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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto Instituto de Ciências Exatas e Biológicas ICEB Departamento de Educação Matemática DEEMA Mestrado Profissional em Educação Matemática MODELAGEM MATEMÁTICA COMO UM AMBIENTE DE APRENDIZAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS EM MODELAGEM MATEMÁTICA DE UM GRUPO DE ESTUDANTES AO TRANSFORMAR UMA BRINCADEIRA EM UMA PRÁTICA ESPORTIVA Mestrando: Rogério Braga Soares Orientador: Daniel Clark Orey Ouro Preto, Minas Gerais Maio/2018

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas – ICEB

Departamento de Educação Matemática – DEEMA

Mestrado Profissional em Educação Matemática

MODELAGEM MATEMÁTICA COMO UM AMBIENTE DE

APRENDIZAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS

EM MODELAGEM MATEMÁTICA DE UM GRUPO DE ESTUDANTES AO

TRANSFORMAR UMA BRINCADEIRA EM UMA PRÁTICA ESPORTIVA

Mestrando: Rogério Braga Soares

Orientador: Daniel Clark Orey

Ouro Preto, Minas Gerais

Maio/2018

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas – ICEB

Departamento de Educação Matemática – DEEMA

Mestrado Profissional em Educação Matemática

Rogério Braga Soares

MODELAGEM MATEMÁTICA COMO UM AMBIENTE DE

APRENDIZAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS

EM MODELAGEM MATEMÁTICA DE UM GRUPO DE ESTUDANTES AO

TRANSFORMAR UMA BRINCADEIRA EM UMA PRÁTICA ESPORTIVA

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Educação

Matemática da Universidade Federal de

Ouro Preto como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em

Educação Matemática sob a orientação

do Prof. Dr. Daniel Clark Orey.

Ouro Preto, Minas Gerais

Maio/2018

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por não me abandonar nos momentos difíceis e por sempre colocar

em meu caminho pessoas sábias e amigas, com as quais sempre pude contar nesse longo

trajeto.

Agradeço a minha esposa Miliane e aos meus filhos Caio e Miguel, por compreenderem

minhas ausências e meus momentos de recolhimento, durante essa fase de

aprofundamento acadêmico e dedicação à pesquisa.

Agradeço a meus pais Fernando e Marina e a meus irmãos Rubens, Juliana e Fernando,

que sempre torceram pelo meu sucesso acadêmico e profissional.

Agradeço a minha sogra Abadia por ser uma avó paciente e dedicada e sempre pronta a

cuidar dos netos quando precisei.

Agradeço aos professores Dr. Daniel Clark Orey (meu orientador), Dr. Milton Rosa

(membro interno da banca examinadora), Dr. Dale Willian Bean (in Memorian) e Dr.

Tod Shockey, com os quais tive meu primeiro contato dentro do Programa de Mestrado

Profissional em Educação Matemática da UFOP, quando me aceitaram como aluno

especial da disciplina de Etnomatemática em 2015, contribuindo para que eu seguisse

nessa trajetória.

Agradeço aos demais professores do programa, em especial a Profa. Dra. Ana Cristina

Ferreira, Prof. Dr. Frederico da Silva Reis, Profa. Dra. Marger da Conceição Ventura

Viana e Prof. Dr. Plínio Cavalcanti Moreira, com os quais aprendi várias lições.

Agradeço ao professor Dr. Jonei Cerqueira Barbosa, por aceitar o convite para compor a

minha banca examinadora como membro externo e, também, pelas suas valiosas

contribuições para a valorização desse estudo.

Agradeço aos colegas mestrandos das turmas de 2015, 2016 e 2017 pelos momentos de

convívio, trocas de experiências, colaborações, incentivos e confraternizações. Em

especial aos amigos, Andressa, Josias, Luan e Márcio.

Agradeço a Senhora Gislaine Alves e a Professora Ana Carolina Maciel, que foram as

minhas maiores incentivadoras para ingressar no programa de mestrado.

Agradeço ao amigo Professor Wanderlei da Silva, pelo companheirismo e caronas, sem

essa ajuda não teria conseguido concluir as duas disciplinas isoladas em 2015.

Agradeço aos alunos participantes desse estudo pelo empenho, dedicação e seriedade no

desenvolvimento das tarefas e aos diretores das escolas onde o trabalho de campo foi

conduzido.

Enfim agradeço a todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram para que eu

pudesse alcançar esse objetivo, que Deus abençoe todos vocês.

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RESUMO

Esta pesquisa foi realizada em uma escola pública da rede estadual de ensino, localizada

em Belo Horizonte, Minas Gerais, com 34 alunos do segundo ano do Ensino Médio na

Educação de Jovens e Adultos (EJA). O objetivo central deste estudo foi verificar quais

são as possíveis contribuições que a modelagem matemática como um ambiente de

aprendizagem pode trazer para o desenvolvimento das competências de modelagem

matemática de um grupo de estudantes, ao transformarem uma brincadeira em uma

prática esportiva. Nesse direcionamento, a fundamentação teórica foi pautada na

modelagem matemática como um ambiente de aprendizagem, em suas dimensões crítica

e reflexiva, na modelagem matemática e os esportes e nas competências de modelagem

matemática. Por conseguinte, foram desenvolvidos quatro blocos de atividades,

desenvolvidos de acordo com as três fases e as dez etapas da modelagem matemática

conforme propostas por Rosa em suas investigações. A coleta, a análise e a

interpretação dos dados foram realizadas por meio da utilização da metodologia do

estudo misto denominado QUAL+quan, por meio da qual os dados qualitativos e

quantitativos foram coletados, analisados e interpretados simultaneamente.

Posteriormente, os dados qualitativos foram quantificados. Nesse estudo, foram

utilizados como instrumentos para a coleta de dados, dois questionários, sendo um

inicial e outro final, com questões fechadas e abertas; quatro blocos de atividades do

registro documental, que foram realizadas pelos participantes durante a condução do

trabalho de campo, bem como as anotações registradas no diário de campo do professor-

pesquisador. A interpretação dos dados foi realizada por meio da elaboração de duas

categorias temáticas mistas, de seis subcategorias mistas e uma emergente, que

possibilitaram o desenvolvimento da resposta para a questão de investigação dessa

pesquisa. Os resultados dessa investigação mostram que, no ambiente de aprendizagem

proporcionado pela modelagem matemática, os participantes desse estudo puderam

relacionar a matemática com a prática esportiva, observando a sua importância na

padronização de equipamentos esportivos, favorecendo, assim, o desenvolvimento da

criticidade e da reflexão, sobre o papel da matemática em outras áreas ou situações do

mundo real. Desse modo, a partir do envolvimento dos participantes nas atividades

propostas em sala de aula, foi possível identificar ações realizadas pelos participantes,

explícita ou implicitamente, envolvendo o raciocínio e a utilização de estratégias

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diversas que os tornaram competentes para entender a situação-problema dada, elaborar

modelos com dados provenientes mundo real, resolver as questões relacionadas com os

modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto

de construção de carrinhos de rolimã. A partir da finalização dessa pesquisa, foi

elaborado um produto educacional em formato de um caderno de sugestões com

atividades interdisciplinares para que os professores e pessoas interessadas nessa

temática possam criar um ambiente de aprendizagem sociocrítico e reflexivo para seus

alunos, fundamentado na modelagem matemática.

Palavras-chave: Modelagem Matemática, Ambientes de Aprendizagem, Dimensões

Crítica e Reflexiva, Modelagem e Esportes, Competências em Modelagem.

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ABSTRACT

This research was carried out in a public school in the state education network, located

in Belo Horizonte, Minas Gerais, with 34 second year high school students enrolled in

youth and adult education (EJA). The central objective of this study was to verify what

are the possible contributions that mathematical modeling as a learning environment can

bring to the development of mathematical modeling skills of a group of students, by

transforming a game into a sports practice. The theoretical basis for this study was

based on mathematical modelling as a learning environment in both its critical and

reflexive dimensions, mathematical modelling and sports and mathematical modelling

skills. Four blocks of activities were developed, developed according to the three phases

of mathematical modelling proposed and made use of the ten steps suggested by Rosa in

his investigations. Data collection, analysis and interpretation were performed using the

mixed study methodology QUAL + quan, through which qualitative and quantitative

data were collected, analyzed and interpreted simultaneously where the qualitative data

were quantified. In this study, the application of two questionnaires were used as an

instrument for the collection of data. Both a pre and post questionnaire was developed

with closed and open questions, four blocks of documentary activities that were carried

out by the students during the course of the field work with notes made by the teacher-

researcher's field diary. The interpretation of the data was carried out by means of the

elaboration of two mixed thematic categories, six mixed subcategories and one

emergent subcategory that allowed the research question of the research to be answered.

The results of this investigation showed that in the learning environment provided by

mathematical modelling the participants of this study were able to relate mathematics to

sports practice, observing its importance in the standardization of sports equipment, thus

favoring the development of criticality and reflection on the role of mathematics in

other areas and situations in the real world. From the involvement in the proposed

activities, it was possible to identify actions taken by the participants both explicitly or

implicitly, involving reasoning and diverse strategies that made them competent to

understand the problem situation, and to elaborate real world models, to solve questions

related to mathematical models and validate the solutions. Based on this research, an

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educational product was developed in a book format including suggestions with

interdisciplinary activities so that interested teachers can easily create a sociocritical

learning environments for their own students.

Key words: Mathematical Modelling, Learning Environments, Critical and Reflective

Dimensions, Modelling and Sports, Modelling Competencies.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Carrinho de rolimã construído com madeira e rolamentos de aço. ................. 24

Figura 2: Croqui do campo de beisebol .......................................................................... 52

Figura 3: Participação de alunos e professores nos 3 (três) casos de modelagem.......... 56

Figura 4: Processo de realização do método misto de pesquisa ..................................... 65

Figura 5: Design metodológico simultâneo do estudo misto ......................................... 66

Figura 6: Processo de pesquisa QUAL + quan do estudo misto .................................... 67

Figura 7: Fontes de triangulação utilizadas no estudo .................................................... 68

Figura 8: Kit com os 18 carrinhos da marca Hot Wheels ............................................... 96

Figura 9: Pista utilizada na corrida de carrinhos ............................................................ 97

Figura 10: Print de tela mostrando o trecho do vídeo de uma competição entre ciclistas

...................................................................................................................................... 107

Figura 11: Print de tela mostrando trecho do vídeo em que um garoto desenvolve uma

prática de empilhar copos ............................................................................................. 108

Figura 12: Print de tela mostrando trecho do vídeo em que aparece a brincadeira entre

os atletas de uma equipe de futebol .............................................................................. 110

Figura 13: Parte I do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate .................... 112

Figura 14: Parte II do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate .................. 113

Figura 15: Parte III do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate ................. 113

Figura 16: Parte IV do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate ................. 113

Figura 17: Parte V do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate .................. 114

Figura 18: Parte VI do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate ................. 114

Figura 19: Momento da largada de uma bateria infantil no Mundialito de Rolimã do

Abacate ......................................................................................................................... 115

Figura 20: Momento da largada de uma bateria infantil no Mundialito de Rolimã do

Abacate ......................................................................................................................... 115

Figura 21: Parte inicial da pista de corrida de carrinhos de rolimã .............................. 115

Figura 22: Parte central da pista de corridas de carrinhos de rolimã ............................ 116

Figura 23: Foto do trecho final da pista de corrida utilizada no Mundialito de Rolimã do

Abacate ......................................................................................................................... 116

Figura 24: Mapa da localização da rua onde é realizado o Mundialito de Rolimã do

Abacate ......................................................................................................................... 117

Figura 25: Carrinho I utilizado por um competidor no Mundialito de Rolimã do Abacate

...................................................................................................................................... 119

Figura 26: Carrinho II utilizado por um competidor no Mundialito de Rolimã do

Abacate ......................................................................................................................... 120

Figura 27: Questão 166 da prova cinza do Enem de 2011 ........................................... 122

Figura 28: Esboço do carrinho de rolimã realizado pela participante DF06 ................ 127

Figura 29: Esboços de um carrinho de rolimã elaborados pelos participantes do grupo A

...................................................................................................................................... 127

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Figura 30: Esboços de um carrinho de rolimã elaborados pelos participantes do grupo B

...................................................................................................................................... 128

Figura 31: Esboço do carrinho de rolimã apresentado elaborado pelo participante CM06

do grupo C .................................................................................................................... 128

Figura 32: Esboços de um carrinho de rolimã apresentados pelos participantes DM01 e

DM03 do grupo D ......................................................................................................... 129

Figura 33: Participantes do grupo B realizando as comparações para definirem as

dimensões do banco e do eixo principal do carrinho de rolimã ................................... 130

Figura 34: Participantes AM02, BF05 e CM06 definindo a medida do eixo central do

carrinho de rolimã ......................................................................................................... 130

Figura 35: Print de tela mostrando o momento do vídeo em que o participante DM01

expõe sua ideia de posicionamento do banco para os participantes dos demais grupos

...................................................................................................................................... 131

Figura 36: Esboço feito pelo participante DM01 mostrando a perfuração do eixo

principal para o ajuste do acento .................................................................................. 131

Figura 37: Esboço do rolimã dianteiro elaborado pelo participante DM02 juntamente

com os integrantes de seu grupo ................................................................................... 132

Figura 38: Esboço do rolimã traseiro elaborado pelo participante DM02 juntamente com

os integrantes de seu grupo ........................................................................................... 132

Figura 39: Print de tela mostrando momento do vídeo em que aparece a apresentação

dos líderes dos grupos para os demais participantes .................................................... 134

Figura 40: Planilha preenchida pelo participante BM02 .............................................. 136

Figura 41: Vista superior do carrinho de rolimã .......................................................... 137

Figura 42: Vista lateral do carrinho de rolimã .............................................................. 138

Figura 43: Vistas frontal e traseira do carrinho de rolimã ............................................ 138

Figura 44: Desenho elaborado pelo participante CM06 ............................................... 140

Figura 45: Desenho do banco do carrinho de rolimã elaborado pelo participante CM06

...................................................................................................................................... 141

Figura 46: Banco do carrinho de rolimã ....................................................................... 143

Figura 47: Base guia do carrinho de rolimã ................................................................. 143

Figura 48: Bases suspensoras dianteiras ....................................................................... 143

Figura 49: Base suspensora traseira.............................................................................. 144

Figura 50: Eixo principal do carrinho de rolimãs ......................................................... 144

Figura 51: Eixo dos rolimãs dianteiro .......................................................................... 144

Figura 52: Eixo dos rolimãs traseiro ............................................................................ 144

Figura 53: Conjunto com parafuso, arruelas e porcas para fixação da base guia. ........ 144

Figura 54: Conjunto com parafusos, arruelas e borboletas para fixação do banco. ..... 145

Figura 55: Rolimãs dianteiros....................................................................................... 145

Figura 56: Rolimãs traseiros ......................................................................................... 145

Figura 57: Quatro kits para a montagem dos carrinhos de rolimã. ............................... 146

Figura 58: Grupo C recebendo o kit de peças, o desenho e a planilha ......................... 148

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Figura 59: Participantes do grupo A conferindo as dimensões das peças e lançando os

valores na planilha ........................................................................................................ 148

Figura 60: Participantes do Grupo B desenvolvendo as atividades do terceiro bloco .. 149

Figura 61: Participante DM03 medindo as peças do carrinho de rolimã para transcrevê-

las para a planilha ......................................................................................................... 149

Figura 62: Montagem do carrinho de rolimã pelas integrantes do grupo A ................. 154

Figura 63: Montagem do carrinho de rolimã pelos participantes do grupo B .............. 154

Figura 64: Integrantes do grupo C mancando as posições dos pregos para prender a

parte traseira do carrinho de rolimãs ............................................................................ 155

Figura 65: Momento em que o participante DM03 utilizou um estilete para desgastar o

eixo dos rolimãs ............................................................................................................ 155

Figura 66: Desenho das vistas superiores das sete peças de madeira do carrinho de

rolimã elaborado pela participante BF05...................................................................... 159

Figura 67: Cálculos desenvolvidos pelo participante CM02 ........................................ 159

Figura 68: Cálculos da aluna BF07 para a atividade proposta ..................................... 160

Figura 69: Esboço elaborado pelo participante CM06 do corte no eixo do e da cunha

para fixação dos rolimãs ............................................................................................... 163

Figura 70: Rolimã fixado no eixo do carrinho ............................................................. 163

Figura 71: Teste dos carrinhos dentro da sala de aula .................................................. 164

Figura 72: Teste do carrinho de rolimã do grupo C no corredor da escola .................. 164

Figura 73: Pesagem dos carrinhos de rolimã ................................................................ 165

Figura 74: Pista utilizada para a competição de corrida de carrinhos de rolimã .......... 169

Figura 75: Largada da primeira bateria eliminatória entre os participantes AM02 e BM02

...................................................................................................................................... 170

Figura 76: Chegada da primeira bateria da competição masculina .............................. 170

Figura 77: Eliminatória masculina disputada entre os participantes CM06 e DM03 ... 171

Figura 78: Largada da prova final disputada entre os participantes AM02 e DM03 .... 171

Figura 79: Chegada da prova final disputada entre os participantes AM02 e DM03 ... 172

Figura 80: Largada da prova final feminina ................................................................. 172

Figura 81: Prova final da competição feminina............................................................ 173

Figura 82: Final dos 200 metros da prova T44 das paraolimpíadas de Londres 2012 . 256

Figura 83: Mundialito de Rolimã do Abacate que acontece anualmente ..................... 258

Figura 84: Ilustração de uma pista de atletismo ........................................................... 259

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Faixa etária dos participantes desse estudo ................................................... 71

Gráfico 2: Renda familiar dos participantes em salários mínimos ................................. 72

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Competências em modelagem matemática identificadas por Almeida e Zanin

(2016) ............................................................................................................................. 40

Quadro 2: Relacionamento entre as três fases e as dez etapas do desenvolvimento da

modelagem matemática em sala de aula......................................................................... 63

Quadro 3: Horário de aulas do turno da noite ................................................................ 69

Quadro 4: Tipo de escola frequentada pelos participantes no ensino fundamental........ 72

Quadro 5: Resposta dada pelos participantes para a questão cinco do questionário inicial

........................................................................................................................................ 73

Quadro 6: Atividades desenvolvidas durante a condução do trabalho de campo .......... 79

Quadro 7: Tipo de dados coletados em cada um dos instrumentos ................................ 80

Quadro 8: Respostas dadas para a questão 6 do questionário inicial ............................. 83

Quadro 9: Respostas dadas para a questão 7 do questionário inicial ............................. 84

Quadro 10: Respostas dadas para a questão 8 do questionário inicial ........................... 85

Quadro 11: Esportes praticados pelos participantes desse estudo .................................. 85

Quadro 12: Respostas dadas pelos participantes para a questão 9 do questionário inicial

........................................................................................................................................ 86

Quadro 13: Respostas dadas pelos participantes para a questão 10 do questionário

inicial .............................................................................................................................. 87

Quadro 14: Respostas dadas pelos participantes para a questão 11 do questionário

inicial .............................................................................................................................. 88

Quadro 15: Respostas dadas pelos participantes para a questão 13 do questionário

inicial .............................................................................................................................. 89

Quadro 16: Respostas dadas à questão 14 do questionário inicial ................................. 90

Quadro 17: Respostas dadas pelos participantes para a questão 15 do questionário

inicial .............................................................................................................................. 91

Quadro 18: Opinião dos participantes sobre os critérios necessários para que uma

competição esportiva seja realizada em condições de igualdade entre os atletas .......... 92

Quadro 19: Atividades realizadas no primeiro bloco do registro documental ............... 93

Quadro 20: Distribuição dos participantes em cada grupo no dia 13 de março de 2017 95

Quadro 21: Distribuição dos participantes em cada grupo a partir de 24 de abril de 2017

........................................................................................................................................ 95

Quadro 22: Carrinhos escolhidos pelos participantes de cada grupo ............................. 96

Quadro 23: Fatores que influenciaram a escolha do carrinho de rolimã ........................ 97

Quadro 24: Respostas dadas para a questão 2 do primeiro bloco de atividades ............ 99

Quadro 25: Respostas dadas para a questão 3 do primeiro bloco de atividades .......... 100

Quadro 26: Respostas dadas para a questão 4 do primeiro bloco de atividades .......... 101

Quadro 27: Respostas dadas para a questão 5 do primeiro bloco de atividades .......... 102

Quadro 28: Respostas dadas à questão 6 do primeiro bloco de atividades .................. 102

Quadro 29: Respostas dadas para a questão 7 do primeiro bloco de atividades .......... 103

Quadro 30: Respostas dadas para a questão 8 do primeiro bloco de atividades .......... 104

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Quadro 31: Atividades desenvolvidas no segundo bloco ............................................. 105

Quadro 32: Respostas dadas pelos participantes para o exercício final do segundo bloco

...................................................................................................................................... 123

Quadro 33: Participantes presentes em cada grupo no dia da aplicação das atividades do

terceiro bloco ................................................................................................................ 124

Quadro 34: Desenvolvimento do terceiro bloco de atividades ..................................... 125

Quadro 35: Quantidade e nome das peças de madeira do carrinho de rolimã.............. 134

Quadro 36: Trecho do diálogo que ocorreu entre o professor-pesquisador e o

participante CM06 durante a elaboração do desenho do carrinho de rolimã................ 135

Quadro 37: Frequência dos participantes no dia 02 de Julho de 2017 ......................... 136

Quadro 38: Planilha digitada pelo professor-pesquisador ............................................ 137

Quadro 39: Dúvidas apontadas pelo marceneiro e suas justificativas .......................... 139

Quadro 40 : Planilha revisada com as correções realizadas pelos participantes .......... 142

Quadro 41: Distribuição dos participantes nos grupo a partir de 19 de Junho de 2017 146

Quadro 42: Frequência dos participantes de cada grupo no dia 19 de Junho de 2017 . 146

Quadro 43: Atividades do terceiro bloco desenvolvidas no dia 19 de Junho de 2017 . 147

Quadro 44: Planilha mostrando as dimensões medidas pelos integrantes do grupo A . 150

Quadro 45: Planilha mostrando as dimensões medidas pelos participantes do grupo B

...................................................................................................................................... 151

Quadro 46: Planilha mostrando as dimensões medidas pelos integrantes do grupo C. 152

Quadro 47: Planilha apresentando as dimensões medidas pelos integrantes do grupo D

...................................................................................................................................... 153

Quadro 48: Descrição da atividade aplicada no terceiro bloco em 23 de Junho de 2017

...................................................................................................................................... 158

Quadro 49: Respostas dadas pelos participantes desse estudo para a questão da atividade

sobre escalas desenvolvida durante o terceiro bloco .................................................... 161

Quadro 50: Frequência dos participantes no dia 26 de Junho de 2017 ........................ 161

Quadro 51: Descrição da atividade aplicada no terceiro bloco em 26 de junho de 2017

...................................................................................................................................... 162

Quadro 52: Medidas dos pesos dos carrinhos de rolimã de cada grupo ....................... 165

Quadro 53: Respostas das pelos grupos ao tópico 2 da folha de validação dos carrinhos

de rolimã ....................................................................................................................... 166

Quadro 54: Frequência dos participantes no dia 16 de Julho de 2017 ......................... 167

Quadro 55: Descrição das atividades desenvolvidas no quarto bloco no dia 16 de Julho

de 2017 ......................................................................................................................... 168

Quadro 56: Respostas dadas pelos participantes à questão 1 do questionário do bloco 4

...................................................................................................................................... 174

Quadro 57: Respostas dadas pelos participantes à questão 2 do questionário do bloco 4

...................................................................................................................................... 175

Quadro 58: Respostas dadas pelos participantes à questão 3 do questionário do bloco 4

...................................................................................................................................... 176

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Quadro 59: Respostas dadas pelos participantes à questão 4 do questionário do bloco 4

...................................................................................................................................... 177

Quadro 60: Respostas dadas pelos participantes à questão 5 do questionário do bloco 4

...................................................................................................................................... 178

Quadro 61: Respostas dadas pelos participantes à questão 1 do questionário final ..... 179

Quadro 62: Respostas dadas pelos participantes para o item b da questão 1 ............... 180

Quadro 63: Respostas dadas pelos participantes para a questão 2 do questionário final

...................................................................................................................................... 181

Quadro 64: Respostas dadas pelos participantes para a questão 3 do questionário final

...................................................................................................................................... 182

Quadro 65: Respostas dadas pelos participantes à questão 4 do questionário final ..... 183

Quadro 66: Respostas dadas pelos participantes à questão 5 do questionário final ..... 184

Quadro 67: Respostas dadas pelos participantes à questão 6 do questionário final ..... 185

Quadro 68: Respostas dadas pelos participantes para a questão 7 do questionário final

...................................................................................................................................... 186

Quadro 69: Respostas dadas pelos participantes para a questão 8 do questionário final

...................................................................................................................................... 187

Quadro 70: Respostas dadas pelos participantes para a questão 9 do questionário final

...................................................................................................................................... 188

Quadro 71: Respostas dadas pelos participantes à questão 10 do questionário final ... 189

Quadro 72: Respostas dadas pelos grupos para a questão 11 do questionário final ..... 190

Quadro 73: Respostas dadas pelos participantes à questão 12 do questionário final ... 191

Quadro 74: Quantificação dos dados qualitativos, frequência de termos e palavras ... 194

Quadro 75: Quantificação dos dados qualitativos, frequência de frases e expressões. 196

Quadro 76: Relação entre os blocos de atividades, as três fases e as dez etapas da

modelagem ................................................................................................................... 210

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Sumário

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 20

UMA TRAJETÓRIA RUMO À MODELAGEM MATEMÁTICA ........................ 20

CAPÍTULO I ................................................................................................................ 29

1. FUNDAMENTANDO TEORICAMENTE A PROBLEMÁTICA DO ESTUDO

.........................................................................................................................................29

1.1. Modelagem Matemática .................................................................................. 29

1.1.1. Competências de Modelagem Matemática ................................................... 36

1.2. Modelagem Matemática Sociocrítica .............................................................. 41

1.2.1. Dimensões Crítica e Reflexiva da Modelagem Matemática .................... 42

1.3. Ambientes de Aprendizagem ........................................................................... 45

1.4. Modelagem Matemática como um Ambiente de Aprendizagem .................... 47

1.5. Modelagem Matemática e os Esportes ............................................................ 49

1.5.1. Engenharia Desportiva Educacional ......................................................... 52

1.6. Modelagem Matemática e Currículo ............................................................... 55

CAPÍTULO II ............................................................................................................... 64

2. UMA FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA PARA A UTILIZAÇÃO DO

ESTUDO MISTO ......................................................................................................... 64

2.1. Design Metodológico: Método Misto de Pesquisa ......................................... 64

2.1.1. Triangulação dos Dados ........................................................................... 67

2.2. Contexto Escolar .............................................................................................. 69

2.3. Participantes da Pesquisa ................................................................................. 69

2.4. Instrumentalização ........................................................................................... 73

2.4.1. Questionários Inicial e Final ..................................................................... 74

2.4.2. Blocos de Atividades do Registro Documental ........................................ 75

2.4.3. Diário de Campo ....................................................................................... 76

2.5. Procedimentos Metodológicos ......................................................................... 77

2.6. Análise e Interpretação dos Dados ................................................................... 80

CAPÍTULO III ............................................................................................................. 82

3. ORGANIZAÇÃO, APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

DOS DADOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS .......................................... 82

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3.1. Apresentação e Análise das Informações Contidas nos Dados Qualitativos

(QUAL) e Quantitativos (quan) do Questionário Inicial ............................................. 82

3.2. Apresentação e Análise das Informações contidas nos Dados Qualitativos

(QUAL) e Quantitativos (quan) dos Blocos de Atividades do Registro Documental . 92

3.2.1. Bloco de Atividades 1: Apresentação do Tema e Experimentando uma

Corrida de Carrinhos ............................................................................................... 93

3.2.2. Bloco de Atividades 2: Apresentação do carrinho de rolimã, a competição

e a proposta de padronização ................................................................................. 104

3.2.3. Bloco de Atividades 3: Elaboração dos Projetos, Montagem dos Carrinhos

e Validação ............................................................................................................ 124

3.2.4. Bloco de Atividades 4: A Competição ........................................................ 166

3.2.4.1. Teste dos Carrinhos Rolimãs e Ajustes Finais .................................... 168

3.2.4.2. Provas das Modalidades Masculina e Feminina ................................. 169

3.2.4.3. Apresentação e Análise das Informações Contidas nos Dados

Qualitativos (QUAL) e Quantitativos (quan) do Questionário do Bloco 4 ........ 173

3.3. Apresentação e Análise das Informações Contidas nos Dados Qualitativos

(QUAL) e Quantitativos (quan) do Questionário Final ............................................. 178

CAPÍTULO IV ............................................................................................................ 192

4. INTERPRETANDO OS RESULTADOS UTILIZANDO AS CATEGORIAS

DE ANÁLISES ............................................................................................................ 192

4.1. Quantificação dos Dados Qualitativos ........................................................... 192

4.2. Modelagem Matemática como um Ambiente de Aprendizagem .................. 203

4.2.1. Matemática e Contexto Escolar .............................................................. 207

4.2.2. Competências de Modelagem Matemática ............................................. 209

4.2.3. Matemática e Esportes ............................................................................ 219

4.3. Modelagem Matemática nos Esportes ........................................................... 220

4.3.1. Brincadeiras ............................................................................................ 221

4.3.2. Condições de Igualdade em Competições Esportivas ............................ 222

4.3.3. Criticidade e Reflexão ............................................................................ 223

4.3.4. Ação Pedagógica para a Modelagem Matemática .................................. 226

CAPÍTULO V ............................................................................................................. 229

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS: RESPONDENDO À QUESTÃO DE

INVESTIGAÇÃO ....................................................................................................... 229

5.1. Questão de Investigação ................................................................................ 229

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5.2. Respondendo a questão de investigação ........................................................ 230

5.3. Considerações Finais ..................................................................................... 233

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 237

LISTA DE APÊNDICES ........................................................................................... 245

LISTA DE ANEXOS .................................................................................................. 264

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20

INTRODUÇÃO

UMA TRAJETÓRIA RUMO À MODELAGEM MATEMÁTICA

Tendo em vista o cenário atual da educação, todo esforço no sentido de

modificar as práticas pedagógicas que não se enquadram às necessidades dos alunos é

válido. Assim, um dos principais objetivos desse estudo é utilizar a modelagem

matemática como um ambiente de aprendizagem para que os alunos possam adquirir

e/ou desenvolver as competências de modelagem matemática e, consequentemente,

contribuir para a reestruturação da prática docente que possibilite a sua participação

ativa no processo de ensino e aprendizagem em matemática.

Atualmente, o maior desafio dos professores em sala de aula é vincular a teoria

com a prática no exercício da docência. Assim, esse estudo buscou mostrar algumas

possibilidades para que essa interação possa ocorrer nesse ambiente de aprendizagem.

Então, se no exercício da profissão docente, as tarefas que antes eram simples e

prazerosas se tornam árduas e cansativas, faz-se necessário reavaliar os métodos e

buscar novas técnicas para garantir a eficiência do processo de ensino e aprendizagem,

bem como a qualidade do produto final, ou seja, uma aprendizagem matemática com

significado por parte dos alunos enquanto sujeitos em formação contínua.

Como professor de matemática, o pesquisador percebeu, em sua prática docente,

que o processo de ensino e aprendizagem dessa disciplina está cada vez mais difícil, por

vários aspectos, como, por exemplo, o envolvimento dos alunos nas aulas, a falta de

compromisso da maioria dos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem dessa

disciplina, as condutas éticas e morais em desacordo com a prática pedagógica, bem

como a definição das relações de poder em discussões desencadeadas nas salas de aula.

Esses aspectos ultrapassam os limites escolares, atingindo as relações dos alunos

no ambiente familiar, as políticas públicas educacionais que, na maioria das vezes, estão

em desacordo com a realidade e os cursos de formação de professores de matemática.

Nesse sentido, percebe-se que, a cada ano, está mais difícil seguir os métodos

tradicionais do processo de ensino e aprendizagem em matemática que estão

relacionados com a prática do exercício e da repetição, pois os alunos clamam por

mudanças.

Desse modo, a utilização da bagagem cultural dos alunos e de suas experiências

matemáticas no ambiente escolar “requer uma série de procedimentos que passam pela

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observação cuidadosa da situação ou do fenômeno a ser modelado, pela interpretação da

experiência realizada, pela captação do significado do que produz” (BIEMBENGUT,

2004, p. 17). Então, se ensinar matemática significa desenvolver o raciocínio lógico,

estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver

problemas, é importante que os professores de matemática busquem alternativas para

motivar a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a organização, a concentração, o

convívio social e a troca de experiências entre os alunos (ROSA; OREY, 2012a).

De acordo com esse contexto, o interesse do professor-pesquisador1 foi

desenvolver uma pesquisa por meio da qual a matemática aparecesse sob um princípio

que não estivesse apenas relacionado com o acúmulo de regras e fórmulas a serem

decoradas e aplicadas em um exame ou teste padronizado, mas com um conjunto de

objetos matemáticos vinculados ao cotidiano dos alunos.

Nessa perspectiva, esses objetos podem servir como ferramentas pedagógicas

para a sua utilização efetiva em momentos oportunos, pois visam auxiliar os alunos em

seu desenvolvimento como cidadãos críticos e reflexivos e, também, com senso de

justiça social (ROSA; OREY, 2007). Nesse sentido, ressalta-se que o:

(...) objetivo do ensino da matemática deveria ser descobrir novos

fatos a cerca da própria pessoa, sociedade, cultura e capacitar o

estudante a fazer melhores julgamentos e tomar decisões; construir

relações entre conceitos matemáticos, situações concretas e

experiências pessoais (FASHEH, 1998, p. 12).

De acordo com essa asserção, existe a necessidade de que o processo de ensino e

aprendizagem em matemática seja conduzido por meio do esforço dos educadores para

diminuírem a distância entre a teoria e a prática docente em sala de aula.

Nesse direcionamento, durante a trajetória do professor-pesquisador como um

docente, foi observado que os alunos são atraídos pelos conteúdos com aplicações

práticas e, principalmente, quando trabalham com atividades curriculares que

aproximam os conceitos matemáticos adquiridos em sala de aula com as atividades

práticas que são desenvolvidas no contexto cultural em que vivem.

1Nesse estudo, denominação professor-pesquisador é utilizada para se referir ao autor dessa pesquisa.

Ressalta-se que essa denominação é empregada, pois o autor desse estudo também é o professor da

disciplina da turma pesquisada. Nesse sentido, os professores-pesquisadores estão centrados na

“consideração da prática, que passa a ser meio, fundamento e destinação dos saberes que suscita[m],

desde que esses possam ser orientados e apropriados pela ação reflexiva do[s] professor[es]”

(MIRANDA, 2006, p. 135). Assim, esses professores, que são pesquisadores, refletem criticamente sobre

as questões educacionais relativas ao desenvolvimento de sua própria prática pedagógica com o objetivo

de aprimorá-la em seu cotidiano docente.

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22

Essa abordagem pedagógica considera os alunos como integrantes de um

determinado grupo sociocultural, que adquirem os conhecimentos matemáticos nos

ambientes social, cultural, econômico, político e ambiental ao longo de sua trajetória

(ROSA; OREY, 2012).

Por exemplo, no ano letivo de 2015, em uma das escolas onde o professor-

pesquisador trabalhou, foi realizada uma intervenção na aula com a utilização de temas

relacionados com razão, proporção, divisão proporcional, regra de três simples e

composta. Durante essa intervenção, um aluno explicou o processo de fabricação do

pãozinho de sal realizado por seu pai, que é o proprietário de uma padaria.

Assistindo essa apresentação, o professor-pesquisador também se tornou um

aluno e ficou admirado, principalmente, por tratar-se de um estudante que estava em

recuperação em matemática e que havia declarado algumas vezes não gostar dessa

disciplina. Essas experiências mostram que existe a necessidade de que os professores

de matemática utilizem esses momentos valiosos para enriquecer o processo de ensino e

aprendizagem em matemática que é desencadeado em salas de aula.

Dessa maneira, em concordância com os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN) de Matemática, a:

(...) situação-problema é o ponto de partida da atividade matemática e

não a definição. No processo de ensino e aprendizagem, conceitos,

ideias e métodos matemáticos devem ser abordados mediante a

exploração de problemas, ou seja, de situações em que os alunos

precisem desenvolver algum tipo de estratégia para resolvê-las

(BRASIL, 1998, p. 40).

Para o professor-pesquisador, as atividades práticas realizadas em sala de aula

podem estar relacionadas com o desenvolvimento de atividades esportivas, que podem

ser estudadas por meio da modelagem matemática. Por exemplo, o estudo conduzido

por Barbosa (2001) mostra o desenvolvimento de um projeto de modelagem em uma

escola particular em Salvador, na Bahia, com três turmas de sétimo ano com 45 alunos

em cada sala de aula. Assim, os membros de um dos grupos trabalharam com a

ginástica olímpica e se interessaram em calcular o percurso em diagonal da ginasta no

tatame por meio da elaboração de um modelo matemático com a utilização do Teorema

de Pitágoras.

O professor-pesquisador também observou que, nas escolas em que lecionou, os

alunos praticavam esportes convencionais orientados pelos professores de educação

física. Porém, em momentos informais extraclasses, esses alunos se organizavam e

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brincavam com uma variação do futebol, por exemplo, criando as suas próprias regras,

compartilhando os espaços, concentrados e cada um esperando o seu momento de entrar

na brincadeira. Então se pergunta, será que é possível intervir em uma brincadeira e

transformá-la em uma modalidade esportiva? Será possível realizar essa intervenção

utilizando conceitos matemáticos? Como a matemática atuaria nesse processo? Seria

interessante para os alunos?

Após uma reflexão sobre essas indagações, discutindo com alguns colegas de

profissão e com alguns alunos, o professor-pesquisador percebeu a viabilidade de criar

um ambiente para a aprendizagem de conteúdos matemáticos por meio da utilização da

modelagem matemática. Dessa maneira, para a criação desse ambiente, o professor-

pesquisador relembrou uma brincadeira antiga, que não se sabe ao certo a sua origem,

que é o carrinho de rolimã. E a partir dessa prática propôs a configuração de uma

modalidade esportiva, considerando as suas manobras e velocidade. Nesse

direcionamento, é importante o desenvolvimento de:

(...) atividades que despertem o interesse dos alunos por intermédio do

esporte e dos desafios por ele proporcionados, utilizando diversos

conteúdos, possibilitando que os alunos aprendam o verdadeiro

sentido da Matemática. Assim sendo, o esporte acaba desafiando o

aluno a buscar, sempre, superar seus adversários e a si próprio, o que

resulta em motivação para a prática do estudo (HARTMANN, 2014,

p. 2).

Então, essa abordagem é capaz de “ajudar o aluno a construir o conhecimento

matemático valendo-se do interesse que o assunto poderia despertar, tornando-os

autônomos, capazes de pensar e construir estratégias próprias para resolver as situações”

(BURAK, 2005, p. 36). Então, é importante o entendimento e a compreensão de

situações-problema que emergem no cotidiano dos alunos para a elaboração de

atividades curriculares em sala de aula (ROSA; OREY, 2003).

Assim, outro objetivo importante dessa pesquisa foi investigar as diversas

concepções de modelagem matemática presentes na literatura e, a partir dos conceitos

relacionados com o ambiente de aprendizagem, propor uma maneira prática de aplicar a

modelagem matemática em sala de aula, que seja conduzida pela prática esportiva

relacionada com os carrinhos de rolimã.

Provavelmente, esses carrinhos podem ter surgido no final dos anos 60 e início

dos anos 70, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, devido às

primeiras ruas pavimentadas com asfalto e, também, por causa do tipo de topografia

íngreme dessas cidades (OS CARRINHOS..., 2011).

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A construção desses carrinhos é simples e bem diversificada, podendo variar de

tamanho, forma e tipo de material. O processo pode ser artesanal, pois utiliza

ferramentas simples como, por exemplo, o martelo e o serrote, sendo que a matéria

prima utilizada é quase sempre composta por material reaproveitado, como, por

exemplo, a madeira de demolição e os rolamentos (OS CARRINHOS..., 2011)

Basicamente, esses carrinhos são constituídos de um corpo de madeira com um

eixo móvel na frente, denominado de guia, sendo que podem ser utilizados três ou

quatro rolamentos. A figura 1 mostra o carrinho de rolimã mais comum em que há a

utilização de madeira e rolamentos de aço que são descartados em oficinas de reparos

automotivos.

Figura 1: Carrinho de rolimã construído com madeira e rolamentos de aço.

Fonte: Foto por Rogério Braga Soares

Em 2015, o professor-pesquisador presenciou a quarta edição de um evento

intitulado Mundialito de Rolimã do Abacate que acontece anualmente em uma rua, de

topografia íngreme, de um bairro de Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde há um

centro cultural denominado Quilombo do Abacate2.

A participação do professor-pesquisador nesse evento foi apenas como

espectador, observador e ouvinte, pois estava buscando dados que fornecessem

informações suficientes e necessárias para verificar a possibilidade de desenvolver um

trabalho culturalmente relevante que agregasse valor real e qualidade à educação

matemática. Ao ler o regulamento do evento notou alguns fatores interessantes, como,

por exemplo, que existem três modalidades nessa competição: Velocidade, Manobra e

Estilo.

2O Quilombo do Abacate é um espaço aberto às vivências através da arte e da cultura, permitindo trocas,

experiências e aprendizados. Esse centro cultural é destinado à multiplicidade dos sentidos e ao

dinamismo do espaço, pois o Quilombo está aberto às manifestações artísticas, ideias absurdas e parceiros

de criatividade. Mais informações podem ser obtidas em: www.facebook.com/Quilombo-do-Abacate,

cujo acesso foi realizado em 10 de Setembro de 2015.

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O professor-pesquisador percebeu que nas duas primeiras modalidades existe

uma influência de conceitos matemáticos e físicos, pois a velocidade atingida pelo

carrinho pode ser influenciada por sua estrutura e trajetória, que estão associadas com

vários conceitos de geometria, como, por exemplo, a reta, a distância entre dois pontos,

o plano e a circunferência e, também, pelo centro de massa das figuras geométricas.

Quanto às manobras realizadas na competição, percebe-se a utilização dos

ângulos e de movimentos de rotação pelos competidores, porém, sem nenhum padrão

ou rigor acadêmico, pois as ideias e procecimentos matemáticos aplicados na construção

desses carrinhos seguem apenas as experiências pessoais adquiridas pelos praticantes

para proporcionar um melhor desempenho dos competidores.

Na opinião do professor-pesquisador, esse fato pode tornar a competição

esportiva descriteriosa, pois nas competições que utilizam instrumentos e/ou

equipamentos há a aplicação de padrões regimentais determinados pelas federações que

visam a regulamentação das modalidades esportivas.

Por exemplo, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) inspeciona

circuitos e homologa os carros por meio da exigência do cumprimento de uma série de

normas para eliminar qualquer variável que possa influenciar os resultados da disputa de

um Grande Prêmio (GP), que não sejam a habilidade e a experiência do piloto e,

também, as estratégias adotadas pela escuderia (ENCICLOPÉDIA F1, 2016).

Considerando que os carrinhos de rolimã têm como força de propulsão apenas o

impulso inicial que é dado pelo próprio piloto e a força peso, o rigor matemático poderá

auxiliar os alunos na realização dos cálculos de grandezas que podem influenciar o

desenvolvimento da aceleração alcançada pelos carrinhos.

Esses cálculos estão relacionados com a massa, o diâmetro da circunferência dos

rolimãs, o número de rolimãs, as formas geométricas das partes fixas e móveis da

estrutura do carrinho, a largura dos eixos entre os rolimãs, o comprimento do eixo

principal e a simetria do carrinho e a sua aerodinâmica. Esses elementos podem garantir

a padronização desse equipamento e, consequentemente, uma competição mais

criteriosa para os seus competidores.

Além disso, é importante resaltar que, a partir de uma padronização desses

equipamentos, pode existir também o desenvolvimento de um critério padronizado de

escolha dos competidores, como, por exemplo, o biotipo dos pilotos de Fórmula 1, que

não apresentam variações extremas de altura e de massa corporal.

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O professor-pesquisador também percebeu essa lacuna nos critérios para a

competição de carrinhos de rolimã por meio dos comentários proferidos por alguns

espectadores, como, por exemplo, “assim não vale os carrinhos são muito diferentes”,

“olha o tamanho daquele rolimã, assim ele leva vantagem” e “aquele carrinho tem as

rodas maiores, por isso ganhou”.

A cada ano, esses eventos vêm se popularizando e conquistando mais adeptos

por causa de seu dinamismo e, também, pelo resgate cultural que têm proporcionado

para os membros desse grupo sociocultural e para outros indivíduos interessados nesse

tipo de competição. Consequentemente, Rosa e Orey (2012b) afirmam que as práticas

socioculturais podem ser consideradas como oportunidades para o estabelecimento de

uma conexão entre a matemática praticada localmente com aquela ensinada no ambiente

escolar.

É nesse sentido que D‟Ambrosio (2003) argumenta sobre a origem das ideias

matemáticas que é o resultado de um processo que procura explicar e entender fatos e

fenômenos observados na realidade. Essas ideias podem ser traduzidas a partir de

elaborações de modelos matemáticos cuja obtenção, aplicação e avaliação estão

vinculadas ao processo de modelagem matemática. De acordo com esse contexto, é

proposta a seguinte questão de investigação:

Quais são as possíveis contribuições que a modelagem matemática como

um ambiente de aprendizagem pode trazer para o desenvolvimento das

competências de modelagem matemática de um grupo de estudantes, ao

transformarem uma brincadeira em uma prática esportiva?

Ressalta-se que, no decorrer dos anos, várias modalidades esportivas surgiram,

outras se adaptaram à modernidade, muitas se popularizaram e, provavelmente, a

matemática deve ter contribuído para o desenvolvimento desses processos.

Assim, o estabelecimento de uma conexão entre o conhecimento matemático e a

prática esportiva tem uma relevância para o enriquecimento da educação matemática,

pois os alunos poderão atuar na elaboração de padrões e regras, partindo de

conhecimentos tácitos3 adquiridos em seu convívio cultural.

3Saber qual é a melhor alternativa, saber como resolver um problema e saber quem pode nos auxiliar na

tomada de decisão é um processo documentado, formalizado e comunicado através de algum formato

explícito, por exemplo, um contrato firmado entre duas pessoas. Neste caso, o conhecimento é

caracterizado como explícito. Outras vezes, estas inferências fazem parte do nosso entendimento interno,

que está tacitamente enraizado em nosso aprendizado e em nossa experiência, por exemplo, ativar a

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Contudo, é importante que essa abordagem esteja aliada aos conceitos

matemáticos que auxiliarão os alunos nessas padronizações, pois poderão permitir o

desenvolvimento de um senso crítico e de justiça, que procurem garantir uma

competição esportiva em que os competidores possam disputar em condições de

igualdade.

Nesse direcionamento, esse estudo justifica-se por propor um trabalho

pedagógico vinculado à prática esportiva que está relacionada com o potencial

educativo do esporte, bem como com os seus benefícios para a saúde e para o convívio

social e afetivo dos participantes desse estudo.

Porém, essas afirmativas estão embasadas no senso comum que difunde as ideias

de que o esporte tira a criança da rua e ajuda a fazer novas amizades. Contudo, é

preciso observar que a prática esportiva possui um potencial significativo que pode

transformar a vida dos alunos (SANCHES; RUBIO, 2011).

Portanto, se a prática esportiva estiver vinculada aos fundamentos matemáticos

por meio da modelagem matemática como um ambiente de aprendizagem, pode-se

desenvolver uma oportunidade de aprofundamento do entendimento e da compreensão

da realidade para que os alunos possam ampliar a sua reflexão crítica sobre os

problemas que afligem a sociedade.

Finalizando a parte introdutória desse estudo, o restante dessa dissertação está

organizada em 5 (cinco) capítulos.

O Capítulo 1 apresenta a revisão de literatura que auxiliou o professor-

pesquisador no aprofundamento das principais teorias que fundamentam esse estudo,

como, por exemplo, a Modelagem Matemática, a Modelagem Matemática Sociocrítica e

a Engenharia Desportiva Educacional4. Esse capítulo também apresenta uma revisão

teórica sobre os ambientes de aprendizagem e sobre os esportes.

O Capítulo 2 apresenta e explicita as etapas e os procedimentos metodológicos

que o professor-pesquisador utilizou no desenvolvimento e na condução desse estudo,

cujo design foi baseado no Método do Estudo Misto (Mixed Methods Studies). Esse

capítulo também descreve como foram utilizados os instrumentos metodológicos

memória e recorrer às experiências passadas para solucionar um dilema. Nesta situação, o conhecimento é

caracterizado como implícito, isto é, o conhecimento é tácito (ROSA; OREY, 2012, p. 265). 4De acordo com Huddle (2016), a engenharia desportiva pode ser considerada como a aplicação técnica

de conceitos matemáticos e físicos na resolução de situações-problema relacionadas com os esportes e a

prática esportiva.

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necessários para a coleta e a análise dos dados e a interpretação dos resultados obtidos

nesse estudo.

O Capítulo 3 apresenta a análise dos dados qualitativos e quantitativos de acordo

com os pressupostos do Método do Estudo Misto. Esse capítulo também contemplar as

respostas dadas pelos participantes para as atividades propostas no registro documental

que, também, serão analisadas de acordo com o referencial teórico estudado na revisão

de literatura.

O Capítulo 4 apresenta a interpretação dos resultados obtidos a partir da análise

das informações constantes nas categorias a priori, mistas, bem como das categorias

que emergiram durante o processo de levantamento das informações qualitativas e

quantitativas obtidas nos instrumentos de coleta de dados. Esse capítulo também

apresenta o desenvolvimento do processo de quantificação dos dados qualitativos.

O Capítulo 5 apresenta a resposta obtida para a questão de investigação, bem

como as considerações finais sobre a interpretação dos resultados obtidos durante a

condução desse estudo.

As referências bibliográficas, os apêndices e os anexos também são parte

integrante da estrutura dessa dissertação.

Como resultado desse estudo, foi elaborado um produto educacional que

compartilhará, com os professores de matemática e os interessados nesse tema, um

projeto interdisciplinar que visa o desenvolvimento da criatividade e da criticidade dos

alunos, mostrando a importância da utilização da matemática por meio da modelagem,

para que uma competição esportiva possa ocorrer em condições de igualdade entre os

atletas.

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CAPÍTULO I

1. FUNDAMENTANDO TEORICAMENTE A PROBLEMÁTICA DO ESTUDO

É importante disponibilizar uma educação matemática de qualidade, inclusiva e

atrativa para os alunos, pois há uma busca incessante por novas tendências que auxiliem

os educadores a mostrarem a matemática sob uma perspectiva diferenciada, que

considere os conhecimentos adquiridos pelas experiências de vida dos alunos enquanto

integrantes de um determinado grupo sociocultural.

De acordo com esse contexto, o principal objetivo desse capítulo é providenciar

uma revisão de literatura relacionada com a concepção de Modelagem Matemática

como um ambiente de aprendizagem, além de sua abordagem crítica e reflexiva, através

da construção de modelos matemáticos visando a transformação de uma brincadeira em

uma prática esportiva.

Dessa maneira, o foco da revisão de literatura desse estudo está fundamentado

nos seguintes tópicos:

a) Modelagem Matemática

Competências de Modelagem Matemática

b) Modelagem Matemática Sociocrítica

Dimensões Crítica e Reflexiva da Modelagem Matemática

c) Ambientes de Aprendizagem

d) Modelagem Matemática como um Ambiente de Aprendizagem

e) Modelagem Matemática e os Esportes

Engenharia Desportiva Educacional

f) Modelagem Matemática e Currículo

A seguir, apresenta-se a fundamentação teórica para cada um desses tópicos e

subtópicos, de acordo com o estudo da revisão de literatura relacionada com a

problemática desse estudo.

