View
222
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
1/161
Ps-Graduao em Cincia da Computao
ENGAJAMENTO DISCENTE NA MODALIDADE
MISTA DE ENSINO: UM ESTUDO DE CASO DA
APRENDIZAGEM MUSICAL COM REDES
SOCIAIS EDUCATIVAS
Por
MANASSS BISPO DA SILVA
Dissertao de Mestrado
Universidade Federal de [email protected]
www.cin.ufpe.br/~posgraduacao
RECIFE2014
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
2/161
ESTE TRABALHO FOI APRESENTADO PS-GRADUAO EMCINCIA DA COMPUTAO DO CENTRO DE INFORMTICA DAUNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO COMO REQUISITOPARCIAL PARA OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIADA COMPUTAO.
ORIENTADOR: ALEX SANDRO GOMES.
RECIFE2014
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
3/161
Catalogao na fonteBibliotecria Monick Raquel Silvestre da Silva CRB4-1217
S586e Silva, Manasss Bispo da.Engajamento discente na modalidade mista de ensino: um
estudo de caso da aprendizagem musical com redes sociaiseducativas / Manasss Bispo da Silva Recife: O Autor, 2014.
160 f.: il., fig.
Orientador: Alex Sandro Gomes.Mestrado (Dissertao) Universidade Federal de
Pernambuco. CIn. Cincia da Computao, 2014.Inclui referncias e apndices.
1. Interao homem-mquina. 2. Aprendizagem colaborativa. 3.
Educao. I. Gomes, Alex Sandro (orientador). II. Titulo.
004.019 CDD (23. ed.) UFPE-MEI - 159
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
4/161
Dissertao de Mestrado apresentada por Manasss Bispo da Silva Ps-Graduao em
Cinciada Computao do Centro de Informtica da Universidade Federal de Pernambuco,
sob o ttulo ENGAJAMENTO DISCENTE NA MODALIDADE MISTA DE ENSINO:
UM ESTUDO DE CASO DA APRENDIZAGEM MUSICAL COM REDES SOCIAIS
EDUCATIVAS, orientada pelo Prof. Alex Sandro Gomes e aprovada pela Banca
Examinadora formada pelos professores:
__________________________________________________Profa. Simone Cristiane dos Santos Lima
Centro de Informtica / UFPE
__________________________________________________
Prof. Daniel Marcondes Gohn
Departamento de Artes e Comunicao / UFSCar
__________________________________________________
Prof. Dr. Alex Sandro Gomes
Centro de Informtica / UFPE
Visto e permitida a impresso.
Recife, 8 de agosto de 2014.
___________________________________________________
Profa. Edna Natividade da Silva BarrosCoordenadora da Ps-Graduao em Cincia da Computao do
Centro de Informtica da Universidade Federal de Pernambuco.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
5/161
Dedico este trabalho minha querida esposa RUBIA e ao meu filho VINCIUS, meu
querido, os quais merecem todo meu engajamento.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
6/161
Agradecimentos
Sobretudo agradeo a Deus, autor da vida, Pai bondoso e amigo fiel, atravs
de quem tudo se fez, e em quem tudo se refaz;
minha esposa Rubia, e ao meu filho Vincius, pedaos de mim, pelo amor e
pacincia a mim devotados;
Aos meus pais, irmos e parentes pelo apoio, incentivo e oraes;
Aos amigos do CCTE e do Redu, pelas contribuies;
Aos mestres Nelson Almeida, Rodrigo Luna, Paulo Lima, Cristiane Almeida,
Adriano Pinheiro, Dra Padilha e demais colegas de trabalho;
estimada professora Juciane Araldi e demais colegas do TEDUM;
Ao amigo e irmo Jaziel Vitalino, e demais colegas do Mustic, por todo o
apoio;
Aos amigos Marcelo Tabarelli e Miriam Camargo Guarnieri, por acreditarem
em mim e me incentivarem no incio de tudo;
Aos dirigentes da ETECM, do STBNB, e do CEMO e aos professores
Rogrio, Ismael, Elieny e Robson pelo apoio prestado;
Aos meus ex-alunos, amigos e irmos do Templo Central das Assembleias
de Deus em Pernambuco, em especial de sua Escola de Msica e da
Orquestra Doce Harmonia;
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
7/161
Especialmente ao amigo e orientador Professor Doutor Alex Sandro Gomes,
pelas lies, compreenso, disponibilidade e extrema dedicao em todos os
momentos de construo deste estudo;
Aos participantes desta pesquisa;
Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente contriburam para o
presente trabalho, seja pelo apoio, seja pela confiana, indispensveis pra
mim.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
8/161
Confia no Senhor de todo o teu corao, e no te estribes no teu
prprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, eele endireitar as tuas veredas. No sejas sbio a teus prprios
olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.
Provrbios 3:5-7
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
9/161
Resumo
Atualmente, o Brasil assume uma das maiores audincias de internet e redes sociais
do mundo. O uso de redes sociais na Educao tem sido discutido por vrios autores,
como uma alternativa para manter os alunos conectados mesmo fora da sala de aula,
dadas as suas caractersticas de interao e compartilhamento, que viabilizam a
aprendizagem colaborativa. Neste contexto, as redes sociais educativas seriam
preferidas pelos alunos, em detrimento das plataformas tradicionais de Educao a
Distncia (EAD). No mbito da formao superior em Msica, h apenas sete cursos a
distncia em todo pas, mas nenhum utiliza redes sociais. Inclusive, embora a oferta de
Graduao em Msica a distncia seja crescente, estudos revelam que, de um modo
geral, alunos preferem a modalidade mista a EAD, em virtude da valorizao das
interaes presenciais, facultadas por aquela modalidade, e que historicamente tem
sido a base para o ensino de Msica desde sculos remotos. O objetivo geral desta
pesquisa avaliar a efetividade da modalidade mista com o uso de rede social
educativa sobre o engajamento na aprendizagem musical. A coleta de dados foi
triangularizada com observao e aplicao de questionrio online e entrevista
semiestruturada. Os resultados apontam para indcios de engajamento discente, e
consequente melhoria da qualidade do ensino, a partir da discusso sobre fatores que
impactam positivamente ou negativamente o engajamento dos alunos, luz da Teoria
da Atividade, culminando na elicitao de requisitos para redes sociais educativas no
contexto da Educao Musical.
Palavras-chave: Engajamento. Modalidade mista. Rede social educativa.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
10/161
Abstract
Currently, Brazil assumes one of the highest rates of internet and social networking use
in the world. The utilization of social networking in education has been discussed by
several authors, as an alternative to keep students connected even outside the
classroom, given their interaction and sharing features that enable collaborative
learning. In this context, the educational social networks would be preferred by
students, to the detriment of the traditional distance education platforms. In the context
of college education in music, there are only seven distance courses throughout the
country, but none uses social networks. Even though the distance Music graduation
offer is increasing, studies show that, in general, students prefer the mixed mode
instead of the distance education, due to the enhancement of classroom interactions,
provided by mixed mode, and it has historically been the basis for teaching music since
early centuries. The overall objective of this research is to evaluate the effectiveness of
the mixed mode with the use of social networking in education on engagement in
learning music. Data collection was performed with observation, online questionnaire
and semistructured interviews. The results point to evidence of student engagement,
and thereby improving the quality of education, from the discussion of factors that
positively or negatively impact students engagement, according to the Theory of
Activity, culminating in the elicitation of requirements for educational social networks in
the context of Music Education.
