49
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - PRPPG PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - MESTRADO ALINE MARIA DOURADO RODRIGUES ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE LEVEDURAS EM MEL PRODUZIDO NO PIAUÍ, BRASIL TERESINA, PI 2014

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA MEC …leg.ufpi.br/subsiteFiles/ppgan/arquivos/files/Dissertacao Final da... · Ao Prof. Dr. Francisco de Assis Baroni, por ajudar contribuindo

Embed Size (px)

Citation preview

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - PRPPG PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO -

MESTRADO

ALINE MARIA DOURADO RODRIGUES

ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE LEVEDURAS EM MEL PRODUZIDO NO PIAUÍ, BRASIL

TERESINA, PI 2014

ALINE MARIA DOURADO RODRIGUES

ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE LEVEDURAS EM MEL PRODUZIDO NO PIAUÍ, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Piauí, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Alimentos e Nutrição. Área: Qualidade de Alimentos. Orientadora: Profª. Dra. Maria Marlucia Gomes Pereira. Co-orientadora: Profª. Dra. Maria José dos Santos Soares

TERESINA, PI 2014

FICHA CATALOGRÁFICA

Bibliotecária Denise Veras CRB 3/962

Rodrigues, Aline Maria Dourado

R696i Isolamento e identificação de leveduras em mel produzido no

Piauí, Brasil / Aline Maria Dourado Rodrigues – Teresina :

UFPI, 2014.

47 f.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Piauí,

2014.

Orientador: Profª. DrªMaria Marlucia Gomes Pereira.

1. Apicultura 2. Leveduras (Fungos) 3. Identificação morfofisiológica

CDD 664.001579

ALINE MARIA DOURADO RODRIGUES

ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE LEVEDURAS EM MEL PRODUZIDO NO PIAUÍ, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Piauí, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Alimentos e Nutrição. Área: Qualidade de Alimentos. Orientadora: Profª. Dra. Maria Marlucia Gomes Pereira. Co-orientadora: Profª. Dra. Maria José dos Santos Soares

BANCA EXAMINADORA

Maria Marlucia Gomes Pereira – (Orientadora/Presidente) Universidade Federal do Piauí – UFPI

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ

Liline Maria Soares Martins – (2º Examinador) Universidade Federal do Piauí – UFPI

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida e por ter me dado força para

concretização desse sonho, me revitalizando em todos os momentos difíceis.

À Universidade Federal do Piauí, por meio do Programa de Pós-

graduação em Alimentos e Nutrição, pela oportunidade de me tornar Mestre.

Aos professores que me acolheram e compartilharam conhecimento.

À minha orientadora, Profa. Dra. Maria Marlucia Gomes Pereira, pela

amizade, ensinamentos, empenho, paciência e credibilidade.

À minha co-orientadora Profa. Dra. Maria José dos Santos Soares pela

amizade, por ceder gentilmente o laboratório para execução das análises,

extrema ajuda nas análises de biologia molecular e pela contribuição

significativa na elaboração deste trabalho, obrigada por tudo.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES), pela bolsa de estudos concedida.

Ao Prof. Dr. Francisco de Assis Baroni, por ajudar contribuindo com

ensinamentos valiosos para meus conhecimentos sobre morfologia e

identificação de leveduras e pela disponibilidade em participar como membro

desta banca examinadora.

À Profª. Dra. Liline Maria Soares Martins, pela boa vontade em ajudar

nas minhas análises de biologia molecular e por participar como membro desta

banca examinadora.

À Prof. Drª. Maria Christina Sanches Muratori, pela amizade,

acolhimento e ensinamentos.

À Cooperativa Mista de Apicultores de Simplício Mendes, Piauí

(COMAPI) e à Central de Cooperativa, Casa Apis na microrregião de Picos, PI

(CASA APIS), por conceder as amostras para a realização deste trabalho.

Aos colegas do mestrado pela convivência solidária e momentos de

alegria.

Aos funcionários do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Processamento

dos Alimentos (NUEPPA) pelo convívio e trocas de conhecimentos, como o

Prof. Zeomar, à colega Lusmarina, Sr. Francisco, Sr. Antônio, Sr. Amintas, a

Nara e Prof. Dr. Manoel Henrique. E em especial, ao George, por sempre

mostrar boa vontade em ajudar no Laboratório de Controle Microbiológico dos

Alimentos.

À Universidad Nacional de Río Cuarto – Argentina pela oportunidade

de realizar estágio no qual aprendi muito para a realização deste trabalho. Em

especial, à Adriana Torres, Maria Marta, Lilia Cavaglieri e Carina Maricel

Pereyra, pelo acolhimento.

Aos amigos do NUEPPA por todos os momentos de trabalho em fins

de semana e feriados, amizade e pelos momentos de alegria, em especial, à

Carla, Cristiane, Juliana, Julliet, Raizza e Verbena.

Aos meus novos amigos Andrezza, Cecília, Diego, Dácia, José

Humberto (Joaquim), José Jones, Leidiane, Vanessa e Thiago, do Laboratório

de Microbiologia do Laboratório de Sanidade Animal (Lasan) pelo convívio e

trocas de conhecimentos.

À profa. Dra. Maria do Socorro Pires e Cruz pela disponibilidade de

utilizar os equipamentos de seu laboratório de biologia molecular e pela

contribuição tirando dúvidas e dando valiosas sugestões.

Aos meus pais Elisabeth Dourado e Ribamar Venâncio Rodrigues pelo

amor incondicional e por me apoiarem em todos os momentos difíceis que

passei durante a graduação.

À minha irmã Anália Dourado pelo amor, carinho e amizade.

Às minhas grandes amigas Aline Marques Monte e Ione Maria da Silva

pela amizade, companheirismo e pelos momentos em que me fizeram rir

quando me sentia triste e estressada.

E a todos que direta ou indiretamente torceram por mim, o meu muito

obrigada!

“Talvez não tenha conseguido

fazer o melhor, mas lutei para

que o melhor fosse feito. Não sou

o que deveria ser, mas Graças a

Deus, não sou o que era antes”.

Martin Luther King

RESUMO

O mel possui um perfil microbiológico característico em função da sua rica

composição físico-química, com um alto grau de resistência à proliferação de

micro-organismos. No entanto, a presença de leveduras osmotolerantes podem

promover a fermentação deste produto. Dessa forma, este estudo objetivou

isolar e identificar leveduras a partir da micobiota presente no mel produzido no

Estado do Piauí. Para isso, foram analisadas 97 amostras de méis florais de

Appis mellifera adquiridas em duas cooperativas de mel do Piauí, sendo 50

amostras adquiridas em um entreposto de mel da microrregião de Picos e 47

da microrregião de Simplício Mendes. As análises realizadas foram atividade

de água (Aa), contagem total de micro-organismos e identificação

morfofisiológica e bioquímica. A atividade de água dos méis apresentou valores

de 0,49 e 0,55, os valores médios para a contagem de leveduras foram 2,2 e

2,09 UFC.g-1 em log10(x+1). Foram isoladas sete leveduras que de acordo com

a identificação morfofisiológica e bioquímica foram classificadas como Pichia

anômala (2), Kloeckera apiculata (2), Zygosaccharomyces bailii (1),

Kazachstania exígua (1) e Brettanomyces bruxellensis (1). Conclui-se que a

qualidade do mel de abelhas Apis mellifera produzido pelas cooperativas

pesquisadas mostrou-se satisfatória quanto à baixa incidência de leveduras,

demonstrando a busca pela excelência no beneficiamento dos produtos

apícolas.

Palavras-chave: Apicultura. Leveduras (Fungos). Identificação morfofisiológica.

ABSTRACT

Honey has a characteristic microbiological profile depending on their rich physical and chemical composition with a high degree of resistance to proliferation of microorganisms. However the presence of osmotolerantes yeast can promote the fermentation of this product. Thus, this study aimed to isolate and identify yeasts from the mycobiota present in honey produced in the state of Piauí. For this, 97 samples of floral honeys from Appis melífera acquired in two cooperative honey Piauí were analyzed, 50 samples acquired in a warehouse of honey from Picos and 47 of Simplicio Mendes micro. The analyzes were water activity (Aw), total count of microorganisms and morphophysiological and biochemical identification. The water activity of the honeys showed values of 0.49 and 0.55, the average for the yeast count values were 2.2 and 2.09 CFU g-1 log10 (x +1). Seven yeasts isolated according to morphophysiological and biochemical were classified Pichia anômala (2), Kloeckera apiculata (2), Zygosaccharomyces bailii (1), Kazachstania exígua (1) e Brettanomyces bruxellensis (1). It is concluded that the quality of the honey bee Apis mellifera produced by cooperatives surveyed showed up satisfactory as to the low incidence of yeast, demonstrating the pursuit of excellence in the processing of bee products. Keywords: Apiculture. Yeasts (Fungi). Morphophysiological identification.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Produção mundial de mel entre 2007 e

2011........................................................................................................ 18

Tabela 2. Meios de cultivo utilizados para identificação de

leveduras................................................................................................ 33

Tabela 3. Média e desvio-padrão da atividade de água dos méis de

abelha Apis mellífera obtidos de cooperativas do semiárido

piauiense.................................................................................................. 35

Tabela 4. Resultado da contagem total de micro-organismos em méis

de abelha Apis mellífera obtidos de cooperativas do semiárido

piauiense.................................................................................................... 36

Tabela 5. Frequência das espécies de leveduras isoladas a partir de

méis de abelha Apis mellífera obtidos de cooperativas do semiárido

piauiense..................................................................................................... 37

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Produção de mel na região Nordeste, entre 2007 a

2011...................................................................................................... 19

