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NEGÓCIO JURÍDICO O negócio jurídico é uma espécie do gênero relação jurídica. Enquanto a relação jurídica pode ser conceituada, conforme o entendimento de Dimitri Dimoulis, o Negócio Jurídico: "consiste em um vínculo entre dois ou mais sujeitos de direito, segundo formas que são previstas pelo ordenamento jurídico e geram direitos e/ou obrigações para as partes" 1 A relação jurídica como um todo não pressupõe a aceitação de ambas as partes como, por exemplo, a cobrança de tributos pelo Estado em face dos contribuintes, nessa situação o contribuinte não precisa aceitar o tributo e nem sua destinação, no entanto deve honrá-lo. Temos então uma relação jurídica lato sensu. Já o negócio jurídico pode ser definido, partindo das mesmas lições de Dimitr Dimoulis, como “qualquer estipulação de consequências jurídicas, realizada por sujeitos de direito no âmbito do exercício da autonomia da vontade. Seu fundamento é a manifestação de vontade das partes, isto é, dos sujeitos de uma relação jurídica.” 2 1 DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 4. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: RT, 2011, p. 237 2 Idem. p. 240

NEGÓCIO JURÍDICO

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Trabalho conceitual sobre o Negócio Jurídico - Latu Sensu

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Page 1: NEGÓCIO JURÍDICO

NEGÓCIO JURÍDICO

O negócio jurídico é uma espécie do gênero relação jurídica. Enquanto a

relação jurídica pode ser conceituada, conforme o entendimento de Dimitri

Dimoulis, o Negócio Jurídico:

"consiste em um vínculo entre dois ou mais sujeitos de

direito, segundo formas que são previstas pelo

ordenamento jurídico e geram direitos e/ou obrigações

para as partes"1

A relação jurídica como um todo não pressupõe a aceitação de ambas

as partes como, por exemplo, a cobrança de tributos pelo Estado em face dos

contribuintes, nessa situação o contribuinte não precisa aceitar o tributo e nem

sua destinação, no entanto deve honrá-lo. Temos então uma relação jurídica

lato sensu.

Já o negócio jurídico pode ser definido, partindo das mesmas lições de

Dimitr Dimoulis, como

“qualquer estipulação de consequências jurídicas,

realizada por sujeitos de direito no âmbito do exercício da

autonomia da vontade. Seu fundamento é a manifestação

de vontade das partes, isto é, dos sujeitos de uma relação

jurídica.”2

Quando o doutrinador expressa que a relação se deriva da manifestação

de vontade das partes, vê-se que há liberdade de “negociar”, sendo evidente

que existem algumas limitações no “poder de negociar – liberdade de

negociar”, porém estas limitações não descaracterizam o chamdo “negócio

jurídico”.

1 DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 4. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: RT, 2011, p. 2372 Idem. p. 240

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CLASSIFICAÇÃO

O negócio jurídico é um instituto que se desmembra em várias

classificações, ou seja, existem várias formas de negócio jurídico.

Para proceder com estas classificações, seguiremos então o esquema

de Caio Mario da Silva Pereira3

Unilateral, Bilateral ou “Plurilateral”

Unilateral é o negócio jurídico que se completa com apenas uma

declaração de vontade, como por exemplo o testamento.

O negócio bilateral, por sua vez, é aquele que precisa de duas

declarações de vontades, como por exemplo a compra e venda.

É plúrimo quando envolve duas partes, porém várias pessoas

representantes de cada vontade. Plurilateral (dizendo respeito àquele negócio

que envolve a composição de mais de duas vontades paralelamente

manifestadas por diferentes partes, com um interesse convergente, tal como no

contrato de sociedade)

Oneroso ou Gratuito

Oneroso é o negócio jurídico em que ambos os contratantes auferem

vantagens. Se dá de forma recíproca, ou seja, ambas as partes podem antever

as vantagens e sacrifícios do negócio, exemplos: a compra e venda, a locação,

a empreitada.

Gratuito é o negócio jurídico em que apenas uma parte aufere

vantagem ou benefício. Nessa modalidade, outorga-se vantagem a uma das

partes sem exigir contraprestação da outra, como exemplo a doação pura e o

comodato.

Segundo Caio Mário existem ainda outras duas situações, os chamados

negócios jurídicos neutros e os “bifrontes”.

3 Pereira, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: Editora Forense. 417, 442.

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Neutro: constituído de espécie desprovida de expressão econômica,

não tem efeito patrimonial, como na gestação em útero alheio, que será,

necessariamente, destituída de qualquer envolvimento patrimonial, consoante a

advertência da Lei nº 9.434/97.

Bifronte: quando o negócio puder ser gratuito ou oneroso, a depender

da vontade almejada pelas partes, como se nota do contrato de depósito, que

permite convenção de remuneração do depositário, convertendo-se em

oneroso, nos termos do art. 644 do Código Civil.