Keywords: Engagement. Blended learning. Educational social network.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
11/161
Lista de Figuras
FIGURA 1-ILUSTRAO DO MODELO BLENDED LEARNING................................................... 29FIGURA 2-DINAMISMO ENTRE OS NVEIS DE UMA ATIVIDADE,(ADAPTADO DE BARBOSA E SILVA,
2010,P.70) ............................................................................................................. 58
FIGURA 3-DIAGRAMA DE ENGESTRM,ILUSTRANDO A TEORIA DA ATIVIDADE DE LEONTIEV. .. 59
FIGURA 4-TEIA INTERCONECTADA DE ATIVIDADES,ADAPTADO DE CRUZ NETO,GOMES E
CASTRO (2004).........................................................................................................62
FIGURA 5-FRAMEWORK PARA CSCL,BASEADO NO DIAGRAMA DE ENGESTRM,ADAPTADO DE
JONASSEN E ROHRER-MURPHY (1999). ..................................................................... 63
FIGURA 6-OCOMPONENTE 'REDE',CONFORME FRAMEWORK PARA CSCL,DE JONASSEN E
ROHRER-MURPHY (1999)..........................................................................................63
FIGURA 7-USABILIDADE PARA APRENDIZAGEM DEVE PROPOR MEDIDAS AO NVEL DA ATIVIDADE,
CONFORME CAMPELLO (2005). .................................................................................. 65
FIGURA 8-OVERVIEW DO MTODO ADOTADO NESTA PESQUISA. .......................................... 67
FIGURA 9-PLANEJAMENTO DO PROFESSOR PARA O TPICO COMO SE PREPARA UMA AULA?.. 72
FIGURA 10-PGINA DO CURSO TECNOLOGIAS DIGITAIS APLICADAS AO ENSINO DA MSICA,
CRIADA NO AVAMSICADA REDU. .......................................................................... 79
FIGURA 11-INTERAO ENTRE OS PARTICIPANTES DO CURSO. ............................................ 80
FIGURA 12-HIERARQUIA DE UM AVANA REDU:AMBIENTE=>CURSO=>DISCIPLINA=>
MDULO=>AULA ..................................................................................................... 89
FIGURA 13-VISUALISANDO CONTEDO DA DISCIPLINA PRTICA DO ENSINO DA MSICA 2 ...... 89
FIGURA 14-MODELAGEM DA ATIVIDADE CONFORME ENGESTRMADAPTADO DE OLIVEIRA ET
AL.(2009) ................................................................................................................ 90
FIGURA 15-TELA INICIAL DA REDU................................................................................... 94
FIGURA 16-TELA DE CADASTRO DA REDU......................................................................... 95
FIGURA 17-PARTICIPANTE UTILIZANDO O CHATPARA TIRAR DVIDA SOBRE COMO UTILIZAR A
REDU ....................................................................................................................... 96
FIGURA 18-COMENTRIO LONGO NO MURAL DA REDU,ULTRAPASSANDO O LIMITE DE
CARACTERES.......................................................................................................... 131
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
12/161
Lista de Quadros
QUADRO 1-INDICADORES DE INTERAO E DE ENGAJAMENTO UTILIZADOS NO EXPERIMENTO DE
CAMPELLO (2005). ................................................................................................... 45
QUADRO 2-NVEIS DE UMA ATIVIDADE,SEGUNDO LEONTIEV,ADAPTADA DE CAMPELLO (2005,
P.40). ..................................................................................................................... 57
QUADRO 3JUSTIFICATIVA DOS ITENS DA ENTREVISTA. .................................................... 777
QUADRO 4-PORQU FCIL USAR A REDU. .................................................................... 822
QUADRO 5-PORQU PRETENDO USAR A REDU EM MINHA PRTICA DOCENTE. .................... 833
QUADRO 6DESMEMBRAMENTO DA ATIVIDADE PARA A TRADE ATIVIDADE-AO-OPERAO,A PARTIR DO PLANEJAMENTO DO PROFESSOR PARTICIPANTE,SEGUNDO LEONTIEV (1978;
1979)ADAPTADO DE OLIVEIRA ET AL.(2009). ........................................................ 911
QUADRO 7-CARACTERSTICAS POSITIVAS PARA O FATOR USABILIDADENA REDU.................. 97
QUADRO 8-QUAIS SO OS MELHORES ASPECTOS QUE A ESCOLA POSSUI PARA ENVOLVER OS
ALUNOS NA APRENDIZAGEM? .................................................................................... 102
QUADRO 9-DEPOIMENTO DOS PARTICIPANTES SOBRE O QUE A INSTITUIO PODERIA FAZER
PARA MELHORAR O ENGAJAMENTO DISCENTE.......................................................... 1033QUADRO 10-AINSERO DA MODALIDADE COM O USO DE UMA REDE SOCIAL EDUCACIONAL
INFLUENCIA A SENSAO DE PERTENCIMENTO COMUNIDADE ESCOLA? .................. 10909
QUADRO 11-MOTIVAO DOS PARTICIPANTES PARA REALIZAR A ATIVIDADE..................... 1111
QUADRO 12-DEPOIMENTOS SOBRE BENEFCIOS RELACIONADOS MODALIDADE MISTA..... 1200
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
13/161
Lista de Grficos
GRFICO 1-AVALIAO DOS TEMAS ABORDADOS NO CURSO. ............................................ 811
GRFICO 2-EXPERINCIA COM AVA ............................................................................... 811
GRFICO 3-FCIL UTILIZAR A REDU? ........................................................................... 811
GRFICO 4-FAIXA ETRIA DOS PARTICIPANTES................................................................ 855
GRFICO 5-ATIVIDADES QUE OS ALUNOS REALIZAM MAIS FREQUENTEMENTE COM O
COMPUTADOR. ........................................................................................................ 866
GRFICO 6-REDES SOCIAIS MAIS USADAS PELOS PARTICIPANTES. .................................... 866
GRFICO 7-PREFERNCIA DOS PARTICIPANTES PELA MODALIDADE PRESENCIAL,NO INCIO DO
EXPERIMENTO. ........................................................................................................ 866
GRFICO 8-REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTAS VLIDAS PARA A APRENDIZAGEM MUSICAL.
............................................................................................................................. 877
GRFICO 9-RESPOSTAS DOS ALUNOS RELATIVAS AO ESFORO PARA CONSTRUIR ATIVAMENTE
O CONHECIMENTOESCALA 2DO SEQ(COATES,2009) ...................................... 1066
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
14/161
Principais Abreviaes
AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem
EAD Educao a Distncia
IHC Interao Humano-Computador
MEC Ministrio da Educao
CCTE Grupo de Pesquisa em Cincias Cognitivas e Tecnologias Educacionais
GPMAC Grupo de Pesquisa em Msica Aplicada a Computador
LMS Learning Management System
CSCL Computer Supported Collaborative Learning
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
15/161
Sumrio
1. INTRODUO ..................................................................................................... 1661.1 JUSTIFICATIVA....................................................................................................... 181.2 PROBLEMA E QUESTO DE PESQUISA................................................................... 2111.3 HIPTESE........................................................................................................... 2331.4 OBJETIVOS ......................................................................................................... 233
1.4.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 2331.4.2 Objetivos Especficos ................................................................................ 233
1.5 OPESQUISADOR ................................................................................................. 2331.6 ESTRUTURA DA DISSERTAO.............................................................................. 244
2. ENGAJAMENTO NA MODALIDADE MISTA DE ENSINO................................. 266
2.1 AMODALIDADE MISTA DE ENSINO.......................................................................... 2882.1.1 Softwares e websites na pedagogia musical ............................................... 342.1.2 Redes sociais na aprendizagem .................................................................. 372.1.3 As redes sociais educacionais ..................................................................... 392.1.4 Interao nas redes sociais ....................................................................... 400
2.2 ENGAJAMENTO NA APRENDIZAGEM NA MODALIDADE MISTA DE ENSINO...................... 4662.2.1 Engajamento em plataformas colaborativas .............................................. 5112.2.2 Engajamento na aprendizagem musical .................................................... 533
3. REFERENCIAL TERICO ................................................................................... 566
3.1 TEORIA DA ATIVIDADE E O MODELO DE NILSEN....................................................... 644
4. MTODO DE PESQUISA .................................................................................... 666
4.1 FORMAO DE PROFESSORES NO CONTEXTO DA PESQUISA...................................... 684.2 EXPERIMENTO..................................................................................................... 700
4.2.1 Participantes .............................................................................................. 7004.2.2 Procedimentos ........................................................................................... 7114.2.3 Coleta ........................................................................................................ 7334.2.4 Anlise de dados ....................................................................................... 755
5. ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS .................................................... 78
5.1 AVALIAO DO CURSO DE FORMAO DE PROFESSORES.......................................... 79
5.2 ANLISE DO ENGAJAMENTO ................................................................................. 8445.2.1 Perfil detalhado dos partipantes ................................................................ 8445.2.2 Modelagem da atividade .............................................................................. 885.2.3 Usabilidade para a aprendizagem ............................................................. 9225.2.4 As escalas de engajamento ..................................................................... 10115.2.5 Fatores que impactam o engajamento .................................................... 1122
6. CONSIDERAES FINAIS ............................................................................... 1322
6.1 CONTRIBUIES................................................................................................ 13336.2 LIMITAES DO ESTUDO..................................................................................... 13446.3 TRABALHOS FUTUROS....................................................................................... 1355
REFERNCIAS ....................................................................................................... 13737
APNDICES .............................................................................................................. 1533
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
16/161
APNDICEATERMODECONSENTIMENTO ..................................................... 154APNDICEBQUESTIONRIOELETRNICO .................................................... 155
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
17/161
16
Captulo
11. Introduo
Este captulo faz uma abordagem inicial sobre engajamento e a modalidade
mista de ensino; relata as principais motivaes para realizao deste trabalho, sua
justificativa, questo de pesquisa, lista os objetivos de pesquisa almejados e,
finalmente, mostra como est estruturada a dissertao.
As constantes mudanas que ocorrem nos processos de ensino e aprendizagem
instigam uma melhoria contnua na interao de informaes. Paralelamente, a
globalizao e a necessidade de racionalizao do tempo exigem o desenvolvimento
de novos mtodos de transmisso de conhecimento. Na verdade, a inovao
tecnolgica tem assumido um papel vital na educao (VALDEZ, FERREIRA, e
MACIEL BARBOSA, 2013).
Com a insero das tecnologias da informao na educao, surgem novas
formas de aprendizagem, que otimizam tempo e espao, donde concebe-se a
modalidade de ensino a distncia, tal como conhecida hoje, e est sendo
amplamente utilizada em diferentes reas do conhecimento. A educao a distncia
faculta o processo de ensino e aprendizagem sem interao face a face, sendo a
construo do conhecimento mediada pela tecnologia.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
18/161
17
Em todo esse processo educativo, a internet considerada uma importante
ferramenta, pois promove a comunicao interativa entre os usurios e a liberdade
daquele que busca a informao, coincidindo com a ideia da educao a distncia e
favorecendo a aprendizagem colaborativa (RODRIGUES et al., 2011, p. 5). Cavalcante
(2002) tambm concorda que a internet o espao mais inovador para o ensino adistncia. Vale salientar que no processo educativo, inclusive em se tratando da
educao musical a distncia, a interao e a colaborao entre pares so de
fundamental importncia, como destacam Souza (2003), Kember (2007) e Beer, Clark
e Jones (2010). A este respeito, Gohn (2011, p. 91) assim se expressa:
[] um estudante desenvolvendo a tcnica instrumental ao pianopoder estar insatisfeito com seu desempenho ao executar escalas,
porque aps um determinado perodo de estudos no consegueprogredir para andamentos mais rpidos no metrnomo.Provavelmente, o maior alento para este indivduo viria de outrosalunos, comentando o mesmo problema e depois de muita persistnciachegaram a seus objetivos. Aqui, o recurso tecnolgico funciona apenasse utilizado como meio de conexo para redes sociais de apoiocognitivo e afetivo.
