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MARIVAL MATOS DOS SANTOS
O DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL
INTELECTUAL E SUA RELATIVIDADE NA
ALAVANCAGEM DA ATIVIDADE FIM DA
PETROBRAS
VOLUME I
Orientador: Manuel Tavares Gomes
Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias
Instituto de Educao
Lisboa
2013
MARIVAL MATOS DOS SANTOS
O DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL
INTELECTUAL E SUA RELATIVIDADE NA
ALAVANCAGEM DA ATIVIDADE FIM DA
PETROBRAS
Tese apresentada para a obteno do Grau de Doutor em
Educao, no curso de Doutoramento em Educao,
conferido pela Universidade Lusfona de Humanidades e
Tecnologias.
Orientador: Prof. Doutor Manuel Tavares Gomes
Coorientador: Prof. Doutor Manuel Carvalho da Silva
Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias
Instituto de Educao
Lisboa
2013
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
iii
Epigrafes
Heisenberg, famoso pelo princpio da incerteza e pela mecnica das
matrizes, disse:No decorrer da minha vida vi-me repetidamente
compelido a ponderar sobre a relao entre estas duas regies do
pensamento (cincia e religio), pois nunca fui capaz de duvidar da
realidade daquilo para que elas apontam1(Flew, 2010, p.95)
Antony Flew, o mais clebre filosofo ingls ateu e que mudou de
convico ao escrever com Roy Abraham Varghese o livro Deus
Existe, declarou que o ponto a salientar no apenas que h
regularidades na natureza, mas que essas regularidades so
matematicamente precisas, universais e que atuam em blocos,
Einstein falou delas como razo encarnada. A questo que devemos
colocar a de saber como que a natureza apareceu organizada desta
maneira. Esta certamente a pergunta que colocaram os homens de
cincia, de Newton a Einstein e Heisenberg e qual responderam.
Sua resposta foi a Mente de Deus (Flew, 2010, p.90)
Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei
com os meus olhos.(Sl.32:8)
(...) Sem mim nada podereis fazer Jo. 15:5
Eu, a Sabedoria, habito com a prudncia e acho a cincia dos
conselhos. (Pv.8:12).
Pois dou-vos boa doutrina; no deixeis a minha lei.( Pv.4:2)
Adquire a sabedoria, adquire a inteligncia e no te esqueas
nem te apartes das palavras da minha boca.(Pv. 4:5)
No desampares a sabedoria, e ela te guardar; ama-a, e ela te
conservar. (Pv. 4:6)
A sabedoria a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim,
com tudo o que possuis, adquire o conhecimento (Pv. 4:7)
E se algum de vs tem falta de sabedoria, pea a Deus, que a todos
d liberalmente e no lana em rosto; e ser-lhe- dada.(Tg.1:5)
Toda boa ddiva e todo dom perfeito vm do alto, descendo do
Pai das luzes, em quem no h mudana, nem sombra de
variao. (Tg. 1:17)
1Heisenberg, W. (1974), Across the Frontieirs: In Flew, Antony (2010). Deus (no) Existe. Lisboa,
Altheia, Editores, p.95.
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
iv
DEDICATRIAS
minha Me, Anna Josepha de Mattos, in memoriam, que, mesmo
sem leituras, ensinou-me o caminho para ser digno da sabedoria, incentivando-
me sempre a ser humilde e a seguir para frente e para o alto.
Ao meu pai, Antnio Bela dos Santos, in memoriam, fabuloso guerreiro que
tanto lutou e me apoiou em momentos decisivos da minha vida, ensinando-me,
em primeiro lugar, a ser Homem, honesto e tico.
.
Aos meus irmos, Mrcio, Marivalda, Lindinalva, Marize, Elizabete e Mrcia
cuja ajuda e conselhos fraternos
nos proporcionaram mais fora e confiana uns nos outros para alcanarmos e
mantermos a dignidade e a serenidade.
esposa Agaci Batista e s nossas duas filhas, Priscila Batista de Mattos e
Patrcia Batista de Mattos, com as quais
compartilhamos os nossos sonhos e momentos especiais.
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
v
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeo a Deus pela minha sade fsica e mental. Pelo
processamento das ideias, racionalidade e sustentabilidade da minha vida.
Ao Professor Doutor Manuel Tavares Gomes pela orientao cientfica e
assistncias preciosas, estmulo, pacincia e competncias em apontar as
inmeras vertentes tericas e possveis imerses metodolgicas, caminhos sem
os quais a materializao desta investigao no seria possvel.
Ao Professor, Doutor Antnio Teodoro, pelo seu imenso Capital Intelectual,
cientfico, social e relacional, por sua generosidade e pela minha indicao para
complementao dos Estudos por quatro meses na Universidade Federal de
Valncia (Espanha).
Ao Professor Doutor Manuel Carvalho da Silva, ex-Secretrio-Geral da CGTP
Central Geral dos Trabalhadores de Portugal, pela coorientao, presteza e
cordialidade costumeiras. Ao Doutor Elsio Estanque, Professor da Faculdade de
Economia e Cincias Sociais da Universidade de Coimbra, pelas crticas
construtivas que engrandeceram a nossa investigao.
Ao Professor Doutor Jos Beltran da Universidade de Valencia (Espanha) pelas
suas ideias, cordialidade, receptividade nossa pessoa, s nossas ideias e pelas
suas excelentes sugestes referentes s teorias do conhecimento e ao capital
acadmico e educativo.
Aos gestores da PETROBRAS, Presidenta Graa Foster e ao Ex-Presidente
Doutor Jos Gabrielli, aos entrevistados, Universidade Corporativa, pelas
entrevistas, qualidade dos dados e riqueza das informaes fornecidas.
A todos os colegas do doutoramento, portugueses e brasileiros, pelos
incentivos, intercmbios e pelas amizades que, fraternalmente, conquistamos.
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
vi
RESUMO
Na era da multiplicao da informao, do saber e da Cincia, as naes e suas
empresas esto evoluindo aceleradamente para uma sociedade do conhecimento
interligada em rede. Nessa perspectiva, o novo DNA das Organizaes so os bits,
bytes, terabytes, informao, conhecimento e a sua transformao em inteligncia
econmica, e no mais, exclusivamente, a posse e a propriedade de capital financeiro e
de matrias-primas transformveis. Um dos fatores para esse avano a permanente
gerao do Capital Intelectual e a sua transformao em resultados. Assim, as
Organizaes empresariais que no criam conhecimentos e no inovam seus processos,
produtos e servios, na era da infovia, esto condenadas entropia. A PETROBRAS,
em face das suas necessidades operacionais e considerando o modelo de
desenvolvimento incipiente das Universidades brasileiras, desde meados dos anos 50,
verticalizou o processo de desenvolvimento tcnico-cientfico, isto , a produo do
Capital Intelectual, visando a alavancagem da sua atividade-fim. A presente tese um
mergulho na dinmica do desenvolvimento do Capital Intelectual da PETROBRAS ao
longo de suas diferentes trajetrias tecnolgicas, considerando seus saberes, redes de
aprendizagem, P&D, informao e a sua Universidade Corporativa como os principais
eixos determinantes de um paradigma tcnico-cientfico de desenvolvimento do
conhecimento da Organizao, em princpio, renovvel, o qual, nesta Tese, o
apresentamos consubstanciado como um Paradigma de Desenvolvimento do Capital
Intelectual, aplicado ao longo das referidas trajetrias tecnolgicas. A partir desse
contexto, pretendeu-se investigar como a PETROBRAS produz, aplica e gerencia o
Capital Intelectual, dissecando sua relatividade, natureza, valor, posse e propriedade
enquanto bem econmico, e como o transforma em resultados benficos corporao e
aos seus Stakeholders. Depreende-se que a Estatal uma Organizao ILCK, porm
bicfala, cujo capital intelectual produzido e controlado principalmente pelo CENPES
e por sua Universidade Corporativa, mas tambm fruto de parcerias exgenas. O seu
Capital Humano, principal expresso do seu Capital Intelectual, surpreendentemente,
apresentou um valor monetrio muito baixo relativamente ao elevado valor do seu
Capital Intelectual. Entretanto, como fruto de um Capital Estratgico e Poltico e da
relatividade e refletividade intercapitais conclui-se que a Organizao PETROBRAS, no
Estado brasileiro, um de seus melhores exemplos que precisa ser preservado.
Palavras-chave Conhecimento, informao, inovao, competncia, capital intelectual.
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
vii
ABSTRACT.
In the age of the multiplication of information, science, and know-how, nations and
their companies are quickly evolving into a web-connected society of knowledge. In
this context, the new DNA of the organizations is composed of bits, bytes, information,
knowledge and a transformation into economic intelligence - not solely based on the
possession and ownership of financial capital and raw materials. One of the reasons
behind this advance is the permanent generation of intellectual capital and its
transformation into results. Thus, business organizations that do not create knowledge
and do not innovate their processes, products, and services in the era of the information
highway (infobahn), are doomed to entropy. PETROBRAS, due to their operational
needs and considering the incipient development model of Brazilian universities since
the mid-50s, has verticalized the technical-scientific development process, i.e. the
production of intellectual capital in order to leverage their main activity. This thesis is a
delve into the dynamic of the intellectual capital development of PETROBRAS along
with its different technological paths, considering its knowledge and learning networks,
R&D, information and its Corporate University as the determinants of a main axis of a
techno-scientific paradigm of development of the Organizational knowledge, renewable,
initially, which, in this thesis, is presented embodied as a Paradigm of Intellectual
Capital Development, applied along the said technological trajectories. Within this
context, an investigation was conducted of how PETROBRAS produces, applies, and
manages intellectual capital, dissecting its relativity, nature, value, property and
ownership as an economic good, looking at how to turn it into beneficial results for the
corporation and its stakeholders. It appeared that the state-owned Organization ILCK is
bicephalous and has Intellectual Capital produced and controlled mainly by CENPES
and a Corporate University, also the result of exogenous partnerships. Its Human
Capital, the main expression of their Intellectual Capital, surprisingly, had a monetary
value too low for the high value of their Intellectual Capital. However, as a result of
Political and Strategic Capital and relativity and reflectivity intercapital it is concluded
that the Organization PETROBRAS, in the Brazilian state, is one of his best examples
needing to be preserved.
