9
> ,"":' ',~ •. " '",': .. , . I' '.. -', " ""', ":,,.. " ,'_",," .' ,.'" 1. Finalidades dos estoques; 2. Giro de estoque; . 3. Gestão de estoques; 4. Sistema de revisão continua; 5. Sistema de revisão periódica; 6. Inflação. Diversos tipos de inflação; 7. Inflação e estoques. Efeito sobre o LEC; 8. Compras antecipadas; 9. Inflação e estoque de reserva; . 10. Crises e estoques; 11. Comportamento das empresas; 12. Conclusão. Claude Machline* * Professor do Departamento de Administração da Produção e de Operações Industriais, da EAESP/FGV. Rev, Adm. Emp., Objetivamos, neste artigo, expor a influência da ínflação sobre a administração das compras e dos estoques. Pro- . curaremos mostrar que a inflação e as crises decorrentes dificultam a gestão racional das compras e dos estoques, mas não impedem que se continuem aplicando os ensi- namentos da teoria dos estoques nem que se usem os conceitos de lote econômico de compras e de estoque de segurança. Apresentaremos inicialmente rudimentos da teoria da gestão dos estoques; descreveremos a seguir dois tipos de inflação," e analisaremos a maneira como afetam o tamanho dos estoques. 1. FINALIDADES DOS ESTOQUES Admite-se, desde Keynes, que os estoques têm três finali- dades (Keynes, 1930): 1. Operação (transação) 2. Precaução (reserva) 3. Especulação (proteção financeira) Os estoques de operação são uma conseqüência na- tural das condições produtivas. Assim, por exemplo, o lote econômico de compras dará origem à constituição de um estoque sempre que esse lote tiver sido maior que as necessidades imediatas de consumo. Ninguém ajusta uma complexa máquina para produzir apenas uma peça; 7 se a encomenda recebida for pequena, aproveita-se o ajuste da máquina para produzir um lote maior de peças, deixando o saldo em estoque. Da mesma forma, estoques sazonais formam-se em decorrência da própria periodicidade das safras agrícolas; e estoques sazonais comerciais decorrem da acumulação de itens destinados às vendas natalinas. ~ fácil compreender a noção de lote econômico de transporte, volume mínimo que convém transportar para aproveitar a embalagem, o frete ou a condução. Enquanto os estoques operativos decorrem de cau- sas naturais ou da necessidade de realizar economias de escala nas compras, os estoques precautórios são reservas destinadas a enfrentar eventualidades. Há dois tipos de imprevistos: aumento inesperado da demanda e atraso no fornecimento. ~ óbvio que o tamanho desse estoque de reserva, também chamado estoque mínimo, depende do nível de serviço que se quer proporcionar aos usuários, ou seja, da percentagem de atendimento satisfatório à freguesia. Os estoques especulativos destinam-se a auferir van- tagens econômicas em decorrência de futuras oscilações de preços no produto estocado. Existem variedades legí- timas de estoques especulativos. Assim, por exemplo, os estoques reguladores que as autoridades formam para evitarem baixas ruinosas em commodities agrícolas ou minerais, ou os estoques resultantes de compras anteci- padas, que empresas ou indivíduos efetuam para se pro- tegerem contra iminentes aumentos de preços. Rio de Janeiro, 21(2): 7-15, abr./jun.1981 "'3,,',.,tr"-1*."=15# Compras, estoque e inflação

lote economico de fabricação

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exercicio administração de produção

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    1. Finalidades dos estoques;2. Giro de estoque; .

    3. Gesto de estoques;4. Sistema de reviso continua;5. Sistema de reviso peridica;

    6. Inflao. Diversos tipos de inflao;7. Inflao e estoques. Efeito

    sobre o LEC;8. Compras antecipadas;

    9. Inflao e estoque de reserva;. 10. Crises e estoques;

    11. Comportamento das empresas;12. Concluso.

    Claude Machline*

    * Professor do Departamento deAdministrao da Produo e de

    Operaes Industriais, da EAESP/FGV.

    Rev, Adm. Emp.,

    Objetivamos, neste artigo, expor a influncia da nflaosobre a administrao das compras e dos estoques. Pro- .curaremos mostrar que a inflao e as crises decorrentesdificultam a gesto racional das compras e dos estoques,mas no impedem que se continuem aplicando os ensi-namentos da teoria dos estoques nem que se usem osconceitos de lote econmico de compras e de estoque desegurana.

