32

Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação
Page 2: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

2

Nesta Edição

Editorial ...................................................................................... 03

PALAVRA DA IGREJA ............................................................. 04

TEMA VOCACIONAL IPe. Valnei Pamponet Oliveira, SDV..................................................... 09

TEMA VOCACIONAL IIPe. Alessandro Mendonça Nonato, SDV.............................................. 13

TESTEMUNHO VOCACIONALPe. Luís Jonas Carneiro de Oliveira, SDV.............................................. 18

CELEBRAÇÃO VOCACIONALCarlos Ribeiro Silva ............................................................................ 20

ATIVIDADE VOCACIONALEric Rocha Silva e Danilo Soares Rocha .............................................. 24

PALAVRA DO PE. JUSTINOPe. Justino Russolillo .......................................................................... 27

A Revista Espírito Digital é uma publicação da Sociedade Divinas Vocações – Província do Brasil. Rua Esperanto, nº 07, São Caetano . CEP: 40391-232. Salvador-BA.Equipe de Direção:Diretor Presidente: Pe. José Carlos Lima SDV.Diretor Administrativo: Pe. Albino Thiago Santos de Jesus SDV.Editor Geral: Pe. Valnei Pamponet Oliveira SDV.Revisor Geral: Pe. Luis Jonas Carneiro de Oliveira SDV.OBS: Os artigos assinados não representam necessariamente o pensamento da Revista.

Page 3: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

3

EDITORIAL

Vivenciando o Ano dedicado ao Laicato, somos convidados a refletir, e consequentemente, agir conjuntamente, em prol desta dimensão da Vocação. Conscientes da situação dos leigos e leigas na Igreja, ainda hoje, alertamos para o devido cuidado, atenção e dedicação que requer esta vocação específica. Para nos convencermos desta necessidade, basta olharmos com cuidado a relação de conflito presente em algumas comunidades; ou ainda a falta de consciência, por parte de muitos leigos e leigas, relativa a seu papel e missão na Igreja; ou a pouca formação que é oferecida em muitas comunidades nesta área. Superar a cultura da mera presença nas comunidades, para alcançar a participação ativa naquilo que lhe compete, é o grande desafio hoje. O que pretendemos, nesta edição, é oferecer pequenos subsídios que possam, de algum modo, ajudar nossos leitores um pouco neste caminho.Num primeiro artigo apresentamos uma reflexão sobre a Laicidade de toda a Igreja e a situação dos leigos e leigas frente a isto. Na celebração vocacional apresentamos um roteiro de oração comunitária em vista desta vocação específica. No testemunho vocacional nos é apresentada a biografia de um jovem, Domingos Sávio, que embora desejasse o sacerdócio, viveu como leigo até a morte prematura. Continuamos ainda nossa colaboração trimensal com um roteiro de atividade vocacional e a continuação da carta do Pe. Justino referente à sua ideia e projeto da Sociedade Divinas Vocações.Que Deus nos ilumine cada vez mais nesta grande e importante missão que é servir à própria Trindade favorecendo às vocações específicas e geral.

Pe. Valnei Pamponet Oliveira SDV(Editor)

Page 4: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

4

PALAVRA DA IGREJA

LUMEN GENTIUM

CAPÍTULO IV - OS LEIGOS

Proêmio: Caráter peculiar dos leigos

30. Declaradas as diversas funções da Hierarquia, o sagrado Concílio volta de bom grado a sua atenção para o estado daqueles fiéis cristãos que se chamam leigos. Com efeito, se é verdade que todas as coisas que se disseram a respeito do Povo de Deus se dirigem igualmente aos leigos, aos religiosos e aos clérigos, algumas, contudo, pertencem de modo particular aos leigos, homens e mulheres, em razão do seu estado e missão; e os seus fundamentos, devido às circunstâncias

Page 5: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

5

especiais do nosso tempo, devem ser mais cuidadosamente expostos. Os sagrados pastores conhecem, com efeito, perfeitamente quanto os leigos contribuem para o bem de toda a Igreja. Pois eles próprios sabem que não foram instituídos por Cristo para se encarregarem por si sós de toda a missão salvadora da Igreja para com o mundo, mas que o seu cargo sublime consiste em pastorear de tal modo os fiéis e de tal modo reconhecer os seus serviços e carismas, que todos, cada um segundo o seu modo próprio, cooperem na obra comum. Pois é necessário que todos, «praticando a verdade na caridade, cresçamos de todas as maneiras para aquele que é a cabeça, Cristo; pelo influxo do qual o corpo inteiro, bem ajustado e coeso por toda a espécie de junturas que o alimentam, com a acção proporcionada a cada membro, realiza o seu crescimento em ordem à própria edificação na caridade (Ef. 4, 15-16).

Conceito e vocação do leigo na Igreja

31. Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos que não são membros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, constituídos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, a missão de todo o Povo cristão na Igreja se no mundo.

