria das vezes o serviço é prestado ali mesmo na revenda sem
uma visita técnica efetiva.
5.2 Quanto ao uso de defensivos agrícolas
De acordo com Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP, 2018) a venda
e prescrição de agrotóxicos deve ser feita por profissionais habilitados, o profissional que
faz a recomendação indevida é responsável administrativa, civil e penalmente pelos danos
causados à saúde e ao meio ambiente, de acordo com a Lei nº 7.802/89 presentes no art.
14. Quando questionados, os produtores declararam que em sua maioria, 37 % foi
atribuída a recomendação realizada pelos engenheiros agrônomos (figura 2).
21
Figura 2. Atribuição ao profissional que faz a recomendação de agrotóxicos
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Como se pode ver na figura 2, a porcentagem atribuída a falta de pessoas que fazem a
recomendação é cerca de 18%, muitas vezes nas propriedades rurais e principalmente por
produtores menores e voltados a agricultura familiar, a utilização de agrotóxicos e a escolha
destes é feita pelo próprio trabalhar do campo, o que pode acarretar sérios problemas, já que
para se fazer a recomendação o profissional deve ser habilitado, pois o profissional deve ser
capaz que recomendar o produto químico correto e as doses recomendadas para aquela
cultura além de entender dos riscos que pode ocasionar um produto químico aplicado de
forma incorreta tanto para a saúde humana quanto para os danos ambientais.
Os grandes problemas da utilização de agrotóxicos sem a recomendação adequada,
ocasiona serias intoxicações aos trabalhadores rurais, podendo esse fator ser atribuído ao uso
inadequado, por não serem seguidas as recomendações dos rótulos e bulas dos produtos, por
não utilizarem equipamentos de proteção individual, por falta de acesso a informação técnica
de produtos e falta de capacitação de pessoas que utilizam – os. A recomendação sempre deve
ser feita por profissionais capacitados para ter uma melhor eficiência dos produtores e
principalmente evitar os riscos pela má utilização destes (AGROLINK, 2016).
Vicente et al. (1998), em seu trabalho pesquisando o perfil do aplicador de agrotóxicos na
agricultura Paulista, constatou que a recomendação de defensivos agrícolas são realizadas
principalmente por engenheiros agrônomos (49,81%) principalmente da iniciativa privada,
sendo em sua maioria prestadas por técnicos de cooperativas (11,35%) e por técnicos ou
agrônomos que trabalham nas revendas (10,77%), dados estes semelhantes encontrados neste
trabalho.
22
5.3 Quanto ao manejo integrado de pragas
O manejo integrado de pragas é uma ferramenta importante para o controle de pragas,
pois se tem maior eficiência no controle de pragas, reduzindo a quantidade de agrotóxicos na
lavoura consequentemente reduz os riscos ambientais e a saúde dos trabalhadores rurais e
proporcionam um equilibro no ambiente de produção. Pode-se notar que em sua grande
maioria, os produtores não realizam um manejo integrado de pragas (97 %), onde 51% dos
produtores tem o conhecimento sobre o manejo, mas não realiza (figura 3). Na agricultura o
controle químico é o método mais utilizado, muitos produtores não utilizam outro tipo de
controle por pensarem que os custos da lavoura aumentaram e além disso por acharem que
somente a utilização de agrotóxicos é a forma mais eficiente de controle.
Figura 3. Distribuição percentual dos produtores pesquisados na região de Andradina- SP,
quanto ao manejo integrado de pragas.
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Pode-se notar que quando questionados, 46% dos produtores não realiza o manejo
integrado de pragas, podendo ser atribuídos a diversos fatores, como a falta de conhecimento
destes, sobre os benefícios e custos, além disso pode ser atribuído também a uma falta de
assistência técnica, pois não há ninguém que auxiliem esses produtores quando ao melhor
manejo. De acordo com Moura (2015) o manejo integrado de pragas é a principal estratégia
no controle destas, uma vez que tem como filosofia preservar ou aumentar fatores de
23
mortalidade natural, por meio da junção de várias técnicas no controle de pragas, com base
em parâmetros econômicos, sociais e ecológicos.
5.4 Caracterização dos aplicadores de defensivos agrícolas
Dentre os questionamentos feitos nas propriedades agrícolas, apenas 10 % das
mulheres maiores de 18 anos se apresentaram como responsável pela aplicação de defensivos
agrícolas (figura 4), a representatividade de mulheres é muito baixa quando comparado a
porcentagem de homens que realizam a aplicação de defensivos agrícolas no campo (90%).
Figura 4. Gênero e idade dos aplicadores de defensivos agrícolas
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
De acordo com Brumer (2004), na maioria das vezes é atribuído ao homem como
exclusividade por desenvolver serviços que exigem um maior esforço e desgaste físico em
atividades de fazenda, como cortar lenha, realizar curvas de nível, aplicações pesadas além de
utilização de maquinários tais como o trator, já as atividades atribuídas as mulheres de campo
geralmente são atribuídas atividades mais leves e rotineiras em uma fazenda, fato que pode
ser constatado nesta pesquisa, na qual o serviço de aplicação de defensivos é um serviço que
exige mais esforço físico principalmente em pequenas propriedades em que há poucas
tecnologias, a escolha do homem para essas atividades fica clara.
