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Ponto de Interesse Geológico: Morro de São João
Morro de São João
EXISTIRAM VULCÕES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ?
Estudos geológicos revelam que, entre cerca de 80 e 40 milhões de anos atrás, existiram vulcões no Estado do Rio, hoje extintos. A Figura 1 destaca as áreas de Itatiaia, Tinguá, Mendanha, Itaúna, Rio Bonito, Morro de São João e Arraial do Cabo, que são resultado dessa antiga atividade ígnea ou magmática (magma = rocha fundida), formando feições topográficas positivas (morros ou montanhas). Essas elevações formam um notável alinhamento na direção leste-oeste e estão separadas umas das outras por dezenas a centenas de quilômetros. Sua origem pode ser explicada pelo que os geólogos denominam "Teoria da Tectônica de Placas", modelo formulado quando procurou-se explicar o curioso encaixe entre o litoral do Brasil e a costa oeste da África, ainda no início do século 20, pelo meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener.
ENTÃO, O MORRO DE SÃO JOÃO TEM SUA ORIGEM EM UM VULCÃO? EXISTEM EVIDÊNCIAS DE VULCANISMO?
Os vários tipos de rochas ígneas que constituem o Morro de São João foram formados em profundidade (ver Mapa Geológico- Figura 4). Esta afirmação é feita com base no tamanho dos cristais das rochas locais, demonstrando que tiveram tempo para cristalização, isto é, se resfriaram lentamente. Quando uma lava é expelida pelo vulcão, o contato brusco do material com o ar ou a água pode gerar vidro vulcânico ou rochas com minerais muito pequenos, porque se resfriam muito rapidamente. Também, espera-se encontrar materiais típicos de uma erupção como: derrames de lavas, cinzas vulcânicas, bombas (pedaços de lava lançados explosivamente pela cratera), etc. Estes materiais não são encontrados no local.
A inexistência de evidências de erupções provavelmente se deve à erosão que atingiu esta região. A erosão, causada pela ação das chuvas, ventos, calor, frio, etc., “arrasou” a topografia local, onde a única feição de destaque é o próprio Morro de São João, cujas rochas foram mais resistentes à ação das intempéries do que as que ocorrem no seu entorno. Acredita-se que podem representar a câmara interna do vulcão, localizada a alguns quilômetros abaixo da superfície.
Há cerca de 60 milhões de anos atrás, no início do que os geólogos chamam de período Terciário, nossa região foi palco de atividades vulcânicas que deram origem a várias rochas chamadas ígneas, ou seja, formadas a partir do magma cristalizado em profundidade, ou da solidificação na superfície de lavas expelidas por vulcões. No caso do Morro de São João, apesar de sua forma de cone vulcânico (ver Figura 2), os geólogos não conseguiram identificar a presença de rochas que indicassem a ocorrência de erupções vulcânicas na superfície, ocorrendo apenas as rochas cristalizadas a grandes profundidades.
LEGENDA
Quaternário marinho - recente
Quaternário fluvial
Quaternário marinho - praias antigas
Terciário - rochas alcalinas
Precambriano - Unidade Região dos Lagos
Fonte:Folhas Geológicas 1:50.00 DRM-RJMorro de São João, Barra de São João
Mapa Geológico da Região de Morro de São João, Rio de Janeiro.
Escala 1:75.000
QUE ROCHAS FORAM “CORTADAS” PELO MAGMA DO MORRO DE SÃO JOÃO?
As rochas ígneas geradas neste episódio do passado são conhecidas como rochas alcalinas, porque apresentam muito Sódio (Na) e Potássio (K) nos seus minerais. Estas rochas "cortam" rochas metamórficas muito mais antigas, denominadas gnaisses. As rochas metamórficas são derivadas de rochas pré-existentes que foram submetidas a condições de temperatura e/ou pressão mais elevadas e sofreram o processo de recristalização e/ou deformação denominado Metamorfismo. Os gnaisses estão representados na Unidade Região dos Lagos (ver Figura 4 - Mapa Geológico), cuja idade é de cerca de 2 bilhões de anos (segundo datações da geóloga Prof. Renata Schmitt - UERJ). Portanto, as rochas alcalinas, com idades em torno de 60 Ma, são muito mais novas do que os gnaisses.
