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Lusorama, v. 67-68, p. 136-151, 2006 Marlene Silva Sardinha Gurpilhares (Lorena) Carlos Alberto de Oliveira (Mogi das Cruzes) As anáforas associativas actanciais: um estudo com os verbos de movimento 1 - Introdução Este trabalho objetiva examinar as anáforas associativas actanciais nos verbos de movimento. As anáforas, consideradas como mecanismos de relação entre um elemento anafórico e um antecedente que fornece condições para a saturação do primeiro, implicam uma atividade de remissão. Mas nem por isso o seu papel se limita ao de manutenção referencial: é também um poderoso recurso de progressão discursiva, ou seja, ao mesmo tempo em que retoma o 'dado', introduz o 'novo', ativando outro referente, a ser predicado posteriormente. O ato de referir, como designação por meio da língua, sempre preocupou os estudiosos, desde a antiguidade clássica, quando os filósofos gregos discutiam a natureza da língua 1 . Esta polêmica perdurou por séculos, passando pelo estruturalismo lingüístico, quando Saussure, já no século XX, propõe a arbitrariedade do signo lingüístico. A advento da lingüística textual, nas décadas de 50/60, com a introdução do texto como objeto de estudo, traz a preocupação com a coesão e coerência textuais, consideradas como fatores de textualidade. E o referente foi introduzido nos estudos da ‘coesão referencial’, considerado inicialmente numa abordagem sintático-semântica. Mais tarde, a partir da década de 80, delineou-se com o vigor a abordagem cognitiva do texto, que ganha terreno e passa a dominar o cenário, no início da década de 90, já com forte tendência sociocognitiva; ou seja, a coesão referencial deixa de ater-se às preocupações com os aspectos da estruturação concreta dos nexos internos, para integrar-se às dimensões pragmático-discursivas do texto. Decorre disso uma nova visão de 'referência': deixa de ser um problema de representação do mundo, de

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Marlene Silva Sardinha Gurpilhares (Lorena) Carlos Alberto de Oliveira (Mogi das Cruzes)

As anáforas associativas actanciais:

um estudo com os verbos de movimento

1 - Introdução

Este trabalho objetiva examinar as anáforas associativas actanciais nos

verbos de movimento. As anáforas, consideradas como mecanismos de

relação entre um elemento anafórico e um antecedente que fornece

condições para a saturação do primeiro, implicam uma atividade de

remissão. Mas nem por isso o seu papel se limita ao de manutenção

referencial: é também um poderoso recurso de progressão discursiva, ou

seja, ao mesmo tempo em que retoma o 'dado', introduz o 'novo', ativando

outro referente, a ser predicado posteriormente.

O ato de referir, como designação por meio da língua, sempre

preocupou os estudiosos, desde a antiguidade clássica, quando os filósofos

gregos discutiam a natureza da língua1. Esta polêmica perdurou por séculos,

passando pelo estruturalismo lingüístico, quando Saussure, já no século XX,

propõe a arbitrariedade do signo lingüístico.

A advento da lingüística textual, nas décadas de 50/60, com a

introdução do texto como objeto de estudo, traz a preocupação com a

coesão e coerência textuais, consideradas como fatores de textualidade. E o

referente foi introduzido nos estudos da ‘coesão referencial’, considerado

inicialmente numa abordagem sintático-semântica. Mais tarde, a partir da

década de 80, delineou-se com o vigor a abordagem cognitiva do texto, que

ganha terreno e passa a dominar o cenário, no início da década de 90, já

com forte tendência sociocognitiva; ou seja, a coesão referencial deixa de

ater-se às preocupações com os aspectos da estruturação concreta dos

nexos internos, para integrar-se às dimensões pragmático-discursivas do

texto.

Decorre disso uma nova visão de 'referência': deixa de ser um

problema de representação do mundo, de

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verbalização do referente, em que a forma lingüística selecionada é avaliada em

termos de verdade e de correspondência com o mundo [...] a questão da

referenciação não privilegia a relação entre as palavras e as coisas mas a relação

intersubjetiva e social (Mondada, 2001,apud Koch, 2005: 34).