De acordo com a Secretária de Educação do Paraná (SEP, 2015), discorreu sobre a
participação de mulheres nas propriedades rurais, principalmente as esposas de proprietários,
24
em relação ao níveis de mecanização envolvida em cada atividade, afirmando que a
participação da mulher em atividades rurais é relacionada com um menor índice de
mecanização, logo a medida que a fazenda trabalha com maiores quantidades de maquinas
agrícolas a participação da mulher diminui nesses atividades.
Além disso, em sua maioria, por serem propriedades carentes de assistência técnica,
das propriedades rurais entrevistadas,48% corresponde as aplicações que são realizadas pelos
donos da fazenda (figura 5)
Figura 5. Pessoa responsável por fazer aplicação de defensivos agrícolas
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Cerca de 60 % dos entrevistados relatam que são os próprios proprietários e seus
familiares que realizam a aplicação de produtos fitossanitários, constituindo uma parcela
representativa na pesquisa, resultados semelhantes foram encontrados no trabalho de Vicente
et al. (1998), na qual no estado Paulista, elaborando um paralelo com as informações
coletadas sobre a composição da força de trabalho, constaram que os proprietários rurais e os
familiares em conjunto com os assalariados constituíram cerca de 80 % , atribuído as pessoas
que realizam as aplicações de produtos fitossanitários nas propriedades rurais, apenas 4% dos
entrevistados relatam haver ao menos um empregado fixo com registro em carteira, enquanto
os demais citaram haver mão de obra externa temporária ou informal (diaristas, parceiros ou
outros produtores que trabalham em sistema de troca de diárias).
Quanto ao nível de escolaridade encontrado nas propriedades rurais (figura 6),
predominam trabalhadores rurais que não conseguiram completar o nível superior (100%),
sendo que 2% possuem o nível superior incompleto, enquanto que 28 % concluíram apenas o
25
2° grau completo e 26 % possuem apenas o 1° incompleto. A falta de estudos constatada nesta
pesquisa pode ser atribuída a diversos fatores, como jornada excessiva de trabalho e com isso
os trabalhadores não tem animo para concluir os estudos, o baixo número de escolas na região
em que eles trabalham ou até mesmo em regiões muito próximas disponíveis para realizarem
o nível médio e fundamental acessíveis ao períodos em que estavam em idade escolar e a falta
de incentivos para estudarem ou voltarem a estudar.
Figura 6. Nível de escolaridade nas propriedades rurais entrevistadas
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
De acordo com o IBGE (2016), cerca de 66,3 milhões de pessoas com 25 anos ou mais
(51% da população adulta), tinham concluído apenas o ensino fundamental, além disso apenas
20 milhões de pessoas (15,3%) tinham conseguido concluir o ensino superior. Foi concluído
também que no Brasil a taxa de analfabetismo era de 7,2 %, ou seja cerca de 11,8 milhões de
pessoas eram analfabetas.
Vicente et al. (1998), constatou que em propriedades rurais em São Paulo, predomina
entre os aplicadores de produtos fitossanitários apenas o 1° incompleto, seguido do 1° grau
completo, atribuindo esse fato ao excesso de trabalho, necessitando esses trabalhadores em se
dedicar exclusivamente ao trabalho, tanto no caso do proprietário como nas outras categorias,
resultado semelhante são relatados pela SEPR (2013), relataram que em uma pesquisa
realizada em propriedades rurais, 80 % dos trabalhadores tinham apenas até a 4° série do
antigo primário, relatando que no meio rural há um grande problema educacional básico, ou
seja, ausência de educação formal principalmente entre os agricultores adultos.
26
Quanto questionados em relação á quem foi o responsável por ensinar os aplicadores a
trabalhar com defensivos agrícolas, 21% relataram que o ensinamento foi realizado por um
técnico particular.
Figura 7. Responsáveis pelo ensinamento em relação ao uso de defensivos agrícolas
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Para uma eficiente e até maior segurança no manuseio e aplicação de produtores
fitossanitários, deve se ter conhecimento em relação a aplicação de produtos, segundo Vargas
e Gleber (2005), é necessario priorizar a segurança no trabalho principalmente sendo ligado a
toxididade que estes compostos quimicos podem causar ao ambiente e a população humana, a
qualidade na aplicação de agrotoxicos estar ligada à segurança do aplicador, da população
rural proxima, do consumidor final e também do ambiente em geral.
O uso indiscriminado nas lavouras e falta de conhecimento sobre as formas e
segurança de aplicação vem causando sérios prejuízos econômicos e também riscos à saúde
humana e ao meio ambiente, diante disso o SENAR (2000) evidencia a necessidade de levar
conhecimento aos pequenos produtores e trabalhadores rurais quanto a maneira mais correta
de aplicação de produtos fitossanitários, podendo dessa forma reduzir os riscos à saúde do
aplicador, ter uma maior eficiencia de controle e aumentando a preservação ambiental. É de
fundamental importância a capacitação de trabalhadores rurais, levando o ensinamento sobre
a forma correta de aplicação e além disso realizando cursos, para a obtenção de melhores
resultados em suas atividades profissionais e atuando corretamente de acordo com as normas
técnicas indicadas, além disso o conhecimento e profissionalização do trabalhador rural leva
27
uma melhor colocação destes no mercado de trabalho, proporcionando um melhor preparo
para a atuação profissonal e permitindo estes estarem melhor capacitados para a
competitividade no mercado de trabalho.
