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LIVRO de RESUMOS 2WI&D Final

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Ficha técnica

Edição CI&DETS – Centro de Investigação em Educação, Tecnologias e Saúde Instituto Politécnico de Viseu Viseu, Portugal

Coordenação Editorial Raquel Guiné Autores Raquel Guiné, Ana Cristina Ferrão Silva Composição Raquel Guiné Capa Raquel Guiné Copyright © 2017 Distribuição gratuita Maio de 2017

Page 3: LIVRO de RESUMOS 2WI&D Final

Apoios

� Instituto Politécnico de Viseu

� Escola Superior Agrária de Viseu

� Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu

� CI&DETS, Centro de Investigação em Educação, Tecnologias e Saúde

� Caixa Geral de Depósitos

� A Joaninha, Pastelarias e Padarias

� Sequeira & Sequeira, Comércio de Produtos Alimentares S. A.

� Sumol + Compal

Page 4: LIVRO de RESUMOS 2WI&D Final

Apresentação

A inovação e o desenvolvimento assumem-se como fundamentais, e em particular para as

empresas, no sentido de encontrar novos produtos capazes de conquistar o mercado,

contribuindo para o seu sucesso ao mesmo tempo que vão ao encontro das necessidades dos

consumidores. Por outro lado, é importante perceber como esta inovação e desenvolvimento

nasce muitas vezes no seio das instituições de investigação e ensino, ou através de iniciativas

próprias ou, mais comummente, como forma de dar resposta a solicitações de empresas com

problemas específicos.

Esta é uma área em que a ESAV tem colaborado muito ativamente com o tecido empresarial da

região e não só, estando inclusive atualmente a decorrer vários trabalhos que envolvem

desenvolvimento de novos produtos nas várias áreas do sector alimentar, demonstrando assim as

capacidades instaladas nesta área.

Este evento é a reedição da 1ª edição do Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e

Tecnológico no Sector Agroalimentar que se realizou o ano passado na ESAV, e aborda a inovação

e o desenvolvimento no sector dos produtos agroalimentares, um sector que na região conta com

inúmeras empresas de pequena e média dimensão. Deste modo, o Corpo Discente da Unidade

Curricular de Inovação, Desenvolvimento e Aproveitamento de Produtos Alimentares do curso de

Qualidade Alimentar e Nutrição da ESAV, sob a coordenação da docente responsável, organiza o

2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar,

que decorre nas instalações do Instituto Politécnico de Viseu, no dia 22 de maio de 2017.

Este fórum tem por objetivos aprofundar conhecimentos e promover o debate nas áreas da

Inovação e Desenvolvimento nos domínios Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar,

desde a produção à comercialização de alimentos, passando pela transformação.

Gratos pela vossa participação, acolhemos-vos em Viseu.

A Coordenadora da Comissão Organizadora.

Raquel Guiné

Page 5: LIVRO de RESUMOS 2WI&D Final

Comissão Organizadora

A Comissão Organizadora é coordenada por Raquel Guiné.

Fazem parte comissão organizadora os discentes da Unidade Curricular de

Inovação, Desenvolvimento e Aproveitamento de Produtos Alimentares

do curso de Qualidade Alimentar e Nutrição da ESAV:

• Ana Souta

• Buse Gürbüz

• Christelle Marques

• Cláudia Rodrigues

• João Fonte

• Leandra Lourenço

• Nuno Pascoal

• Pedro Pereira

• Raquel Pereira

• Rubina Gomes

• Sílvia Silva

• Susana Rodrigues

Colabora na Organização, com funções de Secretariado: Ana Cristina Ferrão Silva.

Page 6: LIVRO de RESUMOS 2WI&D Final

Comissão Científica

Presidente: Raquel Guiné (Escola Superior Agrária de Viseu)

Aida Silva (Escola Superior Agrária de Coimbra)

António Monteiro (Escola Superior Agrária de Viseu)

Célia Quintas (Universidade do Algarve, Faro)

Cláudia Nunes (Universidade de Aveiro)

Cristina Laranjeira (Escola Superior Agrária de Santarém)

Cristina Amaro da Costa (Escola Superior Agrária de Viseu)

Edite Teixeira de Lemos (Escola Superior Agrária de Viseu)

Elsa Ramalhosa (Escola Superior Agrária de Bragança)

Fernando Gonçalves (Escola Superior Agrária de Viseu)

Gabriela Basto de Lima (Escola Superior Agrária de Santarém)

Goreti Botelho (Escola Superior Agrária de Coimbra)

Luísa Paula Valente (Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu)

Margarida Vieira (Universidade do Algarve, Faro)

Maria João Barroca (Escola Superior Agrária de Coimbra)

Maria João Lima (Escola Superior Agrária de Viseu)

Maria João Barata de Carvalho (Escola Superior Agrária de Beja)

Ofélia Anjos (Escola Superior Agrária de Castelo Branco)

Paula Correia (Escola Superior Agrária de Viseu)

Silvina Ferro Palma (Escola Superior Agrária de Beja)

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Programa

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i

ÍNDICE

CONFERÊNCIAS PLENÁRIAS Pág.

Produtos Tradicionais e Inovação: são conceitos compatíveis? Elsa Ramalhosa, José Alberto Pereira

2

Análise e controlo de qualidade de alimentos e bebidas por Espectroscopia de Infravermelho Ofélia Anjos, António J. A. Santos

4

Nanotecnologia em sistemas alimentares: um estudo de caso Aida Moreira da Silva

6

Inovação na tradição Silvina Ferro Palma

7

Processos de inovação de novas etapas de produção Joana Lourenço

10

COMUNICAÇÕES ORAIS

Efeito de altas pressões hidrostáticas (HHP) em flores comestíveis Luana Fernandes, Susana V. Casal, José A. Pereira, Elsa C. D. Ramalhosa, Jorge M. A. Saraiva

13

Desenvolvimento de compotas com propriedades funcionais Diogo Martins, Sónia André, Vera André, Catarina Castro, Mélanie Rodrigues, Raquel P. F. Guiné, Edite Teixeira de Lemos

16

Desenvolvimento de massas alimentícias com incorporação de farinha de cogumelo shiitake Sabrina A. Esteves, Raquel P. F. Guiné, Paula M. R. Correia

19

Estudo preliminar sobre conhecimentos e hábitos de consumo relativos a flores comestíveis Eunice M. A. Santos, Raquel P. F. Guiné, Paula M. R. Correia

22

Rotulagem alimentar: qual a sua importância? Ana C. Ferrão

25

Iogurtes detox: o prazer do bem-estar a 4 estações Mariana Fonseca, Sara Loureiro, Sabrina Esteves, Raquel P. F. Guiné, Edite Teixeira de Lemos

27

Desenvolvimento de um novo produto à base de kiwi para aproveitamento de frutos 30

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ii

não comercializáveis Salomé F. Seabra, Raquel P. F. Guiné CYNATURA: o cardo (Cynara cardunculus L.) Como recurso multifuncional na tradição e inovação do setor agroalimentar Paulo Barracosa, Manuela Antunes, Rui Coutinho, António Pinto

33

Formulação de barras energéticas funcionais: avaliação nutricional e sensorial Maria Rocha, Edite Teixeira de Lemos, Ana Cristina Correia

36

Desenvolvimento do processo de fabrico de hambúrguer de peixe Filipa Martins Dinis, Teresa Gândara, Rui Costa, Roberto Marques

39

Estudo de mercado com vista à introdução de um novo produto: queijo com adição de frutos vermelhos Ana Cristina Ferrão, Raquel P. F. Guiné, Paula M. R. Correia

42

Salmão sous-vide Maria João B. Carvalho, Manuela Brito Costa, Célia Lampreia, António Miguel Floro, Fernanda Fragoso, Silvina Ferro Palma

45

CYNARA pasta – uma abordagem integrada para a valorização da folha de Cynara cardunculus Maria João B. Carvalho, João Reis, Ana Paulino, Manuela Brito Costa, João Dias, Nuno Bartolomeu Alvarenga, Idália Guerreiro, Mariana Regato, Maria F. Duarte

49

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

22 de maio de 2017 1

CONFERÊNCIAS PLENÁRIAS

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

22 de maio de 2017 2

PRODUTOS TRADICIONAIS E INOVAÇÃO, SÃO CONCEITOS COMPATÍVEIS?

Elsa C. D. Ramalhosa1, José A. Pereira1

1Centro de Investigação de Montanha (CIMO), ESA, Instituto Politécnico de Bragança

Resumo

Na presente comunicação serão abordados quatro pontos: (i) Definição de produtos tradicionais;

(ii) Tipos de Inovação; (iii) Casos práticos e (iv) Considerações finais.

No primeiro ponto apresenta-se a definição de produtos tradicionais, de acordo com o

Regulamento (UE) N.º 1151/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de novembro de

2012, relativo aos regimes de qualidade dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios, no qual

um produto para ser considerado tradicional tem que apresentar uma “utilização no mercado

nacional comprovada por um período que permite a transmissão entre gerações”, devendo este

período ser de, pelo menos, 30 anos.

No segundo ponto discutem-se diversas definições de Inovação, com particular atenção à

encontrada no Livro Verde sobre Inovação (Comissão Europeia, 1996), que indica que “A inovação é

a produção, assimilação e exploração bem-sucedida da novidade”. Posteriormente serão

apresentados os diversos tipos de Inovação, indicados na Norma NP4456-2007, relativa à Gestão da

Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDI), como a Inovação do Produto, Inovação do

Processo, Inovação Organizacional e Inovação de Marketing, abordando-se ainda os conceitos de

Inovação Social e Open Innovation.

No terceiro ponto dar-se-ão a conhecer alguns resultados obtidos no Projecto Europeu FP7, com o

acrónimo TRADEIT (Traditional Food: Entrepreneurship, Innovation and Technology Transfer, Grant

nr. 613776), que decorreu entre Novembro de 2013 e Outubro de 2016, e visou a implementação

de uma rede formada por PMEs direcionadas para a produção de alimentos tradicionais, com vista

a aumentar a competitividade e sustentabilidade de PMEs produtoras de alimentos tradicionais da

Europa nos setores das carnes, panificação e laticínios. Neste projeto realizaram-se inquéritos a

PMEs desses setores com vista a conhecer a sua opinião em relação à Inovação. Na presente

comunicação serão apresentados alguns desses resultados e serão referidos alguns casos práticos,

demonstrando os conceitos de inovação ao nível dos produtos do olival, laticínios e carnes.

No final é demonstrada a necessidade de permanente inovação ao nível dos produtos tradicionais,

sendo ambos conceitos compatíveis.

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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Referências Comissão Europeia (1996). Livro Verde da Inovação (pp. 11). Bruxelas: EGRAF, S.A. Norma NP4456-2007 - Gestão da Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDI). Regulamento (UE) N.º 1151/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de novembro de 2012, relativo aos regimes de qualidade dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios.

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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ANÁLISE E CONTROLO DE QUALIDADE DE ALIMENTOS E BEBIDAS POR ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO

Ofélia Anjos1, António J. A. Santos2

1Instituto Politécnico de Castelo Branco, Castelo Branco, Portugal

2Centro de Estudos Florestais, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Lisboa.

Portugal

Resumo

A espectroscopia de infravermelho é um método não invasivo que se baseia na análise das

vibrações moleculares resultantes da excitação provocada por um feixe de radiação na zona do

infravermelho (Cordella et al., 2007). A região do infravermelho subdivide-se em infravermelho

próximo (4000 – 12500 cm-1), infravermelho médio (400 – 4000 cm-1) e infravermelho longínquo

(10 – 400 cm-1) (Reich, 2005).

Os espectros resultantes são característicos de cada matriz ou produto analisado, podendo

funcionar como Fingerprint desse mesmo produto. Mesmo dentro da mesma matriz é possível

encontrar pequenas variações espectrais que nos possibilitam identificar para um mesmo produto,

origens geográficas, alteração e/ou determinadas características de qualidade de alimentos e

bebidas ou eventuais adulterações.

Para a interpretação dos dados e construção de modelos de calibração é usualmente necessário

recorrer a vários métodos de quimiometria, nomeadamente calibração multivariada. Na grande

maioria dos casos é possível, com a mesma informação espectral e suavização espectral (Santos et

al., 2016), utilizando regiões diferentes e eventualmente diferentes pré-processamentos, obter

vários níveis de informação para a mesma amostra (Anjos et al., 2015; Anjos et al., 2016; Anjos et

al., 2017). A técnica é muito interessante para utilização em laboratórios de controlo de qualidade,

pois conseguem-se que os resultados preditos face aos analíticos sejam obtidos com menor tempo

e com uma significativa redução de custos face às metodologias tradicionais.