Prticas de interao e colaborao em ambientes virtuais derimem barreiras
geogrficas e temporais (BRANDO, 2004), como supracitado no exemplo dado por
Gohn (2011). Portanto, inserir tais prticas no mbito do ensino da Msica, queusualmente acontece na modalidade presencial, desde vrios sculos, uma questo
que recentemente1 tem despertado o interesse de alguns pesquisadores (ROSSIT e
OLIVEIRA, 2013; COLABARDINI e OLIVEIRA, 2013; RIBEIRO, 2013; MARTIN, 2012;
OLIVEIRA-TORRES, 2012; GOHN, 2011; HENDERSON-FILHO, 2007), inclusive
porque os alunos esto constantemente conectados web e s redes sociais2
(NICOLAI-DA-COSTA, 2006). Outra questo que merece bastante ateno que o
gerenciamento das atividades tambm facultado pelas plataformas de educao adistncia:
[] a estruturao de cursos curriculares de msica, com professoresque acompanham e avaliam o desenvolvimento de seus alunos adistncia, um acontecimento que apenas recentemente ganhou fora,estimulado pela expanso da internet. O que se percebe nas dcadasanteriores so experincias de EAD isoladas, frutos da iniciativa de
1A primeira tese sobre educao musical a distncia teria sido publicada por Souza (2003).2DUARTE et al. (2008) definem rede social como uma estrutura social composta por pessoas,organizaes, etc, que esto conectadas por um ou vrios tipos de relaes (de amizade, familiares,comerciais, empresarial, sexuais e outras reas), ou que partilham crenas, conhecimento ou prestgio.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
19/161
18
instituies inovadoras e ousadas, como a Open University, no ReinoUnido (GOHN, 2011, p. 80).
J a pesquisa de Henderson Filho (2007) foca no que ele mesmo chama de
educao online, no contexto de formao continuada de professores de msica para
a educao bsica. Sua tese prope, entre outros objetivos, discutir as possibilidadesde um ensino e aprendizagem de msica com melhor qualidade utilizando as novas
tecnologias de informao e comunicao.
Este trabalho, entretanto, busca analisar o engajamento3 de alunos numa
modalidade de ensino que mescla interaes presenciais com interaes virtuais,
visando manter os alunos conectados mesmo quando eles esto fora da sala de aula.
Essa modalidade, que prescinde contextualmente da internet para as interaes a
distncia, conhecida como blended learning ou modalidade mista, ou ainda,modalidade hbrida de ensino.
1.1 Justificativa
A modalidade mista, assim como a modalidade a distncia, utiliza-se de
plataformas de educao a distncia com os mais variados recursos, podendo serconfiguradas como redes sociais ou no.
Quando a plataforma configurada como uma rede social, ela j sugere um
favorecimento da qualidade da aprendizagem, no que tange utilizao de vrios
recursos para interaes sncronas e assncronas, pois o prprio conceito de redes
sociais remete a interaes (GOMES et al., 2010; 2011). Boyd e Ellison (2008) referem-
se s redes sociais como um servio baseado na Web que permite aos usurios
construir um perfil pblico ou semipblico, a fim de estabelecer contacto com outrosusurios dessas redes. J os autores Quintero e Porln (2010) lembram que
um perfil poder ser mais ou menos complexo, em funo da rede queest a ser usada, tendo como objetivo ligar sucessivamente osutilizadores que fazem parte dessa rede, atravs de categorias, grupos,etiquetas, entre outros (p. 1536, grifo meu).
3O conceito de engajamentoest relacionado predisposio do indivduo em participar de umaatividade (CAMPELLO, 2005). O tema ser abordado no captulo seguinte.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
20/161
19
Gomes et al.(2010; 2011) afirmam que as redes sociais esto em crescimento
constante, podendo ser consideradas como ambientes propcios para a aprendizagem,
considerando suas caractersticas de interao, autorregulao e compartilhamento, as
quais viabilizariam a aprendizagem colaborativa. Por outro lado, a literatura aponta que
grande parte dos ambientes educacionais virtuais carece de maior eficincia (GOMESet al., 2012), principalmente porque no possuem os recursos nessrios para
comunicao sncrona. Relatrios de pesquisa da Malsia tambm corroboram com
esta afirmativa4.
Segundo Schneider et al. (2013), a EAD a modalide de ensino que mais
cresce no Brasil. Os trabalhos de Silva e Carvalho (2012) defendem que a flexibilidade
e a interao durante a atividade em um Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA so
os pilares que merecem destaque na rotina de aprendizagem em Ambientes Virtuais(p. 1).
Embora a procura por cursos de Msica a distncia no Brasil seja crescente5
(OLIVEIRA-TORRES, 2012; GOHN, 2011; HENDERSON FILHO, 2007), estudos
defendem que, de um modo geral, os alunos preferem a modalidade mista
modalidade estritamente a distncia, pela valorizao das interaes presenciais,
facultadas por aquela modalidade (SHERIDAN, 2009; SCHNEIDER et al., 2013),
inclusive porque desde sculos, a interao presencial entre aluno e professor
fundamental no ensino da performancemusical, dada a complexidade inerente a este
campo de ensino. E justamente por ser complexo, o ensino da prtica de instrumentos
na modalidade a distncia ainda bastante desafiador (Gohn, 2011).
Entretanto, as redes sociais educativas tm se revelado como um ambiente em
constante evoluo, buscando solues que promovam a aprendizagem com
engajamento, principalmente a partir da implementao de recursos que estimulem a
interao entre os sujeitos.
importante destacar que, em se tratando da modalidade mista, uma rede
social educativa pode servir como ferramenta de apoio ao ensino presencial, ou ainda
suportar uma atividade com interaes apenas virtuais.
4Pesquisadores propem integrar blended learning num Sistema de Gesto da Aprendizagem inovador.O relatrio pode ser acessado em:. Acesso em: 09 ago. 2013.5A literatura sobre o tema tem florescido no Brasil, recentemente. Uma consulta no repositrio digitalLUME, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (disponvel em: .Acesso em: 09 jan. 2014), com a entrada msica ead, mostra um resultado de pelo menos 368trabalhos relacionados ao tema.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
21/161
20
Mesmo que no haja uma definio universalmente aceita, a noo de
engajamento concerne reteno e motivao dos alunos, e o consequente sucesso
institucional (YONEZAWA, JONES e JOSELOWSKY, 2009). Portanto, justifica-se a
importncia das universidades se apropriarem do conceito de engajamento, no sentido
de melhorar o envolvimento dos discentes, em funo do seu prprio sucesso. E desdeque indicadores de engajamento sejam identificados, os professores podem refletir e
melhorar suas prticas.
Uma das facetas desta dissertao estimular novas prticas para o ensino de
Msica. Para tanto, espera-se que as plataformas de educao a distncia e as redes
sociais educacionais sejam favorveis ao engajamento no processo de aprendizagem.
Tal favorecimento remete a um conceito bastante relevante abordado por Campello
(2005): a usabilidadepara a aprendizagem. O conceito de usabilidade pode serdescrito como o quo fcil utilizar um sistema (BARBOSA e SILVA, 2010).
Segundo a Wikipdia,
usabilidade um termo usado para definir a facilidade com que aspessoas podem empregar uma ferramenta ou objeto a fim de realizaruma tarefa especfica e importante. A usabilidade pode tambm sereferir aos mtodos de mensurao da usabilidade e ao estudo dosprincpios por trs da eficincia percebida de um objeto. Na InteraoHumano-computador e na Cincia da Computao, usabilidadenormalmente se refere simplicidade e facilidade com que umainterface, um programa de computador ou um website pode serutilizado6.
Para a Cincia da Computao, e mais especificamente na rea de Interao
Humano-Computador (IHC), a medida da usabilidade de um sistema ou software uma
das medidas de sua aceitao por parte dos usurios, que caracteriza o seu sucesso.
A eficcia de um processo educativo que utilize uma plataforma de Educao a
Distncia (EAD), seja na modalidade a distncia ou modalidade mista, passa por umasentena: que a interface seja de fcil uso, de simples compreenso e seja um
software estvel (PAMBOUKIAN, GRINKRAUT e PRIMERANO, 2008). Ou seja, a
usabilidade para a aprendizagem est relacionada serventia do sistema
computacional para a aprendizagem (CAMPELLO, 2005).
Rosa (2012) e Soares (2012) argumentam que os alunos esto comumente
apropriados das redes sociais; seus estudos tambm respaldam esta pesquisa quanto
escolha de realizar o experimento com uma rede social.
6Disponvel em: . Acesso em: 14 jan. 2014.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
22/161
21
Como lembra Campello (2005), se em condies semelhantes, um ambiente
virtual de aprendizagem, que um sistema informtico, promove mais engajamento e
permite maior interao do que outro, ele mais eficiente e oferece maior possibilidade
de aprendizagem. Todavia, tratar de usabilidade de uma interface voltada para a
aprendizagem envolve duas reas: Educao e IHC.No contexto do ensino de Msica, verificar a usabilidade de uma rede social
educacional de grande importncia porque pode favorecer o aumento da oferta de
cursos de Msica atravs de artefatos computacionais, j que a usabilidade da
plataforma utilizada pode interferir no engajamento do usurio.
No mbito da Computao, identificar indcios de engajamento ou possveis
causas de desengajamento no processo de aprendizagem musical mediado por redes
sociais educativas, numa modalidade mista, poder servir implementao deferramentas que viabilizem o aumento do engajamento em plataformas de educao a
distncia configuradas como redes sociais.
Outrossim, novas prticas de ensinar Msica podero atender, de forma mais
democrtica, eficiente e agradvel crescente demanda da Lei 11.769 (BRASIL,
2008), promulgada em 2008, a qual garante o ensino de Msica nas escolas da
educao bsica. Tambm podero contribuir para a melhoria da qualidade do ensino
nas escolas especficas de Msica e, ainda, para a formao docente em Msica, que
segundo Colabardini e Oliveira (2013) tem de ser ampliada.
1.2 Problema e Questo de Pesquisa
De acordo com o MEC h, no Brasil, apenas sete cursos de msica a distncia,
de nvel superior7, sendo que nenhum deles utiliza uma rede social como plataforma de
ensino-aprendizagem na modalidade a distncia. No identificamos pesquisas
publicadas sobre uso de redes sociais educativas em escolas especficas de Msica.