Em razão do exposto, Mondada propõe a substituição da noção de

referência pela de referenciação e, em conseqüência, a noção de referente

pela de 'objeto do discurso'.

Nesse contexto teórico, emerge toda uma literatura sobre as anáforas,

vasta e ampla, com várias respostas teóricas e várias abordagens que

buscam uma descrição do fenômeno, o que não será aqui desenvolvido por

não ser pertinente aos nossos objetivos.

Limitamo-nos uma breve incursão às anáforas associativas,

especificamente às actanciais, cuja relação se estabelece entre verbos e

seus argumentos, o que vem ao encontro do nosso objeto de análise: os

verbos de movimento.

Para o desenvolvimento dessa pesquisa necessário se faz, ainda que

brevemente, o exame de uma teoria de valências, acoplada a uma gramática

de casos, que definam os argumentos e os papéis temáticos dessa classe

de verbos, visto que na anáfora associativa actancial, o elemento anafórico é

um dos argumentos do verbo que lhe deu origem. Portanto, nesse caso, o

anafórico satura um lugar argumental do predicado antecedente, um lugar

deixado vazio.

2 - Sobre anáforas associativas actanciais

Para Kleiber (2001) as anáforas actanciais constituem um subgrupo

das anáforas associativas.

Muitos são os estudiosos que vêm se dedicando ao estudo das

anáforas associativas. Nem por isso há um consenso quanto à sua

classificação, conceituação e/ou terminologia.

Como ponto de partida saliente-se que existe um divisor teórico entre

aqueles que postulam uma visão 'alargada' da anáfora e os que postulam

uma visão 'mais estreita' deste fenômeno.

Os primeiros, conforme Charolles (1994; 1999), propõem uma

abordagem cognitivo-discursiva, segundo a qual o discurso estabelece a

1 Natural ou convencional?

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Lus or am a, v . 6 7 - 6 8 , p . 1 36 - 15 1 , 2 0 0 6 associação. A segunda posição defende uma abordagem mais semântica,

segundo a qual a relação associativa é de natureza léxico-estereotípica.

Para os que defendem a primeira posição, a anáfora associativa é toda

anáfora não conferencial: seu referente se define graças às informações

presentes no texto anterior e não é mencionado no contexto.

O principal representante da visão 'mais estreita' é Kleiber (2001), para

quem nas anáforas associativas a saturação do referente é obtida por um

percurso muito particular, sem a mobilização de conhecimentos mais

variados, em razão, de tratar-se de uma relação léxico-estereotípica. O autor

exemplifica com a frase «Il s’abrita sous um vieux tilleul. Se tronc était tout

craquelé» (Kleiber, 2001: 93).

O que torna paradigmática essa seqüência é que, embora ela institua um nexo

entre dois referentes específicos, o faz, segundo Kleiber, no nível do tipo, ou seja,

de maneira genérica. Em outras palavras, se ficamos sabendo que o tronco de que

se fala na segunda sentença é o da velha tília, não é porque conhecemos aquela

velha tília, mas porque sabemos que toda tília tem um tronco. (Kleiber, 2003: 357-

358).

O referente novo (o tronco), introduzido, pode ser encontrado como

parte de um esquema de inferência já estabelecido pelos conhecimentos

associados à tília. A tese léxico-estereotípica lança mão de um modelo

inferencial descendente, que vai do antecedente à expressão anafórica.

Assim, o autor afirma que a introdução de referentes que não fazem

parte do estereótipo torna mal formada a seqüência, como em: «Nous

arrivamês dans un village. Le grand magasin était fermé» (Kleiber, 2001: 93),

já que, segundo a maioria dos franceses não é normal esperar que em cada

aldeia haja uma grande loja de departamento. Nesse caso, a inferência, de

acordo com a posição discursivo-cognitiva, se contrapõe à léxico-

estereotípica, ou seja, a inferência não é provocada quando se menciona

«un village», mas quando se menciona «le grand magasin», e é o resultado

e se reconhecer entre as duas entidades um relação não convencional,

contingente àquele discurso. É o que se denomina esquema inferencial

'ascendente'.