1.1. Modelagem Matemática

As novas tendências em Educação Matemática surgiram com a necessidade de

se reestruturar o processo de ensino e aprendizagem em matemática. A partir da

compreensão da Educação Matemática como um campo científico e, aprofundando

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sobre a sua evolução histórica, inicialmente, é possível identificar seis tendências

pedagógicas para o processo de ensino e aprendizagem em matemática: a formalista-

clássica, a empírico-ativista, a formalista-moderna, a tecnicista, a construtivista e a

sócio-etno-culturalista, que foram defendidas por seus idealizadores e pesquisadores

(FIORENTINI, 1995):

1. Formalista-clássica: essa tendência é centrada nos professores, sendo que a

aprendizagem dos alunos é realizada de maneira passiva e baseada na

memorização. Desse modo, os professores são os detentores do domínio dos

conteúdos que são ensinados de uma maneira pronta e acabada, para que os

alunos apenas copiem e repitam os exercícios propostos em sala de aula.

2. Empírico-ativista: essa tendência surgiu como uma negação ou oposição à

escola clássica, pois os professores abandonaram o posto de profissionais

centrais do processo de ensino ao assumirem a postura de orientadores da

aprendizagem. Nesse modelo, o conhecimento não é adquirido somente pela

descoberta, pois o ato de aprender exige ação, manipulação e experimentação

por parte dos alunos. Assim, existe uma preocupação de que o processo de

ensino e aprendizagem seja realizado por meio da relação da matemática

com outras ciências e, também, pela utilização de seus valores utilitários5.

Nesse sentido, os alunos aprendem fazendo, pois trabalham com a resolução

de problemas diários, participando da realização de atividades experimentais.

3. Formalista-moderna: a Matemática Moderna foi um movimento de

renovação no processo de ensino e aprendizagem de conteúdos matemáticos

que se fortaleceu nas décadas de 1960 e 1970. Esse período caracterizou-se

pelo desenvolvimento da tendência formalista-moderna, que enfatizava um

ensino que tinha o propósito de organizar o conhecimento matemático de

acordo com a utilização da linguagem, do rigor e das justificativas. Esse tipo

de ensino priorizava a teoria dos conjuntos, as estruturas algébricas, as

relações e as funções, sendo centrado nos professores e desvinculado das

5De acordo com Biotto Filho (2014), os valores utilitários da matemática estão relacionados com o

desenvolvimento da capacidade de os alunos lidarem com situações novas e reais, com a preparação para

a sua participação política ao desenvolverem noções de economia, com a capacidade de analisar e

interpretar os dados estatísticos, com a capacidade de resolver situações de conflito e de tomar decisões.

Dessa maneira, a matemática é útil como um instrumentador para a vida e para o trabalho.

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aplicações práticas. Esse movimento educacional está mais preocupado com

a formação de especialistas em matemática do que cidadãos.

4. Tecnicista: a finalidade dessa tendência é integrar os indivíduos e a

sociedade para torná-los capacitados e úteis para o desenvolvimento dos

objetivos da sociedade. Os conteúdos matemáticos são apresentados com a

utilização de uma instrução programada por meio da qual os alunos realizam

uma série de tarefas, do tipo resolva os exercícios abaixo, seguindo o modelo

ou arme e efetue, que são propostas pelos professores. Nessa abordagem, os

alunos e os professores são considerados como os executores de programas

educacionais desenvolvidos por especialistas. Nesse tipo de instrução, os

recursos e as técnicas de ensino são o centro do processo de ensino e

aprendizagem.

5. Construtivista: nessa tendência, os alunos interagem de uma maneira

reflexiva com o meio ambiente através da construção de conhecimentos

matemáticos para que possam adquirir a capacidade de aprender a aprender,

bem como desenvolver o pensamento lógico-formal.

6. Sócio-etno-culturalista: essa tendência propõe a utilização de problemas

retirados da realidade dos alunos, que estão inseridos em grupos culturais

diversos e distintos, que podem gerar temas para serem trabalhados em sala

de aula. Desse modo, essa abordagem visa trazer uma visão antropológica,

social e política para a Educação Matemática para que os alunos possam

atribuir sentido e significado às ideais matemáticas, possibilitando-lhes o

desenvolvimento do raciocínio e da análise crítica e reflexiva, bem como o

estabelecimento de relações e a elaboração de hipóteses e justificativas.

Continuando com o ciclo de evolução do processo educacional de ensino e

aprendizagem em matemática, surgem outras tendências em Educação Matemática

dentre as quais se destaca um movimento direcionado pela Modelagem Matemática.

Algumas das principais tendências atuais em Educação Matemática são:

Etnomatemática, História da Matemática, Resolução de Problemas e Tecnologias da

Informação e Comunicação.

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1) Etnomatemática: Ubiratan D‟Ambrosio (1993) afirma que a etnomatemática

é um programa de pesquisa lakatosiano6, que vem adquirindo visibilidade

como uma proposta pedagógica com uma importante repercussão na

Educação Matemática, pois propõe um enfoque epistemológico alternativo

associado a uma historiografia ampla. Assim, a ação pedagógica desse

programa é alcançada partindo da realidade de uma forma natural que tem

um enfoque cognitivo com uma forte fundamentação cultural. A cognição

matemática é caracterizada na espécie humana, nas atividades de comparar,

classificar, quantificar, medir, explicar, generalizar, inferir, modelar e

avaliar. Então, a cognição está vinculada à cultura, que pode ser entendida

como a união de conhecimentos compartilhados e comportamentos

compatibilizados. Nesse sentido, a cognição de cada indivíduo está enraizada

na cultura de seu grupo cultural (D‟AMBROSIO, 2001). Por conseguinte, o

Programa Etnomatemática procura trazer subsídios para que se possa

entender como os indivíduos consideram a realidade na qual estão inseridos.

2) História da Matemática: essa tendência surgiu como um potencial para o

desenvolvimento das aulas de matemática com o objetivo de facilitar a

aprendizagem dessa disciplina, pois os “conceitos [matemáticos] abordados

em conexão com [a] sua história constituem veículos de informação cultural,

sociológica e antropológica de grande valor formativo. [Portanto,] a História

da Matemática é, nesse sentido, um instrumento de resgate da própria

identidade cultural” (BRASIL, 1997, p. 42) dos alunos.

3) Resolução de Problemas: essa é uma tendência empregada no processo de

ensino e aprendizagem em matemática, sendo considerada como um método

eficaz para desenvolver o raciocínio lógico dos alunos, motivando-os no

estudo dessa disciplina. Assim, o processo de ensino e aprendizagem pode

ser desenvolvido através da resolução de situações-problema interessantes

que despertem nos alunos o desejo de explorar caminhos variados para

6A etnomatemática possui várias características relacionadas com a metodologia científica do programa

de pesquisa lakatosiano, pois os principais componentes desse programa são o núcleo firme, as heurísticas

e o cinturão protetor de hipóteses auxiliares, que facilitam a análise dos fenômenos empíricos. O principal

objetivo do programa etnomatemática é o desenvolvimento e o fortalecimento das teorias que compõem o

seu cinturão protetor, ampliando-o e tornando-o mais preciso com relação às predições empíricas que são

realizadas em relação ao seu núcleo firme, que pode ser considerado como um conjunto de teorias

irrefutáveis que possibilita a tomada de decisões metodológicas (ROSA; OREY, 2015).

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determinar a sua solução (POLYA, 2006). Dessa maneira, o ensino por meio

da resolução de problemas tem como objetivo auxiliar os alunos a lidarem

com os insucessos, a agirem com perseverança, a apreciarem os pequenos

progressos e a descobrirem a ideia essencial para que possam entender as

situações-problema enfrentadas em seu cotidiano.

4) Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC): é essencial que as escolas

estimulem nos alunos a aquisição, a organização, a geração e a difusão de

um conhecimento vivo que seja integrado aos valores e expectativas da

sociedade por meio da utilização de tecnologia na educação. Essa abordagem

garante a viabilidade desses acontecimentos, pois, a “informática e [as]

comunicações dominarão a tecnologia educativa do futuro” (D‟AMBRÓSIO,

1997, p. 80). Nesse sentido, as TIC possibilitam que os alunos estudem e

explorem novos temas educacionais de diversas maneiras para que

continuem motivados e interessados em seus estudos. O emprego das

tecnologias no processo de ensino e aprendizagem em matemática pode

promover uma mudança na prática pedagógica dos professores e no

estabelecimento da relação da matemática com o seu ensino (FIORENTINI;

LORENZATO, 2006).

Retornando à modelagem matemática, o estudo de um breve histórico de seu

desenvolvimento mostra que o:

(...) termo „modelagem matemática‟ [é utilizado] como [um] processo

para descrever, formular, modelar e resolver uma situação problema

de alguma área do conhecimento encontra-se já no início do século

XX na literatura de Engenharia e Ciências Econômicas

(BIEMBENGUT, 2009, p. 7).

De acordo com esse contexto, no Brasil, o início da Modelagem Matemática

ocorreu por meio de trabalhos que procuravam incentivar a utilização de modelos

matemáticos para o ensino da Matemática, realizado pelo Professor Aristides Barreto,

na Pontifica Universidade Católica, no Rio de Janeiro, na década de 1970.

Na década seguinte, em 1980, o movimento da modelagem matemática se

fortaleceu com os estudos conduzidos pelo professor Ubiratan D‟Ambrósio. Nessa

mesma década, o professor Rodney Bassanezi começou a aplicar a modelagem como

um instrumento pedagógico em cursos de especialização para professores

(BIEMBENGUT, 2009).

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A partir dessa década, começaram a surgir trabalhos direcionando as aplicações

da Modelagem Matemática para o ensino fundamental (BIEMBENGUT, 1990;

BURAK, 1987), para o Ensino Médio (BIEMBENGUT, 1990; BURAK, 1992) e para o

Ensino Superior (BORBA; MENEGHETTI; HERMINI, 1997; JACOBINI, 1999). Além

disso, surgiram trabalhos, com modelagem matemática, direcionados para a formação

de professores (BURAK, 1992; GAZZETA, 1989) e para a Educação de Jovens e

Adultos (MONTEIRO, 1991).

Do ponto de vista da educação matemática, constata-se que a modelagem

matemática promove diversos delineamentos. Por exemplo, na perspectiva dos

educadores matemáticos nota-se o desenvolvimento de algumas de suas dimensões,

como, por exemplo, a modelagem como uma estratégia pedagógica (ARAÚJO, 2002;

BASSANEZI, 2002) e como um ambiente de aprendizagem (BARBOSA, 2001;

JACOBINI, 1999; DINIZ, 2007).

Nesse movimento de evolução da modelagem, outras dimensões surgiram nesse

campo de estudo, como, por exemplo, a etnocomputação (TEDRE, 2002) e a

etnomodelagem (ROSA; OREY, 2010). Dessa maneira, a etnocomputação é o estudo

das interações entre a computação e a cultura, que emerge do conhecimento

desenvolvido nos grupos culturais, adaptando-se às mudanças que ocorrem nesses

grupos ao estudar os fenômenos computacionais que são desenvolvidos nesses

ambientes por meio da modelagem matemática (ROSA; OREY, 2012).

A etnomodelagem é o estudo dos fenômenos que ocorrem em uma determinada

cultura, pois é um construto social e culturalmente enraizado, que contempla os aspectos

culturais do conhecimento matemático no processo da modelagem. Nesse processo, a

tradução do conhecimento matemático local pode ser realizada por meio de métodos

científicos (abordagem ética), podendo auxiliar os professores e alunos na compreensão

dos fenômenos cotidianos (ROSA; OREY, 2014).

Em concordância com essas dimensões, a utilização da modelagem matemática

tem sido bem sucedida no oferecimento de cursos de especialização, de capacitação e de

aperfeiçoamento de professores, no ensino superior (BASSANEZI, 2002), nos ensinos

fundamental e médio (BIEMBEGUTT, 1999), no ensino de estatística (JACOBINI,

1999) e, também, na educação de jovens e adultos (MONTEIRO, 1991).

Por outro lado, a modelagem matemática pode ser considerada como um

processo de construção de modelos que transforma uma situação real em uma situação

matemática (BLUM, 1995). Essa abordagem consiste, essencialmente, na arte de

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transformar problemas da realidade visando resolvê-los para que os indivíduos possam

interpretar as suas soluções utilizando a linguagem do mundo real (BASSANEZI,

2002). Contudo, quando aplicada no ensino, a modelagem pode ser entendida como

uma descrição matemática de um fenômeno que é escolhido colaborativamente por

grupos de professores (BORBA, 1999).

De acordo com os aportes teóricos e metodológicos que utilizam as experiências

vivenciadas pelos indivíduos no processo da modelagem matemática (ROSA; OREY,

2014) essa tendência em Educação Matemática reconhece que as aplicações da

matemática estão presentes na sociedade, pois trazem contribuições importantes para o

processo de ensino e aprendizagem em matemática.

Assim, a modelagem pode ser considerada como uma ferramenta pedagógica

muito útil para a ação pedagógica desencadeada em sala de aula. Nessa abordagem, as

atividades de modelagem matemática podem ser consideradas como oportunidades que

os alunos possuem para explorar o papel que a matemática desempenha na sociedade

contemporânea (BARBOSA, 2001).

Portanto, a modelagem matemática assumiu outras concepções, como, por

exemplo, a epistemológica ou teórica, a educacional, a contextual, a cognitiva e a

sociocrítica (KAISER; SRIRAMAN, 2006 apud FREITAS, 2016, p. 47). De acordo

com o ponto vista de Freitas (2016), essas concepções são reconhecidas como

perspectivas internacionais da modelagem matemática que podem ser resumidamente

entendidas como:

a) Epistemológica ou Teórica: essa perspectiva evidencia o aperfeiçoamento

dos conceitos matemáticos através das teorias matemáticas, abordando, dessa

forma, as situações-problema previamente estruturadas para atingirem esse

objetivo.

b) Educacional: é uma junção das concepções realística e epistemológica da

modelagem matemática, que considera o desenvolvimento da teoria

matemática por meio da introdução de novos conceitos matemáticos ou pelo

desenvolvimento de conceitos adquiridos previamente pelos alunos

(modelagem conceitual) em concomitância com a estruturação e a promoção

do aprendizado por meio da proposição de situações-problema autênticas

(modelagem didática).

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c) Contextual: nessa perspectiva são utilizadas situações-problema reais em sala

de aula para a inclusão da modelagem matemática com o objetivo de motivar

os alunos na promoção da aprendizagem por meio da interpretação dos

enunciados dessas situações propostas. O principal objetivo dessa concepção

é auxiliar os alunos na elaboração dos modelos matemáticos.

d) Cognitiva: essa perspectiva estuda os processos cognitivos dos alunos

enquanto realizam as atividades de modelagem propostas em sala de aula,

pois está fundamentada na psicologia cognitiva. Essa concepção pode ser

descrita como uma meta perspectiva, pois representa um estudo holístico do

fenômeno em estudo, buscando entendê-lo de maneira ampla, abrangente,

humanista e natural.

e) Sociocrítica: essa perspectiva prioriza o pensamento crítico e reflexivo sobre

o papel e a natureza dos modelos, bem como a função da matemática na

sociedade contemporânea. Tortola, Silva e Almeida (2011) afirmam que essa

perspectiva visa a formação de alunos autônomos e aptos para exercerem a

cidadania.

Independente da perspectiva adotada é importante salientar que a modelagem

matemática tem sido caracterizada como uma atividade essencialmente investigativa e,

em geral, requer dos alunos a utilização de procedimentos específicos nas atividades

escolares das aulas de matemática (BLUM; FERRI, 2009; ALMEIDA, SILVA;

VERTUAN, 2012). Sendo assim, torna-se relevante um aprofundamento teórico das

competências necessárias para que os alunos possam participar de atividades de

Modelagem Matemática como um recurso para a sua efetiva aprendizagem em sala de

aula.

1.1.1. Competências de Modelagem Matemática

Para que se possa compreender a expressão competências de modelagem, é

importante que se defina o termo competências, de uma maneira geral, pois existem

várias definições para o mesmo. Essa variação de definição está relacionada com as

diferentes origens do termo competência em vários ramos da ciência, bem como em

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relação à distinção de certos tipos de competências (MAAβ, 2006). Por exemplo, para

Dias (2010), o termo:

Competência é um constructo teórico que se supõe como uma

construção pessoal, singular, específica de cada um. É única e

pertence exclusivamente à pessoa, exprimindo-se pela adequação de

um indivíduo a uma situação (p.10).

Contudo, para esse estudo, as definições derivadas no domínio pedagógico

parecem ser significativas. Por exemplo, a competência pode ser definida como a

capacidade que os indivíduos possuem para analisar e julgar, respectivamente, a

adequação das descrições e das tarefas para transferi-las para ação (FREY, 1999 apud

MAAβ, 2006).

Em relação à expressão competência matemática, Niss (2004) a define como

acapacidade que os indivíduos possuem para entender, julgar e utilizar a matemática em

uma variedade de contextos intra e extra matemáticos e, também, em situações em que a

matemática desempenha um papel importante na resolução de problemas cotidianos.

Nesse contexto, é importante ressaltar que as competências também incluem o

desenvolvimento de habilidades e a sua utilização crítica e reflexiva nas atividades

diárias (MAAβ, 2006). Em relação à educação matemática, Tanner e Jones (1995)

argumentam que a motivação é essencial para o desenvolvimento das competências de

modelagem, que, de acordo com Blomhøj e Kjeldsen (2006) são necessárias para o

trabalho em todas as etapas do processo de modelagem.

Por conseguinte, Niss, Blum e Galbraith, (2007) definem a competência de

modelagem como a capacidade que os indivíduos possuem para identificar questões

relevantes, as variáveis, as relações e os pressupostos relacionados a uma determinada

situação-problema, oriunda do mundo real, para traduzi-la em linguagem matemática

por meio de modelos. Em seguida, esses indivíduos interpretam e validam a solução

desse problema, bem como analisam e comparam esses modelos por meio da

investigação dos pressupostos elaborados e da verificação de suas propriedades.

Várias competências e habilidade de resolução de problemas são aprimoradas

enquanto os alunos trabalham com o ciclo da modelagem em problemas escolares e não

rotineiros. O ciclo de modelagem explica o processo de modelagem de um problema do

mundo real para uma solução validada. As competências observadas à medida que os

alunos se deslocam no ciclo de modelagem estão relacionadas com o entendimento e a

simplificação das atividades, pois estão trabalhando matematicamente para interpretar e

validar as soluções determinadas.

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Para Maaβ (2006), as competências de modelagem matemática englobam as

habilidades e capacidades que os alunos possuem ou desenvolvem para organizar e

utilizar as estratégias para a resolução de uma determinada situação-problema. Contudo,

essa abordagem está relacionada com a pré-disposição dos alunos em colocar essas

habilidades e capacidades em prática ou em ação.

Nesse sentido, é importante ressaltar que as competências de modelagem

matemática estão relacionadas com a definição desse processo (BLUM; KAISER, 1997

apud MAAβ, 2006). Essas competências de modelagem matemática são classificadas

como:

1) Competências para entender a situação-problema e elaborar os modelos

baseados na realidade. São competências para:

elaborar suposições para as situações-problema e simplificá-las;

reconhecer as quantidades que influenciam as situações-problema;

nomear e identificar as variáveis principais;

estabelecer relações entre as variáveis;

procurar informações disponíveis;

diferenciar entre informações relevantes e irrelevantes;

2) Competências para elaborar modelos matemáticos do mundo real. São

competência para:

matematizar quantidades relevantes e suas relações;

simplificar quantidades relevantes e suas relações;

reduzir o número e a complexidade dessas quantidades;

escolher as notações matemáticas adequadas para representar

graficamente essas situações-problema;

3) Competências para resolver questões matemáticas relacionadas com os

modelos matemáticos. São competência para:

utilizar estratégias heurísticas, como, por exemplo, dividir o problema

em partes menores, estabelecer relações com problemas similares ou

análogos, reformular o problema, visualizar o problemas de maneiras

diferentes, variara as quantidades e os dados disponíveis;

utilizar o conhecimento matemático para resolver o problema;

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4) Competências para interpretar os resultados matemáticos da situação-

problema retirada da realidade. São competência para:

interpretar os resultados matemáticos em contextos extra-matemáticos;

generalizar soluções que são desenvolvidas para uma determinada

situação-problema;

visualizar soluções para as situações-problema com a utilização de uma

linguagem matemática apropriada e/ou comunicar as suas soluções;

5) Competências para validar as soluções. São competência para:

verificar as soluções encontradas de maneira crítica e reflexiva;

rever partes do modelo ou retomar o processo de modelagem se as

soluções não se ajustarem à situação-problema dada.

Refletir sobre outras maneiras de resolver o problema ou se as soluções

podem ser desenvolvidas de modos diferentes para que se possa

questionar o modelo matemático proposto.

As atividades de modelagem podem ser entendidas em termos das competências

que os alunos desenvolvem durante a sua resolução em sala de aula. Nesse ambiente de

aprendizagem, a modelagem se apresenta como um instrumento para mobilizar e

ampliar conhecimentos matemáticos e, também, para relacionar a matemática com

situações cotidianas. Assim, por meio da modelagem matemática, os alunos

desenvolvem as competências e habilidades necessárias para que possam resolver as

situações-problema que enfrentam no cotidiano (MAAβ, 2006).

Dessa maneira, durante o desenvolvimento dessas atividades, é possível

identificar ações realizadas pelos alunos, explícita ou implicitamente, que envolvem

raciocínios e estratégias diversas que os tornam matematicamente competentes para que

possam resolver as situações-problema propostas em sala de aula (BLUM; FERRI,

2009).

Por exemplo, os resultados do estudo conduzido por Almeida e Zanin (2016)

mostram que há competências para a realização da modelagem que são requeridas ou

que são desenvolvidas pelos alunos. Essas competências são classificadas como intra-

modelagem e extra-modelagem, respectivamente.

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Assim, para Almeida e Zanin (2016), as competências intra-modelagem são as

competências requeridas pelos alunos, estando relacionadas com as etapas de

modelagem. As competências extra-modelagem são aquelas desenvolvidas pelos

alunos, que também podem ser identificadas como a maneira que entendem a

modelagem, bem como as potencialidades desse processo.

O quadro 1 mostra as competências identificadas por Almeida e Zanin (2016) no

desenvolvimento das atividades de modelagem matemática em sala de aula.

Quadro 1: Competências em modelagem matemática identificadas por Almeida e Zanin

(2016)

Fonte: Adaptado de Almeida e Zanin (2016)

As competências requeridas e/ou desenvolvidas pelos alunos com o

desenvolvimento das atividades de modelagem matemática podem enriquecer a sua

formação, pois são compreendidas como a capacidade de identificar questões, variáveis,

relações e hipóteses de uma determinada situação-problema, para traduzi-las

matematicamente, interpretando e validando a solução desse problema em relação à

situação inicial proposta (NISS; BLUM; GALBRAITH, 2007). Essa abordagem busca

sanar as dificuldades que, por ventura, possam surgir com a realização dessas

atividades, com os conteúdos matemáticos e com o trabalho em grupo.

Por conseguinte, uma das vantagens do desenvolvimento de atividades de

modelagem em sala de aula está relacionada com a possibilidade de os alunos

descreverem as estratégias de resolução que podem revelar como pensam e/ou

raciocinam para resolverem de uma maneira crítica e reflexiva uma determinada

situação-problema (BLUM; FERRI, 2009). Desse modo, Rosa, Reis e Orey (2012)

argumentam que a modelagem matemática desenvolve nos alunos a reflexão crítica

sobre a importância de entenderem, compreenderem e interpretarem as situações-

problema que enfrentam no cotidiano.

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1.2. Modelagem Matemática Sociocrítica

Esse estudo foi desenvolvido de acordo com a perspectiva sociocrítica da

modelagem matemática, portanto segue nesse tópico um aprofundamento teórico que

aponta as suas características mais marcantes e os principais aspectos que a tornam

relevante para o processo de ensino e aprendizagem em matemática.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRASIL, 2000) orientam os

professores na utilização de novas tendências em sua ação pedagógica em sala de aula,

que estão estruturadas por meio da interdisciplinaridade e da contextualização. Dessa

maneira, o:

(...) critério central é o da contextualização e da interdisciplinaridade,

ou seja, é o potencial de um tema permitir conexões entre diversos

conceitos matemáticos e entre diferentes formas de pensamento

matemático, ou, ainda, a relevância cultural do tema, tanto no que diz

respeito às suas aplicações dentro ou fora da Matemática, como à sua

importância histórica no desenvolvimento da própria ciência

(BRASIL, 2000, p. 43).

Nesse sentido, Rosa, Reis e Orey (2012) afirmam que um dos principais

objetivos dessa abordagem é fornecer as ferramentas adequadas para que os alunos

possam agir; modificar, alterar e transformar a realidade, auxiliando-os a entenderem e

moldarem a realidade de acordo com as próprias necessidades com a utilização da

interdisciplinaridade e da contextualização dos conteúdos matemáticos.

Essa abordagem tem como objetivo promover o conhecimento reflexivo sobre a

natureza dos modelos e os critérios utilizados em sua construção, aplicação e avaliação

por meio da elaboração de atividades curriculares interdisciplinares e contextualizadas,

que estão vinculadas às especificidades do ambiente sociocultural no qual os alunos

estão inseridos (ROSA; OREY, 2006).

Esse contexto está de acordo com a Lei 9394, promulgada em 20 de Dezembro

de 1996, que estabeleceu as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996).

Essa lei propôs em seu artigo 28 que os sistemas de ensino devem promover as

adaptações necessárias para a sua adequação às peculiaridades da vida de cada região.

Então, Rosa (2010) argumenta que é importante que o processo de ensino e

aprendizagem considere o cotidiano, a realidade regional, as experiências de vida dos

alunos, a sua cultura, os seus valores e as suas crenças.

O objetivo dessa abordagem é preparar os alunos para atuarem como cidadãos

por meio de uma aprendizagem eficaz que possa contribuir para a sua formação crítica e

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reflexiva. Nesse sentido, a “formação dos alunos deve ser direcionada para transformá-

los em indivíduos flexíveis, adaptáveis, reflexivos, críticos e criativos” (ROSA; OREY,

2007, p. 201). Nesse sentido, Barbosa (2003) destaca a perspectiva sociocrítica da

modelagem matemática, na qual as aplicações da matemática estão presentes na

sociedade e têm efeitos diretos sobre a vida dos cidadãos.

Assim, “se estamos interessados em construir uma sociedade democrática

devemos reconhecer a necessidade de as pessoas se sentirem capazes de intervir em

debates baseados em matemática” (BARBOSA, 2003, p. 4). Então, a perspectiva

sociocrítica da modelagem matemática ressalta que as atividades curriculares devem

potencializar a reflexão dos alunos sobre a matemática, a própria modelagem e o seu

significado social (BARBOSA, 2001).

Similarmente, Rosa e Orey (2007) afirmam que a Modelagem Matemática

oportuniza para os alunos a discussão sobre o papel da matemática e a natureza dos

modelos matemáticos no meio social, pois a:

(...) dimensão sociocrítica da modelagem fundamenta-se na

compreensão e no entendimento da realidade na qual os alunos estão

inseridos pela reflexão, análise e ação crítica sobre essa realidade. Ao

emprestar-se da realidade os sistemas nela existentes, os alunos

passam a estudá-los simbólica, sistemática, analítica e criticamente.

Nesse caso, partindo de uma situação problema, os alunos podem

levantar hipóteses, testá-las, corrigi-las, fazer transferências,

generalizar, analisar, concluir e tomar decisões sobre o objeto

estudado. Dessa maneira, a dimensão sociocrítica da modelagem

busca a explicação sobre os modos distintos de se trabalhar com a

realidade. Assim, refletir sobre a realidade torna-se uma ação

transformadora que procura reduzir seu grau de complexidade

permitindo aos alunos explicá-la, entendê-la, manejá-la e encontrar

soluções para os problemas que nela se apresentam (ROSA; OREY,

2007, p. 204).

De acordo com essa asserção, Rosa e Orey (2007) ressaltam que esse processo

deve ser realizado dialogicamente por meio da discussão crítica sobre os modelos

propostos para que os indivíduos possam valorizar e reconhecer as maneiras distintas de

matematizarem e de se relacionarem com a sociedade.

1.2.1. Dimensões Crítica e Reflexiva da Modelagem Matemática

Partindo dos pressupostos da perspectiva sociocrítica, a modelagem matemática

pode ser entendida como um ambiente de aprendizagem que promove uma:

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(...) formação política dos estudantes, de tal forma que eles atuem

criticamente em nossa sociedade na qual a presença da matemática é

forte. Procuro fazer da sala de aula um espaço democrático, dialógico,

preocupada em orientar os estudantes a levarem essas atitudes para

suas vidas na sociedade (ARAÙJO, 2009, p. 59).

Em concordância com Rosa e Orey (2003), as dimensões crítica e reflexiva da

modelagem matemática têm como uma de suas principais características a ênfase no

desenvolvimento do processo de análise crítica dos alunos com relação às situações-

problema enfrentadas no cotidiano.

Nessa abordagem, os alunos são considerados como o centro do processo de

ensino e aprendizagem em matemática, pois as experiências vivenciadas no próprio

ambiente sociocultural os auxiliam no desenvolvimento da reflexão crítica sobre os

modelos elaborados em sala de aula (ROSA; OREY, 2003).

Essa asserção revela que é importante compreender que a modelagem

matemática pode desenvolver diferentes funções socioeconômicas, possibilitando a

neutralização de qualquer forma de adestramento que domina a matemática escolar

tradicional (ROSA, REIS; OREY, 2012).

Esse contexto pode promover o aprofundamento da matemacia ou da

alfabetização matemática, cujo objetivo é desenvolver as habilidades de cálculos

matemáticos, bem como promover a participação crítica dos alunos/cidadãos na

sociedade por meio da discussão de questões políticas, econômicas, ambientais, nas

quais o conhecimento matemático serve como um suporte tecnológico (SKOVSMOSE,

2012).

Nesse direcionamento, para Araújo (2009), a materacia é um termo cunhado por

D‟Ambrosio (1999) que possui similaridades com a matemacia. Considerando o ponto

de vista de Skovsmose (1998), a matemacia se refere à utilização de habilidades que

possibilitam aos indivíduos a realização de cálculos matemáticos, bem como o

desenvolvimento de competências para que possam aplicar os conceitos matemáticos

para interpretar e agir em situações sociais e políticas que são estruturadas

matemáticamente.

A matemacia também refere às competências que os indivíduos adquirem para

que possam refletir sobre a relevância, a confiabilidade e as limitações das aplicações da

matemática na sociedade. Por conseguinte, a matemacia pode ser considerada como um

conteúdo crítico da Educação Matemática, pois está relacionada com as noções de

diálogo, intenção, reflexão e crítica (ALRØ; SKOVSMOSE, 2002).

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De acordo com Skovsmose (2012), a materacia trata-se de uma extensão da

matemática que está relacionada com a concepção problematizadora e libertadora de

educação conforme proposta por Freire (1970). Para Rosa e Orey (2015), a materacia

está relacionada com os instrumentos analíticos da modelagem, que possibilitam que os

alunos desenvolvam a capacidade de inferir, propor hipóteses e tirar conclusões. Esta

concepção indica uma postura crítica e reflexiva em relação ao processo de ensino e

aprendizagem de matemática por meio da modelagem.

No processo de modelagem matemática, a materacia pode auxiliar os alunos na

elaboração de modelos matemáticos, que podem ser considerados como uma maneira de

ler o mundo e fornecer, de um modo claro e conciso, a solução para os problemas

retirados da realidade. Assim, para iniciar o processo de modelagem, é necessário

escolher um tema em que os professores devem preparar os alunos para a etnografia, ou

seja, para a coleta de dados (ROSA; OREY, 2015).

Então, a aplicação da modelagem matemática deve ser precedida de uma

investigação etnográfica das ideias, procedimentos e práticas matemáticas retiradas dos

sistemas que serão propostos e estudados. A realização da pesquisa em modelagem visa

coletar dados quantitativos e qualitativos que devem ser analisados e interpretados para

que possam auxiliar os alunos na formulação de questões e hipóteses que têm o objetivo

de auxiliá-los na resolução de problemas e situações enfrentadas em sua comunidade

(ROSA; OREY, 2015).

Essa abordagem possibilita uma crítica à própria matemática, pois busca a

compreensão de sua utilização na sociedade, desvinculando-se de sua preocupação

única com o processo de ensino e aprendizagem (ARAÚJO, 2007). Então, a análise

crítica e reflexiva dos fenômenos enfrentados pela comunidade escolar pode ser

utilizada para ativar a criatividade dos alunos e melhorar o seu desempenho matemático

por meio da resolução de situações-problema contextualizadas, motivadoras e

desafiadoras (BECKMAN, 1997).

A partir dessas evidências, a sala de aula pode ser percebida como um ambiente

democrático no qual os professores e os alunos atuam como parceiros. Nessa

abordagem, a comunicação é realizada através do diálogo entre os participantes do

processo de ensino e aprendizagem, pois está pautada nos princípios propostos pela

modelagem matemática sociocrítica. Nesse sentido, é importante a proposição de uma

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Educação Matemática direcionada para a justiça social e que inclua o empoderamento7

dos alunos para solucionar os problemas enfrentados pela sociedade (CEOLIM;

HERMANN, 2012).

Concordando com esse ponto de vista, Rosa e Orey (2007) argumentam que a

utilização das dimensões crítica e reflexiva da modelagem matemática está pautada na

elaboração de atividades curriculares que visam oportunizar a exploração do papel que

os modelos matemáticos desempenham na sociedade contemporânea, potencializando a

reflexão crítica dos alunos sobre a matemática, a modelagem e o seu significado social.

De acordo com esse contexto, Barbosa (2001) afirma que essa abordagem

reconhece que as aplicações da matemática estão amplamente presentes na sociedade e

trazem implicações para a vida dos indivíduos. É importante ressaltar que um dos

pontos principais dessa abordagem é convidar os alunos a se envolverem em discussões

reflexivas e críticas para que possam atuar na sociedade problematizando os problemas

enfrentados em seu cotidiano.

1.3. Ambientes de Aprendizagem

Muitas vezes, as dificuldades enfrentadas pelos professores de matemática

podem estar relacionadas com o ambiente de aprendizagem apresentado para os alunos,

pois nem sempre os métodos utilizados produzem o efeito desejado, ou seja, os

professores não conseguem o envolvimento dos alunos que não adquirem a

compreensão conceitual necessária dos conteúdos propostos em sala de aula (ELEN;

LOWYCK, 1999). Dessa maneira, a percepção dos alunos com relação a esse ambiente

pode determinar como a sua aprendizagem pode ocorrer (ENTWISTLE, 1991).

Portanto, existe a necessidade de que os professores organizem esse ambiente de

aprendizagem para que os alunos se envolvam e se interessem pelas atividades

propostas em sala de aula. Por conseguinte, a maneira como os alunos percebem esse

ambiente é influenciado pelas suas concepções com relação às tarefas e atividades que

os auxiliam na promoção do desenvolvimento de sua aprendizagem (ELEN; LOWYCK,

1999).

7O termo empoderamento significa dar poder para os indivíduos ou para as instituições de realizarem por

si mesmas as ações que as direcionam para a sua evolução e fortalecimento, pois implicam em conquistas,

avanços e superações por parte daqueles que se empoderam e se tornam sujeitos ativos do processo de

transformação social (FREIRE, 1992).

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Então, o engajamento dos alunos se consolida de acordo com o seu interesse

pelas atividades propostas, pois os professores precisam “utilizar ambientes de

aprendizagem que proporcionem a motivação necessária para que eles [alunos] possam

desenvolver e exercer a capacidade crítica que possuem, através da análise crítica da

geração e produção do conhecimento” (ROSA; OREY, 2007, p. 202).

Nesse contexto, os professores desempenham um papel fundamental na

organização desses ambientes, que está relacionada com a preparação e a sistematização

do processo de ensino e aprendizagem, facilitando, assim, o direcionamento e a

orientação desse processo (MOREIRA, 2007).

Dessa maneira, a noção de ambiente de aprendizagem se refere às condições nas

quais os alunos são estimulados a desenvolverem determinadas atividades curriculares

com a expectativa de que a “busca de um caminho entre os diferentes ambientes de

aprendizagem possa oferecer novos recursos para levar o aluno a agir e refletir e, dessa

maneira, oferecer uma educação matemática de dimensão crítica” (SKOVSMOSE,

2000, p. 19).

Similarmente, os ambientes de aprendizagem podem ser considerados como

lugares previamente organizados que têm como objetivo promover oportunidades de

aprendizagem, sendo socialmente construídos e constituídos por alunos e professores a

partir das interações que são estabelecidas entre os participantes do processo de ensino e

aprendizagem com as demais fontes materiais e simbólicas presentes nesses ambientes

(MOREIRA, 2007).

Porém, um ambiente de aprendizagem somente será propício para o processo de

ensino e aprendizagem em matemática se o modelo pedagógico utilizado for estruturado

para facilitar a análise crítica e reflexiva dos dados, favorecer a manipulação adequada

da informação e promover a construção e a difusão do conhecimento matemático

através das interações sociais entre os participantes desse processo (ROSA; OREY,

2012). Esse ambiente de aprendizagem também deve:

(...) possibilitar a exploração de questões relacionadas ao contexto e

ao interesse dos alunos e, dessa maneira, fornecer significado aos

conteúdos matemáticos estudados. Então, nesse ambiente, é ressaltada

a importância da integração de situações provenientes do cotidiano e

de outras áreas do conhecimento na sala de aula, com o propósito de

possibilitar aos alunos intervirem na própria realidade (ROSA, REIS;

OREY, 2012, p. 161).

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Portanto, Barbosa (2007) e Rosa e Orey (2007) afirmam que existe a

necessidade do aprofundamento no estudo de pesquisas relacionadas com a modelagem

matemática como um ambiente de aprendizagem que desperte nos alunos o interesse

pela participação, tornando-os agentes ativos no processo de aprendizagem para

favorecer a elaboração de modelos matemáticos através de práticas discursivas que se

desencadeiam a partir de espaços de interações sociais entre alunos-alunos e

professores-alunos.

1.4. Modelagem Matemática como um Ambiente de Aprendizagem

Nessa pesquisa, a modelagem matemática é entendida como um ambiente de

aprendizagem no qual, os alunos, por meio da matemática, são convidados a indagar e

investigar situações oriundas de outras áreas da realidade (BARBOSA, 2003). Contudo,

esse ambiente deve ser constituído a partir das relações interpessoais em torno de um

tema que seja de interesse comum a ser investigado por meio da matemática, a fim de

possibilitar aos participantes a produção de diversas ações transformadoras da realidade

(ROSA; OREY, 2012a).

Essas ações estão relacionadas com as práticas discursivas que podem contribuir

para que os alunos desenvolvam o raciocínio crítico através de discussões matemáticas

reflexivas, em prol da resolução de problemas oriundos de outras áreas de conhecimento

(ROSA; OREY, 2012b). O desenvolvimento do ambiente de aprendizagem através da

modelagem matemática depende desse conjunto de ações, bem como pelas maneiras

como são traduzidas e abordadas pelos alunos em seu envolvimento durante o

desenvolvimento desse processo.

Nesse contexto, Barbosa (2001) utilizou a argumentação elaborada por

Skovsmose (2000) que definiu o ambiente de aprendizagem como um convite aos

alunos, que podem aceitá-lo ou rejeitá-lo de acordo com as suas motivações e interesses.

Para Rosa e Orey (2007), na organização das atividades de modelagem nesse ambiente,

é importante que os professores relacionem as tarefas curriculares propostas em sala de

aula com os problemas enfrentados pela comunidade para que se tornem relevantes para

os alunos.

Essa concepção de modelagem mostra um respeito com relação aos interesses

dos alunos que têm a oportunidade, caso aceitem o convite, de aprenderem os conteúdos

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matemáticos acadêmicos de acordo com as suas possibilidades cognitivas, biológicas,

culturais e sociais (KLÜBER; BURAK, 2008).

De acordo com esse ponto de vista, a noção da modelagem matemática como um

ambiente de aprendizagem no qual os alunos têm a possibilidade de utilizar a

matemática para indagar e/ou investigar situações oriundas de outras áreas do

conhecimento, está de acordo com as orientações dos PCN (BRASIL, 1998), pois é:

(...) importante que a Matemática desempenhe, no currículo,

equilibrada e indissociavelmente, seu papel na formação de

capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização

do raciocínio do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da

vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à

construção de conhecimentos em outras áreas curriculares (BRASIL,

1998, p. 28).

Diante dessas evidências, a modelagem pode ser utilizada em todos os níveis de

ensino, podendo ser percebida como uma tendência pedagógica no processo de ensino e

aprendizagem em matemática que contempla plenamente a proposta da legislação

educacional em vigor (ROSA, 2000).

Porém, essa abordagem desencadeia uma discussão sobre como incluir a

modelagem matemática no currículo escolar de uma maneira efetiva. Por exemplo,

Barbosa (2003) apresenta cinco argumentos para que a modelagem seja incluída no

currículo matemático: motivação, facilitação da aprendizagem, preparação para utilizar

a matemática em diferentes áreas, desenvolvimento de habilidades gerais de exploração

e compreensão do papel sociocultural da matemática.

Apesar de que o estudo desses argumentos não seja o objetivo dessa pesquisa,

essa é uma questão que exige um aprofundamento teórico e metodológico, pois a

modelagem matemática como um ambiente de aprendizagem é uma tendência

frequentemente explorada em pesquisas no campo da educação matemática, sendo que,

no decorrer dos últimos anos, está atraindo interesses em níveis nacional e internacional.

Dessa maneira, Rosa e Orey (2012a) argumentam que a modelagem pode ser

considerada como um ambiente de aprendizagem que visa facilitar a investigação de

problemas por meio da elaboração de atividades pedagógicas contextualizadas, que

auxiliem os alunos na utilização dos conhecimentos matemáticos para a resolução das

situações-problema propostas em sala de aula.

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1.5. Modelagem Matemática e os Esportes

A maioria dos indivíduos está familiarizada com as regras desportivas e a suas

terminologias, no entanto, nem sempre estão conscientes do papel importante que a

matemática desempenha nos esportes, pois há uma miríade de dados sobre os jogadores,

as equipes, as divisões e as ligas, que é fornecida pelos meios de comunicação sobre o

mundo dos esportes.

Além disso, a influência matemática pode ser percebida na oficialização dos

instrumentos utilizados pelos atletas e paratletas em determinados esportes, como, por

exemplo, as bolas, as balisas, as raquetes, as cadeiras de rodas, as próteses, o tamanho

das quadras, os campos e as suas demarcações e as piscinas e as suas dimensões.

Esse tipo de engenharia desportiva promove uma discusão interessante e

intrigante na área dos esportes, pois esses padrões podem ter sido inicialmente criados

pelas influências sociais, culturais, climáticas e econômicas dos países em que os

esportes surgiram para serem praticados pelos seus primeiros competidores.

Por exemplo, em 1891, no longo inverno de Massachussets era inviável a prática

de esportes ao ar livre, então, o professor canadense James Naismith (1861-1940) foi

convocado pelo diretor do Colégio Internacional da Associação Cristã de Moços para

pensar em algum tipo de jogo sem violência que estimulasse os alunos na prática

esportiva durante o inverno. Então, esse professor concluiu que esse jogo deveria ser

coletivo e ter um alvo fixo, porém, com algum grau de dificuldade. Esse jogo deveria

ser jogado com uma bola maior do que a de futebol para que pudesse quicar com

regularidade (CBB, 2016).

Nesse contexto, a princípio, esse professor imaginou colocar o alvo no chão,

mas, para diferenciá-lo de outros esportes, decidiu de maneira intuitiva que o alvo

deveria ficar a 3,05m de altura, pois, assim, nenhum jogador de defesa seria capaz de

parar a bola que fosse arremessada para o alvo, além disso, acreditava que essa altura

proporcionaria um determinado grau de dificuldade para o jogo (CBB, 2016).

Nesse direcionamento, o professor Naismith solicitou que o zelador do colégio

providenciasse duas caixas com uma abertura de aproximadamente 8 (oito) polegadas

quadradas. Em seguida, o zelador trouxe dois cestos de pêssego, cujas partes superiores

foram afixadas em duas pilastras em cada lado do ginásio. A altura de 3,05 metros

desses cestos ainda é utilizada atualmente nos jogos de basquetebol (CBB, 2016).

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Contudo, a partir do momento em que o basquetebol se transformou de um

esporte amador para profissional, foi necessária uma regulamentação mais rigorosa por

meio de uma padronização das dimensões da quadra, das marcações, das tabelas, das

cestas, das dimensões e peso da bola e do tempo de disputa que, provavelmente, tiveram

importantes contribuições matemáticas.

Em concordância com esse contexto, embora, nem sempre seja percebida pela

população, a matemática desempenha um papel importante nos esportes, como, por

exemplo, a discussão sobre as estatísticas relacionadas com o desempenho dos

jogadores e dos times e a utilização das fórmulas pelos treinadores para aperfeiçoarem o

rendimento dos jogadores.

No contexto escolar, Gallian (2010) afirma que os alunos se sentem mais

motivados ao trabalharem com ideias, procedimentos e práticas matemáticas vinculadas

aos esportes do que ao resolverem exemplos selecionados por fontes tradicionais, como,

por exemplo, os livros didáticos.

Por exemplo, na década de 1970, os resultados do estudo conduzido por Lamb

(1978) mostraram que a aplicação de conceitos matemáticos no desenvolvimento das

habilidades esportivas auxilia no estudo e na compreensão dos efeitos das forças e das

leis naturais no corpo dos atletas quando estão engajados na realização de atividades

esportivas.

Por outro lado, o conhecimento matemático dos juízes para pontuarem o

desempenho dos atletas no desenvolvimento de suas provas e o cálculo probabilístico

para verificarem se um determinado atleta ou equipe ganhará uma competição, bem

como a classificação dos jogadores e dos times por meio de seu ranqueamento são

exemplos da utilização do conhecimento matemático nos esportes.

Dessa maneira, Blum (1993) argumenta que para o desenvolvimento da ação

pedagógica do currículo matemático escolar, os esportes também fornecem exemplos de

situações-problema que podem ser utilizados para o desenvolvimento do processo da

modelagem matemática em sala de aula. Por exemplo, Gallian (2010) afirma que a

matemática elucida os fenômenos físicos comuns no contexto de um jogo de golfe, que

estão relacionados com o modelo de um pêndulo duplo de uma tacada de golfe e a

transferência de energia e impulso no impacto entre cabeça do taco e a bola.

Similarmente, Lamb (1978) argumenta que nos Jogos Olímpicos e paralímpicos,

os atletas competem entre si em esportes individuais e coletivos. Por exempo, em um

esporte individual, como o atletismo, se houver 2k

concorrentes, então, todos os atletas

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participam da primeira rodada de classificação para uma determinada prova. Caso haja

muitos competidores para uma mesma prova, os atletas competem em outras rodadas

para que sejam classificados de acordo com os seus tempos e as suas avaliações.

Nesse contexto, na segunda rodada tem-se que o número de atletas competindo é

2k-n, em que n é o número de competidores e, assim, sucessivamente, até que todos os

atletas sejam classificados. Então, o ranqueamento e as classificações dos atletas e dos

times também são aspectos matemáticos importantes encontrados na prática esportiva

(LAMB, 1978).

As corridas de cavalos também utilizam a matemática para a sua classificação

nas corridas, que ocorre com base no desempenho desses animais em competições

anteriores, que tem como objetivo determinar um ranquemaneto das apostas em

competições posteriores (NORTON, 1984).

É importante ressaltar que existem diferentes modalidades esportivas que

empregram procedimentos e técnicas que estão incorporadas em conceitos matemáticos,

como, por exemplo, os ângulos de elevação e depressão em trigonometria, a latitude e a

longitude e o lugar geométrico (locus) (NORTON, 1984), cujas propriedades

matemáticas podem ser modeladas matemáticamente.

O conhecimento matemático é prevalente em esportes, dos mais complexos, que

utilizam fórmulas para o cálculo estatístico do desempenho dos atletas, para os mais

simples, como, por exemplo, calcular o valor das apostas. Nesse contexto, Olaoye e

Onifade (2013) argumentam sobre a importância de os professores utilizarem situações-

problema esportivas que podem ser utilizadas para a exploração de conteúdos

matemáticos na elaboração das atividades curriculares propostas em sala de aula.

Por exemplo, essa exploração de conteúdos matemáticos também foi investigada

no estudo conduzido por Orey (2011) em seu projeto denominado de The Math Trail at

California State University, Sacramento, nos Estados Unidos. Dessa maneira, uma das

atividades realizadas nessa trilha estava relacionada com os conceitos matemáticos

encontrados em um campo de beisebol. A figura 2 mostra o croqui do campo de

beisebol elaborado pelos alunos para que pudessem modelá-lo matematicamente.

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Figura 2: Croqui do campo de beisebol

Fonte: http://www.csus.edu/indiv/h/hattinghe/math/pdf/baseball.pdf

Essas atividades foram propostas por meio da elaboração de situações-problema

que poderiam ser solucionadas com a utilização de modelos matemáticos para a

determinação de áreas e perímetros, mostrando que a matemática pode influenciar na

padronização dos esportes (OREY, 2011).

Portanto, esses exemplos mostram que o estabelecimento de uma ponte entre a

prática esportiva e a matemática, por meio da modelagem matemática, pode trazer

contribuições importantes para as ações pedagógicas praticadas em sala de aula,

proporcionando uma aprendizagem autômoma, cooperativa, significativa levando o

educando ao desenvolvimento da criatividade e criticidade (OREY, 2011).

Essa ação pedagógica é relevante, pois de acordo com Florentino e Saldanha

(2007), o esporte é um fenômeno sociocultural de grande relevância para a sociedade

contemporânea, pois é praticado pelos membros de grupos culturais distintos nos

parques, nas ruas e, também, como forma de lazer, de distração e de integração.

1.5.1. Engenharia Desportiva Educacional

Em 1998, o Professor Steve Haake fundou o International Sports Engineering

Association (ISEA), estabelecendo a Engenharia Desportiva como uma disciplina

acadêmica. Nesse direcionamento, o esporte pode ser considerado como uma atividade

que promove intervenções físicas e competições sadias enquanto a engenharia é

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utilizada como uma aplicação dos campos de conhecimento da matemática e da física

para auxiliar os treinadores e os atletas na resolução de problemas esportivos

(BROTHWELL, 2016).

Em concordância com esse contexto, Wodehouse, Ion e Mair (2011)

argumentam que a engenharia desportiva é reconhecida como uma área acadêmica

interdisciplinar emergente. Dessa maneira, a engenharia desportiva pode ser definida

como a aplicação técnica de conceitos matemáticos e físicos na resolução de situações-

problema relacionadas com os esportes e, também, com a prática esportiva (HUDDLE,

2016).

Essas situações-problema esportivas estão associadas com as tarefas de:

a) projetar, construir e testar equipamentos de práticas esportivas;

b) desenvolver ferramentas de treinamento;

c) regulamentar as padronizações esportivas;

d) assegurar a segurança dos equipamentos;

e) desenvolver os sistemas de captura para quantificar o movimento dos atleta;

f) analisar e interpretar dados para entender o desempenho dos atletas e a sua

interação com os equipamentos esportivos (BROTHWELL, 2016).

Para a área educacional, Rosa e Orey (2012) argumentam que esse tipo de

contexto possibilita a utilização da modelagem como um ambiente de aprendizagem que

pode auxiliar os alunos na descrição matemática, na análise, na interpretação e na

compreensão dos fenômenos que ocorrem no cotidiano.

Assim, Medwelle e Kelso (2012) afirmam que a engenharia desportiva pode ser

considerada como uma combinação entre os campos tecnológicos, os esportes e de

conhecimentos da física, matemática e ciência computacional, que buscam o

desenvolvimento de materiais educacionais que tem como objetivo auxiliar os alunos na

resolução de situações-problema associadas ao esporte e à sua prática.

Dessa maneira, as preocupações associadas com as problemáticas sobre as

vantagens competitivas injustas (JAMES, 2010) podem auxiliar na promoção de

discussões críticas relacionadas com o planejamento e com o desenvolvimento de

equipamentos esportivos (WODEHOUSE et al., 2011) por meio da Engenharia

Desportiva Educacional.

