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[email protected] @jornallona Ano XIII - Número 734 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, quarta-feira, 13 de junho de 2012 O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil lona.redeteia.com Para a 17ª edição do prêmio, foram inscritos mais de 290 trabalhos e mais de 900 alunos participam da premiação. Qualquer pessoa pode participar do evento que será realizado às 19h30 no Canal da Música. Na edição de 2011, a Universidade Positivo recebeu 13 prêmios. Pág. 3 Hoje será realizada a entrega do Prêmio Sangue Novo de Jornalismo Paranaense Uma vez roqueiro, sempre roqueiro Pág. 4 PERFIL Autores brasileiros de hoje e antigamente Pág. 2 OPINIÃO Cerca de 450 mil animais estão abandonados em Curitiba Pág. 7 COMPORTAMENTO

LONA 734 - 13/06/2012

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, quarta-feira, 13 de junho de 2012

[email protected] @jornallona

Ano XIII - Número 734Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade PositivoCuritiba, quarta-feira, 13 de junho de 2012

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

lona.redeteia.com

Para a 17ª edição doprêmio, foram inscritos mais

de 290 trabalhos e mais de 900 alunos participam da

premiação. Qualquer pessoa pode participar do evento que

será realizado às 19h30 no Canal da Música. Na edição de 2011, a Universidade Positivo

recebeu 13 prêmios.

Pág. 3

Hoje será realizada a entrega do Prêmio Sangue Novo de Jornalismo Paranaense

Uma vez roqueiro, sempre roqueiro

Pág. 4

PERFIL

Autores brasileiros de hoje e antigamente

Pág. 2

OPINIÃOCerca de 450 mil

animais estãoabandonados em

Curitiba

Pág. 7

COMPORTAMENTO

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Curitiba, quarta-feira, 13 de junho de 2012

Depois de 24 anos da promulgação da atual Constituição Brasileira, no ano de 2012, o Bra-sil pensa em transformar o racismo num crime hediondo.

É inacreditável ver que no Século XXI as pessoas ainda tenham a estúpida ideia de que existem raças entre os seres humanos e não se conforme que sejamos apenas uma raça e uma única espécie, o homo sapiens sapiens. Mais ab-surdo ainda é achar que certas pessoas são supe-riores à outras, apenas por causa da diferença no nível de melanina na pele (se você não sabe, este é o motivo da diferença no tom de cor das peles de um afrodescendente para um branco).Ter que conviver com o racismo numa época dita evolu-ída só mostra o quanto a nossa sociedade é pri-mitiva e gosta de estereótipos.

Claro, que no caso brasileiro, todo o processo que os negros viveram desde a escravidão até a pobreza pós-abolição criou uma imagem parca dos afrodescendentes. Os colocando à margem de nossa sociedade, que jura de pés juntos não ser racista, mas é uma das mais experts em ofen-der veladamente os negros. Porém, obviamen-te, o racismo não é nossa exclusividade, aliás, longe disto. Os europeus, no auge de sua crise econômica, vêm se apegando cada vez mais no racismo e na xenofobia para despejar sua raiva e seu desespero, com a justificativa de que estran-geiros só tiram os seus espaços nas economias locais.

O racismo não é apenas de brancos para ne-gros, mas também de brancos para índios, par-dos para amarelos, caucasianos para latinos, arianos para judeus, e porque não, de negros para brancos. Sim, todas as “raças” se desres-peitam, e já que isso acontece, é bom ver que as autoridades e o judiciário se mexem para poder punir que pratica este ato, entretanto, o ideal se-ria que houvessem pessoas que parassem para pensar, usassem seus neurônios e percebessem que melanina a mais ou a menos, ou olhos puxa-dos, não definem as qualidades intelectuais de uma pessoa. Aliás, o racista só mostra o quanto ele é desprovido de inteligência com suas atitu-des e não o inverso.

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ExpedienteReitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cur-sos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editora-chefe: Suelen Lorianny |Repórter: Vitória Peluso | Pauteira: Renata Silva Pinto| Editorial: Gustavo Vaz

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Com-prido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.

Opinião Editorial

Quando consideramos a fotografia como uma mensagem, obrigatoriamente a dividimos em três partes – como em toda mensagem: emissão, canal e meio receptor. As pontas que ligam o canal – aquele que gera a mensagem e aquele que a recebe – impõem uma abordagem socio-lógica, porém, não sem antes decifrarmos o meio. Neste caso – a fotografia – constituindo um sistema próprio, é um canal anterior à análise sociológica, sendo então não suscetível de apren-dizado imediato.

Roland Barthes, escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês, descobriu que a fotografia deve ser, então, vista como manipulação de sistemas, dividido entre o ato de fo-tografar e o seu contexto. A imagem capturada passaria a ser então uma mensagem sem código, uma pura transcrição do real. Para desatentos.

