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Literatura Realismo e Naturalismo - resumo, contexto histórico, autores, dicas e questão comentada 23/09/2010 18h12 A partir da segunda metade do século 20, as concepções estéticas que nortearam o ideário romântico começaram a perder espaço. Uma nova tendência, baseada na trama psicológica e em personagens inspirados na realidade, toma conta da literatura ocidental. Estava inaugurado o Realismo-Naturalismo. No Brasil, essa passagem ocorre em 1881, com a publicação de Memória Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1839-1908), e de O Mulato, de Aluísio Azevedo (1857-1913). Enquanto o livro de Machado apresenta acentuado viés realista, o de Aluísio é claramente naturalista. Realismo O Realismo brasileiro é completamente diferente do europeu. A obra de seu principal autor, Machado de Assis, escapa de qualquer tentativa de classificação esquemática. Na fase madura, Machado produz uma literatura essencialmente problematizadora. Com minuciosa investigação psicológica, ele indaga a existência humana. Ele ainda substitui o determinismo biológico por acentuado pessimismo existencialista e discute temas como a relatividade da loucura e a exploração do homem pelo próprio homem. A intertextualidade e a metalinguagem marcam o estilo de Machado. O uso da linguagem poética, do jogo proposital de ambigüidades, da recuperação de lugares comuns e do microrrealismo psicológico também são características fundamentais da obra machadiana. Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires são alguns romances do autor. Naturalismo O principal autor naturalista no Brasil é Aluísio Azevedo. O determinismo social predomina em sua obra, construída através de observação rigorosa do mundo físico e da zoomorfização das personagens. Aluísio é autor de O mulato, Casa de pensão e O cortiço, obras com acentuado caráter investigativo e cuidadosa análise de comportamentos sociais. Com o que ficar atento? A riqueza literária do Realismo-Naturalismo no Brasil não se restringe à prosa de ficção. A dramaturgia também evolui e consolida a comédia de costumes como um gênero maior na obra de França Júnior e Artur Azevedo, por exemplo. Vale lembrar que o Realismo-Naturalismo brasileiro oferece amplo painel de uma época em que o país era monárquico, escravocrata, patriarcalista e passava por profundas mudanças socioeconômicas e culturais.

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LITERATURA BRASILEIRA

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Literatura

Realismo e Naturalismo - resumo, contexto histórico, autores, dicas e questão comentada23/09/2010 18h12A partir da segunda metade do século 20, as concepções estéticas que nortearam o ideário romântico começaram a perder espaço. Uma nova tendência, baseada na trama psicológica e em personagens inspirados na realidade, toma conta da literatura ocidental. Estava inaugurado o Realismo-Naturalismo.No Brasil, essa passagem ocorre em 1881, com a publicação de Memória Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1839-1908), e de O Mulato, de Aluísio Azevedo (1857-1913). Enquanto o livro de Machado apresenta acentuado viés realista, o de Aluísio é claramente naturalista.RealismoO Realismo brasileiro é completamente diferente do europeu. A obra de seu principal autor, Machado de Assis, escapa de qualquer tentativa de classificação esquemática.Na fase madura, Machado produz uma literatura essencialmente problematizadora. Com minuciosa investigação psicológica, ele indaga a existência humana. Ele ainda substitui o determinismo biológico por acentuado pessimismo existencialista e discute temas como a relatividade da loucura e a exploração do homem pelo próprio homem.

A intertextualidade e a metalinguagem marcam o estilo de Machado. O uso da linguagem poética, do jogo proposital de ambigüidades, da recuperação de lugares comuns e do microrrealismo psicológico também são características fundamentais da obra machadiana. Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires são alguns romances do autor.

NaturalismoO principal autor naturalista no Brasil é Aluísio Azevedo. O determinismo social predomina em sua obra, construída através de observação rigorosa do mundo físico e da zoomorfização das personagens. Aluísio é autor de O mulato, Casa de pensão e O cortiço, obras com acentuado caráter investigativo e cuidadosa análise de comportamentos sociais.

Com o que ficar atento?A riqueza literária do Realismo-Naturalismo no Brasil não se restringe à prosa de ficção. A dramaturgia também evolui e consolida a comédia de costumes como um gênero maior � na obra de França Júnior e Artur Azevedo, por exemplo.

