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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
MANUELA DOS SANTOS PEREIRA
DESENVOLVIMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL DE CRIANÇA DE 4 ANOS.
Salvador – BA 2016
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Trabalho de conclusão de curso de especialização em Docência na Educação Infantil apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia orientado
pela professora Cláudia Pedral.
MANUELA DOS SANTOS PEREIRA
DESENVOLVIMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL DE CRIANÇA DE 4 ANOS.
Salvador – BA 2016
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MANUELA DOS SANTOS PEREIRA
DESENVOLVIMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL DE CRIANÇA DE 4 ANOS.
Monografia apresentada ao curso de
Especialização em Docência na Educação
Infantil da Universidade Federal da Bahia,
sendo requisito de avaliação para
obtenção do título de especialista,
Salvador-Ba.
Aprovado em_____/_____/_______.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Prof. Claudia Pedral
Terapeuta Ocupacional, Psicomotricista e psicoterapeuta
Especialista em Educação Especial
_______________________________________________________________
Prof. . (a) Ingrid Campos de Oliveira Miranda
Psicopedagoga e Psicomotricista
e mestrado em Educação pela Universidad Interamericana-PY
Salvador – BA 2016
4
“O principal objetivo da Educação é criar pessoas
capazes de fazer coisas novas e não simplesmente
repetir o que as outras gerações fizeram.”
(Jean Piaget)
5
Dedico esta obra a minha família, minhas colegas de curso
em especial meu namorado que é a razão dessa
conquista, por sempre me apoiar e dar forças para que eu
não desistisse do curso.
6
AGRADECIMENTOS
A DEUS
“É graça divina começar bem, graça maior é persistir na caminhada certa. Mas
graças das graças, é não desistir nunca dos nossos objetivos”. E a ele que deu o dom
da vida, a liberdade, a inteligência, a proteção. Cabe o louvor e a glória, e a mim, só
cabe agradecer.
AOS MEUS FAMILIARES
Que com carinho e compreensão, me apoiaram e contribuíram para a
realização esse sonho. Aos meus pais, que me trouxeram a vida e me criando com
muito afeto e dedicação. Aos meus irmãos e em especial o meu namorado
Aelson Melo que foi um grande incentivador deste meu processo de formação
docente. Eu lhes digo muitíssimo obrigado.
AS PROFESSORAS DE ACPP E ORIENTADORA
Os meus sinceros agradecimentos às queridas Regina, Neuzinha e Claudia
Pedral que tivemos a honra de ter como, mediadora, amiga, que soube transmitir com
real dedicação os seus conhecimentos, fazendo-nos crer na realidade desta
escolha. Vocês conquistaram um lugar especial no meu coração. Por tudo isso, a
minha eterna gratidão.
AOS MEUS COLEGAS DE CURSO
“Buscamos, lutamos e nos separamos. Foi assim que chegamos até aqui,
algumas vezes rindo, outras chorando, algumas vezes acertando e outras errando,
mas, o importante é que vencemos. E lembrando que o nosso caminhar apenas
começou.”
Aline, Vânia, Raquel, Taise, Flávia, Suze, Mara. A vocês todas, serei muito
grata, principalmente pela amizade.
AOS FUNCIONÁRIOS DESTE ESTABELECIMENTO
A todos os funcionários, que com muitas paciência e dedicação contribuíram
para o sucesso dessa realização.
7
RESUMO
A presente pesquisa monográfica tem como objetivo compreender os determinantes do desenvolvimento lógico-matemático em crianças do grupo 4 da Educação Infantil, a partir da interação constituída no cotidiano da creche/escola, para observar quais ações que levam as crianças a desenvolver habilidades e coordenação motoras dento das áreas de acesso da psicomotricidade, para então uma otimização futura de acesso a noção básica do lógico-matemático. O procedimentos utilizados na referida pesquisa para a coleta de dados foi: pesquisa bibliográfica, observação e diário de campo, por compreender um aprofundamento reflexivo muito grande sobre as experiências vividas no campo de pesquisa. A partir da análise de dados se evidenciou que, os conhecimentos teóricos acerca do desenvolvimento lógico-matemático e a utilização de jogos e brincadeiras na prática educativa se constituiu uma ferramenta importante para a aquisição das noções lógico-matemáticas. A pesquisa permitiu concluir que a criança de 4 anos realmente constrói o conhecimento a partir das relações estabelecidas entre o sujeito e o meio (objeto) no qual ele está inserido, mediado pelo professor.
Palavras-chave: Educação Infantil. Desenvolvimento lógico-matemático. Noção espacial.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 09
2 NEUROPSICOLOGIA E NOÇÃO ESPACIAL ................................................ 11
2.1 CONCEITOS DE NOÇÃO ESPACIAL .................................................. 18
3 DESENVOLVIMENTO INFANTIL: VERTENTE COGNITIVA ........................ 21
3.1 DESENVOLVIMENTO DA NOÇÃO ESPACIAL .................................. 26
3.2 NOÇÃO ESPACIAL E O CONCEITO LÓGICO-MATEMÁTICO .......... 28
4 COMO FUNCIONA O CONCEITO LÓGICO-MATEMÁTICO PARA A CRIANÇA
DE 4 ANOS........................................................................................................ 30
5 METODOLOGIA ............................................................................................ 34
5.1 CAMPOS E SUJEITOS PESQUISADOS ............................................. 36
6 ANALISE DE DADOS – DIÁRIO DE BORDO ................................................ 37
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 47
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 49
ANEXOS ........................................................................................................... 52
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INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das crianças nesse mundo está inteiramente mergulhado
no conhecimento matemático que se faz imprescindível em sua história. Para se
relacionar com o meio e consigo mesmas, as crianças precisam se apropriar das
variadas noções espaciais e lógico-matemática, sendo que esse desenvolvimento
começa mesmo antes da entrada na escola, por meio das experiências vivenciadas
em seu dia-a-dia.
Este trabalho de conclusão de curso de Especialização em Docência da
Educação Infantil mereceu a minha atenção diante da minha aflição durante o período
de pesquisa numa turma do grupo 04 da creche municipal durante o ano de 2015,
onde me deparei com uma turma inquieta e que tinha dificuldade em desenvolver a
lógica-matemática no dia-a-dia. Cada cotidiano meu se constituía um desafio muito
grande visto que eu sentia muita dificuldade em lidar com o desenvolvimento de
crianças da pré-escola, até mesmo porque grande parte da minha trajetória
profissional foi dando aula para alunos do fundamental II e médio, e com isso fui
buscar uma especialização que atendesse as minhas angustias no espaço da
Educação Infantil.
Após o ingresso no curso de Especialização em Docência da Educação Infantil
fui apresentada à autora Kamii (1987) que me fez refletir sobre o desenvolvimento
lógico-matemático de uma criança que não pode ser ensinada diretamente, pois o
professor deve estimular e apresentar ferramentas para que a criança construa por si
mesma. Diante disso me esmerei aprofundar meus conhecimentos no curso de
especialização, onde me vi como pesquisadora no trabalho de monografia no qual
desenvolvi como tema “O Desenvolvimento Lógico-matemático em Educação Infantil
para Crianças de 4 anos”.
A proposta desta pesquisa surgiu a partir das dificuldades apresentadas nas
atividades de matemáticas na creche/escola. Essas atividades chamaram a atenção
para o fato de como ocorre o desenvolvimento lógico-matemático, pois é na creche
que as crianças passam a maior parte do dia.
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Terá como objetivo analisar, por meio do registro de diário de campo,
compreender os determinantes do desenvolvimento lógico-matemático em crianças
do grupo 4 na Educação Infantil. No contexto pedagógico, esta pesquisa objetiva
mostrar o desenvolvimento lógico-matemático através de manipulação de objetos
como forma de desencadear sua construção e exploração de forma lúdica e afetiva,
contribuindo enquanto metodologia inovadora das ações pedagógicas, buscando
aulas mais diversificadas, atrativas para conduzir os alunos envolvidos no processo
de uma construção significativa da matemática.
No segundo capítulo para compreender o funcionamento do desenvolvimento
lógico-matemático e seus objetivos vou apresentar o histórico que apresentou dentro
do aspecto da neurociência e a noção espacial conceitos para o entendimento do
conceito lógico matemático da criança. Sendo assim trago aqui um breve histórico e
conceito de neuropsicologia e da noção espacial para poder embasar esta pesquisa.
No terceiro capítulo vou apresentar o desenvolvimento infantil na vertente
cognitiva, neste retrata na visão de alguns estudiosos e a teoria de Piaget, seguida de
uma explicação acerca do mecanismo do desenvolvimento cognitivo, onde será
explicado os estágios do desenvolvimento cognitivo da criança. Tais estágios do
desenvolvimento infantil servem de vertente para chegar aos conceitos de noção
espacial e lógico-matemáticos na Educação Infantil. O quarto capítulo apresenta como
ocorre o funcionamento do conceito lógico-matemático para crianças de 4 anos.
O quinto capítulo se constitui a Metodologia de Pesquisa, é realizado um
esboço da pesquisa, evidenciando os métodos seguidos para a coleta de dados, os
objetivos gerais e específicos, caracterização da creche/escola, dos sujeitos da
pesquisa, e os procedimentos para análise da pesquisa.
No sexto capítulo ocorrerá a Análise dos Dados adquiridos a partir dos estudos
realizados através das informações obtidas no diário de campo que permitiram
analisar como as crianças constroem esse desenvolvimento lógico-matemático.
Por fim, no sétimo capítulo trago as Considerações Finais, que tem como
finalidade trazer os dados levantados na análise, salientando os aspectos
apresentados na fundamentação teórica, que estiveram presentes no decorrer das
construções do desenvolvimento lógico-matemático.
11
2. NEUROPSICOLOGIA E NOÇÃO ESPACIAL
Nos últimos anos o estudo da criança exige formação especial, levando-se em
conta os processos de desenvolvimento e amadurecimento cerebral, habilidades e
capacidades bem como o cérebro funciona para processar as informações que recebe
as variáveis que definem e interferem nestas desenvolturas, tais como, as ambientais,
sociais e biológicas, trazendo consequências positivas ou negativas para o
desenvolvimento infantil.
Ao iniciar os trabalhos numa Creche/Escola Municipal, pouco sabia sobre como
a criança desenvolve o conceito lógico-matemático e por conta disso desenvolvia
aulas expositivas e tradicionais as quais não obtenha nenhum êxito no
desenvolvimento das crianças. Buscando conhecer mais como se dá essa
desenvoltura e o processo de desenvolvimento lógico-matemático das crianças do
grupo 4, iniciei o curso de Especialização e Docência da Educação Infantil o qual foi
fundamental no processo de reavaliação dos meus objetivos quanto profissional e de
minhas práticas pedagógicas.
As razões que me levaram a pleitear uma vaga no Curso de Especialização em
docência da Educação Infantil é de ampliar os estudos acerca do desenvolvimento
logico-matemático da criança, para que assim tenhamos uma melhor percepção de
mundo no qual a criança está inserida. Através desse curso comecei a questionar se
minha prática pedagógica era adequada. Se eu ensino da melhor maneira possível;
Ou se a minha didática de trabalho favorecia o desenvolvimento do aluno.
Questionamentos estes que foram sendo respondidos à medida em que eu participava
das disciplinas ofertadas no curso.
Algumas disciplinas se fizeram muito importante neste curso, sobretudo para o
desenvolvimento da minha prática pedagógica vivenciada no contexto da educação
infantil. Através das aulas obtive os pressupostos necessários ao desenvolvimento
dos trabalhos. Questionei-me: por que educar? por que ensinar? O que ensinar? A
quem ensinar? Quando e como ensinar? despertando a minha consciência crítica
contribuindo com a transformação mútua, educando e educador. E foi a partir do
momento que entrei em contato com um curso de Especialização que trouxe para mim
diferentes tipos de conceitos não vistos antes na minha graduação, começo então os
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meu questionamentos em relação ao aprendizado que vim a conhecer dentro do
aspecto da neurociência como noção espacial que me leva à entendimento do
conceito lógico-matemático da criança. Sendo assim trago aqui um breve histórico e
conceito de neuropsicologia para poder embasar esta pesquisa.
