Manassés Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendizagem Musical com Redes Sociais Educativas. 2014. Dissertação (Mestrado

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    Ps-Graduao em Cincia da Computao

    ENGAJAMENTO DISCENTE NA MODALIDADE

    MISTA DE ENSINO: UM ESTUDO DE CASO DA

    APRENDIZAGEM MUSICAL COM REDES

    SOCIAIS EDUCATIVAS

    Por

    MANASSS BISPO DA SILVA

    Dissertao de Mestrado

    Universidade Federal de [email protected]

    www.cin.ufpe.br/~posgraduacao

    RECIFE2014

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    ESTE TRABALHO FOI APRESENTADO PS-GRADUAO EMCINCIA DA COMPUTAO DO CENTRO DE INFORMTICA DAUNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO COMO REQUISITOPARCIAL PARA OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIADA COMPUTAO.

    ORIENTADOR: ALEX SANDRO GOMES.

    RECIFE2014

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    Catalogao na fonteBibliotecria Monick Raquel Silvestre da Silva CRB4-1217

    S586e Silva, Manasss Bispo da.Engajamento discente na modalidade mista de ensino: um

    estudo de caso da aprendizagem musical com redes sociaiseducativas / Manasss Bispo da Silva Recife: O Autor, 2014.

    160 f.: il., fig.

    Orientador: Alex Sandro Gomes.Mestrado (Dissertao) Universidade Federal de

    Pernambuco. CIn. Cincia da Computao, 2014.Inclui referncias e apndices.

    1. Interao homem-mquina. 2. Aprendizagem colaborativa. 3.

    Educao. I. Gomes, Alex Sandro (orientador). II. Titulo.

    004.019 CDD (23. ed.) UFPE-MEI - 159

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    Dissertao de Mestrado apresentada por Manasss Bispo da Silva Ps-Graduao em

    Cinciada Computao do Centro de Informtica da Universidade Federal de Pernambuco,

    sob o ttulo ENGAJAMENTO DISCENTE NA MODALIDADE MISTA DE ENSINO:

    UM ESTUDO DE CASO DA APRENDIZAGEM MUSICAL COM REDES SOCIAIS

    EDUCATIVAS, orientada pelo Prof. Alex Sandro Gomes e aprovada pela Banca

    Examinadora formada pelos professores:

    __________________________________________________Profa. Simone Cristiane dos Santos Lima

    Centro de Informtica / UFPE

    __________________________________________________

    Prof. Daniel Marcondes Gohn

    Departamento de Artes e Comunicao / UFSCar

    __________________________________________________

    Prof. Dr. Alex Sandro Gomes

    Centro de Informtica / UFPE

    Visto e permitida a impresso.

    Recife, 8 de agosto de 2014.

    ___________________________________________________

    Profa. Edna Natividade da Silva BarrosCoordenadora da Ps-Graduao em Cincia da Computao do

    Centro de Informtica da Universidade Federal de Pernambuco.

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    Dedico este trabalho minha querida esposa RUBIA e ao meu filho VINCIUS, meu

    querido, os quais merecem todo meu engajamento.

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    Agradecimentos

    Sobretudo agradeo a Deus, autor da vida, Pai bondoso e amigo fiel, atravs

    de quem tudo se fez, e em quem tudo se refaz;

    minha esposa Rubia, e ao meu filho Vincius, pedaos de mim, pelo amor e

    pacincia a mim devotados;

    Aos meus pais, irmos e parentes pelo apoio, incentivo e oraes;

    Aos amigos do CCTE e do Redu, pelas contribuies;

    Aos mestres Nelson Almeida, Rodrigo Luna, Paulo Lima, Cristiane Almeida,

    Adriano Pinheiro, Dra Padilha e demais colegas de trabalho;

    estimada professora Juciane Araldi e demais colegas do TEDUM;

    Ao amigo e irmo Jaziel Vitalino, e demais colegas do Mustic, por todo o

    apoio;

    Aos amigos Marcelo Tabarelli e Miriam Camargo Guarnieri, por acreditarem

    em mim e me incentivarem no incio de tudo;

    Aos dirigentes da ETECM, do STBNB, e do CEMO e aos professores

    Rogrio, Ismael, Elieny e Robson pelo apoio prestado;

    Aos meus ex-alunos, amigos e irmos do Templo Central das Assembleias

    de Deus em Pernambuco, em especial de sua Escola de Msica e da

    Orquestra Doce Harmonia;

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    Especialmente ao amigo e orientador Professor Doutor Alex Sandro Gomes,

    pelas lies, compreenso, disponibilidade e extrema dedicao em todos os

    momentos de construo deste estudo;

    Aos participantes desta pesquisa;

    Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente contriburam para o

    presente trabalho, seja pelo apoio, seja pela confiana, indispensveis pra

    mim.

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    Confia no Senhor de todo o teu corao, e no te estribes no teu

    prprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, eele endireitar as tuas veredas. No sejas sbio a teus prprios

    olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.

    Provrbios 3:5-7

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    Resumo

    Atualmente, o Brasil assume uma das maiores audincias de internet e redes sociais

    do mundo. O uso de redes sociais na Educao tem sido discutido por vrios autores,

    como uma alternativa para manter os alunos conectados mesmo fora da sala de aula,

    dadas as suas caractersticas de interao e compartilhamento, que viabilizam a

    aprendizagem colaborativa. Neste contexto, as redes sociais educativas seriam

    preferidas pelos alunos, em detrimento das plataformas tradicionais de Educao a

    Distncia (EAD). No mbito da formao superior em Msica, h apenas sete cursos a

    distncia em todo pas, mas nenhum utiliza redes sociais. Inclusive, embora a oferta de

    Graduao em Msica a distncia seja crescente, estudos revelam que, de um modo

    geral, alunos preferem a modalidade mista a EAD, em virtude da valorizao das

    interaes presenciais, facultadas por aquela modalidade, e que historicamente tem

    sido a base para o ensino de Msica desde sculos remotos. O objetivo geral desta

    pesquisa avaliar a efetividade da modalidade mista com o uso de rede social

    educativa sobre o engajamento na aprendizagem musical. A coleta de dados foi

    triangularizada com observao e aplicao de questionrio online e entrevista

    semiestruturada. Os resultados apontam para indcios de engajamento discente, e

    consequente melhoria da qualidade do ensino, a partir da discusso sobre fatores que

    impactam positivamente ou negativamente o engajamento dos alunos, luz da Teoria

    da Atividade, culminando na elicitao de requisitos para redes sociais educativas no

    contexto da Educao Musical.

    Palavras-chave: Engajamento. Modalidade mista. Rede social educativa.

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    Abstract

    Currently, Brazil assumes one of the highest rates of internet and social networking use

    in the world. The utilization of social networking in education has been discussed by

    several authors, as an alternative to keep students connected even outside the

    classroom, given their interaction and sharing features that enable collaborative

    learning. In this context, the educational social networks would be preferred by

    students, to the detriment of the traditional distance education platforms. In the context

    of college education in music, there are only seven distance courses throughout the

    country, but none uses social networks. Even though the distance Music graduation

    offer is increasing, studies show that, in general, students prefer the mixed mode

    instead of the distance education, due to the enhancement of classroom interactions,

    provided by mixed mode, and it has historically been the basis for teaching music since

    early centuries. The overall objective of this research is to evaluate the effectiveness of

    the mixed mode with the use of social networking in education on engagement in

    learning music. Data collection was performed with observation, online questionnaire

    and semistructured interviews. The results point to evidence of student engagement,

    and thereby improving the quality of education, from the discussion of factors that

    positively or negatively impact students engagement, according to the Theory of

    Activity, culminating in the elicitation of requirements for educational social networks in

    the context of Music Education.

    Keywords: Engagement. Blended learning. Educational social network.

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    Lista de Figuras

    FIGURA 1-ILUSTRAO DO MODELO BLENDED LEARNING................................................... 29FIGURA 2-DINAMISMO ENTRE OS NVEIS DE UMA ATIVIDADE,(ADAPTADO DE BARBOSA E SILVA,

    2010,P.70) ............................................................................................................. 58

    FIGURA 3-DIAGRAMA DE ENGESTRM,ILUSTRANDO A TEORIA DA ATIVIDADE DE LEONTIEV. .. 59

    FIGURA 4-TEIA INTERCONECTADA DE ATIVIDADES,ADAPTADO DE CRUZ NETO,GOMES E

    CASTRO (2004).........................................................................................................62

    FIGURA 5-FRAMEWORK PARA CSCL,BASEADO NO DIAGRAMA DE ENGESTRM,ADAPTADO DE

    JONASSEN E ROHRER-MURPHY (1999). ..................................................................... 63

    FIGURA 6-OCOMPONENTE 'REDE',CONFORME FRAMEWORK PARA CSCL,DE JONASSEN E

    ROHRER-MURPHY (1999)..........................................................................................63

    FIGURA 7-USABILIDADE PARA APRENDIZAGEM DEVE PROPOR MEDIDAS AO NVEL DA ATIVIDADE,

    CONFORME CAMPELLO (2005). .................................................................................. 65

    FIGURA 8-OVERVIEW DO MTODO ADOTADO NESTA PESQUISA. .......................................... 67

    FIGURA 9-PLANEJAMENTO DO PROFESSOR PARA O TPICO COMO SE PREPARA UMA AULA?.. 72

    FIGURA 10-PGINA DO CURSO TECNOLOGIAS DIGITAIS APLICADAS AO ENSINO DA MSICA,

    CRIADA NO AVAMSICADA REDU. .......................................................................... 79

    FIGURA 11-INTERAO ENTRE OS PARTICIPANTES DO CURSO. ............................................ 80

    FIGURA 12-HIERARQUIA DE UM AVANA REDU:AMBIENTE=>CURSO=>DISCIPLINA=>

    MDULO=>AULA ..................................................................................................... 89

    FIGURA 13-VISUALISANDO CONTEDO DA DISCIPLINA PRTICA DO ENSINO DA MSICA 2 ...... 89

    FIGURA 14-MODELAGEM DA ATIVIDADE CONFORME ENGESTRMADAPTADO DE OLIVEIRA ET

    AL.(2009) ................................................................................................................ 90