O real observador vai além: discute o papel da fotografia como reprodutor e canal de ideo-logia, enquanto questiona a própria existência da imagem fotográfica. As dúvidas sobre os ele-mentos da fotografia antes que o obturador da câmera escura fosse fechado e se o fotógrafo – ou simplesmente aquela que pressionou o disparador – manipulou o conteúdo da coisa fotografada, ou não, são questionamentos que passam despercebidos pelo leigo, mas que não escapam ao real observador.

Cartesiano, Barthes destaca dois elementos na imagem fotográfica: o studium e o punctum. O interesse humano, cultural e político dos referentes visuais são o studium. Aquele elemento que salta da fotografia e nos transpassa feito uma flecha seria o punctum. Levando em conta o fator extra-campo e pessoal do punctum, este não merece detalhes. Porém, studium, é algo muito além de imagens de placas de trânsito.

Múltiplas cores, uma raça

O novo cachorroExistem expressões que se alastram no meio jornalístico como pragas – e se esvaziam de

sentido. Um caso notório pode ser lembrado no início dos anos 2000: com a entrada do mundo virtual em nosso cotidiano era quase impossível encontrar uma matéria que não utilizasse a dobradinha ‘advento da internet’. A construção ficou tão batida que virou motivo de piada na blogosfera. Outro caso são as indefectíveis matérias de cachorro, muito conhecidas nas redações de jornais universitários. É cachorro pra todo lado, até porque muitos de nós usamos a mesma pauta para tevê, rádio, internet e gráfico – por esses dias, as matérias sobre a Copa do Mundo de 2014 ameaçam se tornar o novo cachorro. (É preciso sempre acrescentar a palavra estrutura.)

Novas linguagens trazem amplitude e o inevitável desgaste pelo excesso de uso. Os termos Jornalismo 3.0., convergência midiática e multimídia são exemplares, expressões que preten-dem discutir o futuro do segmento, mas de tanto serem repetidas, já estão reservando lugar afetivo no rol dos clichês jornalísticos.

Algo que poucos se debruçam nesta onda do jornalismo moderno e plural é que os emprega-dos estão trabalhando mais, desempenhando atividades múltiplas e têm cada vez menos tempo para se aperfeiçoarem – e isso interessa aos patrões: gente que escreve para impresso, fotografa, edita vídeos e ainda publica em redes sociais.

Ao invés de repetições a exaustão, não seria nada mal identificar nas expressões correntes o seu tom óbvio, desigual e explorador.

Daniel Zanella

A fotografia e o novo negativoMarcos Monteiro

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Curitiba, quarta-feira, 13 de junho de 2012 3

Prêmio Sangue Novo de Jornalismo Paranaense será entregue hoje

Nicoli Barbosa

Neste ano a 17ª edição do Prêmio Sangue Novo traz nova categoria

Hoje, a partir das 19h30, será realizada a 17ª cerimô-nia de entrega do Prêmio Sangue Novo de Jornalismo Paranaense que agora traz 19 categorias. O evento é promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissio-nais do Paraná com apoio do Sindicato dos Jornalis-tas de Londrina. É o prê-mio de maior destaque do estado e tem como objetivo reconhecer a produção dos alunos.

“As nossas expectativas para este ano são as me-lhores. Após uma conversa com as instituições resol-vemos adequar o prêmio, o que tornará esta edição mais completa”, afirma o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR), Már-cio de Oliveira Rodrigues.

Segundo dados do Sindi-jor-PR, o prêmio teve 297 trabalhos inscritos e, des-tes, 24 são laboratoriais. O total de alunos que par-ticipam desta premiação é de 916, um aumento de 311 participantes em relação ao ano passado. O anúncio dos finalistas aconteceu na se-mana passada.

A proposta da premiação é motivar e revelar novos jornalistas que farão dife-

rença no futuro. O evento é realizado sempre na expec-tativa de que novos talentos ingressem no mercado de trabalho com segurança e especialização em diversos segmentos jornalísticos. “O prêmio pode ajudar na car-reira de novos jornalistas, pois ele acabou se tornando uma vitrine e uma grande referência para o mercado de trabalho”, comenta o presidente Márcio.

O Sindijor também pre-tende contribuir para a melhoria da qualidade de ensino nas escolas de co-municação através do reco-nhecimento dos trabalhos apresentados.

Entre as 19 categorias estão: reportagem impres-sa, reportagem para televi-são, reportagem para rádio, fotojornalismo, projeto em telejornalismo, projeto em radiojornalismo, projeto em jornalismo impresso, projeto jornalístico para in-ternet, produto jornalístico livre, projeto jornalístico para assessoria de impren-sa, monografia, livro repor-tagem, videodocumentário, prêmio sangue novo de re-levância social, jornal labo-ratório, telejornal laborató-rio, radiojornal laboratório, jornal laboratório on-line e a surpresa da 17ª edição, o radiodocumentário.

