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Mídia influencia comportamento de crianças no modo de se vestir Jéssica Barros Não é de agora que crianças e adolescentes se sentem na obrigação de fazerem parte do mundo conhecido como a Moda. Eles decidem por qual vies seguir dentro deste âmbito bastante amplo, mostrando que podem sim fazer parte do grupo que envolve aparências, dinheiro e, principalmente, marketing. “A Moda não só incentiva como também elabora todo um processo de ilustração para a criança, e é mais ainda através da televisão que elas decidem o que querem”, afirma a vendedora Ivonete Nunes, 34. Ela conta também que na loja em que trabalha muitas crianças chegam perguntando se vende determinadas roupas que passaram na televisão. Colada no corpo “Uma vez uma menina que aparentava seus 9 anos de idade me pediu uma bermuda rosa número 10. Quando eu estava andando para pegar, ela veio correndo no meu ouvido e disse: Quero tamanho 8, pra ficar bem Tristeza: sintoma de depressão na adolescência Comportamento 1.130 colada no corpo igual ao que vi na TV. Fiquei surpresa!”, declara a vendedora. Já a gerente de vendas Samira Matias, 42, afirma que em sua loja não vende produtos que estejam associados aos usos não- infantis. “Não vendo acessórios grandes e sapatinhos com saltos. Criança tem idade para ser criança e adulto para adulto. Eles não tem que ficar imitando seus pais, deixando a infância de lado. Cada coisa no seu tempo”, desabafa a gerente. Ela relata também que cria alguns lemas para incentivar as crianças a estarem integrados na moda, sem deixarem de curtir a infância. Cores da Copa “Colocamos lemas como: Conquiste seu estilo, mas ajude o meio ambiente: Recicle caixas de sapatos, etc. Fazemos com que eles se conscientizem e façam parte do nosso mundo de produtos”, declara a gerente. Samira conta que esse ano pretende vender seus objetos de acordo com as cores da Copa para incentivá-los e animá-los. A estudante Milena Sales, 11, conta que compra suas roupas se elas ficarem bonitas no corpo, independente se está na moda ou não. “Eu sou do tipo que se eu olhar e gostar, peço milhões de vezes para minha mãe comprar., estando na moda ou não. E se ela resolve não comprar fico muito brava. Mesmo eu não sendo muito vaidosa, gosto de ficar dentro das novidades sem me tornar uma fanática por moda”, declara a estudante. Encantamento Já a estudante Ingrid Mota, 19, mãe de Julia Elen de 2 anos, afirma que quanto mais sua filha assiste televisão, mas ela se encanta por produtos diferentes. “Às vezes fico impressionada com a capacidade dela de abstrair as coisas que vê nos meios de comunicação. Ela só tem apenas dois anos e já me pede a sandalinha que vem com o relógio que passou na novela tal. E quando eu digo que não vou comprar por enquanto, ela diz: Poxa mamãe, eu quero ficar bonita igual a menininha da TV. Isso é o que mais me faz perceber o poder do marketing”, relata a estudante. Viviane Martins Um grande processo da adolescência muito conhecido por todos, é a fase em que os tachados “aborrecentes”, passam a discutir e defender suas atitudes. Este é um termo que já virou clichê e esse período é na maioria das vezes tratado apenas como uma fase, em que todos os indivíduos em determinado momento de sua infância terão essas sensações, acompanhadas pelo excesso de irritabilidade, desafios a descobertas das suas personalidades. Mas existem casos extremamente graves de adolescentes que não conseguem superar esses processos de descobertas e conflitos chegando a casos de desespero, sendo a família os mais atingidos, por estarem mais próximos. Irritabilidade angustia e tristeza são alguns dos sintomas detectados na chamada depressão na adolescência. Ansiedade Esmeralda Ribeiro sabe bem o que é isso, pois sua sobrinha de 15 anos, tem apresentado sintomas de depressão e a família está preocupada. Eles descobriram há apenas duas semanas, e não conseguem entender como a menina chegou a esse ponto. “Perguntamos a ela o que a aflige, não obtemos resposta, se cala, colocando as mãos sobre a cabeça e chora” relata a tia. A família levou Rebeca para um psicólogo, mas não obteve resultados satisfatórios, pois a menina continua muito triste, apesar das conversas com a família, já que todos estão tentando se aproximar mais dela. A adolescente não conseguiu ainda superar a depressão. Esmeralda conta que Rebeca era muito alegre, sempre foi muito próxima de seus pais não tinha motivos para estar com depressão na adolescência. “Ela chora muito e eu também. Isso me preocupa muito, principalmente quando ela diz que sente vontade de tirar a própria vida.” lamenta Esmeralda Ribeiro. Superação e Mudanças A adolescente Flánery Almeida, 17, conseguiu superar os conflitos com seus pais. A partir de um diálogo com eles, obteve mais confiança. “Tive muitos problemas com meus pais, pois eu queria sair com meus amigos e eles me proibiam. Era difícil ver minhas amigas conversarem e não poder participar”, afirma a adolescente. Em entrevista a Psicóloga Ana Mélia de Farias, ela explica as mudanças que os adolescentes sofrem quando o seu corpo passa por transformações. “Em alguns casos eles se sentem um monstro, pense em uma borboleta no casulo. É mais ou menos assim que eles se sentem”, compara a psicóloga. Confronto Ana Amélia conta também que muitas vezes o adolescente passa a confrontar-se com a família como, por exemplo, acatar os conselhos dos amigos e que isso são usados por eles como uma forma de impor suas ideias e firmar sua identidade. Quando isso não ocorre passam a se isolar de tudo. “A depressão é a perda de sentido. Um dos métodos usados pela maioria dos profissionais na área de psicologia e psicanálise é a narrativa no qual a adolescente conversa com o profissional. Quando é mais grave o uso de medicamentos se faz necessário” define a psicóloga. Ana Mélia chama a atenção para alguns sintomas como perda de apetite, tristeza, isolamento, medo, mas eles acontecem em conjunto e não isoladamente. “É preciso uma análise de um profissional, pois cada caso difere do outro e não se podem ter conclusões precipitadas. É bom ter muita atenção”, adverte a psicóloga. Rtrr.jpg Adolescente Rebeca Ribeiro numa crise de depressão Apresentadora mirim Maisa estimulando outras crianças a comprarem