É própria e peculiar dos leigos a característica secular. Com efeito, os membros da sagrada Ordem, ainda que algumas vezes possam tratar de assuntos seculares, exercendo mesmo uma profissão profana, contudo, em razão da sua vocação específica, destinam-se sobretudo e expressamente ao sagrado ministério; enquanto que os religiosos, no seu estado, dão magnífico e privilegiado testemunho de que se não pode transfigurar o mundo e oferecê-lo a Deus sem o espírito das

Page 6: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

6

bem-aventuranças. Por vocação própria, compete aos leigos procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, em toda e qualquer ocupação e actividade terrena, e nas condições ordinárias da vida familiar e social, com as quais é como que tecida a sua existência. São chamados por Deus para que, aí, exercendo o seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, antes de mais pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da sua fé, esperança e caridade. Portanto, a eles compete especialmente, iluminar e ordenar de tal modo as realidades temporais, a que estão estreitamente ligados, que elas sejam sempre feitas segundo Cristo e progridam e glorifiquem o Criador e Redentor.

Unidade na diversidade

32. A santa Igreja, por instituição divina, é organizada e governada com uma variedade admirável. «Assim como num mesmo corpo temos muitos membros, e nem todos têm a mesma função, assim, sendo muitos, formamos um só corpo em Cristo, sendo membros uns dos outros» (Rom. 12, 4-5).

Um só é, pois, o Povo de Deus: «um só Senhor, uma só fé, um só Batismo (Ef. 4,5); comum é a dignidade dos membros, pela regeneração em Cristo; comum a graça de filhos, comum a vocação à perfeição; uma só salvação, uma só esperança e uma caridade indivisa. Nenhuma desigualdade, portanto, em Cristo e na Igreja, por motivo de raça ou de nação, de condição social ou de sexo, porque «não há judeu nem grego, escravo nem homem livre, homem nem mulher: com efeito, em Cristo Jesus, todos vós sois um» (Gl. 3,28 gr.; cfr. Col. 3,11).

Page 7: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

7

Portanto, ainda que, na Igreja, nem todos sigam pelo mesmo caminho, todos são, contudo, chamados à santidade, e a todos coube a mesma fé pela justiça de Deus (cfr. 2 Ped. 1,1). Ainda que, por vontade de Cristo, alguns são constituídos doutores, dispensadores dos mistérios e pastores em favor dos demais, reina, porém, igualdade entre todos quanto à dignidade e quanto à actuação, comum a todos os fiéis, em favor da edificação do corpo de Cristo. A distinção que o Senhor estabeleceu entre os ministros sagrados e o restante Povo de Deus, contribui para a união, já que os pastores e os demais fiéis estão ligados uns aos outros por uma vinculação comum: os pastores da Igreja, imitando o exemplo do Senhor, prestem serviço uns aos outros e aos fiéis: e estes dêem alegremente a sua colaboração aos pastores e doutores. Deste modo, todos testemunham, na variedade, a admirável unidade do Corpo místico de Cristo: a própria diversidade de graças, ministérios e atividades, consagra em unidade os filhos de Deus, porque «um só e o mesmo é o Espírito que opera todas estas coisas» (1 Cor. 12,11).

Os leigos, portanto, do mesmo modo que, por divina condescendência, têm por irmão a Cristo, o qual, apesar de ser Senhor de todos, não veio para ser servido mas para servir (cfr. Mt. 20,28), de igual modo têm por irmãos aqueles que, uma vez estabelecidos no sagrado ministério, apascentam a família de Deus ensinando, santificando e governando com a autoridade de Cristo, de modo que o mandamento da caridade seja por todos observado. A este respeito diz belissimamente S. Agostinho: «aterra-me o ser para vós, mas consola-me o estar convosco. Sou para vós, como Bispo; estou convosco, como cristão. Nome de ofício, o primeiro; de graça, o segundo; aquele, de risco; este, de salvação»(Sermão 340,1).

Page 8: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

8

O Apostolado dos leigos33. Unidos no Povo de Deus, e constituídos no corpo único de Cristo sob uma só cabeça, os leigos, sejam quais forem, todos são chamados a concorrer como membros vivos, com todas as forças que receberam da bondade do Criador e por graça do Redentor, para o crescimento da Igreja e sua contínua santificação.O apostolado dos leigos é participação na própria missão salvadora da Igreja, e para ele todos são destinados pelo Senhor, por meio do Batismo e da Confirmação. E os sacramentos, sobretudo a sagrada Eucaristia, comunicam e alimentam aquele amor para com Deus e para com os homens, que é a alma de todo o apostolado.Mas os leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e activa naqueles locais e circunstâncias em que só por meio deles ela pode ser o sal da terra (112). Deste modo, todo e qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja, «segundo a medida concedida por Cristo» (Ef 4,7).Além deste apostolado, que diz respeito a todos os fiéis, os leigos podem ainda ser chamados, por diversos modos, a uma colaboração mais imediata no apostolado da Hierarquia 3, à semelhança daqueles homens e mulheres que ajudavam o apóstolo Paulo no Evangelho, trabalhando muito no Senhor (cfr. Fil. 4,3; Rom. 16,3 ss.). Têm ainda a capacidade de ser chamados pela Hierarquia a exercer certos cargos eclesiásticos, com finalidade espiritual.Incumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação atinja cada vez mais os homens de todos os tempos e lugares. Esteja-lhes, pois, amplamente aberto o caminho, a fim de que, segundo as próprias forças e as necessidades dos tempos, também eles participem com ardor na ação salvadora da Igreja.

(continua na próxima edição)

Fonte: http://www.catolicoorante.com.br/docs/vaticanoii/constituicoes/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html (visitada 24/06/2018 às 13:50h).

