32
LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOAula 5

por LUIZ CARLOS TOLEDO

UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

Page 2: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMOFatores estruturais:

A falta de escravos para trabalhar no campo e nas cidades.

O êxodo da população urbana que fugia das cidades para as vilas, para escapar dos ataques às grandes cidades.

O isolamento das vilas marcou o fim do comercio entre regiões mais distantes, limitando-o ao consumo local.

Vila de Adriano

Page 3: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMOA presença dos invasores germânicos também contribuiu para a formação do feudalismo, impondo um sistema econômico, baseado no escambo (trocas), uma estratificação ainda maior da sociedade, dividida entre guerreiros, homens livres e escravos e um sistema político fundamentado no individualismo tribal e na inexistência de um estado agregador.

Fatores conjunturais:

As invasões sofridas pelo império a partir do enfraquecimento do poder de Roma, dentre elas as invasões germânicas atraídas pelos tesouros e pelos resgates oferecidos para que as cidades não fossem destruídas.

Invasões Germânicas

Page 4: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMO

O domínio dos muçulmanos no mediterrâneo e na península Ibérica, isolando a Europa do resto do mundo; as invasões dos normandos e os ataques dos godos, visigodos e os Vikings, que tinham por alvos a França, a Itália, a região de Lorena, a Borgonha, a Espanha e o próprio império Bizantino.

Invasões bárbaras

Page 5: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMOA economia medieval:

O regime de servidão, imposto pelo senhor feudal, criava, entre os servos, o desinteresse pelo trabalho, já que a maior parte do aumento da produção era apropriado pelo senhor feudal.

A baixa produtividade da economia também decorria do abandono das técnicas e práticas agrícolas romanas que, durante o período feudal, juntamente com outros conhecimentos permaneceram trancados nas bibliotecas dos mosteiros, sendo aplicadas apenas nas propriedades da Igreja.

Regime de servidão

Page 6: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMO

O modo de produção feudal esgotou-se a partir do século XII, dando lugar ao pré-capitalismo comercial, mais adequado à reativação do comércio regional; ao crescimento do poder político-econômico dos mercadores e da burguesia em ascensão com o aumento da demanda decorrente do crescimento da população europeia a partir do século XV, o século das grandes descobertas marítimas e da abertura de novos mercados.

A precariedade das relações comerciais entre os feudos e a baixa produtividade da economia não poderiam atender às necessidades crescentes de consumo da população europeia, em crescimento, recuperando-se das baixas populacionais decorrentes das pestes e dos ataques de normandos e bárbaros que duraram até o século XI.

Grandes navegações

Page 7: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMO

Gravura Peste Negra

Segundo MUNFORD, a peste negra que assolou a Europa durante vinte anos, por vezes matando mais da metade da população de uma cidade, causou apenas uma recessão temporária no ritmo de crescimento da população.

Page 8: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMO

As cidades, fortificadas por novas muralhas e contando com habitantes e combatentes treinados para melhor defendê-las traziam um novo clima de segurança que proporcionava o aumento das atividades econômicas em escala local e regional.

Carcassone, no sul da França

Page 9: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMO

A ampliação das relações comerciais num nível regional, não só diminuiu o isolamento dos feudos, como exigiu a adoção de normas comuns de comércio e desestimulou o uso e a criação de moedas locais.

O novo cenário da economia foi conduzido pela burguesia fortalecida pela expansão das atividades econômicas, pela diminuição do poder feudal e da influência das guildas e, finalmente, pela formação dos estados nacionais.

Com a recuperação das cidades e o surgimento de novos núcleos o fenômeno da ruralização (êxodo da população urbana) deu lugar a um forte movimento em sentido contrário.

Ascendência da burguesia

Page 10: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMO

A importância das guildas:

As guildas de mercadores e artesãos eram corporações de ofício como os antigos “colégios romanos” só que, enquanto estes se limitavam a atuar como sistema de mutua proteção, as guildas além dessa função, tinham o poder de fixar normas de funcionamento para os diversos ofícios, regular o trabalho das oficinas, controlar a quantidade, a qualidade e o preço dos produtos e serviços.