Keywords: Knowledge, information, innovation, competence, intellectual capital.
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
viii
RESUMEN
En la era de la multiplicacin de la informacin, del saber y de la ciencia, las naciones y sus
respectivas empresas estn evolucionando rpidamente en direccin a una sociedad del
conocimiento interconectada en red. En este contexto, el nuevo DNA de las Organizaciones
son los bits, bytes, terabytes, la informacin, el conocimiento y su transformacin en
inteligencia econmica, y ya no slo la posesin y la propiedad del capital financiero y de
las materias primas transformables. Uno de los factores de ese cambio es la permanente
generacin de Capital Intelectual y su transformacin en resultados. As, las Organizaciones
empresariales que no crean conocimiento y no innovan en sus procesos, productos y
servicios, en la era de la informacin, estn condenadas a la entropa. En el caso de
PETROBRAS, en razn de sus necesidades operacionales y considerando el incipiente
grado de desarrollo de las Universidades Brasileas, desde mediados de los aos 50 se opt
por integrar verticalmente el proceso de avance tcnico-cientfico es decir, la produccin
del Capital Intelectual , con objeto de consolidar su actividad. La presente tesis es una
inmersin en la dinmica del desarrollo del Capital Intelectual de PETROBRAS a lo largo
de sus diferentes trayectorias tecnolgicas, considerando sus saberes, redes de la
aprendizaje, I+D, informacin y su Universidad Corporativa como los principales ejes
determinantes de un paradigma tcnico-cientfico de desarrollo del conocimiento de la
Organizacin, en principio, renovable, que, en esta tesis, presentamos consubstanciado
como un Paradigma de Desarrollo del Capital Intelectual, aplicado a lo largo de sus
trayectorias tecnolgicas. A partir de este contexto, se investig como PETROBRAS
produce, aplica y gestiona el Capital Intelectual, analizando su relatividad, naturaleza, valor,
posesin y propiedad como bien econmico, y cmo lo transforma en resultados benficos
para la corporacin y sus Stakeholders. Se infiere que dicha empresa estatal es una
Organizacin ILCK, aunque bicfala, que produce y controla su Capital Intelectual
principalmente a travs CENPES y de su Universidad Corporativa, pero tambin es el
resultado de las alianzas exgenas. Sorprendentemente, su Capital Humano, la principal
expresin de su Capital Intelectual, presenta un valor monetario muy bajo en relacin al
elevado valor de su Capital Intelectual. No obstante, como fruto de un Capital Estratgico y
Poltico y de la relatividad y la reflexividad intercapitales se concluye que la Organizacin
PETROBRAS constituye uno de sus mejores ejemplos, que debe ser preservado.
Palabras clave: Conocimiento, informacin, innovacin, cualificacin, capital intelectual
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
ix
SIGLAS, ABREVIATURAS E ACRNIMOS
ACRNIMOS TTULOS Pg
AAA American Accounting Association 256
ADHONEP Associao de Homens de Negcios do Evangelho Pleno 239
ALCPA American Institute of Certified Public Accountants 256
ALENE Associao Latino-Americana de tica 244
AMA American Management Association 238
ANP Agncia Nacional de Petrleo e Biocombustveis 255
BCG Boston Consulting Group 265
BIRD Banco Interamericano de Reconstruo e Desenvolvimento 281
BIT Binary Digit 48
BSS Boaventura de Sousa Santos 115
Byte Binary Term -
CADE Conselho de Administrao de Defesa Econmica 254
CABE Christian Association of Business Executives 239
CEO Chief Executive Officer 255
CENE Coordenadoria do Centro de Estudos de tica 244
CFO Chief Financial Officer 255
CHRO Chief Human Resource Officer 329
CIBC Canadian Imperial Bank of Commerce 315
CIA Central de Inteligncia Americana 286
CIO
C&T
CMN
CNV
CNRS
COBIT
COSO
COO
COPPE
CKO
CPC
CSN
CTO
CREA
CRIE
CVM
Chief Information Officer
Cincia e Tecnologia
Conselho Monetrio Nacional
Comisso Nacional de Valores
Centre National de la Recherche Scientifique
Control Objectives for Information and Related Technology
Committe of Sponsoring Organizations
Chief Operating Officer Instituto Alberto Lus Coimbra de Ps-Graduao e Pesquisa de Engenharia
Chief Knowledge Officer
Comit de Pronunciamentos Contbeis
Companhia Siderrgica Nacional
Chief Technology Officer
Centre de Recherche em pistmologie Applique
Centro de Referncia em Inteligncia Empresarial
Comisso de Valores Mobilirios
329
160
256
256
205
255
255
329
320
329
255
243
329
232
320
254
DEDO Descobrimento de Estruturas de Dados Operacionais 309
DNA Acido Desoxiribonucleico (Cdigo Gentico, Digitais Genticas) 201
ECD Estrutura-Conduta-Desempenho 257
ERP Enterprise Resource Planners 305
ETCO Instituto Brasileiro de tica Concorrencial 299
FEI Financial Executives International 256
Fr Fragmentos 33
GAI Gesto de Ativos Intangveis 309
GE General Eletric 281
GCH Gesto do Capital Humano
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
x
SIGLAS, ABREVIATURAS E ACRNIMOS
ACRNIMOS
TITULOS
Pg.
GPS Global Positioning System 226
IBE Institute of Business Ethics 238
IBRe/FGV Instituto Brasileiro de Economia, da Fundao Getlio Vargas 299
IFAC International Federation of Accountants 150
IFRS International Financial Reporting Standards 255
ILCK Inclined to Learning and to Criate Knowledge 3
IIA Institute of Internal Auditors 256
IMA Institute of Management Accountants 256
ITC Innovation To Cash 312
JIT Just in Time 265
KBV Knowledge Based View 257
KAM Knowledgement Assessment Methodology 267/281
KEI Knowledge Economic Index 281
LATIBEX ndice de aes Latino-americanas da Bolsa de Madri 256
2 Logaritmo na base 2 48 MEDEF Mouviment des Enterprises de France 169
MSP Managing Successful Programme 304
NYSE New York Stock Exchange 240/256
OCDE Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico 172
OGC Office of Governament Commerce 304
OIT Organizao Internacional do Trabalho 230
OMS Organizao Mundial da Sade 230
P&D&I Pesquisa, Desenvolvimento, Inovao 160
P&D Pesquisa e Desenvolvimento 133
PDCA
PE
PESTLE
Plan, Do Controll and Action
Planejamento Estratgico
Polticas Econmicas, Sociais, Tecnolgicas e Ambientais
265
270
265
PETROBRAS
PIIGS
Petrleo Brasileiro AS
Portugal, Itlia, Irlanda, Grcia e Espaa
1
228
PLP Planejamento de Longo Prazo 270
PIB Produto Interno Bruto 286
PMBOOK Project Management Body of Knowledge 305
PMI Project Management Institut 304
POPs Poluentes Orgnicos Persistentes 237
QE Quociente Emocional 174
QI Quociente de Inteligncia 174
RBV Resource Base View 257
SCP Structure-Connduct-Performance 257/258
SECI Socializao, Externalizao, Combinao, Internalizao 142
SEC Securities and Exchange Comission 236/258
SOX Sarbanes-Oxley 240/255
SQRL Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada 254
SWOT Strenths, Weakness, Oportunities and Threats 265
TCH Teoria do Capital Humano 6
TCI Teoria do Capital Intelectual 6
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
xi
SIGLAS, ABREVIATURAS E ACRNIMOS
ACRNIMOS TTULOS Pg
TCT Teoria dos Custos de Transao 257
Terabyte Mltiplo do Byte. Tera (1012) - TIC Tecnologia de Informao e Comunicao 136
TJN Tax Justice Network 298
TRI Taxa Retorno Interna 265/268
UNCTAD United Nations Conference on Trade and Development 299
UFRJ
VPL
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Valor Presente Lquido
320
265/268
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
xii
SUMRIO VOLUME I
Pg.
INTRODUO 1
I PRIMEIRA PARTE: CONSTRUTO TERICO 5
1 Da Teoria do Conhecimento ao Capital Intelectual: sistematizao dos
Conceitos Fundamentais.
6
1.1 Da Gnosis Epistme 11
1.2 Da Cincia, do Saber e da Sabedoria: Gnosiologias de Plato e
Aristteles
16
1.3 Os Saberes na Arqueologia de Foucault 41
1.4 Dos Saberes Noticos e Cibernticos 44
1.4.1
1.5
Os saberes Cibernticos
Concluso do Captulo
48
51
II AS GNOSIOLOGIAS MODERNAS DA TEORIA DO
CONHECIMENTO: IMBRICAES COM O CETICISMO
INTRODUO
53
54
2.1 Racionalismo: Descartes 56
2.2 Empirismo: Locke 63
2.2.1 Empirismo Radical: Hume 70
2.3 A Gnosiologia de Leibniz 76
2.4 Criticismo: Kant 84
2.5 Ceticismo 89
2.6 A Nova Dialtica: Hegel 90
2.7 A Epistemologia Marxista: Determinismo e Materialismo Histricos 101
2.8
2.9.
2.10
2.11
Do Pluralismo Epistmico: Duhen, Popper, Bachelard, Lakatos, Morin,
Kuhn, Feyerabend e Sousa Santos
Dos Paradigmas, Trajetrias Tecnolgicas e Inovao
Da Multidisciplinaridade Interdisciplinaridade do Conhecimento
Concluso do Captulo
102
119
120
123
III
GENEALOGIA, INTERESSE, EVOLUO E TAXONOMIA
DO CAPITAL INTELECTUAL
INTRODUO
128
129
3.1
3.1.1
3.2
3.3
3.3.1
3.3.1.1
3.3.1.2
3.3.1.3
3.3.1.4
3.3.1.4.1
O Interesse do Mercado e da Cincia pela Teoria do Capital Humano
O interesse pela Teoria do Capital Intelectual
Evoluo do Capital Intelectual
Uma Taxonomia do Capital Intelectual
Capital Metafsico Capital Transcendental
Capital Notico
Capital Diantico
Capital Natural Sensvel e Holstico: Biosfrico
Capital Humano
Capital Emocional
130
135
139
152
154
155
156
157
161
173
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
xiii
3.3.1.4.2
3.4.
