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ma banque, et celle de toute ma famille.

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Caixa Geral de Depósitos. S.A. • Succursale France - Banque et société de courtage en assurances • 38, rue de Provence – 75009 PARIS • Téléphone 01 56 02 56 02 • Fax 01 56 02 56 01 • Immatriculée auprès de l’ORIAS [www.orias.fr] nº ISP 20 71 86 041 • Siren 306 927 393 RCS Paris • APE 6419Z • Ident. Intracommunautaire FR 88 306 927 393 • Siège Social: Av. João XXI, 63 – 1000-300 Lisboa, Portugal • Capital Social € 3 844 143 735 [www.cgd.pt] • CRCL et NIPC n.º 500 960 046 • Thinkstock • Document non contractuel.

chacun de nos clients mérite une attention unique.

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DirectorPedro António

Director de redação Frankelim AmArAl

Director cultural Adélio Amaro

Propriedade e Edição

Sede 97 avenue Emile Zola, 75015 Paris

Contactostél. Comercial : 06 63 78 17 13 tel. informação: 06 08 91 15 50

[email protected]

www.facebook.com/portugalmagazine

Journalistes accrédités auprès de l’UNESCO

ColaboradoresGuida Amaral, lucia lopes, Angélique David-Quinton,

manuel moreira, Susana Alexandre, mario Cantarinha, manuel do nascimento,

maria Fernanda Pinto, Diana Bernardo, luís Gonçalves,

José luís Peixoto, isabel Alves, isabel meyrelles, Cristina Branco,

Fabio Jesus, teresina Amaral, inês oliveira

Portugal Magazine é uma publicação mensal gratuita

Agence de Presselusa

ISSN2105-7761

INPI 16/4311957

Tiragem15.000 exemplares

todos os direitos reservados

os textos assinados são da responsabilidade dos autores e não reflectem, necessariamente,

a opinião da revista.

A revista bilingue da comunidade portuguesa em França

COlAbOrE NA POrTUgAl MAg!A Portugal magazine está aberta à colaboração.

Colabore enviando artigos, crónicas, textos associativos ou ligados às artes em geral. Para submissão de textos, deve--se enviar um e-mail para [email protected] com o nome completo do autor e uma foto. Se você é fã de algum assunto ou gosta de escrever, envie-nos seus artigos e atinja

mensalmente mais de 50 mil leitores !

Chegou o outono e com ele os dias mais curtos e frios, findaram--se apenas à um mês atrás as que-ridas férias de verão, mas ficamos com o sentimento de que foi à uma eternidade! Apesar da saudade que começa a apertar o coração, a Portugal magazine continua, pelo oitavo ano consecutivo, sempre presente no seio da nossa comu-nidade portuguesa para vos apre-sentar o que de melhor decorre ao longo do mês em França.

nosso destaque este mês vai para Valdemar Francisco, natural do lugar da Boiça (leiria) que che-gou a França com apenas seis anos de idade, que conheceu com seus pais o Bidonville de Champigny--sur-marne, cidade onde criou com alguns amigos à quatro anos atrás a associação « les Amis du Plateau » onde ocupa o lugar de presidente, associação que nasceu com o objectivo de reunir amigos e colegas do tempo do Bidonville, e deixar a marca da emigração portuguesa através de um mo-numento, dum livro detalhado já editado e dum documentário! leia nesta edição nossa entrevista exclusiva na página 26.

Já em breve, dia 4 de novem-bro, vai decorrer no Grand rex de Paris pelas 21 horas, o grande concerto com Carlos do Carmo, evento a não perder organizado pela DYAm e Portugal magazine. reserve antes que seja tarde o seu bilhete através da Fnac, Carrefour, Francebillet e não só.

neste mês, em que se festeja a implantação da república em Portugal, não perca os numerosos eventos organizados pela comuni-dade portuguesa de França. nossa agenda na página 46.

Aproveitamos esta data do oi-tavo aniversário para agradecer todos aqueles que nos acompa-nharam e continuam a acompa-nhar nesta caminhada cultural, principalmente os anunciantes sem os quais a revista não existe, assim que os nossos fieis colabo-radores e leitores, é para nós um orgulho contar com uma média de cerca de 50 mil leitores todos os meses! Um grande obrigado da nossa parte.

Boa leitura.

Pedro Antóniodiretor

FrAnkelim AmArAldiretor de redAÇÃo

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Índice4

Preservar e divulgar a lusofonia em França

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Valdemar Francisco, da ideia ao projecto até

a realização de um sonho

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24

Câmara de Paris dedica 14 de Outubro a Portugal e celebra com noite de gala

Pavilhão do Conhecimento quer fazer da ciência uma história de encantar em Paris

Ensino do português em França com mais alunos

Cineasta francesa retratou “rutura suave” dos lusodescendentes com a cultura do país

“Especial Portugal” reuniu milhares de emigrantes no Hipódromo de Vincennes

Portugal foi eleito o melhor destino Europeu nos World Travel Awards

Portugal, se « calhar » até é o melhor país do mundo...

“Atlantide”: Artista português Pantónio com nova exposição individual em Paris

Artistas portugueses inspiram arte urbana no projeto “La Rue” em Paris

StartupReflex Latino está a crescer

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José Nobre não deixa perder a tradição na Festa de Nossa Senhora dos Emigrantes

Viana recebeu com chieira Nathalie Pereira Fordelone

António Zambujo, au théâtre des Bouffes du Nord

37

40

Portuguesa de 16 anos abre desfile em Paris

Tavira, outrora passou pela atividade da piscatória

Elles courent, elles courent les parisiennes de la Banque BCP

Manuel do Nascimento lança primeiro romance “Nem tudo

acontece por acaso”

05

26

06

Fátima Lopes voou até à Paris Fashion Week com a coleção “Birds”

Santa Casa da Misericórdia de Paris « mete » a comunidade

a correr por uma boa causa

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5Outubro 2017 • www.portugalmag.fr Solidarité

Preservar e divulgar a lusofonia em França

la Parisienne ce sont près de 30 000 coureuses.

elles courent, elles courent les parisiennes de la Banque BCP

Parmi elles, une centaine de collabora-trices de la Banque BCP dont l’engouement pour cet événement est devenu contagieux : filles et épouses des collaborateurs se sont cette année mobilisées à cette 7° participation de la Banque. Sensibles à la fois à l’enjeu sportif et caritatif, elles ont chaussé leurs baskets pour parcourir, le dimanche 10 septembre dernier, les 7km de cette course 100% féminine au pro-fit de la lutte contre le cancer du sein.

Un rendez-vous immanquable 7 ans de course et d’engagement pour les Pari-siennes de la Banque BCP. Chaque an-née, elles se retrouvent sur les Champs--de-mars pour la traditionnelle photo d’équipe avant de se rassembler devant le trocadéro. Au top départ, elles se lancent à travers les rues de Paris aux rythmes de plus de 1 000 musiciens et encouragées par leurs familles, amis et collègues.

Au coeur même de la capitale, elles ont longé la Seine en passant par l’avenue des Champs-Elysées, le Pont Alexandre iii, l’Hôtel des invalides, pour retourner sur les berges et arriver victorieuses au pied de la prestigieuse Dame de Fer.

Sensible à l’engagement des femmes de la Banque BCP, Arthur machado, gé-rant de l’entreprise CEntrAlPoSE, se joint au mouvement : « Ce n’est un secret pour personne, j’aime le sport et surtout les liens qui se tissent autour de cela. Ce qui m’a particulièrement touché c’est l’engagement de la Banque BCP dans la lutte contre le cancer du sein, aussi bien par l’implication des collaboratrices dans cette course, que par l’incroyable énergie que les coureuses dégagent dans cette ma-nifestation » confie l’ancien président de l’équipe de foot lusitanos de Saint-maur. C’est ainsi que la Banque BCP et la société de travaux publics ont décidé de partici-per ensemble en faveur de la lutte contre le cancer du sein : « la Parisienne est à la fois une belle action de solidarité et une

Jean-PhiliPPe Diehl PréSiDent Du Direc-toire De la Banque BcP et arthur Macha-

Do gérant De la Société centralPoSe

FrM, Banque BcP et centralPoSe enSeMBle contre le cancer Du Sein

belle opportunité de se rapprocher. C’est un événement très fédérateur et c’est im-portant dans une entreprise d’avoir des équipes soudées. Je suis d’autant plus heureux qu’un de nos clients se joigne à nous pour cette 7° édition ! » rajoute Jean--Philippe Diehl, Président du Directoire de la Banque BCP.

des coureuses mobilisées et motivéesla team BCP aligne une équipe

d’une centaine de salariées - toutes fonctions confondues, athlètes ou marcheuses, de 17 à 70 ans - plus que jamais motivées par le challenge et le plaisir de participer ensemble à une épreuve tournée vers le don et la re-cherche médicale.

« le cadre festif de cette course de femmes tourne autour des messages importants de prévention: se maintenir en forme et agir positivement sur notre

santé », témoigne une collaboratrice d’agence aux journalistes présents. « la Parisienne est engagée auprès de la Fondation pour la recherche médicale dans la lutte contre le cancer du sein. Cela renforce notre motivation et sur-tout notre solidarité » ajoute-t-elle.

la Banque BCP est fière de l’enthousiasme de ses collaboratrices, venues d’ile-de-France et de province. Cette année, elles ont eu le plaisir de courir avec leurs filles et les collabora-teurs d’inscrire leurs filles et/ou leurs épouses. les supporters sont venus également en nombre encourager les coureuses habillés de bleus rappelant les eaux et le ciel des caraïbes, thème de cette 21° édition. « Chaque année on compte de nouvelles adeptes et la mobilisation s’élargit au-delà des murs de la banque ; c’est formidable car ça montre qu’il y a un vrai esprit de grou-pe » confie un des directeurs présents.

la Fondation pour la recherche médicalela Banque BCP est reconnaissant

de l’engagement de ses participantes, toujours plus investies dans une cour-se qui soutient la Fondation pour la recherche médicale dans la lutte con-tre le cancer du sein. « Depuis 2011, la Banque BCP s’engage auprès de la Fondation pour la recherche médica-le. Elle a eu l’occasion de rencontrer des chercheurs qui ont expliqué que les dons étaient indispensables pour mener à terme leurs travaux et trouver ainsi des traitements efficaces contre le cancer du sein. notre engagement n’est pas important, il est essentiel. » explique Jean-Philippe Diehl. Dans le prolongement de cette mobilisation, la Banque BCP, conjointement avec Central-pose, versera 10 000 euros à la Fondation pour la recherche médicale.

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Literatura6

Preservar e divulgar a lusofonia em França

Manuel Do naSciMento

manuel do nascimento lança primeiro romance “nem tudo acontece por acaso”

o gosto pela escrita e pela história de Portugal uniu-se, de forma a col-matar uma lacuna, aponta o autor, no seio do meio literário em França. Ago-ra, a sua mais recente obra, mas desta vez em forma de romance “nem tudo acontece por acaso”, será apresentada no dia 19 de outubro, no Consulado--Geral de Portugal, em Paris.

Uma história diferente das que tem escrito até agora… A Portugal maga-zine esteve à conversa com o escritor, que nos deu a conhecer um pouco mais da sua história… e desta história, que já se encontra disponível em Portugal.

Antes de mais… Quem é Manuel do Nascimento? E como veio parar a França?

nasci em Portugal (Sendim-tabu-aço), distrito de Viseu, e após o meu certificado escolar primário - aos 11 anos - fui para lisboa, para continuar os meus estudos. mais tarde e duran-te alguns anos consegui conciliar os meus estudos com um emprego de fo-tógrafo, até 1970, data em que escolhi, deixar lisboa para Paris. nesta altu-ra, já era quase o fim da grande vaga migratória portuguesa para França. A barreira da língua - como para muitos - foi o principal obstáculo que se meteu à minha frente, durante alguns meses. Comecei a trabalhar numa empresa, onde era o único estrangeiro o que me obrigou a aprender a língua mais ra-pidamente. Estou radicado na região de Paris desde 1970, mas sempre tra-balhei em Paris.

O que o levou a escrever este ro-mance – ‘Nem tudo acontece por aca-so’? O que o inspirou?

De facto já escrevi nove livros sobre a história de Portugal ou em relação entre Portugal e a França, seja em fran-cês, português ou ainda em bilingue português/francês. A história de Por-tugal é praticamente desconhecida nos manuais escolares franceses. Foi certa-mente esta lacuna que me levou a es-crever livros de história. Hoje a maio-ria dos meus livros encontram-se em

bibliotecas e universidades francesas.o livro romance “Nem tudo acon-

tece por acaso” podem ser estórias da história de cada um de nós ou de um povo. Por vezes são estórias já quase esquecidas, mas que, ainda “por ve-zes” estão guardadas nas nossas me-mórias, lá no fundo da gaveta, e de

repente, uma palavra ouvida, vai-nos acordar o que estava quase adormeci-do. Foi o que aconteceu quando ouço uma conversa inadvertidamente e que ouvi o nome de uma pessoa, que esta-va - justamente - guardada na minha memória.

Em poucas palavras, conte-nos… sobre o que fala o livro?

numa viagem a lisboa, o narrador, e através de uma conversa, de um men-digo (um sábio mendigo lisboeta) com uma senhora loira, numa esplanada de um café lisboeta, vai encontrar a cha-ve de um mistério familiar ‘antiquíssi-mo’ - um século - e transporta-nos em estórias (flashes) que vão dos tempos mais antigos até aos nossos dias; As duas guerras mundiais, as guerras da África portuguesa, o Estado novo (48 anos onde o relógio parece ter parado em Portugal), duma ordem social em que os ricos tinham todas as licenças e os pobres, todas as multas, assim como a emigração de sonho (que por muito deles que tinham pensado ter deixa-do a miséria em Portugal, mas, foram encontrar uma outra nos países de acolhimento), as lendas, as tradições, os jardins, os miradouros lisboetas, o vinte cinco de Abril de 1974, e, uma viagem pela cidade de lisboa.

Onde é que as pessoas podem en-contrar o livro?

Em lisboa estão à venda na livra-ria Colibri (sita na FCSH – Universida-de nova de lisboa, Av. de Berna, 26-C, lisboa), assim como na Faculdade de letras da Universidade de lisboa (loja Azuletras) e livraria lello (rua do Carmo, em lisboa).

Em Paris, o livro vai ser apresenta-do no Consulado Geral de Portugal em Paris, dia 19 de outubro às 18h30, no qual convido-os desde já para este dia. Para as pessoas que não possam estar presente, haverá sempre uma oportu-nidade de me contactar, via Portugal mag, por exemplo, ou via as Edições Colibri.

em Paris desde os anos 70, as obras de manuel do nascimento podem ser consultadas em diversas bibliotecas e universidades francesas.

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Solidariedade8

Preservar e divulgar a lusofonia em França

Santa Casa da misericórdia de Paris « mete » a comunidade

a correr por uma boa causa“A corrida serve não só para que a

comunidade tome consciência que temos pessoas que precisam de ser ajudadas na comunidade portuguesa, como para aju-dar realmente”, explicou o provedor Joa-quim Silva Sousa.

Joaquim Silva Sousa precisou que os 20 euros de inscrição serviram para apoiar, ao longo do ano, emigrantes em dificuldade, nomeadamente através da compra de alimentos quando termina o stock das doações de natal, mas também para “evitar que alguém caia na rua” já que a Santa Casa paga alojamentos pon-tuais.

o provedor adiantou que, este ano, o número de pedidos de ajuda estabilizou, o que tem a ver com o facto de “algumas pessoas que estavam a pensar emigrar não o terem feito” porque há “mais infor-mação” a circular “para as pessoas terem cuidado porque em França já não se en-contra emprego de um dia para o outro”.

A Santa Casa da misericórdia de Paris realizou no dia 1 de outubro, uma corrida de angariação de fundos para apoiar as famílias portuguesas em dificuldade em França.

no entanto, Joaquim Silva Sousa aler-tou que há “um número regular de casos de pessoas de idade em dificuldade” e que “talvez até tenham aumentado os ca-sos”, algo acentuado pela informatização de questões administrativas que deixa muitos idosos, sem computador, “com rendas e reembolsos atrasados e ficam sem dinheiro nas contas”.

A 4.ª edição da corrida de quatro e oito quilómetros aconteceu em Jouy-en--Josas, nos arredores de Paris, e marcou o 23.º aniversário desta misericórdia, sendo “apadrinhada” pelos desportistas Fernanda ribeiro e rui Barros que já par-ticiparam noutras edições.

