63
MANEJO SANITÁRIO DE OVINOS Prof. Paulo Francisco Domingues Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP – Botucatu Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública I ENCONTRO DE CRIADORES DE OVINOS DA REGIÃO DE ARARAQUARA I SEMINÁRIO DE OVINOCULTURA - FEPAGRI - 2006

MANEJO SANITÁRIO DE OVINOS - fmvz.unesp.br · Hepatite Necrótica Infecciosa – C.novyi Tipo B 5. Hemoglobinúria Bacilar –C.haemolyticum ... (Clostridium sp) OVELHAS …

  • Upload
    vohanh

  • View
    222

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

MANEJO SANITÁRIO DE OVINOS

Prof. Paulo Francisco DominguesFaculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP – Botucatu

Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública

I ENCONTRO DE CRIADORES DE OVINOS DA REGIÃO DE ARARAQUARA

I SEMINÁRIO DE OVINOCULTURA- FEPAGRI -

2006

Alimentação Saúde AnimalGenética

Produção animal

PRODUÇÃO ANIMAL

SAÚDE ANIMAL

ALIMENTAÇÃO

MANEJO

RAÇA

INSTALAÇÃO

A saúde animal é a

base

HOMEM

RATOS E INSETOS

MICRORGANISMOS E PARASITOS

OUTROS ANIMAIS

SOLO E PASTAGENS

ALIMENTOS

ÁGUA

TEMPERATURA E UMIDADE

O ANIMAL E O MEIO AMBIENTE

Registro e identificação

Inspeção diária dos animais

Rev. Globo Rural

Procedimentos preventivos

Procedimentos curativos

Calendário zoosanitário

Manejo Sanitário(Manejo de Saúde Animal)

Manejo Sanitário

• OVELHAS GESTANTES/PARTO

• CUIDADOS COM OS RECÉM-NASCIDOS

• INSTALAÇÕES

• PRINCIPAIS ENFERMIDADES

Vacina contra clostridioses

Ovelhas lanadas: cascarreio e desolhe

OVELHAS GESTANTES

Gestação: 155 dias

CLOSTRIDIOSES

Clostrídeos invasores de tecidos:1. Manqueira (Carbúnculo Sintomático)-C.chauvoei2. Edema Malígno – C.sordelli, C.septicum3. Gangrena Gasosa – C.septicum4. Hepatite Necrótica Infecciosa – C.novyi Tipo B5. Hemoglobinúria Bacilar – C.haemolyticum

Clostrídeos produtores de toxinas:1. Enterotoxemia – C.perfringens Tipo D2. Tétano – C.tetani3. Botulismo – C.botulinum

(Clostridium sp)

OVELHAS GESTANTES/PARTO

PIQUETE/PASTO MATERNIDADE

CUIDADOS NA PARIÇÃO

piquete ou instalação de fácil vigilância

Fase de Expulsão: 1 a 4 horas (intervalo de 30 minutos entre cordeiros)

Fonte: University of Cornell

Eliminação da placenta: até 8 horas.

Fonte: University of Cornell

COLOSTRO

CUIDADOS COM OS RECÉM-NASCIDOS

IMPORTÂNCIA: Nutricional e ImunológicaMORTALIDADE DE CORDEIROS

CRÍTICO: 3 PRIMEIROS DIAS DE VIDA

Foto: Prof. Paulo Francisco Domingues

Acondicionado em frascos plásticos.

Antes de oferecer ao cordeiro, aquecer a temperatura de 50°C.

Oferecer cerca de 150ml, três vezes ao dia.

Armazenamento do colostro:7 dias: 4°C (temperatura de geladeira)6 meses: –10°C a -20°C (congelado)

Foto: Prof. Paulo Francisco Domingues

DESINFECÇÃO DO UMBIGO

Álcool iodado a 5%

Solução de iodo (tintura de iodo) a 10%:

Iodo ressublimado – 100 g

Iodeto de potássio - 60 g

Água destilada (ou água potável) – 50 mL

Álcool absoluto – 950 mL

Solução de álcool iodado a 5%:

Tintura de iodo a 10% – 500 mL

Álcool comum – 500 mL

INSTALAÇÕES

Foto: Prof. Paulo Francisco Domingues

Foto: Prof. Paulo Francisco DominguesFoto: Prof. Paulo Francisco Domingues

CENTRO DE MANEJO

Altura: 90 cm

30 cm

6 a 12 m

60 cm

Tronco de contenção

Foto: Prof. Paulo Francisco Domingues

Foto: Prof. Paulo Francisco Domingues

PRINCIPAIS DOENÇAS DOS OVINOSDoenças causadas por vírus

Febre aftosa

Raiva

Maedi-Visna

Ectima contagioso

Doenças causadas por bactérias

Linfadenite caseosa

Ceratoconjuntivite infecciosa

Tétano

Salmonelose

Mastite

Pododermatite (Foot-rot, Podridão dos cascos)

Colibacilose

Enterotoxemia

Brucelose (Epididimite ovina)

Pasteurelose

Manqueira (Carbúnculo sintomático) – “Clostridioses”

Doenças causadas por endoparasitasVerminoseCoccidiose (Eimeriose)

Doenças causadas por ectoparasitasSarnaPiolhosMiíases (bicheira)

PRINCIPAIS DOENÇAS DOS OVINOS

Linfadenite CaseosaDoença contagiosa crônica de ovinos e caprinos

caracterizada por abscessos nos linfonodos superficiais uni e bilateral (órgãos internos).

Etiologia: Corynebacterium pseudotuberculosisComo adoece?

contato com pus de animais doentes, alimento, água ou instalações contaminados.

Foto: Prof. Paulo Francisco Domingues

Localização dos linfonodos

(submaxilares, pré-escapulares, pré-femorais, supramamários, mesentéricos, mediastínicos)

Sintomas: aumento dos linfonodos (caroços).

Linfadenite Caseosa

Condenação de carcaças

Fígado

Linklater & Smith (1993) – Diseases and disorders of the sheep and goat.

Prejuízos

Rim

Drenagem do pus - abscesso

Tratamento (Tópico):

1. Tirar os pêlos da região com uma lâmina de barbear;

2. Anti-sepsia: álcool iodado a 5% (1 parte de tintura de iodo a 10% e 1 parte de álcool 70%);

3. Fazer o corte na parte mais baixa do abscesso;

4. Pressionar o abscesso com o uso de luvas ou saco plástico;

5. Limpar internamente com uma gaze ou algodão enrolado em uma pinça ou pedaço de madeira;

6. Aplicar solução de iodo a 10% interna e externamente;

7. Queimar e enterrar o material purulento (pus);

8. Desinfetar os instrumentos utilizados (álcool iodado).

Drenagem do pus - abscesso

1 2 3

4 5Fonte: Rev. O Berro

Fonte: Rev. O Berro

Vacinação

Higiene/DesinfecçãoIsolamento e tratamento dos animais doentesDescarteFômitesTrânsito de animais (exposição, feiras, coberturas)

Controle:

CERATOCONJUNTIVITE INFECCIOSACERATOCONJUNTIVITE INFECCIOSA

DefiniDefiniçção:ão:enfermidade infecto-contagiosa

bovinos, ovinos e caprinos

reação inflamatória de caráter agudo, subagudo ou crônico da conjuntiva

uni ou bilateral

lacrimejamento intenso (epífora)

ceratite

CeratoconjuntiviteCeratoconjuntivite

CERATOCONJUNTIVITE INFECCIOSA

Córnea edematosa e opacaInchaço da conjuntiva

Linklater & Smith (1993) – Diseases and disorders of the sheep and goat.

Etiologia: Branhamella ovis (Moraxella ovis)Mycoplasma spp, Chlamydophila spp, Moraxella bovis, Staphylococcus aureus.

CERATOCONJUNTIVITE INFECCIOSA

Mycoplasma conjunctivaeFonte de infecção

Linklater & Smith (1993) – Diseases and disorders of the sheep and goat.

