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MARCEL CAVALCANTE DE SOUZA ESTHER KUPERMAN MARCO ANTONIO SANTORO SALVADOR EDUCANDO ENCENA - OFICINA PEDAGÓGICA PARA CRIANÇAS 1ª edição Rio de Janeiro Colégio Pedro II / Mestrado Profissional em Práticas em Educação Básica 2016

MARCEL CAVALCANTE DE SOUZA ESTHER KUPERMAN · Sensibilização Depois que o grupo está integrado, importante estimular no educando, suas ... exercícios e técnicas do TO, em especial

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MARCEL CAVALCANTE DE SOUZA ESTHER KUPERMAN

MARCO ANTONIO SANTORO SALVADOR

EDUCANDO ENCENA - OFICINA PEDAGÓGICA PARA CRIANÇAS

1ª edição

Rio de Janeiro Colégio Pedro II / Mestrado Profissional em Práticas em Educação Básica

2016

1

COLÉGIO PEDRO II

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA

MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA

CORPO, ESCOLA E SOCIEDADE: TEATRO DO OPRIMIDO E EDUCAÇÃO

FÍSICA - PARCERIAS METODOLÓGICAS EM BUSCA DA NÃO VIOLÊNCIA

NO AMBIENTE ESCOLAR

PRODUTO

EDUCANDO ENCENA

OFICINA PEDAGÓGICA PARA CRIANÇAS

Por:

MARCEL CAVALCANTE DE SOUZA

Trabalho apresentado como

Requisito parcial para

Conclusão do curso de

Mestrado Profissional em

Práticas de Educação Básica,

PROPGPEC/CPII.

OUTUBRO

2016

2

SUMÁRIO

I. Introdução ------------------------------------------------------------------------------- p.3

II. A Oficina ---------------------------------------------------------------------------p.4

II.1. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES -------------------------------------------- p.4

Módulo 1 -------------------------------------------------------------------------------------- p.4

Módulo 2 --------------------------------------------------------------------------------------- p.5

Módulo 3 --------------------------------------------------------------------------------------- p.5

Módulo 4 --------------------------------------------------------------------------------------- p.6

Módulo 5 --------------------------------------------------------------------------------------- p.6

II.2. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES -------------------------------------------------- p.7 1. Ao Contrário de Jackson ----------------------------------------------------------------- p.7

2. Adaptação de “Ao Contrário de Jackson” --------------------------------------------- p.7

3. Aquecimento do Licko --------------------------------------------------------------------- p.8

4. Roda de Nomes. ----------------------------------------------------------------------------- - p.8

5. Roda de Nomes e sonhos ----------------------------------------------------------------- p.8

6. Zip, Zap, Bop -------------------------------------------------------------------------------- p.9

7. Jogo dos Estímulos ---------------------------------------------------------------------------- p.9

8. A Cruz e o Círculo ----------------------------------------------------------------------------- p.9

9. Hipnotismo Colombiano --------------------------------------------------------------------- p.9

10. Espelho ----------------------------------------------------------------------------------------- p.10

11. Corrida em Câmera Lenta -------------------------------------------------------------------- p.10

12. Aula Livre -------------------------------------------------------------------------------------- p.10

13. Pique-Nome ------------------------------------------------------------------------------------ p.11

14. Bons Dias (Mímica do Gosto/ não gosto) -------------------------------------------------- p.11

15. Jogo da Mímica -------------------------------------------------------------------------------- p.11

16. Sim, sim / Não, não e Variações ------------------------------------------------------------ p.12

17. Sim, Não e Por que ---------------------------------------------------------------------------- p.12

18. Respondendo com pergunta ----------------------------------------------------------------- p.13

19. Jogo do sério ----------------------------------------------------------------------------------- p.13 20. Floresta de Sons ------------------------------------------------------------------------------ p.13 21. Quem tá aí? ------------------------------------------------------------------------------------ p.13 22. Pique esconde de cego ----------------------------------------------------------------------- p.13 23. Cabra Cega / Cobra Cega ------------------------------------------------------------------- p14 24. Jogos com Imagem e Adaptações: -------------------------------------------------------- p.14 24.1 Pique-Careta ------------------------------------------------------------------------------------------ p.14

24.2 Estátua ------------------------------------------------------------------------------------------------ p.14

24.3 Quem se Mexeu Pode Voltar ---------------------------------------------------------------------- p.14

24.4 Imagem da Palavra --------------------------------------------------------------------------------- p.15

24.5 Imagens em Dupla --------------------------------------------------------------------------------- p.15

24.6 Imagens em Trios ---------------------------------------------------------------------------------- p.15

24.7 Imagens em Grupos Maiores ---------------------------------------------------------------------- p.15

24.8 Imagem com Movimento ------------------------------------------------------------------------- p.15

24.9 Imagem no Grupão -------------------------------------------------------------------------------- p.15

24.10 Imagem com Movimento e Som ----------------------------------------------------------------- p.15

25. Teatro Imagem ------------------------------------------------------------------------------ p.15 26. Desenho Dupla Face - Estética do Oprimido ------------------------------------------ p.16 26.1. Exposição Suspensa ----------------------------------------------------------------------------- p.16

26.2. Avaliação ----------------------------------------------------------------------------------------- p.16

27. Roda de conversa --------------------------------------------------------------- p.16

III. Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------- p.18

IV. Outras Referências ---------------------------------------------------------------- p.18

3

I. Introdução

Atualmente, muito se tem feito no sentido de minimizar as situações de violência

presentes na escola, de um modo geral, com vistas a transformar o ambiente escolar, em

um local em que possamos falar de cultura de paz, união entre os povos – aproveitando

o ensejo das Olimpíadas e Paralimpíadas no Rio de Janeiro – empatia, cooperação,

solidariedade, dentre outros valores, que acreditamos poderem contribuir com a

formação de cidadãos plenos, íntegros e não violentos.

