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1 Medição de Desempenho em Atividades Logísticas de Armazenagem e Distribuição Física no Varejo de Congelados Autoria: Mauricio Henrique Benedetti, Fátima Ferreira de Sousa, Eliane Oliveira Pardinho, Tatiane Araújo Brito Resumo Com as mudanças de comportamento dos consumidores, a maior participação das mulheres no mercado de trabalho e escassez de tempo para o preparo de alimentos, produtos congelados têm feito parte do cardápio dos lares brasileiros, assim como a indústria desses alimentos tem aumentado sua variedade de produtos e ocupado espaço no varejo. Por meio de um estudo de caso em uma rede de supermercados localizada na Grande São Paulo, o presente artigo trata da importância em se considerar as especificidades dos produtos congelados na definição de indicadores em um sistema de medição de desempenho das operações logísticas. Os resultados indicaram que, apesar da cadeia do frio ter evoluído, especialmente pela disponibilidade de novas tecnologias que possibilitam melhores níveis de serviços, algumas atividades logísticas, como a localização dos produtos na área de armazenagem, a manutenção das instalações e o gerenciamento dos roteiros de distribuição, ainda desconsideram as características específicas dos alimentos congelados. Para a armazenagem, os indicadores que se mostraram mais suscetíveis às características específicas dos congelados foram tempo de ciclo de recebimento, temperatura ambiente, tempo de recuperação de falhas, disponibilidade de produtos, endereçamento dos produtos, controle do shelf life e produtos danificados. Já na distribuição, destacou-se o estabelecimento e controle de metas a serem alcançadas, prevenção e recuperação de falhas, produtos entregues sem avarias e tempo do ciclo de recebimento dos pedidos nas lojas. Introdução Novos hábitos de consumo da população mundial estão levando gestores das organizações a se ocuparem em encontrar diferenciais competitivos que correspondam a novas demandas de necessidades dos consumidores. Nesse contexto, aparecem os alimentos congelados, que têm ganhado a preferência daquelas pessoas que dispõem de pouco tempo para o preparo de seus alimentos, mas que não abrem mão de uma alimentação saudável e de qualidade. A cadeia do frio, na qual estão inseridos os produtos congelados, vem crescendo e se modernizando nos últimos anos, aumentando as expectativas de crescimento, inclusive, para fornecedores de equipamentos de infraestrutura para o setor. Um exemplo disto, foi o aumento das vendas de implementos rodoviários. Comparando-se os números dos oito primeiros meses do ano de 2007 com o mesmo período do ano anterior, houve um aumento de 38,3% do número de unidades vendidas para atender o setor frigorífico (LOGWEB, 2007). Para atender às novas exigências e desejos dos consumidores, as organizações estão se modificando com rapidez e se adequando a novos paradigmas, com produtos e serviços diferenciados que se alinhem às características de seu público alvo. Varejistas, que no início da indústria dos congelados eram resistentes em estocar e comercializar estes produtos, que agora notam o crescimento deste novo hábito de consumo, especialmente em grandes centros urbanos, aderem às ações agressivas de marketing dos fabricantes de alimentos congelados e vêem neste setor boas possibilidades de aumentarem suas receitas. A necessidade atual de grandes quantidades de produtos alimentares congelados nas áreas urbanas, revela o destaque atribuído à refrigeração e ao congelamento, pois o objetivo da conservação de produtos alimentares consiste na manutenção da qualidade dos alimentos no que diz respeito a aparência, odor, sabor e conteúdo nutritivo, já que destes elementos depende o valor comercial, além do perfeito estado sanitário.

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Medição de Desempenho em Atividades Logísticas de Armazenagem e Distribuição Física no Varejo de Congelados

Autoria: Mauricio Henrique Benedetti, Fátima Ferreira de Sousa, Eliane Oliveira Pardinho, Tatiane Araújo Brito

Resumo

Com as mudanças de comportamento dos consumidores, a maior participação das mulheres no mercado de trabalho e escassez de tempo para o preparo de alimentos, produtos congelados têm feito parte do cardápio dos lares brasileiros, assim como a indústria desses alimentos tem aumentado sua variedade de produtos e ocupado espaço no varejo. Por meio de um estudo de caso em uma rede de supermercados localizada na Grande São Paulo, o presente artigo trata da importância em se considerar as especificidades dos produtos congelados na definição de indicadores em um sistema de medição de desempenho das operações logísticas. Os resultados indicaram que, apesar da cadeia do frio ter evoluído, especialmente pela disponibilidade de novas tecnologias que possibilitam melhores níveis de serviços, algumas atividades logísticas, como a localização dos produtos na área de armazenagem, a manutenção das instalações e o gerenciamento dos roteiros de distribuição, ainda desconsideram as características específicas dos alimentos congelados. Para a armazenagem, os indicadores que se mostraram mais suscetíveis às características específicas dos congelados foram tempo de ciclo de recebimento, temperatura ambiente, tempo de recuperação de falhas, disponibilidade de produtos, endereçamento dos produtos, controle do shelf life e produtos danificados. Já na distribuição, destacou-se o estabelecimento e controle de metas a serem alcançadas, prevenção e recuperação de falhas, produtos entregues sem avarias e tempo do ciclo de recebimento dos pedidos nas lojas.

Introdução Novos hábitos de consumo da população mundial estão levando gestores das

organizações a se ocuparem em encontrar diferenciais competitivos que correspondam a novas demandas de necessidades dos consumidores. Nesse contexto, aparecem os alimentos congelados, que têm ganhado a preferência daquelas pessoas que dispõem de pouco tempo para o preparo de seus alimentos, mas que não abrem mão de uma alimentação saudável e de qualidade.

A cadeia do frio, na qual estão inseridos os produtos congelados, vem crescendo e se modernizando nos últimos anos, aumentando as expectativas de crescimento, inclusive, para fornecedores de equipamentos de infraestrutura para o setor. Um exemplo disto, foi o aumento das vendas de implementos rodoviários. Comparando-se os números dos oito primeiros meses do ano de 2007 com o mesmo período do ano anterior, houve um aumento de 38,3% do número de unidades vendidas para atender o setor frigorífico (LOGWEB, 2007).

Para atender às novas exigências e desejos dos consumidores, as organizações estão se modificando com rapidez e se adequando a novos paradigmas, com produtos e serviços diferenciados que se alinhem às características de seu público alvo. Varejistas, que no início da indústria dos congelados eram resistentes em estocar e comercializar estes produtos, que agora notam o crescimento deste novo hábito de consumo, especialmente em grandes centros urbanos, aderem às ações agressivas de marketing dos fabricantes de alimentos congelados e vêem neste setor boas possibilidades de aumentarem suas receitas.