    FIGURA 15-TELA INICIAL DA REDU................................................................................... 94

    FIGURA 16-TELA DE CADASTRO DA REDU......................................................................... 95

    FIGURA 17-PARTICIPANTE UTILIZANDO O CHATPARA TIRAR DVIDA SOBRE COMO UTILIZAR A

    REDU ....................................................................................................................... 96

    FIGURA 18-COMENTRIO LONGO NO MURAL DA REDU,ULTRAPASSANDO O LIMITE DE

    CARACTERES.......................................................................................................... 131

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    Lista de Quadros

    QUADRO 1-INDICADORES DE INTERAO E DE ENGAJAMENTO UTILIZADOS NO EXPERIMENTO DE

    CAMPELLO (2005). ................................................................................................... 45

    QUADRO 2-NVEIS DE UMA ATIVIDADE,SEGUNDO LEONTIEV,ADAPTADA DE CAMPELLO (2005,

    P.40). ..................................................................................................................... 57

    QUADRO 3JUSTIFICATIVA DOS ITENS DA ENTREVISTA. .................................................... 777

    QUADRO 4-PORQU FCIL USAR A REDU. .................................................................... 822

    QUADRO 5-PORQU PRETENDO USAR A REDU EM MINHA PRTICA DOCENTE. .................... 833

    QUADRO 6DESMEMBRAMENTO DA ATIVIDADE PARA A TRADE ATIVIDADE-AO-OPERAO,A PARTIR DO PLANEJAMENTO DO PROFESSOR PARTICIPANTE,SEGUNDO LEONTIEV (1978;

    1979)ADAPTADO DE OLIVEIRA ET AL.(2009). ........................................................ 911

    QUADRO 7-CARACTERSTICAS POSITIVAS PARA O FATOR USABILIDADENA REDU.................. 97

    QUADRO 8-QUAIS SO OS MELHORES ASPECTOS QUE A ESCOLA POSSUI PARA ENVOLVER OS

    ALUNOS NA APRENDIZAGEM? .................................................................................... 102

    QUADRO 9-DEPOIMENTO DOS PARTICIPANTES SOBRE O QUE A INSTITUIO PODERIA FAZER

    PARA MELHORAR O ENGAJAMENTO DISCENTE.......................................................... 1033QUADRO 10-AINSERO DA MODALIDADE COM O USO DE UMA REDE SOCIAL EDUCACIONAL

    INFLUENCIA A SENSAO DE PERTENCIMENTO COMUNIDADE ESCOLA? .................. 10909

    QUADRO 11-MOTIVAO DOS PARTICIPANTES PARA REALIZAR A ATIVIDADE..................... 1111

    QUADRO 12-DEPOIMENTOS SOBRE BENEFCIOS RELACIONADOS MODALIDADE MISTA..... 1200

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    Lista de Grficos

    GRFICO 1-AVALIAO DOS TEMAS ABORDADOS NO CURSO. ............................................ 811

    GRFICO 2-EXPERINCIA COM AVA ............................................................................... 811

    GRFICO 3-FCIL UTILIZAR A REDU? ........................................................................... 811

    GRFICO 4-FAIXA ETRIA DOS PARTICIPANTES................................................................ 855

    GRFICO 5-ATIVIDADES QUE OS ALUNOS REALIZAM MAIS FREQUENTEMENTE COM O

    COMPUTADOR. ........................................................................................................ 866

    GRFICO 6-REDES SOCIAIS MAIS USADAS PELOS PARTICIPANTES. .................................... 866

    GRFICO 7-PREFERNCIA DOS PARTICIPANTES PELA MODALIDADE PRESENCIAL,NO INCIO DO

    EXPERIMENTO. ........................................................................................................ 866

    GRFICO 8-REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTAS VLIDAS PARA A APRENDIZAGEM MUSICAL.

    ............................................................................................................................. 877

    GRFICO 9-RESPOSTAS DOS ALUNOS RELATIVAS AO ESFORO PARA CONSTRUIR ATIVAMENTE

    O CONHECIMENTOESCALA 2DO SEQ(COATES,2009) ...................................... 1066

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    Principais Abreviaes

    AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

    EAD Educao a Distncia

    IHC Interao Humano-Computador

    MEC Ministrio da Educao

    CCTE Grupo de Pesquisa em Cincias Cognitivas e Tecnologias Educacionais

    GPMAC Grupo de Pesquisa em Msica Aplicada a Computador

    LMS Learning Management System

    CSCL Computer Supported Collaborative Learning

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    Sumrio

    1. INTRODUO ..................................................................................................... 1661.1 JUSTIFICATIVA....................................................................................................... 181.2 PROBLEMA E QUESTO DE PESQUISA................................................................... 2111.3 HIPTESE........................................................................................................... 2331.4 OBJETIVOS ......................................................................................................... 233

    1.4.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 2331.4.2 Objetivos Especficos ................................................................................ 233

    1.5 OPESQUISADOR ................................................................................................. 2331.6 ESTRUTURA DA DISSERTAO.............................................................................. 244

    2. ENGAJAMENTO NA MODALIDADE MISTA DE ENSINO................................. 266

    2.1 AMODALIDADE MISTA DE ENSINO.......................................................................... 2882.1.1 Softwares e websites na pedagogia musical ............................................... 342.1.2 Redes sociais na aprendizagem .................................................................. 372.1.3 As redes sociais educacionais ..................................................................... 392.1.4 Interao nas redes sociais ....................................................................... 400

    2.2 ENGAJAMENTO NA APRENDIZAGEM NA MODALIDADE MISTA DE ENSINO...................... 4662.2.1 Engajamento em plataformas colaborativas .............................................. 5112.2.2 Engajamento na aprendizagem musical .................................................... 533

    3. REFERENCIAL TERICO ................................................................................... 566

    3.1 TEORIA DA ATIVIDADE E O MODELO DE NILSEN....................................................... 644

    4. MTODO DE PESQUISA .................................................................................... 666

    4.1 FORMAO DE PROFESSORES NO CONTEXTO DA PESQUISA...................................... 684.2 EXPERIMENTO..................................................................................................... 700

    4.2.1 Participantes .............................................................................................. 7004.2.2 Procedimentos ........................................................................................... 7114.2.3 Coleta ........................................................................................................ 7334.2.4 Anlise de dados ....................................................................................... 755

    5. ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS .................................................... 78

    5.1 AVALIAO DO CURSO DE FORMAO DE PROFESSORES.......................................... 79

    5.2 ANLISE DO ENGAJAMENTO ................................................................................. 8445.2.1 Perfil detalhado dos partipantes ................................................................ 8445.2.2 Modelagem da atividade .............................................................................. 885.2.3 Usabilidade para a aprendizagem ............................................................. 9225.2.4 As escalas de engajamento ..................................................................... 10115.2.5 Fatores que impactam o engajamento .................................................... 1122

    6. CONSIDERAES FINAIS ............................................................................... 1322

    6.1 CONTRIBUIES................................................................................................ 13336.2 LIMITAES DO ESTUDO..................................................................................... 13446.3 TRABALHOS FUTUROS....................................................................................... 1355

    REFERNCIAS ....................................................................................................... 13737

    APNDICES .............................................................................................................. 1533

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    APNDICEATERMODECONSENTIMENTO ..................................................... 154APNDICEBQUESTIONRIOELETRNICO .................................................... 155

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    Captulo

    11. Introduo

    Este captulo faz uma abordagem inicial sobre engajamento e a modalidade

    mista de ensino; relata as principais motivaes para realizao deste trabalho, sua

    justificativa, questo de pesquisa, lista os objetivos de pesquisa almejados e,

    finalmente, mostra como est estruturada a dissertao.

    As constantes mudanas que ocorrem nos processos de ensino e aprendizagem

    instigam uma melhoria contnua na interao de informaes. Paralelamente, a

    globalizao e a necessidade de racionalizao do tempo exigem o desenvolvimento

    de novos mtodos de transmisso de conhecimento. Na verdade, a inovao

    tecnolgica tem assumido um papel vital na educao (VALDEZ, FERREIRA, e

    MACIEL BARBOSA, 2013).

    Com a insero das tecnologias da informao na educao, surgem novas

    formas de aprendizagem, que otimizam tempo e espao, donde concebe-se a

    modalidade de ensino a distncia, tal como conhecida hoje, e est sendo

    amplamente utilizada em diferentes reas do conhecimento. A educao a distncia

    faculta o processo de ensino e aprendizagem sem interao face a face, sendo a

    construo do conhecimento mediada pela tecnologia.

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    Em todo esse processo educativo, a internet considerada uma importante

    ferramenta, pois promove a comunicao interativa entre os usurios e a liberdade

    daquele que busca a informao, coincidindo com a ideia da educao a distncia e

    favorecendo a aprendizagem colaborativa (RODRIGUES et al., 2011, p. 5). Cavalcante

    (2002) tambm concorda que a internet o espao mais inovador para o ensino adistncia. Vale salientar que no processo educativo, inclusive em se tratando da

    educao musical a distncia, a interao e a colaborao entre pares so de

    fundamental importncia, como destacam Souza (2003), Kember (2007) e Beer, Clark

    e Jones (2010). A este respeito, Gohn (2011, p. 91) assim se expressa:

    [] um estudante desenvolvendo a tcnica instrumental ao pianopoder estar insatisfeito com seu desempenho ao executar escalas,

    porque aps um determinado perodo de estudos no consegueprogredir para andamentos mais rpidos no metrnomo.Provavelmente, o maior alento para este indivduo viria de outrosalunos, comentando o mesmo problema e depois de muita persistnciachegaram a seus objetivos. Aqui, o recurso tecnolgico funciona apenasse utilizado como meio de conexo para redes sociais de apoiocognitivo e afetivo.

