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E ste é o primeiro Notícias da Paz depois da importante As- sembleia da Paz que realizámos em 22 de Novembro do ano passado, com o lema «Defender a Paz, Garantir o Fu- turo«, que traçou as linhas de intervenção para este ano e sub- linhou o crescimento da atividade do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e dos seus núcleos espalhados pelo País. Seguiu-se o magnífico Concerto pela Paz, que decorreu no Fórum Lisboa, com apoio das câmaras municipais de Lisboa e Loures e a intervenção qualificada e solidária de muitos artistas que, durante cerca de três horas, deliciaram as muitas centenas de amantes da Paz que ali acorreram. O CPPC participou também, em finais de Novembro, em im- portantes iniciativas de solidariedade com a Palestina, de que se destaca o Seminário Internacional em Almada, promovido em co- laboração com o MPPM e a CGTP-IN. Ficou claro que há cada vez mais pessoas a expressar a sua indignação face às guerras de agressão e disponíveis para afirmar a muitas vozes a sua soli- dariedade com os povos vítimas de actos de ingerência externa e de conflitos armados, de colonialismo, de injustiças e desigual- dades sociais, de opressão, do desrespeito da sua soberania e in- dependência nacionais. Como também já aconteceu poste- riormente, em diversos debates que o CPPC realizou em várias zonas do País, incluindo em ações de Educação para a Paz envolvendo muitas cente- nas de alunos e diversos professores, desig- nadamente em torno da apresentação das duas exposições «Construir a Paz com os valores de Abril» e «100 anos da Grande Guerra e a luta pela Paz». Mais força à resistência Neste início do ano de 2015 assis- timos com preocupação à evolução de grande instabilidade da situação in- ternacional, com complexas e graves evoluções, designadamente na Europa, no Médio Oriente e em África, embora na América Latina o imperialismo tam- bém não desista de desestabilizar estados que lhe fazem frente, como está a ser recor- rente na República Bolivariana da Venezuela. Mas também nos mais diversos locais au- menta a luta e resistência dos povos e das forças progressistas seja na luta contra políticas antissociais e de subjugação dos povos, como se vê em vários países da Europa, com destaque para as recentes eleições na Grécia e para as lutas que trabalhadores e outras forças progressistas con- tinuam a desenvolver, em Portugal e noutros países, exigindo uma ruptura com estas políticas que estão a agravar desigualdades e a aumentar o desemprego e a pobreza para níveis inimagináveis há 20 anos. É preciso que Portugal também realize uma política ex- terna em defesa da Paz, de acordo com os valores de Abril con- sagrados na Constituição da República Portuguesa. Nos colóquios já realizados em finais de Janeiro deste ano, no Porto e em Lisboa, sobre a situação internacional e a luta pela Paz – com a participação de conhecidas personalidades – reafirmou- -se que a guerra não é inevitável, apesar de se viverem situações graves na Ucrânia, na Síria e na Palestina, na Líbia ou no Iémen, e de surgirem novas ameaças de intensificação da actividade da NATO, designadamente na Europa. Por isso, tal como também se apelou em Goa, na Índia – onde uma delegação do CPPC participou na reunião do executivo do Conselho Mundial da Paz –, impõe-se exigir cada vez com mais vigor a dissolução da NATO, o desarmamento nuclear, o respeito pelo direito soberano de cada povo escolher o seu caminho de progresso e de Paz. Pela Paz, todos não somos demais. 1 CPPC Notícias da Paz Conselho Português para a Paz e Cooperação Março 2015

Notícias da Paz

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Notícias da Paz de Março de 2015

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EEssttee é o primeiro Notícias da Paz depois da importante As-sembleia da Paz que realizámos em 22 de Novembro doano passado, com o lema «Defender a Paz, Garantir o Fu-

turo«, que traçou as linhas de intervenção para este ano e sub-linhou o crescimento da atividade do Conselho Português para aPaz e Cooperação (CPPC) e dos seus núcleos espalhados peloPaís. Seguiu-se o magnífico Concerto pela Paz, que decorreu noFórum Lisboa, com apoio das câmaras municipais de Lisboa eLoures e a intervenção qualificada e solidária de muitos artistasque, durante cerca de três horas, deliciaram as muitas centenasde amantes da Paz que ali acorreram. O CPPC participou também, em finais de Novembro, em im-