Vale lembrar que o Realismo-Naturalismo brasileiro oferece amplo painel de uma época em que o país era monárquico, escravocrata, patriarcalista e passava por profundas mudanças socioeconômicas e culturais.

Como pode cair no vestibular?Muitos vestibulares tem cobrado conhecimentos sobre a obra de Machado de Assis e os temas problematizados pelo autor, como a própria vida e a literatura.

Como já caiu no vestibular?(PUC-SP) No romance Dom Casmurro, o narrador declara: "O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência". Entre as duas pontas, desenvolve-se o enredo da obra. Assim, indique a seguir a alternativa cujo conteúdo não condiz com o enredo machadiano.

a) A história envolve três personagens, Bentinho, Capitu e Escobar, e três projetos, todos cortados quando pareciam atingir a realização.

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b) O enredo revela um romance da dúvida, da solidão e da incomunicabilidade, na busca do conhecimento da verdade interior de cada personagem.c) A narrativa estrutura-se ao redor do sentimento de ciúme, numa linha de ascensão de construção de felicidade e de dispersão, com a felicidade destruída.d) A narrativa se marca por digressões que chamam a atenção para a inevitabilidade do que vai narrar, como o que ocorre na analogia da vida com a ópera e em que o narrador afirma "cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quattuor..."e) O enredo envolve um triângulo amoroso após o casamento e todas as ações levam a crer na existência clara de um adultério.GabaritoResposta correta: EComentário: Narrado sob a perspectiva viciada e unilateral de um narrador personagem tendencioso, o romance Dom Casmurro é construído sob o signo da incerteza.

"O Cortiço" - Análise da obra de Aluísio de Azevedo03/09/2012 21h 07

Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas, que explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico.

Uma alegoria do Brasil do século XIXAo ser lançado, em 1890, "O Cortiço" teve boa recepção da crítica, chegando a obscurecer escritores do nível de Machado de Assis. Isso se deve ao fato de Aluísio de Azevedo estar mais em sintonia com a doutrina naturalista, que gozava de grande prestígio na Europa. O livro é composto de 23 capítulos, que relatam a vida em uma habitação coletiva de pessoas pobres (cortiço) na cidade do Rio de Janeiro. 

O romance tornou-se peça-chave para o melhor entendimento do Brasil do século XIX. Evidentemente, como obra literária, ele não pode ser entendido como um documento histórico da época. Mas não há como ignorar que a ideologia e as relações sociais representadas de modo fictício em "O Cortiço" estavam muito presentes no país.

Essa obra de Aluísio de Azevedo tem como influência maior o romance "L’Assommoir" do escritor francês Émile Zola, que prescreve um rigor científico na representação da realidade. A intenção do método naturalista era fazer uma crítica contundente e coerente de uma realidade corrompida. Zola e, neste caso, Aluísio combatem, como princípio teórico, a degradação causada pela mistura de raças. Por isso, os romances naturalistas são constituídos de espaços nos quais convivem desvalidos de várias etnias. Esses espaços se tornam personagens do romance.

É o caso do cortiço, que se projeta na obra mais do que os próprios personagens que ali vivem. Em um trecho do romance o narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o caráter moral de quem habita seu interior.

Mais do que empregar os preceitos do naturalismo, a obra mostra práticas recorrentes no Brasil do século XIX. Na situação de capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos pobres moradores do cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção social mais elevada que João Romão, vive em seu palacete com ares aristocráticos e teme o crescimento do cortiço. Por isso pode-se dizer que "O Cortiço" não é somente um romance naturalista, mas uma alegoria do Brasil.

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O autor naturalista tinha uma tese a sustentar sua história. A intenção era provar, por meio da obra literária, como o meio, a raça e a história determinam o homem e o levam à degradação. A obra está a serviço de um argumento. Aluísio se propõe a mostrar que a mistura de raças em um mesmo meio desemboca na promiscuidade sexual, moral e na completa degradação humana. Mas, para além disso, o livro apresenta outras questões pertinentes para pensar o Brasil, que ainda são atuais, como a imensa desigualdade social.

NarradorA obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo), como propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder total na estrutura do romance: entra no pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico.

O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade, como se o narrador se apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é ilusório, porque o procedimento de representar a realidade de forma objetiva já configura uma posição ideologicamente tendenciosa. 