3.4.1
3.4.1.1.
3.4.1.2.
3.4.1.3.
3.4.1.4.
3.4.1.5.
3.4.1.6.
3.4.1.7.
3.4.1.8.
3.4.1.9
3.4.2.
Capital Filosfico
Capital Acadmico
Capital Cientfico
Capital Pedaggico
Capital Ciberntico
Capital tico
Capital Poltico
Capital Jurdico-Contbil
Capital Estratgico
Capital Superestrutural-Infraestrutural
Capital Manufaturado
Capital Econmico-Financeiro
Capital Tcnico-Cientfico
200
202
204
206
226
229
249
254
256
283
284
286
302
3.4.2.1.
3.4.2.1.1
3.4.2.1.2
3.4.2.1.3
3.4.2.1.4
3.4.2.1.5
3.4.2.1.6
3.4.2.1.7
3.4.2.1.8
3.4.2.1.9
3.4.3.
3.4.4
Capital Gerencial
Capital Estrutural
Capital Inovacional
Capital Processual
Capital Organizacional
Capital Relacional
Capital de Clientes
Capital de Fornecedores
Capital Miditico
Capital Ambiental
Capital Social
Capital Cultural
304
306
308
309
311
312wsx
314
317
318
319
320
324
3.4.5
3.4.6
3.4.7
Capital Simblico
Capital Multi-Intercultural
Capital Bibliotcnico
327
328
330
3.5
Concluso do Captulo
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS DOS CAPTULOS, I, II, III
SEGUNDA PARTE: VOLUME II
331
333
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
xiv
IV
-
FUNDAMENTOS ECONMICOS DA FIRMA ILCK: UM
MODELO MACRO-DINAMICO BASEADO NO PARADIGMA
PATH-DEPENDENCE
INTRODUO
1
2
4.0 Predefinies, Propriedades e Teorias Correlatas ao Paradigma Path-
Dependence
4
4.1
4.2
4.3
4.3.1
Do conhecimento como Recurso Econmico ou Fator de Produo
Da Firma ILCK Inclined To Learning and To Criate Knowledge aos
seus Fundamentos Microeconmicos
Do Modelo Macro-Dinmico No-Linear de Seleo Tecnolgica
Implicaes Tericas, Polticas e Aplicabilidade do Paradigma Path-
Dependence
12
18
53
58
4.3.2
4.3.2.1
Aplicabilidade do Capital Intelectual Indicadores: IDI, NASDAQ, KEI
Capital Intelectual no Brasil e a Produtividade Social do Trabalho
60
74
4.3.2.2
4.3.2.2.1
Crticas Aplicabilidade do Capital Intelectual
Teoria da Segmentao
101
104
4.3.2.2.2
4.3.2.2.3
4.3.2.2.4
4.3.2.2.5
4.3.2.2.6
4.3.2.2.7
Teoria do Filtro
Teoria do Sinal
Teoria do Job Competition Crtica de Lester Thurow
Teoria do Job Matching
Teoria do Job Search
Teoria da Responsabilidade Social Empresarial RSE
106
107
110
111
112
113
4.3.2.2.8 Teoria da Aprendizagem Organizacional AO: Aprender para Criar 141
4.3.2.2.9
4.4
Crtica Marxiana
Concluso do Captulo
196
205
V A PETROBRAS E O DESENVOLVIMENTO DO SEU CAPITAL
INTELECTUAL
207
INTRODUO 208
5.1 Ciclos de Aprendizagens: A relatividade do Capital Intelectual da
PETROBRAS
211
5.1.1 Antes da PETROBRAS: Mercado sobre Livre Iniciativa at 1930 213
5.1.1.2
5.1.1.3
O Despertar do Capital Poltico e Estratgico no Setor Petrleo
Brasileiro
Fase inicial das descobertas de Petrleo e de Autorizao de entrada do
Setor Privado sob Restries e Integrao das Atividades do CNP
(1939/1953): Avano do Capital Tcnico-cientfico e Recuos do
Capital Poltico
215
218
5.1.1.4 Depois da PETROBRAS: Ciclo de Execuo Plena do Estado
(1953/1995). O Despertar do Capital Econmico-Financeiro e o
Avano do Capital Intelectual
227
5.1.1.5 Fase I: Transio CNP- PETROBRAS (1953/1954) 231
5.1.1.6 Fase II: Integrao Vertical e Horizontal (1955/1975 e em diante):
Avano do Capital Estrutural
232
5.1.1.7 Fase III:Finalizao da Criao de Subsidirias. Incio dos Contratos
de Riscos, Busca da Auto-suficincia (1975/1985): O Capital
Intelectual da PETROBRAS em xeque?
244
ULHT/FCSEA Instituto de Educao
xv
5.1.1.8 Fase IV: Expanso da Produo Offshore e da Internacionalizao
(1985/1995): Avano do Capital Estratgico e Tcnico-cientfico: Fim
do ciclo de aprendizagem sob a gide do Monoplio de Mercado
252
5.1.1.9 Fase V: Ciclo do Estado-Regulador (1997 a 2013em diante). Anncio
do Pr-Sal (2006), Avano do Capital Intelectual e Recuos do Capital
Poltico
257
5.1.1.9.1
5.2
VI.
Fase do Pr-Sal (2006 em diante): 2010: Sistema de Partilha da
Produo. O Brasil em Risco
Concluso do Captulo
DA INVESTIGAO EMPRICA: METODOLOGIAS,
PREMISSAS, ANLISES E RESULTADOS.
INTRODUO
269
288
290
291
6.1 Da Problemtica 293
6.2 Da Questo de Partida 293
6.2.1 Das Questes Auxiliares 293
6.3
6.3.1
6.3.2
6.3.3
Das Hipteses
Primeira Hiptese
Segunda Hiptese
Terceira hiptese
294
294
294
294
6.4 Do Objetivo Geral 294
6.5 Dos Objetivos Especficos 294
6.6 Dos Participantes 295
6.7 Das Perspectivas Metodolgicas: Instrumentos 295
6.8 Dos Procedimentos: Processualstica Metodolgica 297
6.9 Do Enquadramento da Investigao: Fontes e Analise Documentais 297
6.9.1
6.9.2
6.9.3
6.9.4
6.9.4.1
6.9.4.2
6.9.4.3
6.9.4.4
6.9.4.5
6.9.4.6
6.9.4.7
6.9.4.8
6.9.4.9
6.10
Das Premissas Bsicas Adotadas
Das Limitaes Metodolgicas
Das Opes Metodolgicas de Anlise do Capital Intelectual e do seu
Valor na PETROBRAS.
Da Anlise dos Dados e Resultados da Tese
Uma viso do Conjunto do Capital Intelectual da PETROBRAS e sua
Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim
Anlise da Gesto Corporativa da PETROBRAS
Anlise do Valor do Capital Intelectual da PETROBRAS (2012)
Anlise dos Indicadores da Relatividade do Capital Intelectual na
PETROBRAS
Alcance dos Objetivos
Anlise das Hipteses
Das Possveis Contribuies da Investigao, Implicaes Gerenciais e
Organizacionais
Por uma Nova Agenda de Investigao do Capital Intelectual
Despertando o Capital Mstico das Organizaes
Concluso do Captulo
CONCLUSO DA TESE
299
300
301
301
301
322
336
353
361
361
361
362
363
364
365
366
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xvi
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS, VOL. II, CAPTULO IV
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS, VOL. II, CAPTULO V
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS, VOLII, CAPTULO VI
ANEXOS
A1. Evoluo dos Ativos Intangveis: Do Goodwill ao Intellectual
Capital
A2. Glossrio de Termos Tcnicos
A.3. Paradigma de P&D&I Por Redes Temticas
A4. Script da Entrevista
A5. Respostas das Entrevistas
CEO PETROBRAS Dr. Jos Gabrielli Azevedo (Rio de Janeiro)
Gestor do CENPES Eng. Alcemir Costa (Aracaju)
APENDICES: ANOTAES ALGBRICAS
Ap.1. Modelos Discretos e Contnuos de Investimento em Capital
Humano
1. Modelo de Jacob Mincer: Pressupostos bsicos Modelo Discreto
1.1. Modelo Bsico de Investimento em Tempo Contnuo em Capital
Humano (Mincer): Pressupostos Bsicos
1.2. Implicaes do Modelo de Investimento em Capital Humano em
Tempo Contnuo
2. Modelo de Solow Ortodoxo Produtividade do Trabalho
2.1. O Modelo Grfico de Solow
Ap. 2. Modelos Endgenos
1. O modelo de Crescimento Endgeno de Paul Romer
2. O Modelo de Crescimento Endgeno de Robert Lucas
2.1 Pressupostos do Modelo de Robert Lucas
371
386
390
I
I
III
VII
XIV
XVII
XVII
XXIV
XXIX
XXIX
XXIX
XXXI
XXXI
XXXIII
XXXIV
XXXVI
XXXVI
XXXVII
XXXVII
SUMRIO-GERAL XLI
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS-GERAIS XLVI
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xvii
GRFICOS
GRFICOS TTULOS Pg.
1 Esquema da Gnosiologia de Plato 23
2 Espiral do Conhecimento (Nonaka & Takeuchi) 143
3 Matriz de Whittington 262
4
5
Fluxos Financeiros Privados Lquidos
Capital de Clientes
295
315
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xviii
QUADROS E OBRAS DE ARTES
QUADROS TTULOS Pg
1 Sophia Emblema de Gabriel Rollenberg (1615) 193
2 O Olho que tudo v Gabriel Rollenberg (1615) 194
3
4
A Separao Edvard Munch (1993)
Grupo de Estratgias que Integram o Capital Estratgico
195
265
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xix
TABELAS
TABELAS TTULOS Pg.
1 Modos de Converso do Conhecimento e seus Significados (Nonaka
& Takeuchi)
143
2 Participao do Capital Natural na Riqueza per Capita: Pases
Selecionados
160
3 Grau de Corrupo dos Pases (Menos e Mais Corruptos) 246
4
5
Clculo da Produtividade da Indstria e do Posicionamento
Estratgico
Comparativos dos ndices da Economia do Conhecimento: UK,
Amrica do Norte e Brasil
279
282
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xx
FIGURAS, DIAGRAMAS, FLUXOGRAMAS E MAPAS
FIGURAS
Fig. 1
Fig. 2
Fig. 3
Fig. 4
Fig. 5
TTULOS
Esferas do conhecimento Bases da Teoria do Conhecimento
Diagrama da rvore Genealgica do Capital Intelectual
Converso do Capital Humano em Recursos
Matriz de Mercados X Produtos
Diagrama para Anlise SWOT
Pg.