Pensar um produto que contemple tais necessidades passa, sobretudo, por ações

que nos aproximem do educando de forma concreta, veemente, ainda que sensível e

delicada. Neste sentido, a Oficina Educando Encena: Oficina Pedagógica Para

Crianças nasce com o objetivo de ouvir os sujeitos da escola - seus desejos, sonhos,

dificuldades e opressões pelas quais ele possa estar vivendo, bem como explorar através

da arte e do movimento, o potencial criativo e dinâmico imprescindíveis para que

saiamos do quadro de violência, para uma situação de conscientização crítica e ações

transformadoras – ou como disse Boal (2009) - ações concretas e continuadas.

Através da união de métodos e conteúdos oriundos da Educação Física e do

Teatro do Oprimido, temos a perspectiva de auxiliar na educação da criança, em

especial na faixa etária entre nove (9) e doze (12) anos (4º ano do ensino fundamental),

da rede pública municipal do Rio de Janeiro.

Esta Oficina é fruto de uma pesquisa-ação realizada com uma turma nesta faixa

etária, numa escola municipal localizada na comunidade do Rio das Pedras (RJ), no

período de março a maio de 2016.

Não se trata, porém, de um manual para o professor, ou um guia passo a passo

dizendo como cada professor(a) deve atuar. Trata-se outrossim de estimular o educador

e experimentar novas maneiras de trabalhar o conhecimento com seus educandos,

estimulando-os a problematizar, questionar sua realidade – muitas vezes imposta a eles

como algo natural – em suma: de se aventurar de forma fundamentada, numa seara que

poderá trazer muitos benefícios, não só para o trabalho pedagógico em si, mas

principalmente, para os protagonistas desta história: os educandos.

Que a educação para a compreensão (MORIN, 2011) seja a tônica para nosso

entendimento. Que o diálogo dê o tom para quebrarmos o paradigma da violência

naturalizada. E que este trabalho seja apenas o início de algo muito maior que esteja por

vir: a Cultura de Paz nas Escolas brasileiras.

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II. A Oficina

II.1.CRONOGRAMA

Trata-se de uma Oficina1, direcionada para crianças de nove (9) a doze (12)

anos, matriculadas no quarto ano do ensino fundamental, dividida em cinco (5)

módulos2, a saber:

Módulo 1 – Desalienação Corporal / Jogos de Integração

Módulo 2 – Sensibilização / Jogos Sensoriais.

Módulo 3 - Eu-Corpo / Eu e o Outro / Corporeidade

Módulo 4 – Estética do Oprimido

Módulo 5 – Teatro-Imagem / Culminância.

Módulo 1

Desalienação Corporal

Vivências e jogos que estimulam o educando a descondicionar seu corpo, seus

gestos e movimentos. Ajuda a desinibir, além de servir como excelente

integração para o grupo.

Jogos de Integração

Jogos oriundos das práticas de Educação Física, Teatro, Teatro do Oprimido e da

Psicologia, muito utilizados em momentos iniciais em que os grupos ainda estão

se conhecendo. Boa estratégia para, além da integração do grupo, trabalhar

questões como cooperação, ética, trabalho em equipe, dentre outras.

1 O termo oficina, muito utilizado no meio teatral, indica um encontro de vivências lúdicas, em que o

aprendiz se inscreve, sabedor de que aquele encontro não tem caráter profissionalizante e/ou formal.

Oficina neste caso indica lugar e momento de experimentação prática, coletivamente, tendo como

objetivos maiores: a troca e a aprendizagem continuada. 2 Aqui não estabelecemos tempo de duração da oficina, considerando que o mesmo pode variar de um

local para outro. Pode ser efetuado em 5 dias, um módulo por dia. Mas pode também se estender por 5

semanas, ou até 5 meses, tudo de acordo com o objetivo de cada educador(a), da receptividade do

educando e da disponibilidade de espaços a serem utilizados na escola.

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Módulo 2

Sensibilização

Depois que o grupo está integrado, importante estimular no educando, suas

capacidades de sentir, se emocionar e emocionar o outro, de ter um olhar mais

atento e sensível ao que está à sua volta. É o momento em que humanizamos

ainda mais a educação, mas não através do discurso e sim, pela prática de

exercícios, música, interação harmoniosa e, cuidado com o outro.

Jogos Sensoriais

Atividades que estimulem os sentidos: audição, tato, olfato e paladar (estes dois

últimos um pouco menos que os outros), considerando que nossa visão já é

amplamente estimulada o tempo inteiro em nosso dia a dia.

Módulo 3

Eu-Corpo

Trabalho de Consciência corporal em que o educando poderá experimentar

movimentos, gestos, posicionamentos, posturas e imagens corporais diferentes das que

usa normalmente em sua rotina, ampliando seu repertório psicomotor e experimentando

novas sensações a partir do corpo.