Por conseguinte, os esportes podem oferecer exemplos que são adequados para

inspirar os alunos em seu estudo nas áreas das ciências, como, por exemplo, a

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matemática, a física e a engenharia (JAMES; HAAKE, 2006). Assim, existe a

necessidade de estender a utilização dos esportes e das práticas esportivas na elaboração

de atividades curriculares da matemática e, também, da física, que têm como objetivo

aumentar o interesse dos alunos pela engenharia desportiva (COOKE; TAYLOR, 2002).

O desenvolvimento de habilidades fundamentais para as áreas da matemática e

da física por meio da elaboração de atividades curriculares embasadas na engenharia

desportiva educacional é importante para auxiliar o desempenho escolar dos alunos

(JENKINS, PLASEIDED; KHODAEE, 2010). Por exemplo, na física, a aplicação dos

princípios fundamentais do movimento e de trajetórias no contexto esportivo pode ser

utilizada no processo de ensino e aprendizagem de conteúdos matemáticos da educação

básica (MEDWELL, BROOKS; MEDWELL, 2011), pois esses fenômenos podem ser

modelados matematicamente.

Contudo, para aguçar o interesse dos alunos, existe a necessidade de que os

professores assegurem que os materiais pedagógicos utilizados nesse processo sejam

interessantes e relevantes para os alunos. Esses materiais podem promover o

desenvolvimento de habilidades matemáticas importantes, como, por exemplo, a

resolução de problemas que é realizada por meio de um processo interativo e

colaborativo (MEDWELL, ROBERTSON; KELSO, 2012).

Nesse sentido, Rosa e Orey (2012a) argumentam que a modelagem matemática

pode ser entendida como um ambiente de aprendizagem que possibilita o

desenvolvimento do potencial cognitivo dos alunos que participam ativamente do

processo pedagógico. Nesse processo, os alunos tecem os seus próprios pontos de vista,

analisam os pontos de vista de seus colegas, discutem com os seus pares e buscam

soluções por meio da elaboração dos modelos matemáticos que representam as

situações-problema que lhes são familiares, pois estão presentes em seu cotidiano.

Nesse contexto, de acordo com a discussão proposta, a projeção, a elaboração e

o desenvolvimento de equipamentos e regras para uma prática esportiva relacionada

com os carrinhos de rolimã pode proporcionar um maior engajamento dos alunos se

forem desenvolvidas em um ambiente propício para facilitar o processo de ensino e

aprendizagem de conteúdos matemáticos. Similarmente, Paes (2006) argumenta que

esse tipo de engenharia possibilita a construção de aparelhos esportivos e espaços

físicos que podem proporcionar uma prática esportiva perfeita.

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1.6. Modelagem Matemática e Currículo

O desenvolvimento da modelagem matemática em salas de aula depende de

situações que sejam interessantes para os alunos, pois a motivação é um componente

chave dessa tendência em educação matemática. Então, é importante que os professores

selecionem situações-problema que apresentem conteúdos matemáticos curriculares

relacionados com o ambiente sociocultural da comunidade escolar, rompendo, dessa

maneira, com a linearidade do currículo matemático (ROSA, 2000).

Contudo, analisando o currículo8 escolar percebe-se que existe uma

predominância do ensino tradicional que se opõe aos propósitos da modelagem

matemática. Apesar de haver uma percepção sobre o esforço do ensino tradicional em

buscar maneiras de contextualizar os conteúdos matemáticos, existe uma diferença no

modo como esse tipo de ensino aborda os problemas relacionados com outras áreas do

conhecimento, bem como o modo por meio do qual a modelagem matemática é

desenvolvida em sala de aula (ROSA; OREY, 2012).

Considerando a hegemonia do ensino tradicional nas escolas, Barbosa (2001)

afirma que, do ponto de vista curricular, não se espera mudanças instantâneas, mesmo

considerando ser plausível a utilização da modelagem matemática, correndo-se o risco

desse processo ser interrompido antes de sua finalização. Portanto, torna-se possível a

integração curricular da modelagem a partir do momento em que as necessidades da

comunidade escolar sejam atendidas de acordo com as “condições de cada sala de aula,

de cada escola e da experiência e confiança de cada professor” (BARBOSA, 2001 p. 8).

Para se referir às diversas possibilidades de organização curricular da

modelagem matemática, Barbosa (2001) argumenta que existem três configurações

curriculares denominadas de casos, que podem ser utilizados na elaboração de

atividades curriculares propostas em sala de aula:

Caso 1: Os professores apresentam a descrição de uma determinada situação-

problema, com as informações necessárias à sua resolução e o problema formulado,

estando os alunos responsáveis pelo processo de sua resolução. Então não é necessária a

coleta dos dados fora da sala de aula, pois, o trabalho é desencadeado a partir da

situação-problema oferecida pelos professores.

8Nesse estudo, entende-se o currículo como o “conjunto de todas as experiências de conhecimento

proporcionadas aos/às estudantes” (SILVA, 1995, p. 126).

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Caso 2: Os professores trazem para a sala uma situação-problema de outra área

da realidade, cabendo aos alunos a coleta das informações necessárias à sua resolução.

Portanto, é papel dos alunos buscarem dados fora da sala de aula e fazerem algumas

simplificações que os auxiliem na resolução desse problema.

Caso 3: A partir de temas não matemáticos que podem ser propostos pelos

próprios alunos, os problemas são formulados e resolvidos. Nesse caso, os alunos são

responsáveis pela coleta de informações e, também, pela simplificação das situações-

problema.

Nos três casos apresentados, a presença dos professores é entendida sob o ponto

de vista de copartícipe na investigação dos alunos, pois promove os diálogos acerca

desses processos. Porém, conforme o caso desenvolvido, os professores estão mais

presentes na organização das atividades (BARBOSA, 2001) propostas em sala de aula.

A figura 3 mostra a participação de professores e alunos no desenvolvimento dos 3

(três) casos de modelagem.

Figura 3: Participação de alunos e professores nos 3 (três) casos de modelagem

Fonte: Barbosa (2001, p. 9)

Contudo, ressalta-se que essas configurações não são estanques, pois podem ser

consideradas apenas como possibilidades de alimentar a prática pedagógica por meio de

reflexões contínuas sobre esses processos.

Nesse sentido, existem diferentes maneiras de se implementar a modelagem no

currículo matemático para que os professores e alunos possam continuar “reelaborando

[os casos] de acordo com as possibilidades e as limitações oferecidas pelo contexto

escolar, por seus conhecimentos e preferências” (BARBOSA, 2001, p. 10).

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Os recursos utilizados pela modelagem estão relacionados com as noções

conceituais e a aplicação crítica das técnicas e dos procedimentos matemáticos na

resolução dos problemas que se encontram no currículo da matemática tradicional.

Assim, é importante que se desenvolva a modelagem, numa perspectiva social e

humanística (ROSA et al., 2012).

Nesse direcionamento, Rosa e Orey (2006) argumentam que ser proficiente na

utilização da modelagem é de fundamental importância para que os alunos possam,

através de suas ações, modificarem a realidade para que possam se tornar cidadãos

ativos na transformação social.

De acordo com esse contexto, Rosa (2005) afirma que existem três fases

distintas que são necessárias para o desenvolvimento da modelagem como um ambiente

de aprendizagem, que pode configurar um possível direcionamento para o ensino de

conteúdos matemáticos curriculares em salas de aula.

Conforme aponta Rosa (2005 apud FREITAS, 2016), essas fases são

denominadas de:

1) Fase Inicial: preparação da modelagem

Esse é o momento da explicação da proposta de trabalho pelos professores

por meio do envolvimento dos alunos em um debate para definir os temas de

interesse. Esses temas podem ser originados pelos próprios alunos ou pelos

professores como foi destacado nos três casos propostos por Barbosa (2001).

Nessa fase, é importante que os alunos destaquem a relevância do tema

proposto.

2) Fase Intermediária: desenvolvimento da modelagem e elaboração de

modelos

Uma vez definido o tema e devidamente justificado, existe a necessidade de

os alunos buscarem as informações necessárias para um aprofundamento

teórico que os direcionem para a proposição de soluções para os problemas

propostos. Para isso, os alunos iniciam o processo de coleta de informações

qualitativas e/ou quantitativas sobre o tema escolhido. Nessa fase, é

importante que os professores atuem como facilitadores e mediadores do

processo da modelagem, auxiliando os alunos na formulação, resolução e

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58

análise dos modelos matemáticos elaborados. É necessário que professores

também auxiliem os alunos na conferência de tabelas e gráficos, na revisão

dos modelos matemáticos, além de prepará-los para se comunicarem

corretamente, posicionando-se com firmeza ao defender o tema escolhido.

3) Fase Final: apresentação da modelagem e entrega do relatório final

Nessa fase, os grupos de alunos devem apresentar e defender o tema e

entregar o relatório final. Os professores elaboram um relatório final,

especificando o desenvolvimento da metodologia da Modelagem e as

dificuldades encontradas pelos alunos, e verificam se os objetivos propostos

durante o processo foram alcançados.

Rosa (2005) também propõe dez etapas básicas que evidenciam as atividades a

serem realizadas durante o desenvolvimento do processo da modelagem matemática,

que podem ser implantadas e implementadas de acordo com as três fases propostas por

Barbosa (2001), que foram citadas anteriormente.

1) Escolha do tema

Existe a necessidade de se realizar o levantamento de possíveis temas de

estudo a serem desenvolvidos pelos alunos. Nessa etapa, os envolvidos nesse

processo, professores e/ou alunos escolhem os temas a serem estudados, que

podem estar relacionados com os setores de produção; com as situações

econômicas e políticas; com a sociedade, a agricultura, a educação, os

esportes, as artes e saúde ou por meio de experiências etnomatemáticas.

Esses temas devem ser abrangentes para que possam propiciar

questionamentos em várias direções. É importante ressaltar que a “escolha

do tema deve ser orientada pelo professor, pois é importante que os alunos se

envolvam no processo e se sintam motivados pelos temas e pelos problemas

que serão levantados” (ROSA, 2005, p. 87). De acordo com Freitas (2016), é

necessário considerar a influência do contexto sociocultural na

transformação dos participantes como cidadãos ativos e o seu impacto na

vida social, política e econômica dos alunos. Após a seleção dos temas, os

alunos são agrupados por similaridade e interesse de pesquisa.

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59

2) Pesquisa sobre o tema

Nessa etapa, ocorre a coleta de dados quantitativos e qualitativos para

auxiliar os grupos de alunos na formulação dos questionamentos de

investigação. Essa busca de dados é realizada através de visitas em locais

específicos, como, por exemplo, museus, indústrias, cooperativas,

laboratórios, fazendas, universidades, bibliotecas, jornais e revistas e órgãos

públicos, de acordo com as necessidades do tema escolhido, que se

relacionam com o tema escolhido. A procura por novas informações deve ser

realizada utilizando-se referências bibliográficas pesquisada em livros,

revistas, internet, entrevistas ou por meio de experiências vivenciadas por

membros de culturas específicas. As informações coletadas devem ser

analisadas e interpretadas como um primeiro movimento na preparação dos

modelos matemáticos, que de acordo com Rosa e Orey (2006), podem estar

baseadas nas maneiras de se fazer matemática dos membros grupos culturais

específicos.

3) Elaboração dos Questionamentos

Nessa etapa, os grupos de alunos elaboram os questionamentos que estão

relacionados com as situações-problema pesquisadas e que são formuladas

de acordo com os conteúdos matemáticos que conhecem. Porém, conteúdos

matemáticos desconhecidos pelos alunos podem surgir durante o

desenvolvimento do processo de modelagem. De uma maneira geral, as

primeiras questões colocadas são simples, podendo ser solucionadas com a

utilização de um determinado conhecimento matemático, que pode ser

considerado elementar. Assim, a partir dos primeiros questionamentos, os

alunos começam a ampliar as noções matemáticas na procura de

generalizações e analogias com situações-problema correlatas. É importante

ressaltar que, existirá nesta etapa, uma espécie de inibição para a elaboração

de questionamentos mais complexos.

4) Elaboração dos Modelos Matemáticos

Por causa de sua natureza conceitual e abstrata, essa etapa é muito

importante para o desenvolvimento da modelagem. Nesse sentido, é

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necessário que os grupos de alunos sejam frequentemente orientados pelos

professores. Primeiramente, os alunos organizam e analisam os dados

coletados, sistematizando-os. Em seguida, os alunos interpretam as

informações obtidas por meio da análise da relação entre as variáveis que são

consideradas essenciais para o entendimento do fenômeno estudado.

Posteriormente, os alunos iniciam a elaboração dos modelos matemáticos

que, geralmente, são elaborados com a utilização de determinados conteúdos

matemáticos. Nessa etapa, os conteúdos matemáticos necessários para o

desenvolvimento dos modelos matemáticos devem ser trabalhados durante

todo o processo.

5) Formulação dos Problemas Matemáticos

Nessa etapa, ocorre a formulação dos problemas matemáticos. Dessa

maneira, é importante que os professores auxiliem os grupos de alunos no

entendimento das questões relacionadas com o tema para que possam

analisá-los e solucioná-los. Como mediadores do processo de modelagem, é

necessário que os professores esclareçam as dúvidas e sugiram abordagens

diferenciadas para o desenvolvimento dos temas escolhidos. A formulação

dos problemas matemáticos deve partir dos alunos. Porém, existe a

necessidade de que os professores mostrem alternativas que estimulem os

alunos na formulação dos problemas matemáticos necessários para a

resolução da situação-problema proposta. É importante que os professores

auxiliem os alunos na transferência da relação verbal (linguagem materna)

para a simbologia matemática durante a formulação dos problemas

matemáticos.

6) Resolução dos Problemas Matemáticos

Essa etapa é importante para auxiliar os alunos na tomada de decisão, pois as

suposições ou aproximações são frequentes na resolução das situações-

problema propostas. Existe a necessidade de que os alunos resolvam os

modelos matemáticos por meio da utilização de técnicas variadas, como, por

exemplo, a gráfica, a algébrica e a tecnológica. Nessa etapa, os conceitos

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matemáticos que foram identificados durante a elaboração dos modelos

matemáticos devem ser sistematizados.

7) Interpretação da Solução

Nessa etapa, as discussões devem ser incentivadas para que os grupos de

alunos possam atingir o mesmo grau de compreensão para a interpretação

dos resultados obtidos na resolução dos modelos. É necessário que os

professores atuem como mediadores desse processo e, quando constatarem

dificuldades comuns e de interesse de todos os grupos, devem propor uma

aula coletiva abordando o conteúdo matemático necessário para auxiliar os

alunos na interpretação da solução dos modelos matemáticos. Como a

interpretação da solução do modelo envolve uma retomada dos conceitos

matemáticos que estão relacionados ao problema proposto, recomenda-se

que seja realizada por meio de diferentes maneiras, como, por exemplo,

analítica, gráfica, geométrica, tecnológica ou algébrica.

8) Comparação do Modelo com a realidade

O aspecto mais importante dessa etapa é comparar o resultado obtido pelo

modelo matemático com o sistema analisado, pois a validação dos modelos

deve ser coerente com a realidade pesquisada. Se o modelo for inadequado, o

sistema deve ser retomado, elaborando-se modelos mais significativos ou, se

necessário, novas pesquisas devem ser efetuadas, tornando, assim, o

processo da modelagem dinâmico. Por outro lado, se o modelo for

satisfatório, deve-se utilizá-lo para realizar previsões, análises ou qualquer

outra ação sobre a realidade. Assim, um modelo é considerado adequado se a

sua capacidade de previsão valida a solução do problema quando

confrontado com a realidade.

9) Relatório e Defesa do Tema

Ao final de cada etapa, os grupos devem expor os resultados da pesquisa

para os demais alunos, que podem colaborar com sugestões para a

modificação ou aperfeiçoamento dos modelos obtidos. No final do processo,

o relatório da modelagem deve ser apresentado e defendido. Esse relatório

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deve conter os questionamentos de pesquisa, as conclusões obtidas para os

modelos elaborados, bem como as considerações finais sobre o

desenvolvimento do processo de modelagem.

10) Avaliação

Na apresentação e defesa do tema, os grupos de alunos são avaliados por

uma banca examinadora. Essa fase é importante, pois ocorre a troca de

críticas e experiências, que tem como objetivo o aperfeiçoamento do

processo de modelagem. Como parte do processo avaliativo, os alunos de

cada grupo devem apresentar uma auto avaliação. Os professores também

avaliam as apresentações e os relatórios apresentados pelos grupos.

Contudo, é importante ressaltar que essas etapas não são fixas, pois se

relacionam entre si com o objetivo de direcionar o desenvolvimento das atividades da

modelagem matemática propostas em salas de aula. Dessa maneira, de acordo com o

ponto de vista de Rosa (2005 apud FREITAS, 2016), recomenda-se que:

a) Na fase inicial de preparação da modelagem, os alunos desenvolvem as

etapas 1 e 2, que estão relacionadas, respectivamente, com a escolha e a

pesquisa sobre o tema.

b) Na fase intermediária de desenvolvimento da modelagem e elaboração

de modelos, os alunos desenvolvem as etapas 3, 4, 5, 6, 7 e 8, que estão

relacionadas, respectivamente, com a elaboração dos questionamentos, a

formulação dos problemas matemáticos, a elaboração dos modelos

matemáticos, a resolução dos problemas matemáticos, a interpretação da

solução e a comparação do modelo com a realidade.

c) Na fase final de apresentação da modelagem e entrega do relatório final,

os alunos desenvolvem as etapas 9 e 10, que estão relacionadas,

respectivamente, com a entrega do relatório, a defesa do tema e a avaliação

do processo de modelagem.

O quadro 2 mostra a relação entre as três fases e as dez etapas do

desenvolvimento da modelagem matemática em sala de aula.

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Quadro 2: Relacionamento entre as três fases e as dez etapas do desenvolvimento da

modelagem matemática em sala de aula

Fonte: Freitas (2016, p. 42)

É importante salientar que, nesse currículo, os professores precisam elaborar e

organizar situações de aprendizagem que possibilitem aos alunos o envolvimento com a

matemática para que possam desafiá-la, compreendê-la, analisá-la e interpretá-la,

tornando-a, dessa maneira, um produto da criação humana (ROSA, 2005).

De acordo com Rosa e Orey (2015), a importância da modelagem matemática

está fundamentada no desenvolvimento da autonomia dos alunos e, também, na

aproximação de sua realidade com a matemática, propiciando a leitura, a ampliação da

visão de mundo, contribuindo, assim, para o exercício pleno da cidadania.

Nesse contexto, Rosa e Orey (2007) argumentam que os professores podem

mostrar a presença da matemática no cotidiano dos alunos por meio de situações de

ensino e aprendizagem podem ser contextualizadas, colaborando para o surgimento da

motivação necessária para aprendê-la.

Nesse sentido, a modelagem matemática pode ser entendida como um estudo de

situações reais que utiliza a matemática como uma linguagem para a compreensão,

simplificação e resolução de situações-problema associadas à realidade dos alunos,

objetivando uma possível previsão e modificação dessa realidade. Dessa maneira, de

acordo com Rosa e Orey (2007), a matemática torna-se um instrumento para atingir esse

objetivo.

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64

CAPÍTULO II

2. UMA FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA PARA A UTILIZAÇÃO DO

ESTUDO MISTO

Esse capítulo apresenta a fundamentação metodológica que norteou a condução

dessa pesquisa. O design e os procedimentos metodológicos também são apresentados,

bem como os instrumentos utilizados na coleta dos dados que foram necessários para o

desenvolvimento das fases analítica e interpretativa desse estudo.

2.1. Design Metodológico: Método Misto de Pesquisa9

Essa pesquisa foi conduzida com a utilização da abordagem metodológica do

Estudo Misto que combinou os métodos qualitativo e quantitativo para que o professor-

pesquisador pudesse adquirir uma visão holística da problemática desse estudo. Esse

método pode ser considerado como o terceiro movimento metodológico composto por

uma combinação das abordagens qualitativas e quantitativas em um único projeto de

pesquisa (ROSA, OLIVEIRA, OREY, 2015).

Essa abordagem possibilitou uma complementaridade dos dados coletados e

analisados e, também, da interpretação dos resultados para a obtenção de informações

completas e abrangentes sobre a problemática estudada, que não seria possível se

houvesse somente a utilização de uma dessas abordagens (CRESWELL; PLANO

CLARK, 2007).

Assim, a articulação e a complementaridade dos métodos de pesquisa

quantitativo e qualitativo têm como objetivo o entendimento e a compreensão da

evolução do conhecimento humano, podendo ser realizadas por meio da utilização do

método misto (CRESWELL; PLANO CLARK, 2007; TASHAKKORI; TEDDLIE,

2009).

Nesse design, os dados qualitativos auxiliam os pesquisadores a entenderem as

informações que emergem dos dados, propicia informações detalhadas sobre o contexto

9Nessa pesquisa o professor-pesquisador utilizou uma adaptação do método misto de acordo com o que é

proposto por Creswell (2007). Nesse caso não foram utilizados testes estatísticos, ou seja, a descrição,

análise e resumo das principais características dos dados quantitativos foram realizados por meio da

utilização da estatística descritiva.

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e enfatiza a voz dos participantes por meio da utilização de citações diretas de suas falas

na escrita do relatório final da pesquisa (ROSA, OLIVEIRA; OREY 2015).

A abordagem quantitativa envolve a coleta, a análise e a interpretação de dados

numéricos para descrever, explicar e prever a problemática desse estudo. Essa

abordagem é frequentemente utilizada em pesquisas e investigações dedutivas, pois visa

adquirir informações descritivas ou examinar relações entre as variáveis que são

medidas para possibilitar que os dados coletados sejam apresentados descritivamente

e/ou analisados estatisticamente (ROSA, OLIVEIRA; OREY 2015). A figura 4 mostra o

esquema do processo utilizado na condução do método misto de pesquisa.

Figura 4: Processo de realização do método misto de pesquisa

Fonte: Alves (2014, p. 90)

Considerando-se os instrumentos de coleta de dados empregados durante a

condução desse estudo, como, por exemplo, os questionários inicial e final, o diário de

campo e os blocos de atividades matemáticas do registro documental, o professor-

pesquisador e o seu orientador optaram pela utilização do design metodológico QUAL +

quan do estudo misto.

É importante ressaltar que, de acordo com Creswell e Plano Clark (2007), nesse

design metodológico, o símbolo (+) indica que as abordagens quantitativa e qualitativa

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foram trabalhadas simultaneamente durante as fases analítica e interpretativa dessa

pesquisa. Nesse estudo, a análise de dados consistiu na comparação simultânea entre os

resultados obtidos nos dois conjuntos de dados. A figura 5 mostra o design

metodológico simultâneo do estudo misto.

Figura 5: Design metodológico simultâneo do estudo misto

Fonte: Alves (2014, p. 107)

Nesse estudo, seguindo os pressupostos do estudo misto (CRESWELL; PLANO

CLARK, 2007), o componente teórico metodológico primário foi o qualitativo (QUAL)

enquanto o componente teórico metodológico secundário foi o quantitativo (quan). O

objetivo da utilização do componente metodológico secundário (quan) foi o de buscar

uma compreensão abrangente da interpretação dos dados, que não seria possível

somente com o emprego da abordagem primária (QUAL).

Assim, um dos principais objetivos da abordagem secundária foi o de refinar a

descrição dos dados primários para que as informações geradas pelos dados secundários

pudessem corroborar com os resultados obtidos pela análise e interpretação dos dados

primários (CRESWELL; PLANO CLARK, 2007) com o objetivo de validar as

conclusões obtidas nesse estudo.

No entanto, é necessário enfatizar que a abordagem quantitativa desse estudo foi

realizada com utilização da estatística descritiva, pois visava apresentar, descrever,

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analisar e resumir as principais características dos dados quantitativos. Porém, ressalta-

se que os testes estatísticos não foram utilizados para a análise dos dados coletados

durante a condução desta pesquisa.

Então, nesse estudo, a abordagem quantitativa foi utilizada para auxiliar a

análise dos dados e a interpretação dos resultados obtidos a partir do estudo principal

que é qualitativo (ROSA, OLIVEIRA; OREY, 2015). A Figura 6 mostra o processo de

pesquisa QUAL + quan utilizado nesse estudo misto.

Figura 6: Processo de pesquisa QUAL + quan do estudo misto

Fonte: Alves (2014, p. 93)

Neste design metodológico, de acordo com Creswell e Plano (2007), a

triangulação dos dados é um dos tipos de análise sugeridos para a condução do estudo

do método misto, pois é fundamental para a verificação da convergência e da

corroboração dos dados coletados, analisados e interpretados com relação à

problemática abordada.

2.1.1. Triangulação dos Dados

A triangulação dos dados é uma estratégia de pesquisa baseada na utilização de

diversas abordagens metodológicas, como, por exemplo, qualitativa e quantitativa, para

a investigação de um mesmo fenômeno que visa a obtenção de informações ricas,

densas e complexas que não poderiam ser obtidas com a utilização isolada de somente

uma dessas abordagens (ROSA, OLIVEIRA; OREY, 2015).

Durante o processo analítico dos dados, a triangulação auxiliou o professor-

pesquisador a “comparar e contrapor diretamente resultados estatísticos quantitativos

com os resultados qualitativos” (CRESWELL; PLANO CLARK, 2007, p. 62) para

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68

verificar a validação dos resultados obtidos durante a condução do trabalho de campo

desse estudo.

De acordo com Rosa, Oliveira e Orey (2015), esse procedimento tem como

“objetivo a obtenção das conclusões a serem validadas nesse processo analítico, pois a

triangulação busca a convergência dos resultados obtidos em pesquisas e investigações

para torná-las mais confiáveis” (p. 756).

Por conseguinte, para garantir a complementaridade dos dados qualitativos e

quantitativos durante as fases analítica e interpretativa desse estudo, três fontes de

triangulação foram utilizadas: questionários, blocos de atividades do registro

documental e diário de campo do professor-pesquisador. A figura 7 mostra as fontes de

triangulação utilizadas nesse estudo.

Figura 7: Fontes de triangulação utilizadas no estudo

Fonte: Adaptado de Alves (2014, p. 109)

Nesse direcionamento, por meio da triangulação, os dados quantitativos e

qualitativos foram analisados para que o professor-pesquisador pudesse verificar a sua

confiabilidade e validade (PATTON, 1990) para auxiliá-lo no processo de interpretação

das informações obtidas durante a condução desse estudo.

Posteriormente, o professor-pesquisador quantificou os dados qualitativos10

(CRESWELL; PLANO CLARK, 2007) para facilitar o desenvolvimento do processo de

comparação entre as informações obtidas com o objetivo de proporcionar uma

compreensão aprofundada e abrangente da problemática desse estudo.

10

A quantificação dos dados qualitativos se desenvolve por meio da contagem da ocorrência de palavras,

termos, expressões e frases referentes aos temas que emergem da análise dos dados coletados durante a

condução do trabalho de campo de um determinado estudo. Assim, os dados qualitativos podem ser

transformados quantitativamente para que possam ser comparados, analisados e interpretados com a

utilização de quadros, tabelas, figuras e gráficos (ROSA, OLIVEIRA; OREY, 2015).

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2.2. Contexto Escolar

Essa pesquisa foi realizada em uma escola estadual localizada no município de

Belo Horizonte, Minas Gerais, em uma região populosa, com um centro comercial bem

diversificado e um polo industrial. Esta escola foi escolhida pelo fato de o professor-

pesquisador lecionar nessa instituição de ensino nos turnos da manhã e da noite, além de

residir próximo dessa comunidade escolar.

Essa instituição de ensino oferece para a sua comunidade escolar, o ensino

médio nos três turnos, com doze turmas no turno da manhã, três turmas no turno da

tarde e onze turmas no turno da noite, sendo que dez dessas turmas são de Educação de

Jovens e Adultos (EJA). Esse estudo foi conduzido no turno da noite, cujas aulas têm a

carga horária de 45 minutos. O quadro 3 mostra o horário de aulas do turno da noite.

Quadro 3: Horário de aulas do turno da noite

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Essa escola não é considerada pelos membros da comunidade como uma

referência para o ensino médio, mas é de fácil acesso para a população em idade escolar

e, também, para os alunos de inclusão, além de ser uma das escolas públicas da região

que oferece a educação de jovens e adultos para os alunos maiores de 18 anos.

Apesar de a escola estar sediada em um edifício antigo, é bem estruturada com

um amplo espaço de circulação, com uma área verde com jardins bem cuidados, tendo

três quadras destinadas à prática de esportes, sendo que uma delas é coberta. De acordo

com a opinião dos professores mais antigos, essa escola tem alto um índice de evasão.

2.3. Participantes da Pesquisa

Esta pesquisa foi realizada com uma turma do 2º ano do Ensino Médio de

Educação de Jovens e Adultos (EJA) composta por 54 (100%) alunos regularmente

matriculados, conforme o diário de classe. Desse total, 34 (63%) Termos de

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Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Apêndice I) foram assinados,

correspondendo a 100% da população pesquisada. Assim, esses alunos se tornaram

participantes desse estudo, sendo 22 (64,7%) do gênero masculino e 12 (35,3%) do

gênero feminino.

O sigilo da identificação dos participantes foi assegurado por meio da utilização

de códigos. É importante destacar que, para essa codificação, os nomes dos

participantes foram substituídos por códigos alfanuméricos que foram numerados,

consecutivamente, de acordo com a quantidade de participantes em cada grupo. Por

exemplo, de A01 a A09 para o grupo A, de B01 a B08 para o grupo B, de C01 a C06

para o grupo C e de D01 a D06 para o grupo D.

Continuando com esse processo de codificação, para as participantes de gênero

feminino foi acrescentada a letra F, por exemplo, AF01, que indica a participante 01 do

grupo A enquanto para os participantes de gênero masculino foi acrescentada a letra M,

por exemplo, CM04, que indica o participante 04 do grupo C. Essa codificação foi

determinada aleatoriamente, sendo que as numerações de chamada e matrícula desses

participantes não foram utilizadas nesse processo.

Como esses códigos foram criados durante o desenvolvimento do Bloco 1 de

Atividades, após a formação dos grupos, 5 (cinco) alunos que assinaram o TCLE e que

estavam ausentes durante a realização dessas atividades, não foram codificados da

mesma maneira, tendo os seus códigos definidos por AUM01, AUM02, AUM03,

AUM04 e AUM05. Nessa codificação, a letra M indicou que os alunos são do gênero

masculino enquanto AU indicou que os esses alunos estavam ausentes na realização das

atividades do primeiro bloco.

É importante ressaltar que o professor-pesquisador e o seu orientador decidiram

que, caso esses alunos ausentes estivessem presentes em sala de aula para a realização

dos próximos blocos de atividades, seriam alocados em um dos grupos, tendo os seus

códigos alterados de acordo com a definição inicial de codificação.

Destaca-se que o participante CM06 estava ausente no dia 13 de março de 2017

quando os demais alunos assinaram o TCLE, responderam o questionário inicial

(Apêndice II) e desenvolveram as atividades propostas no Bloco 1 (Apêndice IV).

Contudo, no dia 24 de abril de 2017, quando foram aplicadas as atividades

propostas no bloco 2 (Apêndice V), esse aluno estava presente, foi convidado a

participar da pesquisa, aceitando esse convite. Então, esse aluno assinou o TCLE,

tornou-se participante dessa pesquisa e respondeu o questionário inicial.

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Contudo, como esse participante não estava presente durante a realização das

atividades do Bloco 1, houve a necessidade de alocá-lo no grupo C que, até então,

possuía 5 integrantes. Assim, esse participante foi codificado como CM06. É importante

ressaltar que a escolha do grupo C foi realizada pelo próprio participante, pois esse

grupo tinha o menor número de integrantes até aquele momento.

A análise das respostas dadas para a primeira questão do questionário inicial

sobre a idade dos participantes mostra que, com relação à idade, o participante mais

jovem tem 18 anos enquanto o mais idoso tem 33 anos. Essa análise também mostra que

16 (47,1%) participantes têm de 18 a 21 anos, 6 (17,6%) têm de 22 a 25 anos, 4 (11,8%)

têm de 26 a 29 anos, 5 (14,7%) têm de 30 a 33 anos.

As informações analisadas também mostram que 3 (8,8%) participantes não

responderam o questionário 1, pois estavam ausentes na aula no dia em que esse

instrumento de coleta de dados foi aplicado. O gráfico 1 mostra o agrupamento por

idade dos participantes desse estudo.

Gráfico 1: Faixa etária dos participantes desse estudo

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Com relação ao tipo de escola em que os participantes cursaram o ensino

fundamental, a análise dos dados mostra que 20 (58,8%) participantes concluíram o

ensino fundamental em uma escola pública municipal, 10 (29,4%) concluíram o ensino

médio em uma escola pública estadual enquanto 1 (3,0%) não respondeu essa questão.

O quadro 4 mostra o tipo de escola frequentada pelos participantes durante o ensino

fundamental.

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Quadro 4: Tipo de escola frequentada pelos participantes no ensino fundamental

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

As respostas dadas à quarta questão do questionário inicial Qual é,

aproximadamente, a renda de sua família? mostram que 7 (20,6%) participantes têm

rendimento familiar de um salário mínimo, 7 (20,6%) de dois salários mínimos, 8

(23,5%) de três salários mínimos, 4 (11,8%) de quatro salários mínimos, 1 (2,9%) de

cinco salários mínimos, 1 (2,9%) de mais de cinco salários mínimos, 2 (5,9%) não

sabem o valor da renda familiar e 1 (2,9%) não respondeu essa questão. O gráfico 2

mostra a distribuição de renda familiar em salários mínimos dos participantes desse

estudo.

Gráfico 2: Renda familiar dos participantes em salários mínimos

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

As respostas dadas para a questão cinco do questionário inicial: Qual(is)

disciplina(s) você mais gosta de estudar? Justifique, mostra que 10 (29,4%)

participantes mencionaram que gostam de estudar matemática. Por exemplo, o

participante AM02 comentou que gosta de matemática “por envolver cálculos” enquanto

o participante CM02 afirmou que “tenho dificuldades com a matemática, por isso gosto

muito de aprender”. O quadro 5 apresenta as respostas dadas pelos participantes para essa

questão.

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Quadro 5: Resposta dada pelos participantes para a questão cinco do questionário inicial

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

O conhecimento dos dados dos participantes é importante para o

desenvolvimento das fases analítica e interpretativa dessa pesquisa, pois forneceram

informações que auxiliaram o professor-pesquisador a adquirir uma visão holística da

problemática desse estudo.

2.4. Instrumentalização

Para a condução do trabalho de campo dessa pesquisa, os seguintes instrumentos

foram utilizados para a coleta de dados:

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a) Questionários Inicial e Final.

b) Blocos de atividades do registro documental.

c) Diário de campo do professor-pesquisador.

Os dados obtidos com a utilização desses instrumentos foram determinantes para

auxiliar o professor-pesquisador na obtenção de resposta à problemática deste estudo, de

acordo com a questão de investigação:

Quais são as possíveis contribuições que a modelagem matemática como

um ambiente de aprendizagem pode trazer para o desenvolvimento das

competências de modelagem matemática de um grupo de estudantes, ao

transformarem uma brincadeira em uma prática esportiva?

A seguir, apresenta-se uma breve descrição dos instrumentos de coleta de dados

utilizados durante a condução do trabalho de campo deste estudo.

2.4.1. Questionários Inicial e Final

Nessa pesquisa, foram aplicados dois questionários com o objetivo de obter

dados para auxiliar o professor-pesquisador na análise da problemática desse estudo. A

importância da utilização dos questionários para essa pesquisa está relacionada com a

sua flexibilidade, pois esse tipo de instrumento possibilita a coleta de dados qualitativos

e quantitativos (SAPSFORD, 2006).

As questões fechadas foram escolhidas porque são simples de serem codificadas,

facilitando a preparação, a organização e a análise dos dados brutos (SAMPIERI,

COLLADO; LUCIO, 2003). Por outro lado, apesar de exigirem mais empenho para

serem respondidas, codificadas, analisadas, categorizadas e interpretadas, as questões

abertas são elaboradas para que possam oferecer aos participantes de um determinado

estudo mais autonomia para responderem aos questionamentos solicitados,

possibilitando aos pesquisadores uma abrangência maior para o entendimento das

informações constantes nas respostas dadas (FINK, 1995).

O questionário inicial (Apêndice II) foi composto por 16 questões, sendo 5

fechadas, 4 abertas e 7 mistas, que continham questionamentos abertos e fechados. O

objetivo da elaboração dessas questões foi traçar um perfil geral dos participantes dessa

pesquisa, bem como obter informações relacionadas com o seu envolvimento em

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75

brincadeiras antigas, com as suas práticas, com o seu grau de interesse pelo esporte,

com a relação da matemática com as suas práticas do dia-a-dia e, também, com os

conhecimentos que possuem sobre os conteúdos matemáticos necessários para a

realização dos blocos de atividades propostos no registro documental.

O questionário final (Apêndice III) continha 12 questões, sendo 8 abertas e 4

mistas, que teve o objetivo de fornecer informações sobre o envolvimento dos

participantes nas atividades propostas em sala de aula, como avaliaram as aulas de

matemática baseadas na modelagem, como avaliaram a própria participação e a dos

colegas nessas aulas, como os conteúdos matemáticos foram aplicados nas atividades e,

também, quais foram as dificuldades encontradas na condução da modelagem e quais

conhecimentos foram adquiridos após o desenvolvimento dessas atividades.

2.4.2. Blocos de Atividades do Registro Documental

De acordo com Rosa (2010), os registros documentais podem ser considerados

como documentos que possuem informações importantes que auxiliam os pesquisadores

a tomarem decisões e a registrarem os tópicos de interesse dos participantes de um

determinado estudo. Dessa maneira, qualquer informação escrita, objeto e/ou fato

registrado materialmente pode ser utilizado nas investigações como registros

documentais.

Esses documentos incluem os exercícios, as situações-problema, as provas, os

exames, as atas das reuniões, os documentos de políticas educacionais, os registros

públicos, os meios de comunicação como os emails, os documentos particulares, as

biografias e os documentos visuais, como por exemplo, os áudios, os filmes, os vídeos e

as fotografias.

Então, a análise das atividades propostas no registro documental pode ser

considerada como a exploração sistemática das respostas dadas pelos participantes para

as atividades desenvolvidas nos 04 (quatro) blocos propostos para a sala de aula, pois,

contiveram dados e informações quantitativas e qualitativas que auxiliaram o professor-

pesquisador na análise dos dados coletados e na interpretação dos resultados obtidos

nesse estudo.

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76

2.4.3. Diário de Campo

O diário de campo do professor-pesquisador foi composto pelas informações

obtidas com as observações realizadas no processo de coleta de dados durante a

condução do trabalho de campo desse estudo, sendo elaborado de acordo com o

seguinte roteiro:

a) Verificação e anotação das maiores dificuldades dos participantes do estudo

relacionadas com o desenvolvimento das atividades dos blocos propostos em

sala de aula.

b) Verificação e anotação dos conhecimentos matemáticos tácitos e explícitos

expressos e aplicados pelos participantes durante o desenvolvimento dos

blocos de atividades.

c) Observação da interação dos participantes desse estudo com as atividades

propostas em sala de aula.

d) Levantamento e anotação das possíveis dificuldades com relação ao

desenvolvimento dos blocos de atividades.

e) Observação e anotação do envolvimento dos participantes nos trabalhos em

grupo desenvolvidos em sala de aula.

f) Observação e anotação do envolvimento dos participantes nas atividades

lúdicas desenvolvidas em sala de aula.

g) Observação quanto à aceitação da metodologia proposta que foi direcionada

para a aplicação dos conteúdos matemáticos nos blocos de atividades.

h) Levantamento e anotação das sugestões elaboradas pelos participantes em

relação à metodologia utilizada nessa pesquisa.

Portanto, essas observações estavam relacionadas para a resolução das

atividades propostas nos blocos do registro documental. Assim, durante realização

dessas atividades e das discussões ocorridas nos grupos, o professor-pesquisador anotou

os detalhes comportamentais e atitudinais dos alunos. De acordo com Rosa (2010),

esses registros podem conter informações importantes para auxiliar o professor-

pesquisador na análise e interpretação dos dados coletados por esse instrumento.

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77

2.5. Procedimentos Metodológicos

Para a condução dessa pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica para o

levantamento de informações na literatura específica relacionadas com a problemática

desse estudo.

Dessa maneira, as informações obtidas por meio dos dados coletados e da

revisão de literatura relacionada à leitura de: artigos em periódicos, capítulos,

dissertações, teses e livros publicados nos Brasil e no exterior contribuíram para a

definição das principais etapas desse estudo.

Nesse contexto, a condução da revisão de literatura e da coleta de dados foi

importante para que o professor-pesquisador obtivesse as ferramentas teóricas e

metodológicas necessárias para responder à problemática desse estudo, que estava

relacionada com a construção de um carrinho de rolimã para o desenvolvimento de uma

prática esportiva por meio da utilização da perspectiva sociocrítica da modelagem

matemática como um ambiente de aprendizagem.

Essa problemática também estava relacionada com a competição esportiva do

carrinho de rolimã por meio da qual os atletas possam disputar entre si em condições de

igualdade. Por conseguinte, esse estudo procurou focalizar no desenvolvimento da

criticidade dos participantes envolvidos nessa pesquisa, visando o desenvolvimento de

sua formação como cidadão responsável e participativo nas tomadas de decisões

relacionadas com a resolução de situações-problema presentes no cotidiano.

O Projeto de Pesquisa relacionado com essa investigação foi apresentado,

discutido e autorizado no dia 07 de Fevereiro de 2017 pelo diretor da escola onde esse

estudo está sendo conduzido (Anexo I). O mesmo projeto de pesquisa foi apresentado,

discutido e autorizado no dia 30 de Novembro de 2016, pela diretora da escola (Anexo

II) na qual o quarto bloco de atividades (Apêndice VII) será realizado.

Esse projeto também foi submetido à Plataforma Brasil no dia 20 de Dezembro

de 2016, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade

Federal de Ouro Preto (UFOP), em 23 de Janeiro de 2017, com o protocolo no CAAE

62089316.8.0000.5150 (Anexo III), pois atendeu todos os requisitos e exigências desse

comitê.

A pesquisa de campo foi conduzida no 1.º semestre do ano letivo de 2017, em

uma escola pública estadual de Belo Horizonte, Minas Gerais; pois nesse local o

professor-pesquisador exerce as suas atividades de magistério. No dia 13 de Março de

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78

2017, no 2º horário de aula, o projeto desse estudo foi apresentado pelo professor-

pesquisador e discutido com os alunos da turma.

Nesse mesmo horário de aula, os alunos receberam o TCLE (Apêndice I) que

continha as informações necessárias sobre a sua participação nessa pesquisa para que

tivessem ciência sobre o seu andamento e, também, com relação aos instrumentos que

seriam utilizados para a coleta de dados. Esse documento também continha informações

sobre a possibilidade de desistência dos participantes de sua participação nesse estudo e

que não haveria nenhum prejuízo quanto ao seu acesso aos conteúdos matemáticos

curriculares propostos para a sala de aula.

Nesse mesmo dia, no 3º horário de aula, os participantes precisaram de,

aproximadamente, 30 minutos para que pudessem responder às questões do questionário

inicial (Apêndice II). As dúvidas que surgiram durante a aplicação desse questionário

foram explicadas pelo professor-pesquisador, que teve o cuidado de não influenciá-los

nas suas respostas, pois não utilizou exemplos de possíveis respostas a serem dadas,

esclarecendo, apenas, que algumas questões fechadas poderiam ter mais de uma opção

marcada, como, por exemplo, as questões 11 e 16. O professor-pesquisador também

esclareceu que era importante que os participantes respondessem todas as questões

propostas no questionário inicial.

Posteriormente, foram aplicados os blocos de atividades do registro documental,

que foram denominados de:

a) Bloco de Atividades 1: Apresentação do tema e experimentando uma corrida

de carrinhos (Apêndice IV).

b) Bloco de Atividades 2: Apresentação do carrinho de rolimã, a competição e a

proposta de padronização (Apêndice V).

c) Bloco de Atividades 3: Elaboração dos projetos, montagem dos carrinhos e

validação (Apêndice VI).

d) Bloco de Atividades 4: Competição (Apêndice VII).

Esses blocos de atividades foram desenvolvidos durante os horários cedidos

pelos professores de uma disciplina intitulada Diversidade, Inclusão e Mundo do

Trabalho, nos horários das aulas de matemática e, também, em algumas aulas cedidas

pela professora da disciplina de Física, que eram lecionadas toda segunda feira, nos

segundo, terceiro e quarto horários, respectivamente. O quadro 6 mostra os blocos de

atividades desenvolvidos durante a condução do trabalho de campo desse estudo.

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79

Quadro 6: Atividades desenvolvidas durante a condução do trabalho de campo

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Após a aplicação do Bloco de Atividades 1, no dia 13 de Março de 2017, a

condução desse estudo foi temporariamente interrompida por motivo de greve na rede

estadual de ensino de Minas Gerais. Essa greve teve seu início no dia 15 de Março de

2017 e foi encerrada no dia 06 de Abril de 2017. Os trabalhadores da rede estadual de

educação de Minas Gerais decidiram, em assembleia, que o retorno das aulas

aconteceria em 17 de Abril de 2017.

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A coleta dos dados qualitativos e quantitativos foi realizada por meio da

observação dos participantes durante a realização dos blocos de atividades elaborados

para o registro documental, pela análise das questões abertas, fechadas e mistas dos

questionários inicial e final. Além disso, foram recolhidas as atividades propostas para

os blocos do registro documental e, também, aquelas relacionadas com o

desenvolvimento dos projetos dos carrinhos de rolimã.

As observações foram anotadas no diário de campo do professor-pesquisador

durante o período de desenvolvimento das atividades propostas nessa pesquisa. Dessa

maneira, o professor-pesquisador registrou todas as informações que julgou serem

importantes para a condução da fase interpretativa, como, por exemplo, a postura e os

comentários dos participantes durante o desenvolvimento das atividades propostas para

o registro documental.

2.6. Análise e Interpretação dos Dados

Os dados brutos coletados foram analisados e interpretados por meio da

utilização do método misto de pesquisa, pois a combinação das abordagens qualitativa e

quantitativa oferece uma alternativa metodológica aprofundada para o entendimento e a

compreensão dos problemas específicos da Educação Matemática.

Dessa maneira, a análise e a interpretação dos dados coletados foram realizadas

a partir da utilização do design do estudo misto simultâneo denominado de QUAL +

quan por meio da triangulação dos dados. O quadro 7 mostra os tipos de dados

coletados em cada um dos instrumentos utilizados neste estudo.

Quadro 7: Tipo de dados coletados em cada um dos instrumentos

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Na fase qualitativa, o processo de análise e interpretação, será realizado por

meio da quantificação dos dados qualitativos para que, posteriormente, o professor-

pesquisador possa elaborar as categorias de análise. Na fase quantitativa, está sendo

utilizada a estatística descritiva para tabular, resumir, descrever e organizar as respostas

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quantitativas dos outros instrumentos de coleta por meio da elaboração de quadros e

gráficos.

Nesse contexto, Rosa, Oliveira e Orey (2015) afirmam que a quantificação dos

dados qualitativos é uma das etapas mais importantes do método misto de pesquisa, pois

“possibilita a categorização das informações obtidas durante a fase analítica dos dados”

(p. 763). Por conseguinte a:

(...) quantificação dos dados qualitativos de uma determinada pesquisa

ou investigação se destaca pela elaboração das categorias de análise.

Essa quantificação é realizada por meio da contagem de termos ou

palavras, que emergem da análise dos dados obtidos nos instrumentos

de coleta (ROSA, OLIVEIRA, OREY, 2015, p. 764).

Nesse estudo, a utilização da combinação das abordagens qualitativa e

quantitativa de pesquisa teve como objetivo buscar resultados completos, em termos de

qualidade, para responder à questão de investigação (CRESWELL, 2003). Assim, serão

realizadas análises comparativas entre os métodos qualitativo e quantitativo para uma

compreensão mais aprofundada da problemática desse estudo.

De acordo com Creswell e Plano Clark (2007), essa abordagem possibilita o

desenvolvimento de uma complementaridade dos dados analisados para a obtenção de

informações completas e abrangentes com relação aos resultados interpretados durante a

realização do trabalho de campo desse estudo.

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CAPÍTULO III

3. ORGANIZAÇÃO, APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

DOS DADOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS

Esse capítulo apresenta a organização e a análise dos dados qualitativos e

quantitativos que foram coletados por meio dos questionários inicial e final, dos blocos

de atividades propostos no registro documental e do diário de campo do professor-

pesquisador. Esses instrumentos de coleta de dados foram desenvolvidos pelo professor-

pesquisador em conjunto com o seu orientador, sendo elaborados de acordo com o

design do estudo misto simultâneo.

Para que os resultados e a análise das informações contidas nos dados coletados

sejam mais bem compreendidos, esse capítulo é composto pelas seções denominadas

Apresentação e Análise das Informações Contidas nos Dados Qualitativos (QUAL) e

Quantitativos (quan) dos Questionários Inicial, Apresentação e Análise dos Dados

Qualitativos (QUAL) e Quantitativos (quan) dos Blocos de Atividades do Registro

Documental e Apresentação e Análise das Informações Contidas nos Dados

Qualitativos (QUAL).

3.1.Apresentação e Análise das Informações Contidas nos Dados Qualitativos

(QUAL) e Quantitativos (quan) do Questionário Inicial

Os dados qualitativos e quantitativos foram coletados por meio da utilização dos

Questionários Inicial, que tinham como objetivo a obtenção de informações sobre os

participantes desse estudo. Dessa maneira, os dados que emergiram da análise das

questões propostas nesses questionários foram úteis tanto para a obtenção de

informações sobre os participantes quanto para o contexto escolar na qual a pesquisa foi

conduzida.

Essa seção apresenta os dados qualitativos e quantitativos que foram coletados

no questionário inicial (Apêndice II) durante a condução do trabalho de campo desse

estudo. Esse questionário foi aplicado no dia 13 de Março de 2017, das 20h45min às

21h15min, sendo que dos 34 (100%) participantes, 30 (88,2%) responderam às questões

do questionário inicial nesse dia enquanto 1 (2,9%), participante respondeu esse

instrumento de coleta no dia 24 de abril. É importante ressaltar que 3 (8,9%) não

estavam presentes nas atividades escolares dessas aulas.

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A análise das respostas dadas para a questão 6: Você acha que a matemática

pode ajudar na sua formação com cidadão(ã)? ( ) Sim. Explique como. ( ) Não. Por

quê? mostra que 30 (88,2%) participantes responderam que sim, pois a matemática

pode auxiliar em sua formação como cidadão(ã). Por exemplo, o participante CM03

afirmou que a matemática serve “para controlar meus gastos, economizar e também

para saber o quanto eu pago e o quanto eu devo receber”. Por outro lado, 1 (2,9%)

participante respondeu não para essa questão, mas não justificou a sua resposta. O

quadro 8 mostra as respostas dadas pelos participantes desse estudo para essa questão.

Quadro 8: Respostas dadas para a questão 6 do questionário inicial

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

Na questão 7 foi perguntado se a matemática é importante para auxiliar os

participantes no desenvolvimento de suas atividades do cotidiano. Nesse sentido, 27

(79,4%) participantes responderam que sim.

Por exemplo, o participante CM06 afirmou que a matemática auxilia no

desenvolvimento das atividades do cotidiano na realização de “atividades das mais

simples como conferir um troco até as mais complexas como fazer a declaração de

imposto de renda” enquanto a participante BF08 comentou que, em seu dia a dia, a

matemática é utilizada para “calcular as minhas finanças em casa e cortar gastos”. Por

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outro lado, 4 (11,8%) não responderam essa questão. O quadro 9 mostra as respostas

dadas para a questão 7 desse questionário.