Vale salientar que, de um modo geral, os ambientes virtuais de aprendizagem
so instanciados em plataformas que no contemplam recursos inerentes s redes
sociais, como a criao de redes de amizade, mural e mensagem privada, por
exemplo. Por outro lado, as redes sociais mais utilizadas atualmente, a exemplo do
7O portal do MEC lista as seguintes instituies: Unb, UFScar, UNIMES, UNINCOR, UFRGS e UNIS-MG. Mais informaes podem ser acessadas no endereo < http://emec.mec.gov.br/#tab=0>. Acessoem: 18 fev. 2013.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
23/161
22
Facebook8, no so concebidas especificamente para fins educacionais, embora
algumas pesquisas atestem seu uso didtico: Brescia e Costa (2012), Silva e Rocha
(2012), Borges, Tavares e Santos (2012), Almeida (2012), Camlo (2012), Laru, Nykki
e Jrvel (2009), Asl et al. (2011), Calv-Armengol, Patacchini e Zenou (2008), Soares
(2012), Yang e Tang (2003).O captulo seguinte mostra que uma rede social oferece maior interao entre os
usurios, o que, por sua vez, pode aumentar o engajamento desses usurios. A
hiptese de que o aumento do engajamento melhora a qualidade do aprendizado foi
testada por vrios autores, como Krause (2005), Coates (2005; 2007) e Chen, Gonyea
e Kuh (2008).
Conclui-se, ento, que um AVA configurado como uma rede social seria a
tecnologia mais convincente para o sucesso do processo educativo, visto que aossujeitos estaria facultada maior possibilidade de interao (o Captulo 2 far uma
abordagem sobre a interao, na perspectiva de Vygotsky); alm disso, uma
plataforma com perfil de rede social pode ter maior aceitao por parte dos usurios,
em detrimento de outras plataformas que no suportem a mesma caracterstica. Para
Cunha (2012), Almeida (2012), Soares (2012) e Damasceno (2012), a interao um
fator muito importante no processo de aprendizagem mediado por plataformas virtuais
inclusive no mbito da educao musical, pois ele que vai convergir para um maior
engajamento.
Ressalte-se que as recorrncias ao tema EAD neste trabalho visam reforar que
modalidade mista prescinde da educao a distncia. Inclusive, Mascarenhas e Ribeiro
(2012) argumentam que o aluno se torna mais autnomo, quando as ferramentas da
EAD so inseridas na educao presencial.
Oliveira e Oliveira (2012) sugerem que o uso de redes sociais educativas para a
oferta de cursos na modalidade mista facilita a ao docente, a interao e o
compartilhamento de experincias e de contedos entre os membros da rede. A
pesquisa de Camlo (2012) condizente com o argumento dos autores supracitados e
valoriza a modalidade mista de ensino, medida que utiliza o facebook como um
espao virtual para aulas num curso superior presencial.
Portanto, o resultado desta pesquisa tende a responder a seguinte questo:
como o uso de redes sociais educativas na educao musical favorece o engajamento
na modalidade mista de ensino?
8Segundo a Wikipdia, o facebook rede social mais utilizada em todo o mundo, com mais de 1 bilhode usurios ativos. O Brasil assume o 4 lugar em nmero de usrios (Disponvel em:. Acesso em: 16 jan. 2014).
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
24/161
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
25/161
24
Federal de Pernambuco (UFPE). As discusses presentes nesta pesquisa tm como
fronteiras, portanto, a formao profissional do pesquisador (Licenciatura em Msica), e
a busca de conhecimentos sobre o engajamento discente no processo de
aprendizagem musical, na modalidade mista, utilizando-se redes sociais educacionais.
1.6 Estrutura da Dissertao
Este trabalho est estruturado da seguinte maneira:
Captulo 1 Introduo: Este captulo faz uma abordagem inicial sobre
engajamento e a modalidade mista de ensino; relata as principais motivaes
para realizao deste trabalho, sua justificativa, questo de pesquisa, lista os
objetivos de pesquisa almejados e, finalmente, mostra como est estruturada
a dissertao.
Captulo 2 Engajamento na modalidade mista de ensino: Alm de
mostrar como o engajamento pode ser medido metodologicamente, este
captulo traz uma abordagem sobre a insero das redes sociais na
aprendizagem, destacando o fator interao e as redes sociais
educacionais, inclusive no mbito da educao musical.
Captulo 3 Referencial Terico: Apresenta a Teoria da Atividade, de
Leontiev (1978), correlacionando-a com a heurstica memorability, de Nilsen
(1993), ao que Campello (2005) chamaria de usabilidade para a
aprendizagem.
Captulo 4 Mtodo de pesquisa: Neste captulo apresentamos os
procedimentos metodolgicos utilizados nesta pesquisa, justificamos a
abordagem utilizada e explicamos como foi realizada a coleta de dados. A
seguir explicamos como os dados foram tratados e os instrumentos utilizados
para a anlise.
Captulo 5 Anlise e discusso dos resultados: Apresentao dos
resultados que se sucederam aos dados coletados durante a pesquisa, com
a inteno de verificar os benefcios promovidos pelo uso da modalidade
mista, tendo como plataforma uma rede social educacional. Os resultados
obtidos e os objetivos iniciais da pesquisa so relacionados com a literatura
pesquisada, luz da Teoria da Atividade.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
26/161
25
Captulo 6 Consideraes finais:Apresenta as consideraes finais, os
resultados obtidos relacionados com os objetivos iniciais da pesquisa, as
contribuies e possibilidades para realizao de trabalhos futuros.
Referncias:Apresentao das referncias bibliogrficas consultadas.
Apndices:Aqui so apresentados o Termo de Consentimento apresentadoaos participantes e o questionrio utilizado.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
27/161
26
Captulo
22. Engajamento na modalidade
mista de ensino
Este Captulo mostra como o engajamento pode ser medido
metodologicamente e traz uma abordagem sobre a insero das redes sociais na
aprendizagem, destacando o fator interao e as redes sociais educacionais,
inclusive no mbito da educao musical.
O professor Naveda (2006) defende que a tecnologia atua com destreza
justamente onde ainda insistimos em atuar como mquinas pedaggicas, previsveis
e limitados a informaes. Nessas condies, o conhecimento ser um produtoestruturalmente tcnico, previsvel e limitado. No mbito da educao musical, Keith
Swanwick (1994) aponta que o uso da tecnologia informacional alarga as
possibilidades de se realizar um impacto musical direto. Tomamos esta afirmativa
como uma valorizao de se aplicar um experimento da rea computacional no
contexto da aprendizagem musical, visando melhorar a qualidade dessa
aprendizagem.
Sobre o uso da Internet na educao e focando a "interao humana" deforma colaborativa, entre alunos e professores, Moran (2010) afirma que a internet
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
28/161
27
no autossuficiente para a educao. Especialista em projetos inovadores na
educao presencial e a distncia, Moran ainda corrobora com Gil Giardelli (2010) a
afirmao de que o papel do professor no sculo XXI "ajudar na aprendizagem decontedos e ser um elo para uma compreenso maior da vida". O mesmo autor
afirma:
A nossa viso agora esta: eu aprendo com o que o outro me traz. Essaviso muito mais tranquila. a aceitao de que eu no sou onipotente,que no tenho respostas para tudo, no sou enciclopdia. Eu aprendomelhor reconhecendo a minha ignorncia (MORAN, 2010, p. 7).
Henderson Filho (2007) cita Pierre Lvy, afirmando que o papel do professormudou; em detrimento da postura instrucionista vigente no sculo passado, os
professores agora devem valorizar a autonomia do aluno, seduzindo-os para uma
aprendizagem colaborativa e eficaz, resultante da interatividade que Pierre Lvy
(1999) apresenta como sendo do tipo TodosTodos e no mais UmTodos ou Um
Um. Essa concepo de interatividade considera que os produtos no devem mais
chegar ao destinatrio de forma pronta, mas que a este ser possvel remodelar,
[re]significar e transformar o produto com o qual se interage.
Todavia, permanece a ressalva da necessidade de interao presencial entre
professor e aluno, do tipo Um-Um, quando se tratar do ensino da prtica
instrumental, conforme supracitado e apregoado por Gohn (2011). O tipo Todos-
Todos, em que se aprende colaborativamente, pode ser mais facilmente aplicado no
mbito das disciplinas tericas.
Almeida (2003) sugere que podemos usar uma tecnologia tanto na tentativa
de simular a educao presencial com o uso de uma mdia como para criar novas
possibilidades de aprendizagem por meio da explorao das caractersticas
inerentes s tecnologias empregadas. Por tecnologia compreenda-se o conjunto
de conhecimentos que permite a nossa interveno no mundo (SANCHO, 1998,
p.17). E, como observam Nitzke, Gravina e Carneiro (2010, p. 2), o modelo de
educao mediada pelas novas tecnologias de informao e comunicao em voga
o germe de um novo paradigma para a educao do futuro prximo.
Entendida como um fator preponderante na formao do indivduo, a
Educao Musical reconquistou seu espao nos currculos das escolas brasileiras
atravs da Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008 (BRASIL, 2008), que modifica o Art.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
29/161
28
26 da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (BRASIL, 1996). Em se
tratando de inovaes no mtodo de ensino, desde a educao fundamental, os
Parmetros Curriculares Nacionais PCNs sugerem que a construo doconhecimento seja mediada por recursos tecnolgicos, com os quais os jovens se
identificam bastante (BRASIL, 1997).
A incluso das Tecnologias de Informao e Comunicao na educao
musical tem dois aspectos: proporciona a aprendizagem ativa e oferece uma ampla
gama de meios e oportunidades de aprendizagem.
2.1 A modalidade mista de ensino
Em termos gerais, o processo educativo pode ocorrer estritamente a
distncia, mas tambm na modalidade semipresencial (ou mista, do ingls blended
learning), que combina interaes em EAD com encontros presenciais; isto , em
cursos semipresenciais as aulas a distncia separam encontros presenciais, seja
para a realizao de exames ou para aulas com professores e tutores. Em ambos os
casos, o uso da internet imprescindvel.
