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MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Estado mórbido secundário a uma deficiência, relativa ou absoluta, de 1 ou + nutrientes essenciais, que se
manifesta clinicamente ou é detectado por meio de testes bioquímicos, antropométricos ou fisiológicos
(Cadwel e col, 1981)
Termo empregado para definir o desequilíbrio produzido pela ingestão insuficiente ou a excessiva
perda de substratos pelo organismo
CLASSIFICAÇÃO DA DESNUTRIÇÃO PROTÉICO-CALÓRICA
• KWASHIORKOR Deficiência protéica
• MARASMO Deficiência protéico-calórica
• MISTA Kwashiorkor e Marasmo
Marasmo com estresse metabólico
Modificado de Dietitian´s core Curriculum ASPEN 1993
Classicamente descrito em crianças edema, hepatomegalia, alteração do cabelo e da pele pouco
encontrado em enfermarias de adultos hospitalizados.
Idade prevalente 1 a 3 anos; peso < 60-80% do normal
Relacionado a situações ameaçadoras de vida:
Trauma e infecção
UTI
Recebendo soluções de glicose a 5% por 10 a 15 dias
Reservas de gorduras e musculares podem estar intactas falso bom estado nutricional
Presentes edema, ruptura da pele e má cicatrização
Sinal saída fácil e indolor de 3 ou + fios de cabelo do topete
Semelhança entre adultos e crianças nas manifestações de hipoalbuminemia, depressão de imunidade
celular e expansão da água extracelular.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Hipoalbuminemia inferior a 2,8 g/dl
Transferrina inferior a 150 mg/dl
Leucopenia inferior a 1.500 linfócitos/mm3
Energia cutânea aos antígenos de hipersensibilidade tardia
Melhor prevenir que tratar
Estágio final do processo de caquexia
Depósitos orgânicos de gordura muito reduzidos
Geralmente em crianças abaixo de 2 anos.
Peso corporal < 60% do normal.
Não apresenta edema, nem infiltração de gordura no fígado.
Hipotermia
Causado por doenças crônicas câncer não obstrutivo TGI ou DPOC
Fácil diagnóstico exame clínico sem massa gordurosa e muscular
Avaliação Nutricional
Peso inferior a 80% do ideal
Prega cutânea e tríceps < que 3 mm
Circunferência muscular do braço < 15cm
Índice creatinina altura < 60% do padrão
Hipoalbuminemia não inferior a 2,8 g/dl
TERAPIA NUTRICIONAL LENTA E GRADATIVA.
Teoria clássica classificava o Marasmo como deficiência grave de energia e o Kwashiorkor como deficiência
severa de proteína.
Golden Tanto Marasmo como Kwashiorkor são deficiências severas de energia e proteínas e explica o
edema (diferença clássica entre o Kwashiokor e Marasmo) pela teoria dos radicais livres pois encontrou
diversas crianças na África que eram amamentadas no peito (portanto, recebendo proteína) que
apresentavam Kwashiorkor.
Sabe-se que, em geral, atinge-se facilmente as necessidades protéicas, porém as necessidades calóricas
muitas vezes se encontram abaixo das necessidades individuais, levando o organismo utilizar proteína
como fonte de energia, deixando de ter, então, sua função construtora.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Atualmente Marasmo é considerado deficiência grave de macronutrientes e Kwashiokor Síndrome Pluri
Carencial deficiência máxima de macro e micronutrientes associado ao da atuação dos radicais livres.
Estresse agudo trauma cirúrgico ou infecção
Propensão a infecção e outras complicações
Tratamento imediato
Diagnosticada na infância pelo peso abaixo do P3, além dos sinais clínicos
Adulto IMC abaixo do 18,5 (avaliar genética e fatores relacionados a saúde) 5% da população apresenta
baixo peso devido genética.
Alterações bioquímicas
Alterações físicas
Primária
nível sócio-econômico - pobreza, privação nutricional, más condições ambientais levando a infecções e
hospitalizações freqüentes,
nível educacional e cultural
Negligência, falta de amamentação
Privação afetiva.
Neste caso a correção da dieta bastará para que se obtenha a cura.
Ingestão deficiente de nutrientes ou alteração do metabolismo
Delgado et al 2000
Secundária
Apesar de haver oferta existem outros fatores que impedem a ingestão e absorção dos alimentos - má-
absorção, estenose do piloro,
Ou aumentam a sua necessidade - hipertireoidismo.
Sua evolução depende da doença que a ocasionou.
Deficiência metabólica nutricional, resultante de uma disfunção orgânica primária
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
FATORES DE RISCO DA DESNUTRIÇÃO
Ingestão inadequada de nutrientes
Alteração na absorção e/ou utilização de nutrientes
Hipermetabolismo ou catabolismo
Fármacos que interferem no processo de nutrição
Demora na implementação de terapia nutricional
Condição clínica do paciente
(Curtas 1996)
SINAIS DE DESNUTRIÇÃO
Perda de peso involuntária = ou > que 10% do peso habitual em 6 meses
Perda de peso = ou > que 5% do peso habitual em um mês
Peso atual 20% abaixo do ideal
Alteração dos padrões de ingestão alimentar
Ingestão protéico-calórica inadequada por mais de sete dias.
(Silberman, 1989)
CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO
Perda de peso e massa muscular
Dificuldade de cicatrização de feridas
Alteração dos mecanismos de imunocompetência
Redução dos eritrócitos e débito cardíaco
Falência múltipla de órgãos
Aumento dos custos e da permanência hospitalar
Alteração do crescimento e do desenvolvimento
(Giner et al 1996; Mora 1997; Marcos et al 1999)
IMPACTO DA DOENÇA NO INDIVÍDUO DESNUTRIDO
Expressa-se através de hipermetabolismo, aumento ou perda urinária de nitrogênio, hipo ou
hiperglicemia, alterações graves dos eletrólitos e acidose. Com freqüência ocorre disfunção ou falência
de órgãos e sistemas, situação que aumenta a morbidade e a mortalidade. (Beisel 1998)
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
DESNUTRIÇÃO
As manifestações clinicas da desnutrição protéico-calórica são múltiplas e sua gravidade está
relacionada com magnitude e duração da privação nutricional.
DESNUTRIÇÃO SEGUNDO O GRAU DE INTENSIDADE
PROTEICA OU CALÓRICA
Ramos Fernández de Canate 2000
IMPACTO DA DESNUTRIÇÃO NO CONTEXTO HOSPITALAR
Grande impacto
Afeta negativamente a progressão da doença
Risco de complicações
Eficiência do tratamento médico
CAUSAS DA DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR
RELACIONADAS A DOENÇA
Perda ou diminuição do apetite;
Digestão e/ou absorção prejudicados;
Aumento do catabolismo.
RELACIONADOS A CIRCUNSTÂNCIAS
Dor;
Ansiedade;
Alimentação diferente tipos de alimentos e horários;
Medicamentos.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
RELACIONADOS À ESTRUTURA HOSPITALAR
Peso/altura não medidos;
Alta rotatividade de pessoal;
Divisão de responsabilidades;
Não observação da ingestão alimentar;
Cirurgia em pacientes desnutridos;
Ausência de terapia nutricional no pré e pós-operatório;
Não percepção do aumento das necessidades calóricas.
IMPACTO DA DESNUTRIÇÃO NA EVOLUÇÃO CLÍNICA
DESNUTRIÇÃO
Custo Hospitalar
FISIOPATOLOGIA E ALTERAÇÕES ADAPTATIVAS
Desenvolve gradualmente permitindo adaptações metabólicas resultando na da demanda de
nutrientes
Resposta metabólica à inanição consiste em alterações hormonais
Ingestão alimentar deficiente causa glicemia e AAs livres no plasma a secreção de insulina e
glucagon fígado deixa de remover glicose da circulação portal
À medida que níveis de glicose portal, fígado passa a produzir glicose a partir do glicogênio hepático e
muscular e dos precursores gliconeogênicos lactato, glicerol e AAs (alanina e glutamina)
Depósitos de CHO são limitados assim glicogênio hepático e muscular são rapidamente depletados após
15hs de jejum Cérebro continua a precisar de glicose principal combustível oxidativo suprida então
pela gliconeogênese durante os primeiros 3 dias de inanição 90g de glicose pela gliconeogênese
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Resumindo ......
À medida que a inanição se prolonga de dias a semanas passa a ocorrer > mobilização e oxidação das
gorduras pelos tecidos e há redução da degradação protéica a um nível muito
Na fase crônica a produção de glicose pela gliconeogênese cai para 15g/dia
Importância dessa adaptação ????
IMPLICAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS
EDEMA
De acordo com a literatura 2 teorias:
Déficit no suprimento de proteínas leva a uma da síntese de albumina.
Fígado gordo, em proporção superior a 50% da sua estrutura, uma proporção superior à observada em
experimentos animais ou em qualquer outra condição humana, está estatisticamente associado ao edema
da desnutrição.
A hipótese, ainda não comprovada, é de que ele resulta de uma falha no transporte de gordura para fora do
fígado, e isso, por sua vez, é causado por uma na síntese de apolipoproteína, em paralelo à da síntese
da albumina.
Também há evidência epidemiológica que apóia essa teoria clássica a desnutrição edematosa ocorre
particularmente em populações em que o alimento básico é pobre em proteínas, tal como a mandioca, ou
contém proteína de má qualidade, como o milho.
A teoria oposta nega a relação entre edema e hipoalbuminemia e propõe que o edema resulta de lesão
causada por radicais livres nas paredes dos vasos capilares e membranas celulares.
ALTERAÇÕES METABÓLICAS
tecido adiposo e perda de peso
Tecidos nervosos se adaptam à utilização de corpos cetônicos
da massa magra ocorre de forma + lenta catabolismo protéico muscular esquelético fornecendo
AAs e lactato para neoglicogênese
Quando a depleção torna-se muito grave a [ ] das proteínas séricas albumina edema do kwashiorkor
após a degradação das proteínas viscerais marasmo
Hipoglicemia, Hipotermia/hipertermia, Distúrbios eletrolíticos
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
ALTERAÇÕES HORMONAIS
Insulina, somatomedinas e hormônio tireóide
glucagon, hormônio de crescimento, catecolaminas e glicocorticóides Levando ao aumento da glicólise
e lipólise
da mobilização de AAs
do armazenamento do glicogênio, gordura e proteínas
metabolismo energético
ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS
das [ ]s de hemoglobina e hemáceas
demanda de O2
ingestão de AAs leva à da atividade hematopoiética
Início do tratamento nutricional :
Síntese tissular
da massa magra e da atividade física
da demanda de O2 e > atividade hematopoiética
Se não houver quantidade suficiente de Fe, ácido fólico e Vit B12 ocorrerá anemia funcional grave e hipóxia
tissular
ALTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS
da imunidade celular.
da formação do sistema complemento.
do número, proliferação e função dos linfócitos T.