A Neuropsicologia é uma área da Neurociência. Conforme Luria (1981), a
Neuropsicologia é um campo exclusivo da Psicologia que tem como finalidade peculiar
a investigação da função de preceitos cerebrais individuais em formas complexas de
atividades mentais. Para Luria (1981) a finalidade da Neuropsicologia era:
"[…] generalizar ideias modernas concernentes à base cerebral do funcionamento complexo da mente humana e discutir os sistemas do cérebro que participam na construção de percepção e ação, de fala e inteligência, de movimento e atividade consciente dirigida a metas." (LURIA,1981, p. 4).
Para Grieve (2006) a psicopedagogia nasceu da junção da Neurologia com as
Psicologia englobando esses conceito para o estudo de efeito da lesão cerebral e
comportamento. Analisa os aspectos da organização cerebral nas várias fases do
desenvolvimento humano, as alterações neurofisiológicas e neuroquímicas, a
modulação do humor no comportamento, as diferenças individuais, bem como as
influências ambientais. Segundo os autores Pantano e Zorzi (2009):
As neurociências cognitivas fornecem aos profissionais de saúde e educação bases consistentes sobre o funcionamento do cérebro e suas possíveis aplicações no processo de ensino-aprendizagem. De uma forma geral conhecer o cérebro e o seu funcionamento, pode permitir agregar à atuação clínica e pedagógica, conhecimento sobre a maturação neurológica e o desenvolvimento de funções superiores, fornecendo melhores condições para oferecer estímulos coerentes e adequados a cada faixa etária. (PANTANO e ZORZI, 2009 p.11).
Os estudos nas áreas de neurociências tornam-se muito importante na
Educação Infantil, pois, buscara um entendimento de como se desenvolve a
inteligência e organização funcional, bem como a ação dinâmica de seus
componentes, com preocupação constante de se especializar cada vez mais para
atender as necessidades do organismo, independente das alterações causadas a
partir do processo evolutivo. Concordando com Pantano & Zorzi (2009) quando eles
afirmam que:
Para o profissional de saúde e educação torna-se incoerente que trabalhe com processamentos cognitivos como linguagem e a aprendizagem, sem o conhecimento da estrutura biológica em que se dá esses processos. Da mesma forma é necessários compreender o funcionamento neurológico, o desenvolvimento e a maturação cerebral para que possamos conhecer e desenvolver o potencial cognitivo de um indivíduo para as funções relacionadas à linguagem e aprendizagem (PANTANO e ZORZI, 2009 p.12).
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As relações entre o cérebro e a aprendizagem tornam- se cada vez mais
importantes no espaço escolar pois, a complexidade do campo se acentua em grande
parte em função da progressiva maturação do sistema nervoso, sendo necessárias
considerações específicas sobre cada fase do desenvolvimento humano em cada
faixa etária, desde o nascimento até o final da vida. Para a neurociência essas funções
extremamente elaboradas como a linguagem e a aprendizagem são processamentos
cognitivos resultantes de processos primários como: sensação, percepção, atenção e
memorias (Pantano e Zorzi, 2009).
A neurociência bem como neuropsicologia estuda as relações entre a mente-
cérebro- consciência, bem como interagem entre si e com o organismo. Dois aspectos
importantes das neurociências para a educação segundo Lima (2005) “são a
organização funcional ela atua de fora organizacional e as áreas especializadas para
processar informações em categorias”. A complexidade do campo da neuropsicologia
se acentua em grande parte em função da progressiva maturação do sistema nervoso,
sendo necessárias considerações específicas sobre cada fase do desenvolvimento
humano em cada faixa etária, desde o nascimento até o final da adolescência.
Rivero (2007) afirma que a neuropsicologia além de explicar os mecanismos
de ação por traz das funções cognitivas e dos comportamentos, possui também um
papel clínico bem definido atuando no diagnóstico e consequente estabelecendo
programas reabilitatórios para indivíduos com qualquer tipo de consequência
neuronal. Para Grieve (2006) a neuropsicologia permitiu confirmar e ampliar a
descrição dos diversos tipos de deficiência que costumam manifestar-se formando
sequelas neuronais. Segundo ele:
Na década de 70 surgiu a disciplina de neuropsicologia cognitiva, uma matéria que se aplica a metodologia cognitiva ao estudo do sistema cognitivo comprometido pela lesão do cérebro. A abordagem da função cerebral, baseada no processamento das informações, recebeu novo impulsos a partir da ciência cognitiva, que emprega modelos computadorizados para criar e examinar modelos dos sistema cognitivos. (GRIEVE, 2006 p 01.)
A neuropsicologia possui grandes contribuições no conhecimento das
atividades cerebrais, permitindo assim descobrir antecipadamente problemas
comportamentais e de aprendizagem que podem aparecer no período de
escolarização da criança. Para Vasconcelos (2006), a abordagem neuropsicológica,
aprender envolve, necessariamente, o cérebro, segundo ele:
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A capacidade de aprendizagem depende, portanto, do adequado funcionamento de algumas funções neuropsicológicas, tais como, atenção, memória, linguagem, habilidades viso-perceptivas e viso-construtivas e funções executivas. Aprender corresponde a um percurso definido: perceber, processar, armazenar, evocar e utilizar as diversas informações, objetivando um melhor desempenho e/ou ajustamento à demanda da vida, especialmente em relação ao âmbito acadêmico (VASCONCELOS, 2006. p. 05).
Pesquisar as estruturas cerebrais danificadas e as correspondentes disfunções
de habilidades cognitivas, beneficiando crianças, adultos e idosos, portadores de
desordens neurológicas, bem como populações especiais como índios e analfabetos,
investigando, avaliando e reabilitando suas funções cognitivas. Padrões de
organização cerebrais estão estabelecido em crianças de até 5 anos. Na fase de pré-
escola a criança com a ajuda dos familiares começa a desenvolver a linguagem,
verbalizando e ampliando seus pensamentos de forma mais abstrata, tornando a
memória ampliada e admitindo que informações possam ser bem organizadas
apresentando uma melhor maturação do sistema nervoso. De acordo com Piaget
(apud Garcia 1998):
O conhecimento resultaria de interações que se produzem a meio caminho entre dois, dependendo, portanto, dos dois ao mesmo tempo, mas em decorrência de uma indiferenciação completa e não de intercâmbio entre formas distintas. De outro lado, e, por conseguinte, se não há, no início, nem sujeito, no sentido epistemológico do termo, nem objetos concebidos como tais, nem, sobretudo, instrumentos invariantes de troca, o problema inicial do conhecimento será de elaborar tais mediadores. (PIAGET, s/d apud GARCIA, 1998, p. 02).
Assim, a criança estabelece seu próprio conhecimento na interação com o
meio, com as pessoas que ele interage e consigo mesmo, formando o conhecimento
como algo que foi construído durante todo o período da sua vida.
A criança é um ser inteiramente lúdico, possui um universo próprio de
aprendizagem fazendo suas próprias construções através do brincar, do copiar os
adultos, do encenar, e do estabelecimento de vínculos afetivos e de situações
prazerosas que contribuem na construção e na reorganização de suas ideias e
sentimentos sobre o mundo, as pessoas e sobre si mesma. Encontrei na fala de
Scherer (2007) uma aproximação com o que se desenrola neste trabalho, quando o
autor coloca:
As falas das crianças, suas brincadeiras, desenhos, e muitas vezes até mesmo seu silêncio, revelam-nos muito de sua percepção em relação ao mundo em que a cerca. Auxiliam-nos também a compreender como as crianças organizam seu pensamento, como estabelecer suas relações
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socioculturais e como vão construindo suas visões de mundo a partir da forma como se percebem inseridas neste. (SCHERER, 2007, p. 36).
Dialogando com a fala de Scherer (2007), observa-se que é através das
brincadeiras e socialização com o meio que a criança começa a estabelecer suas
primeiras relações com o meio. Articulando sua imaginação aos seus pensamentos,
a criança cria uma lógica individual de percepção de mundo, que para ela tudo pode
acontecer. Percebo que escutar o ponto de vista da criança também significa
reconhecer sua competência, sua participação e seu protagonismo em diferentes
espaços sociais.
Atuando sala de aula, após os conhecimentos adquiridos no curso de Docência
da Educação Infantil, passei a utilizar o lúdico como uma ferramenta no processo de
desenvolvimento lógico-matemático. O lúdico na representação de jogos aguçou
ainda mais a percepção do aluno desenvolvendo suas curiosidades intelectuais diante
do imaginário da criança. A utilização de materiais concretos e jogos pedagógicos
durante as aulas auxiliaram no processo afetivo e cognitivo, se tornando uma
experiência única e bastante positiva. É nesse universo de interação e troca que a
criança desenvolve sua noção espacial de forma prazerosa e participativa. Assim
sendo, faz parte do desenvolvimento do aluno o brincar de maneira planejada inserida
na rotina.
Sarmento (2004) propõe que a criança seja levada a sério, devendo-se destinar
a importância devida sobre o que a criança diz. Sarmento, (s/d, p 02) afirma: Para
Freud, o imaginário infantil corresponde a expressão do princípio do desejo sobre o
princípio da realidade, sendo o jogo simbólico uma expressão do inconsciente para
além da formação da censura. Sarmento (2004) defende que:
As vozes das crianças devem ser “efetivamente levadas a sério e tomadas em conta na construção do conhecimento”, ou seja, as crianças devem ser valorizadas como sujeitos que influenciam nos assuntos inerentes a sua vida e na daqueles que estão a seu redor, logo, a escola deve ser vista como um local que considera a criança para além do ofício de aluno – como um cidadão importante em todas as esferas da sociedade. Percebe-se, dessa forma, que os autores que utilizamos como referencial consideram a criança como um ser social, cultural, histórico, como seres competentes e capazes de formular interpretações da sociedade, dos outros e de si próprios. (SARMENTO 2004,
p. 8)
É inevitável falar de aprendizagem e não falar do órgão responsável por essa
façanha que é o cérebro, pois é nesse que ocorre todo o processamento, adaptação,
conservação e expressão da informação. Conforme Fonseca (1993) a aprendizagem
16
humana é o resultado de uma experiência motora que posteriormente se conserva no
cérebro, através de uma experiência psicológica reflexiva.
Assim, a criança começa a socializar com o meio e consigo mesmo através das
interações. Para Piaget a inteligência se constrói através de estruturações de
esquemas mentais que permite adapta-se ao mundo. Essas estruturas são
constituídas pela ação. “As estruturas não são pré-formadas dentro do sujeito, mais
constroem-se a medida da necessidade e situações”. (PIAGET s/d apud GARCIA,
1998, p. 02).
Para Piaget, a criança constrói seu conhecimento por meio de uma
experimentação ativa no qual a criança interage diretamente com objeto sem formar
conceitos, pois estes só surgiram posteriormente. Nos estudos de Garcia (1998) ela
cita Piaget trabalhando com dois tipos de experiência que interessam a esta pesquisa;
que é a lógico-matemática e a experiência corporal.
As crianças começam a desenvolver noção espacial desde os primeiros meses
de vida a partir da exploração e experimentação do próprio corpo. Como o
entendimento dessas noções depende da maturação neurológica de cada criança,
pois, cada uma possui ritmo diferenciado, é importante começar estimulá-las desde
cedo para que possam vivenciar situações distintas que beneficiem essa
compreensão podendo assim explorar a posição que seu corpo ocupa no espaço.
Segundo Piaget apud Lorenzato (2011) afirma que:
[...] a percepção do espaço pela criança começa com a percepção de objetos por meio da imagem visual; depois ela consegue pegar o que vê e então seu espaço é ampliado; em seguida, ela consegue deslocar-se por entre objetos e seu espaço é ampliado ainda mais, pois, nessa percepção de espaço, tanto ela como o objeto fazem parte do ambiente espacial; e, finalmente, a criança chega a perceber-se como um objeto a mais no espaço (PIAGET, s/d apud LORENZATO 2011, p.43).
