3
Faria AL et al Angiomatose Bacilar em Doente Imunocompetente 17 CASOS CLÍNICOS/SÉRIE DE CASOS ISSN 0871-3413 • ©ArquiMed, 2008 Angiomatose Bacilar em Doente Imunocompetente A Propósito de um Caso Clínico Ana Luísa Faria, Ricardo Carvalho, Nuno Lima, Rui Castanheira Serviço de Medicina Interna B, Hospital de São João, Porto ARQUIVOS DE MEDICINA, 22(1):17-9 Angiomatose bacilar é uma doença recentemente descrita, caracterizada por lesões na pele, vísceras ou em ambas. Embora inicialmente associada à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), a Angiomatose bacilar tam- bém tem sido descrita em doentes imunodeficientes não infectados pelo VIH e em doentes imunocompetentes. Bartonella é a bactéria considerada responsável pela Angiomatose bacilar e a maior parte destes doentes responde bem à antibioterapia. Relata-se um caso clínico de um doente imunocompetente, com história de contacto com gato, que apresentava várias lesões cutâneas dispersas pelo corpo. A TC abdominal mostrou adenopatias intra-abdominais, o exame histológico da biópsia cutânea revelou apenas um infiltrado mononuclear e a pesquisa por PCR (Polimerase-Chain-Reaction) de ADN de Bartonella spp. foi positiva na lesão cutânea biopsada e no sangue. O doente foi tratado com doxiciclina durante três meses, com resposta completa. Palavras-chave: angiomatose bacilar; Bartonella henselae; Bartonella quintana; coloração Warthin-Starry. INTRODUÇÃO As Bartonella são pequenos bacilos Gram-negativos, intracelulares facultativos que aderem e invadem as células endoteliais e os eritrócitos. São de crescimento lento e requerem sangue (5 –10%) e um ambiente rico em CO 2 para o seu isolamento (1). Incluem várias espécies, algumas patológicas para o Homem, principalmente, Bartonella henselae, Bartonella quintana, Bartonella bacilliformis... A Bartonella henselae tem como reservatório os gatos, principalmente aqueles com menos de um ano de idade, causando-lhes bacteriémia, sem evidência de doença. A transmissão humana de Bartonella henselae faz-se através dos arranhões e mordidas desses gatos. A Bartonella quintana tem como reservatório o Homem e transmite-se através do piolho humano. A sua infecção está associada a condições socio-económicas precárias. A Bartonella bacilliformis tem também como reser- vatório o Homem e transmite-se pela picada de Phle- botomus, um insecto existente na área geográfica dos Andes. Estes agentes causam um amplo espectro de doenças, incluindo Verruga peruana, Angiomatose bacilar, Peliose bacilar, Febre Oroya, Febre das trincheiras, Doença da arranhadura do gato, endocardite e bacteriémia. A Doença da arranhadura do gato é a manifestação humana mais comum provocada pela infecção por Bartonella. As manifestações da infecção variam com o estado imunológico do doente (2,3). Assim, a Bartonella hense- lae, em doentes imunodeficientes geralmente causa uma resposta angiogénica característica da Angiomatose bacilar e, em doentes imunocompetentes, uma resposta granulomatosa característica da Doença da arranhadura do gato. CASO CLÍNICO Trata-se de um homem com 29 anos, sem anteceden- tes relevantes, sem viagens recentes ao estrangeiro, sem medicação habitual e com dois animais domésticos (um gato com mais de 1 ano de idade e um cão). O doente apresentou quadro clínico de rinorreia serosa, tosse não produtiva, odinofagia e mialgias generalizadas, com duas semanas de evolução. Seguidamente, surgiu uma primeira lesão eritemato-papular na falange distal do 2º dedo da mão esquerda e, durante um mês, houve extensão de lesões eritemato-papulares dolorosas pelo corpo. O doente não apresentava outras queixas. Foram-lhe pedidos vários exames auxiliares de dia- gnóstico, nomeadamente, análises com hemoglobina de 15,5 g/dL, plaquetas de 238x10 9 /L, TGO, TGP, ureia

Angiomatose Bacilar em Doente Imunocompetente A Propósito ... · em conglomerado na região celíaca e região portocava, estendendo-se desde o plano do tronco celíaco até ao Fig

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Angiomatose Bacilar em Doente Imunocompetente A Propósito ... · em conglomerado na região celíaca e região portocava, estendendo-se desde o plano do tronco celíaco até ao Fig

Faria AL et al Angiomatose Bacilar em Doente Imunocompetente

17

CASOS CLÍNICOS/SÉRIE DE CASOS ISSN 0871-3413 • ©ArquiMed, 2008

Angiomatose Bacilar em Doente Imunocompetente

A Propósito de um Caso Clínico

Ana Luísa Faria, Ricardo Carvalho, Nuno Lima, Rui CastanheiraServiço de Medicina Interna B, Hospital de São João, Porto

