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Análise Literária da obra Memorial de Maria Moura Denis Moura de Lima

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Análise Literária da obra Memorial de Maria Moura

Denis Moura de Lima

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Análise literária do Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz

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Análise Literária da obra Memorial de Maria Moura

de

Rachel de Queiroz

por

Denis Moura de Lima

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Mourinha

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ÍNDICE

O ROMANCE NORDESTINO MEMORIAL DE MARIA MOURA _____________________ 4

A obra a ser analisada ______________________________________________________________ 4

O Assunto deste romance ____________________________________________________________ 4

Há várias ações inesperadas que mudam bruscamente o rumo da história. __________________ 8

CARACTERÍSTICAS DOS PERSONAGENS PRINCIPAIS __________________________ 10

LISTAGEM DE TODOS OS PERSONAGENS NA ORDEM EM QUE APARECEM NA HISTÓRIA __________________________________________________________________ 11

RESUMO DOS CAPÍTULOS DA PRIMEIRA PARTE PRINCIPAL ___________________ 14

O PADRE. _______________________________________________________________________ 14

MARIA MOURA _________________________________________________________________ 14

O BEATO ROMANO _____________________________________________________________ 15

MARIA MOURA _________________________________________________________________ 15

O TONHO _______________________________________________________________________ 18

IRINEU _________________________________________________________________________ 18

TONHO _________________________________________________________________________ 18

MARIA MOURA _________________________________________________________________ 19

O TONHO _______________________________________________________________________ 20

MARIALVA _____________________________________________________________________ 20

MARIA MOURA _________________________________________________________________ 20

ESTRUTURA DA OBRA ______________________________________________________ 21

BLOCO PRINCIPAL: Maria Moura. ________________________________________________ 21

BLOCO SECUNDÁRIO - Marialva __________________________________________________ 22

BLOCO SECUNDÁRIO - Beato Romano _____________________________________________ 22

Resumo esquematizado de todos os capítulos. ______________________________________ 23

Minha impressão pessoal sobre o romance ________________________________________ 26

ANEXO I ___________________________________________________________________ 27

GLOSSÁRIO DE PALAVRAS POUCO CONHECIDAS ENCONTRADAS NA OBRA _____ 27

Anexo II – Gráficos de tensão dramática no leitor. ____________ Erro! Indicador não definido.

BIBLIOGRAFIA _____________________________________________________________ 29

QUEIROZ, Rachel de - Memorial de Maria Moura - São Paulo: Siciliano, 1992 _____________ 29

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Análise literária do Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz

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O ROMANCE NORDESTINO MEMORIAL DE MARIA MOURA A obra a ser analisada é o romance brasileiro Memorial de Maria Moura, da

escritora Rachel de Queiroz. Produto de trabalho perseverante desta renomada escritora que, dedicou-se à pesquisa e escrita de romances desde a sua adolescência até concluir, às onze horas da manhã, de 22 de fevereiro de 1992, aos 82 anos, esta obra prima, que faz jus à “chave de ouro” com que diz ter concluído sua carreira de romancista. Foi editado pela primeira vez no mesmo ano de conclusão. O exemplar que ora aprecio foi entregue ao público em sua nona edição, em 1996, pela editora Siciliano, em São Paulo.

O Assunto deste romance ( social nordestino ) é a saga de força e determinação da mulher que Rachel nos apresenta na personagem Maria Moura. É a jovem Moura que conheceu as dores da perda da mãe, chorando ajoelhada na beira da cama da enforcada genitora; é a amante do padrasto que lhe faz ameaças mortais, caso não seja garantida a ele a herança da falecida; pecadora confessa diante do padre Zé Maria, quando decide dar fim ao padrasto e suspeito de assassino da mãe; mulher “macho” capaz de destruir a própria casa, para não entregá-la de “mão beijada” aos primos gananciosos; decidida quando manda executar todos que lhe ameacem a existência ou lhe queiram sob os pés, mesmo sendo seu grande amor, Cirino, a quem tem que mandar matar a contragosto.

Como que para contrastar com Maria Moura, essas páginas neo-realistas também contam a história de amor entre a prima Marialva e Valentim; sua submissão aos irmãos e à cunhada que querem afastá-la de casamento, para não terem que dividir a herança (pág.89); sua fuga com o pagador de promessas e trapezista; seu casamento e vida andarilha de saltimbanco até seu estabelecimento na Casa Forte. Numa terceira narrativa, também paralela a principal e primeira, o Padre Zé Maria conta sua tragédia com Dona Bela, mulher solitária, que busca o padre como amante e dele engravida, sendo brutalmente executada pelo marido, e este, morto pelo padre; sua fuga errante até o sossego sob a proteção da Moura, com a alcunha de Beato Romano. Uma ficção que reflete à realidade do sertão nordestino em meados do segundo império e que, de forma experiente e simples, arranca fortes emoções de nossa imaginação.

O motivo pelo qual a obra foi escrita terá sido, no mínimo, a vontade da escritora em mostrar, mais do que nunca, a vida de uma nordestina determinada e forte, núcleo central da obra. Para isso desenvolve um enredo que mostra a dinâmica de uma mulher que não se deixa dominar por ninguém e deseja a fama de mulher respeitada e poderosa em época de inferiorização feminina. Para desenvolver a temática da determinação, Raquel de Queiroz aproveita a existência indispensável dos deuterogonistas para realçar as características da personagem principal. Marialva contrasta em força de personalidade com Maria Moura; já Firma, apesar de também forte temperamentalmente, se lhe antagoniza pelo caráter azedo demonstrado para com seu parceiro; a postura religiosa da Moura é caracterizada com a presença do Beato Romano, que dá um toque de religiosidade e tragédia à obra; já seus envolvimentos amorosos têm como acompanhantes Duarte, Cirino e até Irineu, embora com este não passe de pura e rápida libido não saciada. Assim, nessa posição tomada pela autora para desenvolver o núcleo central da obra, personagens e situações servem como pano de fundo para expor as visões da valente mulher sobre temas como: poder (pág. 265), escravidão (pág.175), trato com autoridades (pág.332), latifúndio (pág.90), justiça (pág.466), castigo (págs.333, 444), traição (pág.418), vingança (418), ética (pág.261), paixão (pág.394), indignação (pág.35), assassinato (pág. 101), preconceito (pag.24), angústia (pág.18), medo (pág.448), orgulho (pág. 34,35) e amor (pág.447 e 360).

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O foco narrativo predominante no Memorial de Maria Moura, de acordo com a tipologia de Norman Friedman, é o “eu como protagonista”. Isso porque as histórias trazidas pela obra são narradas por cada um dos cinco principais personagens: Maria Moura, Beato Romano ou o Padre, Marialva, Tonho e Irineu. Todos esses narradores são protagonistas das ações e contam, em primeira pessoa, os fatos relacionados com eles mesmos, tal qual os vivenciam ou vivenciaram. Assim, os pontos de vista localizam-se em centros fixos de cada protagonista, registrando suas percepções, sentimentos e pensamentos. A protagonista maior de toda a obra pode ter sido construída com base numa possível entrevista concedida à escritora, provavelmente por Izinha, alguém que deve ter conhecido uma certa Moura. Como sugere a segunda dedicatória do livro: “ À ISINHA, pela cumplicidade comigo e com a Moura.” (pág.05)

Com relação ao ponto de vista, todos os narradores se envolvem na narrativa através de ações práticas e/ou subjetivas, em que cada um opina sobre si e os demais personagens e seus comportamentos. Não ocorre onisciência ou onipresença de nenhum narrador, característica do foco predominante “eu protagonista”. Em segundo plano, aparece o foco narrativo dramático. Aparece em algumas narrativas o foco de onisciência multisseletiva entre os dois primeiros capítulos, nos quais a chegada do ex-padre Zé Maria à Casa Forte é narrada, em parte, tanto por Maria Moura, quanto pelo padre, e entre o sétimo, oitavo e nono capítulos, onde Maria Moura e Tonho narram o assalto à casa do Limoeiro pelos primos de Maria.

Sobre o tempo da narrativa, as histórias do Memorial de Maria Moura se passam em meados do segundo império : “vocês não têm o direito de fazer isso! Podem até ser enforcados. Eu sou funcionário do Governo Imperial! (pág. 262) Todas as narrações são feitas no pretérito: “ Ouvindo o tiro, eu me apeei do cavalo. Então tinha chegado ao lugar.” (pág. 7) como relatos de reminiscências dos personagens, o que é natural numa obra memorialista. A nível da história, os três primeiros capítulos são “flashs-forwards”, antecipações do que ocorrerá quase no fim do tempo da história, pois o encontro do padre com Maria, contados nesses capítulos iniciais, é a causa, criada pela escritora, para que Maria remoa suas memórias e com isso encadeie, a partir do quarto capítulo, toda a sua história ( também as histórias paralelas de Marialva e Padre Zé Maria) numa sucessão predominantemente cronológica. Sobre a projeção da unidade de tempo da história no discurso, podemos considerá-la múltipla1, pois temos fatos que são registrados na perspectiva de vários personagens, como já citado no parágrafo sobre o ponto de vista.

As marcas do tempo na moda das personagens pode ser percebida nas indumentárias da jovem Maria Moura, segundo narra o Padre Zé Maria sobre a Moura: “Ela se levantou num repelão, tapou o rosto puxando a mantilha. E disse esta única palavra: - Tomara! Como se fosse uma ameaça. Saiu em passo duro, martelando as lajes da igreja com o tacão do sapato.” (pág. 8) E sobre si mesmo: “Olhei para mim mesmo, ali, sentado no chão, a roupa de brim pardo, as grossas botas reiúnas, o lenço no pescoço”... (pág. Idem).

As marcas do tempo na limguagem estão presentes nas expressões pouco conhecidas por nós como “bangüê”, espécie de cama portátil: “...me deitaram no bangüê de couro da sala.” (pág. 18); “cunhãs”, jovens que serviam as sinhás: “Ai, eu tinha que procurar ajuda. Chiquinha e Zita, minhas cunhãs? Nem pensar.” (pág. 24); “pabula”, fabula ou vangloria e bacamarte, uma arma antiga de municiamento pela boca larga: “De armas, arrumei o nosso bacamarte velho para o Irineu, que sabe lidar com aquilo - pelo menos se pabula.” (pág. 55). A linguagem regionalista é reconhecida em falas de personagens como: “ Sei inhora não. Eu estava chegando com este cavalo do sinhozim, e olhe o que ele me deu!” (pág. 387).

Obs.: Para melhores estudos, elaborei uma lista com as palavras menos comuns em nossa época e seus respectivos significados no anexo I das páginas 28 e 29 deste trabalho.

1 Devido a ocorrência de onisciência multisseletiva entre vários capítulos.

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Quanto aos usos e costumes da época, o transporte do sertanejo de posses era, quando muito, feito por animais: “ Montaria, além da burra, um cavalo de campo meio sestroso, mas que eu domino bem. Os cabras vão a pé, junto conosco, conforme o costume. (pág. 55). Quanto as armas, hoje só as conhecemos como peças de museu: “De armas, arrumei o nosso bacamarte velho para o Irineu, que sabe lidar com aquilo - pelo menos se pabula. Tinha um clavinote também velho, que ainda podia dar serviço, trazido do pessoal da Firma. O resto era mesmo na pajeú, que todos possuíam...” ( idem). Havia também o costume das botijas: “...mas o povo é doido por história de ouro enterrado, botijas cheias de moeda; muita casa já foi abaixo por causa de gente que sonhou com dinheiro enterrado pelo dono morto.” (págs. 22 e 23) entre outros como o custume de raptar moças pra casar (pág.50), ou que moça que não tivesse mulher idônea morando junta, não devia receber namorado (pág. 30), e até que mulher não devia pegar em armas de fogo (pág.31), denunciando uma época de inferiorização da mulher.