Alteração do reconhecimento de antígenos.
Mecanismos de defesa não específicos prejudicados flora intestinal, barreira anatômica, acidez gástrica,
resposta febril, alterações endócrinas e transporte sérico do ferro.
Infecções subclínicas
Septicemia
ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES CARDIOVASCULAR E RENAL
débito cardíaco, volume sistólico e pressão arterial
Reflexos cardiovasculares são alterados levando a hipotensão e do retorno venoso
do fluxo sanguíneo renal e taxa de filtração glomerular devido a do débito cardíaco
Risco de morte por administração de sódio
Infecções urinárias são comuns
Risco de morte por sobrecarga cardíaca
ALTERAÇÕES SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Déficit no desenvolvimento cognitivo;
Déficit de atenção;
Menor atividade.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
ALTERAÇÕES DA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA
Atrofia do diafragma
Comprometendo a troca gasosa e a força dos músculos respiratórios da força inspiratória, capacidade
vital e oxigenação
desempenho respiratório ao esforço insuficiência respiratória aguda, dificuldade de interromper o uso
da ventilação artificial e > suscetibilidade a infecções pulmonares
ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES DO APARELHO DIGESTIVO
Atrofia gastrintestinal e pâncreas
secreções gástricas, pancreáticas e biliares com [ ]s normais ou baixas de enzimas e de ácidos biliares
Hipocloridria, hipomotilidade intestinal e deficiências imunológicas IgA secretora super crescimento
bacteriano no ID alto
Estas bactérias impedem a formação de micelas desconjugando os ácidos biliares impedindo assim a
absorção de gorduras
Proliferação bacteriana com o comprometimento das funções biliares e pancreáticas associados às
alterações do ID como das vilosidades, hipomotilidade, das enzimas nas bordas em escova má
absorção de lipídeos e dissacarídeos e na intolerância a lactose diarréia agravando a DEP círculo
vicioso
Elevada síntese de ácidos graxos no fígado pelo excesso de CHO e lipólise deficiente e produção de
apo-beta-lipoproteínas leva a infiltração gordurosa esteatose hepática
ALTERAÇÕES HEPÁTICAS
Esteatose
Lesão de hepatócitos
Alteração grave de todas as funções hepáticas
Redução da síntese de proteínas e da gliconeogênese
Hipoproteinemia
Edema
Hipoglicemia
ALTERAÇÕES MUSCULARES
Redução/perda de massa muscular esquelética e lisa
Magreza acentuada
Movimentos débeis de membros e tronco
Alterações miocárdicas
CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO PARA A ABSORÇÃO DOS MEDICAMENTOS
• Redução da função intestinal
• Aumento do crescimento de bactérias oportunistas, anaeróbios e fungos
• Afeta significativamente o processo LADME dos medicamentos Liberação, Absorção, Distribuição,
Metabolismo, Excreção
• Reduz a absorção dos anticoagulantes orais em pacientes com Síndrome do Intestino Curto.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
SINAIS FÍSICOS INDICATIVOS DE DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEÍCO E CARÊNCIAS
ESPECÍFICAS DE NUTRIENTES
TRATAMENTO
No Brasil ainda é usada de maneira incipiente pouca utilização de enteral e parenteral.
Geralmente apenas 6% utilizam NE e 1% parenteral IBRANUTRI
SUS
RECOMENDAÇÕES
SBNPE
Iniciativas educacionais as equipes de saúde e população sobre a importância do diagnóstico e tratamento
Inclusão pelo SUS dos custos diagnósticos e operacionais avaliação nutricional e terapia com NE e NP
cobrindo gastos com material e equipamentos
TERAPIA NUTRICIONAL
OBJETIVOS
Fornecer as necessidades metabólicas
Prevenir ou reverter a desnutrição
Prescrição da dieta individualizada de acordo com o estado do paciente
Antropometria
Exames laboratoriais e outros quando necessário
Energia:
Criança: RDA Kcal/kg/peso conforme a idade x 1,5 a 2,0.
Usar o peso atual para o cálculo.
Adulto: Harris Benedict x fator injúria 1,5 se DEP moderada a grave. Se DEP leve 1,2.
Podem-se usar suplementos hipercalóricos e hiperprotéicos para alcançar o VET.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Carboidratos: normoglicídica
Lipídios: normo a hiperlipídica (pode-se chegar 40% por 3 meses), porém se hiperlipídica, gorduras
insaturadas.
Proteínas: hiperprotéica.
Crianças: 3-4g/kg/dia
Adultos: 1,5-2,0 g/kg/dia
Micronutrientes
Fazer uso de polivitamínico, adulto por 1 mês e criança por 3 meses, para repor as deficiências.
Dieta: DRI
Fracionamento: 5-6 ref./dia. Fracionada.
CONCLUSÃO
A desnutrição aumenta a incidência de complicações, morbidade, mortalidade, custos e permanência no
hospital
A resposta metabólica nas pessoas sadias submetidas a jejum é diferente da dos pacientes doentes
submetidos a inanição.
Estabelecer o risco individual de desnutrição de modo a permitir uma intervenção precoce quando
necessária
PERGUNTAS
1. J.S.S. Apresenta elevado risco nutricional devido ao hipercatabolismo secundário ao trauma e ao íleo
paralítico prolongado. Essas condições podem levar à desnutrição. Quais as principais causas da incidência
aproximada de 50% de desnutrição em pacientes?
2. J.S.S. Evolui com pneumonia e sepse. Essas complicações infecciosas podem indicar uma maior
suscetibilidade a infecções por imunodepressão e desnutrição. Cite outras conseqüências de desnutrição.
Qual é a probabilidade de que J.S.S., venha a apresentar complicações e morte relacionada com
desnutrição?
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
ANOREXIA NERVOSA
• Descrita no século XIX
• Relatos desde o ano de 895
Limitação da ingestão de alimentos - obsessão de magreza e medo mórbido de ganhar peso.
Mantém peso corporal abaixo do nível normal mínimo para idade e altura.
Quando se desenvolve durante a infância ou início da adolescência fracasso no ganho de peso e ganho
na altura.
CID-10 Classificação Internacional de Doenças recomenda IMC ≤ 17, 5 kg/m2 sugestivo de
anorexia
Amenorréia níveis anormalmente baixos de secreção de estrógenos redução da secreção de
hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) pela pituitária
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
SUBTIPOS
TIPO RESTRITIVO
• Perda de peso dietas, jejuns ou exercícios excessivos.
• Durante o episódio atual, esses indivíduos não se envolveram com regularidades em compulsões periódicas
ou purgações
TIPO COMPULSÃO PERIÓDICA/PURGATIVO.
• Compulsões periódicas ou purgações (ou ambas) durante o episódio atual.
• Maioria comem compulsivamente purgações mediante vômitos auto-induzidos ou uso indevido de
laxantes, diuréticos ou enemas.
• Alguns Δs incluídos não comem de forma compulsiva, mas fazem purgações regularmente após consumo
de pequenas quantidades de alimentos.
• ˃ parte Δs apresentam comportamentos pelo menos 1x/semana, mas não há informações suficientes que
justifiquem a especificação de uma frequência mínima.
CARACTERÍSTICAS E TRANSTORNOS ASSOCIADOS
Transtornos mentais associados.
Depressão humor deprimido, retraimento social, irritabilidade, insônia e interesse diminuído por sexo.
Seqüelas fisiológicas da semi-inanição.
Obsessivo-compulsivas, relacionadas ou não com comida.
Preocupa-se excessivamente com alimentos colecionam receitas ou armazenam comida.
Comparados com Δs com Anorexia Nervosa Tipo Restritivo, aqueles com Tipo Compulsão Periódica /
Purgativo estão mais propensos a ter outros problemas de controle dos impulsos, abuso de álcool ou outras
drogas, a exibirem maior instabilidade do humor e a serem sexualmente ativos.
ACHADOS LABORATORIAIS
Hematologia Leocopenia e leve anemia
Trombocitopenia ocorre raramente
Química: desidratação elevado nível de uréia sangüínea.
Hipercolesterolemia
Testes de função hepática podem estar elevados. Hipomagnesemia, hipofosfatemia e hiperamilasemia
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Indução de vômitos provocam alcalose metabólica bicarbonato sérico hipocloremia e hipocalemia,
e abuso de laxantes causam acidose metabólica.
Os níveis de Tiroxina sérica (T4)
Hematologia Leocopenia e leve anemia
Trombocitopenia ocorre raramente
Química: desidratação elevado nível de uréia sangüínea.
Hipercolesterolemia
Testes de função hepática podem estar elevados. Hipomagnesemia, hipofosfatemia e hiperamilasemia
Indução de vômitos provocam alcalose metabólica bicarbonato sérico hipocloremia e hipocalemia,
e abuso de laxantes causam acidose metabólica.
Os níveis de Tiroxina sérica (T4)
EXAME FÍSICO E CONDIÇÕES MÉDICAS ASSOCIADAS
Sinais e sintomas inanição, Amenorréia, Constipação, Dor abdominal, Intolerância ao frio
Letargia e excesso de energia, Hipotensão significativa, hipotermia e pele seca, Lanugo (pêlos finos) no
tronco.
Bradicardia, Edema periférico, especialmente durante a restauração do peso ou na cessação do abuso de
laxantes e diuréticos.
Amarelamento da pele, associado com hipercarotenemia, Hipertrofia das glândulas salivares (parótidas)
Erosão do esmalte dentário, cicatrizes ou calos no dorso das mãos causados pelo contato com dentes
quando utilizam mãos para induzir vômito.
Anemia,
Prejuízo da função renal associado com desidratação crônica e hipocalemia
Problemas cardiovasculares (hipotensão severa, arritmias),
Problemas dentários e osteoporose (conseqüência do baixo consumo e absorção de cálcio, secreção
reduzida de estrógeno).