121
153
165
271
274
Fig. 6
Fig. 7
Matriz SWOT (FOFA) para a conquista de objetivos estratgicos
Matriz PESTLE
274
275
Fig. 8 Matriz SWOT Ambiente Interno X Externo 276
Fig. 9 Matriz BCG Quota de Mercado da Firma X Participao
Relativa de Mercado
277
Fig. 10 Matriz BCG Taxa de Crescimento da Indstria X Quota de
Mercado
278
Fig. 11 Matriz GE/Makinsey - Posicionamento Competitivo X
Atratividade da Indstria
280
Fig. 12 Matriz General Eletric Atratividade de Mercado X Posio
Estratgica
281
Fig. 13
Fig. 14
Fig. 15
Fig. 16
Mapa de Distribuio dos ndices da Economia do Conhecimento
Fluxograma dos Fluxos Econmico-financeiros Real e Nominal
Diagrama de Converso e Relatividade da Cincia em
Tecnocincia
Diagrama do Capita Relacional
282
287
303
314
Fig. 17 Mapa do Capital Ambiental 320
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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INTRODUO
Mesmo considerando a indstria de petrleo um ramo da economia mundial j com
elevada idade de maturao, no entanto, empresas como a PETROBRAS podem ser hoje
definidas, como redes de inteligncias, diferentemente da proliferao de firmas ou fbricas
descartveis, as quais, em conjunturas emergentes, sem grandes exigncias de economias de
escala ou de acesso a grandes volumes de capitais e tecnologias avanadas, auferem lucros
elevados a partir da produo em massa de muitos bens e servios que no exigem
complexidade.
Ao contrrio, a PETROBRAS, pela natureza da prpria indstria petrolfera
mundial, no poderia ser lucrativa sem o desenvolvimento de um conjunto de
conhecimentos, saberes e competncias-chave, tecnologias avanadas e aplicao de
grandes volumes de capitais financeiros para as suas operaes no Brasil e no exterior. O
seu desempenho e sucesso foram, portanto, frutos de um Capital Cultural inicial que
permitiu a absoro de novos conhecimentos reprodutveis e a produo de novos saberes-
de e saberes-para, os quais, nesta tese, apresentamos como Capital Intelectual ou a massa
crtica que pesquisa, projeta, planeja, especifica, negocia, equaciona, resolve problemas,
conflitos e falhas, decide e ajusta uma diversidade de operaes complexas que envolvem
elevados riscos financeiros, ambientais e elevado grau de inteligncia econmica para
materializar conhecimentos em resultados. Entrementes, vamos observar que o
desenvolvimento da massa crtica pensante, na PETROBRAS, uma estratgia que obedece
a uma poltica, que, por sua vez, norteia a aquisio de Capital Intelectual e a projeo de
competncias que se renovam e se relativizam em funo das trajetrias tecnolgicas e do
seu paradigma ora em curso.
Com efeito, pode-se falar na existncia de um sistema de inteligncia educacional
na PETROBRAS cujo objetivo produzir e harmonizar os saberes e capacidades especficas
ajustando-os em funo dos desafios operacionais da empresa. Tal sistema tem ganhado
corpo ao longo da histria da Organizao, tornando pertinentes os investimentos crescentes
na gerao de mais Capital Intelectual, de mais inteligncia econmica, de mais Capital
Cultural e, de mais inteligncia poltica, portanto, de mais massa crtica multi e intercultural,
que assumem grande relevncia na PETROBRAS na medida em que respondem pela
dinmica de um bem articulado paradigma de desenvolvimento, aplicao e gesto do seu
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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Capital Intelectual, gerando valor para a Companhia, e, com isso, substanciais economias de
divisas para o pas.
No h como negar que, diante dos seus enormes e permanentes desafios, ao longo
de sua histria, o seu sucesso contribuiu para a modelagem e produo de inovaes
cientficas e tecnolgicas do parque industrial e universitrio ligados indstria petrolfera
nacional. E por tudo que tem proporcionado sociedade brasileira, a sua imagem
empresarial vista com bons olhos pelos seus Stakeholders, parceiros e mesmo pelos seus
concorrentes. Todo o sucesso e desempenho da Organizao PETROBRAS so frutos, em
outras palavras, da aprendizagem organizacional, aquisio e processamento de informao,
saberes e inteligncias compartilhados para toda a sua equipe pelos seus clusters ou arranjos
instrutivos que compem a escola PETROBRAS. Entretanto, muito embora o sistema
educacional da PETROBRAS, em prtica pela sua Universidade, responda pelo seu sucesso
empresarial, com resultados positivos para a corporao e para a sociedade brasileira,
todavia, vamos verificar, ao longo, desta tese, que o Capital Intelectual, produzido e
utilizado pela PETROBRAS, vai apresentar-se relativamente bicfalo.
Ainda que seja uma empresa consciente da enorme dimenso dos seus ativos de
conhecimento e da sua Responsabilidade Social Empresarial; conquanto seja, hoje, uma das
empresas classificadas entre as supermajors do setor petrolfico mundial e, mesmo
apresentando desde a sua criao bons e excelentes resultados sociedade brasileira, no
entanto, a origem dual do seu Capital Intelectual, o seu uso, utilidade, aplicao e gesto
parecem constituir uma problemtica e ao mesmo tempo um desafio ao prprio Capital
Intelectual da Organizao.
Portanto, julgamos ser de altssima relevncia esse desafio, e para mapear o Capital
Intelectual da PETROBRAS, onde se encontra e se oculta, e demonstrar o seu relativismo,
como produzido, produo prpria, produo de terceiros, sua aquisio, aplicao e o seu
valor intrnseco e como gestionado, estruturamos esta tese, basicamente, em duas partes,
volumes I e II
A primeira parte, volume I, alonga-se abrangendo trs Captulos e a segunda parte,
volume II, apresenta outros trs Captulos e seus adendos. Deste modo, no volume I, os
Captulos I, II e III apresentam um construto filosfico-histrico a partir do esboo de uma
Teoria do Conhecimento como ponte para a Teoria do Capital Humano e a do Capital
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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Intelectual, convertidas em uma s Teoria a do Capital Intelectual. Pretendem sistematizar
os conceitos fundamentais como Gnosis e Epistme com foco, no Capitulo I, nas
Gnosiologias de Plato, Aristteles, nos saberes da Arqueologia Foucaultiana, saberes
noticos e cibernticos, e no Capitulo II nos focamos nas Gnosiologias modernas da Teoria
do Conhecimento e suas imbricaes com a doutrina do Ceticismo, notadamente a partir do
racionalismo cartesiano, o empirismo de Locke e Hume, Gnosiologia de Leibniz, o
Criticismo Kantiano e a Nova Dialtica de Hegel como ante-salas para a Epistemologia
Marxista, o Pluralismo Epistmico de Duhen, Popper, Bachelard, Lakatos, Morin, Kuhn,
Feyerabend e Souza Santos. Ao final, apresenta-se a concluso de cada Captulo.
O Terceiro Captulo pretende apresentar uma nova Taxonomia do Capital
Intelectual e sua Evoluo e os primeiros aspectos econmicos relativos ao interesse do
mercado e das Organizaes em relao Teoria do Capita Intelectual e Humano. Ao final
apresenta-se a concluso do referido Captulo. Seguem-se as referncias bibliogrficas dos
trs primeiros captulos do volume I.
O volume II, divide-se em outros trs Captulos (IV, V e VI). Comea com o
Captulo IV, primeiro da segunda parte, que apresenta os fundamentos econmicos da
Organizao ILCK Inclined To Learning and Criate of Knowledge, e um Modelo Macro-
Dinmico baseado no Paradigma Path-Dependence como referncia para a escolha dos
saberes e caminhos tecnolgicos, isto , do capital e trajetria tecnolgicas de uma
Organizao ILCK, as implicaes tericas, polticas, aplicabilidade do referido paradigma
e da prpria Teoria do Capital Intelectual referendada pela sociedade do conhecimento e
seus indicadores internacionais. Ao final apresenta-se a concluso do Captulo.
O Captulo V de natureza essencialmente teleolgica, finalstica, basicamente um
espelho dos Capitulos II, III da primeira parte e do IV da segunda parte e pretende
apresentar o estudo dos objetivos da tese propriamente ditos, relacionados ao Capital
Intelectual e sua relatividade na PETROBRAS, o seu historial numa espcie de radiografia
da Organizao: uma exposio das trajetrias tecnolgicas associadas s fases do setor
petrleo no Brasil, desde os antecedentes histricos criao da Companhia at a fase atual
do Pr-Sal e seus correspondentes paradigmas legais de regulao do mercado e o
paradigma cientfico das Redes Temticas como o novo marco referencial para a inovao e
desenvolvimento do setor petrleo no Brasil. Ao final apresenta-se a concluso de cada
Captulo.
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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O Sexto Captulo apresenta as configuraes metodolgicas de anlise do Capital
Intelectual, premissas adotadas, a consecuo dos objetivos, anlise dos dados, validao
das hipteses e projeta uma Agenda de Pesquisa com um novo quadro de referncia para o
estudo do Capital Intelectual das Organizaes, e apresenta a concluso do referido
Captulo. Finalmente seguem a Concluso da Tese, as Referncias Bibliogrficas e os
adendos (Anexos e Apndices com algumas anotaes algbricas).
Estudos economtricos, cada vez mais avanados, buscam, atualmente,
compreender possveis interrelaes entre um conjunto de fatores como as habilidades
individuais, as condies scio-econmicas das famlias e a considervel influncia que
exercem sobre os rendimentos ou a produtividade social do trabalho no mundo empresarial
ou no contexto do rendimento educacional. Percebe-se que, luz de Bourdieu (2002), tal
influncia, quer seja no mbito acadmico ou no mundo das grandes corporaes
empresariais, reflexo do habitus, do Capital Cultural familiar, Organizacional,
Intercultural e, portanto, do Capital Intelectual ou, tambm, em outras palavras, do chamado
prmio-educao (Ueda e Hoffmann, 2002).
