15
 Soc. & Nat., Uberlândia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014 271 A importância dos geossistemas na pesquisa geográfca: uma análise a partir da correlação com o ecossistema Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Frer es Stipp A IMPORTÂNCIA DOS GEOSSISTEMAS NA PESQUISA GEOGRÁFICA: UMA ANÁLISE A PAR- TIR DA CORRELAÇÃO COM O ECOSSISTEMA The importance of geosystems to geographical research: an analysis based on the correlation between ecosystem and geosystem Carlos Eduardo das Neves Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil [email protected] Gilnei Machado Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil [email protected] Carlos Alberto Hirata Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil [email protected]  Nilza Aparecida Freres Stipp Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil [email protected] Artigo recebido em 03/09/2013 e aceito para publicação em 03/12/2013. RESUMO: É fato a relevância da análise sistêmica na pesquisa geográca, levando em consideração a necessidade do entendimento das relações e dinâmica entre a sociedade e a natureza. Nesta perspectiva, o presente trabalho constrói um debate entre os conceitos de ecossistema e geossistema, objetivando apresentar a entidade geossistêmica como conceito ímpar para a análise da dinâmica ambiental no âmbito geográ- co. O tema subsidiou a ciência geográca no entendimento da estrutura, padrão e funcionamento das interações socioambientais, possibilitando trabalhar interdisciplinarmente, extraindo do meio ambiente diagnóstico e prognóstico sobre as suas fragilidades e potencialidades em distintas escalas temporo- -espaciais de análise e de complexidade. Palavras-chave: Ecossistema; Geossistema; Teoria Geral dos Sistemas. ABSTRACT: It is of major signicance for geographical research a systemic analysis regarding the need to understand relationships and dynamics between society and nature. From this perspective, this paper makes a dis- cussion on concepts of ecosystem and geosystem, aiming to present the geosystemic entity as a unique concept for the analysis of environmental dynamics in the geographical scope. This topic supported geographical science in understanding the structure, standard and operation of socio-environmental interactions, promoting interdisciplinary work, and extracting from the environment diagnosis and  prognosis about geosystemic weaknesses and strengths in different temporal-spatial scales of analysis and complexity.  Keywords: Ecosystem; Geosystem; General System Theory. DOI: http://dx.doi.or g/10.1590/1 982-451320140206

NEVES Et Al. - A Importância Dos Geossistemas Na Pesquisa Geográfica_uma Análise a Partir Da Correlação Com o Ecossistema

Embed Size (px)

DESCRIPTION

geossistema

Citation preview

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    271

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    A IMPORTNCIA DOS GEOSSISTEMAS NA PESQUISA GEOGRFICA: UMA ANLISE A PAR-TIR DA CORRELAO COM O ECOSSISTEMA

    The importance of geosystems to geographical research: an analysis based on the correlation between ecosystem and geosystem

    Carlos Eduardo das NevesUniversidade Estadual de Londrina, Londrina, Paran, Brasil

    [email protected]

    Gilnei MachadoUniversidade Estadual de Londrina, Londrina, Paran, Brasil

    [email protected]

    Carlos Alberto HirataUniversidade Estadual de Londrina, Londrina, Paran, Brasil

    [email protected]

    Nilza Aparecida Freres StippUniversidade Estadual de Londrina, Londrina, Paran, Brasil

    [email protected]

    Artigo recebido em 03/09/2013 e aceito para publicao em 03/12/2013.

    RESUMO: fato a relevncia da anlise sistmica na pesquisa geogrfica, levando em considerao a necessidade do entendimento das relaes e dinmica entre a sociedade e a natureza. Nesta perspectiva, o presente

    trabalho constri um debate entre os conceitos de ecossistema e geossistema, objetivando apresentar a

    entidade geossistmica como conceito mpar para a anlise da dinmica ambiental no mbito geogr-

    fico. O tema subsidiou a cincia geogrfica no entendimento da estrutura, padro e funcionamento das

    interaes socioambientais, possibilitando trabalhar interdisciplinarmente, extraindo do meio ambiente

    diagnstico e prognstico sobre as suas fragilidades e potencialidades em distintas escalas temporo-

    -espaciais de anlise e de complexidade.

    Palavras-chave: Ecossistema; Geossistema; Teoria Geral dos Sistemas.

    ABSTRACT: It is of major significance for geographical research a systemic analysis regarding the need to understand relationships and dynamics between society and nature. From this perspective, this paper makes a dis-

    cussion on concepts of ecosystem and geosystem, aiming to present the geosystemic entity as a unique

    concept for the analysis of environmental dynamics in the geographical scope. This topic supported

    geographical science in understanding the structure, standard and operation of socio-environmental

    interactions, promoting interdisciplinary work, and extracting from the environment diagnosis and

    prognosis about geosystemic weaknesses and strengths in different temporal-spatial scales of analysis

    and complexity.

    Keywords: Ecosystem; Geosystem; General System Theory.

    DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-451320140206

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    272

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    INTRODUO

    Atualmente, a sociedade encontra-se em um momento crtico, especialmente devido s mazelas so-cioambientais geradas atravs da relao contraditria entre a sociedade (capitalista) e a natureza (dominada), no que diz respeito ao uso inadequado dos recursos dos sistemas ambientais. Visando corrigir esta insusten-tabilidade, h a necessidade da implantao de bases tericas, conceituais e metodolgicas que entendam os sistemas ambientais de maneira complexa e integrada, apreendendo o conhecimento atravs de novos olhares para a realidade, em virtude das amarras da diviso em reas de conhecimento e, na Geografia, a dicotomia entre o fsico e o humano.

    Sob esse vis, durante o sculo XX firmou-se a perspectiva da diviso das subreas do conhecimento cientfico. Entretanto, alguns gegrafos visaram consti-tuir conhecimentos mais integrados a respeito da natu-reza, tomando como referncia a abordagem sistmica. Apesar da expanso da anlise sistmica, aps 1920 e sobretudo em 1950, a anlise totalizadora das interaes da natureza com a sociedade data, na Geografia, do final do sculo XVIII e incio do sculo XIX, com os trabalhos de Kant, Humboldt e Ritter (RODRIGUEZ; SILVA, 2002; PASSOS, 2003; VICENTE; PEREZ FILHO, 2003; RODRIGUEZ; SILVA, 2013).

    Neste intuito, objetiva-se, com este artigo, apresentar a entidade geossistmica como conceito mpar para a anlise da dinmica ambiental no m-bito geogrfico para que, assim, se possa auxiliar no debate integrativo entre processos naturais e sociais, uma vez que este, junto ao conceito de ecossistema, comumente aplicado ao discurso e prtica geogrfica no que tange a anlise ambiental.

    Com vistas a reiterar este escopo, efetua-se primeiramente um debate sobre a conceituao de sistemas, com destaque na Teoria Geral dos Sistemas (TGS), acerca dos seus pressupostos bsicos e suas pers-pectivas. Posteriormente, explana-se sobre o conceito de ecossistema enquanto princpio de estudo da vida e da natureza. Posteriormente aborda-se sobre a conceituao de geossistema, enquanto entidade do estudo da paisa-gem. Visando aproximar e distinguir estes dois conceitos (ecossistema e geossistema), apresenta-se um breve esboo tipolgico de uso dessas entidades na pesquisa geogrfica, com nfase no conceito de geossistema.

