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Manual do professor | DESCOBRINDO UM NOVO MUNDO 1 Manual do professor Descobrindo um Novo Mundo Lillo Parra Ilustrações: Akira Sanoki, Rogê Antônio Elaborado por Lívia Pimenta Mestranda em Educação – FaE/UFMG. Especialista em Ensino de Leitura e Produção de Textos – FALE/UFMG. Graduada em Letras pela UFMG.

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Manual do professorDescobrindo um Novo MundoLillo Parra Ilustrações: Akira Sanoki, Rogê Antônio

Elaborado por Lívia PimentaMestranda em Educação – FaE/UFMG.Especialista em Ensino de Leitura e Produção de Textos – FALE/UFMG.Graduada em Letras pela UFMG.

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Apresentação 3

Material de apoio 4Sobre a obra 4

Sobre a autoria 4O roteirista 4O desenhista 5O colorista 5

Explorando a obra 5A pré-leitura 5A leitura 6Após a leitura 7

Sobre a temática, o gênero e a categoria 7Sobre o gênero HQ e a tipologia narrativa 7Explorando o gênero HQ 8Explorando a estrutura narrativa do texto 9Explorando a temática 10

Outras propostas de atividades 11Literatura e cinema 12

Orientações gerais para uma abordagem interdisciplinar 12

Sugestões de leitura 13

Sumário

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Apresentação

Caro(a) professor(a),

Este material objetiva auxiliá-lo(a) no trabalho, em sala de aula, com o livro Descobrindo um Novo Mundo, de Lillo Parra, Rogê Antônio e Akira Sanoki. Buscamos, através dele, apresentar informações que poderão enriquecer sua prática pedagógica e, consequentemente, contribuir para o avanço da aprendizagem dos estudantes. Assim, ofereceremos, nas seções seguintes, dicas de leitura que objetivam colaborar para o seu aperfeiçoamento como profissional, além de orientações para a exploração da obra literária e propostas de atividades que você poderá utilizar no planejamento das suas aulas.

Através deste guia, pretendemos oferecer condições para que você planeje um trabalho consistente com o livro. É importante que você considere as propostas aqui apresentadas apenas como sugestões que devem ser adequadas à realidade da escola onde trabalha. Também é necessário considerar que a sua atuação como mediador de leitura é fundamental para o crescimento dos estudantes; não basta apenas deixar que eles leiam, aleatoriamente, a obra.

Quando adotada como objeto de estudo, a literatura inevitavelmente passará por um processo de escolarização,1 o que não é necessariamente um problema. Para que essa escolarização seja feita de forma adequada, o professor precisa ter em mente que a leitura literária não deve se restringir a uma exploração puramente didática de um texto. É necessário permitir que a turma se aproprie da obra e a explore em todas as suas potencialidades, a fim de construir uma relação significativa com ela. Nesse sentido, faz-se importante proporcionar o manuseio do livro e a liberdade para que os estudantes se expressem em relação ao que foi lido. Vale ter em mente, também, que a obra literária admite várias possibilidades de leitura e interpretação. Por isso, é interessante que, em torno do livro lido, sejam propostos debates, análises, reflexões e atividades de produção textual. É sempre muito válido soltar a criatividade para construir propostas de trabalho diversificadas e inovadoras, que fujam aos modos tradicionais de exploração da leitura, focados na coleta de dados paratextuais e no preenchimento de fichas e questionários que não valorizam a experiência do leitor.

No contexto escolar, a literatura tem a importante função de suprir a necessidade humana de ficção e fantasia, possibilitando ao estudante um encontro com os outros e consigo, além da vivência de experiências que, de outra forma, não seriam possíveis. Portanto, a literatura é um bem simbólico a que todos nós, seres humanos, temos direito,2 porque ela nos põe diante de nossos próprios conflitos e contradições, ensinando-nos a ler o mundo com outros olhos. Ao explorar o texto literário, então, esteja aberto a um trabalho que demanda sensibilidade para ir além do pedagógico, ampliando as referências estéticas do leitor, promovendo a humanização e desenvolvendo o senso de alteridade.

1 A esse respeito, veja o artigo da professora Magda Soares: SOARES, Magda. A escolarização da leitura infantil e juvenil. In: EVANGELISTA, Aracy A. M.;

BRANDÃO, Heliana M. B.; MACHADO, Maria Z. V. (Orgs.). A escolarização da leitura literária: o jogo do livro infantil e juvenil. 2. ed. 3. reimp. Belo Horizonte:

Autêntica, 2011. p. 17-48.2 CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2011.