TempoEm "O Cortiço", o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e desfecho da narrativa. A história se desenrola no Brasil do século XIX, sem precisão de datas. Há, no entanto, que ressaltar a relação do tempo com o desenvolvimento do cortiço e com o enriquecimento de João Romão. 

EspaçoSão dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço, amontoado de casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes baixas. Funciona como um organismo vivo. Junto ao cortiço estão a pedreira e a taverna do português João Romão.

O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família. O sobrado representa a burguesia ascendente do século XIX. Esses espaços fictícios são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante natureza local como meio determinante. Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano funciona como elemento corruptor do homem local.

Comentário do professorO cortiço é considerado o melhor representante do movimento naturalista brasileiro, afirma o professor Marcílio Mendes do Colégio Anglo. As principais características do Naturalismo seriam a animalização das personagens e, consequentemente, a ação baseada em instintos naturais, tais como os instintos sexuais e os de sobrevivência. Assim, seria importante o aluno saber reconhecer como estas características estão presentes dentro da obra, afirma o professor.

Em "O cortiço" aparecem basicamente duas linhas de conduta: uma que trata das questões sociais e outra das questões individuais e sentimentais. No caso das questões sociais, temos como maior representante a personagem João Romão, que torna-se um grande comerciante passando por cima de tudo e todos. Assim, através de uma representação crua das relações sociais, que aqui são puramente movidas pelo interesse individual, têm-se uma crítica social. Já nas questões individuais/sentimentais, temos a personagem de Jerônimo, que casa com a Rita Baiana, mas não por amor. Ele se envolve com ela porque se sente atraído sexualmente por ela.

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Segundo o professor Marcílio, outro ponto que pode ser destacado é o fato de o próprio cortiço acaba de se tornando, de certa forma, uma personagem do livro devido a uma personificação do espaço. Por exemplo, em certo momento o narrador diz que “os olhos do cortiço se abrem”, ao invés de dizer “as janelas do cortiço se abrem”. Essa característica tem bastante a ver com o fato de, para a corrente naturalista, o meio ter grande influência na ação das personagens. Outro exemplo disso na obra O cortiço é o próprio sol. Em certo momento, a esposa de Jerônimo culpa o sol por todas as desgraças que ocorreram em sua vida.

Assim, segundo o professor Marcílio, o aluno deve ficar atento à questões que giram em torno de episódios do romance e que cobrem, além do próprio enredo, o entendimento acerca das personagens e suas caracterizações, a influência do espaço na ação dessas personagens e também em como as características do naturalismo aparecem na obra.

"O Cortiço" - Resumo da obra de Aluísio de Azevedo03/09/2012 20h 59

Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas, que explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico.

ResumoO livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso.

Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal. Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre os dois.

Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço. Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, freqüentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa.

No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é o caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata Rita Baiana. Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda todos os seus hábitos.

A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente. Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos. 

O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para

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se transformar na Vila João Romão.

O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado. 

Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão.

Lista de personagensOs personagens da obra são psicologicamente superficiais, ou seja, há a primazia de tipos sociais. Os principais são: 

João Romão: taverneiro português, dono da pedreira e do cortiço. Representa o capitalista explorador. 

Bertoleza: quitandeira, escrava cafuza que mora com João Romão, para quem ela trabalha como uma máquina. 

Miranda: comerciante português. Principal opositor de João Romão. Mora num sobrado aburguesado, ao lado do cortiço. 

Jerônimo: português “cavouqueiro”, trabalhador da pedreira de João Romão, representa a disciplina do trabalho. 

Rita Baiana: mulata sensual e provocante que promove os pagodes no cortiço. Representa a mulher brasileira. 

Piedade: portuguesa que é casada com Jerônimo. Representa a mulher europeia. 

Capoeira Firmo: mulato e companheiro que se envolve com Rita Baiana. 

Arraia-Miúda: representada por lavadeiras, caixeiros, trabalhadores da pedreira e pelo policial Alexandre.

Sobre Aluísio de AzevedoAluísio de Azevedo nasceu em São Luís, Maranhão, em 14 de abril de 1857. Após concluir seus estudos na terra natal, transfere-se em 1876 para o Rio de Janeiro, onde prossegue seus estudos na Academia Imperial de Belas-Artes. Começa, então, a trabalhar como caricaturista para jornais. 

