mitologia guarani

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Coletânea de mitos guaranis por Aldo Litaiff

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Universidade Fede..1de Santa Catarina Centro de Filosofia e Humanidades Dep2rta'11ento de Histria Curso: Licenciaturas [ndigenas. Disciplina: Mitologia Guarani Professor: Aldo Litaiff (Museu da UFSC) 1. A.yvuRapyta reko 'fl!Y d,ado universo e de Yvy Tenonde, aPrimeira Terra(Adolfo Vera, CaCIque da Terra Indlgena de Rio Siveira,'itral.nQrte de Sao Paub, 1996):. Meuaw me conlava que antes do mmeo do mundo o cuno tinha esta hJminosidade que vemos hoje, Nhanderutinha uma. luz em seupeito,todo o resto era Irevas. CorrI esta luz que era muito forte, Ele s wltava acabea na direo, que tudo o que viase iluminava,pois Ele muito poderoso."Antes que o mundo e todas as criaturas existissem, ele jpossua estaluz para pensar, caminhar... ele aacendia e jbminava kldo oespao. Mas Ele no criou o mundo rolinho, 8e tinha um bichinho que faz um,furonocho,quesechamatatu'i,na nossarlrlguavoofadeira,kiui kiuil Eslebichilho ajJdoua fazer o mundotirando poucoapouco terra do pequeno buraoo, am, a partir de nada ele criou tudo.Enlo. o kiuikiui'i j estaval no incio quando Nhanderucrioua Terra.Eleajudou muito o Maino'i, o cofbri e o kururu, o sapilho, que tambmajudoumuito.por isso que hoje ns no podemos matar estes bichinhos.Depois Nhanderu aiou a urukure'a, a coruja que o avisava que j era noite.Ele ergueua Terranapontade seupopygua e cobrou dnm parmeiras,uma emcada cantoe uma no centro daTerra,parater certeza que YvyTenonde,como ns chamamos esta primeira Terra.Depois queteve certeza que o Yvy Tenonde estavabem fixa,Elefoimorar emYvymaraey.Estes tempos deNhanderekoramidjipy [mito) o incio denossosistemade vida, a histria de nosso povo, dos Guarani.. AdolfoVeranosrolicitouqueapresentssemosa gravaodestanarrativaparaJoodaSilvaVeraMirim,caciqueda comunidadeGuarani de Bracui; no estado do Rio de Janeiro. Aps esrutar VeraMirim faz algumas importantes observaes: "Nhanderucriaa terraele meslno coma luz que vemdo seue de se pensamento. Assimcomons lemos oihos,que so nossas luzes,eretemesse fogo. Deus pode fazer tudo isto, mas ns rornos como uma foto dele, ns parecemos comele, masnotemospoder.AyvuRapytaoomochamamos a palavradeDeus'.VeraMirim 'colocaaindaqueessaspalavras podemser empregadasnocotidiano,mas somente nointerior daOpydurantea poraey,"essassoaspalavras diretasde Deus, ns no podemos dizer aquaquer um".. 2. O Mito do Dilvio Em1912,no litoral deSoPaulo,o indigenista CUriNimuendajuregislrou pelaprimeira vez o mfo da destruio da Primeira Terrapor umgrande incndio ouumdilvio, e o da criao daSegunda Terra ou o mitO dos irmos Sol e lua (Aslendas da criao e destruio do mundo): Nhanderuvuuveioterrae faloua Guyraypotr."ProcUremdanar,a terraquer piorarl"Eles danarmdurantetrsanos, quando ouviramo trovo da destruio. A terradesabava pelo oeste.E GuyraypotY disse aseus filhos:"Vamos!O trovo da destruio causa temor: E elescaminharam,caminharamparao leste,beiradomar.E elescaminharam.E osflltIosdeGuyraypotYlhe perguntaram:"Aquinaovaisurgir deimediatoa :"Nao,iJUia runaVSisurgir aps umano,dizem:E seusfilhos fizeramroa.O anopassoue no\'amente seouviuo trovo da deslruio.Caminharamnovamente.Algumtempodepoisa terradesaboumais rapidamente.E os filhos de Guyraypofj' perguntaram: "Aqui no vai surgir deimediato a runa?" - "Agora, dizem,o mal vai acelerar-se,agora no faam mais roa, dizem; assimfalouNhanderuwu a GuyraypotY,o que GuyraypotY deveter contadoa seus filhos.E os filhos de Guyraypofj' no mais fizeramroa e ento (perguntaram):"Como fICaremos?" "Apenas eufarei aparecer o que sernossaalimentao: E ees caminharam novmente, camilharamlonge.'Vocs comem jabuticabas?"- "ComeQlos."ElepioouoonlraumalVOree fez aparecer jabulicabas,paraqueseusfilhosascomessem. "Deixemumgalho,do qualaqueles que:viro depois dens podero comer".E a terraqueimavamais e mais rapidamente. Novamente caminharame novamente os filhos de Guyraypolj perguntaram: Ser que estaferra"ai sobrar?" Eento ele falou a seus filhos:"Estaterraque detm o mar,dizem, irsobrar realmente,dizem".E eles ficaram."Mas agorafaamuma 2 para ns, faam uma casa para ns de Ibuas, seno, dizem, quando agua 1Iier, vai destruir a nossa casa, diz Nhanderuvuu para mim".EGuyraypotY falou ao"Ajude um pouco a meus fiItosi - "Eu, no ajJdo, eu quero fazer uma canoa". Ao, pato selvagem(ele falou): _Ajude umpouc,ameus filhos n casar - "Eu, eutal'l'lbem no ajUdo,pois voarei." - "No ", disseele aosuruv, "voctambmno quer ajJdar a meus filhos com a casar - '"eu 1ambm no: - "Ento fique,quando a gua vier,veremos o que te acontecerr Eles fizeram uma casa de lbuas,termi1aIam a casa e danamm novamente."No tenhammedo quando a gua se precipitar, (pois) para resfriar a es::ora da terra, dizem, dever vir a gua."E:"Danremtrs anos,assim ele havia dib, ento veio a {PJa e se precipitou."Cuidem-se para no ter medo". A gua vai> e se precipitou.E o jupel(gritou):"Tragam-me um machado de pedra, querO fazer uma canoa na qual embarcarei" e ele gritava e fi} a espuma envolvia o alto da sua cabea.O pab selvagem em vo quis voar, os (aninais) da gua o dvoraram. O suruv tambm gritou: "Aguavemmesmo!"AssimelefabJeenflOOnaruaboca,e assimo seusopropassouaopssaro.A filhade Guyraypotj' linha um jovem talu o qual ela Iilha levado. E a gua cobriu acasa e a esposa de GuyraypotY (falou) a seu marido: "Suba ncasa!"GuyraypotY chorou e rua(falou): "v se no tens medo meu pai,abre eus braos paraa revoada dE3 pssaros. Se bons pssaros se sentarem 00 teu corpo, ergue-os para o .. e a partir de ento, ela batia coma taquara de' dana contra umesteio.E Guyraypoty canklu o r:k'engaral E a casalMMdveu, giroue flutuousobre a gua,subiue subiu. Chegou porta do cu e logo atrs deles veio tambm agua. Verso1 (Augusto daSiva Karai Tataendy,Cacique da comuni:lade Guarani deMaiambu,:.te - atualmente,Caciqueda comunidade de Imaru): Antes do Dilvio, existia um primem mundo que durou quase mi anos. Cinco anos antes do fim,Nhanderu Tenondegua fez um sinal ao Cacique Opygua, que avisou s famiias que iria chover muito e que eles deveriam fazer canoas de salvamenb.Entre eles uma tia e o seu sobrinho, os nms ooIteiros estavammuito preorupados porque nas outras canoas havia somente casais, maseles eramdomesmoumbigo e do mesmosangue,a tiae o sobrilho,quasea me!O mar avanoue logo quefICOU cobertocomgua eles comearam adanar, mas o menilo se amedrontou e segurou o brao da sua tia, quando todos foram paraa TerrasemMalelesficaramparatrs pensandoemumasoluoparasesalvar.Elesestavamcoma guaato pescoo e de repente a gua parou de subir,ento um pssaro que procurava abrigo,pousou e defecousobresuascabeas porque era o nico lugar disponivel, mas eles nose aboneceramcontinuando a pedir ajudaa Deus.Nessemomento,eles escutaramvozesvindas do mar.Ento,eles viramurna Plndo ovy,a palmeira azul[ouPalmeiraSagrada].que chegavacom um papagab pousadosobre ela,quefalav como umfpessoa.Mas eles no eram dessemundo,eraum papagab deDeus. Ele vinha gritando "no se desesperem, eu venhosalvar vOOs.Os dois noresponderam.Quando a pindo ovy chega perto deles,o papagabpedepara eles subirem.. Entoo Deus viueles notinhamfeito nada,no acontereu. nenhumproblema entrea tia e o sobrinhpqueosobmho tinhaSetiVesseacontetidojpeTiloosto] eles no teriam conseguoose salvare Deusno teriaconcordado.Emsegui:la,NhanderuTenondegua acha umlugar para eles em Yvy dju,que se situa nesse mundo, peno de Paraguau. l no se morre mais, ns vivemos eternamente, mas essa segunda ferra esta de hoje, o lugarda morte. .. Verso 2 (Vera Mirim,Cacique da akreia Estado do Rb de Janeiro, DeuslevoumOanos paraaccbar' YvyTenonde.Nesse primeiromundo,todo povojeracasado,eles eramlodos casados, ento eles no tinham nenhum problema,foram diretamente para Yvy dju. Mas tinham dois solteiros que no podiamse casar porque a tia e o sobrinho. Quando veb o diUvio o mar subiJ, o sobrinho se assustou e pegou sua tia pelo