Eu e o Outro

Continuando a dinâmica de experimentação, o(a) aluno(a) sairá um pouco de seu

próprio foco de atenção, para ‘começar a enxergar’ o colega a seu lado. Nessa fase

estimula-se muito o trabalho em duplas, o companheirismo e a confiança mútua, sempre

partindo de experiências corporais.

Corporeidade

Além de ampliar ainda mais a vivência, experimentando dinâmicas que

envolvam mais pessoas no mesmo grupo, é o momento que separamos para refletir

sobre tudo o que foi realizado, relacionando com a corporeidade de cada um(a).

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Módulo 4

Estética do Oprimido

Partindo da obra de Augusto Boal (2009), neste módulo abordamos a estética

‘pessoal e intransferível’ de cada pessoa, conscientes de que essa estética se mistura ao

que nos é imposto culturalmente, mas ao mesmo tempo questionando tal imposição.

Utilizamos o desenho ‘dupla face’, em folha A4, em que o educando pode

expressar no papel: de um lado a opressão vivida e no outro, a situação que ele(a)

considera que seja a ideal. Num segundo momento, outro desenho numa folha A3,

expressando o que seria preciso fazer para sair da situação de opressão em direção à

situação ideal, desenhada anteriormente por ele(a).

Ainda como parte deste módulo, trabalharemos com a pintura de mão, no início

individualmente, depois coletivamente, construindo em uma grande tela de pano, um

cenário criado pelo conjunto de pessoas.

Módulo 5

Teatro-Imagem

Utilizando jogos, exercícios e técnicas do TO, em especial de imagem,

caminharemos aos poucos para a técnica propriamente dita do Teatro-Imagem, em que

trabalhamos com três grupos que se alternam.

Culminância.

A continuação do processo acima, é a montagem de um espetáculo, criado a

partir das imagens que foram criadas pelos educandos, culminando numa

apresentação aberta a familiares e amigos(as).

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II.2. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

1. Ao Contrário de Jackson Atividade retirada do Arsenal do TO, oriunda da técnica denominada ‘Desalienação

Corporal’ (ou desmecanização corporal).

O professor (ou Curinga) dá os comandos e os educandos / espect.-atores vão seguindo:

“Anda / para; Senta / levanta; Salta / Abaixa; Grito / Sussurro” e assim por diante. A

‘desalienação’ se dá quando o Curinga pede que os educandos façam o contrário do que

está sendo pedido, ou seja: quando o curinga disser “anda”, eles param; quando disser

“para”, eles andam, e assim sucessivamente para cada comando já citado.

Referências3: Cursos CTO-Rio; Curso Aldeia Casa Viva;

BOAL, Augusto. Jogos Para Atores e Não-Atores. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1998.

2. Adaptação de “Ao Contrário de Jackson”

Seguindo a mesma dinâmica da atividade anterior, acrescentamos outras informações

corporais que sejam familiares ao universo do educando e do ambiente escolar. Então

incluímos os comandos: “Careta / pose; estátua / dança; bronca / sorriso; aluno /

professor; recreio / prova”.

Além de ampliar um pouco o exercício, podemos valorizar o ambiente em que o

educando está inserido, gerando uma facilitação do trabalho pedagógico.

Referências: OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Rio de Janeiro, RJ: Ed.

Vozes, 1977.

TORRE, Saturnino de La. Criatividade Aplicada: recursos para uma formação

criativa. São Paulo, Madras, 2008.4

3. Aquecimento do Licko

Em círculo, no início da aula, cada pessoa sugere corporalmente um movimento ou

posicionamento que entenda como aquecimento / alongamento para preparar o corpo

para as atividades que virão a seguir.

Referências: Embora tal procedimento já esteja presente na Educação Física Escolar e

até no Karatê, principalmente tendo como referência Paulo Freire (1987), em que

valorizamos o conhecimento já trazido pelo educando, este formato de aquecimento nos

foi apresentado ‘mais formalmente’ pelo Prof. Dr. Licko Turle, na Imersão em TO, na

Aldeia Casa Viva – Teresópolis/ RJ, em Abril de 2015.

3 O termo “Referências” a partir deste ponto, refere-se tanto à referências bibliográficas, quanto cursos,

grupos, work-shops, dentre outras situações em que aprendemos novas atividades. Muitas atividades

utilizadas neste trabalho, são transmitidas oralmente de geração a geração e embora até possam estar

incluídas em alguma obra, optamos por só colocar referências bibliográficas nos momentos em que

realmente as buscamos para fundamentar nossa atividade. 4 Neste caso, não extraímos as atividades destas obras, porém, tanto Torre (2008), quanto Ostrower

(1977), estimulam a recriar, a não seguirmos somente o que está posto.

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4. Roda de Nomes.

Exercício de memorização muito comum nas artes cênicas e dinâmicas de grupo, que

servem também como excelente atividade de integração. Utilizado logo nas primeiras

aulas, em que os educandos ainda não conhecem uns aos outros.

Coloca-se a turma em formação de círculo; o primeiro aluno (ou aluna) se apresenta,

dizendo apenas seu primeiro nome; todos os demais repetem esse nome – o que de certa

forma já será uma forma de ajudar a memorizar este nome.

A atividade segue com o(a) segundo(a) aluno(a) repetindo o nome do(a) colega anterior

e acrescentando o seu próprio. O(A) terceiro(a) componente, repete da primeira pessoa,

da segunda e só depois diz o seu (que será repetido por todos).

