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MODELO DE AÇÃO JUDICIAL PARA PEDIDO DE LOAS EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA PREVIDENCIÁRIA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO - SP QUALIFICAÇÃO, ENDEREÇO, por meio de seu advogado (mandato incluso), que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO PREVIDENCIÁRIA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face do INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, Autarquia Federal, com Superintendência Regional na cidade de São Paulo, com endereço à Rua Xavier de Toledo, nº 280 - 13º andar - Centro - São Paulo - SP - CEP: 01048-000, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I - DOS FATOS A Autora é pessoa humilde, que não exerce nenhuma atividade laborativa, somente realizando trabalhos domésticos em sua residência. Em virtude de sua idade, como é comum a todas as pessoas nesta faixa etária, tem problemas de pressão alta, dor nas costas e nas pernas, impedindo desta forma, qualquer atividade que possa prover de seu sustento. Não obstante este fato, a situação em que vive sua família, ou seja, ela e seu marido, vem se tornando cada vez mais difícil em virtude da própria realidade econômica do país. Com muitas despesas, sem poder trabalhar e vivendo apenas com a aposentadoria de seu marido, que recebe um salário-mínimo mensal, buscou junto ao instituto-Reú a sua aposentação, haja visto ter atingido a idade de 65 anos e supor que existisse algum direito a seu favor, em virtude do tempo em que trabalhou e pela sua idade. Desta forma, vem à juízo a Autora, requerer a concessão do benefício assistencial LOAS, pelas razões a seguir, restando somente se valer da tutela jurisdicional, no sentido de obter apenas um mínimo de condições de sobrevivência para si e seu marido. II - DOS FUNDAMENTOS Primeiramente, solicita à Vossa Excelência a dispensa da apresentação do indeferimento do INSS do pedido de LOAS, até pelo notório e público saber da insistente negativa do mesmo em conceder este benefício, em virtude da limitação de renda familiar, embora haja entendimento jurisprudencial em sentido favorável. Quanto a desnecessidade de pedido administrativo junto ao instituto-Réu para demonstrar a pretensão resistida, pede-se venia trazer à baila algumas decisões neste sentido.

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MODELO DE AÇÃO JUDICIAL PARA PEDIDO DE LOAS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA PREVIDENCIÁRIA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO - SP

QUALIFICAÇÃO, ENDEREÇO, por meio de seu advogado (mandato incluso), que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face do INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, Autarquia Federal, com Superintendência Regional na cidade de São Paulo, com endereço à Rua Xavier de Toledo, nº 280 - 13º andar - Centro - São Paulo - SP - CEP: 01048-000, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

I - DOS FATOS

A Autora é pessoa humilde, que não exerce nenhuma atividade laborativa, somente realizando trabalhos domésticos em sua residência.

Em virtude de sua idade, como é comum a todas as pessoas nesta

faixa etária, tem problemas de pressão alta, dor nas costas e nas pernas, impedindo desta forma, qualquer atividade que possa prover de seu sustento.

Não obstante este fato, a situação em que vive sua família, ou seja,

ela e seu marido, vem se tornando cada vez mais difícil em virtude da própria realidade econômica do país.

Com muitas despesas, sem poder trabalhar e vivendo apenas com a

aposentadoria de seu marido, que recebe um salário-mínimo mensal, buscou junto ao instituto-Reú a sua aposentação, haja visto ter atingido a idade de 65 anos e supor que existisse algum direito a seu favor, em virtude do tempo em que trabalhou

e pela sua idade.

Desta forma, vem à juízo a Autora, requerer a concessão do benefício assistencial – LOAS, pelas razões a seguir, restando somente se valer da

tutela jurisdicional, no sentido de obter apenas um mínimo de condições de sobrevivência para si e seu marido.

II - DOS FUNDAMENTOS

Primeiramente, solicita à Vossa Excelência a dispensa da apresentação do indeferimento do INSS do pedido de LOAS, até pelo notório e público saber da insistente negativa do mesmo em conceder este benefício, em

virtude da limitação de renda familiar, embora haja entendimento jurisprudencial em sentido favorável.

Quanto a desnecessidade de pedido administrativo junto ao instituto-Réu para demonstrar a pretensão resistida, pede-se venia trazer à baila algumas decisões neste sentido.

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Nº do Processo AG 96.01.00406-8 /MG ; AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator JUIZ

JOÃO CARLOS MAYER SOARES (CONV.) (533 ) Órgão Julgador PRIMEIRA TURMA SUPLEMENTAR Publicação DJ 15/05/2003 P.152

Ementa PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. BENEFÍCIO. PRELIMINARES. PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. DOCUMENTO INDISPENSÁVEL. BUSCA DA VERDADE REAL. ABRANDAMENTO DO PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO. OCUPAÇÃO PELO JUIZ DE POSIÇÃO DE DIREÇÃO FORMAL E MATERIAL DO PROCESSO. JUNTADA POSTERIOR DE

DOCUMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NECESSÁRIA AO JULGAMENTO DA CAUSA. POSSIBILIDADE. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. ART. 284 DO CPC. FALTA DE INTIMAÇÃO. EMENDA À PETIÇÃO INICIAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Embora o tema ainda não esteja consolidado nesta Corte, consoante entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, é desnecessário o prévio requerimento administrativo para a propositura de ação onde se pleiteia a concessão de benefício previdenciário, visto que "a sistemática adotada na constituição vigente, prestigiando o pleno acesso ao judiciário como direito fundamental, não se

compadece com seu condicionamento ao exaurimento da via administrativa. Não seria justo impor ao segurado a obrigação de dirigir-se ao estado-administrador, sabidamente pródigo no indeferimento dos pedidos que lhe são encaminhados, apenas como uma exigência formal para ver sua pretensão apreciada pelo estado-juiz" (RESP 147.252/SC, Sexta Turma, Ministro William Patterson, DJ 03/11/1997), mormente se o réu nega o pleito em sede de contestação, porquanto tal atitude deixa patente que, administrativamente, não haveria deferimento. (Cf. TRF1, AC 92.01.26465-8/MG, Segunda Turma, Juiz Fagundes de Deus, DJ 17/06/1993, e AC 1998.01.00.095852-9/MG, Segunda Turma, Juiz Jirair Aram Meguerian, DJ 31/05/2001.) 2. A precariedade das condições socioeconômicas dos beneficiários e a indisponibilidade dos dados armazenados pela autarquia previdenciária exigem do juiz prudência e sensibilidade na aferição do que se deva entender como documentos indispensáveis à analise de questão deduzida em juízo, que deve estar sempre atento ao fim social da norma previdenciária. (Cf. STJ, RESP 128.015/MG, Sexta Turma, Ministro Vicente Leal, DJ 22/02/1999.) 3. Em razão da publicidade do processo e da socialização do direito, cabe ao juiz a busca da verdade real para assegurar a eficácia da prestação jurisdicional, sendo necessário para tanto o abrandamento do princípio do dispositivo - segundo o qual o aplicador da lei deve julgar de acordo com o que foi alegado pelas partes -, acolhido pelo código de 1973, devendo o magistrado ocupar posição ativa de direção formal e material do processo, não estando impedido, portanto, de admitir a juntada posterior de documentação complementar que repute necessária ao julgamento da causa, desde que ouvida a parte contrária e inexistente o espírito de ocultação premeditada de prova. (Cf. STJ, RESP 53.253/RJ, Quarta Turma, relator para acórdão o Ministro Barros Monteiro, DJ 18/12/2000; RESP 187.759/GO, Sexta Turma, Ministro Vicente Leal, DJ 22/02/1999; RESP 107.109/SP, Terceira Turma, Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 03/08/1998; RESP 17.591/SP, Quarta Turma, Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 27/06/1994, e RESP 8.257/SP, Quarta Turma, Ministro Barros Monteiro, DJ 16/12/1991.) 4. Agravo improvido.

E mais:

Nº do Processo AC 94.01.13309-3 /MG ; APELAÇÃO CIVEL Relator JUIZ JOSÉ

HENRIQUE GUARACY REBÊLO (CONV.) (523 ) Órgão Julgador PRIMEIRA TURMA SUPLEMENTAR

Publicação DJ 21 /01 /2002 P.531 Ementa

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PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO . DESNECESSIDADE . 1- Em matéria previdenciária, a não postulação administrativa do benefício não evidencia falta de interesse de agir, tendo em vista a intransigência do INSS que nega,

sistematicamente, pedidos de tal jaez. 2- O prévio ingresso de pedido na via administrativa não é condição necessária para a propositura de ação, onde se pleiteia a concessão de benefício previdenciário (Precedentes deste Tribunal). 3- Em ações previdenciárias, não deve o juiz, desde logo, reconhecer a falta de interesse jurídico-processual em razão de inexistência de prévia postulação administrativa do benefício, porque a realidade ensina que, sistematicamente, a autarquia previdenciária

nega o mérito da pretensão judicial, sendo inócua a remessa da parte autora à via administrativa. 4- Sentença anulada. 5- Apelação provida.

Data Decisão 30 /10 /2001 Decisão A Turma, por unanimidade, deu provimento à apelação.

Face ao exposto, a Autora passará a demonstrar os motivos para recebimento do benefício assistencial – LOAS, se entender Vossa Excelência, não ser portadora do direito de obtenção do benefício aposentadoria por idade pelas

razões citadas. A Autora mora com seu marido, em casa simples construída no

mesmo terreno onde mora sua sogra, que é viúva e sobrevive com a pensão deixada pelo seu ex-marido.

Mesmo recebendo o benefício do INSS, no valor do salário-mínimo mensal morando em duas pessoas, as despesas com água, energia elétrica e telefone são implacáveis, perfazendo valores totais mensais de mais de R$ 300,00

(trezentos reais) . Em parte esses valores são devidos às caras tarifas de serviços

básicos que utilizamos e outra parte devido à necessidade de se ter as luzes de sua casa sempre acesas, mesmo durante o dia, devido às diminuições visuais impostas pela idade dos dois, e a necessidade de utilização do telefone para tudo, em virtude

da dificuldade de locomoção de ambos. Essas contas são pagas com atraso muitas das vezes, tendo

que optar entre elas ou ter comida no almoço e jantar.

Como se percebe desde já, exatamente devido às dificuldades enfrentadas em decorrência da deficiência da Autora, é que necessário se faz o auxílio do Estado no âmbito da Assistência Social.

Devemos ter consciência e o Estado também, de que às

pessoas idosas, deve-lhes ser assistido o direito, inerente a todo e qualquer ser

humano, de ser respeitado, sejam quais forem seus antecedentes, natureza e severidade de suas dificuldades. Elas têm os mesmos direitos que os outros indivíduos de menor idade, fato que implica desfrutar de vida decente, tão normal

quanto possível, e não ter que correr o risco de ter sua água, energia elétrica ou

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telefone cortados, nem tampouco deixar de tomar sua medicação, vindo a reduzir o

seu tempo de sobrevida.

Temos a Constituição da República Federativa do Brasil de 05

de outubro de 1988, que diz em seu artigo 1º que "A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático e tem como fundamentos: III - a dignidade da

pessoa humana."

Logo, como se pode aceitar o que reza o artigo 20, parágrafo 3º da Lei nº 8.742 de 1993 que dispõe sobre a Assistência Social?

Tal artigo mostra-se nefasto e reduz injustificadamente o alcance e eficácia da lei, bem como seu objetivo principal, quando determina que o benefício de 1 (um) salário-mínimo mensal à pessoa idosa será concedido,

"quando a renda per capita da família for inferior a 1/4 do salário-mínimo vigente". Como todos sabemos, devido a precariedade de serviços

mínimos oferecidos pelo Estado, a baixa renda per capita do brasileiro, falta de

moradia, o desemprego e alto custo de vida, é impossível sobreviver com um salário-mínimo mesmo para uma pessoa sadia, imagine então Excelência, sobreviver com menos de R$ 60,00 (sessenta reais) (1/4 do salário-mínimo) como a Lei da

Assistência Social determina para conceder um benefício, ainda mais para um deficiente...

Entende-se por família, conforme o decreto 1.744/95, como sendo a unidade mononuclear vivendo sob o mesmo teto, cuja economia é mantida

pela contribuição dos seus integrantes, que no caso da Autora, são somente duas pessoas, incluída ela mesma. Deste modo, o artigo é confuso e inoperante, pois somente teria direito se ela e seu marido obtivessem renda de R$ 130,00 (cento e

trinta reais) no total, o que é impossível, haja visto o salário mínimo ser de R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais), e ninguém no país poder receber menos que isto, de forma oficial, que é a forma obrigatória para comprovar renda perante o

instituto-Réu. A Lei somente vai atingir um número mínimo de

pessoas, que são aquelas miseráveis, em pobreza absoluta, digna de países de 4º ou 5º mundo (sic), como Etiópia, Afeganistão, etc., e o Brasil convenhamos, não está neste mesmo grupo de países, pela sua riqueza

natural. É o início do fim da compostura!!!!!!!

O objetivo da Lei não é esse, ou estaríamos nos convencendo

que pessoas idosas ou deficientes vivem, por exemplo, com R$ 70,00 (setenta reais)

(pouco mais de ¼ do salário-mínimo) por mês com dignidade e não necessitam de benefício assistencial prestado pelo Estado.

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Bem como orienta o artigo 5º da LICC (Lei de Introdução ao

Código Civil) que diz:

"Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum".

Ao intérprete cabe fazer a averiguação da finalidade buscada pela lei, ou seja, não deve se ater única e exclusivamente às letras daquela, deve sim procurar buscar o real objetivo por ela almejado, em uma interpretação teleológica, tendo em vista que as leis devem ser vistas à luz dos efeitos que, na realidade, elas têm a aptidão de produzir.

Conforme ensina a professora Maria Helena Diniz, em sua obra Lei de Introdução ao Código Civil Interpretada:

" ‘A interpretação teleológica é também axiológica e conduz o intérprete-aplicador à configuração do sentido normativo em dado caso concreto, já que tem como critério o fim prático da norma de satisfazer as exigências sociais e a realização dos ideais de justiça vigentes na sociedade atual. O bem comum e a finalidade social são fórmulas gerais ou valorativas que uniformizam a interpretação, constituindo pontos referenciais para que se aprecie a lei a aplicar sob o prisma do momento de sua aplicação. Isto é assim porque a norma contém virtualidades de renovação e de expansão que a tornam suscetível de apresentar novas soluções, devido ao vário condicionalismo do seu tempo; logo o intérprete-aplicador optará pelo sentido mais razoável ao caso e à época’.

A norma geral, ensina R. Limongi França, não visa caso particular; está sempre ordenada, ao bem comum. Logo, não pode ser minunciosa nem responder às múltiplas gradações possíveis da relação jurídica por ela disciplinada. Uma parêmia exprime este seu caráter: dura lex, sed lex. Entretanto, a finalidade da norma não é ser dura, mas justa; daí o dever do magistrado de aplicar a lei ao caso concreto, sem desvirtuar-lhe as feições, arredondando as suas arestas, sem, contudo, torcer-lhe a direção, adaptando a rigidez de seu mandamento às anfractuosidades naturais de cada espécie. Assim sendo, está óbvio que a eqüidade relaciona-se, intimamente, com o fim da norma, que é o bem comum". (grifo nosso).

Conforme se depreende destes ensinamentos, dada a generalidade que é própria das normas jurídicas, deve-se procurar observar os contornos fáticos de um caso concreto em comparação com os preceitos daquelas, porém, nunca se esquecer da intenção da lei, sempre se procurando descobrir a razão de existir de uma dada determinação legal.

Continua Maria Helena Diniz:

‘O intérprete-aplicador em cada caso concreto sub judice deverá averiguar se a norma a aplicar atende à finalidade social, que é variável no tempo e no espaço, aplicando o critério teleológico na interpretação da lei, sem desprezar os demais processos interpretativos. Procederá técnica teleológica, mostrando a utilidade em vincular o ato interpretativo do magistrado à sua decisão, tendo

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em vista um dado momento. O fim social é o objetivo de uma sociedade, encerrado na somatória de atos que constituirão a razão de sua composição; é, portanto, o bem social, que pode abranger o útil, a necessidade social e o equilíbrio de interesses etc. O intérprete-aplicador poderá: a) concluir que um caso que se enquadra na lei não deverá ser por ela regido porque não está dentro de sua razão, não atendendo à finalidade; b) aplicar a norma a hipóteses fáticas não contempladas pela letra da lei, mas nela incluídas, por atender a seus fins’.(grifo nosso)

Poder-se-á dizer que não há norma jurídica qua não deva sua origem a um fim, a um propósito, a um motivo prático. O propósito, a finalidade, consiste em produzir na realidade social determinados efeitos que são desejados por serem valiosos, justos, convenientes, adequados à subsistência de um sociedade, oportunos etc...

Entendo também cabível a inserção, no presente trabalho, do comentário feito pelo grande mestre cearense Raimundo Bezerra Falcão, em sua obra Hermenêutica, ao brocardo ‘Restrinja-se o odioso, amplie-se o favorável’:

" Existem aí duas partes notoriamente separáveis. Uma atinente à odiosidade; outra alusiva ao favor. Começando pelo conceito de odiosidade, convém assinalar o bom alvitre do brocardo. Com efeito, o odioso deve receber atenuações, a fim de que o intérprete também não incorra em postura odiosa. Pelo menos que, na pior das hipóteses, o intérprete se satisfaça com o rigor ordinariamente acolhível. Nunca adotar uma posição de agravamento da odiosidade. Entretanto, quando se cuida de algo "favorável", o intérprete precisa, antes do mais, perguntar: favorável a quem? Porque, se o favor for ao mais fraco, é induvidoso o acerto da interpretação; porém, se for ao mais forte, ao mais poderoso, a ampliação somente será justa se não redundar em qualquer prejuízo, por mínimo que seja, para alguém mais fraco ou desprotegido." (grifo nosso)

Colocadas as considerações genéricas sobre hermenêutica, sobretudo sobre a busca da razão de existir de determinado preceito legal, bem

como sobre a restrição que se deve fazer quando prestes a se fazer uma interpretação odiosa, pede-se Excelência, que a lei seja utilizada para os fins e objetivos a que ela foi criada, pois de que basta uma lei que não atende às

necessidades da maioria, e concordando com tal requisito, estaríamos fomentando e aumentando o número de miseráveis no país.

A disposição da lei, no tocante a determinar um valor para que seja concedido o benefício ou não, deve ser colocado de lado, visto que mesmo estipulando patamares, não se pode imaginar que todos que precisam do benefício

tenham as mesmas dificuldades, seja idoso ou deficiente, ou utilizem os mesmos remédios, ou estejam todos a uma mesma distância dos Postos de Atendimento médico. Cada um vai ter a sua despesa, independente do quanto seja a renda da

família.

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Correto seria estabelecer que um certo percentual da renda total da família não fosse atingido por despesas comprovadas perante o instituto-Réu. Dessa forma, e socialmente correto, seria conceder o benefício não com base

em quanto se ganha, mas sim em quanto se gasta, não esquecendo que no caso em tela, a Autora comprovou somente despesas indispensáveis, deixando de lado outras que fazem parte da dignidade humana, como lazer, educação, vestuário, etc.

A Assistência Social foi criada com o intuito de beneficiar os

miseráveis e pobres, incapazes de sobreviver sem a ação do Estado, deste modo, mesmo que não tivesse despesas como as demonstradas, deveria a Autora mesmo idosa, ficar à mercê do sustento, in casu, por seu marido, tornando letra morta o

artigo 1º da Lei 8.742/93, sobre o objetivo da Assistência Social pelo Estado.

III - DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

Com fulcro no artigo 273, do CPC, requer a Autora, a

antecipação dos efeitos da tutela, pois demonstrado primeiro que, há o fundado receio de ocorrência de dano irreparável pelo não recebimento desde já, e antes da decisão definitiva de mérito, do benefício mensal de aposentadoria por idade ou

benefício assistencial - LOAS pela Autora, devido à grande dificuldade em conseguir pagar suas contas, bem como se alimentar ou se medicar adequadamente pelas despesas que vem a seu encontro em virtude de sua idade. Temerário seria aguardar

o julgamento final da ação, haja visto, ser notória e pública a constante e insistente prática do instituto-Reú em protelar pagamentos e concessão de benefícios, além dos inúmeros recursos e prazos dados à Autarquia.

Também provada a verosimilhança da alegação pela Autora,

trazendo aos autos, a comprovação do tempo de contribuição pelas cópias dos registros de trabalho, no caso de concessão de benefício de aposentadoria por idade,

ou pelas despesas comprovadas para a concessão do benefício assistencial – LOAS. Da mesma forma, fica demonstrado e caracterizado o "fumus

boni iuris", no que tange a aplicar a lei vigente à época da filiação ao regime da Previdência Social, tendo a Autora o direito à aposentação por idade independente do requisito etário haver se completado posteriormente à mudança de lei, e também

no que se relaciona ao benefício assistencial, quando mostra que a renda exigida pela lei é meramente objetiva, cabendo avaliar também as despesas individuais de cada necessitado.

IV - DO PEDIDO Diante de todo o exposto, requer seja a Autarquia citada e intimada, na pessoa de seu representante judicial, no endereço declinado no

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preâmbulo para, querendo, apresentar a contestação que entender cabível, devendo

a demanda, ao final, ser julgada procedente, condenando-a conceder o benefício aposentadoria por idade à Autora ou o benefício assistencial - LOAS, desde a citação, com o pagamento integral dos valores atrasados, em caso do não deferimento da

tutela antecipatória. Pelos motivos expostos, requer a antecipação dos efeitos da

tutela, com fulcro no artigo 273 do CPC, estabelecendo e implantando o benefício que Vossa Excelência entender ser cabível à Autora, alternativamente.

Requer, outrossim, que lhe seja concedida a Assistência Judiciária gratuita diante da sua condição, e por força da natureza da causa, que tem

cunho alimentar. Indica as provas pertinentes, sem exclusão de qualquer.

Requer, por derradeiro, honorários advocatícios em 20% do valor total da condenação.

Dá à causa o valor de R$ ______________ (limitado aos 60 salários-mínimos se for perante o JEF), para efeitos de alçada. Se for perante as

Varas Previdenciárias colocar valor maior que 60 salários-mínimos. Nestes termos,

pede deferimento.

LOCAL, DATA

ADVOGADO

OAB/SP