Com o falecimento do pai em 1879, Aluísio de Azevedo retorna ao Maranhão para ajudar a sustentar a família, época em que dá início à carreira literária movido por dificuldades financeiras. Assim, publica em 1880 seu primeiro livro, Uma lágrima de mulher. Com a questão abolicionista ganhando cada vez mais espaço no final do século XIX, publica em 1881 o romance "O mulato", obra que inaugurou o Naturalismo no Brasil e que escandalizou a sociedade pelo modo cru com que trata a questão racial. Devido ao sucesso que a obra obteve na corte, Aluízio volta à capital imperial e passa a exercer o ofício de escritor, publicando diversos romances, contos e peças de teatro.

Em 1910 instala-se em Buenos Aires trabalhando como cônsul e vem a falecer três anos depois nessa mesma cidade em 21 de janeiro de 1913. 

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Suas principais obras são: "O mulato" (1881), "Casa de pensão" (1884) e "O cortiço" (1890).

O Realismo e o Naturalismo apresentam semelhanças e diferenças

entre si. O Realismo retrata o homem interagindo com seu meio

social, enquanto o Naturalismo mostra o homem como produto de

forças “naturais”, desenvolve temas voltados para a análise do

comportamento patológico do homem, de suas taras sexuais, de seu

lado animalesco.

Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da

hereditariedade e seu comportamento é fruto do meio em que vive e

sobre o qual age.

A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os

naturalistas, esses acreditavam ser a seleção natural que

impulsionava a transformação das espécies.

Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o

natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como

elementos que compõem a personalidade humana.

Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de

modo definitivo a estética naturalista.

Os autores naturalistas criavam narradores oniscientes, impassíveis

para dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como

o homossexualismo, o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura,

criando personagens que eram dominados por seus instintos e

desejos, pois viam no comportamento do ser humano traços de sua

natureza animal.

No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Eça de Queirós com

as obras O crime do padre Amaro e O primo Basílio, publicadas na

década de 1870. Aluísio de Azevedo com a obra O mulato, publicada

em 1881, marcou o início do Naturalismo brasileiro, a obra O cortiço,

também de sua autoria, marcou essa tendência.

Em O cortiço a face completa do Naturalismo pode ser vista, nessa

obra o indivíduo é envolvido pelo meio, o cenário é promíscuo e

insalubre e retrata o cruzamento das raças, a explosão da

sexualidade, a violência e a exploração do homem.

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Além de Aluízio de Azevedo e Eça de Queirós, existem outros

escritores que se destacaram como Júlio Ribeiro com o romance A

carne (1888); Adolfo Caminha com A normalista (1893) e O bom-

crioulo; Raul Pompéia com O Ateneu (1888).

Por Marina Cabral

Especialista em Língua Portuguesa

Realismo e NaturalismoQua, 21 de Janeiro de 2009 23:29 Administrador

Em 1857 é publicado na França o romance "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, considerado o

primeiro romance realista da literatura universal. O primeiro romance naturalista é publicado em 1867,

sendo "Thérèse Raquin", de Émile Zola. No Brasil, considera-se 1881 o ano inicial do Realismo brasileiro,

com a publicação de "O Mulato", de Aluísio Azevedo (primeiro romance naturalista brasileiro); e

"Memórias Póstumas de Brás Cubas"", de Machado de Assis (primeiro romance realista do Brasil).

O Realismo é uma reação contra o Romantismo: 

O Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do

homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos - para condenar o que houve de mau na nossa

sociedade.

(Eça de Queirós)

As características do Realismo estão intimamente ligadas ao momento histórico, refletindo as idéias do

Positivismo, do Socialismo e do Evolucionismo. Manifesta o objetivismo, como uma negação do

subjetivismo romântico; o personalismo cede terreno ao universalismo; o materialismo leva a negação do

sentimentalismo.O Realismo preocupa-se com o presente, o contemporâneo (a volta ao passado histórico

do Romantismo é posta de lado).

Os autores do Realismo são adeptos do determinismo, pelo qual a obra de arte seria determinada por três

fatores: o meio; o momento; e a raça (esta dizendo respeito à hereditariedade). O avanço das ciências, no

século XIX, tem grande influência, principalmente sobre os naturalistas (daí falar-se em cientificismo nas

obras desse período). Ideologicamente, os autores desse período são antimonárquicos (defendem o ideal

republicano); negam a burguesia (a partir da célula-mãe da sociedade, daí a presença constante dos

triângulos amorosos - o pai traído, a mãe adúltera e o amante, este sempre um "amigo da casa"); são

anticlericais (destacam-se os padres corruptos e beatas hipócritas).