Moda influencia comportamento de crianças

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Atividade do curso de Jornalismo da Faculdade 2 de Julho.

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Page 1: Moda influencia comportamento de crianças

Mídia influencia comportamentode crianças no modo de se vestirJéssica Barros

Não é de agora que criançase adolescentes se sentem naobrigação de fazerem partedo mundo conhecido como aModa. Eles decidem por qualvies seguir dentro desteâmbito bastante amplo,mostrando que podem simfazer parte do grupo queenvolve aparências, dinheiroe, principalmente, marketing. “A Moda não só incentivacomo também elabora todoum processo de ilustraçãopara a criança, e é maisainda através da televisãoque elas decidem o quequerem”, afirma avendedora Ivonete Nunes,34. Ela conta também quena loja em que trabalhamuitas crianças chegamperguntando se vendedeterminadas roupas quepassaram na televisão.

Colada no corpo

“Uma vez uma menina queaparentava seus 9 anos deidade me pediu uma bermudarosa número 10. Quando euestava andando para pegar,ela veio correndo no meuouvido e disse: Querotamanho 8, pra ficar bem

Tristeza: sintoma dedepressão na adolescência

Comportamento

1.130

colada no corpo igual ao quevi na TV. Fiquei surpresa!”,declara a vendedora.

Já a gerente de vendasSamira Matias, 42, afirmaque em sua loja não vendeprodutos que estejamassociados aos usos não-infantis. “Não vendoacessórios grandes esapatinhos com saltos.Criança tem idade para sercriança e adulto para adulto.Eles não tem que ficarimitando seus pais, deixandoa infância de lado. Cadacoisa no seu tempo”,desabafa a gerente. Elarelata também que criaalguns lemas para incentivaras crianças a estaremintegrados na moda, semdeixarem de curtir a infância.

Cores da Copa

“Colocamos lemas como:Conquiste seu estilo, masajude o meio ambiente:Recicle caixas de sapatos,etc. Fazemos com que elesse conscientizem e façamparte do nosso mundo deprodutos”, declara a gerente.Samira conta que esse anopretende vender seus objetosde acordo com as cores da

Copa para incentivá-los eanimá-los.A estudante Milena Sales,11, conta que compra suasroupas se elas ficarembonitas no corpo,independente se está namoda ou não. “Eu sou do tipoque se eu olhar e gostar, peçomilhões de vezes para minhamãe comprar., estando namoda ou não. E se elaresolve não comprar ficomuito brava. Mesmo eu nãosendo muito vaidosa, gosto

de ficar dentro das novidadessem me tornar uma fanáticapor moda”, declara aestudante.