Page 9: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

9

TEMA VOCACIONAL I

LAICIDADEPe. Valnei Pamponet Oliveira SDV

Um mundo criado por Deus! Assim, com exultação, cremos firmemente. Bem que, deixando-se levar pela i m a g i n a ç ã o , p o d e r í a m o s visualizar o Criador, passo a passo, criando cada ser e momento evolutivo de toda a criação.

Como seria poético olhar o mundo a partir de Gn 1,1-31 e, dando asas à imaginação, visualizar o Todo-Poderoso com ternura e sabedoria criando por amor, e só por amor. Ou ainda, como um cientista convicto que “a passagem do caos do Big Bang para o cosmo que estamos começando a conhecer é a mais espantosa transformação da matéria e energia que tivemos o privilégio de vislumbrar”1, se deixar enriquecer pela fé e, silenciosamente, em seu coração exclamar: obrigado Senhor!Mas, quando pensamos na criação, não pensamos apenas em matéria. Isto seria uma limitação, um fechamento às possibilidades e consequências. Afinal de contas, num mundo em movimento, ainda existem muitas possibilidades. Isso diz respeito especialmente ao nosso mundo humano. Ao criar os homens e as mulheres nesta realidade rica em diversidade de vegetais, minerais e animais, Deus não criou apenas seres vivos, mas sim seres capazes de ação, cuidado e capacidade criativa. De modo especial, ao criar seres sociáveis, Deus criou homens e mulheres capazes de criar um mundo próprio, 1 Carl Sagan. Cosmos. São Paulo, Companhia das Letras, 2017, p. 46.

Page 10: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

10

um mundo humano onde a convivência implica cidadania, produção, lazer, direitos e deveres, arte, etc. Mas não um mundo qualquer e sim um mundo Reino de Deus. Do mesmo modo que do caos Deus fez ordem, do mesmo modo da natureza os homens e as mulheres podem fazer sociedade.Chegando neste ponto (criação no seu sentido mais amplo), podemos então entender que há na Igreja um aspecto que chamamos laicidade. Partindo do princípio de que, como afirma o Vaticano II, “em virtude do próprio fato da criação, todas as coisas possuem consistência, verdade, bondade e leis próprias” (GS 36), concluímos que é necessário ao ser humano não apenas estar no mundo, mas também entender e conviver com e no mundo como ele é. Quando nos referimos ao mundo, estamos mencionando o que material visível (natureza, corpo, objetos, construção...), mas também ao que é invisível (poesia, relações maduras, sabedoria, criatividade, amor, fé...), ao que é possível e real, à relação do ser humano com a natureza, consigo mesmo, com as demais pessoas e com o Criador. Vivendo esta relação ampla, geramos um mundo propriamente nosso, o mundo dos homens e das mulheres graças a Deus. Significativa, neste contexto, é a oração feita pelo sacerdote na missa durante a preparação das oferendas: “Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão (ou vinho) que recebemos de vossa bondade, fruto da terra (ou da videira) e do trabalho humano, que agora vos apresentamos, e para nós se vai tornar pão da vida (ou vinho da salvação)”2

É exatamente por este mundo ser uma realidade criada por Deus e pelos seres humanos, que “toda a comunidade cristã é chamada a um relacionamento fecundo com o saeculum, isto é, com as realidades temporais, as quais possuem leis autônomas que não dependem direta e necessariamente da doutrina e da fé”3. Viver a comunhão com a Trindade, ouvindo o chamado do Pai para realizar seu Plano, construindo seu Reino e nosso com Jesus pelo Espírito Santo. Ó santidade tão fecunda, que nos motiva a viver aqui e agora a eternidade com o Eterno.Mas não podemos, apesar de tudo, nos enganar. Embora olhando

2 Missal Romano. Rito da Missa com povo, n. 19 e 21.3 José Lisboa M. de Oliveira. Nossa resposta ao amor. São Paulo, IPV-Loyola, 2000, p. 62.

Page 11: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

11

maravilhados para o Céu-Mundo, não podemos fechar os olhos para a realidade da Terra. Como nos diz o Papa Francisco, “a humanidade vive, neste momento, uma viragem histórica, que podemos constatar nos progressos que se verificam em vários campos. São louváveis os sucessos que contribuem para o bem-estar das pessoas, por exemplo, no âmbito da saúde, da educação e da comunicação. Todavia, não podemos esquecer que a maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo vive o seu dia a dia precariamente, com funestas consequências. Aumentam algumas doenças. O medo e o desespero apoderam-se do coração de inúmeras pessoas, mesmo nos chamados países ricos. A alegria de viver frequentemente se desvanece; crescem a falta de respeito e a violência, a desigualdade social torna-se cada vez mais patente. É preciso lutar para viver, e muitas vezes viver com pouca dignidade” (EG 52). Sendo assim, o Reino de Deus e nosso ainda é uma realidade em construção, uma semente em desenvolvimento, com a qual é imperativo colaborar.Fica claro para nós que os discípulos e as discípulas de Jesus não são pessoas que fogem do mundo ou vivem nele como alguém alheio a tudo, pensando apenas no futuro de um céu distante. Segundo a Carta a Diogneto, escrita em meados do século II, “os cristãos, de fato, não se distinguem dos outros homens, nem por sua terra, nem por língua ou costumes... vivendo em cidades gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao resto, testemunham um modo de vida social admirável e, sem dúvida, paradoxal”4. Vivemos no mundo como membro deste mundo, mas não de qualquer modo, pois somos vocacionados a sermos “concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef 2,19). Atentos ao Plano de Deus e à realidade em que vivemos, participamos de tudo aquilo que constrói o Reino de Deus e nosso, mas, somos também exortados a não se conformar com este mundo (cf. Rm 12,2), quando este se opõe ao Plano de Deus que implica direito a verdadeira vida para todos.Laicidade é esta pertença participativa de todo cristão e cristã no mundo. É a Igreja no mundo como sal e luz (cf. Mt 5,13-16), e, portanto, diz respeito a todo membro da Igreja, seja clérigo, 4 Carta a Diogneto 5,1-4.