A robustez dos modelos obtidos com os dados espectrais pode ser avaliada por uma série de

parâmetros estatísticos, nomeadamente: Rk – número de componentes principais; r2 – coeficiente

de determinação; RMSECV - erro quadrático médio da validação cruzada; RMSEP - que traduz a

diferença entre os valores previstos da amostra e os valores de referência da amostra na validação

do modelo; RPD - desvio residual de previsão.

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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Conzen (2006) definiu para o caso da Indústria alimentar os seguintes limites para o desvio residual

de previsão: superiores a 3 permitem a quantificação de determinado parâmetro; superior a 5

podem ser usados em controlo de qualidade e superior a 8 são considerados modelos excelentes,

podendo ser utilizados em vários níveis de trabalhos.

Neste trabalho iremos abordar as vantagens da aplicação desta técnica no controlo de qualidade de

vários alimentos, bem como as melhores técnicas de análises de dados em cada um dos casos.

Referências Anjos O., Campos M.G., Ruiz, P.C., Antunes P. (2015) Application of FTIR-ATR spectroscopy to the quantification of sugar in honey. Food Chemistry, 169, 218–223. Anjos O., Santos A.J.A., Dias T., Estevinho L.M. (2017) Application of FTIR-ATR spectroscopy on the bee pollen characterization, Journal of Apicultural Research, 56(3), 210-218. Anjos O., Santos A.J.A., Estevinho M.L., Caldeira I. (2016) FTIR-ATR spectroscopy applied to quality control of grape-derived spirits. Food Chemistry, 205,28–35. Cordella C., Moussa I., Martel A.C., Sbirrazzuoli N., E Lizzani-Gouvinhas I., De Almeida J.M.M.M., Carvalho T., Machado N., Lachenmeier D.W. (2007) Rapid quality control of spirit drinks and beer using multivariate data analysis of Fourier transform infrared spectra. Food Chemistry, 101(2), 825–832. Conzen JP. (2006) Multivariate Calibration. A Practical Guide for the Method Development in the Analytical Chemistry. Bruker Optick GmbH. 2nd edition Reich G. (2005). Near-infrared spectroscopy and imaging: Basic principles and pharmaceutical applications. Advanced Drug Delivery Reviews, 57,1109-1143. Santos A.J.A., Caldeira I., Anjos O. (2016). Efeito da variação da suavização espectral na robustez de modelos de calibração de metanol e teor alcoólico em aguardentes por FTIR-ATR. FÓRUM ALABE 2016, Fátima, 19 e 20 de maio. Online: http://www.alabe.pt.

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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NANOTECNOLOGIAS EM SISTEMAS ALIMENTARES: UM ESTUDO DE CASO

Aida Moreira da Silva1,2

1Departamento de Ciência e Tecnologia Alimentar, ESAC, Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal

2Unidade de Química Física Molecular, Universidade de Coimbra, Portugal

Resumo

Atualmente, a ciência da manipulação de átomos e moléculas à nanoescala está a ganhar uma

presença crescente nos alimentos que ingerimos. O desenvolvimento da nanotecnologia está a

transformar muitas áreas da ciência alimentar e da indústria alimentar, resultando num aumento

do investimento e da quota de mercado. As nanotecnologias são tecnologias que lidam com

dimensões medidas em nanómetro (nm) igual a 10-9 m *.

Neste workshop, as aplicações atuais da nanotecnologia em sistemas alimentares serão

brevemente revistas. A funcionalidade e as aplicações da nanotecnologia relacionadas com os

alimentos serão realçadas de modo a fornecer uma visão abrangente sobre o desenvolvimento e a

avaliação da segurança da nanotecnologia na indústria alimentar.

No entanto, apesar da nanotecnologia aplicada a sistemas alimentares oferecer grandes benefícios

potenciais, há preocupações emergentes que decorrem das suas novas propriedades físico-

químicas. Portanto, as preocupações de segurança e as políticas reguladoras no fabrico, no

processamento, na embalagem e no consumo, são abordadas de forma sumária. No final desta

comunicação, serão, ainda, destacadas as perspetivas da nanotecnologia no desenvolvimento de

novos ingredientes alimentares.

*Para dar uma ideia, 1 nm é o comprimento de uma cadeia de 5 a 10 átomos e um cabelo humano possui cerca de 80 000 nm de diâmetro

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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INOVAÇÃO NA TRADIÇÃO

Silvina Ferro Palma1

1Dep. Ciências e Tecnologias Aplicadas, ESAB, Instituto politécnico de Beja

Resumo

O conceito de ‘inovação’ foi formulado pela primeira vez por Joseph Schumpeter (1911). Com a

introdução da noção de ‘inovação’, este autor procurava sobretudo distinguir ‘invenção’ e

‘inovação’, objetivando a separação entre o mundo da técnica e o mundo da economia.

Conceptualizava, deste modo, a figura da ‘inovação’ numa perspetiva ampla, enquanto ideia-chave

do seu modelo de análise da mudança das sociedades, principal fonte do dinamismo do

desenvolvimento económico, como motor da evolução humana.

Uma ideia transforma-se numa invenção se puder gerar algo que funcione; uma invenção só se

torna numa inovação se puder ser implementada com sucesso na sociedade.

A inovação tem a capacidade de agregar valor aos produtos, diferenciando-os, ainda que

momentaneamente. Aqueles que inovam, seja de forma incremental ou radical, de produto,

processo ou modelo de negócio, ficam em posição de vantagem em relação aos demais.

Inovação na tradição é agarrar a tradição secular e transforma-la em produtos versáteis,

irreverentes, de perfil internacional e elegância comprovada, sem concessões em termos de

qualidade, mas imbatíveis em termos relação qualidade/preço.

Crescimento e diferenciação face à concorrência são as consequências positivas imediatas do

investimento em inovação, seguidas do melhoramento da imagem e notoriedade das empresas ou

marca, gerando interesse no consumidor e consequentemente lucro.

A inovação, tanto em termos tecnológicos como de formulação deve ser considerada, sob o ponto

de vista do consumidor, relevante e deve-se investigar se ela é percebida pelos indivíduos e o

quanto eles estão dispostos a pagar por elas (Cardoso, 1992).

De acordo com alguns autores, produtos tradicionais são produtos únicos, que resultam das

matérias-primas e dos conhecimentos aplicados, dos usos, das práticas de produção, de

distribuição, de consumo e das denominações de produto local, artesanal ou regional.

São referidos como produtos tradicionais os produtos que se identificam pela sua origem

geográfica, pelo processo de produção ou pelas características intrínsecas que os vinculam a um

costume, modo de fazer, época e que por isso se diferenciam de outros. A crescente tendência para

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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o consumo de “alimentos saudáveis” e para a preferência de produtos com especificidades e

origens determinadas, permite uma forte revalorização dos produtos tradicionais junto de alguns

nichos de consumo.

É evidente que a inovação na área alimentar, para melhorar, necessita da transferência tecnológica

e de conhecimento a partir dos centros de I&D para as empresas e promover assim o

desenvolvimento de produtos tradicionais inovadores como:

- Enriquecimento em ómega-3 de um queijo de cabra, realizado pelo Instituto des Corps Gras

(ITERG) de Pessac (região de Aquitânia, França) na empresa Fromagerie La Lemance;

- Redução do teor de sal em presunto curado, a cargo do IRTAgroalimentàries de Monells (região

de Catalunha, Espanha) na empresa Pernils Llémena;

- Redução do teor de sal em azeitona de mesa, desenvolvido por AINIA Centro tecnológico de

Valência (região de Valência, Espanha) na empresa Olivas Edeta;

- Substituição de conservantes sintéticos em produtos cárneos curados pela adição de bactérias

acido-láticas, a cargo do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) de Portugal na empresa

Minhofumeiro Enchidos Artesanais.

- A “Snackificação” de tudo, os novos ingredientes, como as algas, os produtos “livres de”, como por

exemplo os “sem glúten”, os produtos “on the go”, as proteínas de origem vegetal, as

“supercomidas”, como a chia ou a quinoa, as bebidas aromatizadas de baixo teor alcoólico, as

funcionais ou as híbridas foram algumas das principais linhas que marcaram o lançamento de

produtos de alimentação em 2014;

A adaptação dos saberes ancestrais a novas técnicas de processamento e tratamento agilizam

processos comumente utilizados em fábricas e empresas dedicadas à produção e venda deste tipo

de produtos bastante procurados no mercado.

Em 2017 no “I Concurso InovCluster de Produtos Alimentares Inovadores”, com os seguintes

produtos: 1º prémio (na categoria dos lácteos) para o gelado artesanal de algas e kefir (Emanha,

Figueira da Foz) e 3º prémio (na categoria dos cereais) para o pão d’algas (Calé, Peniche). Além de

inovador, o gelado artesanal à base de kefir e algas marinhas é um produto saudável, adequado

inclusivamente para intolerantes à lactose. As algas têm um elevado potencial nutricional e

funcional, pois permitem a adição de compostos naturais com grande capacidade antioxidante e

têm a presença de ácidos gordos benéficos para a saúde, como o ómega 3.

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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“Inovar” não significa reinventar tudo; é também e sobretudo, partir do existente, repor em jogo,

de outra forma, saberes-fazer, conhecimentos, recursos, estruturas, e reconsiderar o papel dos

agentes” (LEADER, 1997).

Luís Baena considera "O futuro é também recuperar o passado", e Fátima Moura refere que "A

melhor forma de manter a tradição é ir adaptando-a. Se não, ela acaba por morrer “.

Referências Cardoso A P. (1992). As atitudes dos professores e a inovação pedagógica, Revista Portuguesa de Pedagogia, Ano XXVI, nº1, 1992, 85- 99. LEADER. (1997). Cadernos do Observatório Europeu, nº2, Leader. Schumpeter J. (1911). Teoria do desenvolvimento económico (Die Theorie der Wirschaftlichen Entwicklung)

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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PROCESSOS DE INOVAÇÃO DE NOVAS ETAPAS DE PRODUÇÃO

Joana Lourenço1

1Dep. Indústrias Alimentares, ESAV, Instituto politécnico de Viseu

Resumo

A indústria de padaria e pastelaria faz parte de um setor que nos últimos anos realizou

investimentos importantes, não só em instalações, como também na implementação de novas

linhas de fabrico e melhoria de processo produtivos. Conseguiu simultaneamente elaborar

produtos diferenciadores mantendo / melhorando o fabrico de produtos tradicionais.

A empresa “A Joaninha Dois” criada por Joaquim Lourenço em 1981 tinha uma filosofia de

crescimento baseada na procura e incorporação de conhecimento e de valorização de experiência

do seu fundador e colaboradores. O fato de ter balcões de venda direta foi um contributo

importante para a aproximação ao consumidor e ao mercado. Esta constante interação com o

consumidor leva à criação, melhoria continua e introdução de novos produtos no mercado. Deste

modo, em 1997, a empresa sofre uma ampliação de espaço, com aquisição de novas máquinas para

atender às solicitações do mercado e a introdução de outras áreas de desenvolvimento tecnológico

(técnicas de embalamento). As novas exigências dos clientes e os novos estilos de vida e de

consumo continuaram a condicionar as estratégias da empresa. A implementação das normas de

higiene e segurança alimentar, com certificação da empresa pela Norma FSSC 22000, traduziram-se

também numa melhoria do produto fornecido. Sem dúvida que o reconhecimento da qualidade

levou à implantação mais sólida da empresa originando em 2017 uma nova área de fabrico, com

aproximadamente 6000 m2 e três novas linhas de produção, das mais completas, versáteis e de

maior capacidade produtiva a nível europeu, tornando-se agora num interlocutor incontornável

para o fornecimento de:

- Pastéis de Nata e outra pastelaria com a mesma configuração (capacidade de 9.000

unidades/hora);

- Croissants Brioche, Croissants Folhados, Napolitanas e outra pastelaria de massa folhada

(capacidade de 9.000 unidades/hora);

- Bolo Seco, Biscoitos e Bolachas (capacidade de 400kg/hora).

Esta unidade mantem como linhas de orientação estratégica o aumento do rendimento associado à

Qualidade e à Segurança Alimentar (certificação Norma IFS). Com aproximadamente 75

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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profissionais altamente qualificados, a Joaninha criou igualmente condições para o

desenvolvimento de novos produtos, da sua criação e adaptação às necessidades do cliente e do

mercado, como uma indústria proativa, jovem e predisposta a responder a novos desafios. A aposta

na formação continua como forma de valorizar e responsabilizar os colaboradores tem sido

também uma das formas de inovação.