A necessidade atual de grandes quantidades de produtos alimentares congelados nas áreas urbanas, revela o destaque atribuído à refrigeração e ao congelamento, pois o objetivo da conservação de produtos alimentares consiste na manutenção da qualidade dos alimentos no que diz respeito a aparência, odor, sabor e conteúdo nutritivo, já que destes elementos depende o valor comercial, além do perfeito estado sanitário.

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Por ser um setor de expansão recente, observa-se que há uma escassez de estudos e também de disponibilidade de informações a respeito de empresas que oferecem refeições prontas congeladas inclusive em entidades de classe como o Sindicato da Indústria de Congelados, Supercongelados e Sorvetes (GOUVÊA & OLIVEIRA, 2001).

O objetivo central do presente estudo é compreender como a definição e/ou priorização de indicadores em um sistema de medição de desempenho das operações logísticas é afetada pelas especificidades dos produtos congelados. Como objetivo específico, tem-se a identificação da existência de potenciais melhorias que levem ao aprimoramento do atendimento dos consumidores que adquirem esses produtos na rede varejista.

Revisão da Literatura Compreendendo a Importância da Logística

A logística é um assunto que ganhou destaque no desenvolvimento estratégico das

organizações em busca de uma vantagem competitiva a partir da década de 1990, com a abertura dos mercados em conseqüência do processo de globalização. Essas mudanças vêm transformando a visão da logística dentro das empresas, que passou a ser encarada não como uma simples atividade operacional, um centro de custos, mas sim como uma atividade estratégica, ferramenta da administração ao nível gerencial, além de uma fonte de vantagem competitiva (FLEURY et al., 2000; BALLOU, 1993).

A logística, ou distribuição física, não era estudada como disciplina nas escolas de negócio e, apenas começaram a dar maior atenção a distribuição física como uma parte da disciplina de marketing (BALLOU, 2006). Uma primeira evolução foi o aumento do interesse pelas operações de compras, mas ainda como uma atividade de entrada para a empresa, conhecida como compras e administração de materiais. Contudo, Dornier et al (2000) apontam a ampliação do conceito nos últimos anos, o qual engloba a gestão de diversos fluxos entre funções de negócios que envolvem matérias-primas, produtos semi-acabados, ferramentas ou máquinas, produtos acabados, itens consumíveis e peças de reposição, produtos e peças a serem reparados, equipamentos de suporte de vendas, embalagens vazias retornadas, produtos vendidos ou componentes devolvidos e produtos usados/consumidos a serem reciclados.

Em busca da excelência logística empresas primeiramente agregam esforços para conhecer o negócio de seus clientes no intuito de desenvolver para os mesmos serviços customizados e que contribuam para o sucesso dos mesmos (FLEURY et al., 2000). Bertaglia (2003) pontua que as grandes organizações procuram reduzir o tempo ao longo da cadeia logística a fim de obter uma resposta mais efetiva às necessidades do consumidor. Surge a necessidade de fortalecer o sistema logístico, dando início ao que se conhece hoje como logística integrada.

A boa administração da logística, desde o planejamento da rede até o controle de suas atividades, possibilita à organização oferecer diferençais como de tempo, por uma eficiente gestão estoque, ou de lugar, por uma eficiente gestão de transporte (CHOPRA & MEINDL, 2003). Sendo assim, por meio da logística é possível uma gestão eficiente do fluxo físico de suprimento de materiais, produtos semi-acabados ou acabados, assim como as informações que fluem por toda a cadeia pela qual circulam os materiais.

Nos dias de hoje, empresas de várias partes do mundo, incluindo as empresas brasileiras, utilizam o potencial da integração das atividades logísticas para aumentarem sua competitividade. No Brasil, os sistemas mais bem estruturados e implantados são os ligados a setores como a indústria automobilística e grandes varejistas, tais como redes de supermercados (GASNIER, 2002).

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As Atividades Logísticas

As atividades dentro da Logística são divididas por Ballou (1993) em duas categorias:

atividades principais ou primárias e atividades secundárias ou de apoio. As atividades primárias são aquelas que envolvem a maior parte dos custos logísticos, as quais são: transportes, manutenção de estoques e processamento de pedidos. Já as atividades secundárias são consideradas de apoio para que as atividades primárias possam ocorrer, sendo elas: armazenagem, manuseio de materiais, embalagem da produção, obtenção, programação de produtos e manutenção da informação.

Como parte da logística, a distribuição física tem como objetivo assegurar a eficiência da movimentação dos produtos acabados desde o final da linha de produção até o consumidor final. Estas atividades incluem o fretamento do transporte, armazenagem, movimentação de materiais, empacotamento de proteção e controle de estoque (BALLOU, 2006).

O processo logístico, em boa parte, não possui acompanhamento direto de supervisão, o que necessita de um grande esforço de coordenação. Os custos ocasionados por atrasos, ou erros na preparação para a entrega ou ainda avarias, são muito maiores do que quando o processo é realizado corretamente e o cliente é atendido conforme solicitação. Os serviços logísticos ou produtos sem defeitos, quando seguem a padrões rígidos de qualidade, mantêm seu valor agregado e não necessitam de retrabalho (BOWERSOX & CLOSS, 2001).

A definição do nível de serviço oferecido ao cliente será particular a cada empresa e cliente, podendo envolver a agilidade na entrega, reposição de estoque, disponibilidade de serviços de embalagem, entre outros. (BALLOU, 2006). O nível de serviço é um importante fator de competitividade a ser considerado na estratégia logística da empresa, inclusive como ferramenta de suporte à estratégia de marketing.

Medição de desempenho

Definir o que vem a ser um sistema de medição de desempenho (SMD) não é tarefa

simples, especialmente pelo fato de haver grande heterogeneidade entre as publicações a respeito do tema. Ainda assim, Franco-Santos et al. (2007) notaram, em uma revisão da literatura, que a base para as definições de SMD’s é uma ou a combinação de três categorias: (a) as características, que englobam as propriedades ou elementos do SMD; (b) os papéis, que são os propósitos ou funções do SMD; e (c) os processos, que envolvem uma série de ações que combinadas formam o SMD. Já Rouse & Putterill (2003), consideram difícil definir um modelo único e simplificado de SMD a ser aplicado em qualquer tipo de organização, devido à complexidade atual, amplitude e diversas ramificações dos negócios.

Neely et al. (2000) destacam o processo de construção de um SMD, iniciando pela escolha dos indicadores. Essa escolha leva em conta o alinhamento do resultado das tarefas cotidianas com a estratégia do negócio. A preocupação central reside em integrar os indicadores verticalmente e horizontalmente e basear-se nos custos de todo o processo de negócio da organização. Conforme Lohman et al. (2004), os indicadores obedecem uma hierarquia de importância e são definidos a partir de informações obtidas junto às pessoas envolvidas diretamente no processo. Assim, todos os departamentos são envolvidos no processo. Contudo, atualizações podem ser necessárias, ou seja, caso ocorra mudanças estratégicas do negócio, os indicadores são revistos para que não se perca o alinhamento com a estratégia (NEELY et al, 2000; LOHMAN et al, 2004).