Situar objetos no espaço e orientar-se em relação a ele são ações naturais do
dia-a-dia de um adulto, mais para uma criança pequena essa capacidade ainda
precisa ser construída, pois ela ainda não consegue desenvolver essa percepção
espacial possuem dificuldade em se orientar no espaço, distinguir posições e não
desenvolvem a memória espacial. Algumas noções relativas a esse desenvolvimento
são o uso dos coordenadores espaciais (direcionamento do que é esquerda/direita,
em cima/embaixo, frente/atrás), a lateralidade (direito/esquerdo) e a reversibilidade
(construir/desconstruir). Conforme Piaget (1957) chama-se reversibilidade a
17
capacidade de executar a mesma ação nos dois sentidos de percurso, mas tendo a
consciência de que se trata da mesma ação.
Uma das investigações as quais as crianças empreendem em relação a noção
de espaço são as relativas a construção da lateralidade, que é não só uma distinção
entre o que é direito/esquerdo mais também a coordenação simultânea entre
direito/esquerdo. Qualquer situação em que a criança se proponha a desenvolver essa
lateralidade é extremamente favorável para o seu desenvolvimento. A reversibilidade
são ações de constituir e voltar a seu estado inicial e quando a criança avança em sua
aquisição de sistema reversíveis ela cria uma estrutura para aquisição de outros
conhecimentos se tornando apta a prosseguir com outros estudos de noção espacial.
Piaget apud Garcia assegura que:
A reversibilidade de apresenta no período das operações concretas sob duas formas: “Uma que podemos chamar de inversão, ou negação Que aparece na lógica das classes, a aritmética etc., a outra que podíamos chamar de
reciprocidade, que aparece nas operações de relação” (PIAGET s/d apud
GARCIA, 1998, p. 07)
Toda a criança chega à pré-escola com alguns conhecimentos prévios e
habilidade no plano físico, espacial, intelectual, psicomotor e socioafetivo decorrente
da história de vida nele inserida. Porém, é sabido que essa ordem natural de como
desenvolver essa noção espacial no ambiente escolar não é respeitado por ter um
currículo a ser seguido. Sendo assim Sousa (2007) afirma que:
Assim, o espaço para a criança é apenas um espaço de ação, a partir do qual ela constrói suas primeiras noções de sentidos como grande, pequeno, dentro e fora, usando seus próprios movimentos. A criança age, então de maneira descentrada, apoiando-se na coordenação de ações. (SOUZA 2007, p.10)
Nessa concepção, será trabalhado no espaço escolar apenas algumas
habilidades que beneficiam a noção espacial, como: atenção, coordenação motora
fina e grossa, observação, memória visual e auditiva, tamanho, quantidade entre
outras. Para Piaget (s/d apud LORENZATO, 2011), a função da educação é mudar a
visão egocêntrica da criança para a visão universal. Para isso é necessário uma
educação em que haja interação não apenas da criança com o objeto, mais também
criança/criança, a criança com o meio e a criança/adulto de forma afetiva e
respeitando suas especificidades.
18
2.1 CONCEITO NOÇÃO ESPACIAL
A noção espacial na infância são desenvolvidas pela criança a partir da
experiência do contato com o meio, tendo como menção seu próprio corpo. O
entendimento dessas noções estar amarrado da maturação neurológica da criança e,
neste sentido, cada um possui seu próprio tempo de desenvolvimento. Para Assunção
e Coelho (1996):
Orientação espacial é a capacidade que o indivíduo tem de situar-se e orientar-se, em relação aos objetos, às pessoas e o seu próprio corpo em um determinado espaço. É saber localizar o que está à direita ou à esquerda; à frente ou atrás; acima ou abaixo de si, ou ainda, um objeto em relação a outro. É ter noção de longe, perto, alto, baixo, longo, curto (ASSUNÇÃO; COELHO, 1996, p.91-96).
A criança começa a desenvolver a estruturação espacial através de situações
vividas em situações no cotidiano escolar no momento em que a educadora
desenvolve atividades como (dentro, fora, longe, perto), ao realizar atividades que
envolvam tamanho (grosso, fino, pequeno, médio, grande), de posição (em pé,
deitado, sentado, agachado) de movimento (levantar, abaixar, puxar, cobrar, subir,
descer), de formas (círculo, quadrado, triângulo), de quantidade (cheio, vazio, pouco,
muito) e grande parte desse desenvolvimento acontece através do brincar.
O espaço é o primeiro lugar ocupado por qualquer corpo ou objeto e é nele que
se ampliam os movimentos corporais. Para Le Boulch (1987) este espaço vivido com
limites suaves é objeto de uma experiência emocional intensa. Le Boulch afirma que:
O espaço é o primeiro lugar ocupado pelo corpo e no qual se desenvolvem os movimentos corporais. Este espaço vivido com limites suaves é objeto de uma experiência emocional intensa [...]” E estes movimentos corporais têm origem em diversos aspectos, entre eles os sociais e os neurológicos, que são de grande importância. A orientação espacial é a consciência do corpo com o meio (BOULCH, 1987, p. 9).
Dentro do movimento humano, as noções espaciais, corporal e de tempo
devem estar fortemente relacionadas. O corpo coordena-se, movimenta-se
consecutivamente dentro de um ambiente determinado, em função do tempo, e um
ponto referencial. Para Boulch (1987):
A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré- escolares; leva a criança a tomar consciência do seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir
19
inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas ( BOULCH, 1987, p. 25).
Para Friedmann (1996) e Maluf (2008) o brincar é uma de suas prioridades e
as crianças encontram as mais diversas razões para essa atividade, sendo uma delas,
o prazer proporcionado enquanto brincam, podendo exprimir sua agressividade,
dominar sua angústia, aumentar suas experiências e estabelecer contatos sociais.
Contudo, o brincar não visa somente a busca do prazer, está relacionado também aos
aspectos do desenvolvimento físico abrangendo as habilidades motoras e sensoriais
que a criança necessita para se desenvolver.
Pequenas situações ocorridas no cotidiano como pegar objetos em gavetas,
sentar-se na cadeira ou até mesmo organizar as atividades em um varal conceitua
habilidades de estruturação espacial. À primeira vista parece meras atividades e sem
nenhuma relação com o processo de estruturação espacial porém, contribui bastante
para esse desenvolvimento. E para o trabalho de noção espacial em uma sala de aula
permanecem por conta das brincadeiras que abarcam o corpo como exemplo, as
brincadeiras de pega-pega, amarelinha, brincadeira de empurrar carrinho, pular
cordas, montar quebra-cabeça, cabo de guerra, andar sobre linhas, etc.
A noção espacial decorre de uma organização funcional da lateralidade e da
noção corporal. Para compreendermos como ocorre essa noção espacial faz-se
necessário entender a sua correlação com a psicomotricidade e a fim de expor uma
significação que venha ao encontro das ideias a serem debatidas neste estudo.
Busquei respaldo na definição trazida pela Sociedade Brasileira de
Psicomotricidade (SBP), entidade de caráter científico-cultural sem fins lucrativos,
define a psicomotricidade como sendo ciência que tem como objeto de estudo, o
homem através do seu corpo em movimento em relação ao seu mundo interno e
externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os
objetos e consigo mesmo SBP (1999). Segundo a SBP a psicomotricidade também
está associada ao processo de maturação, no qual o corpo é a origem das aquisições
cognitivas, afetivas e orgânicas.
Quando se fala em Psicomotricidade a primeira coisa que penso é algo que
está relacionado com a motricidade, ou seja, a habilidade que o indivíduo tem de
conseguir realizar movimentos que trazem o desenvolvimento do corpo. Porém ela é
muito mais que isso, a psicomotricidade é uma ciência que está atrelada ao processo
20
de maturação, no qual o corpo é o início das conquistas cognitivas, afetivas e
orgânicas, desenvolvidas através do movimento, o intelecto e o afeto. Barroco (2007)
afirma que:
A psicomotricidade é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização (BARROCO, 2007, p.12).
Sendo assim a psicomotricidade está inteiramente ligada com as
aprendizagens. Já Fonseca (1996) afirma que a psicomotricidade é atualmente
concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação
inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado através do qual a
consciência se forma e se materializa. Fonseca (2007) afirma que:
A Psicomotricidade tem por objeto de estudo a globalidade do ser humano, no plano teórico e prático, ela combate a dicotomia do soma e do psíquico, ensaiando pelo contrário a sua fusão e unificação complexa e dialética (FONSECA, 2007, p. 36).
Vários autores apresentaram diversos conceitos relacionados à
psicomotricidade. Segundo Fonseca (2007), a Psicomotricidade estuda e investiga as
relações e as influências, recíprocas e sistêmicas, entre o psiquismo e a motricidade.
Nesse caso o psiquismo engloba processos sociais, cognitivos, afetivos, os
sentimentos, a coordenação, simbolizações entre outros.
Para Pierre Vayer (1986 apud Molinari e Sens, 2003), a educação psicomotora
é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da educação física com o
fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança. Controverso a isso Coste
(1981), afirma que a psicomotricidade é uma intersecção no qual atravessam e se
encontram vários pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalíticos, sociológicos
e linguísticos.
A participação da Psicomotricidade no processo de desenvolvimento infantil
está atrelada a percepção de noção espacial, onde a criança pode desenvolver
capacidades e habilidades cognitivas e motoras através de atividades nas quais
promovam a prática da cultura corporal como, correr, pular, brincar, rolar, dançar,
abraçar, ou seja, vivenciar momentos no qual estimule de forma plena.
21
3. DESENVOLVIMENTO INFANTIL: VERTENTE COGNITIVA
Rememorando minhas práticas pedagógicas, meu primeiro contato com a
Educação Infantil ocorreu antes do ingresso no curso de especialização. Foi um
momento de muita apreensão no qual não me sentia muito segura e confortável com
a mudança, já que sempre atuei no ensino fundamental e médio.
Nas reuniões de atividade complementar (AC) na creche/escola eu procurava
sempre conversar e planejar minhas aulas juntamente com outras professoras mais
experientes na área de Educação Infantil, pois eu não sabia ao certo qual seria o tipo
de atividade que iria fazer, mas mesmo assim eu persistir. Notei por observação em
meu ambiente de atuação escolar, que iria precisar de muito mais que experiências
trocadas com colegas de trabalho e resolvi fazer a inscrição no curso de
Especialização em Docência da Educação infantil no qual passei.
Foi exatamente nesse curso que tive a oportunidade de me aproximar das
teorias de desenvolvimento da criança e isto despertou em mim a vontade de
aprofundar as abordagens educativas do desenvolvimento lógico-matemático como
elemento presente no cotidiano da criança de 4 anos.
A criança é um sujeito sociocultural que faz parte de uma organização familiar
inserida em uma sociedade, em um determinado momento histórico. Possui uma
natureza particular, que a caracteriza como ser que sente e pensa o mundo de um
jeito muito próprio precisando ser compreendido e respeitado a partir de suas
especificidades.
Para Charlot (2013), a ideia de infância está carregada de significações
ideológicas. E estas significações adquirem maior especificidade ao se ligarem às
ideias de tempo e de origem e à ambiguidade da ideia de natureza. Segundo ele o
adulto elabora uma imagem da criança como um ser contraditório, fraco, inacabado,
imperfeito e desprovido de tudo e atribui estas características à própria "natureza
infantil". Mas esta ideia de natureza está apenas dissimulando as relações da criança
com o adulto e com a realidade social. Khulmann (1998) afirma que:
A infância tem um significado genérico e como em qualquer fase da vida, esse significado é função das transformações sociais: toda sociedade tem seus sistemas de classes de idade e a cada uma delas é associado um sistema de status e de papel. A idade cronológica não é o suficiente para abranger a concepção contemporânea de criança (KHULMANN,1998, p. 16).
22
Sobre o desenvolvimento cognitivo, faz-se necessário destacar sua importância
em relação ao desenvolvimento infantil. Fantin (2000) afirma que para a criança, o
contato físico, social e a comunicação são fundamentais no seu desenvolvimento e
uma das maneiras mais eficazes dela estabelecer estes contatos é pelo brincar. Para
ele a criança, o contato físico, social e a comunicação são fundamentais no seu
desenvolvimento e uma das maneiras mais eficazes dela estabelecer estes contatos
é pelo brincar.