Em paralelo e atendendo às necessidades de um consumidor cada vez mais informado,

preocupado, exigente e comprometido com uma dieta saudável, são feitos esforços no sentido de

criar produtos com pequenas quantidades de açúcar, sal, compatíveis com intolerâncias à lactose e

ao glúten, produtos funcionais, entre outros.

“A tecnologia é a arte possível”. É suscitada pelo desejo humano, mas também pelos materiais e

pelo conhecimento disponível (Bee, 2012). O fundador desta empresa aprendeu desde muito cedo

com a experiência, mas foi a sua tenacidade, inteligência e espirito empreendedor que o levaram a

querer investir e modernizar o setor. Os seus sucessores com formação académica permitem-lhe

atuar em áreas ligadas ao processamento, qualidade e segurança alimentar e nutrição. Tem-se

também vindo a desenvolver a ideia do seu progenitor inovando na produção, venda dos produtos

já existentes e no desenvolvimento de novos produtos para melhor atender as exigências do

consumidor.

Referências Bee, W. (2012). A história da invenção na Cozinha. Círculo de Leitores.

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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COMUNICAÇÕES ORAIS

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2º Workshop de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico no Sector Agroalimentar

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EFEITO DE ALTAS PRESSÕES HIDROSTÁTICAS (HHP) EM FLORES COMESTÍVEIS

Luana Fernandes1,2,3, Susana V. Casal2, José A. Pereira1, Elsa C. D. Ramalhosa1, Jorge M. A. Saraiva3

1Centro de Investigação de Montanha (CIMO), ESA, Instituto Politécnico de Bragança.

2LAQV@REQUIMTE/Laboratório de Bromatologia e Hidrologia, FFUP.

3Química Orgânica, Produtos Naturais e Agroalimentares (QOPNA) – Dep. Química,

Universidade de Aveiro.

Resumo

As flores comestíveis têm sido usadas na culinária sob diversas formas. Recentemente, tem-se

assistido a um aumento crescente da sua utilização pela aparência, sabor e valor estético que

conferem aos pratos. Contudo, são altamente perecíveis, com um curto tempo de vida útil, o que

dificulta a expansão deste mercado. As tecnologias de conservação mais utilizadas actualmente

incluem o armazenamento a frio e a secagem por ar quente. No entanto, a conservação por calor

tem alguns inconvenientes, tais como alterações bioquímicas e nutricionais indesejáveis no produto

final, o que pode afectar a qualidade global das flores. Nesse sentido, a utilização de novas

tecnologias capazes de aumentar o tempo de vida útil das flores e que afectem ao mínimo as suas

qualidades sensoriais e nutricionais, trará importantes benefícios económicos.

A aplicação de altas pressões hidrostáticas (HHP) é uma tecnologia inovadora, já utilizada pela

indústria alimentar para preservar alimentos de origem animal, como peixe, presunto, carne

picada, carne de porco e leite (Kadam et al., 2012), bem como produtos de origem vegetal,

principalmente preparados de frutas, como o guacamole, sumos de frutas e purés, entre outros

(Butz et al., 1997; Palou et al., 2002; Oey et al., 2008). É uma das tecnologias emergentes de

preservação de alimentos mais promissora, capaz de destruir microrganismos sem o uso de calor.

Já foram realizados alguns estudos de HHP em flores comestíveis mas estes têm incidido em

inflorescências reconhecidas pelos consumidores como vegetais, tais como os brócolos e a couve-

flor, sendo escassos os trabalhos em flores, como as reconhecemos. Na maioria destes estudos

avaliaram-se os efeitos da HHP nas características nutricionais, sensoriais e microbiológicas de

flores quando submetidas a diferentes gamas de pressão e tempo. Por exemplo: em flores de

equinácea sujeitas a 600 MPa durante 3 e 5 min, verificou-se uma redução significativa da

contaminação microbiana sem afectar os seus compostos fitoquímicos, bem como, a actividade

antioxidante (Chen et al., 2010). Na couve-flor verificou-se que o tratamento por HHP não induziu

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alterações estruturais (400 MPa, 5°C durante 30 min) (Préstamo & Arroyo, 1998); a firmeza foi

preservada a 350 MPa, bem como o sabor a diferentes pressões (200, 300, 350 e 400 MPa; 5°C

durante 30 min) (Arroyo, 1999); e que a biodisponibilidade de folato (forma de monoglutamato)

aumentou de 2-3 vezes quando comparado com o folato total (Melse-Boonstra et al., 2002). Em

brócolos, no qual incidem a maioria dos estudos, observou-se que as clorofilas a e b, responsáveis

pela cor verde, não se alteraram após longos tratamentos à pressão de 600 MPa a 75°C (Butz et al.,

2002), bem como a actividade antioxidante (avaliada pelo ensaio FRAP) após aplicação de pressões

de 400 e 600 MPa (McInerney et al., 2007). Para além disso, algumas enzimas presentes nos

brócolos, tais como a peroxidase e a polifenol oxidase, mostraram ser altamente resistentes à

pressão (400 MPa) (Préstamo et al., 2004). De uma forma geral, verifica-se que alguns binómios de

pressão/tempo não causaram impacto negativo na aparência final das inflorescências, mantendo o

conteúdo em compostos bioactivos e levando à inactivação/destruição de algumas enzimas

responsáveis pelo escurecimento, bem como à eliminação de alguns microrganismos patogénicos.

No entanto, cada flor tem um comportamento diferente perante as mesmas condições de

processamento por HHP.

Nesse sentido, é necessário investigar os efeitos da HHP em cada tipo de flor, para se poder

determinar qual a pressão, temperatura, tempo e outros factores críticos ao longo do processo que

sejam mais efectivos na inactivação enzimática, sem comprometer as características físicas (por

exemplo, cor e textura), químicas e nutricionais das flores.

Com o presente estudo pretende-se dar a conhecer os trabalhos até agora realizados em HHP em

flores e inflorescências comestíveis, e discutir o seu efeito em algumas propriedades físico-químicas

e biológicas, criando assim orientações com base em padrões que possam suportar estudos futuros

de forma mais célere e consentânea.

Referências Arroyo, G., Sanz, P.D., & Préstamo, G. (1999). Response to high-pressure, low-temperature treatment in vegetables: determination of survival rates of microbial populations using flow cytometry and detection of peroxidase activity using confocal microscopy. Journal of Applied Microbiology, 86(3), 544-556. Butz P, Edenharder R, Fister H, Tauscher B. (1997). The influence of high pressure processing on antimutagenic activities of fruit and vegetable juices. Food Research International, 30(3-4), 287-291. Chen X -M, Hu C, Raghubeer E, Kitts, DD (2010). Effect of high pressure pasteurization on bacterial load and bioactivity of Echinacea purpurea. Journal of Food Science, 75(7), 613-618.

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Kadam PS, Jadhav B.A, Salve RV, Machewad GM. (2012). Review on the High Pressure Technology (HPT) for Food Preservation. Journal Food Processing & Technology, 3 (135), 2-5. McInerney JK, Seccafien CA, Stewart CM, Bird AR (2007). Effects of high pressure processing on antioxidant activity, and total carotenoid content and availability, in vegetables. Innovative Food Science and Emerging Technologies, 8(4), 543–548. Melse-Boonstra, A., Verhoef, P., Konings, E. J. M., Dusseldorp, M. V., Matser, A., Hollman, P. C. H., et al. (2002). Influence of processing on total, monoglutamate and polyglutamate folate contents of leeks, cauliflower, and green beans. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 50(12), 3473-3478. Oey I, Lille M, Van Loey A, Hendrickx M. (2008). Effect of high-pressure processing on colour, texture and flavour of fruit- and vegetable-based food products: a review. Trends in Food Science & Technology, 19(6), 320-328. Palou E, Lopez-Malo A, Welti-Chanes J. (2002). Innovative fruit preservartion using high pressure. . In: J. Welti-Chanes, G.V. Canovas, J.M. Aguilera (Eds.). Emerging and Food for the 21 st Century. Boca Raton: CRC Press. pp. 715-726. Préstamo G, Arroyo G. (1998). High hydrostatic pressure effects on vegetable structure. Journal of Food Science, 63(5), 1-4. Préstamo G, Palomares L, Sanz P. (2004). Broccoli (Brassica oleracea) treated under pressure-shift freezing process. European Food Research and Technology, 219(6), 598-604.

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DESENVOLVIMENTO DE COMPOTAS COM PROPRIEDADES FUNCIONAIS

Diogo Martins1, Sónia André1, Vera André1, Catarina Castro1, Mélanie Rodrigues1, Raquel P. F.

Guiné1,2, Edite Teixeira de Lemos1,2

1Dep. Indústrias Alimentares, ESAV, Instituto politécnico de Viseu

2CI&DETS - Centro de Investigação, Instituto Politécnico de Viseu

Resumo

O Desenvolvimento de Novos Produtos (DNP) tem-se revelado de crescente importância nas

empresas devido à elevada concorrência e às exigências dos consumidores, contribuindo para uma

elevação dos padrões de excelência nos níveis de qualidade, preço e prazo de desenvolvimento.

Porém, o DNP é um processo complexo e de natureza multidisciplinar, que exige uma estreita

relação entre a administração da empresa, a equipa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e os

sectores de marketing, produção, compras, controlo de qualidade, vendas, consumidores e

fornecedores, para que se obtenha posteriormente o sucesso desejado (Senhoras et al., 2007).

A promoção de estilos de vida saudáveis, aliada a práticas alimentares corretas, estabelece uma

estratégia de importância inegável para a melhoria contínua da saúde e minimização de problemas

alimentares e nutricionais (Guiné, 2010).

Um alimento, além de ser nutritivo, deve produzir também satisfação e ser agradável ao

consumidor, através do equilíbrio de diferentes parâmetros de qualidade sensorial (Oliveira et al.,

2011).

O objetivo deste trabalho foi desenvolver compotas distintas das existentes atualmente no

mercado, e que incluíssem ingredientes com propriedades funcionais. Para tal procedeu-se ao seu

desenvolvimento laboratorial e estudo das formulações mais adequadas, seguida de uma avaliação

sensorial para verificação da aceitabilidade dos produtos. Foram realizados ensaios relativos a

quatro formulações, tal como ilustrado na Figura 1.

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Figura 1. Compotas desenvolvidas.

As três formulações foram aperfeiçoadas e os produtos finais foram avaliados sob o ponto de vista

organolético, tendo ressaltado os aspetos positivos e negativos apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Apreciação organolética das compotas.

Compota Multivitaminas (Manga, Laranja, Cenoura e Sementes de Papoila)

Aspetos Positivos Aspetos Negativos

-Combinação de frutas agradáveis ao palato; -Atraente ao nível da cor e da textura; -Carácter inovador.

-Não foi referido nenhum aspeto negativo.

Compota Frescura de Verão (Abacaxi, Coco e Hortelã)

Aspetos Positivos Aspetos Negativos

-Combinação agradável de ingredientes; -Compota considerada inovadora; -Devido à sua frescura, torna-se ideal para ser adicionada a iogurtes.

-Ligeiro sabor amanteigado devido à gordura do coco; -Textura algo grosseira, sendo um fator para possível rejeição.

Compota Antioxidante (Maçã, Ameixa, Uva e sementes de Chia)

Aspetos Positivos Aspetos Negativos

-Agradável sabor e odor; -Nível de acidez adequado; -Boa coloração.

-O carácter inovador é mais baixo, pois diferencia-se pouco de outros produtos já existentes no mercado.

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O produto mais apreciado revelou-se a Compota Multivitaminas, com 69% das preferências, e o

respetivo perfil sensorial consta da figura 2.

Figura 2. Perfil sensorial da compota Multivitaminas.

Os resultados mostraram que a compota Multivitaminas obteve uma pontuação de 3.6 na

apreciação global, numa escala de 1 (nada apreciado) a 5 (totalmente apreciado), o que se traduz

num resultado positivo e promissor.

Deixam-se como sugestões de prosseguimento do trabalho a caracterização físico-química e a

verificação de propriedades bioativas.

Referências Guiné, RPF. (2010) Food, Diet and Health: Past, Present and Future Tendencies. Nova Iorque: Nova Science Publishers. Oliveira S, Rodrigues M. (2011) Papel da Análise Sensorial de Apoio no Processo de Desenvolvimento de Produtos Alimentícios. Revista Educação Agrícola Superior, 26(1), 40-44. Senhoras E, Takeuchi K, Takeuchi K. (2007) Gestão da Inovação no Desenvolvimento de Novos Produtos. Atas do IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. 22-24 outubro, Rio de Janeiro, Brasil, pp. 1-15.