Page 12: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

12

consagrado/a, leigo/a, solteiros e casados, pobres e ricos, homem e mulheres, independente de raça. A laicidade, no sentido que aqui apresentamos, atinge a todos e todas na Igreja.Quando falamos, num sentido mais restrito, de leigos e leigas na Igreja, queremos na verdade salientar que há pessoas chamadas a “animar e sustentar a laicidade... ser o sinal permanente de laicidade... fazer penetrar dentro da Igreja os valores que são essencialmente do mundo... ser porta-vozes das exigências de autonomia e de liberdade que o mundo criado por Deus faz aos que acreditam em Jesus Cristo”5, ou, como diz o Vaticano II, “aos leigos compete, por vocação própria, buscar o reino de Deus, ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus” (LG 31).Muitas outras coisas poderíamos ainda falar sobre o aspecto da laicidade na Igreja, mas devido ao nosso limitado espaço, acreditamos ter dito o suficiente para motivar uma reflexão pessoal e a busca por maiores informações nos Documentos da Igreja e nos diversos autores e educadores que se dedicam a esta temática.Que Nossa Senhora das Divinas Vocações, mulher que viveu inserida em sua realidade de mundo e continua nos acompanhando nesta realidade mundana, interceda por nós em nosso caminho.

5 José Lisboa M. de Oliveira. Nossa resposta ao amor. São Paulo, IPV-Loyola, 2000, p. 64.

Page 13: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

13

TEMA VOCACIONAL II

VOCAÇÃO LAICAL

Pe. Alessandro Mendonça Nonato, SDV

Depois do terceiro Congresso Vocacional, realizado no Brasil, o Serviço de Animação Vocacional fez uma melhor redefinição das Vocações Especificas na Igreja. Antes, compreendia-se da seguinte maneira: Vocação à Vida Consagrada, Vocação aos Ministérios Ordenados, Vocação Laical, Vocação Missionária e Vocação Matrimonial. Hoje, a Igreja define as vocações especificas da seguinte forma: Vocação à Vida Consagrada, Vocação aos Ministérios Ordenados e Vocação Laical. O que antes era compreendida como vocações específicas, perceba-se o seguinte: a missão é uma dimensão do batismo. Todo batizado, sem exceção, é um missionário, um legitimo anunciador do Reino de Deus. A dimensão missionária do batismo perpassa as três vocações específicas na Igreja. Já o que antes se compreendia como Vocação Matrimonial, hoje se entende que a Vida Matrimonial é um jeito dentre outros, de viver a Vocação Laical na Igreja e sociedade.

Com esse breve e importante esclarecimento, podemos compreender melhor a importância da missão do leigo na Igreja e na sociedade. A vocação laical ocupa um lugar central na Igreja, pois a define para o mundo. Outras vocações não têm essa centralidade. O leigo tem carisma e função para libertar a secularidade do mundo mediante o anúncio de Jesus Cristo, de modo a fazer com que o mundo tenha autonomia. Ele tem a missão de fazer com que o mundo entre em comunhão com o mistério que a Igreja representa.

A vocação laical tem sua origem nos sacramentos do Batismo e da Crisma. O cristão leigo tem o papel de libertar o mundo da secularidade,

Page 14: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

14

dos falsos ídolos e de todas as prisões que oprimem e destroem a pessoa humana. Vivendo no mundo como solteiro ou casado os leigos são fermento na massa (Mt. 13, 33), sal e luz do mundo (Mt. 5, 13 – 14). Na vocação laical temos o estado de vida matrimonial, chamados a ser pai, a ser mãe, a gerar vida, a constituir família. A família é chamada a constituir a Igreja doméstica, com a missão de educar para uma

autêntica vida cristã. É daí que surgem os carismas para a catequese, a missão, os ministérios leigos entre outros. É na família que é possível expressar as mais variadas formas de amor. A família é um celeiro de vocações.

Dentro do trabalho de evangelização que a Igreja realiza em prol do Reino de Deus, o leigo é convidado, é chamado para dar a sua contribuição como catequista no ministério da Palavra, da Eucaristia e também em outros ministérios dentro da Igreja como: cantor, leitor, animador, acólito, e inúmeras outras atividades. Todo cristão, quando assume realmente a sua vocação, sua missão, abraça o ministério, reconhece-o como tal. Ele é convidado a ser um propagador, um continuador daquilo que vive dentro da Igreja, no seu local de trabalho, na sua família, no seu local de estudo, lazer e descanso.