A ltima dcada trouxe um grande aumento de cursos a distncia baseados
na Internet. O professor Rick Sheridan, da Wilberforce University, critica que embora
faculdades e universidades ofeream cursos online com um raio de distribuio
expandido, os alunos se queixam de ter que aprender uma nova tecnologia, e de um
sentimento de isolamento (SHERIDAN, 2009). Sua pesquisa se deu enquanto
lecionava na California State University e indica que apesar de toda a moderna
tecnologia educacional disponvel, a interao humana ainda preferida por muitos
estudantes, o que valorizaria a adoo da modalidade mista, em detrimento da
modalidade EAD. O autor tambm refora que muitos projetos j falharam e
faculdades relataram altos ndices de evaso nas aulas que so completamente
online. Entretanto, ele cita Oblinger e Maruyama (1996), indicando que uma
combinao de instruo tradicional e online a abordagem mais eficaz para muitas
situaes, ou seja: alunos matriculados em cursos de modalidade hbrida so maisbem sucedidos em comparao com cursos presenciais ou estritamente online.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
30/161
29
Algumas vantagens da modalidade mista so: flexibilidade e customizao do tempo
dos alunos, respeito a diferentes estilos de aprendizagem, maior participao
discente, possibilidade de monitoramento das dificuldades dos alunos via sistemasLMS9.
O ensino convencional tambm pode aumentar as chances de um contedo
ser apreendido ao apresenta-lo por meio de diversas formas de mediao, as quais
so frequentemente baseadas no uso das tecnologias computacionais. o que
Gomes et al. (2012) chamam de blended learning traduzido do ingls como
aprendizagem mista, ou modelo de aprendizagem hbrida, ou ainda, modalidade
semipresencial de ensino
10
. Espinosa et al. (2006, p. 111) conceituam o termo comosendo a integrao eficaz de dois componentes: ensino presencial e a tecnologia no
presencial (traduo minha). A Figura 1 ilustra que a didtica de um professor pode
no apenas combinar interaes presenciais com interaes no ambiente virtual de
aprendizagem (AVA) para um mesmo assunto abordado, como pode abordar um
determinado assunto apenas no AVA, e outro presencialmente.
Para Tang (2010), a abertura ao ensino interativo promove a iniciativa de
aprendizagem e capacidade de explorao dos alunos. Neste modelo de
aprendizagem mista, no s o professor pode desempenhar o papel principal, como
no ensino tradicional, mas tambm os alunos podem desempenhar o papel principal,
como agentes ativos no processo. Os estudos de Tang (2010) mostram que este
modelo pode melhorar o pensamento e a capacidade de inovao dos estudantes.
Figura 1 - Ilustrao do modelo Blended Learning
9Do ingls, Learning Management System.10No Brasil, o termo semipresencial geralmente utilizado para indicar que parte de um curso presencial e a outra no presencial. Neste trabalho, adotaremos o termo modalidade mista commais frequncia.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
31/161
30
Desta forma, situaes de aprendizagem em ambientes virtuais podem servir
como uma ferramenta auxiliar modalidade presencial de aprendizagem. Por
exemplo, o Departamento de Msica da Universidade Federal de Pernambucolanou mo recentemente de experincias nos cursos (presenciais) de graduao
em Msica, utilizando a plataforma Amadeus11em pelo menos quatro disciplinas12.
Assim como o Amadeus, muitos outros softwares so desenvolvidos visando
autogesto do aluno e do docente no processo de aprendizagem. Estes softwares
so denominados sistemas de gesto da aprendizagem, ou Learning Management
System LMS13. Vale ressaltar que mesmo a EAD da atual gerao no se
baseia no modelo de relacionamento um para muitos ou um para um, mas naaprendizagem colaborativa (HAGUENAUER, 2000; MORAN, 2000; 2010), suportada
por sistemas de gesto da aprendizagem. A adoo de um espao virtual paralelo
sala de aula convencional pode aumentar as chances de sucesso dessa
aprendizagem colaborativa.
As plataformas contemporneas que se apoiam no conceito de aprendizagem
mistaenfrentam desafios considerveis no que concerne capacidade de envolver
todos os intervenientes na educao de um aluno, a fim de personalizar a
experincia do usurio no processo. O relato de Mazlan et al.14 desconhece uma
plataforma de e-learning15 que fornea funcionalidades e informaes necessrias
para todas as partes envolvidas. Estes autores delineiam o projeto de
11O Amadeus um softwaregratuito e de cdigo aberto e est disponvel para download no Portal doSoftware Pblico. Especificamente sobre essa experincia no Departamento de Msica da UFPE,ainda no h pesquisa publicada, mas a instncia utilizada pode ser encontrada em. Acesso em: 09 ago. 2012.12Embora atualmente seja mais usual o termo componente curricular, adotaremos em nossa
pesquisa o termo disciplina, que comum plataforma utilizada nesta pesquisa. Deste modo, ocurso de Msica da UFPE tem utilizado a plataforma Amadeus nas seguintes disciplinas: Regncia,Esttica e Estruturao Musical, Fundamentos da Construo Musical e Tecnologia Aplicada Educao Musical.13Os sistemas de gesto de aprendizagem so estudados por uma rea especfica das cincias daEducao e da Computao: a CSCL Computer Supported Collaborative Learning, traduzida comoAprendizagem Colaborativa Auxiliada por Computador. Stahl, Koschmann e Suthers (2006) definemCSCLcomo rea das cincias da aprendizagem que estuda como os indivduos podem aprender emgrupo com o auxlio do computador. derivada da CSCW(Computer Supported Cooperative Work),a qual estuda a forma como o trabalho em grupo pode ser auxiliado por computador.14Disponvel em:. Acesso em: 15 ago. 2013.15Segundo a Wikipdia, O e-learning, ou ensino eletrnico, corresponde a um modelo de ensino nopresencial suportado por tecnologia. Atualmente, o modelo de ensino/aprendizagem assenta noambiente online, aproveitando as capacidades da Internet para comunicao e distribuio decontedos. Disponvel em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/E-learning>. Acesso em: 22 ago. 2013.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
32/161
31
desenvolvimento do MIMOS16, um sistema de gesto de aprendizagem inteligente
capaz de perceber e integrar caractersticas associadas interao personalizada
entre o sistema e o aluno, de forma que as necessidades do usurio e dos demaissujeitos do processo educativo sejam amplamente atendidas.
Laru, Nykki e Jrvel (2009) publicaram um estudo quantitativo sobre a
aprendizagem colaborativa mediada por software social em que alunos do ensino
superior da University of Oulu17, na Finlndia, participaram assiduamente das
discusses dos colegas nos fruns, e obtiveram melhores resultados em suas
avaliaes. As autoras atestam grande importncia s comunidades virtuais, mas
sugerem uma pesquisa qualitativa sobre o tema porque os alunos j eram usuriosativos de blogs antes do experimento, no caso estudado.
Dentre muitos outros trabalhos na perspectiva blended learning, podemos
citar: Espinosa et al. (2006), para quem o futuro da educao tende a ser blended;
Vernadakis et al. (2012), que compara o ensino tradicional com o modelo blended
num curso de Cincia da Computao; Koki e Rukavina (2011), que descrevem o
impacto da aprendizagem colaborativa num curso de graduao em Pedagogia;
Palalas (2011), que defende um aumento na proficincia do ingls para alunos
canadenses adultos, a partir da adoo de atividades online e mvel que do
suporte s atividades de classe; Graham (2013), que justifica a adoo de modelos
proeminentes de blended learning no ensino superior e organiza sua pesquisa em
torno dos temas da teoria, da eficcia da aprendizagem, satisfao dos alunos e do
corpo docente, acesso e flexibilidade, e relao custo-eficcia. Os trabalhos da
professora Claudia Warth18, da Universitt Tbingen, na Alemanha, revelam sucesso
na aprendizagem de ingls como lngua estrangeira, apoiada pela web, pelo que a
modalidade mista parece ser bastante adequada. A autora conclui que o papel do
tutor online muito importante e abrangente, pois ele atua como organizador,
motivador, facilitador e supervisor tcnico.
Para Zurita e Nussbaum (2007), a dinmica de aprendizagem em um
ambiente colaborativo converge para o incentivo mtuo entre os membros para
questionamentos, argumentos e justificativa de suas opinies, articulao do
16Disponvel em: < http://www.mimos.my/commercial-applications/tutor-ilms/>.17Disponvel em: .18Disponvel em:. Acesso em: 16 ago. 13.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
33/161
32
raciocnio, e elaborao e reflexo sobre seus conhecimentos. Em suas pesquisas,
citam Adams e Hamm (1996), Johnson e Johnson (1999) e Dillenbourg (1999), ao
descreverem cinco fatores que contribuem para a eficcia de um ambientecolaborativo:
Responsabilidade individual. Cada membro responsvel por seu prprio
trabalho dentro do grupo (regras e papis individuais), bem como empregar
esforos para aprender;
Apoio mtuo. Alm de ser responsvel pela sua prpria aprendizagem, cada
membro tambm responsvel por ajudar os colegas durante as interaes
de grupo (regras de grupo e papis); Interdependncia positiva. O principal objetivo da atividade o objetivo do
grupo. O sucesso, portanto, s alcanado quando todos os membros da
equipe tenham atingido os seus objetivos individuais;
Interao social face-a-face. A tomada de deciso deve envolver discusso
entre os membros do grupo. A produtividade o produto da capacidade do
grupo no que concerne a trocas de opinies e concesses para a construo
de uma resposta consensual; A formao de pequenos grupos. Discusso, interao social e construo de
consenso apresentam melhores resultados em pequenos grupos, de trs a
cinco membros cada.
