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LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
1
ISSN 2359-5426
SAETHE2015
REVISTA PEDAGÓGICALÍNGUA PORTUGUESA
7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL DE TERESINA
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA
2
PREFEITO DE TERESINAFirmino da Silveira Soares Filho
VICE-PREFEITO DE TERESINARonney Wellington Marques Lustosa
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃOKleber Montezuma Fagundes dos Santos
SECRETÁRIA EXECUTIVA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃOIrene Nunes Lustosa
DIVISÃO DE AVALIAÇÃO
Giovanna Saraiva Bezerra BarbosaMaria Salete Linhares BoakariEstegite Carvalho Leite MouraDaniela Bandeira de CarvalhoFrancisca Eudeilane da Silva Pereira
Prezados Educadores,
A Prefeitura de Teresina, através da Secretaria municipal de Educação (SEmEC),
trabalha para assegurar a aprendizagem de todos os alunos da Rede Pública municipal
de Ensino.
o Sistema de Avaliação Educacional de Teresina (SAETHE) fornece às escolas da-
dos e informações valiosas que permitem identifi car o desempenho acadêmico e os
níveis de profi ciência dos alunos, bem como redirecionar o planejamento e a prática
pedagógica da escola, quando necessário.
Em 2015, o SAETHE avaliou, nas escolas da Prefeitura, todas as turmas de 2º e 3º
e 7º anos do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa e matemática. Também foram
avaliados todos os alunos do 2º período da Educação Infantil, em leitura e escrita.
A tarefa agora é fazer uso das informações obtidas por meio do SAETHE, possibili-
tando assim, a busca permanente da qualidade do ensino e a garantia da aprendizagem
dos nossos alunos.
Desejamos a todos que façam bom uso dos dados e informações contidas neste
material.
Kleber Montezuma Fagundes dos Santos
Secretário municipal de Educação de Teresina
Apresentação
Como a escola pode se
apropriar dos resultados da
avaliação? 48
Como são apresentados
os resultados do SAETHE?
46
Como é a avaliação no
SAETHE? 16
O que é avaliado no SAETHE?
13
Por que avaliar a educação em
Teresina? 10
Que estratégias pedagógicas podem ser
utilizadas para desenvolver
determinadas habilidades?
53
Sumário
01
02
04
05
06
03
Prezado(a) educador(a),
POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO EM TERESINA?
O QUE É AVALIADO NO SAETHE?
COMO É A AVALIAÇÃO NO SAETHE?
COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DO SAETHE?
Apresentamos a Revista Pedagógica da coleção de divulga-
ção dos resultados do SAETHE 2015.
As perguntas a seguir serão nosso roteiro para compreender
os resultados da avaliação.
1
2
3
4
POR QUE AVALIAR A
EDUCAÇÃO EM TERESINA?
Nos últimos anos, seja no âmbito dos sistemas ou das escolas, muito se tem falado
sobre a importância da avaliação externa. Mas, apesar de possuir sua legitimidade
ancorada nos princípios jurídicos e pedagógicos disseminados pelos documentos
normativos e orientadores da educação nacional, essa temática ainda tem provo-
cado alguma incompreensão entre os principais atores inseridos no meio escolar.
É muito comum, no cotidiano da
escola, depararmo-nos com as seguin-
tes questões: como, de fato, a ava-
liação externa em larga escala pode
contribuir para melhorar e aperfeiçoar
os processos educativos e os sistemas
de ensino? A avaliação externa pode
mesmo fornecer elementos que sinali-
zem caminhos para modifi car o cenário
educacional? A avaliação externa está
a serviço de que e de quem? Ela pode,
mesmo, se confi gurar como um ele-
mento que está serviço do estudante e
do professor?
Esses são alguns dos questiona-
mentos que ainda permeiam os de-
bates nas reuniões pedagógicas das
escolas, as conversas informais que
ocorrem entre os professores na sala
do café, ou até mesmo estão presen-
tes nas refl exões, muitas vezes solitá-
rias, que fazemos sobre nossa prática
pedagógica.
Sem dúvida, a avaliação externa
está a serviço da educação e fornece
informações preciosas sobre o proces-
so de ensino-aprendizagem. Nessa
perspectiva, as informações coletadas
e analisadas, através dos processos
avaliativos (sejam externos ou internos),
constituem um retrato do que ensina-
mos, como ensinamos e, principalmen-
te, como os nossos estudantes estão
aprendendo.
Nesse sentido, fi ca difícil não reco-
nhecer a funcionalidade da avaliação
e a sua inerência ao ato educativo. Em
outras palavras, ao concebermos o pro-
cesso avaliativo como parte do proces-
so educacional, se torna inviável com-
preender a avaliação externa como um
fato isolado daqueles que ocorrem no
âmbito escolar. Assim como a avaliação
interna, a avaliação externa está dire-
tamente relacionada ao currículo e aos
fi ns pedagógicos da escola, e guarda,
na sua natureza, a função de auxiliar a
ação educativa, fornecendo informa-
ções sobre o ensino desenvolvido na
sala de aula, na escola e no sistema
educacional.
Diante do exposto, é possível in-
ferir que a avaliação externa não é um
fi m em si mesmo, mas um meio, que
tem como referência uma matriz com-
posta por competências e habilidades
básicas que fazem parte do currículo,
constituindo, dessa forma, uma impor-
tante ferramenta de planejamento,
monitoramento e replanejamento das
ações educacionais em âmbitos micro
(escola) ou macro (sistemas de ensino).
mas a questão é: como nós, educado-
res, podemos utilizá-la como tal?
muitas vezes, alguns educadores
olham para um cartaz no corredor da
escola, ou mesmo uma revista do pro-
grama de avaliação exposta em uma
mesa na sala de professores, analisam
a distribuição dos estudantes por Pa-
drão de Desempenho e se perguntam:
como esses resultados contribuem
para modifi car a realidade da escola?
os resultados, por si só, não alte-
ram a realidade educacional, mas cum-
prem uma função fundamental: eles
apresentam um diagnóstico amplo so-
bre quais competências foram desen-
volvidas pelos estudantes e quais são
as que ainda precisam ser desenvolvi-
das. Essas informações são essenciais
para auxiliar quem, de fato, pode alterar
a realidade da educação, por meio do
planejamento e da execução de ações
pedagógicas.
Com base nessas demandas, esta
revista foi elaborada com o propósito
de apresentar os resultados da escola
e do sistema de ensino em que está
inserida, bem como oferecer elemen-
tos que auxiliem na apropriação dos
resultados e na utilização destes para
a elaboração de ações interventivas,
com vistas à melhoria do desempenho
educacional.
““““Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a Sem dúvida, a avaliação externa está a serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações serviço da educação e fornece informações
preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-preciosas sobre o processo de ensino-aprendizagem. aprendizagem. aprendizagem. aprendizagem. aprendizagem. aprendizagem. aprendizagem. aprendizagem.
LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
11
Seção 01
Comecemos, então, pela revisão de alguns conceitos básicos sobre avaliação.
Nosso ponto de partida é a diferenciação entre avaliação externa e interna.
O QUE É AVALIADO NO
SAETHE?
O primeiro passo para avaliar uma rede de ensino é estabelecer precisamente o
que será avaliado.
Essa é uma condição essencial para que o processo avaliativo atinja seu objetivo
– oferecer dados confiáveis sobre o desempenho dos estudantes da rede.
Existem, principalmente, duas formas de produzir a medida de desempenho dos estudantes submetidos a esse
tipo de avaliação: (a) a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e (b) a Teoria de Resposta ao Item (TRI).
os resultados analisados a partir da Teoria Clássica dos Testes (TCT) são calculados de uma forma muito próxima
das notas dadas pelas avaliações realizadas pelo professor. Consistem, basicamente, no percentual de acertos em
relação ao total de itens do teste, apresentando, também, o percentual de acerto para cada descritor avaliado.
A Teoria de Resposta ao Item (TRI), por sua vez, permite a produção de uma medida mais robusta do desempe-
nho dos estudantes, porque leva em consideração um conjunto de modelos estatísticos capazes de determinar um
valor/peso diferenciado para cada item que o estudante respondeu no teste de profi ciência.
A compreensão e análise dos resultados do desempenho dos estudantes podem se constituir em um primeiro passo
para que a equipe pedagógica caminhe em busca do alcance das metas educacionais.
Nas seções a seguir apresentaremos as ferramentas necessárias para a interpretação dos resultados da avaliação
externa em larga escala.
Avaliação interna Avaliação interna
é aquela que ocorre no âmbito da escola. Nor-é aquela que ocorre no âmbito da escola. Nor-é aquela que ocorre no âmbito da escola. Nor-é aquela que ocorre no âmbito da escola. Nor-é aquela que ocorre no âmbito da escola. Nor-
malmente, o agente que elabora, aplica, analisa, malmente, o agente que elabora, aplica, analisa, malmente, o agente que elabora, aplica, analisa, malmente, o agente que elabora, aplica, analisa, malmente, o agente que elabora, aplica, analisa, malmente, o agente que elabora, aplica, analisa, malmente, o agente que elabora, aplica, analisa, malmente, o agente que elabora, aplica, analisa, malmente, o agente que elabora, aplica, analisa,
corrige e comanda todo o processo avaliativo per-corrige e comanda todo o processo avaliativo per-corrige e comanda todo o processo avaliativo per-corrige e comanda todo o processo avaliativo per-corrige e comanda todo o processo avaliativo per-corrige e comanda todo o processo avaliativo per-
tence à mesma realidade na qual o processo de tence à mesma realidade na qual o processo de tence à mesma realidade na qual o processo de tence à mesma realidade na qual o processo de tence à mesma realidade na qual o processo de tence à mesma realidade na qual o processo de
ensino e aprendizagem ocorre. ensino e aprendizagem ocorre. ensino e aprendizagem ocorre. ensino e aprendizagem ocorre.
Já a avaliação externa Já a avaliação externa Já a avaliação externa
consiste em um modelo avaliativo pautado na consiste em um modelo avaliativo pautado na consiste em um modelo avaliativo pautado na consiste em um modelo avaliativo pautado na consiste em um modelo avaliativo pautado na consiste em um modelo avaliativo pautado na consiste em um modelo avaliativo pautado na
aplicação de testes e questionários padronizados, aplicação de testes e questionários padronizados, aplicação de testes e questionários padronizados, aplicação de testes e questionários padronizados, aplicação de testes e questionários padronizados, aplicação de testes e questionários padronizados, aplicação de testes e questionários padronizados, aplicação de testes e questionários padronizados,
para um maior número de pessoas, com tecnolo-para um maior número de pessoas, com tecnolo-para um maior número de pessoas, com tecnolo-para um maior número de pessoas, com tecnolo-para um maior número de pessoas, com tecnolo-para um maior número de pessoas, com tecnolo-para um maior número de pessoas, com tecnolo-
gias e metodologias bem defi nidas e específi cas gias e metodologias bem defi nidas e específi cas gias e metodologias bem defi nidas e específi cas gias e metodologias bem defi nidas e específi cas gias e metodologias bem defi nidas e específi cas gias e metodologias bem defi nidas e específi cas gias e metodologias bem defi nidas e específi cas
para cada situação. Permite, sobretudo, retratar para cada situação. Permite, sobretudo, retratar para cada situação. Permite, sobretudo, retratar para cada situação. Permite, sobretudo, retratar para cada situação. Permite, sobretudo, retratar para cada situação. Permite, sobretudo, retratar
como uma população está no que se refere à qua-como uma população está no que se refere à qua-como uma população está no que se refere à qua-como uma população está no que se refere à qua-como uma população está no que se refere à qua-
lidade do ensino e à efetividade de seu modelo lidade do ensino e à efetividade de seu modelo lidade do ensino e à efetividade de seu modelo lidade do ensino e à efetividade de seu modelo lidade do ensino e à efetividade de seu modelo
educacional.educacional.educacional.
EXTERNAINTERNA
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA
12
Seção 02
MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA - SAETHE7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
II. ESTRATÉGIAS DE LEITURA
D05 Interpretar texto que conjuga linguagem verbal e não verbal.
D06 Localizar informação explícita em texto verbal.
D07 Reconhecer o assunto de um texto.
D08 Inferir o sentido de palavra ou expressão.
D09 Inferir informação em texto verbal.
D10 Reconhecer o efeito de sentido decorrente de pontuação e outras notações.
D11 Identificar o gênero de um texto.
D12 Identificar a finalidade de textos de gêneros diversos.
D14 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de recursos ortográficos e morfossintáticos.