“São dois campeões. A comunidade tem muito carinho pelo rui Barros do tempo em que jogou cá e ele está sempre disposto a ajudar. A Fernanda ribeiro es-teve presente para ajudar a misericórdia de Paris a mobilizar a comunidade para que tome consciência que a emigração

portuguesa não são só casos de sucesso”, acrescentou.

Joaquim Silva Sousa, que no ano pas-sado recebeu o grau de comendador da ordem do mérito nas comemorações do Dia de Portugal, em Paris, afirmou, tam-bém, que na última campanha de anga-riação de alimentos para os cabazes de natal, “foram recolhidas à volta de qua-tro toneladas de alimentos” que foram ajudando cerca de 170 famílias e casos individuais.

A instituição também ajuda perto de 300 portugueses que estão em prisões francesas, em coordenação com os consu-lados de Portugal em França.

Depois da corrida, a misericórdia de Paris vai organizar um jantar de gala para angariação de fundos, a 19 de novembro, até porque “é mais fácil sentar a comuni-dade portuguesa à mesa do que fazê-la levantar cedo e participar numa corrida”, concluiu, sorridente, o provedor.

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Preservar e divulgar a lusofonia em França

Hermano Sanches ruivo, vereador-executivo na capital francesa, adiantou que vai ser como um «dia de Portugal na Câmara de Paris», que vai culminar com uma noite de gala perante cerca de 650 convidados do meio artístico, empresa-rial, político, associativo e académico nos salões nobres do Hôtel de Ville.

«É a noite da comunidade portuguesa para nós. nós, a Câmara, propomos essa homenagem à comunidade portuguesa e também damos espaço ao movimento associativo no mesmo dia. Depois, os eleitos portugueses que vêm assistir à gala encontram-se com eleitos franceses de ori-gem portuguesa que podem estar interes-sados em colaborações entre as cidades», explicou Hermano Sanches ruivo.

A gala realiza-se desde 2011, depois de um «tratado de Amizade» entre Paris e lisboa assinado pelos antigos autarcas António Costa e Bertrand Delanoë e assi-nala-se, todos os anos, perto da data da implantação da república Portuguesa.

mais uma vez, um representante da Câmara municipal de lisboa vai estar presente, assim como autarcas da região de tâmega e Sousa que vão levar iguarias locais para o cocktail do final da noite, ao lado de petiscos escolhidos pela Câmara de Paris.

A programação da noite cultural é feita pela associação de jovens luso-descendentes Cap magellan que vai juntar no palco artistas conhecidos em Portugal com jovens franco-portugueses emergentes.

o dia 14 de outubro vai ser dedicado à comunidade portuguesa na Câmara municipal de Paris, com uma noite de gala, um encontro de associações e uma reunião de autarcas franceses e portugueses.

Este ano, os cantores nuno Guerreiro e manuel Paulo (Ala dos namorados), João Só e ricardo Carriço e vão inter-pretar duetos com os jovens lizzie, ivo monteiro e Ana isabel Freitas.

Vai haver, ainda, momentos de humor, com a subida ao palco dos humoristas franco-portugueses Jonathan da Silva e tatane, assim como o artista francês D’jal, conhecido pelos ‘sketches’ relativos à comunidade portuguesa em França.

«É o espírito da Cap magellan lançar desafios a pessoas que não se conhecem, mas que têm que fazer algo em conjunto para a gala», explicou luciana Gouveia, delegada-geral da associação, lembrando que noutras edições convidaram Pedro Abrunhosa, rui reininho, luís represas e Sérgio Godinho.

na música, está ainda programada a subida ao palco do fadista ricardo ribeiro, do grupo de cante alentejano os Cantadores de Paris e da tuna Académica de Ciências da Saúde do norte oportuna.

na cerimónia de duas horas e meia, vai haver também momentos dedicados ao cinema, com a projeção do ‘trailer’ do documentário «Cantadores de Paris» de tiago Pereira, do projeto A música Portuguesa a Gostar Dela Própria, e do ‘trailer’ do documentário «Eusébio - his-tória de uma lenda», de Filipe Ascensão, na presença da filha do futebolista Sandra da Silva Ferreira.

na programação, está ainda prevista a apresentação do livro sobre a constru-ção do monumento aos emigrantes

portugueses em Champigny-sur-marne, de Valdemar Francisco, e a entrega de prémios ao melhor projeto associativo, melhor iniciativa cidadã, melhor jovem empreendedor, melhor aluno do ensino secundário, melhor estudante universi-tário e melhor revelação artística musical.

luciana Gouveia acrescentou que a apresentação da gala vai estar novamente a cargo do animador televisivo José Carlos malato e da jornalista desportiva que trabalha na televisão francesa Sónia Carneiro.

Antes da noite de gala, durante o dia, o Hôtel de Ville vai acolher o 14.° Encontro das Associações Portuguesas de França e 1º Encontro das Associações lusófonas, organizada pela Coordenação das Coletividades Portuguesas de França, sob o tema «A lusofonia no mundo/o mundo da lusofonia».

no programa, uma conferência sobre a lusofonia no mundo, animada por David leite, Conselheiro Cultural da Embaixada de Cabo Verde em Paris, uma apresentação do papel da lusofonia no seio das associações portuguesas, o lança-mento de uma campanha para a abertura de aulas de português em França e a apresentação do novo ‘site’ do jornal das comunidades portuguesas «lusojornal».

Ao início da tarde, também no Hôtel de Ville, também vai haver uma reunião entre autarcas oriundos de Portugal e eleitos de origem portuguesa da Cívica - Grupo de Amizade das Cidades e Cole-tividades territoriais.

Câmara de Paris dedica 14 de outubro a Portugal e celebra com noite de gala

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11Outubro 2017 • www.portugalmag.fr exposição

Preservar e divulgar a lusofonia em França

o Pavilhão do Conhecimento vai levar à Cité des Sciences et de l’industrie, em Paris, a exposição “era uma vez? Ciência para quem gosta de histórias”, na qual a ciência é contada através de histórias de encantar.

Pavilhão do Conhecimento quer fazer da ciência uma

história de encantar em ParisA exposição, que foi inaugurada

em 01 de outubro, abre as portas ao público a 03 de outubro e poderá ser visitada até 18 de novembro de 2018, sendo a primeira vez que é mostrada fora do país.

intitulada, em francês, “il était une fois - la science dans les contes”, a exposição fala de ciência através de dez histórias infantis, como “Branca de neve os Sete Anões”, “As Aven-turas de Pinóquio”, “João e o Pé de Feijão” e “Ali Babá e os 40 ladrões”, explicou rosalia Vargas, presidente do Pavilhão do Conhecimento - Ci-ência Viva.

“o que fez a Ciência Viva foi olhar para essas histórias e ir ver a ciência que pode estar dentro delas. toda a exposição foi concebida como um enorme desenho animado. Ela é mui-to viva e tem um design muito ape-lativo e é uma exposição com muita ciência onde se aprende a brincar”, descreveu a responsável.

A exposição pretende mostrar que a ciência está em todo o lado, in-cluindo no imaginário fantástico das

histórias infantis, seja em castelos as-sombrados, numa floresta labiríntica, numa casa de chocolate, num espelho mágico ou num boneco de madeira.

“no caso do Pinóquio, há um mó-dulo onde foi feito um enorme bo-neco em madeira, todo articulado. o público é convidado a manipular e quando puxa um dos fios que pare-ce fazer mexer a perna direita, o que acontece é que, se calhar, é o braço esquerdo que se movimenta. Há ali muita engenharia”, explicou rosalia Vargas.

Engenharia, física, química, ma-temática, geologia e biologia são, ainda, explorados em outros contos como “os três Porquinhos”, “Alice no País das maravilhas”, “o Capu-chinho Vermelho”, “A Gata Borra-lheira”, “Hansel e Gretel” e “A Prin-cesa e a Ervilha”.

“nos três Porquinhos, o público é convidado a construir três tipos de casas, com materiais à disposição, de maneira a conseguirem a casa mais resistente. noutra história, a do Ca-puchinho Vermelho, há uma cama

onde estaria a avozinha e o público pode recostar-se nessa cama e tem um ecrã onde passam filmes de ani-mação e se dão informações sobre ambiente, florestas e animais”, con-tinuou.

rosalia Vargas acrescentou que “há mil e uma possibilidades de pôr ciência nas histórias infantis” e que a exposição vai contar com uma jor-nada, em janeiro, dedicada à comu-nidade portuguesa em França, que envolverá cientistas e público.

A mostra “Era uma vez” esteve em lisboa entre outubro de 2013 e se-tembro de 2014, tendo seguido para o instituto de Design de Guimarães e o Exploratório Centro Ciência Viva de Coimbra.

Entre março e finais de agosto, o Palais de la Découverte, em Paris, acolheu a exposição “Viral, uma ex-periência contagiante”, igualmente concebida pelo Pavilhão do Conhe-cimento - Ciência Viva, em parceria com os centros Universcience, em Pa-ris, e Heureka, em Helsínquia.

roSalia VargaS

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Ensino12

Preservar e divulgar a lusofonia em França

ensino do português em França com mais alunos“Acompanhámos desde o início a

vontade das autoridades francesas de conceber e organizar o ensino do por-tuguês no quadro das línguas vivas e não apenas no quadro das línguas de origem dos respetivos imigrantes”, enquadrou Augusto Santos Silva, acres-centando que “é esse o lugar próprio do português”.

Em resposta aos jornalistas, à mar-gem da celebração do início do ano

o ministro português dos negócios estrangeiros considerou que o novo modelo para o ensino do português em França ‘é uma boa solução’ e vincou que a procura por estes cursos até aumentou.

letivo do ensino do português no estrangeiro, o ministro salientou que “esta passagem, muito importante na maneira como concebemos o ensino da língua, desencadeou um aumento da procura, temos mais gente a querer aprender português em França e temos que responder a essa procura”.

Em julho do ano passado, Portugal assinou com a França um protocolo que colocou o ensino de português no

dispositivo EilE (Ensino internacional de língua Estrangeiro), e, consequente-mente, no mesmo patamar de visibili-dade de línguas já oferecidas no sistema de ensino francês, como o inglês, o espanhol, o alemão e o italiano, aumen-tando o número de alunos para 9.000.

A língua portuguesa deixa de estar acantonada e passa a fazer parte dos currículos das escolas”.

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Cinema14

Preservar e divulgar a lusofonia em França

no filme ‘todos os Sonhos do mundo’, a realizadora francesa laurence Ferreira Barbosa retratou a ‘rutura suave’ de uma lusodescendente com a cultura dos pais emigrantes

e com a imagem de Portugal como ‘um paraíso perdido’.

Cineasta francesa retratou “rutura suave” dos lusodescendentes

com a cultura do país

A sexta longa-metragem da cineasta, que se estreia nos cinemas franceses a 18 de ou-tubro, conta a história de Pa-méla, uma jovem portuguesa nascida em França, que se en-contra dividida entre o amor incondicional aos pais e a Por-tugal e a vontade de forjar o seu próprio caminho.

“É uma forma de rutura suave com a infância, com uma certa cultura familiar e com a cultura dos emigrantes de regressar à aldeia no mês de agosto. Há uma forma de emancipação em relação à sua família, à sua cultura, à sua mentalidade”, explicou a reali-zadora e argumentista.

no filme, a cineasta retra-tou, nomeadamente, as férias de Paméla numa aldeia do norte de Portugal, no verão, mas, desta vez, “a magia não aconteceu” e Portugal deixou de ser “aquela espécie de para-íso perdido”.

“Para ela, Portugal é uma espécie de liberdade, de bem--estar. É o país das férias para esta geração e as férias não são a realidade, é uma vida um pouco entre parêntesis e ela idealiza-o. nesse ano, ela vai e não consegue extrair-se dos seus problemas. Portugal não consegue operar essa magia”, explicou a cineasta.

laurence Ferreira Barbosa, que nasceu em França e cujo apelido português herdou de um avô que não conheceu, de-cidiu fazer um filme sobre os emigrantes portugueses quan-do se apercebeu que eles esta-vam pouco representados no cinema de ficção em França.

“A comunidade portugue-

laurence Ferreira BarBoSa

Paulo Branco

sa em França não está repre-sentada, não há muitos filmes de ficção. Há um filme que toda a gente conhece - a ‘Cage Dorée’ [‘A Gaiola Dourada’] - que é a primeira ficção sobre os emigrantes portugueses em França. Há os documentários do José Vieira, mas não vejo filmes de ficção que falem desta muito grande comuni-dade estrangeira em França”, considerou.

o filme é produzido por Paulo Branco - como todas as suas longas-metragens - e recorre a atores não profis-sionais numa escolha “to-talmente assumida” e que é descrita como “a essência do projeto” que partiu da ideia de fazer um documentário.

“A partir do momento em que decidi fazer um filme com a história de uma famí-lia portuguesa emigrada, não concebia a ideia de escolher atores profissionais porque soava falso. Queria que hou-vesse uma verdade, uma precisão e as pessoas tinham de ter uma forma de ser, so-taques, um homem moldado pela dureza do trabalho. As interpretações são imperfei-tas e frágeis, mas isso agra-da-me e é o que eu queria”, contou.

não foi fácil convencer os portugueses a entrar num filme e o ‘casting’ foi “longo e difícil” porque são pessoas “de uma grande discrição, com medo de errar e com fal-ta de confiança”.

Em contrapartida, a reali-zadora deixou-se conquistar rapidamente pela protago-nista do filme quando foi

apresentar o seu projeto a uma escola, tendo acabado por se inspirar na vida e na personalidade da jovem Pa-méla ramos para o argumen-to e para o título do filme.

“’todos os Sonhos do mundo’ é tirado da ‘taba-caria’ de Fernando Pessoa. É uma frase que fica muito bem na personagem Paméla que vive com um sentimento de fracasso relativamente aos seus sonhos. Como no poe-ma de Pessoa, ela não é nada, mas não pode querer ser nada. À parte isso tem nela todos os sonhos do mundo”, justificou.

laurence Ferreira Barbosa é autora de filmes como “ou morro ou fico melhor” (2008), “Detesto o amor” (1996) - que passou na secção “Cinémas en France” do Festival de Cannes em 1997 - e “As pes-soas normais não têm nada de especial” (1993), que re-cebeu uma menção especial do Prémio do Júri Ecuménico no Festival de locarno e foi nomeado para um César de melhor primeiro filme.

A realizadora coassinou ainda o documentário “Volta à terra”, de João Pedro Pláci-do, que passou na mostra da associação de cinéfilos ACiD do Festival de Cannes em 2015, obteve o prémio Esco-las/iADE para melhor longa--metragem da competição portuguesa no Doclisboa em 2014, o prémio Ulysse do do-cumentário e o Prémio Estu-dante no festival de cinema de montpellier Cinemed assim como o Prémio Gold Hugo do Chicago Film Festival em 2015.

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15Outubro 2017 • www.portugalmag.fr comunidade

Preservar e divulgar a lusofonia em França

Como acontece muitas vezes, é necessário uma catástrofe para focalizar a realidade lusanoutra parte do mundo, hoje nas Antilhas Francesas.

Com o drama da passagem do fura-cão irmA que atinjiu as ilhas francesas da Guadeloupe, Saint martin e Saint Barthélemy, descobriu-se que lá resi-diam mais de 3.000 portugueses.

Apôs o drama, o delegado da Ci-ViCA na Guadeloupe, José Fernandes rodrigues co-organizou uma rede de solideriedade para acolher as familias Portuguesas en transito no Aeroporto in-ternacional de Pointe-à-Pitre/le raizet.

A solideriedade continua a algumas horas da chegada do Secretário de Es-tado das Comunidades Portuguesas à Pointe-à-Pitre.

Depois do apoio, será necessario a re-construção. reconstrução das casas, das estruturas locais, das escolas, ...

A associação de Autarcas de origem Portuguesa, conjuntamente com o Con-selho das Comunidades Portuguesas de França solicita que haja uma reconstru-ção da rede administrativa Portuguesa a ser criada nas antilhas.

Esses Portugueses residentes nas an-

tilhas francesas deverm, administrativa-mente, estarem inscritos no Consulado de Paris, mas como se podem inscrever com uma distância de 7.000 Km ? Esta solicitação é bem antiga mas nunca foi tomada em consideração.

É o momento com a visita do Secretá-rio de Estado das Comunidades Portu-guesas que se abre esta discussão.

Podem ser analisadas permanências consulares, protocolo com as câmaras municipais locais de serviço administra-tivo Europeu, criação de um Consulado

Honorário,...os Autarcas Franceses de origem

Portuguesa estão disponiveis para di-vulgar os trabalhos realizados com ou-tros paises europeus no ambito da co-operação administrativa europeia nas autarquias francesas.