    SISTEMAS E A RELEVNCIA DA TEORIA GERAL DOS SISTEMAS

    O paradigma newtoniano est reduzido a uma mecnica simples. Apesar de seu grande auxlio ao de-senvolvimento da sociedade e da cincia moderna, ele no possui ferramentas necessrias para compreender todos os conflitos socioambientais da atualidade, visto que apresenta forte causalidade, levando a uma menta-lidade determinista dos recursos e do prprio homem.

    Como uma forma diferente de compreender o mundo, at ento cartesiana, avistam-se novos olhares sobre o mundo e como a sociedade se relaciona com ele. Prope-se com isso, o desenvolvimento da abor-dagem e mtodo sistmicos. Sua conceituao, apesar do fcil entendimento, se mostra de difcil aplicao, ao passo que se destaca basicamente por ser a relao entre o plano completo (o todo) e entre um conjunto de procedimentos que se relacionam e objetivam uma dada organizao, ou at mesmo a organizao das funes que se encontram em sequncia e interdepen-dentes de acordo com sua finalidade.

    Embora o termo sistema propriamente dito no tivesse sido realado, a histria desse conceito evidencia importantes nomes: Gottfried Leibniz (1646-1716), que expunha a viso sistmica sob a designao de Filosofia Natural; Cusa (1404-1461) e Hermann Hesse (1877-1922), que entendiam o funcionamento do mundo a partir de um jogo abstrato construdo junto viso sistmica (BERTALANFFY, 1968; DRACK et al. 2007; DRACK, 2009). A anlise sistmica, portanto, nasce da ligao e inter-relao dos elementos e um objetivo comum, que entender e explicar a totalidade.

    As principais conceituaes de sistema desta-cadas na literatura frisam que ele um sistema como o conjunto dos elementos e das relaes entre eles e entre os seus atributos, sendo esta uma definio mui-to ampla (HALL; FAGEN, 1956, p. 18). Ressalta-se, nesta mesma perspectiva, a conceituao de sistema enquanto um conjunto de unidades com relao entre si, onde essas unidades possuem propriedades comuns (MILLER, 1965). Cita-se tambm que sistema o conjunto de objetos ou atributos e das relaes que se encontram organizados para executar uma funo perpendicular (THORNES; BRUNSDEN, 1977 apud CHRISTOFOLETTI, 1979, p. 7).

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    273

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    Essas noes de sistema se mostram abrangen-tes, fato que contribui para o recebimento de crticas ao nvel paradigmtico, pois caracterizam somente o seu funcionamento e relacionamento entre elementos e unidades. Por isso, a importncia da Teoria Geral dos Sistemas, devido sua nfase na complexidade e na hierarquizao dos sistemas.

    Por meio da necessidade de entender a dinmica que envolve os fluxos de matria e energia da natureza, bem como sua conservao e dissipao, no respondida pelo vis cartesiano-newtoniano, nasce, aps 1930, a General System Theory ou Teoria Geral dos Sistemas (TGS) do bilogo austraco Ludwig Von Bertalanffy. Essa teoria foi criada atravs do amadurecimento terico do autor que, em conjunto com Paul Alfred Weiss (1898 - 1989), consolidou a questo sistmica na Biologia (DRACK et al. 2007; DRACK, 2009).

    Sob a perspectiva da TGS, um conjunto sis-tmico se organiza com base nas inter-relaes entre unidades, onde o todo mais complexo que a soma das partes. Portanto, os sistemas possuem atributos, elementos ou unidades, entradas e sadas de matria e energia, fluxo e informao. Assim, ao conhecer e compreender as leis que fundamentam o sistema, conhece-se tambm seu comportamento, tanto das suas subunidades quanto do seu todo.

    A esse respeito, destaca-se que a TGS forneceu sumo auxlio na formao de concepes mais completas e complexas de sistema. Nesse escopo, tem-se hoje con-cordncia na pesquisa geogrfica ao citar o que seriam sistemas. Esses sistemas possuem carter energtico--substancial de componentes inter-relacionados em liga-es mltiplas (diretas e inversas), em unidades formadas por objetos, onde so destacadas trs formas de mudana a dinmica da operao, evoluo e transformao. Cabe tambm citar que os sistemas s fazem sentido a partir de trs conceitos, que so o todo, as partes e a inter-relao, onde h a necessidade de formar o sistema ambiental, de maneira integrada. Entretanto, as partes devem ser entendidas, em sua estrutura e funcionamento (MATTOS; PEREZ FILHO, 2004).

    ECOSSISTEMA: UM MODELO DE COMPRE-ENSO DA VIDA E DA NATUREZA

    difcil compreender a existncia da vida e o funcionamento da natureza devido sua amplitude

    e complexidade. Alguns campos do conhecimento optaram por uma busca especializada, fragmenta-da, divergente de um eixo comum de anlise, para sua explicao. Outros campos, como a Ecologia, buscaram um modelo analtico que demonstrasse a compreenso da vida e da natureza, sob um olhar integrador, a partir de uma perspectiva sobre o todo. Assim, a Ecologia se destaca como um ramo da cincia que trata das inter-relaes entre as coisas vivas e seu ambiente fsico, juntamente com todos os outros organismos, que vivem nesse ambiente (PHILLIPSON 1977, p. 17).

    Neste vis, as anlises dos fluxos energti-cos da vida passaram a ser um dos objetos estudados pela a Ecologia, considerando as bases conceituais de energia, atendo-se Primeira e Segunda Lei da Termodinmica, leis que governam as trocas de energia. Cada um desses fatores influenciou as propriedades do outro e cada um necessrio para a manuteno da vida na Terra como se conhece (SCHNEIDER; KAY, 1997).

    Assim, a Ecologia vem se tornando uma dis-ciplina integradora, que busca a unio das cincias naturais e sociais, uma vez que, apesar de sua base estar centrada na cincia biolgica, ela transps esta cincia. Por meio do conceito de ecossistema, a Eco-logia e a TGS se encaixaram em uma metodologia que permitiu a integrao conceitual com a instrumentao aplicada, objetivando detalhar o fluxo energtico e a maneira pela qual a energia distribuda em seu ambiente (KAY, et. al. 1989). A esse respeito, Odum (1957) realiza a avaliao energtica da cadeia trfica do curso dgua chamado Silver Springs, tornando--se uma referncia para o estudo dos fluxos de energia e materiais nos ecossistemas.

    O conceito de ecossistema foi proposto em 1935 pelo ecologista britnico Arthur George Tansley como sendo uma unidade funcional bsica na eco-logia, pois inclui tanto os organismos quanto o am-biente abitico (ODUM, 1988, p. 9). Nesse mbito, o ecossistema ou sistema ecolgico qualquer unidade (biossistema) que abranja todos os organismos que funcionam em conjunto (a comunidade bitica) numa dada rea, interagindo com o ambiente fsico de tal forma que um fluxo de energia produza estruturas biticas claramente definidas e uma ciclagem de ma-

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    274

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    teriais entre as partes vivas e no vivas.Destacam-se ainda as biogeocenoses criadas

    pela escola russa, equivalente aos ecossistemas de Tansley. Para Stoddart, (1974 apud TROPPMAIR, 2004), a biogeocenose um sistema de interaes em funcionamento que se compe de organismos vivos e seus ambientes reais fsicos e biolgicos. Grigle (1977 apud TROPPMAIR, 2004) define o termo como um conjunto de comunidades vivas de uma determina-da regio, bem como a soma de elementos abiticos, pois os componentes vivos e no vivos formam a totalidade do ambiente. Portanto, nota-se que sempre h a uniformidade abitica e bitica; a interao e interdependncia e os ciclos de fluxos de matria e energia de modo dinmico no espao e no tempo.