Além disso, quando questionados sobre quem é a pessoal responsável por dar
orientação técnica antes da aplicação (figura 8), 48% dos questionados atribuiram essa
orientação a técnicos(de revenda e particulares).
Figura 8. Responsáveis pela orientação técnica antes da aplicação.
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
A orientação para aplicação de produtos fitossanitários é de suma importância,
principalmente deve ser conhecer as dosagens corretas, além disso os equipamentos certos
para aplicação e os produtos corretos. De acordo com a Vargas e Gleber (2005), os erros
cometidos durante as etapas de aplicação de produtos fitossanitários ocasionam diversos
problemas ambientais e levam riscos à saúde humana sendo esse fator atribuído a falta de
orientação por um profissional capacitado. Quando questionados, 7 % foi atribuído ao fato de
não se ter orientação técnica nenhuma, sendo um fator de risco na aplicação.
Como demonstrado na figura 9, em relação a fonte de informação de aplicações de
agrotóxicos, em sua maioria (60%), utilizam o receituario receituário agronômico como fonte
de informações para serem realizadadas as aplicações, geralmente sendo estes emitidos pelos
técnicos ou o balconistas da revenda onde adquirem os insumo.
28
Figura 9. Receituário agronômico como fonte de informação para a aplicação de defensivos
agrícolas
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Cerca de 2% dos entrevistados não conhecem receituário e 12 % compram produtos
fitossanitários sem a utilização de receitas. A incorreta aplicação de agrotóxicos pode
contaminar os alimentos e ao meio ambiente provocando danos irreversíveis a saúde humana
e sérios prejuízos ao meio ambiente, além disso a compra de produtos fitossanitários deve ser
exclusivamente regulamentada, segundo a ANVISA (2015) 28% dos produtos fitossanitários
comercializado contêm substâncias não autorizadas. De acordo com a Lei 7.802/89, presente
no Art.13 “A venda de agrotóxicos e afins aos usuários será feita através de receituário
próprio, prescrito por profissionais legalmente habilitados, salvo casos excepcionais que
forem previstos na regulamentação desta Lei”, o principal objetivo do receituário agronômico
é a utilização correta de defensivos agrícolas, sendo de suma importância o conhecimento
disto pelos proprietários rurais.
Entre os entrevistados (figura 10), 19 % citam não realizem consulta nenhum no
receituário agronômico, já ao contrário dessa informação 19 % afirmam buscar informações
sobre os cuidados de uso que se deve ter com os produtos fitossanitários adquiridos, outros 9
% afirmam somente consultar o receituário para fins de toxicologia sobre os produtos.
Figura 10 . Informações a serem buscadas no receituário agronônomico
29
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
De acordo com o Decreto 98816, no receituário agronômico, devem conter o mínimo
de informações necessárias sobre o produto como: nome do produto comercial a ser utilizado;
cultura e área onde será aplicada; dosagem de aplicação e quantidade total do produto a ser
adquirida; modalidade de aplicação, sendo que no caso de aplicação aérea, devem ser
explicitadas as época de aplicação e intervalo de segurança; primeiros socorros nos casos de
acidentes e precauções de uso; instruções sobre a disposição final de resíduos e embalagens;
orientações sobre manejo integrado de pragas; orientações quanto à utilização de
equipamentos de proteção individual; orientar também quanto ao bico de pulverizador a ser
utilizado, em função do produto a ser aplicado. Apenas 18 % dos entrevistados se preocupam
em olhar no receituário agronômico os riscos que os produtos fitossanitários adquiridos
ocasionam a saúde humana e ao meio ambiente, sendo uma porcentagem considerada muito
ruim, já que os principais problemas do uso indiscriminado do agrotóxico são os danos
causados ao meio ambiente e ao risco a saúde humana.
Pode- se notar que quando questionados sobre as informações toxológicos dos rotulos
dos produtos fitossanitarios (figura 11), 98 % dos trabalhores rurais tinham conhecimento
quando a classificação, demostrando conhecer qual a cor nas embalagens que demonstravam
maior perigo. Mesmo levando em conta o número de produtores que recebem as devidas
orientação sobre os produtos a serem utilizados e a forma mais correta, verifica-se que em
aspectos de segurança, contaminação ambiental e dos alimentos, fatores muito importante a
serem considerados para a escolha do produto fitossanitario, são simplismente desprezados,
sendo que muitos trabalhadores rurais consideram apenas o aspecto economico no controle de
30
pragas e doenças, não levando em conta os riscos que a utilização incorreta de produtos
fitossanitarios possam acarretar.
Figura 11. Questionamento sobre informações referentes a cor do rótulo de
agrotóxicos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
De acordo com a ANVISA (2018) no Brasil, a classificação dos agrotóxicos, deve
ser realizada em função da toxicidade aguda e deve ser determinada e identificada com os
respectivos nomes das categorias e cores nas faixas do rótulo dos produtos em 4 (quatro)
classes, acordo com o estabelecido: CLASSE I – Produto Extremamente Tóxico – faixa
vermelha; CLASSE II – Produto Altamente Tóxico – faixa amarela; CLASSE III – Produto
Moderadamente Tóxico – faixa azul; CLASSE IV – Produto Pouco Tóxico –verde.
