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Manual de Auditoria Interna AUDITORIA-GERAL DA UFMG 2ª Versão Belo Horizonte - 2013

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  • Manual de Auditoria Interna

    AUDITORIA-GERAL DA UFMG

    2ª Versão

    INTRODUÇÃO Belo Horizonte - 2013

    APRESENTAÇÃO

  • Manual de Auditoria Interna

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    APRESENTAÇÃO

    Em 2011, a Auditoria-Geral da UFMG decidiu elaborar seu primeiro manual, visando à melhoria dos

    procedimentos internos e preencher lacuna existente desde sua constituição. Em sua segunda

    edição, o Manual de Auditoria Interna da UFMG traz algumas atualizações e revisões no que tange às

    mudanças legais e normativas, bem como na incorporação de novos procedimentos e recentes

    metodologias de trabalho.

    A finalidade básica deste manual é reunir de forma sistematizada conceitos básicos sobre a matéria,

    as principais legislações correlatas, plano de trabalho, organização, competências, forma de

    planejamento e execução das ações de auditoria e controle, comunicação dos relatórios, diretrizes

    gerais e o estabelecimento de procedimentos essenciais ao desenvolvimento das atividades de

    auditoria, visando, principalmente, alcançar uniformidade de atendimento, padronização mínima dos

    procedimentos e disciplinar as atividades no âmbito da Auditoria-Geral da UFMG. Além disso, são

    abordadas as condutas profissionais do auditor quando da realização dos trabalhos de auditoria e

    elementos do código de ética.

    Assim, o objetivo deste Manual é servir de orientação e auxílio aos integrantes da Auditoria- Geral e

    a todos aqueles que pretendam obter subsídios acerca dos procedimentos de Auditoria e das

    disposições normativas.

    Este Manual é resultado de pesquisas realizadas em livros, manuais de auditoria do setor público,

    artigos, legislações, normas técnicas/profissionais e na experiência acumulada da prática de auditoria

    dos servidores lotados no órgão.

    Não se pretende esgotar os assuntos aqui abordados, mas, estar abertos a uma constante revisão em

    parceria com nossos colegas, objetivando uma melhoria contínua e atualização em face de alterações

    na legislação.

    Espera-se que a experiência decorrente da aplicação desse manual possa promover importantes

    ajustes ao longo do tempo, sobretudo, na necessidade de introdução de métodos e procedimentos

    que sejam determinantes para a modernização da gestão governamental.

    O sucesso de todo e qualquer manual de padronização, ou de regras, depende,

    preponderantemente, do bom-senso de quem o utiliza, pois o perigo das regras está na sua

    interpretação. Este trabalho não substitui o conhecimento da legislação que afeta ao mesmo, seu

    êxito não depende do bom nível cultural de quem irá manuseá-lo, mas, e principalmente, da

    sensibilidade e humildade do seu consultante.

    A versão, sempre atualizada, deste manual e seus complementos (programas de trabalho e

    procedimentos de auditoria) estão disponibilizados no diretório P:\AUD\Manual Auditoria e no sítio

    eletrônico da Auditoria-Geral: https://www.ufmg.br/auditoria.

    https://www.ufmg.br/auditoria/index.php?option=com_content&view=category&id=22&Itemid=198

  • Manual de Auditoria Interna

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    Sumário

    1. DA UNIDADE DE AUDITORIA INTERNA ....................................................................................... 5

    1.1 Histórico e objetivos ................................................................................................................ 5

    1.2 Definição da auditoria interna ................................................................................................ 6

    1.3 Legislação aplicável ................................................................................................................. 9

    1.4 Organização ........................................................................................................................... 11

    1.5 Competência regimental ....................................................................................................... 12

    1.6 Áreas de atuação ................................................................................................................... 12

    1.7 Conduta do auditor ............................................................................................................... 14

    1.8 Código de ética ............................................................................................................................ 15

    1.8.1 Deveres do auditor ............................................................................................................... 15

    1.8.2 Vedações ao auditor ............................................................................................................. 16

    2. PROCESSO DE AUDITORIA ....................................................................................................... 17

    2.1 Plano de auditoria ....................................................................................................................... 18

    2.2 Planejamento dos trabalhos ....................................................................................................... 20

    2.2.1 Programa de auditoria ......................................................................................................... 21

    2.2.2. Avaliação dos controles internos......................................................................................... 26

    2.2.3 Critérios e técnicas de amostragem ..................................................................................... 40

    2.2.4 Risco de auditoria ................................................................................................................. 49

    2.3 Execução dos trabalhos de auditoria .......................................................................................... 53

    2.3.1 Reunião de abertura dos trabalhos com o auditado ............................................................ 53

    2.3.2 Estudo e avaliação dos controles internos ........................................................................... 53

    2.3.3 Aplicação dos programas de auditoria ................................................................................ 55

    2.3.4 Dos procedimentos gerais de auditoria ............................................................................... 56

    2.3.5 Erro e irregularidade ............................................................................................................ 72

    2.3.6 Achados em auditoria (constatações) .................................................................................. 73

    2.3.7 Evidências de auditoria ........................................................................................................ 79

    2.3.8 Papeis de trabalho ................................................................................................................ 81

    2.4 Comunicação dos resultados ...................................................................................................... 90

    2.4.1 Atributos da comunicação escrita ........................................................................................ 93

    2.4.2 Tipos de Relatórios de Auditoria .......................................................................................... 96

    2.4.3 Estrutura do relatório de auditoria ...................................................................................... 98

    2.4.4 Audiência e comentários do auditado ................................................................................ 101

  • Manual de Auditoria Interna

    4

    2.5 Monitoramento do trabalho de auditoria – follow-up ............................................................. 101

    2.5.1 Plano de ação para implementação das recomendações .................................................. 102

    3. DA ATUALIZAÇÃO DO MANUAL DE AUDITORIA INTERNA ....................................................... 103

    4. DA OBRIGATORIEDADE DE CUMPRIMENTO ........................................................................... 103

    ANEXOS

    I- Regimento Interno da Auditoria-Geral da UFMG

    II- Ofício Circular GR. 007/2013

    APÊNDICE

    A- Código de Ética do Auditor Interno da UFMG

    B- Plano Anual de Atividades de Auditoria Interna – PAINT (Modelo)

    C- Ordem de Serviço de designação (Modelo)

    D- Programa de Trabalho de Auditoria – PTA (Modelo)

    E- Procedimento de Auditoria – PA (Modelo)

    F- Ofícios de apresentação e solicitação de documentos (Modelos)

    G- Localização de documentos e modelos utilizados nos trabalhos de auditoria

    H- Relatório de Auditoria (Modelo)

    I- Plano de ação para implementação das recomendações da Auditoria- Geral (Modelo)

    J- Controle de atualização

  • Manual de Auditoria Interna

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    1. DA UNIDADE DE AUDITORIA INTERNA

    1.1 Histórico e objetivos

    A Auditoria Interna da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi instituída, em 1972, como

    órgão vinculado ao Conselho Universitário, como determinado no art. 20 do Estatuto dessa

    Instituição. Somente em julho de 1974, porém, foi definitivamente implantada por meio de convênio

    firmado entre a Reitoria da UFMG e a Faculdade de Ciências Econômicas (FaCE).

    Em 14 de junho de 1985, mediante a Resolução n° 08, do Conselho Universitário da UFMG, foi

    aprovado o primeiro Regimento Interno da Auditoria-Geral dessa Universidade.

    Em 1999, pela Resolução n° 04, de 4 de março de 1999, aprovou-se o atual Estatuto da UFMG, em

    que, no art. 11, inciso II, a Auditoria-Geral foi definida como Órgão de Assessoramento do Conselho

    Universitário da UFMG, conforme organograma abaixo.

    Em decorrência de inúmeras mudanças pertinentes aos ordenamentos legais – notadamente, após a

    promulgação da Constituição Federal –, em 2006, o Regimento Interno da Auditoria-Geral foi

    revisado e aprovado pelo Conselho Universitário mediante a Resolução n° 02, de 8 de junho de 2006

    (Anexo I).

    A Auditoria-Geral tem como missão assessorar, de forma permanente, o Conselho Universitário da

    Universidade Federal de Minas Gerais, visando a garantir a eficiência e a eficácia na aplicação e no

    controle dos recursos públicos no âmbito dessa Instituição. Tem por finalidade examinar, assessorar,

    orientar, acompanhar e avaliar os atos de gestão conforme definido no artigo 2º do seu Regimento

    Interno.

    Unidades de Ensino, Pesquisa e Extensão

    Órgãos da Administração Superior

    Órgãos de deliberação superior e Fiscalização Econômica Financeira

    Conselho Universitário

    Secretária dos Órgãos de Deliberação Superior

    Auditoria-Geral

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

    Pró-Reitorias

    Assessorias

    Diretorias

    Conselho de

    Curadores

    Conselho de Ensino,

    Pesquisa e Extensão

    Reitorado Conselho de

    Diretores

    Órgãos

    Suplementares

    Órgãos

    Auxiliares

    Escolas/Faculdades

    Institutos

    Órgãos complementares Unidades Especiais

    Figura 1 – Organograma da UFMG (Adaptado). Fonte: Disponível em https://www.ufmg.br/proplan_site_antigo/relatorios_anuais/relatorio_anual_2008/dados/estr_organiz.htm

    https://www.ufmg.br/proplan_site_antigo/relatorios_anuais/relatorio_anual_2008/dados/estr_organiz.htm

  • Manual de Auditoria Interna

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    Vale destacar ainda que conforme o art. 15 do Decreto Presidencial nº 3.591/2000, as unidades de

    auditoria interna das entidades da Administração Pública Federal indireta vinculadas aos Ministérios

    e aos órgãos da Presidência da República sujeitam-se à orientação normativa e supervisão técnica da

    Controladoria-Geral da União - CGU e dos órgãos setoriais do Sistema de Controle Interno do Poder

    Executivo Federal (Controladorias Regionais da União nos Estados), em suas respectivas áreas de

    jurisdição.