Quadro 9: Respostas dadas para a questão 7 do questionário inicial

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

A análise das respostas dadas pelos participantes desse estudo para a questão 8:

Com qual(ais) disciplina(s) do currículo escolar você acha que a matemática pode se

relacionar? Por quê?, mostra que 19 (47,1%) participantes mencionaram pelo menos

uma disciplina que pode estar relacionada com a matemática no currículo escolar.

Por exemplo, 6 (17,7%) participantes responderam que essa relação ocorre com

a Física por causa “raciocínio, pois envolve a realização de muitos cálculos”. Por outro

lado, 12 (44,1%) participantes não responderam essa questão, pois não souberam

responde-la ou não a entenderam, porém, não justificaram a sua resposta. Os dados são

apresentados no quadro 10.

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Quadro 10: Respostas dadas para a questão 8 do questionário inicial

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

A análise dos dados referentes à questão 09: Qual é a sua relação com os

esportes? mostra que 1 (2,9%) participante respondeu que não gosta e não pratica

esportes, 11 (32,4%) participantes responderam que gostam de esportes, mas não

praticam nenhuma modalidade esportiva. Por exemplo, a participante BF06 respondeu

que “não está dando pra conciliar trabalho, casa e estudo”.

Por outro lado, 19 (55,9%) responderam que gostam de esportes e praticam pelo

menos um tipo de esporte. Por exemplo, o participante AM01 afirmou que o esporte

“faz bem para a saúde, é bem estar”. O quadro 11 mostra os esportes praticados pelos

participantes desse estudo enquanto o quadro 12 mostra as respostas dadas para essa

questão.

Quadro 11: Esportes praticados pelos participantes desse estudo

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

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Quadro 12: Respostas dadas pelos participantes para a questão 9 do questionário inicial

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

Na questão 10: Em sua opinião a matemática e o esporte se relacionam de

alguma maneira? Por quê?, os dados mostram que 29 (85,3%) participantes

responderam que a matemática e o esporte se relacionam.

Por exemplo, o participante DM02 respondeu que a matemática e o esporte ser

relacionam “para ter regras e ter uma balança em questão a igualizar e ter resultados

diferentes” enquanto o participante CM03 argumentou que no “caso do futebol, quando

ocorre a falta o juiz determina a distância e os metros a serem posicionados”.

Por outro lado, 2 (5,9%) participantes não responderam essa questão. Nesse

sentido, a DF06 afirmou que essa questão não foi respondida, pois “não entendi”. O

quadro 13 mostra as respostas dadas pelos participantes à questão 10.

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Quadro 13: Respostas dadas pelos participantes para a questão 10 do questionário

inicial

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

A questão 11 do questionário inicial buscou coletar informações sobre o

conhecimento dos participantes com relação às brincadeiras antigas. A análise dos

dados mostra que 31 (91,2%) participantes responderam essa questão enquanto 3 (8,8%)

estavam ausentes das atividades escolares nesse dia.

As brincadeiras mais conhecidas foram esconde-esconde, pular corda, queimada

e soltar pipa enquanto as menos conhecidas foram pular carniça, cinco marias e bente

altas. É importante ressaltar que os carrinhos de rolimã, objeto desse estudo, foram

mencionados por 28 (82,4%) participantes. O quadro 14 mostra as respostas pelos

participantes para essa questão.

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Quadro 14: Respostas dadas pelos participantes para a questão 11 do questionário

inicial

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

Complementando a questão 11, os participantes foram questionados se

conheciam outras brincadeiras além daquelas descritas no quadro 12. Nesse sentido, 12

(35,3%) participantes responderam essa questão informando que as outras brincadeiras

que conhecem são: paredão, polícia e ladrão, pega-pega, bodinho memé, futebol, vôlei,

basquete, jogar peão, mamãe da rua, café com leite, corta três, rouba monte, garrafão,

açougue, jogos de cartas, cabra cega, estreiar nova cela e papai e mamãe.

A análise das respostas dadas para a questão 12: Das brincadeiras acima

qual(is) a(s) que, além de conhecer, você já brincou? mostra que 18 (52,9%)

participantes responderam que brincaram algumas das brincadeiras que conhecem, 13

(38,3%) informaram que brincaram todas as brincadeiras marcadas enquanto 3 (8,8%)

estavam ausentes das atividades escolares nesse dia. É importante ressaltar que dos 31

(91,2%) que responderam essa questão, 10 (32,3%) participantes brincaram com

carrinhos de rolimã.

Na questão 13 desse instrumento de coleta de dados, Cite em qual(is)da(s)que

você conhece ou já brincou: a) há uma competição entre os participantes b) pode haver

uma competição entre os participantes c) não há uma competição entre os

participantes, a análise dos dados mostra que, para 12 (35,3%) participantes, na

brincadeira Rouba-Bandeira há competição enquanto para 7 (20,6%) participantes

responderam que na brincadeira Soltar Pipa pode haver uma competição. Por outro

lado, para 3 (8,8%) participantes não há competição na brincadeira de Soltar Pipa. O

quadro 15 mostra as respostadas pelos participantes para essa questão.

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Quadro 15: Respostas dadas pelos participantes para a questão 13 do questionário

inicial

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

A análise das respostas dadas para a questão 14: Em sua opinião, uma

brincadeira poderia se transformar em um esporte praticado por atletas profissionais?

mostra que 24 (70,6%) participantes responderam que sim. Por exemplo, o participante

AM03 respondeu “sim, porque muitos esportes praticados surgiram de brincadeiras”.

Por outro lado, 5 (14,7%) participantes responderam que não. Por exemplo, a

participante CF05 respondeu que “não, porque são somente brincadeiras para

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distração”. É importante ressaltar que 2 (5,9%) participantes não responderam essa

questão enquanto 3 (8,8%) estavam ausentes das atividades escolares nesse dia. O

quadro 16 mostra as respostas dadas pelos participantes para a essa questão.

Quadro 16: Respostas dadas à questão 14 do questionário inicial

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

A análise das respostas dadas para a questão 15: Em sua opinião, os esportes são

praticados de uma maneira justa? mostra que 22 (64,7%) participantes responderam

sim para essa questão. Por exemplo, o participante CM03 respondeu que “Sim, pois a

justiça está na padronização das regras de forma democrática para todos”. Por outro

lado, 6 ( 17,7%) participantes responderam não para essa questão.

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Por exemplo, o participante BM04 respondeu que “Não, pois nem sempre

depende das pessoas”. Contudo, é importante ressaltar que 3 (8,8%) participantes não

responderam essa questão enquanto 3 (8,8%) estavam ausentes das atividades escolares

nesse dia. O quadro 17 mostra as respostas dadas pelos participantes para essa questão.

Quadro 17: Respostas dadas pelos participantes para a questão 15 do questionário

inicial

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

Finalizando a análise das respostas dadas para o questionário inicial, na questão

16 foi solicitada a opinião dos participantes desse estudo sobre o que é necessário para

que uma competição esportiva seja realizada em condições de igualdade entre os atletas.

Nesse sentido, os participantes deveriam marcar um x nos itens que poderiam escolher,

como, por exemplo, regras bem definidas, competidores com mesmo porte físico,

equipamentos padronizados, competidores do mesmo sexo, juízes e atletas com a

mesma idade.

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Nesse direcionamento, esses participantes também poderiam informar outras

respostas que não foram contempladas nessa questão. Por exemplo, a participante AF09

escreveu que “uniforme e lugar apropriado” são itens importantes para que uma

determinada competição seja realizada em condições de igualdade. O quadro 18 mostra

as respostas dadas pelos participantes desse estudo para essa questão.

Quadro 18: Opinião dos participantes sobre os critérios necessários para que uma

competição esportiva seja realizada em condições de igualdade entre os atletas

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

Após a apresentação e a análise dos dados qualitativos e quantitativos obtidos

pelas respostas dadas pelos participantes desse estudo para o questionário inicial,

apresenta-se a análise das informações contidas nos dados qualitativos e quantitativos

dos blocos de atividades do registro documental.

3.2. Apresentação e Análise das Informações contidas nos Dados Qualitativos

(QUAL) e Quantitativos (quan) dos Blocos de Atividades do Registro

Documental

O registro documental foi utilizado como um instrumento de coleta de dados que

reuniu informações qualitativas e quantitativas que auxiliaram o professor-pesquisador

na análise dos dados provenientes das atividades propostas.

Esse registro contém 4 (quatro) blocos de atividades (Apêndices IV, V, VI, VII)

relacionadas com o desenvolvimento da modelagem matemática como um ambiente de

aprendizagem para o desenvolvimento de uma prática esportiva relacionada com os

carrinhos de rolimã.

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93

3.2.1. Bloco de Atividades 1: Apresentação do Tema e Experimentando uma

Corrida de Carrinhos

Esse bloco de atividades (Apêndice IV) foi realizado no dia 13 de Março de

2017, com início às 21h15min e término às 22h15min, ou seja, iniciou-se no terceiro

horário de aula, durante a aula de matemática e se estendeu até o horário seguinte, que

foi cedido pela professora de Física.

A análise dos dados mostra que 28 (82,4%) participantes realizaram as

atividades propostas nesse bloco enquanto 6 (17,6%) estavam ausentes das atividades

escolares nesse horário de aula. O quadro 19 mostra as 04 (quatro) atividades realizadas

nesse bloco do registro documental.

Quadro 19: Atividades realizadas no primeiro bloco do registro documental

Data Hora Atividade Objetivo

13/03/2017

Das

21h15min

às

21h25min

a) Apresentação

do vídeo

intitulado People

are Awesome

201511

.

b) Agrupamento

dos participantes.

a) Apresentar a proposta de estudo.

b) Discutir a problemática relacionada com as

práticas esportivas e as competições.

c) Discutir sobre a necessidade de

padronização dos equipamentos utilizados nos

esportes.

d) Organizar os participantes em equipe.

13/03/2017

Das

21h25min

às

21h35min

a) Escolha dos

carrinhos.

a) Dar oportunidade para que os participantes

de cada grupo discutam entre si para que

possam chegar a um consenso sobre a escolha

do carrinho para a competição.

b) Verificar se dentre os critérios de escolha

surgem conceitos matemáticos para justificar o

desempenho dos carrinhos durante a corrida.

13/03/2017

Das

21h35min

às

21h55min

a) Corrida de

carrinhos.

a) Proporcionar uma experiência de

competição em que os carrinhos apresentem

diferenças ou similaridades em seu

desempenho apesar da inexistência de um

modelo padrão.

b) Verificar o envolvimento dos participantes

e a relação entre os competidores nessa

competição.

13/03/2017

Das

21h55min

Às

22h15min

a) Aplicação do

questionário da

atividade

(Apêndice VIII).

a) Verificar a opinião dos participantes sobre

as condições do desenvolvimento da

competição: se concordam com o resultado, se

há necessidade de uma padronização dos

carrinhos e se concordam que a matemática

pode ajudar nessa padronização.

Fonte: Arquivo pessoal do professor- pesquisador

11

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=vLT3A0a3hoQ. Acesso em 10/03/2017.

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94

Continuando com o desenvolvimento das tarefas desse bloco, na primeira

atividade, os participantes assistiram a um vídeo de, aproximadamente, 3 minutos,

intitulado People are Awesome 2015, que mostra diversas pessoas praticando algum

tipo de esporte, sendo que a maioria deles é um esporte radical.

Nesse vídeo, a intenção dos praticantes era de exibição ou de superação de suas

próprias marcas para estabelecer novos recordes ou executar manobras que possuem um

grau de dificuldade elevado e, até mesmo, manobras inéditas, porém, sem nenhum tipo

de disputa ou competição na maior parte dessas atividades esportivas.

Para essa apresentação foi reservada a sala de vídeo da escola, porém, não foi

possível utilizá-la, pois os cabos necessários para a instalação do computador estavam

em poder de uma funcionária da escola que estava ausente nesse dia. Então, o vídeo foi

mostrado no computador do professor-pesquisador, dificultando a visualização de

alguns participantes.

Contudo o objetivo proposto foi alcançado, pois a pretensão do professor-

pesquisador foi mostrar a prática de esportes sem a intenção da competição entre os

atletas. Além disso, ficou acordado entre o professor-pesquisador e os participantes

desse estudo que, no próximo encontro, esse vídeo seria reapresentado.

Na sequência, os participantes se agruparam em quatro grupos o

desenvolvimento de uma atividade relacionada com uma corrida de carrinhos. Contudo,

quando os grupos estavam sendo formados, os participantes AU04 e AU05 foram para

casa e não participaram dessa atividade.

É importante ressaltar que o participante CM06 foi incluído no grupo C a partir

da realização do segundo bloco de atividades, que foi realizado no dia 24 de Abril de

2017, quando se transformou em participante dessa pesquisa. Nesse contexto, esse

participante estava ausente das atividades escolares no dia da aplicação do primeiro

bloco de atividades. O quadro 20 mostra a distribuição dos participantes nos grupos

formados no dia 13 de Março de 2017.

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Quadro 20: Distribuição dos participantes em cada grupo no dia 13 de março de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Por conseguinte, o quadro 21 mostra como ficou a distribuição dos

participantes em cada grupo formado a partir do dia 24 de Abril de 2017.

Quadro 21: Distribuição dos participantes em cada grupo a partir de 24 de abril de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Considerando que foram aplicados outros blocos de atividades, em dias

posteriores, em que também houve a necessidade da reunião dos grupos, os alunos que

estavam ausentes no dia 13 de Março de 2017, no momento da formação dos grupos,

foram convidados a se alocarem em um dos grupos de acordo com as suas vontades e,

sempre que houvesse um acréscimo no número de elementos desses grupos, essa

distribuição seria atualizada por meio da elaboração de um novo quadro.

Na atividade 2 desse bloco, os participantes escolheram um carrinho da marca

Hot Wheels12

para a realização de uma competição de corrida. Para essa escolha, o

professor-pesquisador disponibilizou 18 carrinhos de tamanhos, formas e estados de

conservação diferentes. A figura 8 mostra um kit com os 18 carrinhos da marca Hot

Wheels.

12

Hot Wheels é uma marca de carrinhos de brinquedo americana da categoria die-cast, que engloba

modelos em miniatura confeccionados de metal injetado, nas mais variadas escalas. Esses carros foram

introduzidos pela indústria de brinquedos Mattel em 1968. Atualmente, a Hot Wheels é a fabricante mais

famosa de carros de brinquedo. Para informações, consultar: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hot_Wheels.

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Figura 8: Kit com os 18 carrinhos da marca Hot Wheels

Fonte: Foto de Rogério Braga Soares

Por decisão do professor-pesquisador foi realizado um sorteio para definir a

ordem de escolha dos carrinhos pelos participantes de cada grupo. A ordem de escolha

dos carrinhos definida pelo sorteio foi: 1) grupo D, 2) grupo C, 3) grupo B e 4) grupo A.

Os participantes de cada grupo tiveram no máximo três minutos para escolherem o

carrinho, contudo, essa escolha foi realizada em um tempo inferior ao programado. O

quadro 22 mostra os carrinhos escolhidos pelos participantes de cada grupo.

Quadro 22: Carrinhos escolhidos pelos participantes de cada grupo

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Ao final desse bloco de atividades, os participantes responderam um

questionário sobre as atividades propostas. A análise das respostas dadas para a questão

1: Quais foram os fatores que os influenciaram na escolha do carrinho? mostra que 28

(82,4%) participantes responderam quais foram os fatores que os influenciaram na

escolha dos carrinhos.

Por exemplo, o participante DM03 respondeu que esses fatores estavam

relacionados com as “rodas, o tamanho em comprimento que ajuda o carrinho a ter

instabilidade e pneus finos que proporcionam mais velocidade”. O quadro 23 mostra as

respostas dadas pelos participantes desse estudo para essa questão.

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Quadro 23: Fatores que influenciaram a escolha do carrinho Hot Wheels

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Para a terceira atividade desse bloco, foi realizada uma competição com os

carrinhos escolhidos pelos participantes, em uma pista construída pelo professor-

pesquisador com sobras de perfil de alumínio e de trilho para cortinas e, também, com

retalhos de madeira. A inclinação da pista foi definida de maneira arbitrária pelo

professor-pesquisador, e, além disso, foi reduzida no momento da realização das provas

de maneira improvisada com uma bolsa de lápis. A figura 9 mostra a pista utilizada na

corrida de carrinhos e o detalhe da improvisação para reduzir a sua inclinação.

Figura 9: Pista utilizada na corrida de carrinhos

Fonte: Foto de Rogério Braga Soares

O professor-pesquisador realizou um sorteio para definir as equipes

competidoras das duas provas. As equipes vencedoras das provas 1 e 2 se classificaram

para a prova final, sendo que a equipe vencedora dessa prova foi considerada campeã.

Conforme solicitação realizada pelo professor-pesquisador, os participantes de

cada grupo elegeram dois integrantes para se aproximar da pista, um para observar a

largada e o outro para observar a chegada. O(a) participante que estava acompanhando a

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largada seria também o(a) responsável pelo alinhamento do carrinho e liberá-lo na pista

quando o professor-pesquisador dissesse “já”, contudo, sem exercer força sobre esse

brinquedo. Ficaram responsáveis pela observação da largada os(as) participantes, AM03,

BM02, CM03 e DM01. Os(as) participantes AM02, BF05, CM02 e DM02, foram os

escolhidos para a observação da chegada do carrinhos.

Porém, na realização da primeira prova, um carrinho foi liberado antes do outro,

queimando a largada. Então, o participante BM01 sugeriu que uma música fosse tocada

e, quando parasse, os carrinhos seriam liberados. Contudo, essa sugestão não foi aceita

por todos os participantes, pois alegaram que não surtiria o efeito esperado, pois era

semelhante ao procedimento adotado anteriormente.

Em seguida, o participante CM02 sugeriu a utilização de uma trava para alinhar

os carrinhos e, quando fosse retirada, os dois brinquedos largariam juntos. Essa sugestão

foi aceita por todos os participantes. Assim, para a largada foi utilizada uma régua de

acrílico transparente para travar os carrinhos, alinhando-os. O professor-pesquisador

liberou os carrinhos para a corrida e em todas as provas realizadas a largada foi bem

sucedida.

Na chegada, também houve polêmica, pois foi difícil verificar qual carrinho

tinha chegado na primeira posição, pois a olho nu pareceu haver empate na chegada da

primeira prova. Então, o participante DM02 sugeriu que a chegada fosse filmada com o

auxílio de seu celular que possui o recurso de filmar em câmera lenta. Todos os

participantes concordaram com essa proposta.

Sendo assim, o competidor que estava observando a chegada dos carrinhos

utilizou o celular do participante DM02 para gravar o final da prova em câmera lenta

para definir o vencedor de cada corrida com mais clareza e, desse modo, com a

utilização desses vídeos foi possível estabelecer qual carrinho foi vencedor em todas as

provas realizadas.

Na primeira prova, houve competição dos carrinhos dos grupos A e D, sendo que

o carrinho do grupo D foi o ganhador da prova. Na segunda prova, competiram os

carrinhos dos grupos B e C, sendo que o carrinho do grupo B ganhou essa prova.

Portanto, a corrida final foi disputada pelos carrinhos dos grupos B e D, sendo que o

carrinho do grupo D ganhou essa prova, sendo declarado o campeão dessa competição.

Em seguida, os participantes responderam um questionário sobre a realização

dessa atividade que continha 8 (oito) questões abertas sobre: a) as condições em que a

competição se desenvolveu, como, por exemplo, os fatores que os influenciaram na

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escolha do carrinho, se houve condições de igualdade na realização da corrida, se os

critérios utilizados foram bons para todos os competidores, se existe a necessidade de

padronização de procedimentos, como essa padronização pode ser realizada, quais são

as grandezas que podem ser consideradas nessa prática e b) como a matemática poderia

contribuir para que essa competição ocorresse de uma maneira justa.

A análise das respostas dadas para a questão 2: A corrida de carrinhos

aconteceu em condições de igualdade? Justifique. mostra que 21 (61,8%) participantes

responderam que sim, pois todos os integrantes dos grupos tiveram a chance de escolher

os carrinhos e a largada foi realizada ao mesmo tempo. Por exemplo, o participante

AM03 argumentos que sim, “pois todos tiveram a opção de escolher os carrinhos”

enquanto a participante AF06 afirma que foi “usada uma barragem [régua] para os

carrinhos descerem juntos”.

Similarmente, para o participante AM02, a utilização da régua possibilitou que

os “carrinhos saíssem na mesma hora”. Por outro lado, 7 (20,6%) participantes

responderam que não, pois os carrinhos tinham tamanhos e pesos diferentes. Por

exemplo, a participante BF05 respondeu que não porque os “carros têm dimensões e

pesos diferentes”. O quadro 24 mostra as justificativas dadas pelos participantes desse

estudo para essa questão.

Quadro 24: Respostas dadas para a questão 2 do primeiro bloco de atividades

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Complementando a questão 2, as respostas dadas para a questão 3: Os critérios

utilizados foram bons para todos os competidores? Por quê? mostram que 25 (73,6%)

participantes responderam que os critérios utilizados foram bons para os competidores.

Por exemplo, o participante AM02 afirmou que “todos concordaram com as regras”

enquanto a participante BF05 respondeu que “todos tiveram a mesma oportunidade para

a escolha dos carrinhos”.

Por outro lado, 2 (5,9%) participantes responderam que os critérios utilizados

não foram bons. Por exemplo, o participante BM02 argumentou que os “carrinhos

escolhidos não tinham o mesmo padrão de tamanho e peso”. Ressalta-se que 1 (2,9%)

participante, BM04, afirmou que não sabia responder essa questão, mas justificou que os

critérios utilizados “foram justos”. O quadro 25 mostra as respostas dadas pelos

participantes desse estudo para essa questão.

Quadro 25: Respostas dadas para a questão 3 do primeiro bloco de atividades

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Continuando com essa análise, as respostas dadas para a questão 4: Existe a

necessidade de padronização dos carrinhos? Explique, mostram que 17 (50%)

responderam que os carrinhos precisam ser padronizados para a competição. Por

exemplo, o participante AM01 afirmou que essa padronização é necessária “para que

todos os carrinhos estejam no mesmo nível para a competição”.

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Por outro lado, 11 (32,4%) responderam não para essa questão. Por exemplo, o

participante AM03 respondeu que os carrinhos não precisam de padronização, “pois,

assim, cada um pode escolher o carro do seu jeito”. O quadro 26 mostra as respostas

dadas pelos participantes e as suas justificativas.

Quadro 26: Respostas dadas para a questão 4 do primeiro bloco de atividades

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Complementando a questão 4, o quadro 27 mostra as respostas dadas por 28

(82,4%) participantes para a questão 5: Quais são os elementos importantes para que o

objetivo da padronização seja alcançado?

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Quadro 27: Respostas dadas para a questão 5 do primeiro bloco de atividades

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

O quadro 28 mostra a análise das respostas dadas por 28 (82,4%) participantes

para a questão 6: Como a matemática pode contribuir para essa padronização?. Por

exemplo, para o participante BM04 essa contribuição é dada pela utilização de

“raciocínios lógicos e teóricos, além dos números e da didática” enquanto a participante

BF05 respondeu que essa contribuição é verificada na “filmagem, cronômetro e peso”.

Quadro 28: Respostas dadas à questão 6 do primeiro bloco de atividades

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Complementando a questão 6, o quadro 29 mostra as respostas dadas por 28

(82,4%) participantes para a questão 7: Como a matemática pode contribuir para essa

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padronização? enquanto 6 (17,6%) participantes estavam ausentes das atividades

escolares nesse dia. Por exemplo, o participante CM02 afirmou que a matemática pode

ser utilizada na padronização dos carrinhos de rolimã por meio do “cálculo do diâmetro,

grau de inclinação da pista e massa do carro”.

Quadro 29: Respostas dadas para a questão 7 do primeiro bloco de atividades

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

A análise das respostas dadas pelos participantes para a questão 8: Em sua

opinião, a padronização de procedimentos torna a competição mais justa? Explique,

mostra que 26 (76,6%) participantes afirmam que “Sim”. Por exemplo, o participante

AM01 respondeu que “Sim, pois assim todos os carrinhos seriam matematicamente

iguais” enquanto o participante CM02 respondeu que “Sim, pois é justo que todos os

carros sejam praticamente iguais, sendo que o que vale é o preparo do piloto e a sua

dedicação”.

Por outro lado, 1 (2,9%) participante respondeu que “Não sei”, 1 (2,9%) não

respondeu essa questão enquanto 6 (17,6%) estavam ausentes das atividades escolares

nesse dia. O quadro 30 mostra as respostas dadas pelos participantes para essa questão.

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Quadro 30: Respostas dadas para a questão 8 do primeiro bloco de atividades

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

A seguir, apresenta-se a análise dos dados qualitativos e quantitativos dos dados

coletados no bloco de atividades 2 do registro documental desse estudo.

3.2.2. Bloco de Atividades 2: Apresentação do carrinho de rolimã, a competição e

a proposta de padronização

Esse bloco de atividades (Apêndice V) foi realizado no dia 24 de Abril de 2017,

com início no segundo horário de aula às 19h45min e término às 21h45min, no quarto

horário de aula. Assim, esse bloco iniciou-se durante a aula de Diversidade, Inclusão e

Mundo do Trabalho, continuou após o intervalo da merenda, no horário de aula de

Matemática e terminou após os cinco minutos iniciais do quarto horário, que foram

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cedidos pela professora de Física. O quadro 31 mostra as atividades desenvolvidas pelos

participantes nesse bloco.

Quadro 31: Atividades desenvolvidas no segundo bloco

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

A análise dos dados mostra que 28 (82,4%) participantes estavam presentes e

que 6 (17,6%) estavam ausentes das atividades escolares nesse dia. Para a realização

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desse bloco de atividades não houve a necessidade da reunião dos participantes em

grupos, pois as apresentações foram realizadas pelo professor-pesquisador.

Assim, cada participante recebeu uma cópia dos textos e as discussões sobre os

temas abordados aconteceram entre todos os participantes. Além disso, a atividade

aplicada no final desse bloco foi resolvida individualmente (Apêndice XI).

Conforme combinado no último encontro, esse bloco de atividades teve início

com a reapresentação do vídeo “People are Awesome 2015”. Para a apresentação do

vídeo em sala de aula foi utilizado um projetor de propriedade do professor-

pesquisador.

As anotações registradas no diário de campo do professor-pesquisador sobre a

exibição do vídeo mostram que os participantes estavam concentrados e esboçaram

reações de espanto, surpresa e dúvidas quanto à possibilidade de execução de certas

manobras realizadas pelos esportistas. Após a exibição do vídeo, o professor-

pesquisador iniciou um debate com os participantes por meio da colocação de algumas

questões relacionadas com a prática esportiva.

Primeiramente foi perguntado pelo professor-pesquisador: “Qual foi o assunto

do vídeo?”. Em seguida, o participante DM02 respondeu que o tema do vídeo estava

relacionado com “Esportes”, a participante BF06 disse que era “Radical, esporte

radical”, a participante BF05 respondeu que o vídeo mostrava “Basicamente esportes

radicais” enquanto o participante BM04 comentou que um tema importante mostrado no

vídeo era “desafiar a gravidade”.

Então, o professor-pesquisador perguntou para os participantes: “Vocês

observaram no vídeo alguma competição esportiva?”. Em seguida, os participantes

BM01 e BF05 responderam que houve competição somente nas provas “de bicicleta”

enquanto o participante BM04 afirmou que “Na verdade, é uma preparação para a

prática esportiva”.

Em seu diário de campo, o professor-pesquisador registrou a observação que,

após uma discussão com os participantes desse estudo, foi concluído que a prova das

bicicletas mostrada em um determinado trecho do vídeo era uma competição. Contudo,

o vídeo também mostrou que alguns competidores subiram uma escadaria carregando as

suas bicicletas enquanto um determinado competidor subiu essa mesma escadaria

montado em sua bicicleta, ganhando tempo na realização dessa etapa da prova.

A figura 10 mostra o trecho do vídeo em que o competidor executa essa

manobra subindo a escadaria montado em sua bicicleta.

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Figura 10: Print de tela mostrando o trecho do vídeo de uma competição entre ciclistas

Fonte: Vídeo People are Awesome (2015)

Nesse momento, o professor-pesquisador perguntou para os participantes: “Será

que isso seria permitido na competição?”. Em seguida, o participante BM01 respondeu

que “Seria!”, o participante DM02 disse que “Provavelmente sim?” enquanto a

participante BF05 respondeu que “Acho que sim”.

Continuando com essa discussão, o professor-pesquisador perguntou: “Como ele

subiu as escadas andando na bicicleta o prejuízo seria apenas dele, pois, provavelmente

teria um desgaste físico maior”. Nesse sentido, o participante BM01 respondeu: “Mas

ele ganhou tempo” enquanto o participante BM04 discordou do professor-pesquisador

argumentando que “Ganhou tempo e teve menos desgaste físico”.

De acordo com as colocações dos participantes, o professor-pesquisador

argumentou que o importante é que os atletas devem estar atentos ao regulamento para

não infringirem nenhuma regra. Nesse caso, os competidores deveriam subir a escadaria

com a bicicleta, mas não importava como fariam isso, apesar de que, esse competidor

poderia estar mais desgastado fisicamente, no entanto, teve o livre arbítrio de escolher

essa maneira de subir as escadarias.

Ainda, com relação à apresentação desse vídeo, o professor-pesquisador

perguntou para os participantes: “O que é necessário para uma competição ocorrer em

condições de igualdade?” Nesse sentido, é importante ressaltar que o professor-

pesquisador citou sobre o empilhamento de copinhos como um exemplo de competição

para complementar a questão realizada anteriormente, contudo, não houve tempo

suficiente para que os participantes desse estudo pudessem responder esse

questionamento.

Em seguida, complementando essa questão, o professor-pesquisador disse: “Por

exemplo, vamos observar a pilha de copos que o garoto realizou em certo intervalo de

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tempo. Pela vibração do garoto, mostrada no vídeo, ao concluir o empilhamento de

copos no tempo de 5 segundos, esse competidor havia estabelecido um recorde”. De

acordo com as anotações registradas no diário de campo do professor-pesquisador, não

houve comentários sobre esse assunto. A figura 11 mostra o print do vídeo em que

aparece o empilhamento de copos.

Figura 11: Print de tela mostrando trecho do vídeo em que um garoto desenvolve uma

prática de empilhar copos

Fonte: Vídeo People are Awesome (2015)

Então, o professor-pesquisador perguntou para os participantes: “O que seria

importante considerar para que essa prática fosse validada como uma competição

esportiva?”. Inicialmente, os participantes estavam silenciosos, mas, em seguida,

começaram a participar dessa discussão. Por exemplo, o participante BM01 respondeu

que seria importante considerar o “tempo de treinamento” para que essa prática fosse

considerada com uma competição esportiva.

Similarmente, o participante BM02 respondeu que seria o “tempo” enquanto a

participante BF08 comentou que seria o “relógio”. Nesse direcionamento, o professor-

pesquisador respondeu que: “Sim, o tempo é muito importante, afinal vence o

competidor que faz a sequência no menor tempo possível” enquanto o “relógio é o

instrumento utilizado para marcar o tempo, nesse caso o cronômetro, que é uma das

funções do relógio”.

Continuando com essa discussão, o professor-pesquisador também perguntou “O

que mais é preciso para que isso ocorra?”. Respondendo a essa questão, o participante

CM06 argumentou que “Teria que ter alguém para avaliar se realmente foi cumprido

naquele horário, naquele tempo, né? Alguém que fique de olho”. Então, o professor-

pesquisador respondeu que: “Sim, nesse caso eles estavam utilizando o recurso da

câmera filmadora como forma de registro”.

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Em seguida, o professor-pesquisador perguntou: “O que mais é preciso nessa

competição para que seja válida”? Então, o participante BM04 respondeu o “copo” e o

participante CM02 disse que era o “tamanho do copo”. Então, o professor-pesquisador

disse que:

Sim, afinal o garoto do vídeo treinou muito para aquele momento e,

imaginem se na hora de executar as pilhas de copos, fossem colocados

à sua disposição copos de tamanhos muito maiores do que o tamanho

dos copos que ele utilizou nos treinos.

Respondendo essa questão, o participante BM01 disse que “Atrapalharia”.

Então, o professor-pesquisador perguntou: “O que seria necessário nessa situação?”.

Nesse sentido, a participante AF07 disse que seria necessário utilizar o “mesmo copo” e

o participante CM06 respondeu que o “copo tem que seguir um padrão”. Em seguida, o

professor-pesquisador completou comentando que o “copo utilizado nessa competição

deve ser do mesmo tipo para todos os competidores, ou seja, deve ser padronizado”.

Para continuar com essa discussão, o professor-pesquisador retornou à pergunta

anterior: “O que mais é importante observar além do tamanho do copo?”. Em seguida, o

participante CM02 disse que era a “altura da mesa”, o participante DM01 respondeu que

eram as “Regras”, o participante AM01 afirmou que era o “material do copo” enquanto

a participante BF06 comentou que era a “quantidade de copos”.

Então, o professor-pesquisador argumentou que “também é necessário definir a

sequência dos movimentos executados e, para isso, a quantidade de copos é muito

importante na realização dessa ação”. Por conseguinte, os 28 (82,4%) participantes

concluíram que existe a necessidade de seguir padrões pré-definidos para que uma

brincadeira de empilhar copos pudesse ser transformada em uma competição enquanto 6

(17,6%) participantes não estavam presentes durante as aulas em que esse bloco de

atividades foi desenvolvido.

Continuando com a discussão sobre o vídeo, o participante CM06 comentou que

o “padrão coloca todo mundo no mesmo nível de possibilidade” enquanto o professor-

pesquisador complementou dizendo que, no vídeo, são apresentadas diversas atividades

que poderiam se transformar em uma competição e que, para isso, seria necessário

definir alguns padrões para que houvesse disputas em condições de igualdade entre os

competidores.

Nesse direcionamento, outro exemplo de brincadeira apresentada no vídeo e

apontada pelo professor-pesquisador como uma possibilidade de ser transformada em

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uma competição foi o trecho que mostrou uma equipe de futebol na qual os jogadores se

sentam em dois bancos formando duas filas. No final dessas filas, um cesto é

posicionado entre os dois bancos. Nessa brincadeira, os jogadores passam a bola de um

para o outro utilizando somente a cabeça.

Inicialmente, a bola é lançada pelo primeiro jogador da primeira fila para o

primeiro jogador da segunda fila, que cabeceia a bola para o segundo jogador da

primeira fila que cabeceia a bola para o segundo jogador da segunda fila e, assim

sucessivamente, até que o último jogador cabeceie a bola para dentro do cesto. Ressalta-

se que os atletas conseguiram realizar o desafio sem que a bola caísse no chão. A figura

12 mostra o trecho do vídeo em que aparece essa brincadeira.

Figura 12: Print de tela mostrando trecho do vídeo em que aparece a brincadeira entre

os atletas de uma equipe de futebol

Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Então, o professor-pesquisador perguntou: “O que é necessário padronizar para

criar uma competição esportiva a partir dessa brincadeira?”. Em seguida, o participante

CM02 respondeu que é necessário padronizar a “quantidade de jogadores” enquanto o

participante DM02 comentou que essa padronização deve estar relacionada com a “faixa

etária”. Para o participante CM06, o “posicionamento dos jogadores” é importante para

a padronização da brincadeira enquanto para o participante CM03, a “altura” é um fator

necessário para esse processo.

Em seguida, o professor-pesquisador perguntou; “E quanto aos equipamentos

utilizados, o que vocês acham? Por exemplo, a bola, cada equipe poderia utilizar a bola

que quisesse?”. Para essa questão, os 28 (82,4%) participantes presentes nesse dia

responderam que: “Não” enquanto 6 (17,6%) participantes estavam ausentes das

atividades escolares desse dia. Continuando a discussão, a participante BF06, por

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111

exemplo, comentou que os equipamentos “Teriam que ser padronizados” enquanto o

participante DM02 argumentou que o “cesto tem que ser igual”.

Finalizando a discussão sobre o vídeo, o professor-pesquisador ressaltou que,

para que as competições esportivas sejam criadas é necessário estabelecer alguns

padrões e que essa padronização pode ser conseguida por meio da matemática, pois

todos os itens apontados pelos participantes desse estudo se relacionam com

conhecimentos matemáticos, como, por exemplo, as quantidades, as medidas de

tamanho e as formas.

Portanto, o professor-pesquisador argumentou que: “Todos os esportes em que

se utiliza um determinado equipamento, se faz necessário que esse equipamento seja

padronizado, pois, caso contrário, seriam geradas polêmicas, desconfianças e a

competição não seria justa”.

No segundo momento, foram lidos dois textos (Apêndices XII e XIII)

intitulados: A polêmica das próteses e Os carrinhos de rolimã. No primeiro texto, lido

em voz alta pelo professor-pesquisador, o assunto tratado estava relacionado com a

polêmica envolvendo o para-atleta brasileiro Alan Fonteles e o para-atleta sul-africano

Oscar Pistorius em uma competição de atletismo realizada na Paraolimpíada de Londres

em 2012.

A intenção do professor-pesquisador foi mostrar para os participantes a

importância da padronização dos equipamentos utilizados nas competições esportivas,

portanto, ao final da leitura desse texto, foi ressaltada a importância do rigor nessa

padronização, bem como a fiscalização e validação dos equipamentos utilizados pelos

atletas visando evitar as polêmicas e injustiças nas competições.

O segundo texto, que foi lido em voz alta pelo participante AM02, estava

relacionado com a apresentação de um breve histórico dos carrinhos de rolimã,

mostrando como a prática dessa brincadeira está sendo resgatada. O objetivo desse texto

foi abordar o assunto relacionado com a brincadeira envolvendo os carrinhos de rolimã

cuja padronização, por meio da modelagem matemática, para uma competição esportiva

é o tema dessa investigação.

Na sequência, o professor-pesquisador relatou a sua experiência ao participar,

em 2015, de um evento intitulado Mundialito de Rolimã do Abacate, que é realizado

todos os anos em um bairro da região oeste da cidade de Belo Horizonte, em Minas

Gerais, sendo que, nesse ano, foi a sua quarta edição.

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O principal objetivo dessa apresentação foi mostrar para os participantes desse

estudo que, na cidade de Belo Horizonte, são realizados encontros culturais que

envolvem os carrinhos de rolimã e que esses eventos atraem a atenção de pessoas de

todas as idades gêneros e classes sociais, não só para assistirem, mas também para

participarem como competidores.

Assim, o professor-pesquisador iniciou a sua apresentação mostrando para os

participantes uma foto do regulamento do evento, ressaltando os pontos que lhe chamou

mais atenção. O primeiro ponto ressaltado foi o das categorias para a competição. A

figura 13 mostra a parte I do regulamento em que são destacadas as categorias.

Figura 13: Parte I do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Primeiramente, o professor-pesquisador esclareceu para os participantes os

critérios considerados em cada uma das categorias. Por exemplo, na categoria

Velocidade, os competidores disputavam uma prova descendo a pista e ganhava o(a)

competidor(a) que cruzasse a linha de chegada primeiro. Aconteceram várias baterias e

os vencedores avançavam para a próxima rodada até chegarem à disputa final.

Na categoria Manobra, os competidores desciam a pista e executavam manobras

com o carrinho. Essas manobras eram avaliadas por juízes que definiam as suas

pontuações, sendo declarado vencedor(a) o(a) competidor(a) com a maior pontuação.

Na categoria Estilo foram avaliados o visual do(a) piloto, o design do carrinho de

rolimã, a roupa do(a) piloto e o seu desempenho na descida da pista.

Em segundo lugar, o segundo ponto levantado pelo professor-pesquisador se

referiu à maneira como as baterias eram definidas, bem como a distinção entre os

competidores em cada uma dessas rodadas. Analisando o regulamento dessa disputa,

infere-se que as baterias eram definidas por sorteio e o seu número de competidores era

de 2 a 4. Como havia equipes com vários competidores, em determinadas baterias

tinham competidores da mesma equipe disputando entre si.

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113

É importante ressaltar que os membros das equipes queriam que houvesse

competições entre as equipes, mas de acordo com o regulamento isso nem sempre era

possível. Essas baterias eram divididas entre os subgrupos adulto e infantil, portanto, em

uma mesma bateria desciam competidores dos gêneros masculino e feminino. A figura

14 mostra a parte II do regulamento que destaca essa informação.

Figura 14: Parte II do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Em terceiro lugar, o professor-pesquisador comentou sobre as categorias

Velocidade e Manobra. De acordo com as informações contidas no regulamento infere-

se que os organizadores não se preocupam com a padronização dos carrinhos de rolimã,

destacando apenas que deveriam ser utilizados rolimãs para as rodas e madeira como

material para as demais peças do carrinho.

Além disso, o regulamento informa que não é permitida a utilização de outros

recursos que possam aumentar a velocidade do carrinho além de sua aerodinâmica. As

figuras 15 e 16 mostram as partes III e IV do regulamento que contém essas

informações.

Figura 15: Parte III do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 16: Parte IV do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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114

Em quarto lugar, o professor-pesquisador referiu-se à largada na qual era

permitido apenas o impulso dado pelos próprios competidores. A figura 17 mostra a

parte V do regulamento que aparece essa informação.

Figura 17: Parte V do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Finalizando a discussão sobre o regulamento, em quinto lugar, o professor-

pesquisador comentou que as regras da competição poderiam ser alteradas ou adaptadas

no decorrer da realização do evento. A figura 18 mostra a parte VI do regulamento em

que aparece essa informação.

Figura 18: Parte VI do regulamento do Mundialito de Rolimã do Abacate

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Após a apresentação e os comentários sobre o regulamento dessa competição, o

professor-pesquisador mostrou algumas fotos tiradas durante a sua permanência no

evento, com destaque para a largada e a chegada dos carrinhos de rolimã, para alguns

competidores, para a pista em que a competição foi realizada, para o centro cultural que

promoveu o evento e, também, para os tipos diversos de carrinhos utilizados pelos

competidores na categoria Velocidade.

As primeiras fotos apresentadas pelo professor-pesquisador mostraram o

momento da largada em duas das baterias da competição. Nessas fotos, o professor-

pesquisador destacou que a largada era realizada com os competidores alinhados, um ao

lado do outro. A figura 19 mostra a largada de uma bateria infantil entre dois

competidores do gênero masculino.

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115

Figura 19: Momento da largada de uma bateria infantil no Mundialito de Rolimã do

Abacate

Fonte: Foto de Rogério Braga Soares

A figura 20 mostra o momento da largada de uma bateria entre quatro

competidores, sendo dois meninos e duas meninas.

Figura 20: Momento da largada de uma bateria infantil no Mundialito de Rolimã do

Abacate

Fonte: Foto de Rogério Braga Soares

Continuando com a sua apresentação, o professor-pesquisador mostrou para os

participantes desse estudo três fotos com as partes inicial, central e final da pista. Na

primeira foto destacou o fato de que esse primeiro trecho do circuito era reto. A figura

21 mostra a parte inicial da pista.

Figura 21: Parte inicial da pista de corrida de carrinhos de rolimã

Fonte: Foto de Rogério Braga Soares

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116

A figura 22 mostra a parte central da pista utilizada para a competição de corrida

de carrinhos.

Figura 22: Parte central da pista de corridas de carrinhos de rolimã

Fonte: Foto de Rogério Braga Soares

A figura 23 mostra a parte final da pista de corrida em que é possível ver a linha

de chegada.

Figura 23: Foto do trecho final da pista de corrida utilizada no Mundialito de Rolimã do

Abacate

Fonte: Foto de Rogério Braga Soares

Após a apresentação dessas fotos, o professor-pesquisador iniciou uma discussão

com os participantes desse estudo, comentando: “Como vocês puderam observar nas

fotos, a pista é extensa e ficou possível ver todo o trajeto, desde a largada até a

chegada”.

Então, o professor-pesquisador solicitou que os participantes observassem a

última foto apresentada, destacando que: “Observem que aqui nesse trecho temos a

linha de chegada e que lá atrás está a largada, porém, da linha de chegada não é possível

ver a linha de largada”. Então, perguntou: “Porque não é possível esta visualização?”.

Nesse sentido, o participante BM04 respondeu que a pista era “uma curva”

enquanto a participante BF05 ao mesmo tempo também respondeu que era “porque a

pista é uma curva”. Nesse direcionamento, o professor- pesquisador concordou com

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117

esses participantes, comentando: “Muito bem, é uma curva, então, vocês podem

perceber que a competição ocorre numa pista em que uma parte da trajetória é curva”.

As anotações do diário de campo do professor-pesquisador mostram que nesse

momento, o participante BM01 comentou em tom mais baixo que “aí não pode, né?”

enquanto a participante BF05 disse que “talvez, essa curva poderia favorecer alguém, eu

acho!”.

Consequentemente, o professor-pesquisador perguntou: “Vocês acham que a

curva pode favorecer alguém?”. Então, a participante BF05 comentou que “Eu creio que

sim, naquelas corridas que têm aquelas curvas, os carros não largam lá atrás, como é

que chama mesmo gente, aquelas corridas?”. O participante BM04 disse que era

“Fórmula 1, pois normalmente é um carro atrás do outro por causa da curva”.

Desse modo, visando reforçar a trajetória curvilínea do circuito, o professor-

pesquisador mostrou a figura 24 com a localização do evento, destacando a pista da

corrida.

Figura 24: Mapa da localização da rua onde é realizado o Mundialito de Rolimã do

Abacate

Fonte: https://www.google.com.br/maps/place/Rua+Magi+Salomon,+58+-

+Salgado+Filho,+Belo+Horizonte+-+MG

Em seguida, o professor-pesquisador comentou que:

Essa foto mostra o local onde acontecem as competições e, como

professor de matemática, uma das coisas que me chamou a atenção

durante as corridas foi a trajetória da pista e pelo fato de ser uma curva

poderia favorecer um competidor em relação ao outro em uma bateria

de classificação, pois eles largavam alinhados um ao lado do outro.

Depois, o professor-pesquisador perguntou: “Porque o fato de a trajetória ser

uma curva poderia beneficiar alguém? Porque, como você [aluna BF05] colocou, os

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118

carros deveriam sair um à frente do outro?”. Então, o participante BM01 respondeu que

“Porque senão bate” enquanto a participante BF05 argumentou que “Nem sempre é

questão de bater, acho que é questão de você manobrar pra fazer a curva”.

Por outro lado, o participante BM04 comentou que “Esse lance de sair um na

frente do outro é, depende da forma que cê foi classificado, por exemplo, cê foi

classificado pra sair em primeiro, cê ficou com a pole13

, só essa questão, mas eu boto fé

que o mais louco é sair perfilado, todo mundo”.

Então, o professor-pesquisador comentou sobre o termo Pole Position,

explicando que em uma competição de automobilismo existe um critério para definir a

largada. Nesse critério, os pilotos participam de uma fase da competição denominada de

treino livre em que os pilotos correm voltas na pista para determinar a Pole Position que

é obtida pelo piloto que gastar o menor tempo para completar uma volta no circuito.

Continuando com essa discussão, o professor-pesquisador destacou ainda que o

tempo não é a única grandeza importante em uma competição e, em seguida, perguntou

para os participantes: “Quais são as outras grandezas que devem ser consideradas numa

competição dessas?”.

Nesse sentido, a participante CF05 disse “Velocidade” e o professor-pesquisador

perguntou: E qual mais? Temos outra grandeza muito importante envolvida, qual

seria?”. Então, o participante CM06 perguntou: “A distância?”. O professor-pesquisador

disse:

Exatamente, a distância. É fundamental que os pilotos percorram a

mesma distância, quer dizer, os pilotos de Fórmula 1 dão voltas

individualmente, mas todos dão a mesma volta, o percurso tem que ser

o mesmo para todos os pilotos e o piloto que percorrê-lo em menos

tempo terá a vantagem na largada.

Nesse momento, o participante BM04, se referindo à trajetória curvilínea ao

Mundialito de Rolimã do Abacate, disse: “Nesse caso, se sair um do lado do outro não

vai ser a mesma distância”. Por conseguinte, o professor-pesquisador completou a fala

desse participante dizendo: “Exatamente, não seria a mesma distância pelo fato de ser

13

O termo Pole foi utilizado pelo participante BM04 para se referir à expressão Pole Position, que no

automobilismo indica o melhor e mais vantajoso lugar para a largada de uma corrida, ou seja, na primeira

fila, na parte interna da curva. Esse termo automobilístico começou a vigorar na língua inglesa na década

de 1950 com o mesmo significado da expressão utilizada desde o século XIX nas corridas de cavalos.

Pole, em inglês, significa poste ou estaca e, na expressão original, pole position se refere à estaca que

indicava o ponto de partida na raia interna da curva na pista de corrida de cavalos. Em sentido figurado,

pole position também designa o líder, em posição dominante. Fonte:

http://www.teclasap.com.br/curiosidades-pole-position/ Acesso em: 23 de Julho de 2017.

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119

uma curva”. Continuando com essa discussão, o professor-pesquisador perguntou: “Do

ponto de vista matemático o que seria essa curva?”.

Então, o participante BM02 perguntou: “Ângulo?” e o professor-pesquisador

disse: “O ângulo é um elemento importante em uma curva, mas em relação a uma

determinada figura geométrica o que a curva nos sugere?”. Nesse direcionamento o

participante BM01 respondeu que era o “Círculo”.

Em seguida, o professor-pesquisador desenhou na lousa um círculo, explicando

a sua definição para os participantes e, na sequência, explicou a definição de

circunferência, destacando a diferença entre esses dois elementos geométricos.

Posteriormente, destacou que, na circunferência, o tamanho de seu raio influencia na

medida de seu comprimento.

A partir dessas informações e retornando para a pista de corrida ainda

representada na lousa, o professor-pesquisador disse que essa pista é uma parte da

circunferência, ou seja, um arco de circunferência cuja medida do raio também

influencia o seu comprimento. Nesse contexto, os pilotos que descem a pista, lado a

lado, percorrem trajetórias em forma de arcos de circunferências de raios diferentes,

portanto, de comprimentos diferentes, tornando, assim, a competição injusta.

Continuando a apresentação das fotos do evento, o professor-pesquisador

começou a focar nos carrinhos de rolimã utilizados na competição de corrida e

apresentou diversas fotos mostrando os diferentes tipos de carrinhos de rolimã que

foram utilizados nessa competição. As figuras 25 e 26 mostram os carrinhos de rolimã I

e II de competidores dessa corrida.

Figura 25: Carrinho I utilizado por um competidor no Mundialito de Rolimã do Abacate

Fonte: Foto de Rogério Braga Soares

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Figura 26: Carrinho II utilizado por um competidor no Mundialito de Rolimã do

Abacate

Fonte: Foto de Rogério Braga Soares

No decorrer da apresentação dessas imagens, o professor-pesquisador relatou

para os participantes que, havia observado, durante sua permanência no evento, a

indignação de alguns espectadores que argumentavam ser injusta uma corrida entre os

dois tipos de carrinhos que eram muito diferentes.

Como se pode inferir, o carrinho da figura 25 não atendia às exigências do

regulamento com relação à utilização de apenas rolimãs para as rodas. Então, a

participante AF07 perguntou: “Ficou por isso mesmo?”. O professor-pesquisador

respondeu: “Sim, pois essa bateria foi concluída e o seu resultado validado pelos

organizadores”. O professor-pesquisador também informou que o carrinho da figura 25

venceu a prova.

Depois da apresentação das fotos, o professor-pesquisador exibiu para os

participantes os quatro vídeos que foram gravados nesse evento, que mostraram os

competidores descendo a pista em seus carrinhos de rolimã, sendo que, os dois

primeiros vídeos eram de duas baterias eliminatórias infantis.

O professor-pesquisador também informou que, durante esse evento, havia

alguns momentos em que a pista era liberada para quem quisesse descê-la com o seu

carrinho de rolimã apenas por diversão, assim, os outros dois vídeos apresentados

mostraram essas situações que ocorreram durante a realização desse evento.

Finalizando a discussão sobre esse evento, o professor-pesquisador argumentou

que diante de todas essas evidências, esse evento não poderia ser considerado como uma

competição séria em que os pilotos competiriam entre si em condições de igualdade.

Contudo, é importante ressaltar que, de acordo com o regulamento: “O intuito é brincar

acima de qualquer competição”.

