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MONUMENTO DA LUZ O sugestivo nome de “Monumento da Luz” nos propõe como protagonista a luz. Foi através de uma deformação da luz percebida pelo eclipse solar observado no límpido céu de Sobral na manhã do dia 29 de maio de 1919, que se comprovou a Teoria Geral da Relatividade, proposta pelo físico alemão Albert Einstein. Naquela ocasião, foi possível comprovar que a deformação do espaço causada pela enorme massa dos corpos desvia a trajetória da luz dando ao observador uma percepção relativa da posição das estrelas que têm sua luz passando próximas ao Sol. Estava então superada a concepção clássica de Newton para a qual, espaço e tempo são absolutos, não sofrendo mudanças em função da matéria, pelo menos ao que se refere a objetos em grandes velocidades (pelo menos 0,1 da velocidade da luz). A deformação do espaço causada pela gigantesca massa do Sol e o impacto de sua gravidade causaram o desvio da luz. Portanto, gravidade, deformação, instabilidade, relatividade são palavras chave para se compreender o que ocorreu com a luz das estrelas que se encontravam quase atrás do sol e que foram observadas durante o eclipse em Sobral. O terreno fica localizado às margens do rio Acaraú, muito próximo ao núcleo fundacional da cidade, sede da antiga Fazenda Caiçara, e onde se encontra atualmente a Igreja da Sé. Ao lado, há diversos equipamentos culturais como a Biblioteca Municipal e a Escola de Cultura, Comunicação, Ofícios e Artes, além de apresentar um grande potencial paisagístico. Esta área permite a construção de um espaço no qual se possa explorar intensamente a interação do observador com a obra, um dos pontos fundamentais da proposta. Neste sentido foi criada uma nova topografia para o lugar simulando a deformação causada no espaço pela a força da gravidade devido a enorme massa de grandes corpos. PRANCHA N°: 1 / 3

MONUMENTO celebrar este acontecimento a proposta do monumento explora não apenas a luz como protagonista, mas, também, a deformação do espaço/tempo provocada pela gravidade e

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MONUMENTODA LUZ

O sugestivo nome de “Monumento da Luz” nos propõe como protagonista a luz. Foi através de uma deformação da luz percebida pelo eclipse solar observado no límpido céu de Sobral na manhã do dia 29 de maio de 1919, que se comprovou a Teoria Geral da Relatividade, proposta pelo físico alemão Albert Einstein. Naquela ocasião, foi possível comprovar que a deformação do espaço causada pela enorme massa dos

corpos desvia a trajetória da luz dando ao observador uma percepção relativa da posição das estrelas que têm sua luz passando próximas ao Sol. Estava então superada a concepção clássica de Newton para a qual, espaço e tempo são absolutos, não sofrendo mudanças em função da matéria, pelo menos ao que se refere a objetos em grandes velocidades (pelo menos 0,1 da velocidade da luz).

A deformação do espaço causada pela gigantesca massa do Sol e o

impacto de sua gravidade causaram o desvio da luz. Portanto, gravidade, deformação, instabilidade, relatividade são palavras chave para se compreender o que ocorreu com a luz das estrelas que se encontravam quase atrás do sol e que foram observadas durante o eclipse em Sobral.O terreno fica localizado às margens do rio Acaraú, muito próximo ao núcleo fundacional da cidade, sede da antiga Fazenda Caiçara, e onde se encontra atualmente a Igreja da Sé. Ao lado, há diversos equipamentos culturais como a Biblioteca Municipal e a Escola de Cultura, Comunicação, Ofícios e Artes, além de apresentar um grande potencial paisagístico.

Esta área permite a construção de um espaço no qual se possa explorar intensamente a interação do observador com a obra, um dos pontos fundamentais da proposta. Neste sentido foi criada uma nova topografia para o lugar simulando a deformação causada no espaço pela a força da gravidade devido a enorme massa de grandes corpos.

PRANCHA N°:

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Para celebrar este acontecimento a proposta do monumento explora não apenas a luz como protagonista, mas, também, a deformação do espaço/tempo provocada pela gravidade e a percepção do observador. Ele é convidado a interagir diretamente com o monumento experimentando em primeira pessoa a distorção causada pela gravidade.

Desta forma podendo chegar mais perto da sensação do efeito da gravidade na Terra, que é o ato de “cair”, da mesma forma que Newton entendeu quando uma maça caiu em sua cabeça. Porém, buscamos uma alusão no qual as pessoas sentirão apenas a sensação de instabilidade ao percorrer o terreno, da

mesma forma que a luz é atraída pela gravidade quando próximo a essas distorções de espaço-tempo causada pela gravidade. Logo, simbolicamente, as pessoas que transitarem no terreno serão as “luzes” que percorrem o universo curvo de Einstein. Assim, se pretende homenagear o conhecimento humano – que tem sido incentivado de forma exemplar pela atenção dada à educação em Sobral – e a expedição cientifica internacional que comprovou a teoria proposta por uma das mentes mais brilhantes da história da humanidade. Parte-se do local para chegar ao global dando a Sobral o lugar privilegiado no cenário contemporâneo. São, portanto, conceitos chave da proposta: deformação, gravidade, interatividade, percepção, instabilidade e luz. Partindo do talude já existente no setor noroeste do terreno, foram desenhadas

novas elevações e depressões de forma a sugerir ao usuário/observador (inclusive os cadeirantes) uma sensação de instabilidade ao percorrer o espaço. Espaço e tempo se deformam numa nova topografia proposta não para ser observada, mas experimentada. Desta forma, se entende que o terreno junto com a escultura é monumento como um todo.