O desenvolvimento cognitivo da criança acontece mediante a interação da
mesma com o ambiente, por isso é fundamental que todas as crianças sejam
estimuladas desde os primeiros anos de vida. Segundo Lima (1984, p.47), “[...] a
socialização é o fator básico do desenvolvimento das estruturas mentais, ao mesmo
tempo que as relações com os demais indivíduos dependem destas estruturas”.
Conforme a teoria Epistemologia Genética, é por meio da interação entre o
sujeito e o meio que o conhecimento se estabelece pelo indivíduo, para isso, é
fundamental a construção de determinadas estruturas biológicas já presente no sujeito
permitindo atuar sobre o meio. Para Piaget (1983):
O conhecimento resultaria de interações que se produzem a meio caminho entre dois, dependendo, portanto, dos dois ao mesmo tempo, mas em decorrência de uma indiferenciação completa e não de intercâmbio entre formas distintas. De outro lado, e, por conseguinte, se não há, no início, nem sujeito, no sentido epistemológico do termo, nem objetos concebidos como tais, nem, sobretudo, instrumentos invariantes de troca, o problema inicial do conhecimento será de elaborar tais mediadores (PIAGET,1983, p.6).
Assim, o sujeito constrói o conhecimento mediante a sua interação com o meio
(objeto) e com seu próprio semelhante. Nos estudos de desenvolvimentos
apresentado por Piaget a criança da pré-escola se encontra na fase pré-operacional
que significa ação e representação, o qual constitui um período de preparação para o
pensamento pré-lógico.
Nessa fase a criança desenvolve algumas características como o
egocentrismo, apresenta um grande progresso na socialização apesar de gostar de
brincar sozinha e de não compartilhar seus objetos, possui pensamentos ilógicos
segundo o aspecto dos adultos, gosta de correr, é muito ativa, tem bastante domínio
com o seu corpo, não racionaliza seus pensamentos, apresenta uma forte imaginação,
possui uma capacidade de concentração pequena, liga fatos que não podem ter
ligação entre si e atribui às coisas significados específicos.
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A teoria de desenvolvimento infantil de Piaget (1973) é bastante importante
para este trabalho pois, consiste no desenvolvimento cognitivo, e a aprendizagem que
resulta no armazenamento organizado de informações, de conhecimento do indivíduo.
Piaget acredita que a criança é um ser dinâmico que interage com o ambiente e essa
interação é causada por meio do processo de assimilação e acomodação.
Piaget ocupou-se em estudar o desenvolvimento cognitivo, concebendo-se
como o ocorrendo em quatro períodos ou estágios sequenciais concretizando por
assimilação e acomodação num processo de equilibração. Segundo o Piaget a
adaptação envolve dois processos básicos: assimilação que é a tentativa feita pelo
sujeito de solucionar uma determinada situação de equilíbrio, incorporando e
assimilando o novo elemento e a acomodação que é o processo de modificação das
estruturas antigas do repertorio comportamental ou metal do indivíduo. Segundo Lima
(1984):
[...] esse conhecimento (esquemas de assimilação) deve ser desafiado de forma que a criança sinta a necessidade de descobrir ou adaptar os esquemas, construindo, assim, novos conhecimentos, pois a aprendizagem ocorre mediante modificações de esquemas anteriores. “O processo educativo, portanto, consiste em criar, artificialmente, desequilíbrios que levem a inteligência a se desenvolver”. (LIMA, 1984, p.18)
A teoria de Piaget age como o fenômeno da aprendizagem, manifesta-se como
uma modificação de conduta, resultante da transformação de um esquema de ação.
É uma teoria do desenvolvimento cognitivo, embasada nessa teoria pude observar
nos alunos como ocorre às mudanças do desenvolvimento que proporciona a
aprendizagem.
Segundo a teoria de desenvolvimento cognitivo de Piaget (1990), o ser humano
passa por quatro estágios de desenvolvimento: Sensório-motor (de 0 a 2 dois anos
aproximadamente, o reconhecimento do ambiente se faz por meio do sensorial que
os sentidos), pré-operatório (aproximadamente de 2 a 7 anos, a criança começa a
entender os significados ou tentar entendê-los), operações concretas (
aproximadamente de 7 a 12 anos as crianças têm capacidade de classificação,
agrupamento, reversibilidade e conseguem realizar atividades concretas, que não
exigem abstração) e operações formais ( aproximadamente 12 anos em diante que
passa a elaborar hipóteses, sem precisar da realidade).
Para o presente estudo será considerado o estágio II (pré-operatório) pois ele
abarca a faixa etária das crianças investigados na presente pesquisa.
24
O estágio pré-operatório, envolve crianças na faixa etária entre 2 a 7 anos,
começar com a manifestação da linguagem e amplia para a estruturação do
pensamento reversível. Como pontua Piaget (1978) as característica do estágio pré-
operatório:
De 2 a 4 anos: aparecimento da função simbólica e começo da interiorização dos esquemas de ação em representações. A função simbólica aparece sob diferentes formas: linguagem, jogo simbólico (ou de imaginação) em oposição aos jogos de exercício somente representados até então, imitação diferenciada e provavelmente começos da imagem mental concebida como imitação interiorizada. Plano da representação nascente: dificuldades de aplicação ao espaço não próximo e ao tempo não presente dos esquemas de objeto, de espaço, de tempo de causalidade já utilizados na ação efetiva. De 4 a 5 anos: organizações representativas fundadas seja sobre configurações estáticas, seja sobre uma assimilação à ação própria. O caráter das primeiras estruturas representativas que revelam nesse nível as interrogações a respeito de objetos a serem manipulados é a dualidade dos estados e das transformações: os primeiros são pensados como configurações e os segundos são assimilados a ações. De 5 a 7 anos: regulações representativas articuladas. Fase intermediária entre a não conservação e a conservação. Começo de ligação entre os estados e as transformações, graças a regulações representativas permitindo pensá-las sob formas semi-reversíveis (PIAGET 1978, p. 239).
Segundo Souza (2007), os estágios das operações Vygotsky concretas vão
depender da interação da criança, acontecida no final do estágio pré-operatório. Na
Matemática, ela começa a desenvolver o conceito das operações numéricas, as
relações de quantidade, tempo e medida e noção espacial, sem a obrigação do
material concreto. O período de concentração amplia e ela consegue passar mais
tempo realizando a mesma tarefa.
A teoria defendida por Vygotsky (1988) enfatiza a correlação entre a
aprendizagem e a importância da intervenção social para este processo. Para ele o
desenvolvimento humano é produto da convivência sociocultural do homem. Ainda
segundo ele, para o indivíduo se constitua como pessoa, é fundamental que ele se
insira num determinado ambiente natural. Vygotsky s/d apud Moreira (2008) relata
que:
[...] o desenvolvimento cognitivo se dá pela individualidade (forma como cada um se relaciona com o meio), e pela mediação (o outro social, pessoas, objetos, realidade). Sua premissa básica é a de que “O conhecimento é sempre intermediado”, ou seja, nunca é construído pela pessoa sozinha. Percebe a evolução intelectual em três etapas: Desenvolvimento real: a criança é capaz de fazer sozinha porque já tem um conhecimento consolidado; Desenvolvimento proximal: distância entre os níveis de desenvolvimento real e o potencial, que está próximo, mas ainda não atingido; Desenvolvimento potencial: a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com auxílio de alguém mais experiente (VYGOTSKY, s/d apud MOREIRA, 2008, p. 8).
25
Sua teoria é bastante enriquecedora para práxis pedagógica dando subsidio
para entender melhor o desenvolvimento humano e suas relações culturais e sociais
Essa assertiva está apoiada nas ideias de Vygotsky (1998) quando ressalta a
importância dos fatores biológicos para o desenvolvimento do ser humano, mas
reforça que estes têm dominação sobre os sociais somente no início da vida da
criança.
Para Vygotsky (1998) as potencialidades do indivíduo devem ser levadas em
conta durante o processo de ensino-aprendizagem. A partir do contato com uma
pessoa mais experiente e com o quadro histórico-cultural, essas potencialidades são
transformadas em situações que ativam esquemas processuais cognitivos ou
comportamentais, num processo dialético contínuo.
A teoria do desenvolvimento walloniana apoia uma educação que abarque a
integração de afetividade, cognição e movimento, respeitando as etapas de
desenvolvimento infantil e dando ênfase um atendimento individual de acordo com a
competência de cada um. Nas palavras de Wallon (s/d apud Moreira 2008) afirma que:
Wallon vê o desenvolvimento da pessoa num movimento progressivo em que sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva. A Psicogenética Waloniana propõe cinco estágios para o desenvolvimento da criança. Estes seriam descontínuos e assistemáticos: Estágio impulsivo: abrange o primeiro ano de vida; Estágio Sensório-motor e projetivo: que vai até o terceiro ano; Estágio do personalismo: que cobre a faixa dos três aos seis anos; Estágio categorial: inicia-se aos seis anos; Adolescência: rompimento da “tranquilidade” afetiva que caracterizou o estágio anterior (WALLON s/d apud MOREIRA, 2008, p 12).
As análises e contribuições destes três teóricos originaram uma Teoria da
Aprendizagem chamada de Sócio-interacionismo. Esta Teoria parte do conjectura de
que todos nós estabelecemos a nossa própria concepção do mundo em que vivemos
a partir da reflexão sobre os nossos próprios conhecimentos de vida.
Considerando o atual contexto e os novos desdobramentos sobre a infância no
cotidiano da educação infantil, a educação pensada para este público, assume hoje
um lugar de socialização, de coexistência, trocas, interações e afetos, de acréscimo e
inserção sociocultural, de construção de identidades e de subjetividades. Neste
sentido a prática pedagógica precisa ser pautada em olhares que contemplem as
crianças como sujeitos múltiplos e diversos, reconhecendo e, sobretudo
26
desenvolvendo a escuta sensível dos pensamentos e dizeres infantis que muitas
vezes são silenciosos.
3.1 DESENVOLVIMENTO DA NOÇAO ESPACIAL
A noção do espaço está presente na criança desde seus primeiros momentos
de vida. Com meses ela percebe a posição que seu corpo ocupa no espaço,
posteriormente descobre a posição do objeto em relação ao seu próprio corpo, e por
fim, amplia as relações de objetos entre si. Lorenzato (2011) afirma que:
O senso espacial possui três fases: topológica, projetiva e euclidiana. As crianças aprendem, primeiro, a parte topológica. Elas não diferenciam, por exemplo, elipsoide de uma esfera, ou um círculo de um hexágono, o que, topologicamente, equivalem-se. A fase projetiva da criança é a fase em que ela começa a diferenciar as formas geométricas. Ela percebe que as formas e as dimensões do objeto vão depender do ponto de vista de quem observa. E, por fim, na fase euclidiana, a criança é capaz de aprender conceitos matemáticos sem precisar do concreto, e percebe que tanto o objeto, quanto o observador fazem parte do espaço (LORENZATO 2011, p.92).
É a partir dessas relações que podemos nos estabelecer no espaço em que
convivemos, constituindo as relações entre objetos. Para Walle (2009).
O senso espacial pode ser definido como uma instituição, ou uma sensibilidade, sobre formas e as relações entre formas. Indivíduos com senso espacial possuem “tato” para os aspectos geométricos de sua vizinhança e as formas criadas pelos objetivos em seu ambiente. [...] Pessoas com senso espacial apreciam formas geométricas na arte, na natureza e na arquitetura. Elas são capazes de usar ideias geométricas para descrever e analisar o mundo em que vivem (WALLE, 2009, p.2).
Propor o desenvolvimento global da criança a partir de conjunturas corriqueiras
de sua infância, como os jogos e brincadeiras de forma organizada visando
contemplar o seu próprio caráter espontâneo das atividades infantis para tal finalidade,
constitui um desafio na Educação.
É percebível que a noção espacial está atrelada a um sucessivo
desenvolvimento infantil que muitas vezes se dá em diversas áreas da vida, tais como
afetivo, cognitivo, social e motor. Para Rabelo e Passos (2008) este caminhar contínuo
não é determinado apenas por processos de maturação biológicos ou genéticos. O
meio em que a criança está inserida é um fator de extrema importância no
desenvolvimento humano. Segundo Lorenzato (2011):
27
Precisamos trabalhar dois tipos de exercícios, “um envolvendo o próprio corpo da criança (através do movimento e do posicionamento no espaço, a criança melhora sua percepção do meio ambiente), e outro, que possibilita o manuseio de objetos” (LORENZATO, 2011, p.13).