O espaço narrativo do Memorial de Maria Moura é predominantemente rural, aberto e natural onde é explorado o regionalismo. É o sertão de Pernambuco, nas imediações de Limoeiro do distrito de Vargem da Cruz. Fisicamente é uma região sertaneja, de vegetação de caatinga (pág 94), mas também de serras e lagoas. É uma zona de minifúndios, fazendas estabelecidas em pedaços de antigas sesmarias, onde é praticada a agropecuária e principalmente as culturas de milho, feijão, e mandioca, além da criação do gado bovino. Quanto ao espaço dramático, temos os cenários do sítio do Limoeiro. (pág. 63, 42), a Casa Forte (pág. 9, 10 e 293 ) na serra dos padres (pág. 231e 271), casa das Marias Pretas e lugares como Lagoa do remendo, Lagoa do Socorro, São Miguel de Camiranga, Timbaúba, Bom Jesus das Almas, Sítio dos sete riachos, Pau de ferro, Riacho da Bugra, Japurí, Bruxa, Água linda, Barra do Queimado, Jeromoambo, Águas Belas.

O espaço social é dividido em ricos e médios fazendeiros, como Maria Moura com o sítio do Limoeiro, seus primos com o sítio das Marias Pretas (pág 34), Major Honório com a fazenda dos Nogueira (pág. 185) e Tibúrcio com a fazenda do Garrote (pág. 335), grandes latifundiários como o Major Nunes com os Inhamuns (pág. 396) e Maria Moura com sua Serra dos Padres (pág.244), o clero de, pelo menos, um padre, como o Beato Romano (pág. 19) e o padre Ventura (pág. 184) em cada lugarejo significativo, artistas andarilhos tal qual Valentim e sua família de saltimbancos (pág. 216), delegados, advogados, como o Doutor Silvino (pág. 37), juristas como seu Nicolino (idem), soldados tipo o Cabo Sena (idem) e Zé Soldado (pág. 39), escravos forros, Rubina (pág. 51) e Seu Jordão (pág. 139) e fugidos como o casal Amaro e Libânia (pág. 117), bandidos como Antônio Muxió e seu bando (pág. 325), caboclos e trabalhadores característicos do nordeste brasileiro da era imperial.

Próximo ao espaço social está o econômico. Este é formado por fazendeiros ( já citados), oficiais da corte (pág. 262), comerciantes como o também garimpeiro Anacleto (pág. 103), o rancheiro Juvêncio (pág. 142) e o bodegueiro Zé Lopes (pág. 56), magarefes e tangerinos de gado como os conhecidos do marchante Francelino de Souza (pág. 470), tropeiros como Julião Tropeiro (pág. 206) e seu patrão (pág. 205) e os assaltantes de tropeiros e viajantes como o bando de Maria Moura.

Diferentemente do paradigma atual que garante riqueza a quem tiver tecnologia, os valores da época de Maria Moura são medidos em terras e ouro, apenas influenciando suas frenéticas buscas como a própria protagonista diz: “Mas eu sabia que era o ouro que dá o poder aos ricos. Com ouro se compra terra, gado, armamento; com ouro se compra boa vontade, até amizade; com ouro se paga missa, se faz igreja. O Liberato falava de um barão que ele conheceu no Recife e tinha comprado a nobreza com um saco cheio de oitavas de ouro em pó. Igual ao ouro daquele frasquinho que vinha no fundo do saco do funcionário imperial...” ( pág. 265 ) “Ou, quem sabe, a força dos ricos está mesmo é nas casas de alvenaria, nos cavalos de sela, na roupa de seda e

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veludo, o muito gado pastando nos campos sem fim – e os próprios campos sem fim? O ouro será o confeito dessas posses? Pois quem tem ouro tem tudo que o ouro vale.” ( pág. 177 ) Ou nas palavras de Marialva:“ Por causa de um corredor de uma braça de largura numa extrema, todos são capazes de matar, de morrer e de mandar matar.”( págs. 90 e 91) “ Com o ouro se sonha, é o que eles dizem. Mas a terra é viva, está fervilhando debaixo de nossos pés. Quanto sangue corrido, quanta moça emparedada pra não casar, ficar solteirona, moça-velha e não dividir as heranças!” ( pág 91).

Essas marcas são suficientes para perceber que a época da história pode ser considerada antiga, no sentido de bastante diferente da atual.

O espaço cultural é caracterizado pelas festas do Divino Espirito Santo (pág. 220), a cultura das apresentações dos saltimbancos ( idem ), a precária educação do povo, que se limitava a livros de caráter religioso, entre outros poucos lidos ou disponíveis (págs. 197, 204 e 356). Maria Moura conta sua educação: “ Lá em casa não havia nenhum ( romance ). Mãe tinha um livro de vida de santo, que era muito triste, só sofrimento. Eu detestava. E Pai tinha um livro que ele gostava demais. Vivia lendo. Era a vida do Imperador Carlos Magno e os Doze Pares de França. Foi nesse livro que eu aprendi a ler. Pai me ensinava nas letras grandes dos títulos. Lá em casa também não tinha carta de ABC: Pai dizia que num livro a gente encontra todas as letras. Me mostrava uma e me mandava procurar as outras letras iguais pelas páginas. Depois me ensinava a juntar letra com letra, e acabei aprendendo.” ( págs. 356 e 357 ). Mas geralmente a educação dos filho de gente abastada era dada em cidades grandes ou quando aparecia alguém capaz e disposto a ensinar como o Beato Romano (pág. 368).

Psicologicamente, o espaço ambiente é ora alegre, ora triste, em climas tranqüilos ou pesados, num tempero de emoções que nos envolve na história. Há momentos de tristeza, desespero e pavor infundida pela morte da mãe de Moura (págs. 17 e 18); medo, de Cirino diante da garrucha ameaçadora de Maria Moura (pág. 448); raiva ante a cobiça e perseguição dos primos dela (pág. 35), repressão sofrida por Marialva sob as unhas da cunhada (capítulo 12 - Marialva), angústia de Maria Moura após mandar matar Cirino (págs. 460, 463 e 467); tragédia do Padre Zé Maria com o envolvimento de Dona Bela (capítulo 17 - Beato Romano); momentos de alegria como a vinda de Marialva e Valentim, ou de Maria Moura na realizada Casa Forte, na cruz erguida às escondidas na mata pelo Beato Romano e a Moura a brincar com Xandó.

A ação da história se inicia com a chegada amoitada do Padre José Maria nas imediações da Casa Forte de Maria Moura. Enquanto não é encontrado pelos cabras da Moura, recorda o momento em que esta foi confessar-lhe o plano de assassinato do padrasto. A esse rápido “flash-back”, segue-se a abordagem de dois cabras, João Rufo e um caboclo mandados pela Moura: “Mandei João Rufo ir ver quem era o estranho. Se tinha negócio com a gente, trouxesse o homem até em casa; se não tinha, enxotasse.” (pág.321). Os homens conduzem a bizarra figura do Padre à presença de Moura na casa Forte (Capítulo 1 - O Padre ).

Após o primeiro contato da protagonista com o estranho, começa outro capítulo em que a pessoa da narrativa se transfere para Maria Moura. Ela procura lembrá-lo e o analisa, física e psicologicamente, enquanto o interpela. Ele lhe pede asilo, porque anda procurado por causa de um crime e Moura o deixa ficar na condição de cabra como os demais (Capítulo 2 - Maria Moura ).

Novamente o foco narrativo se volta para o padre, que no capítulo anterior tinha combinado com a Moura de mudar a sua graça e passa chamar-se Beato Romano, título de todos os capítulos subsequentes nos quais ele é narrador, exceto o primeiro, quando é chamado de O Padre . Essa narrativa traz a impressão pessoal do Beato quanto a sua recepção por uma chefe de bando e sinhá, governando sua senzala, a desconfiança de João Rufo daquele pretenso beato que chegou vestido como um homem qualquer e não explicitava com que interesse a Moura o

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recebia. A narrativa se encerra com a análise de sua condição naquela praça de guerra. Teme que ela mande dar-lhe um aperto para tirar dele algum outro segredo de confissão, mas lembra-se que não pode dizer nada que interesse à dona, visto que toda sua tragédia se passou após a fuga da Moura. E acalma-se ao concluir que as pessoas com quem andou e anda ela nunca ouviu falar. Procura dormir ( Capítulo 3 - Beato Romano ).

No quarto capítulo, Maria Moura começa a recordar-se do segredo da confissão. O pecado da carne com o chamado “padrasto”, que não passava de um amigado de sua mãe. Pensa nas suas condições e objetivos atuais, nas riquezas que conseguiu e no poço de segurança em que se tornou a Casa Forte, dando total abrigo a foragidos, como no caso do Padre. Passa a rememorar momentos de sua adolescência, lembrando-se de quando sua mãe amanheceu pendurada no armador, enforcada com um punho de rede e daí começa a narrar o caso. A partir deste ponto, segue-se uma seqüência cronológica de narração2 onde o passado remoto é apenas esporadicamente lembrado e a pessoa da narrativa alterna-se3 entre Marialva, Tonho, Irineu, Beato Romano e, prioritariamente, Maria Moura ( Capítulo 4 - Maria Moura ).

Há várias ações inesperadas que mudam bruscamente o rumo da história. No foco de Maria Moura temos: A morte da mãe que desencadeia uma série de

assassinatos ( início do capítulo 4 - Maria Moura ); a intriga com os primos das Marias Pretas ( fim do capítulo 4 - Maria Moura ); a fuga da Moura ao tocar fogo na casa do Limoeiro para escapar ao cerco dos primos ( capítulo 8 - Maria Moura ); a chegada e asilo de Cirino do Garrote na Casa Forte ( capítulo 32 - Maria moura ); a paixão da Moura por Cirino ( capítulo 39 - Maria Moura ); o envolvimento da Casa Forte com a intriga entre os Seriemas, parentes de Cirino, e os Bacamartes pelo domínio dos Inhamuns ( idem ) e a traição de Cirino contra a Moura ( idem ).

No foco do Beato Romano encontramos as seguintes ações que mudam sua história: Dona Bela seduz o padre Zé Maria ( capítulo 13- Beato Romano); Dona Belinda engravida do padre (- Beato Romano); tragédia com Bela, o marido furioso e o padre Zé ( capítulo 17 - Beato Romano ); fuga da fazenda dos Nogueira ( capítulo 24 - Beato Romano) e depois, de Bom Jesus das Almas ( capítulo 26 - Beato Romano) por motivo de perseguição.