Um SMD na logística tem como objetivos principais o monitoramento, o controle e o direcionamento das operações logísticas (BOWERSOX & CLOSS, 2001). O monitoramento fornece informações a respeito do histórico que são utilizadas para tomadas de decisões

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gerenciais e atualizar os clientes. Medidas de controle possibilitam o acompanhamento contínuo das operações logísticas para que haja aprimoramento no processo logístico e ajustes em casos de não-conformidade. O direcionamento ocorre por meio de metas estabelecidas que devem ser atingidas, atuando dessa forma como impulso para o pessoal da área logística. Chopra e Meindl (2003) destacam a orientação para a melhoria do desempenho operacional a partir de apontam para as ações ações estão centradas na redução do efeito chicote e racionamento de produto em casos de escassez. Assim, o desempenho operacional pode ser melhorado com a redução do lead time de ressuprimento, com a diminuição dos tamanhos de lotes, com o compartilhamento de informações e racionamento baseado em vendas passadas.

O desempenho pode ser medido sob a perspectiva das atividades e/ou processos. Quando o foco são as atividades, busca-se a eficiência e eficácia dessas atividades isoladas, como separação e expedição de pedidos, recebimento de materiais e endereçamento e guarda de caixas recebidas. Segundo Bowersox e Closs (2001), dessa forma, o processo de atendimento ao cliente como um todo não é avaliado simultaneamente. Ao se focar o processo, o foco está na satisfação do cliente pelo conjunto das atividades destinadas a atender ao cliente, como o tempo total do ciclo ou a qualidade total do serviço. Portanto, a satisfação do cliente será mensurada a partir do desempenho coletivo de todas as atividades do processo logístico. Segundo Hijjar, Gervásio e Figueiredo ( ) o desempenho do serviço logístico é mensurado por meio de indicadores referentes à disponibilidade do produto, velocidade do ciclo do pedido e consistência na entrega. Exemplos de indicadores em um SMD orientado à satisfação do cliente são: índice de disponibilidade de produto; faltas de estoque; erros de expedição; entrega no prazo; pedidos pendentes; tempo de ciclo; feedback do cliente; feedback da equipe de vendas; pesquisas junto ao cliente (BOWERSOX & CLOSS, 2001). Produtos Frigorificados Congelados

A indústria de alimentos congelados nos Estados Unidos (EUA) já é bastante antiga,

mas se popularizou a partir da década de 1970, sendo um dos setores da indústria de alimentos que mais cresceu na Europa após a Segunda Guerra Mundial (GEROSKI & VLASSOPOULOS, 1991). A produção em massa de comidas congeladas passou a ser viável com a melhor estrutura de armazenagem e comercialização, além do grande número de frízeres que passaram a fazer parte dos lares dos norte-americanos. Contudo, ganhos com economias de escala começaram a declinar rapidamente pois os consumidores potenciais não eram convencidos de que esses produtos possuíam o valor que eles desejavam, obrigando o direcionamento de suas ações estratégicas no sentido de atender diferentes necessidades de diferentes públicos (HAMILTON, 2003). Ainda assim, Darian e Cohen (1995) alertam para o fato de nem todos os que têm pouca disponibilidade de tempo serem simpatizantes de pratos principais congelados, algo que está associado à percepção de que esses alimentos apresentam sabor que deixa a desejar.

Com a comercialização dos frízeres no Brasil, os congelados passaram a integrar o cardápio dos brasileiros, coincidindo com o período de altas taxas de inflação que incentivavam a prática de estoques. Posteriormente, especialmente com a maior inserção da mulher no mercado de trabalho e a escassez de tempo para cozinhar alimentos no momento em que iam ser degustados, houve um grande aumento do consumo de alimentos congelados. Contudo, o consumo de pratos prontos congelados no Brasil tem boas possibilidades de crescer, tendo em vista que a demanda por esse tipo de produto no mercado nacional ainda é muito menor ao existente nos EUA e outros países desenvolvidos (ÂNGELO & SIQUEIRA, 2002). Entre os anos de 2002 e 2006, o faturamento do setor para os produtos congelados no Brasil cresceu aproximadamente 38,1%, sendo que de 2005 a 2006 o crescimento foi 18,2% .

O período de racionamento de energia elétrica em 2001 foi marcado por uma queda de

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demanda e representou uma ameaça à indústria de congelados no Brasil. Passado esse período, o consumo os brasileiros voltaram a demandar por esses produtos e a indústria de congelados passou a agir mais agressivamente em suas campanhas de marketing e o mercado nacional voltou a crescer. Campanhas de marketing estruturadas contrastam com o cenário encontrado por Gouvêa e Oliveira (2001), quando observaram que indústrias de pequeno porte de refeições congeladas valorizavam estruturas não controladas e a utilização de diversos meios para aproximar-se dos clientes.

A indústria de alimentos prontos congelados tem dedicado profundo cuidado em oferecer maior variedade de produtos aos consumidores, concentrada em agregar enriquecimento nutricional e manutenção do sabor do alimento (MOJDUSZKA, et al. 2001). Nos EUA, a expansão do consumo de congelados levou a uma mudança estrutural dessa indústria, onde pequenas indústrias entrantes usufruíram um rápido crescimento e alcançaram posições de liderança. Tal crescimento esteve acompanhado por ações agressivas de marketing dessas companhias, atraindo novos entrantes em um segmento que gerava receitas continuamente crescentes. Na Itália, a indústria de congelados tem características de oligopólio, sendo que quase 60% do mercado está concentrado nas duas maiores empresas do setor (CALZA e PASSARO, 1997).

Em seu estudo com indústrias de refeições congeladas, Gouvêa e Oliveira (2001) observaram que empresas de pequeno porte costumam distribuir seus produtos em suas próprias lojas ou diretamente para a casa do cliente. Já as empresas de grande porte procuram atingir grande capilaridade na distribuição de seus produtos, atendendo tanto ao atacado quanto lojas de auto-serviço.

Calza e Passaro (1997) colocam os produtos congelados como aqueles em que a compra não ocorre por impulso e que seus consumidores potenciais os escolhem nas gôndolas de supermercados considerando o estilo e a qualidade das marcas disponíveis, o atendimento específico de suas necessidades e o preço. Já em um estudo realizado junto a consumidores da cidade de São Paulo Ângelo e Siqueira (2002) observaram que a variável preço não se mostra tão relevante na hora da escolha, prevalecendo o gosto e a variedade, resultado muito semelhante ao encontrado por Darian e Cohen (1995) em seu estudo realizado a respeito das preferências de norte-americanos que não dispõem de tempo para o preparo de seus alimentos. Calza e Passaro (1997) acrescentam ainda que a demanda de congelados, especialmente os pratos prontos, está sujeita à sazonalidade e aos hábitos de um público bastante específico, que leva os fabricantes a adotarem um marketing direcionado e operações logísticas específicas.