Outra questão bastante discutida nesse tipo de anáfora refere-se à sua

relação com a anáfora indireta: a anáfora associativa é um tipo de anáfora

indireta?

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Marcuschi (2005: 94) afirma: «As AI não podem ser dissociada das

anáforas associativas, sendo estas uma parte substantiva das AI»2, o que

significa que toda AA é indireta, ma nem toda indireta é associativa. Ou seja,

esta se constitui um subconjunto daquela, posição também abraçada por

Kleiber (2001). Postura semelhante encontramos em Koch (2004: 253), para

quem as AA constituem um subtipo das AI. A anáfora associativa explora

relações meronímicas, ou seja, aquelas em que entra a noção de

ingrediência. Estão incluídas aí não somente as relações metonímicas, mas

também todas aquelas relações em que um dos elementos pode ser

considerado 'ingrediente do outro', como a relação entre «tília» e «tronco».

Em outras palavras, o nome anafórico deve ser semanticamente

marcado como sendo 'a parte de', devendo ser definido em relação a uma

totalidade: é um 'merônimo' e a relação entre o todo (ou holônimo) e a parte

(ou merônimo) é de 'meronimia' (Zamponi, 2003: 134).

É dentro desse quadro que Kleiber (2001: 9-10) apresenta quatro

critérios que caracterizam as anáforas associativas:

§ há introdução de um referente novo – SN2 – (no exemplo a seguir,

trata-se do «sineiro» e dos «vitrais»);

§ b) há menção prévia de um outro referente – SN1 (no caso, a

«igreja»);

§ c) o referente novo é apresentado como conhecido;

§ d) no processo como um todo, as construções lingüísticas

desempenham um papel fundamental.

Exemplificando: «Ao longe via-se uma igreja. O sineiro estava

iluminado e os vitrais brilhavam.»

O mesmo autor (Kleiber, 2001: 367) apresenta dois tipos de anáforas

associativas: as actanciais e as funcionais. Constituem objeto de análise

desta pesquisa as primeiras, sobre as quais passamos a discorrer. Essas

anáforas constituem um caso especial, pois trata-se da relação entre um

antecedente na forma de um predicado – um SV ou um SN predicativo ou

processual, ou seja, um SN que comporta um nome de acontecimento,

sendo a expressão anafórica um de seus argumentos ou actantes, como em:

(a) «A costureira cortou o tecido. A tesoura ficou sobre a mesa.»

(b) «Aquela casa já foi comprada. O comprador pretende reformá-la.» 2 AI – anáfora indireta; AA – anáfora associativa

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(c) «Ele leu até adormecer. O livro caiu ao lado da cama.»

(d) «Os noivos enviaram os convites um mês antes da cerimônia, mas

Maria só o recebeu às vésperas do enlace.»

Nos exemplos anteriores é possível constatar que as anáforas

associativas actanciais (em duplo sublinhado) são expressões cujo referente

corresponde a um dos argumentos ou actantes de um predicado já

introduzido no texto e cuja definitude decorre dessa relação actancial. Em

outras palavras, tais anáforas saturam um lugar argumental do predicado

antecedente, um lugar deixado vazio. Uma restrição imposta por Kleiber,

nesse caso, é que o lugar actancial deve ser preenchido por uma entidade

que contenha informação limitada pela expressão antecedente, neste caso o

predicado anterior. Assim:

§ no exemplo anterior (a), o argumento «A tesoura» satura o papel

temático 'instrumento';

§ no exemplo anterior (b), o argumento «O comprador» satura o papel

temático de 'agente';

§ no exemplo anterior (c), «O livro» satura o papel temático 'objetivo';

§ no exemplo anterior (d), «Maria» satura o papel temático de

'beneficiário'.

Ainda com relação às anáforas actanciais merece atenção a tese de

Chierchia (2003) para quem o verbo não só determina papéis temáticos,

mas também descreve eventos, o que leva ao enfoque de um protagonista

da semântica da sentença que ficou esquecido, mas que está, na realidade,

bem presente: o evento.

