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Microbiologia Picornavírus

Microbiologia - Picornavírus · • Introdução São vírus de RNA fita simples com polaridade positiva, pequenos,icosaédricos, não envelopados, pertencentes à família Picornaviridae.São

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Microbiologia

Picornavírus

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• Introdução

São vírus de RNA fita simples com polaridade positiva, pequenos,icosaédricos, não envelopados, pertencentes à família Picornaviridae. São resistentes a éter, clorofórmio e álcool, podendo resistir por horas e até anos dependendo das condições ambientais. Por outro lado, é sensível a radiação, fenol e hipoclorito. Sua replicação ocorre no citoplasma da célula, in vitro e produzem efeito cito-patogênico, ou seja, causam danos importantes à célula infectada. O primeiro passo é a adsorção dos vírus pelos sítios receptores existentes na membrana plasmática da célula. Após a aderência ocorre a penetração e a decapsidação, sendo assim liberado o RNA no citoplasma, onde ocorrerá o processo de repli-cação. A replicação do vírus promove lise das células infectadas, causando os sintomas relacionados a doença.

Os Picornavírus são divididos em cinco gêneros: enterovírus, rinovírus, hepato-vírus, cardiovírus e aftovírus. Sendo os três primeiros de importância médica. Hepatovírus será abordado na aula de hepatites virais.

• Enterovírus

Embora o seu nome seja sugestivo de um vírus causador de doenças no TGI, eles não causam doenças entéricas, porém são chamados assim porque sua multiplicação ocorre nas células do intestino e a sua transmissão feita pela via fecal-oral, também podendo ser transmitidos pela via respiratória. As principais portas de entrada para esses vírus são o trato respiratório superior, orofaringe e o trato intestinal. Após entrarem no organismo por alguma dessas vias, os ví-rus se instalam na mucosa ou no tecido linfóide das amigdalas e da faringe, onde começam a se multiplicar. No intestino há algumas células denominadas

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Placas de Peyer, que são ricas em tecido linfóide, que se torna uma caracterís-tica favorável a replicação desses enterovírus.

• Poliovírus

É um enterovírus que causa a doença denominada Poliomielite, ou paralisia in-fantil, como ficou conhecida por muito tempo. Essa espécie inclui os 3 tipos im-portantes de vírus da pólio, que são o 1, o 2 e o 3. Ele pode ser eliminado as-sintomaticamente do organismo, mas também pode permanecer por até 6 se-manas, deixando o seu hospedeiro como uma fonte de infecção, podendo transmitir a doença. Outras condições como falta de higiene e ausência de sa-neamento básico parecem estar relacionadas a uma maior chance de transmis-são da doença. Uma característica importante dos enterovírus é o fato de se-rem doenças relacionadas ao desenvolvimento.

• Poliomielite

Antes das vacinas serem desenvolvidas, a poliomielite era uma doença exclusi-vamente de crianças, que eram os indivíduos mais expostos e susceptíveis a contrair a infecção. A doença é dividida em 3 tipos: poliomielite abortiva, polio-mielite não paralítica e a poliomielite paralítica.

• Poliomielite abortiva

É responsável por 4 a 8% dos casos de poliomielite, onde os sintomas são se-melhantes a uma virose intestinal, por exemplo. Essas manifestações virais são acompanhadas de febre, dor de garganta, vômitos e/ou outros sintomas gerais que simulam um resfriado.

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• Poliomielite não paralítica

É um tipo importante, pois pode invadir o sistema nervoso central dos pacien-tes e causar um tipo de meningite denominada meningite asséptica. Cabe lem-brar que os enterovírus são a principal causa de meningite asséptica nos seres humanos. A meningite asséptica nada mais é do que uma inflamação nas me-ninges, como ocorre em uma meningite qualquer, aonde o paciente cursa com febre, dores de cabeça e fotofobia. Porém, na meningite asséptica o agente eti-ológico principal é o Coxsackie vírus do grupo B. Além disso, somado com os demais sintomas, o paciente apresenta-se com dores nas costas e alguns es-pasmos musculares.

• Poliomielite paralítica

Há também a poliomielite paralítica, que é o tipo mais clássico e o mais notifi-cado. Inicialmente começa com sintomas semelhantes a poliomielite abortiva, só que evolui para uma paralisia do tipo flácida e simétrica, uma vez que des-trói a substância cinzenta do sistema nervoso central desses pacientes.

• Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da poliomielite é bastante complicado, uma vez que os indiví-duos são portadores assintomáticos do vírus, não manifestando sintomas na maioria das vezes. Porém, quando há necessidade de confirmação do quadro com exames laboratoriais, o melhor exame continua sendo o exame parasitoló-gico de fezes. Não existe tratamento para a doença, somente profilaxia através da vacinação para evitar que os indivíduos contraiam o vírus.