    No tocante ao seu funcionamento, os ecos-sistemas enquanto se desenvolvem ou amadurecem, devem aumentar sua dissipao total e criar estruturas complexas com maior diversidade e nveis hierrqui-cos para ajudar na manuteno de energia. Nesse caso, o ecossistema pode ser classificado atravs de trs propriedades ou objetivos, no que se refere ao realis-mo, preciso e generalidade do objeto estudado, por isso sua caracterizao como modelo multidimen-sional. Nesse mbito, enfatiza-se que o ecossistema uma abstrao como um sistema de componentes biofsicos e abiticos estruturados e funcionalmente inter-relacionados (RUNHAAR; HAES, 1994).

    Assim, o ecossistema um sistema de siste-mas, onde h a confluncia entre a biocenose (parte viva e orgnica) e o bitopo (parte mineral), por isso a importncia da litosfera e da pedocenose para a for-mao e diferenciao dos ecossistemas. Assim, todo ecossistema tem uma definio, uma especificidade (PASSOS, 2003, p. 109).

    Dessa maneira, fica claro que os estudos ecossistmicos privilegiam no seu foco de anli-se os ambientes naturais, buscando conhec-los e descrev-los em seus padres, para que estes sirvam de modelos comparativos de ambientes, degradados ou no pelo uso antrpico. Portanto, o uso do conhe-cimento ecossistmico permite conhecer melhor os processos que compem a biodiversidade, fato que pode compatibilizar os processos produtivos com a conservao da natureza, uma vez que se conhea sua dinmica e estrutura.

    DOS GEOSSISTEMAS RUSSOS AOS GEOS-SISTEMAS FRANCESES E SUAS CONTRIBUI-ES A UMA CONCEITUAO BRASILEIRA

    Russos e franceses e a conceituao geossistmica

    Por meio dos estudos sistmicos, procurou-se entender a parte que cabe Geografia na anlise inte-grada entre os fluxos de matria e energia dos sistemas ambientais, desenvolvendo nessa empreitada o termo/conceito de geossistema, que desde sua criao sub-sidia a anlise dos processos geogrficos de interface entre sociedade e natureza atravs, essencialmente, do conceito de paisagem, primeiro na perspectiva russa e posteriormente na francesa, onde se atribuiu grande valor ao antrpica sobre o geossistema.

    Desse modo, o paradigma da anlise sistmica forneceu a chance de rever os fundamentos lgicos da cincia da paisagem entorno do Complexo Territorial Natural e meio ambiente, estabelecendo uma distino clara entre problemas da fisiografia e da setorizao das disciplinas geogrficas (SOTCHAVA, 1978; SNYTKO, SEMENOV, 2008).

    Entre muitos autores que se referem temtica, podem-se destacar: Beroutchachvili e Bertrand (1978); Bertrand (1971); Bertrand e Bertrand (2007); Christofo-letti (1979, 1999); Monteiro (1982, 1987, 2000), Passos (2003, 2006), Preobrazhenskiy (1983); Sotchava (1962, 1977, 1978), Rodriguez e Silva (2002, 2013), Rodriguez et al. (2004), Rougeri e Beroutchachvili (1991); Tricart (1977, 1982) e Troppmair (1983, 2000, 2004), entre outros que, em suas distintas vertentes metodolgicas, contriburam para o debate da temtica, buscando acima de tudo uma viso integrada e aplicada do meio ambien-te, consolidando a importncia da anlise sistmica na Geografia atravs do geossistema.

    O termo geossistema foi introduzido na li-teratura sovitica por Victor Sotchava, no incio da dcada de 1960, em seus trabalhos no Institute of Geography of the Siberian Branch of the Russian Academy of Science. O autor teve a preocupao de estabelecer uma metodologia de estudo da natureza/paisagem que fosse aplicvel aos estudos geogrficos. O mesmo visou lanar uma proposta metodolgica que substitusse os estudos baseados exclusivamente na dinmica biolgica do ecossistema, pelos estudos

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    275

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    integrados dos sistemas naturais e humanos em um determinado recorte espacial.

    No entanto, outros autores em suas pesquisas destacaram os geossistemas segundo seus interesses tericos e metodolgicos, ignorando certas prioridades, no se preocupando com o fato de que o termo comeou a assumir muitos valores distintos do sentido original.

    Os estudos de Grigoriev, Svozdeski, Isa-tchenko e Miklallov, entre 1960 e 1970, ressaltam a importncia da classificao das paisagens para aperfeioar a produo agroindustrial da Unio das Repblicas Socialistas Soviticas (URSS), desen-volvendo de forma terica e prtica a concepo de regionalizao ambiental, atravs da conceituao de Geossistema. Acreditava-se que sistematizar o parcelamento do meio era indispensvel elaborao de cartas para o conhecimento do territrio e das pai-sagens (landschaft) (PENTEADO, 1980).

    Os geossistemas so apresentados atravs de axiomas, por meio de uma hierarquia estrutural dividida em ordem dimensional, onde se destacam os nveis pla-netrio, regional e topolgico, divididos entre gemeros e gecoros em relao de interdependncia. Para Sotchava (1978), nas reas homogneas ocorrem as biogeocenoses (gemeros elementares), sendo estas os pontos de partida para classificao dos geossistemas, bem como reas diferenciadas (gecoros elementares) que asseguram um mnimo de ligaes para a existncia dos geossistemas (SOTCHAVA, 1978).

    Apesar da diferenciao e independncia entre gemeros e gecoros, as duas classes podem sim evidenciar interdependncias entre si, pois a unio flexvel entre essas classes contribui de maneira espontnea e no previsvel na formao de novos mosaicos paisagsticos. Esta assertiva se consolida ao destacar a dinamicidade temporal e espacial dos geossistemas, por meio da relao imprecisa e no linear entre a sociedade e a natureza.

    A esse respeito, ressalta-se que toda a ca-tegoria dimensional de geossistema (topolgica, regional e planetria) possui suas prprias escalas e peculiaridades qualitativas da organizao geogrfica (PENTEADO, 1980, p. 160). Esta conceituao se aproxima da concepo de sistemas enquanto elemen-tos interligados em vrias escalas e complexidades, encontrando-se interligados entre si e formando sis-

    temas hierrquicos (CHORLEY; KENNEDY, 1971). Esses nveis hierrquicos referem-se no s aos sub-sistemas fsicos, mas referem-se tambm questo escalar, onde a sociedade e a natureza se distanciam.

    Cabe explanar que, entre 1980 e 2000, estas pers-pectivas supracitadas foram trabalhadas por gegrafos russos e alemes, que propuseram diferentes variantes da teoria, objetivando entender as formaes geogrficas, cobrindo no s os fenmenos naturais, mas tambm os socioeconmicos, onde a unio desses dois sistemas criaram concepes geossistmicas extremamente com-plexas (RODRIGUEZ; SILVA, 2013).