    Prticas de interao e colaborao em ambientes virtuais derimem barreiras

    geogrficas e temporais (BRANDO, 2004), como supracitado no exemplo dado por

    Gohn (2011). Portanto, inserir tais prticas no mbito do ensino da Msica, queusualmente acontece na modalidade presencial, desde vrios sculos, uma questo

    que recentemente1 tem despertado o interesse de alguns pesquisadores (ROSSIT e

    OLIVEIRA, 2013; COLABARDINI e OLIVEIRA, 2013; RIBEIRO, 2013; MARTIN, 2012;

    OLIVEIRA-TORRES, 2012; GOHN, 2011; HENDERSON-FILHO, 2007), inclusive

    porque os alunos esto constantemente conectados web e s redes sociais2

    (NICOLAI-DA-COSTA, 2006). Outra questo que merece bastante ateno que o

    gerenciamento das atividades tambm facultado pelas plataformas de educao adistncia:

    [] a estruturao de cursos curriculares de msica, com professoresque acompanham e avaliam o desenvolvimento de seus alunos adistncia, um acontecimento que apenas recentemente ganhou fora,estimulado pela expanso da internet. O que se percebe nas dcadasanteriores so experincias de EAD isoladas, frutos da iniciativa de

    1A primeira tese sobre educao musical a distncia teria sido publicada por Souza (2003).2DUARTE et al. (2008) definem rede social como uma estrutura social composta por pessoas,organizaes, etc, que esto conectadas por um ou vrios tipos de relaes (de amizade, familiares,comerciais, empresarial, sexuais e outras reas), ou que partilham crenas, conhecimento ou prestgio.

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    instituies inovadoras e ousadas, como a Open University, no ReinoUnido (GOHN, 2011, p. 80).

    J a pesquisa de Henderson Filho (2007) foca no que ele mesmo chama de

    educao online, no contexto de formao continuada de professores de msica para

    a educao bsica. Sua tese prope, entre outros objetivos, discutir as possibilidadesde um ensino e aprendizagem de msica com melhor qualidade utilizando as novas

    tecnologias de informao e comunicao.

    Este trabalho, entretanto, busca analisar o engajamento3 de alunos numa

    modalidade de ensino que mescla interaes presenciais com interaes virtuais,

    visando manter os alunos conectados mesmo quando eles esto fora da sala de aula.

    Essa modalidade, que prescinde contextualmente da internet para as interaes a

    distncia, conhecida como blended learning ou modalidade mista, ou ainda,modalidade hbrida de ensino.

    1.1 Justificativa

    A modalidade mista, assim como a modalidade a distncia, utiliza-se de

    plataformas de educao a distncia com os mais variados recursos, podendo serconfiguradas como redes sociais ou no.

    Quando a plataforma configurada como uma rede social, ela j sugere um

    favorecimento da qualidade da aprendizagem, no que tange utilizao de vrios

    recursos para interaes sncronas e assncronas, pois o prprio conceito de redes

    sociais remete a interaes (GOMES et al., 2010; 2011). Boyd e Ellison (2008) referem-

    se s redes sociais como um servio baseado na Web que permite aos usurios

    construir um perfil pblico ou semipblico, a fim de estabelecer contacto com outrosusurios dessas redes. J os autores Quintero e Porln (2010) lembram que

    um perfil poder ser mais ou menos complexo, em funo da rede queest a ser usada, tendo como objetivo ligar sucessivamente osutilizadores que fazem parte dessa rede, atravs de categorias, grupos,etiquetas, entre outros (p. 1536, grifo meu).

    3O conceito de engajamentoest relacionado predisposio do indivduo em participar de umaatividade (CAMPELLO, 2005). O tema ser abordado no captulo seguinte.

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    Gomes et al.(2010; 2011) afirmam que as redes sociais esto em crescimento

    constante, podendo ser consideradas como ambientes propcios para a aprendizagem,

    considerando suas caractersticas de interao, autorregulao e compartilhamento, as

    quais viabilizariam a aprendizagem colaborativa. Por outro lado, a literatura aponta que

    grande parte dos ambientes educacionais virtuais carece de maior eficincia (GOMESet al., 2012), principalmente porque no possuem os recursos nessrios para

    comunicao sncrona. Relatrios de pesquisa da Malsia tambm corroboram com

    esta afirmativa4.

    Segundo Schneider et al. (2013), a EAD a modalide de ensino que mais

    cresce no Brasil. Os trabalhos de Silva e Carvalho (2012) defendem que a flexibilidade

    e a interao durante a atividade em um Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA so

    os pilares que merecem destaque na rotina de aprendizagem em Ambientes Virtuais(p. 1).

    Embora a procura por cursos de Msica a distncia no Brasil seja crescente5

    (OLIVEIRA-TORRES, 2012; GOHN, 2011; HENDERSON FILHO, 2007), estudos

    defendem que, de um modo geral, os alunos preferem a modalidade mista

    modalidade estritamente a distncia, pela valorizao das interaes presenciais,

    facultadas por aquela modalidade (SHERIDAN, 2009; SCHNEIDER et al., 2013),

    inclusive porque desde sculos, a interao presencial entre aluno e professor

    fundamental no ensino da performancemusical, dada a complexidade inerente a este

    campo de ensino. E justamente por ser complexo, o ensino da prtica de instrumentos

    na modalidade a distncia ainda bastante desafiador (Gohn, 2011).

    Entretanto, as redes sociais educativas tm se revelado como um ambiente em

    constante evoluo, buscando solues que promovam a aprendizagem com

    engajamento, principalmente a partir da implementao de recursos que estimulem a

    interao entre os sujeitos.

    importante destacar que, em se tratando da modalidade mista, uma rede

    social educativa pode servir como ferramenta de apoio ao ensino presencial, ou ainda

    suportar uma atividade com interaes apenas virtuais.

    4Pesquisadores propem integrar blended learning num Sistema de Gesto da Aprendizagem inovador.O relatrio pode ser acessado em:. Acesso em: 09 ago. 2013.5A literatura sobre o tema tem florescido no Brasil, recentemente. Uma consulta no repositrio digitalLUME, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (disponvel em: .Acesso em: 09 jan. 2014), com a entrada msica ead, mostra um resultado de pelo menos 368trabalhos relacionados ao tema.

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    Mesmo que no haja uma definio universalmente aceita, a noo de

    engajamento concerne reteno e motivao dos alunos, e o consequente sucesso

    institucional (YONEZAWA, JONES e JOSELOWSKY, 2009). Portanto, justifica-se a

    importncia das universidades se apropriarem do conceito de engajamento, no sentido

    de melhorar o envolvimento dos discentes, em funo do seu prprio sucesso. E desdeque indicadores de engajamento sejam identificados, os professores podem refletir e

    melhorar suas prticas.

    Uma das facetas desta dissertao estimular novas prticas para o ensino de

    Msica. Para tanto, espera-se que as plataformas de educao a distncia e as redes

    sociais educacionais sejam favorveis ao engajamento no processo de aprendizagem.

    Tal favorecimento remete a um conceito bastante relevante abordado por Campello

    (2005): a usabilidadepara a aprendizagem. O conceito de usabilidade pode serdescrito como o quo fcil utilizar um sistema (BARBOSA e SILVA, 2010).

    Segundo a Wikipdia,

    usabilidade um termo usado para definir a facilidade com que aspessoas podem empregar uma ferramenta ou objeto a fim de realizaruma tarefa especfica e importante. A usabilidade pode tambm sereferir aos mtodos de mensurao da usabilidade e ao estudo dosprincpios por trs da eficincia percebida de um objeto. Na InteraoHumano-computador e na Cincia da Computao, usabilidadenormalmente se refere simplicidade e facilidade com que umainterface, um programa de computador ou um website pode serutilizado6.

    Para a Cincia da Computao, e mais especificamente na rea de Interao

    Humano-Computador (IHC), a medida da usabilidade de um sistema ou software uma

    das medidas de sua aceitao por parte dos usurios, que caracteriza o seu sucesso.

    A eficcia de um processo educativo que utilize uma plataforma de Educao a

    Distncia (EAD), seja na modalidade a distncia ou modalidade mista, passa por umasentena: que a interface seja de fcil uso, de simples compreenso e seja um

    software estvel (PAMBOUKIAN, GRINKRAUT e PRIMERANO, 2008). Ou seja, a

    usabilidade para a aprendizagem est relacionada serventia do sistema

    computacional para a aprendizagem (CAMPELLO, 2005).

    Rosa (2012) e Soares (2012) argumentam que os alunos esto comumente

    apropriados das redes sociais; seus estudos tambm respaldam esta pesquisa quanto

    escolha de realizar o experimento com uma rede social.

    6Disponvel em: . Acesso em: 14 jan. 2014.

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    Como lembra Campello (2005), se em condies semelhantes, um ambiente

    virtual de aprendizagem, que um sistema informtico, promove mais engajamento e

    permite maior interao do que outro, ele mais eficiente e oferece maior possibilidade

    de aprendizagem. Todavia, tratar de usabilidade de uma interface voltada para a

    aprendizagem envolve duas reas: Educao e IHC.No contexto do ensino de Msica, verificar a usabilidade de uma rede social

    educacional de grande importncia porque pode favorecer o aumento da oferta de

    cursos de Msica atravs de artefatos computacionais, j que a usabilidade da

    plataforma utilizada pode interferir no engajamento do usurio.

    No mbito da Computao, identificar indcios de engajamento ou possveis

    causas de desengajamento no processo de aprendizagem musical mediado por redes

    sociais educativas, numa modalidade mista, poder servir implementao deferramentas que viabilizem o aumento do engajamento em plataformas de educao a

    distncia configuradas como redes sociais.

    Outrossim, novas prticas de ensinar Msica podero atender, de forma mais

    democrtica, eficiente e agradvel crescente demanda da Lei 11.769 (BRASIL,

    2008), promulgada em 2008, a qual garante o ensino de Msica nas escolas da

    educao bsica. Tambm podero contribuir para a melhoria da qualidade do ensino

    nas escolas especficas de Msica e, ainda, para a formao docente em Msica, que

    segundo Colabardini e Oliveira (2013) tem de ser ampliada.

    1.2 Problema e Questo de Pesquisa

    De acordo com o MEC h, no Brasil, apenas sete cursos de msica a distncia,

    de nvel superior7, sendo que nenhum deles utiliza uma rede social como plataforma de

    ensino-aprendizagem na modalidade a distncia. No identificamos pesquisas

    publicadas sobre uso de redes sociais educativas em escolas especficas de Msica.