Segundo Rodrigues, a ideia de criar uma nova ca-tegoria nasceu de uma con-versa informal com alguns orientadores que considera-

ram importante suprir esta necessidade na parte docu-mental do rádio.

CritériosDe acordo com o regu-

lamento, a comissão que avaliou os projetos labora-toriais seguiram alguns cri-térios de pontuação:

- 0 a 20 pontos pela vi-sível participação dos es-tudantes em todo o proces-so de confecção do jornal, desde a elaboração de pau-tas, edição, paginação, dia-gramação, fotografias, ar-te-final etc.

- 0 a 10 pontos pela pro-posta didática, apresentada pelo professor responsável pelo Jornal Laboratório.

- 0 a 10 pontos pela coe-rência da linha editorial.

- 0 a 10 pontos pela pe-riodicidade. As escolas que não atingirem oito edições no ano receberão notas pro-porcionais. Este critério de pontuação não se aplica à categoria Jornal Labora-tório On-Line. Neste caso, a comissão atribuirá nota conforme a frequência de atualização, levando em conta a proposta didática de cada projeto.

- 0 a 50 pontos pela qualidade jornalística do material e sua conformi-dade com a função social do jornalista, considerando os seguintes itens: pautas (relevância e enfoque ino-vador), qualidade do tex-to (apuração, número de

Há alguns anos os alunos de jornalismo da Universi-dade Positivo participam da premiação. O curso de jor-nalismo da UP é um dos mais premiados do Sul do país. Nos seus 13 anos de existência, o curso foi diversas vezes reconhecido pelo mercado e por instituições de pesquisa acadêmica. Este ano a UP está concorrendo com 13 tra-balhos em 10 categorias.

Sangue Novo na UP

Local: Grande Auditório do Canal da Música

Endereço: Rua Julio Perneta, 695, Mercês

Horário: 19h30

Entrada Franca

Serviço

Divulgação Sindijor

fontes, clareza, fluência, desenvolvimento, criativi-dade), edição (coerência na coordenação de elementos de texto e imagem), pagi-nação e diagramação (ocu-

pação dos espaços da pági-na e consequentes vazios, escolha e disposição de ilustrações, fotos, fundos, e outros elementos visuais na página).

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Curitiba, quarta-feira, 13 de junho de 20124

PERFIL

O vai e volta no RockMariana Delamuta

Nasci em 3 de setembro de 1988. Gosto dessa data.

Minha infância foi comum, em linhas gerais. Tinha grande contato e respeito pela família, sempre acompanhava e estava presente em tudo. As memórias mais doces que tenho de minha infância são as tardes de verão com meu pai, os finais de ano na praia com toda a família e os almoços na casa dos meus avós.

Desde sempre tive uma opi-nião crítica sobre tudo, embora eu não tivesse espaço pra me ex-pressar da maneira que gostaria, nunca deixei de acreditar no que pensava. No início, expressar minha opinião era sempre muito difícil, minha opinião nunca foi senso comum, e também nunca tive a tendência de gastar ener-gia afim de tentar convencer as pessoas do meu ponto de vista e provar por A e mais B que o que falava fazia sentido; simples-mente deixava que pensassem o que quisessem. Mas isso nem sempre fez bem; vez ou outra, quando era contrariado, coloca-va em xeque meus pensamentos e instintos. Anos depois descobri que eu sou meu melhor guia, e nada nem ninguém poderá subs-tituir ou mudar isso.

Chegou a adolescência e junto com ela uma sensação de vazio. A transição entre infância e adolescência foi marcada pela morte do meu pai, fato marcan-te na minha vida. Durante esse período comecei a consolidar meu caráter, obviamente houve uns deslizes aqui e outros ali. Foi tarde, mas ao final da sétima série fui ao meu primeiro show de Rock n’Roll com Raimun-

dos e Guns n’ Roses. Ao escutar o som distorcido das guitarras, uma onda de emoções inéditas correu em meu corpo, achei sim-plesmente matador, forte e pode-roso. Do dia em que assisti pela primeira vez o VHS do Guns n’ Roses, em diante eu sabia exata-mente o que eu queria fazer da minha vida. Depois de assistir as fitas, fiquei “stoned” (petrifi-cado), como se tivesse fumado um baseado do bom, não que eu soubesse como era, naquela épo-ca isso nem passava em minha cabeça, era coisa de marginal.