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DESENVOLVIMENTO DE MASSAS ALIMENTÍCIAS COM INCORPORAÇÃO DE FARINHA DE

COGUMELO SHIITAKE

Sabrina A. Esteves1, Raquel P. F. Guiné1,2, Paula M. R. Correia1,2

1Dep. Indústrias Alimentares, ESAV, Instituto politécnico de Viseu

2CI&DETS - Centro de Investigação, Instituto Politécnico de Viseu

Resumo

Apesar da popularidade dos cogumelos ser devida essencialmente às suas propriedades

organoléticas, sabores peculiares e até efeitos medicinais, atualmente são cada vez mais

procurados para integrar uma dieta saudável e equilibrada, por serem alimentos de alto valor

nutritivo (Ramos et al., 2015). De acordo com Bruhn e Hall (2008), o cogumelo Shiitake é muito

nutritivo constituindo uma boa fonte de fibras, e possuindo baixo teor de calorias, baixo teor de

glicose, baixo teor de sódio, elevado teor de potássio e fósforo, elevado teor de oligoelementos,

incluindo o cobre e o zinco, e ainda proteínas de elevada qualidade.

A massa alimentícia é um produto não fermentado, de várias formas, obtido pela mistura e

amassamento mecânico de farinhas de cereais e/ou derivados de cereais, leguminosas, raízes ou

tubérculos (Paucar-Menacho et al., 2008). As massas são de origem italiana, mas com uma

expressão muito significativa a nível mundial. Os maiores consumidores são os italianos (26 kg per

capita/ano), seguidos dos venezuelanos, tunisinos e gregos (10-13 kg per capita/ano) (Guiné e

Correia, 2014).

O objetivo deste trabalho foi desenvolver massas alimentícias com farinha de cogumelo e estudar

as suas características físicas, químicas e sensoriais de modo a perceber qual a influência da

temperatura de secagem dos cogumelos para a obtenção das farinhas nessas características.

Na produção da farinha de cogumelo foram utilizados cogumelos Shiitake (estirpe Lentinula edodes)

todos do mesmo lote. Os cogumelos foram desidratados em estufa ventilada a temperaturas de 40,

50 ou 60 ⁰C, e depois triturados num moinho de martelos até obter um pó fino que foi adicionado

às massas (Figura 1). Na caracterização das massas de cogumelo foram efetuadas análises

sensoriais, físicas e químicas (cor, textura, aW, humidade e sólidos solúveis nas águas de cozedura)

tendo-se ainda determinado a composição nutricional (proteína, fibra, cloretos, gordura, cinzas e

hidratos de carbono).

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Figura 1. Massas com farinha de cogumelo a 5% e com farinha de sêmola fresca (A) e cozida (C) e com

farinha de trigo fresca (B) e cozida (D).

A análise sensorial revelou que as massas mais apreciadas foram aqueles em que foi adicionada a

maior proporção de farinha de cogumelo (15%). Por outro lado, os provadores não foram capazes

de identificar diferenças nas massas, tendo em conta as temperaturas de secagem dos cogumelos.

A análise de textura feita às massas revelou que a firmeza tendeu a diminuir com adição de farinha

de cogumelo, contudo a nível prático não se verificaram problemas tecnológicos na elaboração das

mesmas. No que respeita à influência da temperatura, a massa com farinha de cogumelos

desidratados a 60⁰C originou massas com menor firmeza. Observou-se ainda que a adesividade das

massas tendeu a diminuir com o aumento da temperatura de secagem dos cogumelos.

Da avaliação da cor resultou que a adição de uma maior proporção de farinha de cogumelos

provocou um escurecimento, com valores de luminosidade mais baixos e maiores valores da

coordenada cromática a*.

A nível nutricional, de destacar que estas massas revelaram quantidades importantes de proteína e

fibra, em resultado da adição dos cogumelos.

Referências Ramos A, Machado MH, Sapata MM, Quintanilla M. (2015) Cogumelos, produção, transformação e comercialização. Porto: Pubindústria.

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Bruhun J, Hall M. (2008) Growing Shiitake Mushrooms in an Agroforestry Practice. Agroforestry in action, 1, 1-12. Guiné R, Correia P. (2014) Engineering aspects of cereal and cereal- based products. Boca Raton: Taylor & Francis Group - CRC Press. Paucar-Menacho lM, Silva lH, Barretto PAA, Mazal G, Fakhouri FM, Steel VJ, Collares-Queiroz FP. (2008) Desenvolvimento de massa alimentícia fresca funcional com a adição de isolado protéico de soja e polidextrose utilizando páprica como corante. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 28(4), 767-778.

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ESTUDO PRELIMINAR SOBRE CONHECIMENTOS E HÁBITOS DE CONSUMO RELATIVOS A FLORES

COMESTÍVEIS

Eunice M. A. Santos1, Raquel P. F. Guiné1,2, Paula M. R. Correia1,2

1Dep. Indústrias Alimentares, ESAV, Instituto politécnico de Viseu

2CI&DETS - Centro de Investigação, Instituto Politécnico de Viseu

Resumo

Embora nos últimos tempos as flores comestíveis já sejam relativamente utilizadas, efetivamente, a

maior parte dos indivíduos ainda vêm com alguma desconfiança a utilização de flores na culinária.

O fato de ser, por vezes, difícil saber quais as flores que podem ser ingeridas sem problemas, torna

ainda mais confusa a sua utilização. Embora o interesse nesta matéria esteja a aumentar, a maior

dificuldade resulta de alguma ignorância quanto às flores que são realmente comestíveis, já que

algumas podem apresentar toxicidade para o Homem. Por outro lado, as flores utilizadas em

culinária ou outras preparações alimentares devem ser de cultivo biológico (Chen e Wei, 2017;

Fernandes et al. 2017; Ferreira, 2012; Swithinbank, 2015).

Com os seus sabores diferentes, originais, a sua textura e cor, as flores comestíveis conquistaram

popularidade como ingrediente criativo e inovador no mundo da culinária (Figura 1). Segundo

Felippe (2004), são adicionadas aos alimentos para fornecer sabor, aroma e cor.

Figura1. Utilização de flores comestíveis em culinária.

No sentido de tentar perceber quais os conhecimentos da população e os seus hábitos relativos às

flores comestíveis, foi realizado um questionário a uma amostra de 100 indivíduos, com idades

compreendidas entre os 20 e os 84 anos, que foram selecionados aleatoriamente.

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O instrumento incluiu 3 questões de caracterização da amostra e mais 16 questões que visaram o

conhecimento dos inquiridos acerca das flores comestíveis: nomeadamente a sua identificação; o

seu consumo; se há ou não riscos associados à sua ingestão; quais esses riscos e como são

encaradas as questões e preocupações relacionadas com o consumo de flores.

A recolha de dados decorreu essencialmente no distrito de Viseu, entre julho e setembro de 2016,

por entrevista direta após consentimento informado, com garantia de confidencialidade das

respostas obtidas. Os dados foram tratados com recurso ao programa SPSS, versão 22 da IBM, Inc.

A amostra era constituída por 100 indivíduos, dos quais 64% eram mulheres e a idade média

situava-se em 44±14 anos.

A análise dos resultados permitiu observar que grande parte dos indivíduos (91%), não só já ouviu

falar das flores comestíveis como as consumiu, pelo menos uma vez, sendo as utilizações mais

frequentes em saladas e a decoração e confeção de pratos cozinhados (Figura 2).

Figura 2. Tipos de usos das flores comestíveis.

Os inquiridos consideram que as flores deviam ser incluídas com maior frequência na alimentação,

tanto frescas como cozinhadas, devido às suas propriedades organoléticas, decorativas, nutricionais

e bioativas (Figura 3).

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Figura 3. Razões para o consumo de flores comestíveis.

O modo como se adquirem estas flores ainda é polémico, pois alguns indivíduos compram-nas em

floristas, e portanto sem o necessário controlo sanitário para ingestão, demonstrando que os riscos

associados ao consumo destas flores não são totalmente compreendidos pelas pessoas.

Este estudo preliminar permitiu concluir que são necessários mais estudos sobre o contributo das

flores comestíveis para a gastronomia e para a ingestão de nutrientes e compostos bioativos, bem

como sobre os possíveis perigos da sua ingestão para a saúde pública.

Referências Chen N-H, Wei S. (2017) Factors influencing consumers’ attitudes towards the consumption of edible flowers. Food Quality and Preference, 56 (Part A), 93-100. Felippe GM. (2004) Entre o jardim e a horta: as flores que vão para a mesa. 2ª Edição. São Paulo: Senac. Fernandes L, Casal S, Pereira JA, Saraiva JÁ, Ramalhosa E. (2017) Edible flowers: A review of the nutritional, antioxidant, antimicrobial properties and effects on human health. Journal of Food Composition and Analysis, 60, 38-50. Ferreira J. (2012) As bases da agricultura biológica. Castelo de Paiva: EDÍBIO - Edições Lda. Swithinbank A. (2015) Top 10 edible flowers. Kitchen Garden, 7, 68-69.

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ROTULAGEM ALIMENTAR: QUAL A SUA IMPORTÂNCIA?

Ana C. Ferrão1

1Dep. Indústrias Alimentares, ESAV, Instituto politécnico de Viseu

Resumo

Vivemos numa sociedade em que diariamente somos sujeitos a inúmeras escolhas alimentares,

que, cada vez mais, estão associadas ao seu efeito benéfico na saúde humana. Por conseguinte, a

rotulagem alimentar tem tido uma importância cada vez maior, pois são as informações que

constam nos rótulos que permitem ao consumidor tomar de forma consciente as decisões mais

adequadas, assim como fazer uma utilização mais segura e adequada dos géneros alimentícios

(Real et al., 2017; Sonnenberg et al., 2013).

Os rótulos dos géneros alimentícios são equivalentes ao “cartão de cidadão” dos alimentos

adquiridos e consumidos (FIPA, 2016). Contudo, nem todos os consumidores sabem avaliar e

selecionar corretamente os produtos alimentares que consomem (Cowburn & Stockley, 2005).

Deste modo, torna-se fundamental que os consumidores tenham conhecimento de qual a

informação que deve constar nos rótulos alimentares e que a saibam interpretar.

A entrada em vigor do Regulamento (UE) Nº1169/2011 de 25 de outubro do Parlamento Europeu

colocou novas obrigações e responsabilidades aos operadores do setor alimentar em matéria de

informação sobre os géneros alimentícios, atualizando e reunindo, num só documento, a

informação relativa à rotulagem dos géneros alimentícios. O objetivo do Regulamento é seguir um

alto nível de proteção da saúde dos consumidores e garantir o seu direito à informação para que

possam tomar decisões com conhecimento de causa.

De acordo com o referido Regulamento, legislação vigente sobre a rotulagem dos géneros

alimentícios, existem informações que têm um carácter obrigatório e outras que são opcionais. Em

qualquer um dos casos, a informação que consta nos rótulos não deve induzir em erro, mas sim ser

clara, exata e de fácil compreensão.

Face ao exposto, é de extrema importância serem realizadas ações de sensibilização junto da

população, de modo a esclarecer dúvidas, ensinar e ajudar a interpretar a informação presente nos

rótulos alimentares, para que desta forma, o consumidor possa fazer escolhas mais assertivas,

armazenando e consumindo os géneros alimentícios de forma correta.

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O objetivo da comunicação oral será fazer uma abordagem sobre os principais aspetos da legislação

em vigor para a rotulagem alimentar, como por exemplo, quais as menções

obrigatórias/facultativas e o que significam, assim como um esclarecimento de algumas das dúvidas

mais pertinentes.

Referências Cowburn, G., & Stockley, L. (2005). Consumer understanding and use of nutrition labelling: a systematic review. Public Health Nutrition, 8(1), 21–28. https://doi.org/10.1079/PHN2004666.

FIPA - Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (2016). Novas regras de informação alimentar. Disponível em http://www.fipa.pt/consumidor/novas-regras-de-informacao-alimentar. Real, H., Tristão, I., & Barbosa, M. (2017). Rotulagem alimentar: um guia para uma escolha consciente. Coleção E-Books Da Associação Portuguesa de Nutricionistas, (42). Disponível em http://www.apn.org.pt/ebooks.php. Regulamento (UE) No 1169/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Outubro de 2011, relativo à prestação de informação aos consumidores. Disponível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/en/ALL/?uri=CELEX:32011R1169. Sonnenberg, L., Gelsomin, E., Levy, D. E., Riis, J., Barraclough, S., & Thorndike, A. N. (2013). A traffic light food labeling intervention increases consumer awareness of health and healthy choices at the point-of-purchase. Preventive Medicine, 57(4), 253–257. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2013.07.001.