    O supracitado dispositivo legal determina que a unidade de auditoria interna apresente anualmente

    ao órgão ou à unidade de controle interno a que estiver jurisdicionada, para efeito de integração das

    ações de controle, seu plano de trabalho do exercício seguinte, denominado Plano Anual de

    Atividades de Auditoria Interna – PAINT, bem como o Relatório Anual de Atividades de Auditoria

    Interna – RAINT contendo o relato das atividades de auditoria desenvolvidas durante o ano. Tais

    instrumentos são abordados, respectivamente, nos itens 2.1 e 2.4.2 deste Manual.

    1.2 Definição da auditoria interna

    Etimologicamente a palavra “auditoria” tem a sua origem no verbo latino audire, que significa

    “ouvir”, e que conduziu à criação da palavra “auditor” (do latim auditore) como sendo aquele que

    ouve. Isto pelo fato de nos primórdios da auditoria os auditores tirarem as suas conclusões

    fundamentadamente com base nas informações verbais que lhes eram transmitidas.

    Atualmente, atribuiu-se à auditoria um conjunto mais abrangente de importantes funções,

    envolvendo todo o organismo da entidade e dos seus órgãos de gestão, com a finalidade de efetuar

    críticas e emitir opiniões sobre a situação econômico-financeira e sobre os resultados de ambos.

    Ressalte-se que a auditoria também tem o objetivo de identificar deficiências no sistema de controle

    interno e no sistema financeiro, apresentando recomendações para melhorá-los.

    A International Federation of Accountants – IFAC (Federação Internacional de Contadores) define

    auditoria como “uma verificação ou exame feito por um auditor dos documentos de prestação de

    contas com o objetivo de o habilitar a expressar uma opinião sobre os referidos documentos de

    modo a dar aos mesmos a maior credibilidade”.

    Já o conceito da International Organization of Supreme Audit Institutions – INTOSAI (Organização

    Internacional de Instituições Superiores de Auditoria), que está mais voltado para o controle das

    finanças públicas, define como “o exame das operações, atividades e sistemas de determinada

    entidade, com vista a verificar se são executados ou funcionam em conformidade com determinados

    objetivos, orçamentos, regras e normas”.

    Existem diversas classificações de auditoria, as quais de um modo geral têm a designação constante

    do QUADRO 1 consoante o seu objeto, a finalidade, o âmbito, a extensão, a periodicidade e o agente

    executante.

  • Manual de Auditoria Interna

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    Quadro 1 – Classificações de Auditoria

    Fonte: Adaptado do Manual de Auditoria Interna do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento – IPAD 2009.

    Conforme se observa no QUADRO 1, sob a concepção do agente executante, a Auditoria é

    classificada em Auditoria externa e interna.

    Silva (2009, p. 16) define auditoria interna como sendo “um processo de trabalho voltado para

    avaliação da rotina administrativa, com base na verificação dos procedimentos operacionais”, isto é

    deve-se levar em consideração o conjunto de normas e procedimentos da entidade, bem como os

    controles internos criados e implantados por ela, visando certificar a avaliação do sistema de

    controle interno.

    O Conselho Federal de Contabilidade - CFC, em sua norma técnica NBC TI 01- Da Auditoria Interna,

    define as atividades e objetivos da Auditoria Interna, nestes termos:

    12.1.1.3 - A Auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao ambiente, e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos.

    • Auditoria das demonstrações financeiras ou contábil • Auditoria de conformidade • Auditoria operacional • Auditoria de avaliação de gestão • Auditoria fiscal • Auditoria governamental • Auditoria de sistemas • Auditoria estratégica

    Quanto ao conteúdo e finalidade

    • Auditoria geral

    • Auditoria parcial Quanto à amplitude

    • Auditoria permanente

    • Auditoria ocasional Quanto à periodicidade

    • Auditoria de informação histórica

    • Auditoria da informação previsional ou prospectiva Quanto ao período temporal que

    analisa

    • Auditoria de fonte legal

    • Auditoria de fonte contratual Quanto à obrigatoriedade

    • Auditoria externa

    • Auditoria Interna Quanto ao sujeito que a realiza

  • Manual de Auditoria Interna

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    12.1.1.4 - A atividade da Auditoria Interna está estruturada em procedimentos com enfoque técnico, objetivo, sistemático e disciplinado, e tem por finalidade agregar valor ao resultado da organização, apresentando subsídios para o aperfeiçoamento dos processos, da gestão e dos controles internos, por meio da recomendação de soluções para as não-conformidades apontadas nos relatórios.

    Sob a ótica do Tribunal de Contas da União – TCU, expresso na Decisão nº 507/2001, “a unidade de

    auditoria interna (órgão ou unidade de controle interno no setor público) é um importante agente na

    estrutura de governança corporativa e tem como competência principal avaliar o funcionamento

    dos sistemas de controles internos das organizações e se os regulamentos, instruções e políticas

    estão sendo observadas, de modo a auxiliar essas organizações a alcançarem suas missões

    institucionais”.

    Segundo as normas internacionais de auditoria interna do The Institute of Internal Auditors – IIA

    (Instituto de Auditores Internos), a auditoria interna é:

    uma atividade independente e objetiva que presta serviços de avaliação (assurance) e consultoria e tem como objetivo adicionar valor e melhorar as operações de uma organização. A auditoria auxilia a organização a alcançar seus objetivos através de uma abordagem sistemática e disciplinada para a avaliação e melhoria da eficácia dos processos de gerenciamento de riscos, de controle e governança corporativa.

    1

    Ainda na concepção do IIA, a auditoria interna é o conjunto de técnicas que visa avaliar, por

    amostragem, a gestão da Entidade, pelos processos e resultados gerenciais, mediante a confrontação

    entre uma situação encontrada com um determinado critério técnico, operacional ou normativo.

    Trata-se de um importante componente de controle das Entidades na busca da melhor alocação dos

    recursos do contribuinte, não só atuando para corrigir os desperdícios, as

    impropriedades/disfunções, a negligência e a omissão, mas, principalmente, antecipando-se a essas

    ocorrências, buscando garantir os resultados pretendidos, além de destacar os impactos e benefícios

    sociais advindos, em especial sob a dimensão da equidade, intimamente ligada ao imperativo de

    justiça social.

    Sob a ótica do conteúdo e finalidade, a IN SFC nº 01/2001 categoriza e conceitua os tipos de

    auditoria, conforme apresentado no QUADRO 2.

    1 Disponível em: http://www.theiia.org/guidance/standards-and-guidance/ippf/definition-of-internal-auditing/

    http://www.theiia.org/guidance/standards-and-guidance/ippf/definition-of-internal-auditing/

  • Manual de Auditoria Interna

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    Quadro 2 - Tipos de auditoria

    Tipo de Auditoria Descrição

    Auditoria de Avaliação da Gestão

    Esse tipo de auditoria objetiva emitir opinião com vistas a certificar a regularidade das contas, verificar a execução de contratos, acordos, convênios ou ajustes, a probidade na aplicação dos dinheiros públicos e na guarda ou administração de valores e outros bens da União ou a ela confiados, compreendendo, entre outros, os seguintes aspectos: exame das peças que instruem os processos de tomada ou prestação de contas; exame da documentação comprobatória dos atos e fatos administrativos; verificação da eficiência dos sistemas de controles administrativo e contábil; verificação do cumprimento da legislação pertinente; e avaliação dos resultados operacionais e da execução dos programas de governo quanto à economicidade, eficiência e eficácia dos mesmos.

    Auditoria de Acompanhamento da Gestão

    Realizada ao longo dos processos de gestão, com o objetivo de se atuar em tempo real sobre os atos efetivos e os efeitos potenciais positivos e negativos de uma unidade ou entidade federal, evidenciando melhorias e economias existentes no processo ou prevenindo gargalos ao desempenho da sua missão institucional.

    Auditoria Contábil Compreende o exame dos registros e documentos e na coleta de informações e confirmações, mediante procedimentos específicos, pertinentes ao controle do patrimônio de uma unidade, entidade ou projeto. Objetivam obter elementos comprobatórios suficientes que permitam opinar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e se as demonstrações deles originárias refletem, adequadamente, em seus aspectos mais relevantes, a situação econômico-financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as demais situações nelas demonstradas. Tem por objeto, também, verificar a efetividade e a aplicação de recursos externos, oriundos de agentes financeiros e organismos internacionais, por unidades ou entidades públicas executoras de projetos celebrados com aqueles organismos com vistas a emitir opinião sobre a adequação e fidedignidade das demonstrações financeiras.

    Auditoria Operacional Consiste em avaliar as ações gerenciais e os procedimentos relacionados ao processo operacional, ou parte dele, das unidades ou entidades da administração pública federal, programas de governo, projetos, atividades, ou segmentos destes, com a finalidade de emitir uma opinião sobre a gestão quanto aos aspectos da eficiência, eficácia e economicidade, procurando auxiliar a administração na gerência e nos resultados, por meio de recomendações, que visem aprimorar os procedimentos, melhorar os controles e aumentar a responsabilidade gerencial. Este tipo de procedimento auditorial, consiste numa atividade de assessoramento ao gestor público, com vistas a aprimorar as práticas dos atos e fatos administrativos, sendo desenvolvida de forma tempestiva no contexto do setor público, atuando sobre a gestão, seus programas governamentais e sistemas informatizados.