D15 Reconhecer o efeito de sentido decorrente de recursos estilísticos em textos literários.
D16 Identificar efeitos de humor e ironia em textos diversos.
III – RELAÇÃO ENTRE TEXTOS
D17 Reconhecer formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema.
IV – PROCESSAMENTO DO TEXTO
D19 Estabelecer relações lógico-discursivas entre partes de um texto, marcadas por advérbios, locuções adverbiais, conjunções, etc.
D20 Estabelecer relação de causa/consequência entre partes e elementos do texto.
D21 Identificar repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.
D22 Diferenciar, em um texto, as partes principais das secundárias.
D23 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que compõem a narrativa.
D24 Diferenciar fato de opinião relativa a um fato.
V – VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
D28 Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.
Matriz de Referência
O QUE É UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA?
As matrizes de Referência indicam as habilidades que se
pretende avaliar nos testes do SAETHE. É sempre importante
lembrar que as matrizes de Referência constituem uma par-
te do Currículo, ou matriz Curricular: as avaliações em larga
escala não tencionam avaliar o desempenho dos estudantes
em todos os conteúdos existentes no Currículo, mas, sim, na-
quelas habilidades consideradas essenciais para que os es-
tudantes progridam em sua trajetória escolar.
No que se refere ao SAETHE, o que se pretende avaliar
está descrito nas matrizes de Referência desse programa.
Como o próprio nome diz, as matrizes de Referência apresen-
tam os conhecimentos e as habilidades para cada etapa de
escolaridade avaliada. ou seja, elas especifi cam o que será
avaliado, tendo em vista as operações mentais desenvolvidas
pelos estudantes em relação aos conteúdos escolares, passí-
veis de serem aferidos pelos testes de profi ciência.
QUAIS SÃO OS ELEMENTOS DE UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA?
O TÓPICO agrupa um conjunto de habilidades, indica-
das pelos descritores, que possuem afinidade entre si.
Os DESCRITORES descrevem as habilidades que se-
rão avaliadas por meio dos itens que compõem os tes-
tes de uma avaliação em larga escala.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
14 15
Leia o texto abaixo.
5
10
15
Curaçao, um simpático e colorido paraíso
Há uma lenda que explica a razão de Curaçao ser uma ilha tão colorida. Consta que um governador, há muitos anos, sentia dores de cabeça terríveis por todas as construções serem pintadas de branco e refletirem muito a luz do sol. Ele teria então sugerido algo a seus conterrâneos: colocar outras cores nas fachadas de suas residências e comércios; ele mesmo passaria a usar o amarelo em todas as construções que tivessem a ver com o governo. E assim nasceu o colorido dessa simpática e pequena ilha do Caribe.
E quem se importa se a história é mesmo real? Todo o colorido de Punda e Otrobanda combina perfeitamente com os muitos tons de azul que você vai aprender a reconhecer no mar que banha Curaçao, nos de branco, presentes na areia de cada uma das praias de cartão-postal, ou nos verdes do corpo das iguanas, o animal símbolo da ilha.
Acostume-se, aliás, a encontrar bichinhos pela ilha. Sejam grandes como os golfinhos e focas do Seaquarium, os lagartos que vivem livres perto das cavernas Hato, ou os muitos peixes que vão cercar você assim que entrar nas águas da lindíssima praia de Porto Mari. Tudo em Curaçao parece querer dar um “oi” para o visitante assim que o avista.
A ilha, porém, tem mais do que belezas naturais. Descoberta apenas um ano antes do Brasil, Curaçao também teve um histórico [...] que rendeu ao destino uma série de atrações [...], como o museu Kura Hulanda, ou as Cavernas Hato. [...]
Disponível em: <http://zip.net/bhq1CS>. Acesso em: 11 out. 2013. Fragmento. (P070104F5_SUP)
(P070105F5) De acordo com esse texto, qual é o animal símbolo da ilha?A) A foca.B) A iguana.C) O golfinho.D) O lagarto.
COMO É A AVALIAÇÃO NO
SAETHE?
O segundo passo consiste em definir como serão elaborados os testes do
SAETHE, após a definição das habilidades a serem avaliadas, e como serão
processados seus resultados.
Item
O que é um item?
o item é uma questão utilizada nos
testes das avaliações em larga escala
Como é elaborado um item?
o item se caracteriza por avaliar uma
única habilidade, indicada por um descri-
tor da matriz de Referência do teste. o item,
portanto, é unidimensional.
UM ITEM É COMPOSTO PELAS SEGUINTES PARTES:
1. Enunciado – estímulo para que o estudante mobilize recur-
sos cognitivos, visando solucionar o problema apresentado.
2. Suporte – texto, imagem e/ou outros recursos que ser-
vem de base para a resolução do item. os itens de mate-
mática e de Alfabetização podem não apresentar suporte.
3. Comando – texto necessariamente relacionado à ha-
bilidade que se deseja avaliar, delimitando com clareza a
tarefa a ser realizada.
4. Distratores – alternativas incorretas, mas plausíveis – os
distratores devem referir-se a raciocínios possíveis.
5. Gabarito – alternativa correta.
1ª ETAPA – ELABORAÇÃO DOS ITENS QUE COMPORÃO OS TESTES.
LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
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Seção 03
2ª ETAPA – ORGANIZAÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE.
Itens são organizados em blocos
que são distribuídos em cadernos
Língua Portuguesa
91 itens divididos em: 7 blocos de Língua Portuguesa com 13 itens cada
3 blocos (39 itens) de Língua Portuguesa
formam um caderno de teste.
Ao todo, são 7 modelos diferentes de cadernos.
VERIFIQUE A COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE DO7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL:
7x
CADERNO DE TESTE
CADERNO DE TESTE
CADERNO DE TESTE
91 x
Cadernos de TesteComo é organizado um caderno de teste?
A defi nição sobre o número de itens é crucial para a composição dos
cadernos de teste. Por um lado, o teste deve conter muitos itens, pois um
dos objetivos da avaliação em larga escala é medir de forma abrangente as
habilidades essenciais à etapa de escolaridade que será avaliada, de forma a
garantir a cobertura de toda a matriz de Referência adotada. Por outro lado, o
teste não pode ser longo, pois isso inviabiliza sua resolução pelo estudante.
Para solucionar essa difi culdade, é utilizado um tipo de planejamento de tes-
tes denominado Blocos Incompletos Balanceados – BIB.
O que é um BIB – Bloco Incompleto Balanceado?
No BIB, os itens são organizados em blocos. Alguns desses blocos for-
mam um caderno de teste. Com o uso do BIB, é possível elaborar muitos
cadernos de teste diferentes para serem aplicados a estudantes de uma
mesma série. Podemos destacar duas vantagens na utilização desse modelo
de montagem de teste: a disponibilização de um maior número de itens em
circulação no teste, avaliando, assim, uma maior variedade de habilidades; e
o equilíbrio em relação à difi culdade dos cadernos de teste, uma vez que os
blocos são inseridos em diferentes posições nos cadernos, evitando, dessa
forma, que um caderno seja mais difícil que outro.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
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3ª ETAPA – PROCESSAMENTO DOS RESULTADOS.
Existem, principalmente, duas formas de produzir a medida de
desempenho dos estudantes submetidos a uma avaliação exter-
na em larga escala: (a) a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e (b) a
Teoria de Resposta ao Item (TRI).
Os resultados analisados a partir da Teoria Clássica dos Testes
(TCT) são calculados de uma forma muito próxima às avaliações
realizadas pelo professor em sala de aula. Consistem, basica-
mente, no percentual de acertos em relação ao total de itens do
teste, apresentando, também, o percentual de acerto para cada
descritor avaliado.
Teoria de Resposta ao Item (TRI) e Teoria Clássica dos Testes (TCT)
A proficiência é estimada considerando o padrão de respostas dos estudan-
tes, de acordo com o grau de dificuldade e com os demais parâmetros dos
itens.
Parâmetro A
Discriminação
Capacidade de um item de discri-
minar os estudantes que desen-
volveram as habilidades avaliadas
e aqueles que não as desenvol-
veram.
Parâmetro B
Difi culdade
Mensura o grau de dificuldade dos
itens: fáceis, médios ou difíceis.
Os itens são distribuídos de forma
equânime entre os diferentes ca-
dernos de testes, o que possibilita a
criação de diversos cadernos com
o mesmo grau de dificuldade.
Parâmetro C
Acerto ao acaso
Análise das respostas do estudante
para verificar o acerto ao acaso nas
respostas.
Ex.: O estudante errou muitos itens
de baixo grau de dificuldade e acer-
tou outros de grau elevado (situa-
ção estatisticamente improvável).
O modelo deduz que ele respon-
deu aleatoriamente às questões e
reestima a proficiência para um ní-
vel mais baixo.
Teoria de Resposta ao Item (TRI)
A Teoria de Resposta ao Item (TRI), por sua vez, permite a produção
de uma medida mais robusta do desempenho dos estudantes, porque
leva em consideração um conjunto de modelos estatísticos capazes de
determinar um valor/peso diferenciado para cada item que o estudante
respondeu no teste de proficiência e, com isso, estimar o que o estudan-
te é capaz de fazer, tendo em vista os itens respondidos corretamente.
Que parâmetros são esses?
Comparar resultados de di-
ferentes avaliações, como o
Saeb.
Avaliar com alto grau de
precisão a proficiência de
estudantes em amplas
áreas de conhecimento
sem submetê-los a longos
testes.
Ao desempenho do estudante nos testes
padronizados é atribuída uma proficiên-
cia, não uma nota.
Não podemos medir diretamente o conhecimento ou
a aptidão de um estudante. Os modelos matemáticos
usados pela TRI permitem estimar esses traços não
observáveis.
A proficiência relaciona o conhecimento do es-
tudante com a probabilidade de acerto nos itens
dos testes.
Cada item possui um grau de difi-
culdade próprio e parâmetros di-
ferenciados, atribuídos através do
processo de calibração dos itens.
A TRI nos permite:
Comparar os resultados en-
tre diferentes séries, como
o início e fim do Ensino Mé-
dio.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
20 21
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS DESCRITORES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Identifica letras
*
Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação D6 Identifica tema D7 Realiza inferência D5, D8, D9, D10, D14, D15 E D16 Identifica gênero, função e destinatário de um texto D11 e D12 Estabelece relações lógico-discursivas D19, D20, D21 e D22 Identifica elementos de um texto narrativo D23 Estabelece relações entre textos D17 Distingue posicionamentos D24 Identifica marcas linguísticas D28 PADRÕES DE DESEMPENHO - 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
PROCESSAMENTO DO TEXTO
Escala de Proficiência - Língua PortuguesaO QUE É UMA ESCALA DE PROFICIÊNCIA?
A Escala de Profi ciência tem o objetivo de traduzir me-
didas de profi ciência em diagnósticos qualitativos do de-
sempenho escolar. Ela orienta, por exemplo, o trabalho do
professor com relação às competências que seus estudan-
tes desenvolveram, apresentando os resultados em uma es-
pécie de régua em que os valores de profi ciência obtidos
são ordenados e categorizados em intervalos, que indicam
o grau de desenvolvimento das habilidades para os estu-
dantes que alcançaram determinado nível de desempenho.
os resultados dos estudantes nas avaliações em larga
escala da Educação Básica realizadas no Brasil usualmente
são inseridos em uma mesma Escala de Profi ciência, esta-
belecida pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica (Saeb). Como permitem ordenar os resultados de
desempenho, as Escalas são ferramentas muito importantes
para a interpretação desses resultados.
os professores e toda a equipe pedagógica da escola
podem verifi car as habilidades já desenvolvidas pelos estu-
dantes, bem como aquelas que ainda precisam ser traba-
lhadas, em cada etapa de escolaridade avaliada, por meio
da interpretação dos intervalos da Escala. Desse modo, os
educadores podem focalizar as difi culdades dos estudan-
tes, planejando e executando novas estratégias para apri-
morar o processo de ensino e aprendizagem.
A gradação das cores indica a complexidade da tarefa.
Abaixo do Básico
Básico
Adequado
Avançado
* As habilidades relativas a essas competências não são avaliadas nessa etapa de escolaridade.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
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DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS DESCRITORES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Localiza informação D6 Identifica tema D7 Realiza inferência D5, D8, D9, D10, D14, D15 E D16 Identifica gênero, função e destinatário de um texto D11 e D12 PADRÕES DE DESEMPENHO - 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Na primeira coluna da Escala, são apresentados
os grandes Domínios do conhecimento em Língua
Portuguesa, para toda a Educação Básica. Esses Do-
mínios são agrupamentos de competências que, por
sua vez, agregam as habilidades presentes na matriz
de Referência. Nas colunas seguintes são apresenta-
das, respectivamente, as competências presentes na
Escala de Profi ciência e os descritores da matriz de
Referência a elas relacionados.