    Apresentaremos inicialmente rudimentos da teoriada gesto dos estoques; descreveremos a seguir dois tiposde inflao," e analisaremos a maneira como afetam otamanho dos estoques.

    1. FINALIDADES DOS ESTOQUES

    Admite-se, desde Keynes, que os estoques tm trs finali-dades (Keynes, 1930):

    1. Operao (transao)2. Precauo (reserva)3. Especulao (proteo financeira)

    Os estoques de operao so uma conseqncia na-tural das condies produtivas. Assim, por exemplo, olote econmico de compras dar origem constituiode um estoque sempre que esse lote tiver sido maior queas necessidades imediatas de consumo. Ningum ajustauma complexa mquina para produzir apenas uma pea; 7se a encomenda recebida for pequena, aproveita-se oajuste da mquina para produzir um lote maior de peas,deixando o saldo em estoque.

    Da mesma forma, estoques sazonais formam-se emdecorrncia da prpria periodicidade das safras agrcolas;e estoques sazonais comerciais decorrem da acumulaode itens destinados s vendas natalinas.

    ~ fcil compreender a noo de lote econmico detransporte, volume mnimo que convm transportar paraaproveitar a embalagem, o frete ou a conduo.

    Enquanto os estoques operativos decorrem de cau-sas naturais ou da necessidade de realizar economias deescala nas compras, os estoques precautrios so reservasdestinadas a enfrentar eventualidades. H dois tipos deimprevistos: aumento inesperado da demanda e atraso nofornecimento. ~ bvio que o tamanho desse estoque dereserva, tambm chamado estoque mnimo, depende donvel de servio que se quer proporcionar aos usurios,ou seja, da percentagem de atendimento satisfatrio freguesia.

    Os estoques especulativos destinam-se a auferir van-tagens econmicas em decorrncia de futuras oscilaesde preos no produto estocado. Existem variedades leg-timas de estoques especulativos. Assim, por exemplo, osestoques reguladores que as autoridades formam paraevitarem baixas ruinosas em commodities agrcolas ouminerais, ou os estoques resultantes de compras anteci-padas, que empresas ou indivduos efetuam para se pro-tegerem contra iminentes aumentos de preos.

    Rio de Janeiro, 21(2): 7-15, abr./jun.1981

    "'3,,',.,tr"-1*."=15#Compras, estoque e inflao

  • um nvel zero de estoque. Alguns motivos para essa ati-tude contra estoques so os seguintes:

    Esses trs objetivos dos estoques no tm sido demodo geral bem aceitos pelos empresrios, que os consi-deram como resultado da ineficincia nas operaes deproduo e compras. Os estoques no so vistos comobenficos, mas, no melhor dos casos, como um mal ne-cessrio. Esse ponto de vista tem sido reforado pelosrelatos feitos sobre modernas fbricas norte-americanas ejaponesas, em que o estoque no mais sequer medidoem dias, mas, sim, em horas de uso, o que somente sepode conseguir por' meio de perfeita sincronizao eabsoluta confiabilidade no planejamento, nos fornecedo-res e na projeo de vendas. As tcnicas de Materiaisrequirement planning (Orlicky, 1975) destinam-se a atin-gir a meta de zero-estoque, nas indstrias de montagem.

    2. GIRO DE ESTOQUE

    O critrio mais utilizado para se julgar a eficincia de umsetor de compras e suprimentos o giro do estoque.Trata-se da relao entre custo da mercadoria vendida ouconsumida em um perodo e o estoque mdio no pe-rodo. Tambm tem sido chamado rotatividade do esto-que, alcance ou turno ver.

    Giro doestoque

    Custo da mercadoria consumida noperodo (CrS)

    Estoque (a custo mdio) mdio noperodo (CrS )

    8Tambm se pode utilizar unidades fsicas nesta fr-

    mula: essencial que o estoque, no denominador, sejavalorizado na mesma base que o custo da mercadoriaconsumida, no numerador; ambos sem ICM, ou amboscom ICM; ambos sem tributos de importao, ou amboscom esses tributos; e ambos mesma taxa de cmbio.