    Auditoria Especial Objetiva o exame de fatos ou situações consideradas relevantes, de natureza incomum ou extraordinária, sendo realizadas para atender determinação expressa de autoridade competente. Classifica-se nesse tipo os demais trabalhos auditoriais não inseridos em outras classes de atividades.

    Fonte: Instrução Normativa SFC nº 01/2001

    Atualmente, as auditorias realizadas no âmbito da UFMG enquadram-se nas modalidades de:

    Auditoria de Avaliação de Gestão, Auditoria Contábil e Auditoria Especial.

    1.3 Legislação aplicável

    Para uma melhor compreensão do funcionamento da administração pública e da unidade de

    auditoria interna, bem como de suas atribuições e atividades desempenhadas, recomenda-se aos

  • Manual de Auditoria Interna

    10

    auditores internos, sempre que se fizer necessário, a leitura e análise do arcabouço legal

    referenciado a seguir:

    a) Constituição Federal e Leis

    Constituição Federal/88 - Arts. 70 e 74

    Emenda Constitucional nº 19/98

    Lei nº 4.320/64 - Lei de Finanças Públicas

    Lei nº 8.112/90 - Estatuto do Servidor Público anotada

    Lei nº 8.666/93 - Lei de Licitações e Contratos Administrativos

    Lei nº 8.958/94 - Lei sobre Fundações de apoio

    Lei Complementar nº 101/00 - Lei de Responsabilidade Fiscal

    Lei nº 10.520/02 - Pregão Presencial e Eletrônico

    Lei nº 11.091/05 - Plano de Carreiras - PCCTAE

    Lei nº 12.772/12 - Plano de Carreiras e Cargos - Docentes

    Leis Orçamentárias vigentes (PPA, LDO e LOA)

    b) Decretos

    Decreto-Lei nº 200/67 - Organização Administrativa Federal

    Decreto nº 93.872/1986 - Unificação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional.

    Decreto nº 1.171/94 - Código de Ética do Servidor Público Civil

    Decreto nº 3.591/00 - Sistema Controle Interno do Governo Federal

    Decreto nº 5.450/05 - Pregão eletrônico

    Decreto nº 6.976/09 - Sistema de Contabilidade Federal

    Decreto nº 7.423/10 - Relações entre IFES e Fundações de apoio

    Decreto nº 7.892/13 - Sistema de Registro de Preços

    c) Resoluções internas, Plano institucional e Manuais STN

    Resolução n° 04/99 - Estatuto da UFMG

    Resolução nº 02/06 - Regimento da Auditoria Geral da UFMG

    Resolução complementar nº 01/10 - Regimento Geral da UFMG

    Plano de Desenvolvimento Institucional (2013-2017)

    Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - STN

    Manual Siafi

    d) Normas brasileiras profissionais e técnicas aplicadas à auditoria interna

    Resolução CFC nº 781/95. NBC PI 01 - Normas Profissionais do Auditor Interno

    Resolução CFC nº 803/96. Código de Ética Profissional do Contador

    Resolução CFC nº 986/03. NBC TI 01 - Da Auditoria Interna

    Resolução CFC nº 1.229/09. NBC TA 610 – Utilização do Trabalho de Auditoria Interna

    Resolução CFC nº 1.311/10. NBC PA 290 – Independência - Trabalhos de Auditoria e Revisão

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc19.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4320.htmhttps://conlegis.planejamento.gov.br/conlegis/lei8112anotada/index.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8958.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11091.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12772.htmhttp://www.planejamento.gov.br/ministerio.asp?index=8&ler=s798http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0200.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D93872.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D1171.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3591.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5450.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6976.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7423.htm#art16http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D7892.htmhttp://www.ufmg.br/conheca/informes/ia_estatuto.htmlhttp://www.ufmg.br/auditoria/images/stories/documentos/RegimentoInterno.PDFhttp://www.ufmg.br/boletim/bol1697/img/REGIMENTO_GERAL.pdfhttps://www.ufmg.br/conheca/pdi_ufmg.pdfhttps://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/contabilidade-publica/principais-publicacoes/mcasphttp://manualsiafi.tesouro.fazenda.gov.br/020000/020300/020332/http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1995/000781http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1996/000803http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_986.dochttp://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2009/001229http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2010/001311

  • Manual de Auditoria Interna

    11

    e) Normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público

    Resolução CFC nº. 1.128/08. NBC T 16.1 - Conceituação, Objeto e Campo de Aplicação

    Resolução CFC nº. 1.129/08. NBC T 16.2 - Patrimônio e Sistemas Contábeis

    Resolução CFC nº. 1.130/08. NBC T 16.3 - Planejamento e seus Instrumentos sob o Enfoque

    Contábil

    Resolução CFC nº. 1.131/08. NBC T 16.4 - Transações no Setor Público

    Resolução CFC nº. 1.132/08. NBC T 16.5 - Registro Contábil

    Resolução CFC nº. 1.133/08. NBC T 16.6 - Demonstrações Contábeis

    Resolução CFC nº. 1.134/08. NBC T 16.7 - Consolidação das Demonstrações Contábeis

    Resolução CFC nº. 1.135/08. NBC T 16.8 - Controle Interno

    Resolução CFC nº. 1.136/08. NBC T 16.9 - Depreciação, Amortização e Exaustão

    Resolução CFC nº. 1.137/08. NBC T 16.10 - Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em

    Entidades do Setor Público

    f) Instruções normativas

    Instrução Normativa SFC/MF nº 01, de 06 de abril de 2001, Capítulo X

    Instrução Normativa CGU-PR nº 07, de 29 de dezembro de 2006 (PAINT)

    Instrução Normativa SFC/CGU-PR nº 01, de 03 de janeiro de 2007 (PAINT e RAINT)

    1.4 Organização

    A estrutura funcional da Auditoria-Geral da UFMG está definida no art. 3º do seu Regimento Interno

    (Anexo I) e é composta atualmente por 08 (oito) servidores concursados, dos quais 07 (sete) com

    formação superior em Ciências Contábeis, com especialização stricto sensu em Administração, lato

    sensu em Auditoria Externa, Contabilidade Governamental e Administração Financeira. Conta ainda

    com 01 (uma) secretária com formação superior em Serviço Social. Atualmente, a Auditoria-Geral

    apresenta a seguinte configuração:

    Figura 2 – Organograma da Auditoria-Geral

    Fonte: Adaptado da Resolução interna nº 02/06.

    Auditor Geral

    Auditor 1 Auditor 2

    Auditor 3 Auditor 4

    Auditor 5

    Auditor Adjunto

    Secretaria

    http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001128http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001129http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001130http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001130http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001131http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001132http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001133http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001134http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001135http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001136http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001137http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001137http://www.cgu.gov.br/Legislacao/Arquivos/InstrucoesNormativas/IN01_06abr2001.pdfhttp://www.cgu.gov.br/Legislacao/Arquivos/InstrucoesNormativas/IN_CGU_07_2006_alterada.pdfhttp://www.cgu.gov.br/Legislacao/Arquivos/InstrucoesNormativas/IN_SFC_01_2007.pdf

  • Manual de Auditoria Interna

    12

    1.5 Competência regimental

    A unidade de auditoria tem como competências conforme disposto no art. 5º do Regimento Interno

    e no Capítulo X, Seção I, item 13 da Instrução Normativa SFC nº 01/2001:

    I - acompanhar o cumprimento das metas do Plano Plurianual, visando a comprovar a pertinência de sua execução; II - assessorar os gestores no acompanhamento da execução dos programas governamentais, objetivando comprovar o nível de execução das metas, o alcance dos objetivos e a adequação do gerenciamento; III - verificar a execução do orçamento, para comprovar sua conformidade com os limites e destinações estabelecidos na legislação vigente; IV - examinar a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão, bem como os resultados quanto à economicidade, eficácia e eficiência, tanto em termos orçamentários, financeiros e patrimoniais, como em aspectos referentes ao gerenciamento de pessoal e aos demais sistemas operacionais; V - orientar subsidiariamente os gestores quanto aos princípios e normas de controle interno, inclusive quanto à sistemática de prestação de contas; VI - examinar e emitir parecer prévio referente à prestação de contas anual e tomadas de contas especiais da Entidade; VII - verificar a adequação e acompanhar a implementação das recomendações exaradas por órgãos/unidades do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal e do Tribunal de Contas da União; VIII - elaborar o Plano Anual de Atividades de Auditoria Interna correspondente ao exercício seguinte, bem como o Relatório Anual das Atividades desenvolvidas pelo órgão.

    1.6 Áreas de atuação

    A área de atuação da unidade de auditoria abrange todas as unidades gestoras da UFMG e de suas

    atividades relacionadas com as fundações de apoio e assistencial no que tange à gestão dos recursos

    públicos federais, constituindo-se objeto de exames amostrais os processos de trabalho, com ênfase

    para:

    a) Os sistemas administrativo-operacionais e os controles internos administrativos utilizados na

    gestão orçamentária, contábil, financeira, patrimonial, suprimentos, operacional e de

    pessoal;

    b) A execução dos planos, programas, projetos e atividades que envolvam aplicação de recursos

    públicos federais;

    c) A aplicação e as transferências de recursos da UFMG a entidades públicas ou privadas;

    d) Os contratos e convênios firmados pela UFMG com entidades públicas ou privadas, para

    ações de cooperação, prestação de serviços, execução de obras e fornecimento de materiais;

    e) Os processos de licitação, inclusive na modalidade pregão, as dispensas e as inexigibilidades;

    f) Os instrumentos e sistemas de guarda e conservação dos bens móveis, imóveis e de

    consumo sob a responsabilidade das unidades gestoras da UFMG;

    g) Os atos administrativos que resultem direitos e obrigações para a UFMG;

    h) A verificação do cumprimento das normas internas e da legislação pertinente;

    i) Os processos de tomada de contas especiais e de diligências do Ministério Público;

    j) Os processos de movimentação de pessoal: admissão, desligamento e de concessões de

    aposentadoria, cessão e pensão.