Romance realista

É uma narrativa mais preocupada com a análise psicológica, fazendo crítica à sociedade a partir do

comportamento de determinados personagens. Faz uma análise da sociedade "por cima", visto que seus

personagens são capitalistas, pertencentes à classe dominante. Este tipo de romance é documental,

sendo retrato de uma época. Foi cultivado no Brasil por Machado de Assis, em obras como "Memórias

Póstumas de Brás Cubas", "Quincas Borba" e "Dom Casmurro".

Romance naturalista

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Sua narrativa é marcada pela análise social a partir dos grupos humanos marginalizados, valorizando o

coletivo. A influência de Darwin é marcante na máxima naturalista segundo a qual o homem é um animal,

deixando-se levar pelos instintos naturais, que não podem ser reprimidos pela moral da classe dominante.

A constante repressão leva às taras patológicas, bem ao gosto dos naturalistas; esses romances são

mais ousados, apresentando descrições minuciosas de atos sexuais, tocando até em temas como o

homossexualismo. Foi cultivado no Brasil por Aluísio de Azevedo ("O Mulato") e Júlio Ribeiro. Raul

Pompéia é um caso a parte, pois seu romance, "O Ateneu", apresenta características ora naturalistas, ora

realistas, ora impressionistas. Existem várias semelhanças entre o romance realista e o naturalista,

podendo-se até mesmo afirmar que ambos partem de um ponto comum para chegarem a mesma

conclusão, sendo que percorrendo caminhos distintos.

SÍNTESE DOS AUTORES DO REALISMO/NATURALISMO BRASILEIRO:

Romance realista

Machado de Assis

Raul Pompéia (com características tanto do Realismo quanto do Naturalismo)

Romance naturalista

Social

Aluízio de Azevedo

Urbano

Júlio Ribeiro

Obras:

Padre Belchior de Pontes

A Carne

Adolfo Caminha

Obras:

O Bom Crioulo

Principais Representantes no Brasil

Machado de Assis

Raul Pompéia

Aluízio de Azevedo

RomantismoO Romantismo se inicia no Brasil em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica na França a

“Niterói” - Revista Brasiliense e, no mesmo ano, lança um livro de poesias românticas intitulado Suspiros

poéticos e saudades.O Romantismo no Brasil coincide com os movimentos políticos de independência. A

imagem do português conquistador deveria ser varrida; há necessidade de auto-afirmação da Pátria que

se formava. De fato, a literatura dos princípios do século XIX reflete um profundo sentimento nacionalista.

A literatura romântica expressa uma ligação com o movimento libertador de 1822, um desejo de construir

uma pátria nova, de criar uma literatura nacional. Segundo Karl Menheim, o “Romantismo expressa os

sentimentos dos descontentes com as novas estruturas: a nobreza decadente e a pequena burguesia em

ascensão”. Daí as atitudes saudosistas ou reivindicatórias que caracterizam o Romantismo.

A POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRA PODE SER DIVIDIDA EM TRÊS GERAÇÕES:

1ª geração

(nacionalista ou indianista) - marcada pela busca de uma identidade nacional, pela exaltação da natureza.

Volta ao passado histórico, medievalismo e criação do herói nacional. Entre os principais autores podem

ser destacados Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto Alegre.

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2ª geração

(do "mal século") - influenciada pela poesia de Lord Byron e Musset, impregnada de egocentrismo,

negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescente e tédio constante. Seu tema preferido é

a fuga da realidade. A poesia é intimista e egocêntrica. Os poetas dessa geração foram Álvares de

Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.

3ª geração

(condoreira) - caracterizada pela poesia social e libertária. Sofreu forte influência de Victor Hugo e sua

poesia político-social. O termo condoreirismo é conseqüência do símbolo de liberdade adotado pelos

jovens românticos: o condor. Seu principal representante foi Castro Alves, seguido por Tobias Barreto e

Sousândrade

Principais Representantes:

Casimiro de Abreu

Castro Alves

Fagundes Varela

Visconde de Taunay

Joaquim Manuel de Macedo

Junqueira Freire

Martins Pena

Romantismo (prosa)

- cronologicamente o 1º romance brasileiro foi "O filho do pescador" (1843), de autoria de Teixeira e