Com Marialva no foco, temos seu namoro com Valentim ( capítulo 10 - Marialva ); sua fuga com o mesmo ( capítulo 15 - Marialva ); a gravidez de Marialva ( capítulo 27 - Marialva ); as mortes do pai, tio e da mão de Valentim ( idem ) e o estabelecimento do casal na Casa Forte ( capítulos 34 - Marialva e 38 - Maria moura )

A ação se fecha após o assassinato de Cirino ( pág. 459) e a volta à normal bandidagem de Maria Moura, o Beato Romano feliz na sua tranqüilidade, Duarte com sua família, de bem com a vida e o casal Marialva e Valentim bem estabelecidos e com o filho Alexandre herdeiro de Maria Moura ( capítulo 43 - Maria Moura - 463 ).

Considero mista a ação da história, por seus aspectos dinâmicos nas cenas fortes, como os confrontos de Maria Moura com os demais personagens e até de susto, que a narrativa prega no leitor: “ Ele separou a chave do resto, que jogou em cima da mezinha. Passou a chave na fechadura, dando a volta com cuidado. Caminhou para mim: - Agora vou te matar.” ( pág. 386 ) ; estáticas na vida feliz de Marialva com Valentim ou pacata do Padre Zé Maria nos lugarejos quando não é perseguido; psicológicas que permeia todo o enredo nos pensamentos de cada narrador-personagem que se auto-analisa e opina sobre os demais. Assim, são determinados 2 Temos assim que esse “flash-forward” , ou antecipação da história seguida de um retrocesso é um recurso narrativo usado por Rachel de Queiroz que tanto prende o leitor curioso na leitura para saber como a história chegou naquelas condições, como serve para ligar a história num encadeamento a partir das reminiscências dos protagonistas. 3 Outra combinação do tempo da história explorada pela autora nesse romance é a alternância do discurso onde a indicação cronológica tem que ser, muitas vezes, sutilmente deduzida pelo contexto das narrativas.

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vários rítimos no decorrer do romance tanto quanto a intensidade emotiva dos instantes, quanto a proporção do tempo da história no discurso. Este varia desde o discurso direto como nos focos dramáticos, muitas vezes digressionados, até resumos de reminiscências.

As personagens, tipicamente nordestinas, são apresentadas na história individualmente e a medida que cada narrador desenrola suas lembranças, citando tanto algumas de suas características e indicando outras na circunstância narrada, quanto as das demais personagens circunstanciais de sua história. A animalização chega a aparecer no trato que Maria Moura têm para com João Rufo, que o considera seu cão de guarda, embora tenha por ele muita consideração: “Tinha também João Rufo, mas esse eu poupava. Me acompanhava a tanto tempo, que já parecia fazer parte da minha pessoa. Eu não passava sem ele, que me adivinhava os pensamentos. E respeitoso, calado, obediente. No dia em que eu perder João Rufo, o mundo pra mim fica diferente. Chiquinha e Zita tinham inveja e ciúme dele. Sei que, nas minhas costas, chamavam o João de “cão de guarda”. E isso mesmo é o que ele é, meu cão de guarda, sem má tenção no dizer.” ( pág. 61 ).

Maria Moura, sua prima Marialva e o Beato Romano são os três protagonistas de toda a obra pelo fato de serem os narradores principais ( cada um narra sua própria história ), ao redor dos quais interagem as personagens secundárias. A protagonista maior é Maria Moura, que narra a história à qual as demais convergem.

Os antagonistas são: Tonho, Irineu, firma, Luiz Liberato, Jardilino e, de certa forma, Cirino. Irineu e Tonho se opõem à Moura, quando querem tomar a todo custo as terras do Limoeiro, no que são apoiados por Firma. Esta se opõe também à Marialva, para impedi-la de casar e ter que dividir com a possível família dela a herança do marido. Os três também se contrapõem à Duarte e sua mãe por apoiarem Maria Moura e Marialva e aquele ser filho da escrava forra Rubina e do pai do Tonho. Luis Liberato é antagonista de Maria Moura quando este é o principal suspeito de assassinato de sua mãe e lhe faz ameaças sutis de morte idêntica caso ela não transfira a ele o poder sobre as terras do Limoeiro. Jardilino torna-se também seu oponente quando tenta, à força, reclamar o direito de possuí-la por ter livrado Maria do Liberato. Mas segundo Maria Moura, seu maior opositor é Cirino, por ser o único a quem entregou todo seu amor e por ele foi traída: “ - Agora mesmo, compadre, está preso lá um indivíduo que eu considero meu pior inimigo. Por isso lhe pedi para não falar nada...” ( pág. 450). O maior inimigo do Beato Romano era mesmo Dona Eufrásia, que tão má quanto seu outro antagonista ( Anacleto ), ofereceu um conto de réis pela cabeça dele.

Os adjuvantes da protagonista principal são, inicialmente: João Rufo, Zé Soldado, Maninho e Alípio. Depois, a acompanha o resto da cabroeira, os demais protagonistas e alguns adjuvantes destes, como o Valentim, Duarte e Rubina, de Marialva. O padre Zé Maria, além de acompanhante, foi seu confidente.

Todos os personagens desse romance podem ser considerados planos, visto que as características reveladas ou insinuadas no início da história se mantém até seu termino. Pode pairar uma dúvida sobre a reação homicida do padre Zé Maria, mas isso não compromete sua planicidade, visto que a autora, em nenhum momento o coloca como um religioso fortemente dominador de suas emoções.

É de se esperar que a protagonista maior aja mais que as demais personagens. É o que ocorre no Memorial de Maria Moura. A Moura age corajosa e planejadamente, de acordo com suas conveniências, emoções e aspirações. (pág. 61 e 144); Tem senso de justiça e respeito pelo ser humano, o que não a impede de assaltar os que ela julga ter riquezas demais (págs. 23, 175 e 381), nem de mandar matar quem ameaça sua existência e felicidade. Castiga rigidamente os desobedientes que estão em seu domínio (pág. 333 e 444) e demonstra gratidão e até afeto àqueles que lhe dedicam amizade (pág. 444).

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Análise literária do Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz

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Pode-se dizer que a ação de Maria Moura se dá tanto psicologicamente, a nível interior, quanto exteriormente, visto que a encontramos, várias vezes, a remoer suas emoções e a ponderar as circunstâncias, demonstrando por feitos aquilo que sente e mudando as situações com a força de suas ações. Essas ações são reais, na medida em que são todas humanas e naturais.

CARACTERÍSTICAS DOS PERSONAGENS PRINCIPAIS

Maria Moura, quando jovem, já era muito atraente e bonita, que o diga seu primo Irineu:

“...E logo com a prima, novinha, bonitinha, os peitinhos empinados...” (pág. 50) era magra: “Pai era magro como eu, e tinha pouco mais que a minha altura.” (pág 63) e tinha belas tranças até deixar de ser a sinhazinha do Limoeiro pra ser chefe de bando: “- Puxei o meu cabelo que me descia pelas costas feito numa trança grossa, encostei o lado cego da faca na minha nuca e, de mecha em mecha, fui cortando o cabelo na altura do pescoço.” (pág. 84). O Beato Romano a descreve, depois de encontrá-la senhora da Casa Forte: “E então apareceu a dona. Calçava botas de cano curto, trajava calças de homem, camisa xadrez de manga arregaçada. O cabelo era aparado curto, junto ao ombro.” (pág. 10) “Alta e esguia, podia parecer um rapaz, visto de mais longe. A cara fina seria mais bonita não fosse o ar antipático, a boca sem sorriso.” (idem).

Sua personalidade forte pode ser conhecida pela impressão que o Irineu tinha dela: “O diabo é que a Maria Moura, apesar de nova, não vai dar facilidade. Ela tem um jeito de encarar a gente que parece um homem, olho duro e nariz pra cima, igual mesmo a um cabra macho.”(pág. 50) e ainda: “...A cabrita é capaz de se defender até de faca. A maneira dela é de mulher que carrega punhal no corpete; ou não seria tão atrevida.” (pág. 50) ou pela própria boca de Maria Moura: “ - Aqui não tem mulher nenhuma, tem só o chefe de vocês. Se eu disser que atire, vocês atiram; se eu disser que morra é pra morrer. Quem desobedecer paga caro...” (pág 84).

Economicamente, Maria Moura era filha de fazendeiros e latifundiários: “ Eram três as partes dos herdeiros do Limoeiro, filhos do meu avô materno. Esse inventário andava em juízo para mais de vinte anos. A gente ocupava o sítio na raça.” (pág. 21), “Já as outras terras, que a gente tinha certeza que eram nossas, ficavam nem eu sabia mais a quantas léguas, sertão adentro.” (pág. 21)

Socialmente, Maria Moura era uma pessoa muito só, como ela mesmo diz: “ Sempre me senti muito só. Agora aquela intimidade obrigada com meus homens, eles prosando, discutindo, eu entendia que eles não falavam muita coisa por respeito a minha pessoa. Eu podia ser chefe, como exigia que eles me considerassem, mas era também a sinhazinha, que João Rufo de certo modo ajudou a criar e que os rapazes tinham visto menina.” (pág. 87)

“ Só tinham visto. Eu nunca andei com eles, os meninos do sítio. Mãe não deixava. E de andar com meninas eu não fazia conta, eram muito bestalhonas e medrosas.” (pág. 88)

Marialva era uma mulher branca, um pouco mais jovem que os irmãos Tonho e Irineu: “Existia também a Marialva, bem mais nova do que eles (os irmãos ). Dessa, eu só me lembrava ter visto duas vezes...” (pág. 35); tinha olhos verdes: “ Não tome por atrevimento. Quando vi a cor dos olhos da senhora, levei um susto. O povo sempre me diz que nunca viu olho agateado da cor do meu; mas os olhos da senhora são da mesma cor, iguais, iguais.” (pág 73). Pode-se imaginá-la como Maria Moura a descreve ao recebê-la na Casa Forte: “ ...Marialva nesses anos, botou corpo de mulher, engordou, está diferente...” (pág. 378). A irmã dos primos das Marias Pretas ( como a conhecia Maria) tinha personalidade pouco forte. Era submissa aos irmãos e à cunhada: “ Chorava já com saudade dele, de pena de mim, de raiva; de me sentir amarada pela vontade dos outros como se fosse uma corda. Ah, nem conseguia acreditar ainda que um dia ia

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poder me libertar da Firma, do Tonho, da Casa das Marias Pretas.” (pág. 134). Mas acreditava que mudara, talvez levada pela segurança com o Valentim: “ Eu já não era mais a mesma daquela casa. A menina Marialva, tão boazinha, que a firma trazia debaixo dos pés, tinha sumido. Eu agora como que tinha voado para fora das Marias Pretas, só pensava nas estradas, me vendo montada na garupa do Valentim, um cavalo grande e fogoso; e pensava no amor, o amor!” (pág. 135).

As características do Padre Zé Maria são apresentadas em poucas linhas por Maria Moura: “ Foi a primeira vez que eu vi aquele padre. Padre José Maria. Moço, tristinho, de pouca fala, ninguém ia dizer que estava ali um padre.” (pág. 19) ou pela análise do próprio quando chegou na Serra dos Padres: “ Olhei para mim mesmo, ali, sentado no chão, a roupa de brim pardo, as grossas botas reiúnas, o lenço no pescoço. Tudo surrado e encardido. Passei a mão no bigode de pontas caídas, pela barba, pelo cabelo que chegava quase aos ombros.” (pág 8). Maria Moura também o descreve nesse momento da história: “ Meu Deus, eu creio que me lembro dessa cara... É branco, usa roupa diferente, deve ser gente da rua.” (pág.11) “ De que cemitério me saiu aquela assombração? Muito amarelo, eu diria até descarnado, a roupa mais ou menos, mais velha e suja.” (idem).