As dificuldades em sistematizar, especificar e mensurar o Capital Intelectual e suas
ramificaes, Capital Humano, Capital Cultural, etc., e outras variveis, ou as suas omisses
nos modelos economtricos, representam um vis estimativa dos seus efeitos nas
Organizaes e na Economia como um todo e, portanto, quase sempre, implicam obteno
de inferncias no generalizveis. Assim, optamos por uma Metodologia Qualiquanti com
nfase para um modelo descritivo, validado por tcnicas como a entrevista semi-estruturada
e pela anlise documental, no para demonstrar os rendimentos do trabalho intelectual em
termos salariais ou em termos da produtividade social do trabalho especificamente de uma
escola ou grupo de escolas do ensino fundamental ou acadmico, mas, sim, para demonstrar
a relatividade do Capital Intelectual em seus efeitos nos resultados operacionais da
PETROBRAS, a qual, no fundo, no deixa de ser uma escola que desenvolve e aplica o seu
prprio Capital Intelectual. A dimenso quantitativa desta tese no necessariamente se
caracteriza pelo uso da econometria em termos de inferncias sobre o valor do Capital
Intelectual, mas em termos de sua aferio contabilstica, enquanto a dimenso qualitativa
caracterizada pela relatividade do Capital Intelectual e seu desenvolvimento na referida
Organizao.
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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PRIMEIRA PARTE.
Captulo I
CONSTRUTO TERICO. ABORDAGEM FILOSFICO-HISTRICA
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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1. DA TEORIA DO CONHECIMENTO AO CAPITAL INTELECTUAL:
SISTEMATIZAO DOS CONCEITOS FUNDAMENTAIS.
Este primeiro Captulo desta primeira parte pretende delinear um esboo da Teoria
do Conhecimento e sistematizar os conceitos fundamentais da Teoria do Capital Intelectual
(TCI) que acolhe a Teoria do Capital Humano (TCH) para compor uma s Teoria luz da
Filosofia do Conhecimento, segundo uma abordagem predominantemente de carter
histrico-filosfico. uma investigao que reconhece e parte dos mais relevantes
contributos tericos acerca do Conhecimento, buscando integr-los nos seus aspectos
essenciais de tal forma que se complementem para os fins desta tese sem a pretenso de
subscrever uma Teoria do Conhecimento.
A maioria dos estudos anteriores sobre o Capital Intelectual no leva em conta a
origem do conhecimento e seus aspectos filosficos que formam a Teoria do Conhecimento.
Assim, a presente investigao pretende aprofundar estes aspectos e considera o Capital
Intelectual como um capital mais amplo um edifcio que comporta uma variedade de
estruturas, visveis acima do solo e invisveis abaixo, mas no necessariamente intangveis
como as razes de uma frondosa rvore, consideradas em parte intangveis, em parte
goodwill pelos grandes cones do Capital Intelectual, mas que, em realidade, a rvore suas
razes, tronco, ramos, folhas e frutos so tangveis enquanto a sua fora ou energia vital, em
princpio, apresenta-se invisvel, semelhana das redes virtuais que alimentam as
Organizaes empresariais com informaes as quais compem o conhecimento, o Capital
Intelectual, e, portanto, a energia vital de que necessitam para o alcance dos seus objetivos
operacionas. Logo, a rvore, a empresa, que d frutos tangveis, depende de uma ampla
variedade de conhecimentos e saberes, em tese, intangveis, cuja acumulao resulta em
Capital Intelectual e sua transformao em resultados em termos de valor para as
Organizaes Empresariais. Este capital composto por uma ampla rede de capitais-
sementes frutos de Filosofias e da mescla de doutrinas metafisicas, metodologias e
processos cientficos empricos que evoluram ao longo da histria e podem abranger desde:
1. A iniciao sabedoria que vai das Cincias Hermticas (De Hermes Trismegisto ao
seu filho Tat, tradio pr-socrtica e socrtica [470-399 a.C] da maiutica). A
Filosofia de Plato (427 - 347 a.C) e o seu Corpus Hermeticum, o seu idealismo e a
sua inclinao para a tradio Pitagrica dominada por temas como a harmonia
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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matemtica, a doutrina dos nmeros, o pentagrama e o dualismo csmico essencial,
fundada a partir do matemtico grego Pitgoras (571- 496 a.C) que foi iniciado na
matemtica pela profetisa Themistocla. A Escola Peripattica de Aristteles (384-
322 a.C) e seu mtodo indutivo-dedutivo. Os modelos cosmolgicos e as ideias do
geocentrismo, heliocentrismo at a salvao das aparncias mediante a sobreposio
de relaes matemticas aos fenmenos observados;
2. O atomismo de Leucipo (500 a. C) e seu discpulo Demcrito (460 a 370 a.C), os
quais incluram na teoria atomista o no-ser atravs do conceito de vazio. O
nominalismo e a navalha de Ockham (1280-1349) o qual defendeu a posio
nominalista de que os universais tm valores objetivos, s e apenas, enquanto estes
estiverem presentes na mente. O empirismo e a Cincia experimental de Roger
Bacon (1214-1292). A Cincia e o Novum Organum antiaristotlico de Francis
Bacon (1561-1626). O racionalismo de Descartes (1596-1650) e a sua defesa das
ideias inatas e dos princpios metafsicos;
3. O indutivismo-dedutivismo de Galileu (1564-1642) caracterizado pelo seu ideal
arquimediano-platnico e a separao entre o real e o fenomenolgico e sua
refutao parcial ao mundo aristotlico sancionado pela Igreja, segundo a qual o
reino celestial imutvel e a Terra o centro de todo o movimento. No seu Dilogos
sobre as Duas Novas Cincias o fsico e matemtico italiano Galileu demonstrou a
inadequao da fsica aristotlica e destruiu a Teoria do Geocentrismo;
4. O empirismo de Locke (1632-1704) e a sua crtica severa ao inatismo, tese defendida
no seu ensaio sobre o entendimento humano segundo o qual a fora propulsora do
conhecimento a experincia;
5. O mtodo axiomtico e de anlise de Newton (1642-1727) para o qual se a natureza
tem suas leis, ento podemos descobr-las. A sua fsica essencialmente mecanicista-
empirista reafirma a teoria do mtodo cientfico indutivo-dedutivo de Aristteles
como metodologia de anlise e de sntese e se ope ao cartesianismo e a todos os
seguidores do racionalismo;
6. A gnosiologia e a monadologia de Leibniz (1646-1716) e a sua teoria da existncia
de um reino metafsico para sugerir, ante os fenmenos observados, relaes
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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dedutiveis entre os domnios fsicos e extrafsicos, tangvel e intangvel, e, portanto,
entre empiria e Metafsica e vice-versa. Fundamenta-se na teoria das sries infinitas,
no principio da razo-suficiente e no clculo infinitesimal ou diferencial,
extrapolando-os para princpios metafsicos. Leibniz refuta o empirismo de Locke e,
tambm, em parte, o racionalismo de Descartes e as regras do impacto entre corpos
aplicando o princpio da continuidade. Suas concepes, muito frente do seu
tempo, vo fundamentar a teoria da relatividade de Einstein e a mecnica e fsica
qunticas de Max Planck;
7. O indutivismo e o ceticismo de Hume (1711-1776), o qual retomando Aristteles e a
viso segundo a qual no h nada no intelecto que no passe primeiro pelos sentidos,
se contrape ao inatismo assumido por Descartes, ao sustentar que a nica fonte do
conhecimento so as impresses sensoriais. O ceticismo de Hume e a sua teoria da
subdiviso do conhecimento refutam e corrigem Locke negando a possibilidade de
um conhecimento necessrio da natureza. Todavia, quer Locke quer Hume se opem
ao racionalismo de Descartes que defendeu um conhecimento absoluto (metafsico)
da natureza (Ideia de Mundo);
8. O criticismo de Kant (1724-1804) e a sua teoria do conhecimento fundada na critica
da razo pura, informam que os sentidos ou as sensaes absorvem da experincia
dados que a razo elabora, organiza e operacionaliza. Suas crticas fundamentam-se
em uma concepo esttica da razo como ordenadora de um contudo que nasce
com a experincia. Formulou tambm a Crtica do Juzo que no trabalha a questo
do conhecimento, mas a questo esttica, e organizou a Crtica da Razo Prtica que
trabalha as questes ticas. Kant ao fixar o conceito de experincia possvel, contida
nos limites da capacidade humana, por esse meio, tornou-se um critico do sistema
Wolf-Leibniz que denominou de metafsica dogmtica ou sono do qual despertou,
ao partir da premissa estabelecida por Hume, segundo a qual o nosso conhecimento
no passa de simples sensao e rigorosamente emprico, sensvel, cujos elementos
primeiros so as impresses, os fatos e as ideias, sendo, porm essencial separar o
que real, expresso pela substancia, do que intangvel, expresso pelo fenmeno
subjacente ideia de substncia como o seu suporte numa perspectiva transcendente;
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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9. A fenomenologia e lgica de Hegel (1770-1831), as quais, partindo da dialtica de
Herclito (540-470 a.C o filsofo do fogo) parecem ultrapassar a Teoria do
Conhecimento de seus predecessores ao admitir que o mundo, em sua essncia,
uma unidade entre opostos, entre finito e infinito. Em Hegel, percebem-se as
sementes do materialismo histrico as quais vo influenciar Karl Marx e seguidores
na ideia de transformao do ideal em real e na defesa da unidade entre o
pensamento e o ser, entre o sujeito e o objeto, entre a essncia e a aparncia, entre o
contedo e a forma, entre subjetivo e objetivo. Hegel e a sua dialtica marcaram a
sua poca ao mudar o destino das ideias e doutrinas na modernidade, influenciando o
determinismo e o materialismo histrico e dialtico, os manuscritos econmico-
filosficos, o capital e a economia poltica de Karl Marx, o materialismo e
empiriocritcismo de Lnin, histria e conscincia de classe de Lukcs e a daltica da
natureza de Engels;
10. Eduard Norton Lorenz (1917-2008) e o caos determinstico cujas leis passaram a
inspirar as novas tcnicas experimentais, a matemtica do caos e dos processos
estocsticos que possibilitam a extrao da ordem a partir do caos e o caos a partir
da ordem e onde a ordem no sinnima de lei, nem a desordem a ausncia de lei,
nem a natureza no ordem nem caos, mas ordem e caos;
11. O incompletacionismo ou incompletude de Kurt Friedrich Gdel (1906-1978)
demarcado pelos seus teoremas da incompletude que provam que num sistema
lgico formal existem assertivas verdadeiras que no podem ser provadas ou que no
existem sistemas formais completos. Em outras palavras, dentro de um sistema de
lgica formal e de primeira ordem existem teoremas que so indecidveis. A partir
de Gdel a prpria matemtica e qualquer sistema formal so incompletos e
incompletveis. E ainda que se importem elementos externos para complet-los
sempre haver proposies que no podero ser provadas ou negadas com os
elementos disponveis para o sistema aprimorado: um aparente paradoxo como o
paradoxo do mentiroso de Eublides, o paradoxo de Russel e o da mquina de
Turing.