Sousa, porém sua trama confusa não define as linhas que o romance romântico seguiria no Brasil. Por

isso, convencionou-se adotar o romance "A Moreninha" (1844), de Joaquim Manuel de Macedo, como 1º

romance brasileiro. Como autores importantes ainda podem ser citados Manuel Antônio de Almeida, José

de Alencar , Visconde de Taunay e Bernardo Guimarães. Teatro Romântico

- é no Romantismo que se define o teatro nacional, em virtude da vinda da família real para o Brasil

(1808). Gonçalves de Magalhães, com Antônio José ou o poeta e a inquisição (1838), seu iniciador; e

Martins Pena, com suas comédias de costumes, ao lado do importante papel desempenhado pelo ator

João Caetano, foram responsáveis por sua consolidação.

ArcadismoSáb, 17 de Janeiro de 2009 00:18 Administrador

"Lede que é tempo os clássicos honrados,

Herdei seus bens, herdei essas conquistas."

(Filinto Elísio -árcade portugês)

 

Em Portugal. o Arcadismo terá início em 1756, data da fundação da Arcádia Lusitana, e perdurará até

1825, data da publicação do poema Camões, de Almeida Garrett;

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No Brasil, irá de 1768, com a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, até 1836,

quando Gonçalves de Magalhães publicando Suspiros Poéticos e Saudades, inicia o Romantismo.

O estilo Árcade reagirá contra os excessos do Barroco preconizando a restauração dos ideais clássicos,

impregnando linguagem poética de simplicidade e racionalismo, a exemplo dos modelos greco-latinos.

Neste contexto, o estilo também é conhecido pelo nome de Neoclassismo; quando reflete as inquietações

que preparavam a eclosão do Romantismo, não será incorreto rotulá-lo Pré-Romântico.

Uma importante transformação cultural ocorrerá em terras européias principalmente a partir da segunda

metade do século XVIII. As idéias religiosas, retrógradas e medievais, reagirão os ideais Racionalistas e

lluministas, que valorizarão o saber a razão e a inteligência. Este clima de renovação fortalecerá os ideais

burgueses em detrimento dos aristocráticos, e prepararão a sociedade para o climax libertário que se

espalharia em seguida (queda da Bastilha. Independência dos E.E.U.U.). As cidades se desenvolvem e

são detectados os primeiros indícios de êxodo rural. Jean Jacques Rousseau, filósofo fancês, em sua

obra Emílio, dirá que o homem precisa crescer em contato com o campo, já que apenas nele poderá

permanecer puro e natural. É a teoria do bom selvagem, que justificaria o "fugere urberm” preconizado

nos poemas da escola. Esta onda de transformações chegará a Portugal, onde reina D.José, mas

governa o Marquês de Pombal, que procurará modernizar a sociedade portuguesa, expulsando os

jesuítas do sistema educacional português.

Esta atitude, em 1756 passou para a história conhecida como Laicização Culturai, já que, em lugar dos

jesuítas, leigos passaram a tomar conta do ensino. Foi quando as obras clássicas foram revalorizadas.

Horácio, Teócrito, Virgílio entre outros gregos, foram interpretados, traduzidos e divulgados.

Arcadismo vem de Arcádia - uma lendária região grega,dominada pelo deus Pan, habitada por pastores

que cultivavam a música, a poesia e a natureza.

Características do estilo:

Simplicidade e equilíbrio

Os árcades propunham a restauração da simplicidade na linguagem propondo o abandono de antíteses,

metáforas ousadas, paradoxos e ordem inversa, dando preferência pela ordem direta.

Bucolismo e pastorolismo

A adesão ao conceito aristotélico de que a arte concebida oas pastores são tomados como modelos e

paisagens tipicamente campestres serão evocadas. A fidelidade a este preceito fez com que os poetas

adotassem pseudônimos pastoris. Assim, Cláudio Manuel da Costa será Glauceste (Alceste) Satúrnio:

Tomás Antônio Gonzaga será Dirceu; Basilio da Gama, Termindo Sepílio; o português Bocage, Elmano

Sadino, etc.