Assim, uma sentença como «Léo encontrou Hugo», precisa ser

interpretada como: há um evento tal que

a) culminou (completou-se);

b) esse evento é um encontro;

c) o encontro é de Hugo por parte de Léo («Léo» é o agente e «Hugo»

é o tema).

Admitindo-se esse posicionamento, considera-se a hipótese de que o

verbo 'encontrar', além de seus argumentos explícitos (sujeito/objeto) tem

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um sentido técnico mais específico, como se segue na Ilustração 1.

Ilustração 1. Fonte: Chierchia (2003: 493)

São pertinentes para esses trabalhos os verbos de

acontecimento/evento, que envolvem um ponto de culminação intrínseco,

um 'telos' (ex.: chegar)4.

3 - Breves considerações sobre a teoria das valências

Para Neves (2002) o conceito de valência está vinculado à

consideração da centralidade do verbo na análise da frase:

A consideração lógica da frase, que acompanha os estudos das

gramáticas ocidentais, não tem esse ponto de partida: está vinculada à

lógica platônica e aristotélica, segundo às quais a frase está bipartida em

dois elementos: o sujeito e o predicado. Nessa concepção a frase é uma

proposição, entendida esta como a atribuição de uma predicação a um

nome. Copi (1961: 22) a considera «o significado de uma sentença ou

oração declarativa». Para o mesmo autor só as proposições podem ser

afirmadas ou negadas; uma pergunta pode ser respondida, uma ordem dada

e uma exclamação proferida. Sendo assim, nomes enunciados em

seqüência não formam uma proposição, não exprimem nada, pois não há

comunhão mútua. Portanto na concepção aristotélica, a proposição se forma

quando se diz algo de uma substância.

Outra é a concepção na filosofia estóica, segundo a qual o enunciado

não se biparte desse modo. A lógica estóica não é uma lógica de termos,

mas uma lógica de predicados, e o predicado é o fato, o evento. A

3 Em nota, Chierchia afirma que a versão dessa teoria se origina em Davidson (1967) que retomou e desenvolveu em termos modernos a intuição de Pãnini (IV-III séc a.C.) 4 Em nota, o autor explica que a forma grega – 'telos' – significa 'fim/meta'.

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Lus or am a, v . 6 7 - 6 8 , p . 1 36 - 15 1 , 2 0 0 6 proposição não se reduz a um julgamento de atribuição. O predicado é uno,

expressa um fato, que é o seu conteúdo. Em outras palavras, o enunciado

expressa os eventos.

Nessa perspectiva pode-se afirmar que as teorias que privilegiam o

verbo como centro têm um fundamento lógico semelhante ao dos estóicos,

embora não o invoquem.

Isso posto, enfatizamos que essa pesquisa opta pelo estudo da frase, à

luz da teoria das valências, ou seja, considerando o verbo como centro.

Para Borba (1996) uma gramática de valências torna como elemento

nuclear o verbo, enquanto uma gramática de constituintes decompõe o

enunciado por meio de regras de reescrita.

Exemplifiquemos isso com a frase «João leu o livro».

a) numa gramática de constituintes (Ilustração 2A)

b) numa gramática de valências (Ilustração 2B)

Ilustração 2.

4 - O desenvolvimento da teoria das valências

As primeiras idéias sobre valência se devem a Tesnière (1965): ele

parte do verbo como núcleo, capaz de atrair um número mais ou menos de

actantes. O número de casa vazias que tem um verbo e o número de

actantes que ele pode reger é a sua valência.

O autor não se atém a um regime verbal, mas refere-se a todas as

relações de dependência interfrasais, razão porque se fala numa gramática

de dependências como derivada das idéias de Tesnière.

Para este autor, os actantes são argumentos obrigatórios e os

circunstantes são dispensáveis. Os primeiros são em números limitado e os

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Lus or am a, v . 6 7 - 6 8 , p . 1 36 - 15 1 , 2 0 0 6 segundos são em números ilimitado. Os actantes variam de zero a 3, e os

verbos se classificam em: avalentes (sem actantes), monovalentes (com um

actante), bivalentes (com dois actantes), trivalentes (com três actantes).