    Vale salientar que, de um modo geral, os ambientes virtuais de aprendizagem

    so instanciados em plataformas que no contemplam recursos inerentes s redes

    sociais, como a criao de redes de amizade, mural e mensagem privada, por

    exemplo. Por outro lado, as redes sociais mais utilizadas atualmente, a exemplo do

    7O portal do MEC lista as seguintes instituies: Unb, UFScar, UNIMES, UNINCOR, UFRGS e UNIS-MG. Mais informaes podem ser acessadas no endereo < http://emec.mec.gov.br/#tab=0>. Acessoem: 18 fev. 2013.

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    Facebook8, no so concebidas especificamente para fins educacionais, embora

    algumas pesquisas atestem seu uso didtico: Brescia e Costa (2012), Silva e Rocha

    (2012), Borges, Tavares e Santos (2012), Almeida (2012), Camlo (2012), Laru, Nykki

    e Jrvel (2009), Asl et al. (2011), Calv-Armengol, Patacchini e Zenou (2008), Soares

    (2012), Yang e Tang (2003).O captulo seguinte mostra que uma rede social oferece maior interao entre os

    usurios, o que, por sua vez, pode aumentar o engajamento desses usurios. A

    hiptese de que o aumento do engajamento melhora a qualidade do aprendizado foi

    testada por vrios autores, como Krause (2005), Coates (2005; 2007) e Chen, Gonyea

    e Kuh (2008).

    Conclui-se, ento, que um AVA configurado como uma rede social seria a

    tecnologia mais convincente para o sucesso do processo educativo, visto que aossujeitos estaria facultada maior possibilidade de interao (o Captulo 2 far uma

    abordagem sobre a interao, na perspectiva de Vygotsky); alm disso, uma

    plataforma com perfil de rede social pode ter maior aceitao por parte dos usurios,

    em detrimento de outras plataformas que no suportem a mesma caracterstica. Para

    Cunha (2012), Almeida (2012), Soares (2012) e Damasceno (2012), a interao um

    fator muito importante no processo de aprendizagem mediado por plataformas virtuais

    inclusive no mbito da educao musical, pois ele que vai convergir para um maior

    engajamento.

    Ressalte-se que as recorrncias ao tema EAD neste trabalho visam reforar que

    modalidade mista prescinde da educao a distncia. Inclusive, Mascarenhas e Ribeiro

    (2012) argumentam que o aluno se torna mais autnomo, quando as ferramentas da

    EAD so inseridas na educao presencial.

    Oliveira e Oliveira (2012) sugerem que o uso de redes sociais educativas para a

    oferta de cursos na modalidade mista facilita a ao docente, a interao e o

    compartilhamento de experincias e de contedos entre os membros da rede. A

    pesquisa de Camlo (2012) condizente com o argumento dos autores supracitados e

    valoriza a modalidade mista de ensino, medida que utiliza o facebook como um

    espao virtual para aulas num curso superior presencial.

    Portanto, o resultado desta pesquisa tende a responder a seguinte questo:

    como o uso de redes sociais educativas na educao musical favorece o engajamento

    na modalidade mista de ensino?

    8Segundo a Wikipdia, o facebook rede social mais utilizada em todo o mundo, com mais de 1 bilhode usurios ativos. O Brasil assume o 4 lugar em nmero de usrios (Disponvel em:. Acesso em: 16 jan. 2014).

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    Federal de Pernambuco (UFPE). As discusses presentes nesta pesquisa tm como

    fronteiras, portanto, a formao profissional do pesquisador (Licenciatura em Msica), e

    a busca de conhecimentos sobre o engajamento discente no processo de

    aprendizagem musical, na modalidade mista, utilizando-se redes sociais educacionais.

    1.6 Estrutura da Dissertao

    Este trabalho est estruturado da seguinte maneira:

    Captulo 1 Introduo: Este captulo faz uma abordagem inicial sobre

    engajamento e a modalidade mista de ensino; relata as principais motivaes

    para realizao deste trabalho, sua justificativa, questo de pesquisa, lista os

    objetivos de pesquisa almejados e, finalmente, mostra como est estruturada

    a dissertao.

    Captulo 2 Engajamento na modalidade mista de ensino: Alm de

    mostrar como o engajamento pode ser medido metodologicamente, este

    captulo traz uma abordagem sobre a insero das redes sociais na

    aprendizagem, destacando o fator interao e as redes sociais

    educacionais, inclusive no mbito da educao musical.

    Captulo 3 Referencial Terico: Apresenta a Teoria da Atividade, de

    Leontiev (1978), correlacionando-a com a heurstica memorability, de Nilsen

    (1993), ao que Campello (2005) chamaria de usabilidade para a

    aprendizagem.

    Captulo 4 Mtodo de pesquisa: Neste captulo apresentamos os

    procedimentos metodolgicos utilizados nesta pesquisa, justificamos a

    abordagem utilizada e explicamos como foi realizada a coleta de dados. A

    seguir explicamos como os dados foram tratados e os instrumentos utilizados

    para a anlise.

    Captulo 5 Anlise e discusso dos resultados: Apresentao dos

    resultados que se sucederam aos dados coletados durante a pesquisa, com

    a inteno de verificar os benefcios promovidos pelo uso da modalidade

    mista, tendo como plataforma uma rede social educacional. Os resultados

    obtidos e os objetivos iniciais da pesquisa so relacionados com a literatura

    pesquisada, luz da Teoria da Atividade.

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    Captulo 6 Consideraes finais:Apresenta as consideraes finais, os

    resultados obtidos relacionados com os objetivos iniciais da pesquisa, as

    contribuies e possibilidades para realizao de trabalhos futuros.

    Referncias:Apresentao das referncias bibliogrficas consultadas.

    Apndices:Aqui so apresentados o Termo de Consentimento apresentadoaos participantes e o questionrio utilizado.

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    Captulo

    22. Engajamento na modalidade

    mista de ensino

    Este Captulo mostra como o engajamento pode ser medido

    metodologicamente e traz uma abordagem sobre a insero das redes sociais na

    aprendizagem, destacando o fator interao e as redes sociais educacionais,

    inclusive no mbito da educao musical.

    O professor Naveda (2006) defende que a tecnologia atua com destreza

    justamente onde ainda insistimos em atuar como mquinas pedaggicas, previsveis

    e limitados a informaes. Nessas condies, o conhecimento ser um produtoestruturalmente tcnico, previsvel e limitado. No mbito da educao musical, Keith

    Swanwick (1994) aponta que o uso da tecnologia informacional alarga as

    possibilidades de se realizar um impacto musical direto. Tomamos esta afirmativa

    como uma valorizao de se aplicar um experimento da rea computacional no

    contexto da aprendizagem musical, visando melhorar a qualidade dessa

    aprendizagem.

    Sobre o uso da Internet na educao e focando a "interao humana" deforma colaborativa, entre alunos e professores, Moran (2010) afirma que a internet

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    no autossuficiente para a educao. Especialista em projetos inovadores na

    educao presencial e a distncia, Moran ainda corrobora com Gil Giardelli (2010) a

    afirmao de que o papel do professor no sculo XXI "ajudar na aprendizagem decontedos e ser um elo para uma compreenso maior da vida". O mesmo autor

    afirma:

    A nossa viso agora esta: eu aprendo com o que o outro me traz. Essaviso muito mais tranquila. a aceitao de que eu no sou onipotente,que no tenho respostas para tudo, no sou enciclopdia. Eu aprendomelhor reconhecendo a minha ignorncia (MORAN, 2010, p. 7).

    Henderson Filho (2007) cita Pierre Lvy, afirmando que o papel do professormudou; em detrimento da postura instrucionista vigente no sculo passado, os

    professores agora devem valorizar a autonomia do aluno, seduzindo-os para uma

    aprendizagem colaborativa e eficaz, resultante da interatividade que Pierre Lvy

    (1999) apresenta como sendo do tipo TodosTodos e no mais UmTodos ou Um

    Um. Essa concepo de interatividade considera que os produtos no devem mais

    chegar ao destinatrio de forma pronta, mas que a este ser possvel remodelar,

    [re]significar e transformar o produto com o qual se interage.

    Todavia, permanece a ressalva da necessidade de interao presencial entre

    professor e aluno, do tipo Um-Um, quando se tratar do ensino da prtica

    instrumental, conforme supracitado e apregoado por Gohn (2011). O tipo Todos-

    Todos, em que se aprende colaborativamente, pode ser mais facilmente aplicado no

    mbito das disciplinas tericas.

    Almeida (2003) sugere que podemos usar uma tecnologia tanto na tentativa

    de simular a educao presencial com o uso de uma mdia como para criar novas

    possibilidades de aprendizagem por meio da explorao das caractersticas

    inerentes s tecnologias empregadas. Por tecnologia compreenda-se o conjunto

    de conhecimentos que permite a nossa interveno no mundo (SANCHO, 1998,

    p.17). E, como observam Nitzke, Gravina e Carneiro (2010, p. 2), o modelo de

    educao mediada pelas novas tecnologias de informao e comunicao em voga

    o germe de um novo paradigma para a educao do futuro prximo.

    Entendida como um fator preponderante na formao do indivduo, a

    Educao Musical reconquistou seu espao nos currculos das escolas brasileiras

    atravs da Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008 (BRASIL, 2008), que modifica o Art.

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    26 da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (BRASIL, 1996). Em se

    tratando de inovaes no mtodo de ensino, desde a educao fundamental, os

    Parmetros Curriculares Nacionais PCNs sugerem que a construo doconhecimento seja mediada por recursos tecnolgicos, com os quais os jovens se

    identificam bastante (BRASIL, 1997).

    A incluso das Tecnologias de Informao e Comunicao na educao

    musical tem dois aspectos: proporciona a aprendizagem ativa e oferece uma ampla

    gama de meios e oportunidades de aprendizagem.