Assim, partindo do pressuposto são desenvolvidas atividades para trabalhar
com noções de direita/esquerda, acima/abaixo, em cima/embaixo, formas
geométricas, poliedros e corpos redondos, com material concreto, explorando o
ambiente e o próprio corpo. As atividades desenvolvidas para o trabalho de noção
espacial prevalecem através das brincadeiras que envolvem o movimento corporal
como, por exemplo, abraçar, rolar pela sala, ficar de pé e agachar. Segundo Lorenzato
(2011):
[...] a percepção do espaço está presente em qualquer atividade da criança, iniciando com a utilização do próprio corpo, surgindo a noção de longe, alto, fora, debaixo, atrás, aqui, entre outras. A noção de lateralidade individual surge mais tarde porém, as noções relativa de lateralidade como “à direita de”, “à esquerda de”, “mais perto de”, “mais baixo que”, “na frente de”, “atrás de” surgem depois (LORENZATO, 2011, p.135).
A criança não considera as relações do espaço com os objetos, nem o
deslocamento do seu corpo em sua totalidade, ela busca localizar esse objeto por
meio do seu campo de visão, mesmo sem ter sido manipulado por ela antes
(Kobayashi, 2001).
Nas práticas desenvolvidas na creche as crianças ao pegar bolinhas, apertar
brinquedos, separar e agrupar, e nesse estágio a criança começa a observar e
descrever objetos a partir de suas semelhanças e diferenças físicas (cor, forma,
tamanho, peso, espessura etc.), cada uma descrevia de sua maneira e no seu tempo
e a partir dessa manipulação dos objetos elas começaram a estabelecer relações de
comparação, correspondência, classificação e seriação.
3.2 NOÇÃO ESPACIAL E O CONCEITO LÓGICO-MATEMÁTICO
Refletir o papel da matemática, no contexto da Educação Infantil, é evidenciar
saberes necessários para a criança se adequar da cultura a que ela convive
diariamente. A provocação nesse aspecto é permitir que ela construa as noções e
conceitos matemáticos de uma maneira livre, a partir daquilo que ela faz no seu
cotidiano.
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A noção espacial e o desenvolvimento lógico-atemático estão presente em
todas as ações desenvolvidas pelas crianças. Segundo Lorezato (2008):
Desmitificar a ideia de que matemática existe só num certo horário escolar mostrando que ela está presente ao fazer a merenda, nas aulas de artes e de educação física, na recreação, durante o transporte escola-casa, nas atividades que se dão dentro ou fora de casa etc. Portanto, podemos fazer e fazemos matemática no viver. (LORENZATO, 2008, P.12).
Essa noção de desenvolvimento lógico-matemático é um campo amplo
podendo ser explorado de várias maneiras pela relação professor/aluno, permitindo
vivências ricas e desafiadoras, na construção de uma aprendizagem significativa.
Segundo Kamii (1987) a criança progride na construção do conhecimento
lógico-matemático pela coordenação das relações simples que anteriormente ela criou
entre objetos. Para ele a construção do conhecimento lógico-matemático consiste na
coordenação de relações. Ou seja, através as relações que a criança cria com o objeto
podendo perceber sua diferença, igualdade e mais tornado apta a deduzir que há
muito mais coisas no mundo. Contemplando a fala Piaget (apud Kamii 1987):
Existe três tipos de conhecimentos: o conhecimento físico (operações concretas), o conhecimento lógico-matemático (operações abstratas) e o conhecimento social. Pelo conhecimento físico, a criança observa, age e manipula os objetos e descobre suas propriedades (forma, tamanho, cor), porém é preciso que aconteça a assimilação de estruturas, para que haja abstração dessas propriedades. Quando isso ocorre, temos o pensamento lógico-matemático (abstração reflexiva), em que a criança desenvolve o pensamento com objeto e/ou mentalmente. O conhecimento social acontece por meio da interação da criança com a sociedade, é desenvolvido com a intervenção da cultura, passado de geração para geração (PIAGET s/d apud KAMII, 1987, p. 14)
Segundo Kamii (1987) um pensamento lógico-matemático consiste na
coordenação de relações criada mentalmente pelo indivíduo que relaciona um ou mais
objetos que o mesmo ver. Para ele a criança progride na construção do conhecimento
lógico-matemático pela coordenação das relações simples que anteriormente ela criou
entre os objetos. Na visão de Piaget s/d apud kamii (1987) sobre a natureza lógico-
matemática, a abstração da cor a partir dos objetos é considerada de natureza muito
diferente da abstração do número. Segundo ele:
[...] a abstração das propriedades a partir dos objetos, Piaget usou o termo de empírica (ou simples). Para a abstração do número, ele usou o termo abstração reflexiva. [...] Na abstração empírica a criança focaliza uma certa propriedade do objeto e ignora as outras. Em contrapartida, a abstração reflexiva envolve a construção de relação entre objetos (PIAGET s/d apud KAMII, 1987, p. 17).
29
É como se colocássemos um objeto na frente de uma criança, ela iria reparar
somente a cor e desprezar as outras características como peso, tamanho etc, a isso
denominou uma abstração empírica. Já a abstração reflexiva envolve a construção de
relação entre os objetos. Para Kamii (1987):
Um sistema de referência lógico-matemático (construído pela abstração reflexiva) é necessário para abstração empírica, por que nenhum fato pode ser “lido” a partir da realidade extrema se cada fato fosse um pedaço isolado do conhecimento, sem nenhuma relação com o conhecimento já construído numa forma organizada (KAMII, 1987, p.18).
As componentes centrais da inteligência lógico-matemática são descritos por
Gardner (1989) como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização.
Segundo Gardner (1989) pontua que:
É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas. Embora o talento cientifico e o talento matemático possam estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos que movem as ações dos cientistas e dos matemáticos não são os mesmos. Enquanto os matemáticos desejam criar um mundo abstrato consistente, os cientistas pretendem explicar a natureza. A criança com especial aptidão nesta inteligência demonstra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu raciocínio (GARDNER, 1989, p.4-10).
Na teoria dos números Piaget é adverso ao ensino convencional de ensinar a
criança a contar decorando fatos numéricos isoladamente, para ele essa construção
acontece gradativamente por partes e não tudo de uma vez. Kamii (1990) afirma que:
[...] A criança não constrói o número fora do contexto geral do pensamento no dia-a-dia. Portanto, o professor deve encorajar a criança a colocar todos os tipos de coisas, ideias e eventos em relações todo o tempo, em vez de focalizar apenas a quantificação (KAMII, 1990, p.70).
A estrutura lógico-matemática de uma criança deve ser construída e não pode
ser ensinada diretamente, uma vez que a criança precisa construir por si mesma e ao
professor cabe o papel de estimulá-las e encorajá-las a pensar ativamente e todos os
tipos de situações relacionando objetos e incluído quantidade categoricamente ela
construirá o número.
30
4. COMO FUNCIONA O CONCEITO LÓGICO-MATEMÁTICO PARA A CRIANÇA
DE 4 ANOS.
A criança quando chegar à escola já traz consigo experiência e vivência
adquirida no cotidiano familiar. Possui alguns conhecimentos formalizados e, por isso,
as atividades desenvolvidas em sala de aulas deve levar em consideração essas
noções. Por outro lado, ao incluir novos conteúdos no cotidiano da criança, e ao levar
em consideração seu interesse, ela poderá perceber o valor que esse conteúdo tem
na sua vida. Para Lima (1984), a criança, frente a situações provocadoras adequadas
a seu nível mental, espontaneamente constrói as estruturas mentais necessárias a
superar os problemas. Segundo Lorenzato (2011):
É preciso auxiliar a criança a transformar em interiorizações (ou abstrações) suas ações sobre o concreto, o manipulável ou o visual, isto é, passar da ação à representação (abstração reflexiva). Esse processo deve seguramente se iniciar com as atividades sensório-motoras, que são a base para a aquisição de conhecimentos em sua forma primitiva. Dois tipos de aprendizagem podem ser trabalhados: um envolvendo o próprio corpo da criança (através do movimento e do posicionamento no espaço, a criança melhora sua percepção do meio ambiente), e outro, que possibilita o manuseio o de objetos (LORENZATO, 2011, p.13).
Vale reforçar que nessa abordagem o objetivo desse trabalho é saber como
ocorre o conceito lógico-matemático em crianças de do grupo 4 e com a utilização do
material concreto, a criança aprenda a pensar, assimilar informações, ou seja, ajudá-
la na transição do concreto para o abstrato. Nas atividades em sala de aula, linguagem
matemática precisar ser oferecida aos poucos. Como por exemplo, trabalhar o espaço
e os sólidos geométricos através de sequência e seriação, comparação e
classificação, senso espacial e senso topológico. Lorezato (2011) acredita que:
As aulas devam ser preparadas considerando o vocabulário e o cotidiano da criança; para o autor, é preciso “desmitificar a ideia de que a matemática existe só num certo horário escolar, mostrando que ela está presente ao fazer a merenda, nas aulas de artes e de educação física, na recreação, durante o transporte casa-escola-casa, nas atividades que se dão dentro ou fora de casa etc.”(LORENZATO, 2011, p.11).
Conforme Azevedo (2007), o educador deve instigar as crianças a
observassem a sala de aula e desenhar as formas geométricas que veem ao seu redor
para que comecem a desenvolver o sentido espacial. Nesse sentido a noção espacial
contribuirá para que a criança posteriormente possa escrever, desenhar e interpretar
organizadamente o ao seu ambiente, possibilitando também a criança identificar-se
31
no espaço explorando ambientes e objetos presentes em seu cotidiano. A autora
estabelece que:
As crianças estão naturalmente envolvidas em tarefas de exploração do espaço e se beneficiam matemática e psicologicamente de atividades de manipular objetos desse espaço no qual vivem, pois, enquanto se movem sobre ele e interagem com objetos nele contidos, adquirem muitas noções intuitivas que constituirão as bases da sua competência espacial. (AZEVEDO 2007, apud, SMOLE, 2000, p. 105).
Entre as dificuldades mais percebidas atualmente nas escolas é o mau uso do
lápis que decorre da falta de coordenação motora, e da habilidade com os movimentos
das mãos que prepara a criança para a aprendizagem da escrita. Se a criança é bem
estimulada poderá minimizar esses consequências negativas.
O trabalho com o registro da Matemática feito pelo aluno na Educação Infantil
está ganhando muito destaque na prática pedagógica do professor. Para Lopes (2009
s/d apud Grando & Moreira 2012):
Quando acreditamos que as crianças são capazes, organizamos situações em que elas possam expressar seu sentimento, registrar descobertas, escrever de acordo com os seus conhecimentos, produzir marcas que são
“carregadas de significações” (LOPES, 2009 s/d apud GRANDO & MROREIRA, 2012, p. 123).
O registro feito pelo aluno através d da forma oral, escrita, desenhada etc. vem
favorecendo o processo de aprendizagem do aluno, facilitando o planejamento de
futuras atividades elaborada pelo professor a partir do que o aluno já sabe.
Quando o docente não se preocupa em trabalhar situações com seus alunos
na educação infantil que envolva habilidades psicomotora de desenvolvimento
espacial como noções de situações (dentro, fora, longe, perto), de tamanho (grosso,
fino, pequeno, médio, grande), de posição (em pé, deitado, sentado, agachado) de
movimento (levantar, abaixar, puxar, dobrar, subir, descer), de formas (círculo,
quadrado, triângulo), de quantidade (cheio, vazio, pouco, muito) entre outros, isso
pode acarretar algumas dificuldades que posteriormente acabam prejudicando o
desenvolvimento da criança. Para Gálvez (2001):
Progressivamente, a criança vai conseguindo uma maior coordenação de suas atividades no espaço: pode pegar um objeto que deixou cair, reiniciar uma atividade interrompida, antecipar o deslocamento de um objeto móvel oculto atrás de um biombo, diferenciar os objetos que estão ao seu alcance dos que não estão (GÁLVEZ, 2001, p. 240).