A rede da Civica Guadeloupe e ou-tre-mer foi criada em Fevereiro de 2016 com uma reunião na cidade de lamen-tin que reuniu perto de 70 Portugueses.

CiViCA4.000 autarcas de origem Portuguesa

em FrançaCiViCA : Associação de Autarcas de

origem Portuguesa em França desde 5 fevereiro 2000

José rodrigues é o delegado da Civi-ca para as Antilhas Francesas

A CiViCA Guadeloupe foi criada em Fevereiro de 2016.

Em Saint Barthelemy vivem e traba-lham perto de 2.600 Portugueses ou des-cendentes.

depois do furacão irmA, a reconstrução das Antilhas Francesas

l’association SAlF organise une rencontre multi thèmes : broderie, décoration, gastronomie, littérature, mode, musique, peinture, sculpture, les 6 ,7 et 8 octobre.

la SAlF se donne pour objectifs de regrouper en son sein les auteurs luso-phones de France, qu’ils écrivent en lan-gue portugaise ou française, et d’aider à l’édition, à la diffusion et à la promotion de leurs oeuvres

Auteurs de la SALF qui seront présents :Altina ribeiro écrivain, António de

Sousa écrivain, inês oliveira écrivain, poète, manuel do nascimento historien, manuel Sousa Fonseca écrivain, parolier, poète et journaliste.

Venez les rencontrerHélène benetreau Auteur “le per-

sonnage absurde parle, dénonce, et crie quand il n’en a pas le droit.” selon Hélène

Benetreau, une jeune auteure ovilloise de 18 ans, passionnée par la philosophie.

Avec son ouvrage épistolaire intitulé “l’Être De Plume” écrit à 16 ans, elle che-mine vers les terres saccagées de l’esprit humain.

“C’est l’histoire d’une jeune femme, Julie, qui se demande ce qu’est la peur.”

Manuel do Nascimento Historiador, nasceu em Portugal e está radicado em França desde 1970. Depois de ter publica-do numerosos livros históricos, acaba de publicar o seu primeiro romance “nem tudo acontece por acaso” nas edições Co-libri, Faculdade de letras de lisboa. Este romance, é a narrativa de um homem pre-so a um papel “moi après la guerre marier avec toi…. assinado pelo alferes raimun-do marques, 1918”, e, encontrado por aca-so. o mesmo era destinado à sua avó.

Salle le triplex40 rue Faidherbe à Houilles

rencontre multi thèmes organizé par l’association SAlF

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Moda16

Preservar e divulgar a lusofonia em França

Fátima lopes voou até à Paris Fashion Week com a coleção “Birds”

Ao som de um pianista que tocou ao vivo, junto com um DJ, os “pássaros” de Fá-tima lopes desfilaram, sem penas nem plumas, mas com vestidos decotados e ‘jump-suits’ transparentes, num salão neorrenascentista com pinturas simbolistas a repre-sentarem musas vestidas de drapeados também transpa-rentes, na Câmara municipal do 4.º bairro de Paris.

“Estou aqui olhando para a coleção que eu so-nhei fazer, porque eu não mudava nada, acho que não mudava uma vírgula a nada disto. Esta é a coleção que eu fiz para usar: eu quero usar aquele fato-de-banho na praia, eu quero usar estes vestidos quando tiver uma festa muito especial, eu que-ro usar estes práticos para o dia-a-dia, eu quero usar os ‘jumpsuits’. tudo isto foi feito para usar mesmo”, descreveu Fátima lopes.

As peças são pensadas para “a praia, a gala, pas-sando pelo ‘cocktail’”, ou seja, “peças para todas as ocasiões”, em que as trans-parências abundantes co-brem “’culottes’ dos anos

Fátima lopes apresentou, em Paris, a sua coleção primavera-verão 2018, com uma linha inspirada no universo dos pássaros exóticos e que é descrita pela ‘designer’ como a coleção que sonhou fazer.

50” e fatos de banho interio-res que “são puzzles”.

A coleção chama-se “Birds” e o imaginário dos pássaros lê-se nas cores, no exotismo e no desenho das roupas, na maquilhagem e nos penteados das modelos. Para Fátima lopes, “há pás-saros que parece que foram desenhados por uma mão humana, mas não é huma-na, é sobre-humana”.

“todo o desfile gira à volta do universo dos pás-saros. Apesar de não ser nada evidente - não há uma única pluma na roupa - mas todo o ‘design’ lembra, de alguma forma, os bicos dos pássaros, os detalhes dos

pássaros, as asas dos pássa-ros, toda a coleção tem este ponto de ligação que são os pássaros”.

Há também “o lado da Fátima lopes: sofisticação, elegância muito feminina” e um ‘design’ baseado em detalhes, em que “algumas peças têm dezenas de peci-nhas como se de um puzzle se tratasse”.

Este é o 38.º desfile em Paris de Fátima lopes, que se estreou na capital france-sa há 19 anos, quando “toda a gente dizia que era uma loucura, porque nunca nin-guém o tinha feito”.

“Eu sou teimosa e pas-sados 19 anos estou aqui,

de pedra e cal, porque acho que esta é a capital da moda, sempre pensei assim, sou de ideias fixas. Acho que o meu lugar é aqui, porque esta é a minha montra para o mundo, eu sempre dis-se isto e não me canso de o repetir. mais, criei raízes aqui”, afirmou a ‘designer’.

Ainda que sublinhan-do que as suas “raízes são portuguesas”, Fátima lopes disse que “19 anos é muito tempo” e que tem “aquele gostinho de missão cumpri-da”, porque “sempre sou-be” que Paris é o seu lugar, onde se sente “em casa”.

Durante a Semana da moda de Paris, a moda portuguesa também está a ser promovida em feiras e ‘showrooms’, como na 3rd Eye Showroom e na tranoï Paris, onde estão patentes trabalhos dos ‘designers’ Susana Bettencourt, Carla Pontes, Alexandra moura, luís Buchinho, Katty Xio-mara e ainda da marca Ba-bash Design.

A “Paris Fashion Week” arrancou no dia 25 de Se-tembro e terminou no dia três de outubro.

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17Setembro 2017 • www.portugalmag.fr imigração

Preservar e divulgar a lusofonia em França

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Evento18

Preservar e divulgar a lusofonia em França

“especial Portugal” reuniu milhares de emigrantes no Hipódromo de Vincennes

As famosas corridas de cavalos atraíram os olhares atentos do grande público, despertando também a von-tade, em alguns, de apostar nos seus preferidos.

o momento alto das corridas, foi a do Grande Prémio de Portugal, trans-mitido em directo, até pelos canais da televisão francesa.

no terreno, as corridas foram sen-do acompanhadas pelos milhares de olhares atentos nas bancadas, assim como pelos presentes no restaurante panorâmico, sediado no local, e ainda através do ecrã gigante implantado na pista de corridas.

Este ano, a festa foi animada pelo artista mike da Gaita, que convidou o público a dançar ao ritmo dos seus te-mas musicais, da música popular por-tuguesa.

todos os anos, são milhares de pes-soas que visitam esta festa, em Vincen-nes. na grande maioria, emigrantes

o Hipódromo de Vincennes foi palco de mais uma festa com o tema “especial Portugal”.

que para além da diversão, vêm col-matar um pouco da saudade do seu país.

no local dos expositores, estavam vários stands com as mais diversas es-pecialidades portuguesas. Da cozinha ao vestuário, e aos serviços em diver-sas áreas, foi imensa a multidão que por lá passou.

Fora das portas, as corridas de cavalos para os adultos… e os passeios de póneis gratuitos para os mais pequenos.

A emoção de ver quem cortava a meta em primeiro lugar, desviava a toda a hora as atenções do grande pú-blico. A menos velocidade, mas com o mesmo entusiasmo, ou ainda maior, os mais pequenos subiram para os póneis e desfrutaram de uma bela experiên-cia.

Durante o dia foram sorteados dois bilhetes de ida e volta Paris-Portugal, oferecidos pela Aigle Azur. E ainda uma refeição para quatro pessoas, num restaurante Pedra Alta, oferecido pela companhia de seguros Fidelidade.

A festa terminou ao final do dia, saindo apenas alguns com a satisfação de ter acertado em algumas apostas nas corridas de cavalos… mas todos felizes por celebrar mais um dia dedi-cado a Portugal!

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Portugal foi eleito o melhor destino europeu nos World travel Awards

o País foi distinguido com 22 prémios na categoria Europa, 14 na categoria Por-tugal e um na categoria mediterrâneo.

Portugal foi eleito na categoria de Europe’s leading Destination e o tu-rismo de Portugal repetiu o prémio de ‘Europe’s leading tourist Board’. A madeira voltou a ser o melhor destino insular do continente europeu e o Al-garve o melhor destino de praia. A tAP Air Portugal saiu vencedora em três categorias – ‘Europe’s leading Airline to Africa’, ‘Europe’s leading Airline to South America’ e a sua revista de bordo, a UP magazine, foi considerada ‘Europe’s leading inflight magazine’.

europa

Europe’s leading Airline to Africa 2017: tAP Air PortugalEurope’s leading Airline to South America 2017: tAP Air PortugalEurope’s leading All-Inclusive re-sort 2017: Pestana Porto Santo All in-clusive Beach & Spa resortEurope’s leading beach Destination 2017: the AlgarveEurope’s leading beach resort 2017 Hotel: Quinta do lagoEurope’s leading boutique Hotel 2017: Vila Joya,Europe’s leading boutique resort 2017: Vila JoyaEurope’s leading Cruise Port 20: Por-

Portugal arrecadou um total de 37 prémios na edição de 2017 dos World travel Awards, durante o evento ‘europe Gala Ceremony 2017’, que decorreu no sábado, dia 29 de Setembro,

em São Petersburgo, na rússia.

to de lisboaEurope’s leading Design Hotel 2017: Altis Belém Hotel & SpaEurope’s leading Destination 2017: PortugalEurope’s leading Inflight Magazine 2017: Up magazine (tAP Portugal)Europe’s leading Island Destination 2017: madeira islandsEurope’s leading landmark Hotel 2017: Bairro Alto HotelEurope’s leading lifestyle resort 2017: EPiC SAnA Algarve HotelEurope’s leading luxury business Hotel 2017: Pestana Palace lisbonEurope’s leading luxury lifestyle resort 2017: Conrad AlgarveEurope’s leading Meetings & Confe-rence Hotel 2017: ria Park HotelEurope’s leading MICE Hotel 2017: EPiC SAnA lisboa HotelEurope’s leading river Cruise Com-pany 2017: DouroAzulEurope’s leading Tourism Develop-ment Project 2017: Passadiços do Pai-va (Arouca UnESCo Global Geopark)Europe’s leading Tourist board 2017: turismo de PortugalEurope’s Most romantic resort 2017: monte Santo resort

Portugal

Portugal’s leading boutique Hotel 2017: Pestana Cr7 Funchal

Portugal’s leading business Hotel 2017: interContinental lisbonPortugal’s leading Car rental Com-pany 2017: SixtPortugal’s leading Conference Hotel 2017: ria Park HotelPortugal’s leading Design Hotel 2017: Altis Belém Hotel & SpaPortugal’s leading Family resort 2017: Pine Cliffs resort, a luxury Col-lection resortPortugal’s leading green Hotel 2017: Galo resort madeiraPortugal’s leading Hotel 2017: Bel-mond reid’s PalacePortugal’s leading Hotel residences 2017: troia Design Hotel, a Blue and Green HotelPortugal’s leading Hotel Suite 2017: Presidential Suite @ Belmond reid’s PalacePortugal’s leading lifestyle Hotel 2017: lisboa 1908 HotelPortugal’s leading resort 2017: Hil-ton Vilamoura As Cascatas Golf resort & SpaPortugal’s leading Serviced Apart-ments 2017: Altis SuitesPortugal’s leading Villa resort 2017: Dunas Douradas Beach Club

mediterrâneo

Mediterranean’s leading boutique Ho-tel 2017: Quinta da Casa Branca, Portugal

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Opinião20

Preservar e divulgar a lusofonia em FrançaPreservar e divulgar a lusofonia em França

Portugal, se « calhar » até é o melhor país do mundo...

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21Outubro 2017 • www.portugalmag.fr opinião

Preservar e divulgar a lusofonia em FrançaPreservar e divulgar a lusofonia em França

Como em todos os países, em Portugal encontraremos um povo peculiar, isso é fato. A questão é que essa peculiaridade nem sempre é vista de forma natural e muitos costumam

ter ideias totalmente erradas sobre como realmente são os portugueses.

Hoje Portugal está na moda, temos cidades cobiçadas por muitos para vi-ver, destinações de sonho para férias, somos acolhedores, um país seguro... não somos o que até há pouco tem-po algumas pessoas pensam, que em Portugal só encontraremos coisas ve-lhas. outros pensavam que o país é uma praia de Espanha (sim, é absur-do), outros pensam que as mulheres portuguesas têm bigode. Então, para derrubar alguns mitos, vamos falar sobre algumas ideias erradas que os estrangeiros têm (ou tinham) sobre os portugueses.

nós não passamos a vida a comer bacalhau, sim, possuímos receitas su-ficientes de bacalhau para comer uma refeição diferente em cada dia do ano, mas isso não significa que passamos a vida comendo apenas isso. Além disso, com uma dieta mediterrânea tão rica e variada, quem precisa comer bacalhau todos os dias?

As mulheres portuguesas não têm bigode, aliás, podem ter a certeza que as mulheres portuguesas são das mais belas do mundo. Quanto à história do bigode… Bem… os Franceses di-zem que as portuguesas têm bigode, os franceses dizem que as espanholas têm bigode e os alemães dizem que as francesas têm bigode. É uma implicân-cia entre nações.

Portugal não é apenas mar e sol, quem se atreve a dizer uma coisa des-sas é porque não conhece nada sobre esse lindo e diverso país. Provavel-mente nunca visitou as espectaculares aldeias de xisto ou as aldeias caiadas de branco no Alentejo. nem sequer so-nha com a beleza das ilhas dos Açores e da madeira. E pode mesmo existir dias de muito frio por Portugal sim, especialmente no norte do país.

nem todos possuem famílias enor-mes. Havia sim um tempo em que

cada casa tinha 6 ou 7 filhos, como um pouco por todo o mundo. A média de filhos por mulher é hoje uma das mais baixas do mundo. mesmo assim, a no-ção de família portuguesa é realmente mais volumosa. não se admirem por-tanto se, na mesa de natal, estiverem sentadas 40 ou 50 pessoas, entre tios, primos e aqueles familiares afastados que eles só veem 1 ou 2 vezes por ano.

os homens não se chamam todos manuel ou Joaquim, e as mulheres não se chamam todas maria. os nomes são modas e o seu uso evolui. Hoje em dia, nas gerações mais novas, esses nomes são mais raros. na época dos descobri-mentos, a palavra africana para mu-lher era “maria” e, verdade seja dita, quando chamavam maria a uma por-tuguesa raramente se enganavam. mas hoje em dia não é assim.

Quando somos simpáticos com um turista é mesmo genuíno, a explicação é simples, nós gostamos de receber bem e fazer com que as pessoas que visitam o nosso país se sintam em casa. mas não é apenas isso: nós temos tanto orgulho do país, na nossa história, nas nossas bele-zas que um dos seus maiores prazeres é fazer com que os estrangeiros possam constatar exactamente isso.

Quando falam mal do nosso país, não significa que não gostam dele, se um estrangeiro se atreve a falar mal do nosso Portugal, nós defendemos o nosso cantinho com unhas e dentes. É um hábito estranho, mas eles são mesmo assim. Por vezes em algumas situações, é bem comum começarem uma conversa reclamando de Portugal e terminamos a louvar os amores pelo nosso país.

não somos um país conservador, é uma ideia generalizada entre os es-trangeiros. mas totalmente errada, nós fomos um dos primeiros países a abolir a escravatura e a pena de morte.

E nos tempos mais modernos, fomos também um dos primeiros países a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo. Portugal é um país extremamente tolerante, fru-to de séculos de convivência e contato com outras culturas. Portugal é tam-bém considerado como um dos países mais acolhedores do mundo. Por falar em mundo, descobrimos mais de meio mundo... E as melhores praias quem as tem?

temos escritores, artistas, temos prémio nobel, temos cultura, somos tradição.

E sem esquecer, temos Fátima, Fu-tebol e o nosso fado... mas isso, isso há muito que falar, somos mesmo os me-lhores (ou quase).