  • Manual de Auditoria Interna

    13

    Estão sujeitos à atuação da unidade de auditoria quaisquer unidades gestoras ou servidores que

    utilizem, arrecadem, guardem, gerenciem ou administrem dinheiro, bens e valores da UFMG ou

    pelos quais a UFMG responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária.

    Em caráter complementar ao previsto no art. 26 da Lei nº 10.180/2001, que trata sobre o exercício

    pleno das atribuições inerentes às atividades de auditoria estão previstas no art. 8º do Regimento

    interno da Auditoria-Geral (Anexo I) e Ofício Circular GR. 007/2013 (Anexo II) algumas

    determinações e recomendações a serem observadas pelos auditores internos e pelas unidades e

    órgãos auditados de modo a contribuírem nos exames realizados pela auditoria.

    Art. 26. Nenhum processo, documento ou informação poderá ser sonegado aos servidores dos Sistemas de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, no exercício das atribuições inerentes às atividades de registros contábeis, de auditoria, fiscalização e avaliação de gestão. § 1

    o O agente público que, por ação ou omissão, causar embaraço,

    constrangimento ou obstáculo à atuação dos Sistemas de Contabilidade Federal e de Controle Interno, no desempenho de suas funções institucionais, ficará sujeito à pena de responsabilidade administrativa, civil e penal. § 3

    o O servidor deverá guardar sigilo sobre dados e informações pertinentes aos

    assuntos a que tiver acesso em decorrência do exercício de suas funções, utilizando-os, exclusivamente, para a elaboração de pareceres e relatórios destinados à autoridade competente, sob pena de responsabilidade administrativa, civil e penal. (LEI nº 10.180/2001) Art. 8º Os auditores deverão se identificar, quando no exercício de suas atividades, apresentando à autoridade competente designação expressa do Auditor-Geral; § 1º A Auditoria-Geral exercerá suas atividades com independência e imparcialidade, assegurando o devido sigilo, quando os trabalhos assim o exigirem. § 2º Os dirigentes de órgãos e Unidades ligados à UFMG deverão proporcionar aos auditores condições de trabalho, permitindo-lhes livre acesso a informações, títulos, documentos, bens, valores e demais instrumentos necessários e pertinentes à execução dos trabalhos, bem como às dependências e instalações físicas em seu âmbito. § 3º As tarefas desempenhadas obedecerão às normas e aos procedimentos de auditoria aplicáveis à Administração Pública Federal. § 4º O Auditor-Geral, em assunto fora de sua especialidade, poderá, a seu juízo, solicitar perito habilitado na área, com a finalidade de emitir parecer sobre a matéria, no prazo estipulado, para subsidiar o relatório de Auditoria. (RESOLUÇÃO Nº 02/2006) a) Às unidades vinculadas direta ou indiretamente à UFMG, submetidas a exames de auditoria interna pela unidade da Auditoria Geral desta Universidade, que observem o estabelecido neste Ofício Circular; b) Que seja dado à Auditoria Geral o acesso irrestrito a registros, informações, sistemas, pessoal e propriedades físicas relevantes à execução de suas auditorias; c) Que os departamentos dessa Instituição apresentem, tempestiva e obrigatoriamente, informações requeridas pela Auditoria Interna, sejam elas na forma de solicitações de documentos ou no atendimento das recomendações exaradas nos relatórios de auditoria. (OFÍCIO CIRCULAR GR. Nº 007/2013)

  • Manual de Auditoria Interna

    14

    1.7 Conduta do auditor2

    A função da auditoria requer do profissional competência técnica exigida do trabalho a ser executado

    com qualidade, credibilidade, autonomia, sigilo e relacionamento com outras pessoas, mantendo o

    equilíbrio e os padrões morais na conduta do auditor, observadas as normas brasileiras de auditoria

    e demais normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade ou por ele recepcionadas.

    Particularmente, a Resolução CFC nº 781/95 que aprovou as Normas Profissionais do Auditor Interno

    - NBC PI 01 prevê os seguintes requisitos para o exercício profissional do auditor:

    a) Competência técnico-profissional

    O contador, na função de auditor, deve manter o seu nível de competência profissional pelo

    conhecimento atualizado das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas contábeis,

    especialmente na área de auditoria, da legislação inerente à profissão, dos conceitos e

    técnicas administrativas e da legislação aplicável à Entidade.

    Quanto à atualização deve ser atendida à educação profissional continuada, ainda que não

    seja em instituição credenciada, nos moldes da aplicada ao auditor independente.

    O Contador, na função de auditor, deverá está inscrito no seu CRC de origem conforme

    estabelece a Resolução CFC nº 781/95.

    b) Autonomia profissional

    O auditor, não obstante sua posição funcional deve preservar sua autonomia profissional.

    c) Responsabilidade do auditor na execução dos trabalhos

    O auditor deve ter o máximo de cuidado, imparcialidade e zelo na realização dos trabalhos e

    na exposição das conclusões.

    A amplitude do trabalho do auditor e sua responsabilidade estão limitadas à sua área de

    atuação.

    A utilização da equipe técnica supõe razoável segurança de que o trabalho venha a ser

    executado por pessoas com capacitação profissional e treinamento.

    Cabe também ao auditor interno, quando solicitado, prestar assessoria ao Conselho Fiscal ou

    órgãos equivalentes.

    d) Relacionamento com profissionais de outras áreas

    O auditor interno pode realizar trabalhos de forma compartilhada com profissionais de outras áreas,

    situação em que a equipe fará a divisão de tarefas, segundo a habilitação técnica e legal dos seus

    participantes.

    e) Sigilo

    2 Texto extraído e adaptado do Manual de auditoria do sistema CFC/CRCs. Conselho Federal de Contabilidade.

    Brasília. CFC: 2007.

  • Manual de Auditoria Interna

    15

    O auditor deve respeitar o sigilo relativamente às informações obtidas durante o seu

    trabalho, não as divulgando para terceiros, sob nenhuma circunstância, sem autorização

    expressa da entidade em que atua.

    O dever de manter o sigilo continua depois de terminado o vínculo empregatício ou

    contratual.

    f) Cooperação com o auditor independente

    O auditor interno, quando previamente estabelecido com a administração da entidade em que atua,

    e no âmbito de planejamento conjunto do trabalho a realizar, deve apresentar os seus papeis de

    trabalho ao auditor independente e entregar-lhe cópias, quando este entender necessário.

    1.8 Código de ética3

    A ética deve ser um balizador fundamental, ou seja, um imperativo categórico na conduta do

    profissional contábil, tendo o objetivo precípuo de fixar e conduzir a forma de atuação do auditor no

    seu mister no seio da sociedade, observadas as normas editadas pelo CFC e outras pertinentes.

    Particularmente, a Resolução CFC nº 803/96 que aprovou o Código de Ética Profissional do

    Contabilista prevê os requisitos básicos para a conduta do auditor e, dentre eles, destacam-se a

    seguir os deveres e vedações ao auditor:

    1.8.1 Deveres do auditor

    Exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a legislação vigente e

    resguardados os interesses da entidade, sem prejuízo da dignidade e independência

    profissionais.

    Guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no

    âmbito do serviço público, ressalvados os casos previstos em lei ou quando solicitado por

    autoridades competentes, entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade.

    Zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica dos serviços a seu cargo,

    esforçando-se, continuamente, para melhorar o seu nível de conhecimento e eficácia de seu

    trabalho.

    Comunicar, desde logo, aos seus superiores, em documento reservado, eventual

    circunstância adversa que possa influir na decisão daquele que lhe formular consulta ou lhe

    confiar trabalho, estendendo-se a obrigação a sócios e executores;

    Inteirar-se de todas as circunstâncias antes de emitir opinião sobre qualquer caso.

    Se substituído em suas funções, informar ao substituto sobre fatos que devam chegar ao

    conhecimento desse, a fim de habilitá-lo para o bom desempenho das funções a serem

    exercidas.

    Manifestar, a qualquer tempo, a existência de impedimento para o exercício da profissão.

    3 Texto extraído e adaptado do Manual de auditoria do sistema CFC/CRCs. Conselho Federal de Contabilidade.

    Brasília. CFC:2007.

  • Manual de Auditoria Interna

    16

    Ser prudente ao usar informações obtidas no curso de seu trabalho, não devendo divulgar

    informações confidenciais, muitos menos para obter vantagens pessoais ou prejudicar

    alguém do órgão/entidade.

    Mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e repute em condições de exercer efeito

    sobre peças contábeis objeto de seu trabalho.

    Observar os regulamentos internos da UFMG.

    Manter aparência pessoal de forma discreta e que corresponda com a expectativa do

    auditado.

    1.8.2 Vedações ao auditor

    Assumir, direta ou indiretamente, serviços de qualquer natureza, com prejuízo moral ou

    desprestígio para a classe.

    Assinar documentos e relatórios elaborados por outrem, alheios à sua orientação, supervisão

    e fiscalização.

    Concorrer para a realização de ato contrário à legislação ou destinado a fraudá-la ou praticar,

    no exercício da profissão, ato definido como crime ou contravenção.

    Solicitar ou receber do auditado qualquer vantagem que saiba para aplicação ilícita.

    Prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse confiado a sua responsabilidade profissional.

    Exercer atividade ou ligar o seu nome a empreendimentos com finalidades ilícitas.

    Renunciar à liberdade profissional, devendo evitar quaisquer restrições ou imposições que

    possam prejudicar a eficácia e a correção de seu trabalho.

    Dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e munido de

    documentos.

    Os auditores internos não poderão assumir responsabilidades operacionais extra-auditoria, caso

    contrário haverá enfraquecimento da objetividade na medida em que seria auditada atividade sobre

    a qual aqueles profissionais teriam autoridade e responsabilidade4.

    Além dos requisitos descritos acima, cabe ressaltar que de acordo com o item 1.1.2, TC-

    010.811/2002-8, Acórdão n° 1.157/2005-TCU - 2ª Câmara e IIA nº 1130.A1-1, os auditores internos

    não integrarão comissões de feitos administrativos disciplinares, pois que se configura em situação

    de impedimento a designação de empregado da Unidade de Auditoria Interna para compor comissão

    de investigação4.

    As funções de auditoria interna deverão ser segregadas das demais atividades na Entidade item 1.2,

    TC-010.240/2005-1, Acórdão nº 1.214/2006 – TCU -1ª Câmara4.

    Em observância aos princípios até aqui explicitados e para que o auditor interno esteja ciente de sua

    conduta, responsabilidades e obrigações no exercício de suas atividades foi elaborado um

    documento intitulado “Código de Ética do Auditor Interno da UFMG” (Apêndice A) que deverá ser

    4 Texto extraído do Manual de Auditoria Interna da CONAB. 2ª Versão. Brasília: 2008

  • Manual de Auditoria Interna

    17

    assinado anualmente por todos os auditores internos em exercício no âmbito da Unidade de

    Auditoria-Geral da UFMG (disponível no diretório P:AUD\Manual Auditoria).

    Para o exercício das funções de Auditoria Interna recomenda-se ainda aos profissionais, a consulta e

    leitura das Normas Internacionais para o Exercício Profissional da Auditoria Interna editadas pelo IIA5

    e do Código de Ética do Servidor Público Civil (Decreto nº 1.171/94).

    2. PROCESSO DE AUDITORIA

    O Processo de Auditoria6 compreende o conjunto de etapas destinado a examinar a regularidade e

    avaliar a eficiência da gestão administrativa e dos resultados alcançados, bem como apresentar

    subsídios para o aperfeiçoamento dos procedimentos administrativos e controles internos de uma

    organização. Para atingir esse objetivo, o auditor necessita planejar adequadamente seu trabalho a

    fim de avaliar o sistema de controles internos relacionados com a matéria auditada e estabelecer a

    natureza, a extensão e a profundidade dos procedimentos de auditoria a serem realizados, bem

    como colher as evidências comprobatórias de suas constatações para a formação de sua opinião.

    O Processo de Auditoria contempla as seguintes etapas:

    1. Plano de auditoria

    2. Planejamento dos trabalhos

    3. Execução de Auditoria

    4. Comunicação dos Resultados

    5. Monitoramento da Efetividade do Trabalho de Auditoria

    Na Fig. 3 está representado um esquema dessas etapas, geralmente realizadas na sequência

    indicada. Entretanto, as cinco etapas, assim como os diversos passos incluídos em cada uma delas,

    fazem parte de um processo integrado que, na prática, está altamente inter-relacionado, podendo

    ser citados como exemplos:

    A compreensão do objeto da auditoria constitui um passo da fase de Planejamento,

    entretanto este conhecimento é aprofundado ao longo dos trabalhos;

    A avaliação dos sistemas de controle interno tem início com as observações realizadas na

    fase de Planejamento e se estende até a Execução, quando são aplicadas técnicas de

    auditoria para aferir os níveis de segurança e adequação dos controles;

    A redação do Relatório de Auditoria tem início ainda na fase de Execução, com o

    desenvolvimento dos achados;

    A fase de Acompanhamento ou monitoramento tem o propósito de verificar a

    implementação das recomendações pelo auditado, podendo ser realizada no contexto de

    uma nova auditoria ou mediante designação específica. De todo modo, a efetividade da

    5 http://www.audibra.org.br/arquivos/Normas%20Internacionais%20Auditoria%20-%20Codigo%20de%20Etica.pdf

    6 Texto extraído e adaptado de MORAIS, Henrique Hermes Gomes. Apostila de Normas e Técnicas de Auditoria

    I – 2009 aplicadas na Auditoria-Geral do Estado de Minas Gerais.

    http://www.audibra.org.br/arquivos/Normas%20Internacionais%20Auditoria%20-%20Codigo%20de%20Etica.pdf

  • Manual de Auditoria Interna

    18

    auditoria será medida nesta fase, quando são verificados o grau de adoção das providências

    recomendadas e os efeitos produzidos.

    De um modo geral, as cinco fases reportam-se às diversas auditorias, cabendo aos auditores avaliar a

    sua aplicabilidade às situações práticas, suprimindo os passos desnecessários, de modo a maximizar

    os recursos disponíveis. À medida que as auditorias são realizadas, o processo é aprimorado,

    havendo substancial redução do tempo para a sua realização.

    Figura 3 – Etapas do processo de auditoria

    2.1 Plano de auditoria

    O plano de auditoria consiste em um documento devidamente formalizado contendo a programação

    dos trabalhos de auditoria para o exercício financeiro seguinte, denominado no âmbito das

    Instituições de Ensino Superior de: Plano Anual de Atividades de Auditoria Interna – PAINT. É

    elaborado segundo as orientações técnicas emanadas pelo Órgão Central do Sistema de Controle

    Interno do Poder Executivo Federal, a Controladoria Geral da União – CGU. As instruções normativas

    vigentes e que regem a matéria são: IN SFC nº 01/01, IN CGU nº 07/06 e IN SFC-CGU 01/07.

    De acordo com os artigos 4º e 5º da IN CGU nº 07/06, a proposta do plano deve ser submetida

    anualmente ao órgão setorial da CGU-MG para análise prévia até o último dia útil do mês de outubro

    do exercício anterior ao de sua execução. Caso o órgão setorial não se manifeste no prazo de 20

    (vinte) dias úteis, a unidade de auditoria deverá encaminhar a proposta para apreciação e aprovação

    ao Conselho Universitário da UFMG ou ao Reitor. A proposta do PAINT deverá ser aprovada até o

    último dia útil do mês de dezembro de cada ano, conforme dispõe o art. 6º da referida Instrução.

    O PAINT devidamente aprovado deverá ser novamente encaminhado ao órgão setorial da CGU-MG

    até o dia 31 (trinta e um) de janeiro de cada exercício a que se aplica.

    1.PLANO DE AUDITORIA

    2.PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS

    3.EXECUÇÃO 4.COMUNICAÇÃO DOS

    RESULTADOS

    5.MONITORAMENTO DO TRABALHO DE AUDITORIA

  • Manual de Auditoria Interna

    19

    O conteúdo do PAINT deve ser apresentado observando-se as orientações contidas na IN SFC/CGU nº

    01/07 que de acordo com os incisos I, II e § 1º do art. 2º deverá abordar os seguintes itens:

    I - ações de auditoria interna previstas e seus objetivos; e II - ações de desenvolvimento institucional e capacitação previstas para o fortalecimento das atividades da auditoria interna na entidade. § 1º Na descrição das ações de auditoria interna, para cada objeto a ser auditado, serão consignadas as seguintes informações: I - número sequencial da ação de auditoria; II - avaliação sumária quanto ao risco inerente ao objeto a ser auditado, e sua relevância em relação à entidade; III - origem da demanda; IV - objetivo da auditoria, contendo os resultados esperados, devendo-se especificar de que forma as vulnerabilidades do objeto a ser auditado poderão ser mitigadas; V - escopo do trabalho, explicitando, tanto quanto possível, sua representatividade em termos relativos, e demonstrando a amplitude dos exames a serem realizados, em relação ao universo de referência concernente ao objeto a ser auditado; VI - cronograma contendo a data estimada de início e término dos trabalhos; VII - local de realização dos trabalhos de auditoria; e VIII - recursos humanos a serem empregados, com a especificação da quantidade de homens-hora de auditores a serem alocados em cada ação de auditoria e os conhecimentos específicos que serão requeridos na realização dos trabalhos. (grifos nossos)

    Em síntese, os trabalhos de auditoria deverão ser programados anualmente, contemplando todas as

    transações realizadas no período, com uma visão abrangente da organização, devendo abordar:

    Áreas de exame e análise prioritárias, observando sempre as ações de governo previstas: no

    Plano Plurianual, no Plano de Desenvolvimento Institucional, na Lei Orçamentária Anual e

    nas recomendações dos órgãos de controle interno e externo;

    Enfoque de rotação de ênfase para determinadas áreas ou departamentos;

    Estimativa de tempo e recursos para execução dos trabalhos programados.

    No processo de planejamento anual deverão ser destinadas no mínimo 10% das horas anuais

    trabalhadas para a realização de treinamentos.

    Em síntese, o planejamento anual dos trabalhos de auditoria representa o momento em que se

    dimensiona toda a extensão dos procedimentos a serem executados, além de permitir o

    direcionamento dos trabalhos tanto para o demandante, quanto para a equipe de auditoria, a fim de

    alcançar os objetivos pretendidos. A realização de um trabalho de auditoria sem um planejamento

    prévio permitirá o esquecimento de áreas importantes, adoção de procedimentos inapropriados de

    auditoria, demora na identificação dos problemas significativos que afetam o objetivo do exame e,

    principalmente, maior risco na emissão do parecer.