Perceber, a partir de um determinado Domínio, o grau de complexidade das
competências a ele associadas, através da gradação de cores ao longo da Esca-
la. Desse modo, é possível analisar como os estudantes desenvolvem as habilida-
des relacionadas a cada competência e realizar uma interpretação que oriente o
planejamento do professor, bem como as práticas pedagógicas em sala de aula.
Ler a Escala por meio dos Padrões
e Níveis de Desempenho, que apresen-
tam um panorama do desenvolvimento
dos estudantes em determinados inter-
valos. Assim, é possível relacionar as
habilidades desenvolvidas com o per-
centual de estudantes situado em cada
Padrão.
Interpretar a Escala de Profi ciência a
partir do desempenho de cada instância
avaliada: município, Zona e escola. Des-
se modo, é possível relacionar o interva-
lo em que a escola se encontra ao das
demais instâncias.
Primeira Segunda Terceira
Na primeira linha da Escala de Profi ciência, podem ser observados, numa
escala numérica de 0 a 500, intervalos divididos em faixas de 25 pontos. Cada
intervalo corresponde a um nível e um conjunto de níveis forma um Padrão de
Desempenho. Esses Padrões são defi nidos pela Secretaria municipal de Educa-
ção (SEmEC) e representados em cores diversas. Eles trazem, de forma sucinta,
um quadro geral das tarefas que os estudantes são capazes de fazer, a partir do
conjunto de habilidades que desenvolveram.
COMO É A ESTRUTURA DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA?
As competências estão dispostas nas várias linhas
da Escala. Para cada competência, há diferentes graus
de complexidade, representados por uma gradação de
cores, que vai do amarelo-claro ao vermelho. Assim, a
cor mais clara indica o primeiro nível de complexidade da
competência, passando pelas cores/níveis intermediá-
rios e chegando ao nível mais complexo, representado
pela cor mais escura.
As informações presentes na Escala de Proficiência podem ser interpretadas de três formas:
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
24 25
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 0 25 50 75 100 125 150 175
Identifica letras Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas
APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
PROCESSAMENTO DO TEXTO
Padrões de Desempenho EstudantilO QUE SÃO PADRÕES DE DESEMPENHO?
os Padrões de Desempenho constituem uma caracterização das competências
e habilidades desenvolvidas pelos estudantes de determinada etapa de escolarida-
de, em uma disciplina / área de conhecimento específi ca.
Essa caracterização corresponde a intervalos numéricos estabelecidos na Es-
cala de Profi ciência (vide p. 22). Esses intervalos são denominados Níveis de De-
sempenho, e um agrupamento de níveis consiste em um Padrão de Desempenho.
Apresentaremos, a seguir, as descrições das habilidades relativas aos Níveis de
Desempenho do 7º ano do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa, de acordo
com a descrição pedagógica apresentada pelo Inep, nas Devolutivas Pedagógicas da
Prova Brasil, e pelo CAEd, na análise dos resultados do SAETHE 2015.
Esses Níveis estão agrupados por Padrão de Desempenho e vêm acompanha-
dos por exemplos de itens. Assim, é possível observar em que Padrão a escola, a
turma e o estudante estão situados e, de posse dessa informação, verifi car quais são
as habilidades já desenvolvidas e as que ainda precisam de atenção.Até 175 pontos
ABAIXo Do BÁSICo
Padrão de Desempenho muito abaixo do mínimo esperado para
a etapa de escolaridade e área do conhecimento avaliadas. Para os
estudantes que se encontram nesse padrão de desempenho, deve ser
dada atenção especial, exigindo uma ação pedagógica intensiva por
parte da instituição escolar.
Até 175 pontosABAIXo Do BÁSICo
Padrão de Desempenho básico, caracterizado por um processo
inicial de desenvolvimento das competências e habilidades correspon-
dentes à etapa de escolaridade e área do conhecimento avaliadasDe 175 a 225 pontosBÁSICo
Padrão de Desempenho adequado para a etapa e área do co-
nhecimento avaliadas. os estudantes que se encontram nesse padrão,
demonstram ter desenvolvido as habilidades essenciais referentes à
etapa de escolaridade em que se encontramDe 225 a 275 pontosADEQuADo
Padrão de Desempenho desejável para a etapa e área de conhe-
cimento avaliadas. os estudantes que se encontram nesse padrão de-
monstram desempenho além do esperado para a etapa de escolarida-
de em que se encontram.Acima de 275 pontosAvANÇADo
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26 27
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 175 200 225
Identifica letras Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas
APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
PROCESSAMENTO DO TEXTO
Até 175 pontos
NÍVEL DE DESEMPENHO 1
Leia o texto abaixo.
5
10
O Diário de Anne FrankDomingo, 14 de junho de 1942
Vou começar a partir do momento em que ganhei você, quando o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com isso eu não contava.)
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não é de espantar; afi nal, era meu aniversário. Mas não me deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até quinze para as sete. Quando não dava mais para esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.
Pouco depois das sete horas, fui ver papai e mamãe e, depois, fui à sala abrir meus presentes, e você foi o primeiro que vi, talvez um dos meus melhores presentes. [...] De papai e mamãe ganhei uma blusa azul, um jogo, uma garrafa de suco de uva [...] e uma carta da vó, que chegou na hora certa, mas, claro, isso foi só uma coincidência. [...]
Disponível em: <http://www.starnews2001.com.br/anne-frank/diary.htm>. Acesso em: 10 jan. 2012. Fragmento. (P050309BH_SUP)
(P050309BH) De acordo com esse texto, a menina acordou cedo porqueA) a avó mandou uma carta.B) a gata se esfregou na perna dela.C) era o dia do aniversário dela.D) foi comprar presente com os pais.
De 175 a 225 pontos
BÁSICo
» Inferir a causa do comportamento de um personagem em fragmento de diário.
Esse item avalia a habilidade de estabelecer relações de causa e conse-
quência entre as partes de um texto. Nesse caso, o suporte do item apresenta um
diário, em que a autora relata sobre o dia de seu aniversário.
um ponto de difi culdade para resolução desse item pode ser o fato de a re-
lação causal destacada no comando do item ocorrer de forma implícita no texto,
ou seja, sem os marcadores linguísticos que comumente são usados para esta-
belecer essa relação, como as conjunções “porque” ou “visto que”, o que exige
do estudante refi namento de leitura.
Dessa forma, os respondentes que acertaram o item, marcando a alternativa
C, conseguiram compreender que o trecho “afi nal, era meu aniversário” oferece
a causa de a menina acordar cedo.
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28 29
De 175 a 200 pontos
NÍVEL DE DESEMPENHO 2
Leia o texto abaixo.
5
10
15
20
Máquinas voadoras
O ser humano sempre admirou a capacidade de voo dos pássaros. Ao longo da história, há vários registros de tentativas de voo, sempre frustradas, mas que deixaram clara a busca do homem pela conquista dos ares. É até engraçado imaginar como eram essas tentativas, imagine só: usar um par de asas feitas de madeira e penas, imitando as asas dos pássaros que eram colocadas nos braços e a ideia é que se movimentassem como asas. Agora pode mesmo parecer engraçado, mas eles levavam muito a sério!
O fato é que quem primeiro pensou em algum instrumento mais viável para voar, através de um estudo científi co, foi Leonardo da Vinci, que criou um protótipo de avião no século XV.
Outro fato marcante para a história da aviação foi a invenção dos planadores, por Otto Lilienthal. [...]
Entre essas máquinas voadoras maravilhosas, não podemos nos esquecer dos balões, que viraram “febre” em 1783, ano da primeira ascensão de um balão tripulado. O problema que logo fi cou evidente é que não havia como controlá-los, e nem sempre eles desciam onde as pessoas queriam.
Este problema foi solucionado somente cem anos depois, em 1898, quando o brasileiro Alberto Santos Dumont construiu o primeiro balão semirrígido, chamado de dirigível. Tinha forma de charuto e seu motor era movido à gasolina. Os dirigíveis foram usados para fi ns comerciais por algum tempo, até que um de seus modelos mais famosos, o Zeppelin, pegou fogo ao pousar em um aeródromo dos EUA.
Finalmente, o parente mais próximo do avião que conhecemos hoje foi aos ares pela primeira vez em 1906: era o 14 Bis, também criado por Santos Dumont. [...]
Disponível em: <http://www.smartkids.com.br/especiais/maquinas-voadoras.html>. Acesso em: 17 abr. 2012. Fragmento. (P060512BH_SUP)
(P050018E4) De acordo com esse texto, Leonardo Da Vinci criouA) o parente mais próximo do avião.B) o protótipo de um avião.C) os balões.D) os planadores.
» Localizar informação explícita em contos e reportagens.
» Localizar informação explícita em propagandas com ou
sem apoio de recursos gráficos e em instrução de jogo.
» Identificar o assunto principal em reportagens e a perso-
nagem principal em fábulas.
» Inferir características de personagem em fábulas.
» Realizar inferência em textos não verbais e que conjugam
linguagem verbal e não verbal, como tirinhas.
» Reconhecer a finalidade de receitas, manuais e regulamentos.
» Inferir o sentido de palavra e o sentido de expressão em
letra de música e o assunto em cartas, contos, tirinhas e
histórias em quadrinhos com o apoio de linguagem verbal
e não verbal.
» Inferir a causa do comportamento de um personagem em
fragmento de diário.
» Reconhecer relação de causa e consequência em poe-
mas, contos e tirinhas.
» Depreender o efeito de sentido sugerido pelo ponto de
exclamação em conto.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes localiza-
rem uma informação que está explícita na superfície textual.
Como suporte para a tarefa foi utilizada uma reportagem,
voltada para o público infantojuvenil, que discorre sobre a
origem da invenção do avião.
Para satisfazer a proposta do item, os respondentes deve-
riam localizar, no segundo parágrafo do texto, a informação que,
em conformidade com o texto, completa a sentença que serve
de comando para resposta. Nesse sentido, aqueles que mar-
caram a alternativa B – o gabarito – demonstraram ser capazes
de localizar informações explícitas em textos informativos.
A habilidade avaliada por esse item refere-se ao reconhe-
cimento de relações lógico-discursivas, estabelecidas por meio
de conjunções ou preposições, e da identificação de circuns-
tâncias adverbiais, expressas principalmente por advérbios e
suas locuções.
No caso em análise, utilizou-se como suporte um texto
informativo que discorre sobre o folclore brasileiro e apresen-
ta linguagem adequada à etapa de escolarização avaliada. A
partir de trechos desse texto, o item solicita ao estudante que
identifique aquele que expressa a circunstância de lugar, o qual
se encontra na alternativa A, cuja escolha sugere que o respon-
dente desenvolveu a habilidade avaliada no tocante às circuns-
tâncias básicas como lugar, tempo e modo.
De 200 a 225 pontos
NÍVEL DE DESEMPENHO 3
» Localizar informação explícita em sinopses e receitas culi-
nárias.
» Identificar o assunto principal em reportagens e a perso-
nagem principal em fábulas, contos e letras de música.
» Inferir ação de personagem em crônica.
» Inferir informação a respeito do eu lírico em letra de música.
» Reconhecer sentido de expressão, elementos da narrati-
va e opinião em reportagens, contos e poemas.
» Inferir efeito de humor em piadas, tirinhas e histórias em
quadrinhos.
» Inferir sentido decorrente da utilização de sinais de pontua-
ção e sentido de expressões em poemas, fábulas e contos.
» Identificar formas de representação de medida de tempo
em reportagens.
» Identificar assuntos comuns a duas reportagens.
» Reconhecer relação de causa e consequência e relação
entre pronomes e seus referentes em fábulas, poemas,
contos e tirinhas.
» Reconhecer expressões características da linguagem
(científica, jornalística, etc.) e a relação entre expressão e
seu referente em reportagens e artigos de opinião.
» Inferir o efeito de sentido de expressão e opinião em crô-
nicas e reportagens.
Leia o texto abaixo.
Nosso folclore
O nosso Brasil é um país riquíssimo em tradições folclóricas. Isso se deve às várias infl uências que recebemos de outros povos, como os europeus, asiáticos, africanos, além dos indígenas que aqui viviam.
Todos esses povos ajudaram a formar o nosso folclore, através dos costumes, crendices e lendas que trouxeram de seus países de origem. [...]