Macaé
Morro Redondo
Marapicu/Mendanha-Gericinó
Tinguá
Canaã
Itaúna
Complexo Rio Bonito,Tanguá, Soarinho
Morrodos Gatos
Morro deSão João
Serra dos Tomazes
Itatiaia
Ilha de Cabo Frio
Mapa de ocorrência de rochas alcalinas no Estado do Rio de Janeiro
Fontes:Projeto Carta Geológica DRM-RJMapa Geológico do Estado do Rio de Janeiro 1:400.000Mosaico de Imagens Landsat TM5 1993-4, r5g4b3Thomaz Filho, A. & Rodrigues, A.L. RBG 29(2) 1999
Escala 1:1.000.000
Idade das Rochas AlcalinasCódigo Nome Idade Média
1 Passa Quatro 66,7 Ma2 Itatiaia 73,1 Ma3 Morro Redondo 65,6 Ma4 Tinguá 66,7 Ma5 Itaúna 62,4 Ma6 Rio Bonito 75,4 Ma7 Morro de São João 60,1 Ma8 Cabo Frio 52,3 Ma
7
65
4
MINAS GERAIS
ESPÍRITO SANTO
1
2
8
Passa Quatro
3
SÃO PAULO
41 W
21 S
22 S
23 S
42 W43 W44 W45 W
Figura 1 - Imagem de satélite do Estado do Rio de Janeiro, com destaque para as montanhas alinhadas de origem ígnea e composição alcalina.
A TEORIA DA PLACAS EXPLICA OS NOSSOS VULCÕESTECTÔNICA DE
A palavra tectônica tem sua origem no grego, no sentido de construir. Assim, "Tectônica de Placas", se refere à teoria de que a superfície da Terra é construída por placas. Estas placas movimentam-se em diversas direções, numa velocidade de poucos centímetros por ano. Elas podem-se agrupar (colidindo entre si) ou quebrar em pedaços. As placas continentais (mais leves) flutuam sobre as oceânicas (mais pesadas) e, assim, os continentes são "carregados" sobre os oceanos, como se fossem objetos em uma esteira rolante.
Os geocientistas acreditam que há dezenas de milhões de anos, enquanto a Placa Sul-Americana afastava-se da Africana, o território do Estado do Rio de Janeiro esteve sobre um ponto fixo e muito quente, localizado a grandes profundidades no interior da Terra, os "hot spots". Segundo esse modelo, um “hot spot” pode dar origem a uma série de vulcões alinhados, com idades diferentes, à medida que as placas se movimentam sobre ele. Resumindo: na medida em que a placa se move, um vulcão novo se forma, enquanto outro se extingue. Espera-se, então, que o vulcanismo que gerou Itatiaia (oeste) seja mais velho do que o da Ilha do Cabo Frio, em Arraial do Cabo e do Morro de São João (leste). Veja as idades das rochas na tabela da Figura 1 e observe que as datações das rochas sugerem que elas são mais jovens conforme se avança para o mar. Trabalhos desenvolvidos para pesquisa de petróleo confirmam a ocorrência de vulcões no fundo do mar, seguindo a linha leste-oeste, até a região de Cabo Frio. Na Figura 3 é apresentado um mapa, elaborado por geólogos da PETROBRAS, que mostra a existência desse vulcanismo marinho na costa do Estado do Rio, identificado através de sondagens e de geofísica (tecnologia utilizada para visualização de estruturas no interior das Terra - como se fosse um Raio X ou ultrassonografia em um corpo humano). A Figura 3-A mostra uma "imagem" de um cone vulcânico na plataforma continental de Cabo Frio. Observe sua semelhança com a geometria do Morro de São João.
Figura 2- Mapa com indicação de vulcanismo na área continental e de cones vulcânicos na área oceânica do Estado do Rio e Janeiro. Fonte: Webster Mohriak (PETROBRAS).
Figura 4 - Mapa Geológico (Reis & Licht - DRM-RJ)
“A Terra levou alguns bilhões de anos para construir as rochas, os minerais, as montanhas e os oceanos.
Proteja esta obra-prima!”
ENTÃO, O MORRO DE SÃO JOÃO TEM SUA ORIGEM EM UM VULCÃO? EXISTEM EVIDÊNCIAS DE VULCANISMO?
Os vários tipos de rochas ígneas que constituem o Morro de São João foram formados em profundidade (ver Mapa Geológico- Figura 4). Esta afirmação é feita com base no tamanho dos cristais das rochas locais, demonstrando que tiveram tempo para cristalização, isto é, se resfriaram lentamente. Quando uma lava é expelida pelo vulcão, o contato brusco do material com o ar ou a água pode gerar vidro vulcânico ou rochas com minerais muito pequenos, porque se resfriam muito rapidamente. Também, espera-se encontrar materiais típicos de uma erupção como: derrames de lavas, cinzas vulcânicas, bombas (pedaços de lava lançados explosivamente pela cratera), etc. Estes materiais não são encontrados no local.
A inexistência de evidências de erupções provavelmente se deve à erosão que atingiu esta região. A erosão, causada pela ação das chuvas, ventos, calor, frio, etc., “arrasou” a topografia local, onde a única feição de destaque é o próprio Morro de São João, cujas rochas foram mais resistentes à ação das intempéries do que as que ocorrem no seu entorno. Acredita-se que podem representar a câmara interna do vulcão, localizada a alguns quilômetros abaixo da superfície.