Semanticamente, o primeiro actante realiza a ação, o segundo a completa e

é por ela afetado e o terceiro recebe algo em seu proveito ou prejuízo. Em

algumas línguas os actantes são marcados por casos, em outras o segundo

e o terceiro são marcados por preposições.

Outros estudiosos como Helbig (1971, apud Neves, 2002) e Engel

(1969, apud Neves, 2002) têm se dedicado ao estudo das valências. Não os

abordamos por não serem pertinentes para esse trabalho. Neves (2002)

classifica as valências em: valência lógico-semântica, valência sintática e

valência pragmática.

§ A valência lógico semântica diz respeito a uma relação lógica

fundamental entre o significado de um verbo e seus participantes.

A não correspondência entre as categorias lógicas e as lingüísticas impede que

se considere a existência de um reflexo direto da valência lógico-semântica na

sintática (Neves, 2002: 111).

§ A valência sintática é a capacidade que tem o verbo de abrir, na

sentença, lugares estruturais que devem ser preenchidos para que

se realize a estrutura oracional, ou seja, o preenchimento de

lugares vazios por actantes.

§ A valência pragmática - em se tratando das diversas frases de um

texto, pode ocorrer uma determinação da valência verbal operada

pela situação de comunicação, o que significa afirmar que a

realização do sistema de transitividade nas frases efetivas da

língua decorre de uma perspectiva determinada pelas

necessidades e intenções comunicativas. Fica assim a

necessidade ou a facultatividade dos complementos.

Exemplo: na frase «Paulo comprou um livro», o verbo tem valência 2:

abre dois lugares, a serem preenchidos (obrigatoriedade) por dois actantes.

Entretanto, na situação a seguir

- Paulo comprou o livro?

- Comprou.

nenhum dos argumentos estão expressos. Ou, em:

- Quando você vai entregar o livro a ele?

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- Amanhã.

Por determinação pragmática, a frase ficou reduzida a um

complemento facultativo.

Para Borba (1996), a valência lógico-semântica se refere ao número de

argumentos que um predicado pode ter (ex. P(A): P(A1, A2), P(A1, A2, A3)

etc.); a valência morfossintática ou sintática se refere às características dos

actantes, quanto à sua função sintática e forma morfológica. O verbo 'dar',

por exemplo, tem como actantes SUJ, OD, OI representados por nomes,

pronomes ou frases subordinadas; a valência semântica se refere às

funções temáticos (ou papéis) que atualizam os argumentos na predicação.

Assim, em «Ana vai à escola», – «Ana» exerce a função sintática de

'sujeito' e a função temática de 'agentivo'.

O autor menciona ainda a valência quantitativa, segundo a qual os

verbos em Português comportam de zero a quatro argumentos: de valência0

(nevar-chover); de valência1 (tossir); de valência2 (ir-vir-chegar-subir-gostar

dever); de valência3 (dar-doar-emprestar); de valência4 (transferir – passar).

Pode-se afirmar, pelo exposto, que entre os autores mencionados,

apenas Neves (2002) alude à valência pragmática, enquanto Borba estende

seu estudo à valência nominal.

5 - Breves considerações sobre uma gramática de casos

Todos os autores citados procuram estabelecer uma relação, entre a

teoria das valências e uma gramática de casos.

Para Borba à análise valencial não compete somente identificar

matrizes ou descrever a estrutura, externa dos constituintes.

Nesta pesquisa os termos: argumento/actantes são utilizados

indistintamente, mesmo porque não há um consenso entre os estudiosos

quanto ao seu emprego.

Deve também determinar as relações sintático-semânticas ou

temáticas que fazem parte da estrutura conceitual dos itens lexicais. As

relações temáticas se fazem representar por um sistema de casos ou

gramática de casos. Assim, as estruturas conceituais de um verbo,

associadas às de um nome resultam num papel semântico que se apresenta

sob a forma de um caso. O autor exemplifica com o verbo 'subir' (mais

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Lus or am a, v . 6 7 - 6 8 , p . 1 36 - 15 1 , 2 0 0 6 movimento), relacionado com 'macaco' (mais animado), resultando a função

'agentiva' (ou agente) para o nome e a classe 'ação' para o verbo.