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IOGURTES DETOX: O PRAZER DO BEM-ESTAR A 4 ESTAÇÕES

Mariana Fonseca1, Sara Loureiro1, Sabrina Esteves1, Raquel P. F. Guiné1,2, Edite Teixeira de Lemos1,2

1Dep. Indústrias Alimentares, ESAV, Instituto politécnico de Viseu

2CI&DETS - Centro de Investigação, Instituto Politécnico de Viseu

Resumo

O iogurte é considerado como um dos produtos mais nutritivos entre todos os produtos láteos

fermentados e, ao longo do tempo, tem vindo a ganhar importância como alimento saudável,

devido aos seus comprovados benefícios para a saúde. Por outro lado, constitui, sem dúvida, um

veículo adequado para a incorporação de ingredientes funcionais bem como a suplementação de

organismos probióticos vivos (Behare et al., 2016).

O termo “detox” tem sido aliado à ideia de ingerir determinados componentes de alimentos com

propriedades funcionais que ajudam à libertação de toxinas que tendem a acumular-se no

organismo (Kim, 2015; Shriner, 2013).

O objetivo do presente trabalho foi criar uma gama de iogurtes detox com propriedades funcionais.

Foram, assim, desenvolvidos 4 iogurtes, com diferentes combinações de ingredientes, escolhidos

por forma a proporcionar efeitos benéficos ao organismo, tal como especificado na Tabela 1.

Tabela 1. Ingredientes utilizados e suas propriedades funcionais (Guiné et al., s.d.).

Ingrediente Propriedades funcionais Ingrediente Propriedades funcionais

Ananás Facilita a digestão Pera Antioxidante / Função intestinal

Aipo Diurético Agrião Diurético

Hortelã Redução do apetite Laranja Antioxidante

Chia Redução do apetite Maracujá Antioxidante / Função intestinal

Canela Termogénico Salsa Diurético

Maçã Redução do apetite Cenoura Antioxidante

Gengibre Anti-inflamatório / Termogénico Linhaça Função intestinal / Anti-diabetes

/ Hipocolesterolemiante

Atendendo à combinação de sabores e funcionalidades, cada um dos iogurtes foi associado a uma

estação do ano, surgindo assim o iogurte Inverno (maçã, sementes de chia, gengibre e canela), o

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iogurte Primavera (ananás, aipo, menta), o iogurte Verão (maracujá, laranja, cenoura, salsa,

linhaça) e o iogurte Outono (pera, agrião e gengibre) (Figura 1).

Figura 1. Iogurtes desenvolvidos.

Os 4 iogurtes foram analisados quanto à sua composição química, usando metodologias oficiais, tal

como descrito nos métodos AOAC, tendo ainda sido sujeitos a provas organoléticas por um painel

não treinado constituído por 61 provadores, para determinação das características sensoriais.

Os resultados das análises químicas efetuadas mostraram que os quatro iogurtes apresentaram

baixo valor calórico (45-60 kcal/100 g). De notar também o baixo teor de gordura, particularmente

para as variedades de Verão, Primavera e Outono (∼0,6-0,7 g/100 g). O teor proteico variou de 2,6 a

2,8 g/100 g, correspondendo ao intervalo esperado para este tipo de produto. Verificou-se,

contudo, um teor ligeiramente elevado de hidratos de carbono, entre 7,0 e 10,5 g/100 g. É natural

que haja sempre algum a açúcar presente pois trata-se do açúcar natural do leite, a lactose.

Contudo, estamos dentro de parâmetros considerados ideias: o equivalente a um pacote de açúcar

(7g) — por unidade. As embalagens idealizadas são de 125g. Já a acidez observada foi baixa,

variando na gama de 0,5 a 0,6 g/100 g expressa em ácido láctico. A avaliação das características

sensoriais revelou que, no que respeita à apreciação global, as classificações obtidas foram 4,3 para

o iogurte Verão, 4,1 para o iogurte Primavera, e 3,9 para os iogurtes Outono e Inverno, numa escala

Verão Primavera Inverno Outono

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de 1 (nada apreciado) a 5 (muito apreciado), sendo um indicador positivo quanto à aceitação destes

produtos.

Referências Behare P, Lule VK, Patil P. (2016) Yogurt: Dietary Importance. In Caballero B, Finglas PM, Toldrá F (Eds.) Encyclopedia of Food and Health. Oxford: Academic Press, pp. 612–616. Guiné RPF, Lemos ET, Ferreira A, Teixeira C, Aparício D, Souza G, Pinheiro H, Gonçalves I, Monteiro J, Rosa L, Fonseca M, Almeida P, Crespo R, Esteves S, Seabra S, Loureiro S, Silva S, Tavares S (s.d.) Development of New Dairy Products with Functional Ingredients. Nutrition and Food Science (submissão) Kim MJ, Hwang JH, Ko HJ, Na HB, Kim JH. (2015) Lemon detox diet reduced body fat, insulin resistance, and serum hs-CRP level without hematological changes in overweight Korean women. Nutrition Research, 35(5), 409-420. Shriner RL. (2013) Food addiction: Detox and abstinence reinterpreted? Experimental Gerontology, 48(10), 1068-1074.

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DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO PRODUTO À BASE DE KIWI PARA APROVEITAMENTO DE FRUTOS NÃO COMERCIALIZÁVEIS

Salomé F. Seabra1, Raquel P. F. Guiné1,2

1Dep. Indústrias Alimentares, ESAV, Instituto politécnico de Viseu

2CI&DETS - Centro de Investigação, Instituto Politécnico de Viseu

Resumo

Tanto os vegetais como os frutos são componentes importantes de uma alimentação saudável pois possuem

baixo conteúdo calórico e são fonte de micronutrientes, especialmente vitaminas, sais minerais, fibras e

outros componentes com propriedades funcionais. Para além disto trata-se de alimentos ricos em

compostos bioactivos, com propriedades sensoriais muito características e que podem sofrer alteração

durante o processo de conservação (Maia, 2010; Santos, 2013).

Os produtos hortofrutícolas em natureza caracterizam-se por apresentarem qualidade máxima à colheita

sendo que esta tende a diminuir ao longo da cadeia de distribuição. A perda de qualidade implica elevados

prejuízos para os diferentes intervenientes da cadeia. Por outro lado, os frutos não compatíveis com os

padrões de comercialização (em forma, em tamanho ou que apresentam pequenos defeitos) também

contribuem para perdas significativas de valor acrescentado (Ribeiro, 2013).

O desenvolvimento deste trabalho teve como objectivo principal o aproveitamento do kiwi miúdo e

maduro que sai das linhas de produção e que não é comercializado na sua forma natural. Pretende-

se fazer um aproveitamento deste fruto de forma a potenciar mais-valias para a empresa e por

outro lado desenvolver um produto com propriedades organoléticas e nutricionais apelativas.

Ao longo do desenvolvimento experimental do trabalho foi necessário testar oito formulações até

encontrar protótipos de produto que satisfizessem os requisitos pretendidos pela empresa. Assim,

no final foram escolhidas duas barras à base de kiwi (simples e com aveia e noz) (Figura 1) para que

posteriormente fossem feitas várias análises físico-químicas e sensoriais aos produtos.

Figura 1. Barras à base de kiwi: com aveia e noz (esquerda) e simples (direita).

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A Tabela 1 mostra a composição nutricional dos dois protótipos desenvolvidos, sendo visíveis

algumas diferenças entre a barra de kiwi simples e que teve adição de aveia e noz. Esta última,

devido à adição de um cereal e um fruto seco, apresentou-se com maior teor de proteína, sendo

esta diferença assinalável, e ainda com mais fibra, cinzas e hidratos de carbono, embora neste caso

as diferenças fossem menores. Quanto à acidez e à vitamina C, estes foram superiores para a barra

que levou apenas kiwi, uma vez que está em maior proporção e é este fruto que apresenta um

elevado teor em vitamina C e também uma elevada acidez.

Tabela 1. Composição nutricional das barras de kiwi.

Componente Barra de kiwi simples Barra de kiwi com aveia e noz

Água (g/100g) 69,1 65.4

Fibra bruta (g/100g) 4,6 4,8

Gordura bruta (g/100 g) ∼0,0 ∼0,0

Proteína bruta (g/100g) 1,1 3,2

Cinzas (g/100g) 0,6 0,8

Hidratos de carbono

(g/100g)

24,6 25,8

Acidez (mg ác. cítrico/100g) 1,0 0,8

Ácido ascórbico (mg/100 g) 57,0 48,4

Valor calórico/100 g

(kJ/Kcal)

430,3/102,8 485,6/116,0

Através da avaliação sensorial, feita por painel não treinado, foi possível perceber, de modo mais

detalhado, as principais diferenças entre as duas barras. De entre os parâmetros analisados, os que

mais se destacaram foram a homogeneidade, a doçura e ainda o odor e sabor a kiwi (Figura 2). Para

além disso foi possível concluir, através de uma prova de preferência, que a amostra mais apreciada

pelos provadores foi a barra simples de kiwi.

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Figura 2. Perfil sensorial das barras à base de kiwi.

A análise de cor CIE Lab revelou que a barra de kiwi apresenta maior luminosidade, mais

intensidade da cor verde (menor a*) e mais intensidade da cor amarela (maior b*) quando

comparada com a barra de kiwi, aveia e noz.

Relativamente à análise da textura, conseguiu-se perceber que a barra de kiwi apresenta uma

maior dureza exterior, maior coesividade e maior elasticidade.

Referências Maia B. (2010) Determinantes socio-demográficos e de estilos de vida do consumo de hortofrutícolas em adultos: um estudo de base populacional. Porto: Universidade do Porto. Ribeiro A. (2013) Impacto da distribuição na qualidade de produtos hortofrutícolas frescos. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa. Santos J. (2013) Determinação do teor de fibra alimentar em produtos hortofrutícolas. Lisboa: Universidade de Lisboa.

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CYNATURA: O CARDO (CYNARA CARDUNCULUS L.) COMO RECURSO MULTIFUNCIONAL NA TRADIÇÃO E INOVAÇÃO DO SETOR AGROALIMENTAR

Paulo Barracosa1,2, Manuela Antunes1, Rui Coutinho1,2, António Pinto1,2

1Escola Superior Agrária de Viseu - Instituto Politécnico de Viseu;

2CI&DETS – Centro de Estudos em Educação, Tecnologias e Saúde, 3504-510 Viseu,

Resumo

O cardo (Cynara cardunculus L.) é um recurso endógeno que revela uma natureza altamente

heterozigótica traduzida numa extensa diversidade fenotípica e genotípica. Esta espécie tem a

particularidade de ter sofrido dois processos de domesticação a partir do cardo selvagem (C.

cardunculus var. sylvestris), resultado de uma seleção direcional concorrente para características

distintas e não por uma seleção disruptiva (Sonnante et al. 2004). Estes processos conduziram ao

estabelecimento da alcachofra (C. cardunculus var. scolymus) mais vocacionada para a produção de

capítulos para serem consumidos em fresco e do cardo cultivado (C. cardunculus var altilis) com o

objetivo de produção de biomassa. Em Portugal, a principal e quase exclusiva vocação do cardo é a

utilização das suas flores como coalho vegetal em queijos de ovelha com Denominação de Origem

Protegida (DOP).

As flores de cardo são tradicionalmente usadas na região mediterrânica para a produção de queijos

artesanais (Roseiro et al. 2003) pela presença de uma elevada diversidade e concentração de

proteases aspárticas designadas por cardosinas, devidamente caracterizadas sob ponto de vista

bioquímico. Os estudos destas enzimas como substitutos de coagulantes animais têm-se

intensificado pelas limitações no uso de coagulantes por questões religiosas, dieta (vegetarianos)

ou oposição a alimentos geneticamente modificados (Roseiro et al., 2003).

A extração de compostos farmacológicos ativos e a utilização na indústria agroalimentar de

diferentes estruturas do cardo constituem igualmente um potencial de aplicação desta cultura. As

raízes possuem um elevado teor de inulina, um polissacarídeo linear benéfico para a alimentação,

com ação probiótica que revela um efeito positivo na flora intestinal do homem e como fibra

solúvel que não é digerida pelos humanos (Raccuia e Melilli, 2004). As folhas apresentam atividade

antioxidante, devido à sua composição fenólica, com base nos ácidos cafeoilquínico e glicósidos de

luteolina e apigenina (Pinelli et al., 2007), taraxasterol e taraxasteryl-3β-acetato, cinarina e ácido

clorogénico (Grancai et al., 1994). Os extratos obtidos desta parte da planta também apresentam

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atividade antimicrobiana sobre Staphylococcus aureus, Bacillus cereus e B. subtilis, Salmonella

typhimurium, E. coli, e atividade antifúngica sobre Aspergillus niger, A. ochraceus, A. flavus,

Penicillium ochrochloron, P. funiculosum, Trichoderma viride, Fusarium tricinctum e Alternaria

alternata (Kukic et al., 2008). A cinarina e silimarina são compostos amargos, que se encontram nas

folhas que podem estimular a secreção dos sucos digestivos, especialmente a bílis, são

hepatoprotetores e reduzem os níveis de colesterol no sangue. As flores contêm flavonóides (vários

glicósidos a partir de apigenina, luteolina e naringenina) (El-Ansari et al., 1988), esteróis e

triterpenóides pentacíclicos (Grancai et al., 1992). Maccarone et al. (1999) estudaram as

possibilidades de utilização do óleo extraído de sementes de cardo. Os trigliceróis foram os

constituintes dominantes, com reduzida quantidade de fosfolipídios e glicolipídios. O elevado

conteúdo de óleo, de ácido linolénico em proporção equilibrada e baixa quantidade de ácidos

livres, peróxidos e ácidos saturados, assegura uma boa qualidade alimentar e o α-tocoferol oferece

a garantia de estabilidade contra a oxidação.