    Costuma-se utilizar a frmula (1) para compararentre si os giros de diversas empresas. Mas, antes de po-der efetuar essa comparao, seria necessrio padronizaro conceito de estoque. Para algumas empresas, limitadoao estoque fsico existente nos almoxarifados; paraoutras, inclui material em trnsito, encomendas e adian-tamentos a fornecedores, depsitos para importaes ouobras em andamento. Teremos, pois, ndices secos degiro de estoque, baseados apenas sobre estoques fsicos;e ndices lquidos, que incluem estoques financeiros, isto., adiantamentos e encomendas.

    Nas empresas, deseja-se maximizar o giro dos esto-ques. O sistema de recompensas baseia-se nesse critrio,o qual adverso existncia dos estoques. Mas a reduodos estoques favorece o aumento de faltas. Seria necess-rio, pois, complementar o giro como ndice de faltas, afim de se conhecer os aspectos positivo e negativo daconteno ds estoques. Portanto, deve haver faixas cor-retas de giro, por exemplo, de um a trs meses de esto-que para cada tipo de material e de empresa.

    Apesar de suas relevantes finalidades, os estoquesso em geral mal vistos nas empresas. So consideradosfruto de ineficincia. O desejo de muito empresrio ter

    Revista de Administrao de Empresas

    Por falta de controles adequados, muitos itens de es-toque, em mais de uma firma, tm estado desnecessaria-mente altos. Por reao, pensa-se que os estoques estosempre exagerados. Os custos de manuteno de estoques, a saber, osjuros, os seguros e as despesas fsicas de armazenamento,sem mencionar perecibilidade e obsolescncia, const-tuem desembolsos efetivos. Em contrapartida, as faltasgeram custos de oportunidade, no desembolsos concre-tos, passando, por isso, despercebidos. A inflao cria distores na economia; uma delas aelevao nominal da taxa de juros, o que toma o dinhei-ro muito caro aos olhos do empresrio, levando-o a fugirdos estoques.

    (1)

    O seguinte exemplo esclarece a natureza de algumasincompreenses relativas aos estoques. Faltou recente-mente nas reparties pblicas um formulrio de largoemprego no Pas, utilizado para obteno de carteira dotrabalho. O tpico teve ampla divulgao, em vista dostranstornos causados ao pblico. A autoridade respons-vel assim explicou o ocorrido: "No que o item estejafaltando. O que aconteceu que o consumo aumentou".Mas o gestor de materiais no pode considerar que ademanda futura ser igual passada. Ele. tem de preveraumentos da demanda, bem como flutuaes da mesmaem volta da mdia, circunstncias que exigem a manu-teno de um estoque de reserva.

    3. GESTO DE ESTOQUES

    Existem dois sistemas clssicos de se gerir estoques:

    1. O sistema de reviso contnua.2. O sistema de reviso peridica.

    O primeiro sistema sobretudo usado na indstria,especialmente para os itens dos tipos B e C, que so ascategorias de menor incidncia no valor financeiro dosestoques. O segundo sistema usado no comrcio, emservios e nas empresas pblicas, para todos os itens, e,na indstria, para itensA.

    4. SISTEMA DE REVISO CONTNUA .

    o sistema de reviso contnua associado aos conceitosde lote econmico de compras, Q*; ponto de reenco-menda, ou reabastecimento, R; e estoque mnimo, dereserva ou de segurana, B. A figura 1 mostra o relacio-namento grfico entre essas grandezas, bem como aszonas dos estoques operativo, precaucional e especulati-vo. V-se na figura um parmetro importante do sistema,a saber: o tempo L de reposio, tambm chamadotempo de reabastecimento, ou de aviamento.

    .1

  • Figura 1Sistema de reviso contnua de gesto de estoques

    Unidades em estoque

    tI: t Ponto de reabastecimento ou

    lotei: ponto de reposiio Reconmico I I

    decom~uQI r-----~~~----~.---4H~~~~tt----4r--~r_---------------------II

    ~r__--+-~--~~;+--+-~--~~~--~~-------lEstoque mnimo ou desegurana ou de reserva B

    Regio detransae-operao

    Tempode reabastecimentoou de reposllo , Regilo de seguranar-__~o~u~de~a~~===ni=o .~mpo

    Regio de especulaoL-----~---------------------------------- _.~mpoFrmula do LHC: Q* = ..; 2 DP/CI Q* = LHC = Lote econmico de compraFrmula do R: R = B + ii L D = demanda anual previstaFrmula do B: B = 2 Ou P = custo de fazer uma compra(para n{~1 de servio de 97,5%) C = custo da unidade compradaSe L for vari~1 a1eat6ria, ~m: I = taxa de armazenamento e de manuteno doB = 2 ..; L ~ +d? oi estoque (% a.a)

    o sistema ainda chamado de "sistema de estoquede duas gavetas": uma gaveta contm o estoque corres-pondente ao consumo previsto durante o tempo de repo-sio, mais o estoque mnimo; a segunda gaveta contmo que excede ao nvel do ponto de reposio. 1