Adotamos neste trabalho a teoria de casos de Fillmore (1977) para

quem a sentença na sua estrutura básica, consiste em um verbo e um ou

mais sintagmas nominais, cada um associado ao verbo numa determinada

relação de caso.

O número de casos varia muito de proposta a proposta. Julgamos

suficientes para esse trabalho os seguintes casos: agentivo, experimentador,

beneficiário, objetivo, locativo, instrumental, causativo, meta, origem,

resultativo, temporal, comitativo.

O agentivo desencadeia uma atividade (física ou não) e tem controle

sobre ela; o experimentador quem passa pelo estado psicológico descrito

pelo verbo; o beneficiário é um afetado que marca o destinatário da posse; o

objetivo, (também chamado alvo ou tema) é o indivíduo ou objetivo

diretamente afetado pela ação; locativo – marca o lugar da ação; o

instrumental, o objeto do qual o agente se serve para praticar a ação; o

causativo é o que provoca um efeito ou desencadeia algo; a meta expressa

o ponto de chegada e a origem o ponto de partida; o resultativo mostra o

resultado, o efetuado; o temporal indica a localização no tempo; o comitativo

é a associação.

Exemplificando:

§ agentivo – «O pássaro voa.»

§ experimentador – «Pedro ouve música.»

§ beneficiário – «Gina tem um gato.» (ganhou)

§ objetivo – «A cortiça bóia.»

§ locativo – «Ele esta na igreja.»

i. locativa direcional (movimento para) – «Vou a Santos.»

ii. locativo percurso (movimento através de) – «Ela passeia

pelo bosque.»

§ instrumental – «Cortou o arame com o alicate.»

§ causativo – «O muro caiu com o vento.»

§ meta – «Os portugueses descobriram o Brasil.»

§ origem – «Vim de São Paulo.»

§ resultativo – «O governo constrói estradas.»

§ temporal – «Decorreram 3 meses.»

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§ comitativo – «Ela saiu com o noivo.»

Fazemos algumas restrições à proposta de Borba quanto ao locativo.

Nosso posicionamento vai ao encontro da proposta de Fillmore para quem o

locativo, que a princípio incluía o direcional, desdobra-se em: localização

espacial da ação, source (origem), goal (meta destino) e itinerativo (lugar por

onde).

6 - As anáforas actanciais e os verbos de movimento

Na gramática tradicional não há um consenso com relação ao frame

dos verbos de movimento, ou seja, quantos e quais actantes ele aceita?

Quantos e quais são essenciais e/ou obrigatórios?

Gurpilhares (2003) discute a 'in(transitividade)' dos verbos de

movimento, à luz de uma abordagem sintático-semântica. A autora

fundamenta-se em algumas gramáticas bem conceituadas do Português5,

em estudiosos de assunto e em alguns lingüistas. Com relação à

terminologia 'verbos de movimento', saliente-se que ela não se encontra em

nenhuma das gramáticas consultadas e nem mesmo na NGB. Para essa

pesquisa consideramos ‘verbo de movimento’ todo aquele que implica num

deslocamento espacial, quer esse deslocamento ocorra numa direção

horizontal (ir), numa direção vertical para cima (subir) ou numa direção

vertical para baixo (descer).

Pelo exposto, é lícito afirmar que todo verbo de movimento abre

espaço para três lugares: lugar de onde (ponto de partida do movimento),

lugar por onde (ponto final do movimento), os quais consideramos inerentes

à raiz lexical do verbo, portanto, complemento. De maneira geral tais

expressões se superficializam acompanhadas de preposição, como:

«Cheguei de São Paulo.», «Fomos ao estádio.», «Voltei de São Paulo pela

Dutra.», ou sem preposição: «Andei longes terras.».