O Padre José Maria de Sousa Lima ( “E não uso nome suposto; meu nome é exatamente o que dei aqui: José Maria de Sousa Lima.” (pág. 185) tem a vida é marcada pelo conflito entre os deveres de sacerdote, a tentação da carne (pág. 155) e a língua do povo “ – É o que vocemecês querem que eu faça? Eu não posso amarrar a língua do povo! Não sou louco por moça nenhuma, casada ou solteira. Se essa moça de que falou é a mulher do Anacleto, o que eu posso lhe informar é que só fui a casa dela uma vez, para dar a extrema unção à sogra” (pág. 154) e seu desespero de fugitivo: “ Inquieto, cada vez mais, passava da cama para a rede, ficava me balançando, querendo fugir à dor violenta trazida pelas evocações da Atalaia. Daquela noite, daquele quarto sinistro, com os três mortos; e a novidade da minha cabeça a prêmio e a caçada atrás de mim.” (pág. 247 e 248).

LISTAGEM DE TODOS OS PERSONAGENS NA ORDEM EM QUE APARECEM NA HISTÓRIA

Personagem ................................... Papel ........................................................................... Página Maria Moura ................................... protagonista maior do romance ................................... 09 João Rufo ........................................ principal cabra de Maria, desde seu pai ...................... 18 Luís Liberato .................................. padrasto da Moura e amante também ......................... 18 Chiquinha ....................................... cunhã de Maria Moura ................................................ 18 Zita .................................................. cunhã de Maria Moura ................................................ 18 Padre José Maria de Sousa Lima. .. o Beato Romano protagonista e narrador ................... 19 Fidalga Brites .................................. primeira dona da Serra dos Padres .............................. 22 Jardilino .......................................... caboclo que matou Luís pela Moura ........................... 24 Antônio Luiz ou Tonho .................. primo e opositor de Maria Moura ............................... 34 Irineu ............................................... primo que desejava raptar Maria ................................ 34 Marialva .......................................... irmã mais nova de Tonho e Irineu .............................. 34 Dona Lilita ...................................... lojista que indagava Maria sobre casamento .............. 34

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Personagem ................................... Papel ........................................................................... Página Cabo Sena ....................................... soldado de Vargem da Cruz ........................................ 37 Doutor Silvino ................................ advogado que intima Maria para a delegacia .............. 37 Eliseu .............................................. velho do Limoeiro, tio de Alípio ................................ 38 Chico Anum .................................... agricultor desde o pai de Moura ................................. 39 Zé soldado ou Zé de Deus .............. filho de Anum e cabra de Maria Moura ...................... 39 Seu Nicolino ................................... dono do cartório de Vargem da Cruz .......................... 39 Maninho .......................................... irmão de Zé soldado e também cabra ......................... 39 Alípio .............................................. um dos primeiros cabras de Maria Moura .................. 39 João Calixto .................................... fabricante de pólvora .................................................. 39 Major Caiado .................................. Amigo do pai da Moura, homem perigoso ................. 46 Tia Vivinha ..................................... tia de Tonho que fugiu com um mulato ...................... 47 Sabina Roxa .................................... moleca que levou uma surra de peia do Tonho. ......... 47 Avó Joaninha .................................. avó que deixou o sítio da Moura de herança .............. 49 Marinheiro Belo .............................. Marido finado da finada avó Joaninha ........................ 49 Firma ............................................... Mulher autoritária de Tonho ....................................... 50 Rubina ............................................ Velha negra alforriada da Casa das Marias Pretas ...... 51 Chagas Preto .................................. ladrão de cavalo, inimigo de Tonho ............................ 55 Zé Lopes ........................................ bodegueiro da vila próxima ao Limoeiro .................... 56 Valentim de Barros Oliveira ........... trapezista e pagador de promessa ................................ 75 Sandoval ......................................... posseiro antigo da Serra dos padres ............................ 80 Tabitê .............................................. Índio, marido da filha do Sandoval ............................ 81 Duarte ............................................. filho de Rubina, primo e amante de Maria Moura ...... 91 Corujo ............................................. vendeiro de uma vila ................................................... 95 Anacleto ......................................... marido de dona Belinda, garimpeiro e vendeiro ......... 103 Dona Bela ....................................... amante do padre Zé Maria .......................................... 103 Onofre ............................................. menino que servia ao padre na paróquia ..................... 108 Amaro da Conceição ...................... velho negro que recebeu Moura no Socorro ............... 117 Libânia ............................................ escrava fugida como seu marido Amaro ..................... 117 Juco ................................................. filho mais velho de amaro e Libânia ........................... 124 Pionca ............................................ filho do meio do casal de pretos do Socorro ............... 124 Bíu .................................................. filho caçula do casal de pretos do Socorro ................. 124 Seu Jordão ...................................... mulato forro que hospeda Marialva na fuga ............... 139 Maninha .......................................... mulher de seu Jordão .................................................. 139 Juvêncio .......................................... rancheiro próximo a Lagoa das Emas ......................... 142 Zé Pedro .......................................... chefe do 1° comboio assaltado pela Moura ................ 145 Dina ................................................ mãe de Onofre, o ajudante do padre Zé Maria ........... 153 Iria ................................................... escrava de Dona Bela que ajuda a fuga do padre ....... 154 Dona Eufrásia ................................. tia de Dona Bela, que manda perseguir Zé Maria ....... 158 Compadre Laurentino ..................... moribundo que o padre abandonou, pela Bela ............ 158 Zequinha ......................................... filho de Bela e Anacleto .............................................. 162 Simão .............................................. Marido de Iria ............................................................. 162 Luzia ............................................... negra que amamentou Bela e Simão ........................... 162 Roque .............................................. amigo do filho de amaro e novo cabra de Moura ....... 171 Herodes ........................................... capitão do mato ........................................................... 172 Padre Ventura ................................ de santa barbara que tinha mulher e seis filhos .......... 184 Chiquinho ....................................... menino da fazenda dos Nogueira ................................ 184

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Personagem ................................... Papel ........................................................................... Página Dona Joaquina ................................ mãe de Chiquinho ....................................................... 184 Raimundinho .................................. filho mais moço de dona Joaquina .............................. 184 Major Honório Nogueira ................ dono da fazenda dos Nogueira, pai de Chiquinho ...... 184 Sebastião ......................................... moleque que ajudou o padre Zé a fugir ...................... 185 Padre Barnabé ................................. o que contava a história do descamisado .................... 188 Jacó ................................................ filho da velha que arranchou o Zé Maria .................... 190 Filomena ou Siá Mena .................... dona da pensão da preta forra, onde Zé ficou ............. 191 Manel Dias ..................................... bodegueiro de Caramiranga que vendeu à Olípio ....... 195 José Perciliano ................................ patrão de Julião tropeiro ............................................. 205 Julião ............................................... tropeiro que reconheceu o padre em Bom Jesus ......... 206 Doninha .......................................... mulher de Julião .......................................................... 206 Tonico ou comendador Setúbal ...... Pai de Valentim ........................................................... 216 Aldenora ......................................... mãe de Valentim ......................................................... 216 Joaquim Manoel ............................. tio de Valentim ............................................................ 223 Jovelina ou Jove ............................. remanescente do Sandoval da Serra dos Padres ......... 235 Terto ............................................... marido falecido de Jove .............................................. 233 Pagão ............................................. filho de Jove e Terto ................................................... 234 Luca Evangelista............................. morador à duas léguas da Serra dos Padres ................ 240 Alvina ............................................. amiga de Luca e mulher .............................................. 241 Raimundo ....................................... filho de Luca e Albina ................................................ 241 Jaspim ............................................. índia cozinheira .......................................................... 249 Seu Dão .......................................... velho fazendeiro do povoado perto da Serra .............. 250 Capitão Tertuliano .......................... dono da fazenda Pau Ferrado ...................................... 268 Cau .................................................. menino do povoado das Bruxas .................................. 275 Rama ............................................... irmã de Cau ................................................................. 275 Vico ................................................ coleguinha de Cau ...................................................... 275 Franco ............................................. tio de Rana .................................................................. 276 Alexandre ou Xandó ....................... filho de Marialva e Valentim ...................................... 287 Ninosa ............................................. nova Mulher de seu Tonico ....................................... 289 Laurindo ......................................... sinhozim da Atalaia, filho de Bela .............................. 315 Antônio Muxió ............................... ladrão de gado que se junta a Moura e a trai .............. 325 Raimundim ..................................... parceiro de Muxió ....................................................... 326 Pé de Bode ...................................... cabra da Moura que dela escondeu ouro em pó .......... 333 Marinheiro Beltrão ......................... o que situou a grande fazenda “Açude do garrote ...... 335 Cirino .............................................. filho de Tibúrcio e paixão de Maria Moura ................ 337 Jovelino Bacamarte......................... chefe dos Mel-com-terra, ou Mendes ......................... 396 Peba Preto ...................................... chefe dos Seriemas, ou Nunes .................................... 396 Joãozinho Sacrista .......................... cabra de Jovelino que tramou com o Cirino .............. 415 Zé do Cedro .................................... Um dos vaqueiros que veio deixar Cirino à Moura. .. 464 Francelino de Souza........................ marchante comprador de gado .................................... 470

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RESUMO DOS CAPÍTULOS DA PRIMEIRA PARTE PRINCIPAL

Obs.: As letras com números subscritos indicam pontos, que serão apresentados num gráfico, da tensão dramática do leitor por acontecimentos da primeira parte principal. Parte esta que escolhi para analisar com mais detalhe por trazer características e causas de todo o resto da obra. Outro gráfico apresentará os níveis de tensão média no leitor por capítulos baseado no resumo comprimido geral de todo o romance. Os gráficos estão no anexo II, página 30.

O PADRE.

A história começa por volta do mês de julho, com o ex-padre Zé Maria ouvindo um tiro (a1) nas imediações da Casa Forte. Percebendo que chegou ao lugar, sai do caminho e mete-se pelo mato zarolho puxando o cavalo Veneno pelas rédeas. Escuta outro tiro, pensa não ser com ele. Cansado, senta-se sob uma moita (b1 ). Pondera que, se chegar na frente da casa, podem recebê-lo com fuzilaria e, se ficar quieto, acabarão por achá-lo, e o levarão vivo, querendo descobrir o que ele quer por ali. Nesse último caso, pede para falar com a Dona como velhos conhecidos. Torce para que a Moura se lembre da confissão (c1).

Começa a recordar a confissão: a moça ajoelhada e com a voz rouca que falava de um grande pecado, o da carne, com seu padrasto. E que tinha de mandar matá-lo. Após as palavras frias e sem raiva da jovem, ele lhe fala que tirar a vida dos outros é pecado maior que o da carne e pergunta-lhe o nome do homem. Ela diz o nome sem querer, e quando o percebe, quase grita de raiva temendo ser denunciada.

Recorda que o homem morreu mesmo numa tocaia, mas ele, Padre Zé Maria, não. Sofreu, penou, fugiu, correu tanto e estava ali exausto de tanto desespero. Pensa na degradação de sua aparência e sem a batina, com uma cara daquela teme que ela não o reconheça. Mas, espera que lembre seu nome, já que era muito conhecido em Vargem da Cruz. Sente-se seguro, porque sabe que os cabras não matam desconhecido. Primeiro vão querer interrogá-lo.