    Ao realizar um distanciamento das escalas de tempo de anlise, destacam-se cinco categorias geos-sistmicas: 1) Geossistemas Naturais: sendo a parte da superfcie terrestre onde os elementos componentes da natureza se encontram em estreita relao uns com os outros e com as partes vizinhas, inclusive com o ser humano; 2) Geossistema Tcnico-natural: onde ocorre a interao entre os elementos tcnicos e naturais. onde ocorre a coincidncia territorial da estrutura tcnica, do sistema natural e das funes socioeconmicas; 3) Geossistemas Integrados: so formaes territoriais com-plexas, que incluem subsistemas da natureza, populao e econmica, com seus diferentes tipos de atividade; 4) Geossistemas Ramais: apresentam complexidade menor, pois podem ser representados pelos territrios naturais e histrico-culturais; 5) Geossistemas Antropoecolgicos: so antropocntricos e constituem sistemas biossociais, auto-organizados e parcialmente dirigidos. O homem o elemento principal e os demais elementos se compor-tam em funo dele. Assim, tem-se o ambiente humano. (ALEKSANDROVA; PREOBRAZHENSKIY 1982).

    A conceituao supracitada evidencia a separa-o entre as esferas da natureza e da sociedade, visto que as escalas de tempo entre elas so distintas. Destaca-se ainda, que as unidades geossistmicas delimitadas so reflexos dos processos de elementos estruturais da na-tureza e da sociedade que desempenham determinadas funes na dinmica do meio ambiente, onde a unio desses geossistemas evidencia a realidade complexa formada por atributos sociais e naturais.

    A discusso geossistmica na perspectiva russo-sovitica se d por meio de unidades espaciais (passveis de delimitao), considerando os aspectos fsicos, ecolgicos e sociais da paisagem e sua relao

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    276

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    com os fluxos termodinmicos de matria e energia. Percebe-se a nfase dada organizao dos estados do geossistema, onde sua sintonia est intrinsecamente relacionada com os agentes internos e externos for-madores da paisagem. Entender a evoluo dos geos-sistemas permitiu a melhor planificao do territrio, devido ao conhecimento de sua dinmica e estrutura.

    Esta afirmao baseia-se na importncia dada na antiga Unio Sovitica s estaes experimentais de estudo da paisagem, entre elas a de Irkustk, Martikopi, Moscou, Tbilisi, entre outras, que por meio da criao de modelos permitiu o entendimento quantitativo e a possi-bilidade de prognsticos do complexo geossistmico em curtos perodos de tempo, auxiliando na melhor ocupao e explorao do territrio, respeitando as fragilidades das reas, bem como no desenvolvimento regional (BEROU-TCHACHVILI; CLOPES, 1977).

    Sob o vis de anlise da Geografia Francesa, Tricart (1982) realiza srias crticas s conceituaes de geossistema de Sotchava (1977, 1978). Essas cr-ticas se baseiam, especialmente, na necessidade de exemplos mais precisos e dialticos sobre sua aplica-o, portanto, menos verbais e vagos.

    Bertrand (1968), tambm insatisfeito com os pressupostos geossistmicos de Sotchava (1962), cita a combinao entre o Potencial Ecolgico (clima, hi-drologia, geomorfologia) com a Explorao Biolgica (vegetao, solo, fauna) e a Ao Antrpica, formando um complexo dinmico que se inter-relaciona, dan-do, assim, importncia dinmica social junto aos processos naturais do geossistema. Diferentemente de Sotchava, este aproxima o homem da natureza, ao analis-lo na mesma hierarquia. Nesse aspecto, Bertrand (1968) apoiado nos princpios de biostasia e resistasia do edaflogo Erhart, define o geossistema em relao constituio e destruio do solo atravs da dinmica do relevo. Assim, o geossistema evidencia a relevncia da ao e dinmica antrpica na modifi-cao da paisagem, especialmente ao criar taxonomias para a delimitao das unidades de paisagem global, destacando as zonas superiores (Zona, Domnio e Regio) e as zonas inferiores (Geossistema, Geofcie e Getopo), estas ltimas de forte alterao antrpica, tendo por base as propostas de Tricart, Cailleux e Viers para o revelo, Max Sorre referente ao clima, e Brunet para as unidades valoradas pelo homem.

    Atravs da conceituao, h a possibilidade de hierarquizao das unidades de paisagem, segun-do unidades elementares (relevo, clima, botnica, biogeografia e unidades valoradas pelo homem), possibilitando, com isso, a anlise e entendimento dos processos e dinmicas socioambientais na formao dos complexos paisagsticos.

    Aponta-se, assim, o geossistema enquanto um conceito em construo. Dessa forma, o geos-sistema, como o ecossistema, uma abstrao, um conceito, um modelo terico da paisagem (PASSOS, 2006, p.58). Por isso se deu o surgimento da ideia de geocomplexo em Bertrand, bem como novas formas terico-metodolgicas de anlise do meio ambiente, entre elas o sistema GTP - Geossistema (Source), Territrio (Ressource) e Paisagem (Ressourcement) (BERTRAND; BERTRAND, 2007).

    Atravs do sistema GTP, possvel fornecer carter cultural Paisagem; o Territrio se evidencia como a entrada que permite analisar as repercusses da organizao e dos funcionamentos sociais e econ-micos sobre o espao considerado; e o Geossistema se destaca enquanto txon que possui uma escala definida, por isso to fundamental ao estudo do espa-o geogrfico (BERTRAND; BERTRAND, 2007, p. 294). As trs entradas que compem o sistema GTP se baseiam em critrios de antropizao (G), de artificia-lizao (T) e de artializao (P). Este modelo aproxima o geossistema de uma perspectiva mais naturalista, retomando a concepo de sistema fsico ambiental.

    O modelo bertrandiano se mostra de extremo auxlio para o entendimento do espao e da dinmica geogrfica e ambiental, pois considera antes de tudo o natural, o espacial e o antrpico, alm de ser uma grande ferramenta para a delimitao e representao cartogrfica. Ento, por que trabalhar com a dubiedade de conceitos? Bertrand nos responderia que um sistema conceitual nico, do tipo daquele empregado na ecologia a partir do ecossistema, no permite varrer a totalidade da interface natureza-sociedade e de revelar sua diversi-dade (BERTRAND; BERTRAND, 2007, p. 90).

    No entanto, estudar essas trs categorias, atravs do sistema GTP, evidenciar que o pertencimento ao lugar, as relaes culturais, as relaes de poder sobre determinado espao e o modo como se dominam os ele-mentos naturais se apresenta a partir de um jogo dialtico

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    277

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    que compe um sistema integrado que a face da nossa sociedade. Contudo, o sistema GTP serve no somente para a delimitao cartogrfica, mas principalmente para a deteco dos problemas existentes no local e o grau de antropizao dessas reas.

    Atualmente, Bertrand vem trabalhando com o sistema SPT (Systme Paysager Territorialis). No se trata de um mtodo, mas sim de um proto-colo didtico de um conjunto de regras e prticas para tratar da problemtica paisagem-territrio, bem como de suas diversidades temticas. El concepto de paisaje-territorio y su desarrollo por medio del Sistema Paisaje Territorializado es un procedimiento pesado, largo, laborioso y costoso que se aleja cada vez ms de la aparente ligereza y alacridad del paisaje cotidiano (BERTRAND, 2008, p. 26). Mesmo ainda no reconhecido pelo autor, este, ao que parece, o modelo substitutivo do GTP. A paisagem neste pro-tocolo didtico reconquista um enfoque central nas explicaes sobre ocupao e explorao do meio ambiente (REIS JNIOR, 2007).

    Assim, pautado em novas e velhas perspecti-vas, assume-se a importncia de um novo paradigma para a paisagem e consequentemente para o geossis-tema, expondo a necessidade de um fim estranheza latente entre gegrafos franceses e russos, acerca do tema (BERTRAND, 2010).