E para quem foi recentemente a Portugal, certamente pode escutar al-gumas desta expressões bem familia-res e típicas dependentemente de re-gião para região, só em termo de matar saudades :

Quando um português tem um problema, na realidade ele está “feito ao bife”, quando queremos que nos deixem em paz, dizemos “vai chatear o Camões”, quando vemos uma rapa-riga bonita, é claro que esta boca tem que sair :“é boa como o milho”, quan-do se está a repetir sempre a mesma coisa,“vira o disco e toca o mesmo”, quando se tem muita experiência, ele tem “muitos anos a virar frangos” e aqueles que mudam muito de ideias, são os tais “troca-tintas” ou os desca-rados “tem lata”. Um português não se recusa a dar informação, ele “fecha-se em copas”. Um português não morre, ele “estica o pernil” e como se diz, se não gostaram deste artigo, então “fi-cou tudo em águas de bacalhau”.

não se esqueçam, Portugal é o me-lhor país do mundo, palavra de um português.

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Exposição22

Preservar e divulgar a lusofonia em França

“Atlantide”: Artista português Pantónio com nova exposição individual em Paris

o artista português Pantónio inaugurou a sua segunda exposição individual em Paris, mostrando o trabalho mais recente inspirado no universo marinho e nos Açores.

A exposição “Atlantide”, que decorre até 28 de outubro na galeria itinerrance, apresenta 20 telas e um mural, tendo Pan-tónio caracterizado este trabalho como o “mais profundo, a raiz”.

“Quando escolhi o nome ‘Atlantide’, tem a ver com a minha ligação aos Aço-res, com esta coisa da linha da água. São tudo animais aquáticos, mas alguns são de terra. Vêm todos do mar. tem a ver com a forma como eu cresci a ver movi-mento do mar tão perto. Portanto, acaba por se transcrever para linhas contínuas”, disse o artista natural da ilha terceira, no arquipélago dos Açores.

Ao longo de uma extensa galeria de 350 metros quadrados, as telas mostram desenhos de figuras esguias que deixam adivinhar peixes e pássaros, em movi-mentos entrelaçados e com contornos densos, num turbilhão de linhas que so-bressaem de fundos em tons pastel.

Para Pantónio, “não há linhas qua-dradas, há linhas contínuas, como numa viagem”, um estilo que também marca o seu ritmo de trabalho, intenso, “fechado numa jaula e centrado na imaginação”, tendo pintado as obras de “Atlantide” nos últimos três meses, salvo uma tela que retoca há três anos.

A imaginação é primordial para o português de 41 anos que considera que o seu papel do artista passa por dar “al-gum sonho”, “leveza” e “fazer coisas bo-nitas”.

“Esta Atlântida foi uma maneira de aproveitar a minha técnica que tem mui-to a ver com água e desenvolvê-la para potenciar o que no meu trabalho eu reco-nheço como imaginação. o artista dá um bocadinho e a pessoa imagina o resto”, explicou, enquanto se preparava para pintar o mural de uma parte da fachada da galeria parisiense.

Esta é a segunda exposição individual

de Pantónio na galeria itinerrance, depois de, em 2014, ter apresentado “ExØdus” e de ter participado em vários projetos co-letivos do espaço dirigido por mehdi Ben Cheikh, que aponta o estilo do português como “inconfundível”.

“nesta exposição estamos a mostrar a evolução do seu trabalho. Aqui vemos

a cor a emergir, algo que até agora era limitado ao preto e azul. Além disso, em muitas telas, o desenho está mais simpli-ficado, parece muito mais eficaz. o mais difícil é encontrar as ideias mais simples e é o que ele está a fazer agora”, descreveu o galerista.

mehdi Ben Cheikh revelou, também, que Pantónio vai fazer, em breve, um novo mural em Paris, na avenida que a galeria tem vindo a transformar num museu a céu aberto, o Boulevard Vincent Auriol, que conta já com 15 murais mo-numentais.

não muito longe e também a pedi-do da galeria, em 2014, Pantónio pintou aquele que foi apresentado como “o mu-ral mais alto da Europa”, com 66 metros de altura e 15 metros de largura, que passou a fazer parte do circuito de “stre-et art” do 13.º bairro que, no total, conta com cerca de 50 murais, incluindo um de Vhils.

“De qualquer modo, em cada proje-to que eu fizer com a galeria, o Pantónio vai participar. Acredito mesmo nele”, avançou o galerista que tem acompanha-do Pantónio desde que o convidou, em 2013, para o projeto “toUr PAriS 13”, no qual participaram mais de cem nomes da “street art”, entre os quais onze portu-gueses, que transformaram um prédio de dez andares, destinado a demolição, num “museu de arte efémera”.

Com a itinerrance, Pantónio também participou, em 2014, na transformação de uma aldeia tunisina noutro “museu a céu aberto”, juntamente com uma centena e meia de artistas, incluindo os portugue-ses mário Belém, Addfuel e Arraiano.

Em Paris, Pantónio pintou, ainda, pai-néis que foram colocados, temporaria-mente, em 2015, na Ponte das Artes, de-pois de retirados os chamados “cadeados do amor” deixados pelos turistas.

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23Outubro 2017 • www.portugalmag.fr cultura

Preservar e divulgar a lusofonia em França

Artistas portugueses inspiram arte urbana no projeto “la rue” em Paris

os rostos de artistas portugueses que viveram em Paris estão, transformaram-se em obras de arte urbana na capital francesa, no âmbito do projeto “la rue”.

numa ruela do bairro de mont-martre, esteve um cartaz com duas repre-sentações a tinta da China de mário de Sá-Carneiro, a anunciar “les Portugais dans les rues” e, algumas ruas adiante, há impressões, a ‘stencil’, dos rostos de Amadeo de Souza Cardoso e Costa Pin-heiro.

os cartazes, pinturas, impressões e serigrafias propagar-se a outros bairros parisienses, devolvendo às ruas de Paris cerca de 40 figuras da cultura portuguesa que por ali já passaram.

As imagens são da autoria de Pedro Amaral e ivo Bassanti, que assinam como Borderlovers e que foram convidados pelo Centro Cultural Camões em Paris para participar na iniciativa “la rue” do Fórum dos institutos Culturais Estrangei-ros de Paris.

Durante uma das ações de rua em que foi acompanhado pela artista margarida Coelho e pela fotógrafa Sandra rocha, Pedro Amaral contou que há interven-ções espontâneas “com ‘stencils’ e car-tazes” e outras mais performativas, como a que fez em homenagem a mário de Sá-Carneiro.

também fizeram ações “mais mas-sivas e de colagem na parede” junto da casa onde viveu e trabalhou maria Hele-na Vieira da Silva, perto de uma das mui-tas habitações onde morou Amadeo de Souza Cardoso e em frente ao restaurante português Comme à lisbonne. Para to-das, Pedro vestiu um ‘kilt’ feito a partir de uma bandeira portuguesa e no qual imprimiu o rosto de Amadeo de Souza Cardoso, assim como um casaco com a cara de Costa Pinheiro.

A rampa de acesso ao Centro Pom-pidou, houve uma exposição de várias pinturas, onde se vão poderam ver re-presentações de Amadeo de Souza Car-doso, Vieira da Silva e mário de Sá-Car-neiro, mas também José-Augusto França, Eduardo Prado Coelho, António nobre, mário Cesariny, Sérgio Godinho, Júlio Pomar, Costa Camelo, entre outros.

Para Pedro Amaral, estas representa-ções são “homenagens simples” e “uma coisa que tinha mesmo de ser feita”.

“todos os que estão a ser represen-

radas. Por um lado, a publicação de um livro que funcionará como um catálogo e que prolongará a vida das interven-ções efémeras que são as intervenções da rua (…). Por outro, é a possibilidade de fazermos uma exposição ou várias exposições a partir do corpo de trabalho que é muito mais largo do que aquele que podemos por na rua”, explicou.

João Pinharanda acrescentou que a participação portuguesa se alargou a Ângelo Ferreira de Sousa que deu ao projeto “uma nova direção mais concep-tual e uma intervenção quase mais polí-tica”, com “uma espécie de comentário português à cultura e realidade france-sa”.

Partindo da citação do poeta rim-baud “Je est un autre”, Ângelo Ferreira de Sousa escreveu nas paredes, em sen-tido contrário, as frases “France est une autre” e “France, suis une autre”, tendo depois fotografado, invertido e colado imagens nos mesmos muros num jogo de espelhos e inversões.

“Há duas referências ao outro e o ou-tro é a referência a todos os outros que também construíram a França, que são os estrangeiros. Quero dizer, a França é muito mais do que o país dos franceses, é também uma nação que soube, mal ou bem, acolher gente de todo o mundo, incluindo os portugueses”, descreveu o artista.

o festival “la rue” contou com a participação de lúcio martins Faria, um português que há mais de 20 anos canta fado com timbre de saxofone no metro de Paris e que deverá tocar aquando da exposição dos Borderlovers em frente ao Pompidou.

no programa esteve também o rancho de Cantadores de Paris, que é um grupo de cante alentejano composto por parisienses de várias nacionali-dades, e um concerto de piano a quatro mãos da formação “20 Fingers”, compos-ta por João Vasco e Eduardo Jordão, com um repertório que vai da sonata clássica ao ‘ragtime’, do tango ao chorinho, “de Bach a Chico Buarque”.

Há ainda cafés e mercearias finas por-tuguesas que se associaram à iniciativa.

PeDro aMaral

tados foram acolhidos por França e por Paris de alguma forma, coisa que tam-bém me aconteceu a mim e eu também sou artista. Acho que temos uma dívida imensa. nós não existiríamos se eles não tivessem existido”, considerou.

Para João Pinharanda, diretor do Centro Cultural Camões em Paris, que está a coordenar a participação portu-guesa no evento, o resultado “já ultra-passou todas as expectativas”.

“temos a possibilidade de desenvol-ver o trabalho em duas direções inespe-

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Startup24

Preservar e divulgar a lusofonia em FrançaPreservar e divulgar a lusofonia em França

Quem esteve no Hipódromo de Vincennes, no último domingo de setembro, percebeu que a reflex latino tem força e está cada vez mais criativa, agregadora e implantada.

reflex latino está a crescer

A startup mostrou que soube evoluir e revelou dois empresários da nova gera-ção: Bruno António e Phili-ppe mendes.

mascote foi apresentadaPerto de 12 mil pessoas

cruzaram-se com a mascote da reflex latino, na sua pri-meira saída oficial.

nos stands e no pódio, marcou os espíritos e fez o show, transmitindo a ener-gia, a proximidade, que caracteriza a marca. “opta-mos por uma comunicação que interage com as pesso-as, que cria laços. E foi um sucesso! A mascote foi o centro das atenções, cativou

todas as famílias e posou para muitas selfies.” disse Bruno António.

“Village” reflex latino no Hipódromo

A reflex latino provou que é muito mais que um

conceito digital. não se limi-ta aos telemóveis e à esfera das aplicações. tudo aquilo que habitualmente se encon-tra na app, esteve, durante algumas horas, concentrado no “Village” reflex latino. “Foi uma amostra do que

nós somos. Com restauran-tes, marcas como a Quinta da Pacheca … Foi também uma demonstração do espí-rito de rede que há em nós!” declarou Philippe mendes. “A reflex latino sabe mo-bilizar e acompanhar de A a Z. Vamos continuar a estar presente no terreno.” acres-centou Bruno António.

Corrida de cavalos e Prémio reflex latino

Bruno António e Phili-ppe mendes subiram ao pó-dio para entregar o Prémio reflex latino, de 105 mil €. no palco, estava bem visível a união e o espírito de equi-pa dos dois empresários.

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25Outubro 2017 • www.portugalmag.fr evento

Preservar e divulgar a lusofonia em França

emigrante em França, José nobre não deixa perder a tradição na Festa

de nossa Senhora dos emigrantes

Com cerca de 700 habitantes, Deo-criste acolheu cerca de 2000 pessoas ao longo dos dois dias de festa.

os cabeças de cartaz foram José malhoa, nelson Costa e rui Bandeira, que aceleraram o ritmo da dança, junto dos populares.

o “mordomo” da festa, designação dada à pessoa responsável pela orga-nização, junto da sua equipa de traba-lho, foi José nobre. Emigrante há 17 anos, o empresário franco-português organizou tudo ao pormenor, para pro-porcionar bons momentos de alegria e confraternização entre os habitantes e visitantes da terra.

José nobre agradece às empresas e às pessoas que estiveram envolvidas neste projecto e afirma que é para continuar.

“Quando uma pessoa sai de Portu-gal, cria-se um sentimento de saudade e de vontade de fazer alguma coisa pela freguesia. Porque ser emigrante

A freguesia de deocriste, sediada no distrito de Viana do Castelo recebeu mais de mil visitantes na Festa da nossa Senhora dos emigrantes, em meados de Agosto, dias 14 e 15.

é um mérito porque nem toda a gente consegue abdicar de certas coisas e ser emigrante.

Eu sou emigrante há 17 anos, e ten-tei sempre ter mais ambição.

Quando saímos da nossa terra, e vimos como as coisas eram há alguns

anos. E voltamos e constatamos que as coisas continuam quase iguais, e como temos sempre a tendência de fazer melhor, esta festa surge nesse sentido. De trazer alguma coisa nova à aldeia, de lhe dar vida”, disse à Portugal magazine.

Salientou ainda que este deveria ser um projecto para continuar, “não apenas em Deocriste, mas sim em todas as aldeias de Portugal”.

Segundo José nobre, a festa correu muito bem, com muita gente e muita animação”. Adianta que já têm fundos angariados para ajudar na organização da festa do próximo ano.

A mensagem que o empresário gostava de transmitir às pessoas e às entidades empresariais, “é que quando temos vontade de fazer alguma coisa, tudo se consegue. E este exemplo serve para este caso e para o dia-a-dia das pessoas, nunca se deve baixar os bra-ços!”, concluiu.

JoSé Malhoa rui BanDeira nelSon coSta

JoSé noBre

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Preservar e divulgar a lusofonia em FrançaPreservar e divulgar a lusofonia em França

Valdemar Francisco, natural do lugar da Boiça, freguesia de Colmeias (leiria) chegou a França com apenas seis anos de idade. Vindo de uma aldeia pacata, conta que ficou maravilhado com o cenário que encontrou em França, porque

tudo era diferente e tinha mais movimento.

no início, morou com os pais em Villiers-sur-marne, e pouco tempo de-pois, mudaram-se para o Bidonville. Hoje, é o presidente de ‘les Amis du Plateau’, uma associação fundada pelo próprio, juntamente com alguns ami-gos daquela época, com que partilhava as suas vivências.

Aquela associação nasceu com o

objectivo de reunir os amigos e cole-gas do tempo do Bidonville, e deixar a marca da emigração portuguesa atra-vés de um pequeno monumento e um documentário! Passados quatro anos de existência, os resultados estão à vis-ta de todos. Em vez de um simbólico, nasceu em Champigny um grandioso monumento, um livro detalhado já

editado… e os preparativos já começa-ram para a realização de um filme.

A Portugal magazine esteve à con-versa com Valdemar Francisco, o pre-sidente e fundador da associação les Amis du Plateau, que está passo a pas-so a caminhar para o sucesso da mis-são a que se propôs… deixar patente para a geração actual e as gerações vin-

Valdemar Francisco, da ideia ao projecto até a realização de um sonho em nome da comunidade portuguesa

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27Outubro 2017 • www.portugalmag.fr entrevista

Preservar e divulgar a lusofonia em França

douras, a marca e o valor da emigração portuguesa em França, e no mundo.

recorda-se da sua chegada a Fran-ça?

recordo-me muito bem! Para mim era tudo novidade e tudo muito lindo. Cheguei com seis anos e meio… e foi aí que tive os meus primeiros sapatos, para vir para França. isto em princípio de 1960, há mais de 57 anos.

não vim logo para o Bidonville, mas sim para Villiers-sur-marne. o meu pai alugou uma casa, e como era pin-tor, limpamos a casa toda… e quando aquilo já estava pronto, os filhos do se-nhor que tinha alugado a casa ao meu pai, disseram que tinham mudado de ideias e que afinal iam vendé-la. Foi aí que fomos para o Bidonville de Cham-pigny. na altura, tive sorte, porque não ficamos na zona da lama.

O que é que mais o marcou nessa época?

o que me ficou bem assente na me-mória foi chegar à Gare de Austerlitz e ver aquilo tão grande e depois ver nos cafés aquelas máquinas de gira-discos, as jukebox… as bancadas no mercado de Villiers, recheadas de peixe, carne e fru-ta. os meus olhos ficaram maravilhados!