Assim, nessa competição, a brincadeira era mais importante, pois, caso

contrário, seriam muitas as polêmicas e indignações por parte das equipes e

competidores e o evento poderia ter um final diferente dos objetivos propostos pelo

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grupo cultural organizador, que está relacionado com “promover a paz, o amor e a folia

na rua”.

Continuando com a realização das atividades desse bloco, o professor-

pesquisador argumentou com os participantes que o carrinho de rolimãs é uma

brincadeira antiga e que muitos alunos brincaram com esses carrinhos, porém, uma

competição não pode ser realizada de qualquer maneira, pois é preciso seguir alguns

padrões e algumas regras bem definidas.

Nesse sentido, o professor-pesquisador propôs para os participantes a

elaboração de um projeto de um carrinho de rolimã e a montagem desse carrinho de

rolimã [Terceiro bloco de atividades] para ser utilizado em uma competição esportiva

[Quarto bloco de atividades].

Dessa maneira, o professor-pesquisador explicou aos participantes que,

trabalhando em seus respectivos grupos, eles desenvolveriam o projeto de um carrinho

de rolimã, utilizando os conhecimentos matemáticos que adquiriram no decorrer de suas

vivências em sala de aula. Nesse projeto, os participantes definiriam a quantidade de

peças do carrinho, as suas formas geométricas e os seus tamanhos e denominações.

Por conseguinte, o projeto final, elaborado em conjunto por todos os

participantes dos grupos a fim de obter uma padronização dos carrinhos de rolimã foi

encaminhado para um marceneiro para a construção das peças de madeira.

As peças de metal seriam fornecidas pelo professor-pesquisador e, de posse de

todas as peças do carrinho, os participantes verificariam se as mesmas estavam de

acordo com o projeto que elaboraram. Em seguida, os participantes, em grupos,

montariam os seus carrinhos, um por grupo, para uma posterior validação em uma

competição esportiva entre esses grupos.

Durante a explicação do professor-pesquisador, os participantes se mostraram

interessados em desenvolver essa atividade, por exemplo, o participante CM06

comentou: “Caraca, fessor! Nunca tive uma aula de matemática tão da hora” enquanto o

participante BM01 disse: “Vou me sentir um engenheiro”.

Em seguida, o professor-pesquisador perguntou se todos haviam entendido a

proposta dessa atividade. Não houve questionamentos por parte dos participantes.

Posteriormente, o professor-pesquisador informou que no próximo encontro, os

participantes receberiam mais informações sobre a atividade a ser desenvolvida.

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Finalizando a realização do segundo bloco de atividades, o professor-

pesquisador distribuiu uma questão do ENEM de 2011 para os participantes resolverem.

A figura 27 mostra a questão 166 da prova cinza do ENEM de 2011.

Figura 27: Questão 166 da prova cinza do Enem de 2011

Fonte: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2011/06_CINZA_GAB.pdf. Acesso em

24 de julho de 2017

Esse exercício foi aplicado como uma questão aberta para ser resolvida

individualmente pelos participantes em uma folha de papel A4. O professor-pesquisador

solicitou que os participantes respondessem essa questão e justificassem a sua resposta.

Dessa maneira, 11 (32,4%) responderam raia 1 e justificaram a sua resposta. Por

exemplo, o participante AM01 respondeu que o atleta da “primeira raia, pois a pista é

mais fechada e o raio fica menor”. Similarmente, 8 (23,5%) participantes responderam

raia 1, mas não justificaram a sua resposta.

Por outro lado, 3 (8,8%) participantes responderam raia do canto. Por exemplo, a

participante BF07 respondeu que o “competidor da raia do canto, pois a curva é menos

acentuada” enquanto 2 (5,9%) participantes não responderam em qual raia o corredor

seria beneficiado, apesar de terem dado uma resposta para a questão. Por exemplo, a

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participante CF05 respondeu que “Sim, pois o atleta que estiver na raia menor irá fazer

a prova no menor tempo”.

É importante ressaltar que 4 (11,8%) participantes não responderam essa questão

enquanto 6 (17,6%) participantes estavam ausentes das atividades escolares nesse dia. O

quadro 32 mostra as respostas dadas pelos participantes desse estudo para essa questão.

Quadro 32: Respostas dadas pelos participantes para o exercício final do segundo bloco

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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124

A seguir, apresenta-se a análise dos dados qualitativos e quantitativos dos dados

coletados no terceiro bloco de atividades do registro documental desse estudo.

3.2.3. Bloco de Atividades 3: Elaboração dos Projetos, Montagem dos Carrinhos e

Validação

O terceiro bloco de atividades começou a ser aplicado no dia 29 de Maio de

2017. Nesse dia, os participantes se reuniram em grupos, mantendo a formação inicial.

Dos 34 (100,0%) participantes, 21 (61,8%) estavam presentes enquanto 13 (38,2%)

estavam ausentes das atividades escolares nesse dia. O quadro 33 mostra a quantidade

de participantes presentes nesse dia em cada grupo.

Quadro 33: Participantes presentes em cada grupo no dia da aplicação das atividades do

terceiro bloco

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Nesse bloco de atividades, os participantes em cada grupo começaram a projetar

os carrinhos de rolimã para uma corrida em que competiriam entre si. O quadro 34

mostra o desenvolvimento das atividades propostas nesse bloco.

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Quadro 34: Desenvolvimento do terceiro bloco de atividades

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Primeiramente, o professor-pesquisador solicitou que os integrantes de cada

grupo elaborassem o esboço de um carrinho de rolimã, comentando que era importante

que todos os participantes contribuíssem na realização dessa tarefa. Em seguida, os

participantes escolheram o esboço mais bem elaborado para apresentar para os

integrantes dos demais grupos. Esses participantes tiveram 30 minutos para realizarem

essa tarefa.

O professor-pesquisador disponibilizou 4 jogos de esquadro, um para cada

grupo, 8 réguas, duas para cada grupo, 1 compasso, um escalímetro14

e uma folha de

papel A4 para cada participante e, também, uma folha de papel A3 para cada grupo.

14

O escalímetro é um instrumento de medição com a forma de um prisma triangular que possui 6 réguas

com diferentes escalas. É utilizado para medir e conceber desenhos em escalas ampliadas ou reduzidas.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Escal%C3%ADmetro. Acessado em 30 de Junho de 2017.

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126

De acordo com as anotações de seu diário de campo, o professor-pesquisador

observou que, durante o desenvolvimento dessa tarefa, alguns participantes tinham

dificuldades em utilizar a régua, o jogo de esquadros e o compasso. Por exemplo, a

participante BF06 comentou: “Professor não consigo desenhar, meu risco sai todo

torto”. O professor-pesquisador respondeu: “Não se preocupe, basta praticar um pouco

que você consegue”.

Então, o professor-pesquisador mostrou a régua para a participante e disse: “é

preciso ter firmeza na mão para usar a régua não se movimentar na hora de fazer o

traço” e, além disso, comentou que “é importante tomar as bordas do papel como

referência”.

O participante BM02 também estava com dificuldades para traçar os segmentos

de retas que fossem paralelos, pois disse: “Professor, não tá ficando certinho não”. O

professor-pesquisador respondeu: “Não se preocupe, pois é só um esboço” e, em

seguida, aconselhou-o: “use o jogo de esquadros, tomando as bordas do papel como

referência” e comentou que: “basta fixar um esquadro e deslizar o outro contra o que

está fixo, que os segmentos ficam todos paralelos”.

Como o professor-pesquisador observou que a maioria dos participantes estava

com dificuldades na utilização dos instrumentos de mediação, então, realizou uma

demonstração para os integrantes dos grupos sobre como utilizá-los na elaboração dos

desenhos. Em seguida, ao caminhar pela sala de aula para auxiliar os participantes,

observou que o compasso foi utilizado apenas pelo grupo D.

Por exemplo, o participante DM02 disse: “Professor, é difícil, fica escapando” e

o professor-pesquisador respondeu: “faça o traço firmando a ponta de metal [do

compasso] contra o papel e deslize a ponta de grafite com um movimento leve”. Após

essas orientações, esse participante conseguiu desenhar as circunferências necessárias

para a elaboração do esboço do carrinho de rolimã. Ressalta-se que, no desenvolvimento

dessa atividade, nenhum dos participantes utilizou o escalímetro para a elaboração dos

esboços dos carrinhos de rolimã.

A análise do registro das anotações do professor-pesquisador em seu diário de

campo mostra o empenho de todos participantes na execução dessa atividade, porém, 6

(17,6%) não conseguiram terminar o desenho e/ou quiseram mostrá-lo, pois estavam

tímidos e acharam que o seu desenho estava muito ruim para ser compartilhado com os

colegas.

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Por outro lado, três (8,8%) participantes elaboraram o seu esboço no caderno,

pois não utilizaram a folha de papel A4. Por exemplo, a figura 28 mostra o esboço

elaborado pela participante DF06 para o carrinho de rolimã.

Figura 28: Esboço do carrinho de rolimã realizado pela participante DF06

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Contudo, é importante ressaltar que, de acordo com as anotações registradas no

diário de campo do professor-pesquisador, todos os grupos apresentaram pelo menos

um esboço do carrinho de rolimã para mostrar para os participantes dos demais grupos.

As figuras 29, 30, 31 e 32, mostram os esboços elaborados pelos participantes dos

Grupos A, B, C e D, respectivamente.

Figura 29: Esboços de um carrinho de rolimã elaborados pelos participantes do grupo A

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Figura 30: Esboços de um carrinho de rolimã elaborados pelos participantes do grupo B

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 31: Esboço do carrinho de rolimã apresentado elaborado pelo participante CM06

do grupo C

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Figura 32: Esboços de um carrinho de rolimã apresentados pelos participantes DM01 e

DM03 do grupo D

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Como pode ser observado nas figuras anteriores havia muita diferença entre os

esboços apresentados, então, o professor-pesquisador solicitou que os participantes dos

grupos trocassem informações e analisassem os esboços para definirem quais seriam as

peças componentes dos carrinhos e as suas respectivas dimensões visando a sua

possível padronização.

As anotações registradas no diário de campo do professor-pesquisador mostram

que, nesse momento, foi observada a preocupação dos participantes do grupo B em

definirem as dimensões dos carrinhos que fossem adequadas para todos e todas

independentemente de suas estaturas e tamanhos, de modo que pudessem participar da

corrida.

Por exemplo, a participante BF05 foi considerada como uma referência por ter

estatura baixa e ser pequena. Então, solicitaram que essa participante se posicionasse

sobre duas carteiras como se estivesse sentada em um carrinho de rolimã para que

pudessem definir as medidas do comprimento do banco e do eixo principal. A figura 33

mostra os participantes desse estudo realizando essas comparações e medições.

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Figura 33: Participantes do grupo B realizando as comparações para definirem as

dimensões do banco e do eixo principal do carrinho de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Então, o professor-pesquisador sugeriu que os participantes utilizassem retalhos

de papelão para realizarem essas experimentações para facilitar o desenvolvimento das

medições e comparações. A figura 34 mostra os participantes utilizando os retalhos de

papelão como moldes das peças do carrinho de rolimã.

Figura 34: Participantes AM02, BF05 e CM06 definindo a medida do eixo central do

carrinho de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Por exemplo, o participante DM01 teve a ideia de perfurar o eixo principal com

8 furos para que o banco do carrinho de rolimã pudesse ser ajustado em duas posições.

Assim, esse participante utilizou um molde de papelão para explicar a sua ideia para os

demais participantes. A figura 35 mostra o trecho do vídeo em que o participante DM06

auxiliado pelo participante BM03 realizando a apresentação para os participantes dos

demais grupos.

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Figura 35: Print de tela mostrando o momento do vídeo em que o participante DM01

expõe sua ideia de posicionamento do banco para os participantes dos demais grupos

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Em seguida, por meio da figura 36, esse participante demonstrou com a

utilização de um esboço a furação do eixo principal para o ajuste do acento do carrinho

de rolimã.

Figura 36: Esboço feito pelo participante DM01 mostrando a perfuração do eixo

principal para o ajuste do acento

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

De acordo com esse participante, dessa maneira seria possível atender os

participantes maiores e menores para que pudessem se acomodar nos carrinhos de

rolimã. Após a realização de uma discussão sobre esse assunto, essa ideia foi acatada

por todos os participantes, sendo incorporada ao projeto de cada grupo. Os participantes

também definiram que o banco seria ajustado em duas posições e que para isso

bastavam furar 6 furos no eixo principal do carrinho de rolimã.

Continuando com essa experimentação, o participante DM02 propôs que os

participantes de cada um dos grupos ficassem responsáveis pela elaboração de uma

parte do carrinho de rolimã. No entanto, a sua sugestão não foi acatada por todos, pois

os demais participantes preferiram definir em conjunto os moldes para essas partes.

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132

Contudo, esse participante, prosseguiu com sua ideia inicial, dizendo para o restante de

seu grupo que ficaria responsável para definir o tamanho dos rolimãs.

Portanto, de comum acordo com os integrantes de seu grupo, esse participante

definiu as medidas para os rolimãs do carrinho. As figuras 37 e 38 mostram as medidas

definidas pelo participante DM02 juntamente com os integrantes de seu grupo.

Figura 37: Esboço do rolimã dianteiro elaborado pelo participante DM02 juntamente

com os integrantes de seu grupo

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 38: Esboço do rolimã traseiro elaborado pelo participante DM02 juntamente com

os integrantes de seu grupo

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Contudo, quando o participante BM03 verificou essas medidas, perguntou: “Mas

60 e 70 não é muito grande?” e o participante DM02 respondeu: “Não, é um tamanho

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133

bom”. Então, o professor-pesquisador compreendeu que o participante BM03 não havia

percebido que as medidas estavam em milímetros e perguntou para o participante DM02

porque estava utilizando o milímetro como uma unidade de medida. Em seguida, esse

participante respondeu que era “por costume, pois trabalho com estruturas metálicas e a

medida em mm é utilizada o tempo todo”.

Assim, como os demais participantes estavam utilizando o centímetro como

unidade de medida, o professor-pesquisador informou para o participante BM03 e,

também, para os demais participantes que o participante DM02 estava utilizando uma

unidade de medida diferente denominada de milímetros. Nesse momento, o professor-

pesquisador também explicou sobre essa escala e a relação entre as suas unidades de

medida.

Então, as anotações registradas no diário de campo do professor-pesquisador

mostram que o participante BM03 e os demais participantes entenderam que 60 mm

correspondem a 6cm e que 70mm correspondem a 7cm. Em seguida, o participante

DM02 também acrescentou ao desenho as medidas dos diâmetros externos do rolimã

em centímetros. Essas medidas foram aceitas por todos os participantes e utilizadas no

projeto final de cada grupo, sendo, porém, alteradas posteriormente para que o carrinho

tivesse a sua altura em relação à superfície horizontal inalterada, pois foram necessárias

alterações nas espessuras de três peças do carrinho.

De acordo com as anotações em seu diário de campo, o professor-pesquisador

registrou que os participantes AM02, BM02, CM06 e DM02 se destacaram naturalmente

em seus grupos como líderes. Então, o professor-pesquisador propôs que esses líderes

se reunissem para definir em conjunto as medidas das peças de madeira do carrinho de

rolimã e expusessem as suas sugestões para os demais participantes de seus grupos.

Assim, esses líderes utilizaram a lousa e o pincel para desenhar um esboço das

peças e das duas posições do banco do carrinho de rolimã. A figura 39 mostra o

momento em que essa apresentação ocorreu em sala de aula.

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Figura 39: Print de tela mostrando momento do vídeo em que aparece a apresentação

dos líderes dos grupos para os demais participantes

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

O professor-pesquisador também solicitou que os participantes dos grupos

denominassem todas as peças do carrinho de rolimã e elaborassem uma lista com esses

nomes, pois de acordo com os esboços elaborados anteriormente, os nomes dados para

algumas peças estavam diferentes.

Por exemplo, a peça que os participantes do grupo C denominaram de Toco de

eixo foi denominada pelos participantes do grupo B de Base suspensora enquanto a peça

denominada pelos participantes do grupo D de Barra de direção foi denominada pelo

grupo C de Guia e pelos participantes do grupo B de Base guia. O quadro 35 mostra o

nome e a quantidade das peças de madeira do carrinho de rolimã definidas pelos

participantes desse estudo.

Quadro 35: Quantidade e nome das peças de madeira do carrinho de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Depois de definidas todas as peças de madeira do carrinho de rolimã, os

participantes começaram a definir as medidas dessas peças. Então, o professor-

pesquisador solicitou que os participantes de cada grupo elaborassem uma planilha

contendo a quantidade, o nome, as dimensões e o tipo de material a ser utilizado em

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cada peça do carrinho de rolimã. Nessa planilha também foram acrescentadas as peças

de metal, como, por exemplo, os parafusos, as porcas, as arruelas e os rolimãs.

O professor-pesquisador também solicitou que os participantes de cada grupo

elaborassem um desenho das vistas do carrinho de rolimã. Contudo, como esse foi um

projeto único para todos os grupos, o participante CM06 foi escolhido pelos

participantes para elaborar esse desenho, pois demonstrou ter habilidade para desenhar.

Esse desenho foi elaborado em uma folha de papel A3 no qual constam as vistas,

superior, lateral, dianteira e traseira do carrinho de rolimã. Por exemplo, o quadro 36

mostra um trecho do diálogo que ocorreu entre o professor-pesquisador e o participante

CM06 durante a elaboração do desenho. As anotações do diário de campo do professor-

pesquisador mostra que os demais participantes estavam atentos a esse diálogo.

Quadro 36: Trecho do diálogo que ocorreu entre o professor-pesquisador e o

participante CM06 durante a elaboração do desenho do carrinho de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Ressalta-se que não houve tempo suficiente para a conclusão desse desenho e da

finalização da planilha nesse dia. Então, no dia 02 de Junho de 2017, o professor-

pesquisador disponibilizou mais 20 minutos de aula para a conclusão do desenho e para

a finalização do preenchimento da planilha.

No entanto, nesse dia, a frequência estava baixa, o que sempre acontece às

sextas feiras, mas como os lideres dos grupos B, C e D, estavam presentes, esses

integrantes de cada grupo se reuniram para concluir a tabela e, na aula seguinte,

apresentaram o resultado para os demais participantes. O quadro 37 mostra os

participantes dos grupos presentes nesse dia.

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Quadro 37: Frequência dos participantes no dia 02 de Julho de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Enquanto os participantes BM02 e DM02 concluíram a tabela com as

especificações das peças do carrinho de rolimã, o participante CM06 concluiu o desenho

das vistas desse carrinho na folha A3. A figura 40 mostra a planilha preenchida pelo

participante BM02 com o auxílio do participante DM02.

Figura 40: Planilha preenchida pelo participante BM02

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Para facilitar a sua visualização, o professor-pesquisador digitou a planilha

elaborada pelos participantes. O quadro 38 mostra a planilha digitada pelo professor-

pesquisador.

Quadro 38: Planilha digitada pelo professor-pesquisador

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

As figuras 41, 42 e 43 mostram as vistas dos desenhos elaborados pelo

participante CM06.

Figura 41: Vista superior do carrinho de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Figura 42: Vista lateral do carrinho de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 43: Vistas frontal e traseira do carrinho de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Depois de concluída a fase da realização das atividades do bloco 3, no dia 3 de

Junho de 2017, o professor-pesquisador levou o projeto dos alunos para um marceneiro

para realizar o corte das madeiras e os furos de acordo com os esquemas definidos pelos

participantes. Porém, o marceneiro ficou com dúvidas com relação a algumas

informações constantes no projeto.

Então, o professor-pesquisador elaborou uma lista com as respectivas dúvidas do

marceneiro para entregar para os participantes desse estudo para que esclarecessem e/ou

corrigissem esses itens. O quadro 39 mostra quais foram as dúvidas apontadas pelo

marceneiro para verificação pelos participantes.

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Quadro 39: Dúvidas apontadas pelo marceneiro e suas justificativas

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Além das dúvidas do marceneiro, o professor-pesquisador também elaborou um

apontamento quanto ao diâmetro externo dos rolimãs, pois no esboço realizado pelo

participante DM02 (Figuras 37 e 38), o rolimã dianteiro tinha 60 mm e a traseira tinha

70 mm, porém, na planilha preenchida pelo participante BM02 (Figura 40), o rolimã

traseiro estava com 80 mm de diâmetro externo.

No dia 05 de junho de 2017, no horário da aula de matemática, o professor-

pesquisador solicitou que os alunos se reunissem para esclarecer e/ou corrigir as

dúvidas apontadas pelo marceneiro. O professor-pesquisador entregou para os

participantes a lista contendo as dúvidas do marceneiro com as respectivas justificativas

e recomendou que os líderes de cada grupo, que estavam presentes, se reunissem para

discutir os problemas e apontassem uma solução e, posteriormente, repassassem essas

informações para os integrantes dos grupos.

Então, os participantes AM02, BM02, CM06 e DM02, líderes de cada um dos

grupos, se reuniram e discutiram as dúvidas do marceneiro, apontando as soluções para

cada problema verificado:

1. Qual a distância entre o último furo para fixar o banco e a extremidade

traseira do eixo central?

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Solução apontada: Essa distância será de 15 cm. Como o banco terá 30 cm

teremos um furo no centro do banco e para que ele fique alinhado com o eixo

central, o último furo nesse eixo também deve estar a 15 cm de sua

extremidade traseira.

2. Qual a distância entre o furo para fixar a guia e a extremidade frontal do eixo

central?

Solução apontada: Essa distância será de 7 cm. Como o eixo central ficará

por cima da base guia que possui 10 cm de largura com um furo no centro,

queremos que esse eixo fique 2 cm além da base guia.

A figura 44 mostra o desenho elaborado pelo participante CM06 com as

posições dos furos no eixo principal.

Figura 44: Desenho elaborado pelo participante CM06

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

3) Quais são as posições dos furos no banco?

Solução apontada: os furos ficarão no centro do banco para que fiquem

alinhados com a extremidade traseira do eixo central, quando ele estiver na

maior posição.

A figura 45 mostra o desenho do banco do carrinho de rolimã elaborado pelo

participante CM06.

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Figura 45: Desenho do banco do carrinho de rolimã elaborado pelo participante CM06

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

4) O tamanho dos parafusos será de 6 cm?

Solução apontada: Os parafusos podem ter 6 cm mesmo. O participante BM02

argumentou que a “Espessura das madeiras é que está errada. Essas madeiras

terão 2 cm de espessura”.

O participante BM02 alterou, na planilha, as medidas das espessuras da madeira.

5) Os eixos dos rolimãs dianteiro e traseiro terão o mesmo tamanho?

Solução apontada: Não, o eixo traseiro é menor, a sua medida é de 50 cm.

Nesse direcionamento, o participante BM02 corrigiu a planilha.

6) A base suspensora traseira será de 6 cm x 6 cm como a dianteira?

Solução apontada: Não, será de 10 cm de largura e 7 cm de espessura, pois essa

base deve ser mais reforçada.

É importante ressaltar que essas medidas foram corrigidas na planilha pelo

participante BM02.

7) O eixo dos rolimãs traseiro e a base suspensora traseira têm o mesmo

comprimento de 50 cm?

Solução apontada: Não, a base suspensora traseira terá 40 cm de comprimento

para ficar alinhada com o banco.

Essa medida foi alterada, na planilha, pelo participante BM02.

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O quadro 40 mostra a planilha revisada com as correções realizadas pelos

participantes desse estudo.

Quadro 40 : Planilha revisada com as correções realizadas pelos participantes

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Ressalta-se que, além dessas correções, os participantes AM02, BM02, CM06 e

DM02 também decidiram alterar o tamanho do diâmetro externo dos rolimãs para 70

mm na dianteira e 80 mm na traseira, pois as peças de madeira que tinham espessura de

3 cm diminuíram para 2 cm, pois assim, a altura do carrinho de rolimã em relação ao

solo seria mantida como determinada no projeto inicial.

Depois de esclarecidas todas as dúvidas, os projetos para a construção dos

carrinhos de rolimã, de cada grupo, foram entregues pelo professor-pesquisador, no dia

07 de Junho de 2017, para o marceneiro cortar as peças de madeira de cada carrinho.

Essas peças cortadas, de acordo com a especificação de cada projeto, foram entregues

para o professor-pesquisador no dia 09 de Junho de 2017, que, nesse mesmo dia,

comprou as peças de metal necessárias para a construção dos carrinhos de rolimã.

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Por exemplo, na loja, Central dos Rolamentos, o professor-pesquisador adquiriu

os rolimãs nos tamanhos especificados em cada projeto enquanto na loja, Interpar -

Comércio de Parafusos Ltda., foram comprados os parafusos, as porcas, as arruelas e as

borboletas. As figuras 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55 e 56 mostram as peças do

carrinho de rolimã que foram projetadas pelos participantes desse estudo. Essas peças

compuseram o kit que foi entregue para os participantes de cada grupo.

Figura 46: Banco do carrinho de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 47: Base guia do carrinho de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 48: Bases suspensoras dianteiras

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Figura 49: Base suspensora traseira

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 50: Eixo principal do carrinho de rolimãs

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 51: Eixo dos rolimãs dianteiro

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 52: Eixo dos rolimãs traseiro

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 53: Conjunto com parafuso, arruelas e porcas para fixação da base guia.

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Figura 54: Conjunto com parafusos, arruelas e borboletas para fixação do banco.

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 55: Rolimãs dianteiros

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 56: Rolimãs traseiros

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Continuando com a análise das atividades do terceiro bloco, no dia 19 de Junho

de 2017, o professor-pesquisador transportou os quatro kits de peças de madeira,

devidamente embalados, para a montagem dos carrinhos em sala de aula. A figura 57

mostra os kits com as peças de madeira e as peças de metal para a construção dos

carrinhos, que foram entregues para os participantes de cada grupo.

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Figura 57: Quatro kits para a montagem dos carrinhos de rolimã.

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Nesse dia, o professor-pesquisador iniciou as atividades propostas no registro

documental solicitando que os alunos presentes reunissem os grupos. A análise dos

dados mostra que 21 (61,8%) participantes estavam presentes enquanto 13 (38,2%)

estavam ausentes das atividades escolares nesse dia.

É importante ressaltar que o participante AU05 que ainda estava sem grupo se

alocou no grupo D e, a partir desse momento, o participante AU05 passou a ser

codificado como DM07. O quadro 41 mostra como ficou a distribuição dos participantes

em cada grupo a partir do dia 19 de Junho de 2017.

Quadro 41: Distribuição dos participantes nos grupo a partir de 19 de Junho de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

O quadro 42 mostra a frequência dos participantes de cada grupo no dia 19 de

Junho de 2017.

Quadro 42: Frequência dos participantes de cada grupo no dia 19 de Junho de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Os participantes presentes nesse dia desenvolveram as atividades a partir do

segundo horário de aula que foi cedido pelos professores da disciplina de Diversidade,

Inclusão e Mundo do Trabalho. Assim, esses participantes continuaram desenvolvendo

essa atividade após o intervalo no horário de Matemática e no quarto horário cedido

pela professora de Física. O quadro 43 mostra as atividades desenvolvidas e os seus

respectivos horários.

Quadro 43: Atividades do terceiro bloco desenvolvidas no dia 19 de Junho de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Prosseguindo com o desenvolvimento do terceiro bloco de atividades, o

professor-pesquisador entregou para os participantes desse estudo: os kits dos carrinhos

de rolimã que foram projetados anteriormente e uma cópia em papel A3 do desenho do

projeto do carrinho de rolimã contendo todas as vistas.

Esses participantes também receberam uma cópia da planilha contendo todas as

denominações das peças e as suas dimensões e, também, deveriam preencher uma

coluna em branco com as medidas reais de cada peça e outra coluna em branco para ser

preenchida com possíveis observações sobre as peças.

Inicialmente, o professor-pesquisador solicitou que os alunos dos grupos A, B, C

e D desembalassem os kits e conferissem se continham todas as peças de acordo com a

planilha e verificassem se tinham algum defeito. A figura 58 mostra o momento em que

os participantes do grupo C receberam os materiais como o kit, o desenho e a planilha.

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Figura 58: Grupo C recebendo o kit de peças, o desenho e a planilha

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Depois de desembalarem os kits, os participantes começaram a medir cada uma

das peças do carrinho de rolimã, conferindo os valores das dimensões reais com as

dimensões constantes no projeto. Nessa planilha havia uma observação que enunciava:

De acordo com o fabricante é normal as peças de madeira terem as suas dimensões

reduzidas entre 0,5cm e 1cm depois de aparelhadas e lixadas. A figura 59 mostra o

momento em que os participantes do grupo A realizavam as medições das peças e

alimentavam a planilha.

Figura 59: Participantes do grupo A conferindo as dimensões das peças e lançando os

valores na planilha

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

De acordo com as anotações registradas no diário de campo do professor-

pesquisador, todos os participantes dos grupos desenvolveram essa atividade

corretamente e participaram efetivamente da atividade, pois estavam concentrados e

trocando informações sobre essas medidas.

Por exemplo, no grupo B os participantes dividiram as tarefas entre si da

seguinte maneira: as participantes BF06, BF07 e BF08 conferiram as peças do kit,

separando-as uma a uma, os participantes BM01 e BM03 mediram as peças e

informavam as medidas para que os participantes BM02 e BM04 pudessem preencher a

planilha enquanto a participantes BF05 comparava as medidas com aquelas anotadas

pelos membros dos outros grupos. A figura 60 mostra o grupo B desenvolvendo essa

atividade.

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Figura 60: Participantes do Grupo B desenvolvendo as atividades do terceiro bloco

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

De acordo com as observações do professor-pesquisador anotadas em seu diário

de campo, o grupo D teve mais dificuldade para concluir essa tarefa, pois, no início, os

seus participantes não estavam engajados nessa atividade. Nesse sentido, o participante

DM03 ficou responsável para medir e alimentar a planilha. A figura 61 mostra o

empenho do participante DM03 na execução dessa tarefa.

Figura 61: Participante DM03 medindo as peças do carrinho de rolimã para transcrevê-

las para a planilha

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Concluindo os trabalhos de medições, os participantes dos grupos A, B, C e D

entregaram ao professor-pesquisador as planilhas com os registros de todas as

dimensões reais das peças para a montagem dos carrinhos de rolimã. Os quadros 44, 45,

46 e 47 mostram as dimensões informadas pelos participantes dos grupos A, B, C e D

respectivamente. É importante ressaltar que os dados foram digitados pelo professor-

pesquisador para facilitar a sua visualização.

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Quadro 44: Planilha mostrando as dimensões medidas pelos integrantes do grupo A

*De acordo com o fabricante é normal as peças de madeira terem as suas dimensões reduzidas entre

0,5cm e 1 cm depois de aparelhadas e lixadas. Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Quadro 45: Planilha mostrando as dimensões medidas pelos participantes do grupo B

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Quadro 46: Planilha mostrando as dimensões medidas pelos integrantes do grupo C

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Quadro 47: Planilha apresentando as dimensões medidas pelos integrantes do grupo D

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Finalizando a realização das atividades propostas para esse dia, os participantes

começaram a montagem dos carrinhos de rolimã. De acordo com as anotações

registradas no diário de campo do professor-pesquisador, os participantes de cada grupo

iniciaram um estudo das peças e de suas respectivas posições antes de iniciarem a

montagem do carrinho de rolimã.

Nesse direcionamento, os participantes do grupo A iniciaram a montagem do

carrinho de rolimã pelas peças que se encaixavam com a utilização de parafusos e

porcas e, esse trabalho, foi acompanhado atentamente por três integrantes do grupo B.

Duas participantes do grupo A encaixaram o banco e a base guia ao eixo principal do

carrinho de rolimãs.

O professor-pesquisador anotou em seu diário de campo que os participantes do

grupo B estavam alertando as participantes do grupo A sobre a ordem em que as peças

deveriam se encaixar e que não adiantava prender as porcas e o parafuso da base guia,

pois a mesma teria que ser presa primeiramente na base suspensora dianteira e no eixo

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de rolimãs dianteiro, mesmo assim, em concordância com essas anotações, as

participantes do grupo A prosseguiram com a montagem dessas peças. A figura 62

mostra o início da montagem do carrinho de rolimã realizada pelos participantes do

grupo A.

Figura 62: Montagem do carrinho de rolimã pelas integrantes do grupo A

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

A figura 63 mostra como os participantes do grupo B iniciaram a montagem do

carrinho de rolimãs pela parte dianteira prendendo as bases suspensoras dianteiras ao

eixo de rolimãs dianteiro e à base guia.

Figura 63: Montagem do carrinho de rolimã pelos participantes do grupo B

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Inicialmente, os participantes do grupo C montaram a parte traseira do carrinho

de rolimã e, em seguida, marcaram as posições da base suspensora traseira sobre o eixo

dos rolimãs traseiro e utilizaram a furadeira para marcar as posições dos pregos e,

finalmente, prenderam essas peças em definitivo martelando-as. A figura 64 mostra o

momento em que o participante CM02 utilizou a furadeira para marcar as posições dos

pregos.

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Figura 64: Integrantes do grupo C mancando as posições dos pregos para prender a

parte traseira do carrinho de rolimãs

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Os participantes do grupo D decidiram prender primeiro os rolimãs nos eixos.

Porém, esses eixos eram um pouco mais largos do que a diâmetro interno dos rolimãs.

Nesse sentido, o participante DM03 iniciou essa montagem desgastando o eixo dos

rolimãs dianteiro, utilizando um estilete, para realizar esse encaixe.

As anotações registradas no diário de campo do professor-pesquisador mostram

que o participante DM02 argumentou que era “melhor encaixar os rolimãs nos eixos e

depois prender o eixo dos rolimãs nas bases suspensoras”. A figura 65 mostra o

momento em que o participante DM03 executou o desgaste do eixo dos rolimãs do

carrinho.

Figura 65: Momento em que o participante DM03 utilizou um estilete para desgastar o

eixo dos rolimãs

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Ao final dessa aula, o professor-pesquisador solicitou aos participantes que

guardassem os carrinhos de rolimãs, comentando que no dia 26 de Junho de 2017, a

montagem dos carrinhos de rolimã seria retomada e concluiriam o terceiro bloco de

atividades.

Posteriormente, continuando com o desenvolvimento do terceiro bloco de

atividades, no dia 23 de Junho de 2017, o professor-pesquisador iniciou a aula de

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matemática comentando sobre escalas por se tratar de um conteúdo que surgiu quando

os participantes estavam desenhando as peças dos carrinhos de rolimã.

Naquela ocasião, o professor-pesquisador informou que explicaria esse assunto

para elucidar as dúvidas para que os participantes pudessem compreender como utilizar

as escalas. É importante ressaltar que, nesse dia, 20 (58,8%) participantes estavam

presentes enquanto 14 (41,2%) estavam ausentes das atividades escolares.

Em seguida, o professor-pesquisador explicou para os participantes a definição

de escala, descrevendo a sua importância para o desenho geométrico, bem como para os

desenhos técnicos. Além disso, destacou a utilização das escalas na elaboração de

mapas e na construção de miniaturas de automóveis e maquetes de empreendimentos

imobiliários.

O professor-pesquisador também argumentou que as escalas são utilizadas na

redução e na ampliação, explicando, por exemplo, que esse conteúdo é utilizado quando

o objetivo é mostrar detalhes de peças que são muito pequenas, como, por exemplo, um

parafuso. Nesse direcionamento, o professor-pesquisador comentou sobre a necessidade

da elaboração do desenho de uma peça em uma escala de ampliação.

O professor-pesquisador relembrou o momento em que o participante CM06

elaborava o desenho do carrinho de rolimã na folha A3 quando disse que estava

utilizando a Escala de 10 para 1. Assim, o professor-pesquisador perguntou para o

participante CM06: “Você se lembra?” que respondeu que “Sim”. Então, o professor-

pesquisador comentou: “Na verdade se você estivesse utilizando a Escala de 10 para 1

seu desenho seria uma ampliação em relação ao tamanho real”.

Continuando com essa explicação, o professor-pesquisador disse: “Para

determinar uma Escala, as unidades de medida são muito importantes e o que você

definiu foi que cada 10 centímetros no papel correspondiam a 1 metro no real. Certo?”.

Esse participante respondeu “Certo”.

De acordo com as anotações registradas no diário de campo, os demais

participantes estavam atentos ao diálogo entre o professor-pesquisador e o participante

CM06, Então, o professor-pesquisador escreveu na lousa a razão determinada pelo

participante CM06:

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157

Em seguida, o professor-pesquisador perguntou para os participantes: “Um

metro corresponde a quantos centímetros?”. Então, a participante BF06 e mais três

participantes responderam que 1 metro corresponde a “Cem centímetros”. Em seguida,

o professor-pesquisador respondeu: “Exatamente” e comentou: “Então podemos

estabelecer a seguinte igualdade”. Nesse momento, apontando para a fração escrita na

lousa, escreveu:

Continuando, perguntou: “E agora o que podemos fazer com essa nova fração?”.

O participante BM02 perguntou: “Cortar?”. O professor-pesquisador perguntou: “E o

que seria cortar?”. O participante BM02 respondeu que significava “Simplificar”. O

professor-pesquisador disse: “Isso mesmo, portanto a razão será de 1 para 10” e

completou:

Concluindo, o professor-pesquisador explicou a importância da ordem, nos

termos da razão, pois auxilia na determinação da Escala:

Sempre na mesma unidade de medida quando temos:

Finalizando essa explicação, o professor-pesquisador comentou com os

participantes que: “A Escala utilizada pelo participante CM06 nos desenhos das vistas

do carrinho de rolimã era de 1 para 10, ou seja, cada 1 centímetro no papel corresponde

a 10 centímetros no tamanho real”. É importante ressaltar que nos primeiros esboços

apresentados, com exceção do participante CM06, os desenhos não foram elaborados

em Escala.

Nesse direcionamento, como os participantes haviam recebido os kits com todas

as peças do carrinho de rolimã e conferido o seu dimensionamento real, o professor-

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pesquisador propôs uma atividade (Apêndice XIII) para os participantes. Essa atividade

consistia em desenhar a vista superior das sete peças de madeira do carrinho de rolimã

utilizando a escala de 1:10. O quadro 48 mostra a descrição dessa atividade.

Quadro 48: Descrição da atividade aplicada no terceiro bloco em 23 de Junho de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

De acordo com a análise dos dados dessa atividade, 17 (50%) participantes

elaboraram as 7 vistas das peças do carrinho de rolimã corretamente, 1 (2,9%)

participante elaborou 6 vistas corretamente e deixou uma em branco, 1 (2,9%)

participante elaborou duas vistas corretamente e deixou 5 em branco enquanto 1 (2,9%)

participante elaborou uma vista corretamente e deixou 6 em branco.

Por outro lado, 14 (41,3%) participantes estavam ausentes das atividades

escolares nesse dia. A figura 66 mostra o desenho das vistas elaborado pela participante

BF05.

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Figura 66: Desenho das vistas superiores das sete peças de madeira do carrinho de

rolimã elaborado pela participante BF05

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Nessa atividade, o professor-pesquisador solicitou que os participantes

dividissem cada dimensão do desenho elaborado pela dimensão real da peça para

determinar esse valor. A análise dos dados coletados mostra que 15 (44,1%)

participantes realizaram os cálculos e forneceram a resposta 0,1. Por exemplo, a figura

67 mostra como o participante CM02 desenvolveu os cálculos solicitados nessa tarefa.

Figura 67: Cálculos desenvolvidos pelo participante CM02

Fonte: Arquivo pessoal do professor pesquisador

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160

Em contrapartida, a participante BF07 desenvolveu os cálculos apenas para as

três primeiras peças e disse: “Professor, pela lógica, dará sempre o mesmo valor para

todas as peças.” E o professor-pesquisador argumentou com todos os participantes que:

“Esses valores estão se repetindo porque utilizamos um padrão para os desenhos, ou

seja, definimos antes, uma escala a ser utilizada”. A figura 68 mostra os cálculos

realizados pela participante BF07.

Figura 68: Cálculos da aluna BF07 para a atividade proposta

Fonte: Arquivo pessoal do professor pesquisador

A análise dos dados também mostra que 5 (14,6%) participantes não realizaram

os cálculos e não responderam a questão enquanto 14 (41,3%) participantes estavam

ausentes das atividades escolares nesse dia.

Em seguida, o professor-pesquisador perguntou se o valor encontrado conferia

com a razão determinada nesses cálculos. As respostas dadas para essa questão mostram

que 15 ( 44,1%) participantes que os valores encontrados conferiam.

Por exemplo, a participante BF08 respondeu que “Sim, todos vão dar o mesmo

resultado por causa da razão da escala”. Similarmente, o participante DM03 respondeu

que “Sim, pois o valor da escala confere com a razão, que no caso seria 0,1”.

Por outro lado, 5 (14,6%) participantes não responderam essa questão enquanto

14 (41,3%) participantes não estavam presentes nas atividades escolares nesse dia. O

quadro 49 mostra as respostas dadas pelos participantes desse estudo para essa questão.

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Quadro 49: Respostas dadas pelos participantes desse estudo para a questão da atividade

sobre escalas desenvolvida durante o terceiro bloco

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

O terceiro bloco de atividades foi finalizado no dia 26 de Junho de 2017. O

professor-pesquisador solicitou que os participantes se reunissem em grupos para que

pudessem concluir a montagem dos carrinhos de rolimã. Nesse dia, 24 (70,6%)

participantes estavam presentes enquanto 10 (29,4%) estavam ausentes das atividades

escolares. O quadro 50 mostra a frequência dos participantes em cada grupo nesse dia.

Quadro 50: Frequência dos participantes no dia 26 de Junho de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

As atividades desenvolvidas nesse dia tiveram início no segundo horário de

aulas cedido pelos professores de Diversidade, Inclusão e Mundo do Trabalho e

continuou após o intervalo do recreio, no terceiro horário, na aula de Matemática. O

quadro 51 mostra o desenvolvimento dessas atividades.

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Quadro 51: Descrição da atividade aplicada no terceiro bloco em 26 de junho de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

De acordo com os registros do diário de campo do professor-pesquisador, às

19h45min, os participantes se reuniram em seus respectivos grupos e receberam os seus

kits para prosseguirem com a montagem dos carrinhos de rolimã. O professor-

pesquisador observou que todos os participantes estavam empenhados para concluírem

essa tarefa.

Como os participantes haviam iniciado essa montagem no dia 19 de junho de

2017 e, nesse dia, os participantes prepararam as peças para encaixar umas nas outras,

esse trabalho ficou relativamente mais fácil, pois os participantes apenas prenderam as

peças com cola e pregos.

Esses registros também mostram que houve muita troca de informações entre

os participantes de grupos diferentes, que possibilitou interações para a troca de

informações, principalmente, no momento de fixação dos rolimãs, quando os

participantes AM02 e CM06 sugeriram que um corte fosse realizado nas extremidades

dos eixos do carrinho para que pudessem encaixar uma cunha e prender os rolimãs sob

pressão.

Por exemplo, o participante CM06 elaborou um esboço à mão livre para que os

demais participantes pudessem entender com maior clareza a sua explicação. A figura

69 mostra o esboço elaborado pelo participante CM06.

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Figura 69: Esboço elaborado pelo participante CM06 do corte no eixo do e da cunha

para fixação dos rolimãs

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Essa opção apresenta foi aceita pelos demais participantes, porém, os eixos

teriam que ser cortados e como não havia ferramentas disponíveis para esse fim, essa

ideia foi descartada. Assim, alguns participantes sugeriram verificar se a escola

dispunha de um serrote para emprestar, mas o professor-pesquisador não autorizou a

utilização dessa ferramenta alegando a possibilidade de ocorrer algum acidente em sala

de aula.

Então, o participante BM02 sugeriu outra maneira para fixar os rolimãs. Como

os eixos estavam preparados para o encaixe dos rolimãs, esse participante propôs que

apenas um furo fosse colocado no “centro da extremidade do eixo central usando a

furadeira, colocar o rolimã e bater um prego, com diâmetro maior, nesse furo, o que ia

expandir a madeira, pressionando e fixando o rolimã”.

Além disso, esses participantes utilizaram quatro círculos de madeira de

madeira, disponibilizados pelo professor-pesquisador, para proporcionar mais firmeza

aos rolimãs. Desse modo, como essa foi a maneira mais viável para a fixação dos

rolimãs, todos os participantes essa sugestão. A figura 70 mostra como o rolimã foi

fixado no eixo do carrinho.

Figura 70: Rolimã fixado no eixo do carrinho

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Após a fixação dos rolimãs, os membros dos grupos começaram a montagem

dos carrinhos, encaixando e prendendo as peças com cola branca e pregos. Nesse

momento, de acordo com a transcrição das gravações de áudio e as anotações do diário

de campo do professor-pesquisador, os participantes estavam ansiosos e muito eufóricos

para realizar essa tarefa.

Portanto, quando a montagem foi concluída foi difícil conter a sua agitação,

pois queriam desfilar com os carrinhos pelos corredores da escola para testá-los. Esse

desfile despertou a curiosidade das demais turmas, pois os alunos e os professores

estavam no corredor para assisti-lo.

Como essa atividade não havia sido previamente programada e de

conhecimento da direção e supervisão escolar, o professor-pesquisador solicitou que os

participantes retornassem para a sala de aula para que pudessem concluir o terceiro

bloco de atividades. As figuras 71 e 72 mostram o momento em que os participantes

concluíram a montagem dos carrinhos.

Figura 71: Teste dos carrinhos dentro da sala de aula

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Figura 72: Teste do carrinho de rolimã do grupo C no corredor da escola

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Continuando com a realização das atividades do terceiro bloco, o professor-

pesquisador que os participantes se organizarem em seus respectivos grupos para que

pudessem verificar a validação dos carrinhos para uma competição por meio do

preenchimento de uma folha de verificação por grupo (Apêndice XIV).

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No primeiro item dessa folha, os participantes de cada grupo tinham que

conferir os pesos dos quatro carrinhos e anotá-los. Então, foi disponibilizada uma

balança para que os carrinhos tivessem as suas massas medidas. Contudo, como não era

uma balança de precisão, o professor-pesquisador solicitou que os participantes

anotassem os valores com a aproximação de uma casa decimal. A figura 73 mostra a

pesagem de um dos carrinhos.

Figura 73: Pesagem dos carrinhos de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

O quadro 52 mostra as medidas dos pesos dos carrinhos anotados pelos

participantes dos quatro grupos.

Quadro 52: Medidas dos pesos dos carrinhos de rolimã de cada grupo

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Conforme as anotações registradas no diário de campo do professor-

pesquisador, os participantes ficaram satisfeitos com os resultados obtidos para os pesos

dos carrinhos e todos concordaram que a diferença entre os valores encontrados era

mínima, sendo que poderia estar relacionada com a montagem das peças.

Por exemplo, a participante BF05 comentou que “Acho que pode ser pela

quantidade de pregos utilizados para prender as peças, pois em alguns carrinhos foi

utilizado mais do que em outros”. O participante BM03 concordou argumentado que:

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166

“Pode ser” enquanto o participante AM02 afirmou que as: “peças tinham pequenas

diferenças nos tamanhos, então pode ser por isso”.

O segundo tópico desse instrumento estava relacionado com as análises das

dimensões e dos pesos dos carrinhos de rolimã, que foram realizadas pelos

participantes, sendo composto pelos seguintes itens: (a): O carrinho de rolimã está de

acordo com o projeto?, (b): Existe muita diferença entre os carrinhos de rolimã? e (c):

Vocês validam os carrinhos para serem utilizados em uma competição esportiva em que

haverá uma corrida entre os participantes? O quadro 53 mostra as respostas obtidas

pelos participantes para esses itens.

Quadro 53: Respostas das pelos grupos ao tópico 2 da folha de validação dos carrinhos

de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Assim ficou concluído o terceiro bloco de atividades e, na sequência, segue a

descrição do quarto bloco de atividades, no qual os participantes utilizaram os carrinhos

de rolimã que foram construídos em sala de aula, para uma competição de corrida.

3.2.4. Bloco de Atividades 4: A Competição

Para o desenvolvimento do quarto bloco de atividades, relacionado com a

corrida dos carrinhos de rolimã, foram realizadas várias tentativas frustradas, pois de

segunda a sexta-feira e aos sábados pela manhã, os participantes trabalham. Em duas

tentativas no sábado à tarde, a realização da corrida não foi possível, pois a Escola

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Municipal em que a competição seria realizada estava realizando outros eventos que

foram programados com antecedência.

Em conversa com a diretora dessa escola, foi sugerido que a corrida fosse

marcada em um domingo, pois a escola fica aberta à comunidade. Então, no dia 10 de

Julho de 2017, durante a aula de matemática, o professor-pesquisador comentou com os

participantes sobre a possibilidade de realizarem o quarto bloco de atividades em um

domingo. Nesse dia, 24 (70,6%) participantes estavam presentes enquanto 10 (29,4%)

estavam ausentes das atividades escolares.

O dia 16 de Julho de 2017 foi a data proposta pelo professor-pesquisador para a

realização da corrida. Dos 24 (100,0%) participantes presentes, 3 (12,5%) comentaram

que não poderiam participar dessa atividade. Por exemplo, os participantes AM03 e

AF07 alegaram “motivo de trabalho” enquanto o participante AM04 comentou que tinha

um “compromisso particular” agendado anteriormente para esse dia.

Consequentemente, 21 (87,5%) participantes concordaram em desenvolver essa

atividade do quarto bloco no domingo proposto. Portanto, a corrida de carrinhos de

rolimã ficou agendada para o dia 16 de Julho de 2017, às 10:00h.

Conforme a análise dos dados, no dia marcado para a realização da corrida, 18

(52,9%) participantes estavam presentes para a participação nessa atividade enquanto 16

(47,1%) estavam ausentes nesse dia. O quadro 54 mostra a frequência dos participantes,

por grupo, para a realização dessa competição.

Quadro 54: Frequência dos participantes no dia 16 de Julho de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

O quadro 55 mostra as atividades desenvolvidas no dia 16 de Julho de 2017 e

os seus respectivos horários.

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Quadro 55: Descrição das atividades desenvolvidas no quarto bloco no dia 16 de Julho

de 2017

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Além desses participantes e do professor-pesquisador, o professor de

Geografia, o professor de Biologia e a professora de Química dessa turma também

estavam presentes para assistirem a corrida.

3.2.4.1. Teste dos Carrinhos Rolimãs e Ajustes Finais

De acordo com as anotações registradas no diário de campo do professor-

pesquisador, às 10 horas, os carrinhos de rolimã foram disponibilizados para que os

participantes dos grupos pudessem descer a pista com o objetivo de testá-los para

definirem quais seriam os pilotos de cada equipe. O professor-pesquisador

disponibilizou também uma bolsa de ferramentas contendo, como, por exemplo, chaves

de boca, martelo, alicate, pregos e retalhos de madeira para que os participantes

pudessem realizar os ajustes ou reparos necessários nos carrinhos de rolimã.

A pista utilizada para a corrida desses carrinhos possui uma parte inclinada e

outra horizontal. Nessa pista, antes do início das provas, o professor-pesquisador

solicitou que os participantes o ajudassem a definir as linhas de largada e de chegada.

Nesse sentido, a linha de largada ficou definida como sendo o início da rampa, ou seja,

em sua parte mais alta enquanto a linha de chegada ficou definida como sendo uma

marca desenhada no piso a 3,5 metros do final da rampa.

A extensão total da pista era de 15,5 metros, sendo 12 metros de reta vertical

da rampa mais 3,5 metros de reta horizontal. A figura 74 mostra a pista utilizada para a

corrida e para o desenvolvimento do quarto bloco de atividades.

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Figura 74: Pista utilizada para a competição de corrida de carrinhos de rolimã

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Após o final do tempo destinado ao teste dos carrinhos de rolimã, os

participantes de cada grupo definiram quem seriam os pilotos e as pilotas para as

competições a serem realizadas nas modalidades masculina e feminina. O piloto

escolhido pelos membros do grupo A foi o participante AM02, sendo que nenhuma das

participantes do grupo A quis participar da competição feminina.