Embora Zurita e Nussbaum (2007) se refiram modalidade presencial de
ensino, os fatores supracitados podem ser transpostos para outras modalidades de
ensino, como a mista e a no presencial.
Mesmo com uma crescente produo acadmica sobre EAD, a literatura
brasileira registra experincias recentes e promissoras no mbito da Msica,
principalmente a partir da instalao da Universidade Aberta do Brasil (GOHN,
2011). Souza (2003), por exemplo, prope um programa de educao musical a
distncia para professores das sries iniciais do ensino fundamental. J Cernev
(2012) tem como objetivo investigar a motivao dos alunos para a composio
musical colaborativa no contexto escolar. A autora utiliza a Teoria da
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
34/161
33
Autodeterminao19 para analisar as necessidades psicolgicas inatas dos
indivduos que os tornam ativos, interessados e intrinsecamente motivados; ela
tambm chama a ateno para duas realidades no processo educativo musical: ouso de ferramentas adequadas e a mediao de um professor que auxilia na
motivao dos alunos, guiando-os num processo colaborativo. Embora Cernev
(2012) no foque no uso de tecnologias informticas como ferramentas
pedaggicas, ela conclui que um aluno motivado por aes colaborativas poder
aprender msica em diferentes situaes e ambiente de ensino.
Ho (2007) descreve as possibilidades de aprendizagem musical mediadas por
tecnologias informticas. Seus experimentos envolveram cerca de 1.800 alunos de15 escolas secundrias em Xangai, na China20. Ho especialista em Educao
Musical e professora do Departamento de Msica da Hong Kong University, e seus
estudos revelam que a informtica pode proporcionar motivao para a
aprendizagem da msica. A maioria dos alunos pesquisados admitiu usar o
computador principalmente em suas atividades de escuta, mas acreditava que ele
tambm poderia ser til na aprendizagem de estilos musicais clssicos e populares.
A professora Wai-Chung Ho categorizou a (1) motivao dos alunos para aprender
msica, (2) as atividades musicais preferidas e (3) os estilos musicais preferidos
para a aprendizagem em sala de aula. Os resultados sugerem que o uso da
tecnologia poderia extrapolar os limites da aprendizagem da msica na sala de aula,
dando origem a uma variedade de novas e interessantes possibilidades. Uma
barreira que os professores precisam aprender a usar as tecnologias modernas
como ferramenta pedaggica, ao passo que os estudantes carecem de uma melhor
orientao para usar a internet como um meio eficaz para a educao, j que esto
conectados internet o tempo todo (HO, 2007).
Em se tratando de cursos de Msica no Brasil, apenas sete cursos de msica
a distncia, de nvel superior, podem ser encontrados no portal do Ministrio da
19A Teoria da Autodeterminao analisa as razes pelas quais um indivduo se envolve ou no emdeterminada atividade (CERNEV, 2012; APPEL-SILVA, WENDT e ARGIMON, 2010).20De acordo com Wikipdia, a China apresenta um alto grau de qualidade em seu sistema pblico deensino, o qual reconhecido internacionalmente (Disponvel em:
. Acesso em 24 ago. 2013). Malheiros (2011) acrescenta que em 2008 a Chinaocupava o 2 lugar no ranking de publicaes cientficas no mundo, ficando atrs apenas dos EstadosUnidos.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
35/161
34
Educao21. Interessante que, no Brasil, s o com advento da internet surgiram
cursos de Msica a distncia no ensino superior, exatamente no incio do corrente
sculo. Provavelmente, sem a internet a interao entre professor e aluno fossebastante precria, inviabilizando o processo de aprendizagem musical, ou mesmo
pela tecnofobia por parte dos professores de Msica, como afirma Naveda (2006).
J no caso de cursos livres ou tcnicos em Msica, uma busca no Google com o
input cursos de msica a distancia listaria centenas deles. Cursos de teoria da
Msica e prtica instrumental oferecidos pela Escola Brasileira de Artes, por
exemplo, podem ser conferidos em seu site ().
A Subseo seguinte traz uma abordagem sobre vrios softwares, utilizveispedagogicamente no campo da Msica.
2.1.1 Softwarese websites na pedagogia musical
A web abriga vrias ferramentas que do suporte aprendizagem musical,
sejam softwares off-line
22
sejam softwares hospedados em servidores web, comopor exemplo, as bibliotecas virtuais, as redes sociais23, e as plataformas de
educao a distncia. Carvalho e Ivanoff (2010) destacam trs tipos de bibliotecas:
as de interesse pblico24, as cientfico-acadmicas25 e as universitrias26. Essas
bibliotecas so bastante teis para a aprendizagem e para a pesquisa acadmica,
inclusive no campo da Msica, com destaque para a Rutgers University Libraries27e
21O portal do MEC lista as seguintes instituies: Universidade de Braslia(UnB), UniversidadeFederal de So Carlos(UFScar), Universidade Metropolitana de Santos(UNIMES), UniversidadeVale do Rio Verde(UNINCOR), Universidade Federal do Rio Grande do Sul(UFRGS), CentroUniversitrio Claretiano(CEUCLAR) e Centro Universitrio do Sul de Minas(UNIS-MG). Maisinformaes podem ser acessadas no endereo . Acesso em: 18fev. 2013.22Os softwaresoff-linepodem ser instalados no computador do usurio a partir da web ou de umamdia, como o CD-ROOM, por exemplo, e seu funcionamento independe da web.23As sees subsequentes abordaro as redes socais, com nfase nas redes sociais educacionais.24Exemplos: o Portal Domnio Pblico (), o SciELO() e o Portal de Peridicos da CAPES().25Exemplo: ISI Web of Knowledge(), EBSCO (),
Springer () e IEEE ().26Exemplo: a Biblioteca Virtual Universitria ().27Disponvel em: < http://www.libraries.rutgers.edu/indexes/grove_music>. Este site dispe dorecomendado Dicionrio Grove de Msica, entre vrios outros materiais.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
36/161
35
a The Juilliard School28, entre muitas outras. Estes autores tambm destacam a
Universia29, uma rede que promove colaborao institucional entre universidades, e
disponibiliza gratuitamente livros e diversos materiais para download.Especificamente no campo da Msica, merecem destaque os sites o Ricci
Adams Music Theory30, o Portal de Educao Musical Pedro II31, criado ainda em
2009 e financiado pela Petrobras, dispondo de uma gama de material para alunos
da educao bsica, alm de uma base de artigos, teses e dissertaes,
estimulando a pesquisa entre os professores; tambm o EduMusical32. Desenvolvido
pela Universidade de So Paulo USP, o portal destinado iniciao musical de
crianas.Vrias universidades tambm oferecem materiais e cursos de msica a
distncia em seus websites, inclusive no nvel de ps-graduao, como a University
of Southern Queensland33, a Open University34, a Berklee College of Music35, a
BostonUniversity36e o Massachusetts Institute of Technology (MIT)37.
Um softwarebastante aceito entre os professores de msica brasileiros o
Zorelha38, que virtualiza vrios instrumentos musicais e funciona tanto onlinequanto
off-line, facultando ao usurio a instalao do Zorelha em seu computador39. Foi
desenvolvido em 2008 pela Universidade do Vale do Itaja UNIVALI, e destinado
28Disponvel em: .29Disponvel em: .30Disponvel em: < http://www.musictheory.net/>. Neste site podem ser encontrados contedos sobreTeoria da Msica, exerccios e outras ferramentas auxiliares. Uma verso em portugus pode serencontra neste link:.31Disponvel em: .32Disponvel em: . O PortalEduMusical um projeto desenvolvido noLaboratrio de Sistemas Integrveis (LSI) da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo com oapoio da Coordenadoria de Programas Educacionais da Orquestra Sinfnica do Estado de So Pauloe do CNPq. Uma das propostas do EduMusical o Editor Musical, uma ferramenta interativacolaborativa desenvolvida para apoio Educao Musical, destinada a atividades de composiomusical para iniciantes, podendo ser usado de forma individual e colaborativa, em redes locais ou delonga distncia, em aulas presenciais ou a distncia (FICHEMAN et al., 2003).33Disponvel em: .34Disponvel em: .35Disponvel em: . Esta instituio tambm oferece vrios cursos deextenso, online, na rea de Msica, atravs do endereo .36Disponvel em: .37Disponvel em: .38Disponvel em: . acesso em:22 ago. 2013.39Os links para instalao podem ser encontrados no seguinte endereo:. Acesso em: 22 ago. 2013.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
37/161
36
ao desenvolvimento da percepo musical infantil, atravs da explorao sonoro-
musical e interaes entre a criana e o computador (JESUS et al., 2010). No uso
off-linedeste software, a colaborao possvel se uma criana interage com outra,presencialmente. Se as crianas no dividirem o mesmo espao, no haver
aprendizagem colaborativa, a qual se faz importante no mbito da msica, inclusive.
Duarte (2014) defende a sistematizao, teorizao e viabilidade do uso de
dispositivos como smartphones e tablets nas prticas musicais e na educao
musical. O autor conclui que a gama de aplicativos para tais dispositos pode ser
uma ferramenta muito importante na pedagogia musical, principalmente no mbito
da modalidade mista. J Araldi (2013) sugere uma reforma nos currculos dos cursosde licenciatura em Msica, que contemplem a aprendizagem colaborativa com o uso
de aplicativos e de ambientes virtuais.
H tambm autores que compilam listas de sites e softwares aplicados
educao musical, dentre os quais: Silva (2011), Silva et al. (2011), Watson (2006),
e Gohn (2011), para o qual havendo compromisso com o desenvolvimento da
musicalidade dos alunos, poder ocorrer um aproveitamento bastante frutfero do
acervo de softwaresmusicais existente (p. 78).