5.5 Segurança nas aplicações de defensivos agrícolas
De acordo com Alves (2013), EPI (equipamento de proteção individual), é “todo
produto utilizado como ferramenta de trabalho, de uso individual, destinado à proteção do
trabalhador, minimizando riscos que ameaçam a segurança e a saúde no trabalho“, a
utilização de EPI é uma exigência trabalhista brasileira estipulada na NR 6, contida na
portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho. O não cumprimento dessas normas poderá
acarretar aos infratores ações de responsabilidade cível e penal, além da aplicação de
multa. Conforme demostrado na figura 12, dentre os entrevistados somente 11 % se
31
preocupam utilizam o EPI completo para realizar a preparação de calda, estando entre as
maiores porcentagens na utilização apenas de calças compridas (21%) e luvas
impermeáveis (21%), demostrando a realidade bastante desfavoráveis para a segurança
dos trabalhadores.
Figura 12. EPI’S utilizados para a preparação da calda de pulverização.
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
De acordo com a ANVISA (2013), para a preparação da calda, os EPIS utilizados
nesta etapa devem ser usados conforme a recomendação de uso pela empresa registraste, com
base na avaliação dos riscos do produto à saúde e além disso os EPIS devem ser descritos na
ordem em que são vestidos, devem ser especificado a necessidade de se usar o capuz junto
com a vestimenta, informando o tipo de proteção fácil, tipo de respirador.
Além disso, para o uso de EPI no momento de aplicação(figura 13), dentre os
entrevistados apenas 19 % utilizam o EPI completo, sendo que a maioria somente utilizam
apenas mascára com filtro químico (19%), calças compridas (15%) ou camisa de manga longa
(15%), vale ressaltar que esses valores são pequenos diante da quantidade de agrotoxicos que
são utilizadas no Brasil, a segurança do trabalhador deveria ser um fator fundamental na hora
de se realizar a preparação de calda e aplicação de produtos fitossanitários, destacando ainda
que somente a utilização de EPI não garantem a segurança do trabalhador mas sim um
32
conjunto de atividades preventivas, como melhores condições ambientais para aplicação,
como direção do vento, melhor hora do dia para aplicação, utilização de produtos menos
tóxicos, dentre outros.
Figura 13. EPI’S utilizados na aplicação da calda de pulverização.
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Vicente et al.(1998), em seu trabalho cita que os equipamentos de segurança mais
utilizados são a calça comprida (21,70%), chapéu ou boné (17,95%), camisa de manga longa
(17,22%) máscara descartável (13,97%) e luvas (8,66%). sendo que alguns equipamentos
como óculos ou viseira, macacão com manga longa e avental impermeável têm baixa
utilização, resultados semelhantes são encontrados nesse trabalho onde o uso de macacão de
manga longa representava apenas (1%) dos entrevistados, óculos e viseira (3%), máscara com
filtro químico e avental impermeável (0%) e que não utilizam nenhum EPI (5%).
Um ponto muito importante que deve-se destacar seria a falta de esclarecimentos aos
aplicadores em relação qual a forma mais correta e segura de utilizá-los, e além disso a falta
de informação e diversas reclamações do EPI, fazem com que os aplicadores deixem de
utiliza-los, muitos justificam a falta de uso deste pela dificuldade em se usar as roupas
apropriadas durante todo o tempo de aplicação, devido ao calor intenso, segundo eles as
roupas atrapalham esses aplicadores, o uso de luvas dificulta manusear equipamentos ou se
33
são muito finas rasgam com facilidade, as botas esquentam demais, essas constatações são
muito relevantes para demonstrar a necessidade de treinamentos e oferta de cursos especificos
para os aplicadores, visando demostrar para estes, também os riscos a que estão sendo
expostos.
5.6 Informação de manejo de aplicação
Para uma maior eficiência de aplicação e até mesmo segurança do aplicador, deve
levar diversos fatores em consideração, de acordo com a Vargas e Gleber (2005), a tecnologia
de aplicação não é somente o ato de aplicar produtos, mas deve haver a interação entre vários
fatores como a cultura, praga, produto, equipamento, ambiente e forma de aplicação, sendo os
principais erros de aplicação de defensivos atribuidos ao uso inadequado do produto, falta de
regulagem adequada de produto, dosagem incorreta (sub e superdosagens); momento ou
estádio de aplicação incorreto, aplicação com condições climáticas inadequadas e água usada
para mistura do agrotóxico no tanque de má qualidade.
Como demonstrado na figura 14, dentre os entrevistados, o maior resultado obtido foi
de 23%, indicando que o maior fator que se preocupam é nas condições de vento para iniciar
as aplicações de produtos fitossanitários, 17% dos entrevistados se preocupam com lavar as
mãos antes de comer e beber, 15% se preocupam em trocar de roupa após a aplicação e
apenas 14% se preocupam em lavar o EPI após cada aplicação.
34
Figura 14. Fatores a serem considerados antes, durante após as aplicações de produtos
Fitossanitários
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Pode-se notar que 3% dos entrevistados, comem, bebem e fumam durante a aplicação
de produtos fitossanitarios, evidenciando a falta de preocupação com as aplicações o que é um
fator muito preocupante quando se trata de agrotóxicos.