Secreção

FATORES PREDISPONENTESFATORES PREDISPONENTES

Traumatismos ocularesTraumatismos oculares

ProliferaProliferaçção de moscasão de moscas

Raios solaresRaios solares

GenGenééticos (pigmentaticos (pigmentaçção ocular)ão ocular)

Pastos altosPastos altos

VentoVento

Poeira (estradas, estPoeira (estradas, estáábulos, bulos, trituradorestrituradores de capim)de capim)

Hipovitaminose AHipovitaminose A

Confinamento / ambientes fechadosConfinamento / ambientes fechados

Mão (tosquia) / cordaMão (tosquia) / corda

Foto: Prof. Paulo Francisco Domingues

EPIDEMIOLOGIAEPIDEMIOLOGIA

Animais sadios podem albergar os agentes na secreção ocular e conjuntiva

TRANSMISSÃO:TRANSMISSÃO:

Contato direto

Moscas

Contaminação ambiental / aerossóis: poeira, feno, rações, sementes, cama dos animais.

EPIDEMIOLOGIAEPIDEMIOLOGIA

DistribuiDistribuiçção:ão: mundial

Ocorrência:Ocorrência: maior nos meses mais secos do ano e em períodos de alta proliferação de moscas.

Musca domestica

Musca autumnalis

SINAIS CLSINAIS CLÍÍNICOSNICOS (uni ou bilaterais)(uni ou bilaterais)

Hiperemia e congestão de conjuntiva

Lacrimejamento

Fotofobia

Opacidade corneana (parcial ou completa)

Úlceras

Cegueira

Hiperemia e Hiperemia e congestão de congestão de conjuntivaconjuntiva

Lacrimejamento

Fotofobia

Opacidade corneana (parcial ou completa)

Úlceras

Cegueira

Diagnóstico• Sinais clínicos• Exame microbiológico

CERATOCONJUNTIVITE INFECCIOSA

Foto: Prof. Paulo Francisco Domingues

TRATAMENTOTRATAMENTOParenteral

Oxitetraciclina (20 mg/Kg) – IM (LA)

Brasil:

Tetraciclina (10 mg/Kg, 12 horas, IV, 10 dias)

Outros:

Cloxacilina benzatina, estreptomicina, gentamicina, tilosina, eritromicina, cefalosporinas

(região subconjuntival)

Tópico (pomadas)

Neomicina

Cirúrgico (graves): sutura de terceira pálpebra

CONTROLE/PROFILAXIACONTROLE/PROFILAXIA

Controle de moscas;

Diminuir poeira em estábulos;

Isolar e tratar animais doentes;

Sombreamento;

Evitar ambientes excessivamente fechados;

Evitar pastos altos;

Evitar presença de aves (silvestres) e gatos.

Vacinação: Bacterina comercial

Moraxella bovis (15 fímbrias)

IndicaIndicaçção (ovinos/caprinos):ão (ovinos/caprinos):

2 ml

Animais acima de 4 meses. Reforço com 21 a 30 dias. Revacinações semestrais ou anuais.

Auto-vacina (autógena)

CONTROLE/PROFILAXIACONTROLE/PROFILAXIA

PODODERMATITE

(Foot-rot, Podridão dos cascos)

• Contagiosa

• Crônica

• Necrosante

• Afeta a epiderme interdigital e matriz do casco

• Manqueira

Foto: Prof. Paulo Francisco Domingues

Anatomia

Etiologia:• Dichelobacter nodosus (Bacteroides nodosus)

• Fusobacterium necrophorum – invasão inicial e superficial – lesão leve da epiderme.

Maior ocorrência: período das chuvas.

Pastos em baixadas úmidas favorecem o aparecimento de “podridão dos cascos”.

Foto: Bayer

PODODERMATITE

Sinais clínicos:• Manqueira• Perda de peso

• Casos graves: lesões nos cascos dos membros anteriores – pastejo ajoelhado.

Fonte: Rodrigues et al. (2001) - Rev. Educação Continuada, v.4, p.12-18.

Fonte: Linklater & Smith (1993) – Diseases and disorders of the sheep and goat.

Foto: Prof. Paulo Francisco Domingues

Fonte: Linklater & Smith (1993) – Diseases and disorders of the sheep and goat.

Necrose

Casco: caindo, perda

Controle da Podridão dos Cascos:• Exame minucioso e apara de cascos

(casqueamento)• Após o exame – dividir em dois grupos:a) Grupo infectadob) Grupo não infectado (sadio)

Foto: Prof. Paulo Francisco DominguesFoto: Prof. Paulo Francisco Domingues

Grupo sadio:pedilúvio –pastagem livre de ovinos por 14 dias ou mais.