O folclore está presente nas músicas, nas quadrinhas, nos brinquedos e brincadeiras, nas superstições e crendices populares, nas adivinhas, nos pratos típicos, nas danças, nos mitos e lendas. As lendas são pequenas histórias contadas ao longo do tempo por nossos antepassados e que continuam vivas através de personagens reais ou não.
Disponível em: <http://www.brasilzinho.com.br/base_folclore.htm>. Acesso em: 20 mar. 2014. Fragmento. (P050162F5_SUP)
(P050164F5) O trecho desse texto que apresenta ideia de lugar é: A) “O nosso Brasil é um país riquíssimo...”. B) “Isso se deve às várias infl uências...”. C) “... esses povos ajudaram a formar o nosso folclore,...”.D) “... são pequenas histórias contadas ao longo do tempo...”.
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30 31
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 225 250 275
Identifica letras Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas
APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
PROCESSAMENTO DO TEXTO
De 225 a 275 pontos
ADEQuADo
De 225 a 250 pontos
NÍVEL DE DESEMPENHO 4
» Identifi car assunto e opinião em reportagens e contos.
» Identifi car tema e assunto em poemas e charges, relacionando elementos verbais e não ver-
bais.
» Identifi car assunto comum a cartas e poemas.
» Identifi car informação explícita em letras de música, contos, fragmentos de romances, crôni-
cas e em textos didáticos.
» Reconhecer assunto em poemas, tirinhas e texto informativo.
» Reconhecer sentido de conjunções e de locuções adverbiais em verbetes, lendas e contos.
» Reconhecer o sentido estabelecido pelo uso de expressões, de pontuação e de conjunções
em poemas, charges e fragmentos de romances.
» Reconhecer fi nalidade de reportagens e cartazes.
» Reconhecer relação de causa e consequência e relação entre pronome e seu referente em
tirinhas, contos e reportagens.
» Reconhecer relações de causa e consequência e características de personagens em lendas
e fábulas.
» Inferir elementos da narrativa em fábulas, contos e cartas.
» Inferir fi nalidade e efeito de sentido decorrente do uso de pontuação e assunto em fábulas.
» Inferir informação em poemas, reportagens e cartas.
» Diferenciar opinião de fato em reportagens.
» Reconhecer recurso argumentativo em artigos de opinião.
» Interpretar efeito de humor e sentido de palavra em piadas e tirinhas.
» Inferir efeito de sentido da repetição de expressões em crônicas.
» Inferir o efeito de sentido provocado pela escolha de expressão em guia de viagem.
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De 250 a 275 pontos
NÍVEL DE DESEMPENHO 5
» Localizar informações explícitas em crônicas e fábulas.
» Identificar opinião e informação explícita em fábulas, contos, crônicas e reportagens.
» Identificar informação explícita em reportagens com ou sem o auxílio de recursos gráficos.
» Reconhecer a finalidade de verbetes, fábulas, charges, reportagens e abaixo-assinado.
» Reconhecer relação de causa e consequência e relação entre pronomes e seus referentes
em poemas, fábulas e contos.
» Reconhecer relação entre pronomes e seus referentes e relações de causa e consequência
em fragmentos de romances, diários, crônicas, reportagens e máximas (provérbios).
» Interpretar sentido de conjunções e de advérbios e relações entre elementos verbais e não
verbais em tirinhas, fragmentos de romances, reportagens e crônicas.
» Inferir assunto principal e sentido de expressão em poemas, fábulas, contos, crônicas, repor-
tagens e tirinhas.
» Inferir informação em contos e reportagens.
» Inferir tema e ideia principal em notícias, crônicas e poemas.
» Inferir o sentido de palavra ou expressão em história em quadrinhos, poemas e fragmentos
de romances.
» Inferir efeito de humor em piadas e moral em fábulas.
» Identificar os elementos da narrativa em letras de música e fábulas.
» Comparar textos de gêneros diferentes que abordem o mesmo tema.
» Reconhecem o assunto comum entre textos informativos.
Leia o texto abaixo.
5
10
15
Estratégias para a vida noturna
Trocar o dia pela noite pode parecer estranho para nós, mas faz parte do estilo de vida de algumas espécies. À noite, há alguns animais que podem surpreender.
Os animais noturnos têm uma série de características especiais para viver à noite. Por exemplo, o lobo-guará enxerga muito bem, mesmo sem luminosidade. Seu olfato fi ca melhorado e sua audição é uma poderosa aliada, devido às grandes orelhas que ele tem. Além disso, ele tem as patas acolchoadas para não fazer barulho e, assim, chegar bem pertinho da presa sem assustá-la. Diferentemente de outros lobos, ele também se alimenta de frutas.
A audição é um dos sentidos fundamentais para as corujas, assim como a visão perfeita. Além disso, elas têm penas especiais que permitem voar sem fazer barulho nenhum – uma boa estratégia para pegar a presa de surpresa!
O morcego, por sua vez, não faz questão de ser silencioso. Pelo contrário, para poder se guiar na noite, ele emite um barulho e, pelo eco que o som faz, descobre onde estão os obstáculos e alimentos que procura. Essa estratégia, chamada ecolocalização, é usada por outros animais como o boto – que, apesar de não ser considerado noturno, é um mamífero que vive em um ambiente de águas muito escuras, o rio Negro, na Amazônia.
No leito dos rios amazônicos, também vive o poraquê, peixe de hábitos noturnos que usa descargas elétricas para capturar outros peixes para comer.
Ciência Hoje. Ano 22. n. 206. Out. 2009. p. 5. Fragmento. (P050738ES_SUP)
(P050742ES) De acordo com esse texto, o boto usa o som para se localizar porqueA) é um mamífero aquático. B) gosta de caçar à noite.C) tem grandes orelhas.D) vive em águas escuras.
Esse item avalia a habilidade de estabelecer relações de causa e conse-
quência entre partes e elementos de um texto. Nesse caso, o suporte do item
apresenta um texto informativo, que expõe sobre os artifícios utilizados pelos ani-
mais para se localizarem em ambientes com pouca luminosidade.
um ponto de dificuldade para resolução desse item pode ser o fato de essa
relação causal ocorrer de forma implícita no texto, ou seja, sem marcas linguísticas
evidentes, o que exige do estudante refinamento da leitura.
Dessa forma, os respondentes que acertaram o item, marcando a alternati-
va D, conseguiram compreender que o trecho “é um mamífero que vive em um
ambiente de águas muito escuras” oferece a causa de o boto usar o som como
forma de localização.
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34 35
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Identifica letras Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas
APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
PROCESSAMENTO DO TEXTO
AvANÇADo
Acima de 275 pontos
Leia os textos abaixo.
Texto 1A língua de Avatar
[…] Em Avatar, o artifício mais engenhoso fica por conta do idioma concebido pelo linguista Paul Frommer para o planeta Pandora, palco dos conflitos entre humanos e os seres da raça Na’vi.
Em 2005, Cameron entregou a Frommer, então chefe do departamento de Linguística da University of Southern California, um roteiro que continha, entre outras coisas, 30 termos do que viria a ser a língua fictícia – em sua maioria nomes de personagens e animais – cuja sonoridade assemelhava-se à das línguas polinésias. A partir disso, o linguista criou um vocabulário alienígena composto por mil palavras, com estruturas sintáticas e morfológicas emprestadas de diversas línguas, com preferência pelas mais exóticas, como o persa e algumas africanas.
Texto 2Klingon
Já a língua Klingon, da clássica franquia, Jornada nas estrelas, ganhou até dicionário, com 2 mil verbetes e 800 mil exemplares vendidos. O idioma surgiu em 1984 em Jornada nas Estrelas III: à procura de Spock. Mais tarde, o linguista Marc Okrand foi contratado para o seriado Nova Geração com a missão de elaborar uma estrutura sintática e lexical para a língua.
Para se ter uma ideia da repercussão do Klingon entre os fãs da série, foi criado um instituto com base no trabalho de Okrand – o Klingon Language Institute (www.kli.org) –, que conta com 600 membros, diálogos em linguagem extraterrestre e até traduções de clássicos da literatura.
Língua Portuguesa, mar. 2010. p. 16-17. Fragmento. (P080195B1_SUP)
(P080195B1) Esses dois textos falam sobreA) a criação de novos idiomas para filmes.B) a repercussão do idioma entre os fãs.C) o número de palavras criadas para os filmes.D) o uso do mesmo dialeto em filmes de ficção.
Esse item avalia a habilidade de reconhecer diferentes formas de abordar
uma informação ao comparar textos que tratam do mesmo tema. Para a realização
da tarefa, os respondentes precisariam buscar o ponto comum nos dois textos
que informam sobre a criação de um idioma específi co em obras cinematográfi -
cas.
Essa informação equivalente pode ser reconhecida pelos trechos “Em Avatar,
o artifício mais engenhoso fi ca por conta do idioma concebido pelo linguista...”, no
Texto 1, e “Já a língua Klingon, da clássica franquia, Jornada nas estrelas, ganhou
até dicionário...”, no Texto 2. os estudantes que conseguiram fazer essa relação
intertextual marcaram a alternativa A, demonstrando habilidade para lidar com
esse mecanismo de leitura bastante sofi sticado.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
36 37
De 275 a 300 pontos
NÍVEL DE DESEMPENHO 6
» Identificar assunto principal e informações explícitas em poemas, fábulas e letras de música.
» Localizar informações explícitas em artigos de opinião e crônicas.
» Identificar opinião em poemas e crônicas.
» Reconhecer o gênero textual a partir da comparação entre textos e assunto comum a duas
reportagens.
» Reconhecer elementos da narrativa em fábulas.
» Identificar finalidade e elementos da narrativa em fábulas e contos.
» Reconhecer relação de causa e consequência e relação entre pronomes e seus referentes
em fábulas, contos, crônicas, fragmentos de romances, artigos de opinião e reportagens.
» Inferir informação e efeito de sentido decorrente do uso de sinais gráficos em reportagens e
em letras de música.
» Inferir informações em fragmentos de romance.
» Interpretar efeito de humor em piadas, contos e em crônica.
» Inferir o efeito de sentido da pontuação, da polissemia como recurso para estabelecer humor
e da ironia em tirinhas, anedotas e contos.
» Interpretar linguagem verbal e não verbal em histórias em quadrinhos.
» Inferir o efeito de sentido de linguagem verbal e não verbal em charges e história em qua-
drinhos.
» Reconhecer o sentido de expressão e de variantes linguísticas em letras de música, tirinhas,
poemas e fragmentos de romances.
» Inferir tema, tese e ideia principal em contos, letras de música, editoriais, reportagens, crôni-
cas e artigos.
» Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo assunto em reportagens, contos e enquetes.
Leia o texto abaixo.
5
10
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25
30
A estranha passageira
– O senhor sabe? É a primeira vez que eu viajo de avião. Estou com zero hora de voo – e riu nervosinha, coitada.
Depois pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois me achava muito calmo e isto iria fazer-lhe bem. [...]
Madama entrou no avião sobraçando um monte de embrulhos, que segurava desajeitadamente. [...] Depois não sabia como amarrar o cinto e eu tive que realizar essa operação [...].
Afi nal estava ali pronta pra viajar. Os outros passageiros estavam já se divertindo às minhas custas, a zombar do meu embaraço ante as perguntas que aquela senhora me fazia aos berros, como se estivesse em sua casa, entre pessoas íntimas. [...] Olhava para trás, olhava para cima, mexia na poltrona e quase levou um tombo, quando puxou a alavanca e empurrou o encosto com força, caindo para trás e esparramando embrulhos para todos os lados.
O comandante já esquentara os motores e a aeronave estava parada, esperando ordens para ganhar a pista de decolagem. Percebi que minha vizinha de banco apertava os olhos e lia qualquer coisa. Logo veio a pergunta:
– Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só pra ela?Expliquei que emergência não era ninguém, a porta é que era de emergência, isto é, em
caso de necessidade, saía-se por ela. Madama sossegou e os outros passageiros já estavam conformados com o término
do “show”. Mesmo os que mais se divertiam com ele resolveram abrir jornais, revistas ou se acomodarem para tirar uma pestana durante a viagem.
Foi quando madama deu o último vexame. Olhou pela janela (ela pedira para fi car do lado da janela para ver a paisagem) e gritou:
– Puxa vida!!!!! Todos olharam para ela, inclusive eu. Madama apontou para a janela e disse: – Olha lá embaixo. Eu olhei. E ela acrescentou: – Como nós estamos voando alto, moço. Olha só... o pessoal lá embaixo até parece formiga. Suspirei e lasquei: – Minha senhora, aquilo são formigas mesmo. O avião ainda não levantou voo.