Dentre as condições ambientais, um dos fatores que devem ser levados em
consideração são os horarios que devem ser feitas as aplicações, de acordo com a figura 15,
49% dos questionados, responderam que realizam a aplicação até as 10 horas da manhã, já 25
% aplicam em horários de 15:00 até ao anoitecer e 11% se preocupam em realizar a aplicação
á noite. A aplicação de produtos fitossanitarios noturnas já é uma realizado na agricultura
brasileira, uma vez que ao anoitecer as adversidades climáticas ocorrem com menor
intensidade e geralmente durante o dia há condições ambientais adversas que atrapalham a
aplicação como altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar, rajadas de ventos
diminuindo a eficiência de controle de pragas e doenças.
35
Figura 15. Horários que são realizados a aplicação de produtos fitossanitários.
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
De acordo com Vargas e Gleber (2005), as condições climáticas devem ser favoráveis
á absorção e translocação de produtos, no geral as condições de temperatura devem ser
temperatura mínima de 10°C, a ideal de 20 – 30°C e a máxima, de 35°, não se deve realizar
aplicações com ventos superiores à 10 km/h sobre plantas estressadas e em caso de chuva
iminente, não realizar em condições de chuva, uma vez que a ocorrência de chuva logo após a
aplicação pode lavar as moléculas do produto da superfície da folha da planta e impedir a sua
absorção
5.7. Preocupações com o descarte da calda
O Brasil em 2008 se tornou o maior consumidor de produtos fitossanitarios
mundialmente (ASSAD, 2012), diante disso influenciando no volume de calda que é
descartados no ambiente, não há legislação que regulamenta o descarte da sobra da calda, que
muita das vezes são descartados no ambiente e de formas irregulares causando sérios danos
ambientais. Há somente a legislação a respeito do descarte de embalagens vazias,onde fica
obrigatório o recolhimento de embalagens vazias a uma unidade de recebimento autorizada
pelos órgãos ambientais. Com o intuito de reduzir o número de aplicações de defensivos
agrícolas, reduzindo os gastos com aplicação e diminuição da exposição do trabalhador rural
aos agrotóxicos entre outros benefícios, é comum a mistura de ingredientes ativos para os
diferentes alvos no mesmo tanque de pulverização, inicialmente não existe uma proibição
formal desta prática conhecida como “mistura em tanque”, apenas a Portaria 67 de
30/05/1995, do Governo Federal, restringindo a mistura de produtos de diferentes fabricantes
36
excetuando os casos onde houver recomendação no rótulo da embalagem ou produtos
comerciais formulados com mais de um ingrediente ativo.
Entre os entrevistados (figura 16), 30% deles afirmam reutilizar a calda que sobrou em
outras culturas, 30% diz que usa de outros recursos em relação à sobra da calda de aplicação e
12 % guarda para a próxima aplicação.
Figura 16. Preocupações com o descarte da calda de produtos fitossanitários.
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Cerca de 7% dos pesquisados afirmam descartar a calda no solo da cultura,
demonstrando nenhuma preocupação com o ambiente em que se vive, ficando evidente que
devem ser realizados cursos e ministradas palestras aos produtores demonstrando a
importancia do ambiente e a contaminação que esses produtos químicos ocasionam no solo.
De acordo com Machado(2016), anualmente são descartados cerca de 377.244,30 litros de
calda, onde não há nada que regulamenta esses descartes podem ocasionar sérios prejuízos ao
ambiente. Porém a porcentagem elevada de agrotóxicos, e sua descarga no meio ambiente é
crime ambiental inafiançável (Decreto N° 3179 de 21 de setembro de 1999). Essa água não
pode ser lançada no meio ambiente sem sofrer um tratamento de descontaminação dos
agrotóxicos nela contidos
5.8 Manutenção de equipamentos para a aplicação de produtos fitossanitários
Para uma melhor eficiênca na utilização de defensivos agricolas nas culturas, devem
ser utilizados equipamentos adequados a pulverização e aliados a isso devem ser realizado
manutenção periodica desses equipamentos. De acordo com a figura 17, 79% dos
37
entrevistados realizam a manutençao dos equipamentos de pulverização, sendo que destes,
42% somente realizam a manutenção corretiva e 37% fazem a manutenção preventiva.
Figura 17. Manutenção de equipamentos de aplicação
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Segundo a INQUIMA (2016), a correta manutenção dos equipamentos, reduzem a
necessidade de reposição de suas partes trazendo vantagens econômicas ao produtor e além
disso facilita a aplicação de defensivos agrícolas, além disso a manutenção dos equipamentos
visa uma maior eficiencia na aplicação, uma vez que para fazer a adequada calibração dos
pulverizadores é necessario que estes estejam em boas condições de manutenção. Cerca de
19% dos entrevistados, nem se quer realizam nenhum tipo de manutenção, o que é muito ruim
para eles, visto o beneficio que manutenções periodicas trazem, sendo essa falta de
manutenção atribuidas pelos entrevistados, pela falta de tempo em se realizar estas, falta de
mão de obra especializada e também por acharem que não é necessário essa realização. A
manutenção preventiva é feita antes dos problemas das peças ocorrerem e é realizada com o
intuito de previnir o equipamento agricola a quebrar ou parar seu fucionamento na hora da
utilização, garantindo um adequado funcionamento e aumento da vida útil dessas máquinas, já
a manutenção corretiva ocorre com o intuito de substituir uma peça quebrada ou algum
sistema danificado, em sua maioria esses casos ocorrem quando o maquinário está em pleno
funcionamento no campo, necessitando que a maquina pare o seu funcionamento, gerando
atrasos na operação, sendo evidente também um custo maior nesse tipo de operação.