    Prova-se (Buffa, 1975) que o LEC, Q*, dado pelafrmula: ' , ,

    Q* =PlFonde:

    D = demanda anual prevista (unidades);P = custo administrativo de se efetuar uma compra

    (Cr$)C = custo de uma unidade comprada (Cr$);I = taxa anual de se manter estoques (soma da taxa i

    de juros e das taxas de seguros, armazenamentofsico, obsolescncia e perecibilidade, que engloba-remos sob a rubrica a, ou seja, I = i + a).

    o ponto de reposio R est situado acima do es-toque mnimo B em nvel que corresponda ao consumomdio esperado, , durante o tempo L de reposio, ouseja, chamando do consumo mdio esperado dirio:

    R=+B=Ld+B

    Quanto ao estoque mnimo, h pelo menos quatromaneiras de estabelec-lo: a mais simples consiste em

    li = demanda m!dia durante LOu = desvo-padro da dstrbuo da demanda durante

    L = .,(T. 0dii = demanda diria m!dia0L = desvio-padro de L (em dias)0d = desvio-padro da distribuio diria da demanda

    (2)

    estipul-lo, arbitrariamente, em termos de certo nmerode dias de consumo, por exemplo, 30 dias para materiais'nacionais, e 90 dias para materiais importados.

    Uma segunda maneira (S Motta, 1979), j prefer-vel, seria estabelecer B de acordo com as eventualidadesa que se destina remediar. Se quisermos um nvel deservio de 100%, devemos levar em conta as piores hip-teses possveis! a saber, o mximo aumento possvel doconsumo dirioM, e mximo atraso possvel do forne-cedor, boL,bem como a possvel combinao desses even-tos, obtendo-se:

    9

    (5')

    B = L bod + d . boL + txl. . bod (4)

    (3)

    Na expresso (4), L o tempo mdio de abasteci-mento e da demanda mdia diria.

    O terceiro mtodo (Hadley, 1963) depende de con-ceitos estatsticos avanados. O estoque mnimo funo da variante o~ da distribuio da demanda du-rante O tempo de reposio e da varincia 01 da distri-buio do tempo de reposio. Usando-se o teorema dasoma das varincias de distribuies independentes defreqncia, prova-se que B igual expresso (5), paraum nvel de servio de 97,5%, isto ,, para um atendimen-to aproximado de 97,5% dos pedidos:

    B=2v'0~+d2(1.1' (5)

    ou

    _I 2 2 2 'B=2vL.od+d ,0L

    'CompTrl8, eltoquer e inflilo

  • bilidade na gesto do estoque, em caso de variao dademanda de um perodo para outro, o sistema sempretem sido usado no comrcio, onde se verificam flutua-es sazonas de venda. Na indstria, alm de ser empre-gado nas pequenas empresas, bem como para produtos agranel, ele vem sendo popularizado na gesto dos produ-tos tipo A, isto , dos itens de maior peso financeiro. Oestoque mdio, nesse sistema, dado pela frmula se-guinte (8):

    Existe ainda uma quarta maneira, mais avanada, dese estipular o estoque mnimo B. Pressupe o conheci-mento do custo de uma falta. Difcil de se calcular, ele ,no mnimo, igual margem bruta unitria do item;porm, possvel que uma venda perdida afaste parasempre o cliente, cuja insatisfao contagiaria outros.Conhecido o custo de uma falta, podemos calcular o decada poltica de estoque mnimo e encontrar a polticade menor custo total.

    R -Td+B, (8)Estoque mdio(sistema peridico)5. SISTEMA DE REVISO PERIDICA

    No sistema de reviso peridica, inexiste ficha de con-trole de estoque. Desconhece-se a situao do estoqueentre dois perodos consecutivos. O sistema consiste emcontar o estoque a intervalos regulares, digamos, no fimde cada ms. A cada contagem, efetua-se uma encomendaigual diferena entre o estoque desejado (chamado es-toque mximo M) e o estoque existente ( mo e enco-mendado anteriormente). A frmula do estoque de re-serva parecida com ado sistema de reviso contnua,mas o perodo de proteo necessrio igual soma dotempo mdio L de reposio e do tempo R de reviso(Buffa, J 979).