Sobre os softwares sociais e aprendizagem musical, vale ressaltar os
trabalhos de Waldron (2011), que apresenta um estudo de caso cujo objetivo
examinar a aprendizagem musical informal e o ensino do banjo na comunidade de
msica online Hangout Banjo (). Sob a prerrogativa de
manter total imparcialidade e fazer uma observao autntica, a pesquisadora se
utilizou da etnografia online, que combina imagens com os textos escritos (posts)
nos fruns da comunidade. Waldron ampara seu mtodo numa literatura que
considera a etnografia online como um "meio eficaz de coleta de dados e realizao
de pesquisas em ambientes virtuais" (ATAY, 2009, apud WALDRON, 2011, p. 36);
entretanto, houve triangulao dos dados atravs de questionrios e entrevistas
transcritas. A autora conclui que a Hangout Banjo um excelente exemplo de
comunidade onlineconstruda com "capital social" a partir do zero, preenchendo um
nicho, um vazio, uma "obsesso" em membros e apresentando caractersticas
semelhantes s encontradas em comunidades onlinede sucesso.
Segundo a Wikipdia,
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
38/161
37
O termo software social foi utilizado inicialmente por estudiosos dananotecnologia para tentar descrever programas de computadorvoltados para a colaborao. O foco estaria em utilizar o poder doprocessamento dos computadores para permitir e estimular asrelaes de grupos. [] Software social [] incorpora noes deCSCW e comunidades virtuais e abrange ideias como a de jogosgrupais pela Internet e ferramentas que produzem colaborao onlinecomo as redes sociais40. (grifo meu).
No caso de uso instrumentos musicais virtuais, ou seja, softwares que
simulam instrumentos musicais ou sintetizam novos timbres, ainda h muitos
desafios para os msicos deperformance (SOUZA E SILVA, 2012), mas Allison, Oh
e Taylor (2013) propem uma interface multiusurio, compatvel com qualquer
plataforma, e que fornea interaes via OSC41de e para o processamento de udio
e vdeo em tempo real, com a finalidade de atingir potenciais artistas. O
desenvolvimento dessas interfaces tornariam mundialmente colaborativas as artes
criativas em msica. Embora a proposta da virtualizao de instrumentos esteja
voltada performance musical, possvel colher dessa tecnologia para a educao
musical; ou seja: na iniciao musical, a aplicao desses instrumentos virtuais
poderia estimular os alunos na aprendizagem de ritmos, timbres, altura e tessitura,
por exemplo.
2.1.2 Redes sociais na aprendizagem
Para Carvalho e Ivanoff (2010), as redes sociais tm representado uma
febre nos ltimos anos, principalmente para os mais jovens: No fcil encontrar
algum aluno que no esteja conectado a algumas delas (p.78). Estes autores
lembram que j em 2008, 85% da populao brasileira acessou as redes sociais,
com destaque para o Orkut, Facebook, MySpace, Sonico, Windows Live, Twitter,
Hi5, Uolk, Gazzag, LinkedIn e Plaxo. Gomes et al.(2012) atestam maior importncia
40Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2013.41Do ingls Open Sound Control, OSC um protocolo de comunicao entre computadores,sintetizadores de som e outros dispositivos multimdia que otimizado para a tecnologia de rede
moderna. Trazendo os benefcios da tecnologia de rede moderna para o mundo dos instrumentosmusicais eletrnicos, as vantagens do OSC incluem a interoperabilidade, a preciso, flexibilidade emaior organizao e documentao. Disponvel em: .Acesso em: 19 jun. 2014.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
39/161
38
para as duas primeiras. Mozdzenski (2012), Gohn (2011), Rudolph e Frankel (2009),
Oliveira (2008) e Webb (2007) tambm chamam a ateno para o uso do Youtube42
como ferramenta didtica.Sobre as potencialidades das redes sociais, Morais et al.(2011) afirmam:
As redes sociais na Web emergem das prticas de interacoorientadas para a partilha e formao de grupos de interesse queesto na origem das narrativas digitais da sociedade doconhecimento. O sentido da construo colectiva e colaborativa naWeb constitui uma das principais caractersticas destasorganizaes, para alm da flexibilidade e da complexidade dossistemas de informao, aprendizagem e conhecimento (p. 1536).
Mesmo em face de tantos recursos de que dispe a internet, inclusive com
resoluo de dvidas, ela no cria o sentimento de pertencimento, que a marca
das comunidades virtuais43, como observa Gohn (2011).
As comunidades virtuais so agregados sociais surgidos naRede, quando os intervenientes de um debate o levam por diante emnmero e sentimento suficientes para formarem teias de relaespessoais no ciberespao (RHEINGOLD, 1993, apud GOHN, 2011, p.
94).
A formao de comunidades virtuais, no mbito da aprendizagem, remete
[] valorizao das interaes possveis com as redes decomputadores, reconhecendo a internet como meio vivel parachegar ao sentimento de pertencimento a um grupo. Para aeducao a distncia, essa possibilidade vem contra a ideia deisolamento dos alunos, separados de seus colegas e professores portelas de monitores. Pelo contrrio, eles estojuntos por meio de seus
computadores, criando um ambiente em que potencialmente todosaprendem a partir de todos (GOHN, 2011, p. 94).
Em detrimento do suposto isolamento causado pelo computador, Sylvestre
(2012), que examina as prticas sociais que permeiam as redes sociais, prope o
uso de redes sociais na aprendizagem, salientando a relevncia das interaes
digitais e a formao crtica que a escola pode oferecer aos alunos, a partir da
adoo dessas tecnologias.
42Disponvel em: .43Autores como Salavuo (2006) preferem o termo comunidades online, sob a prerrogativa de que asrelaes entre os membros acontecem num mundo real.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
40/161
39
J o estudo quantitativo de Asl et al. (2011), que investiga a relao entre o
desempenho educacional de um grupo de estudantes de engenharia eltrica e o
papel e importncia dos atores numa rede social, no encontrou qualquer relaodireta ou inversa entre redes sociais e o desempenho educacional.
Semelhantemente, Yang (2003) afirma que o uso de redes sociais no
determinante no desempenho dos alunos. Entretanto, outros autores como Morais
et al.(2011) e Sylvestre (2012), por exemplo atestam a potencialidade das redes
sociais na aprendizagem.
2.1.3 As redes sociais educacionais
Uma rede social dita educacional quando concebida para propsitos de
ensino e aprendizagem.
Os softwares sociais so artefatos que promovem a comunicaoentre os atores do processo de ensino e aprendizagem antes de
qualquer outro fenmeno cognitivo. Os processos de comunicaodesdobram-se em fenmenos de comunicao sncronos eassncronos, colaborao, percepo social, aprendizagem em redee autorregulao da aprendizagem (GOMES, 2012, p. 21).
No prefcio do livro Educar com o Redu (GOMES et al., 2012), o professor
Romero Tori registra que a Escola deve se adaptar cultura qual seu aluno
pertena, e que imprescindvel que incorpore a cultura das redes sociais, da
interatividade, da permeabilidade virtual-real, das comunidades colaborativas,
cultura essa que j , ou est se tornando, realidade em praticamente todas as
camadas sociais. Assim, as redes sociais (especialmente as educacionais) buscam
fomentar um novo paradigma de ambiente virtual de aprendizagem, em que
professores, alunos e contedos convivem, interagem e se aproximam, sem
barreiras, sem burocracias e sem distncia transacional (GOMES et al., 2012). A
Teoria da Distncia Transacional est relacionada ao espao psicologgico e
comunicacional ensejado pela distncia geogrfica entre aluno e professor
(MOORE, 2013). Para este autor, a aprendizagem tende a ser mais eficaz quandoessa distncia encurtada.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
41/161
40
As redes sociais educacionais mais conhecidas so Edmodo44, teamie45, tria46
(das editoras tica e Scipione), e Redu47, sendo estas duas ltimas nacionais.
Oliveira e Oliveira (2012) citam a Schoology48
, a Lore49
, a Passei direto50
e a Ebah51
,sendo estas trs ltimas voltadas para o pblico do ensino superior. A wikipedia 52
tambm lista outras redes sociais educacionais, como a Students Circle Network53, a
germnica StudiVZ54, a polonesa Nasza-klasa.pl55, a Classmates.com56, criada em
1995, nos Estados Unidos, e aAcademia.edu57, muito difundida entre acadmicos e
pesquisadores. Outras redes sociais tambm so utilizadas em diversos setores,
como negcios, relacionamentos, interao entre autores e leitores,
compartilhamento de msica, etc (YAU et al., 2012). Em 2013, por exemplo, foilanada em So Paulo/SP a Cinese.me58; h tambm a Cartase59, destinada
captao de recursos para a realizao de projetos.
2.1.4 Interao nas redes sociais
A pesquisa de Bruno e Munoz (2010) investiga como os vrios nveis de
mediao interferem na relao sujeito x objeto, e no processo de aprendizagem.
Atravs de uma abordagem psico-cognitiva, os autores concebem um sistema que
revela as interaes no processo de ensino e aprendizagem. Essas interaes
podem ocorrer mesmo que o indivduo no esteja consciente da representao
mental de seu ambiente. Porm, a mediao material ou abstrata entre o sujeito e o
44Disponvel em: < http://www.edmodo.com/?language=pt-br >.45Disponvel em: < http://theteamie.com/>.46Disponvel em: < http://www.redetria.com.br/_layouts/PaginasIniciais/Inicio.aspx >.47Disponvel em: < http://redu.com.br/>.48Disponvel em: < https://www.schoology.com/home.php >.49Disponvel em: < http://lore.com/ >.50Disponvel em: < http://passeidireto.com/ >.51Disponvel em: < http://www.ebah.com.br/ >.52Disponvel em: < http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_social_networking_websites >. Acesso em: 25mar. 2013.53Disponvel em: < http://studentscircle.net/about/us>.54Disponvel em: < http://www.studivz.net/Default >.55Disponvel em: < http://nk.pl/ >.56Disponvel em: < http://www.classmates.com/ >.57Disponvel em:< http://academia.edu/ >.58Disponvel em: .59Disponvel em: .