32
À partir do momento que a criança desenvolve os conceitos de estruturação
espacial e de habilidade visuo/motora sendo estimuladas com a atividades citadas à
cima ela alcança uma nova fase das habilidades designada noção espacial. Para a
criança essa desenvoltura vai estar relacionado posteriormente com o saber na
organização da escrita em uma página de caderno com linhas, adiantando, prevendo,
adquirindo noções de distância, direção e organizando objetos no espaço ajustando
em várias posições. Conforme Craidy e Kaercher (2001):
Todos os momentos, sejam eles desenvolvidos nos espaços abertos ou fechados, deverão permitir experiências múltiplas, que estimulem a criatividade, a experimentação, a imaginação, que desenvolvam as distintas linguagens expressivas e possibilitem a interação com outras pessoas. (CRAIDY e KAERCHER 2001, P. 68).
É imprescindível que a rotina das crianças no âmbito escolar seja estimuladora
e desafiadora para que possa enfrentar coisas novas auxiliando no seu processo de
aprendizagem. Nas atividades desenvolvidas em sala de aula o professor precisa
estimular a criança a descrever o que está realizando, e se necessário concretizar o
movimento outra vez para descrevê-lo. Pois, este ato provoca uma interiorização do
conceito formando o abstrato. Lima (2008) afirma que:
Ao professor cabe um papel destacado, isto é, de ajudar a estruturar o espaço e o tempo de brincar das crianças. Observando as brincadeiras, o educador pode compreender melhor as atividades e os comportamentos, intervir intencionalmente, oferecer material adequado, ampliar a cultura corporal e enriquecer as competências imaginárias da criança. (LIMA, 2008, p.33).
De acordo com Azevedo (2007) é possível aprender a partir de atividade lúdica
e da exploração ativa, da interpretação do mundo à medida que sua curiosidade é
instigada, de uma forma que valorize suas potencialidades e, a partir disso desenvolva
sua linguagens.
O desenvolvimento lógico-matemático está presente nas atividades que a
criança realiza, das mais simples às mais complexas, quando classifica os objetos, ao
reconhecer quantidades, ao relacionar eventos no espaço e no tempo, ao se apropriar
das noções de grandeza, comprimento e outras. Para Piaget (1990) a experiência
lógico-matemática ocorre quando o sujeito retira as propriedades das ações
realizadas sobre os objetos por meio da abstração reflexiva. Lorenzato em (2006)
adverte a princípio três campos matemáticos que são: espaço, número e medida, e
lembra que estes conceitos precisam ser mostrados de diversas formas, com
33
desenhos, revistas, histórias e etc., ele ainda relata sobre a importância dos diferentes
processos mentais:
[...] os setes processos mentais básicos para a aprendizagem da matemática, que são: correspondência, comparação, classificação, seqüência, seriação, inclusão e conservação. Se o professor não trabalhar com as crianças esses processos elas terão grandes dificuldades para aprender número e contagem, entre outras noções. (LORENZATO, 2006, p. 25).
De acordo com Moura (2007) o desenvolvimento do conceito matemático
acontece de uma necessidade individual mais de forma coletiva. Assim, a criança
gradativamente se apropria da linguagem matemática e utiliza-se dela para resolver
problemas como quantificar brinquedos, comparar quantidades, acompanhar os pais
em situações de compra etc. O primeiro contato com a matemática começa ocorrer
em crianças de muito pequenas de formas muitas vezes involuntárias, através
brincadeiras, no dia-a-dia familiar, em contato com objetos, com adultos e o meio em
que estão inserido.
Segundo Carvalho (2009), a criança no seu dia a dia está exposta ao sistema
numérico em diferentes situações e, apesar da grafia está presente, em princípio ela
não se apropria do uso aritmético dos números (CARVALHO, 2009, p. 63). Para
Carvalho (2010):
[...] a contagem, além requerer a coordenação de atividades visuais, e vocais, também envolve dois esquemas de ação: a correspondência do terma a tempo, “precede e da espaço à compreensão das complexas relações assimétricas: ‘mais que’, ‘menos que’ integrantes do processo lógico da adição e subtração e do dizer usual: cinco é mais que três e menos que sete”. Em geral quando o professor ensina as crianças o número, ele enfatiza a função ordinal. Em consequência, elas aprendem a recitar sequência numérica, criando-se a ilusão de que sabem contar (CARVALHO, 2010, p 147).
Daí a importância de trabalhar respectivamente as funções cardinal e ordinal
dos números, através de diferentes atividades e jogos que venham comtemplar o
conceito numérico no âmbito infantil. As representação de objetos contados
geralmente não fazer muito sentido para o educador, entretanto, para criança além de
seres significativas “refletem níveis de compreensão acerca do caráter
representacional da Matemática” (SPINILLO, 1994, p10). Para Kamii (1990):
(...) A criança não constrói o número fora do contexto geral do pensamento no dia-a-dia. Portanto, o professor deve encorajar a criança a colocar todos os tipos de coisas, ideias e eventos em relações todo o tempo, em vez de focalizar apenas a quantificação (KAMII. 1990. P.70).
34
Conforme Moraes (2010), a criança, desde muito cedo, tem a percepção
numérica, chamada aqui de sensação numérica. Essa sensação está relacionada
“com a capacidade de as crianças distinguirem de maneira direta e utilizando os
órgãos dos sentidos, principalmente a visão, para determinar certa quantidade”. Vale
observar que pelo fato de a criança viver em uma sociedade numeralizada, ela “utiliza-
se de forma mais elaborada de controle de quantidade, antes mesmo que compreenda
o cálculo” (MORAES, 2011, p. 100).
Para Lorenzato (2006) ao ampliar o trabalho de comparação a criança
consegue conseguir desenvolver um trabalho de sequência e determinar como fazer
suceder a escolha de um elemento seguinte, no qual é feita ao sabor do momento e
não por critérios preestabelecidos. Sendo a ordem uma ideia essencial para a
construção dos conhecimentos matemáticos.
Posteriormente da sequência a criança aprende a seriação que é fundamental
no seu desenvolvimento em relação à compreensão do desenvolvimento lógico-
matemático em seu cotidiano, pois vai trabalhar com noções de lateralidade. Por fim
a internalização ocorre quando a criança percebe que ao modificar o objeto não
implica na sua propriedade. Esta abordagem é importante para compreender a
reversibilidade.
Desta forma permanece claro a importância de reconhecer a função atuante da
criança no processo ensino aprendizado, o que é primordial na apreensão do
conhecimento.
5. METODOLOGIA
A atual pesquisa enquanto objetivo geral busca analisar e compreender os
determinantes do desenvolvimento lógico-matemático da Educação Infantil do grupo
04. Para detalhar este objetivo e abranger melhor esse desenvolvimento lógico-
matemático os objetivos específicos visa fazer reflexões acerca das estratégias
utilizadas e navegando em campos teóricos através de uma abordagem qualitativa,
identificar na representação das crianças as noções espaciais projetivas realizada por
crianças da faixa etária dos 4 anos.
35
A relevância da presente pesquisa deve-se à possibilidade em compreender o
processo de construção das noções lógico-matemático das crianças, auxiliando,
assim, em minha prática pedagógica. E, para o desenvolvimento desse estudo foram
utilizados pesquisas de campo através da observação e o diário de campo, na
expectativa de conhecer, compreender e descrever a prática pedagógica da creche
acerca da temática. Tomando um empréstimo às palavras de Macedo (2004):
O diário de campo trata-se, em geral, de um aprofundamento reflexivo sobre as experiências vividas no campo de pesquisa e no campo da sua própria elaboração intelectual, visando apreender de forma profunda e pertinente o contexto do trabalho de investigação científica (MACEDO 2004, p. 195).
O diário de campo é uma das fases mais importantes em uma pesquisa de
campo, precisando fazer parte do próprio processo de pesquisa. Ele se distingue por
ser um instrumento de registro diário que permite desenvolver observações, reflexões,
análises sobre dado assunto ao mesmo tempo.
Optei por uma metodologia de pesquisa qualitativa pois, esse modelo de
pesquisa está permeado de características essenciais e específicas que contribuem
para o desenvolvimento do estudo. Conforme Godoy (1995):
Na pesquisa qualitativa não existe hipóteses pré-concebidas, suas hipóteses são construídas após a observação, ou seja, nela não existe suposta certeza do método experimental. Nesse sentido, quem observa ou interpreta influência e é influenciado pelo fenômeno pesquisado (GODOY 1995, p.57):
O estudo qualitativo propõe o relação direta com os sujeitos da pesquisa, sendo
os pesquisador um dos instrumentos fundamentais. O processo de construção e
análise dos dados da pesquisa baseará na abordagem qualitativa de filosofia na
etnopesquisa crítica por melhor se adequar a pesquisa. A pesquisa etnopesquisa
parte do pressuposto de que o meio transforma o homem e, assim, durante o trabalho
de campo, novos indagações foram nascendo, modificando as hipóteses iniciais. Para
Macedo (2004):
A etnopesquisa tem o contexto como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento; supõe o contato direto de pesquisador com o seu principal instrumento; supõe o contato direto do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada; os dados da realidade são predominantemente descritivos, e aspectos supostamente banais em torno de status de dados são significativamente valorizados (ANDRÉ 1986 s/d apud MACEDO 2004, p. 144).
36
5.1 CAMPOS E SUJEITOS PESQUISADOS
O cenário da pesquisa de campo ocorrerá na pública Creche/Escola Tia Maria
da D’Affonseca, localizada no município de São Gonçalo dos Campos – BA. Situada
numa região periférica do município a creche foi fundada em 05 de março de mil
novecentos e sessenta e oito, oferecendo as modalidades de Educação Infantil. É
uma creche térrea de pequeno porte com 02 salas de aula, 03 banheiros, cozinha e
uma pequena e sem área de lazer.
Em relação aos aspectos físico, área livre da escola não é muito grande, não
conta com uma sala de diretoria, não há equipamentos de lazer e material pedagógico
adequados para os alunos da educação infantil. A creche/escola funciona, nos turnos
do matutino e vespertino, o corpo docente da escola é composto por 04 professoras,
todos com formação superior em Pedagogia, um auxiliar, uma coordenadora
pedagógica, uma diretora e uma merendeira, e um pessoal de apoio. O corpo discente
da creche é formado por 45 alunos no turno integral. A maior parte desses educando
é oriunda de povoados locais.
Não possui biblioteca e nem parquinho infantil. O espaço não é satisfatório
para a realização das atividades pedagógicas, pois, falta um local maior e mais
adequando para a realização das atividades lúdicas. A instituição necessita de alguns
materiais tecnológicos como: TV, DVD e som.
Na creche/escola os elementos que constitui um plano de ensino é o plano de
aula contendo os conteúdos e uma rotina defasada. Não há um Projeto Político
Pedagógico (PPP) que dificulta bastante o processo de ensino aprendizagem visto
que, o PPP se configura um instrumento norteador do conjunto de ações, que devem
ser implementadas para o bom funcionamento da creche/escola. Segundo Libâneo
(2010):
O Projeto Político Pedagógico representa a oportunidade para a direção, a coordenação pedagógica, os (as) professores (as) e a comunidade tomarem sua escola nas mãos, definirem seu papel estratégico na educação das crianças e jovens, organizarem suas ações, visando a atingir os objetivos a que se propõem. É o ordenador, o norteador da vida escolar (LIBÂNEO, 2010, p. 96).
A pesquisa contou com a participação de 20 sujeitos sendo eles alunos da
referida creche/escola, uma turma da pré-escola do grupo 04. A escolha por esse
37
público alvo deveu-se ao interesse em investigar como ocorre o desenvolvimento
lógico-matemático em alunos desta faixa etária. São alunos carentes de famílias
baixa renda e muita das vezes só tinham o alimento da creche para se alimentar.
6. ANALISE DE DADOS – DIÁRIO DE BORDO
O presente capítulo objetiva analisar e interpretar as informações obtidas a partir
das pesquisas no campo. Foram extraídas informações significativas mediante a
utilização do diário de campo e o memorial de formação, através dos quais foi possível
identificar aspectos relevantes da prática pedagógica, contribuindo assim para uma
melhor apreensão da realidade pesquisada e para o alcance dos objetivos propostos.