Além da manutenção dos aparelhos, o ideal é a realização da calibração e regulagem
dos maquinários, a má calibração de aparelhos pode ocasionar até 30 % de prejuizo nos custos
38
de produção e além disso podem ocasionar o disperdicio de produtos e maiores quantidades
destes no ambiente, cerca de 64 % dos produtores responderam que a calibração é realizada
pelo próprio aplicador da fazenda e 18 % é atribuida essa responsabilidade ao técnico agrícola
Figura 18. Responsável pela calibração de equipamentos
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Cerca de 9 % das pessoas entrevistadas, não fazem a calibração de equipamentos de
pulverização o que prejudicial para as propriedades rurais. É de suma importancia para que
seja verificada a vazão das pontas do pulverizador, determinar o volume de aplicação e a
quantidade de produto colocado no tanque para que se tenha a maxima de eficiencia na
aplicação de defensivos agrícolas.
Em relação aos equipamentos e a técnologia de aplicação, um dos fatores a se
preocupar é o tipo de pontas utilizadas nos equipamentos, uma vez que mesmo ser partes
pequenas e possuir um custo pequeno em relação ao pulverizador, são peças essencias pois
delas dependem a qualidade de aplicação. De acordo com a Associação Nacional de Defesa
Vegetal (ANDEF, 2016), as pontas possuem três funções muito importantes de determinar a
vazão, o tamanho das gotas e o formato do jato de pulverização.
Observa-se que na figura 18, 27 % dos entrevistados utilizam a ponta tipo leque e 23
% a ponta tipo cônico.
39
Figura 19. Tipos de pontas utilizados nos pulverizadores
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Além do tipo de ponta utilizados no pulverizador, devem se levar em conta a presença
de filtros nos pulverizadores,os tipos de filtros devem ser dimensionados de acordo com as
pontas selecionados para hsver compatibilidade entre a malha do filtro e o tamanho do orifício
da ponta, caso o tipo de filtro não seja escolhido de forma adequada há possibilidade de maior
incidência de entupimento das pontas. De acordo com ANDEF (2016), caldas contendo
partículas sólidas em suspensão podem apresentar problemas quando o pulverizador for
equipado com filtros de 11 malha 80 (80 aberturas em 1 polegada linear) ou superior, uma vez
que o diâmetro das partículas poderá ser superior ao da abertura de peneiras muito finas.
Caldas contendo adjuvantes oleosos podem potencializar o problema pela coalizão de
partículas.
Entre os entrevistados 86% relaram que o pulverizador possuel filtro e 14 % relatam
que não sabem se o pulverizador possue ou não o filtro.
40
Figura 20. Presença de filtro do pulverizador
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Outra forma de manunteção dos maquinários e redução dos riscos de contaminação ao
ambiente é a levagem corretas de pulverizadores, a manutenção e a limpeza dos defensivos
devem ser realizads no final de cada jornada de trabalho
Residuos de produtos fitossanitarios nos pulverizadores podem ocasionar sérios
prejuizos ao produtores, pois o mesmo pulverizador pode ser utilizado para outras culturas,
nas quais não devem ser aplicados os mesmos tipos de produtos, as contaminações por
produtos que não são propios para elas e somente restaram no pulverizador o residuo, podem
acontecer varios meses após a aplicação desses produtos se tanque do pulverizador não for
devidamente limpo, os defensivos podem se acumular no fundo dos equipamentos agricolas e
ocasionar corrosão dos aparelhos, o que reduz a vida ultil dos maquinários e
consequentemente gera maiores custos ao produtor.
De acordo com a figura 21, pode- se observar que 50 % dos entrevistados, realizam a
limpeza dos pulverizadores em tanques específicios.
41
Figura 21. Local de lavagem dos equipamentos aplicadores de defensivos agrícolas
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Já muitos não tem a concientização dos problemas de residuos de produtos ao meio
ambiente, já que 5 % realizam a lavagem em rios ou lagos, 14 % realizam a lavagem em
campo e 10 % dos entrevistados sequer lavam os tanques de pulverizadores o que futuramente
acarreterá em prejuizos para esses produtores uma vez que diminui a vida util desses
equipamentos.
5.9 Armazenagem e Descarte de embalagens
Quando questionados em relação ao local de armazenamento dos agrotóxicos
utilizados, 56 % afirmaram possuir um depósito específico, conforme mostra a Figura 21, 29
% relataram armazenar os defensivos agricolas dentro da fazenda, 10 % relatam armazenar os
produtos dentro de casa e 5 % relatam armazenar na lavoura mesmo, o que é feito de forma
incorreta, podem ser atribuidos esses fatores há falta de conhecimento e falta de uma
assistencia técnica que forneça informações aos produtores, também por alguns produtores
acharem desnecessário a contrução de um local especifico só para armazenarem produtos. De
acordo com Hahmed et al. (2014), os defensivos agrícolas nunca devem ser armazenados
dentro de casa, na própria lavoura ou até mesmo junto com máquinas, sementes e adubos, é
necessário ter um local adequado e seguro para o armazenamento destes, com a finalidade de
evitarem acidentes e para que não se permita a contaminação para o meio ambiente caso
ocorra problemas indesejados como vazamentos
42
Figura 22. Locais de armazenamento de produtos fitossanitários(%).