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
PREVALÊNCIA
• Sexo feminino – 90%
• Europa e EUA – maior incidência de casos; aumentou 10x o nº de casos nos últimos anos
• Ásia, países árabes e África – raramente aparece
• Classe sócio – económica mais atingida - Média alta e Alta
• Atletas mais atingidos:
– Ballet (4%), ginástica e na patinagem artística.
– Categorias de pesos
– Atletas de resistência
CURSO
• Inicio da adolescência
• Forma bimodal: 13-14 anos, 16-17 anos. Os dois picos de maior incidência -14 e 16 anos.
• Índice de mortalidade:
– 4% em anorético tratados
– 30% em situações catastróficas
Aparecimento da doença está associado com acontecimento vital estressante, como sair de casa para
cursar a universidade.
Alguns se recuperam completamente após um episódio isolado
Exibem um padrão flutuante de ganho de peso seguido de recaída
Alguns vivenciam curso crônico e deteriorante ao longo de muitos anos.
Hospitalização pode ser necessária para restauração do peso e correção de desequilíbrios hidroeletrolíticos.
Dos Δs baixados em hospitais universitários, a mortalidade a longo
A morte ocorre, com maior freqüência, por inanição, suicídio ou desequilíbrio eletrolítico.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
CAUSAS
SINAIS E SINTOMAS
Esfera alimentar:
Recusa em ingerir alimentos ricos em hidratos de carbono e gorduras
Apresentam apetite “caprichoso” de poucos alimentos ou até mesmo de um único alimento
Medo intenso e inexplicável de engordar
Perdem o senso critico em relação ao seu esquema corpóreo
Tem dificuldade em comer em locais públicos
Outras áreas do comportamento além da alimentar:
Grande cuidado com organização - Senso de responsabilidade apurado
Interesse especial pelo valor nutritivo da cada alimento - exímias cozinheiras
Tentam melhorar as condições nutricionais dos familiares
Preocupação excessiva com o corpo pode ser confundido com vaidade - Passam horas mirando o espelho
Exercícios físicos excessivos - Diminuem as horas de sono
Isolamento social e dificuldade para namoros e vida sexual
Emagrecimento rápido sem causa aparente
Cabelos finos e quebradiços
Leve alopécia
Pilosidade pela pele (lanugo)
Interrupção do ciclo menstrual nas raparigas – amenorreia
vómito
Perda de erecão em homens
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
COMPLICAÇÕES
RELACIONADAS COM A PERDA DE PESO
Caquexia / desnutrição Perda de tecido adiposo, massa muscular, Fraqueza e fadiga
Cardiovasculares Perda de músculo cardíaco, P.A., frequência cardíaca, Bradicardia e Arritmias
Gastro – intestinais Esvaziamento gástrico retardado, motilidade intestinal, Dor abdominal e
constipação
METABÓLICAS E ENDÓCRINAS
do metabolismo basal
Distúrbios hidroelectrolíticos
Hipoglicemia, Hipotermia
Diminuição de T3 e T4
Hipercolesterolemia
Osteoporose e osteopenia
Atraso na maturação sexual
Amenorreia
Mulher: baixo nível de estrogénios
Homem: baixo nível de testosterona
Reprodutivas
Infertilidade
Criança com peso à nascença
Renal
Desidratação Alteração das enzimas hepáticas
Dermatológicas Pele e cabelos secos, Queda de cabelo, Lanugo, Edema
Hematológicas Anemia e Leucopenia
Neurológicas
• Depressão
• Atrofias irreversíveis do cérebro
• ventricular
RELACIONADAS COM A PURGAÇÃO
Metabólicas
• Alcalose hipocalémica e hipoclorémica
• Hipomagnesémia
Dentárias - Erosão de esmalte dentário
Gastro-intestinais
• Inflamação e das glândulas salivares e pancreáticas
• da amilase
• Erosão esofágica e gástrica
Neurológicas - Fadiga, fraqueza, convulsões
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
OBJETIVOS:
Restauração de peso normal/razoável
Menstruação e ovulação normais
Desenvolvimento físico e sexual normal
Motivação para recuperar hábitos e comportamentos alimentares saudáveis e participar no tratamento
Corrigir pensamentos, sentimentos e atitudes disfuncionais
Corrigir sequelas biológicas e psicológicas da desnutrição
Tratamento de condições psiquiátricas associadas
Garantir suporte e aconselhamento familiar
Prevenir recaídas
Níveis de tratamento:
• Hospitalização (4-10 semanas)
• Hospitalização parcial
• Programas residenciais
• Paciente externo
Escolha do nível de tratamento:
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
LEVEL-OF-CARE CRITERIA FOR PATIENTS WITH EATING DISORDERS
Characteristics Nivel 1 e 2: Outpatient
Hospitalização Parcial
Nível 3: Residential Treatment
Center
Nível 4: Inpatient - Hospitalização
Complicações
médicas
Fisiologicamente estáveis Estável (sem necessidade de
monitorização constante ou
alimentação por via nasogástrica
ou parenteral
bradicardia < 40 bpm; PA < 90/60 mm Hg;
Hipotensão ortostática marcada; arritmias
cardíacas; glicose < 60 mg/dL;
K+ <3 meq/L;
Distúrbios hidroeletrolíticos;
Temperatura <36.1ºc;
Desidratação;
Comprometimento renal, hepático ou
cardiovascular; descontrole dos mecanismos de
purgação; necessidade de monitorização;
Alimentação enteral ou parenteral
Risco de suicídio Baixo Moderado Elevado
Peso (%) relativo ao
peso corporal normal
> 85% > 70 % < 85 % < 75 % (crianças: perda de peso mto rápida
mesmo que não<75%)
Motivação para
recuperar, cooperar
e capacidade de
controlar
pensamentos
obsessivos
Boa a
moderada
Parcial;
pensamentos
obsessivos + de
3h dia;
cooperativo
Pobre a moderada;
preocupações obsessivas + de
4-6 horas por dia;
cooperativo em ambientes
estruturados
Pobre a muito pobre; preocupações obsessivas;
não cooperativo ou cooperativo apenas em
ambientes altamente estruturados
Desordens
associadas (abuso
de drogas,
depressão,
ansiedade)
A presença destas desordens pode influenciar a escolha do nível de
tratamento
Existência de desordens psiquiátricas que
requerem hospitalização
Necessidade de
supervisão para
alimentação/ de
peso
Auto suficiente Requer ambiente
estruturado para
ganhar peso
Necessária
supervisão a todas
as refeições
Necessária supervisão durante e após as
refeições; alimentação enteral e parenteral
Capacidade de
controlar exercício
compulsivo
Boa capacidade de
autocontrole
Necessário ambiente estruturado Não consegue comer e ganhar peso sozinho;
necessário ambiente estruturado para evitar
exercício compulsivo
Hábitos purgativos
(diuréticos e
laxantes)
Capaz de evitar estes
comportamento sem
complicações médicas
associadas a purgação
Necessita de suporte para evitar purgação Necessário vigilância durante e após refeições e
banheiro
Stress ambiental Ambiente familiar
emocional adequado
Ambiente familiar estruturado Conflitos e problemas familiares, ambiente familiar
não estruturado ou vive for a do núcleo familiar
PSICOTERAPIA
Objetivos – ajudar os pacientes:
A entender e cooperar com a sua reabilitação nutricional e física
A entender e alterar as suas atitudes e comportamentos relacionados com a desordem
A melhorar as suas relações sociais e interpessoais
Tratar conflitos psicológicos e doenças psiquiátricas associadas com a desordem alimentar
INTERVENÇÕES
Terapia Individual – educação da anorética sobre as suas próprias necessidades; normalizar a sua relação
com os alimentos
Terapia familiar – para indivíduos que ainda vivem num núcleo familiar; visa tornar a pessoa mais autonoma
Terapia de grupo – melhorar as relações pessoais da anorética
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
TERAPIA NUTRICIONAL
Objetivos:
Restaurar o peso normal/razoável
Normalizar o padrão da dieta
Recuperar a percepção de fome e saciedade
Corrigir as alterações biológicas causadas pela desnutrição
Dividido em 2 etapas, educacional e experimental.
Anamnese
Avaliar medidas de peso e altura, restrições alimentares, crenças nutricionais e a relação com os alimentos.
Educação nutricional abrange conceitos de alimentação saudável, tipos, funções e fontes dos nutrientes,
recomendações nutricionais, conseqüências da restrição alimentar e das purgações.
Fase experimental trabalha-se mais intensamente a relação que o paciente tem com alimentos e o seu
corpo, ajudando-o a identificar os significados que o corpo e a alimentação possuem (ADA, 1994;
Alvarenga, 2001).
Trabalho do nutricionista - exige habilidades não-inerentes à sua formação, como conhecimentos de
psicologia, psiquiatria.
Deve ser criado um vínculo com paciente, atuando de forma empática, colaborativa e flexível (Rock e
Curran-Celentano, 1996).
Diário alimentar instrumento de automonitoração
Paciente registra alimentos consumidos, quantidade, horários, locais das refeições, ocorrência de
compulsões e purgações, companhia durante as refeições, sentimentos associados e uma “nota” para
quanto de fome estava sentindo antes de alimentar-se e quanto de saciedade obteve com a ingestão.
Registro faz com que paciente adquira maior consciência sobre diversos aspectos da doença e
constantemente exerça disciplina e controle (Story, 1986).
A história dietética do paciente deve:
Especificar o início do quadro - velocidade da perda de peso
Especificar hora e composição das refeições, principais e ligeiras (1.289 kcal+/-150 kcal, com baixa
proporção de calorias originadas de gorduras)
Indicar local das refeições e pessoas com quem são partilhadas
Uso de laxativos, diuréticos ou anorexígenos
Conter uma lista dos gostos e aversões
Estabelecer a natureza, frequência e duração das atividades físicas
História menstrual
METAS
Restabelecimento do peso Normalização do padrão alimentar com percepção de fome e saciedade
Correção das seqüelas biológicas e psicológicas da desnutrição (APA, 2000).
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Ganho de peso deve ser controlado.
Recomendação ganho de 900 g a 1,3 kg/sem. pacientes de enfermaria e 250g a 450g/sem. pacientes de
ambulatório (APA, 2000).