Para analisar os dados, selecionei o material considerando os elementos mais
pertinentes para a obtenção de resultados da pesquisa, confrontando as falas e
escutas dos sujeitos com o referencial teórico construído no início deste trabalho.
Vale ressaltar, que para analisar os momentos de interação entre as crianças,
nessa turma especificamente, foi preciso levar em consideração o enfrentamento de
problemas que diz respeito a não disponibilização de material específico para a faixa
etária, assim como um espaço adequado que permita a realização de atividades
diversificadas, com vistas ao desenvolvimento pleno das crianças.
Relatando as experiências vividas por mim em uma sala da creche/escola
municipal de com uma turma de 20 alunos do grupo 04, no qual apresentei no início
muita dificuldade no processo do desenvolvimento desses alunos. Nos primeiros dias
de aula me deparei com uma turma bastante agitada, e como tudo que nos é novo,
aquela situação me deixava apreensiva, pois também eu não sabia como me
comunicar com as mesmas, e a meu modo procurava manter contato com a turma
pedindo silencio e que me escutassem sem muito êxito.
A partir do momento que entrei em contato com um curso de Especialização
em Docência da Educação Infantil que trouxe para mim distintos tipos de apreciações
de aprendizados sobre o desenvolvimento infantil nunca visto antes no período da
graduação. Foi neste momento que começo a questionar-me em relação ao
aprendizado e no qual passei a compreender dentro do aspecto da neurociência com
38
a noção espacial o entendimento do desenvolvimento conceito-lógico matemático da
criança.
Conforme a teoria da Epistemologia Genética, por meio da interação entre o
sujeito e o meio (objeto), o conhecimento é construído pela criança, sendo
imprescindíveis na construção de algumas estruturas biológicas já viventes no sujeito
no qual admite agir sobre o meio. Para Piaget (1983):
O conhecimento resultaria de interações que se produzem a meio caminho entre dois, dependendo, portanto, dos dois ao mesmo tempo, mas em decorrência de uma indiferenciação completa e não de intercâmbio entre formas distintas. De outro lado, e, por conseguinte, se não há, no início, nem sujeito, no sentido epistemológico do termo, nem objetos concebidos como tais, nem, sobretudo, instrumentos invariantes de troca, o problema inicial do conhecimento será de elaborar tais mediadores (PIAGET,1983, p.6).
Assim sendo, a criança constrói seu conhecimento na interação com o meio,
com seus semelhantes e consigo mesmo, sendo o conhecimento algo estabelecido
pela criança durante toda sua vida.
Os primeiros registros foram feitos durante três meses, uma vez por semana,
por 30 minutos. As interações notadas aconteceram em situações de atividades livres
no espaço escolar.
Durante a rotina, no momento da rodinha busquei saber os conhecimentos
prévios que meus alunos possuiam acerca dos números, lancei as seguintes
questões: Quem gosta de Matemática? E todos de imediato responderam - EU! Lancei
outra pergunta em seguida. O que é Matemática? O silencio pairou no ambiente.
Insistir na pergunta e acrescentei o que são números? - Cauã respondeu que não
sabia falar não, em seguida - Guylherme disse que não gostava de Matemática,
perguntei por que ele não gostava de matemática e ele permaneceu em silêncio. Em
seguida Cauã respondeu que matemática bota no saco.
Percebi que o significado da matemática para essas crianças ainda não está
bem definido. Essa primeira observação me permite mencionar Carvalho (2009)
quando ele afirma que a criança no seu dia a dia está exposta no sistema numérico
em diferentes situações, apesar da grafia está presente no início ela não se apropria
do uso aritmético.
Essa exposição diária das crianças em relação ao número não significa
necessariamente, que elas saibam contar e entender o significado deles no sistema
39
de numeração decimal. Carvalho (2010) explica essa contagem envolvendo dois
esquemas de ação que é a correspondência, ‘mais que’, ‘menos que’ integrantes do
processo lógico da adição e subtração e do dizer usual que é a utilização da
comparação ‘quatro é menor que dois e maior que cinco’.
Dessa forma o que as crianças aprendem é apenas a repetir a sequência
numérica, criando uma falsa ilusão de que sabem contar. Por isso é importante
trabalhar ao mesmo tempo as funções cardinal e ordinal dos números, através de
variadas atividades e jogos que venham comtemplar o conceito numérico no âmbito
infantil.
Referentes a essas declarações, a interferência teve como ponto crucial
mostrar que o ensino da Matemática deve estar presente em todos os períodos e
ações desenvolvidas pela criança. Kamii (1990) afirma que a criança não constrói o
número fora do contexto geral do pensamento no dia-a-dia. Quanto mais estimulada
a criança for nesse período maiores e melhores serão formadas as relações futuras
entre essa experiência e os conteúdos apresentados.
Concordando com Moura (2006), entendemos a matemática como produto da
atividade humana e que se constitui no desenvolvimento de soluções de problemas
criados nas interações que produzem o modo humano de viver socialmente num
determinado tempo.
Na atividade de desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático as crianças
tinham que manipular objetos em seguida separa-los mediante a cor. Na primeira
atividades estavam presentes 12 crianças, mais a auxiliar. As crianças não tinham a
frequência muito regular, por isso era difícil analisar o desenvolvimento de cada um.
Assim iniciei meus experimentos e o primeiro objeto a ser utilizado foram 16
tampinhas de garrafas pet nas cores vermelhas e azuis, oito de cada cor, pedi para
que as crianças contassem e relatasse qual a cor de tapinhas tinha o maior número?
A maioria das crianças responderam a cor azul, por que elas não pararam para
contar, simplesmente escolheram uma cor que chamou mais atenção dela achando
ter uma quantidade maior. As tampinhas são passiveis de observação mais não à
diferença física entre elas, exceto quanto à cor.
Para Kamii (1987), o pensamento lógico-matemático é uma relação criada
mentalmente pelo indivíduo que relaciona dois objetos. Diante do exposto fui
40
conduzida a refletir sobe a fala de Lorenzato (2008) quando ele afirma a criança
aprende pela sua ação sobre o meio onde vive, a ação da criança sobre os objetos,
através dos sentidos, é um meio necessário para que ela consiga realizar uma
aprendizagem significativa.
A próxima atividade contou com a presença dos 20 alunos, no meio da sala de
aula desenhei um círculo e em seguida pedir para que todos os alunos ficassem ao
redor desse círculo. Expliquei para turma que iriamos brincar com um jogo chamado
‘dentro e fora’ e que tinha algumas regras a serem cumpridas. E quando eu desse o
comado com a palavra ‘dentro’ todos teria que pular dentro do círculo, quem
permanecesse fora iria sentar na cadeirinha e esperar a próxima rodada do jogo. A
mesma regra serviria para o comado ‘fora’, quem permanecer dentro teria que esperar
a próxima rodada. Quando iniciei os comandos, 12 dos alunos a quem eu denominei
do grupo A obedeciam os comandos dados com bastante êxito e precisão, em contra
partida 8 alunos a quem denominei grupo B não conseguiram atender aos comandos
dados.
Quando utilizei essa atividade de dentro e fora, percebi que as crianças a qual
denominei grupo B não atendiam devidamente. Sendo assim Sousa (2007) afirma que
o espaço para a criança é apenas um espaço de ação, a partir do qual ela constrói
suas primeiras noções de sentidos como dentro e fora, usando seus próprios
movimentos, apoiando-se na coordenação de ações.
Uma das minhas preocupações era propor atividades que não fossem tão
complexa para o entendimento do alunos do grupo B e que ao mesmo tempo pudesse
atender às necessidades inerentes do grupo A, atendendo às diferentes etapas de
desenvolvimento da criança e contribuindo assim para a aprendizagem de ambos os
grupos.
É evidente que as crianças do grupo A já possuem o princípio do
desenvolvimento da noção espacial, visto que essas noções levam as crianças a
desenvolver nas áreas da psicomotricidade e cognitivo, servindo de acesso para então
uma otimização futura de acesso da noção básica da lógica-matemática.
No que consiste aos conceitos de a noção espacial desenvolvimento lógico-
matemático Lorenzato (2008) afirma que criança aprende pela sua ação sobre o meio
onde vive: a ação da criança sobre s objetos, através dos sentidos, é um meio
41
necessário para que ela consiga realizar uma aprendizagem significativa. Para Kamii
(1987) do desenvolvimento lógico-matemático é adquirido pela coordenação das
relações simples que anteriormente ela criou entre objetos.
É notado que as criança do grupo B que ainda não apresentaram essa noção
espacial, apresentarão uma alteração, por isso que durante o processo de aplicação
da atividade percebi a dificuldade e retomei então esses conceitos com eles para
apropriação necessária. Assunção e Coelho (1996) traz o conceito de noção espacial
como sendo a capacidade que o indivíduo tem de situar-se e orientar-se, em relação
aos objetos, às pessoas e o seu próprio corpo em um determinado espaço.
Piaget (s/d apud Garcia 1998) confirma que uma das investigações as quais as
crianças exploram essa noção de espacial são as relativas a construção da
lateralidade, que é não só uma distinção entre o que é direito/esquerdo, dentro/fora
mais também a coordenação simultânea entre os mesmos.
De acordo com Pantano & Zorzi (2009), para a neurociência essas funções
sensação, percepção, atenção e memorias extremamente elaboradas como a
linguagem e a aprendizagem são processamentos cognitivos resultantes de
processos primários, o qual necessita de um amadurecimento cerebral.
Conforme o autor Vasconcelos (2006), dentro da abordagem neuropsicológica,
aprendizagem envolve, essencialmente, condições adequadas do cérebro, tais como,
atenção, memória, linguagem, habilidades viso-perceptivas e viso-construtivas e
funções executivas. Para ele aprender corresponde a uma trajetória: compreender,
processar, armazenar e utilizar as diversas informações, objetivando uma melhor
performance e/ou adequação à demanda da vida.
Os alunos do grupo 4 aprendem mais com os jogos e brincadeiras do que com
exercícios. O jogo matemático modifica estruturas internas da criança ativando a
linguagem, memória, a performance, a atenção, a vontade, o sentimento, o
desenvolvimento lógico-matemático e o processo de resolução de problemas, assim
como os valores e atitudes.
Em um momento específico na hora da aula dividir a turma e dei para o grupo
a qual eu já tinha denominado acima de A um jogo que era de montagem de quebra-
cabeça com blocos lógicos coloridos. Esses blocos teriam que ser encaixados de
maneira a formar uma parede totalmente lisa e sem nenhum espaço faltando. Os
42
alunos permaneceram concentrados durante o processo de encaixe dos blocos, e em
alguns momentos eu intervia mostrando qual poderia ser a melhor forma deles
conseguirem encaixar, ao final solicitei para eles que contassem quantas peças foram
utilizadas para formar a parede. Achei válida a cooperação entre os alunos, um
ajudando o outro para formar as peças do quebra-cabeça. Para o grupo B entreguei
massinhas de modelar coloridas e pedi que fossem modelando os números que eles
estavam vendo no cantinho da matemática. A massinha atraiu a atenção e o interesse
de todos, a pesar das dificuldades de alguns para modelar os números.
As formas de representação de objetos contados geralmente não fazem muito
sentido para o educador, contudo, Spinillo (1994) declara que a criança além de serem
significativas refletem níveis de compreensão e desenvolvimento acerca do caráter
representacional da Matemática para a criança.
A participação da psicomotricidade no processo de desenvolvimento infantil
está integrada a percepção de noção espacial, pois, é através dele que a criança
começa a ampliar suas capacidades e habilidades cognitivas e motoras através de
atividades nas quais promovam a prática da cultura corporal como, o ato das crianças
do grupo A e B em manipular as massinhas de modelar e os blocos lógicos, ou seja,
vivenciar momentos no qual o estimule de forma plena.
O que confirma Barroco (2007) em seus estudos que a psicomotricidade como
percepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas
pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua
socialização. Fonseca (2007) traz, a psicomotricidade como sendo as relações e as
influências recíprocas e sistêmicas, entre o psiquismo e a motricidade.
Lorenzato (2006) relata três campos matemáticos que são: espaço, número e
medida, e recomenda que estes conceitos necessitam serem mostrados de diferentes
formas, com desenhos, registros e etc.