Ainda guarda amigos do Bidonvil-le, nos dias de hoje?

tenho muitos amigos dessa época. E ainda mais, desde que fundei a asso-ciação les Amis du Plateau. A vida fez com que eu fosse trabalhar para longe, e mais tarde, depois de alguns anos, trabalhei bastante no mundo associa-tivo. Eu tinha feito uma promessa de que quando tivesse tempo, faria algo para aquele senhor louis talamoni. Que foi um homem muito humanista.

lembro-me, quando em criança, ele falou comigo, como se eu fosse um adulto, e isso marcou-me muito.

Como foi a sua adolescência?Eu gostava de ter sido arquitecto,

mas não foi possível. o meu pai mor-reu, quando eu tinha 12 anos. E pron-to, já sabia que não podia seguir estu-dos. Fiz a escola enquanto era obriga-tório, mas mesmo assim perdi muito tempo para ir ganhar algum e ajudar a minha mãe. nas férias sempre traba-lhei. trabalhei também muitos anos no mercado de Villiers, a vender charcu-taria, fruta… e depois já vendia discos, sobretudo portugueses! isso foi uma temporada.

Depois pedi à minha mãe a eman-cipação. Ela aceitou e eu dirigi-me ao tribunal para obter a emancipação, que dava a maioria aos 18 anos em vez de aos 21. Fiquei na mesma com naciona-lidade portuguesa, para também não fazer a tropa aqui. E foi assim que fui andando e decidi comprar umas ruí-nas, para fazer uns apartamentos, no departamento 91.

Comprei essas ruínas, antes de ter carro. Quando somos jovens a prio-ridade é o carro, mas depois é “cha-pa vem, chapa gasta”. Fiz um crédito

e trabalhava durante o dia para uma empresa, e à noite, sábados, domingos e feriados, ia para lá trabalhar nesse imóvel. Que resultou em seis aparta-mentos.

Quando é que nasce a associação Les Amis du Plateau?

Depois de uma vida de trabalho, às vezes vinha ao mercado de Villiers e havia uns rapazes que andavam à minha procura, já há muitos anos. Eu tinha muitos camaradas na escola. E então, uma vez entramos em contacto e num evento de carros antigos, en-contrei-me com vários colegas. Fomos mantendo o contacto… e como já tinha a intenção de fazer um monumento e um documentário, para não deixar cair

no esquecimento e deixar registado toda essa fase da emigração.

A associação foi fundada em outu-bro de 2013. Está com quatro anos ago-ra. Eu fui o fundador e sou também o presidente. Somos vários administra-dores, para cada qual poder viver a sua vida normalmente, e quando não poderem uns, podem outros tratar dos assuntos. É uma coisa que requer bas-tante tempo e empenho, da qual estou muito orgulhoso. mas quero passar a pasta de presidente, e ficar como presi-dente fundador ou presidente de hon-

ra. mas gostava de trazer jovens, para dar continuidade ao trabalho que está a ser feito.

Sobre o monumento do Plateau… Como surgiu esse projecto?

Quanto a esse projecto, é verdade que já o tinha em mente há muito tem-po. mas não era uma coisa tão gran-diosa. A minha ideia era homenagear o Louis Talamoni, antigo presidente da câmara, nessa altura, comunista. Um homem de garra, que ajudou muito os portugueses! A ver se desmantelava o Bidonville. Porque chegou-se ao ponto de que já não se podia fazer nada… aquilo era tão rápido! As pessoas che-gavam de autocarro, de táxi, carro… de todo o lado! Chegamos a ser mais

“QUeriA SUBlinHAr tAmBÉm e AGrAdeCer PelA minHA CondeCorA-ÇÃo. CoiSA QUe nÃo eStAVA nAdA À eSPerA! no diA dA inAUGUrAÇÃo

FUi CondeCorAdo Com o GrAU de ComendAdor.”

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Entrevista28

Preservar e divulgar a lusofonia em França

com o Prof. marcelo, já enquanto Pre-sidente da república, onde lhe relem-brei que seria interessante ter a pre-sença dele na data da inauguração. Ao que ele me respondeu: “Sim, depois fa-zemos isso no 10 de Junho”. E eu pen-sei… bem, o homem deve andar mes-mo cansado, pois nessa data celebra-se o Dia de Portugal. E foi assim… se bem que decidimos que seria melhor fazer a inauguração no dia 11, pois no dia anterior ele tinha de ir fazer as co-memorações em Paris, e o tempo seria escasso. E foi assim…

Estive também na festa da rádio Alfa com os tijolos, onde assinou tam-bém o actual Primeiro-ministro de Por-

de 20 mil pessoas.E esse senhor que sempre quis des-

mantelar aquele local, conseguiu também trazer condições, para quem lá morava. lutou muito por isso, e deu-nos uma grande ajuda. Distribuía bo-tins, mandou vir água atra-vés das fontes paga pela câ-mara. mandou por electricida-de e esgotos… apanhar os resíduos. tentou organizar aquilo como se fosse uma vila.

Por isso… o monumento que eu gos-tava de fazer era uma coisa mais redu-zida, pois estava a contar fazé-lo sozi-nho. Depois aproximei-me da família do Talamoni, e também da câmara, para explicar a minha ideia e todos ficaram entusiasmados.

Fui ter com o escultor, que é italia-no (Louis Molinari). E houve tanto em-penho, que as coisas proporcionaram--se de forma diferente, muito maior!

Pedi a colegas se me davam uma ajuda de mecenato, mas queria que fossem só portugueses, a fazer esta ho-menagem.

Entendi que tinha de homenagear este homem e ao mesmo tempo agra-decer aos moradores de Champigny e à própria França. Porque além de tudo, a França permitiu-nos trabalhar e ga-nhar a nossa vida, proporcionando--nos uma vida diferente, daquela que teríamos, certamente, em Portugal.

E foi com isso tudo, que se propor-cionou este grande monumento. Por exemplo, escolhemos os livros por causa das milhares de histórias que ali se pas-saram. Decidimos fazer também aque-las colunas de tijolos, com as esferas em cima, para mostrar a união dos portu-gueses, por todo mundo. Estão lá 2176 tijolos, com as respectivas assinaturas.

Depois demos a conhecer o nos-so projecto às entidades portuguesas, como o Cônsul e o Embaixador, que ficaram todos contentes e as coisas fo-ram acontecendo…

Quanto tempo demorou a concre-tização do projecto? Desde a prepara-ção, até à apresentação…

Só a preparação foi cerca de um ano e meio. Depois, tratar das licenças e a papelada, mais um bocado. no total foram cerca de dois anos.

Como foi organizada a presença

do Prof. Marcelo rebelo de Sousa, ac-tual Presidente da república?

Em França, e em Portugal também, acontece que não havia muito reconhe-cimento dos emigrantes.

Eu já tinha tido oportunidade de encontrar o Prof. marcelo. Sou admi-nistrador da CCiFP (Câmara do Co-mércio e industria Franco-Portuguesa) e conheço muita gente. E certa altura, tive a oportunidade de lhe propôr de assinar um tijolo. E nessa altura disse--lhe, “depois teremos de o convidar a vir cá”. na altura, ainda nem andava em campanha para a presidência da república.

Entretanto cruzei-me novamente

“Sinto Um orGUlHo enorme em ter ConSeGUido UmA

oBrA tÃo GrAnde e ter Con-SeGUido FAZer AQUilo A QUe

me tinHA ProPoSto.”

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29Outubro 2017 • www.portugalmag.fr entrevista

Preservar e divulgar a lusofonia em França

tugal, António Costa, e pouco a pouco fomos adiantando o trabalho.

Depois fomos a Portugal. manda-mos duas paletes de tijolos e andamos lá em algumas festas, como no leiria Dancefloor. Fomos de norte a sul de Portugal visitar algumas pessoas que conhecíamos, ligados ao Bidonville, para assinarem também os tijolos.

Fizemos também alguns eventos só para isso, para as pessoas assinarem e dar a conhecer o projecto.

A obra foi-se proporcionando cada vez maior… e estamos todos orgulho-sos disso.

E isto também é uma obra que é para ficar para a eternidade. mesmo os jor-nais franceses e a comunidade francesa ficaram surpreendidas e agradadas. Foi uma honra também para a França ter o reconhecimento e o agradecimento dos portugueses, em França.

Como foi a fase de apresentação do projecto, às entidades francesas?

o que fizemos foi dirigirmo-nos à Câmara e dar também a conhecer com o mundo associativo. no início não era esta a localização que tínhamos em mente devido a algumas questões téc-nicas que nos iriam atrasar o trabalho… Até que nos foi proposta a localização actual, que nos agradou, visto que está muito bem localizada. Só é pior para as

oliveiras que estão em volta do monu-mento, porque estão num terreno mais descampado. E eu tinha medo que as oliveiras gelassem, com o frio. mas não gelaram e já lá há umas azeitonas, que serão apanhadas, de forma simbólica, juntamente com o magusto no dia 11 de novembro, que é também feriado cá em França.

também no dia 14 de Julho é feria-do em França e como há o costume de deitar fogo-de-artifício, estamos a ver se conseguimos que o façam um pouco mais para cima, junto do monumento, para trazer mais vida à obra.

A nível de investimento… Como conseguiu as ajudas?

A ajuda foi só da comunidade. Ape-nas pedimos ajuda às empresas de por-tugueses em França. Pedimos ajuda sob a forma de mecenato. E para não haver 50, houve 22 mecenas, que estão men-cionados nos livros. Pessoalmente, tam-bém fiz a minha contribuição.

Foram coisas muito dispendiosas, até mesmo na apresentação, mas foi uma coisa em grande! E estou muito orgulhoso das coisas terem sido assim e quero agradecer a todos os que aderi-ram ao projecto e me permitiram fazer isto.

Queria sublinhar também e agra-decer pela minha condecoração. Coisa

que não estava nada à espera! no dia da inauguração fui condecorado com o grau de comendador.

Pessoalmente, como se sente, cada vez que olha para aquela obra?

Sinto um orgulho enorme em ter conseguido uma obra tão grande e ter conseguido fazer aquilo a que me tinha proposto. É muito melhor! Está bem melhor do que eu tinha em mente. Foi uma conquista pessoal e o reconheci-mento que agora vejo… foi importan-tíssimo!

mesmo para aos utentes daquele parque, tivemos sempre o cuidado de explicar o porquê da obra. E salientar que não custou nem um euro à França. E eles ficavam admirados.

Estou mesmo muito orgulhoso!

Como surgiu a ideia de fazer o li-vro?

A ideia de fazer o livro surgiu na al-tura dos discursos de António Costa e do Presidente da república, onde lan-cei o desafio de haver um antes 11 de Junho de 2016… e um depois. “Espero que estejamos aqui para curar duas fe-ridas.” Que é o não reconhecimento dos emigrantes, pelos portugueses em ge-ral. E o não reconhecimento, em França.

naquele dia foi o reconhecimento dos portugueses, em França, de todos

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Entrevista30

Preservar e divulgar a lusofonia em França

“nA AltUrA em QUe AConteCeU AQUelA deSGrAÇA em PedróGÃo GrAn-de, o liVro eStAVA em FASe de enCAdernAÇÃo… e AProVeitei PArA

mAndAr PrePArAr UmA ediÇÃo eSPeCiAl. UmA ediÇÃo de SolidAriedA-de, de 300 UnidAdeS, PArA Vender e oFereCer A reCeitA totAl.”

os portugueses emigrados pelo mundo inteiro. E isso é importantíssimo ficar marcado. E decidi fazer então o livro, acompanhado pelo DVD. E lá estão os discursos, onde o Primeiro-ministro e o Presidente da república referem que os emigrantes são tanto ou mais portugue-ses do que os que estão no país. E eu compreendi isso… Pois disseram isso no sentido de que nós sentimos muita mais falta de Portugal, do que os portu-gueses no país.

Decidi fazer então o livro, que teve muito sucesso. o objectivo do livro é fazer conhecer, e deixar tudo registado. E tem também outro intuito, que foi de angariar fundos para levar a Portugal os professo-res que nos deram aulas aqui, nos anos 60. Para eles conhecerem Portugal e ir ao encontro dos alunos que tiveram.

O que podemos encontrar ao longo das páginas do livro?

Ao longo daquelas páginas as pes-soas vão perceber o porque de ter feito aquele monumento. Vão encontrar tes-temunhos, no prefácio, do Presidente da república. o de José Filipe moraes Ca-bral, embaixador de Portugal, em Fran-ça… e de outras figuras de relevo para a comunidade portuguesa em França.

o livro tem 224 páginas e vai tam-bém com um DVD, com mais conteúdo

interessante para o testemunho deste tema. o livro vai depois ser também distribuído por vários locais, para ficar como referência histórica, como mu-seus, casas de cultura e outros locais.

na altura em que aconteceu aquela desgraça em Pedrógão Grande, o livro estava em fase de encadernação… e aproveitei para mandar preparar uma edição especial. Uma edição de solida-riedade, de 300 unidades, para vender e oferecer a receita total.

Agora… o próximo passo é a reali-zação de um filme, certo? Pode adian-tar alguma novidade sobre este assun-to?

Sim… A ideia era fazer um docu-mentário. Pedi a ajuda a um rapaz, da área, Cristóvão Fonseca e expliquei-lhe a minha ideia. Depois de lhe contar, soube que ele também gostava de fazer algo parecido, visto que os pais também são portugueses. E ele disse-me: “Se há um filme que eu tenho de fazer, é esse!”. Então decidimos fazer o filme.

Este ano foi feita a primeira edição do Festival da Sardinha. É uma data para manter?

Sim! Foi óptimo. Quando se fala de Portugal fala-se também das sardinhas. E em Junho a sardinha já é boa. E aque-

la vila de neuilly-sur-marne tem ali um espaço lindíssimo, onde se pode passar um dia em beleza. E o que nós queríamos era fazer ali uma festa portuguesa, mas diferente… vocacionada também para as crianças. Porque as festas, geralmente são só para os grandes. Ali havia a sardinha, claro, mas também havia muita anima-ção para as crianças! tudo isso, grátis. o Festival da Sardinha é para passar o dia em família, e para os pais ficarem descan-sados com as suas crianças.

Agora estamos a ver se consegui-mos geminar essa vila, que ainda não tem geminação com Portugal, com uma vila portuguesa que tenha como costu-me a pesca da sardinha.

A Portugal magazine agradece a disponibilidade do entrevistado, assim como a cedência do espaço, para a re-alização desta entrevista, por parte do restaurante Pedro Poulets, sediado na Queue en Brie. Um espaço agradável e acolhedor, onde estivemos à conversa com Valdemar teixeira.

A apresentação do livro “o monu-mento – o dever da memória” será fei-ta no dia 11 de outubro, em lisboa, na presença de várias entidades de relevo nacional, como o actual presidente da república Portuguesa, Prof. marcelo rebelo de Sousa.

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Evento32

Preservar e divulgar a lusofonia em França

nestas festas da Agonia houve ainda mais beleza em Viana.

Viana recebeu com chieira nathalie Pereira Fordelone

Esta romaria que marca pela tradi-ção, enche as ruas de cor, fé e vida, foi palco do regresso às raízes em Viana do Castelo da luso-descendente na-thalie Fordelone, vereadora e empre-sária na região de Paris a convite de Elsa lopes da marca le coeur d’Elsa para reviver lembranças e conhecer Viana através dos olhos dela. Elsa que tem no coração a saudade, que valoriza e dá a conhecer em França a nossa cultura, quis também fazer sentir a nathalie que ela considera como madrinha da marca a “Chieira de Viana”.

A parisienne que gosta de Viana aceitou com muito prazer trajar de mordoma no desfile da mordomia ao lado de mais de 500 mulheres. “Sendo eu apologista de uma posição da mulher em sociedade, na vida e políticamente faria todo o sentido estar entre mulheres num desfile 100% femenino!” Confiou nathalie. Foi também um momento de grande emoção para a vereadora que usou o seu coração de Viana e o ouro da sua mãe que reside na freguesia da Areosa em Viana do Castelo. Entre varinas, labradeiras, mordomas e senhoras também elas cheias de ouro de Viana desfilou pelas ruas da cidade, foi um momento “incrível” como repetiu várias vezes esta mor-doma por um dia que tentou sempre e conseguiu falar em português que não é a sua língua materna.

Este ano o traje à vianesa foi certi-ficado e o presidente da câmara José maria Costa anunciou que vai can-didatar também o traje a patrimônio nacional.

Esta visita às origens contou com receptividade e o prazer da câmara de Viana do Castelo, maria José Guerreiro vereadora da cultura teve muito gosto de receber uma colega e ver-la trajada. o presidente da câma-ra recebeu nathalie na câmara para um troca de impressões e desafios. nathalie Pereira Fordelone estará presente em futuros projetos econô-micos e culturais da Câmara de Viana do Castelo que pertende continuar a ligação com a diáspora.