Há cerca de 60 milhões de anos atrás, no início do que os geólogos chamam de período Terciário, nossa região foi palco de atividades vulcânicas que deram origem a várias rochas chamadas ígneas, ou seja, formadas a partir do magma cristalizado em profundidade, ou da solidificação na superfície de lavas expelidas por vulcões. No caso do Morro de São João, apesar de sua forma de cone vulcânico (ver Figura 2), os geólogos não conseguiram identificar a presença de rochas que indicassem a ocorrência de erupções vulcânicas na superfície, ocorrendo apenas as rochas cristalizadas a grandes profundidades.
Mapa Múndi com a distribuição dos continentes, das placas tectônicas (limites em azul), vulcões (triângulos vermelhos) e terremotos (pontos amarelos).
Fonte: National Aeronautics and Space Administration (NASA)
ONDE OCORREM OS VULCÕES E TERREMOTOS NO MUNDO?
As regiões do planeta onde ocorrem a maioria dos vulcões e terremotos são as bordas das placas tectônicas, nas zonas de choque ou de afastamento entre as placas, como podemos ver no Mapa Múndi (figura abaixo). A existência dos “pontos quentes" explica a cadeia vulcânica do Havaí, os extintos vulcões do Rio de Janeiro, o alinhamento de cadeias vulcânicas na região entre Vitória e a Ilha de Trindade (região oceânica do Espírito Santo), e, também, outros casos de vulcanismo que ocorreram ou ocorrem fora das bordas das placas.
Elaboração: Kátia Mansur, Flavio Erthal e Eliane Guedes (DRM-RJ) e Webster Mohriak (PETROBRAS)Colaboração: Hermani Vieira (DRM-RJ)Homenagem: Antônio Pereira dos Reis (in Memoriam)Coordenação: Kátia Mansur , Eliane Guedes e Flavio Erthal (DRM-RJ)Contato: (0xx21) 2620-2525 (DRM-RJ)Este painel pode ser encontrado em www.drm.rj.gov.br
CAMINHOSGEOLÓGICOSCAMINHOSGEOLÓGICOS
PR O J ETO
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
www.drm.rj.gov.br
Companhia de Turismo doEstado do Rio de Janeiro
TurisRioR E D E D E
TECNOLOGIARIO DE JANEIRO
R E D E D E
TECNOLOGIA
SECRETARIA DE ESTADO DE ENERGIA, DA INDÚSTRIA NAVAL E DO PETRÓLEO
English version in the back of this panel
Topografia 3-D (Pontes et al., 2000)
Figura 2 - Reconstituição 3D da topografia com imagem de satélite do Morro de São João (Fonte: PETROBRAS)
Rio das Ostras
Barra de S. João
Falha Normal LístricaCone Vulcânico
Almofada de Sal
Seção sísmica 3-D na plataforma continental de margem sudeste (Mohriak, 2001)
Tem
po d
e trânsi
to d
uplo
(se
gundos)
Figura 3A - Seção sísmica com cone vulcânico na região entre as Bacias de Santos e Campos)
Detalhe do Morro de São João
42º00’ W
42º00’ W
22º3
0’ S
22º30’ S
Área de Encarte
A Área de Encarte acima é parte do Mapa Político-Administrativo do Estado do Rio de Janeiro - Fundação CIDE-2002
DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Mo. de São João
729 m
L. de Juturnaíba
5 0 5km
N
Modificado de Mohriak et al., 1995.
CAMPOSCAMPOSCABO
SÃO TOMÉ
CABO SÃO TOMÉ
BARRA S.JOÃOGRABEN
BARRA S.JOÃOGRABEN
RIO DE JANEIRO
MINAS GERAIS
SÃO PAULO
ESPÍRITOSANTO
S. PAULOS. PAULO
-200m
-1000m
-2000m
V
V
V V
VV
BACIA DE S. PAULO
BACIA DE S. PAULO
PROVIN
CIA D
E DO
MO
S DE
SAL
BACIA D
E TAUBATÉ
BACIA DE RESENDE
BACIA DE RESENDE
ALTO DE CABO FRIO
ALTO DE CABO FRIOBACIA
DE TA
UBATÉ
PROVIN
CIA D
E DO
MO
S DE
SAL
Sedimentos Terciários
Cones Vulcânicos
Intrusões de Rochas Alcalinas
Falhas Geológicas
Canyons Submarinos
Idade das Rochas
Poços de Caldas Morro de
São João
Cabo Frio
Itatiaia
Rio Bonito
Mendanha
59 Ma
63 Ma
89 Ma
52 Ma
66 Ma
66 Ma
B A C I A D E C A M P O S
B A C I A D E C A M P O S
O39O39
100 KM100 KMNN
403377
100
100
400
400
1000
2000
2000
1000
100
211
RONCADOR
ALBACORA LESTE
MARLIM
MARLIM LESTE
MARLIM SUL
GUARAJUBA
ESPADARTE
São Tomé
Campos de Petróleo
V
V
B A C I A D E S A N T O S
B A C I A D E S A N T O S
Feições Vulcânicas Identificadas