    Vises geossistmicas e colocaes no Brasil

    Com base nessas duas perspectivas de anlise, a russa e a francesa, criaram-se concepes relevantes ao territrio nacional, entre elas o geossistema como um espao original de abrangncia de um ecossiste-ma e sua diferenciao de outros geossistemas se d somente pela acentuada descontinuidade ecolgica (ABSBER, 2003). Cabe tambm explanar que no seio dos geossistemas tambm ocorrem heteroge-neidades, devido evoluo das subunidades que o compe. Essa teorizao supracitada expe o geossis-tema como um sistema fsico natural, com elementos pautados na dinmica evolutiva da paisagem. Destaca--se a abrangncia dos geossistemas sob a escala de domnios morfoclimticos, onde hoje h uma maior influncia do sistema socioeconmico (Figura 1).

    tambm considerado como um sistema natural, complexo e integrado onde h circulao de energia e matria e onde ocorre explorao biolgi-ca, inclusive aquela praticada pelo homem. Sob uma perspectiva de sntese, aponta-se que o geossistema composto por trs componentes: os abiticos (litos-fera, atmosfera, hidrosfera que formam o geoma), os biticos (flora e fauna) e os antrpicos (formado pelo homem e suas atividades) (ROUGERIE; BEROU-TCHACHAVILI, 1991), aproximando-se da ideia de que o geossistema se d atravs das funes terrestres complexas, que incluem a natureza, a populao e a economia (RODRIGUEZ et al. 2004, p. 47).

    Figura 1. Estruturao do geossistema e do sistema socioeconmico.

    Fonte: Christofoletti (1999).

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    278

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    Assim, as modificaes realizadas pelo sis-tema socioeconmico na estrutura e dinmica dos geossistemas, podem apresentar-se por meio de esfor-

    os junto a estes sistemas, onde h a resistncia dos elementos geossistmicos as tenses sofridas, criando--se com isso, novos estgios de evoluo (Figura 2).

    Figura 2. Reao do geossistema aps um esforo sofrido

    Fonte: Modificado de Rodriguez et al. (2004).

    Troppmair (2004) assinala que a morfologia, dinmica e explorao biolgica so trs caractersti-cas primordiais de qualquer classificao geossistmi-ca. Apesar de destacar os mesmos componentes que Bertrand (1968), Troppmair (2004) revela a resistncia do geossistema aos impactos sofridos (Figura 2), uma vez que apesar da modificao local, a estrutura do geossistema no modificada, mesmo com as tenses sofridas. Assim, a dimenso espacial do geossistema um fator extremamente relevante para o autor.

    A esse respeito, Troppmair (2000) realiza a classificao de 15 categorias de geossistemas para o estado de So Paulo, objetivando realizar uma car-tografia de sntese, onde a geomorfologia, bem como clima e o solo destacaram grande importncia. Assim, apesar da anlise do complexo ser essencial, alguns elementos podem ser dominantes.

    Sob uma perspectiva da fisiologia da pai-

    sagem, Monteiro (2001) se destaca como um dos principais disseminadores e formuladores do conceito geossistmico no Brasil. Isso se deve pelo grande con-vvio com russos e franceses em suas viagens enquanto ministrava aulas na Universidade de So Paulo. Dentre os seus principais trabalhos na temtica, destacam-se os mapas da Qualidade Ambiental na regio de Ribei-ro Preto (SP) e da Qualidade Ambiental no Recn-cavo e regies limtrofes (MONTEIRO, 1982, 1987). Tais trabalhos apelaram para a necessidade de prtica interdisciplinar, uma vez que a questo ambiental multifacetria, bem como destacaram a relevncia da antropizao para a caracterizao dos geossistemas, e tambm enfatizaram as limitaes das tcnicas de representao grfica para adquirir resultados analti-cos e sintticos mais palpveis (MONTEIRO, 1996).

    Dessa maneira, Monteiro (2001, p. 81) des-creve que o geossistema

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    279

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    [...] visa a integrao das variveis naturais e antrpicas (etapa anlise), fundindo re-cursos, usos e problemas configurados (etapa integrao) em unidades homogneas assumindo papel primordial na estrutura espa-cial (etapa sntese) que conduz ao esclareci-mento do estado real da qualidade do ambiente (etapa aplicao) do diagnstico.

    Menciona-se tambm, segundo esta concei-tuao, que apesar dos produtos cartogrficos com base geossistmica gerarem timas possibilidades de leitura do meio ambiente, deve-se ater dinmica de mudana contida no meio ambiente, fato que evidencia a necessidade de avaliaes subsequentes do geossis-tema, analisando, assim, a sua evoluo.

    Destaca-se, por isso, a necessidade de estudos

    aplicados acerca da temtica. Pode o mesmo (geossis-tema) se associar aos estudos relacionados dinmica da paisagem rural (DIAS; SANTOS, 2007); gesto e anlise ambiental em bacia hidrogrfica (CUNHA; FREITAS, 2004); cartografia ambiental (MAR-TINELLI, 2010); geomorfologia costeira (DIAS; OLIVEIRA, 2012). Assim, afirma-se a possibilidade de anlise entre as atividades antrpicas e o meio fsico-natural, confirmando a sua infinidade de opes de entradas, alm de expressar de forma mais clara e lgica a dinmica social ocorrida no espao.

    Assim, os geossistemas se diferenciam por suas fisiologias e dinmicas particulares, podendo tais estru-turas interferir no uso e ocupao antrpicos, formando assim um geossistema mais complexo (Figura 3). Aqui, a diviso de unidades evidencia a necessidade de um entendimento de sntese do mosaico paisagstico.

    Figura 3. As etapas da formao de geossistemas complexos

    As etapas: - Investigao das propriedades e elementos geossistmicos sob a perspectiva dos sistemas fsicos ambientais; - Influncia humana na paisagem e a ao sobre o geossistema, tornando-o mais comple-xo Resultando nas alteraes antrpicas da paisagem, interagindo componentes e fatores na formao do complexo geossistmico atual. Entradas: 1 - Geologia e Geomorfologia; 2 Hidrografia e Clima; 3 Biticos; 4 Antrpica; 5 Troca de matria e energia da natureza na formao da paisagem, 6 Ao antrpica com o meio.

    Fonte: Adaptado de Melnyk (2008).

    Dessa maneira, finaliza-se realando que a dinmica e relao dos elementos da paisagem est na origem do conceito de geossistema. Apesar dessa aproximao, o geossistema no a paisagem em sua plenitude, uma vez que h uma maior abrangncia e multilateralidade no conceito paisagem, bem como so conceitos criados para finalidades distintas, apesar da necessria aproximao. Assim, pode-se dizer que a paisagem e o geossistema caminham paralelamente no discurso geogrfico.

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    280

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    ESBOO TIPOLGICO DO USO DOS GEOS-SISTEMAS E ECOSSISTEMAS

    Objetivando realizar distines e aproxima-es entre os ecossistemas e os geossistemas, sob o mbito da pesquisa geogrfica, observa-se que o bilogo/eclogo entende o meio ambiente, por meio do ecossistema, de maneira vertical, em andares, ou seja, por meio dos ciclos biogeoqumicos, produo de biomassa e pelos aspectos fito e zoosociolgicos.

    Apesar de o ecossistema ser um mtodo analtico da Ecologia, corriqueiramente utilizado na Geografia por apresentar a facilidade na inferncia de resultados de carter biolgico. J o gegrafo estuda o meio am-biente geossistemicamente, enxergando a biogeoceno-se de forma horizontal, pois a distribuio, estrutura e organizao espacial de elementos biticos e abi-ticos formam uma polissemia de paisagens, que so atribudas aos estudos geogrficos. (TROPPMAIR, 1983) (Figura 4).