Ornstein et al. (2003) verificaram que um ganho de peso de 720 g/4 dias é + seguro pois não causa
síndrome da realimentação.
Alimentação deve ser cautelosa, com monitoração dos eletrólitos (APA, 2000). Síndrome da
realimentação
Estabelecimento do peso a atingir:
Doentes externos – 450g/sem
Doentes internos – 0,9 a 1,35 kg/sem
Valor calórico da dieta:
Dieta hipocalórica (800–1000 kcal/dia) - aumento gradual - 200-300 kcal cada 3-4 dias
Dieta hipercalórica (3000-3500 kcal/dia)
Síndrome de realimentação:
Retenção de fluidos (edema), Arritmias cardíacas, Diminuição de electrólitos (P, K, Mg, Na, …), Intolerância
à glicose, Disfunção GI
PRESCRIÇÃO DIETÉTICA
Consumo energético - 30 a 40 kcal/kg/dia, podendo chegar até 70 a 100 kcal/kg/dia com progressão do
tratamento (APA, 2000).
Segundo Marcason (2002) – VCT não deve ser abaixo de 1.200 kcal/dia.
Este gradual pode ajudar a ansiedade quanto ao ganho de peso, permitindo que TGI se adapte à
realimentação.
Proporção de macronutrientes deve ser igual às recomendações para populações saudáveis.
Deficiências de vitaminas e minerais são raras na AN, devido ao uso freqüente de suplementos e à
diminuição das necessidades.
Castro et al, (2004) encontraram deficiências de zinco e ácido fólico em adolescentes com AN que não se
reverteram após o tratamento, recomendando a suplementação.
Su e Birmingham (2004) relatam que as conseqüências da deficiência de zinco são muito semelhantes à
AN, e que a suplementação com zinco promove maior ganho de peso e redução da ansiedade e depressão.
Em relação ao cálcio, alguns estudos comprovaram os efeitos positivos da suplementação de 1.000 a 2.000
mg/dia na redução da osteopenia (complicação comum decorrente da AN) (Kent, 2000).
Alguns pacientes é extremamente difícil atingir as recomendações nutricionais apenas pela via oral.
Nessas ocasiões, a alimentação nasogástrica pode ser recomendada ao invés da intravenosa
Pode acarretar, contudo, retenção de fluidos, arritmia e falência cardíaca.
Apesar de a maioria dos autores não recomendarem a nutrição enteral ou parenteral, Robb et al. (2002)
relataram que uso da sonda nasogástrica noturna pode trazer ganho de peso + rápido do que somente com
a alimentação oral.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
ELABORAÇÃO DA DIETA
O nutricionista deve:
Avaliar a história dietética e identificar excessos e deficiências específicos
Educar o paciente e família para as necessidades nutricionais dos adolescentes, desfazendo mitos
Desenvolver um plano alimentar e equilibrado para atingir um dado peso ou mantê-lo
Aplicar um sistema que permite variabilidade e flexibilidade na selecção dos alimentos
Identificar comportamentos/hábitos alimentares errados que persistam
Garantir que haja “feedback”
Refeições planejadas e em horas marcadas
Fornecer nutrientes em quantidade e proporção adequada – Pirâmide Alimentar
Alimentos de fácil digestão
Consumo diário de leite e derivados, legumes, saladas e frutas frescas
Azeite é melhor opção
Variar proteínas para equilíbrio dos aas: carne, peixe, ovos
Cereais, leguminosas secas e batatas
Ingestão gradual de alimentos “proibidos” (gorduras, pão, frituras, açúcar, …)
INDIVIDUALIZAÇÃO DO PLANO ALIMENTAR
A história dietética do paciente deve:
Especificar o início do quadro, a velocidade da perda de peso e a sua magnitude
Especificar a hora e a composição das diversas refeições, principais e ligeiras (1.289 kcal+/-150 kcal, com
baixa proporção de calorias originadas de gorduras)
Indicar o local onde são tomadas as refeições e as pessoas com quem são partilhadas
Uso de laxativos, diuréticos ou anorexígenos
Conter uma lista dos gostos e aversões
Estabelecer a natureza, frequência e duração das actividades físicas
História menstrual
Aporte energético atual x recomendações de energia
Esvaziamento gástrico retardado
Diminuição da sensação de saciedade:
Pequenas refeições ricas em HC
Consumo de moderado de gordura
Consumo dos alimentos frios
Uso de suplementos nutricionais líquidos
Uso de agentes procinéticos
Incentivo do paciente:
Elaboração conjunta da dieta
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Apresentação de uma alimentação normal para que tome consciência do desvio entre o que come e aquilo
que é uma alimentação normal
Valorização do bem-estar que se sente depois da refeição
Uso de estímulos positivos/negativos
Exercício físico:
Adequado à ingestão alimentar e à energia dispendida pelo paciente
Ter em conta a densidade óssea e a função cardíaca
Fitness ≠ perder peso
Momento de descontracção e relaxamento
Aspectos psicológicos a desenvolver simultaneamente:
Ausência de sentimento de culpa quando aumenta a diversidade e a frequência do esquema alimentar
Estratégia de luta contra o “medo de ficar gorda”
Melhoria da insatisfação corporal
Momentos de refeição devem ser períodos de relaxamento
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Objetivos
Uso após restauração do peso, para ajudar á sua manutenção e normalizar comportamentos alimentares
Tratamento de sintomas psiquiátricos associados à anorexia nervosa
Cloropromazina, Antidepressivos, Ciproheptidina (orexígeno), Fármacos neurolépticos, Inibidores da
recaptação da serotonina, Ansiolíticos
PROGNÓSTICO
40% recuperam
Peso estável e razoável
Dieta e hábitos alimentares razoáveis
Ausência de vômitos
Menstruação regular
Comportamento normal do adolescente
20% peso deficiente
20% magros
5-10% obesos
5-20% morrem
CAUSAS DE MORTE
Metabólicas, Cardiovasculares, Imunológicas
Infecciosas
Gastrenterologias
Suicídio
Permanecem consequências psicológicas e comportamentos obsessivos ao longo da vida: Manias
obssesivo-compulsivas e Relação anormal com a comida
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
FATORES QUE AFETAM O PROGNÓSTICO
Positivos:
Diagnóstico e intervenção precoce
Menor perda de peso
Anoréticos bulímicos
Idade inferior a adulta
Sistemas orgânicos pouco comprometidos
Boa relação pais / filhos
Negativos:
Depressão associada
Presença de purgação
Maior tempo de duração do quadro
ETIMOLOGIA:
– Bous – boi
bulimia = fome de boi
– Limos – fome
DEFINIÇÃO:
É uma espécie de toxicomania que se traduz por uma espécie de delinquência alimentar. Distúrbio grave da
alimentação, sendo também considerada como faceta trágica da depressão psíquica.
Grande ingestão de alimentos com sensação de perda de controle, os chamados episódios bulímicos.
Devido à preocupação excessiva com peso e imagem corporal é utilizado métodos compensatórios
inadequados para o controle de peso como vômitos auto-induzidos, uso de medicamentos (diuréticos,
inibidores de apetite, laxantes), dietas e exercícios físicos.
PREVALÊNCIA
Sexo feminino - 90%
Classe sócio – económica mais atingida:
o Média – alta
o Alta
Idade mais atingida: 18 – 40 anos
Modalidades com maior incidência:
o moda, dança e atletismo.
A incidência é grande em cursos secundários e universitários.
Entre as pacientes existe forte presença de problemas afectivos, transtornos ansiosos, abuso e
dependência de drogas.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
CAUSAS E FATORES DETERMINANTES
CARACTERÍSTICAS
Momentos de voracidade alimentar com frequência de pelo menos 2x semana em 3 meses consecutivos
Exageradas restrições alimentares
Provocam o vômito
Usam laxantes, processos químicos de emagrecimento
Exercício físico exagerado
Comportamentos paradoxais
Sinais de auto-motilação e flagelação
Medo constante em não controlar os ataques de fome
Hesitação face a comportamentos psicoterápicos
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
SINAIS E SINTOMAS
FÍSICOS
Grandes oscilações de peso
Perda de potássio e desidratação
Rosto inchado – indução sistemática do vômito
Garganta irritada e glândulas aumentadas
Irritações graves do esofago – acidez gástrica
Fadiga
Dificuldade em dormir
Irregularidade menstrual
Fraqueza muscular
Rebentamento dos vasos
Sinal de “russel”
Problemas dentários
PSICOLÓGICOS:
Emotividade e depressão
Alterações de humor
Obsessão por dietas
Dificuldade de controle
Auto-criticismo severo
Auto-estima determinada pelo peso
Medo de não conseguir parar de comer voluntariamente
Sentimento de auto-censura após o episódio bulimico
Necessidade de aprovação dos outros
COMPORTAMENTAIS
Obsessão por comida
Indisposição depois das refeições
Comer às escondida
Abuso de laxantes, diuréticos e anorexígenos
Uso de clisteres
Provocação do vómito
Isolamento social
Exercício físico em excesso
Jejuns prolongados e frequentes
Fuga a restaurantes e refeições planeadas
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Episódios de ingestão compulsiva de uma quantidade de alimentos muito superior à maioria das pessoas:
A nível acelerado e caótico
Sem qualquer selecção de alimentos
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Com o desaparecimento das sensações de prazer ou da obtenção da saciedade
Sentimento de total falta de controlo na ingestão dos alimentos
Comportamentos compensatórios decorrentes para perder peso e prevenir o seu ganho:
Vômito auto-induzido
Abuso de laxantes e outros medicamentos
Jejum e exercício físico prolongados
Episódios de ingestão compulsiva, seguidos de manobras compensatórias de eliminação, no mínimo 2
vezes semanais durante 3 meses consecutivos.
Preocupação persistente com a forma e peso corporais.
COMPLICAÇÕES
Fadiga e perda de energia, Menstruação irregular ou inexistente, Desidratação, constipação, diarreia
Lesão das extremidades nervosas que alimentam as fibras musculares do intestino
Falta de ar, batimentos cardíacos irregulares, depressão e alopecia
Edema e dores abdominais, enfraquecimento da estrutura óssea, perda do esmalte dentário, irritação
crônica da garganta
Alterações hepáticas e renais, da glândula parótida
Desequilíbrio hidro-eletrolítico, edema de extremidades, hipotensão
Úlceras, dilatação e ruptura gástrica, escoriações nas mãos e articulações, anemia
Parada cardíaca e morte
TRATAMENTO
Equipe multidisciplinar – Psiquiatra, Psicólogo, Nutricionista, Endocrinologista e Assistente social
O primeiro objetivo do tratamento é acabar com o ciclo de ingestão compulsiva, seguida de manobras
purgativas ou de jejum prolongado.