12. O cognitivismo que remonta aos debates dos filsofos gregos sobre a natureza da
mente humana, e que renasce com o conceito de Epignese atribudo a Piaget
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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segundo o qual "o conhecimento no procede nem da experincia nica dos objetos
nem de uma programao inata pr-formada no sujeito, mas de construes
sucessivas com elaboraes constantes de estruturas novas" (Piaget, 1978, p6;
p.34)1. Entretanto, as obras verdadeiramente imortais do cognitivismo remontam ao
Fdon de Plato e a De Anima (isto , da alma) de Aristteles, as Confisses de
Santo Agostinho (354-430 d.C), e a Summa Teolgica de So Toms de Aquino
(1225-1274).
Entretanto, o quadro moderno de referncia da Teoria do Cognitivismo ganha os
seus contornos mais ntidos com o racionalismo-empirismo-idealismo e a Metafsica
subjacentes ao pensamento de Ren Descartes, John Locke, Leibniz e Kant a partir do
sculo XVI ao atual. Culmina com o Behaviorismo radical (Skinner) e filosfico (Ryle e
Wittgenstein) e passa pela Filosofia da Linguagem e por teorias como a recursividade
(Noam Chomsky, Ferdinand de Saussure, Charles Sanders Peirce, John Searle, Vico e
Foucault).
Atualmente o cognitivismo se concretiza com os avanos da Inteligncia Artificial,
as Neurocincias, a PNL Programao Neurolingustica, Semitica, Filosofia e Psicologia
Cognitiva. Tais campos se mesclam com a abordagem relativa aos novos Fundamentos da
Aritmtica de Frege e os estudos desenvolvidos ao nvel da lgica e da matemtica por
grandes investigadores matemticos (Hilbert, Peano, Bertrand Russel, Dedekind, Carnap,
Alan Turing, Von Neumann). Passa pela Psicologia de Lashley Neurofisiologia de
McCulloch e Pitts, Teoria da Informao de Shannon e Wiener, que criaram o contexto
adequado ao desenvolvimento da Ciberntica e das Cincias Cognitivas.
A partir dos anos 80 do Sculo passado desenvolve-se uma abordagem alternativa
ao cognitivismo, denominada conexionismo, um novo modelo que retoma as ideias de
McCulloch e Pitts sobre as redes neuronais, privilegiando o estudo do crebro como modelo
dominante nas Cincias Cognitivas a partir de uma modelagem bottom-up, contrria ao
cognitivismo, mas que procura a partir da anlise dos neurnios compreender as nossas
capacidades mentais mais elevadas como a capacidade de pensar e solucionar problemas.
1 A Teoria da Epignese deve-se originalmente a Aristteles (384-322 A.C) o qual props que o processo de formao do embrio humano ocorre progressivamente a partir de estruturas novas (construtivismo).
Marival M dos Santos. O Desenvolvimento do Capital Intelectual e sua Relatividade na Alavancagem da Atividade Fim da PETROBRAS.
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Como se pode observar, a Teoria do Conhecimento apresenta variadas cadeias do
pensamento sob a gide de uma mente extrafsica, esta sim, difcil de ser pesada, medida e
contada, mas que se realiza no homem desde quando adquiriu a razo. Assim, delinearemos,
a seguir, um pequeno esboo dos conhecimentos que formam a base da Teoria do Capital
Intelectual, mas que, em geral, so desprezados ou negligenciados pela maioria dos seus
tericos.
1.1. Da Gnosis Epistme.
Iniciamos a nossa abordagem observando que, de acordo com Fatainin (2011), o
estatuto e a validade do conhecimento cientfico evoluiram desde a fase em que a Cincia
era subordinada Filosofia, mais do que subordinada, a Cincia fazia parte da Filosofia,
dado que as diversas Cincias no tinham adquirido a sua autonomia. A Filosofia era a
Cincia da totalidade, entendida como a Cincia das Cincias, at separao da Cincia da
Filosofia a partir da idade moderna aos nossos dias, onde, execeo do racionalismo
cartesiano, o positivismo e o empirismo lockeano passaram a valorizar a observao direta,
a experimentao e a tcnica, para a produo do conhecimento atravs de processos
dedutivos empricos, porm a observao direta no se aplica ao racionalismo de Descartes,
uma vez que ele afirmou no Discurso do Mtodo que a experincia nos engana e, por isso,
no podemos confiar naquilo que os rgos sensoriais nos transmitem. O que h em
Descartes uma absoluta confiana na Razo e uma desvalorizao da experincia.
Contudo, segundo consenso entre os mais conceituados epistemologistas, nas ltimas sete
dcadas, os fundamentos do conhecimento cientfico foram abalados pelos mitos
produzidos: mito da cientificidade, mito da tecnocracia, racionalidade cientfica, econmica
e o mito da ordem e progresso, a paz perptua, segundo os quais s a Cincia e a Tcnico-
Cincia, como produtos do absolutismo cientfico, poderiam conduzir a humanidade a um
estado superior de perfeio. Resumo da pera: das promessas no cumpridas surge a
constante quebra de paradigmas atravs de novos fundamentos onde as certezas absolutas
cedem lugar a incertezas, s probabilidades e, portanto, ao mundo da complexidade e do
pluralismo metodolgico.
So mltiplos os domnios tericos sobre a Filosofia do Conhecimento e no
objetivo desta tese exauri-los, mas, sincronizar os seus principais conceitos convergentes,
numa longa caminhada scio-histrica-ontolgica, at os primeiros escritos econmicos
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sobre o Capital Intelectual, cujos desdobramentos (Capital Humano, Social, Cultural,
Organizativo, etc..,) apresentam desenvolvimentos tericos tambm com interfaces em
diversos campos disciplinares da Teoria do Conhecimento e do Pensamento Econmico e
Filosfico
A palavra Gnose, feminino grego, vem do verbo gignsko, que significa conhecer.
Trata-se de conhecimento superior, interno, espiritual, inicitico e Universal. No grego
clssico seu significado (koin) semelhante ao da palavra epistme.
Filosoficamente, epistme significa conhecimento intelectual e cientfico, em
oposio doxa ou "opinio", enquanto gnosis significa conhecimento intuitivo, em
oposio "ignorncia", chamada de gnoia. Deste modo, o termo Gnosis a sntese entre
os conhecimentos exotricos e esotricos, isto , conhecimento para os no-iniciados e
iniciados2, respectivamente. O termo agnstico vem da mesma raiz grega Gnosis, e significa
sem conhecimento, j que o prefixo (a) simboliza ausncia, inexistncia.
A palavra Gnosiologia foi utilizada, pela primeira vez, no sculo XVII por Valentin
Fromme [1601-1675] em sua Gnosteologia de 1631, dado que o ser humano apresenta,
essencialmente, um esprito pleno de indagaes profundas no resolvidas. Segundo Paulo
Faitanin:
Gnosiologia o ttulo mais conveniente para nomear o conjunto de questes relativas ao
conhecimento. Posteriormente, outros textos o tomariam para designar a Teoria do
Conhecimento. Por Teoria do Conhecimento entende-se a anlise reflexiva do ato ou da
faculdade de conhecer. A inteligncia humana est, em sua base, orientada para a
verdade; mas por ser limitada em algumas ocasies por uma m disposio moral do
sujeito, o erro pode chegar a afetar os primeiros princpios do conhecimento. Da ser a
Gnosiologia disciplina fundamental para o resgate metafsico da verdade. No sem
razo, a Gnosiologia denominada Metafsica da verdade ou do conhecimento.
Gnosiologia cabe estudar o ente enquanto se d na mente humana pelo conhecimento,
ou seja, enquanto verdadeiro. Por essa razo, no constitui um estudo particular sobre o
conhecimento, mas uma investigao propriamente Metafsica. Portanto, a Gnosiologia
deve ser considerada - ao lado da Ontologia e da Teodicia - uma das mais importantes
reas da Metafsica: a teoria Metafsica do Conhecimento (Faitanin, 2011, p.1)3.
2 Nas Universidades de Princeton, New Gersey, Yale, Columbia, Harvard (EUA), homens como Einstein,
Huberto Rohden e outros iniciados nos mistrios gnoseolsticos deixaram muitos conhecimentos gnosiolgicos
transcendentais, os quais, muitas vezes, filtrados pelas escolas e Universidades antropocntricas, ficaram, por
muito tempo, escondidos da humanidade por razes bvias. No obstante, estes conhecimentos foram
difundidos atravs de seus discpulos e hoje ainda podem ser vistos, por exemplo, no livro A Gnose de
Princeton, de Ruyer Raymond, que foi publicado pela Ed. Pensamento. Tambm nos EUA, existiu um grupo
social, Comunidade de Oneida, que ousou colocar os ensinamentos gnsticos em prtica, tendo alcanado
resultados cientficos extraordinrios.
3 Fonte: http://www.aquinate.net/portal/Tomismo/Filosofia/a-gnosiologia-tomista.php, Acesso, 16.11.2011.
http://www.aquinate.net/portal/Tomismo/Filosofia/a-gnosiologia-tomista.php
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No obstante os avanos da Gnosiologia, observa-se que permanece, para a Cincia
e a Filosofia da Cincia, o problema perene sobre o que somos o que conhecemos e
aprendemos. O que somos uma problema de natureza Metafsica e Ontolgica que se volta
para o conhecimento do Ser, no-Ser, objeto, e de todas as coisas e ideias que se
encontram fora ou alm da fsica, enquanto a Gnosiologia se encarrega de esclarecer o que
conhecemos, ou se o que foi conhecido conhecimento certo, evidente, justificado e aceito
pela comunidade cientfica.