Figura 2. Características microscópicas de Brettanomyces

bruxellensis.............................................................................................. 38

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

a.C Antes de Cristo

Aa Atividade de Água

AMA Agar Malte Acético

BPA’s Boas Práticas Apícolas

Cz Agar Czapek

DNA Ácido Desoxirribonucléico

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations

g Grama

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MEA Agar Extrato de Malte

ml Mililitro

MY10-12 Agar Extrato de Levedura, NaCl 10% e Glicose 12%

MY-50G Agar Extrato de Malte, Extrato de Levedura, Glicose 50%

ng Nanograma

nm Nanômetro

NUEPPA Núcleo de Estudos, Pesquisa e Processamento de Alimentos

PCR Reação em cadeia de polimerase

SC Saccharomyces cerevisiae

TBE Tris/Borato/EDTA

UFC Unidade Formadora de Colônia

UV Ultravioleta

YPD Agar/Caldo Extrato de Levedura Peptona Dextrose

μl Microlitro

μM Micrometro

% Percentual

°C Graus Celsius

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 13

2 OBJETIVOS........................................................................................... 15

2.1 Geral.................................................................................................... 15

2.2 Específico............................................................................................ 15

3. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................. 16

3.1 Contexto da Apicultura Brasil, Nordeste e Piauí ................................. 16

3.2 Mel: conceito e características............................................................ 20

3.2.1 Composição e classificação do mel.................................................. 20

3.2.2 Processamento do mel..................................................................... 22

3.3 Atividade de água e sua importância no mel....................................... 23

3.4 Micro-organismos do mel.................................................................... 25

3.5 Leveduras............................................................................................ 27

3.5.1 Características gerais....................................................................... 27

3.5.2 Importância das leveduras na indústria............................................ 29

4. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 32

4.1. Coleta das amostras........................................................................... 32

4.2 Determinação da atividade de água.................................................... 32

4.3 Análise microbiológica......................................................................... 32

4.3.1. Contagem total de micro-organismos e isolamento de leveduras

a partir do ágar YPD ................................................................................. 32

4.3.2 Identificação morfofisiológica e bioquímica das leveduras............... 33

4.4 Análise Estatística............................................................................... 34

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................ 35

6. CONCLUSÕES..................................................................................... 39

9. REFERÊNCIAS..................................................................................... 40

ANEXO A - Chave de identificação de leveduras................................. 47

13

1 INTRODUÇAO

A apicultura constitui-se uma atividade em que se consegue obter bons

resultados econômicos e vem despertando interesse de muitos criadores em

várias instituições do Brasil, além de importante para o setor agropecuário em

nível nacional (PEREIRA et al., 2003; EVANGELISTA RODRIGUES et al.,

2005). Em adição aos aspectos econômicos, a apicultura brasileira reúne

alguns requisitos que também a credencia como uma atividade de elevado

potencial de inclusão social, atendendo às características econômicas, sociais

e ambientais, ou seja, do desenvolvimento sustentável (MOREIRA, 1996).

O semi-árido nordestino brasileiro se caracteriza por períodos de

chuvas curtos e irregulares, grandes áreas com solos de baixa fertilidade e

pouca profundidade, mas em sua maioria cobertos de matas silvestres

caracterizadas pela intensidade de floradas naturais. No entanto, esta região

mostra-se promissora para o desenvolvimento de projetos apícolas, pois possui

segmentos contínuos de terras compostos em grande parte pelo ecossistema

da caatinga, responsável por expressiva produção melífera, tornando a região

uma das maiores produtoras do País. Essas condições proporcionam um pasto

apícola sem agrotóxicos, prestando-se à produção de um mel livre de

contaminações químicas. O Piauí e o Ceará, estados da região Nordeste do

Brasil que são favorecidos por seus recursos naturais e tem se destacado na

produção de mel (RIBEIRO, 1998; VILELA; ALCOFORADO FILHO, 2000;

SODRÉ, 2005; SOUZA, 2007).

A apicultura no Estado do Piauí tem apresentado um aumento

crescente e o interesse dos consumidores por mel, leva à valorização desta

atividade, possibilitando a geração de emprego e renda. O estado destaca-se

pelo elevado potencial apícola, apresentando um produto de boa qualidade,

ressaltando-se seu valor nutricional e os caracteres sensoriais como aroma e

sabor, características muito valorizadas pelo mercado (VILELA, 2000).

O mel é resultado da desidratação e transformação do néctar (CRANE,

1983), sendo que se constitui, basicamente, de uma mistura complexa de

açúcares altamente concentrada e contém também, além dos açúcares em

solução, ácidos orgânicos, enzimas, vitaminas, flavonóides, minerais e uma

14

variedade de compostos orgânicos que contribuem para suas características

sensoriais e nutricionais (SERRANO, 1994).

Quando comparado com outros produtos de origem animal, o mel

apresenta uma baixa microbiota. Além de não ser um alimento estéril e está

susceptível a contaminações pela manipulação inadequada (AL-HIND, 2005).

A microbiota do mel é muito variável e advém de micro-organismos

originários de fontes primárias, introduzidos pelas próprias abelhas, e por

fontes secundárias advindas da forma inadequada de higiene durante o manejo

das colmeias e da manipulação do mel. O perfil microbiológico presente no mel

consiste de micro-organismos comuns, como bactérias do gênero Bacillus,

presentes no estado esporulado, fungos filamentosos dos gêneros Penicillium,

Mucor e leveduras do gênero Saccharomyces, que podem influenciar

negativamente na sua qualidade final à medida que se multiplicam em méis

expostos à ação de fatores externos, tais como condições de manipulação,

contaminação por esporos bacterianos, armazenamento em alta temperatura e

alta umidade relativa (SNOWDON; CLIVER, 1996; SODRÉ, 2005).

De modo geral, a qualidade microbiológica do mel está diretamente

relacionada à extração e ao beneficiamento. Fatores como a utilização de

procedimentos adequados para higiene dos equipamentos e instalações, a

observação da incidência de ventos, a ausência de insetos e animais

domésticos no local de beneficiamento, são alguns dos atributos que interferem

na qualidade microbiológica do mel.

Assim, devido à importância do mel como alimento e o quanto este

representa para o Estado do Piauí, como produto de exportação, torna-se

importante a sua caracterização microbiológica. Trabalhos recentes

caracterizaram a micobiota do mel do Piauí relativa aos fungos filamentosos.

Esta pesquisa direcionou a caracterização da micobiota no tocante a

identificação de leveduras, por serem estes micro-organismos de grande

relevância para a qualidade do mel e os principais agentes fermentadores. O

isolamento e identificação dos micro-organismos presentes no mel asseguram

e orientam na prevenção de possíveis contaminações que podem ocasionar

prejuízos econômicos e de saúde pública.

15

2 OBJETIVOS

2.2 Objetivo geral

Isolar e identificar leveduras no mel produzido no Estado do Piauí.

2.3 Objetivos específicos

Realizar contagem total de micro-organismos em meio YPD nas

amostras de méis

Determinar a atividade de água das amostras

Isolar e identificar as leveduras presentes no mel a partir de técnicas

morfofisiológicas e bioquímicas

16

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Contexto da Apicultura Brasil, Nordeste e Piauí

Com relação ao histórico da apicultura, alguns historiadores descrevem

que o uso das colmeias silvestres se deu dez mil anos antes de Cristo, quando

se começou a controlar as abelhas. Na pré-história, o alimento ingerido era

uma mistura de mel, pólen e cera, pois não se sabia separar suas substâncias,

sendo escasso e difícil encontrar um enxame. Somente em 400 a.C. é que

começaram a armazenar em potes, sendo que os egípcios foram os primeiros

na sua criação. Algumas civilizações antigas as consideravam sagradas e em

alguns países símbolo de riqueza, aparecendo em brasões, moedas coroas

(FERNANDES, 2009).

A apicultura brasileira se iniciou com enxames trazidos pelos

imigrantes com a colonização. Contudo, somente com a introdução de abelhas

africanas em meados de 1956 é que se deu a revolução da apicultura no Brasil

com o cruzamento das duas populações, produzindo um híbrido, conhecido

hoje, de abelhas africanizadas. Certamente que ocorreram problemas até que

se chegasse ao estágio de desenvolvimento atual, dada a agressividade

dessas abelhas e a inabilidade dos apicultores em lidar com a nova realidade

(SOARES, 2004).

O Brasil possui um grande potencial econômico para os apicultores em

função de características da atividade, tais como: necessidade de pequenas

áreas, ciclo curto, exigência de pequenos valores de capital inicial e de

recursos para o custeio de manutenção, fatos estes que são vantagens

competitivas em relação a outras criações de animais de maior porte. Dessa

forma, pode contribuir para a geração de emprego, melhoria na renda das

famílias e na condição de vida dos pequenos proprietários (SOUZA, 2007).

A diversidade da flora brasileira contribuiu para que a apicultura se

desenvolvesse em várias regiões do País. Porém, o avanço significativo da

atividade ocorreu principalmente na última década, quando a exploração da

apicultura de maneira intensa, envolvendo vários setores da sociedade;

17

começou a apresentar resultados. A região nordeste do país, que na década

passada produzia menos de 12,0% da produção brasileira, atualmente é

responsável por mais de 38,0% da produção (IBGE, 2011).

Apenas no início da década de 1980 a apicultura brasileira começou a

espalhar-se como atividade agropecuária e a conquistar adeptos em todo o

país, aumentando o número de apicultores e a produção brasileira de mel.