O exercício só termina quando todos tiverem dito seus próprios nomes.

Embora seja um exercício de memorização e a princípio possa parecer algo individual,

tudo depende de como o(a) professor(a) conduz a atividade. Ou seja, se permitirmos,

por exemplo, que os demais alunos ajudem os colegas que de início não conseguirem

lembrar, estaremos estimulando a importância do trabalho coletivo e cooperação, que

nesse ponto tornam-se mais importantes do que a memorização em si, que acontecerá

gradativamente ao longo das atividades.

Referência: Grupo Gente (C.E. Visconde de Cairu).5

5. Roda de Nomes e sonhos

Adaptação da atividade anterior, mas tentando seguir algo aprendido no TO: de que

devemos priorizar falar dos sonhos com o oprimido e não de suas opressões; estas vão

surgir no decorrer do processo, quando o próprio sujeito sentir necessidade de expor sua

situação.

A Dinâmica é a mesma da Roda de Nomes, só que na segunda rodada, cada um(a) deve

acrescentar qual seu maior sonho. Se algum(a) dos(as) educandos(as) não se sentir a

vontade para contar na frente da turma, cabe ao professor respeitar.

Referência: BOAL, Augusto. Jogos Para Atores e Não-Atores. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1998.

6. Zip, Zap, Bop

Formação em círculo: o professor começa passando um estímulo para o lado; se for para

a direita, usa a mão direita (mão aberta e firme, à frente da barriga do colega ao lado); se

para esquerda, mão esquerda. Ao fazer esse gesto, deve emitir o som ZIP. Quem

recebeu deve passar adiante fazendo o mesmo som.

No decorrer da brincadeira, alguém pode, esticando o braço a frente, na direção de

alguém que não esteja a seu lado, emitindo o som ZAP. Este que recebeu, pode repassar

como ZAP (para quem não esteja a seu lado) ou ZIP (para quem estiver a seu lado). Em

determinado momento um outro alguém pode bloquear o ZIP ou o ZAP, elevando as

duas mãos na altura dos ombros e dizendo BOP. Imediatamente quem emitiu o ZIP ou

ZAP deve redirecionar para outra pessoa. Há ainda uma pequena brincadeira dentro do

jogo, de que quando alguém erra, todos elevam as mãos acima da cabeça ‘zoando’ o

colega com o som “Ohhh”.

5 Grupo de Teatro que fazia parte do Colégio Estadual Visconde de Cairu, Méier, Zona Norte do Rio de

Janeiro.

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Obs: Esta última parte preferi não colocar quando apliquei, considerando a faixa-etária,

o pouco de tempo de conhecimento de uns com outros, para evitar que alguém pudesse

se sentir constrangido.

Referência: Curso Aldeia Casa Viva.

7. Jogo dos Estímulos

Em círculo, sentados, de forma que o joelho de um esteja em contato com o joelho dos

colegas a seu lado. O professor inicia passando um estímulo (um toque no ombro, um

estalar de dedo, uma palma), e o colega ao lado deve passar adiante esse estímulo. Após

o estímulo ter percorrido toda a roda, sem pará-lo, o professor inicia um segundo

estímulo, de forma que agora dois estímulos estão percorrendo o círculo.

Se os alunos conseguirem manter o exercício de forma que o professor considere

satisfatório, ele introduz outro estímulo, mas agora no sentido inverso.

Num outro momento, o professor sai do círculo, e um aluno inicia o estímulo.

Referência: Grupo Gente (C.E. Visconde de Cairu).

8. A Cruz e o Círculo Pede-se que façam um círculo com a mão direita, grande ou pequeno, como puderem: é

fácil, e todo mundo faz. Pede-se , depois, que façam uma cruz com a mão esquerda: é

ainda mais fácil, todos conseguem. Pede-se, então, que façam as duas coisas ao mesmo

tempo. É quase impossível. Em um grupo de umas 30 pessoas, às vezes uma consegue.

Dificilmente duas, e três é o recorde. Quaisquer figuras diferentes para cada mão

também servirão, além do círculo e da cruz (BOAL, 1998, p. 90).6

9. Hipnotismo Colombiano Um ator põe a mão a poucos centímetros do rosto de outro; este, como hipnotizado, deve

manter o rosto sempre à mesma distância da mão do hipnotizador, os dedos e os cabelos, o

queixo e o pulso. O líder inicia uma série de movimentos com as mãos, retos e circulares, para

cima e para baixo, para os lados, fazendo com que o companheiro execute com o corpo todas

as estruturas musculares possíveis, a fim de equilibrar e manter a mesma distância entre o

rosto e a mão (...) Depois de alguns minutos, trocam-se o hipnotizador e o hipnotizado. Alguns

minutos mais, os dois atores se hipnotizam um ao outro (BOAL, 1998, p. 91)

10. Espelho

Atividade bem conhecida e amplamente utilizada como jogo de integração, tanto em

dinâmicas de grupo, quanto em aulas de Teatro.

Coloca-se duas pessoas, uma de frente para outra. Elas estabelecem quem começará

como líder e, quem começará como espelho. O líder terá a função de iniciar os

movimentos, de forma lenta e gradual, aumentando o ritmo aos poucos. Enquanto isso,

o ‘espelho’, deverá tentar seguir cada movimento e gesto do líder, tentando ao máximo

copiar exatamente o corporal de seu colega. Depois de alguns minutos, o líder passa a

ser o espelho e vice versa.