    2.1 A modalidade mista de ensino

    Em termos gerais, o processo educativo pode ocorrer estritamente a

    distncia, mas tambm na modalidade semipresencial (ou mista, do ingls blended

    learning), que combina interaes em EAD com encontros presenciais; isto , em

    cursos semipresenciais as aulas a distncia separam encontros presenciais, seja

    para a realizao de exames ou para aulas com professores e tutores. Em ambos os

    casos, o uso da internet imprescindvel.

    A ltima dcada trouxe um grande aumento de cursos a distncia baseados

    na Internet. O professor Rick Sheridan, da Wilberforce University, critica que embora

    faculdades e universidades ofeream cursos online com um raio de distribuio

    expandido, os alunos se queixam de ter que aprender uma nova tecnologia, e de um

    sentimento de isolamento (SHERIDAN, 2009). Sua pesquisa se deu enquanto

    lecionava na California State University e indica que apesar de toda a moderna

    tecnologia educacional disponvel, a interao humana ainda preferida por muitos

    estudantes, o que valorizaria a adoo da modalidade mista, em detrimento da

    modalidade EAD. O autor tambm refora que muitos projetos j falharam e

    faculdades relataram altos ndices de evaso nas aulas que so completamente

    online. Entretanto, ele cita Oblinger e Maruyama (1996), indicando que uma

    combinao de instruo tradicional e online a abordagem mais eficaz para muitas

    situaes, ou seja: alunos matriculados em cursos de modalidade hbrida so maisbem sucedidos em comparao com cursos presenciais ou estritamente online.

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    Algumas vantagens da modalidade mista so: flexibilidade e customizao do tempo

    dos alunos, respeito a diferentes estilos de aprendizagem, maior participao

    discente, possibilidade de monitoramento das dificuldades dos alunos via sistemasLMS9.

    O ensino convencional tambm pode aumentar as chances de um contedo

    ser apreendido ao apresenta-lo por meio de diversas formas de mediao, as quais

    so frequentemente baseadas no uso das tecnologias computacionais. o que

    Gomes et al. (2012) chamam de blended learning traduzido do ingls como

    aprendizagem mista, ou modelo de aprendizagem hbrida, ou ainda, modalidade

    semipresencial de ensino

    10

    . Espinosa et al. (2006, p. 111) conceituam o termo comosendo a integrao eficaz de dois componentes: ensino presencial e a tecnologia no

    presencial (traduo minha). A Figura 1 ilustra que a didtica de um professor pode

    no apenas combinar interaes presenciais com interaes no ambiente virtual de

    aprendizagem (AVA) para um mesmo assunto abordado, como pode abordar um

    determinado assunto apenas no AVA, e outro presencialmente.

    Para Tang (2010), a abertura ao ensino interativo promove a iniciativa de

    aprendizagem e capacidade de explorao dos alunos. Neste modelo de

    aprendizagem mista, no s o professor pode desempenhar o papel principal, como

    no ensino tradicional, mas tambm os alunos podem desempenhar o papel principal,

    como agentes ativos no processo. Os estudos de Tang (2010) mostram que este

    modelo pode melhorar o pensamento e a capacidade de inovao dos estudantes.

    Figura 1 - Ilustrao do modelo Blended Learning

    9Do ingls, Learning Management System.10No Brasil, o termo semipresencial geralmente utilizado para indicar que parte de um curso presencial e a outra no presencial. Neste trabalho, adotaremos o termo modalidade mista commais frequncia.

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    Desta forma, situaes de aprendizagem em ambientes virtuais podem servir

    como uma ferramenta auxiliar modalidade presencial de aprendizagem. Por

    exemplo, o Departamento de Msica da Universidade Federal de Pernambucolanou mo recentemente de experincias nos cursos (presenciais) de graduao

    em Msica, utilizando a plataforma Amadeus11em pelo menos quatro disciplinas12.

    Assim como o Amadeus, muitos outros softwares so desenvolvidos visando

    autogesto do aluno e do docente no processo de aprendizagem. Estes softwares

    so denominados sistemas de gesto da aprendizagem, ou Learning Management

    System LMS13. Vale ressaltar que mesmo a EAD da atual gerao no se

    baseia no modelo de relacionamento um para muitos ou um para um, mas naaprendizagem colaborativa (HAGUENAUER, 2000; MORAN, 2000; 2010), suportada

    por sistemas de gesto da aprendizagem. A adoo de um espao virtual paralelo

    sala de aula convencional pode aumentar as chances de sucesso dessa

    aprendizagem colaborativa.

    As plataformas contemporneas que se apoiam no conceito de aprendizagem

    mistaenfrentam desafios considerveis no que concerne capacidade de envolver

    todos os intervenientes na educao de um aluno, a fim de personalizar a

    experincia do usurio no processo. O relato de Mazlan et al.14 desconhece uma

    plataforma de e-learning15 que fornea funcionalidades e informaes necessrias

    para todas as partes envolvidas. Estes autores delineiam o projeto de

    11O Amadeus um softwaregratuito e de cdigo aberto e est disponvel para download no Portal doSoftware Pblico. Especificamente sobre essa experincia no Departamento de Msica da UFPE,ainda no h pesquisa publicada, mas a instncia utilizada pode ser encontrada em. Acesso em: 09 ago. 2012.12Embora atualmente seja mais usual o termo componente curricular, adotaremos em nossa

    pesquisa o termo disciplina, que comum plataforma utilizada nesta pesquisa. Deste modo, ocurso de Msica da UFPE tem utilizado a plataforma Amadeus nas seguintes disciplinas: Regncia,Esttica e Estruturao Musical, Fundamentos da Construo Musical e Tecnologia Aplicada Educao Musical.13Os sistemas de gesto de aprendizagem so estudados por uma rea especfica das cincias daEducao e da Computao: a CSCL Computer Supported Collaborative Learning, traduzida comoAprendizagem Colaborativa Auxiliada por Computador. Stahl, Koschmann e Suthers (2006) definemCSCLcomo rea das cincias da aprendizagem que estuda como os indivduos podem aprender emgrupo com o auxlio do computador. derivada da CSCW(Computer Supported Cooperative Work),a qual estuda a forma como o trabalho em grupo pode ser auxiliado por computador.14Disponvel em:. Acesso em: 15 ago. 2013.15Segundo a Wikipdia, O e-learning, ou ensino eletrnico, corresponde a um modelo de ensino nopresencial suportado por tecnologia. Atualmente, o modelo de ensino/aprendizagem assenta noambiente online, aproveitando as capacidades da Internet para comunicao e distribuio decontedos. Disponvel em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/E-learning>. Acesso em: 22 ago. 2013.

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    desenvolvimento do MIMOS16, um sistema de gesto de aprendizagem inteligente

    capaz de perceber e integrar caractersticas associadas interao personalizada

    entre o sistema e o aluno, de forma que as necessidades do usurio e dos demaissujeitos do processo educativo sejam amplamente atendidas.

    Laru, Nykki e Jrvel (2009) publicaram um estudo quantitativo sobre a

    aprendizagem colaborativa mediada por software social em que alunos do ensino

    superior da University of Oulu17, na Finlndia, participaram assiduamente das

    discusses dos colegas nos fruns, e obtiveram melhores resultados em suas

    avaliaes. As autoras atestam grande importncia s comunidades virtuais, mas

    sugerem uma pesquisa qualitativa sobre o tema porque os alunos j eram usuriosativos de blogs antes do experimento, no caso estudado.

    Dentre muitos outros trabalhos na perspectiva blended learning, podemos

    citar: Espinosa et al. (2006), para quem o futuro da educao tende a ser blended;

    Vernadakis et al. (2012), que compara o ensino tradicional com o modelo blended

    num curso de Cincia da Computao; Koki e Rukavina (2011), que descrevem o

    impacto da aprendizagem colaborativa num curso de graduao em Pedagogia;

    Palalas (2011), que defende um aumento na proficincia do ingls para alunos

    canadenses adultos, a partir da adoo de atividades online e mvel que do

    suporte s atividades de classe; Graham (2013), que justifica a adoo de modelos

    proeminentes de blended learning no ensino superior e organiza sua pesquisa em

    torno dos temas da teoria, da eficcia da aprendizagem, satisfao dos alunos e do

    corpo docente, acesso e flexibilidade, e relao custo-eficcia. Os trabalhos da

    professora Claudia Warth18, da Universitt Tbingen, na Alemanha, revelam sucesso

    na aprendizagem de ingls como lngua estrangeira, apoiada pela web, pelo que a

    modalidade mista parece ser bastante adequada. A autora conclui que o papel do

    tutor online muito importante e abrangente, pois ele atua como organizador,

    motivador, facilitador e supervisor tcnico.

    Para Zurita e Nussbaum (2007), a dinmica de aprendizagem em um

    ambiente colaborativo converge para o incentivo mtuo entre os membros para

    questionamentos, argumentos e justificativa de suas opinies, articulao do

    16Disponvel em: < http://www.mimos.my/commercial-applications/tutor-ilms/>.17Disponvel em: .18Disponvel em:. Acesso em: 16 ago. 13.

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    raciocnio, e elaborao e reflexo sobre seus conhecimentos. Em suas pesquisas,

    citam Adams e Hamm (1996), Johnson e Johnson (1999) e Dillenbourg (1999), ao

    descreverem cinco fatores que contribuem para a eficcia de um ambientecolaborativo:

    Responsabilidade individual. Cada membro responsvel por seu prprio

    trabalho dentro do grupo (regras e papis individuais), bem como empregar

    esforos para aprender;

    Apoio mtuo. Alm de ser responsvel pela sua prpria aprendizagem, cada

    membro tambm responsvel por ajudar os colegas durante as interaes

    de grupo (regras de grupo e papis); Interdependncia positiva. O principal objetivo da atividade o objetivo do

    grupo. O sucesso, portanto, s alcanado quando todos os membros da

    equipe tenham atingido os seus objetivos individuais;

    Interao social face-a-face. A tomada de deciso deve envolver discusso

    entre os membros do grupo. A produtividade o produto da capacidade do

    grupo no que concerne a trocas de opinies e concesses para a construo

    de uma resposta consensual; A formao de pequenos grupos. Discusso, interao social e construo de

    consenso apresentam melhores resultados em pequenos grupos, de trs a

    cinco membros cada.