ARQUIVOS DE MEDICINA, 22(1):17-9

Angiomatose bacilar é uma doença recentemente descrita, caracterizada por lesões na pele, vísceras ou em ambas. Embora inicialmente associada à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), a Angiomatose bacilar tam-bém tem sido descrita em doentes imunodeficientes não infectados pelo VIH e em doentes imunocompetentes. Bartonella é a bactéria considerada responsável pela Angiomatose bacilar e a maior parte destes doentes responde bem à antibioterapia.Relata-se um caso clínico de um doente imunocompetente, com história de contacto com gato, que apresentava várias lesões cutâneas dispersas pelo corpo. A TC abdominal mostrou adenopatias intra-abdominais, o exame histológico da biópsia cutânea revelou apenas um infiltrado mononuclear e a pesquisa por PCR (Polimerase-Chain-Reaction) de ADN de Bartonella spp. foi positiva na lesão cutânea biopsada e no sangue. O doente foi tratado com doxiciclina durante três meses, com resposta completa.Palavras-chave: angiomatose bacilar; Bartonella henselae; Bartonella quintana; coloração Warthin-Starry.

INTRODUÇÃO

As Bartonella são pequenos bacilos Gram-negativos, intracelulares facultativos que aderem e invadem as células endoteliais e os eritrócitos. São de crescimento lento e requerem sangue (5 –10%) e um ambiente rico em CO

2 para o seu isolamento (1).

Incluem várias espécies, algumas patológicas para o Homem, principalmente, Bartonella henselae, Bartonella quintana, Bartonella bacilliformis...

A Bartonella henselae tem como reservatório os gatos, principalmente aqueles com menos de um ano de idade, causando-lhes bacteriémia, sem evidência de doença. A transmissão humana de Bartonella henselae faz-se através dos arranhões e mordidas desses gatos.

A Bartonella quintana tem como reservatório o Homem e transmite-se através do piolho humano. A sua infecção está associada a condições socio-económicas precárias.

A Bartonella bacilliformis tem também como reser-vatório o Homem e transmite-se pela picada de Phle-botomus, um insecto existente na área geográfica dos Andes.

Estes agentes causam um amplo espectro de doenças, incluindo Verruga peruana, Angiomatose bacilar, Peliose bacilar, Febre Oroya, Febre das trincheiras, Doença da arranhadura do gato, endocardite e bacteriémia. A Doença

da arranhadura do gato é a manifestação humana mais comum provocada pela infecção por Bartonella.

As manifestações da infecção variam com o estado imunológico do doente (2,3). Assim, a Bartonella hense-lae, em doentes imunodeficientes geralmente causa uma resposta angiogénica característica da Angiomatose bacilar e, em doentes imunocompetentes, uma resposta granulomatosa característica da Doença da arranhadura do gato.

CASO CLÍNICO

Trata-se de um homem com 29 anos, sem anteceden-tes relevantes, sem viagens recentes ao estrangeiro, sem medicação habitual e com dois animais domésticos (um gato com mais de 1 ano de idade e um cão).

O doente apresentou quadro clínico de rinorreia serosa, tosse não produtiva, odinofagia e mialgias generalizadas, com duas semanas de evolução. Seguidamente, surgiu uma primeira lesão eritemato-papular na falange distal do 2º dedo da mão esquerda e, durante um mês, houve extensão de lesões eritemato-papulares dolorosas pelo corpo. O doente não apresentava outras queixas.

Foram-lhe pedidos vários exames auxiliares de dia-gnóstico, nomeadamente, análises com hemoglobina de 15,5 g/dL, plaquetas de 238x109/L, TGO, TGP, ureia

Page 2: Angiomatose Bacilar em Doente Imunocompetente A Propósito ... · em conglomerado na região celíaca e região portocava, estendendo-se desde o plano do tronco celíaco até ao Fig

ARQUIVOS DE MEDICINA Vol. 22, Nº 1

18

e creatinina normais, proteína C reactiva ligeiramente elevada (8,3 mg/L) e velocidade de sedimentação nor-mal. O sedimento urinário era normal e as serologias de rotina, isto é, anticorpo IgM para o vírus Herpes simplex 1 e 2, anticorpo IgM para Toxoplasma gondii, reacção de T.P.H.A. e reacção de VDRL, anticorpo IgM do Cito-megalovírus, anticorpos da Borrelia burgdorferi (Doença de Lyme), reacção de Wright, anticorpo IgM do vírus da Rubéola eram negativas. A radiografia torácica e o electrocardiograma não mostraram alterações. O estudo imunológico foi normal, com contagem de linfócitos T CD

4+

de 1154/mm3. Os marcadores víricos para a Hepatite B, nomeadamente, anticorpo anti-HBs, antigénio HBs, anticorpos IgM e IgG anti-HBc foram negativos e para a Hepatite C (anticorpo anti-VHC) também. Os anticorpos para o VIH 1 e 2 foram negativos. A ecografia abdominal mostrou, ao nível do hilo hepático, múltiplas adenome-galias, sem outras alterações.