Guildas

Page 11: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMOCom o aumento da população europeia e os novos mercados abertos pelas descobertas marítimas a demanda por bens e serviços sofre forte expansão. Nesse novo ambiente o controle das guildas passa a ser um freio às atividades econômicas.

A reação da burguesia às guildas e a falta de normas gerais de comércio estimulou a aliança entre os comerciantes, contrariados nos seus interesses, os camponeses, empobrecidos pela ganância dos senhores feudais e as casas reais, interessadas em exercer o poder, tendo por objetivo a formação de estados nacionais, a destruição do feudalismo e do poder das guildas.

Rota de especiarias

Page 12: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

OS FATORES GERADORES DO FEUDALISMOA formação de exércitos pela realeza para derrotar os senhores feudais que se opusessem a formação dos estados nacionais só foi possível graças ao apoio financeiro dos comerciantes que, paralelamente, forneceram teares aos camponeses que passaram a competir com as oficinas controladas pelas guildas.

A qualidade inferior dessa produção não era um problema para sua comercialização, já que os mercados abertos pelas descobertas marítimas, ampliavam enormemente a demanda por produtos de menor qualidade e baixo custo. O aumento das atividades comerciais a níveis local, regional e internacional trouxeram mudanças importantes nas capitais e nas cidades que exerciam funções portuárias.

Tear primitivo

Page 13: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

TRANSFORMAÇÕES NAS CIDADES

A partir da decadência do Império as cidades sofreram grandes variações populacionais acompanhadas por alterações no tamanho da área urbanizada que, primeiramente, tiveram o perímetro diminuído, para depois voltar a crescer de forma ininterrupta até a idade moderna, adaptando-se às novas funções urbanas que passariam a desempenhar.

As mudanças ocorreram em etapas, a primeira foi o êxodo da população, que durou do século III ao XI. Nesse período as cidades não só perderam população, como diminuíram de tamanho, devido a falta de segurança trazida pela inexistência de muralhas, descartadas durante os dois séculos em que vigorou a “paz romana”.

Page 14: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

TRANSFORMAÇÕES NAS CIDADES

Em Nimes e Arles, na Provença, as arenas dos antigos anfiteatros romanos foram ocupadas por edificações, transformando-os em pequenas cidades cujas muralhas eram as paredes dos anfiteatros.

Ocupação da antiga arena romana pela cidade de Arles

Page 15: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

TRANSFORMAÇÕES NAS CIDADES

A partir do século VIII até o XI, a falta de segurança aumenta com a presença dos vikings, excelentes marinheiros, que utilizavam os rios como vias de penetração, para atacar as cidades, espalhando o terror por toda a Europa. Nem as pequenas cidades e aldeias estavam mais a salvo, fazendo com que o processo de ruralização perdesse força e a população espalhada pelo campo, num movimento inverso, iniciasse o retorno para cidades com maior poder defensivo.

Essas foram as condições que marcaram o início do segundo período de construção da cidade medieval, entre os séculos XI e XIII, com o ressurgimento e ampliação das atividades artesanais, comerciais e agrícolas.

Barco Vicking

Page 16: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

TRANSFORMAÇÕES NAS CIDADES

Todos esses fatores influíram no aumento das populações urbanas de cidades como Paris, Veneza, e Milão que, entre outras, ultrapassaram os 100.000 habitantes no fim do século XII, sendo que Paris iria atingir 240.000 habitantes um século mais tarde.

O crescimento generalizado foi acompanhado pelo surgimento de um grande número de cidades, como na Alemanha que, em 300 anos, surgiram cerca de 2.500 cidades e, como ensina Lewis Munford: “Em poucos séculos , as cidades da Europa recapturaram grande parte do terreno que a desintegração do Império Romano havia perdido”.

Paris Milão

Page 17: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A ESTRUTURA URBANA MEDIEVALAs mudanças sofridas pelas cidades em sua busca por maior segurança não se limitaram às muralhas nem à diminuição de tamanho. Dentro da área urbana ocorreram mudanças importantes, como em Roma, onde o mercado, localizado no Fórum foi transferido, entre os séculos VIII e XII, para a colina Capitolina, posição muito mais defensável em caso de ataques

Uma das características das cidades medievais era a alta taxa de ocupação do solo, devido a necessidade de conter toda a população dentro das muralhas que contribuíam para conter o crescimento horizontal, estimulando a verticalização das edificações.