Valorização do tempo presente

A concepção epicurista "Carpe diem", tão presente principalmente em Tomás Antônio Gonzaga, no Brasil,

a exploração da paisagem nacional, distante do padrão europeu, notadamente em Cláudio Manuel da

Costa e Basilio da Gama, impregnará o arcadismo de nativismo.

lncorporação da mitologia

Como conseqüência da retomada da tradição ciássica, a poesia árcade faz freqüentes alusões aos

deuses da mitologia e aos heróis da história grega.Em Basilio da Gama, o elemento mitológico será

substituído pelo fetichismo indígena.

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Principais Autores

Cláudio Manuel da Costa

Basilio da Gama

Frei José de Santa Rita Durão

Tomás Antônio Gonzaga

BarrocoSáb, 17 de Janeiro de 2009 00:15 Administrador

 

"Que, por mais que pequei, neste conflito

Espero em vosso amor de me salvar." 

(Gregório de Matos Guerra)

 

CONTEXTO HISTÓRICO

Em nosso Barroco, o centro econômico, político e social é a Bahia. Expande-se a exploração do açúcar,

que passa a ser a base de sustentação da colônia. Consolida-se o poder colonizador, que prospera cada

vez mais e que será preciso defender da infiltração européia ( holandeses, franceses ). O colono

familiariza-se com o lucro fácil, com a riqueza. Surgem as casas grandes e as senzalas, os primeiros

escravos são importados da África e têm início as uniões entre índios, brancos e africanos, fazendo surgir

uma nova sociedade.

Vive-se na opulência e no luxo. O jogo é cultivado como diversão ociosa. Esta vida em pecado faz com

que os colonos temam a Deus e seu dinheiro servirá também para a construção de capelas, igrejas,

conventos e irmandades.Assim, na Bahia e em Pernambuco do século XVII, o Barroco do Açúcar, em que

a literatura se destaca como principal atividade artística. Já em Minas Gerais e no século XVIII,

desenvolveu-se o Barroco do Ouro, em que se realçam, quantitativa e qualitativamente, a arquitetura, as

artes plásticas e a música.

Representantes da Literatura

Bento Teixeira Pinto

Gregório de Matos Guerra

Page 12: Literatur A

A Pintura e a Arquitetura Barroca no Brasil:

Uma característica marcante da pintura barroca é o efeito de ilusão buscado pelos artistas. Eles pintam

cenas de elementos arquitetônicos ( colunas, escadas, balcões, degraus ) que dão uma incrível ilusão de

movimento e ampliação de espaço, chegando, em alguns casos, a dar a impressão de que a pintura é

realidade e a parede, de fato, não existe. Um bom exemplo brasileiro desse ilusionismo é o teto pintado

por Manuel da Costa Ataíde na Igreja São Francisco de Assis, em Ouro Preto.

Na arquitetura barroca, o emprego freqüente da coluna sinuosa é uma forma de romper com a rigidez das

linhas retas da arquitetura renascentista, inspirada na antigüidade grega e romana. Colunas, altares e

púlpitos eram recobertos com espirais, flores, monstros e anjos, num jogo de cores e formas que,

juntando pintura, escultura e arquitetura, provocava um grande impacto visual.

Na metade do século XVIII, o Barroco já tinha entrado em declínio na Europa. Mas em algumas regiões

do Brasil, especialmente em Minas Gerais, ele teve um último desenvolvimento, estimulado pela riqueza

gerada pela descoberta de ouro e pedras preciosas. O artista mais original do barroco brasileiro foi

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho ( 1730 - 1814 ). Arquiteto, entalhador e escultor, as obras do

Aleijadinho constituem, até hoje, um dos pontos mais altos da arte brasileira. Na pintura, destaca-se

Manuel da Costa Ataíde (1762 - 1837).

Obras Barrocas no Brasil :

Teto da Igreja São Francisco de Assis (Ouro Preto - MG) por Manuel da Costa Ataíde.

Page 13: Literatur A

Igreja no estilo Barroco projetada por Aleijadinho, em Congonhas do Campo MG.

Detalhe de "Os Profetas" de Aleijadinho. Basílica do Bom Jesus de Matosinho (Congonhas do Campo -

MG).

Vista geral do grupo de profetas esculpido por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814).

Basílica do Bom Jesus de Matosinho (Congonhas do Campo - MG).

Page 14: Literatur A

Escultura de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814).

Interior da Igreja de São Francisco de Assis ( Ouro Preto - MG ), projetada por Antônio Francisco Lisboa,

o Aleijadinho. A pintura no teto é de Manuel da Costa Ataíde ( 1762 - 1837 ).