Ainda houve tempo para passear pela cidade, visitar a exposição tra-jarte, lojas, vibrar com os bombos. E para jantar com o presidente da câmara, os vereadores maria José Guerreiro e luís nobre onde as via-nenses de coração Elsa e nathalie tiveram o previlégio de conhecer o antigo embaixador de Portugal em Paris Francisco Xeixas da Costa e a atriz melânia Gomes que tem feito um enorme trabalho de promoção por esta cidade. o jantar terminou com a noite dos tapetes nas ruas da ribeira onde o ambiente popular contagiou nathalie.

Viana é amor! Quem gosta vem, quem ama fica!

JoSé Maria coSta e nathalie Pereiranathalie Pereira ForDeloneelSa loPeS e nathalie Pereira

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33Outubro 2017 • www.portugalmag.fr Musique

Preservar e divulgar a lusofonia em França

Au Portugal, la saudade est affai-re nationale, et António Zambujo sait comme personne chanter les vertiges et les nuances de ce scintillant vague à l’âme. Porté par une voix de velours à la beauté singulière et hospitalière, il révolutionne le fado avec un style qui n’appartient qu’à lui et un goût des es-paces en vol libre.

António Zambujo est aujourd’hui un véritable phénomène scénique au Portugal, et ses concerts se jouent à guichets fermés. Quand on l’écoute, on pense aux plus grands chanteurs bré-siliens – João Gilberto, Caetano Veloso – mais aussi à Chet Baker et son jazz cool : ce n’est plus tout à fait du fado, mais cela en possède toute l’intensité et la douce sensualité.

Son dernier album Até Pensei Que Fosse minha, paru au Portugal et au Bré-sil en novembre 2016, a été enregistré en collaboration avec son ami Chico Buarque.

le concert sera le 17 octobre au théâtre des Bouffes du nord, 37 bis Boulevard de la Chapelle, 75010 Paris.

devenu en quelques années seulement une véritable icône dans son pays, le Portugais António Zambujo se produit pour la première fois en solo en France.

António Zambujo, au théâtre des Bouffes du nord

António Zambujo

C’est à Beja, tout au sud du Portu-gal dans la région de l’Alentejo, qu’a grandi António Zambujo.

C’est là qu’il a pu écouter le fameux « Cante Alentejano », chant tradition-nel d’hommes dont la polyphonie ac-compagnait le travail. Puis il y eu le choc d’une rencontre : celui du fado d’Amália rodrigues.

C’est sans doute elle, la diva du

blues portugais avec sa mélancolie transcendée, qui allait définitivement décider du destin de cet homme à la voix d’ange. il avouera même avoir pleuré à 24 ans lors de sa disparition en écoutant en boucle un de ses dis-ques.

il incarne la figure d’un néo fado qui n’est plus tout à fait du fado, mais qui en possède toute l’intensité. Et de fait son timbre de velours a quelque chose de João Gilberto, Caetano Veloso ou Chico Buarque…

Ses compositions se sont teintées au fil du temps de bossa-nova mais également d’un jazz à la Chet Baker, sans oublier les traditions rurales de sa région d’origine. Avec une équipe de musiciens auxquels il reste fidèle, il a su créer un son bien à lui, un univers qui accueille avec hospitalité sa voix à la beauté singulière qui réunit en elle le masculin et le féminin.

Une saudade lumineuse qui mêle lamento et jazz avec une douce sensu-alité.

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Preservar e divulgar a lusofonia em França

desenrascanço

no fundo, um obstáculo é a opor-tunidade de um mistério por resolver. no início, parece sempre que não há saída. Como podemos atravessar o muro que se apresentou à nossa fren-te? ninguém sabe. Essa é a primeira característica das questões que valem a pena: em tudo o que somos capazes de imaginar, faltam respostas. mas, logo a seguir, começamos a considerar alternativas: se não tivermos pregos, usamos parafusos; se não tivermos colheres, usamos garfos; se não ti-vermos pente, usamos os dedos. Foi assim que construímos o convento de mafra, a torre dos Clérigos, a Ponte Vasco da Gama.

não é fácil, mas ninguém disse que seria fácil. Se não custasse, não tería-mos direito àquele alívio, à leveza de quando o problema nos abandona as mãos, ao prazer de voltar a respirar fundo. Então, acreditamos que nun-ca mais voltaremos a estar naquela situação, nunca mais precisaremos de resolver emergências e relaxamos todos os músculos. Sabe tão bem essa

José Luis Peixoto

paz. mas viver é prosseguir viagem quando temos um furo e não dispo-mos de pneu sobresselente no porta--bagagens, viver é encontrar soluções.

Aprendeste com o teu pai, faz como o viste fazer. o teu filho precisa que lhe ensines, depende de ti. Só pelo exemplo lhe poderás transmitir essa agilidade. E sabes bem quanta falta lhe irá fazer. Existe amor e identidade nessa lição.

tanto pelos teus filhos, pelo teu pai, como por ti e por todos nós, re-solve agora esse problema. não vale a pena esperar. Cada hora, cada dia, cada semana, aumentará o tamanho e a dificuldade do problema. o tempo transforma grãos de areia em mon-tanhas.

remendaremos os próprios remen-dos. Faremos Bacalhau à Brás sem bacalhau. Se não tivermos x, usamos y. E, mesmo que não sejamos capazes de reconhecê-lo, existirá uma dimen-são épica em todos esses momentos, haverá um certo tipo de silêncio a acompanhá-los, porque são a expres-

Vá lá, tenHo A CerteZA de QUe ConSeGUeS SAFAr-noS diSto. Já eStiVemoS em SitUAÇõeS BAStAnte PioreS e, de UmA

mAneirA oU de oUtrA, ConSeGUimoS SemPre AVAnÇAr. CAdA ProBlemA tem mUitAS SolUÇõeS e, Por iSSo, Há mUito mAiS

SolUÇõeS do QUe ProBlemAS.

são de algo que nos chega desde o fundo dos séculos, aprimorado por gerações de antepassados, com e sem bigode.

não duvides. Perante um obstá-culo, até quando não fizeres a míni-ma ideia acerca de como resolvê-lo, principalmente nesse caso, não deixes que ninguém perceba. mesmo que a tua cabeça esteja ocupada por vácuo e um zumbido, mantém a calma. res-pirar ajuda. observa o problema de vários prismas, palita os dentes com ar circunspecto e acredita: no momento certo, no último instante, como num salto sobre o abismo, a solução chega-rá. É assim desde Afonso Henriques.

Desenrascanço. Solidarizo-me com os tradutores que têm de encontrar correspondência internacional para estar palavra tão própria, carregada de temperos. Como serão capazes de descobrir um equivalente para tal especificidade fonética e semântica? não sei responder, parece um caso bicudo, mas não estou preocupado. Acredito que hão de desenrascar-se.

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35Outubro 2017 • www.portugalmag.fr cultura

Preservar e divulgar a lusofonia em França

Adélio AmaroVice-presidente

do Centro do Patrimónioda Estremadura

Conheça o significadodo Brasão da sua freguesia

7

SAlgAConcelho: nordesteIlha: São miguel, Açores

Escudo de prata, com três flores de folhelho de verde, ali-nhadas em faixa, entre um pé de lírio verde, florido de três flores de púrpura, em chefe e uma vaca de negro malhada de prata. Coroa mural de pra-ta de três torres. listel branco, com a legenda a negro: «SAl-GA – norDEStE».

OlIVEIrA DO bAIrrOConcelho: oliveira do BairroDistrito: Aveiro

Escudo de púrpura, pote de prata; acantonadas em chefe, duas espigas de arroz, de ouro, com os pés passados em aspa; em campanha, cacho de uvas de ouro folhado de prata. Coroa mural de prata de três torres. listel branco, com a le-genda a negro: «FrEGUESiA DE oliVEirA Do BAirro».

ErADAConcelho: CovilhãDistrito: Castelo Branco

Escudo de azul, uma chave de ouro e outra de prata, passa-das em aspa; em chefe, estrela de cinco pontas de prata e, em ponta, besante do mesmo, polvilhado de achas de negro incandescentes. Coroa mural de prata de três torres. listel branco, com a legenda a ne-gro: «ErADA».

lOUrEIrOConcelho: Peso da réguaDistrito: Vila realEscudo de prata, um loureiro de verde, arrancado do mes-

Coroa mural de prata de três torres. listel branco, com a legenda a negro: «loUrEiro – PESo da rÉGUA».

SÃO TEOTÓNIOConcelho: odemiraDistrito: Beja

Escudo de ouro, um boi pas-sante, de sua cor, entre duas armações de moinho de negro, cordeadas do mesmo e vestidas de azul, em chefe e um ondeado de verde, carregado de cotica ondada de prata, em ponta. Coroa mural de prata de três torres. listel branco com a legenda de negro, em maiúsculas : «SÃo tEotónio – oDE-mirA».

SAMIlConcelho: BragançaDistrito: BragançaEscudo de azul, uma oliveira

ÉVOrADistrito: Évora

Escudo de ouro, com um cavaleiro armado de prata, re-alçado de azul, galopando em cavalo negro e empunhando uma espada de prata ensan-guentada; em contra-chefe duas cabeças de carnação, caí-das e cortadas de sangue, uma de homem à dextra e outra de mulher à sinistra toucadas de prata. Escudo cercado pelo Colar da ordem de torre e Espada. Coroa mural de prata de cinco torres. listel branco com legenda a negro: «mUi noBrE E SEmPrE lEAl CiDADE DE ÉVorA».

SADOConcelho: SetúbalDistrito: Setúbal

Escudo de vermelho, fla-mingo de prata entre duas ânforas do tipo romano, de ouro; campanha diminuta de três tiras ondadas de prata e azul. Coroa mural de prata de três torres. listel branco, com a legenda a negro: «SADo».

mo, entre dois pés de vide de verde, arrancados e folhados do mesmo, cada um com dois cachos de uvas de púrpura.

de prata, folhada do mesmo e frutada de negro, tendo bro-cante um cordeiro passante de arminhos, tudo entre dois manguais de ouro, o da dextra voltado. Coroa mural de prata de três torres. listel branco, com a legenda a negro: «SA-mil – BrAGAnÇA».

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Preservar e divulgar a lusofonia em França

Com as constantes trocas de ameaças e o clima tenso que se faz sentir entre a Coreia do norte e os Estados Unidos, tem receio que o cenário fique mais negro? Qual a sua opinião sobre esta situação

entre estes dois países e os seus líderes?

Pergunta do mês :

Portugal magazine dá voz todos os meses a várias pessoas da comunidade

CArlOS gONcAlVESDEPUtADo PSD ElEito PElA EUroPA

A crescente confrontação entre os EUA e a Coreia do norte a propósito do desenvolvimento do programa nuclear desta última é algo que me preocupa bastante tendo em conta o perigo que representa, não apenas para a península coreana como para o próprio sistema internacional fruto das alianças e dos interesses das diversas potências mundiais sobre aquela área.os sucessivos testes de armamento levados a cabo pelo regime de Pyongyang têm gerado uma onda de contestação global e provocado uma escalada, bastante perigosa, da tensão entre a Coreia do norte e os EUA, com declarações extremadas de parte a parte e demonstrações de força que rapidamente poderão evoluir para uma situação de guerra.Se é certo que as negociações diplomáticas não estão fechadas, tal como foi admitido nos últimos dias por Washington, a verdade é que a continuação dos esforços norte-coreanos para concluir um programa nuclear que permita o fabrico de armas ofensivas que colocam em causa a segurança da Coreia do Sul, dos vizinhos mais próximos ou mesmo de parte do território norte-americano

não deixa grande margem de manobra para uma solução política para esta questão.A guerra não é desejada por ninguém mas é, neste momento, uma possibilidade. terá de existir da comunidade internacional, especialmente por parte dos tradicionais aliados da Coreia do norte, uma posição clara de conde-nação dos testes nucleares que se traduza num sinal claro de que eles têm mesmo de terminar. A mera retórica das palavras não será suficiente para resolver este grave problema tanto mais que os líderes atuais dos dois países têm tido posturas muito agressivas que embora fazendo parte do jogo de palavras habitual nestas situações, em nada contribuem para a paz.

PAUlO PISCODEPUtADo Do PS ElEito PElo CirCUlo DA EUroPA

A retórica bélica de ameaça mútua de destruição usada pelo Presidente Donald trump dos Estados Unidos, e pelo líder da Coreia do norte, Kim Jong Un, é muito perigosa, porque pode levar a uma escalada que atinja um ponto de não-retorno, que seria uma tragédia para o mundo.o líder da Coreia do norte passa o tempo a fazer testes com mísseis de diferentes alcances como se estivesse a brincar com uma play station, num ato de provocação intencional, visto que a co-munidade internacional se inquieta e insiste para que ponha fim aos testes e ao seu programa de desenvolvimento de armas nucleares.A Coreia do norte sabe perfeitamente que não tem qualquer capacidade de resposta em caso de conflito aberto perante um ataque dos Estados Unidos, que sozinho gasta mais em defesa e em investigação no domínio militar do que o conjunto dos países do mundo.E é por isso que esta retórica agressiva e de confronto é muito perigosa. É que os Estados Unidos estão constantemente a aperfeiçoar armas que só podem confirmar plenamente a sua eficácia se

forem usadas em teatros de guerra. mas isso seria uma tragédia para toda a península coreana, já que também a Coreia do Sul poderia ser atingida. Além disso, a China tem estado atenta e já disse que não toleraria um ataque à Coreia do norte, que tem aquele país como praticamente o seu único aliado. Estes fatores poderão ser dissuasores da eclosão de um conflito. mas se os Estados Unidos e os países da região continuarem a ser provocados, então é bem provável que possa haver uma resposta militar. Daí que a única opção que pode evitar uma tragédia é o diálogo e a diplomacia. mas como tanto Donald trump como Kim Jong Un são muito imprevisíveis, não é fácil predizer como vai acabar a atual situação de tensão. Esperemos, por isso, que prevaleça o bom senso.

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37 Setembro 2016 • www.portugalmag.fr comunidade

Ainda muito nova, maria miguel Antunes realizou o sonho comum a muitas meninas que aspiram a uma carreira na moda ao ser escolhida para abrir o desfile da famosa marca france-sa Saint laurent na semana de moda “prêt-à-porter” de Paris. natural do Porto, a jovem de 16 anos foi mesmo a única modelo a passar três coordenados da coleção primavera-verão da grife.

“Estou muito honrada por ter aberto

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Portuguesa de 16 anos abre desfile em Paris

mAriA miGUel AFirmA-Se Como noVo tAlento dA modA nACionAl

o desfile da @ysl pelo incrível Anthony Vaccarello (o diretor criativo), partilhou maria miguel no instagram, agradecen-do a todos os que tornaram possível a experiência.

os comentários a parabenizar a estreia internacional da agenciada da l”Agence somaram-se, com a antiga modelo Vera Deus a expressar “orgu-lho”, assim como o fotógrafo Frederico martins. Habituada a lidar com novos

talentos, Elsa Gervásio assumiu estar “sem palavras” com aquilo a que clas-sificou como “grande golo”.

maria miguel ganhou balanço de-pois de vencer o concurso l”Agence Go top model, tendo já participado na última edição do Portugal Fashion. Agora, no trocadéro, com a torre Eiffel à vista, confirmou-se como um valor a ter em conta.

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Crónica38

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Um coração é maior que um palácio

oUVi em CriAnÇA eStA FáBUlA, retirAdA dA trAdiÇÃo orAl do Alto minHo:

«Conta-se que um filho, vendo que o pai se tornava velho e incomodo, um dia pegou nele, numa velha manta e numa broa de pão de milho e levou-o ao monte muito longe de casa para o abandonar à sua sorte e ver-se livre desse empecilho. o velho pai deixou--se levar sem contestar mas antes que o filho partisse chamou-o e rasgou a manta a meio, e partiu o pão em dois e devolveu-lhe as metades.

- toma, - disse – podes guardar e dar ao teu filho para quando chegar a tua vez.

o filho ficou calado, reflectiu e vol-tou para casa com o pai e nunca mais se falou no assunto»

Este pequeno conto moral, ouvi-o dos meus avós, que provavelmente o ouviram dos deles.

resume-se pois por um ditado po-pular «filho és, pai serás, como o fizeres o receberás».

o abandono e desinteresse pelos ve-lhos não é uma doença moderna, longe disso. A vida moderna é que acabou por pôr a nu a chaga humana.

o abandono e desinteresse são tão velhos como a humanidade, poucas são

cristina branco

as culturas em que ser ancião é estatuto e merecedor de respeito.

na sociedade actual, os velhos tor-naram-se um fardo. As casas tornaram--se pequenas e os afectos ainda mais pequenos que as casas.