Tendo um grande objetivo na vida, tinha encontrado meu cen-tro. Comecei a desenvolver meu lado musical, emprestava cd’s, fitas, discos LP, procurava ab-sorver o máximo de material que podia. Paralelamente, comecei a brincar com um velho Gianinni Trovador de 1985 que tinha em casa. Fui atrás de algum material básico para que eu pudesse ini-ciar minha vida como guitarris-ta. Fui aprendendo os primeiros acordes e me apaixonando cada dia mais. Algum tempo depois conseguia tocar as primeiras músicas no velho violão. Logo no início, fui alertado pela fa-mília que aquilo nunca me traria dinheiro, nunca seria ninguém, que eu tinha que me esforçar e estudar pra entrar em uma facul-dade e ser alguém na vida. Na realidade, não era bem um aler-ta, era uma cobrança ferrenha. Junto com a paixão, veio a guer-ra contra a família, mas, como eles me sustentavam, não tinha muito o que contestar, tinha que acatar as regras de casa. E assim foi, tive que de uma forma meio truncada optar pelos estudos e deixar a guitarra como segundo plano.

Quando tinha 16 anos desco-bri que tinha atravessado a linha do perigo nas minhas travessu-ras de adolescente, eu seria pai. Diante disso, as pressões au-

mentaram ainda mais, eu teria que, além de tudo, ser bem su-cedido financeiramente - afinal, tinha uma filha para criar. Nesse período estava formando minha primeira banda que se chamava Sanatorium...éramos realmente muito amadores e loucos.

Em 2006 entrei na faculdade, e, não é preciso dizer que além frequentar as aulas e fazer está-gio durante o dia, eu tinha que me dedicar nos finais de semana para que conseguisse êxito. Cin-co anos depois, o diploma. Mais uma vez, a guitarra foi coloca-da de lado, mas jamais esqueci-da. Nesse período a Sanatorium passou por modificações e virou Hell Side.

Agora sim, começamos a ter um pouco mais de técnica para tocar heavy metal (mesmo as-sim, ainda éramos amadores e faltava muito pra tocar razo-avelmente bem). Com a Hell Side nos apresentamos algumas vezes em Curitiba. Sempre fui muito influenciado pelo Slash, aliás foi ele quem me inspirou a tocar guitarra desde sempre, passei a apreciar vários estilos de guitarristas, mas quando se diz respeito às minhas raízes, nada substitui Slash.

Sem dinheiro nem patrocí-nio e incentivo, era muito difícil conseguir equipamentos descen-tes. Comecei com uma Squier Strato. Era uma guitarra de bai-xo custo e não destinada a to-car metal. Durante a faculdade, ao invés de comer no intervalo, guardava dinheiro para poder comprar equipamentos melho-res. E foi assim que comprei o amplificador e a guitarra que uso até hoje, um Laney e uma Les Paul.

Em 2009 gravamos uma demo intitulada Killing Pain, puro heavy metal clássico. Não porque fomos nós que criamos, mas a música era realmente boa, tem contexto, pegada e perso-

nalidade. O processo de gravação foi complicado, depois de mais de cem takes da linha de bateria, as coisas come-çaram a se mostrar invi-áveis. Esse problema era crônico. A carga foi fi-cando grande demais e na metade do ano saí da banda...na verdade, desisti. Em um momento de fúria e cansaço, resolvi abrir mão do que vinha lutando por muito tempo.

Levei minha vida sem banda, sem tocar guitarra por mais de um ano, até que um dia me dei conta do que havia acontecido comigo. Eu tinha desistido, lite-ralmente. Estava em estado de depressão sem saber, não tinha vontade de fazer nada, nem o que eu mais gostava de fazer me atraía. Algo estava muito errado. Do fim de 2009 até não mui-to tempo antes dessa entrevis-ta, vivi o inferno na terra. Uma vez que você não tem objetivos, vontades, você morre por den-tro, literalmente.

A frustração pode te levar a coisas que você jamais imagi-nou fazer, álcool, drogas e todo esse contexto sujo. Por mais de um ano busquei a cura, fuga ou saída em álcool e drogas, basi-camente whisky e maconha, mas passei por LSD, anfetaminas, haxixe e ecstasy...algumas vezes misturados. Não tenho orgulho de nada disso, foi um período muito difícil, o mais difícil.

No final de 2010 surgiu a oportunidade de tocar em uma banda de Rock n` Roll de ve-lhos amigos, lá estava a chance

de voltar a tocar, agarrei com as duas mãos. Automaticamente as coisas começaram a mudar pra melhor, aos poucos voltei a sentir a sensação inigualável de tocar em uma banda, voltei a sentir os acordes atravessando meu corpo durante os ensaios; isso despertou em mim aquela antiga garra e vontade de seguir em frente e progredir.