Dos gramáticos aqui apresentados, Bechara (1979) e Cunha (1977)

consideram essas expressões de lugar como adjuntos, ou seja, termos

acessórios. Rocha Lima (1978) observa a diferença entre a expressão que

acompanha um verbo de movimento e a que acompanha outro verbo: «Irei a

Roma.» e «Jantarei em Roma.», salientado que no primeiro caso a

preposição como que forma bloco com o verbo. Luft (1981) alude a tais

5 Foram consultados: Bechara (1979), Cunha (1977), Lima (1978) e Luft (1981).

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Lus or am a, v . 6 7 - 6 8 , p . 1 36 - 15 1 , 2 0 0 6 verbos como transitivos indiretos, que se completam com um locativo que

não pode ser considerado 'adjunto' (adverbial de lugar), e sim

'complemento'.

Entre os lingüistas consultados, Lyons (1970) alude aos circunstantes

independentemente dos complementos, mas salienta que, de acordo com o

grau de dependência dos sintagmas preposicionados de lugar com o

processo, a sua função pode ser adjunto ou complemento.

Halliday (1976) alude à necessidade de se distinguir os elementos

circunstanciais mais essenciais ao processo e os menos essenciais.

Constatamos pelo exposto que não há consenso entre gramáticos e

lingüistas no que concerne à função sintática desses sintagmas

preposicionados.

Nosso posicionamento, exposto em Gurpilhares (2003), é que tais

sintagmas constituem parte inerente dos verbos de movimento, já que esses

verbos implicam, necessariamente, três lugares: de onde, por onde, para

onde.

Passamos a algumas considerações sobre esses verbos, relacionando-

os à teoria das valências acoplada a uma gramática de casos.

Para uma classificação desses verbos levamos em consideração:

§ valência quantitativa, ou seja, todo verbo de movimento, conforme

conceituado anteriormente, abre espaço para quatro argumentos,

ou seja, pertencem ao grupo de valência 4: um sujeito, um lugar de

onde, um lugar por onde e um lugar para onde;

§ valência sintática, seguindo a qual o argumento sujeito se

representa pela classe dos Nomes e as expressões de lugar por

sintagmas nominais ou sintagmas preposicionados;

§ valência semântica – refere-se aos papéis semânticos, os quais,

segundo a gramática de casos, correspondem nos v. de movimento,

ao agentivo e aos três lugares: source (origem), goal lugar para

onde (meta) e itinerativo (lugar por onde), os quais correspondem

ao locativo de Fillmore (1971);

§ valência pragmática – é a valência determinada pela situação

comunicativa, conforme Neves (2002). No caso dos verbos de

movimento é comum o apagamento de um dos lugares, nessa

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situação. Por exemplo: a mãe que está aguardando o filho chegar e

diz: «Finalmente você chegou!».

Seguem-se as análises de anáforas associativas actanciais em alguns

verbos de movimento.

Como 'corpus' selecionamos verbos de movimento, os quais são

analisandos com as respectivas anáforas associativas actanciais6

A) verbo 'voltar':

A.1.) «Voltávamos de São Paulo. A Dutra fortemente escorregadia,

oferecia riscos para acidentes. Dentro de instantes aconteceu o

acidente.»

O lugar 'por onde' (argumento) é preenchido por «A Dutra»’ que

satura o papel temático de 'locativo' ou itinerativo.

A expressão anafórica preenche as condições de uma anáfora

associativa actancial, segundo Zamponi (2003: 31):

1º) o argumento preenchido pelo anafórico é predizível pelo verbo da

sentença anterior;

2º) o anafórico é exterior ao conteúdo do verbo;

3º) os elementos envolvidos possuem natureza ontológica diferente:

antecedente = evento; anafórico -= indivíduo.

A.2.) «Voltávamos felizes, após aquelas férias longas e extasiantes.

Aos poucos a fazenda ia ficando para trás, com seu casarão

antigo e suas árvores centenárias.»

1º) o argumento: lugar 'de onde' é preenchido por «a fazenda»,

que satura o papel temático de 'locativo' ou source.

2º) As condições para uma anáfora associativa actancial são

preenchidas.