Page 15: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

15

A Constituição dogmática Lumen gentium, do Concílio Vaticano II, n. 31, diz: “Aos leigos compete, por vocação própria, buscar o Reino de Deus ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, no meio de todas e cada uma das atividades e profissões, e nas circunstâncias ordinárias da vida familiar e social, as quais como que tecem a sua existência. Aí os chama Deus a contribuírem, do interior, à maneira de fermento, para a santificação do mundo, através de sua própria função. A eles, portanto, compete muito especialmente esclarecer e ordenar todas as coisas temporais, com as quais estão intimamente comprometidos, de tal maneira que sempre se realizem segundo o espírito de Cristo, se desenvolvam e louvem o Criador e o Redentor”.

O documento Apostolicam Actuositatem considera a “índole secular

Page 16: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

16

a “forma singular de evangelização” dos leigos, que deve “iluminar todas as coisas temporais”. Segundo o mesmo documento, a vocação laical consiste em “viver no meio do mundo e nos negócios seculares como fermento no meio da massa” (AA 2). João Paulo II esclarece, por seu lado, que a “evangelização do politico, do econômico, do familiar, não sendo um exclusivo dos leigos, lhes pertence como modo próprio” (ChL 43). E na Carta a Diogneto, dos primeiros séculos afirmava-se já que os cristãos devem ser para o mundo “o que a alma é para o corpo” (LG 38). O Vaticano II reconhece que os cristãos leigos, em virtude do batismo e da confirmação, gozam do múnus profético, para o anúncio do Evangelho, através da catequese, do testemunho e da palavra na vida quotidiana, familiar e social (LG 11,35; AA 6,10,24).

Com essas importantes afirmações, dadas pela própria Igreja a respeito da Vocação Laical, chegamos a conclusão que os leigos devem participar das atividades internas da Igreja nos vários ministérios e serviços, conselhos paroquiais, diocesanos e tantas outras formas da vida eclesial. Mas que a tarefa essencial do leigo é testemunhar Cristo na sociedade. Claro que, como já disse, na ação interna da Igreja. Isso também faz parte da sua vocação e missão, mas sua presença deve ser na sociedade de diferentes formas, como por exemplo, por meio da vida profissional, familiar ou política nos seus diferentes aspectos, associações e sindicatos. É nessa realidade que são chamados a fazer com que os valores do Evangelho se tornem presentes. Numa sociedade individualista e consumista, que se opõe aos valores do Evangelho, o leigo é chamado a ser sinal dos valores cristãos.

O engajamento na política é uma área em que os cristãos leigos devem atuar, seja no executivo, legislativo, judiciário ou em instâncias

Page 17: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

17

menores como conselhos municipais e associações de moradores. Nas várias instâncias de decisões, os cristãos também devem se candidatar para poder ajudar e contribuir na transformação da sociedade. Se tanto desejamos políticos honestos e verdadeiramente comprometidos com o bem-comum, essa é uma realidade em que os leigos não devem estar fora. Seria omissão por parte dos mesmos não assumir com responsabilidade a dimensão política da vocação.

Por fim, na sua experiência já amadurecida, o leigo quer ser Igreja como o Concílio Vaticano II desejou: uma Igreja toda ministerial a serviço do Reino de Deus. A formação do discípulo missionário começa dentro das comunidades pela experiência de um encontro feliz e alegre com a pessoa de Jesus, sua vida e seu destino. Como Jesus convocou discípulos e discípulas para estarem com ele, do mesmo modo ele convoca também hoje discípulos e discípulas para estarem com Ele e d’Ele aprenderem o amor ao Pai, a fidelidade ao Espírito e o compromisso para a transformação do mundo em um mundo de irmãos e irmãs. Por sua capacidade de cuidar da formação da própria comunidade e de olhar com compaixão a realidade, as comunidades podem e devem ser cada vez mais escolas que ajudam “a formar cristãos comprometidos com sua fé; discípulos e missionários do Senhor, como o testemunha e a entrega generosa, até derramar o sangue, de muitos de seus membros” (DAp 178).

Page 18: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

18

TESTEMUNHO VOCACIONALSÃO DOMINGOS SÁVIO

Pe. Luís Jonas Carneiro de Oliveira, SDV

Vamos nos extasiar com o suave perfume dum jovem de quinze anos, proposto pela Igreja como exemplo para nossa juventude, São Domingos Sávio, o qual nos oferece um modelo de vida simples e acessível a todos: colaborar com a graça de Deus, cumprir com alegria os deveres do próprio estado e dedicar-se com amor aos outros. Nasceu perto de Turim, em Riva, na Itália, aos 2 de abril de 1842. Era filho de pais muito pobres, um ferreiro e uma costureira,

cristãos muito devotos. Ao fazer a Primeira Comunhão, aos sete anos, jurou para si mesmo o que seria seu programa de vida: “Antes morrer que pecar”. Terminada a quarta série em sua aldeia, foi inscrito no Oratório de Dom Bosco, em Turim, para terminar o primeiro grau.O grande apóstolo da juventude no século passado, São João Bosco, tinha, havia pouco, iniciado uma maravilhosa obra de recolher os jovens, orientá-los nos estudos e na profissão, fundamentados numa