TIPOS DE TRATAMENTO
Tratamento psicológico
Tratamento farmacológico/Medicação
Aconselhamento nutricional
Internamento em casos muito graves
TRATAMENTO PSICOLÓGICO
Objetivo: - analisar e modificar os pensamentos, crenças e sentimentos que desencadeiam e perpetuam o
ciclo bulímico.
Terapia cognitivo-comportamental
Terapia familiar
Terapia de grupo
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL
Tratamento psicoterapêutico mais eficaz para a doença.
Objetivo: - extinção de hábitos ou atitudes incorrectas e a sua substituição por novos padrões apropriados e
não provocadores de ansiedade.
3 fases sobrepostas:
1ª fase: - educar o paciente sobre a doença e os processos que a mantêm - auxiliá-lo a regularizar a sua
alimentação.
2ª e 3ª fases: - ajuda na manutenção da mudança do hábito alimentar.
TERAPIA FAMILIAR
Fundamental para aqueles que mantêm uma forte dependência emocional das famílias.
Objetivo: - modificação do padrão de comportamento alimentar, conseguida pela aliança terapêutica
estabelecida com a família.
TERAPIA DE GRUPO
Partilha de experiências individuais: doente percebe que não está sozinho e que a recuperação é possível.
Discutidas e planejadas - atividades, regras do tratamento e suas modificações com a evolução do
tratamento.
Psicoterapia interpessoal - variante psicodinâmica desta terapia, sendo a primeira com efeitos
equivalentes aos da terapia cognitivo-comportamental
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Antidepressivos - deriva da associação frequente desta doença com a doença depressiva.
Funciona como complemento dos métodos de reabilitação nutricional e de psicoterapia.
Não é o tratamento principal, nem o mais eficaz
TERAPIA NUTRICIONAL
OBJETIVOS
Diminuir as compulsões Minimizar restrições alimentares
Estabelecer padrão regular de refeições Incrementar a variedade de alimentos consumidos
Corrigir deficiências nutricionais
Estabelecer práticas de alimentação saudáveis (ADA, 1994; ADA, 2001; Latner e Wilson, 2001).
Abordagem pode ser dividida em alguns pontos chave:
a) Educação sobre a BN, suas conseqüências alimentação e nutrição;
b) da preocupação com peso e da aceitação de seu próprio corpo;
c) Monitoramento da alimentação por meio do diário alimentar e
d) Estabelecimento de plano alimentar regular (Story, 1986).
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL
INTERNAMENTO - Só ocorre quando existem complicações clínicas, risco de suicídio,
ou quando houver fracasso do tratamento no ambulatório.
BULIMIA X ANOREXIA
BULIMIA ANOREXIA
o Idade atingida: 18-40 anos
o Não há perda significativa de peso
o Satisfação com um peso abaixo da média
o Nem sempre ocorre amnorreia
o Guarda segredo
o Passa facilmente despercebida
o Internamento raro
o Períodos de voracidade alimentar
Idade atingida: 13-14 anos; 16-17 anos
Perda significativa de peso
Preferência pela magreza extrema
Amenorreia
Faz gala do seu estado
Facilmente diagnosticada
Internamento mais frequente
Dietas loucas
REFERÊNCIAS
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treatment of anorexia nervosa, bulimia nervosa and binge eating. J Am Diet Assoc 94: 902-7, 1994.
ADA - American Dietetic Association. - Position of the American Dietetic Association: nutrition intervention in the
treatment of anorexia nervosa, bulimia nervosa and eating disorders not otherwise specified (EDNOS). J Am Diet Assoc
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2. ALVARENGA, M.S. - Bulimia nervosa: avaliação do padrão e comportamento alimentares. São Paulo, 2001. Tese
(Doutorado). Curso Interunidades em Nutrição Humana Aplicada, Universidade de São Paulo. APA - American
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
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bulimia nervosa. Int J Eat Disord 21: 115-27, 1997.
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SU, J.C.; BIRMINGHAM, C.L. - Zinc supplementation in the treatment of anorexia nervosa. Eat Weight Disord 7: 20-2,
2002.
TERMOS UTILIZADOS
DISFAGIA dificuldade na deglutição
ODINOFAGIA dor na deglutição
XEROSTOMIA da salivação e boca seca
DISGEUSIA alteração no paladar;
MUCOSITE inflamação da mucosa oral
GLOSSITE inflamação da língua
QUEILOSEInflamação e fissura dos lábios angular: no canto da boca
ESTOMATITE é o nome geral que se dá para qualquer inflamação da boca ou gengivas e pode ser
causada por infecção viral, infecção bacteriana, infecção fúngica, trauma, sequidão, agentes tóxicos e
irritantes, hipersensibilidade ou doenças auto-imunes
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
ESTOMATITE AFTOSA Comumente conhecida como aftas, constitui lesões vesiculares que se rompem
e formam úlceras arredondadas, com bordas elevadas, bastante dolorosas.
GENGIVITE Inflamação da gengiva
Porção do tubo digestivo que conecta a garganta faringe ao estômago.
Paredes do esôfago impulsionam o alimento até o interior do estômago com ondas rítmicas de contrações
musculares denominadas peristaltismo.
Próximo à junção da garganta com o esôfago, existe uma faixa muscular denominada esfíncter esofágico
superior.
Logo acima da junção do esôfago com o estômago, existe uma outra faixa muscular denominada esfíncter
esofágico inferior.
Quando o esôfago está em repouso, esses esfíncteres contraem e impedem o refluxo de alimento e de
ácido gástrico do estômago para a boca.
Deglutição esfíncteres relaxam alimento pode passar para interior estômago.
AFECÇÕES ESOFÁGICAS
Disfagia
Desabilidade em deglutir
Desmotilidade (prejuízo na peristalse ou acalásia; disfunção no esfíncter esofagiano inferior – EEI;
obstrução ou combinação destes)
Odinofagia
Dor ao engolir.
Por lesão / medicação / obstrução / alergia / infecção fúngica ou vírus (candidíase e herpes na AIDS).
Acalásia
Cardioespasmo, dissinergia esofagiana
Há uma peristalse inadequada na porção superior do esôfago e uma falha no esfíncter da parte inferior, no
que diz respeito a seu relaxamento e abertura, durante a deglutição.
Com resultado disso, o alimento fica impossibilitado de entrar no estômago e distende a porção inferior do
esôfago.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Tratamento:
Dilatação do EEI por meio de balões infláveis, o que pode levar ao quadro de refluxo
Casos mais graves cirurgia.
Objetivos da dietoterapia:
Adaptar a dieta ao grau de disfagia;
Promover a recuperação nutricional do paciente.
TERAPIA NUTRICIONAL
Dieta hipercalórica e hiperprotéica
Consistência: dependerá do grau de disfagia – em geral dieta líquida e/ou Nutrição Enteral.
Se o paciente apresentar esofagite – ver orientações para esofagite e refluxo.
DEFINIÇÃO
“A doença do refluxo gastroesofágico é afecção crônica, decorrente do fluxo retrógrado de parte do
conteúdo gastroduodenal para o esôfago ou órgãos adjacentes ao mesmo, acarretando variável espectro de
sintomas e/ou de sinais esofagianos e/ou extra esofagianos, associados ou não a lesões teciduais”.( Am J
Gastro, 2002)
Fluxo retrógrado do conteúdo gástrico para o interior do esôfago.
O revestimento do estômago o protege contra os efeitos de seus próprios ácidos.
Esôfago não possui um revestimento protetor similar, o ácido gástrico que reflui para o seu interior causa
dor, inflamação (esofagite) e danos.
O ácido reflui quando o EEI do esôfago não funciona adequadamente
O grau de inflamação causado pelo refluxo depende:
Da acidez do conteúdo gástrico;
Do volume de ácido gástrico presente no esôfago e
Da capacidade do esôfago de eliminar o líquido regurgitado.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
ETIOPATOGENIA DA DRGE
Vários fatores tanto isolados quanto em combinação podem contribuir para o refluxo gastro esofágico:
1.Esfíncter esofágico inferior (EEI) incompetente:
Na maioria dos pacientes, o refluxo ocorre de forma espontânea pelo relaxamento transitório do EEI.
2.Efeitos irritantes do refluxo:
A lesão da mucosa esofágica está relacionada com a qualidade, a quantidade e freqüência do refluxo pH <
3,9 cáustico
3. Defeito da função esofágica:
Durante o sono, a peristalse induzida pelo ato de engolir está , o tempo de exposição ao ácido gástrico.
As hérnias hiatais são comuns
Presentes em 90% dos pacientes portadores esofagite erosiva grave, especialmente naqueles casos em
que há complicações como estenose e esôfago de Barret (é o crescimento anormal de células do tipo
gástrico dentro do esôfago, este tecido modificado do estômago em local não habitual (porção inferior do
esôfago), pode transformar-se em tecido maligno).
4. Retardamento do esvaziamento gástrico:
O esvaziamento gástrico pode estar prejudicado por uma gastroparesia ou uma obstrução parcial do
esvaziamento gástrico.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Pirose, queimação retroesternal.
Ocorre de 30 a 60 min após uma ingestão alimentar e ao reclinar.
Melhora do quadro com o uso de antiácidos.
A gravidade da pirose não está associada com a gravidade da lesão tecidual.
A disfagia é menos comum.
A DRGE pode ser manifestada por sintomas atípicos como asma, laringite crônica e dores torácicas atípicas
(não- cardíacas).
O exame físico e os testes laboratoriais são normais nos casos em que não há complicações associadas.