O piloto escolhido pelos membros do grupo B foi o participante BM02 e a

piloto escolhida pelos membros desse grupo foi a participante BF05. O piloto escolhido

pelos membros do grupo C foi o participante CM06, sendo que não havia nenhuma

participante, desse grupo, presente nesse dia. O piloto escolhido pelos membros do

grupo D foi o participante DM03 e a piloto escolhida pelos membros desse grupo foi a

participante DF06.

3.2.4.2. Provas das Modalidades Masculina e Feminina

A competição foi composta por duas baterias eliminatórias em que competiram

duas equipes. As equipes vencedoras dessas duas baterias disputaram a corrida final.

Por meio de um sorteio realizado pelo professor-pesquisador, a primeira bateria

eliminatória masculina foi realizada entre os pilotos dos grupos A e B enquanto a

segunda bateria eliminatória masculina foi realizada entre os pilotos dos grupos C e D.

A competição feminina foi realizada entre as pilotas dos grupos B e D em uma única

prova.

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De acordo com as anotações registradas no diário de campo do professor-

pesquisador, as competições tiveram início ás 10h30mim. A figura 75 mostra a largada

da primeira bateria da corrida masculina entre os participantes AM02 e BM02.

Figura 75: Largada da primeira bateria eliminatória entre os participantes AM02 e BM02

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

A chegada de cada bateria foi filmada em câmera lenta para quaisquer dúvidas

quanto ao competidor ganhador fossem eliminadas. A primeira bateria foi vencida pelo

participante do Grupo A. A figura 76 mostra a chegada dos participantes que

participaram da primeira bateria da competição masculina.

Figura 76: Chegada da primeira bateria da competição masculina

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Nessa eliminatória, os participantes presentes alegaram que o competidor do

Grupo A tinha levado vantagem pelo fato de ser mais pesado. Por exemplo, a

participante BM05 comentou que “Ele é bem mais pesado, vai ganhar todas”. Porém, o

professor-pesquisador argumentou que “essa diferença de peso pode prejudicá-lo na

largada, pois sua inércia15

é maior”.

A segunda bateria foi disputada entre os participantes CM06 e DM03 dos

Grupos C e D, respectivamente. Antes do início dessa eliminatória, os participantes

acreditavam na vitória certa do competidor CM06 pelo fato de ser mais pesado que o

15

Corpos com massa elevada possuem uma maior inércia.

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171

outro competidor. Porém, para surpresa de todos os presentes, o participante DM03

ganhou a prova com certa facilidade. Esse fato fez com que os demais participantes

repensassem as suas opiniões quanto ao peso dos competidores. A figura 77 mostra o

trecho final da competição entre os competidores CM06 e DM03.

Figura 77: Eliminatória masculina disputada entre os participantes CM06 e DM03

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Finalizando a competição masculina, disputaram a prova final os competidores

AM02 e DM03. A figura 78 mostra o momento da largada entre os dois pilotos.

Figura 78: Largada da prova final disputada entre os participantes AM02 e DM03

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Essa prova foi bem disputada, pois o competidor vitorioso somente foi definido

com a verificação do vídeo em câmera lenta que foi realizado pelo participante DM01.

Esse vídeo mostrou o participante AM02 cruzando a linha de chegada em primeiro

lugar. A figura 79 mostra o participante DM01 vencendo essa competição.

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Figura 79: Chegada da prova final disputada entre os participantes AM02 e DM03

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Após o encerramento da competição masculina, foi desenvolvida a competição

feminina. Para essa prova Apenas duas participantes do gênero feminino participara

dessa prova, uma do Grupo B e a outra do Grupo D, portanto, a competição feminina

foi definida em uma única prova entre as participantes BF05 e DF06. A figura 80

mostra a largada da prova feminina.

Figura 80: Largada da prova final feminina

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Essa prova foi vencida pela participante DF06, pois foi a única a completar o

percurso e cruzar a linha de chegada. A participante BF05 não conseguiu controlar o

carrinho durante a descida da rampa. O contato do carrinho de rolimã com a lateral da

pista alterou a sua trajetória ao descer a pista e, como consequência, parou antes de

cruzar a linha de chegada. A figura 81 mostra o momento em que ocorreu esse fato.

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Figura 81: Prova final da competição feminina

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Após o encerramento das competições, os participantes presentes responderam

a um questionário referente ao quarto bloco de atividades, cuja análise é apresentada a

seguir.

3.2.4.3. Apresentação e Análise das Informações Contidas nos Dados Qualitativos

(QUAL) e Quantitativos (quan) do Questionário do Bloco 4

De acordo com os as anotações registradas em seu diário de campo, às

11h30min do dia 16 de julho de 2017, após o término das competições, o professor-

pesquisador distribuiu um questionário para os participantes presentes. Nesse tópico,

apresenta-se a análise dos dados coletados com esse instrumento, finalizando, assim, o

desenvolvimento do quarto bloco de atividades.

A análise das respostas dadas para a questão 1: Como você avalia o resultado

dessa competição? ( ) Justo. Por quê?( ). Injusto. Por quê?; mostra que dos 34

(100,0%) participantes, 18 (52,9%) responderam que o resultado foi justo enquanto 16

(47,1%) participantes estavam ausentes dessa atividade.

Por exemplo, o participante AM01 respondeu que o resultado era “Justo”, pois

as “regras foram seguidas e os carrinhos eram todos iguais”. O quadro 56 mostra as

respostas dadas pelos participantes desse estudo para a questão 1.

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Quadro 56: Respostas dadas pelos participantes à questão 1 do questionário do bloco 4

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Continuando com a análise desse questionário, as respostas obtidas para a

questão 2: Em sua opinião, qual(ais) fator(es) foi(ram) crucial(is) para o resultado da

competição?, mostram que 17 (50,0%) apontaram a habilidade dos pilotos como um dos

fatores importantes para o resultado da competição. Por exemplo, a participante BF08

respondeu que o “participante tinha que ter equilíbrio no ponto de partida, tendo muita

habilidade com o carrinho”.

Por outro lado, 1 (2,9%) participante, DM03, não considerou a habilidade dos

pilotos como um fator crucial para o resultado da competição, pois respondeu que a

“velocidade, tempo e animação das equipes que por sinal demonstraram bem dispostos

e contentes”. O quadro 57 apresenta as respostas dadas pelos participantes para essa

questão.

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Quadro 57: Respostas dadas pelos participantes à questão 2 do questionário do bloco

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Na questão 3: Você acredita que a padronização dos carrinhos de rolimã

proporcionou uma competição justa? ( ) Sim. Por quê? ( ) Não. Por quê? As respostas

dadas para essa questão mostram que os 18 (52,9%) participantes presentes

responderam “Sim”.

Por exemplo, para o participante DM01 o “que contou foi a habilidade de cada

piloto”. O quadro 58 mostra as respostas dadas pelos participantes para essa questão.

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Quadro 58: Respostas dadas pelos participantes à questão 3 do questionário do bloco 4

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

A análise das respostas dadas para a questão 4: Você acha que existe(m)

outro(s) fator(es) que deveria(m) ser levado(s) em consideração, para que a

competição ocorresse em condições de igualdade? ( ) Sim. Qual(is)? ( ) Não. Por quê?

mostram que 7(20,6%) participantes responderam “Sim” enquanto 11(32,4 %)

responderam “Não”. Por exemplo, a participante BF06 respondeu “Sim” e comentou

que a “Rampa é muito inclinada, não estando em um bom estado de conservação e

pequena”.

Por outro lado, o participante CM02 respondeu “Não”, argumentando que a:

“pista não estava boa, mas estava ruim para os dois competidores”. O quadro 59

apresenta as respostas dadas pelos participantes para essa questão.

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Quadro 59: Respostas dadas pelos participantes à questão 4 do questionário do bloco 4

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

A análise das respostas dadas para a questão 5: Você mudaria algo no projeto

do carrinho de rolimã após analisar o resultado da competição? Por quê? mostra que

6(17,6%) participantes responderam que realizariam algumas alterações no projeto. Por

exemplo, o participante BM02 comentou que mudaria o “modo de fixação dos rolimãs”.

Em opinião contrária, 12 (35,3%) participantes responderam que o projeto

original não seria alterado. Assim, o participante DM02 respondeu que “Não mudaria

nada. Apenas deveriam ser feitos testes antes da competição para garantir que o carrinho

estivesse perfeito”. O quadro 60 mostra as respostas dadas pelos participantes para essa

questão.

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Quadro 60: Respostas dadas pelos participantes à questão 5 do questionário do bloco 4

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

O registro das observações anotadas no diário de campo do professor-

pesquisador mostra que os alunos estavam empolgados e felizes durante a realização da

corrida de carrinhos de rolimã proposta para o encerramento dos blocos de atividades do

registro documental, bem como elogiaram a organização desse evento. Por exemplo, o

participante DM03 comentou que estava “feliz pela oportunidade de participar desse

evento super bacana” enquanto a participante AF08 mencionou que “Tudo foi

organizado e feito de uma forma que fosse bom para todos os participantes”.

3.3.Apresentação e Análise das Informações Contidas nos Dados Qualitativos

(QUAL) e Quantitativos (quan) do Questionário Final

Nessa seção, apresentam-se os dados qualitativos e quantitativos que foram

coletados no questionário final (Apêndice III) durante a condução do trabalho de campo

desse estudo. Esse questionário foi aplicado no dia 17 de julho de 2017, das 20h45min

às 21h15min, sendo que dos 34(100,0%) participantes, 24(70,6%) responderam às

questões e 10(29,4%) não estavam presentes nas atividades escolares nesse dia.

A análise das respostas dadas para a questão 1: Qual a sua opinião sobre a

experiência de participar do desenvolvimento de atividades de Modelagem

Matemática?, mostra que, para o item (a) Gostou? ( ) Sim. Por quê? ( ) Não. Por quê?,

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179

24(70,6%) participantes responderam “sim”. Por exemplo, o participante BM04,

respondeu que a “matemática aplicada na prática envolve mais” enquanto a participante

BF05 comentou que “além de interagir foi uma ótima maneira de aprender matemática”.

O quadro 61 mostra as respostas dadas pelos participantes para o item a da questão 1.

Quadro 61: Respostas dadas pelos participantes à questão 1 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Essa análise também mostra que de acordo com as respostas dadas para o item

(b) dessa questão: Você teve dificuldades? ( ) Sim. Quais? ( ) Não. Explique, 18 (53%)

participantes responderam “Não” enquanto 6 (17,6%) responderam “Sim”. Por

exemplo, o participante CM02 que respondeu não para essa questão, comentou que o

“método de ensino aplicado em sala deixa a matéria em si, mais fácil” enquanto a

participante AF07, que responde assinalou sim, argumentou que o “meu raciocínio é

lento”. O quadro 62 mostra as respostas dadas pelos participantes para o item b da

questão 1.

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180

Quadro 62: Respostas dadas pelos participantes para o item b da questão 1

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Continuando com a análise do questionário final, na questão 2: Descreva como

foi o desenvolvimento das atividades propostas, as respostas dadas para essa questão

mostram que 21(61,8%) participantes concordaram que o desenvolvimento das

atividades foi realizado de forma organizada e que, esse processo foi bem orientado, de

maneira que foi possível contemplar os conteúdos matemáticos por meio de atividades

práticas e trabalho em grupo.

Por exemplo, o participante AM01 respondeu que “As atividades foram

desenvolvidas em grupo. Foram bem interessantes as aplicações práticas da matemática

em sala de aula”.

Por outro lado 3(8,8%) participantes não responderam essa questão enquanto

10(29,4%) participantes estavam ausentes das atividades escolares nesse dia. O quadro

63 mostra as respostas dadas pelos alunos para essa questão.

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181

Quadro 63: Respostas dadas pelos participantes para a questão 2 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Para a questão 3 desse instrumento, os participantes informaram quais

conteúdos matemáticos foram aplicados na realização das atividades desenvolvidas. A

análise das respostas mostra que 24(70,6%) participantes responderam que utilizaram a

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182

geometria, unidades de medidas, transformação de unidades, escalas de redução,

operações básicas, razão, proporção, além da utilização de instrumentos como régua,

esquadro e compasso para a elaboração de desenhos geométricos.

Por exemplo, o participante AM03 respondeu que as “Unidades de medida,

transformação de centímetro em milímetros e escalas. Geometria no desenho das peças

e do carrinho de rolimã”. O quadro 64 mostra as respostas dadas pelos participantes

para a questão 3 desse questionário.

Quadro 64: Respostas dadas pelos participantes para a questão 3 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

A análise das respostas dadas pelos participantes à questão 4: Você acredita

que as atividades de modelagem matemática devem fazer parte das aulas de

matemática?( )Sempre. Por quê? ( )Nunca. Por quê? ( ) De vez em quando. Por quê?,

mostra que 24(70,6%) participantes assinalaram “Sempre”.

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183

Por exemplo, a participante BF07 afirmou que é importante que modelagem

matemática esteja presente nas aulas de matemática “Porque aprendemos na prática a

utilizar os conteúdos da matemática”. O quadro 65 mostra as justificativas dadas pelos

participantes para essa questão.

Quadro 65: Respostas dadas pelos participantes à questão 4 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Com a intenção de saber a opinião dos participantes sobre o interesse nas

atividades desenvolvidas durante a condução dessa investigação, as respostas dadas para

a questão 5: Qual(is) das atividades desenvolvidas despertou mais o seu interesse? Por

quê? mostra que 20(58,8%) participantes responderam que a atividade mais interessante

foi a montagem do carrinho de rolimã. Por exemplo, a participante BF07 respondeu que

foi mais interessante “Fazer o carrinho de rolimã, porque achei uma atividade mais

prática, pois consegui perceber a aplicação dos conteúdos da matemática”.

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184

Por outro lado, 3(8,9%) participantes responderam que o desenvolvimento do

projeto foi a atividade mais interessante. Por exemplo, o participante BM04 respondeu

que foi “O processo num todo. O desenvolvimento do projeto, a finalização, a

matemática na prática”. Contudo, para1(2,9%) participante, as “fórmulas da escala”,

porém, não justificou a sua resposta. O quadro 66 mostra as respostas dadas pelos

participantes para essa questão.

Quadro 66: Respostas dadas pelos participantes à questão 5 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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185

Continuando a análise desse questionário, para a questão 6: As atividades

desenvolvidas fizeram você mudar de opinião em relação à matemática? Explique, as

respostas dadas mostram que 22(64,8%) participantes responderam que “Sim”, 1 (2,9%)

participante respondeu que “Não” enquanto 1 (2,9%) não respondeu essa questão.

Por exemplo, o participante CM06 que respondeu sim para essa questão

comentou que “eu vi a matemática com outros olhos, de uma forma mais aplicável”

enquanto o participante BM02 respondeu que “Na verdade a minha opinião por

matemática sempre já foi formada de fato que tudo que fazemos no dia a dia usa-se a

matemática”. O quadro 67 mostra as respostas dadas pelos participantes para essa

questão.

Quadro 67: Respostas dadas pelos participantes à questão 6 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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A análise das respostas dadas para a questão 7: Em algum momento você

associou a matemática estudada em sala de aula com a matemática aplicada em seu

dia-a-dia? Comente, mostra que 18(53,0%) participantes responderam “Sim”, 2(5,9%)

responderam “Às vezes”, 1(2,9%) respondeu que “Não”, 1(2,9%) respondeu que “não

me lembro” enquanto 2(5,9%) não responderam essa questão. O quadro 68 mostra as

respostas dadas pelos participantes para essa questão.

Quadro 68: Respostas dadas pelos participantes para a questão 7 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Na questão 8: Como você classifica a influência da matemática no

desenvolvimento dos esportes? ( ) Muita influência. Por quê? ( ) Pouca influência. Por

quê? ( ) Nenhuma influência. Por quê?, a análise das respostas dadas mostra que

23(67,7%) participantes responderam “Muita influência”.

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187

Por exemplo, o participante BM04 respondeu que a matemática tem muita

influência no desenvolvimento dos esportes afirmando: “A começar com a padronização

e dinâmica dos esportes, uns mais que os outros”.

Por outro lado, 1(2,9%) participante respondeu “Pouca influência”. Por

exemplo, o participante BM02 respondeu a matemática pouco influencia o

desenvolvimento dos esportes, pois “Não são todos os professores ou instituição escolar

que estão abertos a influenciar o aluno por esse meio”. O quadro 69 mostra as respostas

dadas pelos participantes para essa questão.

Quadro 69: Respostas dadas pelos participantes para a questão 8 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

A análise das respostas dadas para a questão 9: Essas atividades contribuíram

para a sua formação como cidadão(ã) ativo(a) em seu cotidiano? ( )Sim. Justifique. ( )

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Não. Justifique. ( )Um Pouco. Justifique., mostra que 16(47,0%) participantes

responderam que “Sim” e justificaram a sua resposta.

Por exemplo, o participante BM02 comentou que essa contribuição está

relacionada com o “fato de já ter passado por algumas experiências feitas no trabalho no

dia-a-dia e ter compartilhado com o grupo algo que nem todos sabiam”.

Contudo, 4(11,8%) participantes responderam que “Sim”, mas não justificaram

a sua resposta enquanto 4(11,8%) responderam “Um pouco” e também não a

justificaram. O quadro 70 mostra as respostas dadas pelos participantes para essa

questão.

Quadro 70: Respostas dadas pelos participantes para a questão 9 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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189

As respostas dadas para a questão 10: Como essas atividades auxiliaram você

na tomada de decisão com relação ao projeto do carrinho? mostram que para

18(52,9%) participantes as atividades desenvolvidas em sala de aula os auxiliaram em

sua tomada de decisão durante a construção do carrinho de rolimã para que pudessem

justificar a padronização desses carrinhos para uma competição esportiva enquanto

6(17,7%) não responderam essa questão.

Por exemplo, a participante AF06 respondeu que “depois de fazer uma

competição com carrinhos e aprender um pouco sobre carrinhos de rolimã vimos que,

pra competir, os carrinhos não podem ser diferentes pra não influenciar no resultado”. O

quadro 71 apresenta as respostas dadas pelos participantes para essa questão.

Quadro 71: Respostas dadas pelos participantes à questão 10 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

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Na questão 11, a intenção do professor-pesquisador era saber a opinião dos

participantes sobre a participação dos integrantes dos grupos. O quadro 72 mostra as

respostas dadas para a questão: Como foi o trabalho em grupo? pelos participantes de

cada grupo.

Quadro 72: Respostas dadas pelos grupos para a questão 11 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Finalizando a análise do questionário final, o quadro 73 mostra as respostas

dadas para a questão 12: Escreva um acontecimento que você achou mais interessante

no processo que você vivenciou. Tem a ver com a matemática? Explique. A análise

dessas respostas mostra que 17 (50,0%) participantes responderam essa questão.

Por exemplo, a participante BF05 respondeu que “Achei interessante ver e

ajudar a medir as peças do carrinho. Tem a ver com matemática em todo o trabalho”.

Por outro lado, 7 (20,6%) não a responderam.

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Quadro 73: Respostas dadas pelos participantes à questão 12 do questionário final

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Após a apresentação e a análise dos dados qualitativos e quantitativos obtidos

pelas respostas dadas pelos participantes em todos os instrumentos de coleta de dados

desse estudo, apresenta-se a interpretação dos resultados desse estudo por meio da

elaboração de categorias de análise.

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192

CAPÍTULO IV

4. INTERPRETANDO OS RESULTADOS UTILIZANDO AS CATEGORIAS

DE ANÁLISES

Esse capítulo apresenta a interpretação dos resultados obtidos pela análise das

informações determinadas por meio das categorias a priori, mistas e emergentes.

As categorias a priori são definidas antes da realização da análise dos dados

brutos enquanto as categorias emergentes são determinadas a partir da análise dos

dados qualitativos e quantitativos coletados durante a condução de uma determinada

pesquisa (MORAES, 1999).

Por outro lado, Rosa (2010) argumenta que as categorias mistas são definidas

previamente, mas também emergem durante o processo de quantificação dos dados

qualitativos.

Além disso, durante a realização da análise quantitativa dos dados houve a

utilização da estatística descritiva, que visou apresentar, descrever, analisar e resumir as

principais características desses dados.

Contudo, ressalta-se que a fundamentação teórica estudada e discutida na

revisão de literatura também foi um referencial importante para a análise dos dados

coletados e a interpretação dos resultados obtidos nesse estudo.

Desse modo, para uma maior clareza dessa fase interpretativa, esse capítulo é

composto pelos seguintes tópicos: Quantificação dos Dados Qualitativos e

Interpretando os Dados por meio das Categorias e Subcategorias a Priori, Emergentes

e Mistas.

4.1. Quantificação dos Dados Qualitativos

A quantificação dos dados qualitativos se desenvolveu por meio da análise de

códigos (palavras, termos, expressões e/ou frases) obtidos nos instrumentos de coleta de

dados. Esse processo de quantificação se desenvolveu por meio da codificação dos

dados brutos e da anotação do número de vezes que cada código apareceu como um

dado numérico.

Consequentemente, o professor-pesquisador implementou essa estratégia pela

simples contagem da frequência de ocorrência de códigos específicos (CRESWELL;

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193

PLANO CLARK, 2007). Esses códigos foram agrupados em temas e, posteriormente,

transformados em categorias, que foram interpretadas qualitativamente. Dessa maneira,

para que o processo de categorização fosse desencadeado, houve a necessidade de

quantificar os dados qualitativos (CRESWELL; PLANO, 2007), que possibilitou a

organização das categorias temáticas.

Nesse processo, a quantificação dos dados qualitativos foi realizada de duas

maneiras, primeiro por meio da contagem da frequência de palavras e termos e em

seguida com a contagem de expressões e frases.

O objetivo dessa abordagem foi garantir a validade e a fidedignidade da

interpretação dos resultados obtidos durante o trabalho de campo desse estudo. Então,

de acordo com Creswell e Plano-Clark (2007), esse procedimento metodológico está

fundamentado na metodologia do estudo misto.

Nesse estudo, a análise dos dados e a interpretação dos resultados foram

realizadas simultaneamente, com os dois conjuntos de informações coletadas. Os dados

qualitativos foram quantificados e analisados qualitativamente, sendo apresentados com

a utilização de quadros por meio da estatística descritiva.

No decorrer desse processo, as palavras e os termos foram contados

independentemente de terem sido utilizadas mais de uma vez pelos participantes desse

estudo. Contudo, algumas palavras e termos foram desconsiderados, pois não

pertenciam a nenhuma das categorias à priori, mistas e emergentes, sendo, portanto,

irrelevantes para a interpretação dos resultados provenientes da análise dos dados

(MORAES, 1999).

O quadro 74 mostra a quantificação dos dados qualitativos por meio da

contagem de termos e palavras constantes nos instrumentos de coleta de dados

utilizados no trabalho de campo desse estudo através do qual se destacam as categorias

temáticas.

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194

Quadro 74: Quantificação dos dados qualitativos, frequência de termos e palavras

Categoria: Modelagem como um Ambiente de Aprendizagem

Subcategoria: Matemática e contexto escolar

Termos e Palavras Questionários Blocos de Atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

Acertar, Adição, Adicionar, Altura, Alunos,

Ângulos, Arco(s), Áreas, Assistirem, Aulas,

Base, Basicamente, Básicos, Caderno,

Centímetros, Centro, Certeza, Certo, Ciências,

Círculo, Circunferência, Classe, Colegas,

Compasso, Comprimento, Conjunto,

Constantes, Contagem, Contar, Corretamente,

Corrigir, Curva, Decimal, Diálogo, Diâmetro,

Didática, Dificuldades, Dividir, Divisão,

Educação, Ensinar, Erra(r), Escala,

Escalímetro, Escola, Escolares, Escrita,

Esquadros, Estatística, Estudar, Exata,

Exemplo, Explicar, Financeira, Física, Formar,

Formas, Fração, Funções, Fundamental,

Geométricos(as), Grandeza, Horizontal,

Inclinação, Inferior, Informações, Instruído,

Lado, Largura, Leitura, Letra, Linhas, Lógicos,

Lousa, Matemática, Matemático,

Matematicamente, Matérias, Máximo,

Medidas, Metros, Milímetros, Mínima,

Multiplicação, Números, Objetos matemáticos,

Orientação, Paralelos, Peso, Ponto, Posição,

Precisão, Professor, Profundidade, Proporção,

Quantidade, Questão, Química, Raio, Razão,

Registros, Régua, Reta, Rotação, Sala,

Seguimentos, Setor, Somar, Subtração,

Superfície, Tamanho(s), Tarefas, Teoria,

Teóricos, Texto(s), Turmas, Unidades, Valor,

Vertical.

174 236 91 138 304 23 966 21,8%

Subcategoria: Competências de modelagem matemática

Termos e Palavras Questionários Blocos de Atividades Total %

Ação, Adaptações, Adotar, Adquirir, Ajuda(r),

Ajustes, Alcançados, Alegar, Analisar,

Anotações, Aplicação, Aplicar, Apontados,

Aprender, Apresenta(r), Aproximar,

Argumentar, Assunto, Atenção, Atribuir,

Auxílio, Avaliar, Buscamos, Calcular, Capaz,

Cativante, Citar, Coletivo, Colocar, Comentou,

Comparações, Compartilhado, Componentes,

Compreender, Compreensão, Concentrados,

Conclusões, Conferir, Conhecimento,

Conseguir. Construir, Conteúdo, Contexto,

Contribuir, Criar, Cumprir, Debate, Decidir,

Decisão, Definidas, Definir, Demonstrar,

Descrever, Desempenhar, Desempenho,

Desenho, Desenvolver, Desenvolvimento,

Despertar, Destacar, Determina(r),

Determinação, Dimensões, Discutir, Elaborar,

Entender, Envolver, Escolher, Encaminhado,

Encontrar, Esboçar, Esboço, Esquemas,

Estabelecer, Etapa, Evidências, Esclarecer,

Escolher, Estabelecer, Estudar, Estruturar,

Execução, Exercer, Experimentação,

Exposição, Expor, Expostos, Expressar,

Facilidade, Facilitar, Fazer, Focar, Fornece(r),

137 477 141 342 287 124 1508 34,0%

Page 195: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

195

Fórmulas, Grupos, Ideia, Identificar, Inferir,

Interesse, Interpretações, Integrantes,

Interações, Investigação, Justificar, Levantar,

Maneira, Método, Medir, Modelagem,

Modelos, Moldes, Montar, Mostrar, Objetivo,

Observando, Observar, Opera(r), Opinião,

Parceria, Participantes, Participar, Pensar,

Perceber, Pesquisar, Planejar, Posicionar,

Problemas, Procedimento, Processo, Projetado,

Questionamento, Raciocinar, Realizar,

Recalcular, Relaciona(r), Relatar, Resolver,

Responder, Resposta, Resultado, Saber,

Simplificar, Situações, Solução, Sugerir,

Tabela, Tema, Testar, Teste, Transformações,

Transformar, Utilizar, Validação, Validar,

Verificar.

Subcategoria: Matemática e esportes

Termos e Palavras Questionários Blocos de Atividades Total %

Airsoft, Atletas, Atletismo, Automobilismo,

Bandeirinha, Basquete, Baterias, Bicicleta,

Campeão, Carro(s), Chegada, Circuito,

Competidor, Competição, Corrida,

Cronômetro, Desafio, Disputada, Distância,

Eliminatórias, Emocionante, Empate, Energia,

Equipamento(s), Equipe, Esporte(s), Exercita,

Freestyle, Futebol, Ganhar, Ganhador, Golfe,

Handebol, Jogadores, Jogar, Jogo(s), Largada,

Manobras, Maratona, Marca(s), Modalidades,

Motocross, Musculação, Natação, Patins,

Percurso, Perdedor, Perder, Piloto, Pista,

Pontuação, Pratico(ar), Pular, Radical, Raia,

Recorde, Saudável, Saúde, Skate, Tempo,

Time, Torcida, Trajeto, Treino, UFC,

Vencedor, Vitória, Vôlei, Xadrez.

218 60 105 232 21 117 753 16,9%

Categoria: Modelagem Matemática nos Esportes

Subcategoria: Brincadeiras

Termos e Palavras Questionários Blocos de Atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

Açougue, Amarelinha, Bodinho-memé, Bola,

Bolinha de Gude, Brincar, Café-com-leite,

Cabra-cega, Carrinho, Carrinho de Rolimã,

Cartas, Cinco-Marias, Corda, Corta-três,

Diversão, Esconde-esconde, Estrear-nova-sela,

Finca, Garrafão, Hotwheels, Jogar, Mamãe-da-

rua, Paredão, Pega-pega, Peteca, Pião, Pipa,

Polícia e Ladrão, Papai-Mamãe, Pular-elástico,

Queimada, Rouba-bandeira.

105 85 59 47 61 28 385 8,7%

Subcategoria: Condições de igualdade em competições esportivas

Termos e Palavras Questionários Blocos de Atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

Aceita(r), Acordo, Adaptadas, Alinhados,

Apto, Apuração, Árbitros, Categorias, Chance,

Clareza, Classificação, Compatibilidade,

Conforme, Considerar, Controlar,

Controvérsias, Critérios, Declarar,

Democrática, Direcionar, Direitos, Eliminação,

Equilibrada, Especificações, Exigências,

Fiscalização, Igualdade, Igualizar, Julgar, Juiz,

Jurídico, Justa, Justiça, Lei, Nível,

Oficializada, Oportunidade, Ordem,

Organização, Padronização, Parecidos,

Perfilados, Permitidos, Pré-Definidos,

Profissionalização, Regras, Regulamento,

Rendimento, Selecionar, Semelhante, Táticas,

Válido.

50 64 66 80 68 69 397 8,9%

Page 196: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

196

Subcategoria: Criticidade e reflexão

Termos e Palavras Questionários Blocos de Atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

Adversas, Alteradas, Arbitrário, Atrapalharia,

Beneficiado, Beneficiaram, Conciliar,

Conciliação, Contrário, Controvérsias,

Desconfiança, Desrespeitadas, Diferente(s),

Distinção, Enganados, Falhas, Favorecer,

Improvisada, Indignação, Infringirem,

Injustiça, Irregular, Modifica, Polêmicas,

Prejudicar, Prejuízo, Punição, Qualificado,

Repensar, Respeito, Responsável, Rigor,

Rouba(r), Sorte, Sorteio, Surpresa,

Transparente, Trapaça, Vantagem.

21 67 36 39 29 26 218 4,9%

Subcategoria: Ação pedagógica para a modelagem matemática

Termos e Palavras Questionários Blocos de Atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

Acessível, Atividades, Conviver, Cotidiano,

Criativo, Culturais, Curiosidade, Dedicação,

Despertar, Dia-a-Dia, Disposição,

Empenhados, Engajados, Esforçar,

Estimulados, Experiência(s), Interessante,

Interesse, Melhorar, Motivar, Naturalmente,

Pessoal, Possibilidades, Prática, Proativos,

Produtivas, Proposta, Realidade, Recursos,

Situações, Sociais, Sociedade, Solicitação,

Vivências.

25 54 33 34 37 29 212 4,8%

Total 4439 100,0%

Fonte: Arquivo pessoal do professor pesquisador

O quadro 75 mostra a quantificação dos dados qualitativos por meio da

contagem de expressões e frases constantes nos instrumentos de coleta de dados

utilizados no trabalho de campo desse estudo através do qual se destacam as categorias

temáticas.

Quadro 75: Quantificação dos dados qualitativos, frequência de frases e expressões.

Categoria: Modelagem como um Ambiente de Aprendizagem

Subcategoria: Matemática e Contexto Escolar

Frases e Expressões Questionários Blocos de Atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

A razão determinada, Aproximação de uma casa

decimal, As medidas estavam em milímetros, Aulas

de geometria, Cálculos numéricos, Cálculos para as

resoluções, Cálculo de peso, Com diâmetro maior,

Compreender como utilizar as escalas, Contar

quantidades de caixas, Conta matemática,

Dificuldades em utilizar a régua, Envolve muita

escrita e leitura, Envolve muitos cálculos, Estudar

para me formar, Explicou a definição de

circunferência, Formas geométricas, Escala de

redução e ampliação, Geometria no desenho das

peças, O ângulo é um elemento importante, Objetos

de medida, Os segmentos ficam todos paralelos,

Prestar a atenção para aprender, Quanto eu devo

receber, Razão e proporção, Saber o quanto eu

17 24 09 08 10 00 68 8,3%

Page 197: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

197

pago, Somar resultados, Ter um objetivo a seguir,

Todo conhecimento é válido, Um arco de

circunferência, Uma aula sobre escalas, Uma

dificuldade com cálculos, Unidades de medidas.

Subcategoria: Competências de modelagem matemática

Frases e Expressões Questionários Blocos de Atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

Acatar a opinião e colocar também a minha, Ajudar

no desenvolvimento do projeto, A montagem do

carrinho todo depende de cálculos, Analisar

modelos, Analisar o regulamento dessa disputa,

Analisar os esboços, Aplicar na prática o que foi

aprendido, Apontar uma solução, Apresentar o

esboço do carrinho de rolimã, Cada dez centímetros

da régua vale a um metro no real, Calculando as

medidas e o peso do carrinho, Calcular a proporção,

Calcular o diâmetro, Cálculo do tamanho das peças

do carrinho de rolimã, Chegamos no modelo

padrão, Coletar ideias, Comparar as peças do

carrinho com o que foi desenvolvido pelo grupo,

Comparavam as medidas, Comparamos as peças e

montamos o carrinho, Compartilhar com o grupo

algo que nem todos sabiam, Contribuir com o que

eu sabia e aprender um pouco com os colegas,

Contribuir para que os resultados fossem

alcançados, Conseguir desenvolver cálculos,

Concluíram a tabela com as especificações das

vistas, Concluíram que existe a necessidade de

seguir padrões pré-definidos, Concluir o carrinho

para a competição, Concluiu o desenho das vistas,

Conseguimos concluir com sucesso o trabalho,

Construir modelos, Construir um carrinho algum

usando cálculos, Definir a sequência dos

movimentos executados, Definir as linhas de

largada e chegada, Definir as medidas do

comprimento do banco e do eixo principal,

Definiram que o banco seria ajustado, Definiram o

tamanho dos rolimãs, Demonstrar com a utilização

de um esboço, Desenhar os carrinhos e as peças,

Desenvolver a ideia, determinar quais peças seriam

usadas, Determinar uma escala, Discutir como seria

o carrinho, Discutir, debater, planejar e colher ideias

de todos, Elaborar um carrinho de rolimã para uma

competição, Elaboração dos esboços dos carrinhos

de rolimã, Elaborar modelos, Elaborar esse

desenho, no trabalho pra ver o resultado final,

Explicar a sua ideia para os participantes, Expressar

a nossa opinião, Escolher e analisar, Escolhidos

pelos participantes, Fazer a montagem do carrinho

de rolimã de acordo com o que projetamos, Fizemos

cálculos e medições para padronizar os carrinhos,

Habilidade para desenhar, Incorporar os resultados

ao projeto, Interação e dedicação, Interpretação de

desenhos, Interpretar uma figura geométrica,

Juntamos as ideias de cada integrante do grupo,

25 75 39 43 45 19 246 29,9%

Page 198: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

198

Levantar informações, Medições e comparações,

Medições usando a régua e a trena, Medidas do

material com que foi feito o carrinho, Medidas para

montar os carrinhos, Medir o tamanho das peças e

alimentar a planilha, Medir as peças, montar os

carrinhos conforme o projeto, Modelar o carrinho

de rolimã, Montar um carrinho usando a

matemática, Nos foi proposto construir um carrinho

de rolimã para competir, O produto final ficou

surpreendente, Os cálculos usados foram muito

bons na construção do carrinho, Pesquisar assuntos,

Posicionar sobre duas carteiras como se estivesse

sentada em um carrinho de rolimã, Procedimento

adotado, Propôs que apenas um furo fosse colocado

no centro, Raciocínios lógicos e teóricos, Repassar

as informações para os integrantes do grupo,

Resolver modelos, Responsáveis pela elaboração,

Ser responsável pela escolha, Ser útil na conclusão

do trabalho, Sugerir a utilização de uma trava,

Sugeriu que um corte fosse realizado, Sugeriu outra

maneira de fixar, Ter mais raciocínio, Testar os

carrinhos de rolimã, Teve várias etapas, Tivemos

que usar a matemática nesse processo, Tomar as

bordas do papel como referência, Transformação de

centímetros em milímetros, Transformação de

unidades, Trocar informações, Uma aluna foi

considerada como uma referência, Usamos a escala

de redução, Usamos a matemática para definir o

tamanho das peças e padronizar os carrinhos,

Usamos a matemática na construção de um carrinho

padronizado para uma competição esportiva, Usei

meus conhecimentos do meu trabalho na madeireira

para definir as medidas das madeiras utilizadas,

Utilizamos muito cálculo e geometria, Utilizamos

razão e proporção para fazer o desenho das peças.

Utilizar um molde de papelão, Tudo foi planejado

antes, Ver se tava igual a tabela, Verificar se o

projeto foi bem executado, Verificar se realmente a

competição foi justa.

Subcategoria: Matemática e esportes

Frases e Expressões Questionários Blocos de Atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

A extensão total da pista, A matemática tem tudo a

ver com os esportes, A pista era uma curva, A pista

é mais fechada e o raio fica menor, A pista utilizada

para a corrida desses carrinhos possui uma parte

inclinada e outra horizontal, A rampa deveria ser

mais larga, Carros de dimensões e pesos diferentes,

Contagem no placar, Dependemos dela

[matemática] para toda modalidade esportiva,

Determinação de tempos, Em todos os esportes,

Equipes competidoras, Essa pista é parte da

circunferência, Esse competidor havia estabelecido

um recorde, Foi feita uma corrida entre os

carrinhos, Força exata para direcionar a bola, Gastar

32 10 31 14 00 15 102 12,4%

Page 199: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

199

energia, Muitos esportes envolvem cálculos, Grau

de inclinação da pista, Massa do carro, Medida do

tempo, Nos tamanhos das quadras e dos

equipamentos esportivos, Número de repetições, O

diâmetro da pista seria menor, O espaço e

inclinação da rampa, O impulso dado pelos próprios

competidores, O trajeto da bola, Podemos fazer uma

corrida com os carrinhos que construímos,

Posicionamento dos jogadores e estatísticas,

Praticar atividades físicas, Prova final, Quantas

séries, Quantidade de energia gasta, Quantidade em

um time, Realização de uma competição, Sua

inércia é maior, Tamanho da pista, Tamanho dos

pneus, Táticas do futebol ou outro esporte, Tempo

de treinamento, Ter resultados diferentes.

Categorias: Modelagem Matemática nos Esportes

Subcategoria: Brincadeiras

Frases e expressões Questionários Blocos de atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

Aprender um pouco sobre carrinhos de rolimã,

Brincadeiras para distração, Carrinhos da marca

hotwheels, Mundialito de rolimã do abacate, Nessa

brincadeira os jogadores passam a bola de um para

o outro utilizando somente a cabeça, Os esportes ou

a maioria deles vieram de brincadeiras, Os carrinhos

de rolimã, Uma brincadeira de competição em sala

de aula com mini carrinhos, Uma corrida de

carrinhos hotwheels.

04 05 03 04 00 03 19 2,3%

Subcategoria: Condições de igualdade em competições esportivas

Frases e expressões Questionários Blocos de atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

Aceitar as regras, A disputa seria mais acirrada, A

justiça está na padronização das regras, A distância

era a mesma para todos os competidores, A raia um

seria beneficiada pelo fato de ser menor a distância,

As peças do carrinho foram do mesmo tamanho, As

regras foram seguidas e os carrinhos eram iguais,

Assim os carros não ficam muito diferentes uns dos

outros, Atender os participantes maiores e menores,

Carrinhos de mesma aerodinâmica, Concordaram

com as regras, Condições de igualdade, Conferir o

lance, Corrigir algo errado, Critérios detalhados,

Deixando tudo certinho, Devem ser usados padrões

matemáticos, É importante para a padronização da

brincadeira, É justo todos os carros serem iguais,

Habilidade e desempenho do piloto, Melhorar o

desempenho na hora de praticar esportes, Mesmo

nível, Na padronização e dinâmica dos esportes, O

cesto tem que ser igual, O copo tem que seguir um

padrão, O juiz determina a distância, O padrão

coloca todo mundo no mesmo nível de

possibilidade, Os atletas devem estar atentos ao

regulamento, Os carrinhos eram padronizados, Os

carrinhos largaram juntos, Os equipamentos tem

que ser padronizados, Os grupos escolheram seu

próprio carrinho, Para que as competições sejam

12 31 30 12 16 13 114 13,9%

Page 200: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

200

justas, Para que todos os carrinhos estejam no

mesmo nível para a competição, O fato de todos

serem iguais, Os carrinhos eram iguais e a

competição foi equilibrada, Os carrinhos ficaram

bem parecidos, Os carrinhos seguiram o projeto e

ficaram iguais, Os carrinhos saíram ao mesmo

tempo, Questão para igualizar, Regras bem

definidas, Seria necessário utilizar o mesmo

carrinho, Ter regras, Teria que ter alguém para

avaliar se realmente foi cumprido naquele horário,

Tiveram a oportunidade de escolher, Todas as peças

estavam padronizadas, Todos os carrinhos foram

feitos nos mesmos padrões com medidas e materiais

igualmente projetados, Todos competiram de forma

igual, Todos os elementos foram padronizados,

Todos os pilotos estavam usando o mesmo carrinho,

Tudo que foi projetado ficou igual, Uma pessoa

para observar a largada.

Subcategoria: Criticidade e reflexão

Frases e expressões Questionários Blocos de atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

A gente não olhava padrão nenhum, A padronização

dos carrinhos é importante para a competição ser

justa, Achei que os participantes deveriam ter o

mesmo peso, Alegaram que não surtiria o efeito

esperado, A matemática ajuda a evolução dos

esportes, A matemática é muito importante na

prática esportiva, Às vezes há controvérsias, Às

vezes o juiz erra, A polêmica envolvendo o para-

atleta brasileiro, Condições adversas, Controlar os

meus gastos, Formas e estados de conservação

diferentes, De maneira improvisada, É injusta uma

corrida entre os dois tipos de carrinhos que eram

muito diferentes, É necessário padronizar a

quantidade de jogadores, Entendo a importância de

padronizar os carrinhos, Está sendo beneficiado o

competidor que estivesse mais próximo ao centro,

Estava ruim para os dois competidores, Essa curva

poderia favorecer alguém, Essa ideia foi acatada,

Foi possível perceber que era preciso padronizar os

carrinhos, Modificar o resultado final, Não sabia

como podemos ser influenciados pela matemática,

Ninguém saiu em vantagem na largada, Nos deu

senso de justiça com questão a padronização, O

atleta não abriria tanto a curva, O atleta que estiver

na raia menor irá fazer a prova no menor tempo, O

competidor tinha levado vantagem, O tamanho de

seu raio influencia na medida de seu comprimento,

O tipo de madeira influencia, Os métodos aplicados

fizeram com que meu dia-a-dia ficasse mais fácil,

Os participantes concordaram com essa proposta,

Padronizar pelo menos o peso do carrinho, Pensar

mais, Perdeu porque outro grupo escolheu primeiro,

Percebemos a importância da matemática aplicada

na prática, Perceber a aplicação dos conteúdos da

matemática, Podemos aprender e compreender que

15 28 33 21 06 10 113 13,7%

Page 201: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

201

precisamos da matemática, Pois tamanho e peso

sendo igual a corrida se torna mais competitiva,

Porque ele vai percorrer uma distância menor que

os outros, Pra competir os carrinhos não podem ser

diferentes, Pra não influenciar no resultado, Pude

ver a importância dessa matéria em vários

momentos, Regras desrespeitadas por alguns atletas,

Repensassem as suas opiniões quanto ao peso dos

competidores, Se sair um do lado do outro não será

a mesma distância, Vi que existe necessidade de

padronizar, Sempre questionei pra que estudar

matemática e agora vendo sua importância para a

competição, Tem muito a ver com a matemática,

Todos iriam sair do mesmo ponto e a primeira raia é

a menor, Uma distância a menos percorrida pelo

fato de ser uma circunferência menor, Venceu o

melhor competidor e não o melhor carrinho, Ver as

coisas de outra forma, Vi a matemática com outros

olhos, Você depende da matemática todos os dias.

Subcategoria: Ação pedagógica para a modelagem matemática

Frases e expressões Questionários Blocos de atividades

Total % Inicial Final 1 2 3 4

Além de interagir foi uma ótima maneira de

aprender matemática, A matemática aplicada na

prática nos envolve mais, A matemática faz parte do

nosso cotidiano, A Matemática sempre está no

nosso dia-a-dia, A produção do projeto e dos

carrinhos foi muito interessante, Aprender com a

prática é bem mais interessante, Aprendi muito com

esse projeto, Aprendi um pouco mais a matemática,

Aprendi melhor, As atividades foram bem

dinâmicas, A discussão e a parceria com colegas

nos fez entender melhor e aprender realmente a

matemática, Aumentou a nossa vontade de

aprender, Desse modo a turma aprende de modo

dinâmico, divertido e com muito aprendizado de

conteúdo, É interessante aprender, Empenho de

todos os participantes na execução dessa tarefa,

Entendimento do conteúdo, Estou aprendendo em

sala de aula, Experiências feitas no trabalho,

Facilidade de compreensão, Facilitou o

desenvolvimento, Fazem pensar, Fazer as coisas em

grupo é melhor, Fez despertar a curiosidade, Foi

bem interessante ver o resultado do esforço

desenvolvido pelo grupo, Foi muito mais fácil

entender o que estava fazendo, Foi possível

vivenciar uma experiência prática da matemática,

Fomos bem orientados, Fomos motivados pelo

tema, Foram bem executadas e produtivas, Gostei

pela forma aplicada de ensino, Gostei muito de

aprender, Interessados em desenvolver essa

atividade, Houve trabalho em conjunto, Incluiu

muita aula prática que facilitou a forma de aprender,

Informações que aprendi na minha profissão,

Interagi com alunos que praticamente nunca

conversaram, Mais facilidade para aprender, Mais

33 80 19 17 07 04 160 19,5%

Page 202: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

202

tranquilo de aprender, Manter mais o interesse nas

aulas, Motivou mais ver todos trabalhando em

equipe, Muitas coisas na vida envolvem a

matemática, Não está tão difícil como antes, Nunca

tive uma aula de matemática tão da hora, O método

de ensino aplicado em sala deixa a matéria mais

fácil, Orientações e ensino, O tema é muito

interessante, O trabalho coletivo foi muito

construtivo, Os participantes estavam concentrados,

Para tudo se usa a matemática como conferir o troco

e na hora de comprar, Podemos colocar em prática

todo nosso desenvolvimento e trabalho, Podemos

ver a matemática aplicada na prática, Quando havia

dúvidas discutimos em grupo, São realizados

encontros culturais que envolvem os carrinhos de

rolimã, Sempre que tem uma aula diferente chama a

atenção, Ser mais proativa, Tivemos orientação do

professor, Tornou a aula mais dinâmica e criativa,

Trouxe muito conhecimento, Tudo feito com a

participação da maioria, Tudo foi bem explicado,

Turma mais interessada nas matérias, Um aprende

com o outro, Um modo mais fácil e prático que me

fizeram interessar um pouco mais pela matéria.

Total 822 100,0%

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

De acordo com a proposta do estudo misto, adotado nessa pesquisa, a análise

dos dados e a interpretação dos resultados foram realizadas simultaneamente com os

conjuntos dos dados brutos qualitativos e quantitativos, que foram coletados durante a

realização do trabalho de campo desse estudo.

O principal objetivo dessa abordagem foi propiciar a quantificação dos dados

qualitativos e da comparação constante desses códigos por meio de sua análise com

relação à revisão de literatura proposta e, também, com os pressupostos da Teoria

Fundamentada, que auxiliaram o professor-pesquisador na interpretação dos resultados

obtidos durante o processo analítico desse estudo.

Em concordância com esses procedimentos metodológicos, as fases de coleta e

análise dos dados foram direcionadas pela questão de investigação desse estudo:

Quais são as possíveis contribuições que a modelagem matemática como

um ambiente de aprendizagem pode trazer para o desenvolvimento das

competências de modelagem matemática de um grupo de estudantes, ao

transformarem uma brincadeira em uma prática esportiva?

Page 203: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

203

Nesse direcionamento, o professor-pesquisador descreveu e analisou os dados

coletados desde o início do trabalho de campo dessa investigação para que pudesse

obter as informações necessárias com relação à modelagem matemática como um

ambiente de aprendizagem para o desenvolvimento das competências em modelagem

dos participantes na transformação de uma brincadeira em uma prática esportiva, na

qual os competidores tenham condições de igualdade nessas competições.

Assim, a análise dos dados brutos qualitativos e quantitativos, bem como a

quantificação dos dados qualitativos, forneceram informações que, juntamente, com o

referencial teórico adotado pelo professor-pesquisador propiciaram a descrição das

categorias, que contribuíram para a interpretação dos resultados apresentados nesse

estudo.

Então, a partir dessa questão, duas categorias mistas foram elaboradas para

auxiliar o professor-pesquisador na interpretação dos dados e das informações que

foram coletadas e analisadas: Modelagem Matemática como um Ambiente de

Aprendizagem e Modelagem Matemática e os Esportes.

Foram elaboradas também sete subcategorias, sendo seis subcategorias mistas

denominadas de Matemática e Contexto Escolar, Competências de Modelagem

Matemática, Matemática e Esportes, Brincadeiras, Condições de Igualdade em

Competições Esportivas e Criticidade e Reflexão e uma subcategoria emergente

denominada de Ação Pedagógica para a Modelagem.

Essas categorias auxiliaram o professor-pesquisador na elaboração e

organização de textos que se originaram das informações coletadas, descritas e

analisadas durante a condução do trabalho de campo desse estudo, possibilitando,

assim, o desenvolvimento da resposta para a questão de investigação.

Dessa maneira, apresenta-se a descrição de cada uma das categorias e

subcategorias, que foi elaborada de acordo com as fundamentações teórica e

metodológica desse estudo e que possibilitaram o desenvolvimento da fase

interpretativa dessa pesquisa.

4.2. Modelagem Matemática como um Ambiente de Aprendizagem

Essa categoria mista foi composta por três subcategorias mistas: Matemática e

Contexto Escolar, Competências de Modelagem Matemática e Matemática e Esportes.

Page 204: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

204

A análise da quantificação dos dados qualitativos mostra que 72,7% das palavras e

termos identificados e que 50,6% das frases e expressões codificadas nos instrumentos

de coleta de dados revelaram elementos característicos da Modelagem Matemática

como um ambiente de aprendizagem, que foi desenvolvido por meio da elaboração de

blocos de atividades aplicados no ambiente escolar e extraescolar.

De acordo com os resultados obtidos nesse estudo, infere-se que, ao se

considerar a Modelagem Matemática como um ambiente de aprendizagem, as práticas

discursivas e interativas, conforme proposto por Barbosa (2006), foram desencadeadas

nesse ambiente, pois os participantes foram estimulados a se envolverem em discussões

reflexivas, utilizando as ideias matemáticas e as suas técnicas como veículos para a

análise crítica dos esboços dos carrinhos de rolimã que foram elaborados em cada

grupo.

Por exemplo, após a elaboração dos esboços dos carrinhos, os componentes dos

grupos A, B, C e D se interagiram e trocaram informações, discutindo reflexivamente,

sobre os nomes das peças desses carrinhos. É importante ressaltar que essa verificação

foi necessária, pois havia divergência no nome de algumas peças propostas em cada

grupo e, então, esses participantes decidiram, de maneira conjunta, quantas peças iriam

compor o carrinho, bem como as suas dimensões.

Dessa maneira, através da modelagem matemática os participantes desse estudo

interagiram com os conhecimentos matemáticos, as suas utilizações e refletiram de

maneira crítica-reflexiva sobre esses conhecimentos a partir dos contextos escolar e

cotidiano.

Por exemplo, a elaboração do projeto do carrinho de rolimã para uma

competição esportiva desencadeou na sala de aula discussões relacionadas com o

conceito de escala. Assim, a análise dos dados mostra que, através das explicações do

professor-pesquisador e do desenho das vistas do carrinho de rolimã, 17(50%) dos

participantes puderam compreender e utilizar esse conceito em atividades de desenho

geométrico, bem como na elaboração do esboço do carrinho de rolimã pelos membros

de cada grupo.