    B = 2 J (L +R) a~+;P - ai

    podendo ser .substancalmente reduzido com a diminui-o do tempo de reviso R. No sistema de reviso con-tnua, o estoque mdio dado pela frmula (9). deter-minado pelos parmetros que fixam a grandeza de Q*, esobre os quais o administrador no dispe de controle.

    Q*=-2-+B (9)Estoque mdio

    (sistema contnuo)

    O advento do computador tem contribudo para di-vulgar o sistema de gesto peridica. relativamentefcil obter listagens mensais, semanais, ou mesmo dirias,dos itens do estoque, facultando examinar a situao dosestoques a intervalos regulares. Usando-se a equao(10):

    (6)

    O estoque mximo igual ao estoque mnimo acres-cido do consumo mdio durante a soma dos tempos dereposio e reviso:

    10

    EstoqueatualM = (L +R)d +B Estoque anterior + Entradas - Sadas, (10)(7)

    os estoques podem ser geridos sem a necessidade de.seproceder a contagens fsicas.

    As figuras 2 a 4 mostram o funcionamento dessesistema em diversas circunstncias. Como permite flexi-

    Figura 2Sistema de reviso peridica de gesto de estoques, L > R

    Unidades em estoque

    Bstoque mximo ou estoque desejado M

    3 64oTempo

    Tempo de reabastecimento LPerodo de reviso R

    Frmula de B: B = 2 auFrmula de M: M = (L +R) d +BB = 2 .j (L +R) a~+ d? ai + R

    au = desvio-padro da distribuio da demanda durante L +Rd = demanda mdia diria prevista

    Revista de Administrao de Empresas

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    Unidades em estoque

    Esta ue mxmo-------- --, .......-. ............... --...

    O~::::::::::::::il::::::::::::::;2.~:::::::::::::;3~ ~ 4~__~ ~5~~~. tempo

    Per odo de reviso R"Review Perod"

    Perodo de reabastecimento L"Lead time"

    Figura 4Sistema de reviso peridica de gesto de estoques, R = L

    .Estoque mximoUnidades em estoque

    ,_ ----- -(Produto sazonal ou promocional)""'"

    """".~~~----~==~~~~--------~

    o 2 3 4Perodo de reabastecimento TempoPerodo de reviso

    6. INFLAO. DIVERSOS TIPOS DE INFLAO Como perodos tpicos, no Brasil, dessas duas esp-ciesde inflao, temos as fases 1960-1963 e 1978-1980,como exemplos da inflao no-controlada; e o perodo1964-1967 como arqutipo de poca de inflao contro-lada.

    O quadro 1 resume as caractersticas principaisdesses dois tipos de inflao. A figura 5 mostra a evolu-o da inflao durante os ltimos vinte anos,de 1960 a1980, no Brasil.

    A inflao afeta diretamente a poltica de estoques ope-racionais, de reserva e especulativos, por meio da eleva-o do custo da mercadoria e da taxa de juros. Ademais,indiretamente, a influncia da inflao sobre os estoquesverifica-se por fora de crises e distores estruturais naeconomia, que geram oscilaes capazes de perturbarqualquer poltica racional de estoques.

    H muitos tipos de inflao, dentro da definiogeralmente aceita da inflao como uma subida geral epersistente dos preos (Bach, 1968)..

    Levando-se em conta os fatores mais relevantes paraa poltica de. estoques, classificaremos as inflaes emduas grandes variedades:

    6.1 Inflao no-controlada

    A inflao sem controles marcada por subidas cont-nuas e violentas de preos; a taxa de juros, embora ele-vada em termos absolutos, relativamente baixa emcomparao com a elevao dos preos, porque existemfreios institucionais maiores sobre a taxa de juros, que'

    a) inflao no-controlada;b) Inflao controlada.