Em primeiro lugar, deve-se controlar a origem da matéria-prima e a manipulação dos alimentos e então definir o processo de congelamento dos pratos mais adequado. O meio mais empregado, e considerado adequado pelos especialistas, é o choque térmico, que consiste basicamente numa queda de temperatura de 80ºC para -12ºC. Significa dizer que, logo após o seu cozimento, o alimento deve sofrer um brusco resfriamento, que deve ter uma duração máxima de 3 horas. Isso evita não só o desenvolvimento de microorganismos, como também a formação de cristais de gelo, que podem alterar a textura e o sabor dos alimentos (GEROSKI & VLASSOPOULOS, 1991). A Cadeia do Frio e os Congelados

No início da indústria de congelados, esses produtos eram distribuídos em veículos

sem equipamentos de refrigeração, o que obrigava que fossem consumidos até o dia posterior de seu embarque (GEROSKI & VLASSOPOULOS, 1991). Havia um precário canal de distribuição física que atendesse às necessidades específicas dos produtos congelados e conseqüente limitação do potencial de mercado e aumento de custos com transportes.

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Prevalecia a integração vertical e um importante determinante do volume de vendas era o número de lojas que vendessem determinado produto. Além da falta de veículos rodoviários equipados com refrigeração forçada, destacava-se também a necessidade de desenvolver tecnologias para o transporte de congelados por meio de ferrovias ao longo do território norte-americano.

Outra grande dificuldade no início da indústria de congelados foi a pequena aceitação dos varejistas em estocar e disponibilizar esses produtos aos seus clientes. Os produtores necessitavam incentivar os varejistas a adquirirem equipamentos tanto para a armazenagem dos congelados tanto quanto para expô-los em sua área de venda (GEROSKI & VLASSOPOULOS, 1991).

Nos últimos anos, com a participação de empresa especializadas na cadeia logística do frio fazendo o elo entre os produtores e os varejistas, houve ganhos em níveis de serviço, otimização de estoques e tempos de entrega (CUSTÓDIO & OLIVEIRA, 2006). Operadores logísticos têm desenvolvido sua competência e estrutura adequada para lidar com esse tipo particular de produtos, além definem suas rotas de distribuição buscando reduzirem seus custos de transporte e assim tornarem-se competitivos.

A cadeia logística do frio exige equipamentos e processos específicos para a manutenção da qualidade de produtos resfriados e congelados. Além disso, as atividades logísticas envolvidas nessa cadeia têm especificidades ao se lidar com produtos resfriados que não serão as mesmas em sua totalidade do que àquelas realizadas com produtos congelados (SALIN & NAYGA, 2003). Mesmo entre os congelados, exemplos típicos de diferentes atividades logísticas podem ser encontradas, como por exemplo entre sorvetes que necessitam de temperaturas bem mais baixas do que vegetais congelados. Destaca-se a importância de integração de toda a cadeia para a eficiência e manutenção da qualidade, iniciando-se com a unidade produtora ou processadora, todas as fases de transporte e se estendendo até o atendimento do consumidor final, seja em lojas ou restaurantes.

Problemas na cadeia logística do frio ainda são comuns, especialmente em países em desenvolvimento, como os encontrados por Salin e Nayga (2003) em seu estudo realizado nas Filipinas e na Tailândia. As principais deficiências encontradas estão agrupadas em duas categorias: (a) baixa qualidade e capacidade na armazenagem sob refrigeração e (b) altos custos de distribuição. No que se refere a primeira categoria, destacam-se as condições precárias de armazenagem fora das capitais e/ou principais cidades, onde o controle de temperatura das câmaras frias não é adequado, os equipamentos de medição são imprecisos, não há espaço suficiente para circulação de ar entre os produtos estocados e as paredes, falta de ante-câmaras e, em alguns casos, há ausência de racks ou paletes para acomodação dos produtos. Já em relação a segunda categoria, prevalece o elevado custo do transporte por predominar a utilização do modal rodoviário para percorrer longas distâncias.

Embora exija cuidados especiais, a garantia de qualidade na cadeia do frio é resultado da integração de toda a logística dos produtos congelados (BORRÉ e AGITO, 2005). Os cuidados se iniciam, portanto, desde o plantio ou processamento dos alimentos até a chagada ao local de consumo. A partir das etapas de congelamento, somam-se as especificidades relativas aos produtos congelados, que passam a ter maior valor agregado.

A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária normatiza e controla as práticas de produção de alimentos e bebidas. Essa mesma agência disponibiliza o regulamento Técnico para o Controle Higiênico Sanitário em Empresas de Alimentos, o qual está anexo à Portaria 2.535/03 – SMS.G. O objetivo do regulamento é subsidiar as ações da Vigilância Sanitária, estabelecer os critérios de higiene, a adoção das boas práticas de fabricação e prestação de serviços e os procedimentos operacionais padronizados de empresas de alimentos, visando prevenir e proteger a saúde do consumidor, a saúde do trabalhador e, ainda preservar o meio ambiente.

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A preocupação com a qualidade dos alimentos congelados recebe atenção de órgãos do governo também no que diz respeito às informações contidas nas embalagens (MOJDUSZKA, et al. 2001) e em relação ao quanto às empresas produtoras são transparentes com seus clientes, como por exemplo a quantidade de água contida em um alimento cru como a carne bovina e a de frango (SUPERHIPER, 2007).

Nas próximas seções são apresentadas algumas características específicas para as atividades logísticas envolvendo alimentos congelados, baseadas no regulamento supra citado.

Armazenamento

Os equipamentos de refrigeração e congelamento devem estar de acordo com a

necessidade e tipos de alimentos a serem produzidos/armazenados, incluindo a instalação de câmaras com características especiais. Caixas de papelão só podem permanecer nos locais de armazenamento sob refrigeração ou congelamento em local segregado, delimitado ou em equipamento exclusivo para os produtos acondicionados nessas embalagens. Não devem apresentar sinais de umidade e emboloramento.

Os alimentos devem ser estocados distantes da parede e entre grupos, para garantir a circulação do ar. Alimentos não devem ser estocados sob condensadores e evaporadores da câmara. Produtos que exalem odor ou produtos minimamente processados, hortifruti e produtos crus, devem ser armazenados em equipamentos diferentes dos termicamente processados. Os pratos prontos para o consumo devem ser acondicionados em recipientes de material liso, impermeável, com aproximadamente 10 cm de altura, devidamente protegidos e identificados com o nome do produto e validade.