Regurgitação
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
DEFINIÇÃO DA ESOFAGITE
Inflamação da mucosa esofágica, muitas vezes decorrente do refluxo do conteúdo ácido-péptico
gástrico
Existem 2 tipos de esofagites
AGUDA
Causada por ingestão de agentes irritantes
Inflamação viral
Intubação
CRÔNICA
Hérnia hiatal
Pressão reduzida no esfíncter esofágico inferior
pressão abdominal
Vômito recorrente
TRATAMENTO:
Drogas
Tratamento Cirúrgico
Medidas físicas
Terapia Nutricional
DROGAS:
Diminuem a secreção de ácido gástrico:
Ranitidina, Cimetidina: antagonistas de receptores de H2 das células parietais, inibe a secreção gástrica
basal e a estimulada, reduzindo tanto o volume como o conteúdo de ácido e pepsina no estômago;
Omeprazol, Pantoprazol, lansoprazol: inibidores da “bomba de prótons” responsável por uma das etapas
finais no mecanismo de produção de ácido em nível gástrico, diminuindo a acidez.
Neutralizam o ácido gástrico: antiácidos
Aquelas que favorecem o esvaziamento gástrico: metaclopramida, cisaprida, bromoprida.
Para de fumar - nicotina diminui o estímulo do EEI.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
A vagotomia (interrupção dos impulsos transmitidos através do nervo vago) pode ser realizada, para reduzir
a secreção do suco gástrico ácido.
O esfíncter da cárdia pode ser estreitado cirurgicamente.
MEDIDAS FÍSICAS
Elevação da cabeceira da cama (15cm).
Não se deitar antes de 2 horas após as refeições.
Não usar roupas que apertem a região do estômago.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
TERAPIA NUTRICIONAL
Objetivos
Prevenir a irritação da mucosa esofágica na fase aguda;
Auxiliar na prevenção do RGE
Contribuir para o aumento da pressão do EEI
Corrigir e manter o peso ideal
Prevenir aspiração e sufocação
Facilitar uma alimentação e deglutição segura e independente
A finalidade da dietoterapia na esofagite é de evitar a irritação da mucosa esofagiana, prevenir o refluxo do
conteúdo estomacal e reduzir a acidez gástrica. Uma dieta branda restrita em fibras é geralmente prescrita.
CARACTERÍSTICAS DA DIETA:
VET: depende do estado nutricional;
Lipídeos: Hipolipídoca (<20% do VET
Proteína: normoproteica – excesso de proteína aumenta a secreção de ácido gástrico
Consistência: líquida ou semilíquida até a consistência normal – avaliar cada paciente
Fracionada – pequenos volumes (6-8 ref/dia)
Líquidos: somente entre refeições
ORIENTAÇÕES GERAIS:
Diminuem a pressão do EEI: café, mate, chá preto, bebidas a base de cola, bebidas alcoólicas e chocolate.
Alimentos que irritam a mucosa inflamada: sucos e frutas ácidas, tomate.
Diminuir o sal da dieta, Evitar bebidas gaseificadas.
Não comer antes de dormir (aguardar 2 horas)
Deitar em decúbito esquerdo
Comer em posição ereta
Evitar roupas justas
Perda de peso se obeso
Opção por alimentos que evitem o RGE, como leite desnatado, evitar os xantinados (chocolate, café, chá-
mate ou preto), álcool, e preparações gordurosas.
Modificação da consistência da dieta – utilizar os modificadores de consistência se necessário
Temperaturas mornas
DEFINIÇÃO
É uma protusão de uma porção do estômago para dentro do tórax através do hiato esofágico do diafragma,
estando associado com a esofagite.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Quando ocorre estrangulamento há comprometimentos do suprimento sanguíneo, condição dolorosa e
grave cirurgia imediata
Não existe tratamento específico
As orientações nutricionais são as mesmas do RGE.
Para se compreender o que é uma hérnia do hiato é necessário ter em conta algumas noções de anatomia,
que descrevemos sumariamente em seguida:
O abdómen está separado do tórax por um músculo chamado diafragma. Este músculo é atravessado por
uma parte do tubo digestivo. A parte do tubo digestivo que em condições normais atravessa o diafragma,
no chamado hiato diafragmático, é a parte inferior do esófago, antes deste se continuar com o estômago.
Deste modo, o estômago geralmente está todo no abdómen, abaixo do diafragama e o esófago está no
tórax.
Figura A Figura B
Legenda:
1. Esôfago
2. Estômago (posição normal na figura A e formando hérnia para o tórax na figura B)
3. Diafragma
Esta posição do tubo digestivo em relação ao diafragma não é estática e varia ligeiramente com a posição
do corpo, pressão abdominal e respiração.
Diz-se que há hérnia do hiato (hérnia de deslizamento) - (Fig. B) - quando parte do estômago se desloca
para o tórax. Embora possam existir hérnias congénitas (de nascença) a maioria delas surge na idade
adulta. As causas poderão ser o encurtamento do esófago ou talvez o aumento da pressão abdominal que
empurra o estômago para o tórax. Contudo o esforço do vómito cria temporariamente este tipo de hérnia em
qualquer pessoa.
A importância de uma hérnia do hiato permanente é sobretudo a possibilidade de poder aumentar queixas
de azia e de regurgitação, isto é da sensação de subida de conteúdo do estômago na direção da garganta.
Nem todas as hérnias implicam que exista este tipo de problema, pois é necessário que, adicionalmente,
haja um mau funcionamento do músculo que existe no fim do esófago, o esfíncter esofágico inferior. Este,
deve impedir que o conteúdo que existe no estômago, muitas vezes ácido, passe para o esôfago, o
chamado refluxo gastro-esofágico.
A hérnia do hiato é relativamente frequente, sendo referida em mais de um terço dos idosos.
Quanto maior for a hérnia, mais comuns são as queixas de “refluxo gastro-esofágico”.
Resumindo, na maioria das vezes a importância da hérnia do hiato é a sua associação à doença de refluxo
gastro-esofágico. A avaliação da gravidade é geralmente feita pela endoscopia digestiva. A maioria dos
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MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
doentes anda bem com tratamento médico (cuidados alimentares, posturais e medicamentos), embora a
hérnia propriamente dita não deixe de existir. Para deixar de haver hérnia é necessário fazer cirurgia, que é
uma opção em alguns casos.
(fonte: Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia, disponível em http://www.spg.pt)
GASTRITE E ÚLCERA PÉPTICA
GASTRITE
Consiste na inflamação da mucosa gástrica.
Aparece de repente e tem curta duração
Pode ser desencadeada por medicamentos como aspirina, antiinflamatórios, ingestão de bebidas alcoólicas,
fumo, situações de estresse (queimados graves, poli traumatizados etc.).
A gastrite crônica é definida histologicamente pela atrofia crônica progressiva da mucosa gástrica
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Casos crônicos assintomáticos
Aguda
Dor
Queimação
Perda do apetite
Náuseas e vômitos
Casos complicados melena e hematêmese
GASTRITE BACTERIANA
H. Pylori - Agente infeccioso + comum
Encontrado embebido na camada da mucosa e tende a agrupar-se sobre junções celulares
Doença de etiologia pouco conhecida, de evolução gradual, com surtos de ativação e períodos de remissão,
com característica principal a perda circunscrita de tecidos nas áreas do tubo digestório que entram em
contacto com a secreção ácido péptica do estômago.
Ferida bem definida, redonda ou oval, causada porque o revestimento gástrico ou duodenal sofreu digestão
ou erosão pelo ácido gástrico e sucos digestivos - Úlcera rasa é denominada erosão.
Doença ulcerosa péptica inclui tanto as úlceras gástricas como as duodenais.
Helicobacter pylori é o agente causal para muitos, senão a maioria dos casos de doença ulcerosa péptica.
Ácido gástrico não é considerado causal, porém é um fator etiológico quando secretado em taxas
extremamente elevadas. Assim, sua inibição é terapêutica.
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SINTOMAS
Os sintomas podem ser menos intensos nos indivíduos idosos, naqueles que fazem uso de corticosteróides
ou nos doentes graves.
A febre indica infecção no abdômen.
Se a condição não for tratada, o doente pode entrar em choque
Esta situação de emergência exige cirurgia imediata e a administração de antibióticos por via intravenosa
Dor, Queimação, Perda do apetite
Náuseas e vômitos
Casos complicados → melena e hematêmese
Peculiaridades do H pylori
É resistente ao ácido
Adere-se ao epitélio (adesina) e movimenta-se no muco (flagelos)
Libera citotoxinas (destrói o epitélio)
Envolve-se na patogênese do processo inflamatório péptico (úlcera péptica)
Agente causal de 90% dos casos de úlcera duodenal e 70% dos casos de úlcera gástrica
Relaciona-se à gênese do câncer gástrico
Estuda-se sua associação com o RGE
TRATAMENTO
Inibição ou diminuição do meio ácido: antagonistas do H2 ou inibidores da bomba de prótons.
Agente causador – H. pylori – antibióticos e bismuto – amoxiciclina e metronidazol
Embora as drogas que diminuem a secreção de ácido auxiliem no tratamento, não há evidências científicas
de que a alimentação possa melhorar ou auxiliar no tratamento, bem como aliviar a dor → assim a
dietoterapia ainda é discutida.
Pode ser feita cauterização da úlcera através da endoscopia (dieta zero e entrada de NPT)
Evitar: Antiinflamatórios não-esteróides, álcool e nicotina.
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CIRURGIA GÁSTRICA
VAGOTOMIA DO TRONCO
Secção dos troncos principais do nervo vago em cada lado do esôfago distal eliminando os componentes
neurais que estimulam a secreção de ácido gástrico
Conseqüências: reduz as contrações antrais, retarda o esvaziamento de sólidos no estômago e prejudica o
relaxamento do piloro, dificultando ainda mais o esvaziamento gástrico.
Compensação: piroloplastia.
VAGOTOMIA COM ANTRECTOMIA:
Procedimento mais agressivo para a doença ulcerosa péptica. Compreende a ressecção do antro e piloro. A
ressecção do antro remove a porção do estômago secretora de gastrina religando o restante do estômago
ao intestino
Conseqüências: promove a passagem rápida e irregular de conteúdos gástricos para o intestino, o que pode
causar Síndrome de Dumping.
Efeitos de Alguns Alimentos no percentual de Secreção Gástrica:
Água: 60%
Coca-Cola: 65%
Chá mate: 70%
Café: 75 %
Cerveja: 100%
Leite: 120%
Como os objetivos dietoterápicos da gastrite e úlcera são muito parecidos, a terapia nutricional será
abordada em conjunto.
OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL:
Recuperar e proteger a mucosa gastrintestinal;
Facilitar a digestão; Aliviar a dor;
Evitar alimentos que parecem piorar a dor ou a distensão abdominal.