    Figura 4. Os geossistemas e os ecossistemas em suas peculiaridades

    Fonte: Adaptado de Raij (1994).

    O geossistema deve ser visto de forma mais abrangente do que o ecossistema, nos estudos de cunho geogrfico, por incluir de forma mais ntida em sua anlise a dimenso espacial. Por isso, neste artigo, foi dada nfase ao geossistema, uma vez que ele permite uma compatibilidade a mais do que o ecossistema, pois analisa as relaes e a distribuio dos componentes naturais, modificados ou no pelo homem, mas que esto interligadas aos complexos sistmicos ambien-tais, onde a integrao do todo atribuio bsica.

    Nota-se ainda, a diferenciao terica entre os dois conceitos (ecossistema e geossistema) ainda no se faz fulgente a uma srie de pesquisadores que os utilizam, tanto em nvel de artigo cientfico, mono-grafia, dissertaes, quanto em teses de doutoramento; por isso a validade desta discusso. Ao se trabalhar com a anlise sistmica por meio do geossistema e/ou do ecossistema, referem-se muito mais a uma escala

    de anlise do que a uma forma terico-metodolgica de entender a dinmica e interatividade dos fluxos contidos no espao geogrfico analisado.

    Nesse sentido, o cenrio estudado em seu mtodo analtico objetiva, de forma conceitual e quase anloga, correlacionar algumas similitudes e diferenas dos conceitos supracitados, almejando re-afirmar a necessidade do uso da abordagem sistmica em pesquisas geogrficas, caso a Geografia pretenda avanar nos estudos ambientais.

    A ttulo de exemplificao, apresentam-se algumas possibilidades tipolgicas do emprego do ecossistema e do geossistema (Tabela 1), visando um melhor entendimento da aplicao dos mesmos, devido importncia do geossistema junto s anli-ses geogrficas, visto que h nele a possibilidade de explicar a dinmica social atravs de sua apropriao do espao, transformando-o em territrio.

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    281

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    Ratifica-se, atravs da leitura da Tabela 1, que as principais distines entre o geossistema e o ecossistema se encontram em sua abordagem e no mbito da escala de atividade antrpica. Avista--se que todo ecossistema encontra-se inserido em um geossistema, pois todo geossistema admite os

    processos e fluxos biticos e abiticos dispostos na natureza ecossistmica, sendo o oposto false-vel, pois os ecossistemas no possuem como fator limitante a escala espacial de influncia antrpica, quando se assume, enquanto conceito norteador, a proposta de Bertrand (1968).

    Tabela 1. Caractersticas comparativas entre o estudo ecossistmico e geossistmico.

    Tipo de estudo Ecossistema Geossistema

    Fauna e Flora

    Estuda a composio e estrutura dos elementos faunsticos e florsticos,

    associados aos fluxos de energia do

    sistema.

    Relaciona a fauna com o nvel de degradao,

    comparando-a com o ambiente em seu estgio

    natural, objetivando potencializar a sua preservao

    em relao atividade socioeconmica.

    Localizao

    Independente da escala humana, podendo

    estar em mbito local, regional e global,

    o que dificulta a sua mensurao aos

    processos geogrficos.

    Dependente da escala de atuao e interferncia social. Diferenciam-se no bojo do geossistema as

    geofcies e getopos, por meio da homogeneizao

    e grau de ligao entre os componentes do sistema.

    Relevo

    Como fator limitante/associativo

    presena de recursos naturais atravs da

    intensidade de sua inter-relao com os

    demais elementos do sistema.

    Localizao e distribuio espacial, a fim

    de dimensionar sua qualidade, quantidade,

    fragilidade e potencialidade atividade humana.

    Solo

    Como fator limitante/associativo

    presena de recursos naturais atravs da

    intensidade de sua inter-relao com os

    demais elementos do sistema.

    Localizao e distribuio espacial, a fim

    de dimensionar sua qualidade, quantidade,

    fragilidade e potencialidade atividade humana.

    Recursos hdricos

    Em funo do ambiente da gua salobra

    ou doce, da sua inter-relao e dimenso

    espacial, bem como da intensidade de sua

    inter-relao com os demais elementos

    do sistema.

    Localizao e distribuio espacial, com a

    finalidade de dimensionar sua qualidade,

    quantidade, fragilidade e potencialidade

    atividade humana.

    Ser humano

    Os estudos ecossistmicos privilegiam

    em seu foco de anlise os ambientes

    naturais, com a finalidade de conhec-

    los e descrev-los em seus padres para

    que sirvam de modelos comparativos

    aos ambientes que sofreram alteraes

    ocasionadas pela ao humana e/ou por

    algum desequilbrio natural.

    Os estudos geossistmicos se caracterizam

    por conhecer e entender a dinmica espacial pela influncia sobre o potencial ecolgico e a

    explorao biolgica, os quais somados criam

    oportunidades s atividades sociais sobre a

    natureza, mas em contrapartida este uso do

    potencial ecolgico e da explorao biolgica

    interfere na dinmica natural do geossistema e consequentemente no ecossistema.

    Fonte: Elaborao dos autores.

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    282

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    Acerca de seu dimensionamento, o ecos-sistema vai da floresta ao oceano, portanto, pouco geogrfico, uma vez que a escala para a Geografia imprescindvel, onde as dimenses do espao so to importantes quanto a natureza (PASSOS, 2003, p. 109). Assim, o geossistema mais completo que o ecossistema do ecologista, uma vez que o primeiro o segundo colocado no espao.

    Todavia, ainda que o ecossistema tenha se tornado uma referncia epistemolgica, o mesmo no agrega base terico-metodolgica necessria para o estudo do meio ambiente, uma vez que este essen-cialmente naturalista; negligencia, como supracitado, a questo escalar, tanto no espao como no tempo; de difcil aproximao entre a dinmica ecolgica e territorial; pouco interdisciplinar, com peso exces-sivo da biologia, o que leva a uma simplificao do problema e da realidade; bem como apresenta certo desinteresse pela paisagem, principalmente, acerca dos seus elementos socioculturais. Assim, uma nica disciplina totalizadora e transversal e um conceito ni-co (Ecologia e ecossistema) so incapazes e abarcar a relao reciproca entre sociedade e natureza, por isso a relevncia do geossistema (BERTRAND, 2010).

    Mesmo com tais disparidades, os dois con-ceitos podem ser utilizados em estudos geogrficos e ambientais, j que completam um alinhamento hierrquico da estrutura dos sistemas, desde os mais simples at os mais complexos em seu arranjo estru-tural. Apesar da sua possibilidade de uso, avista-se que o ecossistema e o geossistema no podem ser confundidos. A esse respeito, o ecossistema, por ser um conceito fundamentalmente ecolgico, deve ser utilizado com cautela por gegrafos, uma vez que seu uso no to simples como parece, havendo a neces-sidade de seu conhecimento terico-metodolgico.

    Observa-se, ainda, que alm da variedade de similitudes, os dois conceitos so distintos e sua unio incorreta pode barrar o desenvolvimento da Ecologia e da Geografia enquanto cincia integradora. Ao re-alizar uma anlise do objeto estudado com base em incorretas atribuies metodolgicas, os resultados obtidos com a pesquisa falsearo a realidade, ainda mais dada a sua dificuldade de aplicao e visualizao (MONTEIRO, 2000).