Durante a estocagem, as oscilações de temperatura são potenciais causas de perda de qualidade do produto congelado, diminuindo sua vida útil, pois provocam alterações físicas, químicas e biológicas. Os problemas causados pela flutuação de temperatura são maiores em câmaras que trabalham ao redor de -18°C. Havendo flutuações de 3 a 4°C a essa temperatura, parte dos cristais de gelo vão se liquefazer e congelar. Em temperaturas mais baixas, -25°C, -30°C, essa flutuação afetará muito menos o produto, pois praticamente não haverá descongelamento (SBRT, 2007).

Nos equipamentos para congelamento, tipos diferentes de alimentos podem ser armazenados, desde que devidamente embalados e separados, sob arrumação modular, respeitando as características de preservação dos alimentos. As temperaturas devem ser mantidas de acordo com os procedimentos ou de acordo com as recomendações do fabricante.

Transporte

A fim de manter os produtos em condições ideais durante o transporte, ou seja, na

temperatura adequada, as câmaras dos veículos que transportam os congelados são refrigeradas mecanicamente. São utilizados gases liquefeitos capazes de corrigirem as temperaturas com rapidez, quando se elevam ao serem abertas as portas durante o descarregamento de mercadorias. As câmaras com circulação forçada de ar refrigerado utilizam sistemas de ventilação mecânica para promover a insuflação no compartimento após passagem de ar em circuito fechado, sendo freqüentemente utilizadas condutas ou mangas para distribuição de ar em veículos longos (ABIAF, 2006).

A cabine do condutor deve ser isolada da parte que contém alimentos, e esta deve ser revestida de material liso, resistente, impermeável, atóxica e lavável. As operações de carga e descarga não devem oferecer risco de contaminação para o produto, garantindo durante o transporte temperatura adequada para o mesmo. Os critérios de temperatura fixados são para os produtos, não para os veículos. Quando necessário, o veículo já deve estar pré-

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condicionado na temperatura de conservação do alimento para o transporte. A temperatura dos produtos deverá ser de -18°C, ou mais baixa, ao serem etregues ao transportador para embarque.

É essencial que, durante o transporte, o ar tenha circulação livre em volta de toda a carga. A unidade de refrigeração dos veículos deverá ser ligada e as portas fechadas quando não estiver em operação de carga e descarga. O termostato da unidade de refrigeração do veículo deve ser ajustado para a temperatura do ar a -18°C. (SBRT, 2007).

Procedimentos Metodológicos

O objetivo do presente estudo é verificar como o processo logístico é influenciado pela

especificidade dos produtos congelados. O recorte metodológico utilizado foi a definição de indicadores para um sistema de medição de desempenho nas operações logísticas que ocorrem na armazenagem e distribuição física desses produtos a partir de um Centro de Distribuição (CD) até os pontos de venda do varejo. O objeto de estudo foi uma rede de supermercados localizada em um município da região metropolitana de São Paulo, configurando um estudo de caso.

Trata-se de um estudo exploratório que, segundo Cervo e Bervian (2002), objetiva a familiarização do pesquisador com o fenômeno, ampliação do conhecimento ou obter nova percepção do mesmo. O método de pesquisa utilizado foi o qualitativo, indicado quando se está lidando com problemas pouco conhecidos e a pesquisa é de cunho exploratório (GODOY, 1995).

Assim, realizou-se um estudo de caso, onde a coleta dos dados foi feita a partir de entrevistas, análise documental e observação (YIN, 2004). Foram entrevistados os responsáveis pela armazenagem do CD e pela distribuição das mercadorias para as lojas da rede de supermercados.

As entrevistas seguiram um roteiro semi-estruturado, o que permite ao pesquisador aprofundar a investigação durante a realização das entrevistas. Não se trata de uma simples conversa, mas sim um método de investigação orientado para um objetivo definido, a fim de obter do informante, dados relevantes para a pesquisa (FLICK, 2004). Todo o roteiro foi construído com base na revisão da literatura e focado em responder aos objetivos desta pesquisa. Questões previamente elaboradas funcionam como um guia a fim de manter o entrevistado focado no conteúdo específico e de obter respostas significativas para desvendar problemas ocultos.

A análise documental permitiu verificar os procedimentos internos de operação e relatórios de desempenho do CD. Para completar a coleta de dados, visitas foram realizadas ao CD e a três das principais lojas da rede para que se apurasse a rotina das operações por meio de observação. Durante a observação ocorreram conversas informais com os operadores do CD e das lojas visitadas, com a finalidade de captar informações não descritas nos procedimentos formais e que faziam parte da rotina operacional daquelas pessoas. Esse processo ocorreu ao longo de três meses durante o segundo semestre do ano de 2006.

A partir das transcrições das entrevistas, análise de documentos e das observações, será realizada uma análise de conteúdo por meio da categorização dos dados coletados. Segundo Malhotra (2001), na análise de conteúdo são elaboradas categorias analíticas utilizadas para a classificação dos dados e a comunicação é decomposta conforme regras preestabelecidas.

A análise de conteúdo obedeceu às seguintes etapas: organização do material, leitura preliminar, codificação, determinação das unidades de registro, determinação das unidades de contexto, categorização e redação do texto (BARDIN, 1977). As unidades de registro foram as frases dos entrevistados e demais dados coletados, enquanto as unidades de contexto foram

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as categorias previamente definidas. Na categorização das entrevistas, adotou-se como critério a ênfase dada pelos entrevistados em suas respostas, a repetição de frases e/ou idéias similares e prontidão ou demora em responder às questões. Os demais dados coletados foram classificados conforme sua aderência às categorias.

Apresentação da empresa do estudo de caso

A empresa estudada, que será chamada de LPS (nome fictício) é uma rede de

supermercados que teve o início de suas atividades como um pequeno empório nos anos de 1970, em um galpão de aproximadamente 100 m2, o qual havia sido adquirido por quatro irmãos em um município da Grande São Paulo. Alguns anos mais tarde, os irmãos transformaram aquele comércio em um supermercado que manteve a mesma estrutura administrativa por cerca de vinte anos. No final dos anos 1990, criou-se uma superintendência executiva, transformando a empresa familiar em uma rede de varejo. No ano de 2006, a LPS contava com 18.000 m2 de área de vendas (em imóveis próprios e alugados), sendo dez lojas localizadas em dois municípios da Grande São Paulo e duas na cidade de São Paulo, ocupando posição de destaque na região metropolitana de São Paulo.

A empresa declara ter como missão o abastecimento da comunidade com produtos e serviços de qualidade, a preços competitivos, oferecendo variedade, atendimento, higiene e conforto, para satisfazer todas as expectativas de seus clientes. Sua meta é aumentar continuamente seu faturamento, inaugurando novas lojas para os próximos 5 anos. Pretende manter-se competitiva perante seus principais concorrentes, incluindo empresas como Carrefour, Pão de Açúcar e Wal Mart, no município da Grande São Paulo onde foi fundada e tem o maior número de lojas. Para isso, pretende investir em máquinas, equipamentos, e principalmente em pessoas, dando treinamento, boas bases para o trabalho, melhorando o sistema interno para oferecer aos colaboradores um ambiente de trabalho satisfatório.