PRETA, Stanislaw Ponte. Disponível em: <http://www.blocosonline.com.br/literatura/prosa/ct/ct12/ct120929. php>. Acesso em: 7 mar. 2014. (P090256F5_SUP)
(P090257F5) O que torna esse texto engraçado é o fato de a mulherA) achar o narrador calmo. B) carregar muitos embrulhos.C) confundir as formigas com pessoas.D) viajar de avião pela primeira vez.
Esse item avalia a habilidade de reconhecer o fato gerador do humor em
textos diversos. Nesse caso, o texto utilizado como suporte é uma crônica com
linguagem adequada à etapa de escolarização avaliada.
Assim como nas piadas, gênero canonicamente humorístico, na crônica em
questão, o fato que confere humor também se encontra no desfecho da narrati-
va, momento em que há uma quebra da expectativa do leitor, a partir da qual se
explora a comicidade. Nesse sentido, na última fala do texto, em que o homem
explica que são realmente formigas o que a mulher vê, está o fato que gera a
ruptura com o fluxo narrativo, o que torna o texto engraçado e indica a confusão
feita por ela, conforme apresentado na alternativa C, o gabarito.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
38 39
De 300 a 325 pontos
NÍVEL DE DESEMPENHO 7
Leia o texto abaixo.
Na estação
Lá vem o trem – lá vem o trem – lá vem o trem – vem e passa – vem e passa –vem e passa – vai passando – vai passando – vai passando – vai sumindo –
vai sumindo – vai sumindo – sumiu – sumiu – sumiu – iu – iu –iu.Disponível em: <http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/wilson_pereira2.html>. Acesso em: 25 mar. 2014. (P070196F5_SUP)
(P070196F5) No verso “vai sumindo – vai sumindo – sumiu – sumiu – sumiu – iu – iu –iu.”, o termo “iu” foi repetido paraA) sugerir o barulho do apito do trem.B) mostrar o caminho feito pelo trem.C) marcar o final da viagem do trem.D) indicar o tamanho dos vagões do trem.
» Localizar a informação principal em reportagens.
» Identificar ideia principal e finalidade em notícias, reportagens e resenhas.
» Identificar assunto principal em notícia e opinião em contos e cartas do leitor.
» Reconhecer sentido de locução adverbial e elementos da narrativa em fábulas e contos.
» Reconhecer relação de causa e consequência e relação entre pronomes e seus referentes
em fábulas e reportagens.
» Reconhecer características da linguagem (científica, jornalística, etc.) em reportagens.
» Reconhecer elementos da narrativa em crônicas.
» Reconhecer argumentos e opiniões em notícias, artigos de opinião e fragmentos de romances.
» Reconhecer assunto comum entre textos de gêneros diferentes.
» Diferenciar abordagem do mesmo tema em textos de gêneros distintos.
» Inferir informação em contos, crônicas, notícias e charges.
» Inferir sentido de palavras, da repetição de palavras, de expressões, de linguagem verbal e
não verbal e de pontuação em charges, tirinhas, contos, crônicas e fragmentos de romances.
» Inferir informações e efeito de sentido decorrente do uso de pontuação em fábulas e piadas.
» Inferir o efeito de sentido decorrente do uso de diminutivo em crônica.
» Inferir efeito de sentido decorrente do uso de recurso estilístico de repetição de vogais em poema.
De 325 a 350 pontos
NÍVEL DE DESEMPENHO 8
» Identificar ideia principal e elementos da narrativa em reportagens e crônicas.
» Identificar argumento em reportagens e crônicas.
» Reconhecer o efeito de sentido da repetição de expressões e palavras, do uso de pontua-
ção, de variantes linguísticas e de figuras de linguagem em poemas, contos e fragmentos de
romances.
» Reconhecer a relação de causa e consequência em contos.
» Reconhecer diferentes opiniões entre cartas de leitor que abordam o mesmo tema.
» Reconhecer a relação de sentido estabelecida por conjunções em crônicas, contos e cordéis.
» Reconhecer o tema comum entre textos de gêneros distintos.
» Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de figuras de linguagem e de recursos
gráficos em poemas e fragmentos de romances.
» Diferenciar fato de opinião em artigos, reportagens e crônica.
» Identificar opinião em fábulas e reconhecer sentido de advérbios em cartas do leitor.
» Inferir o efeito de sentido de linguagem verbal e não verbal em tirinhas.
» Reconhecer a finalidade de texto informativo com linguagem científica.
» Reconhecer a ideia defendida em artigo de opinião.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes reconhecerem o efeito de
sentido decorrente de recursos estilísticos em textos literários. Para aferir essa
habilidade, o suporte apresenta um poema, no qual é descrito o movimento de
chegada e partida do trem na estação.
Na resolução do item, os estudantes deveriam perceber que o recurso esti-
lístico da assonância no trecho destacado no comando foi empregado proposital-
mente para indicar o som que o apito do trem fez ao se afastar da estação. Dessa
forma, aqueles que optaram pela alternativa A perceberam que a repetição das
vogais “iu” está associada ao barulho do apito do trem, revelando, assim, ter de-
senvolvido a habilidade.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
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De 350 a 375 pontos
NÍVEL DE DESEMPENHO 9
Leia o texto abaixo.
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A origem do Dia das Crianças
O Dia das Crianças é uma data comemorada em diferentes países. De acordo com a história e o significado da comemoração, cada país escolhe uma determinada data e certos tipos de celebração para lembrar de seus menores. Ao mesmo tempo, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) convencionou o dia 20 de novembro para se comemorar o Dia das Crianças.
A escolha desta data se deu porque nesse mesmo dia, no ano de 1959, o UNICEF oficializou a Declaração dos Direitos da Criança. Nesse documento, se estabeleceu uma série de direitos válidos a todas as crianças do mundo como alimentação, amor e educação.
No caso brasileiro, a tentativa de se padronizar uma data para as crianças aconteceu algumas décadas antes. Em 1923, a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, sediou o 3º Congresso Sul-Americano da Criança. No ano seguinte, aproveitando a recente realização do evento, elaborou-se um projeto de lei que estabelecia essa nova data comemorativa. No dia 5 de novembro de 1924, o decreto nº 4867, instituiu 12 de outubro como data oficial para comemoração do Dia das Crianças.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/dia-das-criancas/a-origem-dia-das-criancas.htm>. Acesso em: 18 mar. 2014. (P050121F5_SUP)
(P050121F5) Qual é a informação principal desse texto?A) A história da escolha da data comemorativa do Dia das Crianças.B) As leis protetoras dos direitos das crianças.C) O documento oficial do 3° Congresso Sul-Americano da Criança.D) Os tipos de celebrações de cada país.
» Localizar informações explícitas, ideia principal e expressão que causa humor em contos, crônicas,
artigos de opinião e texto informativo.
» Identificar variantes linguísticas em letras de música.
» Reconhecer a finalidade e a relação de sentido estabelecida por conjunções em lendas e crônicas.
» Inferir o sentido de palavra em reportagem.
Leia o texto abaixo.
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O craque sem idade
Quando acabou a etapa inicial do jogo Brasil x Paraguai, o placar acusava um lírico, um platônico 0 x 0. Ora, o empate é o pior resultado do mundo. [...] Acresce o seguinte: de todos os empates o mais exasperante é o de 0 x 0. [...]
Súbito, o alto-falante do estádio se põe a anunciar as duas substituições brasileiras: entravam Zizinho e Walter. Foi uma transfi guração. Ninguém ligou para Walter, que é um craque, sim, mas sem a tradição, sem a legenda, sem a pompa de um Ziza. O nome que crepitou, que encheu, que inundou todo o espaço acústico do Maracanã foi o do comandante banguense. Imediatamente, cada torcedor tratou de enxugar, no lábio, a baba da impotência, do despeito e da frustração. O placar permanecia empacado no 0 x 0. Mas já nos sentíamos atravessados pela certeza profética da vitória. Os nossos tórax arriados encheram-se de um ar heroico, estufaram-se como nos anúncios de fortifi cante.
Eis a verdade: a partir do momento em que se anunciou Zizinho, a partida estava automática e fatalmente ganha. Portanto, público, juiz, bandeirinhas e os dois times podiam ter se retirado, podiam ter ido para casa. Pois bem: veio o jogo. Ora, o primeiro tempo caracterizara-se por uma esterilidade bonitinha. Nenhum gol, nada. Mas a presença de Zizinho, por si só, dinamizou a etapa complementar, deu-lhe caráter, deu-lhe alma, infundiu-lhe dramatismo. Por outro lado, verifi camos ainda uma vez o seguinte: a bola tem um instinto clarividente e infalível que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque. Foi o que aconteceu: a pelota não largou Zizinho, a pelota o farejava e seguia com uma fi delidade de cadelinha ao seu dono. [...]
No fi m de certo tempo, tínhamos a ilusão de que só Zizinho jogava. Deixara de ser um espetáculo de 22 homens, mais o juiz e os bandeirinhas. Zizinho triturava os outros ou, ainda, Zizinho afundava os outros numa sombra irremediável. Eis o fato: a partida foi um show pessoal e intransferível.
E, no entanto, a convocação do formidável jogador suscitara escrúpulos e debates acadêmicos. Tinha contra si a idade, não sei se 32, 34, 35 anos. Geralmente, o jogador de 34 anos está gagá para o futebol, está babando de velhice esportiva. Mas o caso de Zizinho mostra o seguinte: o tempo é uma convenção que não existe [...] para o craque. [...] Do mesmo modo, que importa a nós tenha Zizinho dezessete ou trezentos anos, se ele decide as partidas? Se a bola o reconhece e prefere?
No jogo Brasil x Paraguai, ele ganhou a partida antes de aparecer, antes de molhar a camisa, pelo alto-falante, no intervalo. Em último caso, poderá jogar, de casa, pelo telefone.
RODRIGUES, Nelson. Disponível em: <http://goo.gl/OcttjP>. Acesso em: 15 out. 2013. *Adaptado: Reforma Ortográfi ca. Fragmento. (P090295F5_SUP)
(P090303F5) Qual trecho desse texto apresenta um fato?A) “... o empate é o pior resultado do mundo.”. (ℓ. 2)B) “... de todos os empates o mais exasperante é o de 0 x 0.”. (ℓ. 2-3)C) “... a partir do momento em que se anunciou Zizinho,...”. (ℓ. 12)D) “... a bola tem um instinto clarividente e infalível...”. (ℓ. 17-18)
Esse item avalia a habilidade de os estudantes distingui-
rem um fato de uma opinião. Para avaliar essa habilidade, o
suporte utilizado apresenta uma crônica esportiva que versa
sobre a participação decisiva de um experiente jogador da
seleção brasileira de futebol em uma partida contra a equipe
do Paraguai.
A habilidade avaliada exige que os respondentes perce-
bam as marcas opinativas em contraposição ao relato objeti-
vo de ações ou fatos. Nesse caso, o comando para resposta
solicita que os avaliandos apontem qual das alternativas traz
um fragmento do texto composto apenas de um fato.
Para identificar o gabarito, é necessário que os estu-
dantes analisem cada alternativa, reconheçam marcas de
subjetividade nos trechos “é o pior resultado do mundo”, “o
mais exasperante” e “a bola tem um instinto clarividente e
infalível”, alternativas A, B e D, respectivamente, e percebam,
dessa forma, que o trecho presente na alternativa C é o ga-
barito, uma vez que, nessa sentença, há somente a menção
a um fato relatado no texto.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes diferen-
ciarem, em um texto, as partes principais das secundárias.
Essa habilidade diz respeito à identificação da informação
que sustenta o texto, em torno da qual se organizam as infor-
mações acessórias. Nesse item, o suporte utilizado apresen-
ta um texto informativo – caráter essencial para a avaliação
dessa habilidade.
Para escolher o gabarito, a alternativa A, os estudantes
deveriam ter compreendido o sentido global do texto e dele
ter extraído a informação mais relevante, apontada também
pelo título. Neste caso, essa informação diz respeito à come-
moração do dia das crianças. Nesse sentido, esses estudan-
tes que conseguiram chegar ao gabarito demonstraram o
desenvolvimento da habilidade avaliada.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
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Acima de 375 pontos
NÍVEL DE DESEMPENHO 10
Leia o texto abaixo.
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Por que o cachorro foi morar com o homem?
O cachorro, que todos dizem ser o melhor amigo do homem, vivia antigamente no meio do mato com seus primos, o chacal e o lobo.
Os três brincavam de correr pelas campinas sem fim, matavam a sede nos riachos e caçavam sempre juntos.