Assim, na medida em que a Ontologia se volta para o Ser, no-Ser, e a
Gnosiologia para a validade do conhecimento em funo do sujeito cognoscente, pode-se
afirmar que a Ontognosiologia trata do conhecimento do Ser e do no-Ser e da veracidade
e limites do conhecimento.
Do ponto de vista gnosiolgico, no to simples, assim, como pode parecer,
conceituar e caracterizar o conhecimento. Para Plato, o "conhecimento a crena
verdadeiramente justificada"(Plato, Fdon, 1979, p.67; p.88; Teeteto, p.65; p.210a-b).
Segundo Nonaka & Takeuchi (2011, p.35)4, o conhecimento um processo
humano/social dinmico de justificao da crena pessoal em relao verdade".
Do nosso ponto de vista filosfico, entre tantos pontos e concepes de inmeros
autores sobre as categorias do conhecimento esboadas pela Filosofia do Conhecimento,
Epistemologia5 ou Filosofia da Cincia, o conhecimento, em geral, que obtemos,
iluminao. algo tal como uma luz que permeia o mundo cognoscvel e o incognoscvel e
se materializa ou no na forma de objetos utis vida humana. a luz que se obtm de uma
fonte intangvel, transforma-se em Cincia e em Tcnico-Cincia e destas nascem o
aparelho produtivo, tangvel, para os fins utilitaristas e de satisfao das necessidades
humanas. Portanto, a anlise do conhecimento nos conduz s questes de como gerado ou
4 Ver tambm Nonaka e Takeuchi (2008, p.58).
5 Talvez, por causa da forte e recente influncia das filosofias americana e britnica, tenha-se adotado a verso
portuguesa do termo ingls epistemology (epistemologia) para designar a 'teoria do conhecimento'. Contudo, o
uso deste termo, em lngua portuguesa, se presta a equvocos, porque designa antes a 'Teoria da Cincia' que a
'Teoria do Conhecimento' (Faitanin, 2011, pp.11-36) disponvel para consulta em: http://www.institutosapientia.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=1337:a-
gnosiologia-tomista&catid=115:tomismo&Itemid=472) http://www.aquinate.net/portal/Tomismo/Filosofia/a-
gnosiologia-tomista.php (Acesso em 16.11.2011).
http://www.institutosapientia.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=1337:a-gnosiologia-tomista&catid=115:tomismo&Itemid=472http://www.institutosapientia.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=1337:a-gnosiologia-tomista&catid=115:tomismo&Itemid=472http://www.aquinate.net/portal/Tomismo/Filosofia/a-gnosiologia-tomista.phphttp://www.aquinate.net/portal/Tomismo/Filosofia/a-gnosiologia-tomista.php
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produzido, de onde vm, quais as suas origens, a sua fonte, natureza, e por quais faculdades
podemos obt-lo, a fim de design-lo como conhecimento certo, evidente e aceito pela
Comunidade Cientfica.
No mbito da Sociologia de Bourdieu, entende-se o conhecimento como o Capital
Cultural e Capital Cientfico resultantes do habitus e, na sua Sociologia Politica, o
conhecimento est relacionado ao Capital Simblico e a um jogo de dominao (Capital
Poltico) e reproduo de valores e usos sociais da Cincia (Bourdieu, 1996, p. 41), ou,
de outro modo, entende-se o conhecimento, sociologicamente, como um construto social
segundo (Berger e Luckmann, 1973, p. 29).
Para Davenport & Prusak (1998, p.6):
O conhecimento uma mistura fluda de experincia condensada, valores,
informao contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura
para a avaliao e incorporao de novas experincias e informaes. O
conhecimento existe dentro das pessoas, faz parte da complexidade e
imprevisibilidades humanas. Assim, o conhecimento pode ser comparado a um
sistema vivo, que cresce e se modifica medida que interage com o meio-ambiente.
Segundo Sveiby (1998, p.43), o conhecimento como "uma capacidade de agir"
(...) uma Competncia (o poder) que uma Organizao tem para agir em relao a outras
Organizaes
Dado alta relevncia atualmente atribuda ao conhecimento no mundo das
Organizaes empresariais, enumeramos abaixo algumas de suas caractersticas essenciais,
atribudas pela literatura especializada:
I. Intangibilidade. Conquanto seja um bem intangvel, o conhecimento ,
atualmente, o diferencial competitivo das Organizaes e no sendo utilizado a
Organizao corre riscos de entropia6;
6 O conceito de entropia foi introduzido na Cincia h mais de 150 anos, mas somente a partir de meados do Sculo XX que difundiram-se suas aplicaes por diversas reas do conhecimento. Na raiz deste movimento,
estiveram os trabalhos de Shannon (1948) que introduziu um conceito de entropia em Teoria da Informao e
uma medida para quantific-la, alm dos estudos de Jaynes (1957a,b) e Kullback (1959), que propuseram
princpios de otimizao da entropia segundo formulaes distintas. Atualmente, diferentes reas, como
termodinmica, probabilidade, estatstica, pesquisa operacional, reconhecimento de padres, economia,
finanas, marketing, planejamento urbano e de transportes, dentre outras, vm usando e desenvolvendo
princpios de otimizao da entropia (para diversos exemplos de aplicao em vrias reas, ver as obras de
Kapur & Kesavan, 1992; Golan Judge & Miller, 1996; e Fang, Rajasekera & Tsao, 1997) ( Mattos,2002, p.2,
Pesqui. Oper. vol.22 no.1, Rio de Janeiro Jan./June 2002, Scielo Brasil).
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II. Inesgotabilidade. Quanto mais utilizado tanto maior a necessidade de adquiri-lo
e nunca se esgota: inexaurvel. E por ser abundante contraria os preceitos da
economia tradicional segundo a qual o valor de um bem deriva da sua escassez;
III. Indeletabilidade. Impossivel, em tese, de ser roubado ou copiado por qualquer
outra pessoa. Entretanto seu uso pode e convm que seja compartilhado de forma
ilimitada, sem nenhum prejuzo para quem o compartilhe;
IV. Indepreciabilidade. Por se diferenciar dos bens tangveis, no se deprecia com o
uso.
Por sua vez, o termo Epistemologia, enquanto Teoria da Cincia, melhor designa o
estudo a posteriori dos conceitos, mtodos, princpios e hipteses das Cincias e, at
mesmo, o estudo do seu desenvolvimento real e histrico, do que a anlise crtica do ato e
da faculdade de conhecer, em si mesmos. A origem da epistemologia est em Plato que
diferenciava a crena ou opinio ("", em grego) do conhecimento. A crena, em geral,
entendida sob a tica subjetivista, enquanto o conhecimento, em Plato, entendido como
crena verdadeira e justificada7. s vezes, a Epistemologia confundida como Gnosis
(Gnose) ou Gnoseologia, porm apresenta-se mais como um subconjunto desta. Para os
gnsticos, Gnose um conhecimento intrnseco essncia humana. um conhecimento
intuitivo. Portanto, para os no-intuicionistas um conhecimento diferente do conhecimento
cientfico ou racional. Em ltima instncia, por Epistemologia designa-se melhor o que se
entende por Filosofia da Cincia. A Epistemologia da Cincia, em sntese, trata da
justificao do conhecimento cientfico. Questiona se a teoria cientfica verdadeira ou no
(verificacionismo), ou, na linguagem popperiana, testa a falseabilidade.
Nesta perspectiva, ou seja, em relao validade e os limites do conhecimento,
que podemos demarcar a problemtica do desenvolvimento e a relatividade do Capital
Intelectual na PETROBRAS, enquanto firma aprendente e criadora de conhecimentos
aplicados na alavancagem e desenvolvimento do setor petrleo brasileiro, cujos
fundamentos no fogem regra da verdade cientfica e, portanto, considerao
epistemolgica envolvida.
7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Epistemologia- Acesso em 14.10.12
http://pt.wikipedia.org/wiki/Epistemologia-
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1.2. Da Cincia, do Saber e da Sabedoria: Gnosiologias de Plato e Aristteles.
O termo Cincia, no sentido lato, vem do latim scientia e significa conhecimento.
Strictu Sensu, Cincia conhecimento obtido atravs da pesquisa orientada por mtodos
cientficos, entendida como resultante do esforo humano para descobrir e aumentar o
conhecimento. Epistemologicamente, o esforo humano atravs da pesquisa cientfica,
experimental ou aplicada procura responder de que forma a realidade pode ser conhecida
tendo em conta qual a natureza da relao entre quem conhece (sujeito cognoscente) e o
que pode (objeto) ser conhecido (Hugues, 1983, pp.12-13; Laverty, 2003, p.8).
Ontologicamente, a Cincia um corpo de conhecimentos sistemticos obtidos
quando o pesquisador procura responder o que e como se comporta a realidade (Hughes,
1983, pp.12-13). Ou seja, qual a forma e a natureza da realidade e o que pode ser
conhecido sobre ela (Laverty, 2003, p.11).
As Cincias experimentais e aplicadas esto interligadas e voltam-se para
investigar fenmenos e solucionar problemas especficos da humanidade a partir dos saberes
tcnicos. A investigao dos fenmenos da natureza deve ser racional e tem por objetivo
descobrir a verdade e estabelecer leis gerais.
De acordo com Bombassaro (1992), o qual, semelhana de Foucault, define saber
como poder manusear, poder compreender, poder dispor. Em Bombassaro8 o saber est
vinculado ao mundo prtico.
A investigao do saber como conceito epistmico remete ao prtico, enquanto que
conhecer geralmente refere-se a algo com o qual temos uma experincia direta e at
pessoal, e, que a diferena especfica entre estas categorias reside no fato de que
conhecer parece indicar uma convivncia do falante com aquilo do qual se fala,
enquanto que o saber experincia indireta, pois possvel dizer que se sabe algo
acerca de algo ou algum sem que isto implique uma experincia direta com aquilo
do qual se fala (Bombassaro, 1992, p.21).