    Embora Zurita e Nussbaum (2007) se refiram modalidade presencial de

    ensino, os fatores supracitados podem ser transpostos para outras modalidades de

    ensino, como a mista e a no presencial.

    Mesmo com uma crescente produo acadmica sobre EAD, a literatura

    brasileira registra experincias recentes e promissoras no mbito da Msica,

    principalmente a partir da instalao da Universidade Aberta do Brasil (GOHN,

    2011). Souza (2003), por exemplo, prope um programa de educao musical a

    distncia para professores das sries iniciais do ensino fundamental. J Cernev

    (2012) tem como objetivo investigar a motivao dos alunos para a composio

    musical colaborativa no contexto escolar. A autora utiliza a Teoria da

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    33

    Autodeterminao19 para analisar as necessidades psicolgicas inatas dos

    indivduos que os tornam ativos, interessados e intrinsecamente motivados; ela

    tambm chama a ateno para duas realidades no processo educativo musical: ouso de ferramentas adequadas e a mediao de um professor que auxilia na

    motivao dos alunos, guiando-os num processo colaborativo. Embora Cernev

    (2012) no foque no uso de tecnologias informticas como ferramentas

    pedaggicas, ela conclui que um aluno motivado por aes colaborativas poder

    aprender msica em diferentes situaes e ambiente de ensino.

    Ho (2007) descreve as possibilidades de aprendizagem musical mediadas por

    tecnologias informticas. Seus experimentos envolveram cerca de 1.800 alunos de15 escolas secundrias em Xangai, na China20. Ho especialista em Educao

    Musical e professora do Departamento de Msica da Hong Kong University, e seus

    estudos revelam que a informtica pode proporcionar motivao para a

    aprendizagem da msica. A maioria dos alunos pesquisados admitiu usar o

    computador principalmente em suas atividades de escuta, mas acreditava que ele

    tambm poderia ser til na aprendizagem de estilos musicais clssicos e populares.

    A professora Wai-Chung Ho categorizou a (1) motivao dos alunos para aprender

    msica, (2) as atividades musicais preferidas e (3) os estilos musicais preferidos

    para a aprendizagem em sala de aula. Os resultados sugerem que o uso da

    tecnologia poderia extrapolar os limites da aprendizagem da msica na sala de aula,

    dando origem a uma variedade de novas e interessantes possibilidades. Uma

    barreira que os professores precisam aprender a usar as tecnologias modernas

    como ferramenta pedaggica, ao passo que os estudantes carecem de uma melhor

    orientao para usar a internet como um meio eficaz para a educao, j que esto

    conectados internet o tempo todo (HO, 2007).

    Em se tratando de cursos de Msica no Brasil, apenas sete cursos de msica

    a distncia, de nvel superior, podem ser encontrados no portal do Ministrio da

    19A Teoria da Autodeterminao analisa as razes pelas quais um indivduo se envolve ou no emdeterminada atividade (CERNEV, 2012; APPEL-SILVA, WENDT e ARGIMON, 2010).20De acordo com Wikipdia, a China apresenta um alto grau de qualidade em seu sistema pblico deensino, o qual reconhecido internacionalmente (Disponvel em:

    . Acesso em 24 ago. 2013). Malheiros (2011) acrescenta que em 2008 a Chinaocupava o 2 lugar no ranking de publicaes cientficas no mundo, ficando atrs apenas dos EstadosUnidos.

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    Educao21. Interessante que, no Brasil, s o com advento da internet surgiram

    cursos de Msica a distncia no ensino superior, exatamente no incio do corrente

    sculo. Provavelmente, sem a internet a interao entre professor e aluno fossebastante precria, inviabilizando o processo de aprendizagem musical, ou mesmo

    pela tecnofobia por parte dos professores de Msica, como afirma Naveda (2006).

    J no caso de cursos livres ou tcnicos em Msica, uma busca no Google com o

    input cursos de msica a distancia listaria centenas deles. Cursos de teoria da

    Msica e prtica instrumental oferecidos pela Escola Brasileira de Artes, por

    exemplo, podem ser conferidos em seu site ().

    A Subseo seguinte traz uma abordagem sobre vrios softwares, utilizveispedagogicamente no campo da Msica.

    2.1.1 Softwarese websites na pedagogia musical

    A web abriga vrias ferramentas que do suporte aprendizagem musical,

    sejam softwares off-line

    22

    sejam softwares hospedados em servidores web, comopor exemplo, as bibliotecas virtuais, as redes sociais23, e as plataformas de

    educao a distncia. Carvalho e Ivanoff (2010) destacam trs tipos de bibliotecas:

    as de interesse pblico24, as cientfico-acadmicas25 e as universitrias26. Essas

    bibliotecas so bastante teis para a aprendizagem e para a pesquisa acadmica,

    inclusive no campo da Msica, com destaque para a Rutgers University Libraries27e

    21O portal do MEC lista as seguintes instituies: Universidade de Braslia(UnB), UniversidadeFederal de So Carlos(UFScar), Universidade Metropolitana de Santos(UNIMES), UniversidadeVale do Rio Verde(UNINCOR), Universidade Federal do Rio Grande do Sul(UFRGS), CentroUniversitrio Claretiano(CEUCLAR) e Centro Universitrio do Sul de Minas(UNIS-MG). Maisinformaes podem ser acessadas no endereo . Acesso em: 18fev. 2013.22Os softwaresoff-linepodem ser instalados no computador do usurio a partir da web ou de umamdia, como o CD-ROOM, por exemplo, e seu funcionamento independe da web.23As sees subsequentes abordaro as redes socais, com nfase nas redes sociais educacionais.24Exemplos: o Portal Domnio Pblico (), o SciELO() e o Portal de Peridicos da CAPES().25Exemplo: ISI Web of Knowledge(), EBSCO (),

    Springer () e IEEE ().26Exemplo: a Biblioteca Virtual Universitria ().27Disponvel em: < http://www.libraries.rutgers.edu/indexes/grove_music>. Este site dispe dorecomendado Dicionrio Grove de Msica, entre vrios outros materiais.

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    a The Juilliard School28, entre muitas outras. Estes autores tambm destacam a

    Universia29, uma rede que promove colaborao institucional entre universidades, e

    disponibiliza gratuitamente livros e diversos materiais para download.Especificamente no campo da Msica, merecem destaque os sites o Ricci

    Adams Music Theory30, o Portal de Educao Musical Pedro II31, criado ainda em

    2009 e financiado pela Petrobras, dispondo de uma gama de material para alunos

    da educao bsica, alm de uma base de artigos, teses e dissertaes,

    estimulando a pesquisa entre os professores; tambm o EduMusical32. Desenvolvido

    pela Universidade de So Paulo USP, o portal destinado iniciao musical de

    crianas.Vrias universidades tambm oferecem materiais e cursos de msica a

    distncia em seus websites, inclusive no nvel de ps-graduao, como a University

    of Southern Queensland33, a Open University34, a Berklee College of Music35, a

    BostonUniversity36e o Massachusetts Institute of Technology (MIT)37.

    Um softwarebastante aceito entre os professores de msica brasileiros o

    Zorelha38, que virtualiza vrios instrumentos musicais e funciona tanto onlinequanto

    off-line, facultando ao usurio a instalao do Zorelha em seu computador39. Foi

    desenvolvido em 2008 pela Universidade do Vale do Itaja UNIVALI, e destinado

    28Disponvel em: .29Disponvel em: .30Disponvel em: < http://www.musictheory.net/>. Neste site podem ser encontrados contedos sobreTeoria da Msica, exerccios e outras ferramentas auxiliares. Uma verso em portugus pode serencontra neste link:.31Disponvel em: .32Disponvel em: . O PortalEduMusical um projeto desenvolvido noLaboratrio de Sistemas Integrveis (LSI) da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo com oapoio da Coordenadoria de Programas Educacionais da Orquestra Sinfnica do Estado de So Pauloe do CNPq. Uma das propostas do EduMusical o Editor Musical, uma ferramenta interativacolaborativa desenvolvida para apoio Educao Musical, destinada a atividades de composiomusical para iniciantes, podendo ser usado de forma individual e colaborativa, em redes locais ou delonga distncia, em aulas presenciais ou a distncia (FICHEMAN et al., 2003).33Disponvel em: .34Disponvel em: .35Disponvel em: . Esta instituio tambm oferece vrios cursos deextenso, online, na rea de Msica, atravs do endereo .36Disponvel em: .37Disponvel em: .38Disponvel em: . acesso em:22 ago. 2013.39Os links para instalao podem ser encontrados no seguinte endereo:. Acesso em: 22 ago. 2013.

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    ao desenvolvimento da percepo musical infantil, atravs da explorao sonoro-

    musical e interaes entre a criana e o computador (JESUS et al., 2010). No uso

    off-linedeste software, a colaborao possvel se uma criana interage com outra,presencialmente. Se as crianas no dividirem o mesmo espao, no haver

    aprendizagem colaborativa, a qual se faz importante no mbito da msica, inclusive.

    Duarte (2014) defende a sistematizao, teorizao e viabilidade do uso de

    dispositivos como smartphones e tablets nas prticas musicais e na educao

    musical. O autor conclui que a gama de aplicativos para tais dispositos pode ser

    uma ferramenta muito importante na pedagogia musical, principalmente no mbito

    da modalidade mista. J Araldi (2013) sugere uma reforma nos currculos dos cursosde licenciatura em Msica, que contemplem a aprendizagem colaborativa com o uso

    de aplicativos e de ambientes virtuais.

    H tambm autores que compilam listas de sites e softwares aplicados

    educao musical, dentre os quais: Silva (2011), Silva et al. (2011), Watson (2006),

    e Gohn (2011), para o qual havendo compromisso com o desenvolvimento da

    musicalidade dos alunos, poder ocorrer um aproveitamento bastante frutfero do

    acervo de softwaresmusicais existente (p. 78).