Mas, todos os anos, antes da estação das chuvas, os primos tinham dificuldades para encontrar o que comer. A vegetação e os rios secavam, fazendo com que os animais da floresta fugissem em busca de outras paragens.
Um dia, famintos e ofegantes, os três com as línguas de fora por causa do forte calor, sentaram-se à sombra de uma árvore para tomarem uma decisão.
– Precisamos mandar alguém à aldeia dos homens para apanhar um pouco de fogo – disse o lobo.
– Fogo? – perguntou o cachorro.– Para queimar o capim e comer gafanhotos assados – respondeu o chacal com água
na boca.– E quem vai buscar o fogo? – tornou a perguntar o cachorro.– Você! – responderam o lobo e o chacal, ao mesmo tempo, apontando para o cão.De acordo com a tradição africana, o cão, que era o mais novo, não teve outro jeito,
pois não podia desobedecer a uma ordem dos mais velhos. Ele ia ter que fazer a cansativa jornada até a aldeia, enquanto o lobo e o chacal ficavam dormindo numa boa.
O cachorro correu e correu até alcançar o cercado de espinhos e paus pontudos que protegia a aldeia dos ataques dos leões.
Anoitecia, e das cabanas saía um cheiro gostoso. O cachorro entrou numa delas e viu uma mulher dando de comer a uma criança. Cansado, resolveu sentar e esperar a mulher se distrair para ele pegar um tição.
Uma panela de mingau de milho fumegava sobre uma fogueira. Dali, a mulher, sem se importar com a presença do cão, tirava pequenas porções e as passava para uma tigela de barro.
Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou o vasilhame e jogou o resto do mingau para o cão. O bicho, esfomeado, devorou tudo e adorou. Enquanto comia, a criança se aproximou e acariciou o seu pelo. Então, o cão disse para si mesmo:
– Eu é que não volto mais para a floresta. O lobo e o chacal vivem me dando ordens. Aqui não falta comida e as pessoas gostam de mim. De hoje em diante vou morar com os homens e ajudá-los a tomar conta de suas casas.
E foi assim que o cachorro passou a viver junto aos homens. E é por causa disso que o lobo e o chacal ficam uivando na floresta, chamando pelo primo fujão.
BARBOSA, Rogério Andrade. Disponível em <http://www.ciadejovensgriots.org.br/Contos_Africanos_Infantis/Porque_o_cachorro_foi_
morar_com_o_homem.php>. Acesso em: 5 jul. 2011. (P091213RJ_SUP)
(P091214RJ) No trecho “Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou o vasilhame e jogou o resto do mingau para o cão.” (ℓ. 28-29), o autor, ao utilizar o tempo dos verbos destacados estabeleceA) a conclusão de um fato.B) a continuidade de uma ação.C) a possibilidade de ocorrência de um fato.D) a condução para a realização de uma ação.
» Localizar ideia principal em manuais, reportagens, artigos e teses.
» Identificar os elementos da narrativa em contos e crônicas.
» Diferenciar fatos de opiniões e opiniões diferentes em artigos e notícias.
» Inferir o sentido de palavras em poemas e em conto.
» Inferir o efeito de sentido provocado pela repetição de formas verbais em fábula.
» Reconhecer o tema comum entre textos do gênero poema.
Esse item avalia a habilidade de reconhecer o efeito de sentido decorrente
do uso de recursos ortográficos ou morfossintáticos. o suporte para o item é um
conto de média extensão, mas de temática bastante atrativa para a etapa de es-
colarização avaliada. Para a realização da tarefa, os estudantes precisariam com-
preender o efeito de sentido provocado pelo uso das formas verbais “terminou”,
“raspou” e “jogou”.
Assim sendo, os estudantes que optaram pela alternativa D perceberam que
o efeito de sentido provocado pelo uso do pretérito perfeito nas formas verbais
em análise confere uma ideia de término de uma ação, logo se chega à conclu-
são de que os acontecimentos narrados já foram realizados.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
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Encarte Escola à Vista!
COMO SÃO APRESENTADOS
OS RESULTADOS DO SAETHE?
O passo seguinte consiste na divulgação dos resultados obtidos
pelos estudantes, terminado o processamento dos testes.
o processo de avaliação em larga escala não termina
quando os resultados chegam à escola. Ao contrário, a partir
desse momento toda a escola precisa estudar as informações
obtidas, a fi m de compreender o diagnóstico produzido sobre
a aprendizagem dos estudantes. Em seguida, é necessário ela-
borar estratégias que visem à garantia da melhoria da qualida-
de da educação ofertada pela escola, expressa na aprendiza-
gem de todos os estudantes.
Para tanto, todos os agentes envolvidos – gestores, profes-
sores, famílias – devem se apropriar dos resultados produzidos
pelas avaliações, incorporando-os ao debate sobre as práticas
estabelecidas pela escola.
o encarte de divulgação dos resultados da escola apre-
senta uma sugestão de roteiro para a leitura dos resultados ob-
tidos pelas avaliações do SAETHE. Esse roteiro pode ser usado
para interpretar os resultados divulgados no Portal da Avaliação
- www.saethe.caedufj f.net - e no encarte impresso.
LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
47
Seção 04
COMO A ESCOLA PODE SE APROPRIAR
DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO?
Existem diversos casos de apropriação dos resultados das avaliações em larga escala,
no interior das escolas. Esta seção traz um Estudo de Caso, que ilustra uma das várias
estratégias desenvolvidas para que esse processo seja efetivo e válido.
Se for para acrescentar, vamos soletrarEra mais um dia de trabalho na
escola. As aulas haviam começado e
o cronograma com as atividades que
seriam desenvolvidas durante aquele
ano era aplicado há poucos meses
por toda a equipe. Tudo estava de
acordo com o planejamento; entre-
tanto, alguns problemas já eram iden-
tifi cados pelos professores.
um desses problemas, vamos re-
latar um pouco mais neste momento.
Foi apontado pela professora Bárba-
ra, que lecionava geografi a em algu-
mas turmas daquela escola. Para ela,
muitos estudantes não compreen-
diam o signifi cado das palavras em
sua disciplina e, além disso, tinham di-
fi culdades na morfologia e na escrita
correta das mesmas.
Na primeira reunião após o início
das aulas, Bárbara, que era professora
da escola há 4 anos, decidiu expor o
problema com que lidava, diariamente,
desde o início do ano letivo, com seus
estudantes do 6°, 7° e 9° anos do Ensi-
no Fundamental.
Eu tenho percebido – disse
Bárbara para os colegas de traba-
lho – que os estudantes não com-
preendem o sentido de alguns ter-
mos que venho trabalhando desde
o início desse ano, ou então não
conseguem apresentar conheci-
mentos sobre termos que foram
abordados em etapas de escolari-
dade anteriores. Eu tenho procura-
do formas de retomar esses con-
ceitos e modifi car o modo como
apresento o conteúdo em sala, mas
ainda tenho encontrado muitas di-
fi culdades no desenvolvimento do
conteúdo previsto para cada etapa
de escolaridade em que leciono. É
certo – prosseguiu Bárbara – que
eu devo apresentar e explicar cada
desses novos termos para os estu-
dantes, mas percebo que eles não
relacionam com palavras que já são
ou deveriam ser conhecidas por
eles, ou melhor, por todos nós.
Para mim – prosseguiu a pro-
fessora em sua exposição –, termos
como indicadores demográfi cos,
assistência médica, condições sani-
tárias, discriminação, vulnerabilidade,
saneamento básico, ou então bacia
hidrográfi ca, sedimentação, erosão
fl uvial, estiagem, afl uente seriam de
fácil compreensão, se os estudantes
conhecessem o signifi cado e a mor-
fologia de cada palavra apresentada,
o que não acontece. Por exemplo,
bacia hidrográfi ca está relacionado,
de algum modo, a água, pois contém
“hidro” na formação do termo. mas os
estudantes não conseguem fazer nem
ao menos essa relação.
Para Bárbara, o desenvolvi-
mento do conteúdo em suas au-
las poderia ser orientado de outro
modo, mais signifi cativo para cada
estudante, com menos difi culdades
para as turmas, se os estudantes
conseguissem fazer essa relação
inicial.
gente, vamos organizar nossas
discussões. Isso deveria ser um as-
sunto para a nossa reunião? Deve
ser resolvido por todos os professo-
res da escola? Não deveria ser uma
ação da equipe de Língua Portugue-
sa? Questionou um outro professor.
Bárbara não deixou que ninguém
pudesse se manifestar antes e logo
respondeu: Sim! E por que não seria
problema de toda a equipe?
um silêncio tomou conta da
sala de reuniões, mostrando que os
professores, mesmo apresentando
alguma opinião, não conseguiam
justifi cá-la
Então Bárbara continuou sua
fala: Apresentei um problema, mas
já venho pensando em uma propos-
ta. Posso apresentá-la?
A maioria balançou a cabeça po-
sitivamente, concordando que Bárba-
ra continuasse se expressando.
Bárbara, assim, prosseguiu. So-
mos uma escola da rede pública que,
hoje, atende estudantes do Ensino
Fundamental do 6° ao 9° ano e das
três etapas do Ensino médio. Temos
algumas turmas da Educação Integral
também, que participam de um tra-
balho diferenciado dentro da escola,
pois os estudantes permanecem um
período maior aqui. Procuramos ofere-
cer atendimento educacional especia-
lizado para todos os estudantes com
defi ciência. Além disso, conseguimos
montar e manter uma sala de recur-
sos audiovisuais, com computador e
“[...] Bárbara considerava que a equipe pedagógica
deveria rever algumas estratégias da prática
docente.
LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
49
Seção 05
acesso à internet, além de televisão,
aparelho de DvD, e uma lousa digital
que chegou recentemente. Procura-
mos trabalhar nossos conteúdos em
sala de aula de forma contextualizada,
fazendo uso de diferentes projetos
pedagógicos e de modo interdiscipli-
nar. mesmo assim, não conseguimos
alcançar o resultado que desejamos
no desenvolvimento de nossos estu-
dantes.
Percebia-se ainda, nesta es-
cola, um grande envolvimento e
participação da comunidade nos
eventos promovidos pela instituição,
tais como plantões pedagógicos,
reuniões escolares, festas culturais
(Festa Junina, Dia das Crianças, Na-
tal, Dia do índio, Páscoa e outras).
Sempre que necessário, a escola
podia contar com a presença de
pais e responsáveis na escola.
A professora Bárbara sabia que
os estudantes da escola já haviam
progredido, com as novas práticas
desenvolvidas. Entretanto, ela ainda
observava alguns problemas para
serem resolvidos. Problemas es-
tes que não estavam relacionados
apenas à compra de equipamentos
e utilização de recursos pedagógi-
cos, nem a aspectos relacionados
à gestão ou participação da família
na escola. Continuamente, Bárbara
considerava que a equipe pedagó-
gica deveria rever algumas estraté-
gias da prática docente.
A proposta inicial, pensada por
Bárbara, consistia na opinião de to-
dos os professores em relação ao
problema apresentado. Será que
todos já haviam observado esse
problema? Era um problema para to-
dos? Para isso, ela propôs que todos
fi zessem uma espécie de estudo
dos resultados da avaliação realiza-
da por eles dentro da escola.
A coordenadora miriam interfe-
riu, nesse momento.
Estou pensando, posso trazer
para a reunião, o resultados das
avaliações externas que acabaram
de chegar na escola, o que vocês
acham? Perguntou miriam, que pros-
seguiu em sua fala. Não conheço
muito bem, mas podemos pensar de
modo paralelo aos resultados que
vocês trouxerem. os dados acaba-
ram de chegar, e os testes foram
realizados pelos estudantes no fi nal
do ano passado.
Por que utilizar esses resulta-
dos, se já sabemos o que nossos
estudantes já aprenderam com a
nossa avaliação? Foi o questiona-
mento do professor marcelo, que
lecionava a disciplina de matemática
para algumas turmas da escola.
miriam, que havia participado
de algumas capacitações realiza-
das pelo CAEd e tinha observado o
material com os resultados da ava-
liação entregue na escola, explicou
que todos eles poderiam apresen-
tar, naquela reunião, a aprendiza-
gem dos estudantes com base nas
avaliações aplicadas em suas aulas,
o que seria indispensável para a
continuidade do trabalho. Entretan-
to, a equipe poderia ter outro olhar
para os estudantes da escola, com
base em habilidades e competên-
cias, como exemplifi cou:
Fernando – direcionando sua per-
gunta para um dos professores de Lín-
gua Portuguesa –, qual a avaliação que
você consegue tecer, agora, em rela-
ção aos estudantes que concluíram o
9°ano do ano passado?