Na dcada de 1970, Peter Berger e Luckmann definiram o conhecimento como a
certeza de que os fenmenos so reais e possuem caractersticas especficas, isto ,
enquanto no ocorrem questionamentos, aceita-se a realidade como certa e o conhecimento
como verdade (Berger e Luckmann, 1973, p.17).
8 http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/2517/ser_conhecer_e_saber__principio_meio_e_fim_do_homem
Acesso em 15.10.12.
http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/2517/ser_conhecer_e_saber__principio_meio_e_fim_do_homem
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Definimos que conhecer saber o que e por que . E s se aprende o que e
sabe-se por que quem ser consciente e consciente de que ser consciente. No foi Plato
que disse a Scrates: Aprender no outra coisa seno recordar (...) e, por conseguinte,
sobre o ponto que segue estamos tambm de acordo Scrates: que o saber, se se vem a
produzir em certas circunstncias uma rememorao? (Plato, 1979, p.76). Para Plato
(...) aquilo que chamamos aprendizado rememorao? ( Plato, 2001, 81c9-d5, p.53).
Para Johann Goethe, saber instruir-se, pois Primeiro se instrui a si mesmo, depois comea
a instruo de fora. (Goethe, 1976, p. 89). Todavia, "S sabemos com exatido quando
sabemos pouco; medida que vamos adquirindo conhecimentos, instala-se a dvida"
(Goethe, 1976, p.85). Contudo, "a parte que ignoramos muito maior que tudo quanto
sabemos" (Plato, 2007, Alcibades I, pp.256-257, 117 d,e; Plato, 2001, 84b-c, pp.59-60 )9.
Segundo Plato (1979, p.79), O que chamamos de instruir-se no consistiria em reaver um
conhecimento que nos pertencia? E no teramos razo de dar a isso o nome de recodar-se?
(...) pois, ento, depois do nascimento, aqueles de quem dizemos que se instruem nada mais
fazem do que recordar-se; e, neste caso, a instruo seria uma reminiscncia.
Aristteles, referindo-se ideia de reminiscncia platnica ao discorrer sobre a
natureza do conhecimento particular e Universal e sobre o paradoxo erstico assim se
manifestou:
O argumento do Mnon, segundo o qual o conhecimento reminiscncia pode ser
objeto de uma crtica anloga, pois em caso algum descobrimos que detemos prvio
conhecimento do particular, mas descobrimos sim que na induo adquirimos
conhecimento de coisas particulares, como se fosse uma ao por reconhecimento,
pois h algumas coisas que conhecemos de imediato; por exemplo, se sabemos que
isto um tringulo, sabemos que a soma dos seus ngulos igual a dois ngulos
retos. Analogamente tambm, em todos os outros casos. De outro modo, estaremos
diante de um embarao alcanado no Mnon, no qual ou algum pode nada aprender
ou algum somente pode aprender o que j conhecido (Aristteles, 2005, p. 239;
p.252).
Discipulo do filsofo Scrates, Plato afirmou que h trs fontes de conhecimento:
1. Os cinco sentidos (tato, paladar, olfato, audio e viso) que o homem
compartilha com o reino animal;
2. A razo que distingue os homens dos animais;
9 Segundo Plato o conhecimento s pode ser recordao daquelas idias que desde a eternidade foram
gravadas em nossas almas. O conhecimento em Plato reconhecimento. importante atentarmos para a
importncia da concepo platnica de alma se quisermos compreender corretamente sua explicao sobre o
conhecimento (http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/id/31902424.html -Acesso, 12.10.12)
http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/id/31902424.html
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3. A terceira fonte Plato denominou de Divina loucura referindo-se ao mundo
espiritual da comunicao sobrenatural. Mais tarde seu mais notvel discipulo
Aristteles eliminou a terceira fonte, isto , a faculdade totalmente intuitiva
pela qual o homem recebe ou obtm a percepo divina.
Plato foi o primeiro pedagogo da histria no s por ter concebido um sistema
educacional para o seu tempo, mas, principalmente, por t-lo integrado a uma dimenso
tica e poltica. Segundo Plato, o conhecimento reconhecimento e resulta da educao,
compreendida como uma exigncia, segundo a qual, o mestre e o aprendiz devem aprender
a pensar sobre o prprio pensar. Como vimos, remonta ao filsofo Plato ideia segundo a
qual o conhecimento crena verdadeira justificada, o qual, em seu dilogo Teeteto X
Estrangeiro, identifica o conhecimento com a crena verdadeira acompanhada da razo, o
Logos10 (Plato, 2007, 210 a-b;Williams, 2001, pp.1-5; Chatelt, 1981, p.7011).
No Fdon, Plato ensina o que deve pensar um filsofo, se realmente filsofo,
pois nele h de existir a forte convico de que em parte alguma, a no ser num outro
mundo, poder encontrar a pura Sabedoria (...) e aquele que se irrita no momento de sua
transio desta dimenso para outra superior, no a sabedoria que algum ama, mas ao
corpo. Plato serve-se de um jogo de palavras: philosphos (o que ama a sabedoria),
philosmatos (o que ama o corpo), philokhrmatos (o que ama as riquezas) e philtimos (o
que ama as honrarias). Para Plato, o lugar onde o homem vive no outro seno o seu
corpo, uma espcie de priso onde nos encontramos sob a tutela da Divindade da qual
somos sua propriedade (Plato, 1979, pp.62-63), mas, que de algum modo, possvel
libertar o pensamento e alcanar a Sabedoria e o conhecimento (Plato, 1979, p.70, N.T). A
esse respeito, Plato afirmou que existe uma frmula que os adeptos dos mistrios usam-na,
referindo-se aos mistrios rficos, mencionados no Menn e aos mistrios de Elusis,
porque, para Plato, a morte, em relao aos prazeres do mundo, representa a libertao do
10 Logos o termo grego que significa "a Palavra, ou o verbo". Filsofos gregos (como Plato) mencionavam o Logos no s referindo-se palavra falada, mas tambm palavra no dita, a que ainda est na mente -- a
razo. Quando aplicada ao Universo, os gregos estavam falando sobre o princpio racional que governa todas
as coisas. Herclito usou pela primeira vez o termo Logos cerca de 600 a.C para designar o plano divino que coordena todo o Universo. Os judeus monotestas usavam o termo Logos para se referir a Deus, j que Ele era
a mente racional - a razo - por trs da criao e coordenao do Universo
(http://www.allaboutphilosophy.org/portuguese/platao-filosofo-grego.htm - Acesso em 15.12.12)
11 Segundo Chatelt, Ele prepara o caminho; ele pedagogo; ele toma pela mo o homem, mergulhando em
seus desejos e o conduz pacientemente, por uma crtica irnica, at a reflexo e independncia (Chatelt,
1981, p.70).
http://www.allaboutphilosophy.org/portuguese/platao-filosofo-grego.htm
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pensamento, tal como indagou: ter uma alma desligada e posta parte do corpo, no esse
o sentido exato da palavra morte? (Plato, 1979, p.69). Ouamos Plato no seu dilogo
(Scrates e Smias) que deixa bem claro que foi um dos iniciados na escola dos mistrios
rficos e sua preocupao a respeito do seu destino:
Na verdade, excelente Simias, talvez no seja em face da virtude um procedimento
correto trocar assim prazer por prazeres, sofrimentos por sofrimentos, um receio por
um receio, o maior pelo menor, tal como se tratasse duma simples troca de moedas.
Talvez, ao contrrio, exista aqui apenas uma moeda de real valor e em troca da qual
tudo o mais deva ser oferecido: a Sabedoria! Sim, talvez seja esse o preo que valem e
com que se compram e se vendem legitimamente todas essas coisas coragem,
temperana, justia a verdadeira virtude (arets), em suma acompanhada de Sabedoria. indiferente que a elas se acrescentem ou se tirem prazeres, temores e
tudo o mais que h de semelhante! Que tudo isso seja, doutra parte, isolado da
Sabedoria e convertido em objeto de trocas recprocas, talvez no passe de alucinao
uma tal virtude: virtude realmente servil, onde no h nada de so nem de verdadeiro!
Talvez, muito ao contrrio, a verdade nada mais seja do que uma certa purificao de
todas essas paixes e seja a temperana, a justia, a coragem; e o prprio pensamento
outra coisa no seja do que um meio de purificao. possvel que aqueles mesmos, a
quem devemos a instituio das iniciaes no deixem de ter o seu mrito, e que a
verdade j de muito tempo se encontre oculta sob aquela linhagem misteriosa. Todo
aquele que atinja o Hades como profano e sem ter sido iniciado ter como lugar de
destinao o Lodaal, enquanto aquele que houver sido purificado e iniciado morar,
uma vez l chegado, com os Deuses. que, como vs, segundo a expresso dos
iniciados nos mistrios: numerosos so os portadores de Tirso, mas poucos os
Bacantes12 (Plato, 1979, p.71, N.T).
Plato, no seu dilogo com Scrates e Cebes, deixou entrever a importncia da
frmula dos adeptos dos mistrios rficos quando afirma que o lugar onde ns homens,
vivemos, um priso corprea, e dever no libertar-se a si mesmo nem evadir-se,
frmula essa, sem dvida, que Plato exalta e que lhe parece to grandiosa quo pouco
transparente (Plato, 1979, p.63), ressaltando que por causa do corpo de quem somos
mseros escravos temos preguia de filosofar porque somos aturdidos pelas concupiscncias
da carne ou inversamente quando nos despreendemos de tais desejos materiais, da posse de
bens, das honrarias, etc, s ento que, segundo me parece (diz Plato), nos h de
pertencer aquilo de que nos declaramos amantes: a Sabedoria. Porm, Plato afirma que
nisto, provavelmente, que h de consistir a verdade. Mas adverte aos incautos que lcito
admitir que no seja permitido apossar-se do que puro, quando no se puro (Plato,
1979, p.68). E no seu dilogo com Scrates e Smias volta a falar justamente do que ensina
12 Plato faz referncia aos mistrios em que havia cerimnias de purificao e graus de consagrao aos
iniciados. O grau de Bacante o superior, enquanto que os portadores de Tirso constituem o grau inferior
(Plato, 1979, p.71, N.T)
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