Inter Vivo ou Causa Mortis

O negócio jurídico inter vivos é aquele que se materializa no mundo

jurídico quando celebrado entre dois sujeitos de direito (pessoas naturais ou

jurídicas) e começa a produzir efeitos desde logo.

Já o negócio jurídico causa mortis é aquele que somente nasce no

mundo jurídico após a ocorrência da morte de determinado sujeito, isso ocorre

no caso do testamento, por exemplo).

Principal ou Acessório

O negócio jurídico é definido como principal ao passo que sua existência

não advêm e nem mesmo se baseia na existência de outro negócio jurídico. Já

o negócio jurídico acessório, é aquele que somente ganha corpo quando ligado

à negócio jurídico principal.

Solene ou Não Solene

Diz-se solene o negócio jurídico que necessita de publicidade e que

deve atender uma forma prevista em lei é o caso, por exemplo, de contratos de

compra e venda de imóveis, sendo que estes devem ser levados a registros e

averbados na matrícula do imóvel objeto do contrato.

Contratos ”não solenes” são aqueles que não necessitam de

publicidade, bem como podem ser elaborados de forma livre atendendo, por

óbvio os requisitos de validade do negócio jurídico.

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Instantâneo, Execução Diferida e Execução Continuada.

Instantâneo: São negócios jurídicos que produzem efeitos imediatos no

mundo jurídico, ou seja, do momento da sua celebração já se efetivam. Um

exemplo de negócio jurídico instantâneo é o contrato de compra e venda de

bem móvel à vista (no momento do pagamento já ocorre a tradição do imóvel).

Execução Diferida: Os negócios jurídicos de execução diferida são

aqueles onde os efeitos jurídicos estão no futuro, como é o caso de um

contrato de seguro (que se efetiva e data posterior a celebração do negócio

jurídico)

Execução Continuada: É o caso do contrato de plano de saúde, onde, o

negócio jurídico produz efeitos tantas vezes quanto forem necessárias ao

atendimento das necessidades da parte contratante. Essa espécie de negócio

se encerra com condição – expressa no próprio contrato, no momento da

celebração deste – ou com a implementação de prazo final para a prestação de

serviços, por parte da contratada.

EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA

São estas as três qualidades que um negócio jurídico deve possuir para

ser considerado como tal.

Existência: Elementos de existência são todos os que compõe o negócio

jurídico, podemos classificar como: elementos essenciais, elementos naturais e

elementos acidentais.

Elementos essenciais: são os indispensáveis à criação/existência de um

negócio jurídico como, por exemplo, declaração de vontade, capacidade

jurídica das partes, entre outros.

Elementos Naturais: são os elementos que decorrem do negócio

jurídico, pode-se dizer que são obrigações lógicas do negócio jurídico, este é o

caso do contrato de compra e venda, que tem como consequência lógica a

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obigação do vendedor de transferir o bem, bem como responder por quaisquer

vícios que este venha a apresentar.

Elementos acidentais: são aqueles que podem ou não figurar no negócio

jurídico. Normalmente são utilizados pelas partes para alterar algum ponto do

negócio jurídico.São considerados elementos acidentais o termo, condição e o

encargo.

Validade: É a qualidade do negócio jurídico que pressupõe a adequação deste

as formas prescritas em lei para que possa existir no mundo jurídico. Não

havendo observancia das regras prescritas em lei, os negócios jurídicos são

classificados como nulos ou anuláveis.

São requisitos de validade, segundo o Código Civil Brasileiro:

Art. 104 CC. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Eficácia: O tema/plano da eficácia, diz respeito a capacidade do negócio

jurídico de produzir os efeitos propostos pelas partes no momento de

celebração deste negócio. A partir do momento que ocorre a efetivação das

vontades e obrigações do negócio jurídico, podemos que dizer que este foi ou

esta sendo efeicaz.

CONCLUSÃO

O tema “Negócio Jurídico” é devéras amplo para ser aprofundado em

sua integralidade, no entanto, como se vê no presente trabalho, houve a busca

por aclarar conceits basilares referentes ao tema.

O legislador ao tratar de negócio jurídico, concedeu aos

entes/agentes/pessoas uma certa liberdade ao contratar/negociar, sendo livres

as manifestações de vontade, desde que, obedeçam aos limites legais

impostos, que são objetivos e concisos.

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REFERÊNCIAS

ABREU FILHO, José. O negócio jurídico e sua teoria geral. São Paulo: Saraiva,

1995.

AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Negócio jurídico. Existência, validade e

eficácia. São Paulo: Saraiva, 2002.

DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 4. ed. rev.,

atual. e ampl. São Paulo: RT, 2011.

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. V. I. 5. ed. atual. São Paulo: Atlas,

2005.