Hoje estou nos meus melho-res dias, bem, feliz, sóbrio e fa-zendo o que eu mais gosto: sho-ws. É hora de dar outra virada na vida, mas dessa vez para melhor; é hora de aproveitar a juventude e arriscar, trabalhar duro, acre-ditar em mim mesmo, ir a luta. “It’s a long way to the top if you wanna Rock n’ Roll”. (Tem um longo caminho até o topo se você quiser ‘Rock n` Roll’)

Rock n’ Roll faz parte de mim, não é apenas a música, muito menos a roupa ou qual-quer ilusão visual ou mística, Rock n’ Roll é a atitude, a revol-ta do homem contra o próprio homem, o protesto, o grito dos renegados da sociedade o rock nunca poderá ser comparado a qualquer outro estilo musical. Os roqueiros de alma estão em ex-tinção, mas ainda existem, e me orgulho de fazer parte desse clã.

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Curitiba, quarta-feira, 13 de junho de 2012 5

No queimar do espiralPERFIL

Juliano Gondim

A vida de um repelente,considerado desde omomento em que o

compramos no supermercadoaté a queda de sua última cinza

Eu me lembro que era tarde de janeiro. Eu passeava pelas ruas de Pontal do Paraná com minha família. Fomos ao super-mercado comprar mantimentos para passar a noite. Nossa casa fica próxima a uma mata, o que justifica o número de insetos que circulavam pela escu-ridão do local. Além de velas, compramos Boa Noite.

M a i s t a r d e , quando to-dos já esta-vam em casa, jantamos, estende-mos os colchonetes, acendemos as velas e os repelentes.

Na hora de dormir, as velas

foram apagadas. A única ilumi-nação que restou no local foi a brasa daquela substância em espiral. E eu, livre do irritante zumbido dos pernilongos, fiquei deitado observando a fumaça carregando o ambiente.

Terminadas as férias, de vol-ta a Curitiba, demos sequência em nossas rotinas. Passei a usar aquele repelente umas duas ve-zes por semana. Mesmo com a ausência dos insetos, aquela

iluminação, somada à fumaça que preenche a noite, me faz lembrar a tranquilida-de das férias de verão.

A caixa de base qua-

drada, de dimensões 3 x 11,8 x 11,8 centímetros, é decorada com clássicos desenhos que me devolvem aos anos 90. Na parte

superior um senhor, apa-rentemente irritado, segura um chinelo tentando acer-tar os mosquitos. Estes es-tão simbolicamente o pro-vocando com o barulho de um violão e a picada de um garfo.

Na parte inferior, um menino dorme serenamente ao lado do repelente. A fumaça é tão mágica e envolvente que consegue es-crever o nome da marca. A caixa de cor azul-esverdeada é capaz de abrigar 10 espirais.

Dentro da caixa os repelentes vêm unidos, havendo a neces-sidade de separação. Sua forma de caracol é pensada na relação espaço físico x tempo de queima do objeto.

Há também o “espiral qua-drado”, mas este pode parar de queimar durante a noite. Quando a brasa chega em seus vértices, perde força, podendo se apagar.

Sua cor é o verde-escuro. Dizem que o verde representa a

esperança, a natureza e a tranqui-lidade. A coloração é bem próxi-ma a de folhas de boldo. É um belo tom que ficaria bem nas pa-redes de casa (mas isso não vem ao caso). A cor é tão exuberante quanto as nuances da Amazônia.

Sua superfície é áspera. A sensação é de se passar a mão sobre um papel duro e reciclado. Em sua composição existe uma sensível rugosidade, como no caso de um bloco de concreto.

Repelente em ação

Após queimar a extremidade externa do objeto, um sopro é su-ficiente para que a fumaça tome conta da paisagem. Na escuridão da noite, a pequena luz (pareci-da com aquelas emitidas pelos vaga-lumes) significa o afasta-mento dos insetos.

Ao acordar no meio da noite, há necessidade de checar se seu brilho insiste em desafiar o ne-gror da madrugada. Isso garante uma noite sem serenata nos ou-vidos.

Além dos 10 espirais, na em-balagem há um pequeno suporte metálico cuja parte interna pode ser dobrada para cima e encai-xada na ranhura da extremidade interna do produto. Este suporte deve ser deixado sobre um ob-jeto não inflamável, para que as cinzas não causem um incêndio.

Durante a realização des-te perfil, o repelente foi preso a uma faca e enterrado em um bal-de com areia. Prática que reme-te à poesia, quando imaginamos cinzas sobre areia.

A fumaça é parecida com a de

cigarro, e se espalha rapidamen-te. O protetor deve ficar longe do usuário devido sua intensidade. O cheiro é suportável, porém pode ser prejudicial a pessoas com problemas respiratórios. O caminhar da fumaça pelo escuro pode ser comparado com a pas-sagem de nuvens pelo céu, só que de forma mais veloz.

O tempo de queima é entre seis e sete horas. Ao acordar du-rante a noite, é possível saber que horas são de acordo com a posição da brasa em meio ao ca-racol.