Porém, somente nos anos 90, a apicultura popularizou-se entre os pequenos

produtores que passaram a ver a vocação da atividade para a exploração da

mão-de-obra familiar. Isto levou ao crescimento da produção de mel e o Brasil

passou a ocupar a quinta posição mundial, tornando-se exportador de mel a

partir de 2002 (FREITAS, 2006).

A produção do mel brasileiro representava, até um passado bem

recente, cerca de 5% do mercado internacional, sendo praticamente, toda

produção destinada para o mercado interno (PAULA NETO; ALMEIDA NETO,

2005). É fato que somente a partir do ano de 2000 o produto “mel brasileiro”

tornou-se efetivamente conhecido no mercado internacional, pois no período de

2000 a 2003 a China (maior produtora mundial deste produto) perdeu espaço

no mercado internacional por usar o clorofenil (composto mesoiônico com largo

espectro de atividade biológica) para controlar enfermidade na colmeia, o que

não é o caso da apicultura brasileira. Já a Argentina, segundo país exportador,

sofreu redução na sua participação no mercado internacional em função de

medidas de anti-dumping, que são procedimentos que visam eliminar a

concorrência e aumentar as cotas de mercado, adotadas pelos Estados

Unidos. Esta situação proporcionou oportunidade de mercado aos demais

produtores e exportadores de mel natural, sendo o Brasil uns dos maiores

beneficiados por este cenário de demanda no mercado mundial neste período

(PINATTI et al., 2006; PAULA, 2008).

A produção mundial de mel em toneladas entre 2007 e 2011 (tabela 1)

demonstra que a produção em 2011 teve um grande aumento em comparação

com os anos anteriores e ainda mostra que a China foi o maior produtor, com

431.000 T, seguida pela Turquia, Ucrânia, Estados Unidos e Rússia. Neste

mesmo ano, o Brasil apresentou uma produção de 41.604 T proporcionando o

18

11° lugar no ranking mundial da produção de mel natural, segundo dados da

Food and Agriculture Organization of the United Nations, FAO (2013).

Tabela 1. Produção de mundial de mel entre 2007 e 2011 em toneladas.

País 2007 2008 2009 2010 2011 % em

2011

China 354.000 400.000 402.000 401.000 431.000 41,4%

Turquia 81.000 81.364 82.003 81.115 94.245 9,0%

Ucrânia 73.935 74.900 74.100 80.042 70.300 6,7%

EUA 67.700 74.293 66.413 70.900 67.294 6,5%

Rússia 67.286 72.000 62.000 60.000 60.010 5,8%

Índia 55.459 57.440 56.071 59.000 60.000 5,8%

Argentina 53.655 55.271 55.000 55.684 59.000 5,7%

México 51.000 55.000 53.598 51.535 57.783 5,5%

Etiópia 47.000 42.000 46.000 47.000 53.675 5,2%

Irã 42.180 41.000 39.661 41.525 47.000 4,5%

Brasil 34.747 37.792 38.974 38.017 41.604 4,0%

Total 927.962 991.060 975.820 985.818 1.041.911 -

Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations (2013).

No cenário apícola mundial o Brasil é reconhecido pelo domínio da

metodologia de controle e manejo das abelhas africanizadas. A rusticidade e

resistência destas abelhas a doenças dispensam o uso de medicamentos para

tratamento, pelos apicultores brasileiros. Adicionalmente, a diversidade da flora

natural livre de contaminação pelo uso de agrotóxicos, reporta ao país uma

grande vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes (PAULA,

2008).

A produção de mel de abelha registrada no ano de 2011 foi de 41,578

mil toneladas, sendo 9,4% maior do que aquela registrada no ano anterior. Em

termos estaduais, cabe assinalar o Rio Grande do Sul, que representava 16,8%

da produção nacional de mel, seguido pelo Paraná (12,5%) e pelo Piauí

19

(12,3%). Em termos municipais, destacavam-se Araripina (PE), Limoeiro do

Norte (CE) e Picos (PI). Neste ano, as 20 maiores produções municipais

representam apenas 17,7% do total produzido no Brasil (IBGE, 2011).

Em uma comparação entre a produção de mel entre as regiões

brasileiras pode-se observar que a região Sul e Nordeste são as mais

representativas, sendo que em 2011 a região Nordeste com um total de 16.911

toneladas ultrapassou a Sul em volume de produção (Figura 1).

Entre os principais estados produtores de mel do Nordeste no ano de

2011 estão: Piauí, Ceará, Bahia e Pernambuco. Neste mesmo ano o Piauí se

destacou como o maior produtor da região com 5.108 toneladas/ano (IBGE,

2011).

Figura 1. Produção de mel em toneladas no Brasil, no período de 2007 a 2011

Fonte: IBGE (2007, 2008, 2009, 2010, 2011).

A exportação de mel piauiense é significativa, principalmente na

Região do semiárido, destacando os municípios localizados no centro sul do

Estado, como Picos, Simplício Mendes e São Raimundo Nonato.

A apicultura na região semi-árida, principalmente no Estado do Piauí,

tem se consolidado como uma das atividades mais importantes do ponto de

vista econômico, social e ambiental, uma vez que ao empregar mão-de-obra

familiar e proporcionar geração de fluxo de renda, reduzindo a dependência

20

dos produtos agrícolas de subsistência, favorece a fixação do homem no

campo. Além disso, por depender dos recursos naturais, favorece a

preservação da flora nativa, garantindo, também, a preservação de espécies

animais dependentes desta flora (CAMARGO, 2002; 2005).

No entanto, embora na estiagem, o Piauí teve importante produção de

mel em 2011, mas em 2012 sofreu uma queda de 50%, por motivos climáticos.

Porém relativo ao ano de 2012 e 2013 ainda não foram divulgados dados

oficiais. (ANTUNES, 2013).

3.2 Mel: conceito e características

3.2.1 Composição e classificação do mel

A legislação brasileira define mel como o “produto alimentício

produzido pelas abelhas melíferas a partir do néctar das flores ou das

secreções procedentes de partes vivas das plantas ou mesmo de secreções de

insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas das mesmas, que

as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas

próprias, armazenam e deixam maturar nos favos da colmeia” (BRASIL, 2000).

O mel tem como característica o aspecto viscoso, sabor adocicado e

geralmente aroma agradável. Os açúcares são os principais constituintes,

sendo composto basicamente pelos monossacarídeos frutose e glicose, que

perfazem cerca de 70% do total; os dissacarídeos, como sacarose e maltose

somam cerca de 10% (CRANE, 1983; MOREIRA; DE MARIA, 2001,

BOGDANOV, 2011). Ainda conforme Crane (1983) o conteúdo de água, no

qual todos estes açúcares estão dissolvidos, representa 17-20% da

composição do mel.

O açúcar natural que se encontra na seiva das plantas é a sacarose,

constituída por glicose e frutose. Estes açúcares são segregados pelos

nectários da flor sob a forma de néctar: uma solução de açúcar e água. Os

nectários não são simples orifícios da planta que permitem a libertação da

seiva; são órgãos ativos que selecionam na seiva as substâncias que irão ser

21

segregadas, e em algumas espécies, a sacarose é parcial ou mesmo

totalmente decomposta em monossacarídeos antes de ser segregada.

Portanto, o néctar pode ter sacarose pura, uma mistura de sacarose, glicose e

frutose ou apenas glicose e frutose (HOOPER,1976; CRANE, 1983).

O néctar, pela sua constituição, é um substrato ótimo ao

desenvolvimento dos micro-organismos; porém, após se transformar em mel,

adquire condições adversas à multiplicação bacteriana, principalmente relativa

à pressão osmótica e atividade de água (CRANE, 1983).

Ainda em relação aos açúcares, elevadas concentrações de diferentes

tipos de açúcar são responsáveis pelas diversas propriedades físicas e

químicas do mel, tais como: viscosidade, densidade, higroscopicidade,

capacidade de granulação (cristalização). A norma brasileira estabelece um

mínimo de 65% de açúcares redutores (BRASIL, 2000).

O mel também apresenta em sua composição teores de proteínas,

aminoácidos, enzimas, vitaminas, minerais, substâncias bactericidas e

aromáticas, ácidos orgânicos, ácidos fenólicos, flavonóides e grãos de pólen,

bem como outros ingredientes, como a cera de abelhas procedentes do

processo de obtenção do mel, o que confere ao mel características como a cor,

odor e sabor (CODEX STANDARD FOR HONEY, 2001; KOMATSU;

MARCHINI; MORETI, 2002; SOUZA et al., 2008).

É comum encontrar no mel variações na sua composição física e

química e em características sensoriais como sabor e cor, tendo em vista que

vários fatores interferem na sua qualidade, tais como condições climáticas,

estágio de maturação, espécies de abelhas e origem floral (CRANE, 1983;

PÉREZ et al., 2007), assim como o processamento e o armazenamento deste

produto (AZEREDO et al., 2003).

A elaboração do mel resulta de duas modificações principais (reações)

sofridas pelo néctar, uma física pela desidratação (eliminação da água),

através da evaporação na colméia e absorção no papo, a outra reação química

que atua sobre o néctar, transformando a sacarose, através da enzima

invertase, em glicose e frutose; e outras duas reações em escala menor, que

consiste em transformar o amido do néctar, através da enzima amilase em

22

maltose e a enzima glicose-oxidase transforma a glicose em ácido glicônico e

peróxido de hidrogênio (LENGLER, 2000).

O mel pode ser classificado quanto à sua origem em mel floral ou mel

de melato. O mel floral é obtido dos néctares das flores, e ainda pode ser

classificado em: mel unifloral ou monofloral (quando o produto procede

principalmente de flores de uma mesma família, gênero ou espécie e possua

características sensoriais, físico-químicas e microscópicas próprias) ou mel

multifloral ou polifloral (obtido a partir de diferentes origens florais). O mel de

melato é formado principalmente a partir de secreções de partes vivas das

plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que se encontram

sobre elas (BRASIL, 2000).