As aplicações tradicionais do cardo compreendem o uso das folhas escaldadas, os tenros pecíolos

das folhas, e o capítulo, em sopas, estufados e saladas (Fernández et al., 2006). Este cardo usa-se

tradicionalmente como agente diurético, colerético, cardiotónico e anti-hemorroidal. As folhas de

cardo são ainda usadas para o tratamento de dispepsia e como antidiabético (Koubaa et al., 1999).

No âmbito do projeto CYNATURA, com base no atual conhecimento científico e na extensa

multifuncionalidade do cardo, estamos a criar produtos agroalimentares com valorização

nutricional que aliem ao prazer do consumo relativo à textura, sabor e aromas, com uma

identidade exclusiva, uma vocação nutracêutica e promotora de saúde. Para atingirmos este

desiderato é crucial aliar o conhecimento técnico-científico desenvolvido em centros de

investigação e instituições de ensino superior com empresas de referências no setor agroalimentar

nas diversas áreas de especialização que estamos a desenvolver, desde o fabrico do queijo,

compotas, pickles, entre outros, sempre numa perspetiva de desenvolvimento e inovação no

produto em si e no conceito que pretendemos apresentar.

Referências El-Ansari MAI, El-Negoumy SI, Saleh NAM. (1988). The flavonoids of Cynara sibthorpiana. Biochemical Systematics and Ecology, 16, 285. Fernández J, Curt MD, Aguado PL. (2006). Industrial application of Cynara cardunculus L. for energy and other uses. Industrial Crop and Products. 24, 222-229.

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Grancai D, Nagy M, Suchý V, Ubik K. (1992). Constituents of Cynara cardunculus L. I. Sterols and pentacyclic triterpens. Farmaceutický Obzor, 61, 577-580. Grancai D, Nagy M, Suchý V, Novomeský P. (1994). Cynarin from the fresh flower buds of Cynara cardunculus. Fitoterapia, 65, 282. Koubaa I, Damak M, McKillop A, Simmonds M. (1999). Constituents of Cynara cardunculus. Fitoterapia, 70, 212-213. Kukic J, Popovic V, Petrovic S, Mucaji P, Ciric A, Stojkovic D, Sokovic M .(2008). Antioxidant and antimicrobial activity of Cynara cardunculus extracts. Food Chemistry 107, 861 – 868. Maccarone E, Fallico B, Fanella F, Mauromicale G, Raccuia SA, Foti S. (1999). Posible alternative utilization of Cynara spp. Part II. Chemical characterization of their grain oil. Ind. Crop Prod. 10, 229-237. Pinelli P, Agostini F, Comino C, Lanteri S, Portis E, Romani A. (2007). Simultaneous quantification of caffeoyl esters and flavonoids in wild cultivated cardoon leaves. Food Chemistry, 105 (4), 1695-1701. Raccuia SA, Melilli MG. (2004). Cynara cardunculus L., a potential source of inulin in Mediterranean environment: screening of genetic variability. Aust. J. Agric. Res. 55, 693-698. Roseiro LB, Barbosa M, Ames JM, Wilbey RA. (2003). Cheesemaking with vegetable coagulants-the use of Cynara L. for the production of ovine milk cheeses. International Journal of Dairy Technology, Vol. 56 (2) 76-85. Sonnante G, De Paolis A, Pignone D. (2004). Relationships among artichoke cultivars and some related wild taxa based on AFLP markers. Plant Genetic Resources: Characterization and Utilization.1, 125-133.

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FORMULAÇÃO DE BARRAS ENERGÉTICAS FUNCIONAIS: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E SENSORIAL

Maria Rocha1, Edite Teixeira de Lemos1,2, Ana Cristina Correia1,2

1Dep. Indústrias Alimentares, ESAV, Instituto Politécnico de Viseu

2CI&DETS – Centro de Investigação, Instituto Politécnico de Viseu

Resumo

As preocupações com a promoção da saúde e melhoria na qualidade de vida através de uma

alimentação saudável torna necessária a formulação e introdução de novos alimentos no mercado.

Neste contexto, as barras de cereais surgem como auxiliar da dieta pois são alimentos de fácil

consumo, que não requerem nenhuma preparação posterior, vendidos em embalagens individuais

e que têm apresentado um rápido crescimento de vendas no mercado. Os principais aspectos

considerados na elaboração desse produto incluem, para além da escolha de cereais e da seleção

de hidratos de carbono, a possibilidade de enriquecimento com vários nutrientes funcionais. Os

atributos sensoriais somados à procura por benefícios em saúde têm possibilitado o

desenvolvimento de barras de cereais com novos ingredientes alimentares, nutritivos e funcionais.

Este trabalho teve como objectivo a formulação de 5 barras de cereais funcionais energéticas (BF1 a

BF5).Para a elaboração das 5 barras de cereais (BF1 a BF5), partiu-se de uma receita base e foi-se

variando a quantidades e a forma de apresentação de 3 ingredientes (mel, maçã e banana) de

acordo com o esquema da Figura 1. Destas formulações foi feita a análise da composição

centesimal, utilizando metodologias oficiais e uma avaliação sensorial por um painel com

conhecimento de análise sensorial constituído por de 16 provadores (9 femininos e 7 masculinos)

com idades compreendidas entre 22-58 anos.

Os resultados das análises químicas efetuadas mostraram que as barras apresentaram valor

calórico médio de (595±60 kcal/100g), valor bastante elevado quando comparado com outros

produtos similares existentes no mercado (200 kcal). De realçar também um elevado teor em fibra,

(6,0±0,7%) que de acordo com a legislação relativa à rotulagem nutricional, atualmente em vigor,

permite atribuir a esta formulação a designação nutricional “Alto teor em fibra”. O teor proteico foi

de 4,6±0,6%, correspondendo ao intervalo esperado para este tipo de produto. Contudo, o valor

lipídico de 19,4% foi superior. Relativamente aos hidratos de carbono totais, os valores médios

observados foram de 58,3±5,6 e destes, os açúcares simples totalizaram uma média de 20,9±0,25

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que se encontram dentro do esperado mas é de realçar que todos os açúcares contidos no produto

são naturais.

A avaliação sensorial das 5 barras foi efectuada em dois momentos. Na primeira fase as barras

foram avaliadas de forma individual ao nível do aspecto (uniformidade e cor), do sabor (cereais,

fruta, mel, doce), da textura (secura, dureza, crocância, elasticidade) e apreciação global

recorrendo a uma escala numérica crescente de 1 a 5 para a determinação do perfil sensorial de

cada uma delas. E numa segunda fase (com as cinco barras em simultâneo) foi solicitado a cada

provador que colocasse por ordem de preferência de ordenação (de 1, a menos, a 5, a mais) nos

seguintes parâmetros: aspecto geral; doçura; textura e avaliação global.

75g granola 10g avelã 10g sementes de abóbora 10g gengibre 19g farinha 20g azeite 15mL + 2g café

Rec

eit

a B

ase

MEL + MAÇÃ

BANANA

10g Mel 45g Maçã natural 40g Banana natural

BF1

20g Mel 45g Maçã natural 40g Banana natural

BF2

40g Mel 45g Maçã natural 40g Banana natural

BF3

20g Mel 23g Maçã desidratada 23g Banana desidratada

BF4

20g Mel 200g Maçã natural 200g Banana natural

BF5

Figura 1. Esquema geral das formulações das barras de cereais (BF1 a BF5)

Todos os resultados obtidos pelos provadores foram sujeitos a uma análise estatística utilizando o

software SPSS versão 23 (IBM, EUA). A todos os valores da avaliação sensorial foi efectuada uma

análise de variância (ANOVA), e a diferença entre as médias foi testada utilizando o teste Tukey HSD

com um nível de confiança de 5%.

Pela análise dos resultados obtidos constatou-se a existência de diferenças significativas ao nível do

aspecto nomeadamente na tonalidade da cor (TC), assim como ao nível do sabor, a cereais (SC) e a

fruta (SF), ao nível da textura (secura (S); dureza (Dz); crocância (C) e elasticidade (E)) e na

apreciação global (AG). Contudo, não se verificou diferenças significativas ao nível da uniformidade

do aspecto (UA) e da cor (UC) assim como ao nível do sabor a mel (SM) e doce (Dc).

O perfil sensorial das 5 formulações das barras de cereais é apresentado na Figura 2.

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0

1

2

3

4

5UA

TC

UC

SC

SF

SM

Dc

S

Dz

C

E

AG

BF1

BF2

BF3

BF4

BF5

Figura 2. Perfil sensorial das 5 formulações de barras de cereais (BF1 a BF5) (UA – Uniformidade do Aspecto; TC – Tonalidade da Cor; UC – Uniformidade da Cor; SC – Sabor a Cereais; SF – Sabor a Fruta; SM – Sabor a Mel; Dc – Doce; S – Secura; Dz – Dureza; C – Crocância; E – Elasticidade; AG – Apreciação Global)

Ao nível da tonalidade da cor (TC) a BF4 foi a amostra que apresentou o valor mais baixo e

estatisticamente diferente das restantes. No que respeita ao sabor a BF5 apresentou valor mais

baixo em relação a cereais (SC) mas mais elevado ao nível da fruta (SF) o que poderá estar

relacionado com a maior quantidade de fruta adicionada na forma natural o que poderá ter

sobreposto em relação aos restantes atributos sensoriais nomeadamente no sabor a cereais. A

maior quantidade da adição de fruta na forma natural na BF5 também poderá estar relacionada

com os valores mais baixos verificados nos atributos da textura nomeadamente, na secura (S), na

dureza (Dz) e na crocância (C) e mais altos na elasticidade (E). No mesmo sentido, mas com efeito

oposto, a adição de fruta desidratada na BF4 conduziu a valores mais elevados na avaliação da S, Dz

e na C e menores ao nível da E. No que respeita à preferência do painel de provadores pelas 5

amostras apresentadas em simultâneo a BF4 foi a amostra mais preferida quer ao nível do aspecto

geral, da textura e na avaliação global, contudo ao nível da doçura o painel não apresentou

preferência por nenhuma das amostras. De um modo geral é possível referir que as barras

formuladas apresentam valor energético elevado e um alto teor em fibra sendo a amostra BF4 a que

mais se destacou ao nível sensorial quer numa avaliação individual como de conjunto.

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DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE FABRICO DE HAMBÚRGUER DE PEIXE

Filipa Martins Dinis1, Teresa Gândara2, Rui Costa1, Roberto Marques2

1Escola Superior Agrária de Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal

2Faster – Produtos Alimentares, Lda.

Resumo

Cada vez mais a população tem a preocupação de consumir alimentos seguros, com qualidade,

saudáveis, equilibrados nutricionalmente e de fácil confeção.

Com o objetivo de acompanhar esta tendência crescente as empresas sente a obrigação de investir

no desenvolvimento de novos produtos que satisfaçam as necessidades dos consumidores.

O peixe é um alimento de fácil digestão para o ser humano e de excelente valor nutritivo porque

contém na sua composição proteínas de alto valor biológico, vitaminas do complexo B, minerais e

ácidos gordos insaturados. O pescado é uma das maiores fontes de ácidos da família ómega-3

(Sales et al., 2015).

Mas o aumento da procura de pescado por parte dos consumidores afeta a nível mundial os

recursos de pescado. As reservas de espécies como linguado, bacalhau e pescada estão a ser

rapidamente destruídas. Desta forma, os subprodutos da indústria do pescado devem ser

aproveitados de modo a preservar os recursos naturais (Ferreira, 2013).

