3
COLETIVO MOOCA – MOVIMENTO LGBT CLASSISTA CNPJ: 13.702.446/0001-00 REGISTRO JURIDICO: 9884 LIVRO: A www.coletivomooca.com MANIFESTO DE FILIAÇÃO À CSP-CONLUTAS Consolidando a luta LGBT junto com a classe trabalhadora e fortalecendo o Setorial LGBT O MOOCA, Coletivo LGBT Classista fundado em 2010, atua na Região Metropolitana de Belo Horizonte –MG, em articulação com outros coletivos e entidades LGBT a nível nacional, e a outras organizações de luta a nível local, nacional e internacional. Propomos para a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais uma estratégia de luta revolucionária, em conjunto com outros oprimidos e a classe trabalhadora. Caracterizamos que a nossa sociedade, dividida em classes, tem como pano de fundo uma série de normas sociais que sustentam as opressões e dividem a classe trabalhadora, marginalizando as pessoas que não se contemplam na cis-heteronormatividade. Nossa avaliação sobre a CSP-CONLUTAS e seu setorial nacional LGBT Um dos nossos militantes teve a oportunidade de estar no congresso em que foi fundada a central sindical, assim como nosso coletivo vem acompanhando e propondo desde então ações em conjunto com a regional de Minas. Avaliamos que a CSP vem cumprindo um importante papel na reorganização do movimento sindical, fazendo um contraponto à adaptação da CUT ao governismo e as limitações à institucionalidade de outras frentes sindicais. Sobre o Setorial Nacional LGBT da central, caracterizamos que cumpre um importante papel no campo classista LGBT. Entretanto, o programa e discurso do setorial não se encontram atualizado frente aos recentes debates do movimento LGBT nacional e internacional. Além disso, temos dificuldade em vislumbrar um trabalho de base sistemático desse setorial junto às regionais, tornando as pautas LGBT norteadoras do trabalho sindical cotidiano. O próprio texto de apresentação na página eletrônica da central, assim como as terminologias utilizadas, não está sintonizada com esses recentes debates no movimento LGBT. Breve caracterização do cenário LGBT nacional e internacional A ABGLT, Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais, que engloba aproximadamente 300 ONGs e OSCIPs LGBT, é uma das maiores federações LGBT do mundo. Todavia, desde o estabelecimento de um governo de

Manifesto.mooca.filiacao.cspconlutas

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Manifesto.mooca.filiacao.cspconlutas

COLETIVO MOOCA – MOVIMENTO LGBT CLASSISTACNPJ: 13.702.446/0001-00 REGISTRO JURIDICO: 9884 LIVRO: A

www.coletivomooca.com

MANIFESTO DE FILIAÇÃO À CSP-CONLUTASConsolidando a luta LGBT junto com a classe trabalhadora e fortalecendo o Setorial LGBT

O MOOCA, Coletivo LGBT Classista fundado em 2010, atua na Região Metropolitana de Belo Horizonte –MG, em articulação com outros coletivos e entidades LGBT a nível nacional, e a outras organizações de luta a nível local, nacional e internacional. Propomos para a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais uma estratégia de luta revolucionária, em conjunto com outros oprimidos e a classe trabalhadora. Caracterizamos que a nossa sociedade, dividida em classes, tem como pano de fundo uma série de normas sociais que sustentam as opressões e dividem a classe trabalhadora, marginalizando as pessoas que não se contemplam na cis-heteronormatividade.

Nossa avaliação sobre a CSP-CONLUTAS e seu setorial nacional LGBT

Um dos nossos militantes teve a oportunidade de estar no congresso em que foi fundada a central sindical, assim como nosso coletivo vem acompanhando e propondo desde então ações em conjunto com a regional de Minas. Avaliamos que a CSP vem cumprindo um importante papel na reorganização do movimento sindical, fazendo um contraponto à adaptação da CUT ao governismo e as limitações à institucionalidade de outras frentes sindicais.

Sobre o Setorial Nacional LGBT da central, caracterizamos que cumpre um importante papel no campo classista LGBT. Entretanto, o programa e discurso do setorial não se encontram atualizado frente aos recentes debates do movimento LGBT nacional e internacional. Além disso, temos dificuldade em vislumbrar um trabalho de base sistemático desse setorial junto às regionais, tornando as pautas LGBT norteadoras do trabalho sindical cotidiano. O próprio texto de apresentação na página eletrônica da central, assim como as terminologias utilizadas, não está sintonizada com esses recentes debates no movimento LGBT.