A.3.) «O empresário voltou extenuado do trabalho, após aquela

reunião polêmica e sem resultados concretos. A casa nunca lhe

pareceu tão aconchegante: a poltrona predileta, o whisky, a

atenção da esposa.»

6 São todos exemplos fabricados por encontrarmos muita dificuldade para encontrar em outros meios de comunicação.

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1º) O lugar 'para onde' (argumento) é preenchido por «A casa»

que satura o papel de 'locativo' ou goal.

2º) A expressão anafórica preenche as condições exigidas para

uma anáfora associativa actancial.

A.4.) «Voltaram felizes e aturdidos com o troféu conquistado naquele

torneio tão disputado. Os irmãos Pedro e Paulo ainda não

acreditavam no que estava acontecendo. Tudo for tão rápido!!! »

1º) «Pedro e Paulo» (argumento) saturam o papel temático

'agentivo'

2º) a expressão, anafórica atende às condições da anáfora

associativa actancial.

B) verbo 'chegar'

B.1.) «A seleção chegou aplaudida pela multidão. O aeroporto estava

lotado, a sua espera.»

O argumento lugar 'para onde' e preenchido por «O aeroporto»

que satura o papel temático 'locativo' ou goal.

A expressão anafórica preenche as condições da anáfora

associativa actancial.

B.2.) «O ônibus chegou de Salvador bastante avariado. A rodovia

Rio/Bahia está muito danificada, o que provocou problemas

mecânicos.»

O argumento lugar 'por onde' é preenchido por «A rodovia

Rio/Bahia» que satura o papel temático 'locativo' ou itinerativo.

B.3.) «Chegou ao lar feliz, saudoso de tudo que lhe fora tirado,

naqueles 10 anos de prisão. A penitenciária parecia agora um

inferno deixado para trás.»

O argumento-lugar 'de onde' é preenchido por «A penitenciária»

que satura o papel temático 'locativo' ou source.

B.4.) «Chegou feliz após o resultado brilhante, das provas que

acabara de prestar. Também o rapaz estava bem preparado e

merecia aquela vitória! »

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«o rapaz» (argumento) satura o papel temático de agentivo do

verbo 'chegar' .

A expressão anafórica atende às condições da anáfora associativa

actancial.

A análise dos dois verbos de movimento: chegar e voltar nos permite

afirmar que esse tipo particular de anáfora também constitui um forte

mecanismo de coesão, especificamente de progressão textual, na medida

em que introduz um referente novo que é predicado posteriormente,

chegando às vezes, a assumir um valor axiológico.

É o que ocorre no exemplo b3 – em que o argumento 'lugar de onde' é

preenchido por uma expressão anafórica com alto teor argumentativo: «A

penitenciária parecia agora um inferno deixado para trás.».

Trata-se, portanto de um novo foco, importante para o processamento

textual.

Finalizando, cabem algumas considerações relativas a valência

pragmática.

Segundo Neves (2002: 114)

também do ponto de vista pragmático se pode verificar a relação entre a gramática

de valências e a gramática de casos, mais especificamente, a teoria de Fillmore,

que postula uma hierarquia de saliência, a qual determina quais elementos de uma

cena são postos em 1º plano. Trata-se de uma perspectivização que governa a

seleção dos elementos que entram na estruturação da frase, com determinado

papel semântico. A seleção das participantes é uma escolha do falante que se faz

em dependência da perspectiva em que a cena é ativada: a cena é uma entidade

cognitiva, objeto de estudo da semântica; a perspectiva da cena na fala e é pois,

objeto de estudo da pragmática.

Os exemplos arrolados neste trabalho mostram com clareza este

aspecto, pois em todos eles apenas dois argumentos estão explícitos. E

mais, o argumento explicitado na expressão anafórica é o que deve ser

predicado anafórica é o que deve ser predicado posteriormente, e até

funcionando como mecanismo argumentativo.

7 - Referências bibliográficas

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Lus or am a, v . 6 7 - 6 8 , p . 1 36 - 15 1 , 2 0 0 6 BORBA, Francisco da Silva (1996): Uma gramática de valências para o

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