Page 19: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

19

sadia educação cristã. Para isso tinha aberto, entre dificuldades e oposições, nos arredores de Turim, numa localidade chamada Valdocco, uma casa com o nome de “Oratório”, que compreendia escola do primeiro grau, orientação profissional, esportes e recreação, a fim de que os jovens encontrassem educação integral e fossem afastados do caminho do vício.Domingos Sávio foi um dos primeiros alunos. Colocou-se sob a direção do grande formador, Dom Bosco, assimilando, com passos de gigante, a espiritualidade salesiana. Nada de extraordinário se manifestou em sua vida. Notou-se, porém, nele observância exata e fiel do regulamento do colégio; constante aplicação nos estudos; fraterna amabilidade e com os colegas a quem, com delicadeza, sabia dar conselhos a fim de exortá-los à piedade e à virtude; amor intensíssimo à Eucaristia. Mas Domingos Sávio tinha um sentimento: não conseguiria tornar-se sacerdote. Estava tão certo disso que, quando caiu doente, despediu-se definitivamente de seus colegas, prometendo encontrá-los quando estivessem todos na eternidade, ao lado de Deus. Ficou de cama e, após uma das muitas visitas do médico, pediu ao pai para rezar com ele, pois não teria tempo para falar com o pároco. Terminada a oração, disse estar tendo uma linda visão e morreu, era dia 9 de março de 1857.Vale recordar que Domingos Sávio tinha dois sonhos na vida: tornar-se padre e alcançar a santidade. O primeiro não conseguiu porque a terrível doença o levou antes; mas o sonho maior, sim, com uma vida exemplar. Curta, por ter morrido tão cedo, mas perfeita e inspiradora para todos, especialmente para os adolescentes e jovens. Foi canonizado por Pio XII em 1957. Nesta solenidade o próprio papa o definiu como “pequeno, porém um gigante de alma”. Suas relíquias são veneradas na Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, em Turim, na Itália, não muito distantes de seu professor e biógrafo São João Bosco.

Page 20: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

20

CELEBRAÇÃO VOCACIONAL

CELEBRAÇÃO VOCACIONAL LAICALCarlos Ribeiro Silva

Organizar o ambiente com símbolos vocacionais (fotos relativas a ação dos leigos/as, imagens de algum santos leigos, velas, Bíblia aberta no centro). Aconselha-se um fundo musical de inicio com algum mantra (Ó luz do Senhor, Silêncio, etc).Animador: Deus chama a todos, porém os que ouvem o chamado dão uma resposta concreta. Foi assim com o Pai da Fé, o Patriarca Abraão e a Matriarca da fé Sara, que de pronto deixam sua “terra” e partem para a Missão que Adonai lhe imputa (GN 12, 1), depois de passarem pelo Egito eles se instalam em Carvalho de Mambré (GN

Page 21: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

21

13, 18). Como estes Ele nos chama a uma Missão especifica, mesmo não sabendo o que iriam encontrar pelos caminhos, se poucas ou muitas dificuldades; mas se propuseram a serem guiados por Deus. Tornando-se referência para todos os outros chamados bíblicos e no chamamento a santidade através da fidelidade a palavra e os preceitos do Senhor até os dias atuais. Oração Inicial – Ano do Laicato (CNBB);Leitor 1: Nossa Missão como vocacionadas e vocacionados do Senhor é viver com serenidade e alegria o nosso primeiro chamado a vida, Caminhando nos passos do Mestre Jesus, lendo e relendo o Evangelho que é sinal, farol e seta para a nossa vida, elevando cada vez mais o caminho para o Reino de Deus que o Rabi veio nos mostrar como dar passos até lá; e somos também chamados a sermos santas e santos.Leitor 2: Na Exortação Apostólica GAUDETE ET EXSUTATE, Sobre a chamada à santidade no mundo atual o Papa Francisco nos diz “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e nas mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas as vezes a santidade “ao pé da porta”, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras “classe média da santidade”.Leitor 3: Ele continua na EXORTAÇÃO APOSTÓLICA: 14 “Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, ou religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que tem possibilidade de se afastar

Page 22: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

22

das ocupações comuns, para dedicar muito tempo a oração. Não é assim todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia...”Cantos Motivacionais “O Sal da Terra” (Padre Zezinho SCJ; Hino do Ano do Laicato)Fazer um Pequeno momento de silêncio, alguns minutos, para degustarmos a letra desta belíssima canção;

Page 23: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

23

Versículos Bíblicos - Mt 13-14Animador: Momento para Lectio Divina cada um com a sua Bíblia, pode fazer um momento de deserto e usando estes versículos Bíblicos citados ou outros, usando alguns minutos e no silêncio do seu coração questionar-se: como eu na vocação que abracei, estou ouvindo as indagações que Deus me faz a todos os momentos e o que estou construindo no mundo a caminho da santidade? Também com o texto bíblico citado, pode-se fazer perguntas vocacionais e distribuir entre os participantes, deixando livres se estes irão responderem em público ou para o seu intimo;Leitor 1: Documento 105 da CNBB nos reforça o papel do Leigo. O Vaticano II nos diz que “... a vocação própria do leigo é administrar e ordenar as coisas temporais, em busca do Reino de Deus. Vivem, pois, no mundo, isto é, em todas as profissões e trabalhos, nas condições comuns da vida familiar e social, que constituem a trama da existência. São aí chamados por Deus, como leigos, a viver segundo o espírito do Evangelho, como fermento de santificação no seio do mundo, brilhando em sua própria vida pelo testemunho de fé, da esperança e do amor, de maneira a manifestar Cristo em todos os homens...” Animador: Exame de consciência Vocacional: Reconhecendo que somos chamados por Deus a uma vocação especifica como Abraão e Sarai, reforcemos com alegria e vigor o chamado que o Senhor nos chama a sermos sal e luz do mundo.Finalizando com Cantos de Louvação ao Senhor.(Sugestões: A alegria esta no coração, Celebrai a Cristo, etc.)