Carcassone, França Construção da cidade

Page 18: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A ESTRUTURA URBANA MEDIEVAL

Outra característica da cidade medieval era a acomodação à topografia, respeitando a morfologia do sítio, gerando um traçado tortuosos, repleto de becos e vielas.

As ruas estreitas, algumas vezes dando passagem a uma só pessoa, serviam tanto para desorientar o inimigo, como para atraí-lo à emboscadas.

Lisboa, Portugal Siena, Itália

Page 19: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A ESTRUTURA URBANA MEDIEVAL

Assim como nas cidades gregas a cidade medieval preservou a escala humana e um equilíbrio estratégico com o campo, cuja produção era comercializada na praça do mercado. O comércio e as oficinas, localizavam-se perto dos portões da cidade.

O mosteiro, a igreja, a praça do mercado, o castelo fortificado, as oficinas dos artesãos e as muralhas, com seus diversos portões eram alguns dos equipamentos típicos da cidade medieval.

Castelo de BodiamCatedral de ColôniaMosteiro medieval

Page 20: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A ESTRUTURA URBANA MEDIEVAL

O ritmo de crescimento da cidade medieval, erguida à sombra do castelo feudal era lento e se porventura a área urbanizada ultrapassasse às muralhas, ocupando inclusive o “Pomeriun”, eram construídas novas muralhas e assim, sucessivamente.

Page 21: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A ESTRUTURA URBANA MEDIEVAL

O traçado em grade ou ortogonal era encontrado nas cidades que exerciam funções portuárias ou de entreposto, para facilitar a circulação de mercadorias e oferecer maior segurança aos mercadores e visitantes. Também era encontrado nas cidades-bastiões, erguidas em locais estratégicos para a proteção de outras cidades. Formadas por quarteirões regulares, reproduziam a organização espacial dos acampamentos militares.

Napoles, Itália

Page 22: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A MAIOR CONQUISTA DA CIDADE MEDIEVAL As cidades medievais foram palcos de importantes modificações na relação servo / senhor, pois foi nelas que os burgueses conseguiram diminuir os privilégios do senhor feudal, inclusive libertar-se da própria condição de servidão e de todos aqueles que, durante um ano, trabalhassem numa Cidade Livre.

Em várias cidades os burgueses, negociando com o senhor feudal, conquistaram inúmeras vantagens políticas, econômicas e sociais. Essas cidades tiveram um duplo papel na história, pois surgindo a sombra da cidadela, tornaram-se com o tempo responsáveis pela proteção do senhor feudal e pelo enfraquecimento do feudalismo, contribuindo para a formação dos primeiros estados nacionais.

Rebelião dos servos

Page 23: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A CIDADE CELESTIAL

Na “Cidade Celestial”, assim chamada por Munford, o mosteiro tornou-se uma nova cidadela e nele “as finalidades ideais da cidade medieval foram postas em ordem” e foi a instituição que estabeleceu a ponte principal entre o mundo clássico e o medieval, ao preservar os livros da literatura clássica, escritos em papiros, copiando-os pacientemente em pergaminhos, muito mais resistentes.

Mosteiro em Mont Saint Michel, Normandia, França

Page 24: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A CONTRIBUIÇÃO DO PERÍODO MEDIEVAL À ARQUITETURA

A partir do século IV, sob a influência de Roma, as inúmeras religiões européias dão lugar ao cristianismo e a arte clássica é tida como pagã, levando a destruição ou a ocupação, com novas funções, templos e prédios públicos romanos e gregos.

Lentamente, na Europa, o estilo românico começou a surgir impregnado de sentimento religioso e obediente aos dogmas da Igreja, no oriente. O oriente, entretanto, onde o cristianismo tinha como capital espiritual Bizâncio, criou-se uma estética própria, que ficou conhecida como Estilo Bizantino.