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Material de apoio

Sobre a obraDescobrindo um Novo Mundo, de Lillo Parra, Rogê Antônio e Akira Sanoki, é uma história em quadrinhos que percorre um período localizado entre o final da Idade Média e o início da Época Moderna, quando os europeus se lançaram aos mares em busca de novas rotas comerciais. Através de um diálogo entre o noviço José de Anchieta (1543-1597) e o menino Joaquim, aprendiz de marinheiro, ambos a caminho do Brasil em 1553, os autores conduzem o leitor em uma viagem a um tempo de religiosos que empurravam o cristianismo com mãos de ferro para evitar o avanço da cultura islâmica em seus domínios. A HQ destaca o período que ficou conhecido como “As Grandes Navegações”, apresentando-o, de forma atraente e acessível, aos jovens estudantes.

Sobre a autoria

O roteiristaLillo Parra nasceu em São Paulo em 1972. Durante vinte anos, dedi-

cou-se exclusivamente às artes cênicas, dez deles no Teatro Popular União e Olho Vivo (coletivo teatral fundado em 1966). Sua paixão por quadrinhos o levou a criar o blog Gibi Rasgado, especializado em resenhas de quadrinhos. Pela adaptação da peça Sonhos de uma noite de verão para a Coleção Shakespeare em Quadrinhos, foi indicado como roteirista revelação no Troféu HQ Mix de 2012. No ano seguinte, ganhou o prêmio na categoria Adaptação para os Quadrinhos com a obra A tempestade, da mesma coleção. Conheça, a seguir, as capas de outras obras do autor:

No site www.grupoautentica.com.br você pode encontrar mais informa-ções sobre os livros indicados neste guia. Estimule seus alunos à leitura!

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O desenhistaRogê Antônio trabalha com quadrinhos e ilustração para o mercado

nacional e internacional desde 2008. Lecionou o Curso de Desenho na Quanta Academia de Artes – Unidade Porto Alegre, sendo coautor da HQ independente Pontomorto. É desenhista da DC Comics, pela qual trabalhou em Batman Annual, Batman & Robin Eternal e Detective Comics Endgame.

O coloristaRicardo Akira Sanoki nasceu em São Paulo em 1983. Apaixonado

pela arte de contar histórias, vem trabalhando com ilustração, quadrinhos e animação desde que se formou em Artes Plásticas pela Unesp, em 2005, e estudou na Quanta Academia de Artes. Possui mestrado em Linguística Geral e Semiótica pela USP e cursa doutorado na mesma instituição. Produziu animações para comerciais de TV, DVDs e curtas. Junto com amigos, criou a Revista Subversos. Além disso, atua como artista, publicando álbuns de histórias em quadrinhos e participando de eventos de pintura ao vivo. Confira outras obras em que o artista trabalhou:

Explorando a obra

A pré-leitura

Antes de partir para a leitura da história propriamente dita, é importante motivar os estudantes e aguçar a curiosidade deles a respeito do livro a ser lido. Se a escola tiver uma biblioteca, a preparação para a leitura pode ser um ótimo momento para utilizá-la. Vale, inclusive, levar a turma para retirar o livro direto da estante. Durante a pré-leitura, é preciso incentivar os alunos a formular hipóteses

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a respeito da obra. Professor, apresente o livro e, antes de abri-lo, inicie a sua exploração. Uma boa leitura começa pela capa!

Durante o processo de preparação para a leitura, é interessante valorizar a obra em sua materialidade. Incentive seus alunos a manusear o livro,

apreciando-o como um objeto estético!

• Ao apresentar a capa do livro, chame a atenção para o título. A que “Novo Mundo” ele pode estar se referindo? Quem provavelmente está envolvido nessa descoberta?

• Ainda partindo do título, estimule a criação de hipóteses a respeito da história presente no livro. Invista na descontração e permita que os estudantes se expressem livremente!

• Chame a atenção da turma para os desenhos que estão presentes na capa. O que a ilustração mostra? Ela pode auxiliar na criação de outras hipóteses a respeito da história?

• Leia com seus alunos o texto da contracapa, que, geralmente, tem o objetivo de atrair o possível leitor para o livro em questão. Chame atenção para o fato de que a história a ser lida será uma HQ e aproveite para conversar sobre as experiências de leitura dos alunos com esse gênero textual. Eles já leram outras HQs antes? Conhecem os princípios básicos de organização desses textos? Conhecem autores de HQs? Quais são as expectativas da turma para essa leitura?