Dois homens chegam e, enquanto um pergunta o que ele quer ali (d1), e o outro quer saber se é tocaia e contra quem. Tiram a sua arma e tomam-lhe o cavalo e ele diz que apenas quer falar com a Dona Moura. Eles riem e ele diz que só revelará sua identidade a ela. Então eles o carregam até a casa (e1) . Logo então, aparece Maria Moura (f1). Ele tenta reconhecer nela a moça do confessionário. Ela pergunta muito secamente quem é ele e se tem negócio com ela. Ele pede um particular.

MARIA MOURA Maria Moura narra seu encontro com o ex-padre. Inicialmente com medo da bizarra figura,

(a2) pergunta-lhe o que ele quer com ela, ainda mais num particular, e diz que não tem segredo algum com ele. O padre pergunta se ela se recorda de uma confissão, repetindo-lhe as palavras confessionais dela. Um misto de raiva se apodera da Moura (b2), que tenta fingir não se recordar, mas quando ele fala o nome do assassinado, Luís Liberato, ela teve que fingir que só depois de fitá-lo bem, se recordava daquela manhã na igreja (c2).

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O Padre, sempre seguro de si, atesta que o segredo foi muito bem guardado e comenta que até o matador silenciou. Sentindo mais raiva e medo Moura fica curiosa pra saber o que ele queria com aquela ameaça disfarçada (d2). Ela lhe conta que o matador foi assassinado também, para maior segurança. Após o silêncio de ambos, ela pergunta se ele quer morrer também (e2). Ele diz que não veio ameaçar ninguém, e sim pedir proteção, asilo. Diz que largou a batina e fez também uma morte. Ela pergunta se é um segredo pelo outro e ele diz que pode ser, mas veio de graça e pode pagar o que gastar, escrevendo cartas e fazendo as contas, além de batizar os que nascem e ajudar os que morrem (f2).

Maria permite que ele fique, mas na condição de cabra da casa, com as armas da casa e um lugar para dormir. Ele diz “Deus lhe pague”, mas ela rebate que ele mesmo é quem vai pagar. Ela dá, mas exige.

Ela pergunta que nome ele vai usar. Ele analisa sua função ali e pede pra ser chamado de Beato e, em homenagem à Igreja Romana, de Beato Romano. Ela chama João Rufo e, após os dois homens saírem, ela pensa no motivo que a levou ao confessionário (g2). foi seu medo. Era Liberato, que matou sua mãe, ou ela. E como não tinha com quem desabafar a situação, que a enlouquecia, quis botar Deus ao lado dela e se confessar na igreja (h2).

O BEATO ROMANO Padre recebido com desconfiança na Casa Forte reflete, temeroso, sobre a sua atual

situação (a3).

MARIA MOURA Maria Moura analisa suas condições atuais e em como não repetiria a cena do

confessionário. Pensa no passado e decide abandoná-lo. Acha que só precisa pensar nos pecados na hora da morte.

Fala sobre o que mais lhe interessa, o que conseguiu depois de muitos anos de luta, sua riqueza e segurança, como o abrigo que deu, por exemplo, ao Beato Romano, para o qual decide arranjar um figurino que o caracterize melhor como um beato (a4).

Recorda seus 17 anos, quando descobriu sua mãe enforcada perto da cama, que ela repartia com o Liberto. Apavorada e impressionada para o resto da vida, ao ver a terrível forma como sua mãe tinha morrido, passa a desconfiar do padrasto ( apesar de Liberato estar viajando a três dias e só chegar dois após o enterro da enforcada ) como o possível assassino, já que a mãe não dera mostras que queria morrer.

A moça passa dias desolada em seu quarto. Liberato aparece aparentando surpresa diante da tragédia e começa a dengá-la e a acariciá-la. Não saía do Limoeiro alegando sua condição de pai para com ela. Maria passa a buscar consolo, dormindo na cama da mãe. Luís fica noites com Maria, inicialmente com brincadeira, mas que vai tornando-se perigosa à medida que avançam nos carinhos(b4).

Passados cerca de seis meses da morte da mãe, Liberato lhe traz um papel para que ela assinasse, passando a ele a propriedade, alegando ser ela menor de idade e incapaz de tomar conta da herança da mãe.

Assim como a mãe não concordara em casar com Liberato e lhe passar a propriedade, Maria também não queria assinar papel; até porque, as escrituras do Limoeiro estavam em disputa com os primos das Manias Pretas. A herança pertencia a cada um dos três filhos do avô

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Análise literária do Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz

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materno de Maria, o Marinheiro Belo, e como o inventário estava na justiça há mais de vinte anos, a família da Moura ocupava o sítio na raça, a contragosto dos primos.

Maria Moura era herdeira, também, de parte da sesmaria na Serra dos Padres que seu avô tinha comprado de um herdeiro de uma tal de Fidalga Brites. O sonho de seu avô paterno de reaver essas terras, também foi sonho do pai de Moura.

Moura narra a história da Serra dos Padres desde quando era uma sesmaria doada pelo rei à tal Fidalga, e ainda habitada por índios, até a chegada dos catequisadores que deram o dito nome à serra, a intriga entre índios e padres (estes deportados para Lisboa a mando do Marquês de Pombal (pág. 22)) e depois o confronto entre os próprios nativos que se aniquilaram, provocando a fama de lugar mal-assombrado.

Finaliza esta subparte comentando a possibilidade de seu avô ter ido conhecer as terras dele, indo atrás das botijas que os padres deveriam ter escondido lá. Diz que tem gente que até manda um negro esconder a botija para depois matá-lo. Ele tem seu esconderijo também, mas não mataria quem lhe servisse. Matar só no extremo caso de ou ela ou o outro.

Outra subparte do capítulo começa, fazendo um gancho com a última frase da anterior. Passa a contar a morte do Liberato. Moura, após se negar a assinar a tal procuração, Luís Liberato passa a ameaçá-la, sutilmente, com palavras tipo: “Quando uma pessoa se mata, sempre haverá um motivo... Tua mãe, teria um motivo? “ “Por acaso, teria sido ela mesma que se matou? Talvez nem fosse...” (pág. 23).

Maria Moura começa a se assustar com as charadas do padrasto. Remói as lembranças da tragédia materna e cogita a possibilidade do Liberato ter viajado só metade do caminho, voltando as escondidas e, apanhando nos braços a descuidada e amorosa mãe, podia tê-la desacordado com uma pancada e a pendurado no laço. Temia que ele lhe fizesse o mesmo que com a mãe pois ele mesmo já falara sobre a batida no queixo pra desacordar: “Ele mesmo me falou nesse jeito conhacido de se desacordar uma pessoa com uma batida no queixo: Depois é só pendurar na corda, o pescoço estala com o peso do corpo - se quebra como o pescoço de um passarinho...” ” (pág.23). Não tendo mais dúvidas sobre o assassino confesso, decide agir. Ou era ela ou ele (c4).

Começa a pensar em ajuda, já que não pode enfrentá-lo sozinha. As cunhãs Zita e Chiquinha nem pensar, de tão medrosas que são. João Rufo, afilhado de seu pai, seria como se ela mesma matasse o padrasto, tornaria-se o primeiro acusado. Lembra-se de Jardilino que a comia com os olhos. Começa a seduzi-lo às escondidas. Após vários encontros na surdina, finge querer casar com ele. Faz cena de desesperada, dizendo que o Liberato quer lhe tomar tudo e que lhe mete medo. Inventa que o Luís já está de olho nos dois e diz que no dia que desconfiasse de alguma amizade particular dela com outro homem, mataria o cabra e depois ela teria que se ver com ele (d4).

Continua o jogo de aliciação. Jardilino lhe aparece depois falando em matar o padrasto importuno, numa briga na bodega. Maria o faz mudar de idéia, na certa ele acabaria preso e ela comprometida. Ela combina o momento da tocaia e arma-o (e4).

Pensa na véspera sobre a conversa definitiva com Jardilino, e antes de preparar a armadilha, vai confessar-se com o padre. Talvez quisesse uma testemunha, para no caso da coisa estourar, ela como último recurso, liberaria o padre do segredo para que ele sustentasse perante a polícia os seus bons motivos.

Jardilino cumpre o serviço, como o combinado. Maria Moura, certifica-se meia hora depois que conseguiram dar conta da tarefa até o fim, e, após a saída do caboclo, recolhe e esconde a arma do crime.

Encontram o corpo perto de um lajeado nas imediações da estrada, onde não havia qualquer vestígio deixado pelo assassino. Levam o defunto até a delegacia, chegam a suspeitar

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de muitos inimigos do Liberato, que ele ameaçou enxotar a tiro das áreas de caça. Maria Moura não vai ao enterro, guiado pelo padre, seu confessor (f4).

Jardilino começa a exigir o que ele acha merecer. Primeiro, querendo casamento público, e se não desse pra casar, propunha que namorassem escondidos. Maria Moura se desculpa dizendo que não tinha mulher de idade para acompanhá-la, não podia receber namorado a qualquer hora e que só haveria casamento quando se acabasse o inventário, que nem tinha sido começado por Liberato. Mentia que Chiquinha dormia no quarto dela, mas ele exigia que mandasse a menina pro quarto das cunhãs. Chegava até mesmo a fazer ameaças contra Moura: “- Quem chegou ao que eu cheguei, não tem mais medo de nada.” (pág. 30) (g4).

Percebendo que novamente, ou seria ela, ou ele, inventa pra João Rufo que anda sendo perseguida por um desconhecido. O tal ameaçara arrombar a janela e prometeu voltar na noite seguinte.

Rufo, temendo ser o mesmo homem que matou Luís, pede emprestado a garrucha do pai dela, prometendo botar um cá-te-espero para o cabra descarado (h4). Quando João Rufo sai, chega Jardilino com suas exigências; ela finge e combina para que ele volte tarde da noite, bastando só empurrar a janela encostada do quarto (i4).

Jardilino morre quase como Liberato, com um tiro nas costas quando já levantava o joelho para pular a janela. Assim Maria Moura se livra dos dois ameaçantes, apesar do falatório do povo (j4).

O delegado vai visitá-la por consideração ao seu estado, e ouve seu choroso relato. Embora o delegado tenha saído convencido, a língua do povo não tinha pena do assassino e nem de Maria (l4).

Tonho e Irineu aparecem no sítio para darem os pêsames a Moura, pela morte da mãe e saberem como é que ficava a partilha do sítio, que era também herança da mãe deles (m4). ela responde que não entendia nada de herança da mãe e quem cuidava disso era o finado padrasto, não podendo portanto, informar-lhes coisa alguma. Tonho se arrebita perguntando que padrasto, se não lhe constava que a tia houvesse casado pela segunda vez. Quando Irineu lhe perguntou, cinicamente, se a tia casou mesmo, ela se levanta com raiva ( porque percebia que eles só queriam era passar a mão nas terras do Limoeiro ), diz que eles nunca visitaram a tia viva, nem cobraram herança, e pergunta pelo testamento que os faz herdeiros (n4). Eles acusam o pai dela de haver dado fim ao testamento e as escrituras do terreno e ela os enxota mandando-os procurar a justiça, já que acham que são herdeiros. Eles vão embora (o4).