Passado mais um tempo, troca-se a dupla, para que o aluno experimente o mesmo

exercício com outras pessoas.

Referência: Grupo Gente (C.E. Visconde de Cairu)

6 O grifo em Itálico, é apenas uma forma de chamar a atenção para o fato do texto ter sido retirado na

íntegra das Obras citadas.

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11. Corrida em Câmera Lenta

Além de ser uma atividade utilizada como exercício de Teatro de um modo geral, é

perfeitamente utilizável numa aula de educação física. Ela também está presente no

Arsenal do TO:

Ganha o último a chegar. Uma vez iniciada a corrida, os atores não poderão interromper seus

movimentos, que deverão ser executados o mais lentamente possível. Cada corredor deverá

alongar as pernas ao máximo a cada passo. (...) Esse exercício, que demanda um grande

equilíbrio, estimula todos os músculos do corpo. (BOAL, 1998, p. 103)

12. Aula Livre

Trata-se de um momento da aula de educação física escolar (EFE) que pode representar

uma perspectiva de Educação para o lazer (MARCELLINO, 2007).

O professor disponibiliza o material em diferentes espaços da quadra e junto aos alunos,

organiza o que cada grupo gostaria de jogar / praticar.

Embora seja um momento da aula sem o direcionamento direto do professor,

normalmente se mostra um espaço muito rico para trocas, exercício da autonomia, da

resolução de conflitos, sempre com o olhar atento do professor.

Não se trata do ‘Rola-Bola’, em que o professor larga o material e ignora o que está

acontecendo. Ao contrário, por ser uma ‘atividade’ em que várias situações estão

acontecendo ao mesmo tempo em diferentes espaços, o professor deve redobrar sua

atenção e intervir sempre que for solicitado e/ou julgar necessário.

A perspectiva de liberdade aqui apresentada possui uma intencionalidade muito clara,

possibilitando ao educando organizar-se junto a seus pares, ao invés de só ficar

recebendo comandos do professor.

Referência: MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e Educação. Campinas: Papirus,

2007.

13. Pique-Nome Atividade pertencente ao Arsenal do TO, que serve também para os momentos iniciais,

em que os alunos estão ainda aprendendo uns sobre os outros, memorizando aos poucos

os nomes dos colegas.

Estabelecemos um(a) pegador(a). Neste pique ninguém pode correr, todos devem

somente andar. Quem correr vira pegador automaticamente. Quando o pegador estiver

se aproximando da pessoa, esta para não ser pega, deve gritar o nome de outra pessoa,

que passará a ser o(a) novo(a) pegador(a). Se o(a) pegador(a) encostar no(a) colega

antes que ele(a) consiga dizer um nome, este(a) é que passa a ser o(a) pegador(a).

Se a turma for grande, podemos estabelecer dois ou até três pegadores, o que torna a

atividade ainda mais dinâmica e interessante.

Referências: Curso CTO-Rio (Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro, RJ).

BOAL, Augusto. Jogos Para Atores e Não-Atores. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1998.

14. Bons Dias (Mímica do Gosto/ não gosto)

Mais uma atividade vinda do TO, propícia para integração do grupo, ao mesmo tempo

em que estimulamos o aluno a expressar-se corporalmente, sem palavras.

Em duplas, os alunos combinam quem vai começar. Um aluno deve ‘contar ao outro’,

sem palavras, uma coisa que ele não gosta , enquanto o outro tem o objetivo de

descobrir. Assim que o colega descobrir, o mesmo aluno que fez a mímica, faz agora

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‘contando’ algo que ele gosta muito. Quando o outro descobre, inverte-se o papel.

Quem estava tentando descobrir passa a fazer as mímicas e vice –versa. Depois que os

dois fizeram as duas mímicas, troca-se de dupla, para que o aluno experimente outras

mímicas, com outros colegas.

Neste exercício, além da expressão corporal e observação, já começamos a trabalhar

com a noção de ‘Espect-Ator’, uma vez que o aluno se coloca tanto como aquele que

atua, quanto o que observa.

Referências: Curso CTO-Rio

BOAL, Augusto. Jogos Para Atores e Não-Atores. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1998.

15. Jogo da Mímica

Este jogo, brincadeira presente no imaginário infantil, já conhecida da maioria dos

alunos.

Dividimos a turma em grupos; uma pessoa de cada grupo virá pegar com o professor o

nome de um objeto ou animal e deve comunicar através da Mímica, para que seu grupo

descubra. O primeiro do grupo que conseguir descobrir, toma o lugar do colega que

estava inicialmente fazendo a mímica e repete o procedimento, pegando uma palavra

com o professor e tentando comunicar ao grupo sem uso de palavras faladas.

16. Sim, sim / Não, não e Variações

Muito utilizado como desalienação nas aberturas feitas pelos Curingas, em

espetáculos de Teatro Fórum, este jogo consiste em combinar com o público, que este

deve responder sempre o contrário do que foi dito pelo Curinga, que além de falar,

estabelece aqui um ritmo, uma melodia, saindo também do discurso falado, para a

‘palavra cantada’.