Diante do exposto, compreende-se a necessidade do educador desafiar o aluno
a descobrir e ao mesmo tempo relacionar todos os objetos a sua volta, aguçando
sempre e alimentando a sua curiosidade e desenvolvendo sua psicomotricidade que
está ligada ao processo de maturação, que dá início conquistas cognitivas, afetivas e
orgânicas, desenvolvidas através do movimento, o intelecto e o afeto.
43
Outra atividade realizada em sala foi a dos sentidos com uma ‘caixinha
surpresa’. Nessa caixinha coloquei várias formas geométricas de madeira e isopor
com variadas cores onde todos ficaram ansiosos e curiosos a descobrirem o que tinha
dentro da caixinha.
Observei que por mais simples que atividade pareça, quando essa traz algo
novo despertou nas crianças motivação, apurando mais ainda a sua curiosidade
fazendo com que a aprendizagem se tornasse significativa e divertida.
O estudo das formas no espaço oferece a criança oportunidades para
relacionar a matemática escolar com o mundo real.
Lorenzato (1998) afirma que é preciso estudar o espaço como elemento
problematizador e enriquecedor do conhecimento geométrico de nossos alunos, de
modo que os elementos e as relações estabelecidas no espaço sejam consolidadas.
Durante a aula de formas geométricas e cores, colei em algumas folhas de
ofício quatro molduras de papelão coloridas em forma de retângulo e em seguida dei
uma folha com a moldura para cada aluno. Perguntei a eles o que eram aquelas
figuras e prontamente responderam que eram muitas janelas e me perguntaram se
iriamos construir uma casa. Respondir que naquele momento não, mais que em outro
momento poderíamos construir essa casa. Em seguida dei um pincel a cada um e
solicitei que escolhessem as duas cores que mais gostavam para pintar os retângulos.
Quando começam a pintar os retângulos a aluna Larissa começou a contar os
retângulos e dizer que na casa dela tinha a mesma quantidade de janela igual aquele
retângulo. Eu perguntei a ela, quantas? Ela respondeu 5 professora, em seguida Cauã
afirma que são 7, e cada aluno começou a responder um número diferente diante da
contagem deles.
Com essa atividade os alunos fizeram o reconhecimento facilmente do objeto
tocado, fazendo comparações entre si e comparando com outro objeto que faz parte
do seu ambiente familiar, no caso a janela.
Quando a criança observa as figuras de vários ângulos, adquire conceito de
noções de objetos projetando no espaço, visualizando a ideia de objeto, a esse fato é
denominado de fase projetiva. Lorenzato (2011) afirma que é na fase projetiva da
criança que ela começa a diferenciar as formas geométricas percebendo que as
formas e dimensões do objeto vão depender do ponto de vista de quem observa.
44
Necessitamos perceber que o estudo do espaço e formas geométricas,
constitui um potencial da aprendizagem matemática não podem ficar reduzido apenas
explorações quantitativa. Conforme Lorezato (2011) a criança é capaz de aprender
conceitos matemáticos sem precisar do concreto, e percebe que tanto o objeto, quanto
o observador fazem parte do espaço.
As noções matemáticas como a numeração, o espaço, formas geométricas e
noções estáticas são desenvolvidas na educação infantil estabelecendo
conhecimentos na criança que ocorrem nos mais variados domínios do pensamento
e é a alicerce que corresponde a necessidade social, ferramenta para viver, participar
e compreender o mundo.
Portanto, é de fundamental importância trabalhar com atividades lúdicas
através dos jogos e brincadeiras para que a criança possa desenvolver habilidades
necessárias para o seu desenvolvimento lógico-matemático. Concordando com Lima
(1992) ela afirma que as brincadeiras e os jogos têm uma especificidade quando
ocorrem na Escola, pois são mediadas pelas normas institucionais.
No trabalho com o jogo de boliche envolveu neste dia 12 alunos presentes em
sala, inicialmente teve a exploração livre de 6 garrafas pet com papel crepom colorido
dentro e a bola era feita de papel metro amassado e enrolado com fita adesiva.
Perguntei a eles qual seria a melhor maneira de organizar a garrafas para jogar, então
eles experimentara várias maneiras de arrumação, uma garrafa do lado da outra,
juntas, separadas, porém não descobriram como funciona a organização
convencional do boliche. Entretanto, eles descobriram que as bolinhas de papel teriam
que ser bem mais pesadas para poder derrubar as garrafas. Alguns alunos que faziam
parte do grupo A citado nas atividades anteriores começaram a fazer inferência e
contar quantas garrafas tinham sido derrubas mais sem muita certeza. Enquanto os
alunos denominado grupo B começaram a imitar os colegas fazendo hipóteses
numéricas. Em seguida eu dei uma folha de oficio para cada um e pedi que eles
registrassem a quantidade que foi encontrada por cada um através desenho de
bolinhas ou traços.
Pensar na matemática, no âmbito da Educação Infantil é evidenciar saberes
imprescindíveis para a criança apropria-se da cultura a que pertence. O desafio nesse
caso, é possibilitar que ela construa noções e conceitos lógicos-matemáticos de
maneira livre, a partir daquilo que ela mais gosta de fazer, ‘o brincar’.
45
Nesse ponto podemos ainda citar Lima (2008) quando diz que observando as
brincadeiras, o educador pode compreender melhor as atividades e os
comportamentos, intervir intencionalmente, oferecer material adequado, ampliar a
cultura corporal e enriquecer as competências imaginárias da criança.
Deste modo sou levada a concordar também com Azevedo (2007) & Passos
(2009) quando eles afirmam que é inteiramente possível aprender a partir de
atividades lúdicas e da exploração ativa, da interpretação do mundo conforme sua
curiosidade é estimula, valorizando suas virtudes, para que a partir disso desenvolva
sua linguagens.
As crianças de quatro anos mesmo não sabendo ainda ler e escrever podem
está resolvendo problemas matemáticos criando hipóteses, confrontando ideias entre
outros, de forma bastante significativa. E para que a atividade acima fizesse algum
sentido no desenvolvimento da aprendizagem matemática foi preciso considerar a
exploração dos registros de cada aluno.
Concordando com Lopes (2009 s/d apud Grando & Moreira 2012) quando ele
afirma que as crianças são capazes de organizamos situações na qual possam
expressar seu sentimento e conhecimento através do registro, trazendo marcas
“carregadas de significações”.O registro possibilita a construção de significados por
parte do aluno, podendo ser representado através de desenho ou na forma oral, pois
através do registro é possível fazer uma análise identificando o que o aluno pensou,
quais elementos ele considerou mais importante etc. facilitando assim, a compreensão
de como pensa cada aluno.
Durante esta atividade estavam presente os 20 alunos, no período da rodinha
eu li para eles a historinha “O casamento de dona Baratinha”, objetivando colocar as
crianças em um momento que resolução de problema a partir da situação apresentada
na história ‘com qual animal dona baratinha iria se casa’. Após a leitura dividir a turma
em grupos de quatro integrantes para que pensassem na seguinte problemática: como
podemos ajudar a dona baratinha a se casar? Neste momento várias ideias surgiram:
eu sei pró ela deve casar com cavalo! Outro respondeu mais o cavalo faz barulho
quando dorme! Juan respondeu que tinha que ser com o papagaio. E Larissa falou
que teria que ser com o ratinho mesmo por que ele não faz barulho e todos
concordaram com ela. Em seguida espalhei pelo chão várias figuras de animais
solicitei que que eles colocassem todos os amais em fila e retirasse qual animal eles
46
achavam que dona baratinha deveria se casa, depois solicitei que fizesse a
comparação do maior e menor animal. Em seguida pedi que eles contassem com
quantos animais dona baratinha queria se casar e registrasse numa folha de oficio
com quem ela deveria se casar. E cada um de sua maneira através de rabiscos
fizeram o registo. A atividade findou-se com as crianças muito animadas e
participativas na resolução do problemas.
Nessa atividade os alunos se fizeram muito participativos e concentrados. E
para essa atividade percebi que a reescrita da história através do desenho foi bem
significativa. Pude notar na proposta da resolução de problema a partir da história
cada um desenvolveu sua própria hipótese através de variados desenhos, bem como
a resolução de problema matemático envolvendo a soma e subtração no momento
que solicitei para que o aluno acrescentasse e retirasse os animais.
Segundo Vygotsky (s/d apud Fontana & Cruz, 1997) a criança, tenta por meio
do desenho identificar, designar, indicar aspectos determinados dos objeto. Ou seja,
os alunos não começam desenhando o que vê a sua volta e sim o que ela sabe sobre
aquele determinado objeto.
O registo através de desenhos e rabiscos faz com que a criança tome
consciência de sua ação, desenvolvendo a noção espacial e a proporcionalidade.
Para Scherer (2007), auxiliam-nos também a compreender como as crianças
organizam seu pensamento, como estabelecer suas relações socioculturais e como
vão construindo suas visões de mundo a partir da forma como se percebem inseridas
neste. É uma expressão da criança, que envolve o seu olhar sobre o mundo e sobre
os jogos e brincadeiras desenvolvidas.
Scherer (2007) coloca que as falas das crianças, suas brincadeiras, desenhos,
e muitas vezes até mesmo seu silêncio, mostrar-se muito de sua percepção
relacionada ao mundo em que a cerca. Sendo assim, o registro se constitui uma
grande ferramenta pedagógica muito importante para o trabalho de resoluções
matemática, seja para levantar uma hipótese bem como explicar ou vivenciar
situações vividas em sala.
Acredito que por meio desta os alunos tiveram a oportunidade de refletir sobre
seu registro, bem com o do colega podendo assim se apropriar de ideias aumentando
assim seu poder de criatividade e aquisição de novos conceitos e ideias.
47
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao chegar ao final desta etapa, a análise de dados apresentou-se e discutiu as
informações recolhidas ao longo da intervenção no campo que intencionou
compreender os determinantes do desenvolvimento lógico-matemático das crianças
no grupo 4 da Educação Infantil. É sabido que o trabalho com Matemática na
Educação Infantil acontece em grande parte, com atividades de jogos e brincadeiras,
explorações, movimentações de espaço e organização de informações.
Considerando as táticas apresentadas para criança acredito que a resolução
de situações-problemas permite um modo da criança pensar matematicamente e a
partir disso principiar-se o levantamento de suposições através da experimentação.
Acredito que propor problemas matemáticos favorece o processo de contagem e
desenvolvimento lógico-matemático da criança.
Do mesmo modo que é importante estimulá-las a registrar, mesmo que seja por
desenho ou forma oral, pois, o registro impulsiona o professor investigar se os alunos
se apropriaram do que foi discutido, bem como identificar qual estratégia o aluno
utilizou para resolver o problema, quais fatores ele priorizou e quais não considerou
na resolução.
Com base na reflexões acerca do exposto o professor precisa fazer com que a
criança manipule objetos e depois pense sobre eles, ou seja, passar da fase concreta
para a abstrata. A ação da criança sobre os objetos, através dos sentidos, é um meio
indispensável para que ela possa realizar uma aprendizagem significativa.
A criança pode manipular qualquer material concreto, mas sozinha, sem um
direcionamento não ocorrerá a uma aprendizagem. Embora essa manipulação não
seja suficiente para garantir a aprendizagem, ela deve estar sempre presente no
cotidiano escolar, pois, a efetiva aprendizagem se dá pelas ações mentais que a
criança realiza quando compara, distingue, separa, monta etc.
Por isso cabe ao professor no ambiente escolar fazer esta ponte entre o aluno
e o material, estimulá-los fazer reflexões necessária para poder fazer a comparação
dos objetos e das situações que envolva o desenvolvimento lógico-matemático.
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Mediante aos referidos dados, faz-se possível constatar que o conhecimento
realmente é construído a partir das suas relações entre o sujeito e o meio no qual ele
está inserido. Ao observar essas relações lógico-matemática que vão sendo
construída, progressivamente a criança vai estabelecendo novas estruturas cognitivas
para o seu desenvolvimento.
Acredito que o curso de especialização oportunizou vivenciar durante as
práticas formativas, contextos problematizadores, partilhando experiências com
outras professoras que aprimoraram ainda mais minhas práticas pedagógicas.
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