Decide não matá-los, porque ela mesma seria a única suspeita. Sabia que eles eram realmente donos de dois terços da herança, pois além da parte da mãe, o pai deles comprara, num acordo de boca, a parte do tio que foi para a Amazônia.

Toma conhecimento, que os primos conseguem, no cartório, uma cópia das escrituras do sítio, assim como do testamento em questão (p4). Maria sabia estar seguros da parte deles e só restava comprovar a parte do falecido embarcado, que foi vendida sem documento. Tinha a posse do sítio a seu favor, por ali há muitos mas, fica inquieta e decide que somente a força bruta a retiraria dali.

Quinze dias após a visita dos primos, dois soldados e um advogado entregam a Moura uma intimação, para ela comparecer à delegacia da Vargem da Cruz. Ela acha um desaforo, e manda-os embora. Diz a eles que o sítio lhe pertence e que, se os ladrões dos primos dela querem tomá-lo, que venham com delegado e tudo, pois ela enfrenta. Só sai da casa dela à força e amarrada (q4).

Moura então, recruta e arma os cabras do sítio para a resistência. conta a eles que estava com medo de ser atacada por uns sujeitos, seus parentes, por questão de herança (r4). Alípio, Zé Soldado e seu irmão Maninho, juntos com João Rufo ficam guardando a casa a noite inteira.

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Análise literária do Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz

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Maria Moura reavalia toda a intriga: “ Fui me deitar, como disse. Me estirei na rede, fiquei me balançando no escuro. Em que é mesmo que eu estava me metendo? Não tinha levado em consideração a visita dos primos ou a intimação do delegado. Queria ver no que ia dar tudo. Podia jurar que o Tonho e o Irineu iam vir mesmo, com os soldados, dispostos a brigar? E quem era eu para brigar com autoridade? E, ainda por cima, brigar ainda com os primos que eu só conhecia de vista e das conversas de Pai e Mãe? Mas tanto Pai quanto Mãe só chamavam o pessoal das Marias Pretas de “ gente ruim, gente muito ruim”.” (págs. 41 e 42 ) “ Na certa, os primos tinham algum documento; como eu não possuía documento nenhum, eles se combinaram com o delegado e o advogado, pra me darem um susto. Vai ver aquele papel não era nem intimação de verdade. Eu não devia Ter devolvido, devia Ter ficado com ele como prova, se fosse falso. Mas no momento me deu aquela raiva, me sufoquei de ódio, queria desfeitar os homens. Me fervia o sangue, pensar que aquele bando de insetos tinha a ousadia de vir me ameaçar dentro de minha casa! A casa do meu pai e da minha mãe, levantada de telha e taipa pelo meu próprio bisavô! Era ousadia demais. E agora, que eu estava com o cabroeiro armado ao meu redor, só tinha mesmo que resistir. Era tudo ou nada. (pág. 42 ) (s4). Seu medo da confusão: “ Voltei para o quarto, para a rede. Àquela altura, já estava começando a Ter medo da confusão em que tinha me metido. Mas a raiva raiva ainda era maior que o medo...( pág. 43 ) (t4).

O TONHO O foco narrativo passa para Tonho. Ele e o irmão, Irineu, voltando para casa após o

encontro com a prima (a5) se questionam sobre o efeito da visita que fizeram à prima. Tonho começou a achar besteira ter deixado a questão nas mãos do delegado (b5). Diante das ruínas da Tapera Velha, a légua e meia das Marias Pretas, decidem voltar para conferir a situação: (pág. 46) (c5) Tonho planejava outra forma de recuperar a herança: “ Eu não parava de pensar. Se o delegado não fizesse nada, a gente tinha mesmo era que tomar as nossas providências. Levar uns cabras armados, chegar lá de noite, pegar a gata brava nem que fosse atada a corda e trazer pras Marias Pretas. (pág.46) (d5). Nesse caso, planejam roubar a moça alegando casamento, para que tudo se resolva em família.

IRINEU

Agora o narrador passa a ser Irineu, Num capítulo em que o foco narrativo é puramente

onisciência seletiva. O primo de Moura reflete sobre os seus direitos de herdeiro. Sabe que a mulher do Tonho é estéril e acredita que, se Marialva não casar, só ele poderá constituir família e herdar tudo. Pensa em raptar a prima, sob o pretexto de casar-se com ela, deixando-a sob a responsabilidade da cunhada Firma. Pensa também nas dificuldades da empreitada, na inveja que faria ao irmão e em como poderia seduzir a prima. Planeja pegar o alazão da Moura para carregar os dois caso o rapto desse certo. (a6)

TONHO

Tonho narra sua chegada a Vargem da Cruz, para falar com o delegado, onde combinam: “

... mando a intimação pelo Cabo Sena, junto com o outro soldado. A moça deve atender ao meu convite e vem à delegacia. Enquanto ela estiver aqui, conversando comigo, vocemecês, com os seus homens, ocupam o sítio do Limoeiro. Teremos então o fato consumado. Como também são herdeiros, estarão em exercício do seu pleno direito, ocupando a propriedade da qual foram

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Mourinha

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expulsos abusivamente.” (pág. 53) (a7); Voltaram animados para as Marias Pretas onde Irineu já planejava: “ ... ir morar com a prima no Limoeiro; a terra lá é pequena, mas tem água permanente. E tem ainda alguma semente de gado que escapou do Liberato. (pág. 54) (b7). E Tonho já pensava em traiçoeiramente se livrar do irmão(pág. 54) (c7).

Esperam a semana exigida pelo delegado e depois vão para à Vila novamente. Arranjam e armam quatro cabras conhecidos, e animais para ambos, além de mais um para a futura raptada. Esperam escondidos, sob uma arbustiva oiticica, que os homens levassem a Moura para a delegacia (d7). Apareceram os três oficiais e dizem : “ – A mulher é uma piranha de valente. Correu conosco, e queria até rasgar a intimação. Disse que só sai da casa dela se for amarrada. (pág. 55). Aconselham a voltar para receber novas ordens do delegado. O delegado sugere que tratem do caso com o juiz da comarca (e7). Irineu inventa que a intriga entre eles é rixa de velhos namorados. Tonho concorda com a apelação do juiz e voltam para as Marias Pretas, de onde partem três dias depois com a cabroeira armada para preparar o ataque à Moura sob à mesma oiticica (f7).

Chegam ao Limoeiro no começo da noite. Encontram a casa bem fechada e no escuro. Não percebem ninguém dentro e perguntam se há alguém em casa. Ninguém responde. Batem palmas, chamam , se identificam dizendo que vêem em paz, mas, o silêncio continua, apesar de afirmarem que só querem conversar, a mando do delegado (g7). Maria deve ter pensado: conversar de noite? Do lado de fora ouvem um grito de mulher e Tonho ameaça arrombar à porta, insisti e irrita-se mais ainda com o silêncio, já que o grito prova o povoamento da casa. Aos gritos manda que entrem dois pela frente e na surdina ordena que outros dois invadam pela cozinha (h7).

Um tiro estronda na noite, enfurecendo ainda mais os invasores. Uma voz masculina manda se afastarem ou morrem (i7). Com um tiro um dos cabras do Tonho é ferido na coxa. Tonho também quase é atingido e outro tiro raspa no Irineu lhe chamuscando a face. Começa o tiroteio (j7).

Tentam arrombar a porta (l7) (pág. 58) e então começam a desconfiar que existiam homens na resistência (m7) (pág. 59). Resolveram aguardar (pág. 59).

MARIA MOURA

Maria Moura narra seu encurralamento na casa do Limoeiro. Zé soldado quer sair no

terreiro e resolver uma velha rixa com os homens das Marias Pretas. Maria sabe que haviam ferido dois homens sem matá-los. Mas, os primos poderiam juntar os homens e a munição que quisessem e ela só tinha o Zé Soldado, Maninho, Alípio, os dois velhos Eliseu e Chico Anum, e João Rufo, a quem poupava por sentir fazer parte de sua pessoa, ou seja, considerá-lo seu braço direito.

Preocupada também com a munição, sente ter que sair do Limoeiro. Fala da sua vontade de andarilhar, desde quando era criança. O cavalo ela já tinha, Tirano. Ela despede as cunhãs com suas peças de valor, manda Chico Anum selar o Tirano e juntar todo o dinheiro da casa, deixando as moedas de cobre pra João Rufo gastar, se necessário, no caminho. Começa a espalhar pela casa uns canudos de pólvora, para quando incendiar a casa, enganar os atacantes com tiros espaçados. Zé Soldado atira na fresta da frente. Maninho pela janelinha do lado. As meninas fogem sem serem percebidas e Chico Anum escapa como um gato na noite. Eliseu Também foge. Maria junta o resto de suas bagagens e despede-se emocionada da casa (pág. 65). Saem Maria Moura e João Rufo com a cobertura dos seus atiradores. Depois todos se encontram junto ao pé de juazeiro. De longe vêem a casa desmanchando-se em cinzas e os homens do lado

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Análise literária do Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz

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de fora assustados. Moura lamentava a casa perdida, e começa a planejar o primeiro roubo e iniciam a caminhada rumo a um destino longínquo.

O TONHO

Tonho conta, espantado, como a casa do Limoeiro estava que era uma fogueira só, a

cumeeira já estalava e ninguém gritava lá de dentro. Pensa nas mulheres. Tiros espaçados estouravam dentro da casa. Tonho diz que Maria tinha pacto com o cão, pra agüentar aquele inferno ardente. Desconfia dos tiros, que não pareciam levar chumbo e começa a pensar na possível fuga. Manda um dos cabras espiar, desconfiado de terem espalhado pólvora pela casa e fugido. A cumeeira da casa desaba fagulhante e a casa vira uma única e grande fogueira.

Irineu, apavorado, pensa que a prima estava morrendo queimada. Tonho galhofa, afirmando que fugiram todos na cara deles. Então a casa desabou. Eles pegam os cavalos e perseguem os fugitivos. Procuram ao redor do açude e nada. Voltam para procurar tições humanas nas cinzas. Lamentam; “foi-se a casa do Limoeiro” (pág. 70). E Tonho decide falar com o delegado (pág. 70).

MARIALVA Marialva narra como os irmãos saíram e recomendaram que ficassem em casa e fingissem

que eles tinham ido apanhar gado. Fala de sua infância, com os irmãos, com a prima Moura, com a tia. Lembra-se do Valentim. Tem saudades e passa a narrar num, “back forward”, o encontro que teve com o viajante. Ele andando, ao som da própria rabeca, sobre uma burra, passando pela casa dela, saudando-a. Falam sobre a coincidência da cor esverdeada dos olhos de ambos. Começam a se entrosar. Ela pergunta o que ele queria com os donos da casa, e ele responde que está pagando uma promessa e tem que pedir esmola pelo amor de Deus. (pág. 73). Ela lhe dá dois vinténs, ele agradece. Ela lhe oferece chá e lhe fez perguntas sobre àquela vida de pagador de promessa. A velha Rubina, negra da casa, pergunta-lhe a razão da promessa. Ele conta a própria história: (págs. 75, 76). Rubina quer saber seu itinerário, mas ele apenas se despede. Marialva ainda tenta retê-lo, para que ele espere os irmãos. Porém, ele prefere ir embora, prometendo voltar.