3.2.2 Processamento do mel

Quanto ao processamento do mel a sua formação se inicia quando a

abelha suga o néctar da flor e o armazena em sua bolsa melífera, o

depositando, posteriormente, no alvéolo do favo no interior da colmeia. A partir

daí, uma sequência de transformações ocorre, pois esse néctar passa pelo

aparelho digestivo de várias abelhas, as quais o sugam e o depositam

novamente no alvéolo, sucessivamente, implicando na perda de água. Nesse

processo, as enzimas invertase, diástase e glicose oxidase, que são

secretadas pelas glândulas salivares das abelhas, são adicionadas ao néctar e

auxiliam na sua maturação (CANO, 2002; SOUSA, 2007).

Em nível industrial ou artesanal o mel é processado em local

específico, denominado casa do mel, onde existe todo um ambiente propício e

normatizado pela ABNT (NBR15585, 2008), desenvolvido especialmente para

esta prática. O processo de extração do mel é relativamente simples, mas, de

acordo com a literatura, é durante esse procedimento que ocorrem as maiores

contaminações no produto (TOSI et al., 2002).

O beneficiamento do mel começa na colheita e no transporte das

melgueiras. Segundo Pereira et al. (2003), as melgueiras ao chegarem ao

entreposto devem ser depositadas em áreas isoladas do recinto onde ocorrerá

a extração e o beneficiamento do mel, devendo ser colocadas sobre estrados

23

limpos, que impeçam seu contato direto com o solo, transportando apenas os

quadros para o local de desoperculação. Após a desoperculação dos favos, os

quadros são colocados na centrífuga para ser realizada a extração do mel.

Depois de extraído, o mel pode ser retirado da centrífuga por gravidade, sendo

em seguida transportado, depois de filtrado, para o decantador, onde

permanecerá por 48 horas, a fim de que as partículas que não foram retiradas

pela filtragem se desloquem para a porção superior do decantador, que será

retirada durante o envase.

Os procedimentos de extração do mel são:

Recepção das melgueiras

Desoperculação

Centrifugação

Filtragem

Decantação

Envase

Armazenamento

Em cada etapa do processo existe perigo de contaminação,

necessitando de cuidados especiais. Por ser um produto higroscópico, o mel

capta muito facilmente a umidade e, consequentemente, os odores do

ambiente em que está sendo beneficiado (CRANE, 1983; TOSI et al., 2002).

3.3 Atividade de água e sua importância no mel

A atividade de água é um parâmetro que determina a água disponível

no alimento para o metabolismo microbiano; a água ligada às macromoléculas,

por forças físicas, não está livre para agir como solvente ou para participar de

reações químicas e, portanto, não pode ser aproveitada pelos micro-

organismos (DENARDI et al., 2005; FRANCO e LANDGRAF, 2008).

Em um alimento a atividade de água expressa a relação entre a

pressão do vapor de água do alimento e a pressão do vapor da água pura,

medidas à mesma temperatura, graduada em escala de zero a um (MUNGOI,

2008) e mensurada em valores de Aa. É uma unidade proporcional ao

24

conteúdo de água e também de solutos presentes nos alimentos (BOGDANOV,

2011).

A análise da atividade de água (Aa) é um importante fator a ser

utilizado, além da umidade. Está mais relacionada com os micro-organismos no

mel, pelo risco de fermentação, que também pode ser causada pela ação das

leveduras osmotolerantes (ZAMORA; CHIRIFE; ROLDÁN, 2006; ABRAMOVIC

et al., 2008). No trabalho de Zamora, Chirife e Roldán (2006) é feita uma

correlação entre a umidade e a atividade de água no mel e especificado um

limite entre 0,61 e 0,62 de Aa como segurança para evitar o crescimento de

leveduras osmotolerantes.

A atividade de água de méis cristalizados é maior do que de méis

líquidos, o que pode favorecer a fermentação de méis cristalizados (GLEITER

et al., 2005). Quando a cristalização ocorre de maneira indesejada e

incontrolada durante a estocagem, pode levar à formação de um produto

sobrenadante de coloração escura com cristalização não uniforme. A

separação de fases forma uma fase cristalina no fundo e uma fase líquida no

topo, tornando o mel menos atrativo para o consumidor. A camada do topo

contém elevado conteúdo de água, aumentando o risco de degradação do mel

por fermentação (GLEITER et al., 2005; ZAMORA; CHIRIFE; ROLDÁN, 2006).

Para o desenvolvimento dos micro-organismos considera-se a

atividade de água de 0,60 como limitante para multiplicação de qualquer micro-

organismo e, os valores mínimos descritos na literatura para desenvolvimento

de bactérias halofílicas é de 0,75, para fungos filamentosos xerofílicos e

leveduras osmofílicas 0,65 e 0,60, respectivamente. Em condições normais do

mel, a atividade de água varia entre 0,54 e 0,75 (FRANCO; LANDGRAF, 2008).

De acordo com Mendes et al. (2006) os valores considerados críticos

para a atividade de água são os superiores a 0,61, já que em tais condições

ocorre o desenvolvimento de leveduras osmotolerantes que podem promover a

fermentação do mel, e com isso, redução da vida de prateleira, sendo portanto,

um parâmetro importante para avaliar a qualidade do mel.

As condições de armazenamento são de fundamental importância para

a qualidade do mel, uma vez que a alta higroscopicidade do produto é uma

característica importante, já que um ambiente com alta umidade relativa pode

25

resultar em trocas na sua composição, alterando a Aa do produto, favorecendo,

a deterioração por micro-organismos que possam estar presentes no mel

(DENARDI et al., 2005; BOGDANOV, 2011).

3.4 Micro-organismos do mel

A legislação Brasileira vigente (BRASIL, 2000) não apresenta como

exigência de higiene os padrões microbiológicos que faziam parte do

regulamento técnico de identidade e qualidade do mel na portaria 367

(BRASIL, 1997). A fundamentação da retirada destas exigências é baseada

nas próprias características do mel, tais como: baixa atividade de água, alta

concentração de açúcares e baixo pH, o que lhe confere, em tese, uma

proteção natural contra micro-organismos.

O mel é um produto com tipos e níveis mínimos de micro-organismos

que são atribuídos às suas propriedades naturais e ao seu controle na

indústria, geralmente relacionadas a fatores físicos (osmolaridade) e químicos

(concentração de peróxido de hidrogênio e voláteis). A presença de compostos

fenólicos e da enzima glicose oxidase também proporciona uma barreira ao

desenvolvimento dos micro-organismos devido à forte característica oxidante

destes compostos (MOREIRA; DE MARIA, 2001). O mel tem uma microbiota

própria, introduzida pelas abelhas, podendo ser encontradas leveduras,

conídios fúngicos e esporos bacterianos vindos de fontes primárias quando o

néctar está sendo colhido, armazenado e amadurecido. Os conídios fúngicos

também podem contaminar o mel durante o processamento, por estarem no ar

(SNOWDON e CLIVER, 1996; OLAITAN et al., 2007).

Entre os micro-organismos encontrados no mel podem-se relacionar as

leveduras com capacidades fermentativas, até a presença de bactérias

esporuladas como o Clostridium botulinum, que podem causar doenças e

morte para o consumidor. Há a possibilidade de riscos a crianças com menos

de um ano de idade, sendo, portanto não recomendado o consumo por bebês.

Por ser, o Clostridium botulinum, um micro-organismo ambiental, o mel pode

ser contaminado por seus esporos aderidos às pernas das abelhas ou

26

veiculados pelo vento, quando os favos ainda estão no campo (FINOLA et al.,

2007).

Os fungos filamentosos encontrados com frequência no mel pertencem

aos gêneros Penicillium e Mucor relacionados à contaminação inerente ao

pólen. Estes micro-organismos normalmente não alteram o mel que tenha

índices de umidade adequados. Quando ocorre aumento da umidade, os

fungos filamentosos se desenvolvem e podem alterar o produto (GROSSO et

al., 2001).

Amostras de méis com boas práticas apícolas (BPA) e analisadas em

três níveis diferentes de utilização das BPA apresentaram uma contagem de

fungos filamentosos e leveduras com valores superiores a 2,0 ufc/g-1 (log10) em

35%, 75% e 55% das amostras para os tratamentos utilizados. Foi observado

ainda processo de fermentação em 20% das amostras do tratamento dois e

15% das amostras do tratamento três (MOURA, 2010).

Pesquisa realizada analisando os méis de Unidades de Extração de

Produtos Apícolas (UEPA) com boas práticas e sem boas práticas, demonstrou

que as principais espécies de fungos encontradas foram Aspergillus flavus,

seguido do Penicillium citreonigrum, o Penicillium implicatum, Aspergillus niger

(PIRES, 2011). A incidência de Aspergillus flavus no tratamento das UEPA que

utilizam boas práticas deve ser fator preocupante, por ser uma espécie capaz

de produzir aflatoxina (KLICH; PITT, 2002).

O principal gênero de leveduras observado no mel é o Saccharomyces

que pode causar fermentação em méis que tenham índices de umidade

elevados. Quando ocorre extração do mel de forma adequada, as leveduras

não estão presentes, e caso ocorra contaminação, elas podem ser observadas

em níveis desprezíveis. Leveduras comuns podem ser incorporadas ao mel

pelo pólen, por abelhas ou por manipuladores sem hábitos higiênicos

(GROSSO. et al., 2001). Sendo que, segundo Lengler (2000) os principais

fatores que podem favorecer a fermentação do mel são temperatura alta de

armazenamento, alta umidade do mel e grau de contaminação por leveduras.