    'Compras, estoques ~.inflao

    11

  • acelerar-se, pelo fato de' possuir laos realmentadores,espiralados, que reforam a perturbao inicial; o co-nhecido. crculo vicioso dos aumentos dos preos e dossalrosium reajuste de salrios faz crescer a demanda esubir os preos (inflao da demanda); a escalada dospreos e dos prprios salrios afeta os custos e foranovo aumento dos salrios (inflao dos custos). Nessasituao, a moeda perde diariamente o seu poder aquisi-tivo; e, como os juros so relativamente baixos, verifica-se repulsa geral pelo dinheiro e forte atrao pelos esto-ques e' utros bens tangveis, tais como imveis, moedasfortes e metais preciosos. H interesse em se aumentar osestoques, comprando-se antes do prximo aumento dosmateriais e, mesmo, especulando, atravs de investi-mento eJll estoques, para posterior revenda.

    contribuem para uma defasagem dessa taxa em relaoaos demais preos. A inflao descontrolada de1960-1963 verificou-se numa poca em que ainda notinham sido criados mecanismos de controle da inflao,como o CIP - Conselho Interministerial de Preos,nem existiam controles rgidos de salrios. Esses freiosdeixaram de funcionar a partir de 1974, sob o impulsoda elevao dos preos do petrleo (inflao importada);verificou-se a liberalizao progressiva dos preos, sal-rios e juros, de 1978 em diante, e a inflao galopantevoltou a predominar. A inflao descontrolada tende a

    Quadro 1Caractersticas principais dos dois tipos de inflao

    Inflao nio-controlada Inflao controlada

    Preos livresInflao aceleradaAumentos contnuos, grandesJuros menores que inflaoAlta atividade econmicaForte demandaEscassez de ofertaRepulsa ao dinheiroInvestimentos em mercadoriasAumento dos estoquespoca tpica: 1960-1963

    Preos controladosInflao declinanteAumentos peridicos, pequenosJuros maiores que inflaoBaixa atividade econmicaDemanda reprimidaCapacidade ociosaRepulsa aos estoquesInvestimentos financeirosReduo dos estoquespoca tpica: 1964-1967

    12Fig.5Vinte anos de inflao brasileira

    Taxa de Inflalo

    % a,a

    100-

    90-

    L80-70- I-

    60- l-

    SO- 1-1-

    4_J. I30

    20

    lJ~

    liulice prol de pnoa. dJ,Coluna 2 da Conjuntura Econmica

    FGV

    I-

    I-

    1\...

    li :s ~'~.:3 :s 10~.$ ~ ;:::{:! ~ ;t :c :e I=: I!!~ i- - '-Revi,'a de AdminlltTao de Empresas

    6.2 Inflo controlada

    A inflao controlada caracteriza-se poi aumentos depreos limitados em intensidade e freqncia. As autori-dades tentam domar a. elevao de preos por meio derestries e proibies, reprimindo a inflao. O papel dataxa de juros ambguo: de um lado, uma taxa elevadacontribui para aumentar os custos, favorecendo a in-flao; do outro, o alto custo do dinheiro freia a de-manda, contribuindo para a deflao. Restringindo o cr-dito, o Governo, em perodos de inflao controlada, faz, com que se eleve a taxa de juros, o que encarece a manu-teno dos estoques. A escassez do numerrio desenca-deia a sofreguido por dinheiro e a repulsa pelos esto-ques.

    7. INFLAO E ESTOQUES.EFEITO SOBRE O LEC

    Em termos quantitativos, a frmula do LEC evolui daseguinte forma sob a influncia da inflao, admitindo-selinearidde dos aumentos de preos (Machline, 1971 ;Machline, 1961; Naddor, 1966; Zacarelli, 1972).

    2DP(l +..2..)2

    Q* = (11)

    Na frmula (11 ),

    - 12 a taxa anual de aumento dos custos administrati-vos; , .- i a taxa real anual dos juros;- a a:taxa anual de armazenamento fsico dos esto-ques, nelundo-se nela os seguros, a obsolescncia e aperecibiliaade;- 13 a inflao dos juros, ou seja, a diferena entre ataxa anual nominal e a taxa real dos juros;- 11 a taxa anual de inflao do item do estoque emfoco.

  • Percebe-se, inicialmente, que, se no houver inflaoalguma, 11 = I']. = I 3 = O, voltando-se frmula (2). Damesma forma, se tivermos uma inflao equilibrada, sem .predominncia dos controles nem dos descontroles,'11 =1']. =/3, e Q* no se altera apreciavelmen em re-lao f~ula (2), j que o termo 1 +..!.L bem

    2menor que /1.

    Em tempos de inflao descontrolada, 11 maiorque 13, o denominador de (11) tende a ficar menor, e Q*se torna maior.

    Com inflao controlada.T, menor que 13, e odenominador de (11) aumenta, e Q* tende a diminuir.