Como é característico para uma rede de supermercados, seus principais clientes são consumidores finais (famílias), bares, lanchonetes e restaurantes. A unidade em que a investigação foi realizada foi o principal Centro de Distribuição pertencente à empresa, que será denominado a partir daqui de CD. A área construída desse CD é de 12.000 m2 onde são movimentados 70% do total dos produtos comercializados nas lojas, incluindo mercadorias secas, resfriadas e congeladas.

Com a concentração das operações nesse CD, o diretor entrevistado informou que foi possível conseguir significativas reduções dos custos logísticos como conseqüência de negociações com fornecedores, que passaram a ter apenas um destino de entrega e não mais as doze lojas da rede. Contudo, não se teve acesso aos valores correspondentes a essas reduções de custos. Além disso, ainda há muitas compras que são feitas em atacadistas e, nessas situações, não há negociações realizadas com os fornecedores.

Trimestralmente realiza-se um inventário por uma empresa contratada para essa finalidade. Contudo, o controle dos produtos perecíveis é feito constantemente pelos próprios funcionários do CD. Quando a pesquisa foi realizada, relatou-se que as diferenças entre contagem física e contábil se mantinham em torno de 0,5%.

Apresentação, análise e discussão dos dados coletados

Nesta seção, apresenta-se a análise dos dados coletados na LPS por meio das entrevistas, levantamento documental e observações. Com base nos pressupostos teóricos, para que os dados fossem tratados de forma analítica, procedeu-se uma análise de conteúdo das informações obtidas, as quais foram classificadas em duas categorias: armazenagem e distribuição (MALHOTRA, 2001; BARDIN, 1977). O principal objetivo dessa análise dos

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resultados e discussão é verificar a existência da necessidade de estabelecer e/ou priorizar medidas de desempenho das atividades logísticas para atender às especificidades e cuidados especiais necessários para produtos congelados. Armazenagem

Na câmara do CD são armazenados produtos pertencentes à categoria PAS – Produto

de Auto Serviço. Produtos pertencentes a essa categoria são aqueles congelados e resfriados que, nas lojas, são expostos nas ilhas de congelados e balcões de auto-serviço. Uma séria preocupação com a conservação desses produtos está fora do CD, nas próprias lojas onde estão expostos. Tal preocupação aumenta em dias de maior movimento e temperaturas mais elevadas, pelo fato destes produtos serem manipulados pelos consumidores e que, ao decidirem não adquiri-los, nem sempre, os acondicionam novamente em seus lugares de forma correta, aumentando o potencial de perda de qualidade para o consumo. Exemplos desses produtos, tanto resfriados quanto congelados, são as massas frescas, bebidas lácteas, iogurtes, manteigas, margarinas, sorvetes, etc. Este é um ponto que converge com o que foi colocado por Geroski e Vlassopoulos (1991), ao destacar potenciais resistências de varejistas em expor produtos congelados em suas áreas de vendas.

Os principais indicadores a serem monitorados nessa armazenagem e exposição nas lojas são: acesso e endereçamento dos produtos; controle do shelf life; produtos danificados (embalagem, cristalização de gelo).

No CD, também são armazenados os produtos sazonais como, por exemplo: Chester e Peru, produtos tipicamente comercializados e consumidos na época do Natal. Para fazer a armazenagem destes produtos é feita a locação de uma câmara, pois a câmara existente não comporta o armazenamento desses produtos. Neste caso, a maior atenção estará na disponibilidade do produto, levando-se em conta as limitações de espaço físico, assim como no tempo total do ciclo, uma vez que o consumo desses produtos ocorre de maneira pontual, especialmente nos dias de pico de movimento do supermercado, como os fins-de-semana.

Nem todos os produtos congelados recebidos no CD permanecem armazenados para posterior distribuição para as lojas da LPS. Há situações em que compras emergenciais são feitas e, nesses casos, realizam-se operações de cross-docking. Portanto, nessa operação, os produtos não entram no processo de armazenagem, mas permanecem no CD temporariamente, apenas o tempo necessário para serem embarcados para as lojas de destino. Contudo, observa-se que essa não é uma situação desejada, uma vez que rompeu com o ciclo programado de suprimento do produto. Assim, muito mais importante que a velocidade de entrega ou tempo em que os produtos permanecem no CD durante a operação de cross-docking, é o controle da disponibilidade desses produtos para atender às necessidades das lojas.

O processo de armazenagem dos produtos congelados se inicia com a chegada dos caminhões que transportaram as mercadorias. A nota-fiscal é entregue à área de Recebimento, onde é feita a conferência dos dados do documento comparando-os com o que consta no pedido registrado no sistema. Caso não seja constatada nenhuma divergência, é emitido um romaneio de recebimento “cego”, com as informações de código do produto, EAN, descrição do produto, local para descrição da validade e a quantidade recebida. Este relatório é posteriormente entregue a um conferente que é responsável por receber a mercadoria na doca. Portanto, esse é um procedimento operacional burocrático, no qual não há manipulação da mercadoria recebida, que permanece no caminhão refrigerado até que seja liberado o seu descarregamento. Quanto mais rápido esse processo for finalizado, mais rápido os produtos recebidos estarão disponíveis no estoque e, o mais importante, nas condições ideais de armazenagem, pois os caminhões são preparados para uma armazenagem temporária e tempo

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adicional nessas condições pode comprometer a qualidade da mercadoria. Assim, a medição do tempo de ciclo de recebimento aparece como um indicador que pode refletir na qualidade do produto comercializado posteriormente nas lojas.

O caminhão é direcionado para uma das duas docas destinadas especificamente para o recebimento e expedição dos produtos congelados. Nesse local, um funcionário confere se a quantidade física da mercadoria condiz com a documentação recebida e faz uma verificação visual dos produtos. A verificação visual consiste em conferir a integridade das embalagens como por exemplo se há avarias, sinais de descongelamento ou vazamentos. Após a conferência é feito o endereçamento da mercadoria dentro da câmara, ou seja, onde ela ficará armazenada. O critério utilizado para a localização desses produtos é o prazo de validade para que sejam distribuídos para as lojas aqueles que têm data vencimento mais próxima.

No processo de entrega dos produtos no CD, não se verifica a temperatura dos produtos e não há como saber se mantiveram a temperatura adequada durante todo o trajeto percorrido. Nesse caso, não se verificou um procedimento que refletisse uma competência específica do transportador para lidar com congelados, como colocam Custódio e Oliveira (2006) a respeito do desenvolvimento de novas competências para esse fim por parte dos operadores logísticos. Nos contratos firmados com a transportadora não está incluída a responsabilidade pela garantia de manutenção das temperaturas corretas. Também vale lembrar que toda a cadeia logística do frio exige cuidados especiais que se diferenciam do que se pratica na cadeia de produtos que não necessitam refrigeração (SALIN & NAYGA, 2003). Para os problemas decorrentes de falhas no processo de armazenagem, é feito um relatório onde são descritas as ocorrências, bem como os custos envolvidos, para posterior avaliação dos motivos que ocasionaram os problemas.