Entre as leveduras presentes no mel predominam espécies do gênero

Saccharomyces, tendo sido também detectadas espécies do gênero

27

Zygosaccharomyces, Debaryomyces, Hansenula, Lipomyces e Pichia

(SNOWDON; CLIVER, 1996).

Em méis granulados e com elevados teores de umidade (maior que

21%), de cinzas e de compostos nitrogenados, podem ocorrer fermentações

conduzidas por leveduras, tornando o produto impróprio para consumo. A

concentração de leveduras é proporcional à disponibilidade da água. O gênero

Saccharomyces é o mais frequente no mel. Foram também isoladas leveduras

pertencentes às espécies Zygosaccharomyces rouxii, Hanensula subpeliculosa,

Saccharomyces norbensis, Kluyveromyces vanudenii e Endomycopsis burtonii

(BAHIRU et al., 2006).

Em um estudo que buscava identificar leveduras isoladas do mel,

baseada em técnica molecular para análise de RFLP da região ITS, da região

Trás-os-Montes, Portugal, Carvalho et al. (2005) identificaram nove espécies,

representando seis gêneros. Entre as espécies identificadas se destacam

Candida magnolia (25%), Rhodotorula mucilaginosa (17%), e

Zygosaccharomyces mellis (12.5%). No entanto as espécies de Candida

representaram mais de 45% dos isolados encontrados.

A fermentação do mel resulta do crescimento de leveduras

convertendo o açúcar em álcool, gás carbônico, ácidos orgânicos, e outras

combinações com sabores e odores indesejáveis (SODRÉ, 2005). A

fermentação é geralmente acompanhada pelo escurecimento e cristalização do

mel (FRAZIER e WESTHOFF, 1988).

3.5 Leveduras

3.5.1 Características gerais

As leveduras são organismos pertencentes ao grupo dos fungos,

heterotróficos, unicelulares, que podem estar presentes em diversos habitats,

mas são encontrados comumente em superfícies de tecidos de plantas,

incluindo flores e frutas principalmente em função do teor de açúcares contidos

nestes substratos. Muitas são aeróbias obrigatórias, embora outras sejam

consideradas anaeróbias facultativas. Podem ser esféricas, ovais ou elípticas,

28

ainda apresentar-se bastante alargadas (BAMFORTH, 2005). Possuem

características típicas dos fungos como presença de parede celular rígida e

núcleo organizado com membrana nuclear. Além disso, são aclorofiladas, tem

nutrição heterotrófica pela absorção dos nutrientes, sua reprodução sexuada se

por células especializadas denominadas ascósporos ou basidiósporos e a

assexuada por brotamento ou fissão. Adicionalmente, não apresentam

motilidade celular (FUENTEFRIA, 2007).

Estes micro-organismos pertencem às classes Ascomycetes e

Basidomycetes e aquelas que não apresentam o ciclo sexual definido agrupada

como fungos imperfeitos (FLEET, 2003; KURTZMAN; FELL; BOEKHOUT,

2011).

As leveduras de fissão são alongadas e se reproduzem por divisão

transversal. A célula-mãe se alonga, divide o núcleo, com uma parede

transversal (septo) próximo a uma região celular mediana, separando a célula

mãe em duas células-filhas uninucleadas. Este septo é formado por um

crescimento anular começando na parede e continuando até a divisão. A nova

parede se espessa antes da separação das células-filhas (SRIPIROMRAK,

2006).

A maior parte das leveduras na natureza caracteriza-se por uma forma

de reprodução vegetativa conhecida como brotamento ou gemulação, que

pode ser caracterizada pelo brotamento multilateral e polar. O brotamento polar

pode ocorrer em único polo ou nos dois polos da célula, denominado bipolar. A

reprodução sexual caracteriza-se pela formação de esporos sexuais

designados de ascósporos e basidiósporos. Esta estrutura quando presente

indicam que as leveduras são teleomorfas e a ausência às classifica em

anamorfas ou assexuadas (fungos imperfeitos), também conhecida como

Deuteromycetes (FUGELSANG; EDWARDS, 2007).

Quanto à composição química das leveduras, elas apresentam de 68%

a 83% de água além de substâncias nitrogenadas, carboidratos, lipídios,

vitaminas, minerais entre outros. Assim como qualquer forma de vida, as

leveduras necessitam de fatores físicos e químicos importantes e

indispensáveis para seu crescimento e reprodução. Alguns elementos são

29

basicamente necessários, como água, fontes de carbono e nitrogênio, oxigênio

e minerais (TORTORA; FUNKE; CASE, 2005).

Em relação às necessidades nutricionais, as leveduras utilizam fonte

de carbono reduzido (mono e dissacarídeos), nitrogênio, minerais e vitaminas

(biotina, ácido pantotênico e tiamina) para o seu desenvolvimento. Os sais de

amônio são prontamente utilizados assim como os compostos de nitrogênio

orgânicos (aminoácidos e úreia). Crescem em ampla faixa de pH entre 1,5 a

9,3, sendo o ótimo entre 4,0 e 4,5. São mesófilas, crescem em temperatura de

25 a 28º C, reproduzem em até 18% de etanol e na presença de 33 a 60% de

sacarose (BAMFORTH, 2005).

De um modo geral as leveduras presentes no mel provêm do néctar

das flores e ou do conteúdo intestinal das abelhas (FRAZIER; WESTHOFF,

1988).

Os produtos com elevada concentração de açúcar que apresentam

atividade de água inferior a 0,85 são excelentes meio de crescimento para

micro-organismos osmotolerantes, em especial para as leveduras, que são os

principais micro-organismos responsáveis pela degradação de alimentos com

estas características.

De acordo com Pitt e Hocking, (2009) as leveduras podem ser

classificadas como as capazes de promover fermentação rápida e aquelas que

promovem fermentação lenta, as não fermentadoras e ainda as osmofílicas.

Como leveduras de fermentação rápida temos as Saccharomyces cerevisae,

Kloeckera apiculata. De fermentação lenta podemos citar as espécies Candida

parapsilosis, Torolopis holmii, Brettanomyces bruxellensis. A principal espécie

não fermentadora é a Rhodotorula mucilaginosa e como espécies osmofílicas

temos a Zygosaccaharomyces bailii, Zygosaccaharomyces rouxii,

Schizosaccharomyces pombe.

3.5.2 Importância das leveduras na indústria

A importância industrial das leveduras vem se estendendo além da

fermentação tradicional. Atualmente, os produtos da biotecnologia a partir de

leveduras afetam muitos setores comerciais importantes, como as indústrias de

30

alimentos, bebidas, biocombustíveis, produtos químicos, enzimas industriais,

produtos farmacêuticos, produtos agrícolas e o ambiente. Tem-se a previsão

de que a produção tradicional de álcool etílico, por indústrias cervejeiras,

vinícolas, indústrias de bebidas destiladas e de combustíveis, e a produção de

biomassa, pela indústria alimentícia, irão continuar a fornecer a maior

quantidade de produtos fermentados do mundo (PRETORIUS; DUTOIT; VAN

RENSBURG, 2003).

O consumo de alimentos fermentados vem aumentando desde a

década de 1970, e inclui alimentos como produtos lácteos (iogurtes, queijos,

soro de leite), salsichas, bebidas fermentadas alcoólicas, vegetais, frutas,

molhos, entre outros (GIRAFFA, 2004).

A ação das leveduras nos alimentos pode levar a aspectos

indesejáveis, como a deterioração detectada pela mudança das propriedades

físicas e sensoriais dos alimentos. Alguns atributos tornam os fungos

potencialmente capazes de causar deterioração em alimentos, tais como:

grande versatilidade para crescer em substratos e condições que outros micro-

organismos não são capazes de utilizar, como por exemplo, atividade de água

(Aa) reduzida; pH reduzido; crescem em ampla faixa de temperatura;

versatilidade metabólica com a utilização de diferentes fontes de carbono,

nitrogênio e energia; capacidade de esporulação e disseminação em diferentes

condições ambientais (SILVA, 2008).

As leveduras encontradas em alimentos podem ser divididas em três

grupos:

Deterioradoras extremófilas, que são osmotolerantes, altamente

fermentativas, resistentes a conservantes e requerem vitaminas para o

seu crescimento (DAVENPORT, 1996; DAVENPORT, 1997;

STRATFORD, 2006). As leveduras desse grupo, que correspondem às

espécies Brettanomyces anomalus, B. bruxellensis, B. naardenensis,

Hanseniaspora uvarum, Saccharomyces bayanus, S. cerevisiae, S.

exiguus, S. pombe, Torulaspora delbrueckii, Zygossaccharomyces bailii,

Z. bisporus, Z.microellipsoides e Z. rouxii, são relatadas com menos

frequência em alimentos deteriorados, no entanto, uma vez presentes,

provocam uma grande deterioração (STRATFORD, 2006).

31

Deterioradoras oportunistas, pois causam deterioração quando ocorre

descuido no processamento ou estocagem do alimento. As leveduras

que pertencem a este grupo incluem, por exemplo, Candida albicans, C.

boidinii, C. glabrata, C. intermedia, C. lambica, C. parapsilosis, C.

pseudointermedia, C. pseudolambica, C. sake, C. tropicalis, C.

lusitaniae, C. krusei, H. uvarum, Pichia anomala, P. guilliermondii, P.

membranifaciens, T. delbrueckii e Lachancea fermentati, e são as mais

envolvidas na deterioração de alimentos (DAVENPORT, 1996;

STRATFORD, 2006).