    Ao observar a frmula (11), vemos que o tamanhode Q* depende, no propriamente da existncia de in-flao, mas, sim, das relaes entre 11 (elevaio dospreos), I']. (elevao dos salrios) e 13 (elevao dosjuros). Conforme o tipo de inflao, poderemos ter au-mento ou diminuio de Q*. Com uma inflao mode-rada, os efeitos das grandezas relativas de 11. 12 e 13sero insignificantes, e a frmula (2) poder ser usadasem erro aprecivel. Com os nveis acentuados de in-flao que se tm verificado em alguns pases, o leitorpoder verificar que os efeitos sobre o lote econmicoso os seguintes, em funo dos valores 11' 12e 13 toma-dos como exemplos nos clculos abaixo, e supondosempre i + a = 50% a.a. Na tabela 1, LEC' = lote econ-mico com inflao; LEC o lote econmico sem infla-o.

    Tabela 1Exemplos de LEC em stuao inflacionria

    ExemplosI, 12 I,

    Efeito sobre o LEC% % %

    1. 40 20 80 LEC'" 0,85 LEC2. 100 80 70 LEC' 1,87 LEC3. 100 80 60 LEC': 2,65 LEC4. llO 70 80 LEC'= 1,83 LEC5. 120 80 140 LEC'" LEC6. 100 40 140 LEC'= 0,82 LEC7. 100 80 160 LEC'= 0,80 LEC

    Para ilustrar, consideremos a situao que prevaleciaentre ns em 1980:

    - 11, a inflao dos preos, situava-se em 100% a.a. ;- 1'2, a inflao dos salrios, podia ser estimada em 80%a.a.;- 13, a inflao dos juros, ou seja, a taxa de juros exce-dente taxa inormal de 10% a.a., estava controlada em,aproximadamente, 60% a.a. (resultando numa taxanominal de 10% + 60% + 10% X 60% = 76% a.a.).

    Vem, de (11):

    LEC' = LEC) 1,4 X 0,50,5 + q,6 _ 1,0 = LEC X 2,65

    Nota-se acentuada tendncia de aumento dos esto-ques.

    Em 1981, a posio pende para os seguintes valores:

    - 11 = 100% a.a.- I']. = 80%a.a.- 13 = 160% a.a.e

    LEC' = LEC 0/,4 X60,\ = LEC X 0,80,, + 1, - ,aconselhando a leve reduo dos estoques.

    8. COMPRAS ANTECIPADAS

    Em tempos de inflao, quer sem controle, quer con-trolada, comum o fornecedor avisar o comprador, comantecedncia, da iminncia de um aumento, dando-lhe aoportwdade de comprar ao preo anterior, at a en-trada em vigor do preo novo. ,

    Nessas condies, se chamarmos k o aumento per-centual previsto do preo da mercadoria e i a taxa men-sal aparente de juros (incluindo-se nela a taxa mensal dearmazenamento fsico e seguros), fcil provar serconveniente comprar antecipadamente a seguinte quanti-dadem:

    m = ~ (em meses de consumo) (l2)J ..

    Assim~por exemplo, se houver um aumento previstode k = 25% e se a tua mensal nominal de juros (custodo dinheiro) for de 6% a.m. O includo nessa taxa ocusto do armazenamento fsico, de 1% a.m.), convircomprar antecipadamente:

    25%' .m = 6% ~4meses de consumo do produto.

    A f6rmula (12), embora conhecida pelos nossosadministradores, pouco usada, por falta de dinheirodisponvel para investimentos em estoque.

    9. INFLAO E ESTOQUE DE RESERVA

    O estoque de reserva, na maioria das empresas, deter-minado arbitrariamente, conforme exposto anterior-mente. O custo anual mdio de manuteno do estoque

    mnimo BC (i +a), o qual passa a BC (1 + I~ )(i +a +13) em condies inflacionrias. O custo de umafalta cresce nas mesmas propores que C, isto , con-

    forme o fator (l + I~ ). V-se que, pelo menos aparen-temente, maior o aumento do custo de manuteno.dos estoques de reserva que o aumento de sua utilidade.Compreende-se a tendncia de se cortar ou reduzir os

    Compm, e.toque. e inflao

    13

  • 12. CONCLUSO

    "}' .. -..ij.i'."":'

    estoques mnimos em tempo de inflao, qualquer queseja o tipo da mesma. Justifica-se certa reduo, na pro-

    i +a d . .poro indicada, isto , i + a + 13 ' o que po e stgru-ficar reduzir o estoque mnimo pela metade. Porm, nose justifica nunca sua eliminao total.