Fracionamento: 4 a 5 refeições por dia.
Valor energético total: para manter o recuperar o estado nutricional.
Macronutrientes: distribuição normal: normoprotéica, normolipídica e normoglicídica.
Micronutrientes: atenção a vit B12 e ferro (observar hemograma).
Alimentos positivos: Ricos em fibras alimentares (vegetais em geral) as fibras apresentam efeito benéficos,
agindo como tampão, diminuindo o tempo de transito intestinal, levando a menor distensão.
Alimentos a serem evitados: Bebidas alcoólicas, o álcool é um potente irritante da mucosa;
Café: mesmo que seja o descafeinado ocorre irrigação na mucosa
Refrigerantes: a base de cola são relacionados com o aumento da produção ácida, além disso por serem
gasosos, provocam distensão gástrica e podem relacionar-se com dispepsia
Pimenta vermelha: possui capsaicin - substância irritante gastrintestinal, assim como mostarda em grão.
Frutas ácidas: Respeitar a tolerância individual
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É o complexo de sintomas induzido pelo esvaziamento gástrico acelerado.
Caracterizado por diarréia, dor abdominal e sintomas associados com hipoglicemia (sudorese, palpitações,
fraqueza); em resposta à passagem rápida de uma refeição hipertônica para o intestino, a água entra no
lúmen pela parede intestinal em uma tentativa de tornar o conteúdo intestinal isosmótico.
A entrada da refeição mais a entrada rápida da água estica a parede intestinal provocando distensão
abdominal e dor.
A diarréia resulta da incapacidade do intestino em lidar com a carga súbita de volume e osmolaridade.
Esta fase inicial também pode ser marcada por fraqueza, taquicardia e palpitação.
Fase tardia está relacionada com episódio transitório de hipoglicemia, devido ao aumento abrupto de
insulina.
O tratamento dietético geralmente controla os sintomas da síndrome de dumping:
Evitar a entrada súbita de grandes volumes no intestino proximal;
Ingestão freqüente de refeições pequenas;
Evitar a ingestão de líquidos nas refeições;
Refeições de baixa osmolaridade (evitar açúcares de rápida absorção)
Retardar o tempo de trânsito (fibras solúveis, mucilagens)
Caracteriza-se pelo fato das fezes terem consistência líquida, numa freqüência maior do que 3 vezes ao dia.
AGUDA – até 3 semanas
CRÔNICA – 4 semanas ou mais
TIPOS DE DIARRÉIA
OSMÓTICA
Solutos osmoticamente ativos (ex. intolerância à lactose)
Grande volume de fezes
Causada pelo acúmulo de solutos não absorvíveis na luz intestinal
Quando o conteúdo intestinal excede em água a osmolaridade aumenta e diminui a capacidade do intestino
em absorvê-la, o que acarreta a diarréia
Ocorre em indivíduos intolerantes a lactose, Síndrome de Dumping e Doença Celíaca
A diarréia cessa quando se faz jejum ou deixa de ingerir o soluto pouco absorvível.
SECRETÓRIA
Secreção ativa de eletrólitos e água pelo epitélio intestinal (ex. exotoxinas)
Ocorre quando a mucosa do delgado e cólon são hiperestimulados.
Fezes volumosas e aquosas por mais de 11 dias
Diarréias agudas causadas por toxinas bacterianas e vírus.
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EXSUDATIVA
Associadas à lesão de mucosa, que levam à eliminação de muco, sangue e proteínas plasmáticas (ex. colite
ulcerativa)
Sempre associadas ao dano da mucosa, que leva a derramamento de muco, sangue e proteínas
plasmáticas
Ocorre o acúmulo líquido de eletrólitos e água no intestino
Diarréias da colite ulcerativa crônica e enterite de radiação
No tratamento da diarréia é importante investigar sua causa. Em geral as principais recomendações são:
Oferta de líquidos e eletrólitos suficiente para repor as perdas (ex: água de coco, isotônicos). Dependendo
do estado de desidratação há necessidade de reposição EV;
Digestão que proporcione uma pequena quantidade de resíduos;
Favorecer a formação do bolo fecal mais consistente
Retirada dos nutrientes causadores como a lactose, glúten, etc.;
Fase grave de quadro diarréico, com evidência de risco nutricional, deve-se avaliar a necessidade de
suplementação dietética – DIETAS ELEMENTARES dependendo da indicação clínica.
Alimentos
Leite lactose – mal tolerado
Fibras solúveis bens tolerado – indicação de 35g dia para adultos.
Fibras insolúveis mal tolerado
Uso de probióticos na remissão.
Causas importantes de diarréia que necessitam de orientação dietoterápica:
Intolerância à lactose: retirada de alimentos ricos em lactose como o leite e o iogurte. Os queijos duros são
bem tolerados devido o baixíssimo teor de lactose.
Alergia à proteína do leite de vaca: retirada de todos os lacticínios (inclusive os de cabra). Substituição pela
soja.
Importante: pacientes com restrição de leite podem ter deficiência na ingestão de cálcio, portanto deve-se
avaliar a ingestão de cálcio e se a mesma não for suprida pela alimentação, deve-se fazer a suplementação.
Doença Celíaca: intolerância ao glúten. O glúten está presente nos alimentos: aveia, trigo, centeio e cevada e
seus subprodutos. Deve-se fazer toda a retirada de alimentos ricos em glúten.
Dietas restritivas devem ser sempre seguidas de orientação e acompanhamento nutricional para que se
evite desequilíbrios nutricionais.
Abrange pelo menos duas formas de inflamação intestinal crônica:
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As duas condições são definidas empiricamente com base em características clínicas, radiológicas,
endoscópicas e histológicas.
Discute-se se são manifestações da mesma doença ou distúrbios distintos com algumas semelhanças
patogênicas ou clínicas.
A última hipótese é favorecida por dados genéticos e imunológicos.
DOENÇA DE CROHN – DC
DC: processo inflamatório com inflamação microscópica identificável em todo TGI. Onde quer que ocorra, a
doença macroscópica é caracteristicamente segmentar com áreas poupadas - “lesões alternadas”.
Também conhecida como enterite regional, ileíte granulomatosa, ileocolite.
Padrões da Doença de Crohn
Os sintomas diferem entre os indivíduos com doença de Crohn, mas existem quatro padrões comuns:
Inflamação com dor e sensibilidade na região abdominal inferior direita
Obstruções intestinais agudas recorrentes que causam espasmos dolorosos intensos da parede intestinal,
aumento de volume abdominal, constipação e vômito
Inflamação e obstrução intestinal parcial crônica que causa desnutrição e fraqueza crônica
Também são muito freqüentes os sintomas fora do trato digestivo. Estes sintomas incluem a artrite, febre,
úlceras na boca e crescimento mais lento
RETOCOLITE ULCERATIVA – RCU
RCU – está sempre confinada à mucosa colônica e portanto é curável pela colectomia. A inflamação inclui o
reto, mas estende-se em graus variáveis de modo contínuo. Também denominada retocolite ulcerativa
inespecífica.
Caracterizadas por diarréias sanguinolentas
Basicamente uma doença da mucosa
Causa é desconhecida: hereditariedade e as respostas imunes hiperativas do intestino podem ser fatores
contribuintes.
Sintomas
Episódio pode ser súbito e grave, produzindo diarréia intensa, febre alta, dor abdominal e peritonite.
Freqüentemente, um episódio começa gradualmente e o indivíduo apresenta urgência para evacuar, cólica
leve na região abdominal inferior e a presença visível de sangue e muco nas fezes
Ocorre a descarga de muco contendo uma grande quantidade de eritrócitos e de leucócitos através do reto
durante ou entre as evacuações.
Evacuações: 10 a 20 vezes por dia.
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EFEITOS INTESTINAIS DAS DIIS
ABSORÇÃO DAS GORDURAS
RCU: não é afetada
DC: pode ser afetada
Perdas Entéricas
Mais prevalente e importante que a má absorção de gorduras é a perda entérica de proteínas, sangue,
minerais e eletrólitos tanto na DC como na RCU.
Digestão e Absorção de Nutrientes Específicos
Má absorção de B12 é comum.
Deficiência de lactase.
Alergia à proteína do leite de vaca
TRATAMENTO DC
Incurável
Pode haver recidivas após ressecção dos segmentos acometidos
Medicamentos: Sulfas, Ampicilina, Tetraciclina (antibióticos), Metronidazol (amebicina) e Corticóides
(imunossupressores).
TRATAMENTO RCU
Controle da inflamação
Reposição de líquidos e nutrientes perdidos
Sulfas e corticosteróides.
50% submetidos a cirurgia
OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL:
Contribuir para o alívio dos sintomas;
Recuperar e/ou manter o estado nutricional do paciente.
TERAPIA NUTRICIONAL NAS DIIs
VET: Usar Harris Benedict com FI: 1,75
PTN: Hiperproteíca: 1 – 1,5g/Kg/dia podendo chegar a 2g/Kg/dia
CHO: Normoglicídica, isenta de lactose e reduzida em outros açúcares de rápida absorção. Rica em fibras
solúveis.
LIP: Hipolipídica. Menos que 20% do VET. Ver esteatorréia.
Micronutrientes: suplementar se a dieta não atingir as necessidades diárias.
Fase de remissão: VO
Fase aguda:
Parenteral: se necessário repouso intestinal e após ressecções;
Enteral: se for possível o uso do TGI - dietas elementares.
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Cuidados importantes:
Para maioria dos pacientes ambulatoriais a dieta é liberal, com calorias e proteínas suficiente para recuperar
ou manter o Estado nutricional
As restrições dietéticas devem ser analisadas de maneira crítica.
Estudos não comprovam dieta isenta de resíduos
Alguns mostram melhora na utilização de dietas ricas em fibras e pobres em açúcar
Evitar alimentos fermentativos (couve flor, couve, repolho, leguminosas, açúcar e bebidas gaseificadas)
Utilizar suplementos orais completos caso não se consiga as necessidades pela alimentação normal
Indicar nutrição enteral caso VO não atinja as necessidades
Parenteral só em caso de intestino muito curto ou obstrução quase completa
Nutrientes que auxiliam no controle das DII: glutamina, arginina e ômega 3
Consiste em um conjunto de sinais e sintomas usados para descrever as conseqüências nutricionais e
metabólicas de grandes ressecções do intestino delgado (ID remanescente < 200 cm)
É caracterizada por diarréias, anormalidades dos fluidos e eletrólitos, má absorção e perda de peso.