Exemplo: Curinga: Sim, sim, sim

Publico: Não, não não

Curinga: Não, não, não

Público: Sim, sim, sim

Curinga: Sim, Não, sim

Público: Não, Sim, Não

(E assim sucessivamente)

Exemplo 2 (Variação)

Curinga: João, João, João

Publico: Luis, Luis, Luis

(aqui normalmente o público tente a dizer ‘Maria, Maria, Maria’, o que leva o Curinga a

intervir e combinar que o contrário de um nome masculino deve ser outro nome

masculino, para quebrarmos o paradigma de gênero da ‘guerra dos sexos’, de que o

homem é o contrário da mulher e vice versa, entendendo que esta ideia foi construída

culturalmente e contribui para uma série de opressões).

Curinga: João, Luis, João

Publico: Luis, João, Luis

Curinga: João, Sim, Luis

Publico: Luis, Não, João

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(E assim sucessivamente, podendo acrescentar outros elementos, como

nomes femininos, elementos da natureza, etc).

Obs: O interessante deste tipo de prática, é que além de despertar a atenção do público

deixando-o mais atento (o que para o início de um espetáculo é perfeito), nos ajuda a

exercitar também nossa capacidade de rirmos de nós mesmos, tirando o peso do ‘errar’

que normalmente colocamos em nosso dia a dia.

Referência: Curso CTO-Rio

17. Sim, Não e Por que

Jogo bem difundido no meio teatral, que recentemente tem servido a espetáculos de

improviso, em que atores se servem de exercícios de teatro pouco conhecidos do

público em geral e transformam-nos em cenas engraçadas e de improviso.

Dividimos a turma em diversas duplas; um é o entrevistador e o outro, o entrevistado.

Este, em suas respostas, não pode usar as palavras: Sim, Não e Por que (ou Porque). Se

cometer esse ‘deslize’, os papéis se invertem e a brincadeira começa novamente.

Referência: Curso Escola de Teatro Leonardo Alves (ETLA); professor Márcio

Moreira.

18. Respondendo com pergunta

Seguindo a mesma lógica da atividade anterior, de exercício que foi transformado em

elemento de cena, aqui ninguém pode responder afirmativamente, ou seja, todos devem

responder com perguntas. Quem errar paga um prenda, ou dá lugar a outro colega.

Quem não errar, continua na brincadeira.

Referência: Curso Escola de Teatro Leonardo Alves (ETLA); professor Márcio

Moreira.

19. Jogo do sério

Em duplas, um de frente para o outro, olhando nos olhos. Aquele que rir primeiro perde.

Após um dos alunos da dupla marcar três pontos, troca-se de dupla, para que cada

pessoa experimente o exercício com diversos alunos.

Em outro momento pode-se experimentar esse exercício em formato de competição,

formando as duplas de acordo com o resultado, até chegarmos nos dois ‘melhores’.

Referência: Grupo Gente (C.E. Visconde de Cairu)

20. Floresta de Sons

Em duplas, um de olhos fechados, o outro de olhos abertos; um combina com o outro,

um som que vai fazer durante o exercício (o de olhos abertos fará o som). O Curinga

(Professor) mistura todo mundo espalhado pela sala, distanciando uma pessoa da dupla,

da outra. Ao sinal do curinga, a pessoa que está de olhos abertos começa a fazer o som e

o outro, que está de olhos fechados, deve tentar acha-lo sem abrir os olhos, apenas

seguindo o som.

Ao encontrar, invertem-se os papéis: quem estava fazendo o som agora fecha os olhos e

vice versa.

Referências: Oficina com Helen Sarapeck (II Jornadas Internacionais do TO –

13

UNIRIO); Curso CTO-Rio.

BOAL, Augusto. Jogos Para Atores e Não-Atores. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1998.

21. Quem tá aí?

Todos de olhos fechados, de frente para uma dupla. Ambos devem tocar no rosto, no

cabelo e nos ombros do colega à sua frente. Ao sinal do professor, todos param. Sem

que os alunos abram os olhos, o professor os espalha pela sala e após outro sinal, cada

um(a) deve procurar sua dupla, tentando confirmar se achou através do tato.

Referência: Grupo Gente (C.E. Visconde de Cairu)

22. Pique esconde de cego

Um(a) aluno(a) fica vendado, enquanto os se colocam em lugares estratégicos que eles

achem que vai ser difícil o(a) colega vendado(a) chegar. Ao sinal do professor, os

‘escondidos’ não podem mais sair do lugar e o(a) vendado(a) deve se movimentar pelo

espaço até encontrar um(a) dos(as) colegas. Quem ele(a) encontrar, passa a ser o(a)

pegador(a). Em outro momento, além de achar um(a) colega, o(a) pegador(a) deve

tentar identificá-lo(a) através do tato. Se a turma for muito numerosa, podemos colocar

dois ou até três pegadores ao mesmo tempo.

Referência: Oficina Sobre Inclusão: Encontro Fluminense de Educação Física Escolar

(EnFEFE ) – Universidade Federal Fluminense; UFF. Profs. Arlindo e Luciana.

23. Cabra Cega / Cobra Cega

O nome pode mudar de acordo com a região do país, mas tanto com um nome quanto

com o outro, trata-se de uma brincadeira popular, amplamente vivenciada pelas crianças

e muito familiar a todos(as).

A atividade consiste em colocarmos um pegador vendado, que deverá tentar tocar em

algum(a) colega para que este(a) torne-se o(a) novo(a) pegador(a).

Se a turma já estiver integrada, além de encostar, o pegador deve descobrir quem é a

pessoa.