Catedral de São Marcos, Veneza

Page 25: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A ARQUITETURA ROMÂNICA (1000 – 1100)

O estilo românico, criado na Alta Idade Média, dominou a arte cristã do Ocidente europeu, rompendo a influência Greco – Romana, tornando-se “a expressão artística dos tempos dos cruzados, das lutas dos mouros contra os cristãos, da proliferação das Ordens Religiosas, das constantes lutas entre o imperador e o papa, e entre os reis e os barões feudais.’’

Teto abobadado Igreja em Tolouse, França

Page 26: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A ARQUITETURA ROMÂNICA (1000 – 1100)

“Expressão de um tempo belicoso e inseguro, pobre em atividades comerciais e mercantis, os edifícios da época do românico, além de toscos, assemelham-se à fortalezas. Era uma estética da pedra bruta, de paredes expostas quase sem reboco, com um diminuto número de janelas e interiores geralmente sombrios”. (http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2005/07/14/001.htm 07/10/2010)

O estilo românico adotou vários elementos dos estilos que o antecederam, principalmente na arquitetura religiosa. A planta baixa das igrejas românicas segue o risco da basílica cristã primitiva, entretanto, para evitar os incêndios os telhados de madeira, foram substituídos pelas abóbodas de origem bizantina que exigiam paredes espessas para sustentá-la.

Page 27: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A ARQUITETURA ROMÂNICA (1000 – 1100)

Os materiais mais empregados eram a pedra e o tijolo e dentre as principais características plásticas do românico podemos citar: sobriedade, resistência, repetição de elementos construtivos, poucas janelas fazendo com que os interiores fossem escuros, grande espessura das paredes, consolidadas por contrafortes ou gigantes.

St Trophine, Arles, França Interior de igreja românica

Page 28: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A ARQUITETURA GÓTICA

O estilo gótico estendeu-se por 400 anos (1.100 até 1.500) e celebrizou-se, juntamente com o estilo Românico por terem sido adotados nas magníficas catedrais européias, que se multiplicaram por toda a Europa Ocidental devido ao poder da Igreja Católica e da religião cristã.

Notre Dame, Paris, França

Page 29: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

A ARQUITETURA GÓTICA

Suas características gerais foram a verticalidade, a invenção do arco quebrado ou ogival e da abóbada de arcos cruzados. Notabilizou-se ainda por empregar os vitrais das igrejas góticas

Notre Dame, Paris, França Catedral de Burgos, Espanha

Page 30: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

VENEZA

Enquanto o desenvolvimento de Viena, Gênova, Paris e Florença deu origem à cidades medievais típicas, Veneza constituiu uma notável exceção, que não se restringia aos canais no lugar das ruas, mas também porque sua atividade comercial não foi interrompida em nenhum momento, mesmo durante a dominação do Mediterrâneo pelos árabes.

A cidade preserva as características medievais, sendo que as águas do Adriático, de pouca profundidade, funcionam como muralhas, dificultando qualquer tipo de invasão.

Mapa de Veneza Canal de Veneza

Page 31: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

VENEZA A cidade possuía seis unidades de vizinhança, as paróquias, onde residiam os magistrados. Com essa divisão evitava-se a concentração da classe dominante no centro da cidade, ainda que esse continuasse a ser o palco dos festejos e feiras que mobilizavam toda a cidade. Foi uma das primeiras cidades a adotar um zoneamento funcional: o cemitério ficava na Ilha de Tercello; as industrias e a produção de pólvora na ilha do Arsenal; a produção de vidro na ilha de Murano e já no século XIX, as atividades recreativas na ilha do Lido.

Zoneamento funcional de Veneza Carnaval em Veneza

Page 32: LIÇÕES DE URBANISMO Aula 5 por LUIZ CARLOS TOLEDO UERJ – DISCIPLINA DE URBANISMO

LIÇÕES DE URBANISMOpor LUIZ CARLOS TOLEDO CIDADE MEDIEVAL

LIÇÃO 5

VENEZA

Os canais de Veneza constituem um sistema de vias hierarquizadas exemplar. O seu estudo contribuiu para queColin Buchanan (1907-2001) desenvolvesse suas idéias apresentadas no livro Traffic in Towns, de1963.

Grande canal de Veneza Ponte Rialto, Veneza