    Sobre os softwares sociais e aprendizagem musical, vale ressaltar os

    trabalhos de Waldron (2011), que apresenta um estudo de caso cujo objetivo

    examinar a aprendizagem musical informal e o ensino do banjo na comunidade de

    msica online Hangout Banjo (). Sob a prerrogativa de

    manter total imparcialidade e fazer uma observao autntica, a pesquisadora se

    utilizou da etnografia online, que combina imagens com os textos escritos (posts)

    nos fruns da comunidade. Waldron ampara seu mtodo numa literatura que

    considera a etnografia online como um "meio eficaz de coleta de dados e realizao

    de pesquisas em ambientes virtuais" (ATAY, 2009, apud WALDRON, 2011, p. 36);

    entretanto, houve triangulao dos dados atravs de questionrios e entrevistas

    transcritas. A autora conclui que a Hangout Banjo um excelente exemplo de

    comunidade onlineconstruda com "capital social" a partir do zero, preenchendo um

    nicho, um vazio, uma "obsesso" em membros e apresentando caractersticas

    semelhantes s encontradas em comunidades onlinede sucesso.

    Segundo a Wikipdia,

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    O termo software social foi utilizado inicialmente por estudiosos dananotecnologia para tentar descrever programas de computadorvoltados para a colaborao. O foco estaria em utilizar o poder doprocessamento dos computadores para permitir e estimular asrelaes de grupos. [] Software social [] incorpora noes deCSCW e comunidades virtuais e abrange ideias como a de jogosgrupais pela Internet e ferramentas que produzem colaborao onlinecomo as redes sociais40. (grifo meu).

    No caso de uso instrumentos musicais virtuais, ou seja, softwares que

    simulam instrumentos musicais ou sintetizam novos timbres, ainda h muitos

    desafios para os msicos deperformance (SOUZA E SILVA, 2012), mas Allison, Oh

    e Taylor (2013) propem uma interface multiusurio, compatvel com qualquer

    plataforma, e que fornea interaes via OSC41de e para o processamento de udio

    e vdeo em tempo real, com a finalidade de atingir potenciais artistas. O

    desenvolvimento dessas interfaces tornariam mundialmente colaborativas as artes

    criativas em msica. Embora a proposta da virtualizao de instrumentos esteja

    voltada performance musical, possvel colher dessa tecnologia para a educao

    musical; ou seja: na iniciao musical, a aplicao desses instrumentos virtuais

    poderia estimular os alunos na aprendizagem de ritmos, timbres, altura e tessitura,

    por exemplo.

    2.1.2 Redes sociais na aprendizagem

    Para Carvalho e Ivanoff (2010), as redes sociais tm representado uma

    febre nos ltimos anos, principalmente para os mais jovens: No fcil encontrar

    algum aluno que no esteja conectado a algumas delas (p.78). Estes autores

    lembram que j em 2008, 85% da populao brasileira acessou as redes sociais,

    com destaque para o Orkut, Facebook, MySpace, Sonico, Windows Live, Twitter,

    Hi5, Uolk, Gazzag, LinkedIn e Plaxo. Gomes et al.(2012) atestam maior importncia

    40Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2013.41Do ingls Open Sound Control, OSC um protocolo de comunicao entre computadores,sintetizadores de som e outros dispositivos multimdia que otimizado para a tecnologia de rede

    moderna. Trazendo os benefcios da tecnologia de rede moderna para o mundo dos instrumentosmusicais eletrnicos, as vantagens do OSC incluem a interoperabilidade, a preciso, flexibilidade emaior organizao e documentao. Disponvel em: .Acesso em: 19 jun. 2014.

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    para as duas primeiras. Mozdzenski (2012), Gohn (2011), Rudolph e Frankel (2009),

    Oliveira (2008) e Webb (2007) tambm chamam a ateno para o uso do Youtube42

    como ferramenta didtica.Sobre as potencialidades das redes sociais, Morais et al.(2011) afirmam:

    As redes sociais na Web emergem das prticas de interacoorientadas para a partilha e formao de grupos de interesse queesto na origem das narrativas digitais da sociedade doconhecimento. O sentido da construo colectiva e colaborativa naWeb constitui uma das principais caractersticas destasorganizaes, para alm da flexibilidade e da complexidade dossistemas de informao, aprendizagem e conhecimento (p. 1536).

    Mesmo em face de tantos recursos de que dispe a internet, inclusive com

    resoluo de dvidas, ela no cria o sentimento de pertencimento, que a marca

    das comunidades virtuais43, como observa Gohn (2011).

    As comunidades virtuais so agregados sociais surgidos naRede, quando os intervenientes de um debate o levam por diante emnmero e sentimento suficientes para formarem teias de relaespessoais no ciberespao (RHEINGOLD, 1993, apud GOHN, 2011, p.

    94).

    A formao de comunidades virtuais, no mbito da aprendizagem, remete

    [] valorizao das interaes possveis com as redes decomputadores, reconhecendo a internet como meio vivel parachegar ao sentimento de pertencimento a um grupo. Para aeducao a distncia, essa possibilidade vem contra a ideia deisolamento dos alunos, separados de seus colegas e professores portelas de monitores. Pelo contrrio, eles estojuntos por meio de seus

    computadores, criando um ambiente em que potencialmente todosaprendem a partir de todos (GOHN, 2011, p. 94).

    Em detrimento do suposto isolamento causado pelo computador, Sylvestre

    (2012), que examina as prticas sociais que permeiam as redes sociais, prope o

    uso de redes sociais na aprendizagem, salientando a relevncia das interaes

    digitais e a formao crtica que a escola pode oferecer aos alunos, a partir da

    adoo dessas tecnologias.

    42Disponvel em: .43Autores como Salavuo (2006) preferem o termo comunidades online, sob a prerrogativa de que asrelaes entre os membros acontecem num mundo real.

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    J o estudo quantitativo de Asl et al. (2011), que investiga a relao entre o

    desempenho educacional de um grupo de estudantes de engenharia eltrica e o

    papel e importncia dos atores numa rede social, no encontrou qualquer relaodireta ou inversa entre redes sociais e o desempenho educacional.

    Semelhantemente, Yang (2003) afirma que o uso de redes sociais no

    determinante no desempenho dos alunos. Entretanto, outros autores como Morais

    et al.(2011) e Sylvestre (2012), por exemplo atestam a potencialidade das redes

    sociais na aprendizagem.

    2.1.3 As redes sociais educacionais

    Uma rede social dita educacional quando concebida para propsitos de

    ensino e aprendizagem.

    Os softwares sociais so artefatos que promovem a comunicaoentre os atores do processo de ensino e aprendizagem antes de

    qualquer outro fenmeno cognitivo. Os processos de comunicaodesdobram-se em fenmenos de comunicao sncronos eassncronos, colaborao, percepo social, aprendizagem em redee autorregulao da aprendizagem (GOMES, 2012, p. 21).

    No prefcio do livro Educar com o Redu (GOMES et al., 2012), o professor

    Romero Tori registra que a Escola deve se adaptar cultura qual seu aluno

    pertena, e que imprescindvel que incorpore a cultura das redes sociais, da

    interatividade, da permeabilidade virtual-real, das comunidades colaborativas,

    cultura essa que j , ou est se tornando, realidade em praticamente todas as

    camadas sociais. Assim, as redes sociais (especialmente as educacionais) buscam

    fomentar um novo paradigma de ambiente virtual de aprendizagem, em que

    professores, alunos e contedos convivem, interagem e se aproximam, sem

    barreiras, sem burocracias e sem distncia transacional (GOMES et al., 2012). A

    Teoria da Distncia Transacional est relacionada ao espao psicologgico e

    comunicacional ensejado pela distncia geogrfica entre aluno e professor

    (MOORE, 2013). Para este autor, a aprendizagem tende a ser mais eficaz quandoessa distncia encurtada.

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    As redes sociais educacionais mais conhecidas so Edmodo44, teamie45, tria46

    (das editoras tica e Scipione), e Redu47, sendo estas duas ltimas nacionais.

    Oliveira e Oliveira (2012) citam a Schoology48

    , a Lore49

    , a Passei direto50

    e a Ebah51

    ,sendo estas trs ltimas voltadas para o pblico do ensino superior. A wikipedia 52

    tambm lista outras redes sociais educacionais, como a Students Circle Network53, a

    germnica StudiVZ54, a polonesa Nasza-klasa.pl55, a Classmates.com56, criada em

    1995, nos Estados Unidos, e aAcademia.edu57, muito difundida entre acadmicos e

    pesquisadores. Outras redes sociais tambm so utilizadas em diversos setores,

    como negcios, relacionamentos, interao entre autores e leitores,

    compartilhamento de msica, etc (YAU et al., 2012). Em 2013, por exemplo, foilanada em So Paulo/SP a Cinese.me58; h tambm a Cartase59, destinada

    captao de recursos para a realizao de projetos.

    2.1.4 Interao nas redes sociais

    A pesquisa de Bruno e Munoz (2010) investiga como os vrios nveis de

    mediao interferem na relao sujeito x objeto, e no processo de aprendizagem.

    Atravs de uma abordagem psico-cognitiva, os autores concebem um sistema que

    revela as interaes no processo de ensino e aprendizagem. Essas interaes

    podem ocorrer mesmo que o indivduo no esteja consciente da representao

    mental de seu ambiente. Porm, a mediao material ou abstrata entre o sujeito e o

    44Disponvel em: < http://www.edmodo.com/?language=pt-br >.45Disponvel em: < http://theteamie.com/>.46Disponvel em: < http://www.redetria.com.br/_layouts/PaginasIniciais/Inicio.aspx >.47Disponvel em: < http://redu.com.br/>.48Disponvel em: < https://www.schoology.com/home.php >.49Disponvel em: < http://lore.com/ >.50Disponvel em: < http://passeidireto.com/ >.51Disponvel em: < http://www.ebah.com.br/ >.52Disponvel em: < http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_social_networking_websites >. Acesso em: 25mar. 2013.53Disponvel em: < http://studentscircle.net/about/us>.54Disponvel em: < http://www.studivz.net/Default >.55Disponvel em: < http://nk.pl/ >.56Disponvel em: < http://www.classmates.com/ >.57Disponvel em:< http://academia.edu/ >.58Disponvel em: .59Disponvel em: .