Fernando, observando o pro-
grama organizado para os estudan-
tes do 9° ano, responde que, do que
havia sido planejado, poucos foram
os estudantes que tinham desenvol-
vido todo o conteúdo, pois tinham
ido para o Ensino médio com algu-
mas difi culdades em interpretação
de texto em linguagem poética,
não sabiam construir e identifi car
orações subordinadas, e faziam
uso inapropriado, por exemplo, das
preposições, pois não compreen-
diam as relações entre o verbo (ou
o nome) e seu complemento (regên-
cia verbal ou nominal).
Tudo bem, Fernando, interrom-
peu a coordenadora. Por que eles
“[...] por que não procuramos saber sobre essas difi culdades consultando, também, os resultados das avaliações externas?
tinham essas difi culdades e por que
você não conseguiu resolver?
Fernando fi cou quieto um tem-
po, mas respondeu o questionamen-
to da coordenadora. Talvez porque
eles não tenham desenvolvido con-
ceitos importantes nas etapas ante-
riores, disse ele.
Então, por que não procura-
mos saber sobre essas difi culdades
consultando, também, os resultados
das avaliações externas? Com os
resultados destes testes, podemos
verifi car quais habilidades e compe-
tências já foram desenvolvidas pe-
los estudantes. E assim, em vez de
uma análise por conteúdos progra-
máticos, como regência verbal ou
interpretação de texto, como você
citou, buscaremos compreender o
que os estudantes desenvolveram
em relação a habilidades e com-
petências, em diferentes etapas e
disciplinas.
vamos retomar o exemplo dado
pela professore Bárbara, sugeriu a
coordenadora miriam. os estudan-
tes estão com difi culdades em com-
preender o signifi cado e escrita cor-
reta das palavras e morfologia. você,
Fernando, disse que os estudantes
estão com difi culdades em interpreta-
ção de textos em linguagem poética.
Esse conteúdo está relacionado ao
contexto apresentado pela professo-
ra de geografi a. vamos todos ver se
os resultados das avaliações externas
apontam o mesmo?
miriam teve que se ausentar da
sala alguns instantes para buscar o
material. Ao consultar o resultado do
9° ano do Ensino Fundamental, em
Língua Portuguesa, todos puderam
perceber que os estudantes que
alcançaram profi ciência alocada no
padrão de desempenho mais bai-
xo, conseguiam realizar operações
relativas à realização de inferência
de sentido de palavra ou expres-
são. mas, ao observar o percentual
de acerto por descritor, perceberam
que havia baixo percentual de acer-
to nos itens relativos a “inferir o sen-
tido de uma palavra ou expressão”,
ou “reconhecer o efeito de sentido
decorrente da escolha de uma de-
terminada palavra ou expressão”,
por exemplo.
Com isso, todos puderam per-
ceber o problema apresentado por
Bárbara.
Depois desse momento, a coor-
denadora e os professores se reuni-
ram outras vezes e perceberam que
apresentavam as mesmas difi culdades
encontradas por Bárbara, para cada
disciplina. Todos, juntos, estudaram os
resultados da avaliação que realiza-
vam com seus estudantes e passaram
a consultar, também, os resultados da
avaliação externa.
Como se tratava de um problema
de todos, propuseram, desse modo,
desenvolver um projeto que pudesse
envolver todas as disciplinas, permitin-
do que os estudantes preenchessem
lacunas apresentadas na aprendiza-
gem não somente de Língua Portu-
guesa, mas de História, geografi a,
Artes, Biologia, entre outros. Foi assim
que “nasceu”, na escola, o projeto “So-
letrar”.
A primeira etapa de desenvol-
vimento do projeto foi dada pelas
reuniões com os professores e a
coordenação, em que foram estipu-
ladas as fases de desenvolvimento
do “Jogo vamos Todos Soletrar” e as
atividades que deveriam ser cumpri-
das por cada um. Na segunda etapa,
foi dado início às atividades com os
estudantes.
Nessa segunda etapa, várias fa-
ses foram realizadas. Todos tiveram
que, em um primeiro momento, cata-
logar palavras importantes em cada
disciplina, formando o banco de pa-
lavras. Sim, as palavras citadas por
Bárbara no início da reunião estavam
presentes no banco de palavras dos
estudantes. E todos os professores,
junto com seus estudantes, deveriam
fazer o mesmo.
Em seguida, foi realizada uma visi-
ta à biblioteca, com o professor de Lín-
gua Portuguesa de cada turma. Nesta
fase, os estudantes realizaram algumas
consultas na internet, revisando a escri-
ta das palavras selecionadas, o signifi -
cado delas e a origem de cada uma.
Para isso, consultaram o dicionário e
textos diversifi cados.
Ainda nessa etapa, os estudantes
retornaram à sala de aula e revisaram
as palavras com os professores de
cada disciplina, discutindo aspectos
referentes ao signifi cado delas. Eles
ainda tiveram que selecionar as frases
“Como se tratava de um problema de
todos, propuseram, desse modo,
desenvolver um projeto que pudesse
envolver todas as disciplinas [...].
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
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que seriam inseridas no jogo, consi-
derando o melhor contexto para cada
uma. Nessa ocasião, foi importante,
também, separar as palavras mais sim-
ples e as mais complexas, montando
diferentes bancos de palavras para o
jogo.
Pronto, estava montado o jogo!
um mês antes do início de aplica-
ção do jogo, a escola divulgou a “gin-
cana de Soletração” que seria reali-
zada na escola e convidou todos os
estudantes a participarem do evento.
A partir desse período, os estudantes
começaram a praticar brincadeiras
com o dicionário construído por eles,
pois queriam estar preparados para o
jogo de soletração. Logo, teve início a
terceira etapa do projeto, com o mo-
mento de aplicação do jogo.
A gincana foi conduzida da se-
guinte forma: os estudantes decla-
raram estar dispostos a participar do
jogo e foi realizada uma fase de so-
letração com cada turma; a realização
deu-se por rodadas, quando, em cada
uma, era feito o sorteio de uma pala-
vra diferente para cada estudante; os
estudantes, na sua vez de soletrar,
poderiam recorrer à aplicação dessa
palavra em uma frase ou conhecer o
seu signifi cado e, quem acertasse a
soletração, ia para a rodada seguinte;
as rodadas terminavam quando res-
tasse apenas um estudante. Dessa
fase, um estudante de cada turma foi
classifi cado para a fase seguinte.
Na segunda fase, os estudan-
tes participantes puderam conhecer
palavras mais difíceis e concorrer
com estudantes de outras turmas e
etapas de escolaridade: haveria o
campeão do Ensino Fundamental e o
campeão do Ensino médio. Apesar
do número reduzido de estudantes
participantes, os demais continuaram
acompanhando a gincana e ajudaram
no treinamento dos colegas de clas-
se, torcendo para que eles fossem
os campeões do evento. mais uma
vez, a realização foi conduzida por ro-
dadas, quando era feito o sorteio de
uma palavra diferente para cada estu-
dante. Do mesmo modo que na fase
anterior, os estudantes, na sua vez de
soletrar, poderiam recorrer à aplica-
ção dessa palavra em uma frase ou
conhecer o seu signifi cado. Ao fi nal
da gincana, foram classifi cados três
estudantes do Ensino Fundamental e
três estudantes do Ensino médio, que
receberam medalhas de ouro, prata e
bronze.
Apesar de focar em um trabalho
de soletração de palavras, o jogo foi
montado com o intuito de desenvolver
conhecimentos sobre escrita e signi-
fi cado das palavras que eram vistas
nas diferentes disciplinas de cada eta-
pa de escolaridade. A coordenadora
miriam percebeu o envolvimento de
toda a escola, com estudantes e pro-
fessores empenhados nas atividades
propostas em cada momento. Que
professor não fi caria feliz em ver seus
estudantes compreendendo um pou-
co mais do conteúdo apresentado em
sua disciplina? Para os estudantes, era
um desafi o a mais, todos queriam ser
campeões em soletração!
mas, e a professora Bárbara?
Como estava? Ah, ela estava sa-
tisfeita com o resultado do projeto,
uma vez que pôde ver seus estu-
dantes compreendendo melhor al-
guns termos e citando-os em sala
de aula, muitas vezes com base no
dicionário construído no projeto.
Esse projeto virou uma atividade
regular na escola: o dicionário era
atualizado a cada gincana, que pas-
sou a ser realizada anualmente pe-
los professores e estudantes.
Foi fácil perceber que os estudan-
tes passaram a se interessar mais pe-
las palavras novas apresentadas por
cada professor e, por consequência,
compreenderam melhor o conteúdo
abordado na sala de aula. Professores
e responsáveis puderam perceber,
também, que o interesse por leitura
aumentou, pois os estudantes com-
preenderam que, como falado tan-
tas vezes pelo professor de Língua
Portuguesa, realizar leituras de textos
ampliaria o vocabulário. Claro, com um
melhor vocabulário, maiores seriam
as chances de realizar uma excelente
gincana no próximo ano!
“A coordenadora Miriam percebeu o envolvimento de toda a escola, com estudantes e professores empenhados nas
atividades propostas em cada momento.
QUE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PODEM
SER UTILIZADAS PARA DESENVOLVER
DETERMINADAS HABILIDADES?
Com o intuito de subsidiar o trabalho docente, o texto seguinte traz sugestões
para que os professores de Língua Portuguesa trabalhem algumas habilidades
com os estudantes, em sala de aula.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA
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Seção 06
A importância de reconhecer semelhanças e diferenças de opiniões na formação de cidadãos críticos
Atualmente, o ensino de Língua
Portuguesa na Educação Básica en-
contra-se embasado numa concepção
de linguagem interacionista. Isso suge-
re conceber a linguagem não como um
mero refl exo do pensamento ou como
um meio de transmitir informações co-
difi cadas a um receptor, mas sim como
uma forma de agir sobre o interlocutor,
através da produção de efeitos de sen-
tido, em determinadas situações co-
municativas, desenvolvidas em deter-
minados contextos socioeconômicos,
históricos e ideológicos. Sob a pers-
pectiva interacionista, o leitor/ouvinte
torna-se um sujeito ativo na prática de
leitura e não mais um leitor que apenas
deveria extrair ou decodifi car passiva-
mente informações que seriam intrínse-
cas ao texto, que passa a ser entendido
como um produto de relações sociais,
condicionadas por diversos aspectos
socioculturais, envolvendo sujeitos
com experiências, ideologias e conhe-
cimentos diversos e particulares, que
são acionados no instante da leitura/
interação.
Decorrem dessa perspectiva, duas
grandes categorias textuais básicas: a
categoria de textos de interpretação
imediata, como notícias de jornal, ma-
nuais técnicos, normas de instrução,
receitas médicas ou culinárias etc. Tra-
ta-se de textos voltados para situações
de ordem prática, cuja leitura, normal-
mente, se desenvolve na vida cotidiana.
Ao contrário, em uma segunda catego-
ria, existem os textos mais complexos,
carregados de signifi cação, que podem
conter múltiplas interpretações distintas.
Trata-se, nesse caso, de textos voltados
à fruição estético-literária e a concep-
ções fi losófi cas, entre outras situações
interacionais não tão pragmáticas quan-
to às anteriores. Tais textos demandam
um processo de letramento mais amplo
para serem compreendidos – conside-
rando letramento o domínio de habili-
dades discursivas que vão além da al-
fabetização, ou seja, dos processos de
aquisição e apropriação da língua escri-
ta, no âmbito alfabético e ortográfi co; le-
tramento sugere domínio de habilidades
de leitura e escrita necessárias para uma
participação efetiva e competente nas
diversas práticas sociais que envolvem
a língua escrita.
Daí a importância de se trabalhar,
em sala de aula, com diferentes gê-
neros textuais, que exercem variadas
funções em nossa sociedade, para
que os alunos sejam familiarizados
com toda essa diversidade textual.
Essa perspectiva de ensino de Lín-
gua Portuguesa apresenta-se bastante
pertinente ao desenvolvimento de ha-
bilidades cobradas em avaliações ex-
ternas, aplicadas em larga escala, que
visam avaliar o desempenho escolar
e os fatores intra e extraescolares as-
sociados a esse desempenho, para
então desenvolver ações voltadas à
oferta de uma educação de qualidade
e à promoção da equidade de oportu-
nidades educacionais.