• Direcione o olhar dos estudantes para as ilustrações da contracapa. O que elas mostram? Elas permitem a formulação de novas hipóteses a respeito da história a ser lida?

• Auxilie na identificação dos dados gerais sobre a obra, como autor e editora. Explique as funções desempenhadas por Lillo Parra (roteirista), Rogê Antônio (desenhista) e Akira Sanoki (colorista) na construção da HQ e apresente-os aos alunos.

• Convide os alunos à leitura. Oriente-os a verificar se as hipóteses formuladas serão confirmadas pela história. Sinalize o fato de a HQ ser um gênero de texto em que imagens e palavras estão associadas na construção da narrativa, orientando a turma a fazer uma leitura integral do texto.

A leituraComo Descobrindo um Novo Mundo é um texto relativamente extenso, que possui muitos conteúdos

históricos associados, é interessante acompanhar o processo de leitura e auxiliar os estudantes nas suas dificuldades, inclusive em relação ao ritmo no qual devem ler. Aqui, vale estabelecer “intervalos de leitura”,3 ou seja, pausas para discutir o que foi lido até o momento. Esse processo auxiliará na

3 Para ampliar seus conhecimentos sobre esse assunto, leia: COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.

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continuidade da leitura e na compreensão da obra pelos alunos. A frequência e a duração dos intervalos deverão ser estipuladas observando-se o nível de maturidade da turma.

Após a leituraTerminada a leitura, é interessante promover um momento inicial de troca de impressões a respeito

da obra. O clima deve ser de uma discussão informal, em que os alunos sintam liberdade para com-partilhar experiências ou opiniões.

• Inicie a conversa permitindo que os alunos que se expressem livremente a respeito da leitura realizada. Convide-os ao compartilhamento de impressões sobre a obra como um todo.

• Retome as hipóteses levantadas antes do início da leitura. Elas foram confirmadas?

• Explore novamente a capa e a contracapa do livro. Agora que a leitura foi realizada, a turma é capaz de identificar, nos desenhos, referências às personagens e aos acontecimentos da história?

• Promova um momento no qual os estudantes possam compartilhar conhecimentos históricos adquiridos ao longo da narrativa.

Sobre a temática, o gênero e a categoria

A obra Descobrindo um Novo Mundo é destinada a estudantes do 6º e 7º anos do ensino fundamental. Trata-se de uma história em quadrinhos (HQ) que possibilita diferentes formas de exploração em sala de aula, dependendo dos objetivos pedagógicos a serem atingidos e do maior ou menor grau de maturidade da turma. A principal temática presente no livro, dos diálogos com a história, é adequada à faixa etária do público-alvo e de interesse potencial para ele, além de dialogar com os conteúdos previstos na Base Nacional Comum Curricular para essa faixa de escolarização. A linguagem utilizada no texto também é acessível aos alunos aos quais ele se destina, sem deixar de oferecer desafios capazes de colaborar para o amadurecimento deles como leitores.

Sobre o gênero HQ e a tipologia narrativaDescobrindo um Novo Mundo é um livro que, para contar uma história, utiliza recursos de cons-

trução próprios de uma HQ. Isso significa dizer que o enredo da obra é apresentado através de uma linguagem específica (que mistura palavras, imagens e recursos gráficos variados) e estruturado em torno dos elementos básicos dos textos narrativos (narrador, personagens, espaço, tempo e enredo). Assim, em um estudo da obra, é importante observar todas essas características.

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Explorando o gênero HQPara iniciar a exploração do texto, é preciso ter em mente que, nas HQs, as imagens são tão impor-

tantes para a construção da história quanto as palavras. É necessário, portanto, não apenas observá-las, mas também analisá-las atentamente, buscando compreender as escolhas realizadas pelos autores na sua construção. Nesse processo, é importante não deixar de lado o valor estético das imagens presentes na obra, que também devem ser apreciadas e contempladas.

Professor(a), folheie novamente o livro com seus alunos e estimule-os a analisar as imagens. Sinalize como elas são importantes para caracte-rizar as personagens e os espaços em que a história se passa. Alerte-os, também, para a importância da observação dos gestos e das expressões

faciais das personagens para a construção da narrativa.