    No entanto, entender as relaes entre os limi-

    tes que distinguem esses dois conceitos, seja referente aos fluxos energticos ou aos seus estados de evolu-o, essencial para sua melhor aplicao. Frisa-se, portanto, que a interface sociedade-natureza participa constantemente de processos sistmicos, por isso h a necessidade de seu uso em pesquisas geogrficas; ao passo que a ideia dos sistemas inerente ao potencial integrador da Geografia.

    Assim, o entendimento da gnese e dos princi-pais conceitos sistmicos subsidia seu emprego correto em estudos geogrficos, visto que a viso sistmica no apenas um mtodo de pesquisa, mas tambm um mtodo de anlise que v o complexo geogrfico e sua vida a partir da interconectividade entre as partes e sua relao para formar o todo, atendo-se aos fluxos de matria e energia que formam as homogeneidades e heterogeneidades do meio ambiente em distintas escalas de complexidades. Por isso, tem-se a neces-sidade cada vez maior de repensar o fazer geogrfico em escala terica e metodolgica.

    CONSIDERAES

    Ratificou-se que o ecossistema atravs do seu objetivo de anlise destaca prioritariamente os ambientes naturais. Assim, conhec-los e descrev-los a partir dos seus padres auxiliar a cincia na criao de modelos relacionais para comparar ambientes que sofreram alte-raes ocasionadas por ao antrpica e/ou por algum desequilbrio do seu quadro natural. Caracterizam-se pelo conhecimento e entendimento da dinmica energtica do potencial ecolgico e biolgico em distintas escalas, at mesmo naqueles que o homem ainda no possui influencia na modificao dos padres existentes atravs de suas atividades (Escalas Superiores). Tem-se nesta modalidade de anlise ambiental um excelente mtodo para a compreenso da natureza e dos seus padres e anomalias, portanto da vida.

    J o geossistema pode ser muito bem utilizado pela Geografia, at mesmo porque ele representou uma importante evoluo nos estudos geogrficos, sobretudo na Geografia Fsica (humanizando-a), por considerar a interao e a integrao dos elementos abiticos (solo, relevo, clima, hidrografia), biticos (vegetao e animais) junto s aes antrpicos, atentando-se para no abord-los de maneira isolada e

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    283

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    na mesma escala temporal. O mesmo ainda se coloca como um conceito em construo, com a necessidade de estudos interdisciplinares que se relacionem te-mtica, para que com isso ele caminhe paralelamente ao crescimento dos estudos ambientais na Geografia.

    Afirma-se, por fim, que os principais empeci-lhos no que tange seu amadurecimento, disseminao e aplicabilidade no campo da Geografia, se do sobre caractersticas de ordem cultural e poltica, bem como de barreiras lingusticas que retardaram o conhecimen-to provindo das escolas russa e alem (RODRIGUES, 2001), que hoje se apresenta mais difuso, devido s tradues em ingls, espanhol e portugus. Acredita-se que a barreira lingustica tenha sido a principal causa da superestimao no Brasil da viso francesa de geossistema em detrimento da escola russo-sovitica.

    As propostas de Sotchava (1977) e Bertrand (1968) ainda so as mais utilizadas em pesquisas geo-grficas, com supremacia da perspectiva francesa acer-ca do que seriam geossistemas, que se relacionam com escalas de grandeza territorial, propondo subdivises dessa rea com base nos aspectos biogeogrficos e geomorfolgicos, essencialmente.

    A escala e a delimitao das unidades tem se mostrado um problema fundamental para a aplicao geossistmica, devido a sua concepo e classificao se apresentarem de formas distintas para diferentes autores, evidenciando essencialmente o problema da escala espacial e temporal. Contudo, pode-se trabalhar tanto em escala regional quanto local, onde a influn-cia antrpica mais presente. Como os geossistemas apresentam grandeza territorial, imprescindvel que se faa o estudo analtico da morfologia e do comportamento do sistema fsico ambiental, que para Christofoletti (1999) so os prprios geossistemas.

    Para concluir, percebeu-se que nas ltimas d-cadas houve um esforo de aplicao e entendimento desses dois conceitos na pesquisa geogrfica, auxiliado por pressupostos sistmicos advindos da TGS, haven-do a necessidade de entender suas particularidades para poder, assim, aplic-los a cada rea estudada. Portanto, compreender suas principais conceituaes de forma correta subsidia o crescimento da Geografia enquanto cincia que une particularidades e totalida-des do espao geogrfico, bem como a possibilidade de trabalhar interdisciplinarmente extraindo do meio

    ambiente diagnstico e prognstico sobre as suas fragilidades e potencialidades em distintas escalas temporo-espaciais de anlise e de complexidade, contribuindo para o maior conhecimento da relao sociedade e natureza.

    REFERNCIAS

    ABSBER, A. N. Os domnios de natureza no Brasil: potencialidades paisagsticas. 3. ed. So Paulo: Ateli Editorial, 2003.

    ALEKSANDROVA, T. M.; PREOBRAZHENSKIY, V. S. (Eds.) Fundamentos geoecolgicos da projeo e planificao territorial. Moscou. Editorial da Aca-demia de Cincias de URSS, 1988. (em russo)

    BEROUTCHACHVILI, N.; BERTRAND, G. Le Geosystme ou Systme Territorial Naturel. Revue Gographique des Pyrines et du Ouest. Toulose. v. 49, n. 2, p. 167-180, 1978.

    BEROUTCHACHVILI, N; CLOPES, J. M. P. Ten-dencia actual de la ciencia del paisaje en la Unin Sovitica: El estudio de los geosistemas en la estacin de Martkopi (Georgia). Revista de Geografia, Barce-lona. v. 11, n. 1-2, p. 23-36, 1977.

    BERTALANFFY, L. V. General System Theory. Foun-dations Development Applications. George Braziller: New York, 1968.

    BERTALANFFY, L. V. The theory of open systems in physics and biology. Science. Washington, v. 111, p. 23- 29, 1950.

    BERTRAND, G. Paysage et gographie physique glo-bale. Esquisse mthodologique. Revue Gographique des Pyrnes et du Sud-ouest, Toulouse, v. 39, n. 3, p. 249-272,1968.

    BERTRAND, G. Itinerario en torno al paisaje: uma epistemologa de terreno para tiempos de crisis. Era, v. 81, p. 5-38, 2010.

    BERTRAND, G. Un paisaje ms profundo de la epis-temologa al mtodo. Cuadernos Geogrficos.v. 42, p. 17-27, 2002.

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    284

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    BERTRAND, G.; BERTRAND C. Uma Geografia transversal e de travessias: o meio ambiente atravs dos territrios e das temporalidades. Maring: Massoni, 2007.

    CHORLEY, R.; KENNDY, B. Physical Geography. A System Approch. London: Prentice-Hall Interna-tional, 1971.

    CHRISTOFOLETTI, A. Anlise de sistemas em Ge-ografia. So Paulo: Hucitec/Edusp: 1979.

    CHRISTOFOLETTI, A Modelagem de sistemas am-bientais. So Paulo: Edgar Blcher, 1999.

    CUNHA, S. B.; FREITAS, M. W. D. Geossistemas e Gesto Ambiental na bacia hidrogrfica do rio So Joo - RJ. GEOgraphia. UFF. v. 6, n. 12, p. 87-110, 2004.