Tendo em conta as características nutritivas do pescado, a elevada quantidade de subprodutos

gerada pela sua indústria, o aproveitamento de uma matéria-prima disponível e de elevada

qualidade, a escassa variedade existente no mercado de produtos à base de pescado, surgiu o

interesse de desenvolver um produto alimentar à base de pescado. Conjugando todas estas

características, o objetivo deste projeto foi o desenvolvimento do processo de fabrico de

hambúrgueres de peixe.

Ao longo do projeto desenvolveram-se duas formulações. Uma formulação para um hambúrguer de

salmão e outra formulação para um hambúrguer de pescada (figura 1).

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Figura 1. Hambúrguer de salmão (esquerda) e hambúrguer de pescada (direita).

Para se perceber qual seria a melhor formulação para cada hambúrguer, foi necessário realizar

vários ensaios que consistiram na variação de quantidades usadas bem como a utilização de

diferentes ingredientes. Ao todo realizaram-se 6 ensaios que são descritos na Tabela 1, até se obter

a formulação final. A conjugação de todos estes ensaios levou à determinação da formulação final

de cada hambúrguer.

De forma a ter uma noção daquilo que o consumidor pretendia do produto foi efetuado um estudo

de aceitabilidade, através de questionário, verificando-se que a maioria dos inquiridos demostrava

elevada aceitação do conceito deste novo produto, obtendo-se uma aceitação global positiva por

51% dos inquiridos.

Foram ainda realizados testes sensoriais com provadores não treinados de forma a perceber se a

textura dos hambúrgueres agradava ao consumidor e qual seria a sua intenção de compra. O

produto obteve uma boa aceitabilidade sensorial bem como um bom nível de intenção de compra.

Foram também determinados durante o projeto outros parâmetros, como a determinação da cor

por colorimetria através do espaço de cor CIE L*a*b* e a avaliação da textura dos hambúrgueres

através de análise de perfil de textura (TPA).

O produto encontra-se neste momento em fase de lançamento no mercado através da grande

distribuição e canais de exportação.

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Tabela 1. Descrição dos ensaios realizados para a obtenção da formulação final.

ENSAIO DESCRIÇÃO

1º Perceber qual o tipo de pescado que deveria ser usado como matéria-

prima principal e se os hambúrgueres deveriam ou não ser panados.

Este ensaio permitiu chegar à formulação base de cada tipo de

hambúrguer.

2º Perceber quais os ligantes que deveriam ser usados de modo a conferir

uma textura mais coesa aos hambúrgueres. Os ligantes testados nesta fase

foram espessantes (fibra de batata, amido de milho modificado e fibra de

ervilha) e fixadores de água (polifosfatos de baixa viscosidade).

3º Troca de um dos ligantes usado de forma a perceber se esta alteração

implicava mudanças nos hambúrgueres. Em vez polifosfato de baixa

viscosidade passa a ser usado polifosfato de alta viscosidade.

4º Utilização da clara de ovo como ligante.

Conjugação dos polifosfatos de alta viscosidade com o amido e a fibra de

modo a perceber se a textura era ou não melhorada.

5º Realização de 4 conjugações diferentes entre ligantes de modo a perceber

qual das conjugações obtinha melhores resultados no produto final.

6º Aproveitamento do exsudado da descongelação.

Adição de hidrocolóides (goma xantana e carragenato).

Perceber se a textura dos hambúrgueres era melhorada com estas

alterações.

Referências Ferreira TSA. (2013). Desenvolvimento de um novo produto alimentar: Fisham - fiambre de pescada e salmão enriquecido com óleo de peixe. Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar - Instituto Politécnico de Leiria (Trabalho de Projeto apresentado à Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar do Instituto Politécnico de Leiria para obtenção do grau de Mestre em Gestão da Qualidade e Segurança Alimentar). Sales PVG, Sales VHG, Oliveira EM. (2015). Avaliação sensorial de duas formulações de hambúrguer de peixe. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v17, n1, 17-23

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ESTUDO DE MERCADO COM VISTA À INTRODUÇÃO DE UM NOVO PRODUTO: QUEIJO COM ADIÇÃO DE FRUTOS VERMELHOS

Ana Cristina Ferrão 1, Raquel P. F. Guiné1,2, Paula M. R. Correia1,2

1Dep. Indústrias Alimentares, ESAV, Instituto politécnico de Viseu

2CI&DETS - Centro de Investigação, Instituto Politécnico de Viseu

Resumo

O mercado dos produtos alimentares tem vindo a adaptar-se a vários desafios, nomeadamente a

necessidade de inovação e apresentação ao consumidor de uma gama mais alargada de produtos,

para fazer face às suas exigências, cada vez mais ávidos de experimentar novas sensações (Almli et

al., 2011). Por outro lado, os consumidores, hoje em dia, estão mais preocupados com questões

relacionadas com a manutenção e promoção da saúde, tentando aliar as vantagens do prazer no

consumo de determinados alimentos com vantagens acrescidas ao nível dos seus efeitos benéficos

no organismo. Esta evidência tem sido responsável pelo grande crescimento no domínio dos

alimentos funcionais nas últimas décadas (Kaur and Singh, 2017).

O lançamento de um novo produto alimentar no mercado deve, necessariamente, ser precedido de

um estudo de mercado que avalie a predisposição dos consumidores para eventualmente virem a

comprar o produto (Bogue et al., 2017). Nesse sentido, o presente estudo foi realizado com vista à

prospeção do mercado para conhecer as possibilidades de introdução de um novo produto lácteo

com adição de alimentos com propriedades funcionais, nomeadamente um queijo com frutos

vermelhos, amplamente conhecidos pelas suas propriedades antioxidantes, entre outras (Lila and

Raskin, 2005).

O estudo foi realizado por inquérito, de preenchimento on-line, aplicado após consentimento

informado, apenas a pessoas maiores de idade. A recolha de dados decorreu entre agosto de 2016

e março de 2017.

O questionário incluiu quatro partes, destinadas a recolher informações sobre diversas questões

importantes: Parte I - Dados sociodemográficos; Parte II - Hábitos de consumo de queijo; Parte III -

Aceitação do novo produto; Parte IV - Atitudes em relação a novos ingredientes para o queijo.

A amostra era constituída por 335 participantes, com idades compreendidas entre os 18 e os 71

anos, sendo a média de idades 36 ± 14 anos. Dos participantes, 57.3% eram mulheres e 42.7% eram

homens.

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A análise dos resultados permitiu observar que a maioria dos participantes consumia queijo

regularmente (92.2%), sendo que 50.4% o consumiam 2/3 vezes por semana e 41.5% diariamente.

Quando questionados sobre a possibilidade de consumirem queijo com frutos vermelhos, 73.1%

dos participantes indicaram que seriam potenciais consumidores, 22.7% reponderam que talvez

consumissem e 4.2% indicaram que não consumiriam.

Relativamente aos atributos que os participantes gostariam de encontrar neste novo produto

(Figura 1), 72.9% indicaram que gostariam que reduzisse os problemas cardiovasculares e 51.4%

que tivesse elevada capacidade antioxidante.

Figura 1. Atributos que os participantes gostariam de encontrar no Queijo com Frutos Vermelhos

A figura 2 mostra os resultados obtidos para a opinião dos participantes em relação à aceitação

da combinação de alguns frutos vermelhos com o queijo. No geral, os participantes manifestaram

que todos os ingredientes sugeridos poderiam combinar bem com o queijo, tendo sido a framboesa

o que obteve uma maior aceitação (92.3%) e a cereja o menos apreciado (86.0%).

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Figura 2. Opinião dos participantes em relação à combinação de alguns frutos vermelhos com o queijo

Os resultados obtidos sugerem que existe potencial para ser desenvolvido este novo produto

lácteo, um Queijo com Frutos Vermelhos.

Referências Almli VL, Næs T, Enderli G, Sulmont-Rossé C, Issanchou S and Hersleth M. (2011). Consumers’ acceptance of innovations in traditional cheese. A comparative study in France and Norway. Appetite, 57(1): 110–120. Bogue J, Collins O and Troy AJ. (2017). Market analysis and concept development of functional foods. In: Bagchi D and Nair S (Eds). Developing New Functional Food and Nutraceutical Products. San Diego: Academic Press. pp. 29–45. Kaur N and Singh DP. (2017). Deciphering the consumer behavior facets of functional foods: A literature review. Appetite, 112: 167–187. Lila MA and Raskin I. (2005). Health-related Interactions of Phytochemicals. Journal of Food Science, 70(1): R20–R27.

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SALMÃO SOUS-VIDE

Maria João B. Carvalho1, Manuela Brito Costa1, Célia Lampreia1, António Miguel Floro1, Fernanda

Fragoso1, Silvina Ferro Palma1

1Departamento de Tecnologias e Ciências Aplicadas, Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de

Beja

Resumo

Sous-Vide consiste em confecionar as matérias-primas sob determinadas condições de temperatura

e tempo, dentro de bolsas de vácuo termicamente estáveis (Ruiz et al., 2013) Nestas condições os

alimentos estarão a ser cozinhados nos seus próprios sucos durante períodos de tempo mais

longos, e a temperaturas inferiores, quando comparados com os binómios tempo-temperatura

utilizados nos processos de confecção convencionais. Decorrentes destas condições de confecção,

surgirá um produto com uma textura mais tenra e suculenta, com um tempo de prateleira mais

extenso, assim como uma conservação das propriedades sensoriais durante o respetivo

armazenamento (Ruiz et al., 2013).

O consumo de peixe, a nível mundial, tem aumentado nos últimos anos devido às suas

características nutricionais, dados os benefícios para saúde (Dias, 2017). De acordo com a última

publicação da FAO, a quantidade total de empresas dedicadas à transformação de pescado como

alimento aumentou a uma taxa anual de 3.2% (FAO, 2014). Por sua vez, a preocupação e exigência

dos consumidores tem aumentado em paralelo com o consumo de alimentos naturais ou

minimamente processados, ou seja, prontos para consumo “ready-to-eat” (RTE), os quais são

conhecidos por serem muito perecíveis in natura, como sejam, carne, peixe e alguns lacticínios,

muito susceptíveis em condições de armazenamento (Nychas et al., 2008).

Os hábitos alimentares em Portugal, em termos de pescado são os mais elevados da Europa, com

aproximadamente 55 kg/ano/habitante, e o salmão tem sido um dos peixes usualmente requeridos

na dieta dos portugueses. E efetivamente o consumo de salmão fresco em Portugal ultrapassou as

12 mil toneladas em 2012, mais 29% do que no ano anterior (cmjornal.,2012).

Neste estudo foram utilizadas amostras de salmão (em postas) adquiridas numa superfície

comercial, as quais foram confeccionadas segundo três condições distintas: método de

convencional de cocção em água em ebulição (100oC – amostra S10), em Sous-Vide durante 20

minutos a duas temperaturas (50oC – amostra S14 e 60oC – amostra S22). Todas as amostras foram

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sujeitas a análises físicas (pH, cor da CIELab, teor de água total e perda de exsudados por

cozimento), químicas (cinza, proteína, gordura, fibra, ABVT), microbiológicas (CT 30oC e Escherichia

coli.) e sensoriais (prova descritiva). A análise estatística utilizou análise de variância mediante o

teste de Sheffé para comparar as médias com um nível de significância de p<0,05, com Stat soft Inc

(2001) Statistica V. 6,0.

Os parâmetros físicos, o pH do salmão em cru foi de 6,04 e após os diferentes tratamentos térmicos

o pH apresentou valores entre 6,10 e 6,29, em relação à cor CIELab, as amostras termicamente

processadas apresentaram valores significativamente diferentes da amostra em cru, mas o mais

relevante é o facto das amostras S22 e S10 apresentaram valores de L significativamente superiores

(78,70 e 78,58, respectivamente) em relação à S14, e nos parâmetros a* e b* também

apresentaram diferenças significativas em relação à amostra S14, sendo que esta evolução da cor é

devida ao facto dos pigmentos naturais não serem degradados nos tratamentos térmicos por Sous-

Vide, o que mostra que este processamento culinário preserva a cor dos alimentos processados. De

facto, outros estudos referem as temperaturas de cerca de 60oC durante longos períodos de tempo

(como são utilizados em processamento de carnes em Sous-Vide) mostram uma cor vermelha mais

intensa do que quando cozinhados por métodos tradicionais, devido à desnaturação mais lenta da

mioglobina (Roldán et al., 2013).

O índice azoto básico volátil total (ABVT), poderá dizer-se que o valor inicial de 14,16mg/100g em

salmão cru diminuiu após os diferentes tratamentos térmicos, como seria expectável, tendo-se

registado os seguintes valores para S10 – 13,70 mg/100g, S14 – 12,74 mg/100g e S22 – 12,74

mg/100g, são valores satisfatórios em termos de aceitabilidade.