O doente foi internado para estudo de lesões cutâneas e adenomegalias.

À admissão hospitalar, apresentava-se com bom estado geral, apirético, sem adenomegalias palpáveis e com várias lesões cutâneas. Essas lesões apresentavam--se na forma de pápulas, placas e pústulas com sinais inflamatórios, com tamanho variável de 0,5 a 1,5 cm de maior diâmetro, nas mãos, pavilhão auricular esquerdo, tronco, dorso, membros inferiores, alguns com halo eritematoso e algumas também com halo descamativo, algumas com ulceração, outras com crosta (Figura 1).

outra ao nível da articulação metacarpofalângica do 4º dedo da mão direita, segundo o doente, devido a arra-nhões do seu gato. A úvula apresentava uma pequena lesão ulcerada.

Foi-lhe realizada TC cervico-toraco-abdomino-pélvico que mostrou numerosas adenomegalias hipodensas em conglomerado na região celíaca e região portocava, estendendo-se desde o plano do tronco celíaco até ao

Fig. 1 - Pápulas, placas e pústulas com sinais inflamatóri-os, na perna esquerda, alguns com halo eritematoso e algumas também com halo descamativo, algumas com ulceração, outras com crosta.

Fig. 2 - Lesões papulares de cor vinosa nos dedos das mãos.

plano dos hilos renais, com diâmetro conjunto de cerca de 25 mm, sem outras adenomegalias e fígado e baço normais.

A primeira lesão cutânea que surgiu no doente foi biopsada. O exame anatomo-patológico revelou infiltrado mononuclear, sem saliência de vasos ou células endo-teliais tumefactas; a pesquisa de microorganismos pela coloração Warthin-Starry foi negativa; o exame bacteri-ológico cultural do tecido foi negativo e a pesquisa por PCR de ADN de Bartonella spp. foi positiva. A serologia para Bartonella spp por reacção de imunofluorescência indirecta foi negativa e a pesquisa por PCR de ADN de Bartonella spp no sangue foi positiva.

O doente foi medicado com doxiciclina 100 mg 12/12h, com melhoria das lesões cutâneas, logo após início do antibiótico. Teve alta com indicação para manter tratamento com doxiciclina durante três meses e evitar mordidas e arranhões do gato. Após um mês de trata-mento, as lesões cutâneas tinham desaparecido e a TC abdominal de controlo, efectuada três meses após o fim do tratamento, era normal.

DISCUSSÃO

Trata-se de um caso clínico de Angiomatose bacilar com atingimento cutâneo (pele e mucosas) e ganglionar, com bacteriémia.

A Angiomatose bacilar é uma doença rara, causada por Bartonella henselae e Bartonella quintana. Neste

Apresentava também lesões papulares de cor vinosa no 1º e 5º dedos da mão esquerda e no 1º, 2º, 3º e 5º dedos da mão direita (Figura 2) e duas lesões eritematosas lineares, uma ao nível da região do apêndice xifóide e

Page 3: Angiomatose Bacilar em Doente Imunocompetente A Propósito ... · em conglomerado na região celíaca e região portocava, estendendo-se desde o plano do tronco celíaco até ao Fig

Faria AL et al Angiomatose Bacilar em Doente Imunocompetente

19

Correspondência: Dr.ª Ana Luísa Faria Serviço de Medicina B Hospital São João Alameda Prof. Hernâni Monteiro 4200-319 Porto

e-mail: [email protected]

caso clínico, não houve identificação da espécie, mas o agente etiológico mais provável é a Bartonella henselae, que é transmitida pelo gato.

É uma doença sistémica de manifestação cutânea frequente. As lesões cutâneas caracterizam-se como papulosas, angiomatosas ou papulo-nodulares, de ta-manho variável, eritemato-vinosas ou da cor da pele e de superfície lisa ou com crostas. Podem ser isoladas ou múltiplas, localizadas ou disseminadas, compressíveis, tensas ou friáveis. As apresentações menos frequentes são placas endurecidas e hiperpigmentadas. Algumas vezes, acompanham-se de adenomegalias locais e, geralmente, são extremamente dolorosas.

O quadro clínico pode ser precedido ou acompanhado por febre, anorexia, emagrecimento, dor abdominal, náuseas, vómitos e diarreia, especialmente quando há comprometimento visceral, nomeadamente, fígado e baço.