Breve caracterização do cenário LGBT nacional e internacional

A ABGLT, Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais, que engloba aproximadamente 300 ONGs e OSCIPs LGBT, é uma das maiores federações LGBT do mundo. Todavia, desde o estabelecimento de um governo de Frente Popular, em 2002, essa entidade vem tendo como principal frente de ação a ocupação de espaços na institucionalidade, via cargos comissionados e ações de Advocacy, secundarizando a ação direta, junto com o trabalho de base, e as críticas à estratégia de governabilidade do PT junto aos setores conservadores, incluindo os fundamentalistas.

Assim, nos últimos anos se observa um ascenso de uma reorganização do movimento LGBT nacional, com o fomento de grupos, coletivos e militantes independentes que rompem com a ABGLT e sua perspectiva de atuação. Chama-se a atenção o fortalecimento do movimento trans, com suas organizações e suas figuras públicas, que é o carro-chefe desse processo. Setores de esquerda também estão sistematizando trabalho em LGBT, chamando a atenção em São Paulo o Coletivo LGBT Comunista.

Junto à vanguarda, observa-se que onde a ABGLT e suas organizações filiadas perdem espaço, esse espaço não fica vazio, pelo contrário: em várias cidades setores que divergem de seu programa e

Page 2: Manifesto.mooca.filiacao.cspconlutas

estratégia proposto pela federação vem se fortalecendo, inclusive como referências políticas locais. Nesse sentido, caracterizamos que estamos inseridos em um processo de reorganização também do movimento LGBT.

A nível internacional existe um fortalecimento do movimento LGBT, para além da pauta gay, e consolidação de conquistas democráticas para gays e lésbicas em países do ocidente. A recente consolidação do direito à União Civil homoafetiva pela Suprema Corte dos EUA, é um elemento importante de ser considerado: desencadeou nas redes sociais uma onda “LGBTfriendly”, com um aplicativo de sobreposição das cores do arco-íris, símbolo do movimento LGBT, nas fotografias de perfil do Facebook, o que outras redes sociais se somaram a esse movimento.

As democracias burguesas, de acordo com as especificidades locais, vêm aderindo paulatinamente no ocidente pautas LGBT que são possíveis de serem legitimadas na perspectiva do Estado de Direito. Todavia, esse processo institucionalizado vem demonstrando suas limitações, ao estarem suscetíveis ao fluxo da governabilidade junto a setores conservadores que vem ganhando força, especialmente no atual cenário de crise econômica internacional, e a permanência de graves determinantes sociais que estão inseridos no cenário da LGBTfobia: a vulnerabilidade jurídica e social de LGBT, além do grave quadro de iniquidade em que se encontra a comunidade transgênera. Na América Latina e porção sul da África chama a atenção a entrada cada vez maior de quadros fundamentalistas em espaços de poder, em especial os parlamentos.

Assim, vemos como desafio para o próximo período a consolidação de uma unidade de ação nacional e internacional, junto com todo o movimento LGBT, para impedir mais retrocessos democráticos devido a esse fortalecimento de setores conservadores em espaços de poder. Contudo, avaliamos que a unidade deve ser crítica, uma vez que reivindicamos um programa LGBT classista, e consideramos que as lutas democráticas devem também ser construídas a serviço da ação direta por uma sociedade socialista, problematizando as normas sociais que fundamentam a cis-heteronormatividade.

Nossa solicitação de filiação à CSP-CONLUTAS

Desde ano passado o Coletivo LGBT Classista MOOCA vem se reorganizando, com novos militantes, e consolidando um novo programa LGBT. Nesse processo, somado a caracterização exposta, consideramos importante nossa filiação à central, fortalecendo o Setorial LGBT em Minas e problematizando em uma perspectiva construtiva junto ao Setorial Nacional LGBT e demais espaços da CSP.

Propomos a discussão de algumas condições para esse processo: a manutenção da autonomia do Coletivo MOOCA e de seus espaços deliberativos em sua atuação cotidiana; a inserção do Coletivo MOOCA em espaços deliberativos e de discussão da central, assim como a consolidação do Setorial LGBT da CSP-CONLUTAS de Minas gerais; a adesão do coletivo ao Setorial Nacional LGBT e seus espaços de discussão e deliberação.

Enquanto coletivo, o MOOCA se propõe a refletir os princípios da CSP-CONLUTAS em sua atuação cotidiana, assim como aderir dentro de nossa disponibilidade às frentes de atuação da central. Nossa identidade visual seria alterada, aderindo ao logo da CSP-CONLUTAS, assim como também representaríamos a central nos espaços institucionais em que nos encontramos, caso seja acordado com a CSP.

Propomos, ainda, para aprofundar e consolidar essa filiação, o fomento de um I Seminário Estadual LGBT da CSP-CONLUTAS MG, com uma programação que possibilite a construção de um programa e de uma agenda de ação para esse setorial mineiro LGBT, além de permitir um momento importante de sensibilização e formação de companheiros da luta sindical nas pautas LGBT.