A noite está chegando ao fim. Em meio ao cantar de galos, um clarão começa a surgir pela ja-nela. O começo de um novo dia significa o término de uma traje-tória. Poucos centímetros restam a ser queimados.

Minutos depois, quando o sol já bate na janela, a brasa chega ao fim da linha. O último pedaço de cinza se desprende do suporte e comoventemente cai ao chão. O cenário agora é ambientado pela luz do astro-rei. Do espiral resta apenas o suave cheiro no ar, nas cobertas e nas roupas.

A vida de um repelente pode ser comparada à nossa própria vida, tendo em mente que vie-mos ao mundo a fim de realizar objetivos traçados por nós mes-mos. A diferença é que não sabe-mos quando nossa brasa se apa-gará, o que sugere que vivamos da forma mais intensa possível. Assim como no queimar do espi-ral, o sentido da vida é somente para frente (embora cíclica), o que implica valorizarmos cada momento a ponto de encontrar poesia até mesmo em detalhes das férias de verão.

“Sua superfície é áspera. A sensação é de se passar a mão

sobre um papel duro e reciclado.”

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Curitiba, quarta-feira, 13 de junho de 20126

Paris 1880LITERATURA

É simples e confortável afirmar que não há grandes escritores em nossa literatura nacional, que não temos mais fortalezas intelectuais do porte de um Carlos Drummond de Andrade, de um João Cabral de Melo Neto, de um Graciliano Ra-mos ou de um Machado de Assis – embora tenhamos totens como Ferreira Gullar e Dalton Trevisan, vivíssimos, Gullar cotado para o Nobel, Trevisan vencedor recente do Prêmio Camões, a maior láurea em língua portuguesa.

O culto à nostalgia, narrado de forma brilhante em Meia Noite em Paris, de Woody Allen, quando um escritor contemporâneo descobre uma passagem no tempo, retor-na à época de ouro da Paris dos

Daniel [email protected]

anos 1920, e conhece uma moça que quer retornar à Paris dos anos 1880, é também uma forma pecu-liar de preguiça intelectual e de-monstração óbvia de má vontade com o que é produzido de novo.

Deixando de lado nomes mais amplos da nova geração, como Daniel Galera, Bernardo Carvalho e Joca Reiners Terron, e focando somente na aldeia de Paulo Le-minski, Jamil Snege e Wilson Bue-no, temos atualmente, no mínimo, três expoentes em franca produção: Domingos Pellegrini, autor de He-rança de Maria, Miguel Sanches Neto, que lançou recentemente En-tão, você quer ser escritor?, e Cris-tovão Tezza, do premiadíssimo O Filho Eterno.

descobrir rejeitando o novo, que deve sempre vir – e buscando de um modo próprio voltar à Paris dos anos 1880.

Indo ainda mais longe, esque-cendo estes três ótimos e profícuos autores, podemos apontar poetas novíssimos como Rodrigo Madei-ra e Iriene Borges, contistas como Assionara Souza, cronistas da ve-lha guarda como Roberto Gomes e Paulo Vítola, uma infinidade de bons haicaístas, escritores de voz firme, com livros publicados e blo-gs com material farto.

Sim. Temos uma defasagem crítica de leitores, há muita ofer-ta, muita produção aleatória e sem rumo, e o escritor sofre demais com a proliferação de novas ferra-mentas midiáticas – suas vozes são cada vez mais baixas. Entretan-to, há uma boa parcela de leitores que disfarça o próprio cansaço de

TECNOLOGIA

Clark Kent e a mobilidade jornalísticaSe eu fizer uma enquete rápida

com algumas pessoas a respeito da principal característica de um bom jornalista, a maioria citará a necessidade de escrever bem. Não posso deixar de concordar que é uma competência que não pode-mos deixar de lado e com certeza uma das mais exigidas na hora de ser contratado. Mas além de um bom texto escrito, antes de tudo, é preciso ter uma história. E para isso existe uma outra competência básica, que eu vou chamar aqui de “mobilidade”.

O jornalista não pode ficar pa-rado, sentado na redação, esperan-do o telefone tocar. É preciso sair, correr atrás da notícia e colher bons frutos para, aí sim, escrever um belo texto. Clark Kent, jorna-lista do Planeta Diário, da cidade de Metrópolis, é um dos exem-plos que mais agrega ao concei-to de mobilidade. Quando surgia

algum indício de notícia que ele pudesse cobrir, lá ia ele, com sua absurda rapidez, à fonte dos fatos para poder informar os leitores do jornal. E você pode até usar como desculpa que: 1) o Clark Kent é um personagem de histórias em quadrinhos; 2) o Clark Kent é o Super-Homem. Pode voar, des-locar-se com rapidez e tem visão de raio-x. Concordo com o fato de que ele ser o Super-Homem ajudava muito a sua locomoção e agilidade para concluir as repor-tagens de maneira perfeccionista, mas não aceito as desculpas. Ne-nhuma outra característica ganha da mobilidade. Se o profissional não tiver história, não tem texto. Simples assim.