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
42/161
41
objeto um fator preponderante. Eis os nveis de interao no processo de ensino e
aprendizagem, partindo da relao sujeito x objeto, nessa ordem: professor
artefatos situaes de aprendizagem comunidade e sala de aula.Em se tratando do nvel mais abrangente (comunidade e sala de aula),
considera-se a escola como um ambiente relevante, e a sala de aula como uma
comunidade especfica. J a situao de aprendizagem remete aos vrios tipos de
atividades e contedos propostos aos alunos e organizao espao-temporal em
que se aplicam essas atividades e contedos. A mediao artefatual consiste em
que a pedagogia considere o cotidiano do aprendiz, enquanto a mediao do
professor deva estimular que um aluno mais experiente torne-se tutor para ummenos experiente.
As situaes de aprendizagem remetem pedagogia e didtica. Neste nvel
de interao, o professor concebido como gestor do conhecimento (TAUBER,
1999; TOCZEK e MARTINOT, 2004), servindo-se de uma abordagem socio-
construtivista, em que os alunos interagem com o professor, artefatos e seus pares,
a fim de dominar o objeto final em situaes no didticas. As situaes no
didticas so as situaes onde no h mediao do professor para a resoluo de
um problema.
Brousseau (1997) sugere que uma situao de aprendizagem tem quatro
fases: [co]ao, verbalizao (descrio das estratgias para resoluo do
problema), validao (comparao e avaliao das estratgias) e institucionalizao
(pelo professor e recursos acadmicos utilizados). A institucionalizao, portanto,
refere-se ao artefato como mediao entre o sujeito e o objeto. A associao desse
artefato com a ao do sujeito que d origem gnese instrumental de Rabardel
(2002; 2003). Essa gnese se subdivide em duas. A primeira, gnese de
instrumentalizao, alude concepo da ferramenta, enquanto a segunda,
gnese de instrumentao, se refere capacidade de aplicao dessa ferramenta
(RABARDEL, 2003).
No que tange instrumentalizao, Rabardel (2002) defende que o artefato
seja til na interao sujeitox sujeitoa fim de que a aprendizagem tenha sucesso.
Importante ressaltar que essa utilidade construda pelo aprendiz.
A segunda gnese diz respeito possibilidade de ressignificao da utilidade
do artefato pelo aprendiz. O professor Pierre Rabardel ainda chama a ateno para
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
43/161
42
a forma como os indivduos interagem com os artefatos, definindo-os como um
conjunto de objetos transformados pelo homem.
Neste contexto, podemos afirmar que uma ferramenta alcana os efeitos paraos quais foi construda somente quando ela compreendida pelo usurio e
compatvel com sua capacidade de utilizao. Logo, justifica-se a elicitao de
requisitos para elaborao de qualquer sistema computacional, a fim de que os
desenvolvedores atendam os usurios nas suas reais necessidades. De forma geral,
uma ferramenta deve exigir o mnimo de formao para sua utilizao, inclusive
porque, segundo Vygotsky (1978; 1979), o formal no mais importante que a
interao no desenvolvimento do indivduo, ou seja: qualquer artefato deve serintuitivo.
Em se tratando de interao e mediao, os estudos de Julio et al. (2011)
investigam o engajamento de alunos do ensino mdio em aulas de fsica,
identificando a importncia da mediao do professor, inclusive salientando que este
no deve apenas despertar o interesse de seu aluno, mas criar caminhos que o
conduzam ao engajamento. Para isto, o professor precisa no s de estar
consciente do seu papel, mas ser ativo e, no melhor sentido da palavra, usar de sua
autoridade, como defendem Freire e Shor (1997) e Julio e Vaz (2005), citados por
Julio et al. (2011).
Ainda sobre o ambiente e a comunidade, Vygotsky preconiza que a cultura
fundamental para o desenvolvimento das funes mentais. O processo de absoro
da cultura acontece primeiro em nvel social e mais tarde em nvel individual. Isto
significa que para o sujeito aprender, ele precisa conciliar sua prpria identidade
com o que a sociedade diz sobre tal conhecimento, pois a cultura molda a mente, ou
seja: a atividade mental no se isola do contexto social.
Bruner (2006) aponta dois modelos de cultura: pr-industrial e ps-industrial.
No primeiro modelo, a aprendizagem se d por processos imitativos, com atividades
do cotidiano. No modelo de cultura ps-industrial a aprendizagem se d na
academia. Para os dois casos, as Leis Jules Ferry apregoam que a cincia e seus
benefcios so para todos, a fim de que todos possam agir e mudar a sociedade,
opondo-se ao modelo de educao tecnicista ps-industrial60.
60JulesFerry (1832 1893) foi um advogado, jornalista e poltico francs. Foi o ministro da educao(Ministre de l'Instruction Publique) que tornou a escola francesa laica (ou seja, religiosamente neutra)
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
44/161
43
Se as instituies de ensino so produtos da cultura, e a cultura molda a
mente, cada aprendiz no s passvel das influncias sociais, mas tambm do seu
prprio eu, na construo do conhecimento. E justamente das relaescomplexas entre indivduo e sua comunidade, que surge o conceito de atividade, o
qual discutido no captulo seguinte.
As tecnologias de aprendizagem podem ser utilizadas em situaes de
distncia, bem como para reforar a aprendizagem colaborativa, onde a
comunicao imita a interao presencial (DILLENBOURG et al., 2009). As redes
sociais virtuais surgem como uma nova ferramenta para interao. A virtualizao
das redes sociais criou vastos campos de ligao entre pessoas (GOMES et al.,2012).
Um sistema informtico e colaborativo um sistema no qual temos usurios
com os mesmos objetivos e condies para que possam compartilhar informaes
(SILVEIRA e LEITE, 2009).
Os estudos da linguagem e tecnologia de Xavier (2009) atribuem extrema
importncia interao entre indivduos:
A falta de evidncia da participao do outro, figuraindispensvel ao processo comunicativo porque pe emfuncionamento a alteridade e a heterogeneidade prprias dalinguagem, fragiliza as relaes dialgicas. Deixa-as susceptveis aquebras, interrupes e, s vezes, at ao abandono total pelosinterlocutores. A ausncia de feedbackpe em colapso toda intensode interao (p. 217).
Embora a fala de Xavier (2009) no remeta interao na aprendizagem,
esta prescinde daquela. E OBrien e Toms (2008) consideram que o feedback na
interao um atributo do engajamento, no sentido de que o aluno engajado
naturalmente motivado a oferecer feedbackno processo de interao.
A possibilidade de interao num AVA, comparada com episdios
presenciais, faculta uma base de opinies dos participantes, alm de uma maior
flexibilidade de formas de comunicao. As pesquisas de Gomes et al. (2010; 2011),
por exemplo, diagnosticaram que os participantes de uma rede social educacional
e (politicamente) republicana. Segundo a Wikipdia, Ferry dissolveu os jesutas, criou os primeirosliceus e colgios para moas, e tornou o ensino primrio gratuito na Frana (lei de 16 deJunho de 1881) e obrigatrio (lei de 28 de Maro de 1882). Jules Ferry foi um adepto dasideias positivistas de Auguste Comte, que o inspirou nas suas reformas do sistema educativo francs.
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
45/161
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
46/161
45
O engajamento, segundo Campello (2005), est relacionado predisposio
do indivduo em participar da atividade, ao passo que a interao se refere
participao nas diferentes aes. Ou seja, o primeiro atributo se refere ao quantoum indivduo se envolve na atividade, enquanto o segundo ao tipo da ao
executada. O Quadro 1 compila os indicadores de interao e engajamento,
utilizados por Campello (2005).
Quadro 1 - Indicadores de interao e de engajamento utilizados no experimento de Campello
(2005).
Atributo Mtrica
Interao Nmero de sujeitos que fizeram pelo menos uma contribuio nas
sees (mural da disciplina e mural da aula);
frequncia aos bate-papos;
Engajamento Quantidade de acessos plataforma;
nmero de contribuies no mural;
nmero de exerccios concludos.
Para categorizar e avaliar os modos de interao no mural e no bate-papo,
Campello (2005) usou da tcnica de Garrisom, Anderson e Archer (2001), alterando-
a. A ideia que os indivduos se utilizam do dilogo como um artefato psicolgico,
com a inteno de influenciar o comportamento uns dos outros. Essa a interao
vygotskyana, a qual importante no processo de aprendizagem. Garrisom,
Anderson e Archer (2001) propunham quatro categorias de discurso, a fim de refletir
os estgios do pensamento crtico em escala crescente: provocao, explorao,integrao e resoluo. Entretanto, Campello (2005) acrescentou mais duas
caractersticas: a sociale aprocedural. A primeira categoriza as falas que objetivam
a socializao entre os usurios, ao passo que a segunda representa as falas que
buscam explicaes sobre assuntos da disciplina. Campello (2005) preconiza que as
categorias por ele propostas no visam refletir estritamente estgios cognitivos,
como o fizeram Garrisom, Anderson e Archer (2001). Em suma, os atributos
utilizados por Campello (2005) mostrariam quantitativamente as aes executadaspelos usurios. No contexto desta dissertao no haver categorizao dos
8/10/2019 Manasss Bispo da Silva. Engajamento Discente na Modalidade Mista de Ensino: Um Estudo de Caso da Aprendiz
47/161
46
discursos dos participantes, como o fez Campello (2005), j que a anlise tem o foco
na atividade.
2.2 Engajamento na aprendizagem na modalidade mista de ensino
A configurao dos meios, das formas e dos contextos de interao na rede
realizada atravs da mediao digital. Porm, este processo estende-se para alm
da perspectiva tecnolgica da mediao, incidindo de forma particular nas prticas
de mediao social e cognitiva entre os membros que integram a rede,
transformando o conjunto dessas prticas numa narrativa coletiva e na construo
de conhecimento partilhada pela comunidade (MORAIS et al.,2011).
Segundo Brito (2010), uma plataforma de educao a distncia capaz de
envolver os alunos quando suas tecnologias oferecem, entre outros recursos,
facilidade de uso, int