Não deterioradoras e que, quando presentes no alimento podem

funcionar como micro-organismos indicadores de falta de padrões de

higiene. As leveduras pretas como Aureobasidium pullulans, as rosas,

como espécies de Rhodotorula e Sporobolomyces, além de

Cryptococcus albidus, C. laurentii e C. difluens, compõem esse grupo

(DAVENPORT, 1996; STRATFORD, 2006).

32

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Coleta das amostras

Foram analisadas 97 amostras de méis florais de Appis melifera,

coletadas no período compreendido entre março e maio de 2013. As amostras

foram adquiridas em duas cooperativas de mel do Piauí, sendo 50 amostras

adquiridas em um entreposto de mel da microrregião de Picos (Cooperativa A)

e 47 da microrregião de Simplício Mendes (Cooperativa B).

As amostras foram coletadas assepticamente em frascos esterilizados

com capacidade de 40 gramas. Em seguida foram encaminhadas ao

laboratório de Controle Microbiológico de Alimentos do Núcleo de Estudos,

Pesquisas e Processamento de Alimentos (NUEPPA) do Centro de Ciências

Agrárias da Universidade Federal do Piauí.

4.2 Determinação da atividade de água

A determinação da atividade de água foi efetuada com o auxílio do

determinador de Aa modelo Decagon Pawkit digital (Decagon - EUA)

previamente calibrado, que utiliza a técnica de determinação do ponto de

orvalho em espelho encapsulado para medir a atividade de água de um

produto.

4.3 Análise microbiológica

4.3.1. Contagem total de micro-organismos e isolamento de leveduras a partir

do ágar YPD

De cada amostra foram pesados assepticamente 10 gramas de mel e

adicionados a 90 mL de solução peptonada a 0,1% e glicose 20%, obtendo-se

a diluição inicial de 10-1, e a partir dessa diluição foram preparadas diluições

decimais até 10-3. De cada diluição foram inoculadas alíquotas de 0,1 mL

(duplicata) pelo método de semeadura por espalhamento em superfície no ágar

33

extrato de levedura peptona dextrose (YPD). As placas foram incubadas a 25

°C por até sete dias em estufa microbiológica. Para a obtenção de isolados

puros, cada colônia foi repicada em placas de YPD pelo método de

esgotamento em placas por estrias. Os isolados obtidos a partir de uma única

UFC foram subcultivados em tubos inclinados de ágar extrato de malte (MEA)

para posterior identificação em espécies.

4.3.2 Identificação morfofisiológica e bioquímica das leveduras

A partir de cada isolado puro, obtido nos tubos de MEA, foi feita uma

suspensão em tubos contendo 5 mL de água peptonada a 0,1%, que foi

semeada em duplicata, por meio de estrias e esgotamento em diferentes meios

de cultivos utilizados para a identificação (PITT; HOCKING, 2009). Os

diferentes meios de cultivo utilizados na identificação das leveduras isoladas

estão apresentados na tabela 2.

Tabela 2. Meios de cultivo utilizados para identificação de leveduras

Identificação Função

Agar extrato de malte (MEA) a 25ºC Estudar a morfologia da colônia

Agar extrato de malte (MEA) a 37ºC Determinar o possível crescimento em temperatura corporal e/ou elevadas

Agar Czapek (Cz) a 25ºC Determinar a capacidade de utilização do nitrato como única fonte de nitrogênio

Agar malte acético (AMA) a 25ºC Establecer a resistência a conservantes

Agar extrato de malte, extrato de levedura, glicose 50% (MY-50G)

Determinar o crescimento em baixa atividade de água, em presença de alta concentração de carboidratos

Agar extrato de levedura, NaCl 10%, e glicose 12% (MY10-12)

Determinar o crescimento em baixa atividade de água, na presença de alta concentração de cloreto de sódio

Fonte: Pitt e Hocking (2009).

34

As placas contendo os meios de cultura foram mantidas em atmosfera

controlada, de acordo com a temperatura descrita. O crescimento nas placas

era analisado após três e sete dias de incubação. Foram observadas a

presença de crescimento nos diferentes meios e as características

morfológicas das colônias, como cor, tamanho e aspecto. Para cada colônia foi

preparada uma lâmina a partir da placa de MEA a 25ºC observando-se as

características microscópicas como: tamanho e forma celular, modo de

reprodução, disposição das células (simples, em pares, em cadeias), presença

de pseudomicélio e produção de ascósporos. Cada uma das cepas foi

identificada em gênero e espécie utilizando-se a chave taxonômica, proposta

por Pitt e Hocking (2009).

4.4 Análise Estatística

Os dados da análise de atividade de água foram submetidos a cálculo

de média e desvio padrão. Os resultados das contagens total de micro-

organismos foram transformados em log10(x+1), as variáveis estudadas foram

comparadas pela Analise de Variância pelo teste de F e teste t-Student,

utilizando programas estatísticos do GraphPad Prisma V.3 statistical software

(Califórnia, Estados Unidos). Foram consideradas diferenças significantes

quando p< 0,05. Os demais dados foram submetidos à estatística descritiva

como média e frequências absolutas e relativas.

35

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios obtidos de atividade de água (Aa) nas amostras de

méis de abelha Apis mellifera obtidos de cooperativas do semiárido piauiense

encontram-se listados na tabela 3.

Tabela 3. Média e desvio-padrão da atividade de água dos méis de abelha

Apis mellifera obtidos de cooperativas do semiárido piauiense, 2013

Cooperativa

Atividade de Água

Menor valor Maior valor Média e Desvio

Padrão

A 0,41 0,61 0,49b±0,03

B 0,32 0,72 0,55a±0,1

Legenda: A – Mel proveniente do entreposto de mel da microrregião de Picos. B –

Mel proveniente do entreposto de mel da microrregião de Simplício Mendes; a, b=Letras iguais não diferem estatisticamente (p<0,05).

Foram observadas diferenças significativas entre as cooperativas “A” e

“B” os valores de Aa das cooperativas analisadas com a Cooperativa “B”

apresentando os maiores valores (p<0,05). No entanto, conforme Franco e

Langraf (2008) os limites de atividade de água entre 0,65-0,60 é limitante para

o crescimento dos micro-organismos, como fungos filamentosos xerofílicos e

leveduras osmofílicas. Portanto, os valores de Aa determinados nos méis das

cooperativas A e B situaram-se abaixo do limite de multiplicação microbiana.

A atividade de água não é um parâmetro regulamentado pela legislação

brasileira, porém esta análise é um importante fator a ser utilizado, pois está

mais relacionada com os micro-organismos no mel, pelo risco de fermentação,

que também pode ser causada pela ação das leveduras osmotolerantes

(ZAMORA; CHIRIFE; ROLDÁN, 2006; ABRAMOVIC et al., 2008).

A relevância desta análise está relacionada ao fato da água ser o

principal componente de muitos alimentos e ter influência sobre sua

estabilidade bioquímica (GLEITER et al., 2005), sendo atualmente uma análise

36

utilizada para a definição de regulamento de segurança com enfoque no

crescimento de micro-organismos indesejáveis, definições de potencial de

riscos alimentares, controle de pontos críticos, normas para alimentos em

conservas e exigências de embalagem (SCOTT et al., 2001).

Os valores de Aa encontrados 0,49 (A) e 0,55 (B) mostraram-se

semelhantes quando comparados aos valores encontrados por Abramovic et al.

(2008) em 150 amostras de mel da Eslovênia com a variação de 0,483 a 0,591;

Moura (2010) analisando méis provenientes de Unidades de Extração de

Produtos Apícolas do Piauí com e sem boas práticas verificou valores de 0,58 a

0,61; Pires (2011) pesquisando a qualidade dos méis piauienses encontrou

valores de 0,68 a 0,76; Kuroishi et al. (2012) apresentou valores superiores ao

encontrado nesta pesquisa, com variação de 0,563 a 0,576 em méis da região

de Itapira-SP.

Os resultados da contagem total de micro-organismos no meio YPD

encontram-se na tabela 4. Foi evidenciado um crescimento considerável de

fungos filamentosos e bactérias no meio indicado para o isolamento de

leveduras, o que demonstra a dificuldade na busca de metodologias para a

pesquisa de leveduras em alimentos. Apesar da baixa atividade de água dos

méis analisados, ainda assim ocorreu uma contagem total de micro-organismos

com valores médios que foi 2,2 UFC.g-1 (Log10) para “A” e 2,09 UFC.g-1 (Log10)

para “B”. Deste total de micro-organismos isolados, apenas sete eram

leveduras.

Tabela 4. Resultado da contagem total de micro-organismos, no meio YPD a

25°C, de méis de abelha Apis mellifera obtidos em cooperativas do semiárido

piauiense, 2013

Cooperativa

Contagem Total de Micro-organismos

Menor valor Maior valor Média e Desvio

Padrão

A 0,47 4,04 2,2a±0,81

B 0,20 3,4 2,09a±0,80

Legenda: A – Mel proveniente do entreposto de mel da microrregião de Picos. B – Mel

proveniente do entreposto de mel da microrregião de Simplício Mendes; a, b=Letras

37

iguais não diferem estatisticamente (P<0,05). UFC.g-1 em log10(x+1)= unidades

formadoras de colônias por grama, em logaritmos da base dez, acrescentados de uma

unidade.

Podemos constatar que a aplicação das boas práticas presente no

beneficiamento dos méis pelas Cooperativas analisadas tem sido determinante

para a qualidade do mel, pois grande parte da produção é destinada ao

comércio exterior. Por outro lado, deve-se atentar para o fato de que outros

micro-organismos osmotolerantes conseguem se multiplicar mesmo em uma

concentração de 20% de glicose no meio, o que requer atenção nas condições

de armazenamento, a fim de evitar riscos à saúde do consumidor.