Hoje temos celulares, computa-dores portáteis, tablets e máquinas fotográficas capazes de auxiliar o trabalho de qualquer repórter. Eu sei que o trânsito das grandes ci-

dades não ajuda muito, mas a mo-bilidade nunca foi tão fácil e não precisamos ser nenhum super-ho-mem para poder usufruí-la. Longe disso. Precisamos de boa vontade, porque a tecnologia já existe.

Para quem quer escrever e aces-sar a internet em qualquer lugar, na última segunda, a Apple lançou sua nova linha de notebooks. Os novos MacBooks Pro são mais fi-nos que um dedo, possuem resolu-ção de tela maior que uma televi-são full HD e alto desempenho no processamento de gráficos. A nova linha dos macbooks dispensam de vez o drive de CD/DVD, ajudando na agilidade e transporte do apare-lho. Mas se você quiser tirar fotos de alta qualidade, a Nokia lançou um celular com uma câmera de 41 megapixels. É a melhor qualidade de câmera entre os celulares atu-ais.

Esses produtos são novidades e

Gustavo [email protected]

contam com tecnologia de ponta. Assim, a boa vontade precisa vir junto com uma poupança gorda e um alto investimento. Mas para quem está começando agora qual-quer computador ou máquina fo-tográfica serve para ser um bom jornalista “móvel”. Só precisa ter um espírito Clark Kent dentro de você que está tudo resolvido.

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Curitiba, quarta-feira, 13 de junho de 2012 7

Comportamento

Guilherme Dias

Curitiba tem cerca de 450 milanimais abandonados

O número de animais abandonados em Curitiba cresce cada vez mais, se-gundo a Sociedade Prote-tora dos Animais (SPAC) existem cerca de 450 mil animais abandonados nas ruas da capital. Um dos principais motivos para o abandono de animais é a não castração de cães e ga-tos. Animais não esterili-zados acabam procriando e os proprietários, muitas ve-zes, não sabem o que fazer com os filhotes.

Antigamente, em Curi-tiba, os animais abando-

nados eram recolhidos das ruas e sacrificados. Em 2005, a prática foi proibida. Hoje, a Prefeitura só realiza o recolhimento de animais agressivos, doentes ou que possam passar alguma en-fermidade a seres humanos.

Além da prefeitura, al-gumas ONGS que contam com abrigos recolhem, dão tratamento médico (se necessário) e colocam os animais para adoção. Uma delas é a SPAC que conta com certa de 1.000 animais em seu abrigo – uma sede e uma chácara ainda em construção – mas que hoje está com superlotação e só recolhe animais gravemen-te feridos ou doentes.

O LONA conversou com a presidente da Sociedade

Protetora dos Ani-mais Soraya Simon para obter mais in-formações.

LONA: Como fun-ciona a SPAC?

Soraya: A SPAC é uma ONG que conta com uma clí-nica veterinária para atender famílias de baixa renda que não tem condições de levar seu bicho para

uma clínica particular. Por ser uma ONG vivemos de contribuições, doações e voluntários.

LONA: O que é feito quando um animal é reco-lhido ou é deixado na ins-tituição?

Soraya: Primeiramente é feita uma avaliação do es-tado do animal, em seguida ele é tratado, castrado e daí posto para a adoção.

LONA: Vocês contam com cerca de 1.000 animais no abrigo, quantos em média são adotados?

Soraya: Dá uma média de um por dia, 30 por mês, mas para cada animal que é adotado chegam outros cin-co. E muitos deles não so-brevivem

LONA: Qual é o proce-dimento para fazer uma adoção?

Soraya: A pessoa deve comparecer pessoalmente à sede ou aos eventos pro-movidos pela prefeitura na qual participamos, tem que estar com um comprovan-te de identidade com foto, comprovante de endereço,

e ter uma caixa para trans-porte de cães e gatos, além de assinar um termo de res-ponsabilidade.

LONA: O que você acha da ação que a prefeitura toma perante os animais abandonados?

Soraya: Acho que a pre-feitura de Curitiba trabalha bem, comparada a outras ci-dades, mas muita coisa tem que melhorar, o trabalho feito na Região Metropoli-tana é muito fraco e ruim. A principal iniciativa seria criar um local para atendi-mento emergencial. Outra ação que poder ser feita é

Em entrevista a presidente da Sociedade Protetora dosAnimais conta como é realizado o trabalho comos animais abandonados

ServiçoDelegacia de Proteção ao Meio Ambiente

DPMA – Curitiba

Endereço: Rua Erasto Gaertner, 1261 – Bacacheri

Fone: (41) 3356-7047

Batalhão da Polícia Ambiental do ParanáForça Verde

Fone: 0800 643 0304

Superintendência do Ibama

Fone: (41) 3360-6100 e (41) 3263-4583

criar um pro- grama de educação e conscientiza-ção, a partir de uma lei que obrigasse a guarda respon-sável, além de fiscalização maior.