A paletização dos produtos ocorre seguindo os mesmos critérios utilizados na armazenagem dos produtos que permanecem em temperatura ambiente. A partir da verificação de peso, altura, largura e profundidade das embalagens, os dados são cadastrados no sistema WMS (warehouse management system), o qual determinará as quantidades a serem alocadas em cada palete. Estes procedimentos visam à otimização do espaço e ganhos em produtividade no CD e sua aplicação na área de congelados é perfeitamente possível, apesar destes produtos terem características específicas para acondicionamento. Portanto, embora faça parte do controle de desempenho do CD para a área de congelados, as medidas de produtividade não são tratadas de maneira distinta por influência das especificidades da cadeia do frio.

O endereçamento do estoque é feito por ruas para evitar que produtos de tipos diferentes sejam misturados e prejudiquem a qualidade de armazenagem ou gerem dificuldade na sua localização. Contudo, observou-se que produtos com datas de validade expiradas, embora separados dos demais que ainda estejam no prazo recomendado para consumo, permanecem na mesma câmara. Os produtos fora do prazo de validade permanecem nessa área até que se realize uma negociação com fornecedores para que os mesmos sejam substituídos. Caso não se chegue a essa solução, realiza-se o descarte desses produtos. Verifica-se então, que o tempo que se gasta nesse processo terá impacto direto na capacidade de armazenamento das câmaras frias, disponibilidade de produtos e, de forma indireta, na qualidade dos produtos armazenados, uma vez que se potencializa o risco de produtos vencidos serem misturados com produtos que estão ainda dentro do prazo de validade.

Os produtos fora de condições de comercialização não estão sendo segregados em áreas específicas para que não se corra riscos de contaminação ou mistura com outros produtos aptos para o consumo. Não é o fato de serem produtos congelados que implica na necessidade de segregação de produtos não conformes para a comercialização, uma vez que tal procedimento aplica-se a produtos armazenados em temperatura ambiente. Contudo, como o espaço da câmara é restrito e produtos sem condições de comercialização são mantidos sob

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refrigeração para posterior devolução aos fornecedores, os mesmos dividem espaço com produtos que não apresentam problemas e serão distribuídos para as lojas.

A câmara frigorífica do CD está dividida em duas áreas, uma de armazenamento de produtos resfriados e outra destinada aos produtos congelados. A área reservada aos produtos resfriados é de aproximadamente 100 m², onde a temperatura ambiente é mantida em torno de 5ºC. Os congelados são armazenados em um local mais estreito, porém mais comprido do que o local destinado aos resfriados, contudo também com a área de aproximadamente 100 m².

A temperatura interna da câmara é monitorada a cada hora por uma equipe pré-determinada para este trabalho. A conferência da temperatura é feita por meio da leitura de equipamentos instalados em um painel externo à câmara. Caso a leitura indique uma temperatura divergente do padrão, a pessoa informa o responsável pela supervisão da câmara, para que o mesmo avalie o problema e, caso necessário, acione a manutenção.

A freqüência em que é realizado o controle da temperatura interna da câmara do CD não parece indicar um forte potencial para problemas da armazenagem dos produtos, contudo, caso ocorra desvios, não há como detectar por quanto tempo a câmara permaneceu com temperatura inadequada ao longo da última hora. Portanto, nota-se que há possibilidade de instalação de dispositivos que informem alterações na temperatura interna por meio de alertas sonoros, possibilitando ao mesmo tempo, menor freqüência de monitoramento da temperatura e ação imediata em caso de alterações.

Os produtos são levados à câmara em carrinhos hidráulicos ou então em empilhadeiras, para que possam ser armazenados verticalmente. Nos níveis mais elevados de armazenagem ficam os produtos que servem de pulmão de estocagem.

Paletes de madeira ficam armazenados dentro das câmaras, dispostos entre as estantes. Caso ocorra o escorrimento desses líquidos, o palete de madeira não permite limpeza imediata. Além desta situação, lascas de madeira podem se soltar dos paletes e cair em cima das caixas e da estrutura metálica, acumulando sujeiras, bactérias, etc. Outros tipos de paletes, como os de plástico ou emborrachados, são indicados para ambientes destinados ao armazenamento de perecíveis congelados, conforme a ANVISA, evitando-se a absorção de água ou outro líquido que possa escorrer caso haja descongelamento indevido dos produtos.

As condições sanitárias do CD são avaliadas mensalmente por um médico sanitarista, o qual não é membro do quadro de funcionários da empresa, mas contratado para essa tarefa e indicação de alterações que verifique serem necessárias para adequação da área às exigências da ANVISA.

Distribuição

A distribuição dos produtos congelados é feita junto com a distribuição dos produtos

resfriados. Os veículos utilizados para o transporte de ambas as categorias de produtos são os mesmos e não existem áreas confinadas no interior dos caminhões com temperaturas diferentes para cada tipo de produto.

Os caminhões utilizados são de uma empresa terceirizada. Todos os caminhões utilizados para o transporte de produtos que necessitam de controle de temperatura possuem aparelhos com essa finalidade, como compressores de refrigeração e controladores de temperatura. São equipamentos que foram instalados nos veículos graças a um acordo entre a rede de supermercados e a transportadora. A LPS realizou a aquisição dos equipamentos e abateu os valores pagos em fretes contratados posteriormente junto à transportadora. Quando o CD foi inaugurado, nenhum caminhão possuía este equipamento, o que caracterizava uma situação semelhante ao período inicial da cadeia do frio descrita por Geroski e Vlassopoulos (1991) e a necessidade de novas tecnologias para os veículos de transporte de congelados.

Atualmente são utilizados 3 caminhões para o transporte deste tipo de perecíveis para

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o atendimento das 12 lojas. Quando o caminhão sai do CD, o mesmo é lacrado, e é emitido um romaneio fiscal discriminando toda a mercadoria que vai para cada loja. Indicadores usuais da logística de distribuição aplicam-se a esse caso, como velocidade de entrega, pedidos completos entregues, atrasos e prevenção e recuperação em caso de falhas. Todavia, o estabelecimento de metas a serem atingidas e a garantia de que sejam cumpridas ganha atenção especial para os produtos congelados por conta dos reduzidos espaços para armazenagem e riscos de falta nos balcões de exposição das lojas e as condições especiais de transporte, limitando a correção em caso de erros.