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
De acordo com a APROSOJA (2016) a Instrução Normativa do INDEA Nº 003/2016,
regulamenta sobre os procedimentos e especificações técnicas quanto à edificação,
armazenamento, segurança, sinalização, bem como determinando prazo para a realização das
alterações pré-estabelecidas, discorre que o armazenamento de produtos fitossanitários deve
ser feito em locais específicos, “entende-se como depósito de defensivos um espaço físico
para guardar, estocar, conter e manter defensivos e afins, em condições que garantam a saúde
e segurança do trabalhador, a proteção ambiental e a integridade e segurança dos produtos na
propriedade rural”.
Além da preocupação com o local de armazenagem é de suma importancia o produtor
manter o local de armazenamento privado, ou seja, somente pessoas autorizadas tem acesso,
quando questionados (74%) das trabalhadores rurais e proprietários disseram que o local de
armazenamento fica trancado e somente pessoas que estejam autorizadas a trabalhar com os
defensivos agrícolas tem acesso, já 21% disseram que o local de armazenamento não fica
trancado e 5 % disseram não saber. Na instrução normativa recomenda-se que as portas
fiquem trancadas para que não ocorra entrada de crianças, animais e pessoas que não estejam
autorizadas, uma vez que os produtos são considerados tóxicos e é proibidos para pessoas que
não estão autorizadas.
43
Figura 23. Acesso ao local de armazenamento (%).
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
As embalagens de defensivos agrícolas devem ter um destino específico, mas antes do
recolhimento, é obrigatório que o agricultor efetue a tríplice lavagem inutilizando-os com
furos nos tipos de embalagens que permitirem esta prática, enquanto as embalagens não
laváveis devem permanecer intactas, adequadamente tampadas e sem vazamentos. As
embalagens vazias devem ser acondicionadas em saco plástico padronizado que deve ser
fornecido pelo revendedor. Dentro do prazo de até um ano, essas embalagens deverão ser
entregues em um posto de recebimento cadastrado (BARRIGOSI, 2010).
O processo de tríplice lavagem de defensivos agrícolas consiste em enxaguar
internamente três vezes as embalagens que foram utilizadas e estão vazias, sendo esse
processo feito imediatamente após o esvaziamento da embalagem, durante a preparação da
calda, pois se demorar muito para realizar esse processo o produto pode secar dentro da
embalagem o que dificultará a retirada do mesmo. De acordo com INPEV (2002), o
procedimento da tríplice lavagem das embalagens consiste em: primeiro esvaziar
completamente o conteúdo da embalagem no tanque do pulverizador, adicionar água limpa à
embalagem até ¼ do seu volume, tampar bem a embalagem e agitá-la por 30 segundos e
despejar a água de lavagem no tanque do pulverizador. Conforme a figura 24, quando
questionados, 64 % dos pesquisados não realizam a tríplice lavagem, 31 % não sabem sobre o
assunto e como devem ser realizadas e somente 5 % faz a tríplice lavagem, demonstrando um
problema muito grave nessas propriedades rurais, já que o descarte incorreto de embalagens
causa sérios danos ao ambiente.
44
Figura 24. Realiza a tríplice lavagem (%).
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Entre os entrevistados, 71% relatam realizar o descarte de embalagens, realizando a
entrega no posto de coleta credenciado, mesmo alguns produtores não possuírem veículos
adequados para o transporte até o posto de coleta (figura 25), o restante dos produtores
pesquisados dão destinos incorreto as embalagens como: cerca de 10% relatam descartar em
locais inadequados como o lixo comunitário, 10 % relatam queimar as embalagens, 5%
relatam não saber o que efeito das embalagens e 2% fazem o descarte na própria lavoura.
Figura 25. Destinos de embalagens vazias (%).
45
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
De acordo com Chiquetti (2005), para resolver os problemas do descarte incorreto de
embalagens já usadas dos defensivos agrícolas em locais inadequados como rios, plantações,
fossas, foi criado um sistema de retirada das embalagens do campo, para serem recicladas ou
incineradas. Este sistema está respaldado por legislação federal e conta com o trabalho de
vários agentes envolvidos na fabricação, comercialização, utilização, licenciamento e
fiscalização dos agrotóxicos, descarte das embalagens em locais impróprios acarretam graves
problemas de poluição ambiental, como contaminação de solos, e lençóis freáticos,
acarretando também problemas diretos para a saúde humana, demostrando a importância em
se realizar programas educacionais ensinando os produtores de como fazer o descarte correto,
além de oferecer suporte para que estes tenham o conhecimento e além disso tenha como
transportar e ter um posto de coleta de embalagens.
5.10 Atitudes em casos de intoxicação
O trabalhador rural está exposto a diversas situações de perigo à saúde durante suas
jornadas de trabalho em campo, como por exemplo, acidentes com veículos e máquinas
agrícolas, ferramentas e objetivos cortantes, ruído excessivos, e principalmente exposição a
substâncias químicas. Os defensivos agrícolas quando utilizados de forma incorreta podem
causar não só contaminação ambiental, mas causam riscos de intoxicação à saúde humana.