    10. CRISES E ESTOQUES '_

    A instabilidade econmica, provocada pela inflao,pelas distores que ela cria e pelo impacto das medidasgovernamentais destinadas a combat-las, tais como res-tries creditcias, estmulos tributrios" maxidesvalori-zaes cambiais e sobretaxas fiscais, torna difceis a for-mulao e a manuteno de uma poltica coerente deestoques. De fato, freqentes e violentas oscilaes dademanda causam ciclos de escassez e de abundncia.(Forrester, 1961). Em tempos de euforia, falta matria-prima; o departamento de compras no tem condiesde fornecer ao de produo o que este precisa; quandoimpera a recesso, existe excesso de materiais e o depar-tamento de compras tem de conter o afluxo de forneci-mento.

    14

    A Dinmica de Sistemas ensina que at mesmo umapequena flutuao na demanda - um salto de 5%, porexemplo - causar grandes oscilaes nos estoques -sucessivos picos e vales de 20%, por exemplo. A intensifi-cao das ondulaes devida a atrasos de informao,dificuldades de diagnstico, hesitaes na tomada de de-ciso e complexidade inerente dos sistemas de opera-o-suprimen to-logstica.

    11. COMPORTAMENTO DAS EMPRESAS

    Procuramos aqui identificar dois tipos bem diversos de, inflao, que o Brasil tem presenciado alternativamentede 1955 para c. A inflao descontrolada tende a au-mentar o lote econmico. de compras; a inflao contro-lada, ao contrrio, tende a diminuir esse lote. Ambas asinflaes, mas sobretudo a descontrolada, favorecem aprtica de comprar antecipadamente, na vspera dos au-mentos. Os estoques de reserva tenderiam a diminuir soba influncia de qualquer tipo de inflao.

    Como se tm comportado as empresas, nessas condi-es? No perodo 1960-1964, houve substancial investi-mento em estoques. De 1964 a 1979, as empresas tenta-ram reduzir (em demasia) seus estoques, abandonando(abusivamente) o princpio de manter estoques de re-serva. Em 1980, algumas empresas perceberam que seriade novo vantajoso investir em estoques, pois os jurosestavam baixos em comparao com a elevao dosdemais preos. J em 1981, a liberao e conseqenteelevao da taxa de juros, muito acima da inflao, impe-liram as empresas a reduzir novamente seus estoques. Asempresas que agiram desta forma estavam teoricamentena direo certa.

    Revista de Administrao de Empresas

    ~----~--------- ---

    A inflao e as crises pelas quais passam a economiamundial e, em particular, a do Pas, longe de desalent-los, devem estimular os setores de Suprimentos a contri-buir para os programas de reduo de custos e aumentode lucros das empresas.

    A teoria clssica dos estoques fundamenta-se emprincpios matemticos, estatsticos e econmicos, quepressupem um ambien-te previsvel, com estabilidademonetria, regras do jogo conhecidas de antemo e rela-cionamentos racionais entre participantes. Examinamosnestas pginas a validade dessa teoria em um ambiente deinflao e crises.

    Inflaes elevadas, alm de perverter o sistema eco-nmico - impedindo, por exemplo, que se meam corre-tamente ocrscmento, os custos e os lucros das empre-sas - geram sobressaltos, alternaes de crises e euforias,que dificultam a projeo da futura demanda e a elabora-o de uma poltica de estoques.

    Embora difcil, no impossvel continuar apli-cando os ensinamentos da teoria dos estoques em pero-dos inflacionrios. Apresentamos, neste trabalho, algunsdos mais importantes resultados da teoria dos estoques emostramos como se adaptam a situaes inflacionrias.Outro fenmeno caracterstico da economia nacional re-cente a alternao, em rpida sucesso, de ciclos econ-micos de prosperidade e crise. Para identificar essas per-turbaes, recomendvel utilizar mtodos sistemticosde projeo da demanda; intensificar a velocidade da in-formao no sistema logstico; e tomar decises rpidas.

    I comum a confuso entre os termos estoque mnimo e pontode reposio, o que deveria ser preliminarmente esclarecido emqualquer estudo sobre estoques.

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  • 15

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    r Compras, estoques e inflao