24. Jogos com Imagem e Adaptações:

Servindo como preparação para o Teatro Imagem (BOAL, 1998), que viria mais a

frente, ensaiamos diversas atividades envolvendo a formação de imagens através da

corporeidade, da expressão e do entendimento de cada aluno(a) sobre determinadas

situações. Começamos com elementos generalizados, para aos poucos, aprofundar nas

questões referentes à violência na escola.

24.1. Pique-Careta

Seguindo a dinâmica do Pique-Gelo (ou Pique cola), quem for pego fica imóvel, só que

nesse pique específico, deve além de ficar parado, deve fazer uma careta e para ser

‘descolado’, outro(a) colega deve tentar imitar sua careta

24.2. Estátua

Outra brincadeira velha conhecida da maioria das crianças. Colocamos uma música para

que todos possam dançar e ao pará-la, todos devem ficar imóveis, quem se mexer deve

pagar uma prenda ou sentar para voltar em outro momento.

Num segundo momento, ao invés do professor verificar quem se mexeu, um grupo de

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alunos ficará responsável por isso, trocando de tempos em tempos, até que todos tenham

passado pela função e brincado como estátua também.

24.3. Quem se Mexeu Pode Voltar

Apelando mais uma vez para o imaginário infantil, adaptamos a brincadeira “Batatinha

Frita 1, 2, 3”; por um lado para não usar o nome de uma brincadeira que eles(as)

poderiam achar muito infantil e por outro, para valorizar uma atividade presente na

cultura deles(as) – ainda que com outro nome – e que auxilia nos objetivos corporais

que buscamos com as atividades propostas.

Um aluno se posiciona perto da parede, de costas para os demais, que estarão no lado

oposto da sala (ou da quadra). Enquanto ele fala “Quem se mexer pode voltar” os alunos

podem se aproximar dele, mas assim que ele virar, todos devem ficar imóveis. Quem o

aluno perceber que se mexeu, volta para o início.

b) Trios de Imagens sobre Violência;

“Imagens da Paz”.

24.4. Imagem da Palavra (BOAL, 1998)

Oriunda do Arsenal do TO, começamos aqui a trabalhar com temas específicos, embora

seja possível iniciar a atividade com temas gerais.

Formação em círculo; todos de olhos fechados; quando o professor disser uma palavra,

cada aluno deverá representar corporalmente uma imagem referente ao que ele entende

por essa palavra. Ex: Escola, Mãe, Árvore, Casa, Família, etc.

Aos poucos vamos tentando trazer temas mais específicos com o que está sendo

trabalhado. Ex: Educação; Educação Física; Violência; Paz, etc.

24.5. Imagens em Dupla

Seguindo a mesma dinâmica da atividade anterior, ao ouvir a palavra cada dupla deverá

criar rapidamente uma imagem que represente aquela ideia, tentando integrar as duas

pessoas numa só imagem.

Uma dupla por vez, eles saem da posição e circulam pelo ambiente para observar as

outras duplas. Depois retornam à posição.

24.6. Imagens em Trios

Agora os alunos terão mais tempo para pensar e conversar sobre a imagem que querer

formar. O professor propõe o tema e dá um tempo (5 minutos, por exemplo), para que o

trio forme uma imagem representando o que foi pedido. Depois se repete a dinâmica de

observação.

24.7. Imagens em Grupos Maiores

Juntam-se duas duplas, ou dois trios, ou a combinação de uma dupla com um trio e um

novo tema é proposto, desafiando esse novo grupo a formar uma nova imagem.

24.8. Imagem com Movimento

Mantendo-se os mesmos grupos e a imagem já formada por eles, cada grupo deverá

apresentar-se para os demais, acrescentando movimento para a imagem criada por eles.

24.9. Imagem com Movimento e Som

Continuação da anterior, além de repetir os movimentos propostos por eles, cada um(a)

deve acrescentar um som ao seu movimento-imagem.

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24.10. Imagem no Grupão

Como culminância desse trabalho, juntamos todos os grupos num só e pedimos outro

tema, de preferência que encerre a atividade com imagens positivas (Ex: Paz; A escola

Ideal; Meu sonho de sociedade; O país do futuro; etc).

25. Teatro Imagem (BOAL, 1998)

Após termos passado pelos exercícios acima citados (que na verdade já fazem parte do

processo da técnica Teatro Imagem), chegamos à culminância com o Teatro Imagem em

si, no formato ampliado.

a) Dividimos a turma em três grupos (1, 2 e 3); Explicamos sobre o que é Teatro

Imagem e o termo Espect-Ator.

b) Inicialmente o Grupo 1 servirá de ‘Massa’: aquele que será moldado pelo grupo 2;

este por sua vez, deverá moldar o 1º, representando uma situação de violência (que

neste caso em específico tem a ver com o tema a ser trabalhado); enquanto isso, o grupo

3, assumirá o papel de “Espect-Ator’: estes deverão observar o processo e ao final, com

as ‘estátuas prontas’, comentar o que entenderam da ‘cena’, propor mudanças, críticas,

etc.

c) Na segunda fase do processo, o Grupo 1 passa a ser espect-Ator, o 2: o grupo que

será moldado e o grupo 3, os “escultores”. Só que dessa vez, a imagem pedida será

“Não Violência”.

d) Terceira fase: Grupo 1 assume o papel de escultor, grupo 3, as estátuas e grupo 2,

espect-ator. A Imagem pedida será a de transição, ou seja, do momento em que algo

aconteceu para contribuir que as pessoas saissem da situação de violência, para a Não

Violência..

e) Roda de conversa: avaliação sobre tudo que foi feito, recapitulação da ordem de

imagens que foi pedida e executada e considerações dos(as) alunos(as).