Figura 26. Questionamento sobre atitudes a serem tomadas em caso de intoxicação
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
46
Quando questionados sobre o que os trabalhadores rurais fariam em caso de intoxicação por
produtos fitossanitários, 68 % tomariam a atitude correta e responderam que procurariam um
médico, 9% relataram que tomariam banho, 14% que trocariam de roupa e tomariam leite e
4% provocariam vômito, todas essas atitudes incorretas quando intoxicados podem ser
associados com as pesquisas anteriores neste trabalho, demonstrando que muitos pesquisados
não possuem assistencia ténica, além disso pouco nivel de escolaridade, demonstrando a
dificuldade em conhecer qual realmente seria o procedimento correto a ser realizado.
Segundo o Ministério da Saúde (2006), para iniciar algum procedimento com a pessoa
que está intoxicada por agrotóxicos é necessário conhecer o tipo de intoxicação, se é
cutânea(pele), que neste caso deve- se retirar as roupas sujas e colocá-las em saco plástico;
lavar bem a pele contaminada com água corrente e sabão por, no mínimo, 10 minutos;
não esquecer de lavar cabelos, axilas, virilhas, barba e dobras do corpo;
e no caso de contaminação nos olhos lavar bem com água corrente por 15 minutos, ou se a
intoxicação é via inalação que neste caso o atendimento inicial consiste em remover a vítima
para local fresco e ventilado, afrouxar as roupas, fazer respiração boca a boca se houver
dificuldade respiratória, ou ainda há o terceiro caso que consiste na intoxicação via oral, neste
caso deve- se ler o rótulo do produto para ver se é recomendado provocar vômito, não se deve
provocar vômito em pessoas desmaiadas, durante convulsões ou em crianças menores de 3
anos, quando recomendado, provocar vômito baixando bem a cabeça do intoxicado e
pressionando a base da língua com o cabo de uma colher ou objeto similar, não fazer com que
o intoxicado beba leite ou álcool. Após esses primeiros socorros prestados deve-se
imediatamente procurar o serviço de saúde mais próximo levando o rótulo ou a embalagem do
produto fitossanitário e junto o receituário agronômico.
De acordo com a figura 27, quando questionados, cerca de 25% dos pesquisados
relataram não sentir sintoma algum utilizando produtos fitossanitários, 22% relataram sentir
dor de cabeça, 11% relataram enjoo, 11% relatam tontura, 8% relatam perda de apetite e 8%
ficaram com a visão turva. Deve- se tomar muito cuidado e prestar muita atenção nos
sintomas causados por intoxicação de um defensivo agrícola, pois a intoxicação pode até levar
a morte.
Segundo Souza e Camporez, em 2017 foram registrados cerca de 4.003 casos de
intoxicação e exposição das pessoas à agrotóxicos em todo país, sendo estimado quase 11
casos por dia, nos últimos dez anos a estatística dos casos por intoxicação praticamente
dobrou, foram 2.093 casos em 2007 e em 2017, 164 pessoas morreram após terem contato
com os agrotóxicos e 157 pessoas ficaram incapacitadas e não conseguiram mais voltar para
47
suas funções no trabalho, além dos casos em que a o contato diário evoluiu para doenças
crônicas como câncer e impotência sexual.
Figura 27. Sintomas provocados pelos uso agrotóxicos
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Entre os entrevistados, 50 % responderam que ao sentir tais sintomas quando em contato com
defensivos agrícolas não fariam nada, já 25% procurariam um hospital, 12% disseram que
procurariam uma farmácia, 11% procurariam um posto de saúde, demonstrando a falta de
preocupação com o contato com os defensivos agrícolas.
Figura 28. Atitudes tomadas após sentirem sintomas provocados pela intoxicação de
produtos fitossanitários.
48
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
5.11 Interesse dos trabalhadores rurais em receber assistência técnica
Em uma pesquisa realiza sobre quais assuntos os trabalhadores rurais gostariam de
receber treinamento, 20% responderam que gostariam de receber sobre pragas e doenças, 17%
sobre técnicas de aplicação, 16 % disserem querer ter mais conhecimento sobre manutenção
de equipamentos e 14 % gostariam de receber treinamentos sobre o manejo integrado de
pragas.
Figura 29. Assuntos relacionados sobre o que os produtores gostariam de receber
treinamento.
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Fica evidente então que os produtores gostariam de receber mais assistência e obter
mais conhecimento nos assuntos relacionados ao campo, mostrando a carência de uma
assistência técnica nessas propriedades.
49
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode- se afirmar de acordo com os resultados desse trabalho, que existe uma série de
problemas, principalmente em propriedades menores, que vão desde a falta de assistência
técnica para levar mais conhecimento aos produtores até o uso relacionado com os defensivos
agrícolas, mostrando, em sua maioria, a falta de conhecimento de normas e de cuidados
básicos necessários para o manuseio de produtos químicos.
Além disso em relação ao EPI há a necessidade de cursos mostrando a importância da
segurança do trabalhador e as formas de se utiliza-lo buscando conscientiza-lo dos perigos de
manuseio sem o mínimo de segurança de um defensivo agrícola. Os resultados demostram os
principais fatores responsáveis pela contaminação do meio ambiente e pela saúde do trabalhar
rural, que é devido a uma falta de fiscalização nessas propriedades, controle e
acompanhamento técnico adequado levando maiores informações a esses produtores.
50
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