As relações familiares envenenam-se nas partilhas de bens, e um homem ou uma mulher que tenham trabalhado toda uma vida, podem ver-se despoja-dos de tudo aquilo pelo que lutaram e ganharam ao longo da vida, pela avidez e pequenez da sua tribo. Ao primeiro sinal de fragilidade, deixam de ser donos do que é deles para ser o centro d’uma guerrilha digna das piores séries americanas.

Caem as mascaras, desenterram-se os machados de guerra, revelam-se os segredos de família e espalham-se aos sete ventos, abrem-se as caixas de pandora por meia dúzia de tostões ou por milhões, pouco importa levando em conta a fragilidade existencial e a brevi-dade desta nossa passagem por terra.

E os velhos? Sobreviveram a tempos difíceis, a doenças terríveis, alguns mes-mo a guerras e pestes mas não sobrevi-verão à ganancia dos seus, dos meninos

que carregaram junto ao seio, dos que ajudaram a dar os primeiros passos e levaram pela mão até que pudessem andar sozinhos pelos caminhos da vida.

olham, com terror e espanto para os meninos e meninas tornados homens e mulheres e que hoje desconhecem. onde é que os perderam da mão?

Creio que são os elefantes, que quando percorrem grandes distâncias em manada, levam na frente os mais frágeis, para que estes não fiquem para traz e se exponham a perigos e toda a manada caminha ao passo deles para que possam acompanhar.

o ser humano além de achar que não tem nada a prender com os ani-mais ainda julga que estes são seres irracionais. Deixamos para trás os mais frágeis, deixamos fora do rebanho os pais, à mercê de lares ilegais, nas mãos de estranhos, entregues à solidão e ao desencanto.

A vida não é dura nem mole, a vida é o que fazemos dela. mais do que um lugar em casa de um filho quero criar um lugar no coração. Um coração é maior que um palácio.

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39Outubro 2017 • www.portugalmag.fr cultura

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Sugestões culturaisPor Fabio Jesus

no início de maio de 2016, um grupo de 11 mulheres – composto pelas actrizes rita Blanco, Anabela moreira, Cleia Almeida, Vera Barreto, teresa madruga, Ana Bustorff, teresa tavares, Alexandra rosa, Íris macedo, Sara norte e márcia Breia – parte de Vinhais, em trás-os-montes, em peregrinação a Fátima. Duran-te nove dias, e ao longo de quatrocentos quilómetros, fazem o seu caminho individual, superando as adversidades com estoi-cismo, coragem e fé.

Com realização de João Canijo – “Ganhar a Vida” (2001), “noite Escura” (2004), “mal nascida” (2007), “Fantasia lusi-tana” (2010), “Sangue do meu Sangue” (2011) ou “É o Amor” (2012) –, um “road movie” semi-documental que tem como pano de fundo a relação entre mulheres e que tenta reflectir so-bre as “coisas extremas que se podem fazer por necessidade de fé”. Segundo o realizador, o projecto iniciou-se com “um texto que foi construído ao longo de dois anos, porque as actrizes fizeram peregrinações reais que documentaram. E foi a partir dessa informação, dos incidentes e dos acidentes das várias pe-regrinações, que se chegou ao guião do filme”, conta.

FilmeFátima

Diabo na Cruz - Até Agora Vi-rou! (2009) Combate EP (2010) roque Popular (2012) Diabo na Cruz (2014). Sem eles a música portuguesa não seria a mesma. Com eles, a música portuguesa cresceu. Porque foi capaz de olhar para dentro, compreender a riqueza da sua herança cultural e seguir em frente. numa altura em que se prepara um novo ciclo na vida de Diabo na Cruz, é tempo de olhar para o que foi feito até agora. nesta caixa cabe a discografia essencial de uma das bandas mais essenciais da música portuguesa contemporânea. Discos há muito esgo-tados e procurados voltam a ver a luz do dia numa edi-ção que agrupa os três álbuns de estúdio – Virou! (2009), roque Popular (2012) e Diabo na Cruz (2014) – mais o EP Combate (2010). São três discos de personalidade vincada, que demonstram uma paixão pelo território, pela cultura e pelo sabor da língua portuguesa. Beberam de referências anglo-saxónicas, quiseram provocar ideias saloias, procu-raram os prazeres proibidos da pop e encontraram a alegria num país condenado a tristes fados. Erguida nos ombros do legado da música portuguesa, esta é música do século XXi capaz de dizer algo de novo sobre as pessoas que o povoam, com o dom de digerir o mundo através do corpo de uma canção.

mÚSiCAdiabo na Cruz (Box) (3Cd) (edição exclusiva Autografada)

Baseando-se em factos reais, José rodrigues dos Santos traz-nos desta vez uma obra sobre moçambique, os portugueses, a guerra colonial e, so-bretudo sobre o mais aterrador segre-do de Portugal no Ultramar. A vida de José Branco mudou no dia em que en-trou naquela aldeia perdida no coração de África e se deparou com o terrível segredo. o médico tinha ido viver na década de 1960 para moçambique, onde, confrontado com inúmeros pro-blemas sanitários, teve uma ideia revolucionária: criar o Serviço médico Aéreo. no seu pequeno avião, José cruza diariamente um vasto território para levar ajuda aos recantos mais longín-quos da província. o seu trabalho depressa atrai as atenções e o médico que chega do céu vestido de branco transforma-se numa lenda no mato. mas a guerra colonial rebenta e um dia, no decurso de mais uma missão sanitária, José cruza-se com aquele que se vai tornar o mais aterrador segredo de Portugal no Ultramar. José rodrigues dos Santos, dando prova da sua já conhecida e reconhecida capacidade de renovação constan-te, continua a surpreender. Com efeito, no seu novo romance, adopta um registo mais intimista e revela outra faceta aos seus muitos leitores, numa atitude de desassombro e coragem que não deixará de empolgar e até emocionar.

liVroo Anjo Branco

o Consulado Geral de Portugal em Paris convida toda a comunidade a visitar a exposição “Singularités du Blanc” de João moniz, inaugurada a quatro de outubro, patente no espaço nuno Júdice, até ao próximo dia três de novembro de 2017.

João moniz nasceu em lisboa, no dia 3 de Janeiro de 1949, e fez a Escola de Artes Decorativas António Arroio, a Éco-le nationale Supérieure des Beaux Arts de Paris e o Atelier Gustave Singier. É um pintor intimista, minucioso, que pro-cura num espaço e num tempo primordial e espiritual uma luz criativa apontadora de caminhos pictóricos.

no seu percurso artístico já expôs, desde os anos 70, em salas tão importantes como o Centro Cultural Português - Fundação Gulbenkian, Paris, a Fundação Calouste Gul-benkian, lisboa, a maison de Culture da la rochelle, França, o instituto Camões, Paris, a Galeria in Zwinger, Alemanha, as Galerias Quadrum, Galeria 111 e Galeria António Prates, lisboa, UnESCo, Paris, o Centro Cultural de Cascais - Fun-dação D. luís i e a Assembleia da república Portuguesa.

eVentoexposição “Singu-larités du Blanc”

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Redescobrir Portugal40

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ManueL do nasciMento

tavira, outrora passou pela atividade da piscatória

A presença dos romanos na Penín-sula ibérica, estabelece o Cristianismo nos finais do século iii. no século V, a região de tavira assiste a uma nova presença de povos; os Suevos, Alanos e os Visigodos, que dominaram a zone do Algarve até ao início do século Viii. Com a subida ao trono de rodrigo, rei visigodo na Hispânia de 710 a 711, provocou uma guerra civil, liderada pelo Conde Julião, sendo apoiado pelos muçulmanos que, em breve, dariam início à invasão da Península ibérica, que nos cinco séculos seguintes são de domínio Árabe em todo o Algarve. teria sido deste periodo que se conhece o nome de tavira ou Tabila ou at-Tabira. Em 1151, dá-se uma tentativa de re-volta à presença muçulmana, sendo o seu castelo cercado, e mais tarde em 1167 regista-se uma nova tentativa de desalojar os tavirenses do seu castelo. Em 1239, D. Paio Peres Correia (mestre da ordem de Santiago, tendo condu-zido uma campanha militar contra os mouros no Algarve), conquista tavira aos mouros. Em 1244 o rei D. Sancho ii doa o castelo de tavira à ordem de Santiago. Em 1266, tavira recebe o seu primeiro foral, dado por D. Afonso iii. A população moura é integrada na citadela, dando origem à zona da mou-raria. no final do século XiV, tavira era a região mais importante do reino do Algarve. no século XV, tavira conhece o seu período de prosperidade, porque em 1415 o porto de tavira é o ponto de

A vila de tavira, foi outrora povoada por vários povos, como os Fenícios, Celtas e mais tarde os romanos e Cartagineses.

partida da armada portuguesa para o norte da África. Depois da conquista de Ceuta (1415). Depois a armada de D. João i regressa e desembarca em tavira. Foi também deste modo que em 1489, a corte de D. João ii permaneceu três meses em tavira, e assim o poder governativo estaria mais próximo dos acontecimentos dos territórios portu-gueses em África. A 16 de março de 1520, tavira é elevada ao estatuto de cidade. no último quartel do século XVi, com a governação por Filipe i, (Filipe ii de Espanha), assim como pelo surto de peste de 1580, o porto de tavira foi encerrado. A acrescer ao surto de peste, grande parte das culturas foi devastada por uma praga de gafanho-tos. Em 1645, com o regresso de muita gente do norte da África, uma nova epidemia de peste assolou a cidade, que durante um ano, matou mais de 5.000 pessoas. no século XViii, tavira sofreu três terramotos de grande dimensão. o primeiro em 6 de março de 1719, um segundo, a 27 de dezembro de 1722, e o terceiro de 1 de novembro de 1755 (como em lisboa). A 15 de janeiro de 1773, o marquês de Pombal, permitiu o desenvolvimento das salinas, criando a Companhia Geral das Pescas do reino do Algarve. na indústria é criada uma fábrica de tapeçarias de lã e seda, e é apoiada a plantação de amoreiras para o alimento do bicho-da-seda. Durante as invasões francesas em Portugal, a ocupação do Algarve é feita por Faro, em finais de 1807. A revolta popular

dá-se em junho de 1808, espalhando-se pelo Algarve desde Faro, Vila real de Santo António, Castro marim e tavira. os invasores franceses acabaram por abandonar Portugal. Ainda no século XiX, até 1820, o país vive uma certa tranquilidade, até às sucessivas guer-ras civis, desde a revolução liberal de 1820, até à Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), terminando com a paz com a Concessão de Évora monte ou Convenção de Évora monte, diploma assinado entre liberais e miguelistas a 26 de de maio de 1834. Economicamente, a cidade de tavira passou pela atividade piscatória, nomeadamente pela pesca do atum. A construção do mercado de tavira, termina em 1887, e foi extinto em 1999. Ao nível das obras públicas, a estrada que ligava Faro a tavira e Vila real de Santo António é macadamizada em 1862. o comboio chega a tavira em 1905. Da implantação da república ao Estado novo, tavira viveu os primeiros anos do novo regime relativamente pa-cífica. no entanto, durante a revolução de 28 de maio de 1926, não aconteceu o mesmo, visto que em fevereiro de 1927, uma junta revolucionária ocupa a câmara, mas sem o apoio do restante de tavira. Atualmente, tavira é uma cida-de essencialmente turística. os tempos da pesca do atum, terminaram em 1972, mas a indústria do sal ainda continua. A praia da ilha de tavira, é uma praia marítima e situa-se na extremidade oriental da ilha de tavira, em pleno parque natural da ria Formosa.

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43Outubro 2017 • www.portugalmag.fr Poesia

Preservar e divulgar a lusofonia em França

Poesia Contemporânea IX

numerosos poetas começaram a publi-car os seus livros de poemas nos anos 70, mas a sua poesia só se tornou mais conhecida no correr das decenias que se seguiram.A revolução de Abril 1974 contribuiu muito para a libertação da literatura (e das outras Artes) da opressão da censu-ra, facto de que os poetas aproveitaram largamente. É-me impossível citar os nomes de to-dos aqueles vindos da decenia anterior. mas mesmo assim, quero mesmo citar os mais conhecidos tais como António Aragão, Fernando Assis Pacheco, nuno Guimarães, António torrado, José Au-gusto Seabra, Pedro tamen, liberto Cruz, António Franco Alexandre, maria Alberta menerés, olga Gonçalves, etc…ruy Belo (1933-1978), marcou a sua épo-ca. Poeta da vida espiritual, possuia uma imaginação verbal inesgotável, um dis-curso por vezes torrencial, um percurso amargamente irónico onde se encontra frequentemente a evocação da morte que atravessa toda a sua obra como um fio condutor.o seu primeiro livro, «Aquele Grande rio Eufrates» (1961) é um livro notável. ruy Belo escreveu outros livros: «trans-porte no tempo» e «País Possível» (1973), «toda a terra» (1976), «Despeço--me da terra da Alegria» (1978), etc...mas a sua morte prematura deixou um vazio na poesia portuguesa.

Efeitos SecundáriosÉ bom estarmos atentos ao rodar do tempo o outono por exemplo tem recantos entre dia e noite ao pé de certos troncos indecisos cercados um por um de sombras envolventesRente às árvores vamos, húmidos humildes Dizem que é outono. Mas que época do ano toca nestas paredes que roçamos como gente que vai à sua vida e não avista o mar, afinal símbolo de quanto quer, ó Deus, ó mais redonda boca para os nomes das coisas para o nome do homem ou o homem do homem?Banho lustral de ausência é este tempo de pés postos na terra em puro esquecimentoE vamo-nos perdendo de nós mesmos, vamos dispersos em bocados, vítimas do vento ficando aqui, ali, nalgum lugar que amamos

Nada mais do que terra há quem ao corpo nos prometa Quem somos? Que dizemos? Reúna-nos um dia o toque da trombetaChorai profissionais da caridadepelo pobre poeta aposentado que já nem sabe onde ir buscar os versosAbandonado pela poesiaoh como são compridos para ele os diasnem mesmo sabe aonde pôr as mãos

Ruy Belo

Ruy Belo

grandeza do homemSomos a grande ilha do silêncio de deus Chovam as estações soprem os ventos jamais hão de passar das margens Caia mesmo uma bota cardada no grande reduto de deus e não conseguirá desvanecer a primitiva pegada É esta a grande humildade a pequena e pobre grandeza do homem Ruy Belo

Armando Silva Carvalho (1938-2017) é também um caso específico. Provocou uma revolução sintáctica pela introdu-ção da sua própria criatividade verbal. A poesia de Armando Silva Carvalho é irreverente, cáustica, profundamente libertária, digna herdeira da poesia de um Alexandre o’neil. Evidenciou-se com a publicação do seu terceiro livro «os ovos d’ouro» (1969), mas conti-nuou a publicar livros de poesia até 2017, ano em que faleceu. Varanda de PilatosNão há tempo. Há o espaço. O sol e as nossas voltas. Os bocejos da lua, o clã dos astros.

Os buracos negros. Ó mãe! Para onde foram os seres vivos de ainda Há pouco em todo o seu esplendor? Mortos como tu, a natureza recebe-os. A Terra, essa criança atroz, destrói os seus brinquedos Numa rotina mecânica. Quantas noites me faltam? Quantos beijos no escuro? Quanta luz me cabe ainda nas pupilas? Os anos não me matam, não me ferem os meses, As horas não me guilhotinam. As células vão ardendo nos seus mapas De nervos, o sangue demora sempre mais um pouco A chegar ao seu destino orgânico. Devagar, devagar, a cabeça amolece. Devagar no colo do sono. Ó mãe. Um ninho. Uma cama macia no teu ventre. Uma exposição de sinais. Uma geometria Que me liga ao saber acumulado.

Armando Silva Carvalho

Armando Silva Carvalho

POEMA QUE FOI CURTO Num poema curto a corrente do sangue corria como um planeta levando no dorsal a filosofia pública da hora, e a luz nua e directa incidia sobre o corpo, real, absoluta. Hoje o poema teima sempre em ser maior, e a história, o tempo, a memória e o verso porque é velho, ocultam-lhe a idade nas curvas irreconhecíveis dum vulto. É sempre cada vez mais longa a maratona, e as insistentes palavras parecem desistir enquanto avançam.