MARIA MOURA

Conformada com o incêndio da casa do Limoeiro, Maria pensa no sonho da posse da Serra

dos Padres. Lembra as histórias do avô tentando reclamar as terras, mas como a serra estava tomada de índios, o avô ficou só na vontade. A Última notícia da Serra dos Padres era de um passageiro que passara pelo Limoeiro, dizendo que o tal Sandoval, que se apossara das terras, tinha morrido e apenas a filha deste tomava de conta do lugar com o marido, o índio Tebitê.

Após a fuga do Limoeiro, dormem a primeira noite no mato, a céu aberto. Mal clareado o dia, bebem garapa de rapadura e caçam passarinho pra comer. Enquanto Zé Soldado pastorava o caminho, Maria Moura expunha a situação pros outros

cabras e os seduzia a conquistar as terras do avô. E, pra isso planejava roubar armas e montarias para os homens. Maninho concorda e vai assumir a vigilância no lugar do irmão Zé Soldado. Todos concordam com as condições impostas pela Moura que, pra simbolizar nova vida que ela teria dali em diante, corta as tranças, como ritual da morte da sinhazinha do Limoeiro.

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Mourinha

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Roubam uma besta e um potro, após andarem quase uma légua e assim passavam os dias (pág. 85). Mandam Zé Soldado à Lagoa do Remendo para comprar mantimentos. Ele volta abastecido e informado sobre o lugarejo. Maria retorna às reminiscências, seus sonhos, sua situação de solidão.

ESTRUTURA DA OBRA As partes em que a obra se divide agrupam-se em três blocos, em que cada um provém de

cada protagonista e cada uma de suas expectativas e objetivos.

BLOCO PRINCIPAL: Maria Moura. 1a. Parte: A morte de sua mãe, os bens a manter e o amante a eliminar. Seu padrasto não consegue fazer com que sua mãe assine a procuração das terras do

Limoeiro. A mãe amanhece enforcada. O padrasto Liberato a seduz e tenta novamente conseguir a procuração, até com ameaças. Maria Moura faz um caboclo assassinar o padrasto, que é depois eliminado, também, por João Rufo.

Capítulos 1 ao 4. 2a. Parte: A intriga com os primos das Maria Pretas. Sob o pretexto de pêsames à Maria Moura, pela morte da mãe, Tonho e Irineu cobram os

seus direitos sobre a herança. Maria não quer entregar as terras do Limoeiro, nem através da justiça e arma seus cabras para a resistência armada. Os primos atacam, e Moura vendo-se vencida, encedeia à casa e foge com os cabras.

Capítulos 4 ao 9. 3a. Parte: Serra dos Padres. Sonhos de fama e respeito às custas da bandidagem.

Construção da Casa Forte. Após a fuga do Limoeiro, Maria Moura decide tomar de volta as terras herdadas de seu

avô, na Serra dos Padres. Fixa-se primeiro, na Lagoa do Socorro, próximo à Camiranga, onde assalta tropeiros. Encontra a Serra dos Padres onde constrói a sua Casa Forte. Começa seu romance com o primo Duarte.

capítulos 11 ao 28. 4a. Parte: O envolvimento com Cirino, os Bacamartes e os Seriemas. Cirino, filho do fazendeiro do garrote e parente dos Seriemas, fica asilado na Casa Forte,

custeado pelo pai. Maria apaixona-se por Cirino. Nas intrigas entre os Seriemas e os Bacamartes pela posse dos Inhamuns, o chefe dos primeiros pede asilo à Moura. Cirino, matando, ferindo e enganando, trai o pai e Maria Moura ao tentar entregar o Peba Preto pros Bacamartes. Os Seriemas prendem Cirino na cadeia da Vila do Sumidouro. Maria o seqüestra e, com muita angústia, faz Valentim matá-lo.

5a. Parte: O Major Nunes, ou Peba Preto e Tibúrcio, vendo que nenhum dos dois matou Cirino,

investem contra os Bacamartes e matam o chefe ficando por isso mesmo. Maria Moura, esquecendo da angustia, volta à bandidagem planejando o ataque aos ricos tangerinos.

Capítulos 30 ao 42.

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Análise literária do Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz

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BLOCO SECUNDÁRIO - Marialva

1a Parte: A vida com os primos e a cunhada A frágil marialva é enclausurada no sítio da Marias Pretas, onde seus parentes

querem evitá-la de casar para não terem que dividir a herança. Capítulo 10 2a Parte: Seu namoro, fuga, casamento e andanças com Valentim. Marialva conhece o trapezista Valentim e ela passa a esperar dele a sua libertação

das Marias Pretas. Namoram na as escondidas, fogem e se escondem na casa de seu Jordão, casam e ganham o mundo na vida de saltimbancos com os parentes de Valentim. Tem o filho Xandó, Valentim perde o tio, a mãe e o pai. O casal passa a viver precariamente a custas das artes de Valentim.

Capítulos 12, 15, 22 e 27 3a Parte: Seu acolhimento sob as telhas da Moura. O casal é convidado por Duarte para morarem na Casa forte. Maria os recebe,

constrói-lhes casa e faz Xandó seu herdeiro. Capítulos 33 a 42

BLOCO SECUNDÁRIO - Beato Romano 1a Parte: O segredo da confissão de Maria Moura. O Padre Zé Maria faz o enterro da mãe de Maria Moura e esta lhe confessa ser

amante do padrasto e que será obrigada a matá-lo. Capítulos 1, 2 e 4. 2a Parte: Seu caso com Dona Bela. O Padre é assediado por Bela, que longe do seu aventureiro e rico marido, busca

viver realmente um amor, com o vigário da Vargem da Cruz. Ela fica grávida. A tia de Anacleto, este marido de Bela, manda chamar o sobrinho, e quando ele volta a tragédia acontece. Anacleto assassina brutalmente a mulher juntamente com o bebê e depois é assassinado pelo Padre Zé Maria, este ferido, foge sem rumo.

Capítulos 13 e 17. 3a Parte: A peregrinação do perseguido. Zé Maria vagando pelos povoados: Cipó Vermelho, Japurí, Bom Jesus das Almas,

Bruxa e até na fazenda Atalaia. Sempre vivendo o medo de ser encontrado e morto pelo prêmio de um conto de réis pela sua cabeça.

Capítulos 19, 21, 24, 26 e 29. 4a Parte: Seu estabelecimento definitivo na Casa Forte. Pede asilo à Maria Moura, onde depois passa a viver seguro como o Beato

Romano. Capítulos 35 à 42.

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Mourinha

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Resumo esquematizado de todos os capítulos.

O romance é dividido formalmente em 43 capítulos, os quais recebem como título, a denominação de seu narrador. Estão abaixo relacionados:

CAPÍTULO TÍTULO RESUMO “COMPRIMIDO” PÁGIN

AS 1º O padre Chegada do Padre Zé Maria na Casa Forte. 07 à 10 2º Maria

Moura Maria recebe o padre e recorda-se da confissão. 11 à 13

3º Beato Romano

O padre, agora Beato Romano, reflete temeroso sobre a sua situação, de desconfiável recém-chegado, à Casa

Forte.

15 à 16

4º Maria Moura

Enforcamento da mãe, assassinato do padrasto e do assassino do mesmo e intriga com os primos.

17 à 44

5º Tonho Os primos decidem acompanhar os policiais que entregariam a intimação à Moura, para se apossarem do

sítio do Limoeiro.

45 à 47

6º Irineu Irineu planeja raptar à prima. 49 à 51 7º Tonho Malogro da intimação e ataque noturno contra Moura. 53 à 59 8º Maria

Moura Acuada pelos primos, Maria Moura foge e incendeia a

casa do Limoeiro. 61 à 66

9º Tonho Os primos só percebem a fuga atrasados, e partem desesperados lamentando o incêndio da casa.

67 à 70

10º Marialva Marialva narra seu encontro com Valentim, Trapezista que poderia libertá-la da vida que levava no sítio das

Marias Pretas.

71 à 78

11º Maria Moura

Conformada com a destruição da casa, mas não com a perda do sítio do Limoeiro, planeja realizar o sonho de

conquista da Serra dos Padres.

79 à 88

12º Marialva Marialva ganha um João gostoso, do andarilho Valentim.

89 à 97

13º Beato Romano

O Padre Zé Maria conta sua vida, de seminarista, à vigário da Vargem da Cruz, e é tentado por Dona Bela.

99 à 109

14º Maria Moura

O bando da Moura assalta o acampamento de um barbudo. Arrancham-se num lugar que batizaram Lagoa do Socorro, próxima à vila de Caramiranga, e passam a

morar com os ex-escravos Amaro e Libânia.

111 à 127

15º Marialva Marialva foge e casa-se com Valentim, se escondendo na casa do seu Jordão, logo após ganha o mundo junto

do marido.

129 à 140

16º Maria Moura

Assalto aos tropeiros de Zé Pedro, no rancho do Juvêncio, próximo à Lagoa das Emas.

141 à 151

17º Beato Romano

O padre cede à tentação de Dona Bela, que grávida de um filho seu, é assassinada cruelmente pelo marido,

que é morto pelo padre. Este foge ferido.

153 à 169

18º Maria Em nova aventura, assaltam uma rica família viajante 171 à

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Análise literária do Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz

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Moura numa estrada próxima Camiranga. Maria organiza seus cabras em parelhas de assaltantes.

182

19º Beato Romano

Zé Maria conta sua estada na fazenda dos Nogueira. Reconhecido, tem novamente que fugir. Trabalha como

escrivão em Bom Jesus das Almas.

183 à 193

20º Maria Moura

Zé Soldado e Alípio descobrem que Irineu anda atrás da Moura. Esta manda um bilhete ao primo, marcando

um encontro. Acuado Irineu fere a Moura e foge.

195 à 202

21º Beato Romano

Após um ano e um mês em Bom Jesus, um tal Julião o reconhece e revela-lhe que há um prêmio de um conto

de réis pela sua cabeça. O padre planeja fugir novamente.

203 à 211

22º Marialva Marialva narra sua lua-de-mel andarilha. Conhece os pais de Valentim, em Pedra do Ferro. Viaja com a

Família de saltimbancos. O tio de Valentim morre no número da pedra. Marialva decide ser o alvo no número

das facas.

213 à 224

23º Maria Moura

Maria Moura decide ir em busca da Serra dos Padres. Encontra um pacífico casal de nativos em meio aos serrotes da terra herdada do seu avô. Retorna para o

Socorro.

225 à 245

24º Beato Romano

Relembra quando fugiu da Atalaia e foi tratado por um casal que morava próximo à Vargem da Cruz. No

povoado Cipó Vermelho, ajuda na construção de uma igreja. Mora com o casal Dão e Dona Mocinha. Mas

quando soube que um padre vizinho ia visitar as construções, teme ser reconhecido e foge para Japurí , onde passa dois meses sendo balconista de bodega e ensinando o filho do bodegueiro. É convidado pra

ensinar os filhos do Major Honório Nogueira.

247 à 255

25º Maria Moura

Voltando à Lagoa do Socorro, o bando de Maria rouba um carregamento de farinha. Rouba também pedras

preciosas de um funcionário imperial. Maria esconde sua botija. Seqüestra um mestre de obras e rouba

ferramentas da fazenda Pau Ferrado e se muda para a Serra dos Padres.

257 à 272

26º Beato Romano

O padre parte de Bom Jesus das Almas e passa mais de dois anos num lugarejo de isolados descendentes de

alemães, denominado Bruxa.