Para a leitura de Descobrindo um Novo Mundo, muitas vezes é necessário romper com a convenção de um texto linearmente organizado da esquerda para a direita. O leitor precisa, portanto, estar atento às várias possibilidades de construção de sentido que se estabelecem a partir da associação entre palavras e imagens. É interessante explorar as imagens individualmente, mas não se pode deixar de lado a ideia das páginas como um todo, um conjunto que possibilita a construção de muitos sentidos. A esse respeito, podem ser exploradas as páginas 7 e 8, construídas em um formato diferenciado do restante da narrativa, de modo a oferecer um panorama do contexto histórico nelas abordado. Também é válido explorar as passagens em que o texto verbal não aparece, mas que não deixam de ter grande importância para a construção do enredo. É importante acompanhar os alunos na exploração dessas passagens, como nas páginas 5 e 63.

Experimente dialogar com a turma sobre o forte apelo visual de algumas páginas, como a 20, a 22 e a 23. Sinalize a força dos traços de Rogê Antônio e das cores de Akira Sanoki para retratar a tensão vivida pelas personagens, que se aventuravam no mar e navegavam por águas desconhecidas, em embarcações bem rudimentares se comparadas às de hoje. Convide os estudantes a apontar outras partes do livro que lhes

tenham chamado a atenção!

Ao longo da obra, é possível observar a utilização de recursos gráficos característicos das HQs, como as legendas e os balões. É importante diferenciar esses elementos considerando as funções de cada um para a construção da narrativa. Enquanto, no texto lido, os balões têm a função de veicular as falas, as legendas apresentam, principalmente, fragmentos da narração feita por José de Anchieta ao menino Joaquim. É relevante, para a compreensão do enredo, perceber as indicações de tempo e espaço presentes nas legendas, que situam o leitor em relação aos fatos narrados, como: “Lisboa, maio

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de 1553” (p. 6); “Foram meses de navegação, muitos deles sem ver qualquer pedaço de terra. Então, em 2 de março de 1498, eles chegaram à ilha de Moçambique” (p. 30). Além disso, também é importante atentar à voz do narrador na apresentação dos fatos históricos e articulá-la às falas, que permitem conhecer, com mais profundidade, as personagens representadas, em sua maioria construídas a partir de figuras históricas importantes.

Observe que os balões estão relacionados à intenção comunicativa que o autor da HQ deseja atribuir à fala da personagem. Para iniciar uma discussão sobre isso, proponha que os alunos façam um levantamento dos tipos de balões existentes na história lida. Na sequência, peça que

eles busquem balões diferentes em outras HQs, a fim de perceber as es-pecificidades do uso desse recurso gráfico.

Outro recurso característico das histórias em quadrinhos é o uso de onomatopeias (palavras que representam sons). Na obra lida, elas estão presentes em três momentos: nas páginas 44, 56 e 64. Para finalizar a observação dos elementos estruturais característicos da HQ, é interessante localizar essas onomatopeias no texto, observar sua reapresentação gráfica (letras coloridas e de formatos diferentes escritas com destaque nas páginas) e verificar se elas conferem maior expressividade ao texto, tornando-o mais atrativo para o leitor.

Explorando a estrutura narrativa do textoO enredo de Descobrindo um Novo Mundo se inicia ambientado em Lisboa, em 1553, quando

Joaquim, um aprendiz de marinheiro, é apresentado ao noviço José de Anchieta, da Companhia de Jesus. Logo de início, o menino revela o motivo de estar embarcando em uma longa viagem rumo ao Brasil: “Meus pais alistaram-me, senhor. Paga-se bem”. Quando questionado pelo religioso, revela seus medos em relação àquela viagem: “... medo dos monstros marinhos, dos selvagens do Brasil, das feras medonhas que lá habitam, medo de ser comido vivo!” (p. 8). Anchieta, então, aponta o caráter lendário das questões que afligem o menino e se dispõe a contar-lhe histórias verdadeiras sobre o mar: “Pois eu conheço muitas histórias. Venha! Eu vou lhe contar algumas” (p. 8).

A partir da página 9, José de Anchieta assume o papel de narrador da história e passa a apresentar uma série de fatos históricos ocorridos entre o final da Idade Média e o início da Época Moderna, com destaque para os acontecimentos relacionados ao período das Grandes Navegações. A narração é feita sob a perspectiva de um observador, que utiliza a terceira pessoa para comunicar os fatos, sem intervir nas ações ou nas situações que conta.