Armando Silva Carvalho

temPoS de PoeSiA – liiiX

escolha de isabel meyrellestradução e colaboração de maria Fernanda Pinto isabeL MeyreLLes

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Forma & Saúde44

Preservar e divulgar a lusofonia em França

dieta anti-tabacoo medo de engordar é o principal entrave à decisão de deixar de fumar. este plano, com alimentos depurativos, ajuda a cortar com a nicotina

sem que isso interfira com a sua silhueta.

compensada com snacks e doces que produzem uma sensação de bem-estar e ajudam a acalmar a ansie-dade. Para além disso, ao deixar de fumar, a comida ganha um novo cheiro e um novo sabor, tornando-se muito mais apetecível do que antes.

Atenção às vitaminasnas primeiras semanas,

é importante aumentar o consumo de alimentos ri-cos em vitamina A (cenou-ras, espinafres ou atum), C (citrinos, quivis, tomate ou pimentos) e vitaminas do grupo B, que aceleram a eliminação de nicotina do organismo (gérmen de trigo ou levedura de cer-veja). também é útil comer muita fibra para estimular o trânsito intestinal, que fica mais lento logo depois de se deixar de fumar.

A voz dos especialistas- Durante a primeira

semana beba muitos líqui-dos, especialmente água.

Está decidido a deixar de fumar mas receia aque-les cinco ou seis quilos que se costuma engordar nestas circunstâncias?

Porque se ganha peso quando se deixa de fumar? Ao deixar de receber a nicotina a que está habitu-ado, o organismo produz uma série de mudanças que reduzem o gasto ca-lórico e a destruição de gordura, fazendo com que os alimentos consumidos não se transformem em energia tão rapidamente como antes. Pode até nem ganhar peso mas também pode ganhar 10 kg.

o grande desafio está na necessidade de ocupar as mãos e a boca com algo e, geralmente, essa carência é

- Faça refeições leves e frequentes, comendo seis vezes por dia e evitando grandes quantidades.

- Coma três peças de fruta por dia (quatro se for em sumo) e também hor-taliça variada. Substitua o chá preto, o café e as bebi-das alcoólicas por água ou sumos naturais.

- tenha sempre consigo algo para petiscar, redu-zindo a necessidade de fumar, como fruta, muesli ou iogurtes magros.

- Aumente o consumo de hidratos de carbono complexos e de fibra (ce-reais, pão de mistura e outros derivados). Prefira também pratos cozinhados no forno, a vapor, cozidos ou assados, evitando os fritos.

- não exagere no sal porque aumenta a retenção de líquidos. Utilize alho, cebola, azeite, vinagre, sal-sa e/ou coentro para tem-perar, em vez de molhos de natas ou maionese. Elimine molhos fortes e picantes.

Atenção aos docesQuando sentir muita

necessidade de comer coi-sas doces, a dietista ma-risa Costa aconselha, em alternativa, «optar por fruta (frutos que demo-rem a mastigar e com a casca, como, por exemplo, maçã), sumos naturais ou legumes como a cenou-ra». Para além disso, pode mascar pastilhas elásticas sem açúcar para combater a ansiedade.

O desporto é seu aliadoUma hora de caminhada

consome as mesmas calo-rias que um maço de tabaco mas é saudável. Deixar de fumar sem fazer exercício físico é um risco porque im-plica uma redução no gasto de calorias (cerca de 200 calorias a menos) portanto, há que gastá-las. Para além de ser benéfico para o orga-nismo, o desporto reduz o stress e a ansiedade.

Lucia LoPes

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Preservar e divulgar a lusofonia em França

AGendAA nÃo Perder

le 07/10 à 21h00Grande Fête Portugaisel’association Sportive et Cul-turelle des Portugais de Persan organise une Grande Fête Portu-gaise avec la présence de l’artiste Johnny, bal animé par le groupe Kapa negra. Bar & Spécialités portugaises toute la soirée.Plus d’informations : 07 64 08 87 15 – 06 46 38 63 41Salle Marcel CachinPlace Salvador Allende 95340 Persan

le 14/10 à 19h00Aniversário Amigos Civicos de Champigny A associação Amigos Civicos de Champigny-sur-marne organiza no próximo 14 de outubro a festa de inauguração e aniversário da mesma.o evento terá lugar na sala tabanelli de Champigny-sur-marne a partir das 19 horas.Haverá vários petiscos portugueses a saborear assim como bebidas e um espetáculo musical com o rancho Folclore Saudades de Portugal, a fadista Claudia Costa, terminando com um baile com o grupo Emoção.Salle TabanelliChampigny-sur-Marne

le 14/10 à 21h00Grande Fête PortugaiseA l’occasion de son 20éme anni-versaire, l’association AGorA d’Argenteuil organise une Gran-de Fête Portugaise avec la présen-ce de l’artiste Jorge Ferreira, bal animé par Kathleen et Christian. Bar & Spécialités portugaises toute la soirée.Plus d’informations : 06 24 25 79 27 – 07 64 08 87 15 – 06 46 38 63 41Salle Jean Vilar9 bld Héloise - Argenteuil

le 15/10 à 15h00Grande Fête Portugaisel’Association Folklorique Jeunes-se Portugaise de Paris 7 organise un bal à la Salle des Fêtes de la mairie du 14ème, 12 rue Pierre

Castagnou 75014 Paris (métro : Denfert-rochereau ou mouton--Duvernet) animé par le groupe trio HEXAGonE et la présence d’ElEnA CorrEiA.EntrEE GrAtUitE.renseignements : 06.08.68.52.32Salle des Fêtes Mairie Paris 1412 rue Pierre Castagnou 75014 Paris

le 15/10 à 16h00les rencontres mensuelles Gaivotarencontres conviviales autour du Fado (musique traditionnelle portugaise), chansons, peinture, littérature. Amuses-bouches su-crés, salés…Participation 10 € – Adhérent 5 €. informations : 06 64 13 48 94Château lorenz11 av. georges Clemenceau bry sur Marne

du 19/10 au 17/11Portugal, un voyage dans le tempsExposition photographique de Bernard Cornu. Ces images ont fait l’objet de la publication d’un livre avec des textes de nuno Júdice. Vernissage de l’exposition le 19 octobre à 19h.Avec le soutien de l’Ambassade du Portugal en France et le Centre culturel Camões à Paris. Maison du Portugal - André de gouveia7 P, bd Jourdan - 75014 Paris

le 19/10 à 20h30Flavia Coelho – Sonho realFlávia Coelho, née à rio de Janeiro, a grandi au son de la samba et de la bossa-nova avant de s’installer à Paris en 2006. Un carnet de voyages, c’est ainsi qu’elle décrit son premier album. Bossa muffin, deuxième single après le très remarqué Sunshine, claque comme une déclaration d’indépendance, qui prône avant tout les vertus du métissage et de la mondialisation. Concert en par-tenariat avec l’Association APCS.les Passerelles17 rue Saint Clair Pontault Combault

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47Outubro 2017 • www.portugalmag.fr Publicidade

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Formulaire d’abonnementNOM, PRÉNOM :ADRESSE :CODE POSTAL : VILLE :EMAIL :

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www.portugalmag.fr • Outubro 2017Lazer48

Preservar e divulgar a lusofonia em França

Sudoku é um jogo de raciocínio e lógica. Apesar de ser bas-tante simples, é divertido e viciante. Basta completar cada linha, coluna e quadrado 3x3 com números de 1 a 9. não há nenhum tipo de matemática envolvida.

Sudoku

Solução Edição 87

Pub.

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menino Carlinhos diga a tabuada.- Hum,hum, hum!!!Então isso é que é a tabuada?- Ha, eu só sei a música...

Ía um grupo de Jeep a fazer safari em África quando de repente diz o gago:

- Hip ... hip.. hip...- Hurra! - respondem todos antes do jeep se virar com a trom-bada do hipopótamo...

Diz o pai para o filho:- Acorda, Pedro, tens de ir para escola...- Paizinho, vou dar-lhe 3 razões p’ra não ir: 1) Estou com muito sono; 2) não gosto de ir à escola; 3) as crianças riem-se de mim.Diz o pai:- Então vou dar-te 3 razões para ires: 1) É o teu dever; 2) Já tens 45 anos; 3) És o director da escola !!!

- o mamã, é o Jesus que nos dá o pão de cada dia?- É, meu filho !- E é a cegonha que nos traz os brinquedos?- É, meu filho !- Então para que serve o papá?!...

o marido ao chegar a casa diz à mulher:- Querida hoje vou amar-te!!!responde a mulher:- Por mim até podes ir a Júpiter, desde que me deixes dormir...

15 CUrioSidAdeS FormidáVeiS SoBre o CÉreBro HUmAno• O cérebro é irrigado por 160 mil quilômetros de veias que, se fossem enfileiradas, corres-ponderiam a metade da distância entre a terra e a lua.• Se o cérebro de uma pessoa fosse retirado e todas as veias e fluidos da caixa craniana que ficaram fossem pesados, o resultado seria 1,7 quilo.• Calcula-se em 100 bilhões o número de neurônios, que no total possuem nada menos que 100 trilhões de sinapses.

AdiVinHAtem barba e não a corta,tem dentes e não come,

tem rabo e não o arrasta.

o AlHo

ProVÉrBioStodo o burro come palha, é preciso é saber dar-lha.

todos os caminhos vão dar a roma.todos os pássaros comem trigo e quem paga é o pardal.

tostão a tostão faz um milhão.tristezas não pagam dívidas.

tempo é dinheiro.

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49Outubro 2017 • www.portugalmag.fr culinária

Preservar e divulgar a lusofonia em França

Quer dar a conhecer as suas receitas aos leitores da Portugal mag? mande-as para [email protected] juntamente com a sua foto e serão publicadas neste espaço.

FrAnGo Com tomAte

AS reCeitAS dA PortUGAl mAG

SUGESTÃO: Recorte as receitas e arquive

Bolo de mAÇÃ Com AmÊndoAS

O Oceano

Bar-RestaurantSpécialités Portugaises

73 bld Gabriel Péri94500 Champigny

sur Marne

Tél.: 01 48 80 87 60

La Grillade

Bar-RestaurantSpécialités Portugaises

92 avenue Louis Blanc94210 Saint Maur

des Fossés

Tél.: 01 48 83 11 76

Les Oiseaux

Bar-RestaurantSpécialités Portugaises

12 place d’Anvers75009 Paris

Tél.: 01 48 78 23 64

recomenda

Le LongchampRestaurant-Bar

Spécialités Portugaises

40 Rue de Longchamp75016 Paris

Tél.: 01 47 27 53 50

Ingredientes: 6 maçãs; 70 gramas de farinha ; 70 gramas de açucar; 20 gramas de margarina; 1 colher de chá de fermento; 2 ovos; 1dl de leite; Aro-ma de baunilha a gosto; Uma pitada de sal

Confeção: Pré-aquece-se o forno a 200º. Batem-se os ovos até ficarem em gemada, depois mistu-ra-se o açucar e bate-se até estar uma especie de mousse cremosa. Junta-se então o leite, a baunilha, a margarina derretida, e a farinha já misturada com o fermento. mistura-se ba-tendo sempre com a batedeira. Descasquei então as maçãs que laminei em fatias finas e fui juntanto á massa, para evitar que ela oxidasse. Untei uma forma com margarina e polvilhei-a com farinha. Despejei a massa, já com a maçã e alisei o topo, colocando mais umas fatias de maçã por cima que

Ingredientes:600 g coxas de frango; 1 colher sopa massa de pimentão; 2 dentes de alho; sal a gosto

Molho2 colheres sopa azeite; 1 cebola; 2 dentes de alho; 1 colher café pimentão-doce; 2 dl cer-veja; 40 g azeitonas pretas sem caroço; sal e pimenta a gosto; 1 dl polpa de tomate

Preparação: retire a pele às coxas do frango, corte-as ao meio e coloque numa tigela. Junte a massa de pimentão, os alhos descascados e esma-gados e uma pitada de sal. misture e deixe repousar 15 minutos. Coloque o frango no tabuleiro varoma. Deite 6 dl de água no copo do robot, feche com a varoma, tape e

ligue 40 minutos na velocidade 3, tempera-tura varoma. Descasque a cebola e os alhos e corte tudo em pedaços. retire a varoma e mantenha o frango no quente. lave o copo e coloque-o no robot. Junte a cebola, os alhos e uma colher de azeite. Feche o copo, tape e ligue 20 segundos na velocidade 7. Adicione a outra colher de azeite e ligue 15 minutos na velocidade 2, temperatura 90°C. Através da abertura da tampa, junte a polpa de tomate, o pimentão e a cerveja. tempe-re com sal e pimenta e programe mais 15 minutos na velocidade 2, temperatura 90°C. Quando terminar, triture tudo na velocidade 8 durante 20 segundos. Abra o copo e junte o molho ao frango. Adicione as azeitonas e sirva decorado a gosto. Acompanhe com puré ou pasta cozida.

tinha reservado. levei em seguida ao forno por cerca de 25 minutos, foi quando a maçã começou a ficar dourada no topo. Adicionei o gratinado de amêndoa e levei novamente ao forno a dourar a amêndoa. Ingredientes para o gratinado de amêndoa: 100 gramas de amêndoa laminada; 1 ovo; 3 colheres(sopa) margarina derretida; 80 gramas de açucar Bater o ovo com a margarina derretida (derreto-a no micro-ondas,uns segundos é suficiente) e o açucar, espalhar por cima do bolo assim como a amêndoa laminada, levar mais 10 minutos ao forno, ou assim que a amêndoa tiver dourada. E pronto, fácil, diferente e saboroso, as camadas de maçã macias, com o crocante da amêndoa, a derreter-se na boca..

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balanceUn mois à gérer avec prudence et pour éviter les erreurs de tir et

surtout les malentendus qui fleuriront en octobre si vous n’écoutez pas ce qu’on vous dit et souhaitez n’en faire... qu’à votre tête !

ScorpionUn mois qui exi-gera de vous pa-tience, prudence et conscience pour espérer bientôt

décoller en beauté et avec toutes les chances d’atterrir où vous voudrez !

SagittaireUn mois un peu difficile à gérer sans vous énerver. Essayez de prendre

un peu de recul par rapport à vos émotions si vous sou-haitez optimiser vos chances de tirer bientôt votre épingle du jeu.

CancerUn mois qui pro-met d ’ê tre ani -mé, voire agité s i vous ne res-

pectez pas les règles et n’y mettez pas les formes ! Pour avancer en octobre dans le bon sens, renoncez de grâce à n’en faire qu’à votre tête !

lionUn mois un peu compliqué à gérer ! Entre ambitions provisoirement

freinées et frustrations difficiles à digérer, vous seriez alors bien inspiré de calmer le jeu et surtout votre feu intérieur.

ViergeU n m o i s d ’ a u -t o m n e v r a i -ment... automnal qui pourrait en

déprimer plus d’un mais devrait en fait être abordé sans dramatiser les événe-ments.

www.portugalmag.fr • Outubro 2017Horóscopo50

Preservar e divulgar a lusofonia em França

CapricorneUn mois où vous aurez intérêt à faire face sans for-cément chercher

la bagarre ! Préférez méditer sur vos expériences passées pour en tirer les précieux enseignements !

VerseauUn mois où vous devrez tenter de maîtriser un in-conscient qui vous

mettra souvent des bâtons dans les roues ! Pour espérer alors boucler le mois sans trébucher, commencez par canaliser vos propres initia-tives destructives!

PoissonUn mois qui pro-met d’être un peu difficile à gérer sans encombre et

surtout sans provoquer de heurts avec des partenaires qui ne vous suivront pas sans discuter vos plans et exigences.

bélierUn mois un peu frisquet où vous devrez tenter de maîtriser vos dé-sirs et impulsions

si vous souhaitez qu’on cré-dite bientôt vos initiatives et qu’on vous suive.

TaureauUn mois qui ouvre des portes au pre-mier décan et met des bâtons dans

les roues aux deux autres ! Pour aborder les remous, pressions extérieures et vents contraires, préférez com-poser plutôt que de vous opposer !

gémeauxUn mois que vous devriez vous effor-cer de gérer si vous voulez éviter les

embûches et revers. Pour espérer garder au moins un peu la main en octobre, vous allez donc surtout devoir garder votre calme.Pub.

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Fidelidade - Companhia de Seguros, S.A. Siège : Largo do Calhariz, 30 1249-001 Lisboa - Portugal - NIPC e Matrícula 500 918 880, CRC Lisboa - Capital Social 381.150.000 €Succursale de France : 29, boulevard des Italiens - 75002 Paris - RCS Paris B 413 175 191 - Tél. : 01 40 17 67 20 - Fax : 01 40 17 67 29Crédits photo : Fotolia

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