Contudo, antes do professor-pesquisador continuar com a interpretação dos

resultados obtidos nessa categoria, é importante ressaltar que a sua trajetória pessoal e

profissional o direcionou para a utilização da modelagem matemática como um

ambiente de aprendizagem para que pudesse compreender o papel social da matemática.

Page 205: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

205

Nesse contexto, o ambiente de aprendizagem desenvolvido nesse estudo está

de acordo com o proposto por Barbosa (2001), pois os participantes foram convidados a

indagarem e investigarem, por meio da Matemática, situações oriundas de outras áreas

da realidade, como, por exemplo, os carrinhos de rolimã.

É importante ressaltar que, nessa investigação, a situação-problema

proveniente da realidade estava relacionada com a construção de um carrinho de rolimã

para a sua utilização em uma competição esportiva, na qual os atletas pudessem

competir em condições de igualdade.

Desse modo, a análise dos dados coletados no trabalho de campo conduzido

mostrou que 28(82,4%) participantes conhecem a brincadeira do carrinho de rolimã

enquanto 10(29,4%) participantes brincaram e ainda brincam com esses carrinhos,

possibilitando, assim, a contextualização de conteúdos matemáticos em sala de aula.

Dessa maneira, Barbosa (2004) afirma que a modelagem matemática em sala

de aula é uma atividade na qual os alunos são estimulados a discutir a Matemática e o

seu papel no contexto de situações do cotidiano, de outras ciências ou de outros campos

conhecimento.

Por conseguinte, a utilização da modelagem matemática como um ambiente de

aprendizagem se mostrou oportuna, pois proporcionou conexões entre a matemática e as

situações-problema que constituem o cotidiano dos participantes desse estudo, como,

por exemplo, os carrinhos de rolimã. Por conseguinte, Rosa e Orey (2007) afirmam que

a Modelagem Matemática oportuniza para os alunos a discussão sobre o papel da

matemática, bem como da natureza dos modelos matemáticos em seu meio

sociocultural.

Além disso, de acordo com a análise dos dados coletados, infere-se que a

maioria dos alunos está ciente da importância da matemática no desenvolvimento das

atividades realizadas em seu dia-a-dia. Por exemplo, as respostas dadas pelos

participantes no início dessa pesquisa mostram que 27(79,4%) participantes afirmaram

que a matemática auxilia no desenvolvimento das atividades do cotidiano. Por exemplo,

o participante CM06 afirmou que esse auxílio ocorre na realização de “atividades das

mais simples como conferir um troco até as mais complexas como fazer a declaração de

imposto de renda”.

Nesse sentido, a promoção de um ambiente de aprendizagem em que os alunos

se assumem como indivíduos, que são responsáveis pela construção do próprio

conhecimento, se constitui em uma oportunidade para a implantação de uma educação

Page 206: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

206

ampla que seja capaz de formar cidadãos para atuarem em uma sociedade em transição

(D‟AMBROSIO, 2011).

Então, para o desenvolvimento da modelagem matemática como um ambiente

de aprendizagem em sala de aula, o professor-pesquisador se preocupou em basear-se

em uma situação-problema que fosse interessante para os participantes desse estudo,

convidando-os a participarem e investigarem o tema proposto com referência na

realidade (BARBOSA, 2004).

Nesse contexto, uma das inquietudes do professor-pesquisador estava

relacionada com a motivação para a aprendizagem porque a modelagem pode ser

considerada como um componente-chave das tendências atuais em educação

matemática.

Por exemplo, de acordo com Rosa e Orey (2012a), esse ambiente de

aprendizagem deve ser constituído a partir das relações interpessoais em torno de um

tema que seja de interesse comum a ser investigado por meio da matemática, a fim de

possibilitar aos participantes a produção de diversas ações que possam auxiliá-los na

transformação da realidade.

A interpretação dos resultados obtidos nessa categoria apontou que, nesse

ambiente de aprendizagem, proporcionado pela modelagem, os participantes

demonstraram as suas facilidades e dificuldades com relação a esse processo e, também,

com aplicação dos conteúdos matemáticos que emergiram durante a elaboração dos

projetos, conforme a necessidade da aplicação desses conteúdos na construção do

carrinho de rolimã, para a sua participação em uma competição esportiva.

Então, o desenho de formas geométricas, a utilização de instrumentos de

medidas, as relações entre as unidades de medida e o trabalho com as escalas no

desenho das peças que compunham do carrinho de rolimã estavam relacionadas com as

dificuldades e facilidades encontradas pelos participantes no desenvolvimento de seus

projetos.

Por exemplo, durante a aplicação do terceiro bloco de atividades surgiram

dúvidas quanto à utilização das unidades de medida. De acordo com os registros no

diário de campo do professor-pesquisador, 4(11,8%) participantes alocados no grupo B

não compreendiam a relação entre as unidades centímetros e milímetros. Por outro lado,

o participante DM02 demonstrou a sua habilidade para a conversão dessas unidades,

principalmente, devido ao fato de utilizá-las em sua área de atuação profissional.

Page 207: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

207

Nesse sentido, foi preciso que o professor-pesquisador realizasse uma

intervenção pedagógica para esclarecer para os participantes do grupo B e, também,

para os demais participantes como fazer realizar a conversão das unidades na escala do

metro linear. Essa ação foi rápida, pois de acordo com esses participantes, esse conteúdo

havia sido abordado, anteriormente, na disciplina de Física.

Com relação à utilização dos instrumentos de medidas, como, por exemplo, a

régua, o compasso, o escalímetro e o esquadro; o professor-pesquisador observou que a

dificuldade dos participantes estava relacionada com a falta de prática com o manuseio

desses instrumentos, pois a sua utilização era realizada eventualmente em sala de aula.

Por exemplo, até mesmo a régua que é frequentemente utilizada pelos

participantes em sala de aula, trouxe dúvidas com relação ao seu manejo para a

determinação das medidas das dimensões de uma determinada figura geométrica

necessária para o esboço do carrinho de rolimã.

De acordo com as anotações registradas no diário de campo do professor-

pesquisador 8(23,5%) iniciavam a medição do valor das dimensões da figura desenhada

pela extremidade da régua e não pela marcação do zero desse instrumento de medida.

No entanto, 16 (47,1%) participantes demonstraram ter habilidades com a utilização de

instrumentos de medida na elaboração dos desenhos das formas geométricas

relacionadas com as peças do carrinho de rolimã.

Nesse sentido, Rosa e Orey (2012a) argumentam que existe a necessidade de

que os alunos estejam inseridos em um ambiente de aprendizagem que facilite a

utilização do conhecimento matemático que adquiriram previamente na escola e

tacitamente nas comunidades nas quais estão inseridos.

4.2.1. Matemática e Contexto Escolar

A quantificação dos dados qualitativos mostra que 21,8% das palavras e termos

identificados e que 8,3% das frases e expressões codificadas nos instrumentos de coleta

de dados brutos estão relacionadas com os conteúdos matemáticos ensinados no

contexto escolar, definindo, assim, a subcategoria denominada de Matemática e

Contexto Escolar.

Nas atividades de modelagem realizadas durante a condução do trabalho de

campo desse estudo, o professor-pesquisador realizou intervenções pedagógicas quando

surgiram conteúdos matemáticos desconhecidos para os participantes, explicando-os e

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208

esclarecendo-os e, além disso, buscou relacionar os conteúdos contemplados no

currículo matemático acadêmico, que surgiram no contexto da realização desse projeto

de modelagem, com as atividades realizadas fora do contexto escolar.

Por exemplo, durante a aplicação do segundo bloco de atividades, houve uma

discussão sobre a rua em que eram realizadas as corridas de carrinhos de rolimã no

Mundialito de Rolimã do Abacate, que desencadeou um questionamento sobre o cálculo

do comprimento da circunferência relacionada com a trajetória descrita pelos

competidores na corrida e a distância que deveriam percorrer.

Esse questionamento foi importante, pois possibilitou que os participantes

desenvolvessem o seu senso crítico e reflexivo para que pudessem compreender essa

situação-problema.

Nesse sentido, essa discussão proporcionou uma oportunidade para que os

participantes debatessem que, em uma competição esportiva de corrida em que há a

separação dos competidores por raias, se a trajetória descrita pelos atletas for curvilínea,

os concorrentes não podem largar alinhados, pois, se isso acontecer, uns percorrerão

distâncias maiores do que os outros.

Por exemplo, o participante BM04, se referindo à trajetória curvilínea da pista

utilizada no Mundialito de Rolimã do Abacate, comentou que “Nesse caso, se sair um

do lado do outro não vai ser a mesma distância”.

A partir dessas discussões o professor-pesquisador explicou o conceito de

circunferência, os seus elementos e apresentou para os participantes a fórmula para o

cálculo de seu comprimento, enfatizando a sua relação com o raio. Em seguida,

solicitou que os participantes resolvessem uma situação-problema proposta no ENEM

de 2001, que tinha relação com esse conteúdo matemático.

Assim, de acordo com a interpretação dos resultados obtidos para a questão do

ENEM de 2011: Se os atletas partissem do mesmo ponto, dando uma volta completa,

em qual das raias o corredor estaria sendo beneficiado. Justifique a sua resposta

(Apêndice XI), aplicada ao final do Bloco de Atividades II, relacionada com a prática

do atletismo, os resultados obtidos mostram que 19(59,9%) participantes responderam

essa questão corretamente.

Por exemplo, o participante CM02 argumentou que o corredor beneficiado seria

o competidor posicionado na “Raia 1! O diâmetro da pista seria menor se todos atletas

partissem do mesmo ponto, por isso é claro que a raia seria beneficiada pelo fato de ser

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209

menor a distância da raia 1 para a 8ª raia” enquanto o participante DM01 comentou que

seria “Na primeira raia porque ele vai percorrer uma distância menor que os outros”.

Similarmente, o participante BM04 respondeu que é a “Raia 1, por que baseado

no raio da circunferência a distância da raia 2 é maior que a raia 1” enquanto o

participante CM06 comentou que “Na primeira do centro para a extremidade, pois ele

está mais próximo do centro, ou seja, o percurso dele seria menor”.

Esses resultados mostram que a contextualização uma ação pedagógica

importante utilizada pelo professor-pesquisador, pois possibilitou a compreensão de

conteúdos matemáticos, como, por exemplo, circunferências; bem como a sua

assimilação pelos participantes desse estudo.

Desse modo, Rosa e Orey (2012a) argumentam que a modelagem pode ser

considerada como um ambiente de aprendizagem que visa facilitar a investigação de

problemas por meio da elaboração de atividades pedagógicas contextualizadas, que

auxiliem os alunos na utilização dos conhecimentos matemáticos para a resolução das

situações-problema propostas em sala de aula.

4.2.2. Competências de Modelagem Matemática

No decorrer da aplicação dos quatro blocos de atividades propostos no registro

documental desse estudo, a análise dos dados possibilitou a inferência de que os

participantes demonstraram possuir ou terem desenvolvido as competências necessárias

para o desenvolvimento da modelagem matemática.

De acordo com esse contexto, é necessário destacar que as atividades propostas

nesses blocos de atividades foram aplicadas de acordo com as três fases da modelagem

matemática propostas por Rosa (2005) para que se pudesse desenvolver uma ação

pedagógica com as suas dez etapas.

Por exemplo, o quadro 76 mostra a relação entre os blocos de atividades

aplicados, as três fases e as dez etapas da modelagem.

Page 210: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

210

Quadro 76: Relação entre os blocos de atividades, as três fases e as dez etapas da

modelagem

Fases da modelagem Blocos de atividades Etapas da modelagem

Fase inicial:

Preparação para a

modelagem

Bloco I: Apresentação do

tema e experimentando

uma corrida de carrinhos.

Bloco II: Apresentação do

carrinho de rolimã, a

competição e a proposta

de padronização.

1. Escolha do tema.

2. Pesquisa sobre o tema.

Fase intermediária:

Desenvolvimento da

modelagem e

elaboração dos

modelos

Bloco III: Elaboração dos

projetos, montagem dos

carrinhos e validação.

3. Elaboração dos

questionamentos

4. Formulação dos problemas

matemáticos.

5. Elaboração dos modelos

matemáticos.

6. Resolução de problemas

matemáticos.

7. Interpretação da solução.

8. Comparação do modelo com a

realidade.

Fase final:

Apresentação da

modelagem e entrega

do relatório final

Bloco IV: A competição. 9. Relatório e defesa do tema.

10. Avaliação.

Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Essa estruturação das atividades de modelagem, nesse ambiente de

aprendizagem, auxiliou o professor-pesquisador na identificação das competências de

modelagem dos participantes desse estudo. Assim, a análise da quantificação dos dados

qualitativos mostra que 34,0% das palavras e termos identificados e que 29,9% das

frases e expressões codificadas nos instrumentos de coleta de dados revelam indícios da

presença de elementos ou características que possibilitaram a elaboração da

subcategoria mista denominada de Competências de Modelagem Matemática.

Nesse estudo, esse ambiente de aprendizagem proporcionado pela modelagem

matemática propiciou a compreensão de que esse tipo de proposta educacional atende à

dinâmica da sociedade atual, pois exige o desenvolvimento ou a aquisição de múltiplas

competências de seus cidadãos, que devem ser exercitadas em ambientes de

aprendizagem de natureza investigativa, com foco na construção autônoma e reflexiva

sobre as situações-problema do cotidiano e das ciências de uma maneira geral (ROSA;

OREY, 2012a).

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211

Portanto, para que se obtenha experiência em algum tipo de atividade, como,

por exemplo, profissional, acadêmica ou esportiva, existe a necessidade de praticá-la.

Portanto, para o professor-pesquisador as competências em modelagem matemática são

desenvolvidas a partir da familiarização dos participantes com o desenvolvimento desse

processo. Desse modo, à medida que os participantes foram submetidos às atividades de

modelagem em sala de aula, a aquisição e/ou desenvolvimento de competências os

auxiliaram na produção e entendimento de seu conhecimento matemático.

Dessa maneira, à medida que os blocos de atividades eram aplicados e

desenvolvidos pelos participantes, as competências de modelagem matemática dos

participantes começaram a emergir e/ou se desenvolver.

Conforme a análise dos dados, coletados nesse ambiente de aprendizagem, a

modelagem pode ser considerada como um instrumento mobilizador e amplificador dos

conhecimentos matemáticos e, também, proporcionou a relação da matemática com as

padronizações necessárias para que os participantes compreendessem como as práticas

esportivas podem ocorrer em condições de igualdade.

Por conseguinte, de acordo com Maaβ (2006), os participantes puderam

desenvolver as competências necessárias para resolverem as situações-problema

enfrentadas no cotidiano, como, por exemplo, compreender a situação-problema,

elaborar os modelos do mundo real, resolver as questões relacionadas com os modelos,

interpretar os resultados matemáticos e validar as suas soluções.

Durante o desenvolvimento das atividades, de acordo com a interpretação dos

resultados obtidos, infere-se que as ações realizadas pelos participantes, envolvendo

raciocínios e estratégias diversas, os tornaram matematicamente competentes para

elaborarem, com sucesso, o projeto do carrinho de rolimã, que foi utilizado na

competição realizada como finalização das atividades propostas no registro documental

desse estudo.

Em todos os blocos de atividades os participantes foram estimulados a utilizar os

seus conhecimentos que foram adquiridos anteriormente em suas experiências

acadêmicas ou em suas vivências advindas do convívio social e cultural, na realização

das tarefas propostas em sala de aula.

Por exemplo, no primeiro bloco, uma das atividades consistia em escolher um

carrinho da marca hotweels para uma corrida, a análise das respostas dadas pelos

participantes a questão 1 do questionário aplicado após a realização dessa corrida estava

relacionada com os fatores que os influenciaram na escolha do carrinho.

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212

A interpretação desse resultado mostra que os participantes consideraram as

grandezas físicas relevantes para o desempenho do carrinho na corrida, como, por

exemplo, o peso, a aerodinâmica, o tamanho do carrinho e das rodas, demonstrando a

competência dos participantes para entenderem a situação-problema proposta,

elaborarem as suposições e reconhecerem as quantidades que influenciaram a sua

tomada de decisão.

Quando questionados se a corrida desses carrinhos foi realizada em condições de

igualdade, a análise dos dados mostra que 7(20,6%) participantes responderam que não,

pois os carrinhos possuíam tamanhos, dimensões e pesos diferentes. Por outro lado,

21(61,8%) participantes responderam que sim, pois os carrinhos largaram no mesmo

ponto, havia juízes verificando a largada e a chegada dos carrinhos e os participantes

tiveram a oportunidade de escolher os seus carrinhos.

Esses resultados evidenciaram o desenvolvimento de competências desses

participantes que foram requeridas pelas atividades de modelagem ou desenvolvidas por

meio destas atividades tais como a competência relacionada com o estabelecimento de

relações entre as variáveis. Por exemplo, os participantes puderam perceber que o peso

dos carrinhos poderia influenciar no resultado final, pois a largada foi realizada em uma

pista com uma inclinação pré-definida.

Quando foram questionados sobre a necessidade de padronização dos carrinhos,

17 (50%) responderam que os carrinhos precisam ser padronizados para a competição.

Por exemplo, o participante AM01 afirmou que essa padronização é necessária “para

que todos os carrinhos estejam no mesmo nível para a competição”. Esses dados

também mostram que esses participantes possuem competências relacionadas com o

reconhecimento de quantidades que podem influenciar nos resultados de uma

determinada competição.

No segundo bloco de atividades, foram socializados e discutidos, com os

participantes desse estudo, o regulamento e as condições em que aconteceu uma

competição de carrinhos de rolimã, na qual o professor-pesquisador participou como

expectador.

De acordo com a análise dos resultados obtidos, esse debate proporcionou um

esclarecimento de fatos que podem interferir no resultado de uma competição esportiva,

como, por exemplo, a trajetória descrita pelos carrinhos na competição, bem como pelos

diferentes tipos de carrinhos utilizados nessa corrida.

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213

Assim, a partir dessas discussões, desencadeadas no ambiente de aprendizagem

da modelagem, os participantes desenvolveram a competência de entender uma

situação-problema com relação às informações que são relevantes e/ou irrelevantes para

a realização de uma prática esportiva em condições de igualdade.

De acordo com a interpretação dos resultados da fase analítica desse estudo, esse

fato ficou evidenciado, a partir das discussões ocorridas durante o segundo bloco de

atividades relacionadas com as grandezas importantes em uma competição de corrida

entre carros, por exemplo, pois a participante BF05 comentou que, na Fórmula 1,

“normalmente é um carro atrás do outro por causa da curva”.

Em seguida, quando apresentava a imagem de uma pista para a competição de

carrinhos de rolimã, o professor-pesquisador, visando ampliar essa discussão, comentou

que:

Essa foto mostra o local onde acontecem as competições de carrinho

de rolimã e, como professor de matemática, uma das coisas que me

chamou a atenção durante as corridas foi a trajetória da pista e pelo

fato de ser uma curva poderia favorecer um competidor em relação ao

outro, em uma bateria de classificação, pois eles largavam alinhados

um ao lado do outro.

Argumentando com o professor-pesquisador, o participante BM01 comentou que

“esse fato era para evitar batidas entre os carros”, a participante BF05 respondeu que

“poderia ser para a manobra do carro ao fazer a curva” enquanto o participante BM04

explicou que “em uma corrida como a fórmula 1, o piloto que garante a Pole Position

sai na frente”.

Complementando essa discussão, o professor-pesquisador explicou para os

participantes que o termo Pole Position consistia em um critério para definir a largada

nas corridas automobilísticas. Nesse critério, os pilotos participam de uma fase da

competição denominada de treino livre em que correm voltas na pista para determinar

quem sai na frente que, nesse caso, é o piloto que completar uma volta no circuito em

um menor tempo.

Continuando com essa discussão, o professor-pesquisador destacou ainda que o

tempo não é a única grandeza importante em uma competição e, em seguida, perguntou

para os participantes: “Quais são as outras grandezas que devem ser consideradas numa

competição dessas?”.

Nesse sentido, a participante CF05 disse “Velocidade” e o professor-pesquisador

perguntou: E qual mais? Temos outra grandeza muito importante envolvida, qual

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214

seria?”. Então, o participante CM06 perguntou: “A distância?” e o professor-

pesquisador respondeu:

Exatamente, é a distância. É fundamental que os pilotos percorram a

mesma distância, quer dizer, os pilotos de Fórmula 1 dão voltas

individualmente, mas todos dão a mesma volta, o percurso tem que ser

o mesmo para todos os pilotos e o piloto que percorrê-lo em menos

tempo terá a vantagem na largada.

Nesse momento, o participante BM04, se referindo à trajetória curvilínea da pista

do Mundialito de Rolimã do Abacate comentou que: “Nesse caso, se sair um do lado do

outro não vai ser a mesma distância”. Então, o professor-pesquisador complementou o

comentário desse participante e explicou: “Exatamente, não seria a mesma distância

pelo fato da pista ser uma curva”.

No terceiro bloco de atividades, os participantes desenvolveram várias

atividades relacionadas com a elaboração do projeto de um carrinho de rolimã para a

realização de uma competição esportiva. A interpretação dos resultados obtidos nesse

bloco mostra que esses participantes desenvolveram as competências relacionadas com

o estabelecimento de relações e comparações para a elaboração de um determinado

modelo matemático retirado do cotidiano ao considerar a estatura dos possíveis

competidores como uma medida comparatória para o desenvolvimento de uma corrida

justa.

Por exemplo, quando os participantes definiram o comprimento do eixo

principal do carrinho de rolimã, tomaram o cuidado de observar qual era o tamanho dos

competidores, pois compreenderam que qualquer participante desse estudo poderia ser

considerado como o(a) piloto(a) do carrinho, pois as estaturas distintas não poderiam ser

um obstáculo para a participação na corrida.

Como solução para essa situação-problema, os participantes desse estudo

definiram que haveria duas posições para o acento do carrinho de rolimã, demonstrando,

dessa maneira, a competência necessária para resolver esse problema com a utilização

de conceitos matemáticos, bem como relacionado com a inclusão social. Desse modo,

todas as peças do carrinho de rolimã foram dimensionadas, separadamente,

demonstrando a competência desses participantes para dividir esse problema em partes

menores e, posteriormente, estabelecer as relações entre todas essas partes.

A interpretação dos resultados desse estudo mostra que, durante o

desenvolvimento do terceiro bloco de atividades, também foram utilizados

conhecimentos adquiridos fora do ambiente escolar, como, por exemplo, o participante

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215

BM02 colaborou com a escolha das madeiras utilizadas na confecção dos carrinhos, pois

a sua convicção sobre essas escolhas estava relacionada com o fato de trabalhar em uma

madeireira.

Assim, os conhecimentos que esse participante adquiriu no ambiente

profissional, que estavam relacionados com a resistência das madeiras e com as suas

dimensões padrões para a comercialização, o respaldou para convencer os demais

participantes que as madeiras escolhidas trariam um melhor desempenho, estabilidade e

durabilidade para os carrinhos de rolimã.

Por exemplo, de acordo com Maaβ (2006), as competências de modelagem

matemática também englobam as habilidades e as capacidades que os alunos possuem

ou desenvolvem para organizar e utilizar as estratégias para a resolução de uma

determinada situação-problema. Por outro lado, Kaiser (2007) argumenta que essa

competência da modelagem está relacionada com capacidade de os alunos mostrarem

entendimento sobre os problemas retirados da vida real.

De acordo com a interpretação dos resultados obtidos nesse estudo infere-se que,

para a elaboração do projeto do carrinho de rolimã, um dos pontos importantes estava

relacionado com o tipo de material a ser utilizado em sua construção. Assim, as

explicações dadas pelo participante BM02 auxiliaram os demais participantes a

compreenderem qual era a melhor opção de madeira para ser utilizada na construção

dos carrinhos de rolimã.

Essa abordagem possibilitou o desenvolvendo da competência de

reconhecimento, nos participantes, de informações relevantes que estavam relacionadas

com a resistência e as dimensões das peças desses carrinhos. Da mesma maneira, o

participante DM02 utilizou os conhecimentos que adquiriu no exercício de sua

profissão, que está relacionada com o trabalho com estruturas metálicas, para colaborar

com a definição das medidas dos rolimãs que seriam utilizados na montagem dos

carrinhos.

Em outro exemplo, as anotações registradas no diário de campo do professor-

pesquisador possibilitaram o desenvolvimento da inferência de que a prática

profissional desse participante o influenciou nessas definições, pois utilizou como

unidade de medida o milímetro. Então, quando esse participante foi questionado sobre o

motivo pelo qual empregou essa unidade de medida, justificou que sempre a utilizava

para determinar as dimensões das estruturas que são montadas em seu campo de atuação

profissional. Esse episódio possibilitou a realização de uma intervenção pedagógica

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216

para esclarecer para os demais participantes que uma grandeza pode ser representada

por meio de diferentes unidades de medida, como, por exemplo, a relação entre

milímetros e centímetros.

Nesse direcionamento, a interpretação dos resultados obtidos nessa atividade

mostra que, após a intervenção pedagógica, que destacou a importância da escala do

metro linear e, com as explicações do professor-pesquisador de que o diâmetro de uma

circunferência pode ser dado tanto em milímetros quanto em centímetros e que, em

muitas áreas profissionais, é comum a utilização do milímetro para representar

dimensões com valores inferiores a um centímetro, os 21 (61,8%) participantes que

estavam presentes entenderam essa explicação, possibilitando, assim, o

desenvolvimento de sua competência em estabelecer relações entre as grandezas e as

suas respectivas unidades de medidas.

Em continuidade com a interpretação dos resultados obtidos na realização das

atividades do terceiro bloco, os participantes denominaram todas as peças do carrinho

de rolimã e alimentaram uma planilha com todos os dados técnicos para que as peças

pudessem ser confeccionadas e/ou compradas. Por conseguinte, esses participantes

desenvolveram a competência de nomear e identificar cada peça componente do

carrinho, bem como detalhar essas informações para apresentá-las por meio do

preenchimento de uma planilha, utilizando corretamente, a linguagem matemática nessa

tarefa.

Além disso, esses participantes também utilizaram essas informações,

posteriormente, para a conferência das peças confeccionadas pelo marceneiro,

demonstrando o desenvolvimento da competência para validar os resultados

encontrados anteriormente na construção do carrinho de rolimã.

Contudo, é importante ressaltar que, antes das peças serem confeccionadas,

houve alguns problemas apontados pelo marceneiro com relação às peças que deveriam

cortadas e furadas, como, por exemplo:

Qual é a distância entre o último furo para fixar o banco e a

extremidade traseira do eixo central? Não está definida no desenho.

Qual é a distância entre o furo para fixar a guia e a extremidade frontal

do eixo central? Não está definido no desenho.

Quais são as posições dos furos no banco? Não está definida no

desenho.

O tamanho dos parafusos será de 6 cm? Esses parafusos vão prender

duas tábuas de 3 cm conforme o projeto, portanto estão pequenos.

Os eixos dos rolimãs dianteiro e traseiro terão o mesmo comprimento

de 60 cm? O desenho mostra tamanhos diferentes, o eixo traseiro está

menor que o dianteiro.

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A base suspensora traseira será de 6cm x 6cm como a dianteira? O

desenho mostra que são de tamanhos diferentes.

O eixo dos rolimãs traseiro e a base suspensora traseira têm o mesmo

comprimento de 50 cm? A planilha apresenta essa medida nas duas

peças que serão encaixadas uma em cima da outra, assim, não será

possível encaixar os rolimãs.

Desse modo, o professor-pesquisador repassou essas informações para os

participantes de cada grupo, que trataram de solucionar os questionamentos

apresentados. Por meio da interpretação dos resultados obtidos, infere-se que os

participantes demonstraram ser competentes para revisar as partes de seu projeto,

propondo soluções para as dimensões das peças que não se ajustavam ao modelo real,

como, por exemplo:

1. Qual a distância entre o último furo para fixar o banco e a

extremidade traseira do eixo central? Solução: Essa distância será de

15 cm. Como o banco terá 30 cm teremos um furo no centro do banco

e para que ele fique alinhado com o eixo central, o último furo nesse

eixo também deve estar a 15 cm de sua extremidade traseira.

2. Qual a distância entre o furo para fixar a guia e a extremidade

frontal do eixo central? Solução: Essa distância será de 7 cm. Como o

eixo central ficará por cima da base guia que possui 10 cm de largura

com um furo no centro, queremos que esse eixo fique 2 cm além da

base guia.

A interpretação desses resultados também mostra que, durante a elaboração dos

desenhos das vistas dos carrinhos de rolimã, o professor-pesquisador observou que os

participantes apresentavam dificuldades para utilizar os instrumentos de desenho, bem

como para compreender a utilização de escalas para que pudessem desenhar as vistas

desses carrinhos. Então, foi necessária a realização de uma intervenção pedagógica para

o esclarecimento do conceito de escala, de suas aplicações e de sua importância no

desenho de reduções ou ampliações de determinadas peças ou estruturas.

Continuando com a interpretação dos dados obtidos no terceiro bloco de

atividades, os participantes realizaram uma tarefa que consistia na elaboração dos

desenhos das vistas superiores de todas as peças de madeira do carrinho de rolimã, com

a utilização da escala de 1:10.

A análise dos dados obtidos para essa atividade mostra que 17(50,0%)

participantes elaboraram corretamente as 7 (sete) vistas das peças do carrinho de rolimã,

1(2,9%) participante elaborou 6 vistas corretamente e deixou uma em branco, 1(2,9%)

participante elaborou duas vistas corretamente e deixou 5 em branco enquanto 1(2,9%)

participante elaborou uma vista corretamente e deixou 6 em branco.

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218

Portanto, essa análise auxiliou o professor-pesquisador inferir que os

participantes desse estudo também desenvolveram a competência de utilizar conceitos

matemáticos para representarem geometricamente as informações referentes à

construção dos carrinhos de rolimã.

Finalizando a interpretação dos resultados obtidos no terceiro bloco de

atividades, os participantes utilizaram as peças que receberam para montar os carrinhos

de rolimã. Esse momento na condução do processo de modelagem foi importante para

que o professor-pesquisador pudesse observar a competência dos participantes com

relação à validação da construção e montagem dos carrinhos de rolimã, bem como a

confirmação dos resultados obtidos de acordo com o projeto proposto e elaborado pelos

participantes em cada grupo.

Prosseguindo com o desenvolvimento do trabalho de campo dessa pesquisa, os

participantes desse estudo foram reunidos e convidados para participarem de uma

competição esportiva entre os componentes dos quatro grupos: A, B, C e D com a

utilização dos carrinhos de rolimã previamente projetados em sala de aula.

Para a realização do quarto bloco de atividades, os participantes testaram e

ajustaram os seus carrinhos e, de acordo com os dados analisados, infere-se que os

participantes refletiram sobre os aspectos relevantes para a elaboração de seu projeto de

modelagem, como, por exemplo, a utilização de conceitos matemáticos para a

padronização da construção e montagem dos carrinhos de rolimã.

Em seguida, esses participantes verificaram como esses aspectos puderam

influenciar no resultado da competição por meio de uma análise crítica do modelo do

carrinho de rolimã proposto, em cada grupo, para a competição. Por exemplo, os

18(52,9%) participantes presentes na corrida afirmaram que a padronização dos

carrinhos de rolimã proporcionou uma competição justa.

Nesse sentido, esses participantes afirmaram que os competidores competiram

em condições de igualdade com a padronização das peças dos carrinhos de rolimã, que

foram projetadas de acordo com as especificações dos projetos de modelagem

elaborados em sala de aula.

De acordo com a interpretação desses resultados, infere-se que esses

participantes desenvolveram a competência para identificar e interpretar relações entre a

matemática e as situações reais, pois conseguiram validar o modelo elaborado para os

carrinhos de rolimã, interpretando os resultados obtidos na corrida com relação à

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219

situação inicial que foi proposta em sala de aula no início da condução do processo de

modelagem.

4.2.3. Matemática e Esportes

Retornando à quantificação dos dados qualitativos, a sua análise mostra que

16,9% das palavras e termos foram identificados e que 12,4% das frases e expressões

codificadas nos instrumentos de coleta de dados revelaram elementos que associavam a

matemática acadêmica com as práticas esportivas, possibilitando, assim, a elaboração da

subcategoria denominada Matemática e Esportes.

A interpretação dos resultados obtidos nesse estudo revela como a abordagem

de conteúdos matemáticos relacionados com os esportes pode influenciar no

engajamento dos participantes nas atividades propostas e, consequentemente, na

assimilação desses conteúdos.

Por exemplo, 24(70,4%) participantes comentaram que as atividades práticas

propostas no projeto de construção dos carrinhos de rolimã foram importantes, pois

conseguiram perceber a aplicação de conteúdos matemáticos, despertando o interesse

para a realização das tarefas propostas em sala de aula.

Por outro lado, de acordo com os resultados obtidos na fase analítica desse

estudo, 29 (85,3%) participantes compreenderam que existe uma relação entre a

matemática e o esporte. Por exemplo, o participante DM02 argumentou que a

matemática e o esporte ser relacionam, pois ambos possuem “regras e têm uma balança

em questão para igualizar e ter resultados diferentes” enquanto o participante CM03

afirmou que no “caso do futebol, quando ocorre a falta o juiz determina a distância e os

metros a serem posicionados”.

Esses participantes também argumentaram que a relação entre a matemática e o

esporte pode ser constatada na observação da trajetória de uma bola e na determinação

da força de seu lançamento em jogos esportivos. Essa relação também foi observada na

anotação de tempo dos corredores, bem como na análise estatística do desempenho dos

atletas em diferentes esportes.

Com relação ao projeto de modelagem relacionado com a construção dos

carrinhos de rolimã para uma corrida competitiva, esses participantes argumentaram que

a matemática e os esportes se relacionam para que os esportistas possam verificar a

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extensão da pista e a inclinação de uma rampa, bem como discutir se a dimensão e o

peso dos carrinhos de rolimã podem influenciar no resultado final de uma competição.

Nesse contexto, Olaoye e Onifade (2013) argumentam sobre a importância de

os professores utilizarem situações-problema esportivas que podem ser utilizadas para a

exploração de conteúdos matemáticos na elaboração das atividades curriculares

propostas em sala de aula.

4.3. Modelagem Matemática nos Esportes

À determinação da categoria mista denominada Modelagem Matemática nos

Esportes correspondeu a 27,3% das palavras e termos identificados e, também, a 49,4%

das frases e expressões relativas ao processo de quantificação dos dados qualitativos

realizado durante a fase analítica desse estudo.

Essa categoria mista foi composta por três subcategorias mistas denominadas

Brincadeiras, Condições de Igualdade em Competições Esportivas e Criticidade e

Reflexão e, também, por uma subcategoria emergente denominada Ação Pedagógica

para a Modelagem Matemática.

De acordo com Gallian (2010), o esporte pode ser considerado como uma das

mais conhecidas e admiradas manifestações culturais que são expressas a partir dos

movimentos dos indivíduos. Nesse sentido, Florentino e Saldanha (2007) afirmam que o

esporte é um fenômeno sociocultural importante, pois é praticado nos parques e nas ruas

pelos membros de grupos culturais distintos. O esporte também é uma forma de lazer e

distração que promove a integração entre esses membros.

Consequentemente, a utilização da modelagem matemática no esporte abrange

o mundo esportivo, bem como as suas especificações, pois relaciona as figuras

geométricas, o cálculo de áreas e de perímetros com o desenvolvimento de modelos

para as situações-problema propostas em sala de aula (OREY, 2011).

Nesse sentido, a análise dos resultados desse estudo mostra que 23(67,7%)

participantes responderam que a matemática pode influenciar no desenvolvimento dos

esportes, como, por exemplo, na padronização dos equipamentos, na pontuação e na

definição das regras esportivas, bem como para que as competições sejam justas. Por

exemplo, o participante BM04 respondeu que essa influência está relacionada com a

“padronização dos esportes e a dinâmica das competições”.

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221

Dessa maneira, Gallian (2010) afirma que os alunos consideram as ideias

matemáticas mais motivadoras e interessantes se forem utilizados exemplos

relacionados com os esportes. De acordo com Orey (2011), o vínculo entre a prática

esportiva e a modelagem matemática pode trazer contribuições importantes para o

ensino de conteúdos matemáticos em sala de aula, pois proporciona uma aprendizagem

autômoma, cooperativa e com significado direcionando os alunos para o

desenvolvimento de sua criatividade e criticidade.

É importante ressaltar que, nesse estudo, essa abordagem possibilitou que os

seus participantes tivessem a oportunidade de relacionar o conhecimento prático e

teórico dos esportes com os conteúdos matemáticos aprendidos em sala de aula por

meio da modelagem com a elaboração de projetos para a construção de carrinhos de

rolimã.

4.3.1. Brincadeiras

A subcategoria mista Brincadeiras foi composta, principalmente, por palavras

e termos relacionados com o ambiente extraescolar que foi experimentado pelos

participantes em outras épocas de sua vivência. Desse modo, esses participantes

trouxeram informações importantes de seu cotidiano para a sala de aula sobre a sua

relação com as brincadeiras.

Por exemplo, a interpretação dos resultados mostra que 28(82,4%)

participantes conhecem a brincadeira do carrinho de rolimã, dos quais 10(32,3%)

brincaram com esse tipo de carrinho em sua infância e/ou adolescência.

Nesse direcionamento, o professor-pesquisador desenvolveu quatro blocos de

atividades relacionados com a transformação de uma brincadeira em uma prática

esportiva por meio de uma competição para que os participantes desse estudo pudessem

relacioná-las, principalmente, o carrinho de rolimã, com o desenvolvimento de uma

prática esportiva.

Nesse sentido, a análise das respostas dadas para a questão 14 do questionário

inicial desse estudo: Em sua opinião, uma brincadeira poderia se transformar em um

esporte praticado por atletas profissionais? mostra que 24(70,6%) participantes a

responderam afirmativamente.

Por exemplo, o participante AM03 respondeu que “sim, porque muitos esportes

praticados surgiram de brincadeiras”. Com relação aos carrinhos de rolimã, essa análise

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também mostra que para 1(2,9%) participante há uma competição entre os seus

competidores, para 1(2,9%) pode haver essa competição enquanto para 2(5,8%)

participantes essa competição é inexistente.

O objetivo dessa abordagem foi aproximar o conhecimento matemático

proveniente de outras áreas do conhecimento, como, por exemplo, os esportes, com o

conhecimento matemático desenvolvido no ambiente escolar por meio da modelagem

matemática.

De acordo com Blum (1993), no desenvolvimento da ação pedagógica do

currículo matemático escolar, os esportes também fornecem exemplos de situações-

problema que podem ser utilizadas para o desenvolvimento do processo da modelagem

matemática em sala de aula.

Nesse direcionamento, Rosa e Orey (2017) argumentam sobre a necessidade de

que os professores se conscientizem sobre a importância dos conhecimentos

matemáticos adquiridos durante a realização de uma brincadeira ou um jogo por meio

da exploração e adaptação de situações do cotidiano dos alunos às atividades

curriculares da matemática escolar.

4.3.2. Condições de Igualdade em Competições Esportivas

A quantificação dos dados qualitativos mostra que 8,9% das palavras e termos

identificados e que 13,9% das frases e expressões codificadas nos instrumentos de

coleta de dados brutos estão relacionadas com o desenvolvimento de práticas esportivas

justas entre os competidores, definindo, assim, a subcategoria mista denominada

Condições de Igualdade em Competições Esportivas.

Uma das estratégias utilizadas pelo professor-pesquisador foi mostrar para os

participantes dessa pesquisa como a matemática pode contribuir para que as

competições esportivas aconteçam de forma igualitária entre os atletas competidores.

Essa abordagem foi utilizada para amenizar a subjetividade do senso comum que

somente difunde a ideia de que o “esporte tira a criança da rua e ajuda a fazer novas

amizades”. Por exemplo, de acordo com Sanches e Rubio (2011) é preciso reconhecer

que a prática esportiva possui um potencial significativo que pode transformar a vida

dos alunos.

Dessa maneira, o professor-pesquisador procurou utilizar a prática esportiva para

essa transformação na área educacional, pois de acordo com Rosa e Orey (2012) esse

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223

tipo de contexto possibilita a utilização da modelagem como um ambiente de

aprendizagem que pode auxiliar os alunos na descrição matemática, na análise, na

interpretação e na compreensão dos fenômenos que ocorrem no cotidiano, inclusive no

âmbito das práticas esportivas.

A interpretação dos resultados obtidos na fase analítica desse estudo mostra que

para 16(47,1%) participantes uma competição esportiva somente ocorrerá em condições

de igualdade se houver uma padronização dos equipamentos utilizados nessa prática.

Após a corrida de carrinhos que foi desenvolvida no primeiro bloco de atividades,

7(20,6%) participantes não concordaram que a competição tinha ocorreu em condições

de igualdade devido ao fato de os carrinhos possuírem tamanhos e pesos diferentes.

Contudo, quando foram questionados sobre a importância de padronização

desses carrinhos, 17(50%) responderam que afirmativamente sobre essa necessidade.

Por exemplo, o participante AM01 argumentou que “é necessário que todos os carrinhos

estejam no mesmo nível para a competição”. Com relação à contribuição da matemática

nessa padronização, 5(14,7%) afirmaram que essa padronização é realizada através do

cálculo do peso, da largura e da altura dos carrinhos enquanto 6(17,6%) entenderam que

esse processo seria realizado por meio de cálculos das medidas e dos pesos desses

carrinhos.

Portanto, a utilização dos conteúdos matemáticos na padronização dos esportes e

dos equipamentos esportivos mostrou a importância dessa disciplina para que os

esportes sejam conduzidos com justiça e com condições de igualdade para que, de

acordo com James (2010), as preocupações associadas com as problemáticas sobre as

vantagens competitivas injustas sejam evitadas.

4.3.3. Criticidade e Reflexão

Conforme a quantificação dos dados qualitativos 4,9% dos termos e palavras e

13,7% das frases e expressões evidenciaram o desenvolvimento da formação crítica dos

participantes, que culminou com a elaboração da subcategoria mista denominada

Criticidade e Reflexão.

Na medida em que os blocos de atividades eram desenvolvidos foi possível

inferir, a partir da análise dos dados coletados, que os participantes desse estudo se

apropriaram de um senso crítico com relação à importância da matemática para que uma

competição esportiva pudesse acontecer de maneira igualitária.

Page 224: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

224

Por exemplo, durante a condução do segundo bloco de atividades, o professor-

pesquisador discutiu com os participantes desse estudo sobre a trajetória curvilínea da

pista que foi utilizada pelos competidores em uma determinada corrida de carrinhos de

rolimã. Nesse sentido, a participante BF05 comentou que “talvez, essa curva poderia

favorecer alguém, eu acho!”.

De acordo com as anotações registradas no diário de campo do professor-

pesquisador, os participantes presentes na corrida do carrinho de rolimã, que aconteceu

no desenvolvimento do quarto bloco de atividades, responderam que alguns

competidores estariam tendo vantagens nessa competição. Por exemplo, em uma das

eliminatórias da competição da corrida de carrinhos de rolimã, os participantes

presentes alegaram que o competidor do Grupo A levaria vantagem pelo fato de ser

mais pesado.

Contudo, os 18 (52,9%) participantes presentes nesse evento concordaram que o

resultado final da corrida foi justo, afirmando que a competição foi padronizada, pois os

carrinhos tinham o mesmo peso e tamanho, sendo que as regras foram bem definidas e

todos os participantes tiveram as mesmas oportunidades para competir.

A interpretação desses resultados mostra que a proposição dessas atividades

pode servir como uma ferramenta pedagógica para a sua utilização efetiva em sala de

aula, pois tem como objetivo auxiliar os alunos em seu desenvolvimento como cidadãos

críticos e reflexivos e, também, com senso de justiça social (ROSA; OREY, 2007).

A intepretação dos resultados obtidos nesse estudo mostra que, para 24(70,6%)

participantes, as atividades de modelagem propostas em sala de aula contribuíram para a

sua formação como cidadãos ativos em seu cotidiano. Para esses participantes, essa

abordagem possibilitou o desenvolvimento do senso de justiça com relação à

padronização dos carrinhos de rolimã para a disputa de uma competição de corrida.

Desse modo, Rosa, Reis e Orey (2012) argumentam que a modelagem

matemática desenvolve nos alunos a reflexão crítica sobre a importância de entenderem,

compreenderem e interpretarem as situações-problema que enfrentam no cotidiano.

Por outro lado, 18(52,9%) participantes afirmaram que as atividades de

modelagem desenvolvidas em sala de aula, por meio da elaboração dos projetos, os

auxiliaram na tomada de decisão relacionada com o peso dos carrinhos de rolimã, o

tamanho de suas peças, a resistência do material, a forma geométrica dessas peças, a

posição dos furos nas peças e a quantidade de peças, bem como o nome das peças que

compunham esses carrinhos.

Page 225: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

225

Por exemplo, a participante AF06 argumentou que “depois de fazer uma

competição com carrinhos e aprender um pouco sobre carrinhos de rolimã vimos que,

pra competir, os carrinhos não podem ser diferentes pra não influenciar no resultado”.

Desse modo, esse processo auxiliou esses participantes a justificarem a importância da

padronização das peças desses carrinhos para a sua participação na corrida.

Por conseguinte, uma das vantagens do desenvolvimento de atividades de

modelagem em sala de aula está relacionada com a possibilidade de os alunos

descreverem as estratégias de resolução que podem revelar como pensam e/ou

raciocinam para resolverem de uma maneira crítica e reflexiva uma determinada

situação-problema (BLUM; FERRI, 2009), possibilitando, assim, uma tomada de

decisão crítica e reflexiva.

Com relação à validação dos carrinhos de rolimã, os participantes de cada um

dos grupos validaram a montagem de seu carrinho de rolimã. Primeiramente,

conferiram o peso de cada carrinho com a utilização de uma balança disponibilizada

pelo professor-pesquisador. Dos quatro carrinhos montados, dois pesaram 8,5 quilos

enquanto os outros dois pesaram 8,7 quilos.

A interpretação desses resultados mostra que os participantes de cada grupo

ficaram satisfeitos com os resultados obtidos para os pesos dos carrinhos e concordaram

que a diferença entre os valores encontrados era mínima, sendo que poderia estar

relacionada com a montagem das peças. Por exemplo, a participante BF05 argumentou

que “pode ser pela quantidade de pregos utilizados para prender as peças, pois em

alguns carrinhos foi utilizado mais do que em outros”.

Por conseguinte, os 24(70,6%) participantes presentes concordaram que os

carrinhos de rolimã estavam de acordo com o projeto, pois não existe uma diferença

significante entre as dimensões e o peso desses carrinhos. Esses participantes também

validaram os carrinhos de rolimã para serem utilizados em uma competição esportiva de

uma corrida, na qual os participantes competiram com igualdade.

Nesse contexto, Rosa e Orey (2007) afirmam que a modelagem matemática

oportuniza para os alunos a discussão sobre o papel da matemática e a natureza de seus

modelos no meio sociocultural, pois as dimensões crítica e reflexiva da modelagem

fundamentam-se na compreensão e no entendimento da realidade na qual os alunos

estão inseridos.

Page 226: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

226

4.3.4. Ação Pedagógica para a Modelagem Matemática

A quantificação dos dados qualitativos mostra que 4,8% das palavras e termos

identificados e que 19,5% das frases e expressões codificadas nos instrumentos de

coleta de dados brutos estão relacionadas com as estratégias empregadas pelo professor-

pesquisador para o engajamento dos participantes desse estudo no desenvolvimento das

fases e das etapas da modelagem, definindo a subcategoria denominada Ação

Pedagógica para a Modelagem Matemática.

De acordo com a interpretação dos resultados obtidos nesse estudo, infere-se

que houve o despertar do interesse desses participantes na realização das atividades de

modelagem propostas em sala de aula. Dessa maneira, essas atividades propiciaram o

enriquecimento do conhecimento matemático através da contextualização da

Matemática escolar em relação aos conhecimentos utilizados pelos participantes desse

estudo em seu dia-a-dia.

Nesse sentido, a interpretação dos resultados desse estudo mostra que

24(70,6%) participantes ficaram motivados com o seu envolvimento na realização das

atividades de Modelagem Matemática propostas em sala de aula, pois a matemática

aplicada na prática é mais envolvente, propiciando uma ótima maneira de interagir e de

aprender matemática. Assim, esse interesse nessas atividades foi desencadeado por meio

da utilização tarefas que promoviam a aplicação prática da matemática de uma maneira

criativa e contextualizada.

Dessa maneira, Barbosa (2003) argumenta que a inclusão da modelagem no

currículo matemático é importante para motivar os alunos a sentirem-se estimulados

para o estudo da Matemática, pois podem vislumbrar a aplicabilidade prática dos

conteúdos matemáticos na sociedade.

Então, as atividades de modelagem possibilitaram que os participantes desse

estudo, em seus grupos, refletissem de maneira crítica sobre os aspectos matemáticos

envolvidos em seus projetos sobre o carrinho de rolimã, pois de acordo com Rosa e

Orey (2007), essa abordagem fornece-lhes condições para entenderem um fenômeno

(construção do carrinho de rolimã) para atuarem sobre essa situação-problema,

transformando-a.

Por outro lado, 18(53%) participantes comentaram que não tiveram

dificuldades na realização das atividades de modelagem propostas em sala de aula, pois

houve interação e dedicação dos participantes no desenvolvimento dessas tarefas,

Page 227: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

227

motivando-os na aprendizagem dos conteúdos matemáticos por causa do trabalho em

equipes. Por exemplo, o participante CM02 comentou que o “método de ensino aplicado

em sala deixa a matéria em si, mais fácil”.

Existe, portanto, a necessidade de adoção de práticas pedagógicas

diferenciadas que coloquem os alunos no centro do processo de ensino e aprendizagem,

ou seja, devem ser oferecidas condições para que possam dialogar com os conteúdos do

currículo e analisá-los criticamente, engajando-os em um ensino relevante e

contextualizado (ROSA; OREY, 2007).

Nessa ação pedagógica para a modelagem matemática, 21(61,8%) participantes

afirmaram que as atividades de modelagem foram desenvolvidas de maneira organizada

e dinâmica, sendo bem orientadas pelo professor-pesquisador, possibilitando o seu

envolvimento na elaboração dos projetos de construção dos carrinhos de rolimã. Por

exemplo, para o participante AM01, as “atividades foram bem interessantes e

desenvolvidas em grupo com aplicações práticas da matemática em sala de aula”.

Por conseguinte, a interpretação dos resultados desse estudo mostra que a

motivação e o interesse dos participantes ficaram evidentes, como pode ser inferido, por

exemplo, na fala do participante CM06 que exclamou: “Caraca, fessor! Nunca tive uma

aula de matemática tão da hora” enquanto o participante BM01 comentou: “Vou me

sentir um engenheiro por causa da construção do carrinho de rolimã”. Nesse contexto,

de acordo com Barbosa (2003), os alunos tiveram mais facilidade em compreender as

ideias, noções e conceitos matemáticos, pois puderam conectá-los com outros campos

do conhecimento.

Continuando a interpretação desses resultados, 22(64,8%) participantes

responderam que as atividades de modelagem desenvolvidas em sala de aula

propiciaram uma mudança de opinião e atitudes com relação à matemática. Por

exemplo, o participante CM06 comentou que “eu vi a matemática com outros olhos, de

uma forma mais aplicável”. Então, esses participantes desenvolveram o gosto e o prazer

pelo trabalho com a Matemática que foi desencadeado por meio de atividades

curriculares que os envolveram integralmente (SCHEFFER, 1999) no ambiente de

aprendizagem da modelagem.

Essa ação pedagógica está relacionada com a noção de que a modelagem pode

ser considerada como um ambiente de aprendizagem que é útil para a ação pedagógica

desencadeada em sala de aula, pois, as atividades propostas com relação a essa

tendência podem ser consideradas, de acordo com Barbosa (2001), como oportunidades

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228

que os alunos possuem para explorar o papel que a matemática desempenha na

sociedade contemporânea.

Nesse contexto, Orey (2011) argumenta que é necessário tornar o esporte uma

realidade educacional que tem como objetivo potencializar o oferecimento de uma

educação crítica, reflexiva e emancipatória por meio de sua transformação em uma

prática pedagógica em salas de aula.

Nesse direcionamento, de acordo com Huddle (2016), a engenharia desportiva

educacional pode ser utilizada como a aplicação de técnicas de conceitos matemáticos

na resolução de situações-problema relacionadas com os esportes e, também, com a

prática esportiva.

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229

CAPÍTULO V

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS: RESPONDENDO À QUESTÃO DE

INVESTIGAÇÃO

Esse capítulo apresenta a resposta obtida para a questão de investigação que

conduziu esse estudo, bem como as considerações finais sobre essa investigação.

5.1. Questão de Investigação

A interpretação da análise dos dados constantes nos instrumentos de coleta de

dados utilizados na condução dessa investigação possibilitou que o professor-

pesquisador respondesse a questão de investigação que norteou esse estudo:

Quais são as possíveis contribuições que a modelagem matemática como

um ambiente de aprendizagem pode trazer para o desenvolvimento das

competências de modelagem matemática de um grupo de estudantes, ao

transformarem uma brincadeira em uma prática esportiva?

Ressalta-se que o questionamento de investigação que direcionou todas as etapas

desse estudo foi respondido, de maneira implícita, durante o desenvolvimento dos

capítulos 3 e 4 dessa dissertação.

Porém, para que a resposta dessa questão de investigação possa ser efetivamente

determinada, os resultados da análise dos dados coletados foram interpretados de acordo

com a utilização da triangulação dos dados e com a elaboração de categorias, cujos

procedimentos metodológicos foram realizados de maneira igualitária e concomitante

de acordo com os pressupostos do Estudo do Método Misto.

Assim, os resultados obtidos nesse estudo mostraram que existem possibilidades

de contribuições da utilização da construção de um carrinho de rolimã para uma

competição esportiva, em um ambiente de aprendizagem proporcionado pela

modelagem matemática, para o desenvolvimento de competências em modelagem de

um grupo de estudantes.

Contudo, essas contribuições somente podem ser efetivadas se os professores,

pesquisadores e investigadores se pautarem nas bases teóricas da modelagem

matemática como um ambiente de aprendizagem, em suas dimensões crítica e reflexiva,

Page 230: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

230

em sua conexão com os esportes, bem como a compreensão de suas competências, que

foram discutidas, analisadas e estudadas na fundamentação teórica desse estudo.

É importante ressaltar que os resultados obtidos nessa pesquisa também foram

analisados e interpretados de acordo com os procedimentos metodológicos

fundamentados no Método do Estudo Misto.

5.2. Respondendo a Questão de Investigação

De acordo com o referencial teórico adotado nesse estudo e com base nos

resultados obtidos infere-se que, no ambiente de aprendizagem proporcionado pela

modelagem matemática, os participantes desse estudo puderam relacionar a matemática

com a prática esportiva, observando a sua importância na padronização de

equipamentos esportivos, favorecendo, desse modo, o desenvolvimento da criticidade e

da reflexão sobre o papel da matemática em outras áreas do conhecimento ou em

situações-problema presentes no mundo real.

Desse modo, é importante ressaltar que os participantes desse estudo

conseguiram, por meio da elaboração de projetos de modelagem, perceber a importância

da matemática para o desenvolvimento de uma prática esportiva (corrida de carrinhos de

rolimã) que promova a participação dos competidores em condições de igualdade.

Nesse sentido, foi criado um ambiente de aprendizagem que possibilitou um

convite à participação dos envolvidos nessa pesquisa, para analisar uma situação-

problema relacionada com uma brincadeira desenvolvida pelos membros de um

determinado grupo cultural, que tinha uma conotação direcionada para uma competição

esportiva, bem como analisar em quais condições essa competição ocorria.

Os resultados desse estudo mostram que os participantes compreenderam a

situação-problema proposta e desenvolveram a sua criticidade quanto às desigualdades

em uma competição de corrida de carrinhos de rolimã, além de refletirem sobre como os

conceitos matemáticos estudados em sala de aula puderam contribuir para a construção

e montagem dos carrinhos de rolimã, bem como para a minimização das injustiças que

podem ocorrer nesse tipo de competição. Nessa abordagem, as atividades de

modelagem oportunizaram para os participantes a compreensão do papel que a

matemática desempenha na sociedade atual.

Assim, a partir da contextualização dessa atividade cotidiana, o professor-

pesquisador elaborou blocos de atividades e, na medida em que eram desenvolvidos, os

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231

resultados mostram que foi possível identificar ações realizadas pelos participantes, de

maneira explicita ou implícita, que envolveram o desenvolvimento do raciocínio, das

ideias matemáticas e de estratégias diversas que os tornaram competentes para entender

a situação-problema proposta que estava relacionada com uma determinada prática

esportiva.

Durante a realização desse processo, os participantes elaboraram modelos

relacionados com situações-problema presentes no cotidiano, utilizando os conceitos e

conteúdos matemáticos para auxiliá-los na padronização dos carrinhos de rolimã, pois

resolveram questões relacionadas com os modelos matemáticos evidenciados no esboço

desses carrinhos, bem como validaram esse modelo utilizando-os em uma competição

esportiva.

Neste estudo, durante o desenvolvimento do processo de modelagem

relacionado com o projeto do carrinho de rolimã para uma competição esportiva, os

conteúdos matemáticos surgiram naturalmente, sendo que possibilitaram a intervenção

do professor-pesquisador em momentos necessários e oportunos, contribuindo para que

os participantes pudessem compreender e explorar esses conteúdos. Nessa perspectiva, a

junção da matemática com a prática esportiva, por meio da elaboração de modelos,

contribuiu para a evolução de um processo criativo que possibilitou a interação entre os

participantes desse estudo com os problemas enfrentados no cotidiano e, também, com

o processo de modelagem.

Portanto, a modelagem matemática como um ambiente de aprendizagem

sociocrítico proporcionou a construção do conhecimento matemático de uma maneira

contextualizada em que os participantes tiveram uma atuação ativa em sua

aprendizagem, contrariando os pressupostos do processo de ensino mecanicista por

meio do qual o conhecimento e os conteúdos matemáticos curriculares são apresentados

e discutidos linearmente, impossibilitando o desenvolvimento de competências que

auxiliem esses participantes se tornarem cidadãos críticos e reflexivos.

Então, a utilização da prática esportiva contribuiu para a criação de um ambiente

de aprendizagem, proporcionado pela modelagem, que é propício para a

contextualização esportiva, pois os participantes desse estudo estão circundados pelo

esporte. Por exemplo, a interpretação dos resultados desse estudo mostra que a

construção dos carrinhos de rolimã propiciou diversas contribuições para o

desenvolvimento de competências desses participantes, como, por exemplo, a

compreensão de conceitos e operações matemáticas, de propriedades matemáticas e as

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232

suas relações, bem como a familiaridade com o emprego de uma linguagem matemática

adequada e com os métodos de resolução de problemas.

Nesse direcionamento, o professor-pesquisador realizou algumas intervenções

pedagógicas que possibilitaram aos participantes desse estudo atuarem como agentes

ativos em seu processo de ensino e aprendizagem em matemática. Essas intervenções

percorreram um caminho pedagógico diferenciado que partiu de fora para dentro da sala

de aula (escola) e, posteriormente, retornou de dentro para fora da sala de aula (escola),

contribuindo para que as práticas matemáticas utilizadas dentro do ambiente escolar

fossem potencializadas por um acontecimento (corrida de carrinho rolimã) que ocorre

fora do ambiente escolar.

Essas atividades de modelagem também contribuíram para que os participantes

desse estudo, em seus grupos, refletissem de maneira crítica e reflexiva sobre os

aspectos matemáticos envolvidos em seus projetos sobre a construção e a montagem

dos carrinhos de rolimã. De acordo com Rosa e Orey (2007), essa abordagem propiciou

condições para que esses participantes entendessem um fenômeno (construção do

carrinho de rolimã) para atuarem sobre essa situação-problema, transformando-a, de

maneira crítica e reflexiva.

Similarmente, nesse estudo, o estabelecimento de estratégias para a busca de

soluções relacionadas com a construção e a montagem dos carrinhos de rolimã,

partindo-se de um caso particular para, a seguir, estendê-lo para um caso geral é

também uma das competências da modelagem. Consequentemente, essas atividades de

modelagem relacionadas com a construção dos carrinhos de rolimã contribuíram para

que os participantes desenvolvessem, durante a condução do trabalho de campo desse

estudo, as competências de raciocinar, argumentar e buscar novos conhecimentos a

partir daqueles adquiridos anteriormente.

Nesse contexto, a participação interativa, colaborativa e ativa dos participantes

nas atividades propostas nos blocos do registro documental desse estudo contribuiu para

o desenvolvimento de seu raciocínio crítico por meio da realização de discussões

matemáticas reflexivas que ocorreram nesse ambiente de aprendizagem, que foi

proporcionado pela modelagem. Por exemplo, Rosa e Orey (2012a) argumentam que as

maneiras pelas quais as ideias, os procedimentos e as práticas matemáticas são

traduzidas e abordadas durante o processo de modelagem podem contribuir para a

resolução de problemas oriundos de outras áreas de conhecimento e, também, do

cotidiano dos alunos.

Page 233: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

233

Consequentemente, por meio das interações colaborativas que foram

desencadeadas nesse ambiente de aprendizagem, a construção dos carrinhos de rolimã,

com a elaboração de projetos de modelagem, viabilizou o trabalho com os conceitos

matemáticos que estavam alinhados com outros campos do conhecimento por meio da

utilização de uma problemática real (corrida de carrinhos de rolimã), que foi retirada do

cotidiano dos participantes desse estudo, proporcionando o desenvolvimento de

competências, como, por exemplo, da confiança em seu conhecimento matemático

como uma ferramenta útil para desempenhar o seu papel na sociedade como cidadãos

críticos, reflexivos e participativos.

5.3. Considerações Finais

Uma das inquietações do professor-pesquisador era o fato de perceber que as

suas estratégias de ensino em matemática não surtiam o efeito esperado, pois não existia

um ambiente propício para a aprendizagem e, também, para a compreensão dos

conteúdos curriculares pelos alunos. Então, o professor-pesquisador começou a perceber

que existia uma barreira, denominada Matemática, que impedia que os seus conteúdos

fossem compreendido por seus alunos.

Portanto, os motivos que direcionaram o professor-pesquisador para o

desenvolvimento desse estudo estavam relacionados com a importância de compreender

a relevância da adoção de metodologias inovadoras para o processo de ensino e

aprendizagem em Matemática, bem como identificar propostas metodológicas e as suas

potencialidades pedagógicas para utilização em salas de aula.

Então, a partir de uma reflexão sobre o seu papel como educador matemático e

de sua responsabilidade social, o professor-pesquisador se iniciou no campo de pesquisa

e, como aluno de disciplina isolada do Programa de Mestrado em Educação Matemática

da Universidade Federal de Ouro Preto, se deparou com a Etnomatemática e com a

Modelagem Matemática, bem como com as suas várias concepções, como, por

exemplo, a Etnomodelagem, que poderiam ser comparadas a uma luz no fim do túnel na

ação pedagógica do processo educacional.

Consequentemente, com as contribuições dos professores, Dr. Daniel Clark Orey

e Dr. Milton Rosa, foi possível compreender a viabilidade de buscar fenômenos e fatos

oriundos da realidade, trazê-los para o ambiente escolar e criar um ambiente de

aprendizagem que valorizasse a bagagem cultural dos alunos e os seus conhecimentos

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234

tácitos, tornando-os responsáveis e ativos no processo de ensino e aprendizagem em

matemática.

Nesse sentido, foi importante que o professor-pesquisador compreendesse as

principais tendências em Educação Matemática, sobretudo, a modelagem matemática,

as suas concepções e contribuições para o desenvolvimento de sua prática docente para

que pudesse elaborar o projeto de investigação, que possibilitou o desenvolvimento e a

condução desse estudo.

De acordo com esse contexto, nesse estudo, a Modelagem Matemática foi

entendida como um ambiente de aprendizagem que propiciou a elaboração de modelos

matemáticos, que possibilitaram a análise de fenômenos retirados do cotidiano

(carrinhos de rolimã), bem como o desenvolvimento de diferentes competências,

possibilitando, assim, a construção de novos conhecimentos desses participantes. De

acordo com Barbosa (2003), a modelagem matemática pode ser considerada como um

ambiente de aprendizagem, no qual os alunos, por meio da matemática, são convidados

a indagar e investigar situações oriundas de outras áreas da realidade.

Assim, durante a condução do processo de modelagem, em suas diferentes fases

e etapas de execução, os participantes desenvolveram determinadas competências, pois

analisaram informações, utilizaram diferentes maneiras de representação, como, por

exemplo, algébricas, gráficas, geométricas ou numéricas, formularam questões e

elaboraram problemas, desenvolveram modelos relacionados com o esboço dos

carrinhos de rolimã e procuraram soluções, formularam e justificaram conjecturas,

analisaram e interpretaram os resultados obtidos durante a condução do trabalho de

campo desse estudo.

Nesse contexto, os participantes desse estudo esquematizaram as possíveis

soluções para a montagem dos carrinhos de rolimã de acordo com os esboços de seus

projetos de construção. Esses participantes também discutiram, em seus grupos, a

esquematização das configurações desses carrinhos, argumentando sobre a melhor

maneira de planejar e representar esses esboços que, nesse estudo, foram expressos por

meio de uma representação geométrica.

Por conseguinte, à medida que avançavam na realização das atividades propostas

em sala de aula, com o objetivo de resolver a situação-problema e responder aos

questionamentos do professor-pesquisador, os participantes desse estudo também

estavam desenvolvendo as competências de modelagem relacionadas com a elaboração

e resolução de problemas.

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235

Por outro lado, Rosa e Orey (2007) argumentam que, apesar de não haver uma

única concepção de modelagem, ressaltam que o relacionamento da matemática com a

realidade por meio de sua conexão com o cotidiano dos alunos é um ponto em comum

entre as suas diversas concepções. Então, nesse estudo, o processo de modelagem foi

desencadeado por meio da dinâmica crítica e reflexiva sobre a realidade (construir

carrinhos de rolimã) que resultou em uma ação planejada e consciente (verificar como

uma corrida de carrinhos de rolimã pode ocorrer em condições de igualdade).

Essa ação foi desencadeada por meio da elaboração de modelos dos carrinhos de

rolimã, representados geometricamente, que podem ser considerados como pontos de

conexão entre as informações captadas pelos participantes e a sua ação sobre a

realidade, possibilitando as condições necessárias para a sua análise. Desse modo, as

atividades de modelagem estavam relacionadas com a padronização de práticas

esportivas por meio da elaboração dos projetos para a construção de carrinhos de

rolimã, propostos em sala de aula.

Por conseguinte, de acordo com Maaβ (2006), essas atividades podem ser

entendidas em termos das competências que os alunos desenvolvem durante a sua

resolução em sala de aula para que possam mobilizar e ampliar os conhecimentos

matemáticos, relacionando-os com as situações-problema encontradas no cotidiano.

Finalizando, esse ambiente de aprendizagem, proporcionado pela modelagem,

relacionado com a construção e a montagem de carrinhos de rolimã incentivou o

desenvolvimento da motivação e do interesse dos participantes desse estudo na

realização das atividades propostas em sala de aula.

Nesse contexto, a motivação e o interesse são considerados fatores essenciais

para o desenvolvimento de competências de modelagem. Então, é importante que os

professores se conscientizem sobre a identificação e utilização de competências de

modelagem para que possam incluí-las em suas práticas pedagógicas, qualificando,

desse modo, o processo de ensino e aprendizagem em matemática.

Essas competências de modelagem estão relacionadas com a identificação de

questões relevantes que estão relacionadas com a uma determinada situação-problema

do mundo real (construção do carrinho de rolimã), traduzí-las em linguagem matemática

por meio da elaboração de modelos, interpretar e validar a solução desse problema,

analisar e comparar esses modelos por meio da investigação dos pressupostos

elaborados e da verificação de suas propriedades. Desse modo, os alunos são capazes de

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236

percorrer, de uma maneira crítica e reflexiva, todas as fases e etapas do processo de

modelagem.

Por conseguinte, a resolução de situações-problema práticas, contextualizadas no

cotidiano, possibilitados pela modelagem, permite que os alunos se mobilizem e se

engajem nesse ambiente de aprendizagem para que se tornem sujeitos ativos e

comprometidos e, dessa maneira, desenvolvam as competências de modelagem, bem

como as competências gerais para a convivência em sociedade.

Page 237: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

237

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245

LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE I

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Alunos Maiores

Prezado(a) Aluno(a),

Você está sendo convidado(a) para participar da pesquisa intitulada “A

MODELAGEM MATEMÁTICA COMO UM AMBIENTE DE APRENDIZAGEM:

TRANSFORMANDO UMA BRINCADEIRA EM UMA PRÁTICA ESPORTIVA”.

O nosso principal objetivo é mostrar como a modelagem matemática pode

proporcionar um ambiente de aprendizagem favorável para o aprendizado de conceitos

matemáticos quando esses são aplicados pelos alunos por meio de modelos para a

criação de uma prática esportiva envolvendo carrinhos de rolimã, para que os pilotos

possam competir entre si em condições de igualdade.

Esse trabalho de pesquisa será composto por 4 (quatro) blocos de atividades,

cada uma com 2 (duas) aulas de 50 minutos e acontecerão na própria escola no período

de 3 meses, 1 (uma) vez por semana. Essas atividades serão aplicadas pelo professor-

pesquisador em sala de aula. As atividades serão gravadas (áudio e vídeo) para que o

professor-pesquisador possa verificar o desenvolvimento da proposta de estudo aqui

apresentada. Apesar de as atividades serem gravadas, a sua identidade será preservada,

pois em momento algum os áudios e vídeos gravados serão divulgados em qualquer tipo

de mídia. O foco das gravações será garantir a coleta de dados sem perdas de

informações, por parte dos pesquisadores, durante sua participação e de seus colegas nas

atividades propostas.

A sua colaboração é totalmente voluntária, pois a qualquer momento você

poderá desistir de participar desse estudo, sem qualquer prejuízo ou penalidade para a

sua participação nas atividades de sala de aula. A qualquer momento, você também

poderá retirar o seu consentimento ou interromper a sua participação neste estudo.

Garantiremos também o sigilo do nome da escola, bem como o anonimato de sua

identidade, pois as informações que você fornecer não serão associadas com o seu nome

e nem ao nome da escola em nenhum documento resultante dessa pesquisa.

Todos os registros e documentos produzidos na realização dessa pesquisa ficarão

guardados sob a responsabilidade do professor-orientador Dr. Daniel Clark Orey, na

Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), no Centro de Educação a Distância –

CEAD / UFOP, sala 209, Campus Universitário Morro do Cruzeiro, CEP: 35400-000,

Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil onde ficará trancado em arquivo físico de aço

apropriado para esse fim pelo prazo de cinco anos, contados a partir do início da

pesquisa, quando serão incinerados. Esses materiais apenas serão consultados por

pessoas diretamente envolvidas nesse estudo.

Como as atividades serão elaboradas e realizadas de acordo com cronograma da

escola, você não será prejudicado em relação ao estudo do conteúdo matemático

determinado pela escola, mesmo que você não queira ou não possa participar da

pesquisa. Para os(as) alunos(as) que não participarem da pesquisa serão

disponibilizados, durante os desenvolvimentos dos blocos de atividades da mesma,

estudos dirigidos com atividades relacionadas ao conteúdo programático pré-

determinado e trabalhado pelo professor de matemática e de acordo com as exigências

Page 246: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

246

da escola. Essas mesmas atividades poderão ser disponibilizadas para os(as) alunos(as)

participantes da pesquisa como atividades para casa.

Os riscos que poderão ocorrer no desenvolvimento desta etapa da pesquisa estão

relacionados com o manuseio de materiais escolares tais como lápis, canetas e

computador e com o uso de ferramentas simples, como chave de boca, chave de fenda e

alicate para a realização da montagem do carrinho de rolimã em uma das atividades

desenvolvidas em sala de aula. Esses riscos serão minimizados por meio da observação

e da orientação do professor-pesquisador e do professor-orientador desse projeto de

pesquisa para que esse manejo seja realizado com segurança.

Você também participará de uma competição com os carrinhos de rolimã

montados na rampa de acesso ao estacionamento da Escola Municipal Ares da Mata

Machado e os riscos relacionados com essa prática serão minimizados por meio da

utilização de equipamentos de segurança, como, por exemplo, capacete fechado,

joelheiras, cotoveleiras, calça comprida e luvas. Na rampa serão colocados pneus em

pontos estratégicos para reduzir os impactos provocados por possíveis colisões. Além

disso, essa atividade será acompanhada por um bombeiro civil contratado pelo

professor-pesquisador, para o pronto atendimento dos participantes, caso haja

necessidade.

Caso ocorra algum incômodo durante a condução desta pesquisa e você sinta-se

cansado(a) ou desanimado(a) com relação à realização das tarefas propostas neste

projeto, as mesmas serão paralisadas até que você sinta-se à vontade para a sua

continuidade. Procuraremos propiciar situações de aprendizagem em um ambiente de

convívio agradável e respeitoso, para que você se sinta valorizado(a) e à vontade para se

expressar, bem como estimulado(a) para participar das atividades propostas.

Essa pesquisa poderá auxiliar você na aprendizagem de conteúdos matemáticos

por meio da utilização da modelagem matemática, que se trata de um processo

pedagógico diferenciado, que vem sendo utilizado cada vez mais no campo da educação

matemática podendo tornar as aulas mais atraentes e interessantes. Como o professor-

pesquisador e o seu professor-orientador providenciarão todos os materiais necessários

para a realização dessa pesquisa, você não terá gastos com a realização deste estudo e

nem com a contratação do bombeiro civil, que será de responsabilidade do professor-

pesquisador e de seu orientador.

Caso você venha a sofrer qualquer tipo de dano resultante de sua participação

nessa pesquisa, você terá o direito à assistência integral e à indenização por parte do

professor-pesquisador e de seu professor-orientador, no que se refere às complicações

decorrentes desse estudo. Para esclarecimentos de quaisquer dúvidas relacionadas aos

aspectos éticos dessa pesquisa, o endereço para contato com o Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP/UFOP) é Campus Universitário Morro do Cruzeiro, Instituto de Ciências

Exatas e Biológicas, sala 29, CEP: 35400-000, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil

telefone: (31)3559-1368, e-mail: [email protected], homepage:

http://www.propp.ufop.br.

_______________________________________________

Pesquisador Responsável

Orientador: Prof. Dr. Daniel Clark Orey

Centro de Educação a Distância – CEAD / UFOP, sala 209, Campus Universitário

Morro do Cruzeiro, CEP: 35400-000, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil

Fones: (31) 3559-1455 / e-mail: [email protected]

Page 247: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro …‡ÃO...modelos matemáticos e validar as soluções encontradas durante a condução do projeto de construção de carrinhos

247

________________________________________________

Orientando: Rogério Braga Soares

Rua Orvalino Peixoto, 370, Teixeira Dias (Barreiro), Belo Horizonte, CEP 30644-270

Telefone: (31) 2516-2218/ e-mail: [email protected]

Para ser preenchido pelo aluno(a)

Eu,_____________________________________________________, concordo em

participar desta pesquisa e autorizo a utilização de todos os dados que possam servir

para os fins da pesquisa com a qual estou contribuindo.

___________________ , ___ de __________ de 2017

__________________________________________________________

Assinatura do(a) aluno(a)

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248

APÊNDICE II

QUESTIONÁRIO INICIAL

1. Idade: ____ anos.

2. Gênero: () Masculino

( ) Feminino

3. A escola que você concluiu o ensino fundamental é:

( ) Pública estadual

( ) Pública municipal

( ) Particular

4. Qual é, aproximadamente, a renda de sua família?

( ) 1 salário mínimo

( ) 2 salários mínimos

( ) 3 salários mínimos

( ) 4 salários mínimos

( ) 5 salários mínimos

( ) mais que 5 salários mínimos

() não sei

5. Qual(is) disciplina(s) você mais gosta de estudar? Justifique.

6. Você acha que a matemática pode ajudar na sua formação como cidadã(o)?

( ) Sim. Explique como.

( ) Não. Por quê?

7. Em sua opinião, a matemática é importante para ajudá-lo(a) a desenvolver as suas

atividades do cotidiano?

( ) Sim. Qual(is)?Explique como.

( ) Não. Por quê?

8. Com qual(is) disciplina(s) do currículo escolar você acha que a matemática pode

se relacionar? Por quê?

9. Qual é a sua relação com os esportes?

( ) Não gosto de esportes e não pratico. Por quê?

( ) Não gosto de esportes, mas pratico. Por quê?

( ) Gosto de esportes, mas não pratico nenhum. Por quê?

( ) Gosto de esportes e pratico. Por quê?

Qual(is)?

10. Em sua opinião a matemática e o esporte se relacionam de alguma maneira?

( ) Sim. Por quê?

( ) Não. Explique.

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11. Marque um x nas brincadeiras abaixo que você conhece:

( ) Amarelinha

( ) Rouba bandeira

( ) Esconde-esconde

( ) Pular corda

( ) Carrinho de rolimã

( ) Bente altas

( ) Pular elástico

( ) Bolinha de gude

( ) Pular carniça

( ) Queimada

( ) Soltar Pipa

( ) Finca

( ) Cinco Marias

( ) Outra(s). Qual(is)?

12. Das brincadeiras acima qual(is) a(s) que, além de conhecer, você já brincou?

13. Cite em qual(ais) das brincadeiras que você conhece ou já brincou:

a) Há uma competição entre os participantes.

b) Pode haver uma competição entre os participantes.

c) Não há uma competição entre os participantes.

14. Em sua opinião uma brincadeira poderia se transformar em um esporte praticado

por atletas profissionais?

( ) Sim. Justifique.

( ) Não. Explique.

15. Em sua opinião, os esportes são praticados de uma maneira justa?

( ) Sim. Explique. Cite um exemplo.

( ) Não. Justifique. Cite um exemplo.

16. Em sua opinião, para que uma competição esportiva seja realizada em condições

de igualdade entre os atletas, é necessário que se tenha:

( ) Regras bem definidas;

( ) Competidores com mesmos portes físicos;

( ) Equipamentos padronizados;

( ) Competidores do mesmo sexo;

( ) Juízes;

( ) Atletas com a mesma idade;

( ) Outro(s). Qual(is)?

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APÊNDICE III

QUESTIONÁRIO FINAL

1) Qual a sua opinião sobre a experiência de participar do desenvolvimento de

atividades de Modelagem Matemática?

a) Gostou?

( ) Sim. Por quê? ( ) Não. Por quê?

b) Você teve dificuldades?

( ) Sim. Quais? ( ) Não. Explique.

2) Descreva como foi o desenvolvimento das atividades propostas.

3) Descreva quais conteúdos você aprendeu com a realização dessas atividades.

4) Você acredita que as atividades de modelagem matemática devem fazer parte

das aulas de Matemática?

( ) Sempre. Por quê?

( ) Nunca. Por quê?

( ) De vez em quando. Por quê?

5) Qual(is) das atividades desenvolvidas despertou mais o seu interesse? Por quê?

6) Em sua opinião, as atividades desenvolvidas fizeram você mudar sua opinião

com relação à matemática? Explique.

7) Em algum momento você associou a matemática estudada em sala de aula com a

matemática aplicada em seu dia-a-dia? Comente.

8) Como você classifica a influência da matemática no desenvolvimento dos

esportes?

( ) Muita influência. Por quê?

( ) Pouca influência. Por quê?

( ) Nenhuma influência. Por quê?

9) Essas atividades contribuíram para o sua formação como cidadão(ã) ativo em

seu cotidiano?

( ) Sim. Justifique.

( ) Não. Justifique.

( ) Um pouco. Justifique.

10) Como essas atividades auxiliaram você na tomada de decisão com relação à

projeção do carrinho?

11) Como foi o trabalho em grupo?

12) Escreva um acontecimento que você achou mais interessante no processo que

você vivenciou. Tem a ver com a matemática? Explique.

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251

APÊNDICE IV

BLOCO DE ATIVIDADES 1: APRESENTAÇÃO DO TEMA E

EXPERIMENTANDO UMA CORRIDA DE CARRINHOS

Nesse bloco, o professor-pesquisador apresentará um vídeo de três minutos e

meio, cujo tema está relacionado com a prática esportiva. Em seguida proporá para os

alunos o seguinte tema: Como transformar uma brincadeira ou atividade física em uma

competição esportiva?

Em seguida, os alunos serão convidados a desenvolver uma atividade que

consistirá em uma corrida de carrinhos, sendo que para a sua realização, os alunos serão

agrupados em quatro grupos denominados A, B, C e D. Para a realização dessa

atividade, será disponibilizado um kit contendo quinze carrinhos conhecidos como Hot

Wheels16

com modelos e estados de conservação distintos, sendo que cada um dos

grupos escolherá um desses carrinhos para realizarem uma corrida em uma pista

construída pelo professor-pesquisador com sobras de trilho para cortinas, sobras de

perfil de alumínio e retalhos de madeira que também será disponibilizada para essa

finalidade.

A competição será realizada sempre com dois carrinhos em cada uma das duas

etapas. Para essa competição, será realizado um sorteio para definir as equipes

competidoras das duas provas. As equipes vencedoras das provas 1 e 2 são classificadas

para a prova final, sendo que a equipe vencedora dessa prova será considerada a equipe

campeã.

Finalmente, os alunos serão convidados para responderem um questionário

(Apêndice VIII) por meio do qual serão questionados sobre as condições em que a

competição se desenvolveu, como, por exemplo, os fatores que os influenciaram na

escolha do carrinho, se houve condições de igualdade, se os critérios utilizados foram

bons para todos, se existe a necessidade de padronização, como essa padronização pode

ser realizada, quais as grandezas que podem ser consideradas nessa prática e, também,

como a matemática pode contribuir para que a competição ocorra de uma maneira justa.

As respostas dadas pelos alunos serão debatidas em sala de aula por meio da

realização de grupos de discussão.

16

Hot Wheels é uma marca de carros de brinquedoamericana da categoria die-cast, que engloba modelos

em miniatura confeccionados de metal injetado, nas mais variadas escalas. Esses carros foram

introduzidos pela indústria de brinquedos Mattel em 1968. Atualmente, aHot Wheels é a fabricante mais

famosa de carros de brinquedo. Para maiores informações, consultar:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hot_Wheels.

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APÊNDICE V

BLOCO DE ATIVIDADES 2: APRESENTAÇÃO DO CARRINHO DE ROLIMÃ,

A COMPETIÇÃO E A PROPOSTA DE PADRONIZAÇÃO

Nesse bloco, os alunos receberão dois textos (Apêndices XII e XIII): o primeiro

está relacionado com a polêmica envolvendo a utilização das próteses dos paratletas nas

paraolimpíadas de Londres 2012 enquanto o segundo contém um breve histórico

referente aos carrinhos de rolimã.

Em seguida, o professor-pesquisador contará para os alunos da turma sua

experiência ao participar de um evento de corrida de carrinhos de rolimã. Nessa

apresentação, serão discutidas questões sobre essa prática esportiva e as condições em

que essa competição aconteceu. O professor-pesquisador apresentará fotos e vídeos

desse evento para que os alunos possam discuti-los.

Posteriormente, será proposta, para os quatro grupos de alunos, a construção de

um carrinho de rolimã para uma competição esportiva na qual os participantes possam

competir em condições de igualdade.

Assim, cada equipe ficará responsável para projetar o seu carrinho de rolimã

para a competição. Porém, será discutido com esses alunos sobre a importância de que a

construção desses carrinhos seja padronizada.

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APÊNDICE VI

BLOCO DE ATIVIDADES 3: ELABORAÇÃO DOS PROJETOS, MONTAGEM

DOS CARRINHOS E VALIDAÇÃO

Nesse bloco, os alunos desenvolverão os projetos utilizando as suas experiências

com cálculos, os seus conhecimentos tácitos17

e explícitos18

, elaborando os modelos

matemáticos visando uma possível padronização das peças que compõem o carrinho.

Ao final desse projeto, o seu esquema será enviado para um marceneiro

profissional que confeccionará os carrinhos projetados pelos grupos de alunos, que,

posteriormente, realizarão apenas a sua montagem.

Em seguida, os grupos montarão os carrinhos, analisando se estão de acordo

com o projeto que elaboraram anteriormente. Os grupos de alunos elaborarão uma

planilha onde constarão todas as etapas de montagem dos carrinhos, bem como as peças

e as medidas padrões que foram definidas nos modelos matemáticos para a sua

utilização nesse processo.

Os grupos de alunos conferirão esses itens, preenchendo a planilha proposta e

comparando os resultados obtidos para validar a montagem de seu carrinho para a

competição.

17

De acordo com Rosa e Orey (2012), esse “conhecimento é adquirido e acumulado através da vivência

individual, pois envolve fatores intangíveis como crenças, perspectivas, percepções, sistemas de valores,

ideias, emoções, normas, pressentimentos e intuições” (p. 266). 18

Rosa e Orey (2012) afirmam que esse “tipo de conhecimento é formalizado através de conceitos, textos,

desenhos e diagramas; pode, também, ser articulado na linguagem formal, incluindo as sentenças

gramaticais e as expressões matemáticas” (p. 267).

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APÊNDICE VII

BLOCO DE ATIVIDADES 4: A COMPETIÇÃO

Nesse bloco, os alunos participarão de uma competição com os carrinhos na

rampa de acesso do estacionamento de uma escola municipal localizada ao lado da

escola em que a pesquisa será desenvolvida.

As equipes serão sorteadas e descerão a rampa duas a duas, num total de duas

provas. As equipes vencedoras das provas 1 e 2 decidirão a competição em uma prova

final e a equipe vencedora será consagrada campeã.

Em seguida, os alunos serão convidados a responder um questionário (Apêndice

XV) relacionado com a análise do resultado da competição, como, por exemplo, se há

concordância com relação às condições em que a competição ocorreu e se a

padronização do carrinho atendeu às expectativas para proporcionar as condições de

igualdade durante a corrida.

As atividades serão desenvolvidas durante o próprio horário das aulas de

Matemática com a utilização dos conteúdos propostos para esse estudo. Os

questionários serão realizados durante o período de realização do trabalho de campo

dessa pesquisa.

Finalizando a condução do trabalho de campo desse projeto, será aplicado o

questionário final (Apêndice II).

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APÊNDICE VIII

QUESTIONÁRIO DO PRIMEIRO BLOCO DE ATIVIDADES

1. Quais foram os fatores que os influenciaram na escolha do carrinho?

2. A corrida de carrinhos aconteceu em condições de igualdade? Justifique.

3. Os critérios utilizados foram bons para todos os competidores? Por quê?

4. Existe a necessidade de padronização dos carrinhos? Explique.

5. Quais são os elementos importantes para que o objetivo da padronização seja

alcançado?

6. Como a matemática pode contribuir para essa padronização?

7. Quais são os conteúdos matemáticos que podem ser utilizados nesse processo de

padronização?

8. Em sua opinião, a padronização de procedimentos torna a competição mais

justa? Explique.

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APÊNCIDE IX

TEXTO 1

A POLÊMICA DAS PRÓTESES19

Observe a foto abaixo (figura 71) que mostra o brasileiro Alan Fonteles (à

esquerda) ultrapassando o seu competidor sul-africano Oscar Pistorius na parte final da

corrida dos 200 metros da prova T44.

Figura 82: Final dos 200 metros da prova T44 das paraolimpíadas de Londres 2012

Fonte: Foto de Julian Stratenschulte

20

Durante os jogos paraolímpicos de Londres, em 2012, a equipe da África do Sul

solicitou uma investigação urgente ao Comitê Paraolímpico Internacional (CPI),

alegando, sem citar nomes, que alguns paratletas estavam trapaceando ao trocar as suas

próteses após a inspeção oficial, realizada antes de cada corrida, por equipamentos

maiores, configurando, assim, um descumprimento das regras aplicadas nos Jogos para

esses tipos de provas.

A polêmica começou quando o competidor sul-africano Oscar Pistorius afirmou

que o competidor brasileiro Alan Fonteles havia obtido uma vantagem na final dos

200metros da prova T44 devido à prótese que tinha utilizado nessa competição. Após

uma largada ruim, Fonteles ultrapassou Pistorius com uma recuperação incrível nos

últimos metros da prova e conquistou a medalha de ouro. Nesse sentido, após o final da 19

Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/09/120906_fonteles_pistorius_dg>.

Acesso em 17 de Outubro de 2016. 20

Disponível em:<http://noticias.bol.uol.com.br/esporte/2012/09/03/entenda-a-polemica-sobre-o-

tamanho-de-proteses-na-paraolimpiada.jhtm>. Acesso em 17 de Outubro de 2016.

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prova, o atleta sul-africano declarou que: "Não foi uma corrida justa. Vendo o replay,

não entendo como é possível avançar, estando oito metros para trás, nos 100 metros

(finais), para depois vencer. É absolutamente ridículo".

No dia seguinte, Oscar Pistorius se desculpou pelas declarações e comentou que

a sua intenção não foi tirar o brilho da medalha de ouro conquistada pelo brasileiro.

Ainda assim, o atleta sul-africano manteve as suas acusações de que as próteses maiores

proporcionam vantagens aos rivais na competição.

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APÊNCIDE X

TEXTO 2

OS CARRINHOS DE ROLIMÃ21

A paixão por velocidade chega muito cedo. Uma brincadeira radical que toma as

ladeiras asfaltadas das cidades é uma prova desse fato. As corridas com carrinhos de

rolimã, que até hoje divertem as crianças e deixam os adultos saudosos, é uma das

brincadeiras mais antigas e divertidas de que se tem notícia. Não se sabe ao certo a

história do mais radical dos brinquedos das crianças, mas pode-se dizer que os

primeiros exemplares desses carrinhos foram construídos em cidades como São Paulo,

Rio de Janeiro e Belo Horizonte, entre o final da década de 1960 e o início da década de

1970, pois o material principal para a construção desses brinquedos, os rolamentos,

eram conseguidos em oficinas de manutenção, que na época pipocavam nesses estados.

A graça dos carrinhos de rolimã não está somente nas corridas, já que todo o

processo é envolvente e faz com que as crianças criem laços cada vez mais estreitos

com essa modalidade esportiva. Por serem feitos artesanalmente, os carrinhos de rolimã

exigem dos corredores bastante dedicação, além de criatividade, para inovar em design

e materiais, o que torna os carrinhos cada vez mais velozes. Os carrinhos de rolimã se

tornaram brincadeira séria e hoje já existe uma série de corridas e grandes prêmios (GP)

dessa modalidade, disputados por pessoas de todas as idades.

Figura 83: Mundialito de Rolimã do Abacate que acontece anualmente

Fonte: Foto de Rogério Braga Soares - 10/2015

21

Disponível em: http://www.autodromodecuritiba.com.br/blog/curiosidades/os-carrinhos-de-rolima/.

Acesso em 17 de Outubro de 2016.

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259

APÊNCIDE XI

ATIVIDADE22

DO BLOCO 2

1) O atletismo é um dos esportes que mais se identificam com o espírito olímpico. A

figura 73 ilustra uma pista de atletismo. A pista é composta por oito raias e tem largura

de 9,76 m. As raias são numeradas do centro da pista para a extremidade e são

construídas de segmentos de retas paralelas e arcos de circunferência. Os dois

semicírculos da pista são iguais.

Figura 84: Ilustração de uma pista de atletismo

Fonte: Adaptado de Biembengut (1990)

Pergunta: Se os atletas partissem do mesmo ponto, dando uma volta completa, em qual

das raias o corredor estaria sendo beneficiado? Justifique sua resposta.

22

Questão 170 da prova amarela, 166 da prova cinza, 165 da prova azul e 167 da prova rosa do ENEM

2011. Disponível em: http://www.matematicadidatica.com.br/ENEM2011q35.aspx. Acesso em 23 de

abril de 2017.

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260

APÊNDICE XII

PLANILHA DE PEÇAS

Quantidade Nome da

Peça

Dimensões

da peça (em

cm)

conforme o

projeto.

Material Dimensões*

da peça

recebida (em

cm).

Observações

01

Eixo Central 2 x 20 x 100 Pinus

01 Base guia 2 x 10 x 60 Pinus

01 Banco 2 x 30 x 40 Pinus

02

Base

suspensora

dianteira

6 x 6 x 10 Pinus

01

Eixo de

rolimã

dianteiro

4 x 10 x 60 Angelim

01

Base

suspensora

traseira

7 x 10 x 40 Angelim

01

Eixo de

rolimã

traseiro

4 x 10 x 50 Angelim

02

Rolimãs

dianteiras 7 Metal

02

Rolimãs

traseiras 8 Metal

*De acordo com o fabricante é normal as peças de madeira terem suas dimensões reduzidas

entre 0,5cm e 1cm depois de aparelhadas e lixadas.

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APÊNDICE XIII

ATIVIDADE DO BLOCO 3

1) Com o auxílio de uma régua faça um desenho das vistas superiores das peças de madeira do

carrinho de rolimã utilizando a escala 1:10. Anote as dimensões reais e as dimensões do

desenho.

2) Agora experimente dividir cada dimensão do desenho pela dimensão real. Qual o valor

encontrado?

3) Esse valor confere com a razão utilizada na escala?

Banco.

Real: Desenho:

Base Guia

Real: Desenho:

Base suspensora dianteira

Real: Desenho:

Eixo de rolimã dianteiro

Real: Desenho:

Base Suspensora traseira

Real: Desenho:

Eixo de rolimã traseiro

Real: Desenho:

Eixo central

Real: Desenho:

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262

APÊNDICE XIV

VALIDAÇÃO DO CARRINHO DE ROLIMÃS

Grupo:_______. Integrantes presentes:_____________________________________________

1) Preencha a tabela abaixo com o peso dos carrinhos de cada grupo.

Grupo A B C D

Peso em Kg

2) Analisando as dimensões dos carrinhos de rolimã de todos os grupos e os pesos desses

carrinhos. Respondam:

a) O carrinho de rolimã está de acordo com o projeto?

( ) Sim, as dimensões estão de acordo com o projeto.

( )Não. O que não está de acordo?

b) Existe muita diferença entre os carrinhos de rolimã?

( ) Sim. Quais.

( ) Não, os carrinhos de rolimã estão padronizados.

c) Vocês validam os carrinhos de rolimã para serem utilizados em uma competição esportiva em

que haverá uma corrida entre os participantes?

Carrinho de

rolimã A

( )Sim. O carrinho seguiu os

padrões do projeto e está apto a ser

utilizado em uma competição.

( )Não. O carrinho não seguiu os

padrões do projeto e não está apto a ser

utilizado em uma competição.

Carrinho de

rolimã B

( )Sim. O carrinho seguiu os

padrões do projeto e está apto a ser

utilizado em uma competição.

( )Não. O carrinho não seguiu os

padrões do projeto e não está apto a ser

utilizado em uma competição.

Carrinho de

rolimã C

( )Sim. O carrinho seguiu os

padrões do projeto e está apto a ser

utilizado em uma competição.

( )Não. O carrinho não seguiu os

padrões do projeto e não está apto a ser

utilizado em uma competição.

Carrinho de

rolimã D

( )Sim. O carrinho seguiu os

padrões do projeto e está apto a ser

utilizado em uma competição.

( )Não. O carrinho não seguiu os

padrões do projeto e não está apto a ser

utilizado em uma competição.

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263

APÊNDICE XV

QUESTIONÁRIO DO BLOCO 4 DE ATIVIDADES

1) Como você avalia o resultado dessa competição?

( ) Justo. Por quê? ___________________________________________________

______________________________________________________________________

( ) Injusto. Por quê? ____________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2) Em sua opinião, qual(ais) fator(es) foi(ram) crucial(is) para o resultado da

competição?

3) Você acredita que a padronização dos carrinhos de rolimã proporcionou uma

competição justa?

( ) Sim. Por quê? _____________________________________________________

_________________________________________________________________________________

( ) Não. Por quê? ______________________________________________________

_________________________________________________________________________________

4) Você acha que existe(m) outro(s) fator(es) que deveria(m) ser levado(s) em

consideração, para que a competição ocorresse em condições de igualdade? Qual(ais)?

( ) Sim. Quais?________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

( ) Não. Por quê? _____________________________________________________

______________________________________________________________________

5) Você mudaria algo no projeto do carrinho de rolimã após analisar o resultado da

competição? Por quê?

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO I

AUTORIZAÇÃO DA ESCOLA I

Eu, _____________________________________________, na condição de

diretor da Escola Estadual _______________________________________, informo

que o professor Rogério Braga Soares sob a orientação do Professor Dr. Daniel Clark

Orey, da Universidade Federal de Ouro Preto, solicitou uma autorização para

desenvolver a sua pesquisa de mestrado com uma turma do 2º ano do ensino médio da

Educação de Jovens e Adultos (EJA), do turno da noite desta escola.

Estou ciente que o objetivo dessa pesquisa é verificar como a modelagem

matemática pode proporcionar um ambiente de aprendizagem favorável para o

aprendizado de conceitos matemáticos, quando esses, são aplicados pelos alunos, por

meio de modelos matemáticos, para a criação de uma prática esportiva envolvendo

carrinhos de rolimã para que os pilotos possam competir entre si em condições de

igualdade.

Sei também que os procedimentos metodológicos incluem questionários,

observações, gravações de áudio e vídeo das aulas de matemática e 4 (quatro) blocos de

atividades que serão aplicados pelo professor pesquisador, sendo que os 3 (três)

primeiros blocos de atividades acontecerão na própria escola e o quarto bloco de

atividades será aplicado na rampa de acesso ao estacionamento da Escola Municipal

______________________________. Serão disponibilizadas 2 (duas) aulas de 50

minutos para cada atividade em um período de 3 (três) meses, 1 (uma) vez por semana.

Reconheço que a colaboração do aluno(a) é totalmente voluntária, pois a

qualquer momento ele(a) poderá desistir de participar desse estudo, sem qualquer

prejuízo ou penalidade para a sua participação nas atividades de sala de aula e que em

qualquer momento, ele(a) ou seu responsável legal poderá retirar o seu consentimento

ou interromper a sua participação neste estudo. Além disso, sei que será garantido o

sigilo do nome da escola, bem como o anonimato da identidade dos alunos(as)

envolvidos(as), pois as informações que eles(elas) fornecerem não serão associadas com

o seu nome e nem ao nome da escola em nenhum documento resultante dessa pesquisa.

Quanto aos riscos que poderão ocorrer no desenvolvimento desta etapa da

pesquisa, estou ciente que estão relacionados com o manuseio de materiais escolares

tais como lápis, canetas e computador e com o uso de ferramentas simples, como chave

de boca, chave de fenda e alicate para a realização da montagem do carrinho de rolimã

em uma das atividades desenvolvidas em sala de aula.

De acordo com o professor-pesquisador esses riscos serão minimizados por meio

da observação e da orientação do mesmo e do professor-orientador desse projeto de

pesquisa para que esse manejo seja realizado com segurança.

Tenho ciência também da participação dos alunos envolvidos nessa pesquisa em

uma competição com os carrinhos de rolimã montados por eles na rampa de acesso ao

estacionamento da Escola Municipal ______________________________ e os riscos

relacionados com essa prática serão minimizados por meio de uso de equipamentos de

segurança, como capacete fechado, joelheiras, cotoveleiras, calça comprida e luvas. Na

rampa serão colocados pneus em pontos estratégicos para reduzir os impactos

provocados por possíveis colisões. Além disso, estou ciente que essa atividade será

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265

acompanhada por um bombeiro civil contratado pelo professor-pesquisador, para o

pronto atendimento dos participantes, caso haja necessidade.

Fui informado pelo professor-pesquisador que ele e seu professor-orientador

providenciarão todos os materiais necessários para a realização dessa pesquisa, portanto

o(a) aluno(a) participante e a escola não terão gastos com a realização deste estudo e

nem com a contratação do bombeiro civil, que acompanhará a atividade do quarto

bloco de atividades, que será de responsabilidade do professor-pesquisador e de seu

orientador.

Caso eu deseje, por qualquer motivo, esclarecer algum aspecto ético do projeto

e/ou das atividades desenvolvidas no mesmo, sei que poderei entrar em contato com os

pesquisadores ou com o comitê de ética em pesquisa (CEP/UFOP) no Campus

Universitário Morro do Cruzeiro, Instituto de Ciências Exatas e Biológicas, sala 29,

CEP: 35400-000, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil telefone: (31)3559-1368, e-mail:

[email protected], homepage: http://www.propp.ufop.br.

Sendo assim, sinto-me esclarecido a cerca da proposta de pesquisa e autorizo a

sua realização na Escola Estadual _________________________________________.

Belo Horizonte, ____, de Novembro de 2016.

_______________________________________________

Nome:

Diretor da Escola Estadual ________________________

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ANEXO II

AUTORIZAÇÃO DA ESCOLA II

Eu, ____________________________, diretora da Escola Municipal

_______________________________, informo que o professor Rogério Braga Soares,

sob a orientação do professor Dr. Daniel Clark Orey, solicitou a autorização para

utilizar a rampa de acesso ao estacionamento dessa escola para realizar uma das

atividades de sua pesquisa de mestrado. Estou ciente que essa pesquisa está sendo

realizada na Escola Estadual ___________________________________________, com

uma turma de 2º ano do ensino médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA),

devidamente autorizada pelo diretor da mesma e que a atividade consiste em uma

corrida de carrinhos de rolimã, que foram projetados e montados pelos alunos

envolvidos nesse estudo.

Também tenho ciência que a escola está totalmente isenta de responsabilidade sobre os

riscos relacionados com essa prática que, de acordo com o professor-pesquisador serão

minimizados por meio de uso de equipamentos de segurança, como capacete fechado,

joelheiras, cotoveleiras, calça comprida e luvas. Na rampa serão colocados pneus em

pontos estratégicos para reduzir os impactos provocados por possíveis colisões. Além

disso, estou ciente que essa atividade será acompanhada por um bombeiro civil

contratado pelo professor-pesquisador, para o pronto atendimento dos participantes,

caso haja necessidade.

Sei também que qualquer dano ao patrimônio escolar, ou de algum funcionário da

escola, será de inteira responsabilidade do professor-pesquisador e de seu professor-

orientador e o mesmo deverá ressarcir qualquer prejuízo que esta atividade venha

causar. De acordo com o professor-pesquisador o espaço será preservado e ao final da

atividade será entregue nas mesmas condições em que o encontrou no início da

atividade, efetuando qualquer reparo, caso seja necessário, sem qualquer ônus para a

escola.

Está claro para mim que esta atividade acontecerá por um período equivalente a 2 (duas)

horas aula, em um momento adequado e que não irá interferir no bom funcionamento

dessa instituição e nas atividades previstas no cronograma da escola, pois os

participantes da atividade não terão, em nenhum momento, acesso às outras

dependências da escola.

Caso eu deseje, por qualquer motivo, esclarecer algum aspecto ético do projeto e/ou das

atividades desenvolvidas no mesmo, ou ainda impedir/adiar a aplicação da atividade sei

que poderei entrar em contato com os pesquisadores ou com o comitê de ética em

pesquisa (CEP/UFOP) no Campus Universitário Morro do Cruzeiro, Instituto de

Ciências Exatas e Biológicas, sala 29, CEP: 35400-000, Ouro Preto, Minas Gerais,

Brasil telefone: (31)3559-1368, e-mail: [email protected], homepage:

http://www.propp.ufop.br.Sendo assim, sinto-me esclarecida a cerca da proposta da

atividade e autorizo a sua realização na Escola Municipal

____________________________________________.

Belo Horizonte, ____, de novembro de 2016.

_______________________________________________

Nome:

Diretora da Escola Municipal ______________________

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267

ANEXO III

23PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP

23

É importante ressaltar que o título da pesquisa foi alterado para Modelagem Matemática como um

Ambiente de Aprendizagem para o desenvolvimento das competências em modelagem matemática de um

grupo de estudantes ao transformar uma brincadeira em uma prática esportiva, a fim de adequar-se às

considerações e observações propostas pela banca examinadora no ato de qualificação.