    O Apêndice B, ao final do manual, contém um esboço do Plano de Auditoria – PAINT utilizado no

    âmbito da UFMG (disponível no diretório P:\AUD-Administração\PAINT).

  • Manual de Auditoria Interna

    20

    2.2 Planejamento dos trabalhos7

    A fase de Planejamento abrange a determinação dos objetivos da auditoria, data de realização, seu

    alcance, critérios, metodologia a ser aplicada, além do prazo e recursos necessários para garantir que

    cubra as atividades, processos, sistemas e controles mais importantes. Na fase de Planejamento, a

    equipe de auditoria procede à coleta e análise das informações necessárias para prover o adequado

    conhecimento e compreensão do objeto da auditoria, bem como possibilitar a definição das

    questões que serão examinadas na fase seguinte.

    O planejamento é a etapa fundamental para o êxito do trabalho do auditor interno, sendo

    imprescindível que seja alocado o tempo adequado para sua realização. A tentativa de abreviar o

    tempo destinado ao planejamento muitas vezes redunda em problemas na execução, que poderão

    provocar acréscimo no tempo total de realização do trabalho, além de repercussões negativas em

    sua qualidade.

    Ao planejar-se um exame de auditoria a questão crítica é a definição do volume de informações

    necessárias para esse fim. Essa decisão depende muito do conhecimento técnico do auditor, do

    conhecimento específico sobre a atividade a ser examinada e das peculiaridades de cada

    organização. Sendo assim, o planejamento deve considerar a prioridade para que as áreas de

    controle interno e revisão analítica sejam executadas em primeiro lugar, permitindo a determinação

    da natureza, extensão e periodicidade dos testes e procedimentos de auditoria a serem aplicados.

    Ao início de qualquer trabalho de auditoria, esse deve ser cuidadosamente planejado, tendo em vista

    o seu objetivo. O auditor deve planejar seu trabalho consoante o Plano Anual de Atividades de

    Auditoria Interna - PAINT vigente e de acordo com os prazos e demais compromissos acordados com

    o Auditor-Geral.

    Deve, ainda, o auditor, documentar seu planejamento geral e preparar programa de trabalho por

    escrito, detalhando o que for necessário à compreensão dos procedimentos que serão aplicados, em

    termos de natureza, oportunidade e extensão. O planejamento e os programas de trabalho devem

    ser revisados e atualizados sempre que novos fatos o recomendarem.

    Os objetivos básicos do planejamento dos trabalhos de auditoria são os seguintes:

    Identificar os problemas potenciais da entidade;

    Definir, antecipadamente, os exames adequados para a consecução dos objetivos do

    trabalho, em espaço de tempo razoável e com meios disponíveis;

    Facilitar a administração do tempo durante a realização do trabalho;

    Estabelecer racionalmente a extensão dos procedimentos de auditoria a serem utilizados;

    Assegurar a uniformidade dos levantamentos, exames e avaliações a serem realizados pelos

    diversos integrantes da equipe;

    Evitar improvisações e sobrecarga de trabalho (divisão de tarefas).

    7 Texto extraído e adaptado de MORAIS, Henrique Hermes Gomes. Apostila de Normas e Técnicas de Auditoria

    I – 2009 aplicadas na Auditoria-Geral do Estado de Minas Gerais.

  • Manual de Auditoria Interna

    21

    Os elementos essenciais à programação dos trabalhos de auditoria são os seguintes:

    Constituição da equipe de trabalho com a adequada qualificação mediante designação

    expressa em Ordem de Serviço emitida pelo Titular da Unidade de Auditoria Interna da

    UFMG (Apêndice C) indicando os parâmetros para execução dos exames (disponível no

    diretório P:\AUD\Manual Auditoria\Modelos);

    Definição dos instrumentos a serem utilizados (programas de auditoria, roteiros, check list);

    Conhecimento da unidade auditável (organogramas, atribuições, fluxogramas, manuais de

    procedimentos, normas e legislação pertinente);

    Plano anual de auditoria (auxilia na comunicação do objetivo, escopo e limitação);

    Últimos trabalhos de auditoria realizados.

    A responsabilidade pelo planejamento dos trabalhos de auditoria é do auditor interno designado

    com a supervisão e aprovação do titular da Unidade de Auditoria Interna da UFMG.

    2.2.1 Programa de auditoria8

    Os objetivos do planejamento de auditoria podem ser atingidos de modo mais eficiente quando este

    planejamento é feito por escrito, ou seja, quando as ideias ou decisões relativas ao “que fazer”,

    “como fazer” e “porque fazer”, são convertidas em um documento formal para direcionar a

    execução dos trabalhos.

    Assim, o programa de auditoria constitui-se no objetivo final do planejamento. É um plano de ação

    detalhado e se destina, precipuamente, a orientar adequadamente o trabalho do auditor interno,

    facultando-se-lhe, ainda, sugerir oportunamente complementações quando as circunstâncias o

    recomendarem.

    O programa de auditoria é uma definição ordenada de objetivos, determinação de escopo e roteiro

    de procedimentos detalhados, destinado a orientar a equipe de auditoria; configura-se na essência

    operacional do trabalho de auditagem relativamente a uma área específica da entidade ou a gestão

    de determinado sistema organizacional e deve estabelecer os procedimentos para a identificação,

    análise, avaliação e registro da informação durante a execução do trabalho.

    O programa de auditoria é estruturado de forma padronizada e pode conter:

    a) Sistema organizacional a ser auditado;

    b) Conceituação;

    c) Áreas envolvidas;

    d) Período;

    e) Objetivos;

    f) Cronograma dos trabalhos;

    g) Equipe de auditores internos;

    h) Custos envolvidos;

    8 Texto extraído e adaptado do Manual de Auditoria Interna da CONAB. 2ª Versão. Brasília: 2008

  • Manual de Auditoria Interna

    22

    i) Tick-marks utilizadas;

    j) Procedimentos;

    k) Questionário de Avaliação - Controles Internos Administrativos (QACI);

    l) Campo para observações dos auditores internos;

    m) Conceito dos auditores internos;

    n) Orientações gerais.

    A utilização criteriosa do programa de auditoria permite à equipe avaliar, em campo, sobre a

    conveniência de ampliar os exames (testes de auditoria) quanto à extensão e/ou a profundidade,

    caso necessário.

    O programa visa definir os meios mais econômicos, eficientes e oportunos para se atingir os

    objetivos da auditoria. Deve ser suficientemente discutido no âmbito da Unidade de Auditoria

    Interna e ser aprovado por seu titular ou seu delegado, antes do início do trabalho de campo.

    Assim, dos itens citados anteriormente, a programação dos trabalhos de auditoria deverá ser

    consubstanciada em documento contendo, obrigatoriamente e no mínimo, os seguintes itens:

    Objeto

    Objetivos (geral e específicos);

    Escopo do exame;

    Avaliação dos riscos envolvidos;

    Procedimentos de auditoria a serem executados;

    Recursos a serem utilizados (humanos, materiais, tecnológicos e financeiros);

    Tick-marks utilizadas;

    Cronograma detalhado, envolvendo as diversas fases de execução;

    a) Objeto

    Definição sucinta das características da área ou da atividade a ser auditada, propiciando ao auditor

    um nível mínimo de informações que permite avaliar, desde logo, a magnitude, importância,

    complexidade da área e, portanto, a problemática de controle que terá pela frente.

    b) Objetivo da auditoria

    Objetivo da auditoria significa o propósito da atividade programada e é o principal elemento de

    referência dos trabalhos que determinará o tipo e a natureza da auditoria. Os objetivos da auditoria

    condicionam a determinação do escopo e a metodologia a ser aplicada e podem ser para:

    Prevenir resultados;

    Acompanhar processos operacionais e gerenciais; e

    Avaliar os resultados orçamentários, financeiros, econômicos, patrimoniais e sociais.

    O objetivo geral significa o que se pretende alcançar no âmbito macro, ou seja, define o que a

    auditoria procurará atingir dentro da área de investigação sob exame: “Qual a finalidade da

    realização do exame dentro da área selecionada?”

  • Manual de Auditoria Interna

    23

    Os objetivos específicos representam o detalhamento do objetivo geral, circunscrevendo a

    abrangência da auditoria e estabelecendo os limites de sua atuação: “Quais os pontos que deverão

    ser analisados, com a finalidade a atingir o objetivo geral da área de investigação sob exame?”

    c) Escopo do trabalho

    Escopo é a delimitação estabelecida para a implementação dos programas de auditoria. A

    determinação do Escopo, para ser consistente, deve guardar compatibilidade com os objetivos da

    auditoria programada e contemplar os seguintes elementos estruturais:

    Abrangência - refere-se à delimitação do universo auditável, e por ser assim, representa o mais

    importante elemento estrutural do escopo. Pelo requisito Abrangência identifica-se o que deve ser

    examinado;

    Oportunidade - consiste, objetivamente, na pertinência do ponto de controle e na temporalidade

    dos exames programados, aqui o sentido da tempestividade torna-se variável decisiva. Por meio do

    requisito Oportunidade identifica-se quando deve ser realizado o exame, ou seja, o período de

    abrangência do exame.

    Extensão - corresponde à configuração da amostra, à amplitude ou tamanho dos exames previstos

    (provas seletivas, testes e amostragens), vale dizer: corresponde à quantidade dos exames

    programados. Através do requisito Extensão identifica-se quanto deve ser examinado.