Desde o início da história, mais precisamente da página 6, é sinalizado, para o leitor, que o diálogo de Anchieta e Joaquim ocorre no ano de 1553. Os acontecimentos históricos a serem narrados, porém, ocorrem em épocas anteriores a essa data, seguindo uma cronologia que vai dos séculos XI a XVI. Percebe-se, pois, na narrativa, o predomínio de um tempo histórico, devido à associação entre os fatos narrados e a história da humanidade.

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Em relação aos espaços físicos onde os fatos ocorrem, é possível observar que o enredo se desenvolve no barco em que as personagens viajam de Lisboa para o Brasil, país onde a narrativa é concluída. Há, porém, a referência aos espaços em que se situam os acontecimentos contados pelo noviço, como Portugal, Índias e Brasil, além, é claro, das várias referências ao espaço marítimo, em que se desenrolam as navegações.

Sobre as personagens presentes na história, merece atenção o fato de várias delas terem sido criadas a partir de personalidades que de fato existiram, como D. Henrique, Gil Eanes, D. João II, Bartolomeu Dias, Cristóvão Colombo, D. Manuel I, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e o próprio José de Anchieta. Ao longo do livro, é possível conhecer um pouco mais sobre essas personalidades e suas participações na história europeia. Tomando a obra como ponto de partida, pode-se realizar um interessante trabalho interdisciplinar que objetive aprofundar os conhecimentos acessados, pelo aluno, a partir da leitura.

Professor(a), incentive seus alunos a explorar os elementos próprios dos textos narrativos presentes em Descobrindo um Novo Mundo. Veja abaixo algumas questões que podem ser feitas:

P Quando e onde a história se inicia? P Quem são os protagonistas? P A partir da página 9, José de Anchieta assume a função de narrador da história. Como esse narrador se posiciona em relação aos fatos que narra? Justifique. P Os fatos narrados por Anchieta são organizados cronologicamente? O que nos permite concluir isso? P Em qual espaço ocorre o diálogo entre Joaquim e Anchieta? P Cite alguns espaços onde os fatos históricos narrados no livro ocorreram. P Em que período os acontecimentos narrados pelo noviço ocorreram? Transcreva, do livro, expressões que permitam a identificação do tempo. P Quando e onde a narrativa termina?

Explorando a temáticaDescobrindo um Novo Mundo remonta à época das grandes navegações, quando nações como Portugal

e Espanha disputavam mercados além de suas fronteiras marítimas. A HQ acompanha a história do noviço José de Anchieta e do menino Joaquim, que estão em uma embarcação com destino ao Brasil, no ano de 1553. Através de um diálogo entre as personagens, os autores fazem um panorama longo do contexto do mundo no período compreendido entre o fim da Idade Média e o começo da Idade Moderna, abordando, por exemplo, a busca por mercados consumidores, o combate ao islamismo, o descobrimento do Brasil e o impacto da presença do homem branco na cultura indígena.

A leitura da HQ de Lillo Parra, Rogê Antônio e Akira Sanoki possibilita, portanto, o trabalho com a temática dos diálogos com a história. Sem deixar de lado a dimensão estética, a obra,

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produzida a partir de referências históricas, constitui-se como uma excelente ferramenta pedagógica para o estudo de um importante capítulo da história mundial. Assim, a leitura pode ser um ponto de partida para a realização de um trabalho interdisciplinar que tenha como principal objetivo o estudo aprofundado do período histórico retratado. De modo mais pontual, pode-se explorar, entre outras temáticas, a Dinastia de Avis (p. 10), as Cruzadas (p. 9 a 11), a formação da Escola de Sagres (p. 16), o Tratado de Tordesilhas (p. 28), a descoberta da rota para as Índias (p. 32) e o descobrimento do Brasil (p. 45 em diante). Além disso, é possível explorar personalidades marcantes da história mundial, como D. Henrique (p. 10 em diante), Gil Eanes (p. 17), Bartolomeu Dias (p. 21), Cristóvão Colombo (p. 24), Vasco da Gama (p. 30), Pedro Álvares Cabral (p. 38) e o próprio José de Anchieta, que aparece em várias partes da obra.

Professor(a), devido à densidade das informações históricas presentes na obra, pode ser interessante promover uma articulação entre as discipli-nas de Português e História para o planejamento da leitura. Vale, assim,

programar momentos de leitura coletiva para cada um dos três capítulos, contando com a presença dos dois professores. Esses momentos

podem ser seguidos de discussões e até de atividades estruturadas que dialoguem com os conteúdos acessados em cada capítulo. Também

devem contar com estratégias variadas para atrair a atenção da turma, como a realização de leituras dramatizadas. Nesse processo, é muito importante explorar o livro, manuseá-lo e incentivar os estudantes a

construir, também, experiências individuais com a obra.