Severidade da SIC depende da ressecção e das porções remanescentes
Perda de 70 a 80% do intestino delgado levam a graves seqüelas metabólicas
Pacientes que não sofreram ressecção intestinal, mas que apresentam redução acentuada da superfície de
absorção do intestino delgado, podem apresentar as mesmas seqüelas nutricionais (espru, enterite por
irradiação, etc.)
Doença de Crohn, doença vascular mesentérica e malignidade são as causas mais comuns da SIC em
adultos.
A má absorção é o principal determinante.
O processo de adaptação intestinal inicia imediatamente após a injúria e continua por, pelo menos, seis
meses (provavelmente até dois anos)
O íleo é mais adaptável que o jejuno, e a presença do cólon ajuda a manter o balanço hidroeletrolítico.
Os pacientes com jejunostomia alta podem perder até 3 litros por dia.
Fatores que propiciam o prognóstico:
Juventude
Maior comprimento do intestino residual
Ressecção proximal
Presença da válvula íleocecal e do cólon
Adaptação do intestino delgado
Locais primárias de absorção de nutrientes:
Duodeno cálcio e ferro
Duodeno e jejuno carboidratos
Jejuno Vitaminas hidrossolúveis
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
Jejuno e íleo ptn e lipídios
Íleo terminal sais biliares e vitamina B12
Cólon Potássio, sódio, cloreto e água.
Deficiências nutricionais:
Desidratação
Sais biliares são mal absorvidos – má absorção de gorduras
Deficiência de dissacaridases
TRATAMENTO CLÍNICO fase 1
Equilíbrio de fluidos e eletrólitos (-2l/dia) urina mínima de 1l
Hipersecreção de ácido gástrico Antagonista de H2 EV
Diarréia de + de 2l antidiarréico
Início do VO quando ruídos intestinais retornam e perdas menos que 2l/dia
Mantém nutrição parenteral
Glutamina
TRATAMENTO CLÍNICO – fase 2
Inicia-se o período de alimentação intermediária.
Dieta oral inicia-se lentamente, bem fracionada em pequenos volumes
Introdução de amido: arroz, macarrão, batata e restrição de sacarose e lactose
Restringir gorduras, usar TCM.
Dietas elementares ou fórmulas completas devem ser prescritas conforme o estado nutricional e evolução
clínica do paciente
Mantém nutrição parenteral
TRATAMENTO CLÍNICO – fase 3
Desmame da nutrição parenteral
Cuidado com a terapia nutricional oral muito importante e permanente.
Dieta adaptada com restrição de alimentos não tolerados
Em geral pacientes com menos de 1 m de ID necessitam de parenteral por longo tempo.
IMPORTANTE:
Dieta 50% carboidrato, 30% lipídeos e 20% de proteína
VET para manter ou recuperar o estado nutricional
Suplementar micronutrientes principalmente lipossolúveis
Suplementar B12 na ausência do íleo
Antidiarréicos e antiácidos devem ser prescritos para auxiliar na digestão do paciente.
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A constipação intestinal (obstipação ou “prisão de ventre”) é um sintoma comum na população, com freqüência
estimada ao redor de 20%. A freqüência pode variar, sendo mais elevada em idosos, mulheres e em indivíduos
com vida sedentária.
DEFINIÇÃO
Retardo ou dificuldade nas defecações, suficiente para causar desconforto significativo para o paciente.
Pode significar que as fezes são duras, difíceis de serem expelidas ou infreqüêntes.
Atualmente freqüência não define constipação
Indivíduos evacuam 3x/sem - < quantidade, dor abdominal, dor evacuatória, fezes endurecidas, ressecadas,
sem formas = síbalos, sensação de evacuação incompleta
Não é doença nem sinal = sintoma = vários distúrbios
CLASSIFICAÇÃO
AGUDA
Mudanças do hábito alimentar
Uso de drogas
atividade física
Viagem
CRÔNICA
Orgânica Causas definidas intestinal ou extra intestinal
Intestinais Neoplasias, Estenoses, Megacólon
Metabólicas ou Endócrinas Diabetes, Hipotiroidismo, Hipercalcemia, Hipocalemia
Medicamentos Anticolinérgicos, Anestésicos, Anticonvulsivantes, Antiácidos, Bloqueadores de Ca,
Diuréticos, Relaxantes Muscular, Opiáceos
Neurológicas Neuropatia Autonômica, Trauma CE, Isquemia, Parkinson
FUNCIONAL
Grupo de pesquisadores Critérios de Roma I (1998) e Roma II (1999) uniformizar diagnóstico de
Constipação Funcional
DEFINIÇÃO
Menos de 3 evacuações/sem
Fezes duras ou Sensação evacuação incompleta em 25% das evacuações
Dificuldade para evacuar em 25% das evacuações
Necessidade de manipulação digital
2 queixas – 12 sem. – último ano
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
TRATAMENTO
Em linhas gerais, os produtos utilizados no tratamento da constipação intestinal podem ser distribuídos em
quatro categorias: formadores de bolo fecal emolientes, osmóticos ou catárticos e estimulantes do
peristaltismo intestinal:
1. Formadores do bolo fecal: aumentam a motilidade intestinal pelo aumento do volume fecal devido sua
capacidade hidrofílica, o que aumenta o teor de água nas fezes, aumentando o volume fecal: celulose,
hemicelulose, β glucans, pectina, gomas e lignina, além do psyllium, ágar-ágar e derivados sintéticos da
celulose.
2. Lubrificantes: lubrificam e amolecem as fezes, mas não interferem no peristaltismo intestinal, como óleo
mineral, óleos vegetais e vaselina.
3. Osmóticos ou catárticos: São elementos não absorvíveis que, por seus efeito osmótico, aumentam o volume
do bolo fecal e peristaltismo, são eles: sulfato de magnésio, lactulose, manitol e sorbitol.
4. Estimulantes do peristaltismo intestinal: aumentam o peristaltismo intestinal por contato direto com a
mucosa colônica, como os extraídos de plantas (Senna, cáscara sagrada), óleo de rícino, além da
fenolftaleína, picossulfato e bisacodil.
Muitos produtos comercializados pela indústria farmacêutica são a mistura de vários agentes laxantes.
OBJETIVOS DA DIETOTERAPIA:
Estimular o peristaltismo intestinal
Manter e/ou corrigir estado nutricional
Aumentar tônus intestinal
Estimular o reflexo gastrocólico
Reposição hídrica
TERAPIA NUTRICIONAL
FIBRAS
Como os dados das tabelas ainda são controvérsos, com o valor apenas da fibra bruta, ainda existe
dificuldade em identificar o real valor de fibras dos cardápios.
Proposta por Caruso, 1998, pode-se agrupar as fibras em fibra alimentar total (FAT), distribuindo-as entre os
grupos alimentares proposta por Philippi, et al (1996)
Teor de FAT dos grupos de alimentos:
Frutas: 2,80g
Pães/matinais: 1,40g
Vegetais A: 0,42g
Vegetais B: 1,30g
Leguminosas: 3,11g
Cereais/outros: 1,35g
O valor estimado de fibras alimentares, utilizando este exemplo de aplicação dos equivalentes de FAT é de
26g/dia (ADA 20 a 35g/dia)
Para o consumo de fibras farelo de trigo, aveia, semente de linhaça. Conforme tolerância do paciente.
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
VET: de acordo com as necessidades de o paciente usar fator de injuria se desnutrição ou infecção grave
Proteína: Normoprotéica.
Carboidrato: Normoglicídica.
Lipídeos: Normolipídica. Preferir as monoinsaturadas e poliinsaturadas evitar as saturadas.
LÍQUIDOS: aumentar a ingestão de líquidos, uma boa opção é a ingestão de líquidos frios em jejum pela
manhã, pois estimula o reflexo gastrocólico (ameixa preta + água), sendo a ameixa preta um laxante natural
devido a uma substancia a desidroxifenilisantim.
Micronutrientes: cuidado com dietas excessivas em fibras, pois podem “quelar” micronutrientes. Respeitar a
recomendação da ADA.
OSTOMIAS PARA SAÍDA DE FEZES
Orientações gerais para pacientes ostomizados:
CONTROLE DIARRÉIA
Evitar os seguintes alimentos:
Leite e queijo gordurosos
Leguminosas
Vegetais de folhas cruas
Cereais integrais
Bebida alcoólica
Doces muitos concentrados
Temperos
Conservas em lata e embutidos
Frutas cruas permitidas: pêra, maçã, banana-maçã. Outras frutas deverão ser cozidas
CONTROLE DA PRISÃO DE VENTRE
Beber 2 litros de água / dia
Ingerir diariamente folhas cruas
Preferir alimentos integrais
Comer mínimo 3 frutas ao dia crua
Usar duas colheres de sopa / dia de farelo de trigo
CONTROLE DOS GASES INTESTINAIS:
Comer devagar
Mastigar bem os alimentos
Não falar durante as refeições
Não ficar longo períodos de jejum
Não mascar chicletes
Evitar alimentos formadores de gases: bebidas alcoólicas, refrigerantes, feijão, ervilhas, lentilhas, grão-de-
bico, couve-flor, repolho, couve, brócolis, batata-doce, pimentão, pepino, cebola, doces e frituras.
Avaliar tolerabilidade individual
MANUAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA – PARTE II
CONTROLE DE ODOR DAS FEZES
Alimentos que produzem odor desagradável: peixe, carnes em conservas muito temperadas, cebola crua,
alho cru, couve-flor, repolho e ovo cozido.
Alimentos que reduzem o odor desagradável: maçã, pêssego, pêra, coalhada, iogurte, salsinha, salsão e
hortelã
PROBIÓTICOS
Tendem a se tornar uma conduta dietoterápica comum a pacientes com doenças intestinais.
Têm se observado resultados positivos no controle de diarréia e melhora da obstipação intestinal, assim
como nas doenças inflamatórias intestinais, processos de alergia intestinal e até na prevenção do câncer
Possíveis mecanismos:
Inibição da adesão de bactérias patogênicas
Competição por substratos com bactérias patogênicas
Estimulação da resposta imune
Mais pesquisados: Lactobacillus acidophilus, bulgarius, bifidobacterium bifidum.
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