A identificação morfológica das leveduras isoladas foi realizada através

da chave taxonômica de referência de Pitt e Hocking (2009). A tabela 5

apresenta a identificação e frequência das leveduras isoladas a partir das

amostras de méis.

Tabela 5. Frequência das espécies de leveduras isoladas a partir de méis de

abelha Apis mellífera obtidos de cooperativas do semiárido piauiense, 2013

Espécies

Isolados

N° %

Pichia anomala 2 28,6%

Kloeckera apiculata 2 28,6%

Zygosaccharomyces bailii 1 14,3%

Kazachstania exigua 1 14,3%

Brettanomyces bruxellensis 1 14,3%

Total 7 100%

As espécies de Pichia anomala e Kloeckera apiculata foram as

espécies com maior frequência (28,6%), em seguida vieram

Zygosaccharomyces bailii, Kazachstania exígua e Brettanomyces bruxellensis.

A chave taxonômica de Pitt e Hocking (2009) preconiza os aspectos

38

macroscópicos nos meios de cultura e também do aspecto microscópico da

célula leveduriforme.

A figura 2 mostra as características microscópicas da levedura no meio

MEA a 25 °C para a identificação das espécies.

Figura 2. Características microscópicas de Brettanomyces bruxellensis. Sugestivo de

células vegetativas e reprodução por brotamento. Aumento de 400x.

A chave de identificação de Pitt e Hocking (2009) é um sistema simples

e rápido, que permite a identificação das principais espécies de leveduras

relacionadas à deterioração de alimentos. Entretanto, é um sistema que

relaciona poucas espécies limitando a busca por outras que possam surgir

como contaminantes ocasionais, e desta forma, alguns isolados podem ser

erroneamente classificados.

Devido a estas dificuldades de identificação de leveduras, as técnicas

moleculares são uma opção por possibilitar identificar um amplo número de

espécies, pois estes procedimentos tem gerado um grande número de estudos

sobre a classificação, identificação e ecologia das espécies de leveduras, e por

serem mais confiáveis pelo seu alto nível de especificidade (GUILLAMÓN et

al., 1996; HIERRO, 2004; KURTZMAN; FELL; BOEKHOUT, 2011).

Exemplo de

Brotamento

39

6 CONCLUSÕES

A qualidade do mel de abelhas Apis mellifera produzido pelas

cooperativas piauienses mostrou-se satisfatória quanto à contagem total de

micro-organismos e a presença de leveduras, evidenciando a importância das

boas práticas na produção e beneficiamento do mel.

A atividade de água observada neste trabalho não favorece o

crescimento de micro-organismos osmifílicos, no entanto em condições

favoráveis pode ocorrer o desenvolvimento de micro-organismos que podem

estar presentes no mel. Portanto as condições adequadas de produção,

beneficiamento e armazenamento são fundamentais para evitar crescimento

destes e, por conseguinte alteração do mel e seus derivados.

As leveduras isoladas pertencem às espécies: Pichia anomala,

Kloeckera apiculata, Zygosaccharomyces bailii, Kazachstania exigua e

Brettanomyces bruxellensis.

40

REFERÊNCIAS

ABRAMOVIC, H.; JAMNIK, M.; BURKAN, L. KAC, M. Water activity and water content in Slovenian honeys. Food Control. Amsterdam. v.19, p.1086-1090, 2008. AL-HIND, R.R. Microbiological quality and safety of some “honey pastes” marketed in Jeddah, Saudi Arábia. Umm Al-Qura J. Sci. Med. Eng., v. 17, n. 2, 113-119, 2005. ANTUNES, R. Piauí pode perder quase 100% da safra de caju devido a seca. Piauí, 2013. Disponível em: http://www.acessepiaui.com.br/geral/piau-pode-perder-quase-100-da-safra-de-caju-devido-a-seca/31570.html. Acesso em: 24 jun. 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15585: Apicultura sistema de produção no campo. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. 8p. AZEREDO, L.C. et al. Protein contents and physicochemical properties in Money simples of Apis mellifera of different origins. Food Chemistry, London, v. 80, p. 249-254, 2003. BAHIRU, B.; MEHARIB, T.; ASHENAFI, M. Yeast and lactic acid flora of tej, an indigenous Ethiopian honey wine: Variations within and between production units. Food Microbiology, v. 23, n. 3, p.277-282, may 2006. BAMFORTH, C.W. The Science Underpinning Food Fermentations. In:________ Food, Fermentation and Micro-organisms. Blackwell Science Oxford, UK., 2005. p.89-105. BOGDANOV, S. The Honey Book: Bee Product Science, July 2011. Disponível em:<http://www.bee-hexagon.net>. Acesso em: 21 jul. 2011. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n. 11, de 20 de outubro de 2000. Aprova o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel. Diário Oficial da União, seção 1, p.16-17, 23/10/2000. _______. Ministério da Agricultura, Portaria SIPA n. 367. Diário Oficial da União, 08 de setembro de 1997, seção1, p.19696. CAMARGO, R.C.R. Plano de gestão do núcleo temático de apicultura e meliponicultura: Plano de Gestão / Ricardo Costa Rodrigues de Camargo. - Teresina : Embrapa Meio-Norte, 2005. CAMARGO, R.C.R.; PEREIRA, F.M.; LOPES, M.T.R. Sistema de Produção de Mel. 1. ed. Teresina: Embrapa Meio-Norte, v. 1., 133 p., 2002.

41

CANO, C. B. Caracterização dos méis monoflorais de eucalipto e laranja do Estado de São Paulo pela análise polínica e físico-química. 2002. 211 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. CARVALHO, C. M. et al. Identification of honey yeast species based on RFLP analysis of the ITS region. Ciencia y Tecnología Alimentaria, México, v. 5, n. 1, p.11-17, dez. 2005. CODEX STANDARD FOR HONEY. Revised codex standard for honey codex stan 12- 1981, Rev.1 (1987), Rev.2 (2001). Disponível em: <http://www.ipfsaph.org/id/codexCodexstan12>. Acesso em: 20 set. de 2012. CRANE, E. O livro do mel. 2.ed. São Paulo: Nobel, 226p., 1987. DAVENPORT,R. R. Forensic microbiology II. Case book investigations. Soft Drinks International, 23-30, 1997. DAVENPORT,R.R. Forensic microbiology for soft drinks business. Soft Drinks International, 34-35, 1996. DENARDI, C.A.S. et al. Avaliação de atividade de água e da contaminação por bolores e leveduras em mel comercializado na cidade de São Paulo – SP, BRASIL. Rev. Inst. Adolfo Lutz, v. 64, n.2, p. 219-222, 2005. EVANGELISTA-RODRIGUES, A. et al. Análise físico-química dos méis das abelhas Apis mellifera e Melipona scutellaris produzidos em regiões distintas no Estado da Paraíba. Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.5, p.1166-1171, 2005. FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Faostat: Production country by commodity. FAO, 2013. Disponível em: <http://faostat.fao.org/site/339/default.aspx>. Acesso em: 14 de dezembro de 2013. FERNANDES, T. A importância das abelhas na vida do planeta. 2009. Disponível em: <http://www.rondoniagora.com/noticias/a-importancia-das-abelhas-na-vida-do-planeta-–-por-tadeu-fernandes.htm>. Acesso em: 16 jan. 2014. FINOLA, M.S.; LASAGNO, M.C.; MARIOLI, J.M. Microbiological and chemical characterization of honeys from central Argentina. Food Chem., Amsterdam, v.100, p. 1649-1653, 2007. FLEET, G.H. Yeast interactions and wine flavour. International Journal of Food Microbiology, v.86, n (1-2), p. 11-22, 2003. FRANCO, B. D. G. M; LANGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo: Atheneu; 2008. 182 p.

42

FRAZIER, W.C.; WESTHOFF, D.C. Food microbiology. 4.ed. New York: Mc Graw-Hill, 1988. 540p. FREITAS, B. M. Apicultura como agronegócio relevante. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA, 16, CONGRESSO BRASILEIRO DE MELIPONICULTURA, 2., 2006, Aracajú-SE. Anais ... Confederação Brasileira de Apicultura, 2006. FUENTEFRIA, A.M. Bioprospecção de leveduras killer com potencial para aplicação em biotipagem de microrganismos patogênicos humanos. 2007. 144f. Tese (Doutorado em Biologia Celular e Molecular) - Universidade Federal do Rio grande do Sul. Porto Alegre - RS, 2007. FUGELSANG, K.C.; EDWARDS, C.G. Wine Microbiology: Practical Applications and Procedures, Second edition. Springer, 2007, 380p. GIRAFFA, G. Studying the dynamics of microbial populations during food fermentation - a review. FEMS Microbiology Reviews, v.28, n.2, p.251-260, 2004. GLEITER, R.A.; HORN, H.; ISENGARD, H. D. Infuence of type and state of crystallization on the water activity of honey. Food Chemistry, v. 96, p. 441-445, 2005. GROSSO, G. S. et al. Características microbiológicas de las mieles tropicales de Apis mellifera. 2001. Disponível em: <http://www.beekeeping.com/articulos/salamanca/caracteristicas_microbiologicas_mieles.htm>. Acesso em: 15 dez. 2013. GUILLAMÓN, J. M.; BARRIO, E.; QUERO, L. A. Characterization of wine yeast strains of the Saccharomyces genus of the basis of molecular markers. Relationships between genetic distance and geographic origin. Systematic and Applied Microbiology, v. 19, p. 122-132, 1996. HIERRO, N; GONZÁLEZ, A; MAS, A; GUILLAMÓN, J. M. New PCR-based methods for yeast identification. Journal of Applied Microbiology, v. 97, p. 792-801, 2004. HOOPER, T., Guia do apicultor, [S.l.] Public. Europa-América, 1976, p. 223-266. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Produção da Pecuária Municipal 2007. Rio de Janeiro, v. 35, 2008, 62 p. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2008/ppm2007.pdf>. Acesso em 17 de dezembro de 2013. _______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Produção da Pecuária Municipal 2008.