Relativamente à informação nutricional, as amostras tratadas termicamente em Sous-Vide

obtiveram valores de proteína de 23,83% (S14) e 25,20 % (S22) e a amostra S10 obteve 25,77%, e

em termos de gordura os valores obtidos foram 12,33% (S14), 12,24% (S22) e 11,15% (S10), pelo

que o valor nutricional das diferentes amostras foi de 206,30 Kcal/100g (S14), 210,96 Kcal/100g

(S22), e a amostra cozida a 100oC 203,39Kcal/100g. Estes valores estão em concordância com dados

nutricionais em relação a salmão cozido (139 Kcal/100g) ou salmão em forno (171 Kcal/100g)

(FatSecret, 2017)

Os resultados microbiológicos, no salmão cru apontam para uma frescura aceitável do pescado

com um valor de 7.15 log ufc/1g (sendo o limite de aceitabilidade de <7,78 log ufc/1g, De Pablo et

al, 2014), o que reflecte que o pescado foi intensamente manipulado, pois efectivamente em

outros estudos com pescado cru (dourada) a contagem total apresentou valores na ordem dos 2.84

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log ufc/1g (Espinosa et al., 2015), dado que possivelmente houve uma menor e/ou mais correcta

manipulação do pescado o que poderá ter contribuído para um menor carga microbiana. Após o

processamento térmico, em particular no Sous-Vide a 50oC, verificou-se que apesar de a população

microbiana ter reduzido (6,44 ufc/1g), a temperatura não foi suficiente para o produto final ser

aceitável em termos microbiológicos (< 4,77 ufc/g, INSA e CSAN, sd), contudo quer na amostra

Sous-Vide a 60oC, quer a cozida a 100oC, os níveis microbiológicos foram reduzidos

significativamente (p<0.05) para 3,38 ufc/1g e 1,04 ufc/1g, respectivamente, sendo valores

satisfatórios, e efectivamente, tal como outros estudos referem em salmão cozinhado em Sous-Vide

as temperaturas na ordem dos 40o - 50oC em 15-20 min não garantem uma redução da carga

microbiana total (Baldwin, 2012).

Em termos de avaliação sensorial, as amostras sujeitas aos 3 tratamentos térmicos, Cozedura a

100oC (S10), Sous-Vide a 50oC (S14) e Sous-Vide a 60oC (S22) (Figura 1), verifica-se que os atributos

tenrura, suculência e flavour salmão, bem como a cor nas amostras S14 e S22, obtém maior

pontuação, apesar de em termos de apreciação global a pontuação destas amostras não se

destacou da amostra cozida tradicionalmente a 100oC (S10).

Em suma, em futuros estudos recomenda-se temperaturas de Sous-Vide acima dos 50oC, em

particular em peixe muito manipulado, alterando os tempos de processamento por questões de

segurança microbiológica, e ainda que sejam efetuados ensaios de textura instrumental e sensorial,

no sentido de se evidenciar o potencial deste tipo de produto “ready-to-eat”.

Figura 1. Avaliação sensorial do salmão sujeito aos 3 diferentes tratamentos térmicos (Cozedura a 100⁰C, Sous-Vide a 50⁰C e Sous-Vide a 60⁰C)

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Referências Baldwin DE. (2012). International Journal of Gastronomy and Food Science 1: 15–30 cmjornal. (2012). http://www.cmjornal.pt/economia/detalhe/consumo-de-salmao-fresco-sobe-29-em-2012. (Acedido em 3 de maio de 2017) de Pablo B; Morangas M. (2014). Recompilación normas microbiológicas de los alimentos y assimilados. Otros parâmetros físico-químicos de interés sanitário. Departamento de Sanidad alimentaria y consumo del Ayuntamiento de Bilbao. Bilbao. Dias D. (2017). http://riberalves.pt/saude/beneficios-gerais-do-consumo-de-peixe/ (Acedido em 16 de maio de 2017) FAO, (2014). The State of World Fisheries and Aquaculture 2014. Rome. Retrieved from: http://www.fao.org/3/d1eaa9a1-5a71-4e42-86c0-f2111f07de16/i3720e. (Acedido em 2 de maio de 2017) FatSecret. (2017). https://www.fatsecret.pt/calorias-nutri%C3%A7%C3%A3o/search?q=Salm%C3%A3o (Acedido em 30 de Abril de 2017) INSA e CSAN, Santos, MI; Correia C; Campos e Cunha, MI; Saraiva, M; Novais MR (sd). Valores Guia para Avaliação da Qualidade Microbiológica de Alimentos Prontos a Comer Preparados em Estabelecimentos de Restauração. Mar Roldan; Teresa Antequera; Alejandro Hernández; Jorge Ruiz. (2015). Physicochemical and microbiological changes during the refrigerated storage of lamb loins sous-vide cooked at different combinations of time and temperature. Food Science and Technology International. DOI: 10.1177/1082013214552861· Nychas GJ; Skandamis; PN; Tassou CC; Koutsoumanis KP. (2008). Meat spoilage during distribution. Meat Science. 78, 77e 89. Roldán M; Antequera T; Martın A; Mayoral AI and Ruiz J. (2013). Effect of different temperature–time combinations on physicochemical, microbiological, textural and structural features of sous-vide cooked lamb loins. Meat Science 93(3): 572–578

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CYNARA PASTA – UMA ABORDAGEM INTEGRADA PARA A VALORIZAÇÃO DA FOLHA DE Cynara

cardunculus

Maria João B. Carvalho1, João Reis1, Ana Paulino2, Manuela Brito Costa1, João Dias1, Nuno

Bartolomeu Alvarenga1, 3, 4, Idalia Guerreiro1, Mariana Regato1, Maria F. Duarte2,5

1Departamento de Tecnologias e Ciências Aplicadas, Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de

Beja, Beja, Portugal; 2CEBAL - Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo/IPBeja

– Instituto Politécnico de Beja, Beja, Portugal; 3LEAF, Instituto Superior de Agronomia, Universidade

de Lisboa, Lisboa, Portugal; 4GeoBioTec Research Institute, Universidade Nova de Lisboa, Caparica,

Portugal; 5ICAAM – Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas, Universidade de

Évora, Évora, Portugal;

Resumo

A agricultura nas regiões do Alentejo (Alto e Baixo) representa, respectivamente, 10% e 7% do

produto regional. As estatísticas sugerem um contínuo futuro crescimento, com a possibilidade de

exploração de novas culturas, assim como novas técnicas de exploração de culturas existentes. O

cardo é uma planta que cresce naturalmente, em condições extremas, como seja o caso de altas

temperaturas e stress hídrico no verão, e em solos não cultivados (Gominho et al., 2011; Kamm et

al., 2004). O cardo é um recurso endógeno abundante, com elevado potencial de valorização

económica baseado na sua aptidão tecnológica.

Tradicionalmente, a flor do cardo é usado no processamento de queijos de ovelha, nomeadamente

“Serra da Estrela”, “Serpa”, “Évora”, “Nisa”, entre outros, em Portugal e “La Serena” e “Guía” em

Espanha (Nuñez et al, 1991; Roa et al., 1999). No entanto, infusões de alcachofra e folhas de cardo

(Figura 1) também têm sido reconhecidas na medicina tradicional, dada a sua ação hépato-

protetora (Adzet et al., 1987).

Figura 1. Planta de Cynara cardunculus

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Atualmente é vastamente cultivada em Itália, sendo consumida como vegetal. Contudo, também se

produz extractos alcoólicos das folhas, como um licor amargo, particularmente recomendado para

fins terapêuticos, assim como para a produção de um conceituado licor italiano. Atualmente, várias

evidências epidemiológicas sugerem que o consumo de vegetais pode prevenir doenças

degenerativas causadas por stress oxidativo (Larossa et al, 2015). Consequentemente há uma nova

tendência por parte do consumidor na procura de novos produtos, derivados de matrizes naturais,

que representem uma importante fonte de antioxidantes exógenos, como sejam os compostos

fenólicos, carotenóides, vitaminas C e E, entre outros.

No sentido de promover a valorização económica da planta Cynara cardunculus, tendo por base o

potencial fitoquímico das folhas (Ramos et al, 2013 e 2014), a variabilidade natural de populações

espontâneas de cardo, e a utilização da flor para a produção de queijos, surgiu o projeto

ValBioTecCynara que contempla uma abordagem integrada para a valorização da flor e da folha,

potenciando a cultura do cardo, associando-lhe soluções tecnológicas de elevado valor

acrescentado.

No presente estudo desenvolveu-se uma pasta à base de folhas de Cynara cardunculus colhidas

entre os meses de Fevereiro e Março, que foram previamente branqueadas (100⁰C/5 min),

embaladas em vácuo e congeladas a -24⁰C. Posteriormente foram efectuados diferentes ensaios de

modo a optimizar a textura da pasta de cardo (Figura 2), cuja formulação incluiu azeite, cebola,

incorporação de leguminosas (Phaseolus vulgaris L. e Cicer arietinum), ervas aromáticas

(Petroselinum crispum e Coriandrum sativum) e a adição de açúcar amarelo e/ou mel.

Figura 2. Pastas de Cardo

Em termos de caracterização analítica, a pasta apresentou um pH na ordem da neutralidade (6,2 a

6,6), a acidez titulável encontrava-se com valores de 0,3-0,7 g ácido cítrico/100 mL, a avaliação da

cor Lab da CIE, apresentou valores de L entre 45,03 e 39,76, e os parâmetros a e b entre -5,73 e

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0,36, e 16,09 e 10,83, respectivamente. Em termos de avaliação reológica, as amostras foram

sujeitas a um ensaio de TPA (“Texture Profile Analysis”) com uma sonda de 10 mm (10 mm de

penetração / velocidade de teste 1 mms-1), e apresentaram valores de dureza entre 0,44N a 0,96 N

e adesividade entre 2,20 e 3,54 Ns. Ao efectuar-se uma análise sensorial afectiva, as pastas

destacaram um sabor intenso a amargo, particularmente acentuado nas pastas elaboradas com as

folhas colhidas em Março. Assim, numa perspectiva futura, tendo como foco a elaboração de uma

pasta de barrar de sabor agradável ao consumidor, deverá optar-se pela antecipação da colheita

das folhas.

Agradecimentos

Trabalho desenvolvido no âmbito do projeto ALT20-03-0145-FEDER-000038, designada por “ValBioTecCynara - Valorização

económica do cardo (Cynara cardunculus): variabilidade natural e as suas aplicações biotecnológicas”, cofinanciado pelo Programa

Operacional Regional do Alentejo (ALENTEJO 2020), com participação financeira FEDER.

Referências T. Adzet, J. Camarasa, J.C. Laguna, (1987). Hepatoprotective activity of polyphenolic compounds from Cynara scolymus against CCl4 toxicity in isolated rat hepatocytes, J Nat Prod 50: 612-617. J. Gominho, A. Lourenço, P. Palma, M.E. Lourenço, M.D. Curt, J. Fernández, H. Pereira, (2011). Large scale cultivation of Cynara cardunculus L. for biomass production—A case study, Industrial Crops and Products 33: 1-6. B. Kamm, M. Kamm, (2004). Principles of biorefineries, Appl Microbiol Biotechnol 64: 137-145. Ana.P.Q. Larrosa, Tito, R.S. Cadaval, Luiz, A.A. Pinto (2015). Influence of drying methods on the characteristics of a vegetable paste formulated by linear programming maximizing antioxidant activity. LWT - Food Science and Technology 60: 178-185. M. Nuñez, B.F.D. Pozo, M.A. Rodríguez-Marin, P. Gaya, M. Medina. (1991). Effect of vegetable and animal rennet on chemical, microbiological, rheological and sensory characteristics of La Serena cheese, Journal of Dairy Research 58: 511-519. A.B. Ramos, S.A.O. Santos, A.R. Guerra, O. Guerreiro, C.S.R. Freire, S.M. Rocha, M.F. Duarte, A.J.D. Silvestre. (2014). Phenolic composition and antioxidante activity of different morphological parts of Cynara cardunculus L. var. altilis (DC), Industrial Crops and Products 61; : 460-471. A.B. Ramos, A.R. Guerra, O. Guerreiro, C.S.R. Freire, A.M.S. Silva, M.F. Duarte, A.J.D. Silvestre. (2013). Lipophilic extracts of Cynara cardunculus L. var. altilis (DC): A source of valuable bioactive terpenic compounds, Journal of Agricultural and Food Chemistry 61: 8420-8429.

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I. Roa, M.B. López, F.J. Mendiola. (1999). Residual clotting activity and ripening properties of vegetable rennet from Cynara cardunculus in La Serena cheese, Food Research International 32: 413-419.