Grupo infectado:pedilúvio 1 vez/semana, durante 4 semanas + isolamento

Fonte: Rodrigues et al. (2001) - Rev. Educação Continuada, v.4, p.12-18.

Manter os animais em local seco por

2 horas após passagem no

pedilúvio.Preventivo: 1 a 2 vezes ao ano.

Soluções indicadas para pedilúvio:• Formol a 5%• Sulfato de zinco a 10%• Sulfato de cobre a 5%

Antibiótico (Florfenicol ou tetraciclina + pedilúvio aumenta a eficácia do tratamento para 90%).

Vacinação

CONTROLE DE VERMINOSES

VERMINOSE

•Ação hematófaga: anemia e hipoproteinemiaUm parasita: consome 0,05ml de sangue/dia – L4 e adultosInfecções graves: 6% a 25% de perda de hemácias/dia• Contaminação das pastagens: fêmea=5.000 ovos/dia

Haemonchus spp

Haemonchus

VERMINOSE

7-10 dias

20-30 dias

Ciclo biológico dos nematóides

L3

Larva na pastagem

L3

VERMINOSESinais clínicos:

edema submandibular – “papeira”

Anemia

VERMINOSEControle:• Anti-helmínticos (exclusivamente)• Anti-helmínticos + manejo = redução do no de larvas nas pastagens• Método Famacha: exame da mucosa ocular

Aplicação de anti-helmínticos:• Dosificações estratégicas• Dosificações táticas: fatores climáticos• Dosificações curativas: sinais clínicos

Dosificações estratégicas

Cordeiros: no desmame:• Largo espectro ou closantel ou disofenol• Avermectinas, milbemicinas.Dosificar 60 dias após o desmame.• Monitoramento mensal OPG: 10% dos animais do rebanho.

• Ovelhas: no desmame + no Pré-acasalamento + no pré-parto (30/40 dias antes do parto).

Fonte: Cornell University

Método Famacha

ROTAÇÃO PASTO/CULTURA

Área formada em Aruana, manejada com lotação rotacionada

VERMINOSE• Ovelhas no pré-parto e cordeiros desmamados –colocar em pastagens livres de vermes – pastejadas por bovinos adultos – por 4 meses ou restevas.

Avaliar: resistência aos anti-helmínticos.

Pastejo consorciado

Fonte: Rev. Globo Rural

ConfinamentoFoto: Prof. Paulo Francisco Domingues

Serviços J F M A M J J A S O N D Observações

Vacina/clostridioses (enterotoxemia, manqueira e gangrena gasosa)

X X X X X X X X Fêmeas gestantes: 1 mês antes do parto.Cordeiros: 15 dias pré e 15 dias pós-desmame.

Parição X X X X X X X X

Tosquia (tosa ou esquila) X X X Todo o rebanho

Banho/ectoparasitas Todo o rebanho, 1 mês após a tosquia.

Controle de verminose (OPG ou vermifugação/desverminação)

X X X X X X X X X X X X Exame de fezes (OPG) e/ou controle estratégico

Aparar cascos e tratamento contra foot-rot X X X X X X X Pedilúvio: formol a 5% ou sulfato de zinco a 10%.

Tosquia da lã do úbere, olhos e entrepernas(cascarreio e desolhe)

Antes do parto, para facilitar o aleitamento.

Desmame No máximo aos 4 meses de idade.

Vacinas: Febre aftosa, Raiva, Linfadenite caseosa, Foot-rot, Ceratoconjuntivite.

Seguir a recomendação oficial (MAPA) e/ou de acordo com a necessidade.

CALENDÁRIO ZOOSANITÁRIO

Prof. Paulo Francisco DominguesProf. Paulo Francisco DominguesFMVZFMVZ--UNESP/BotucatuUNESP/Botucatu--SPSP

www.fmvz.unesp.br/paulodomingueswww.fmvz.unesp.br/paulodominguesEE--mail: mail: [email protected]@fmvz.unesp.br

Obrigado!