    DIAS, J. SANTOS. L. A paisagem e o geossistema como possibilidade de leitura da expresso do espao scio-ambiental rural. Confins. n. 1, 2 semestre, 2007. DOI: http://dx.doi.org/10.4000/confins.10

    DIAS, R. L.; OLIVEIRA, R. C. Anlise das paisagens do litoral Sul do Estado de So Paulo. Sociedade & Natureza. Uberlndia. v. 24, n. 3, p. 505-517, 2012. DOI://http://dx.doi.org/10.1590/S1982-45132012000300010

    DRACK, M. Ludwig von Bertalanffys early system approach. Systems Research and Behavioral Science. v. 26, n. 5, p. 563572, 2009.

    DRACK, M.; APFALTER, W.; POUVREAU, D. On the making of a system theory of life: Paul A Weiss and Ludwig von Bertalanffys conceptual connec-tion. The Quarterly Review of Biology. v. 82, n. 4, p. 349373, 2007.

    KAY. J. J.; GRAHAM. L. E. E.; ULANOWICZ. R. E. A Detailed Guide to Network Analysis. WULFF. F.; FIELD. J. G.; MANN. K. H. (Org.). Network Analysis in Marine Ecosystems. Berlin: Springer-Verlag; 1989; pp. 15-61.

    MARTINELLI, M. Estado de So Paulo: aspectos da natureza. Confins. v. 9, 2010. Disponvel em: < http://confins.revues.org/6557>. Acesso em: 02 Abr. 2013. DOI: http://dx.doi.org/10.4000/confins.6557

    MATTOS, S. H. V. L.; PEREZ FILHO, A. Comple-xidade e Estabilidade em Sistemas Geomorfolgicos: uma introduo ao tema. RBG. v. 5, n. 1, p. 11-18, 2004.

    MELNYK, A. Ecological analysis of landscapes. In: ANDREYCHOUK, V. (Ed.) Methodology of Land-scape Research. Commission of Cultural Landscape of Polish Geographical Society, Sosnowiec, 2008.

    MONTEIRO, C. A. F. (Coord.) Qualidade ambiental na Bahia: Recncavo e regies limtrofes. Salvador: CEI, 1987.

    MONTEIRO, C. A. F. Geossistemas: a histria de uma procura. So Paulo: Contexto, 2000.

    MONTEIRO, C. A. F.. The Environmental quality in the Ribeiro Preto Region, SP: an attempt. So Paulo: Commision on Environmental Problems. UGI, 1982.

    MONTEIRO, C. A. F. Os Geossistemas como ele-mento de integrao na sntese geogrfica e fator de promoo interdisciplinar na compreenso do ambien-te. Revista de Cincias Humanas. Florianpolis, v.14, n.19, p.67-101, 1996.

    ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Editora Gua-nabara, 1988.

    ODUM, H. T. Trophic structure and productivity of Silver Springs, Florida. Ecological Monographs. v. 27, n. 1, p. 55-112. 1957.

    PASSOS, M. M. A Raia Divisria: geossistema, pai-sagem e eco-histria. Maring: Eduem, 2006.

    PASSOS, M. M. Biogeografia e Paisagem. Presidente Prudente: UNESP, 2003.

    PREOBRAZHENSKIY, V. S. Geosystem as an Object of Landscape Study. Geojornal. Akademische Verla-gsgesellschaft. Wiesbaden. v. 7, n. 2, p.131-134, 1983.

    PHILLIPSON, J. Ecologia energtica. So Paulo: Editora Nacional, 1977.

  • Soc. & Nat., Uberlndia, 26 (2): 271-285, mai/ago/2014

    285

    A importncia dos geossistemas na pesquisa geogrfica: uma anlise a partir da correlao com o ecossistema

    Carlos Eduardo das Neves, Gilnei Machado, Carlos Alberto Hirata, Nilza Aparecida Freres Stipp

    RAIJ, E. L. Modelos em geografia mdica. Moscou: Editorial Nauka, 1984. (em russo).

    REIS JNIOR, D. F. C. Histria de um pensamento geogrfico: Georges Bertrand. Geografia. Rio Claro, v. 32, p. 363-390, 2007.

    RODRIGUES, C. A teoria geossistmica e sua contri-buio aos estudos geogrficos e ambientais. Revista do Departamento de Geografia. So Paulo. v. 1, n. 14, p. 112-122, 2001. DOI: http://dx.doi.org/10.7154/RDG.2001.0014.0007

    RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. V. A. Planeja-mento e Gesto Ambiental: subsdios da geoecologia das paisagens e da teoria geossistmica. Fortaleza: Edies UFC, 2013.

    RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. V. A. A Classifi-cao das Paisagens a partir de uma Viso Geossist-mica. Mercator. Fortaleza. v 1, n. 1, p. 95-112, 2002.

    RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. V.; CAVALCAN-TI, A. P. B. Geoecologia das Paisagens: uma viso geossistmica da anlise ambiental. Fortaleza: Editora UFC, 2004.

    ROUGERIE, G.; BEROUTCHACHVILI, N. Gosys-tmes et Paisages: bilan et mthods. Paris: Armand Colins, 1991.

    RUNHAAR, H.; HAES, A. U. The use of site factors as classification characteristics for ecotopes. In: RUN-HAAR, H.; HAES, A. U.. Ecosystem classificationfor environmental Management. Dordrecht Holland: Kluwer Academic Published, 1994, p. 139-169.

    SCHNEIDER, E. D.; KAY, J. .J. Ordem a partir da desordem; a termodinmica da complexidade biol-gica In: MICHAEL, P.; MURPHY, E.; ONEILL, A. J. (Org.). O que vida? 50 anos depois. Especula-es sobre o futuro da Biologia. So Paulo: Fundao Editora da UNESP, 1977.

    SNYTKO, V. A. SEMENOV Y. M. The study of geosystem structure, development and functioning in Siberia. In: ANDREYCHOUK, V. (Org.) Methodology of landscape research. Dissertations Commission of Cultural Landscape of Polished Geographical Society. Sosnowiec, n. 8, 2008. p. 141-150.

    SOTCHAVA, V. B. Definition de Quelque Notions et Termes de Gegraphie Physique. Institute de Geographie de la Siberie et Extrem Orient. n. 3, p. 94-177, 1962.

    SOTCHAVA, V. B. O Estudo de Geossistemas. M-todos em Questo. So Paulo. n. 16, p. 1-52, 1977.

    SOTCHAVA, V. B. Por uma teoria de classificao de geossistemas da vida terrestre. So Paulo: Instituto de Geografia, USP, 1978.

    TRICART, J. Ecodinmica. Rio de Janeira: IBGE/SUPREN, 1977.

    TRICART, J. Paisagem e ecologia. Inter-Facies: es-critos e documentos. So Jos do Rio Preto: Ed. Da UNESP, 1982.

    TROPPMAIR, H. Ecossistemas e geossistemas do estado de So Paulo. Boletim de Geografia Teortica. Rio Claro. v. 13, n. 25, p. 27-36, 1983.

    TROPPMAIR, H. Biogeografia e Sistemas: sistemas urbanos. In: Biogeografia e Meio Ambiente. 6. ed, Rio Claro: UNESP, 2004. p.126-167.

    TROPPMAIR, H. Geossistemas e geossistemas pau-listas. Rio Claro: UNESP, 2000.

    VICENTE, L. E.; PEREZ FILHO, A. Abordagem sistmica e Geografia. Geografia. Rio Claro. v. 28, n. 3, p. 323-344, 2003.