Uma das habilidades que são es-
peradas dos alunos nos anos fi nais do
Ensino Fundamental é reconhecer se-
melhanças e/ou diferenças de ideias e
opiniões na comparação entre textos
que tratem da mesma temática. Enten-
dendo a linguagem como um processo
dialógico, interacional por excelência,
consideramos a intertextualidade um
princípio inerente à comunicação hu-
mana. Nenhum texto é construído num
vácuo comunicativo, mas todos são
respostas a exigências sociais que se
impõem para que haja interação, e tais
respostas baseiam-se em textos orais
ou escritos, em experiências de vida,
ideologias, valores, enfi m, em uma sé-
rie de elementos prévios ao texto. Daí
a natural e constitutiva divergência de
opiniões sobre um mesmo tema que
convém aos alunos do 9º ano do En-
sino Fundamental saber distinguir para
poder compreender a realidade em
toda sua complexidade e, assim, exer-
cer a cidadania de modo pleno.
Nesse sentido, atividades que
apresentem aos alunos opiniões di-
vergentes sobre um determinado
tema podem auxiliá-los a desenvolver
tal habilidade. Assim, o professor pode
expor aos alunos alguns textos, que
podem até ser de gêneros diferentes,
verbais ou não verbais, e pedir que,
primeiro, identifi quem a temática de
cada um, como no exemplo a seguir
(extraído do ENEM 2003):
“Sob a perspectiva
interacionista, o leitor/ouvinte torna-se um
sujeito ativo na prática de leitura e não mais um leitor que apenas
deveria extrair ou decodifi car passivamente informações que seriam
intrínsecas ao texto
Desiguais na fi sionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de
trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados,
um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infi nitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro
afora.
(Nádia gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)
Observe a figura e o texto abaixo:
(Tarsila do Amaral, Operários, 1933)
O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em:
(A)
“Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas.”
(Vinícius de Moraes)
(B)
“Somos muitos severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima.”
(João Cabral de Melo Neto)
(C)
“O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada em arquivos.”
(Ferreira Gullar)
(D)
“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos
os sonhos do mundo.”
(Fernando Pessoa)
(E)
“Os inocentes do Leblon
Não viram o navio entrar (...)
Os inocentes, defi nitivamente inocentes, tudo ignora-
vam,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam pelas costas, e esquecem.”
(Carlos Drummond de Andrade)
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
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Para a compreensão da questão é necessário que o
estudante identifi que a intertextualidade presente entre a
pintura de Tarsila do Amaral e o trecho do poema de João
Cabral de Melo Neto, percebendo que tratam da mesma
temática, por meios de expressão distintos: Tarsila compõe
um texto não verbal, imagético, apresentando uma série de
rostos sobrepostos, em frente a uma estrutura que reme-
te, pelas fi guras cilíndricas em cinza escuro, representando
chaminés, e pelo prédio atrás delas, a uma fábrica.
O título do quadro, na legenda da fi gura, associado à
leitura de Nádia Gotlib sobre a obra, reforçam a referência
à massifi cação do trabalho industrial e às condições pre-
cárias de vida nas grandes cidades modernas. É importan-
te o professor ressaltar que diversas etnias aparecem na
obra, referindo à migração provida de diferentes regiões
do Brasil e do mundo para as grandes metrópoles, como
São Paulo.
Já os textos apresentados nas alternativas da questão
pertencem todos ao gênero poético, cuja especifi cidade é
provocar no leitor a fruição estética. Quatro deles abordam
temáticas diferentes, mas o de João Cabral de Melo Neto,
na alternativa B, remete à temática da obra de Tarsila ao co-
locar a todos como “muitos severinos/ iguais em tudo e na
sina:/ a de abrandar estas pedras/ suando-se muito em cima”.
Tais versos evocam a imagem de trabalho braçal, duro, ex-
tenuante, ao qual Tarsila remete retratando a fi sionomia dos
operários com um ar apático, cansado, triste – sentimentos
que remetem às péssimas condições de trabalho que mar-
caram o período de grave crise econômica, defl agrada pela
quebra da Bolsa de Nova Iorque, período no qual o quadro
foi produzido. E à leitura de Nádia Gotlib quando diz que os
trabalhadores, apesar de diferentes, “são iguais enquanto
frente de trabalho”.
Tendo auxiliado os alunos a identifi carem o tema em
comum entre a tela de Tarsila e o poema de Cabral, cabe
ao professor, no intuito de desenvolver neles a capacidade
de reconhecer semelhanças e/ou diferenças de ideias e opi-
niões na comparação entre textos que tratem da mesma te-
mática, perguntar-lhes como tais textos abordam o tema – o
que pode ser feito por meio de uma questão objetiva, como
a seguinte:
De que forma ou perspectiva o mesmo tema é abordado no poema e no quadro acima?
a. Com base em matérias de jornais e revistas.
b. A partir do ponto de vista dos patrões desses traba-
lhadores.
c. De modo irônico, satírico.
d. A partir do ponto de vista dos trabalhadores repre-
sentados.
A alternativa que responde corretamente à questão é a
letra D. É importante que o professor explicite isso, que ambos,
o poema e a tela, abordam o assunto do ponto de vista dos
trabalhadores, como se nota logo na primeira palavra do poe-
ma: “Somos” – verbo conjugado na primeira pessoa, aquela
que profere o discurso. Em vez de dizer “Eles são muitos se-
verinos”, o poeta optou por dar voz àqueles que são normal-
mente silenciados, ou seja, em vez de falar sobre eles, são
eles que “falam” no poema. No quadro de Tarsila, esse efeito
é provocado pela representação direta dos operários, como
se fosse um retrato, como se eles olhassem diretamente para
o espectador.
Contudo, não basta que os alunos reconheçam as seme-
lhanças, mas também é preciso que percebam as diferenças
de ideias e opiniões entre textos que tratam da mesma temá-
tica. Nessa perspectiva, o professor pode elaborar atividades
objetivas, que apresentem aos alunos opiniões divergentes,
de modo que eles identifi quem-nas, como no seguinte exem-
plo:
“Lembremos, contudo, que não basta os alunos reconhecerem
apenas semelhanças, mas também diferenças de ideias e opiniões entre textos que tratem da mesma temática.
Leia atentamente os textos abaixo e responda as
questões seguintes:
“A análise dos dados permite-nos observar um cresci-
mento progressivo das notas de corte de todos os cursos
da UFMG nos últimos anos, desde 2013. É possível obser-
var também que as notas de corte de estudantes cotistas é,
invariavelmente, mais baixa do que as notas dos estudan-
tes não cotistas; diferença que varia mais ou menos, depen-
dendo do curso. A leitura deste dado, todavia, não deve-
ria ser feita dissociada dos dados, divulgados pela própria
UFMG em 2015, que evidenciam que o desempenho de
estudantes cotistas, medido por suas notas, mostrou-se
igual ou superior às notas de estudantes não cotistas ao
longo do curso. Creio que tal ressalva seja de fundamental
importância para que não retornemos ao discurso de que
o ingresso de estudantes cotistas, com notas de ingresso
mais baixas, ameaçaria a qualidade das instituições de en-
sino superior.”Rodrigo Ednilson
Coordenador-Geral de Educação para as Relações Étnico-Raciais do Ministério da Educação
Jornal Estado de Minas, 26/01/2016.
“Tratam-se de maneira desigual candidatos que deve-
riam ser considerados como iguais frente à situação de exa-
me.
No entanto, a resposta dos defensores do sistema a
essa crítica é pertinente: a sociedade já trata de maneira ex-
tremamente desigual, e desde o berço, pessoas que supos-
tamente deveriam ser iguais (a ponto de muitas não terem
sequer berço que as embale). O sistema de cotas reconhece
o problema e tenta corrigi-lo ao menos em parte, favorecen-
do quem havia sido desfavorecido lá atrás.
Minha segunda razão para ser contra responde à réplica
acima. O sistema de cotas, favorecendo quem foi historica-
mente desfavorecido pela sociedade, como negros, índios
e pobres, ataca as consequências do problema e não suas
causas. Ao fazê-lo, pode ajudar a perpetuar essas causas ne-
gativas, escondendo-as sob a novidade das cotas.”Gustavo Bernardo
Doutor em Literatura Comparada,Professor do Instituto de Letras da UERJ
e pesquisador do CNPq.
Revista Eletrônica do Vestibular, UERJ, Ano 2, n. 4, 2009
Qual o tema de ambos os textos?
a. Desigualdade social.
b. Sistema de cotas no vestibular.
c. Análise de dados.
d. Nota de corte do vestibular.
e. Nenhuma das anteriores.
Evidentemente, ambos os textos tratam do sistema de
cotas para ingresso em universidades, embora toquem nos
assuntos apresentados nas alternativas A, C e D. Contudo,
tais alternativas apresentam elementos que servem à argu-
mentação dos autores citados, e não ao tema central de
seus textos.
Como ambos os textos abordam tal tema?
a. Ambos são a favor.
b. Ambos são contra.
c. Apenas o texto I é contra.
d. Apenas o texto II é a favor.
e. Com opiniões divergentes entre si.
É importante que o professor ressalte que a divergên-
cia de opiniões consiste no fato de o autor do texto I ser
favorável ao sistema de cotas com base em dados ofi ciais
que atestam que o ingresso de alunos por meio desse sis-
tema não prejudica a qualidade do ensino superior, já que
o desempenho dos estudantes cotistas tem sido igual ou
superior ao dos estudantes não cotistas ao longo do curso;
já o autor do texto II é contra tal sistema por considerar que
as cotas atacam as consequências e não as causas da desi-
gualdade e, por isso, não resolveriam o problema.
Além disso, seria oportuno também aproveitar os tex-
tos para demonstrar aos alunos como cada autor defende
sua opinião, como nas questões seguintes:
Como o autor do primeiro texto fundamenta sua opinião?
a. Com base no senso comum.
b. Com base no conhecimento de especialistas no assunto.
c. Com base em dados ofi ciais.
d. Com base em pesquisa de campo.
e. Nenhuma das anteriores.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA LíNguA PoRTuguESA - 7º ANo Do ENSINo FuNDAmENTAL SAETHE 2015
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Como se nota logo na primeira frase do texto e, em
seguida, na terceira, a resposta correta para a questão é a
alternativa C. O autor do texto não recorre a especialistas,
ou seja, não se utiliza de argumentos de autoridade e, de
certo modo, até rejeita o senso comum segundo o qual es-
tudantes cotistas comprometeriam a qualidade do ensino
superior por não terem uma boa formação básica.
Analogamente, pode-se perguntar a respeito do texto II:
Como o autor do segundo texto fundamenta sua opinião?
a. Com base no conhecimento de especialistas no as-
sunto.
b. Com base em dados oficiais.
c. Com base em pesquisa de campo.
d. Com base no senso comum.
e. Nenhuma das anteriores.
O autor do texto II defende sua opinião de forma lógi-
ca, argumentando que as cotas, por si só, não atacam as
causas da desigualdade, que são de ordem econômica,
social, política, histórica e cultural. Esse sistema “facilitaria”
o ingresso de negros, índios e pobres no ensino público su-
perior sem, no entanto, diminuir a desigualdade. A alterna-
tiva correta seria, então, a letra E, pois o autor do texto não
recorre a argumentos de autoridade, nem a dados oficiais
ou a pesquisa de campo. O autor desenvolve um raciocí-
nio coerente, com base na lógica – o que não quer dizer
que sua opinião seja uma verdade absoluta e incontestável,
mas apenas que tem coerência.
SAETHE 2015 REvISTA PEDAgógICA
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Reitor da Universidade Federal de Juiz de ForaMarcus Vinicius David
Coordenação Geral do CAEdLina Kátia Mesquita de Oliveira
Coordenação da Unidade de PesquisaTufi Machado Soares
Coordenação de Análises e PublicaçõesWagner Silveira Rezende
Coordenação de Design da ComunicaçãoRômulo Oliveira de Farias
Coordenação de Gestão da InformaçãoRoberta Palácios Carvalho da Cunha e Melo
Coordenação de Instrumentos de AvaliaçãoRenato Carnaúba Macedo
Coordenação de Medidas EducacionaisWellington Silva
Coordenação de Monitoramento e IndicadoresLeonardo Augusto Campos
Coordenação de Operações de AvaliaçãoRafael de Oliveira
Coordenação de Processamento de DocumentosBenito Delage
Ficha catalográfica
TERESINA. Secretaria municipal de Educação.
SAETHE – 2015/ universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.
v. 1 ( jan./dez. 2015), Juiz de Fora, 2015 – Anual.
Conteúdo: Revista Pedagógica - Língua Portuguesa - 7º ano do Ensino Fundamental.
ISSN 2359-5426
CDu 373.3+373.5:371.26(05)