Page 24: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

24

ATIVIDADE VOCACIONAL

TORNEIO VOCACIONALEric Rocha Silva e Danilo Soares Rocha

Olá querido leitor, é com alegria que mais uma vez nos dirigimos a vocês para sugerir uma proposta de evento vocacional. Desta queremos aproveitar do clima de copa do mundo e sugerir um torneio vocacional. Entendemos que o Senhor chama cada ser humano de forma audível, no contexto de vida e sociedade em que o mesmo se encontra. Por isso que ao sugerirmos o torneiro vocacional, desejamos tocar ao coração dos nossos jovens de maneira dinâmica e sintonizada com a realidade que estamos contemplando. Contudo, é importante salientar, que nossa intenção de trazer mais uma proposta é trabalho vocacional se fundamenta na mensagem do nosso Mestre Jesus, que no evangelho de Marcos nos diz: “Ide por todo o

Page 25: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

25

mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Também o Beato Justino, fundador da congregação Vocacionista, quando se referia o trabalho vocacional. Sempre recordava a todos que ajudar as vocações é a maior obra de Amor. E mais ainda o mesmo Justino que nos mostra por meio dos seus escritos que devemos seguir fielmente a Mensagem de Jesus que convoca a todos para o serviço. Por isso que Justino deixa claro que: “Qualquer tempo, trabalho, companhia, evento, associação é propícia para a santificação pessoal e para o apostolado”. Por isso, que o nosso torneio vocacional, só surtirá um bom resultado se tivermos em mente a nossa missão de anunciadores do amor de Deus. Não poderemos jamais deixar de enfocar que o nosso torneiro tem por pretensão despertar nos jovens o desejo de seguir a Deus. Portanto, sem mais delongas, trazemos a seguir, em breve passos e de forma bem prática, mais este evento que te ajudará a fazem um bom trabalho vocacional em sua comunidade paroquial.Objetivo:Conscientizar os participantes sobre as dimensões específicas das vocações por meio de uma atividade recreativa, buscando a interação, não somente das paróquias assistidas pelos vocacionistas, mas por todas que se interessarem. Faz-se necessário lembrar que embora seja uma atividade competitiva, o objetivo principal é catequizar os participantes a cerca do chamado que Deus faz a cada um, que deve ser colocada a serviço. Elaboração:

• O torneio deve ter uma quantidade de 3 equipes inicialmente, sendo elas constituídas por no mínimo 10 pessoas.

• Cada equipe que se deseja envolver, deve nomear um líder para

Page 26: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

26

participação das possíveis reuniões, para a distribuição dos itens com determinada antecedência.

• Cada dimensão da vocação será distribuída em forma de sorteio entre as equipes participantes.

• Cada equipe terá um tempo determinado nos intervalos dos jogos para a apresentação da dimensão a ela confiado.

• O tipo de apresentação fica livre a criatividade de cada equipe.• Sugere-se que haja premiação para todas as equipes participantes.

Orientamos que haja equipes (de cozinha, de arrumação, de apoio...) para melhor organização do evento. Ressaltamos, ainda, que a oração se faça necessário durante o acontecimento, e ainda que o animador deixe claro a intenção principal que é a socialização, o lazer, o intercâmbio das paróquias e acima de tudo a intimidade com Deus.

Page 27: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

27

PALAVRA DO PE. JUSTINO

CARTA À SAGRADA CONGREGAÇÃO DOS SEMINÁRIOSPe. Justino Russolillo

Opere XVIII 45-47Tradução: Pe. Severino Martino

(continuação)13. Pelo menos neste ponto, parece que os Vocacionários se aproximam muito da ideia de seminário dada pelo sagrado Concílio Tridentino acerca da gratuidade da manutenção daqueles que são destinados, não ao útil material das respectivas famílias segundo a carne, mas ao serviço espiritual das grandes famílias da santa Igreja, que são as dioceses. Com a diferença que na falta de recursos eclesiásticos suficientes à manutenção dos alunos do santuário,