    Profundidade - significa a intensidade das verificações, o seu grau de detalhamento, seu nível de

    minúcia, enfim a qualidade dos exames. Difere, neste sentido, do conceito da extensão visto aquele

    se relacionar aos aspectos da quantidade. Pelo requisito Profundidade identifica-se como deve ser

    realizado o exame. Ex: técnicas de auditoria utilizadas, roteiros de Auditoria e Check list aplicados.

    d) Avaliação dos riscos envolvidos

    A avaliação do risco, durante a fase do planejamento da auditoria, destina-se a identificação de áreas

    e sistemas relevantes a serem auditados.

    São as seguintes as espécies de riscos operacionais:

    a. Risco humano (erro não intencional; qualificação; fraude);

    b. Risco de processo (modelagem; transação; conformidade; controle; técnico);

    c. Risco tecnológico (equipamentos; sistemas; confiabilidade da informação).

    A fraude engloba um conjunto de irregularidades e ilegalidades caracterizado pelo engano

    intencional, encobertamento ou violação da confiança. Pode ser perpetrada em beneficio de pessoas

    ou em prejuízo da organização e por pessoas tanto externamente como integrantes da Companhia.

    O desencorajamento da fraude consiste em ações tomadas tempestivamente para dissuadir práticas

    fraudulentas e limitar os riscos operacionais. O principal mecanismo para o desencorajamento da

  • Manual de Auditoria Interna

    24

    fraude são os controles internos administrativos. A responsabilidade primeira pelo estabelecimento e

    manutenção de controles pertence à gestão a custos razoáveis.

    Apesar de não ser o objetivo primordial das atividades da Unidade de Auditoria Interna a busca de

    fraudes, o auditor interno deve estar consciente da probabilidade de, no decorrer dos exames e

    testes, defrontar-se com tais ocorrências. Compete-lhe assim, prestar especial atenção às transações

    ou situações que apresentem indícios de fraudes e, quando obtida evidencias, comunicar o fato a

    alta administração para a adoção das medidas corretivas cabíveis.

    Avaliar risco em auditoria interna significa identificar, medir e priorizar os riscos para possibilitar a

    focalização das áreas auditáveis mais significativas. A avaliação do risco é utilizada para identificar as

    áreas mais importantes dentro do seu âmbito de atuação, permitindo ao auditor interno delinear um

    planejamento de auditoria capaz de testar os controles mais significativos para as questões de

    auditoria que se mostrarem materialmente e criticamente relevantes.

    Como ferramenta para a avaliação de riscos, de forma a sistematizar e estruturar informações de

    riscos sobre o ambiente de análise poder-se-á utilizar o Diagrama de Avaliação de Risco, que

    estabelece o impacto potencial e as probabilidades de ocorrência dos riscos identificados.

    Os riscos considerados de baixo impacto, ou seja, de consequências de baixa gravidade, poderão ser

    aceitos e monitorados, com ou sem redirecionamento de condutas/procedimentos. Os riscos de alto

    impacto poderão requerer a adoção de medidas saneadoras. Os riscos que além de alto impacto,

    apresentarem alta probabilidade de ocorrência, merecerão imediatas medidas saneadoras.

    A auditoria com foco em resultados e centrada no risco acrescenta mais valor a organização do que

    uma auditoria centrada apenas nos aspectos de conformidade.

    Trata-se de novo paradigma, que significa ampliar a perspectiva da auditoria interna para abarcar as

    técnicas de gestão de riscos aos programas de auditoria e de avaliação de natureza operacional.

    Sob essa nova perspectiva, abordagens metodológicas relativas ao controle da gestão organizacional,

    foram construídas e traduzidas em modelos de referência reconhecidos mundialmente que visam à

    implantação e avaliação de controles internos, os quais são tratados no item 2.2.2 Avaliação dos

    controles internos.

    e) Procedimentos de auditoria a serem executados

    Conjunto de ações ordenadas que permitam ao auditor controlar a execução de seu trabalho e, ao

    mesmo tempo, habilitá-lo a expressar sua opinião sobre os controles internos da organização. São os

    passos da fase de execução do processo de auditoria e compreendem os levantamentos de dados, a

    aplicação de roteiros e check list, coleta das evidências, aplicação das técnicas de auditoria, registros

    em papeis de trabalho, e demais procedimentos necessários a formar e fundamentar a opinião do

    auditor.

  • Manual de Auditoria Interna

    25

    f) Recursos a serem utilizados

    É a identificação dos elementos básicos e mínimos necessários ao desempenho do trabalho de

    auditoria, e podem ser:

    Humanos: equipe de auditores, coordenador, equipe de apoio administrativo;

    Materiais: veículos, espaço físico de trabalho, equipamentos;

    Tecnológicos: computadores, impressoras, softwares, banco de dados;

    Financeiros: recursos para diárias de viagem, transporte, consultorias.

    g) Cronograma detalhado

    É a definição do tempo necessário para a execução de cada fase do trabalho, dimensionando-se

    assim, qual o prazo previsto para a realização da auditoria e entrega dos resultados.

    h) Tick-marks utilizadas

    Para auxiliar na utilização do programa de auditoria, devem ser utilizadas marcas (símbolos) usuais

    de verificação denominadas tick-marks. A principal função de tais marcas é evidenciar qual o tipo de

    revisa que foi efetuada sobre aquele item marcado. As marcas a serem utilizadas são:

    a) Conforme documento original examinado ( Ø )

    b) Conforme registro do sistema informatizado ( )

    c) Conferido ( )

    d) Cálculo conferido ( Σ )

    e) Ponto de relatório ( X )

    É importante que os programas de auditoria indiquem claramente o significado de cada marca ou

    símbolo empregado.

    Os auditores internos dispensarão ao preparo dos programas de auditoria todo o cuidado e o

    empenho necessários para que o resultado final atinja o padrão de qualidade técnico almejado.

    É desejável, ainda, que o programa de auditoria seja suficientemente flexível para permitir

    adaptações tempestivas, sempre que surgirem questões relevantes que justifiquem as alterações

    propostas. Qualquer modificação deve ser levada, por escrito, ao conhecimento da Unidade de

    Auditoria Interna e receber a devida análise para que seja aprovada.

    É recomendável que o novo programa de auditoria seja submetido a pelo menos um teste-piloto,

    especialmente diante da elevada complexidade e da falta de manualização ou de informações

    precisas a respeito do objeto da auditoria.

    Ferramenta útil para facilitar a elaboração conceitual do trabalho e subsidiar as decisões sobre a

    estratégia metodológica a ser empregada é a matriz de planejamento, de utilização obrigatória nas

    avaliações de natureza operacional e facultativa nas demais modalidades de trabalho realizadas pela

    Unidade de Auditoria Interna.

  • Manual de Auditoria Interna

    26

    Nenhum trabalho de auditoria in loco, de cunho ordinário, poderá ser empreendido sem que haja o

    respectivo programa de auditoria, que é essencial ao ato de auditar, definindo o ponto de controle

    sobre o qual se deve atuar.

    A partir dos elementos tratados nesta seção, o instrumento formal de planejamento dos trabalhos de

    auditoria, ou seja, o PROGRAMA DE TRABALHO DE AUDITORIA - PTA conduzirá a equipe de auditoria

    à realização de um serviço elaborado, consistente, fundamentado, oportuno e, principalmente,

    eficaz, atendendo ao objetivo proposto. O Apêndice D apresenta o modelo básico do Programa de

    Trabalho de Auditoria – PTA aplicado pela Auditoria-Geral no âmbito da Universidade e o Apêndice E

    contém os modelos padronizados de Procedimentos de Auditoria – PA (Check list). Os modelos do

    PTA e PA encontram-se disponíveis no diretório P:\AUD\MANUAL AUDITORIA\PT revisados.

    2.2.2. Avaliação dos controles internos

    O modelo COSO I

    Em 1985, foi criada nos Estados Unidos, por iniciativa do setor privado, a National Commission on

    Fraudulent Financial Reporting (Comissão Nacional sobre Fraudes em Relatórios Financeiros),

    também conhecida como Treadway Commission, uma vez que seu primeiro presidente à época era

    James C. Treadway, Vice-Presidente Executivo e Advogado-Geral de empresa e ex-membro da

    Securities and Exchange Comission (SEC), a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana. A

    referida Comissão tinha como finalidade estudar as causas da ocorrência de fraudes em relatórios

    financeiros e contábeis e desenvolver recomendações para empresas públicas e seus auditores

    independentes, e para as instituições educativas.

    Esta Comissão foi patrocinada por cinco grandes associações de profissionais de classe ligadas à área

    financeira, sendo totalmente independente de suas entidades patrocinadoras:

    AICPA - American Institute of Certified Public Accounts (Instituto Americano de Contadores

    Públicos Certificados);

    AAA - American Accounting Association (Associação Americana de Contadores);

    FEI - Financial Executives Internacional (Executivos Financeiros Internacionais);

    IIA - The Institute of Internal Auditors (Instituto dos Auditores Internos); e

    IMA - Institute of Management Accountants (Instituto dos Contadores Gerenciais).

    Posteriormente, esta Comissão transformou-se em Comitê, conhecido como COSO (abreviatura de

    The Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Comimission) - Comitê de Organizações

    Patrocinadoras da Comissão Treadway. O COSO é uma entidade sem fins lucrativos que agrega

    representantes do setor privado e atualmente tem o objetivo de assegurar a liderança de

    pensamento através do desenvolvimento de estruturas e de orientação na gestão de riscos da

    empresa, controle interno e dissuasão da fraude. É, portanto, uma organização dedicada à melhoria

    dos relatórios financeiros por meio da ética, efetividade dos controles internos e governança

    corporativa9.