O material proposto para essa nova topografia é o tijolo, amplamente utilizado como material construtivo tradicional em nossa região, de fácil manutenção e reposição e cujo aparelhamento ajuda a compor o desenho da paisagem proposta.

CONCEITO

Por muito tempo se achou que a luz vagava na terra em linha reta. sem sofrer

alterações em sua trajetória.

ESPAÇO

Um grupo de físicos visitaram em sobral no ano de 1919 para oberservar

um eclipse solar.

SOBRAL

Porém Einstein densenvolveu a teoria relatividade que

mostra como consequência o espaço “curvo”.

TEORIA

Os cientistas queriam basicamente obersvar as estrelas e verificar suas

localizações.

ESTRELAS

Devida a grande força gravitacional dos astros e estrelas o espaço sofre

deformação.

UNIVERSO CURVO

A teoria foi comprovada após os cientistas

observarem que uma estrela estava mais deslocada.

DISTORÇÃO

Esse efeito gravitacional é tão grande que até as

menores partículas como o da luz são alteradas.

DESVIO DA LUZ

A curvatura da luz érepresentada pela grande

escultura formada por chapas de aço.

MONUMENTO

A intenção é não permitir que os visitantes caminhem em linha reta por conta da

gravidade.

GRAVIDADE

A escultura embora transparente simula um

eclipse de acordo com a posição do observador.

ECLIPSE

A ideia foi desenvolver um terreno que tenha os

aspectos do universo curvo de Einstein.

TERRENO

Para uma maior fluidez do terreno a escultura tem uma

abertura para passagem dos visitantes.

FLUIDEZ

PRANCHA N°:

2 / 3

Devido à deformação do espaço causada pela enorme gravidade dos grandes corpos a luz das estrelas que passaram próximas ao Sol se curvaram de tal forma que, desde Sobral, foram observadas deslocadas de sua posição real. A curvatura da luz é representada pela grande escultura formada por chapas de aço cujo desenho em planta é o de uma linha reta que se curva levemente ao passar por uma grande depressão no relevo, numa alusão à ação da gravidade sobre a luz. A instalação se apoia sobre duas elevações na topografia permitindo uma interação direta com o observador em diversos níveis. Ao caminhar pela topografia e cruzar sob a instalação, o observador poderá experimentar o que ocorre com a luz ao aproximar- se de uma grande massa cujo espaço ao redor foi deformado. Ele tem a sua trajetória afetada e experimenta uma sensação de instabilidade e mudança. Topografia irregular e movimento do usuário refletem a deformação sofrida pelo espaço e tempo no universo relativo de Einstein.

A escultura

A grande escultura é composta por chapas metálicas modulares dispostas de forma paralela e apoiadas em montantes metálicos formando um grande mosaico transparente. O arranjo das peças cria um jogo de cheios e vazios que permite a passagem da luz e a visualização da paisagem do rio Acaraú que compõe seu pano de fundo. Em determinado ponto um grupo das laminas metálicas ganha uma maior largura de

tal forma que, dependendo do ponto de vista do observador, é possível observar um escurecimento de uma parte da escultura de forma circular, numa alusão a um grande Sol escuro, eclipsado. O efeito só pode ser observado de alguns pontos e varia de acordo com o movimento do usuário traduzindo o caráter relativo da Teoria de Einstein. O Movimento do Sol ao longo do dia gera também uma sombra muito particular, composta pelas linhas paralelas das peças metálicas e pontuada pelos inúmeros montantes que, ao cobrir as elevações e depressões da topografia criada, gera uma imagem envolvente que reforça a ideia de deformação, gravidade e mudança. Desta forma, mostramos uma relação de contemplação com a escultura, porém como foi trabalhado a experimentação da instabilidade, logo da gravidade no terreno, foi pensado de se gerar uma relação mais íntima com a escultura.

Se aproximando da mesma, algumas peças contem frases que remetem aos comentários apocalípticos da época sobre o impactante evento que foi o Eclipse. Há relatos de que o pânico tomou conta de muitas pessoas assustadas com os equipamentos montados da Praça do Patrocínio e com o automóvel que pela primeira vez foi observado circulando pela cidade. Esses micros relatos impressos na escultura propõem uma relação mais íntima dos observadores com o monumento ampliando sua experiência. O avanço da sombra da escultura e do grande Sol escuro sobre o piso pode ser também interpretado como uma alusão ao pânico dos sobralenses naquele episódio singular que marcou de forma definitiva a historia da cidade

e da ciência. A iluminação proposta cria, à noite, um novo cenário. Toda a escultura fica intensamente iluminada enquanto a topografia permanece na penumbra. O escuro do pavimento é quebrado por pequenos balizadores que transformam a topografia num imenso céu e a escultura num grande raio de luz curvo.

Monumento da luz

Topografia e escultura constituem ambos o monumento proposto. Não se trata de uma praça na qual se localiza o monumento, todo o espaço é o próprio monumento. Dai não terem sido propostos mobiliários urbanos nem espaços de convivência na área do monumento pois ele deve ser experimentado, percorrido. É através do movimento, da relação com a topografia, com o jogo de sobras, com a escala e as visuais da escultura que se pretende oferecer a experiência do espaço/tempo curvos de Einstein. Esse monumento interativo deve ser disfrutado por alunos, por cidadãos e turistas que são convidados a construir conhecimento e não somente a uma contemplação passiva de uma bela peça na paisagem. É um convite a pensar e a olhar para evento do eclipse ocorrido no passado, mas, sobretudo, para o imenso horizonte de possibilidades que o conhecimento, a cultura e a educação apresentam para o futuro da cidade de Sobral e os sobralenses.

PROPOSTA

PRANCHA N°:

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