A Angiomatose bacilar é descrita essencialmente em doentes imunodeficientes: medicados com imunossupres-sores, doentes com linfomas/leucemias ou infectados pelo VIH. Foi em 1990, que Cokerell et al descreveram o primeiro caso de Angiomatose bacilar em imunocom-petentes (4). Este doente embora tivesse uma contagem de linfócitos T CD

4+ normal, no início da doença actual,

apresentou um quadro clínico compatível com síndrome gripal, infecção viral que diminui transitoriamente as defesas do organismo.

A clínica da Angiomatose bacilar orienta muitas vezes para o diagnóstico, mas este deve ser confirmado por exames auxiliares de diagnóstico.

O exame histológico, principalmente da biópsia das lesões cutâneas, é o preferido. Tipicamente, à microsco-pia óptica, observa-se proliferação capilar disposta em lóbulos, células endoteliais tumefactas e resposta in-flamatória com neutrófilos (4). A coloração de prata como Warthin-Starry identifica os bacilos, no interstício entre os vasos, e, pela imunocitoquímica, diferencia-se Bartonella henselae de Bartonella quintana (1). Neste caso clínico, o resultado do exame histológico de biópsia cutânea não foi característico, talvez porque a lesão biopsada, macros-copicamente, já apresentava sinais de necrose.

Os outros exames auxiliares de diagnóstico de An-giomatose bacilar são a pesquisa por PCR de ADN de Bartonella spp., o exame cultural de sangue e dos tecidos e a serologia para Bartonella spp.

A pesquisa por PCR de ADN de Bartonella spp. é um exame que nem sempre está disponível, mas tem sensibilidade elevada, principalmente, se a pesquisa for realizada em tecido afectado (5-8). O exame cultural de sangue e dos tecidos, pelas características do bacilo, raramente permite isolar o microorganismo. A serologia para Bartonella spp. (por reacção de imunofluorescência indirecta ou pelo método de ELISA) tem sensibilidade e especificidade baixas (7,8).

Os diagnósticos diferenciais de Angiomatose bacilar incluem: Sarcoma de Kaposi (de salientar que a Angio-matose bacilar e o Sarcoma de Kaposi podem coexistir num mesmo doente, principalmente doentes infectados

pelo VIH, com contagem de linfócitos T CD4

+ baixa), Granuloma piogénico, Verruga peruana (cuja etiologia é a Bartonella bacilliformis), Linfoma cutâneo de células T, Linfoma de Hodgkin e Linfoma não-Hodgkin e infecção por micobactérias atípicas (9).

O tratamento consiste em antibioterapia: eritromicina ou doxiciclina, e a resposta ao tratamento é, geralmente, rápida. Embora a duração do tratamento ainda não tenha sido definida, sabe-se que deverá ser longa - dois a quatro meses (10).

A Angiomatose bacilar é uma doença com bom prog-nóstico que raramente recidiva se o tratamento for com-pleto. Porém, em doentes não tratados, é potencialmente fatal, principalmente, em doentes imunodeficientes (2).

REFERÊNCIAS

Velho PE, Mariotto A, Souza EM, Moraes AM, Cintra ML. Angiomatose bacilar: revisão da literatura e documentação iconográfica. An Bras Dermatol 2003;78:601-9.Tappero JW, Koehler JE, et al. Bacillary angiomatosis and bacillary splenitis in immunocompetent adults. Ann Intern Med 1993;118:363-5.Raoult D. Infections humaines à Bartonella. Press Med 1999;28:429-34.Cockerell CJ, Leboit PE. Bacillary angiomatosis: A newly characterized, pseudoneoplastic, infectious, cutaneous vascular disorder. J Am Acad Dermatol 1990;22:501-12.Sander A, Penno S. Semiquantitative species-specific detection of Bartonella henselae and Bartonella quintana by PCR-enzyme immunoassay. J Clin Microbiol 1999; 37:3097-101.Anderson B, Sims K, Regnery R, et al. Detection of Rochali-mae henselae DNA in specimens from cat scratch disease patients by PCR. J Clin Microbiol 1994;32:942-8.La Scola B, Raoult D. Culture of Bartonella quintana and Bar-tonella henselae from human samples: a 5-year experience (1993 to 1998). J Clin Microbiol 1999;37:1899-905.Cockerell CJ. Bacillary angiomatosis and related diseases caused by Rochalimaea. J Am Acad Dermatol 1995;32: 783-90.Kaplan MH, Sadick N, Mcnutt NS, Meltzer M, Sarngadharan MG, Pahwa S. Dermatologic findings and manifestations of acquired immunodeficiency syndrome. J Am Acad Dermatol 1987;16:485-506.Rolain JM, Brouqui P, Koehler JE, et al. Recommendations for treatment of human infections caused by Bartonella spe-cies. Antimicrob Agents Chemother 2004;48:1921-33.

1 -

2 -

3 -

4 -

5 -

6 -

7 -

8 -

9 -

10 -