Page 28: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

28

os Vocacionistas recorrem à beneficência do povo, organizada na Congregação das Irmãs, e chamadas, porém, somente para suprir a quantos falta o recurso do trabalho e obras pessoais e outras fontes do Vocacionário, as quais direcionam a este centro do Vocacionário todo o seu ministério, espiritualmente e materialmente.14. Talvez não seja audácia e presunção afirmar que quanto à intensidade de vida espiritual e força de regime, o Vocacionário se assemelha aos mais rigorosos noviciados religiosos; como afinal é o que deve ser o noviciado do sacerdócio. Ora, este teor de vida tem pelo menos um duplo efeito muito saudável: primeiro o de formar o jovem a uma alta e intensa piedade seráfica e apostólica; segundo, o de ser, por si mesmo, uma provação (enquanto) as vontades fracas, os temperamentos frouxos, as vocações dúbias, não suportam a vida do Vocacionário, e quem depois de poucas semanas, e quem depois de alguns semestres abandona o pio lugar e retorna ao mundo. Mas aqueles que permanecem dão toda a garantia de se tornarem bons sacerdotes, e aqueles que saem receberam ao menos um pouco de boa educação cristã.15. Mas se a Congregação dos Vocacionistas se prepara para prestar algum bom serviço aos Ex.mos Ordinários, isto se entende somente no sentido de que poderá oferecer, entre outros ministérios, um pouco de pessoal guarda, professor, educador para os veneráveis seminários diocesanos, nunca no sentido de que essa pretenda, nem de longe, que os Vocacionários substituam os seminários.16. Já faz doze anos que o Vocacionário funciona e algum fruto já produziu. Os vinte sacerdotes Vocacionistas, uma centena de professos da mesma Congregação e uns cinquenta noviços, etc. são todos, geralmente, com poucas exceções, fruto dos Vocacionários;

Page 29: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

29

pois sem nossa ação direta, adveio que espontaneamente muitos jovens se dirigiram a nós. Mas ainda muitos e em grande número estão nas várias famílias religiosas e nos seminários. Um bom número desistiu e foi embora. Quatro sacerdotes seculares foram também eles, em grande parte, fruto do Vocacionário; vários outros estão próximos do sacerdócio, nos cursos filosóficos e teológicos nos seminários maiores.17. Enquanto se tratava de manter os jovens no curso secundário existente também nos pequenos seminários, bastava para o passado a autorização dos Ex.mos Ordinários das dioceses nas quais tinha sede o Vocacionário. Mas tendo agora, cada ano sempre maior, um número de jovens aspirantes ao clero secular, os quais tendo conseguido nos Regionais a admissão no liceu filosófico e devendo frequentar os cursos até às sagradas ordenações, se apresenta uma dupla solução: ou a Sociedade Vocacionista deveria mantê-los por sua conta nos Regionais, ou mantê-los nas próprias casas próximas aos regionais e enviá-los a frequentar os cursos filosóficos e teológicos nos mesmos Regionais, ou outros seminários devidamente autorizados ou mesmo nas universidades romanas.18. Porque terminado o curso secundário com a admissão ao liceu filosófico conseguida nos Regionais, a direção do Vocacionário informa aos respectivos ordinários destes jovens que aspiram ao clero secular. Se por ventura a esta altura as famílias tivessem alcançado uma melhoria nas finanças, então elas devem manter às próprias despesas, como é seu dever, o filho no seminário, ou se o Ex.mo Ordinário tivesse como subsidiá-lo e o quisesse fazer, então cessa toda nossa influência sobre o jovem. Mas se a família não o pudesse, e se o Ordinário quisesse ainda gozar do serviço da Congregação

Page 30: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

30

Vocacionista, esta se encontra de frente com a questão mencionada, acerca dos cursos filosóficos e teológicos no Vocacionário.19. Colocá-los nos seminários regionais e mantê-los às custas da Congregação, me parece excessivamente pesado e constrangedor. Pesado para os Vocacionistas, constrangedor para os superiores dos seminários. É-nos pesado recolher dinheiro suficiente para tal, pois geralmente o bom povo nos ajuda de tantas maneiras, e com gêneros e não sempre com o dinheiro, por isto enquanto é para nós é relativamente fácil manter os jovens em nossas casas, nos é deveras pesado mantê-los em casa dos outros. Nada pouco constrangedor, pois para os superiores dos seminários no caso de falta de pagamento da nossa parte, e sobre este ponto não são necessárias ulteriores explicações. Por ora temos um débito assaz grande para com o seminário da Campanha, contraído por motivos semelhantes e que sentimos ainda como um pesadelo paralisante.20. Por isto está sendo pedida a esta Sagrada Congregação dos Seminários a autorização para mantermos estes jovens aspirantes ao clero secular e que devem frequentar os cursos filosóficos e teológicos, mantê-los, digo, nos Vocacionários mais próximos dos seminários regionais, de modo que para as aulas sejam juntados aos demais seminaristas; para o restante vivam confiados aos Vocacionistas, sob a vigilância dos Ordinários, ou do reitor do seminário, ou de quem quer que se queira, quando se julgar não suficiente aquela do Diretor Geral dos Vocacionários. Cada um destes jovens teria, caso precisasse, a autorização escrita do Ordinário ou da própria Sagrada Congregação para permanecer assim nos Vocacionários, a fim de que não surjam problemas para as sagradas ordenações.21. Por fim se gostaria por demais conhecer o pensamento desta

Page 31: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação

31

Sagrada Congregação sobre uma casa Vocacionista em Roma, sobretudo para levar a frequentar os cursos filosóficos e teológicos nas sagradas universidades romanas os nossos jovens estudantes e para o biênio de aperfeiçoamento previsto nas nossas Constituições, para os muitos já sacerdotes.Com os sentidos da incondicionada submissão, prostrado ao beijo da sagrada púrpura.Humildemente em Cristo servo e filho

Sac. Giustino Russolillo

Page 32: Nesta Edição - Vocacionistasvocacionistas.org.br/portal/revista/revista3.pdfIncumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação