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| N.º 17/18 | 2012 Modelos e Processos de Gestão em Negócios Turísticos. Tendências num contexto em mudança NUNO SILVA GUSTAVO * [ [email protected] ] Resumo | No despertar do século XXI as mudanças registadas ao nível estrutural têm sustentado o desenvolvimento de uma nova realidade competitiva no turismo, levando as empresas do setor, no domínio dos diferentes negócios da atividade (Hotelaria, Restauração,Aviação, etc.), a adotar novos modelos e processos de gestão. Neste sentido, o presente artigo visa não ser um fim em si mesmo, mas um ponto de partida para um conjunto de reflexões, hipóteses e futuras linhas de investigação, materializando-se o seu objectivo na identificação de tendências genéricas para a gestão dos negócios turísticos. O modelo de análise concebido para a presente investigação sustenta-se numa matriz de abordagem de natureza estratégica. Num primeiro momento o artigo identifica e reflete de forma geral as principais premissas promotoras do novo ambiente contextual dos negócios turísticos, tendo a matriz STEEP analysis como referência. Após caracterizar o referido cenário, o artigo debruça-se sobre as mudanças fundamentais ao nível do ambiente transa- cional, expondo as principais alterações e tendências registadas no domínio da procura e da oferta turística. Por fim, o artigo apresenta um conjunto de reflexões e tendências para possíveis linhas de investigação, na ótica dos modelos e processos de gestão dos negócios turísticos. No sentido de sustentar as tendências sugeridas, as quais são suportadas num quadro de revisão teórica do presente estudo e relatórios elaborados por diferentes empresas, entidades e consultoras, são apresentados diferentes exemplos e casos de estu- do, tendo por base, empresas de referência do trade nacional e internacional, corporizando o quadro teórico apresentado. A sistematização da investigação bibliográfica funcionou também como um suporte para enquadrar e aferir a problemá- tica de estudo, procurando-se proceder a uma análise correlativa entre as dimensões teóricas do modelo de gestão e as dinâmicas empíricas provenientes dos vários estudos de caso. Palavras-chave | Tendências, Gestão, Modelos, Processos, Negócios Turísticos. Abstract | At the dawn of the twenty-first century changes recorded at the structural level have supported the deve- lopment of a new competitive reality in tourism, driving the industry leading companies in this area of business (Hotels, Restaurants,Airlines, etc..) to adopt new models and management processes. In this sense, this paper is not an end in itself, but a starting point for a set of reflections, hypotheses and future lines of research, materializing its aim to identify general trends in the management of tourism businesses. * Doutorado em Turismo, Lazer e Cultura pela Universidade Coimbra, Professor Adjunto na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), membro da Comissão Coordenadora do Mestrado em Turismo e investigador no Centro de Estudos de Turismo (CESTUR). [ 671 -685 ]

Modelos e Processos de Gestão em Tendências num contexto ... · atividade (Hotelaria, Restauração, Aviação, etc.), a adotar novos modelos e processos de gestão. Neste sentido,

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|N.º17/18 |2012

ModeloseProcessos de GestãoemNegócios Turísticos.Tendênciasnumcontextoemmudança

NUNO SILVA GUSTAVO *[[email protected]]

Resumo|NodespertardoséculoXXIasmudançasregistadasaonívelestruturaltêmsustentadoodesenvolvimento

deumanovarealidadecompetitivanoturismo,levandoasempresasdosetor,nodomíniodosdiferentesnegóciosda

atividade(Hotelaria,Restauração,Aviação,etc.),aadotarnovosmodeloseprocessosdegestão.

Nestesentido,opresenteartigovisanãoserumfimemsimesmo,masumpontodepartidaparaumconjuntodereflexões,

hipótesesefuturaslinhasdeinvestigação,materializando-seoseuobjectivonaidentificaçãodetendênciasgenéricaspara

agestãodosnegóciosturísticos.Omodelodeanáliseconcebidoparaapresenteinvestigaçãosustenta-senumamatriz

deabordagemdenaturezaestratégica.Numprimeiromomentooartigoidentificaerefletedeformageralasprincipais

premissaspromotorasdonovoambientecontextualdosnegóciosturísticos,tendoamatrizSTEEP analysiscomoreferência.

Apóscaracterizaroreferidocenário,oartigodebruça-sesobreasmudançasfundamentaisaoníveldoambientetransa-

cional,expondoasprincipaisalteraçõesetendênciasregistadasnodomíniodaprocuraedaofertaturística.

Porfim,oartigoapresentaumconjuntodereflexõesetendênciasparapossíveis linhasdeinvestigação,naóticados

modeloseprocessosdegestãodosnegóciosturísticos.

Nosentidodesustentarastendênciassugeridas,asquaissãosuportadasnumquadroderevisãoteóricadopresenteestudoe

relatórioselaboradospordiferentesempresas,entidadeseconsultoras,sãoapresentadosdiferentesexemplosecasosdeestu-

do,tendoporbase,empresasdereferênciadotrade nacionaleinternacional,corporizandooquadroteóricoapresentado.

Asistematizaçãodainvestigaçãobibliográficafuncionoutambémcomoumsuporteparaenquadrareaferiraproblemá-

ticadeestudo,procurando-seprocederaumaanálisecorrelativaentreasdimensõesteóricasdomodelodegestãoeas

dinâmicasempíricasprovenientesdosváriosestudosdecaso.

Palavras-chave|Tendências,Gestão,Modelos,Processos,NegóciosTurísticos.

Abstract|Atthedawnofthetwenty-firstcenturychangesrecordedatthestructurallevelhavesupportedthedeve-

lopmentofanewcompetitiverealityintourism,drivingtheindustryleadingcompaniesinthisareaofbusiness(Hotels,

Restaurants,Airlines,etc..)toadoptnewmodelsandmanagementprocesses.

Inthissense,thispaperisnotanendinitself,butastartingpointforasetofreflections,hypothesesandfuturelinesof

research,materializingitsaimtoidentifygeneraltrendsinthemanagementoftourismbusinesses.

*Doutorado em Turismo, Lazer e CulturapelaUniversidadeCoimbra,Professor AdjuntonaEscolaSuperiordeHotelariaeTurismodoEstoril(ESHTE),membrodaComissãoCoordenadoradoMestradoemTurismoeinvestigadornoCentrodeEstudosdeTurismo(CESTUR).

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Theanalysismodeldesignedforthisresearchissupportedinastategicapproachmatrix.Atfirst,thepaperidentifiesand

reflects, ingeneral,thenewandmainprinciplesofthecontextualenvironmentoftourismbusinesses,takingaSTEEP

analysismatrixasareference.Aftercharacterizingtheabovescenario,thepaperfocusesonthemajorchangesonthelevel

ofthetransactionalenvironment,outliningthemainchangesandtrendsinthefieldofdemandandtourismsupply.

Finally,thepaperpresentsasetofreflectionsandtrendsforpossiblefieldsofanalysisandresearch,asawaytounderstand

themodelsandprocessesofmanagementoftourismbusinesses.

Inordertosupportthetrendssuggested,whicharedesignedwithinaframeworkoftheoreticalreviewofthisareaofstudy

andreportsproducedbydifferentcompanies,organizationsandconsultants,arepresenteddifferentexamplesandcasestu-

diesbasedonthenationalandinternationaltradereferencecompanies,embodyingthetheoreticalframeworkpresented.

Theliteraturereviewalsoworkedasasupporttoframeanddiscussthefocusofstudy,tryingtomakeacorrelativeanalysis

betweenthetheoreticaldimensionsofthemanagementmodelandtheempiricaldynamicsfromdifferentcasestudies.

Keywords|Trends,Management,Models,Processes,TourismBusinesses.

1. Uma nova realidade contextual – premissas para uma reflexão na ótica dos negócios turísticos

Nagénesedapresentereflexãoeconsequenteproblematizaçãoestãoasincontornáveisalteraçõesestruturais que caracterizam este despertar deséculoXXI,asquaissãodeterminantesnamutaçãodo ambiente contextual das sociedades em gerale dos negócios turísticos em particular (Knowleset al., 2004; Holjevac, 2003). Genericamente,podemos afirmar que estamos perante umconjuntode transformaçõesque tornaramoatualquotidiano mais global, incerto e dinâmico (Tribe,2010).Assim, constatamos existir nas sociedadesatuais, mormente nas ocidentais, um conjuntode profundas alterações, nomeadamente, na suamatrizsociocultural,ondesedestacaumnovoperfilsociodemográfico,caracterizadoporumatendênciapara a diminuição da taxa de natalidade, para oaumentodaesperançadevida,paraaalteraçãodoconceito de família, para a crescente urbanizaçãoe para a singular e simultânea convivência dequatro gerações (Traditionalists, Baby Boomers, Generations Xers, Millennials). Estas geraçõesapresentam características socioculturais únicas,consequência das diferenças estruturais que

moldaramosseusquotidianos,colocandodesafiosímparesnodomíniodacomunicaçãoedasrelaçõesinterpessoais(LancastereStillman,2002).

Odesenvolvimentoexponencialdatecnologiaeasuacrescentedependêncianocontextodasocie-dadeatualcolocam-nacomooparadigmacentraldodesenvolvimento económico e social, alterando-seporestaviaoslimitesdecapacidadeedosmodosde produção.A Internet assume-se provavelmentecomoumdoselementosmaisnotáveisdapresen-te revolução, considerando os seus impactes nosmodosdevidaedecomunicaçãodaspopulações.Colocandoomundoaumclique,aInternetalterouprofundamente a noção de tempo, encurtando asrealidades e estabelecendo novas lógicas de or-ganização espacial, temporal e de gestão (Abrateet al., 2012).

Aoníveleconómico,frutodaextensãoeinten-sificaçãodaglobalização,aqualcolocaoconceitode mercado e consequentemente de competiçãoempresarialnumpatamardeâmbitouniversalnuncaantesverificado, regista-seaemergênciadenovosmercados,comdestaqueparaobinómioresultanteda interação entre as economias emergentes e aseconomiasdesenvolvidas.Aascensãodenovosblo-coscomerciaiscomoosBRIC(Brasil,Rússia,IndiaeChina)tendeaalteraroequilíbrionaturaldomerca-

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do,noqual“new consumers Markets will contribute to transition economies (Central and Eastern Europe) and in developing economies (Asia and South Asia)” (Yeoman,2008:25).

Poroutrolado,acrisedosmercadosfinanceiros,nomeadamentedosubprime,edadividasoberana,não só limitaramde forma imediata a capacidadede investimento de agentes públicos e privadoscomovieramcolocaremcausatodooparadigmadedesenvolvimentoeconómico,acarretandoumclimadeincertezaeinsegurançaúnicos,emparticularnoseiodaseconomiasdesenvolvidas.

No contexto ambiental, a sustentabilidade,representadanoargumentoverdeenquantopres-suposto central do modelo de desenvolvimentosustentável tendea serum requisito, enãoumaquestãoopcionaloudediferenciação.Aevidênciadoslimitesambientais,nomeadamenteporviadocrescenteimpactedasalteraçõesclimáticas,trans-formaesta,numaquestãoestruturaldaagendadoséculoXXI, forçandoasuaconsciencializaçãoaonívelsocial.Postoessefacto,exige-seaadoptaçãode novos comportamentos, atitudes e modos deatuaçãoperanteoambiente(Kanget al.,2011).

Noquadrantepolítico,oterrorismo,retratadonosacontecimentosde11desetembrode2001,tornou-se uma realidade incontornável. O sentimento deinsegurança e volatilidade que promove alteroumodosdevida,porforçadeumacrescenteperceçãode ameaça, a qual enfatiza as lógicas de curtoprazo em detrimento do tradicional prisma delongoprazo (Theobald,2005).Aindanadimensãopolítica identifica-se a singular ascensãode ideaisde espectro neoliberal, os quais se traduzem nummercado cada vezmais aberto, fruto da crescentedesregulamentação. Neste sentido, o mercadoprivado tende a desenvolver-se com a entrada deum número crescente de empresas que, fruto dareferida liberalizaçãoedaconsequentediminuiçãodas barreiras à entrada, tendem a competir emdiferentesmercadosàescalaglobal.

Poroutrolado,oavançodasfilosofiasneolibe-raisexpressa-senoutrosaspetos,comoadiminuição

significativadaaçãoestatalnaóticadoconceitode“EstadodeProvidência”eaconsequentediminui-ção dos benefícios sociais, nomeadamente fériaspagas e serviços e de segurança social. Importatambém neste contexto salientar a flexibilizaçãode diferentes quadros legais como o do mercadolaboral.

2. Um novo ambiente transacional nos negócios turísticos – tendências genéricas da procura e da oferta turística

Ao longo dos tempos, o mercado do turismotem registado características transversais, comoo sucessivo crescimento da oferta e da procuraturística.Estaéumarealidadedesdelogoevidentequandosereferenciamosdadosdaprocuraturísticainternacional.

Se por um lado em 1950 a procura cifrava-sedeacordocomassériesestatísticasdaOrganizaçãoMundial deTurismo (OMT) nos 25 milhões, atual-mente(2010)estenúmeroascendeos900milhõesde turistas (OMT, 2011). Por outro lado, em linhacomasprevisõesdaOMTpara2020,éexpectávelque o turismo internacional cresça nos próximos10anosquasetantoquantocresceunoperíodode1950a2010, registando-sedestemodoem2020uma procura turística internacional na ordem dos1,6milmilhõesdeturistas(OMT,2001).

Nestesentidoestamosperanteumcrescimentodaprocuraturísticaclaramenteexponencial,oqualresulta, nomeadamente, do crescente desenvol-vimento da economia mundial, em particular deeconomias emergentes como o Brasil, a Índia eos Emirados Árabes Unidos e da abertura políticade países como a China e a Rússia. Este cenáriode crescente globalização da atividade turística éclaramentedinamizadoporumintensodesenvolvi-mentodatecnologia,oqualserefletenacrescenteacessibilidadeanovosdestinos,emparticularporviadodesenvolvimentodotransporteaéreo.

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Noentanto, importa referirquaaEuropacon-tinuará a ser o grande destino emissor e recetorda procura turística internacional, apesar da suadiminuição percentual no contexto da atividadeturísticaàescalamundial.Porseulado,ospaísesdaEuropadeLeste,doMédioOrienteedaÁsiatendemaassumir-secomoosgrandesdestinosemergentes,tornandoacompetiçãoentredestinosumavariávelcentraldomercadoturístico.

Peranteestarealidadeaprocuraturísticatendeparaumcomportamentodedispersãoimpar.Atente-seno factodosprincipais cincodestinos turísticosmundiais, em termos de chegadas de turistasinternacionais, em1950deterem71%da referidaquotademercado,enquantoatualmente(2010)essevalornãoultrapassaos31%.Emcontrapartida,osdestinosforadotopquinze,jágarantematualmenteumaquotade44%,poroposiçãoaosapenas3%queregistavamem1950(verQuadro1).

Peranteumcenáriodecrescimentoglobaldaativi-dadeturísticaedeumaprocuraturísticacadavezmaisheterogénea, consequência de circunstancialismosanteriormentereferidos,comoasalteraçõesverificadas

aoníveldamatrizsociodemográficaeadiversificaçãoculturaldosmercadosemissores,aofertaturísticatemevoluídonosentidoderesponderaosdesafiosprópriosdascircunstânciasdomomento.

Nocasodaaviação,odesenvolvimentoeacon-solidaçãodasaliançasaéreas (ex:Star Alliance, One World, Sky Team)paraalémdodesenvolvimentotec-nológicodosprópriosequipamentosdevoo,refletemanecessidadedeumserviçodetransporteaéreoglobal.Adispersãodaatividadeturísticaàescalaplanetáriaultrapassouoslimitesoperacionaisdasprópriaslegacy companiesdereferênciamundial,forçandosucessiva-menteoprocessodecooperaçãoeintegraçãodestasempresas.Dossimplesacordosdeinterline, aocode-share,estarealidadeevoluiuatéaomodeloatualmen-tedominantedeintegração:asalianças.

Todavia,omercadoeaofertaemparticular jácomeçamadar sinais evidentesque estenãoéofimdesteprocessodeintegração,comocomprovamosrecentesexemplosde fusõeseaquisiçõesentrecompanhias aéreas.Atente-se nos casos da KLM-AirFrance, BA-Ibéria, Continental-United, exemplosdefusõesnosetordotransporteaéreomundial.

Fonte:OMT,2001:18.

Figura 1| Chegadasdeturistasinternacionais–taxadecrescimentomédioanual1995-2020.

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No entanto, o fenómeno de concentração daoferta turística associada a uma filosofia de ser-viçodeespectroglobal,nãose limitaaosetordaaviação. Na hotelaria esta é hoje, também, umarealidadeemfrancaexpansãofaceaocrescimentoedesenvolvimentodasgrandescadeiashoteleirasinternacionais(ex:Accor, Starwood, Marriott, Inter-continental).Ocrescimentodonegóciodahotelariatem sido, nomeadamente no seio dos referidoscadeias hoteleiras, tanto quantitativo como quali-tativo.Seporum ladoestesgrupos têmdemons-tradooseuempenhonodesenvolvimentodenumaofertaclaramenteglobal,comaberturasrecentesesucessivas em mercados emergentes no contextoturístico como o Oriente, por outro, desenvolvemoseuportfolio demarcas,garantindoumprodutocadavezmaisdirigidoeadequadoaumaprocura,elaprópria, tambémcada vezmais especializada.Porexemplo,ogrupoAccor,apresentaum portfoliode marcas alargado, as quais estão organizadasemcinconíveisdistintosde serviçodobudget aoluxury and upscale(ex:Fórmula 1-1estrela-,Ibis-2estrelas-,Mercure-3estrelas-,Novotel-4estrelas-eSofitel -5estrela-) (Accor,2011).Poroutro ladolançou recentemente a marca hotelF1, a qual se

distinguedasuamarcatradicionalFórmula1,pelofactodenãoserumsimpleshotelbudget,masumhotelbudgetdeambientedesign.

Esta realidadeé tambémevidentenocontextoda distribuição turística onde, por exemplo, a TUI eaThomas CookdominamclaramenteomercadoEuropeu. No seu universo empresarial, estas duasempresas apresentam globalmente um portfolioempresarialcommaisde300marcas.Poroutrolado,faceàsuaposiçãonacadeiadevalordoturismo,oseuâmbitodeatuaçãoestámuitoparaalémdasimplesintermediação,sejanaóticadegrossista,enquantooperador turístico, seja na ótica de retalhista,atravésderedesdebalcõesdeagênciasdeviagens.Hoje, muitas das empresas que originalmentesurgiram,enquantopuros intermediários turísticos,diversificaramoseuâmbitodeatuaçãonãosóemtermos horizontais, como também verticalmenteexplorando e oferecendo serviços em áreas denegócioamontanteeajusantenacadeiadevalordo turismo. Esta realidade énotória emmercadosdegrandedimensão,considerandonomeadamenteos dois exemplos anteriormente referidos, comotambémemmercadosdemenordimensãocomooportuguês.Atente-senocaso,dogrupoPestana,que

Quadro 1|Evoluçãodaprocuraturísticainternacionalporquotademercadodosdestinosturísticos1950-2010

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detêm negócios na intermediação, através do seuOperador (Sonhando), no transporte aéreo, com aEuroAtlantic AirwaysenahotelariaatravésdamarcaprópriaPestanaounaexploraçãodasPousadasdePortugalatravésdeumcontratodegestão.

No presente contexto, importa ainda destacarrealidades idênticas noutros setores do turismocomo a rent-a-car, onde imperam à escala globalempresas como a Avis, a Sixt, a Europcar ou aHertz,bemcomoomercadodaofertadenaviosdecruzeiro,oqualsereduzaduasgrandesempresas:aCarnival CorporationeaRoyal Caribbean.Oseuvasto portfolio de marcas é, nomeadamente, oresultado da evolução do mercado dos navios decruzeiro através de sucessivas fusões e aquisiçõesencontrando-sehoje,atítulodeexemplo,nogrupoempresarialdaCarnival CorporationmarcascomoaCarnival,aPrincess Cruises,aCosta,P&O,aHolland America Line e a Cunard. Este é um universo demarcas e serviços que, à semelhança da procurase distingue pela sua diversidade de conceitos,garantido à empresa-mãe um posicionamentoglobalnoseiodaprocura.

Em síntese, parece ser evidente que numcontextodecrescenteglobalizaçãoaofertaturística,na suaestrutura empresarial, temevoluídodeummodelo de concorrência monopolística para umasituação de oligopólio sendo, todavia, garantidaa necessária especialização da oferta com basenum portfolio vasto e singular de produtos -total global strategy (Yip, 1992), ondeasmarcas sãooelementoestruturanteegarantedestacircunstânciademercado.

3. Novos modelos de negócio e novas estratégias das empresas turísticas num contexto em mudança

Hoje as empresas turísticas são confrontadascomumcenáriodesingularincertezaedemudança,onde se identifica um crescimento económico e

socialmundialdiferenciado,doravantepautadoporumnovoequilíbriogeopolíticoeeconómico,ondesedestacamnovospólosdedesenvolvimento(Yeoman,2008).

Neste cenário único, o turismo reforça o seusignificadoenquantoatividadeeconómicaesocial,comoevidênciao crescimentomundialdaprocuraturística,aqualtendeasercadavezmaisdeíndoleglobaledeperfilheterogéneo.

Osprincipaisplayers do setor do turismo têm,faceàpresenterealidadeetendoporreferênciaaspremissasfundamentaisanteriormenteapresentadas,optadoporumconjuntodenovasopçõesestratégicasque garantam a sua competitividade neste novoambiente contextual e transacional dos negóciosturísticos.

Considerandoapressãodomercado,querpelavia do seu rápido desenvolvimento, em particularnocontextodaseconomiasemergentes,querpelasua reestruturação no contexto das economiasdesenvolvidas, decorrente do excesso de ofertaexistente, os grandes players do setor do turismotêm optado pelo desenvolvimento do negócionomeadamente através do desenvolvimento dasua estrutura orgânica, de soluções asset-light(por exemplo através de contractos de gestãoou franchising), mas também através de fusõese aquisições. Esta realidade tem conduzido àproliferação e crescimento de (grandes) cadeiase marcas hoteleiras, em detrimento do modelotradicional de propriedades independentes (O’NeileCarlbäck,2011).

Esta última opção estratégica, particularmenterelevante em contextos empresariais onde osnegóciosturísticosapresentamníveisdematuridadee/ou crescimento significativos, apresenta umconjunto de vantagens nos referidos contextos,nomeadamenteaoníveldarapidezdoprocessodedesenvolvimentodonegócioe/oudaeliminaçãodepotencialofertaconcorrente.

Exemplo desta circunstância foi a recentejoint-venture da cadeia AC Hotels espanhola pelogrupoMarriott.Seporumladoouniversohoteleiro

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ficou mais reduzido na sua estrutura empresarial,por outro o universo das marcas manteve-se,surgindo os AC Hotel By Marriott.Todavia, estaopção estratégica de crescimento pela via daconcentração de mercado, encontra-se claramentesustentadanosprincípiosdaseconomiasdeâmbito,escala e conhecimento e tem sido conduzida deforma particular, dado que as empresas turísticasenvolvidasnosreferidosprocessostêmrespeitadoedinamizadoodesenvolvimentodoseuportfoliodemarcas(Caninaet al.,2010).

Estatendênciadedesenvolvimentodomercadoturístico, particularmente notória no contextodas economias desenvolvidas, tal como referimosanteriormente, foi recentemente proposta sob amatriz -Otus Theory- e comprovada no contextoparticulardahotelaria:

“The theory predicts that within an economy, the

greaterthecontributionofservicebusinessestogross

domesticproduct(GDP)thenthegreaterthedomestic

businessdemandforhotels,thegreaterthedomestic

leisure demand for hotels, the greater the supply

of hotels, the greater the concentration of hotels

in brands and the greater the diversity of branded

hotels” (Slattery,2009:113).

Areferidademonstração,temporbaseduasdasmaisrelevanteseconomiasmundiaisetambémemtermosturísticos:osEstadosUnidosdaAméricaeoReinoUnido.

Atente-se, conformedemonstradonaFigura2,que o desenvolvimento do mercado da hoteleiraedas cadeiashoteleirasdos referidospaíses, bemcomo das marcas associadas, têm registado umcrescimento significativo, a par de um comporta-mentorelativamenteestagnadodaofertahoteleiraindependente(Slattery,2009).

Aevidênciadestarealidadeé,também,particu-larmentevisívelnocontextoespecíficodotransporteaéreo,ondeomodelodominanteéodasalianças(representando cerca de três quartos do tráfegoIATA1–verQuadro2).

Todavia,pordiversaslimitaçõeseporforçadascontingênciasdoambiente contextuale transacio-nal,oprópriomodelodasaliançastendeasucumbirperantemodelosdenegóciomaisintegradosdecor-rentesdeprocessosdefusãoe/ouaquisição.

Pelasuanatureza,asfusõeseasaquisiçõesga-rantemdeformacélereocrescimentodasempresas,bemcomoassuareestruturaçãoeintegração,sejaaoníveldaestruturaorganizacional,sejaaoníveldaoperaçãoedoserviçooferecido.Estaopçãoestraté-gicagaranteaindaummaiorpodernegocialaestasnovas macroestruturas bem como a consolidaçãodaofertaeaeliminaçãodeconcorrência,realidadesincontornáveis num mercado que apesar da suamaturidadeesolidez,senteosefeitosdacriseedaincertezadosmercadoseconómicosefinanceiros.

Figura 2| DesenvolvimentodomercadohoteleironosEstadosUnidosenoReinoUnido1900-2000.

1IATA,2012.

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Seporumlado,deummodogeral,énecessárioconsolidar e eliminar a oferta, eliminando excessode capacidade, por outro a expansão do turismopara novos mercados carece de investimento edesenvolvimento,peloqueadimensãoempresarialé fundamentalnacaptaçãodos referidos recursos.Noentanto,maisumavez, estaopçãoestratégicanãoignoraanecessáriaespecializaçãodomercado.Porexemplo,noscasosdasfusõesdaKLM-AirFranceoudaIbéria-BA (IAG),foigarantidaaindependênciadasmarcas,apesardouniversodequatroempresastersidoreduzidoaduas.

Seporumlado,setornacadavezmaisevidenteesta concentração do mercado, apesar da suasucessivaespecializaçãocomênfasenasmarcas,poroutro,continuamosaassistiraumuniversodeofertacomcaracterísticasindependentesedissociadasdosgrandesgruposeconómicos(Holjevac,2003).

Aliás,estepareceserobinómiodosmodelosdenegócionosetordoturismonocontextodoséculoXXI.Deumlado,asmacroestruturasdeespectroin-ternacional,sustentadasnumprodutorelativamenteestandardizado, por outro, uma oferta sustentadaemmodelosdenegóciodemenorescala,autóno-mos e interdependentes. Num mercado suportadoemeconomiasdeescalaegrandesplayersinterna-cionais,aspequenasempresas independentes têmrecorridoamodelosdenegócioalternativos.

Tenha-sepor referênciaocasodaaviaçãoeocorrespondentecrescimentodomodelolow-cost,ouporoutroladoreflita-senocasodahotelaria,ondenovas estratégias operacionais em rede permitemfazerfaceàconcorrência,garantidoporumladoasnecessáriaseconomiasoperacionais,eporoutroasuaespecializaçãoediferenciação.

Estemodeloalternativodaseconomiasemredeéparticularmenteevidentenocontextodahotelaria.Situemo-nos na capacidade de comunicação ereconhecimento por parte consumidor quandoo colocamos perante um marca de uma cadeiahoteleira internacional e uma unidade hoteleiraindependente. Desde logo identifica-se umasignificativa desvantagem da unidade hoteleiraindependente face à notoriedade e credibilidadede uma marca de uma grande cadeia hoteleirainternacional.Nestesentidoasunidadeshoteleirasindependentes desenvolveram, por exemplo,consórcios ao nível do marketing com conceitosespecíficos, como é o caso dos Small Luxury Hotels. Estes possibilitam às pequenas unidadeshoteleiras independentes,a integraçãonumaredeemarcadeâmbitointernacional,comonecessárioreconhecimento e fidelização para por parte docliente, comcustos reduzidosdedesenvolvimentodeumamarcadeespectrointernacionalerespetivosmecanismosdereserva.

Quadro 2|Asprincipaisaliançasnosetordotransporteaéreoemnúmeros

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Aoníveldacomunicaçãoéaindapossívelque

umaunidadehoteleiraindependenteoupertencente

aumpequenogrupohoteleirodeâmbitonacional

consiga idêntica notoriedade e credibilidade junto

doconsumir,atravésdeplataformasdedistribuição

(por exemplo IDS - Internet Distribution System)

como a Booking.com (www.booking.com).Ao

associar-se a esta plataforma/brand, a unidade

hoteleirabeneficiadocapitaldemarca(entenda-se

credibilidadeenotoriedade),nomeadamenteatravés

dagarantiadequalidadequeestesIDSdetêmjunto

doconsumidoràescalaglobal.Apesardoenorme

benefício em termos de captação de negócio, os

custos são reduzidos e variáveis em função das

reservasobtidas.

Noentanto,osbenefíciosinerentesaumaeco-

nomiaemredeparaestaspequenasempresasnão

seesgotamnodomíniodacomunicação.Porexem-

ploaoníveldaoperaçãodehousekeepingépossível

recorrerasoluçõesderentinge/ou outsourcing,ga-

rantindoareduçãodeinvestimentoeumaoperação

commenoscustosfixos,doisfatoresondeosgrupos

hoteleirosinternacionaistêmclaravantagemfaceà

naturezaedimensãodasuaestrutura.

Jánocontextodaaviação,ascircunstânciasde

monopólio causadas pelas alianças aéreas, con-

sequência da sucessiva liberalização do mercado

pelas autoridades civis e a privatização de muitas

companhias de bandeira (hoje designadas legacy

companies),moldaramoparadigmadomercado.

Sob a premissa estratégica de um serviço de

naturezaintercontinentalesustentadasnomodelo

de hub & spoke, as legacy companies exploraram

atravésdasalianças,osbenefíciosdaseconomiasde

escala,daseconomiasdeâmbito,daseconomiasde

densidade,dereduçãodecustos,daeliminaçãode

barreiras legais,ecriaçãodebarreirasadicionaisà

entradadenovosconcorrentesporviadoseupoder

negocial(Doganis,2001).

“…therecanbelittledoubtthatairlineexecutivessee

alliances, especially when they involve code-sharing

andcapacityrationalisation,asawayofreducingor

limitingcompetition.” (Doganis,2001:79).

O paradigma das alianças aéreas, sustentado

no processo de liberalização do mercado iniciado

na década de oitenta e reforçado na década de

noventa, criou as necessárias condições para a

sucessiva integração e monopólio neste mercado.

Atualmente assiste-se ao início da última etapa

desteprocessodeintegraçãoeconsolidação:afusão

eaquisiçãodecompanhiasaéreas.

Em alternativa e face a todas as barreiras e

monopóliodecorrentedasalianças,ascompanhias

low-cost, desenvolveram um modelo de negócio

intrarregional,assenteempressupostoseconceitos

de serviço distintos, marcados por um serviço

unbundled e uma operação simples de natureza

point-to-point.Masadiferençadestesdoismodelos

nãoseesgotananaturezadoserviçoedaoperação.

Adiferençaresidetambémnasuagestãoestratégica

eoperacional,distintaemtermosadministrativosdas

legacy companies,ondesedestacaainformalidade,

odownsizingeapolivalência.

Esta nova filosofia de voar e gerir veio alterar

significativamenteaposiçãodominantedasalianças

estratégicas,desdelogoporquealterouoequilíbrio

dedensidadedoscity pairsintrarregionais,forçando

muitas legacy companies a acelerarem/iniciarem

processosde fusãoeaquisição,eliminadoexcesso

de oferta e aumentando a sua competitividade e

podernegocial.

“…therationaleforlargenetworkshasbeenfoundin

economiesofscope,densityandscale,whilethevolume

synergyofexpandingairlinenetworkshasbeenfoundto

beexponential” (WebereDinwoodie,2000:51).

Esta realidade e consequente potencial de

desenvolvimentodomercadobudgetnãoseesgota

no universo do transporte aéreo, sendo também

particularmentenotórianoutrossetoresdaatividade

turística,comoporexemplonahotelaria.

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4. Novos paradigmas nos processos de gestão operacional dos negócios turísticos

Considerandoasprincipaisopçõesestratégicasanteriormente referidas, duas variáveis da gestãooperacionaltendemadominarapresentequestão.Porumladoomarketingmanagement,emparticularagestãodasmarcas,poroutro,aênfaseemsoluçõesde gestão financeira mais flexíveis, no sentidode fazer face a contextos de maior incerteza ereestruturaçãodaoferta.

No que concerne ao marketing, a gestão dasmarcas tem ganho um significado especial, desdelogoporquesepor ladoomercadoturísticotendepara a concentração (oligopólio), em alternativa asituaçãoumaconcorrênciamonopolística,poroutro,a procura turística é cada vez mais abrangente,diversificada e global. Neste contexto torna-senecessáriooenvolvimentodocliente,numperíodoem que a concorrência é cada vez maior, a parde um mercado cada vez mais transparente e àdistância de um clique. Hoje o marketing tendea responder à referida realidade com uma novafilosofia de abordagem do mercado e do cliente,aqualémoldadasobosignodaglobalização,daparticipação e da criatividade e sistematizada noconceitodeMarketing 3.0(Kotleret al.,2010).

“Marketing 3.0 lifts the concept of marketing into

the arena of human aspirations, values, and spirit.

Marketing3.0believesthatconsumersarecomplete

human beings whose other needs and hopes

should never be neglected.Therefore, Marketing

3.0 complements emotional marketing with human

spirit marketing. In times of global economic crisis,

Marketing3.0gainsmorerelevancetothelivesofthe

consumersastheyareimpactedmorebyrapidsocial,

social,economic,andenvironmentalchange” (Kotler

et al.,2010:4).

Odesenvolvimentodeumadimensãohumana,para além da simples relação comercial, onde sedestacam os valores humanos, o espírito de en-

treajuda e a emoção, tendem a ser um elementofundamentaldoprocessodecomunicaçãoeenvol-vimento do cliente de muitas empresas turísticas.Refira-se a este nível os inúmeros programas deresponsabilidade e sensibilização ambiental, queváriasempresasturísticasjádesenvolvem,comoporexemploaStarwood:

“Nós, da Starwood Hotels & ResortsWorldwide,

Inc., acreditamosqueo crescimento económico e o

bem-estar da sociedade estão intimamente ligados

àsaúdedomeioambiente.Assim,assumimosnossa

responsabilidade pela liderança ambiental e nos

comprometemos a integrar práticas ambientais e

princípiosdesustentabilidadeimportantesemnossa

principalestratégiadenegócios” (StarwoodHotels&

Resorts,2012).

Peranteumasociedadecadavezmais sensívelàsquestõesambientaisefaceaumclientecadavezmais emotivo, focado no bem-estar (global e pes-soal)evalue-driven,oobjetivodasorganizaçõesé,nãosóocuparoreferidoposicionamentonamentedo consumidor, como tambémestabelecer, atravésdesta realidade e dos projetos associados, umarelaçãoemocionalepermanentecomoconsumidor,partilhando desta forma valores comuns, determi-nantesnomomentodacompradeumserviço,istoénocontextodarelaçãocomercial.

Todavia, esta dimensão afetiva do bem-estarsocial não se esgota no universo das questõesambientais. O desenvolvimento de programas deresponsabilidade social por parte das empresasturísticastendetambémaserumapráticacomum.Etalcomoaatividadeturística,estesprojetosnãotêmbarreirasnemnacionalidades,sãodeespectrointernacional. Por exemplo a Emirates Airlines,através da fundação Emirates Airline Fundation,temporalvodasuacampanhaderesponsabilidadesocial,ascriançasdoBangladesh,ÍndiaSriLankaeQuénia

“(…)The EmiratesAirline Foundation provides

humanitarian, philanthropic aid and services for

childreninneed.TheFoundationaimstoimprovethe

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qualityoflifeforchildren,regardlessofgeographical,

political, or religious boundaries, and to help them

maintain and improve their human dignity” (The

EmirateAirlinesFoundation,2012).

Estesvalores,apardeoutrostendemaassumir-setambémcomoosvaloresdasreferidasmarcas,co-locandoaligaçãoemocionalentreclienteeempresaaníveldistintoeafetivooutrorainexistente.

Apardesteenvolvimentoemocionalfocadonobem-estar,hoje,omarketing,porviadatecnologia,mais especificamente através do desenvolvimentodeplataformastecnológicasB2CeC2C2,estabelecetambémuma relaçãomais próximae ativa comoconsumidornaóticacomercial.

Estaéumarealidadeparticularmenterelevanteno contexto do consumo de serviços turísticos,considerando, nomeadamente a sua dimensãoimaterial e perecível. Inspiradas na ação e nosefeitos das plataformas C2C, conhecidas comovirtual travel communitiescomoéexemploowww.tripadvisor.com,asempresasturísticascomeçaram,elaspróprias,aaliar-seàsreferidascomunidades,ouadesenvolverosseusespaçosemecanismosonline,entrandonouniversosocial media,nomeadamenteatravésdoFacebook (McCarthyet al.,2010).

NocasodogrupoAccorestarealidadeestábempatentenahomepagedogrupoondeencontramosreferênciadiretaàparceriadogrupocomoTripadi-vsor(verFigura3).

Mais do que interpretadas pelas empresascomo uma ameaça, decorrente da possibilidadedos clientespoderemexprimirpublicamente todosos sentimentos sobre a empresa, desde o serviçoprestadopelaempresaatéàsmaisdiversassituaçõesextraordinárias(ex:greveanunciadapelospilotosdaTAP em dezembro 2011 e janeiro de 2012 – verFigura 4), estas plataformas têm sido claramenteassumidas como uma ferramenta estratégica narelação com o consumidor, garantindo um espaçoprivilegiadodecomunicaçãoegestãodainformaçãonarelaçãoentreclienteseempresasnumprincípiode muitos-para-muitos (dado que comunicaçãopodeterváriossentidos-cliente-empresa,empresacliente,cliente-cliente).Nestesentido,otradicionale relevante“boca-a-boca” reinventa-se e ganhaacrescidoprotagonismo-electronic word of mouth (eWOM)(SparkseBrowning,2011).

Nesteâmbitoparticular,eemtermosoperacionais,ossitesdasempresas,asuapáginanoFacebook ououtras soluções idênticas, tornam-se um espaçode comunhão e partilhar dos consumidores –communitization.

Figura 3| AccoreTripadvisor–umaparceria.

Fonte:AccorHotels,2012

2B2C(business to consumer),C2C(consumer to consumer).

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“Technologynotonlyconnectsandpropelscountries

andcompaniestowardglobalizationbutalsoconnects

and propels consumers toward communitization.

(…)Companiesthatwanttoembracethisnewtrend

shouldaccommodate thisneedandhelpconsumers

connecttooneanotherincommunities.Godinargued

that succeeding in business requires the support of

communities”(Kotleret al.,2010:33).

Indiretamente,estesnovosespaçoscontribuemtambém para o domínio do marketing estratégicodas empresas turísticas, dado que a informaçãorecolhidaéutilizadacomoumafontefundamentalde inovação e desenvolvimento. Por um ladogarantem ao nível do produto/serviço turístico, econsiderandoa suanatureza imaterial eperecível,um meio fundamental para a sua tangibilidade,oferecendo a oportunidade dos consumidorespartilharem entre si a sua avaliação e opinião do

produtodeumaformaindependente.Poroutrolado,garanteàempresaumcanalcominformaçãoparaamelhoriaepersonalizaçãodoserviço,oqualtemcomofonteopróprioconsumidor,ouseja,estamosperanteumprocessodecocreation.

“Weobservethreekeyprocessesofcocreation.First,

companiesshouldcreatewhatwecalla“platform,”

which is a generic product that can be customized

further. Secondly, let individual consumers within

a network customize the platform to match their

own unique identities. Finally, ask for consumer

feedback and enrich the platform by incorporating

allthecustomizationeffortsmadebythenetworkof

consumers” (Kotleret al.,2011:33).

Esteidealefilosofiadeinteraçãocomocliente,transformam estes espaços online em verdadeiros“meeting point virtuais” os quais, pelo seu nívelde utilização, relação e interação com o cliente

Figura 4| Facebook:umaferramentaestratégicadosocial media–ocasodaTAP.

Fonte:Facebook,2012

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conquistam junto do mesmo uma credibilidade eimagem únicas. Evidência desta circunstância, eexplorando a natureza cada vez mais holística eintegrada da experiência turística, é a crescenteadoçãodeestratégiasdediversificaçãodiagonalporpartedosplayersturísticos,independentementedasuaposiçãonacadeiadevalor(Poon,1993).Atente-senositedaTAP.

Hojeestesitenãoseresumeameroespaçodevenda de bilhetes de avião online. Maximizandoesta plataforma de comunicação online a par doseucapitaldemarca,aoqualhojeoclienteassociavalores como confiança e credibilidade, aTAP,recorreaparceriasestratégicascomoutrasmarcasde referência no contexto dos serviços turísticos,comoawww.booking.com,oferecendoaoclienteapossibilidadedereservarumconjuntoalargadodeserviços(verFigura5).

Estesserviçossãoapresentadosaoclientecomopartedoportfoliodeofertadaempresa,nãoporquesejamporsiproduzidosoupertinentesnaóticadasuacadeiadevalor,masporquesãoclaramenteper-tinentesnaóticadaprocura,istoédoturista,name-didaemquesãovaloracrescentadonocontextodaexperiênciaturística.Estaestratégiadediversificação

diagonal permitem àTAP assumir uma posição dedestaqueeprivilegiadanarelaçãocomoconsumidorfinal,paraalémdasinerentesmais-valiasfinanceiras,sustentadasnoprimadodasreceitasauxiliares(an-cillary revenues)(Tranteret al.,2009).

Porfim,aoníveldagestãooperacionalfinanceiraconsideramosrelevanterefletireconsiderarosnovosprocessos e princípios adequados a um contextodemercadocadavezmais incerto,decurtoprazo,global e transparente. Neste domínio, ao nívelfinanceiro, o Revenue & Yield Management tendea ser entendido e adotado como uma ferramentafundamentaldegestão.

“The move towards new tourism stimulatedby a more quality conscious and independentmindedconsumerandbythenewtechnologiesnowbeingused tomaximizeyield rather thanvolume”(Knowlesetal.,2004:16).

Estasituaçãodecorredofactode,contrariamen-teàspremissase ferramentasdegestãoatéagorautilizadas, o Revenue & Yield management adotarcomo elemento central de gestão a procura e nãooferta.Até agora a gestão dos negócios turísticosera condicionada sob a premissa que a oferta eraperecível, realidade que culminou nomeadamente,com uma excessiva adoção do last minute comomeio de venda. Esta filosofiade gestão relevou-sedesadequada por quanto acarretava um conjuntode constrangimento à operação e ao desempenhofinanceiro das empresas turísticas, nomeadamentea perda de receita, um cash-flow desajustado àsnecessidadesfinanceirasdasempresase limitaçõesna operação, decorrentes da necessidade instalarcapacidademuitopróximodomomentodaprestaçãodoserviço.Porseulado,oYield & Revenue Manage-ment,sustentadonoaxiomadoBAR(Best Available Rate),temaprocuraeasuanaturezadinâmicacomopontodepartidadegestão.Estafilosofia,nãosóper-miteumagestãodarelaçãopreço/serviçodinâmica,emfunçãodaprocura,comoestimulaafilosofiadeearly booking, comosseus inerentesbenefíciosdeantecipação,queraonívelfinanceiroqueraoníveldagestãodaoperação(Abrateet al.,2012).Figura 5| TAP–Homepage-excerto.

Fonte:TAPPortugal,2012

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5. Conclusões e linhas para futuras investigações

As atuais opções estratégicas das empresasturísticas refletemgenericamenteascircunstânciaspróprias de uma envolvente contextual cada vezmaisglobal,interdependente,incerta,tecnológicaecentradanasquestõesdasustentabilidade.

O crescente domínio da atividade turísticapor parte de grandes operadores, sustentados noprimado e na potencialidade das economias deescala, âmbito e conhecimento, é uma realidadecada vez mais significativa, pelo que os seusimpactese transformaçõesestruturaisnomercadosãoalvodepotencialinvestigação.

Aindaaoníveldaestruturadomercadoturístico,o paradigma low-cost e a sua rápida emergênciae expectável potencial de crescimento colocam-nocomoumimportantesegmento,peloqueassuasca-racterísticaspróprias,bemcomoasdemaisalteraçõesquepossapromovernoequilíbriodemercadodevemserconsideradas.Nesteâmbito,novasestratégiasdenegóciosustentadasemfilosofiasunbundlingedereceitasauxiliaresdevemtambémserdevidamenteavaliadasnosseusdiferentesâmbitos.

Oturismoeasuaatividadeempresarialenfren-tam hoje um cenário de mudança condicionado,nomeadamente, pelo aumento da procura, pornovosvaloresepremissascomoasustentabilidadee responsabilidade social, facto que exige umaabordagemmaisminuciosa e heterogéneadapro-cura,nomeadamenteaoníveldocomportamentodoconsumidor.

Adiversidadededesafiosintroduzidospelainter-net carecetambémdeparticularatenção,porforçadasalteraçõesquepromoveemdiferentesdimensõesdonegóciosejadeformaindireta,porviadaaltera-çãodoperfildoconsumidor,sejadeformadiretaemtermosdenovosconceitosdeproduto,novasformasdecomercializaçãoeferramentasdegestão.

Se há oportunidades perante o aumento domercado potencial, também há que considerar osdesafios próprios de uma procura cada vez mais

heterogénea, experiente e informada. Esta é umarealidadequecarecedemonitorização,considerandoo seu atual estado de mudança e evolução. Poroutro lado, a crescente adoção de estratégicas dediversificação diagonal por parte das empresasturísticas reflete esta circunstância e reforça apertinênciadareferidalinhadeinvestigação.

Por fim importa sublinhar que o contextoidentificadoeanalisadonopresenteartigoreportaa dimensões estruturais, pelo que a natureza dasalteraçõesabordadasnãosãoprocessosconcluídos.Bem pelo contrário, tal como o âmbito e objetivodeabordagemdopresenteartigo,estamosperanteum conjunto de circunstâncias que devem serentendidascomovetoresdetransformação,quepelasua abrangência e natureza estrutural devem serestudadosemonitorizadoscomrecursoadiferentesrealidadeseestudos-caso.

Destemodo,importarealizardeformacontinu-adae sistematizadaestudosquegarantama vali-dação das referidas tendências aqui apresentadase discutidas, recorrendo a realidades distintas emtermosdedimensão,modeloseprocessosempresa-riasadotados,bemcomoaempresascomrealidadesgeográficasdistintas.

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