A manutenção de temperatura adequada ao longo da operação de distribuição é de suma importância, pois o produto pode chegar ao seu destino final descongelado, tornando o mesmo inadequado para o consumo. Cuidados que obedecem a padrões previamente estipulados como os verificados no processo de armazenagem nas câmaras do CD não foram verificados durante a observação da operação de distribuição. Foi possível constatar que surgem condições propícias para a ocorrência de avarias durante o transporte devido à falta de padrão na paletização durante o carregamento dos veículos. Pequenas avarias de embalagem podem criar condições para entrada de ar e consequente formação de cristais que prejudica a imagem e conservação da qualidade do produto, o que ressalta a importância do indicador de produtos entregues sem avarias.

A definição da rota a ser seguida pelos veículos que transportam esses produtos é feita pelo próprio motorista do caminhão. Como são três caminhões e doze lojas a serem atendidas, o habitual é dividir a entrega de mercadorias de tal forma que cada caminhão abasteça quatro lojas. Ao serem carregados no CD, os caminhões têm as temperaturas ajustadas para o acondicionamento de produtos resfriados, que são mais elevadas do que as recomendadas para os produtos congelados. Assim, as últimas lojas a serem atendidas no roteiro de distribuição recebem produtos congelados que chegam a permanecerem por um período superior a seis horas em refrigeração mantida a uma temperatura inadequada, aumentando a preocupação com o controle da consistência das entregas em cada ponto de destino. Neste aspecto, outro indicador que ganha importância é o tempo do ciclo de recebimento dos pedidos na lojas, pois a morosidade nesse processo pode acarretar em atrasos e prejuízos para o processo de distribuição, que se potencializam por se tratar de produtos congelados.

Segundo fabricantes, os produtos congelados podem ser transportados em veículos que possuam temperatura de armazenamento compatível a produtos resfriados, contudo não devem permanecer nessa condição por um período superior a três horas. No caso específico da LPS, há situações em que esse período é excedido. Uma prévia programação específica para o abastecimento das lojas com produtos congelados, em que sejam definidos roteiros a serem cumpridos em um período de tempo menor, pode ser adotada como medida preventiva para que não ocorram problemas em relação ao descongelamento dos produtos, já que estes são distribuídos em caminhões resfriados. Neste processo de distribuição, cabe também o monitoramento dos horários de saída do caminhão do CD e quando chegou em cada loja (BALLOU, 2006). Este procedimento também possibilita a constatação de desvios para posterior avaliação, ou seja, quais caminhões não estão atendendo ao que foi especificado em relação ao tempo de entrega, o que foi que ocasionou o atraso, e demais informações que ajudarão a resolver esses problemas.

Considerações Finais

A cadeia do frio, ao mesmo tempo em que ganha importância na economia nacional,

necessita estar preparada para o aumento da demanda de produtos congelados, tanto em volume quanto em variedade. Este artigo teve como objetivo central compreender como o processo logístico de uma empresa varejista é afetado pelas especificidades dos produtos

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congelados, especialmente na medição e avaliação de desempenho. O caso estudado em uma rede de supermercados, envolvendo seus processos de

armazenagem e distribuição de produtos congelados, a partir de seu CD para suas lojas, possibilitou verificar que características específicas destes produtos levaram a uma segmentação da logística, contudo ainda em desenvolvimento. Novas tecnologias foram agregadas aos meios de transporte e equipamentos de armazenagem, mas ainda se percebe trabalho a se desenvolver em relação à padronização dos procedimentos e educação das pessoas que trabalham na cadeia do frio.

Tanto nas operações de armazenagem quanto de distribuição da rede de supermercados estudada, observou-se que as especificidades dos produtos congelados interferem na definição de indicadores a serem utilizados em um sistema de medição de desempenho. Para a armazenagem, os indicadores que se mostraram mais suscetíveis às características específicas dos congelados foram tempo de ciclo de recebimento, temperatura ambiente, tempo de recuperação de falhas, disponibilidade de produtos, endereçamento dos produtos, controle do shelf life e produtos danificados. Já na distribuição, destacou-se o estabelecimento e controle de metas a serem alcançadas, prevenção e recuperação de falhas, produtos entregues sem avarias e tempo do ciclo de recebimento dos pedidos nas lojas.

Para evitar que os produtos se misturem e haja contaminação, especialmente aqueles que não estão em conformidade com as condições de comercialização com produtos que não apresentam problemas, a armazenagem para congelados ainda necessita de maiores espaços, o que não foi encontrado no caso estudado. Além disso, como a oscilação de temperatura é ponto crítico para esses produtos, já nas operações de recebimento, ou seja, antes mesmo do armazenamento, é importante que se verifique se os produtos estão chegando com temperaturas adequadas, um procedimento que também não se verificou no estudo de campo. Ainda em relação à armazenagem, o caso estudado mostrou correções a serem feitas, como a utilização de paletes apropriados para câmaras frias, assim como oportunidades de melhoria, como a instalação e utilização de equipamentos automáticos de controle de temperatura e movimentação de materiais.

A definição dos roteiros para distribuição, no caso de produtos congelados, deve ser feita obedecendo critérios que visem à preservação da qualidade, o que inclui a aparência e sabor dos produtos, além de buscar a eficiência em custo, como na distribuição de produtos que não necessitam de refrigeração. Significa que devem ser consideradas variáveis como o tempo de circulação do caminhão, tempo de parada e abertura de portas para descarregamento das mercadorias, espaço interno na câmara do caminhão para circulação de ar e temperatura ambiente para que os produtos mantenham temperatura adequada para posterior comercialização e consumo.

Treinamentos específicos, assim como maiores espaços e equipados adequadamente para armazenagem de produtos congelados implicarão em investimentos que representarão maiores custos, mas que deverão fazer parte dos budgets das empresas que operam com estes produtos, para que possam acompanhar o crescimento do setor. É importante lembrar que, como destacam Calza e Passaro (1997), Ângelo e Siqueira (2002) e Darian e Cohen (1995), produtos congelados estão sujeitos a uma compra seletiva e não por impulso, em que os consumidores não têm como principal critério de julgamento o valor pago pelo produto.

Por ser um estudo exploratório e que está restrito a um caso, não é possível fazer generalizações, contudo essa limitação não diminui a importância da investigação realizada. A contribuição desse estudo está em apresentar uma situação típica da necessidade de adoção da logística como importante fonte de diferenciação para a competitividade. Sugere-se a ampliação de estudos semelhantes que possam verificar, por exemplo, como as operações logísticas com produtos congelados são realizadas em regiões de clima quente e tornem o contexto mais complexo, ou então as orientações para ganho em competitividade entre os

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operadores logísticos que atuam especificamente no mercado de refrigerados e congelados. Essa orientação ganha destaque ao se falar em um segmento de produtos, como os alimentos congelados comercializados no varejo, que têm projeções de crescimento significante para o futuro como conseqüência dos novos hábitos da população mundial.

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