Outras propostas de atividades• Separe os alunos em grupos e peça para produzirem cartazes que tenham o objetivo de divulgar

a obra lida para a comunidade escolar.

• Proponha a leitura de outras obras dos autores. Há, no início deste guia, materiais que podem ser indicados aos alunos.

• Incentive a leitura de quadrinhos. As HQs, devido ao seu caráter lúdico e à sua linguagem atrativa para os jovens, são importantes ferramentas pedagógicas para a formação do gosto pela leitura. Proponha pesquisas sobre novos quadrinistas e suas obras. Convide os alunos à leitura e ao com-partilhamento de impressões sobre as obras lidas.

• Proponha a criação de roteiros para HQs a partir de temas pesquisados pela turma.

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Literatura e cinemaA exibição de filmes que dialoguem com a obra literária trabalhada pode ser uma ótima estratégia

para apoiar o aprendizado dos estudantes. Por meio de uma linguagem audiovisual, muitas vezes mais atraente para os jovens, os filmes permitem novas abordagens e olhares sobre as discussões realizadas em sala de aula. Nesse sentido, sugerimos duas produções que podem ser utilizadas para ampliar as discussões realizadas acerca da obra de Lillo Parra, Rogê Melo e Akira Sanoki.

• 1492 – A conquista do paraíso é um longa-metragem de aventura épico produzido em 1992, com direção de Ridley Scott. O filme mostra toda a trajetória do navegador genovês Cristóvão Colombo (Gérard Depardieu) e a descoberta da América, em 1492. O enredo aborda desde os preparati-vos para a viagem até o primeiro contato com os habitantes naturais dessa terra desconhecida, os índios. Nessa produção, os detalhes da aventura que mudou para sempre os destinos da história da humanidade são revelados em toda a sua riqueza.

• Cristóvão Colombo: A aventura do descobrimento, também lançado em 1992, foi dirigido por John Glen. O filme conta a história de Cristóvão Colombo (Georges Corrafece), que, totalmente conven-cido de que a Terra é redonda, deseja encontrar um novo caminho marítimo para as Índias, navegando para o oeste e atravessando os mares. Após passar por um interrogatório da Inquisição, chefiada por Tomas de Torquemada (Marlon Brando), Colombo consegue o apoio dos reis da Espanha para o feito. Entretanto, durante a viagem, terá que enfrentar a sabotagem de Portugal e uma tripulação rebelde, até descobrir o Novo Mundo.

Orientações gerais para uma abordagem interdisciplinar

Uma das principais vantagens de se trabalhar as HQs em sala de aula é a aproximação do professor a um universo que, provavelmente, já é conhecido e apreciado pelo estudante. Isso pode tornar o aprendizado prazeroso, incentivando a leitura e a escrita. Sem perder de vista o caráter lúdico dos quadrinhos, é possível propor atividades que dialoguem com outras disciplinas, tendo como referência

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diversos componentes curriculares e diferentes objetos do conhecimento apontados na Base Nacional Comum Curricular, como:

Artes: criação da parte gráfica para os roteiros de HQs escritos nas aulas de língua portuguesa. Produção de maquetes a partir de fragmentos do livro lido. Produção de releituras artísticas a partir das ilustrações selecionadas no livro. Dramatização de partes da obra Descobrindo um Novo Mundo.

Geografia: a partir das páginas 15 e 16 da obra, pode-se propor um estudo de aprofundamento sobre a história da cartografia e o desenvolvimento das técnicas cartográficas ao longo do tempo. É possível, ainda, analisar as técnicas e os instrumentos de localização utilizados pelos exploradores no período das Grandes Navegações.

Sugestões de leitura

BARBOSA, Alexandre; RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro; VILELA, Túlio. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2012.

CADEMARTORI, Ligia. O professor e a literatura: para pequenos, médios e grandes. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2011.

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.

EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

SOARES, Magda. A escolarização da leitura infantil e juvenil. In: EVANGELISTA, Aracy A. M.; BRANDÃO, Heliana M. B.; MACHADO, Maria Z. V. (Orgs.). A escolarização da leitura literária: o jogo do livro infantil e juvenil. 2. ed. 3. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.