Encantamento

Já a estudante Ingrid Mota,19, mãe de Julia Elen de 2anos, afirma que quanto maissua filha assiste televisão,mas ela se encanta porprodutos diferentes. “Àsvezes fico impressionadacom a capacidade dela de

abstrair as coisas que vê nosmeios de comunicação. Elasó tem apenas dois anos e jáme pede a sandalinha quevem com o relógio quepassou na novela tal. Equando eu digo que não voucomprar por enquanto, eladiz: Poxa mamãe, eu queroficar bonita igual a menininhada TV. Isso é o que mais mefaz perceber o poder domarketing”, relata aestudante.

Viviane Martins

Um grande processo daadolescência muitoconhecido por todos, é afase em que os tachados“aborrecentes”, passam adiscutir e defender suasatitudes. Este é um termoque já virou clichê e esseperíodo é na maioria dasvezes tratado apenas comouma fase, em que todos osindivíduos em determinadomomento de sua infânciaterão essas sensações,acompanhadas peloexcesso de irritabilidade,desafios a descobertas dassuas personalidades. Masexistem casosextremamente graves deadolescentes que nãoconseguem superar essesprocessos de descobertase confl i tos chegando acasos de desespero, sendoa família os mais atingidos,por estarem maispróximos. Irritabilidadeangust ia e tr isteza sãoalguns dos sintomasdetectados na chamadadepressão naadolescência.

Ansiedade

Esmeralda Ribeiro sabebem o que é isso, pois sua

sobrinha de 15 anos, temapresentado sintomas dedepressão e a família estápreocupada. Elesdescobriram há apenasduas semanas, e nãoconseguem entender comoa menina chegou a esseponto. “Perguntamos a elao que a aflige, não obtemosresposta, se cala,colocando as mãos sobre acabeça e chora” relata atia. A família levou Rebecapara um psicólogo, masnão obteve resultadossatisfatórios, pois a meninacont inua muito tr iste,apesar das conversas coma família, já que todos estãotentando se aproximar maisdela. A adolescente nãoconseguiu ainda superar adepressão. Esmeralda conta queRebeca era muito alegre,sempre foi muito próxima deseus pais não tinha motivospara estar com depressãona adolescência. “Ela choramuito e eu também. Isso mepreocupa muito,principalmente quando eladiz que sente vontade detirar a própria vida.”lamenta Esmeralda Ribeiro.

Superação e Mudanças

A adolescente FláneryAlmeida, 17, conseguiu

superar os conflitos comseus pais. A partir de umdiálogo com eles, obtevemais conf iança. “Tivemuitos problemas commeus pais, pois eu queriasair com meus amigos eeles me proibiam. Eradifícil ver minhas amigasconversarem e não poderpart ic ipar”, af i rma aadolescente.Em entrevista a PsicólogaAna Mélia de Farias, elaexplica as mudanças queos adolescentes sofremquando o seu corpo passapor transformações. “Emalguns casos eles sesentem um monstro, penseem uma borboleta nocasulo. É mais ou menos

assim que eles se sentem”,compara a psicóloga.

Confronto

Ana Amélia conta tambémque muitas vezes oadolescente passa aconfrontar-se com afamíl ia como, porexemplo, acatar osconselhos dos amigos eque isso são usados poreles como uma forma deimpor suas ideias e firmarsua identidade. Quandoisso não ocorre passam ase isolar de tudo. “Adepressão é a perda desentido. Um dos métodosusados pela maioria dosprofissionais na área de

psicologia e psicanálise é anarrat iva no qual aadolescente conversa como profissional. Quando émais grave o uso demedicamentos se faznecessário” def ine apsicóloga.Ana Mélia chama a atençãopara alguns sintomas comoperda de apetite, tristeza,isolamento, medo, mas elesacontecem em conjunto enão isoladamente. “Épreciso uma análise de umprofissional, pois cada casodifere do outro e não sepodem ter conclusõesprecipitadas. É bom termuita atenção”, adverte apsicóloga.

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Adolescente Rebeca Ribeiro numa crise de depressão

Apresentadora mirim Maisa estimulando outras crianças a comprarem