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• Controle

Por volta do ano de 1950 foram implementadas duas vacinas que se mostra-ram eficaz contra a poliomielite: a Salk, que é composta por vírus inativados e administrada pela via intramuscular, e a vacina Sabin, composta por vírus ate-nuados e administrada pela via oral. A Sabin possui algumas vantagens quando comparada com a Salk, como a imunidade duradoura que fornece a seus indivíduos e quanto ao preço ser bastante reduzido. Já a Salk não fornece essa imunidade duradoura, portanto os seus usuários necessitam de uma dose de reforço para serem considerados imunes, além da questão do preço ele-vado em comparação com a Sabin. Pensando em ativação do sistema imunoló-gico, a diferença entre as duas vacinas contra a pólio, a Sabin (VOP) induz o aparecimento de anticorpos no sangue e os anticorpos IgA na mucosa do intes-tino, assim como nas imunidades naturais. Já a Salk (VIP) induz uma imuni-dade protetora pelo aparecimento desses anticorpos séricos. Portanto, no Bra-sil atualmente essas vacinas fazem parte do calendário vacinal, sendo reco-mendada para todas as crianças no seguinte esquema: VIP em duas doses, uma aos dois e outra aos quatro meses de idade, e posteriormente a VOP aos seis meses, sendo a dose de reforço dada aos 15 meses.

• Síndrome pós-pólio

É uma síndrome importante e bastante frequente dentre os indivíduos. Nada mais é do que uma sequela deixada pelo vírus da pólio. Cabe lembrar que nes-ses casos não há mais vírus no organismo do paciente, os seus sintomas se dão pela deterioração dos neurônios dos nervos e não pela ação citolítica do vírus.

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• Coxsackievírus e Echovírus

O vírus Coxsackie possuem dois subtipos principais, o A e o B. O do tipo A es-tão mais associados a doenças como herpangina, enquanto o do tipo B mais associados a miocardite e a pleurodinia. Eles também foram identificados como causadores de infecções semelhantes a pólio, provocando paralisia nos indiví-duos acometidos. A maioria dos pacientes não possuem sintomas, porém os que apresentam, se assemelham a uma gripe comum, com sintomas respirató-rios.

• Herpangina

Causada principalmente pelo Coxsackie do tipo A. Os sintomas são febre, dor de garganta, disfagia (dor a deglutição), anorexia e vômitos. Lesões vesiculares e ulceradas ao redor da úvula e palato mole são sinais característicos da her-pangina. A doença é autolimitada assim como as outras, e não há necessidade de tratamento, apenas em casos sintomáticos.

• Doença de mãos-pés-boca

Exantema vesicular que possui como agente etiológico o Coxsackievírus A16. Essas lesões vesiculares se dão ao redor das mãos, dos pés e da boca, como o próprio nome já diz. É uma doença também autolimitada, tendo seus sinto-mas (febre, o principal) e as lesões vesiculosas regredidas em poucos dias.

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• Rinovírus

É um enterovírus. Ao contrário dos poliovírus, eles são transmitidos de pessoa a pessoa por meio de suas secreções respiratórias, eliminadas por uma pessoa infectada (podendo ser através de gotículas respiratórias) e inaladas por uma pessoa susceptível. Sua porta de entrada se faz por meio de olhos ou nariz, principalmente. Após a entrada do vírus, ele permanece em um período de in-cubação, em média de 1 a 2 dias, colonizando a mucosa nasal, para só assim manifestar os sintomas. Eles são os principais causadores dos resfriados, po-pularmente conhecidos e muitas vezes confundidos com a gripe. Dentre os sin-tomas, o paciente pode apresentar espirros, obstrução e congestão nasal, gar-ganta inflamada, febre, tosse e mal-estar. Essa doença normalmente é autoli-mitada e se resolve em torno de 2 a 3 dias. Sua importância clínica é a predis-posição para a ocorrência de otite média e sinusites, devido a obstrução da tuba auditiva pelo edema local provocado pela infecção do vírus. É uma do-ença relativamente benigna, portanto, não há necessidade de métodos labora-toriais para estabelecer o diagnóstico. Mas, quando resolve fazer, o isolamento viral é uma boa opção para confirmar o diagnóstico. Pelo mesmo motivo de ser uma doença benigna e autolimitada, ela também não possui tratamento especí-fico, apenas sintomáticos com antitérmicos em caso de febre, entre outros me-dicamentos.