26. Desenho Dupla Face - Estética do Oprimido (BOAL, 2009).

Distribuímos uma folha de papel A4 para cada criança; a proposta de atividade é que

ele(a) desenhe de um lado da folha uma situação que considera como sendo uma

Violência e do outro, o inverso – uma situação que transmita paz, harmonia, não

violência.

Depois dos desenhos prontos, reunimos todos no centro da sala, para que cada um(a)

possa contemplar (e comentar) os demais trabalhos, aproveitando ainda para solicitar

que o façamos com gentileza, priorizando os comentários elogiosos, para não ferir

possíveis suscetibilidades.

Como culminância dessa parte do processo, consultamos a turma para saber quem

gostaria de expor seu trabalho no pátio da escola, para que todos possam ver. Os que

optarem por não expor devem ser respeitados.

26.1. Exposição Suspensa

Ao invés de colarmos ou pregarmos os papéis nos murais, como é feito

tradicionalmente na maioria das escolas, passamos um barbante (ou similar), por dentro

de cada folha, tomando o cuidado para não furar a parte desenhada de cada produção.

Desta forma penduramos os desenhos, de forma que o público tenha acesso aos dois

lados do desenho, além de possibilitar uma estética diferente na exposição, quando

comparada à que normalmente eles vislumbram na escola.

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26.2. Avaliação

Retorno dos alunos sobre o processo de desenhar, expor para os colegas de turma e

(para quem topou expor no pátio), para os colegas da escola. O que ouviram? Foi

positivo? Traduziu o que eles queriam mostrar? Etc.

27. Roda de conversa

Estratégia importantíssima que faz parte tanto do TO quanto da EFE, a roda de

conversa, seja no início da aula, no meio ou no final, mostra-se sempre como atividade

salutar no fortalecimento de conceitos, na quebra de paradigmas, bem como na

problematização e reflexão acerca de assuntos que podem ser caros à práxis pedagógica.

Criar um ambiente em que o(a) aluno(a) sinta-se a vontade para se colocar, sem medo

de ser interrompido, criticado ou corrigido (práticas frequentes em sala de aula, ainda

hoje, infelizmente), pode ser de suma importância para o sucesso de todo o processo.

Não fosse esse momento, correríamos o risco de virarmos ‘executores de atividades’,

jogando ‘por água abaixo’ não só nosso referencial teórico, mas também, nosso intento

de formar educandos críticos, protagonistas da própria história.

Em termos de procedimento: consiste basicamente em sentarmos todos em círculo,

iniciando o professor com uma pergunta, de acordo com o momento da aula. Quando no

início, pode-se perguntar o que ficou na memória em relação ao último encontro;

aconteceu algo na semana que lhes chamou a atenção e lembrou o tema tratado? Dentre

outras.

Durante o processo, pode servir para que os alunos descansem de alguma atividade

que foi muita intensa, ao mesmo tempo em que se avalia o que acabaram de fazer.

Sempre intervindo através de perguntas, o professor cria a possibilidade dos alunos se

sentirem a vontade para falar.

Ao final, também com caráter avaliativo (no sentido mais amplo da palavra), pode

servir não só para contemplar o que foi feito no dia, mas todo o processo que foi

construído, até o presente momento.

Sem excluir a importância das outras atividades, acreditamos na Roda de Conversa

como momento essencial, que virá para completar tudo de bom já realizado pelo

professor em conjunto com os educandos.

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III. Referências Bibliográficas

BOAL, Augusto. A Estética do Oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.

_____________. Jogos Para Atores e Não-Atores. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1998.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, RJ: Editora Paz e Terra,

1987.

MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e Educação. Campinas: Papirus, 2007.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo:

Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2011.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Rio de Janeiro, RJ: Ed.

Vozes, 1977.

TORRE, Saturnino de La. Criatividade Aplicada: recursos para uma formação

criativa. São Paulo, Madras, 2008.

IV. Outras Referências

ALDEIA CASA VIVA: Espaço destinado a cursos, oficinas, imersões e afins, dirigido

por Licko Turle e Jussara Trindade, situado na cidade de Teresópolis (RJ)

CTO-Rio: Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro (RJ) – destinado a pesquisa

sobre o método de Boal, além de oferecer cursos sobre as diversas técnicas do TO.

Dirigido por Helen Sarapeck, situado na Lapa, no Rio de Janeiro (RJ).

ETLA: Escola de Teatro Leonardo Alves – Escola profissionalizante de Teatro situada

no Catete, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

GRUPO GENTE: Grupo de Teatro do Colégio Estadual Visconde de Cairu (Méier/

Rio de Janeiro, RJ), dirigido por Claudio Guiot-Rita, de 1991 a 2000. Posteriormente

por Márcio Moreira, de 2000 a 2006.

JITOU: Jornadas Internacionais do Teatro do Oprimido e Universidade – Evento anual

que reúne pesquisadores, curingas e praticantes do TO do mundo inteiro, em 2 , 3, ou

mais dias de trocas, palestras, comunicações orais, mesas redondas e apresentações

artísticas, na Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO). Em 2015, além da

universidade, o evento se estendeu para a comunidade da Maré, zona norte do Rio de

Janeiro (RJ) - local em que residem alguns grupos de TO.