Como Denunciar Maus Tratos contra

animais

Se você presenciar qual-quer animal sendo maltra-tado, você deve denunciar pelo telefone 156, pesso-almente na Delegacia de Polícia Civil Especializada mais próxima ou na Promo-toria do Meio Ambiente.

Page 8: LONA 734 - 13/06/2012

Curitiba, quarta-feira, 13 de junho de 20128

IdeiaJéssica Carvalho

A ideia (agora sem acento) original era ver um clássico franco-japonês dos anos 50 no cinema mais empoeirado da cidade com alguém que realmente en-tendesse alguma coisa sobre a Nauvelle Vague. Você foi de suéter vermelho e bochechas rosadas. Me fez passar uma hora e meia com dor no pescoço por causa do nervosismo inesperado e só quando os créditos su-biram pegou na minha mão. Depois fomos tomar um café, mas eu pedi chá verde. Você riu de mim e eu per-cebi que além das duas covinhas adoráveis você tinha também esses olhos incríveis que se comprimiam para suportar o sorriso, deixando o seu rosto em perfeita harmonia.

Três meses depois você, voltando de viagem, me encontrou no mesmo café. Levou alguns souvenirs ca-rinhosos e um abraço apertado. Falamos sobre arte e

o pôr do sol visto do outro lado do oceano. Te disse que achava romântico dividir e você me deixou fazer o pe-dido. Dessa vez tomei café, o seu café, e falei pra moça de avental que queria uma torta de morango para dois.

Um ano depois, comemorando nosso aniversario não-oficial, organizei um café da tarde. De modo muito mais aristocrata e menos desajeitado, o chamei de chá das 5, mesmo que fosse acontecer às 4. Te fiz uma torta de morango, com açúcar e com afeto, julgando ser o teu doce predileto. Aí você disse que não. Era, na verdade, o meu, que você passou 12 meses pedindo para que eu não tivesse que abrir mão do que mais gosto e você não tivesse que parar de me dar o prazer de dividir. Tive certeza, nesse dia, de que o que eu mais gostava mesmo era você.

Em meio ao caos, brigas de casal, bandas favoritas incompatíveis, vontade de ter liberdade e pedidos ir-racionais, estávamos, finalmente, sozinhos no meio do globo – e eu estava certa de que era com você que eu queria estar assim para sempre.

PÁGINA LITERÁRIA

Tanta coisa só para dizer

Um dia a gente estava andando por aí e você se engas-gou. Ficou preocupado quando percebeu que alguma coisa estava errada entre nós. Foi só eu falar que somos bons sozinhos ou que não somos tão bons juntos, largou minha mão. Minha mania de dar muitas voltas sempre me afasta das suas mãos.

Já me disseram que não existe maneira bonita de dizer que quer ir para o lado contrário. Você precisa dizer e pron-to, a outra pessoa sempre vai receber como abandono, des-prezo ou desamor. Não entenda assim. Eu amo, amo até demais. E por isso que agora prefiro te ver seguindo seu caminho, também quero seguir o meu e eles não vão para mesma direção.

Nesse caso, as vírgulas nunca são bem vindas. É melhor colocar um ponto final. Termina o que precisa de um fim e depois muda de parágrafo ou começa um novo texto, se

precisar. Se for para ser direto, então sem meias palavras. Eu tento, pego todos os pontos finais que encontro pelo caminho imaginando que vou fechar todas as sentenças ditas pela metade, mas transformo cada um em reticên-cias. A saudade dói no coração, nem faz tanto tempo que terminamos nossa frase, mas você faz falta aqui. Parágra-fo, travessão não é tão simples assim como eu aprendi na escola.

O feriado é grande e os dias pedem por nós dois. A casa vazia combina com a gente. O abraço ficou frouxo, mas talvez, nas minhas tantas voltas eu consiga dizer que, não para vida toda, se isso te assusta, mas para hoje e amanhã, para um sono com café da manhã juntos, no final, a gente combina. Não quero vírgulas mesmo, até podemos pegar os pontos finais, só me diz que vai estar por perto. Que ainda vamos rir muito das nossas bobeiras, vamos apertar o abraço e que você vai pegar na minha mão de novo.

A gente continua andando e, na verdade, queria apren-der a ser direta só para dizer que gosto de você. Ponto final.

Suelen Lorianny