brao.Foi por isto ,queeles ficaramparatrs,eles no foramparaYvymara eJf.Quando a gua comeousubir at a perna,a tiae o sobrinho rezarammuito, at o momento que a pildo ovy e antes da gua cobrir tudo eles ainda rezaram e foramsalvos.Mas o Karai no se casou comasua tia, ele somente segurou o brao dela por medo. Verso 3 (VeraMirim, Caciquda ak:leiade 1996): Hmuitotempo,Karai Jopie estava semmulher;todos tinhammaMOe esposa menos eree sua tia.Ento eles secasaram, masissodesagradouNhanderu quefez vir muita chuvasobre a Terra.A gua subiu, quando ela atingiuo nvel das pernas, eles[sobrinhoe tia]comearama rezarmuilo.Elesrezaram,rezaram,at o momenbqueNhanderutevepenae enviouo 2 3 papagaio trazendo a pindo tNf, onde os dois subiram e re salvaram. Em seguida eles visitaram Yvy mbyte, o centro da Terra, e del eles partirampara Yvy mara ey, uma ilha no meio do mar, onde 00 se pode chegar de barco lque seenoontraessa -- palmeira. Hoje, se mone aqui nesta terra, ento ns sentimos muit bisteza quando lembramos desta histria. Verso 4 (Adolfo Vera, 32 anos, cacique da aldeia de Rio Silveira, So Paulo,1996): DepoisdeNhanderuTenondeguater aiadoYvyTenonde,a primeiraterra,a guadeslruiJkJdo.Nestetempohaviauma mulher guarani chamada Nhandecy, que trazia umaiana emseu ventre,mlllada Kuaray.Nhanderubi morar em Yvy dju, aps criar Yvy Pya'u,a segundaterra, que a terra de hoje,e as pessoas animais e prantas, por isso queele construiuo mundo atual.Entretanb, ele nopode mais ficare antes de partir ele cria este fogo no cu, o sol,para queseus filhos possamtrabalhar.Durantea viagema procuradacasade Nhanderu.Nhandecy carregavaumadjaka teti'i[cestoutilizado somente por muheres). A pedido de seu filho ela coI1e uma flor diferente das outras e a coloca dentro deste cesto, at ench-hcompletamente.Mas a criana continuava apedir mais ffores at que uma mamanga [ou mamangava,Hymenoptera Vespidae] picaNhandecy,quebrigaoomseufilho.A partir desse momenbKuaray para de indicar o camilhocerto.Nhandocyacaba pegando a estrada errada, aque vai dar na aldeia dos IM[ona]. logo que dlega; ela enoontra uma velha ona que pede para que elaretome,pois seus filhose nebs estavamfaminbs.Mas Nhandecy ficae devorada pelostivi.Kuaray sobrevivee crescerapidamenteparavingar suame,matandotldas as onas.QuandoKuarayv,do outroladodoria,umapequena rvoremamada guavilJl [Campomanesiarhombea ou Campomanesia xanthocarpa], ele batetrs vezes emseutronco,e ela cresce dando timos frutos. Ele ento convidatodos os Iivia irem comer os frutos.Quando eles atravessamo rioKuaray faz cair a ponte e todos morrem afogados. Esta rvore existe at hoje eos tivi gostam muito dela. Verso5 (Timoteo Karai Tateendy Mirim, 34 anos, Aldeia de Morro dos Cavalos,1993): --- Quaild Nhandecy caminhava pelO mundo, ela chegou numa ferra onde-existia1JmaaJdeia de mbae'ypy.l ela enoontrou uma - velha mulher que era o nioo ser humano vivo no local. Ento esta \lelta disse para Nhandecy retomar, mas ela no quis partir. Ento a velha escondeu a me de Kuaray em baixo de uma grande caarora chamada japepo. Atarde os filhos da velha mulher chegaram.eramcinco jaguares que caavam naflores(a. Nesse tempo, que ns mamamos idjypy que quer dizer comeo,os animais falavam.Ento eles senHram o cheiro de Nhandecy e perguntaram a \lelha quem era, mas a velharespondeuque no sabia, que no tinha ningum l.Ento apareceu umltimo jaguar que tambmsentiu o cheiro e fez a mesma pergunta para a velha, que continuou escondendo Nhandecy. Mas o mbae'ypy procurou e acabouencontrando e matando a me de Kuaray.A velha pediu ento ao seu neto para comer,oque estava no ventre da mulher grvida, O jaguar meleuKuarayem umacaarola depiloparamat-lo,maseleescapavasempre.Como eles noconseguiammatar Kuaraya velladeixouo menino,que ainda era umfeto,no sol para secar. Ele mba'e rerey, ento ele j saiu caminhando e pegou um arco e flecha para caar.No comeo ele pegouapenas boiboletas paradar de comer a velha.Depois,Kuaray comeoua caar pssaros imitando o kypy, que o cantodopssaro.Eleno criouascoisas, maseledeuosseusnomesparasaber o queeram,foiNhanderu Tenondegua que realmenteaioutudo.Ento Kuaray decidiuaiar umoompanheiro,mbodjera,que quer dizer criar.Ele criou seuirmo Jacy a partir dacascado cedro.Ento a velhadisse aoS meninos parano iremmuitok:Jngena floresta,mas eles foramseparadamente. Jacy viu um paraka [ papagaiol e tentouflech-fo,mas o paraka disse: -a velhae os jaguares mataram suamee vocaindaosalimenta!?'.Jacytevemedo e chamouseuirmo,quedissea eleparaatirar novamente,maso parakadissea mesmacoisa.Kuaray tinhacaadomuik:>spssaros,mas ele soprouemcadaumdeles e os fez ressuscitar, nolevandomais carneparaa velha.Ento ele fezmondepy,armadilha que ns usamos parapegar mba'e idjypy.Umdos jaguaresperguntouo queeraaquilo,Kuamy respondeu que eramundu.O jaguar dissequeaquilonomatavaningum, Kuaray disseparaeleento entrar naarmadilha.O jaguar obedeceue morreu. AssimKuaraymatacinco jaguares comseu mundu.Emseguida ele pede para velha os ossos de sua me e tenta omom nhe'ery pya'u (ressuscitar,colocar de p apartir dos ossos).Mas,Jacy queriamamar fazendo suamecair novamente.Issoaoonteceutrs vezesseguidas,at que Kuaray nomais levantar Nhandecy. Ento Kuaray deOOiu fransformar os ossos de sua me em paka. por isso que hoje osolpassaeretomalentamenteatrsdasbrumas.EntoKuaraynotrouxemaisbichilhosparaa velha,elelevou somente agua'i.A velha gosta muito dos frutos e diz que quer ir na florestapara comer mais.Kuaray faz umaponte,manda Jacy para o outro lado e diz para ele virar aponte quando os jaguares estiverem bem no meio dela.Mas Jacy eramuito novo e no sabia como fazer e vira a ponte no momenb errado.Ento os jaguares caem todos dentro s os jagJares,ento ele faz umapequenapontepara , pegar agua1na outramargem do rio.Jacy se engana como sinal que seu inno fez.e m a ponte no momento enado. Os jaguares se afogam e se transformam em bntras [ariranha], mas sobra uma que d origemaos jaguares aluais.Depois disso, os dois irmos cultivamfrutas e outros vegetais.Enlo Kuaray se lembra de sua me e lenta pegar todos seus ossos, mas ele percebe que faltaum.Assimmesmo ele tenta ressust-la vrias vezes,mas Jacy bale pamas lrs vezes e mataa sua me novamente. por issoquesemorrenomundodehoje.Kuaraydecidevoltar paracasadeseupai.Entoos doisirmos comeama rezar sem parar, cantando e danando seis dias e seis noites. Nhanderu Tenondegua envia uma luz a seus filhos e depois de doze dias eles criam o Solpara gJiar os dois a Yvy mara ey, e, os dois irmo chegam casade seupai.Depois de trs dias Kuaray diz que quer retomar Terra por causa de sua me, dizendo que ele quer conli1uar seutrabalho at o fimdo mundo: "todos os dias eu vou clarear o mundo porque os ossos da milha me ailda esto I-. Kuaray diz Jacy para ajud-lo a criar os dias e as noites.Mas,depois de trinta dias Jacy fICOUcansado e quis parar seutrabalho,ento,hoje,Jacy ipre descansa depois de binta dias. Mas Kuaray fica no OOu,S,nos mostrando e nos ensinando o caminho paraaYvy mara._ "p.J1..fY -- -"Verso1-2(Jlio- Moreira;65anos;aldeia de Estado de So Paulo,1996: esta narrativacomeaapso episdioda Conquista do Fogo): Tudocomeoudepois do fogo, depois do fogonada faltavapara o povo.Todos estavam felizes,tudoia bem.Ento,Jakaira, quevinhadeYvy maraey,retomouparaldeixando-nessasegundaterraumajovemgrvida,seufilhoeraKuaray.Ento Jakaira disse a mulher grlJda: "um dia meufilho vai se lembrar de mio e voc develraz-lO para onde euvou, para Yvy mara ey.Mas eutedeixareiumapena de ave oomosinal,quando'o caminhono for mais o certo;seo caminhofor bomeuno guiandocom,a ajud3dasplumasa,mulhefpegauma estradaque:levavaaYvy'mara ey;suacasaiKuaray, que estava etTIseu ventre, se lembrou de Jakaira e disse asua me: "vamos,agoraeu quero ir l onde est o meu pai". Eela respondeu: "ento vamos amanh".No dia seguinte ela se levantou cedo e pegou a estrada seguindo os sinais do marido. Um poucomaisdistante,elalJuumcruzamentocomumaplumasobreumadasestradas,masmesmoassimelaperguntaa Kuaraypor ondeseupai passou.Elerespondea ela: "vamos por aqui,pois por aqui' quemeupaipassou"e elaseguiuo caminhoindicado por seufilho.Emseguida Kuaray viuflores e disse sua me "pegue uma flor para eubrincar l na casa do meupai",e a me pegoua flor parao menino.Mas Kuaray continua a flores.Chegandoa uma outraencruzilhada, Kuaray aindapede mais uma flor. Quando a me pegou a flor uma mamangava picousua mo.Elaficoubrava e disse: "Voc aindanemnasceue j estpedindoflores,agoras pegarei mais depois que vocnasce(.Mas Kuaraytambmficoucom raiva.Quando ela chega em uma outra encruzilhada e pergunta de novo qual adireo certa, o menino no responde mais. A me nosabia mais qual era o caminho certo e pegou aestrada maior e mais limpa,aquela que levava a uma aldeia onde no tinha ningum, pois todos halJam saido para caar. Mas existia somente uma veAlinha, a aguaraypy djary [av lontra primordial ouavariranha],queera metademuller e metade jaguar,pois elafalava.Nestetempotodos osanimaisfalaVam.Entoa velha perguntou: de onde vem voc,ningum chega aqui. V embora porque meu povo muito perigoso e vai te matar-.Mas a mulher no sabia .comofazer paravoltar, ento elasentou-se e no levantou mais. Preocupada,a velhadisse a elaparase levantar "agora tarde,logo eles dtegaro", A av tentava pensar numa soluo para salvar a me de Kuaray e diz a ela: por favor, esconda-se embaixo dessa grande panela de bano, se no sef muito perigoso para voc", e a me se escondeu dentro da panela.Emseguida chegam os jaguares, que logo sentem o cheiro da muiJer e perguntam: "a vovtambmcaou?"e ela respondeu: como eu poderia caar se eu estava todo o tempo em casa?! E vocs, no pegaram nada?" Todos que chegavam perguntavama mesma coisa. Oltimo, que era o mais malvado, sentiu o cheiro de longe e perguntou: "minha av,voccaou algumacoisahoje?"Elecomeaa procurareacabaachandoa mulher dentrodapanela.Entoosjaguaresmatarame 9 {} 10 comeramamultergrvida,abrindoseuvent'eeretirandoo pequeno.Elescomerama carnedameetodosficaram contentes.Masantesa velhapedeparaqueeles demo fetopara elaoomer,eleso pegame tentamcoloc-losobreas brasas.Mas eles no conseguem porque Kuaray no -ficava.,EJes.decidem ento fur-lo com umgraveto,mas tambmfoi em vo,depois eles tentaram queim-lo, mas tambm no ronseguiram. Ento a vefla decide aiar o beb e o dixa secar ao sol. Poucotempo depois o pequeno levanta e diz a \eIla: "onde est a milha mer. O corpo da me ainda sangtava,mas ele acreditavaquesuame era a veha e a mamava demame.Ele cre&:e rpidoe logJ comeaa andar.Kuaray pedea av para que elafaaum arco e fJecha para ele caar. Ele caa muitas boJboletas, mosquitos. moscas. dando nome a todos eles, Kuarayquedo nomea tudo.Como osjaguaresnoestavamcontenese Kuaraynoconfiavaneles,entoelefezum mundu.Os jaguaresperguntarama Kuaray o que eraaquib,ele respondeuque em um jogo.Os jaguaresperguntaramo nome.Kuaray, querendo engan-los. respondeu: ' um mundu i3ito do tab do milho. Duvidando que algumpudesse morrer numaarmadilhacomoaquela.disseram:"achoquensnoVM10Smorrer dentro dela,\'OUentrar".Kuarayconoordoue o primeiro deles que entroumorreu! O outro que estava ohando ficousurpreso e disse:"eu no vou morrer nesse mundu,vou tentar".Ele entrou e tambm morreu. E todos os outros o seguiram emorreram, restando apenas as fmeas.Vendo que estava s.Kuaraypensou:"que fareisemumoompanheiro.sem minha me, meupai. nemmesmo umirmo?" Como ele sabia que seu pai j estava em Yvy mara ey. decidil, ento aiar Jacy, o imo caula.Os dois irmos tinhamaroos e flechas,mas as de Kuaray erammais fortes, pois eramfeitas de madeira dura,a mesma utilizadaaluamenle parafazer o popygua.Jacy lanou suas fled1as,mas errou. Hoje ns mamamos jacy mbaraie, a todas as madeias fracas.Mas a av sempre os probia de ir montanha.Nocomeoeles obedeciam e nuncaiam,voltando da caacommuitos pssarosparaalimentar a velha.Umdia duranteumacaada.Jacy dissea Kuaray"meuirmo porque a vovsemprenos diz para noir montanha?"e seuirmo respondeu"eunosei,vamos ento ver o que teml".Ento os dois se separaram, Jacy sobe na frente e vumpapaguaio. Sem avisar seuimro ele lana uma flechana ave,mas erra. Nesse momento o papagai> fala algo. mas Jacy no entende. se assustae chamaseuirmopara contar -lhe o quesepassou,Kuaray diz para Jacy lanar outraflechasabendoque eleiria errar novamente.Ento o papagab disse a Kuaray: "vocs no sabem, mas vocs esto caandotodos os dias para alimentar essa velhaquecomeusuame.Kuaray mora e diz a Jacy "Eu no duvido mesmo que ela tenha comido milha me",Ento ele decidiuressuscitar todos os pssaros que ele tinha matado para dar velha. A av perguntouporque \rOCsno caaram hojemeus E Kuarayrespondeu"nsno enoontramos nada,vamostentarnovamenteumoutrodia".Entoele. pensouemuma forma de matar todas as fmeas jaguares e mama seu irmo para caminhar.Eles foramlonge e encontraram umafrutamuito boa e doce chamada arasa [psidiumsp.].Kuaray diz a Jacy "agora ns vamos acabar comestas fmeas.pois elas oomeramnossame e por isso que agora estamos ss", Ele convida as fmeas jaguares a atravessar o rio dizendo que as frutas estavamdo outro lado. Os irmos fizeram uma pequena ponte e Kuaray avisa seu irmo: "vamos dizer que temfrutas oomo estas na outra margem do rio e amanh ns as levamQS at l, mas quando elas estiverem bemno meio. euirei piscar o olhoe vocviraa ponte".Entoeles foramparacasadaai.!que perguntasobre os pssaros,mas'eles dizemnovamente: . ,.... ",tambmnoencontramosnadaiamanhiremoscaarnovameole.poisencontramosapenas frutaslJIuitogQstO$8,s e; . . doces.Se a senhora quiser amanh iremos procurar".Eles levaram uma paraa aw experimentar.Ela actiou saborosa e diz a todas as outras fmeas:"seus irmos encontraram frutas saborosas no outro lado do rio".Elas ficarammuito contentes e cada umapegaumcestoparacarregar as frutas.No diaseguinte elas foramat o rio.Kuaray diz queas mellores frutas esto do outrolado,Cadaumdos irmos ficaemumdos lados dorio,Jacy esperado outroladoe Kuarayficaolhandoseuirmo caula,As fmeassobemnaponte, quando umafmeagrvida que estavamais atrs comeaa subir.Kuaray piscao olho. Mas o irmo caula que um pouoo maluco, se engana e vira aponto no momento errado. Ajaguar grvida salta e foge.Ento Kuaray diz a Jacy:"agoraessafmeagrvida vai para a ftorestagerar todos os outros jaguares. As que cairamno rio vose transformar emlontras [ariranha] que nunca mais sairo da gua", Se esta fmea tivesse tido uma filha hoje no mais existiram jaguares. mas foi um mamo! Jacynoconseguiuvoltar do outrolado porquea panecaiudentro d'gua.Entoeleperguntaa seuirmoo quefazer e Kuaray diz para ele subir o rio,encontrar um lugar para esperiHo e foramcamilhando cada umpor uma margem do rio.Jacy encontraumafrutae grita a seu irmo: "encontrei uma fruta muito boa,pequena, amarela, comumbigo",Kuaray diz a ele para oom-Ia,masJacypergunta"mas boamesmodeoomer","guavira.vocpodecomer, muitoboa",respondeKuaray. criandotodas as frutas, Eles subiram um pouco mais e Jacy grita de novo que encontrou uma outra rvore muito bonita e comumtrocomuito firme.Ento Kuaray responde ' umcedro" e ele vai subindo o rio criandotudo.Quase no final Jacy v aindaumafrutae perguntaque essafrulinha,ela boa de come,Cagua'i,wc pode com-Ia,mas depois peguea casca e as sementes, faa uma fogueira. jogue tudo no fogo e fique em ama", disse Kuaray. Jacy obedece. ficando em cima do fogo que queima e faz explodir tudo. Jacy se assusta, salta e sem perceber se encontra na outra margem do 00. ao lado do seu irm o.Ento, os dois ficam juntos novamente por causa da semente dea.agua'j. 10 11 Kuaray se lembra dos ossos de suame.mas peroobe que faltaum e diz a Jacy:"agora comofareipararessuscitar a nossa me?". Kuaray pede enoo a Jac,ypara ele esperar longe de sua me e oonsegue 'evant-la- Mas quando JaOj viusuame ele correu para ela grilando "mame. mamer e ela caiu novamente. Kuaray tenta mais duas vezes, mas eleno oonsegue levanta.-J porque Jac:y se grudou nela. EntOOa me de Kuaray foi entenada. por isso que no mundo de hop ns devemos morrer. Emseguida Kuaray se lembra de seu pai e diz a Jacy: -agora eu \00 para casa de meu pai, eu j caminhei muito nesse mundo e agora quero rezar para meu pai, eu vou pedir-lhe para me levar dXIUf. Ento os dois imos rezam por seis dias e seis noites semoomer.EntoNhanderu[Jakaira] diz a eles "esperem, eu 'lU enviar uma luz para vocs"".Bes esperaramo pai enviar uma luz bem fraca e Jac:y diz rapiJamente "essa luz para mim", mas Kuaray diz a ele "voc pode pegar essa porqe meu pai vai memandar uma luz mais forte",Depois de doze dias Nhanderu envk:Iuuma luz muib brte, o Sol, que aindano existia, para ajudar o seufilho iluminar o mundo. Ento os dois filhos pegaram essas duas luzes.Mas Jac:y disse a seuirmo que ele queria a luz mais fOrtee Kuaray oonoordou.Ento Jacy aparecia durante o dia e Kuaray de nofte. Kuaray setoma o menor e oonsegueassimsair e esperar seupai. ento que ele ele que chega Yvymara ey onde est Jakaira. Quando Kuaray chega, ele agicKJece a seu pai, que tambm o agradare por ter kfo ao mundo. Nhanderu [Jakairaj diz a Kuaray para ele sentar-se e assim ficar por trs dias. Depois,no podendo mais ficar ele se levanta diante de seu pai, que pede a ele para sentar-se novamente,mas Kuaray se levanta e diz: "meu eu noo posso mais ficar IX>rqtJe eu devo oonfinuar o trabalho l nomundo.Eulembrei de minha me que morreunesse outromundo e euno posso deix-la na terra.Euno possomais oontinuar sentado aqui, euoontinuarei meu babalho at o fin do mundo IX>lQue eu no tenho mais a minha me. Ento,todos os dias. eu voudarear os ossos de minha me".Ento NhaOOeru diz para ele oontiluarseu trabalho, Emsegukla Kuaray diz a JaOj "agora ns podemos oonUnuar nosso trabalho".Mas Jacy tinha a luz mais forte eKuaray a mais fraca,mesmo assim eles oomearama trabalhar.JaOj contava os dias:"um dia, dois dias...dez dias...hojefaz quinze dias,a metade do ms,depois trintadias,umms o bastante!" e ento ele bi descansar. Ento Kuaray diz a ele que ele noo podemais oontinuar a ser o maior e ficar durante o dia, porque o maior no pode descanar. "se voc quer repousar entOOvoc deve ser o meno"',disse .Kuaray a seuirmoo. Jacy oonoordou e se bmou o menor e Kuamy oonfinuou o seu trcbalho.Hoje. Jacy fica no cu de noite. mas umtempo durante os trinta dias, ele descana. Verso 13 (Hilrio Nunes Kuaray, 67 anos e Luis Silveira, 52 aros, da aldeia de Bracui,1996): ..Umdiaaquelequefez o mundoveiotrabalhar naTerra.ElechegouS,mas elenoiriaficarnessesegundomundosem " mulher: Ento elepegouumpouro de lamae fez uma mulher queaR,lIJhouroemat., .YV'fnJ@>ey.JJ.Il1.nde ento dentro de uma grande caarola de bano, logo emsegulfa chegam muilosAnham que perguntam Ca vov foi caarT, e elarespondeanomeusfiI1os,como eupoderiacaar?Vocsvo florestae nolrazemnadaparaoomerf'Entoeles comearama procuraremtodasas panelas e pratos,e acabamvirandoa grandecaarolaondeencontrarama mulher,e dizem"vamos mat-la para comer',Mas a vov diz a eles "\oos no podemfazer isso polque ela estcomum filhole",Eles no desisteme pegamum espeto paraassar a criana, mas eles no conseguempot'Quea aiana se debatia muito, Entoa vovdisse,Cele saltamuib,vamoscoJoc-lodentrodeumapanelacomguafeJVeOdo",MasKuaraysaltaantesqueo colocassemna panela,Ento os Anham disseram"mas ele ainda est vivo,ele ailda pula? Vamos coloc-lo no pilo,e deram a aiana para a vov esmagar', Mesno assim, Kuaray consegue saltar, A velha disse a seus netos, "esse pequeno' bom, ele diferente. Ento eu vou coIoc-Io no sol para sec-Io", Pouoo tempo depois ele levanta a cabea e comea a caminhar,isso -porque ele Kuaray, o fiJhode Nhanderu Tenondegua. Ento ele comea a brilcar com umarquinho com flecha para crianas,Ele caava borboletas para comer. Todas as manhs os Anham iam caar na floresta, e a vov ficavas durante todoo dia,Entoo Kuarayfez um mundeucomuma espiga demillo e o colocouno caminhodos Anham,que olharame disseram, "euseique posso entrar neste mundeu e nada vai me acontecer, e Kuaray responde: -se 't'CIa1no acredita,ento entre!", O primeiro enlrae morre, e emsegulfa,txIos os outros Anhamfazemo mesmo e vo morrendo,at ficar somente a metade, Ento a velha disse: pobres tios,eles no fizeramnada para voc, porque voc os matou?"Kuaray continua a caar pssaros paradar de comer a suaV,ele se tomaento muito esperto,Umdia elefoia florestapara pegar frutas e trazer as suas primas que estavam com vontade, mas ele pegou os frutos s para engan-las. Avov diz a ele para no ir caar em uma florestaprximaa ak1eia,"vocno pode ir l porquenilgum varoMas ele duvidae diza elaquenopodemaistrazer pssaros e que ele precisava enconlrar umirmozinho, Foi Nhanderu que criouJaq para Kuaray Ento,ele vaia floresta,encontra Jaq e diz a ele que sua av os tinha proibido de ir na floresta,Mas Jaq queria ir l e os dois ento decidem ir.Os dois foramcomseus arcos e,chegando l,Jaq viuum papagao sobre um gallo verde de uma grande rvore que diz a ele, voc no pode me matar,eu no te fiznada,mas voc est arunentando aqueles que comeram a suame", Jacy chama seuirmo e diz a Kuaray que ele tinha encontrado umpapagao que fala,mas queele no entendeunada do que ele disse. Ento Kuaray foiver o papagaio, que repetiua mes.'118 coisa pra ele. Kuaray compreende tudo o que o papagaio disse e conta paraJaq, 'Ele disse que ns sustentamos os mba'e py que mataram nossa me, No atire mais flecha nele", Jaq obedeceu e Kuaray choroumuito,Kuarayestavaamarrando os pssaros na suacinll.lraparaa velhacomer,ento Jaq disse, euno queromaislevar comlfaparaela",soltandobdosospssarose dandoa cadaumumnomeparaqueagorapossamos Eles no forammais aldeia levar comida, depois Kuaray combina com Jaq de ir ao rio. Chegando lcadaum ficouemumadasmargens.Chegandodooutrolado dorio,Jaq encontroumuitas frutas e perguntouo nomedelasa seu ,- -- irmo.Nesteriotinhaumapontequeostivitinhamque -alravessar.para frutas,_QuantoQ.:. _-atravessando, Kuaray fez um sinal para Jaq virar a ponte para que todos cassem dentro d'gua-oMas um dos tivi,que eraUma fmeagrvida.nosubiunaponte. Quandoelafoi virada,todos cairamdentro d'gua,menos essativi,queescapou,dando origem a todos os tivi de hoje. Verso 15Kuaray, 74 anos, aldeia de Boa Esperana, estado do Esprito Santo,1996): Depois que a chuva cessou Nhanderu[Jakaira?] criou Yvy Pyau, o Segundo Mundo. Nessa poca Kuaraye Jacy eram como aspessoas queexistemaquinaterra,Meus avs medisseramqueKuaray jfalavadentro dabarrigadesuame,antes mesmo de nascer. Kuaray pediu para Nhandecy colocar fumo no seucachimbo de madeira, dizendo em seguida:"vamos partir paraondeestmeupai.Queime o fumodocachimboe siga a fumaa,pois elate mostrar o caminhocerto",Kuaraya guioudizendoparaseguiressafilmaa.IstoelefazporqueNhanderu,eletempoder,EntoKuaraye Nhandeq foram seguindo pela estrada,Mas cada vez que passava perto de uma flor,a aiana pedia para a sua me colh-la "mame dei-me estalinda flor".Mas em certo momento uma mamagava picou o seu dedo, e ela disse, "meu filho, porque voc quer flores,voc nemmesmo nasceu,comovocvai conseguir brincar comma flor?".Ela bateuemseuplprio ventredizendo,"nuncamais , me peaiss,Emseguida ela se arrependeu e pensOu, "ser que eu agi mal commeu filho?",Ento ela acendeunovamente seucachimbo, caminhando at um cruzamento,mas ela no sabia qual a estrada a seguir para chegar naterradeNhanderu, masdepois queelabrigoucomseufilho,a fumaanoindicoumais o camilho,erasubiae desaparecianocu.Istotudo porqueKuaraynofalavamais paraildicar o caminho ondeestavaNhanderu,entoa menoconseguiamaischegar l. Meus avsdiziamquenessapocaosanmaisfalavam,os pssaros,os coehos,as raposas,os cachorros,o jaguares, f{./1Gl!> %f4t'Iwt(;;. 13 14 todos eles falavam. A me de Kuaray, ento, pegou o camilho enad e chegou na terra dos IM, onde \'Ma apenas uma velha que era a dona de uma casa, porque os outros estavam foracaando.Ento esta wlha pelQUnbua Nhandecy,"por que vore \feio at aqui?.Mas de repende chegou um bando de IM, ele estavam lodos contentes porque viram que tinha carne em casa. Eles pegaram a me de Kuaray,mataram e comeram. A vella pell para no oomer o menlO que estava no venbe da me, mas os outros queriamcom..Jo.Eles tentaram ass-lo no fogo,mas no conseguiramporque o menino saltava muito.Ento elesdecidiramnomatarmaiso menino,oobcando-oembaixodasplumasdotucano.Depoisdomeiodiaelejestava caminhando,crescendo bemrpido e comeando a sair s.Kuaray pede para a velha IM fazer-lhe umarco e flechaparaele poder caar comidapara ela,porque o pobre Kuaray aaeditava que a veIla tivi era a sua me. Ele matoumuitos pssaros e levou-osparavelha,queficoumumcontentedever queKuaray faziatudoparaela.Umdiao paideKuarayenviouum papagaio de Yvy dju. Jacy, seu imo mais novo, viu o papagaio na floresta e atirou uma fledIa nele, quando o papagaio disse, " essa velha que voc a6menta que matlu sua me". Jacy mamou o Kuaray, que pergunlou a seuirmo 0 que este animal te , contour, eJacy respondeu,"ele disse que voc alimenta essa veRla cano se bsse sua me,mas ela no a sua me, e foi ela quemabusuame.Kuaray morou muito. Ele j estava comRlUikIs pssaros mortos amarrados a sua corda,mas,com.. muitaraiva,elesoltouumpor um.Quando chegaranemcasa, a veIla perguntoupOlque eles notraziamnenhumpssaro paracomer,"vov,hoje ns no oonseguimos matar nada", Kuaray respondeu asSm 'porque ele j sabia que a velha noera sua me. Ento os irmos decidiram matar todos os IM, pensando,j>obre me, ela poderia estar aqui coma gente, mas eles a mataram,agora ns vamos matar todos esses tivi". Com o seu poder,Kuaray fez um rio e algumas rvores de guaviro, que ele colocouna outra margem. Depois ele mamou todos os tivi para ir comer aqueles frutos saborosos. Antes,Kuaray levou alguns frutos para eles experimentar, eles gostaram muito e foram direto para o rio.Ento, Kuaray diz a Jacy para virar umaponte que l existia,"logo quetodos os tiviestiverembemno meio dela,eu voupiscar um ofIo e wc vi'a a ponte".Mas Jacy viroua ponteantes que eles estivessemnomeio.Existiauma jovemtivigrvida que conseguiuescapar. todos os outros morreram, Kuarayficoucomraivaporquea tiviqueoonseguiuescapar estavagrvida.Elateveumfilhotemachoquecasoucomsua prpriame;se o filhote fossefmea.hoje no existiriammais tivi. Depois Jacy enoontrou agua'i,pegousua semente e jogou nofogo.A sementeexpkxfiu,fazendoumbarullo que o assustoutantoqueJacysaltouparaa outramargemdorioonde estavaseuirmo,que dissea ele,"agorans vamos paraa casa de nossopai".Kuaray atiraento umaflemapara o cu dizendoparaseuirmo, 1anoo a suaftechatambmpara ela prender na pontada, flecha queacabei deatirar".Jacy lanou mais uma,Kuaray lanou outra e bram fazendo assim at que as flechas megarem at o cho. Ento os dois subiram por esta escada de flechas e hoje ns podemos v-los no cu. Eles so o Sol e a Lua. Verso16 (Augustinho Vera Poty, 52 anos, aldeia de Parati Mirim, Rio de Janeiro,1996): 'Kuaray,o Sol,yiajavanoventredesuame,a ll1ul1erde NhanderuTenonde;guiando:.anos caminhosque .ela :tinha. que percorrer para encontrar seumarido. A me no queria coBler florespara Kuaray. que, zangado,noa gubu mais.Ela ento pegou o caminho errado que a levou a umlugar cheb de jaguares. A av jaguar dissea me de Kuaray,que seus filhoslogo iriamchegar e que ela deveriase esconder embaixo de umacaarola. Os jaguares chegarame, desconfiados,procurarama mulher atencontr-la,depoisa comeram.Masantesa veI1apedi.!pararetirar a crianadovenbedame.Eles tentaram matarKuaray,tentandoalravess-locomumgravetoparaass-tonofogo,mas elesempreescapava.Depoisos jaguares tentaramcozinh-lo, mas eles tambm no conseguem e acabam dando a criana para avelha criar.Kuaray crescerpido,ele vai caar, mas antes pede para a vella fazer um arco e flecha para ele caar borboletas.Be sesentia muito s e ento decidiu fazer Jacy.Kuaray leva seuirmozinho para caar na floresta,eles levavam muitos bichos para alimentar a velha.Um dia os irmos pedem velha paradeix-los ir a uma florestacheia de caa,mas ela proibe.Mesmo assim,umdia eles decidiramir, Jacy vaina frente e v umpapagaio.Quando Jacy lana uma flechano papagaio ele oomeooa falar.Kuaray diz entopara Jacy tentar novamente e o pssaro diz. "vocs do caa aos jaguares que mataram a me de vocs".Ento Kuaray abandona todos os pssaros que ele havia caado e volta casa comas mos vazias.A velha pergunta a Kuaray porque ele no havia trazido nada, e eleresponde que nada encontrou.Ento os irmos decidiram matar todos os jaguares,dizendo a eles que do outroladoriohaviamuitasfrutas.Os irmos fizeramumapequenap o n ~ ,paraqtreos jaguares pudessemalravessar o rio. Kuaray combinou que ele iria piscar o olho para que Jacy soubesse o momenb que ele [JaCY1deveriavirar a ponte.Todos os 'jaguarescaramnaguasetransformando emIonfras.Mas umafmeagrvidaconsegueescapar dando origema todos os jaguares que existem hoje. Ento, os innos conmlUaramcaminhando cada um de umlado do rio.Jacy encontra muitas frutas que Kuaraytinha criado.Jacy pergunta o que eramas frutas,seuimo mais velho diz o nome de cas1auma delas e que so boas de comer.Depois Jacy pergunta a seu irmo o que fazer comas sementes,Kuaray responde que erapara ele fazer uma fogueira ejogar as sementes dentro. Jacy se queima e pula para ooufro lado do rio onde estava seu irm>. 14 15 Os dois irmos decidem enganar Anham, que estava pescando em um rio range dali. Kuaray nadou por debaixo d'gua e puxa a. iscafazendoAnhamacreditar que era umpeixe.Jacy tambmtenta enga1ar Anham,mas puxaa iscacoma boca,e no com amo como fez seu irmo mais velho eacaba sendo pescado por Anham, que o leva para sua casa e o devora. Tentando. ajudar seuirmo,Kuaray pede os ossos de seu irmo aAnham, que atende ao pec:fdo. Filgildo que tambm estava comendo Jacy,Kuaray pegatodos os seus ossos e faz seuinno levantar (ressuscitar] novamente. por isso que hoje em dia, quando olhamos para o cu durante a noite, falta um pedao na Lua ou ela desaparece totalmente. Foi Anham que comeu. . .:Verso 17(AugustoKaraiTatendy,67 anos. cacique daak:Ieiambya deMaiambu e DarciLilo Vera,35anos,caciquede ..Morro dos Cavalos,Estado de Santa Cataina, 1997): .No incio existia umprimeiro mundo que depc:is acabou. Em seguidaNhanderu voltou para renovar e acabar a segunda TelTa. Nesta pocaele veio naTerra e secasouoomNhandecy queficagrvida deKuaray.Quando Nhanderuacabouo segundo mundo, que o mundo dehoje, ele partil, mas antes disse ao seufilho que ailda estava 00 1IefItre de sua me, -euvoupara Yvymaraey,que a nossaterra,depois vocvai nascer e Ennilar de aiar essemundo,no mal vocmeseguir".Hoje Kuaraytrabalha sempre, todosos dias ele vem, ele o Sol.Masa me de Kuaray pega umcaminhoe sempreque ela chega a uma encruzilhada, pede ao seufilho para ildicar adireo por onde passou o seu pai, e ele respondia dizendo cpor aqui".Ela segue assim o camilho para chegar aYvy dju. Mas,num certo manenlo ela chega em duas estradas, uma pequena e feia chamadatapepo'i, e outra grande e bonita, mas que no se devia seguir. A cada momento Kuaray pedia uma flor que ele viano caminho,para ele brincar af chegar em Yvy mara f1f.A me sempre colhia as flores e as cobcava numcestinho.Mas derepente uma vespa [Vespidae sp.1pica asua mo e a me briga'com o menino dizendo que ele no podia brincar onde ele estava, e que eleleria mais flores quando eles tivessem chegado em Yvy mara ey.Emseguida, ela chegaauma encruzilhada e perguntaa seufilho,"por onde passouseu pa?"'Mas ele nomais e a mulJer Ioma o caminho mais bonito quea levoua umacasa ondemoravaumavefla que disseela,"meflor quevoc partaimediatamenteporquemeusfilhosso !.'Imitomaus.soanimais ferozes",e issoera verdadeporquetodos eles eramtivi.Como elaestavamuitocansada.a me sentou-see firoul,entoawlha a8ScondtiriiJmcaarolacomtampa.OsIMmais novoschegarame comearama procurar ame de Kuaray. Em segui:la chegou o mais velho que sente ocheiro e, desoonfiado, pega a grande panela de barro. vira,achaa mulher e a come.Antes ele refiraa aiana que estava emreuventre e a velhapedeparacom-lo.Elatentava coloc-bsobreofogo.maselesaltava.Depois"tentaramfurarKuarayoomumespeto,masnoconseguiram;tentaram esmagar o menino,mas elesempreconseguiaescapar:Entoa veha decidiucriarKuaray,colocando-oparasecar aosol. Quandoestavabemseco,elecomeoua falar,pedindo wlhaarcoe flechaparacaarborboletas.Elepegoumuitos bichinhos, dando nome a cada um deles cor. Em dois ou !rs dias ele ficou mais veflo epediu os ossos da me dele. pois ele nao queria que os iM os destrussem. Como Kuiuayestava s ele fOina flOresta e fez Jacy, seu umamadeiraquechamamosyvyranhamandu,o cedro.porissoquenschamamosyvyranhamandu,porqu"eei. madeiradeKuaray.ElefezumapilhacomosossosdeNhandecyebateupalmasparafaz-lalevantarnovamente [ressuscitar].Ento,elasentou-se,masJacygritou."mame,mame,euqueromamar..Entoelacaiu,setomando novamenteumapilhadeossos.DepoisKuaraymandouJacycaarpssarose ficarsomenleolhandodelonge.Kuaray consegueentolevantar novamentesuame,mas Jacy vemcorrendonadireodela,quecaide novo.Massendoestaa ltimavez.Kuaraytransformaosossosdesuameempaca.SeJacytivesseesperadoumpoucomaisa meteria ressuscitado.Depois os dois irmos cresceram e comearam acaar, matando muitos pssaros para dar de comer velha.Ela diz aeles que tinha uma montanha distante onde eles no poderiam ir, porque era muito perigoso.Ele sabia que existia alguma coisalque elagostava muito.Ento um dia Kuaray decidiuir at l e disse,"ela nos disseparanoir l,mas ns vamos. Eles foram.Jacy deumlado e Kuaray dooutro,para depoisseencontraremnamontanha.DerepenteJacy viuumparaka [papagai01 e lanou uma flecha na direo na direo dele,mas erra a pontaria, Jacy no erra nunca,mas dessa vez errou.O papagaio nuedisse, "vocs esto dando caa queles que comeram a sua me".Jacy diz aseu irmo que ele viuum pssaro que falava.Kuaray foiverificar e diz paraseu inno para lanar outra flecha,mas o papagaio repetiutudo novamente.Kuaray chora muito e faz reviver todos os pssaros que ele tinha caado, dizendo aeles para irem embora. Os irmos retomaramsem levar nada para casa. Avelha pergunta aeles porque eles no trouxeram nada eeles responderam, "no havia nada l'.Mas a velhadesconfiouporque eles choravam muito.mas os irmos disserama ela que estavambem.Entoeles decidirammatar todos ostivi.Kuaray dssea Jacy,"vamosfazer ummundeucommilho', que uma armadilhafeita desabugo do milho,e a colocaramnomeio da estrada. A tarde umtiviolha o mundu e diz aos irmos, 0 que que vocs esto fazendo? Comessa coisavocsnovoconseguir matar nilgum'". Ostiviacreditavamqueeles noiriammorrer nessemundu.masKuaray disse,'ento entra', o tivi entrou e morreu. Kuaray tira o tivi da armadilha, joga ona floresta ecoloca um mundu novamente no 15 16 lugar.Um outro IM chega e pergoota, '0 que wos esto fazendo?",Kuaray responde,"nada,ns 00 estamos brincando.O tivifal.a,"sim,porqueningumvaimorrer dentro dela',e Kuarayrespondenovamente,'ento entra',o tivientroue morreu: KuaraymatsOmenteosmachos,porqtieas fmeasnovoflorestacaar,Nofinal,atosmaiorese maisforlestivi. morreram no mundu, Mas os irmos no carregar os maDres pmque eram muito pesados, ento eles tentaram paraa floresta.Mas uma IM que vinhapela estrada viutudo e toi contar para a velhame IM,que disse paraos irmos que parassemde matar a todos.Ento os irmos decidemmatar todos os outros tivi que restaram,de outramaneira. Kuarayfoitooutroladodorioe aiaasrvoresdearaa,queumafrutamuitoboaelevaalgunsparaostivi experimentarem. Os tivigostammuRo do araa e perguntam aonde os irmos tinham enoontrado. Os irmos apontam o outro lado do rio e os tivivo at J.Kuaraye Jacy fizeram uma ponte para podem passar para a outra margem do rio.Kuaray diz a Jacy que logo que os tivi estiverem bem no meb do rio, ele iria piscar os olhos para Jacy virar a ponte. Ento Jacy ficoU de um ladodorioe Kuaraydo oulro.Os Iivi chegame sobemum a umnaponle,Kuaray olhapara saber se elesestavambemno meio e Jacy viroua ponte.Mas existiaurnaIivi grvida, que estava muito pem da margem, que saltae oonseguese salvar, correndo para a floresta, dando origem a todos os IM de hoje. Os ootros IM caiam na gua e se transformaram em Ypo, que e essebichodagua,a lontra[ariranha].Em os doisirmos continuaramcaminhandopelamargemdorio,sempre Kuaray de um lado e Jacy do outro. Kuarayconlilua acriar as frutas e Jacy perguntando para ele como elas so.Kuaray dava o nomea cadaumadelas e respondiaa Jacy,'agoravocpodecomer essafruta",e Jacy comia.NofinalJacyviuoutra frutinhae perguntoua seuirmo se podia OOfTI..1a.Kuaray disse que sim,mas antes ele deveria fazer fogo paraassar a fruta. 'quando voc comer a fruta jogue a semenle no fogo",Jacy obedeceu e ficouolhando, as sementes estouraram, ele teve medo e saltou para oou tro lado do rio onde estava seu imo mais velho. Depois eles foram para Yvy mara ey,a terra de seu pai. Verso 18 (Cacique Jorge Karai, 39 anos,aldeia mbya da Hha da Catinga, Estado do Paran, 1996): Kuaraycy,a medeKuaray,quandoNhanderu, o paido seufilho,partiu,eledeixou umamarcade fumodoseupetyngua. NhanderuNhamanduRuEte o pai de NhamanduKuaray, que estava no ventre de &.Iame,vendotudo de dentro dela, falando. e pedindo flores a ela, que penSaVa,"cOno eu posso dar ffores a ele se ele-anda esta dentro. da minhabarriga?!",Mas ela colhiaflores,asguardavae oontinuava seguindo o ilmo do petyngua do pai,Eles queriamchegaremYvy dju,a casade Nhanderu,e foramatasproximidades de Yvymara ey.Kuaray pediuaindamais uma flor a suame,que quando foipegar umamamangavapicou&.Iamo.Ento, elaficoucommuitaraivae disse,"voc no pode pegar nada porque estdentro da minha barriga, mas ainda me pede para colher flores!",Kuaray ficoumuito bravo e no faloumais.Entoa me se perdeuno caminho e perguntoua Kuaray por onde ela devia ir,mas ele no disse nada. Ento eles chegarama terra dos mba'e ipy,que .me e a mataram depois de ter tirado a criana de sua barriga. Eles tentaram enfiar uma estaca paraass-lo,mas no conseguiram.Ento eles decidir.;lm esmaga-lo como pilo, ms Kuaray tambEm eonseguiescapar, Ento eles decidiram criar Kuaraye comer somente sua me. Kuaray, que j estava grande, pede para guaidar os ossos de suame, Ele comeoua caminhar e penrou, "eu no quero mais viver sozinho" e decide criar Jacy, que tcherivy, o irmo caula;Kuaray tcherike'i, o primognito,EntoKuaray decide matar os mba'eipy kuery comumpequeno mundudesabugo de milho,Ummba'eipy chega,olhaos meninos e diz.'como euiriamorrer nesse munduzinho?!, ningumvaimorrer nisso!",Kuaray diza ele para entrar, ele entra e morre. Depois, Kuaray pede para tchedjary mba'e ipy fazer um yvyrapa'i, que um arquinho comflecha,para os dois irmos caar pssaros para dar para a av comer.Mas a vella diziasempre,'. emcima damontanha azul. vocs no podemcaar".MasKuaray perguntou a Jacy,"porque a tchedjary no quer que a gente v nessamontanha? Agorans vamos!",Chegando l eles viram umpapagab, Kuaray,que jamais erra umaflechada, desta vez erra. Jacy fez o mesmo,mas destavezo papagak:Jfala,vocs estoajudandoaqueles quecomerama suame".Quando isto,Kuaray comeaa chorar, pega osaco que ele carregava cheb de pssaros mortos, sopra cada um e eles voam. Ento Kuaray levou somente um passarinho bem fek:J para a sua av, que pergunta: 'mas um s! Porque vocs no mataram mais?". DepoisKuaraypegaosossosdesuameparatentar masJacy,queeraandaumacriana,estavasempre perturbando.QuandoKuarayfoilevantar [ressuscitar]&.Iamea partir dosossos dela, ele pediuparaJacyseafastar.Mas quando ela j estavasentada,Jacy foi e disse: "mame euqueromamar",e ela caiunovamente. NessapocaKuaray tinha cinco ouseis anose Jacy umoudois. Filalmente kuaray no conseguelevantar suame porque JacYnodeixou, por isso que hoje ns temosque morrer, por causa de Jacy. Antes ningum morria,isso no devia ser assim como hoje,mas Jacy no permitiu. EntoKuarayfez a primeira paca comos ossos de &.Iame, e comos outros ossosfeztodos osoutros animais.Depois eledecidematar todos osmba'eipy,Kuarayfez umapontesobreo rio,ficoudeumladoe Jacy do outro. Quandotodos os mba'eipyestavamatravessando,Jacy viroua ponte.mas nomomenk>errado.Quasetodos osmba'eipy 16 17 cairam nagua,somente uma fmea gr.Mda consegue escapar. Ela foge para a fbresfa e, comseu prprio filho,gera outros' mb.a'e ipy.por isso que hoje anda existem esses aninais malvados.Ento Kuaray ficazangado comJacy,no deixando ele atravessar a pnte.Jacy, que fiooudo outro lado do rio,estava oom muita bne e come frutas da floresta.Kuaray pede a ele paraguardar as sementes. fazer bgo e pg-tas dentro.Jacy OOedece e ica sentado esperando S,Kuaray ficado outro lado esperando tambm.A semente estoura e Jacy d um pulo almvessando o rio,at onde esta seu irmo.No final,eles vo para a casa doseupai,que ficadepois do mar.Hoje eles esto no retJ,mas no neste primeirocu.mas no ltimo.SeKuaray estivesse nesse primeiro cu ele j leria queinado toda a Terra. Apresento agora seis verses mbya da "Pesca de Anham": Ve/So 1 (luis Silveira, 52 anos, e Hilrio Nunes, 57 anos, Brawi, Rio de Janeio. 1996t. KuarayeAnham estavampescando lSlante um do outro. Ento Kuaray resolveuenganar Anham,nadoupor baixo d'gua e puxou o anzol dele. Acreditando que era um peixe,Anham puxa a inha e nada! Kuaray ri e pensa "eu enganei Anham".Ento Jacy tambmresolve enganar Anham, enfra na gua fi puxa o seu an2Dl,masAnham pega Jacy, tira ele da gua e bate na sua cabea. Jacy morre, Anhamoome sua carne, mas Kuaray pede os ossos de seuirmo para ele, dizendo: isso voc no pode comer,voc temque me dar os ossos. Ento Anhamobedece,cometodaa came e devolve os ossos aoirmo mais velho, que ressuscita Jacy. Ve/So 2 (Augusto da Silva Karai, Cacique da Aldeia de Maiambu, Santa Catarina, 1996): Os dois irmos forampescar.Quandb chegaram no lugar enconfraramumvelho pescandotambm, ele eraAnham.Jacy,que umpoucomaluco,disse,"nsvamOsenganar esse velto,Kuaray,preocupado,diz a Jacy "sevocquerfazer isso,ns vamos fazer,mas euvou antes". Ento Kuaray nadoU por baixo d'gua e puxa com a mo o anzol do velho. Por. causa do peso Anham acredita ter pegado um grande peixe, comea apuxar a linha mas Kuaray solta o an201 e o velho cai. Kuaray diz a'Jacy rindo "vocpode ir,mas tenha cuKJado,faacomo eu fiz.puxe o anzol coma mo e no coma boca, seno ele vai tepegar". Anhamjoga o an201novamente nagua,Jacy vai e Kuaray fica oltando porque ele duvida que o irmomenor vconseguir. Jacy vaipor baixo d'gua e pega o anzol,Anhampuxa e o pesca,tiraOdo Jacy da gua.Ele bate nacabeadoirmo caula comum:pedao depaue o mata.Quando Anhamchegaemcasa,suafamliaficasurpresacomo tamanhodo peixe, que /ogo.colocadonumapanelaparaser coZido.Kuaray chega na casadeAnham,que o olha e diz: "0 meu irmo,- pegueiumgrandepeixee nsvamoscom-bagora.Elesesentae Anhamtrsumpouoodecameemumcestinho, perguntandoa Kuarayseelequer comer,maso irmoprinognitorecusa.EntoAnhame suafammacOmemJacy.Em seguidaKuaraypede os ossosa Anham,que diz a seus filhos:"Nooomamos ossos do peixe,vamosguardar paradar a Kuaray".O inno primognito junta Ddos os ossos, os guarda numa sacola e leva para casa.Foi Kuaray que fez Jacy,porque ele Nhanderu-opygua, ento ele pode ressuscif-to. Anham no sabia disto, Ento Kuaray levanta novamente [ressuscita] seu irmo,no mesmo cqrpo.Depois Kuaray diz a Jacy "meu innozinho, porque voc fez isso,eute disse para no pegar o anzol pelaboca,mas voc no obedeceu", Jacy respondeu rindo "isso no foi nada".Ento Kuaray disse "mas no assim,a partir de hoje, todos os meses Anham vai te oomer". Ve/So 3 (Adolfo Ver, 32 anos, Aldeia de Rio Silve-a, So Paulo, 1997 - episdio exlraido do Ciclo dos Irmos): EmsuascaminhadasosirmosenganaramAnham.NessetempojexistiaAnham.ElesforamaolagoondeAnham costumavapescar, para tentarengan-b. Ento Kuaray diz a seu irmo "agora ns vamos enganar Anham, vamos at o lago e \lamos puxar o anzol coma mo,no coma boca!".Ento ele sefransformou em peixe e foi debaixo d'gua enganar Anham, puxando o Seuanzol.Mas Anham no conseguia pegar o peixe e durante toda manh no pegou nada. Depois Jacy vi,mas elepegao anzol coma boca e Anhamacaba pescando o irmo menor,levando o para casa pensando ser umpeixe.Anham cometodaa camee joga os ossos fora.Kuaray pega todos os ossos e consegue ressuscitar seuirmo. Depois eles comeam a caminhar ensinando todos a pescar.Ento Nhailderu Tenondegua diz:1Jns meninos Indos voao rio lavar os ps e assim eles vo matar os peixes para comer, pois os peixes no tero mais ar". Mas Anham diz a Kuaray que era muito fcil,e que ele 17 18 ia ensinar ao povo outra tcnica.Ento ele pegou um menino e o esmagou em uma pedra para mostrar que antes de pegar o peixe necessrio pegar um cip e o esnagar emuma pedra. A partir deste dia o povo passou a ter que trabalhar,pois aps Anham tudo se tomou diflGll. Verso4 (Aurora Carvalho, 69 anos,filha de Tchejary Tatachi,Aldeia de BoaEsperana,fitoraldoEstado deEspritoSanto, 1996): oeclipse da lua que existe hoje porque Kuaray e Jacy queriam enganar Anham. Qqando ele estava pescando, Kuaray foi por baixo d'gua e puxou o anzol para brincar. Mas Jac.y, ao invs de puxar somente o fio, prendeu o dedo no anzol e Anham puxacomforae o pega.Depois levouJac.y para casa dele e o oomeu.Mas Kuai'ay pede a Anhamqueno jogasse foraos ossos de seuirmo. Como seu poder Kuaray pode formar novamene Jacy. Verso 5 (Jorge Karai, 39 anos, Aldeia da Ilha da Colilga, 1996, itoraI do Estado de So Paulo): Euno sei bem se foiao mesmo tempo ou antes da morte dos mbaerlJlY, que so as onas do comeo do mundo. Neste tempo KuarayeJacyforambeiradeumrioe viramAnhampescando.EntoKuaraydecideengan-lo.O irmomaisvelho mergulha,pegao anzoloomo dedo e puxa. Acreditando que eraumpeixe,Anhamo puxaduas vezes,mas deixa escapar. Ento Jacy diz que quer ir tambm enganar Anham. Preocupado, Kuaray concorda, mas avisa "voc deve pegar o anzol com o dedo,nocoma boca-,NocomeoJacy conseguru,quando Antiampuxava,elelargava o anzol.Masnasegundavezele pegou o anzol com a boca eAnham o pescou,orou da gua, deu uma paulada nele e o matou. Anhamno sabia que era Jacy, ele pensava que era umpeixe.No dia seguinte, quando os Anham estavam comendo Jacy,Kuaray chegou e pediuos ossos e umpoucodegorduradesse peixe,queera seuinno.Ento Kuaray conseguefazer voHar a vida seuirmo e os dois foram juntos para Yvymara ey. Verso 6: (Julio Kuaray Papa, 63 anos, Aldeia de Barra do Ouro, Estado do Rio Grande do Sul, 1997): Por causa dessahistria,hojetodos os meses a luaSai do seucamilho. Anhamque comeJacy. Anham estava pescando quandoNhamandu,o sol,dizJacy,a lua, "meuinnovai atle enganaAnham,mas pegue o anzolsomentecoma mo, n!-lncacoma boca". Jacy vaiatl,mas pega o anzolcoma boca e Anham o tra para forad'gua. Ele pensa que pegouum grandepeixe,matae comeJacy.ntoNhamandupergunta .. a&1ham,.seelesabiadQpe!x(:l.EIe consegueapenas os ossos e umpouoode sangue dopeixee comissoeleoonseguelevantar Jacy novamente[ressuscitar}, Hoje, todos os meses sempre assim, Jacy vem peb cu, mas logo desaparece. O Mito dos Gmeos - verso chirip Em1912,noliterl deSo Paulo,Curt Nimuendajuregistroupelaprimeira vez o mito dos gmeos(AsLendasda criaoe destruiodomundo).Nessaversoemlinguaguarani,acompanhadaportraduoemportugus,quefoirelatadaao pe9:juisadordiretamentepelosndiosApapolruva-guarani,Nhanderykey,o sol,filhodeNhanderuvuu,o Deuscriador,e irmoprimognitodeTyvyry(ouxyvy'i,que significapequenofIlO),a kla, que filhodeNhanderuMbaecua'ade Nhanderuvuu).Logo,nessaversotrazidaporNimuendajuosgmeossofilhosdeumamulherguaranicomdoispais diferentes,osirmosNhanderuvuue NhanderuMbaecua'a.Apresentoaquinantegraumaimportantenarrativa,precedida peb episdio da Criao da Primeira Terra, Yvy Tenonde: NhanderuvuuveioS,emmeb s trevas elese .descobriusozinho.OsmorcegosEternoslufavamentresi.Nhanderuvuu tinha o sol no seupeito. Eele trouxe a eterna cruz de madeia; colocou-a na direo do leste, pisou nela e comeou(a fazer)a terra.Hojea eternacruz demadeirapennanececomoescoradaterra.Quandoelereiraa escoradaterra,a terracai.Em seguidaeletrouxea gua.E NhanderuvuuachouNhanderuilnto desi.E Nhanderuvuudissea Mbaecua'a: -AChemosumamulheri" EntoNhanderuMbaeCua'afabu:"Ns a adtaremos napanela debarro-,E elefezumapanelade barro e ele cobriua panela de barro. Algumtempo depois Nhanderuvuu disse para Mbaecua'a: "V ver a mulher na panela de 18 19 bano'".Nhanderu Mbaea.ra'ak>i e verlioou; a mufher estava na panela de bano.E ele a trouxe consigo.E Nhanderuvuu fez suacasaemmebesroradaterra.E disseNhanderuvuuparaMbaecua'a:"Ve experimenteamulherl".Nhanderu Mbaecua'afoie provoua mulher.Eleno queriamisturar (oonfundir)o seu1100com(oHde)Nhandaruvuue Nhanderu Mbaecua'adeua seufilhoumnicoe e ~ . E umasuame:Eletemo 1Iho de Nhanderuvuue tambmo filhode NhanderuMbaecua'aambosemseuventrematemo.EntoNhanderuMbaectJa'ak>i(embora).E Nhanderuvuufezroa. Enquantoeleia e a fazia,realizava-seatrs delea poca do mlha (verde).E ele veb paracasa comer.E (ele disse)sua mulher."Vnanossaroa,tragamilhoverde,queiremos come(.E a mulher de Nhanderuvuu dissea seumarido:"Agora mesmo estavas fazendoroa e j me dizes: "v,traga o mihoi No enho o teu fiho no ventre, tenho o filho de Mbaecua'a no ventre!".E a mulher de Nhanderuvuupegou o resto de canegar e foi na roaE Nhanderuvuu pegou os colares de peito, o marac etambma cruz dema:Jeira;o dia:fema de penas ele ps sobre sua C estava (l). Sua mOl1er pegou a cabaa, muniu-se tambm coma taquara(de dana),saiu,rodeou(a casa),seguiJ seu marido, camidlOU.Ela ento andou um pouoo e seufilho queria uma flor.Ela colheu a flor para seu Oho e canilhou. E ela bateu oom a mo no lugar da criana e pergunbu criana:"Para ondefoio teupat?","- Elebi paraI!".8a entocaminhouumpouooe seufiho querianovamenteumaflor.Elacolheu novamente a flor,ento uma vespa a picou. Eela disse a seu 1Iho: "Porque voc. quer flores, quando vore aMa no est (no mundo)e deixa queeusejamordija pela vespa?'"Seu fiho ficouzangOOo.E ela camilhounovamente e chegou cruz de madeira.E novamente ela perguntoua seuflOO:"Para onde bi o teuparr "- Ele bi parall" Elemostrou o atalho do Jaguar Eterno. Ela foi e chegou casa do jaguar. A av do jaguar dissea ela: "Venha a::Jui.deixe que eu a esronda dos meus netos. Meus netos so extremamente bravos'" 8a a cobriu oom uma grande bacia E noie chegaram seus netos e trouxeram muRos pedaos de poroo-do-mab para a sua m. Aquele que vinha atrs ho lilha matOOo nada. Ele foi chegando para perto.J vou achartuasooisas,me-av!"E elepulousobrea bacia,quebroua baciae matoua mulherdeNhanderuvuu.A av-a.Osapo tentapegar uma brasa na boca, mas no consegue.Depois Jakaira se 23 24 levanta e pergunta ao sapo "IIOCpegou a brasar. ele responde afimaivamente e o Deus diz a ee "ento oospe a brasa aqui . ria minha"mo".Mas no tinha nada na boca do sapo, ento Jakaira diz: "e agora, o qu vamos fazer? Vamos tentar mais uma vez.mas voc tem que consegui(. E fizeram tudo novamente, um pouco mais longe, e novamente o sapo no consegue pegar a brasa.Tentarammaisuma\'eZe nada,entoJakaia preocupadoilsiste:"agoraeuvoumtar maisumavezainda,a terceira,sevocnooonseguir sergrave,poisns noteremosfogo,noteremosnada",Numamanho cacique corvo perguntasealgumdo grupo sonhoue umdeles responde,"eutiveumsonho,adIo que !emumanimalmorto perto daqur. Entoo caciquediz,"entovamos lcom-lo".Quandoeles chegam,eles vemmuitosmortos,entofICaramcontentese cortaramgalhos para fazer um grande fogo.Ento Jakaira diz ainda uma ltima vez para o sapo que estava aos seus ps:"por "favor dessa vez voc tem que pegar ofogo seno opovo nunca mais ter bgo., Osapo concorda e fica esperando. Ento mais uma vez Jakaira se levanta no meio dos corvos,bale as mos e eles voam assustados, para longe, Ento o sapo pensou que tinhapegadofogocoma boca.Jakaira perguntaa ele,"vocpegou?".E o saporespondeuafirmativamente.Entoo Deus disse a ele, "cospe aqui na milha mo", mas no tinha nada dentro de sua boca. Jakaira diz finalmente, agora a quarta vez. seno der certo,ns noleremos mais nada".Ento o sapo se assustou e disse,agoratenho certeza que vouconseguir". EntoJakairasepreparabeme diz aosapo:"sedessavezvocnoconseguir o povonoterfogo.Comoelesirose alimentar?Vocsapinho,tem que ficar perto do fogo, bem perto. O sapo estava quase em cima do fogo,Jakairase fingiude mortonovamen(e..O 0000 veiomais umavez por causado cheiro.O sapo j estavaemcimado fogoe ento Jakairase levanta,bate palmas e os ooNOS voam. Mas dessa vez o sapo oonsegue pegar o bgo rema boca. Jakairaselevanta muik> feliz,pede para o sapo cuspir a brasa, edessa vez. a brasa eslava l! Ocorvo ficou sem nada. Verso 3 (Augustinho Vera Poly, 52 anos, aldeia de Parati Mirim, Estado do Rio de Janeiro, 1996): No comeo no existia fogo,somente os urubus que finham.Ento Kuaray pensacomo ele poderia pegar o fogocoma ajuda do sapo,Ento o Deus decide se fazer de morto para enganar o urubu que gostava muito de comer carne, e o sapo ficou perto do Deus.Os urubus vieram e fizerambgo para assar Kuaray,nessa poca eles s comiama carne assada.Mas quando eles foram pegar o Deus, ele se levantou e bateu palmas.Os urubus escaparam e ele disse ao sapo para ele pegar o fogo com sua bocae depois vomitar.Mas o sapo se engana e no pegao ilgo. Eles tentaramainda quatro vezes,entoKuaraydisseao sapo que esta seria altima vez.No final o sapo oonseguiu cuspindo emseguida a brasa. ODeus ficou muito contente, mas os urubus ficaram sem nada. At hoje eles s comem os animais crus. Verso 4 (Augusto da Silva, cadquedaaldeiade.Maciambu.. 1996):. Kuaray no queria levar o fogo do cu naterra, ento ele decidiu pegar dos urubus porque era o fogo da terra, Ento o Deus se transformouemcavalomorto para enganar os urubus.Numa manh, o dIete dos urubus olhavaemsuavolta e descobriuo cavalo morto.Os urubus foramat l,fizeram umgrande fogo,amarraramKuaray e o jogaramdentro.EntoKuaray puloue espalhoulodo o fogo,os urubus se assustaram,mas pensaramter pegado todo o fogo.Mas o sapo, que o ajudava,pegouo fogocoma boca,os urubus no perceberamnadae partiram.Mas o sapo jtilha pegado umapequenabrasa,porqueele estavaescondidonumburaquinho.Ele ajudoumuoo,foi ele que pegou o fOgodos urubus,paracozinhar.Ainda hoje o sapo tem umgrande vlor para Kuaray e para Tup. Se algum mata um sapo, Tup vem machuca. Verso 5 (Luis Silveira, 57 anos e HHrio Nunes Kuaray, 62 anos,aldeia de Bracui, 1996): Nessapoca, o urubu era o nico que tinha ilgo, mas ele no queria dar para o DeUs.Como ningumpodia pegar o fogo do urubu,Nhamandu foi do outro lado do ria e se transformou em cavalo morto. Ento Deus pediu ao kururu, como ns chamamos o sapo,para ele ajud-lo a pegar uma brasa. E ele ficou esperando o urubu fazer o bgo. Quando o fogo estavabem forle,os urubus colocaramo cavalo paraassar.Derepente o Deus deuumpontap no fogo espalhandotodasas brasas.Os urubus voam e levamtodas as brasas com efes. menos uma que o sapo j tinha pegado: Ento o Deus pergunta ao sapo, Cento voc engoliualguma coisa?" e ele responde,-sim. j peguei". Esse fogo que ns ternoshoje foi o sapo que pegou dos urubus, pois o fogo de Nhamandu muito forte e pode queimar toda a terra. 24 25 Verso 6 (Adolfo Vera, 32 anos, aldeia mbya de Ri> Siveira, Estado de So Paub.1997): TudoissosepassounaSegundatana, que foiaiada por KUaJaY,fiho de NhanderuTenndega,que aiouYvyTeoonde,a Primeira ferra.Os Guarani ainda no tilham bgo e Kuaray no queria levar o fogo mara ey [o fogo doIsso porque o que ns.usamosIamque ser aqui da "n. Umdia,Kuaray pensounumjeito de conseguir fogoe disse ao kururu: "agora euvoumetransformar emanimal morto parapodermos enganar os urubus',que,nestetempo,eramosnicos que possuiam fogo.Ento ele foi num campo, fez um pequeno furo no cho para o kururu se esconder,e se fez de momo Ocacique dos urubus sabia onde linha carne morta, ento ee chamou os outros para ir ae l. Eles encontrram acarne to podre que os outros bichos j estavam comendo.Ento eles fizemmtJmgrnnde bgo e,' quando ele estava bem os urubus pegaram cip,amarraramo cavalomortoe o arrastaramat o fogo.Derepente Kuaray selevantoue espabouo fogopa"rao kururu pegar.Os urubus fugiramassustados e levaram o bgo cemeles.Kuarayao kururuse ele oonseguiu pegar alguma coisa e o sapo respondeu,"euoonsegui, engoli um pedaci1hobrasa", que era o suficiente para fazer mais fogo. Fazia frio e Kuaray precisava do fogo, felizmente ele cooseguiJ k>go da primeira vez."" 25 i