43

Rio de Janeiro, v. 36, 2009, 51 p. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2008/ppm2008.pdf>. Acesso em: 14 de dezembro de 2013. _______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Produção da Pecuária Municipal 2009. Rio de Janeiro, v. 37, 2010, 52 p. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2009/ppm2009.pdf>. Acesso em: 14 de dezembro de 2013. _______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Produção da Pecuária Municipal 2010. Rio de Janeiro, v. 38, 2008 61 p. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2010/ppm2010.pdf>. Acesso em: 14 de dezembro de 2013. _______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Produção da Pecuária Municipal 2011. Rio de Janeiro, v. 39, 2008, 60 p. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2011/ppm2011.pdf>. Acesso em: 14 de dezembro de 2013. JAMES, S. A.; COLLINS, M. D.; ROBERTS, I. N. Use of an rRNA internal transcribed spacer region to distinguish phylogenetically closely related species of the genera Zygosaccharomyces and Torulaspora. International Journal of Systematic and Bacteriology, v. 46, p. 189-194, 1996. KLICH, M. A.; PITT, J. I. A laboratory quide to commo Aspergillus species and their teleomorphs. CDIRO, Division of food research Sydney, acdemic Press, Austrália, 89p. 2002. KOMATSU, S. S; MARCHINI, L. C.; MORETI, A. C. de C. C. Análises físico-químicas de amostras de méis de flores silvestres, de eucalipto e de laranjeira, produzidos por Apis mellifera L., 1758 (Hymenoptera, Apidae) no Estado de São Paulo. 2. Conteúdo de açúcares e de proteína. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 22, n.2, p. 143-146, 2002. KUROISHI, A. M.; QUEIROZ, M. B.; ALMEIDA, M. M. de; QUAST, L. B. Avaliação da cristalização de mel utilizando parâmetros de cor e atividade de água. Braz. J. Food Technol., Campinas, v. 15, n. 1, p. 84-91, jan./mar. 2012. KURTZMAN, C.; FELL, J.W.; BOEKHOUT, T. The yeasts: A taxonomic study. 5. ed. Amsterdam: Elsevier Science, 2011. 2384 p. LENGLER, S. Inspeção e controle da qualidade do mel. In: Seminário Estadual de Apicultura, 5; Encontro de Apicultores do Mercosul, São Borja, RS, 2000.

44

MENDES, J.C.; CANO, C.B.; FELSNER, M.L. Avaliação da Qualidade de Méis Produzidos no Pantanal pela Atividade de Água e Umidade. In: XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA; CONGRESSO BRASILEIRO DE MELIPONICULTURA. Aracaju. Anais... Aracaju: 2006. Cd-Rom. MOREIRA, A. dos S. Apicultura. 2. ed. Campinas: CATI, 1996. MOREIRA, R. F. A; DE MARIA, C.A. B. Glicídios no mel. Química Nova, v.24, n. 4, p. 516-525, 2001. MOURA, S. G. Boas práticas apícolas e a qualidade do mel de abelhas Apis mellifera Linnaeus, 1758. 2010. 76f. Tese (Doutorado em Ciência Animal), Universidade Federal do Piauí, 2010. MUNGOI, E. M. F. Z. Caracterizaçion físico-química y evalución sanitária de la miel de Monzambique. 2008. 290f. Tese (Doutorado) – Curso de Pós-Graduação em Veterinária, Universidade Autônoma de Barcelona, Bellaterra (Cerdanyolla Del Valles), 2008. OLAITAN, P. B.; ADELEKE, O. E.; OLA, I. O. Honey a reservoir for microrganisms and an inhibitory agent for microbes. African Health Sciences, v. 7, n. 3, p. 159-165, 2007. PAULA, J. Mel do Brasil: as exportações brasileiras de mel no período 2000/2006 e o papel do Sebrae. Brasília: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, 2008. PAULA NETO, F. L. de; ALMEIDA NETO, R. M. de. Principais mercados apícolas mundiais e a apicultura brasileira. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA D SOCIOLOGIA RURAL, 43., 2005. Anais... Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2005. 1 CD-ROM. PEREIRA, F.M.; LOPES, M.T.R.; CAMARGO, R.C.R.; VILELA, S.L.O. 2003. Produção de mel. Embrapa Meio Norte, sistemas de produção, 3, Versão eletrônica, jul 2003. Disponível em: <http:// sistemasdeprodução.cnptia.embrapa.br/Fontes/Mel/índex.htm.2002>. Acesso em: 20 ago. 2010. PÉREZ, R.A. et al. Amino acid composition and antioxidant capacity of Spanish honeys. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Easton, v.55, n.2, p.360-365, 2007. PINATTI, E. et al. Mel brasileiro troca Europa por Estados Unidos. Análises e Indicadores do Agronegócio, v. 1, n. 11. Nov. 2006. PIRES, R. M. C. Qualidade do mel de abelhas Apis mellifera Linnaeus, 1758 produzido no Piauí. 2011. 90 f. Dissertação (Mestrado em Alimentos e Nutrição), Universidade Federal do Piauí, 2011.

45

PITT, J.I., HOCKING, A.D. Fungi and Food Spoilage. 3 ed. Springer Dordrecht, Heidelberg, London, New York, 2009, 519 p. PRETORIUS, I. S.; DUTOIT, M.; VAN RENSBURG, P.. Designer Yeasts for the Fermentation Industry of the 21st Century. Food Technol. Biotechnol., Zagreb, v. 41, n. 1, p.3-10, Jan./Mar. 2003. RIBEIRO, M. B. D. Potencialidade de apicultura no Nordeste brasileiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA, 12., 1998, Salvador. Anais... Salvador: Confederação Brasileira de Apicultura, 1998, p. 38-43. SCOTT, V. N.; CLAVERO, R. S.; TROLLER, J. A. Compendium of methods for the microbiological examination of foods. Downes, F. P.; Ito, K., eds..;Washington, 2001, p. 649. SERRANO, R. B. La miel: Educolante natural por excelencia. Alimentaria, v. 29, p. 29-31, 1994. SILVA, L. F. da. Fungos: um estudo sobre a sua ocorrência nos alimentos. 2008. 31 f. Monografia (Especialização) - Curso de Microbiologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. SNOWDON, J. A; CLIVER, D. O. Microorganisms in honey. International Journal of Food Microbiology, v. 31, n. 1-3, p. 1-26, 1996 SOARES, A. E. E. Captura de enxames com caixas iscas e sua importância no melhoramento de abelhas africanizadas. IN: XVI Congresso Brasileiro de Apicultura, 2004, Natal. Anais... Natal: CBA, 2004. (CD-ROM). SODRÉ, G. S. Características físico-químicas, microbiológicas e polínicas de amostras de méis de Apis Mellifera L., 1758 (Hymnoptera: Apidae) dos estados do Ceará e Piauí. 2005. 127 f. Tese (Doutorado em Ciências), Universidade de São Paulo, Piracicaba (SP), 2005. SODRÉ, G.S. et al. Minerais encontrados em amostras de méis de Apis Mellifera Africanizada (Hymenoptera: Apidae) provenientes de alguns municípios do Estado do Ceará. Boletim da Indústria Animal, v. 62, p. 09-18, 2005. SOUZA, D. C.(org). Apicultura: manual do agente de desenvolvimento rural. 2. Ed. Brasília: Sebrae, 2007. SOUZA, D. L. et al. Análise físico-química de méis de abelha uruçu (Melipona scutellaris), produzidos na microrregião do Brejo Paraibano. Higiene Alimentar, v. 22, n. 165, p. 103-106, 2008.

46

SRIPIROMRAK, A. Isolation and characterization of thermotolerant yeast for ethanol production. 2006. 119 f. Thesis (Master of Science in Biotechnology) - Suranaree University of Technology. Bangkok, Thailand, 2006. STRATFORD, M. Food and beverage spoilage yeasts. In: Querol, A.; Fleet, G. H. (Ed). Yeasts in food and beverages. Berlin: Springer-Verlag, p. 335-379, 2006. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia, 8. Ed, Gerard J., Porto Alegre: Artmed, 2005, 920 p. TOSI, E. et al. Honey thermal treatment effects on hidroxymethylfurfural content. Food Chem., Amsterdam, v.77, p.71-74, 2002. VIEIRA, M. I. Apicultura Atual: abelhas africanizadas: melhor adaptação ecológica, maior produtividade, maiores lucros. São Paulo: 1992. 140p. VILELA, S.L. de O.; ALCOFORADO FILHO, F. G.. Cadeia produtiva do mel no Estado do Piauí. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2000. 121p. VILELA, S. L. de O. A importância das novas atividades agrícolas ante a globalização: a apicultura no Estado do Piauí. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 228 p., 2000. ZAMORA, M.C.; CHIRIFE, J.; ROLDÁN, D. On the nature of the relationship between water activity and % moisture in honey. Food Control, Amsterdam, n.17, p.642-647, 2006.

47

ANEXO A – Chave de identificação de leveduras

Pitt e Hocking (2009)