273 à 284

27º Marialva Marialva descobre que está grávida de um filho de Valentim. Nasce Alexandre ou Xandó, nome em

homenagem ao tio.

285 à 291

28º Maria Moura

Maria Moura termina à construção da Casa Forte. Cabras mais experientes na bandidagem se juntam com ela. Manel Silvino tenta forçar sociedade com Moura, que não aceita. Silvino se vinga atocaiando os meninos

da Moura, os quais lhe dão um ensino. Duarte, junto

293 à 306

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Mourinha

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com sua mãe, vai morar na Casa Forte. Maria constrói seu cubico secreto.

29º Beato Romano

Sai de Bruxa, passa em Bom Jesus para rever conhecidos . Volta para Vargem da Cruz, para rever o

local da sua tragédia. Vendo-se ferozmente perseguido, parte ao encontro de Maria Moura para pedir-lhe asilo.

307 à 320

30º Maria Moura

Moura reencontra o Padre Zé Maria. Antônio Muxió e seu bando se juntam a Moura. Duarte começa a fabricar pólvora e comercializá-la. As duplas de

assaltantes armados por Moura trabalham e trazem gado e riquezas para a Serra dos Padres. Maria trata seus cabras com rigor e auto-estima. Começa o caso

amoroso entre Duarte e a prima.

321 à 333

31º Maria Moura

Seu Tibúrcio, dono da fazenda do Garrote, compra asilo na Casa Forte para seu filho Cirino, pois este havia roubado uma noiva, e o noivo o perseguia. Moura

aceita a incumbência. .

335 à 342

32º Maria Moura

Maria Moura conhece Cirino. Recebe notícias de Marialva e convida à prima para ir morar com ela.

Duarte vai a procura do casal saltimbanco.

343 à 345

33º Marialva Duarte encontra Marialva, no lugarejo Barra do Queimado. Conta-lhe a situação da Casa Forte. Viajam

dezoito dias e são recebidos com afeto por Maria Moura, que ainda manda construir-lhe uma casa.

347 à 353

34º Maria Moura

Com a ausência de Duarte, Cirino seduz Moura e começa um casa fervoroso de amor com ela.

355 à 360

35º Beato Romano

O Beato, finalmente consegue paz na Serra dos Padres. Recorda os bons momentos de sacerdócio, rezando uma

missa solitária na floresta.

361 à 365

36º Maria Moura

Cirino viaja para reencontrar o pai. O Beato educa os cabras da Moura e esta lhe mostra o cubico secreto,

que poderá garantir-lhe tranqüilidade.

367 à 373

37º Maria Moura

Cirino de volta à Casa Forte, decide ir ao garrote, depois de saber que o rival estava pra Chegar. Duarte

chega e começa a evitar Maria Moura.

375 à 383

38º Maria Moura

Cirino chega na festa de inauguração da casa de Marialva e vai pro quarto as escondidas com Moura.

Cirino briga com o pai e depois da morte de seus inimigos, ele forma um pequeno bando com alguns

cabras de Moura. Valentim acerta uma faca de espetáculos num cachorro que ameaçava Xandó. Maria

se apaixona por Cirino. A família dos Seriemas, parentes de Cirino, brigam com os Mel-com-terra pelos domínio dos Inhamuns e seu Tibúrcio pede asilo para o Major Nunes, que está sendo perseguido pelos Mendes.

Maria acolhe-o. Cirino inventa que precisa se ausentar e rapta o Major Nunes. Moura descobre tudo e

385 à 421

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Análise literária do Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz

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faz Novato e Muxió confessarem suas cumplicidades com Cirino. Este quando vai entregar o Major aos

Mendes é preso pelos soldados acompanhados pelo genro do Major. Maria Moura ira-se com a traição do

amante. 39º Beato

Romano O Beato reavalia o sentido do sacerdócio. 423 à

426 40º Maria

Moura Maria Moura e seu bando tomam Cirino da cadeia do

sumidouro. Maria tenta convencer o Beato a matar Cirino. Faz amor com Cirino pela última vez, que está

preso no cubico ao lado do seu quarto.

427 à 448

41º Maria Moura

Ela lembra-se da habilidade de Valentim com as facas e convence-o a matar Cirino, dizendo que este é uma ameaça a herança que será deixada

para Xandó. Maria liberta Cirino, que é apunhalado por Valentim. Duarte vai entregar o corpo do defunto na fazenda do Garrote, junto

com um bilhete escrito por Moura.

449 à 461

42º Maria Moura

Seu Tibúrcio desconfia do Peba Preto, mas este garante que não matou Cirino. Eles resolvem se unir e matam o

chefe dos Mel-com-terra, numa tocaia. Maria tenta esquecer o angustiante passado recente, voltando a

aventureira vida da bandidagem.

463 à 482

Minha impressão pessoal sobre o romance

É uma obra acima de tudo, rica e envolvente, que apesar da ambientação local, tem valor

universal. Como a própria Rachel de Queiroz nos insinua na primeira dedicatória do livro, esta Elizabete II do sertão pernambucano faz-nos reviver, à nordestina, as glórias da monarca inglesa. O torvelinho das relações da forte Maria Moura com seus condes de “Leicester” e “Assex”, Duarte e Cirino nos reporta as mais humanas e tocantes emoções. Seus piratas de tropeiros e seu “Drack”, João Rufo, corsários das estradas sertanejas, nos faz viver inesquecíveis aventuras dentro da fértil imaginação desta grande escritora. É um clássico!

Fortaleza, 31 de julho de 1997. “Denis Moura de Lima”

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Mourinha

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ANEXO I

GLOSSÁRIO DE PALAVRAS POUCO CONHECIDAS ENCONTRADAS NA OBRA

Página Palavras Significado 08 ............. Reiúnas .......................................... Botinas com elástico reiúno; ruim. 09 ............. Atarracada ...................................... Apertada, deselegante. 09 ............. Cerca de faxina .............................. Feixe de paus curtos. 18 ............. Bangüe ........................................... Cama de couro portátil e desmontável. 24 ............. Cunhãs .......................................... Mulheres jovens. 27 ............. Mororó .......................................... Pau, madeira. 31 ............. Garrucha ........................................ Pistola carregável pela boca. 33 ............. Ganga ............................................ Tecido forte azul ou amarelo; variedade de algodoeiro de fibras pardas da região do São Francisco. 36 ............. Chouto ........................................... Trote miúdo e incomodo. 41 ............. Pajeús ............................................. Grandes facas de ponta, de cabo de chifre, em forma de anéis, brancos e pretos; lambedeiras. 41 ............. Sapata de pedra .............................. Fundação isolada de altura pequena. 47 ............. Relho.............................................. Chicote de couro torcido. 47 ............. Peia ................................................ Chicote. 49 ............. Maninha ......................................... Estéril (também pg. 89). 49 ............. Beri-beri ......................................... Beribéri; doença decorrente da deficiência de vitamina B1. Causando polineurite, endemia e cardiopatia. 50 ............. Comborço ...................................... Amante de mulher de outro. 55 ............. Pabula ............................................ Vanglória. 55 ............. Clavinote ........................................ Pequena carabina ou espingarda estriada. 63 ............. Papo-de-Ema ................................. Espécie de bolsa. 63 ............. Embornal ...................................... Saco ou bolsa usada à tiracolo. 69 ............. Enxameis ....................................... Estacas com varas para engradado de taipa. 70 ............. Esgazeado ...................................... Esbaforido, desnorteado, afogueado. 72 ............. Rabeca ........................................... Instrumento musical tipo violino. 73 ............. Arção ............................................. Parte arqueada e saliente da sela. 74 ............. Um derréis ..................................... Moeda de dez réis. 74 ............. Tipóia ............................................. Palanquimde rede, redepequena. 75 ............. Brida .............................................. Freio para cavalo. 80 ............. Morrinha ........................................ Mal cheiro, fedor exalado por gente ou animal. 81 ............. Bacurau .......................................... Ave caprimulgiforme. 81 ............. Bisaco ............................................ Bornal, Mochila. 82 ............. Borralho ......................................... Brasas acesas cobertas de cinzas. 84 ............. Catolé ............................................. Palmeira de espique ereto, da família das palmáceas,gêneros cocos. 84 ............. Negacear ........................................ Provocar recua de cavalo não domado. 84 ............. Chucro ........................................... Azedo, enjoado, bravo.

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Análise literária do Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz

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Página Palavras Significado 85 ............ Arruado .......................................... Grupo de pessoaspelos quais tem que se dividir um caminho. 85 ............. Marrã ............................................. Ovelha nova. 86 ............. Carpindo ........................................ Capinando - arrancando. 86 ............. Loras .............................................. Correias duplas afiveladas à cela ou selim para sustentar o estribo. 86 ............. Ancoretas ....................................... Pequenos barris achatados lateralmente, para transportar líquido. 87 ............. Silhão ............................................. Sela grande com estribo apenas em um dos lados e um arção semi-circular apropriado

para senhoras cavalgarem de saia. 87 ............. Andilhas ......................................... Armação de madeira destinada a amparar sobre a cavagaldura quem monta sentado; cadeirinha. 87 ............. Coturnos ....................................... Sapato de sola grossa e alta. 89 ............. Pejava ............................................ Concebia, engravidava. 95 ............. Bilros ............................................. Peça de madeira ou de metal, semelhante ao fuso usada para fazer rendas de almofadas. 95 ............. Uru ................................................. Cesto de palha de carnaúba, com alça. 100 ............. Cilícios ........................................... Cordão grosseiro com o qual alguém se penitencia. 102 ............. Mantilha ........................................ Manto curto. 104 ............. Jaculatória ...................................... Oração concisa e fervorosa. 109 ............. Constipei ........................................ Resfriei. 109 ............. Tépida ............................................ Morna. 126 ............. Almocreve ..................................... Homem que se ocupa em conduzir bestas de carga; recaveiro, carregador. 133 ............. Pelotiqueiro ................................... Malabarista, saltimbanco. 134 ............. Remanchou .................................... Demorou. 134 ............. Revência ....................................... Vale que se situa abaixo da barragem dos açudes e que é refrescado pela infiltração das águas deles. 140 ............. Matalotagem .................................. Provisões de víveres; matula. 143 ............. Chibé.............................................. Garapa de rapadura derretida e engrossada com farinha ao fogo. 145 ............. Mourões ......................................... Esteio grosso, fincado firme no solo, e ao qual se amarram reses destinadas ao corte, ou, para tratar as reses indóceis. 153 ............. Côngrua ......................................... Pensão que se concedia aos párocos (ou vigários) para a sua conveniente

sustentação. 153 ............. Espórtulas ...................................... Gorjeta, esmola. 165 ............. Rebenque ...................................... Pequeno chicote. 169 ............ Missal ............................................ Livro que encerra as orações da missa e outras. 169 ............. Estola ............................................. Fita larga que os sacerdotes põem por cima da alva. 172 ............. Cambito ......................................... Gancho de madeira duplo que, posto sobre a cangalha dos animais serve para

transportar ou cambitar lenha, capim, cana-de-açúcar, etc.

172 ............. Arnica ............................................ Tintura extraída dessa planta. 174 ............. Piquira............................................ Pequeno eqüídeo.

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Mourinha

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BIBLIOGRAFIA

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