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    objeto um fator preponderante. Eis os nveis de interao no processo de ensino e

    aprendizagem, partindo da relao sujeito x objeto, nessa ordem: professor

    artefatos situaes de aprendizagem comunidade e sala de aula.Em se tratando do nvel mais abrangente (comunidade e sala de aula),

    considera-se a escola como um ambiente relevante, e a sala de aula como uma

    comunidade especfica. J a situao de aprendizagem remete aos vrios tipos de

    atividades e contedos propostos aos alunos e organizao espao-temporal em

    que se aplicam essas atividades e contedos. A mediao artefatual consiste em

    que a pedagogia considere o cotidiano do aprendiz, enquanto a mediao do

    professor deva estimular que um aluno mais experiente torne-se tutor para ummenos experiente.

    As situaes de aprendizagem remetem pedagogia e didtica. Neste nvel

    de interao, o professor concebido como gestor do conhecimento (TAUBER,

    1999; TOCZEK e MARTINOT, 2004), servindo-se de uma abordagem socio-

    construtivista, em que os alunos interagem com o professor, artefatos e seus pares,

    a fim de dominar o objeto final em situaes no didticas. As situaes no

    didticas so as situaes onde no h mediao do professor para a resoluo de

    um problema.

    Brousseau (1997) sugere que uma situao de aprendizagem tem quatro

    fases: [co]ao, verbalizao (descrio das estratgias para resoluo do

    problema), validao (comparao e avaliao das estratgias) e institucionalizao

    (pelo professor e recursos acadmicos utilizados). A institucionalizao, portanto,

    refere-se ao artefato como mediao entre o sujeito e o objeto. A associao desse

    artefato com a ao do sujeito que d origem gnese instrumental de Rabardel

    (2002; 2003). Essa gnese se subdivide em duas. A primeira, gnese de

    instrumentalizao, alude concepo da ferramenta, enquanto a segunda,

    gnese de instrumentao, se refere capacidade de aplicao dessa ferramenta

    (RABARDEL, 2003).

    No que tange instrumentalizao, Rabardel (2002) defende que o artefato

    seja til na interao sujeitox sujeitoa fim de que a aprendizagem tenha sucesso.

    Importante ressaltar que essa utilidade construda pelo aprendiz.

    A segunda gnese diz respeito possibilidade de ressignificao da utilidade

    do artefato pelo aprendiz. O professor Pierre Rabardel ainda chama a ateno para

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    a forma como os indivduos interagem com os artefatos, definindo-os como um

    conjunto de objetos transformados pelo homem.

    Neste contexto, podemos afirmar que uma ferramenta alcana os efeitos paraos quais foi construda somente quando ela compreendida pelo usurio e

    compatvel com sua capacidade de utilizao. Logo, justifica-se a elicitao de

    requisitos para elaborao de qualquer sistema computacional, a fim de que os

    desenvolvedores atendam os usurios nas suas reais necessidades. De forma geral,

    uma ferramenta deve exigir o mnimo de formao para sua utilizao, inclusive

    porque, segundo Vygotsky (1978; 1979), o formal no mais importante que a

    interao no desenvolvimento do indivduo, ou seja: qualquer artefato deve serintuitivo.

    Em se tratando de interao e mediao, os estudos de Julio et al. (2011)

    investigam o engajamento de alunos do ensino mdio em aulas de fsica,

    identificando a importncia da mediao do professor, inclusive salientando que este

    no deve apenas despertar o interesse de seu aluno, mas criar caminhos que o

    conduzam ao engajamento. Para isto, o professor precisa no s de estar

    consciente do seu papel, mas ser ativo e, no melhor sentido da palavra, usar de sua

    autoridade, como defendem Freire e Shor (1997) e Julio e Vaz (2005), citados por

    Julio et al. (2011).

    Ainda sobre o ambiente e a comunidade, Vygotsky preconiza que a cultura

    fundamental para o desenvolvimento das funes mentais. O processo de absoro

    da cultura acontece primeiro em nvel social e mais tarde em nvel individual. Isto

    significa que para o sujeito aprender, ele precisa conciliar sua prpria identidade

    com o que a sociedade diz sobre tal conhecimento, pois a cultura molda a mente, ou

    seja: a atividade mental no se isola do contexto social.

    Bruner (2006) aponta dois modelos de cultura: pr-industrial e ps-industrial.

    No primeiro modelo, a aprendizagem se d por processos imitativos, com atividades

    do cotidiano. No modelo de cultura ps-industrial a aprendizagem se d na

    academia. Para os dois casos, as Leis Jules Ferry apregoam que a cincia e seus

    benefcios so para todos, a fim de que todos possam agir e mudar a sociedade,

    opondo-se ao modelo de educao tecnicista ps-industrial60.

    60JulesFerry (1832 1893) foi um advogado, jornalista e poltico francs. Foi o ministro da educao(Ministre de l'Instruction Publique) que tornou a escola francesa laica (ou seja, religiosamente neutra)

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    Se as instituies de ensino so produtos da cultura, e a cultura molda a

    mente, cada aprendiz no s passvel das influncias sociais, mas tambm do seu

    prprio eu, na construo do conhecimento. E justamente das relaescomplexas entre indivduo e sua comunidade, que surge o conceito de atividade, o

    qual discutido no captulo seguinte.

    As tecnologias de aprendizagem podem ser utilizadas em situaes de

    distncia, bem como para reforar a aprendizagem colaborativa, onde a

    comunicao imita a interao presencial (DILLENBOURG et al., 2009). As redes

    sociais virtuais surgem como uma nova ferramenta para interao. A virtualizao

    das redes sociais criou vastos campos de ligao entre pessoas (GOMES et al.,2012).

    Um sistema informtico e colaborativo um sistema no qual temos usurios

    com os mesmos objetivos e condies para que possam compartilhar informaes

    (SILVEIRA e LEITE, 2009).

    Os estudos da linguagem e tecnologia de Xavier (2009) atribuem extrema

    importncia interao entre indivduos:

    A falta de evidncia da participao do outro, figuraindispensvel ao processo comunicativo porque pe emfuncionamento a alteridade e a heterogeneidade prprias dalinguagem, fragiliza as relaes dialgicas. Deixa-as susceptveis aquebras, interrupes e, s vezes, at ao abandono total pelosinterlocutores. A ausncia de feedbackpe em colapso toda intensode interao (p. 217).

    Embora a fala de Xavier (2009) no remeta interao na aprendizagem,

    esta prescinde daquela. E OBrien e Toms (2008) consideram que o feedback na

    interao um atributo do engajamento, no sentido de que o aluno engajado

    naturalmente motivado a oferecer feedbackno processo de interao.

    A possibilidade de interao num AVA, comparada com episdios

    presenciais, faculta uma base de opinies dos participantes, alm de uma maior

    flexibilidade de formas de comunicao. As pesquisas de Gomes et al. (2010; 2011),

    por exemplo, diagnosticaram que os participantes de uma rede social educacional

    e (politicamente) republicana. Segundo a Wikipdia, Ferry dissolveu os jesutas, criou os primeirosliceus e colgios para moas, e tornou o ensino primrio gratuito na Frana (lei de 16 deJunho de 1881) e obrigatrio (lei de 28 de Maro de 1882). Jules Ferry foi um adepto dasideias positivistas de Auguste Comte, que o inspirou nas suas reformas do sistema educativo francs.

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    O engajamento, segundo Campello (2005), est relacionado predisposio

    do indivduo em participar da atividade, ao passo que a interao se refere

    participao nas diferentes aes. Ou seja, o primeiro atributo se refere ao quantoum indivduo se envolve na atividade, enquanto o segundo ao tipo da ao

    executada. O Quadro 1 compila os indicadores de interao e engajamento,

    utilizados por Campello (2005).

    Quadro 1 - Indicadores de interao e de engajamento utilizados no experimento de Campello

    (2005).

    Atributo Mtrica

    Interao Nmero de sujeitos que fizeram pelo menos uma contribuio nas

    sees (mural da disciplina e mural da aula);

    frequncia aos bate-papos;

    Engajamento Quantidade de acessos plataforma;

    nmero de contribuies no mural;

    nmero de exerccios concludos.

    Para categorizar e avaliar os modos de interao no mural e no bate-papo,

    Campello (2005) usou da tcnica de Garrisom, Anderson e Archer (2001), alterando-

    a. A ideia que os indivduos se utilizam do dilogo como um artefato psicolgico,

    com a inteno de influenciar o comportamento uns dos outros. Essa a interao

    vygotskyana, a qual importante no processo de aprendizagem. Garrisom,

    Anderson e Archer (2001) propunham quatro categorias de discurso, a fim de refletir

    os estgios do pensamento crtico em escala crescente: provocao, explorao,integrao e resoluo. Entretanto, Campello (2005) acrescentou mais duas

    caractersticas: a sociale aprocedural. A primeira categoriza as falas que objetivam

    a socializao entre os usurios, ao passo que a segunda representa as falas que

    buscam explicaes sobre assuntos da disciplina. Campello (2005) preconiza que as

    categorias por ele propostas no visam refletir estritamente estgios cognitivos,

    como o fizeram Garrisom, Anderson e Archer (2001). Em suma, os atributos

    utilizados por Campello (2005) mostrariam quantitativamente as aes executadaspelos usurios. No contexto desta dissertao no haver categorizao dos

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    discursos dos participantes, como o fez Campello (2005), j que a anlise tem o foco

    na atividade.

    2.2 Engajamento na aprendizagem na modalidade mista de ensino

    A configurao dos meios, das formas e dos contextos de interao na rede

    realizada atravs da mediao digital. Porm, este processo estende-se para alm

    da perspectiva tecnolgica da mediao, incidindo de forma particular nas prticas

    de mediao social e cognitiva entre os membros que integram a rede,

    transformando o conjunto dessas prticas numa narrativa coletiva e na construo

    de conhecimento partilhada pela comunidade (MORAIS et al.,2011).

    Segundo Brito (2010), uma plataforma de educao a distncia capaz de

    envolver os alunos quando suas tecnologias oferecem, entre outros recursos,

    facilidade de uso, int