    9 Sítio eletrônico da organização: www.coso.org

    http://www.coso.org/

  • Manual de Auditoria Interna

    27

    Em 1992, o Comitê publicou o modelo Internal Control - Integrated Framework (Controle Interno -

    Uma Estrutura Integrada), conhecido como The COSO Report (metodologia COSO I), que se tornou

    referência mundial para o estudo e aplicação dos controles internos. O modelo mudou o conceito

    tradicional de “controles internos” e chamou a atenção para o fato de que eles tinham de fornecer

    proteção contra riscos, pois, ao definir risco como a possibilidade que um evento ocorra e afete de

    modo adverso o alcance dos objetivos da entidade, introduziu a noção de que controles internos

    devem ser ferramentas de gestão e monitoramento de riscos em relação ao alcance de objetivos, e

    não apenas dirigidos para riscos de origem financeira ou vinculados a resultados escriturais. O papel

    do controle interno foi, assim, ampliado.10

    A abrangência e a importância do documento publicado pelo COSO foram de tal magnitude, que as

    principais organizações internacionais que editam orientações sobre controles internos, tanto para o

    setor privado quanto para o setor público, revisaram suas publicações, no sentido de incorporarem o

    arcabouço conceitual e elementos introduzidos pelo COSO, por exemplo: o AICPA, em 1995; o Basle

    Commitee on Banking Supervision, em 1998; a International Federation of Accountants - IFAC, em

    1998; e o United States General Accounting Office - GAO, em 1999.

    Entretanto, a ampla adesão ao modelo COSO I não foi suficiente para estancar escândalos

    econômico-financeiros e contábeis envolvendo organizações de todos os portes, que sucumbiam de

    uma hora para outra. A série de escândalos e quebras de negócios de grande repercussão fez com

    que o COSO encomendasse o desenvolvimento de uma estratégia, que fosse de fácil utilização pelas

    organizações, para avaliar e melhorar o próprio gerenciamento de riscos.

    Como consequência, em 2004, foi publicado modelo Enterprise Risk Management – Integrated

    Framework (Gerenciamento de Riscos Corporativos – Estrutura Integrada), também conhecida como

    COSO ERM ou COSO II, que intensificou a preocupação com os riscos.

    Em suma, apresenta-se a seguir a linha do tempo de mais de vinte anos de existência da

    metodologia COSO.

    1985 1992 2002 2004

    Figura 4 - Linha do tempo

    O COSO publicou critérios práticos, amplamente aceitos, para o estabelecimento de controles

    internos e para avaliação de sua efetividade. O modelo concebido e apresentado em julho de 1992,

    denominado Internal Control - Integrated Framework (Controle Interno - Uma Estrutura Integrada),

    10

    BRASIL. Tribunal de Contas da União. Curso de Avaliação de controles internos. Aula 2 - Modelos de referência para controle interno. Junho/2012

    A Comissão, agora

    Comitê publica o modelo

    COSO I - Controle

    interno - estrutura

    integrada

    Criação da Comissão

    Treadway

    Sucessivos escândalos

    contábeis e financeiros

    que culminaram na

    publicação da Lei

    Sabarnes-Oxley

    Publicação do modelo

    COSO II (ERM) -

    Gerenciamento de

    Riscos Corporativos -

    Estrutura Integrada

  • Manual de Auditoria Interna

    28

    atualmente conhecido como COSO I, mudou o conceito tradicional de “controles internos” e chamou

    a atenção para fato de que eles tinham de fornecer proteção contra riscos11.

    O modelo ao definir risco como possibilidade que um evento ocorra e afete de modo adverso o

    alcance dos objetivos da entidade, introduziu a noção de que controles internos devem ser

    ferramentas de gestão e monitoração de riscos em relação ao alcance de objetivos e não mais devem

    ser dirigidos apenas para riscos de origem financeira ou vinculados a resultados escriturais. O papel

    do controle interno foi, assim, ampliado e reconhecido como um instrumento de gerenciamento de

    riscos indispensável à governança corporativa.

    Conforme destaca o TCU12, o modelo tornou-se referência mundial, pelo fato de:

    uniformizar definições de controle interno;

    definir componentes, objetivos e objetos do controle interno em um modelo integrado;

    delinear papeis e responsabilidades da administração;

    estabelecer padrões para desenho e implementação;

    criar um meio para monitorar, avaliar e reportar controles internos.

    O modelo estabelece uma estrutura de controles internos e fornece ferramentas de avaliação para

    uso de empresas e de outras entidades para avaliar seus sistemas de controle. No modelo COSO I, a

    integração dos controles se baseia no uso de uma estrutura tridimensional (o chamado cubo do

    COSO), cujas dimensões compreendem os objetivos da organização, as unidades da organização e os

    componentes de controle, conforme a FIG. 5.

    Figura 5 - Matriz tridimensional - o cubo COSO I.

    A primeira dimensão é composta pelos objetivos: operacional (eficiência e eficácia das operações),

    comunicação (Relatórios financeiros) e conformidade (Cumprimento das regras). Enquanto a

    segunda dimensão é formada pelas unidades administrativas em suas diferentes configurações

    (Unidade de negócio, Divisão, Departamento, Setor, etc.) as quais deverão implantar e ser avaliadas.

    11

    BRASIL. Tribunal de Contas da União. Critérios Gerais de Controle Interno na Administração Pública. Julho/2009 12

    BRASIL - Tribunal de Contas União - Curso Avaliação de avaliação de controles internos. Aula 2 - Bases conceituais - 2012.

  • Manual de Auditoria Interna

    29

    Por fim, os cinco componentes de controle estão na terceira dimensão: ambiente de controle,

    avaliação de riscos, atividades de controle, informação e comunicação e o monitoramento.

    Como a abordagem teórica do COSO II incorpora a base conceitual do COSO I, todos os

    componentes da metodologia serão melhor explicitados a seguir.

    O modelo COSO II

    Devido a crescente preocupação com o gerenciamento de riscos, em 2001, o “COSO13” solicitou à

    PricewaterhouseCoopers (empresa que presta serviços de auditoria, consultoria tributária e

    societária, consultoria de negócios em diversos países) que desenvolvesse uma estratégia de fácil

    utilização pelas organizações para que elas pudessem avaliar e melhorar o próprio gerenciamento de

    riscos.

    O período de desenvolvimento dessa estrutura foi marcado por uma série de escândalos e quebras

    de negócios de grande repercussão, que gerou prejuízos de grande proporção a investidores,

    empregados e outras partes interessadas. Em meio a esses eventos, vieram solicitações de melhoria

    dos processos de governança corporativa e gerenciamento de riscos, por meio de novas leis,

    regulamentos e de padrões a serem seguidos.

    Em 2004, foi publicado modelo Enterprise Risk Management – Integrated Framework

    (Gerenciamento de Riscos Corporativos – Estrutura Integrada), também conhecida como Coso ERM

    ou Coso II. Em relação ao modelo anterior, o COSO agregou entre as categorias de objetivos, o

    estratégico e mais três componentes, totalizando oito componentes de controle (ambiente interno,

    fixação de objetivos, identificação de eventos, avaliação de riscos, resposta a risco, atividades de

    controle, informações e comunicações, e monitoramento) inter-relacionados do gerenciamento de

    riscos corporativos, pela qual a administração gerencia a organização ampliando, desse modo, o

    conceito de controle interno como exemplifica a matriz tridimensional apresentada na FIG 6.

    Figura 6 - Matriz tridimensional - o cubo COSO II

    13

    http://www.coso.org/documents/COSO_ERM_ExecutiveSummary_Portuguese.pdf.

    Objetivos

    Componentes

    Objetos de

    controle

    http://www.coso.org/documents/COSO_ERM_ExecutiveSummary_Portuguese.pdf

  • Manual de Auditoria Interna

    30

    A face superior do cubo apresenta os objetivos que devem ser objeto do gerenciamento de risco; a

    face frontal representa os componentes do gerenciamento de riscos, ou, o que é necessário fazer

    para atingir os objetivos; a face lateral representa os níveis da organização objetos da gestão de

    riscos. Observe-se que a visão integrada dos elementos do modelo demonstra o contexto das ações

    da direção ao gerenciar os riscos da organização. Pode-se, assim, vislumbrar essa gestão tanto ao

    nível da entidade como um todo, como para cada parte que a compõe:

    Objetivos, riscos e controles da organização como um todo;

    Objetivos, riscos e controles de uma divisão, unidade de negócio, departamento ou seção da

    organização;

    Objetivos, riscos e controles de um macroprocesso, processo ou de uma atividade.

    Como já mencionado, o Coso II ampliou o alcance dos controles internos, oferecendo um enfoque

    mais robusto e extensivo ao tema, ao integrar técnicas de gerenciamento de riscos, sem abandonar,

    mas incorporando o Coso I. A nova postura defendida pelo modelo é que o controle interno deve

    integrar a gestão de riscos de modo a prever e a prevenir os riscos inerentes ao conjunto de

    processos da organização, que possam impedir ou dificultar o alcance de seus objetivos. Evoluiu-se,

    assim, da gestão centrada em controles funcionais para o desenvolvimento de uma cultura de risco,

    na qual todos os funcionários tornam-se responsáveis pela gestão de riscos e adquirem consciência

    dos objetivos do controle interno.

    Assim, a atenção volta-se primeiramente para identificação dos riscos que possam impactar os

    objetivos da organização nas quatro categorias definidas pelo modelo para, em seguida, avaliar a

    forma como os gestores atuam para minimizar esses riscos, por meio de controles internos e de

    outras respostas.

    Adiante são definidos a seguir os elementos que devem constituir um sistema de controle interno

    eficaz conforme o modelo COSO II.

    a) Objetivos14

    Para a realização dos objetivos fundamentais estabelecidos na missão e visão da organização o

    modelo estrutural definiu quatro categorias de objetivos comuns a praticamente