portantes iniciativas de solidariedade com a Palestina, de que sedestaca o Seminário Internacional em Almada, promovido em co-laboração com o MPPM e a CGTP-IN. Ficou claro que há cadavez mais pessoas a expressar a sua indignação face às guerras deagressão e disponíveis para afirmar a muitas vozes a sua soli-dariedade com os povos vítimas de actos de ingerência externa ede conflitos armados, de colonialismo, de injustiças e desigual-dades sociais, de opressão, do desrespeito da sua soberania e in-dependência nacionais. Como também já aconteceu poste-riormente, em diversos debates que o CPPC realizouem várias zonas do País, incluindo em ações deEducação para a Paz envolvendo muitas cente-nas de alunos e diversos professores, desig-nadamente em torno da apresentação dasduas exposições «Construir a Paz com osvalores de Abril» e «100 anos da GrandeGuerra e a luta pela Paz».

Mais força à resistência

Neste início do ano de 2015 assis-timos com preocupação à evolução degrande instabilidade da situação in-ternacional, com complexas e gravesevoluções, designadamente na Europa,no Médio Oriente e em África, emborana América Latina o imperialismo tam-bém não desista de desestabilizar estadosque lhe fazem frente, como está a ser recor-rente na República Bolivariana da Venezuela.Mas também nos mais diversos locais au-

menta a luta e resistência dos povos e das forçasprogressistas seja na luta contra políticas antissociaise de subjugação dos povos, como se vê em vários países daEuropa, com destaque para as recentes eleições na Grécia e

para as lutas que trabalhadores e outras forças progressistas con-tinuam a desenvolver, em Portugal e noutros países, exigindo umaruptura com estas políticas que estão a agravar desigualdades e aaumentar o desemprego e a pobreza para níveis inimagináveis há20 anos. É preciso que Portugal também realize uma política ex-terna em defesa da Paz, de acordo com os valores de Abril con-sagrados na Constituição da República Portuguesa.Nos colóquios já realizados em finais de Janeiro deste ano, no

Porto e em Lisboa, sobre a situação internacional e a luta pela Paz– com a participação de conhecidas personalidades – reafirmou--se que a guerra não é inevitável, apesar de se viverem situaçõesgraves na Ucrânia, na Síria e na Palestina, na Líbia ou no Iémen,e de surgirem novas ameaças de intensificação da actividade daNATO, designadamente na Europa. Por isso, tal como também se apelou em Goa, na Índia – onde

uma delegação do CPPC participou na reunião do executivo doConselho Mundial da Paz –, impõe-se exigir cada vez com maisvigor a dissolução da NATO, o desarmamento nuclear, o respeitopelo direito soberano de cada povo escolher o seu caminho deprogresso e de Paz.PPeellaa PPaazz,, ttooddooss nnããoo ssoommooss ddeemmaaiiss..

1 CPPC

Notícias da PazConselho Português para a Paz e Cooperação

Março 2015

RReeaalliizzaaddaa em Lisboa no dia 22 deNovembro de 2014, com o lema«Defender a Paz, Garantir o Fu-

turo», a 25.ª Assembleia da Paz revelouum CPPC mais forte e disseminado peloterritório nacional. Os activistas dos nú-cleos do Porto, Coimbra, Setúbal, Seixal,Évora e Beja partilharam com a assem-bleia notícias de novas adesões ao CPPCe de uma mais ampla e diversificada ac-tividade em defesa da Paz, da solida-riedade e da cooperação.Tal como sublinharam também vários

membros da Direcção Nacional, in-cluindo a presidente Ilda Figueiredo, asexposições elaboradas pelo CPPC emparceria com diversos municípios, inti-tuladas «Construir a Paz com os Valoresde Abril» e «100 anos da Grande Guerrae a Luta pela Paz», tal como o boletim«Notícias da Paz», foram importantes ins-trumentos de alargamento do prestígio einfluência do Conselho da Paz.Avaliando a actividade realizada pelo

CPPC desde a última assembleia, rea-lizada no final de 2013, os participantesna 25.ª Assembleia da Paz valorizaram aintervenção combativa do CPPC em tornoda denúncia da guerra no Médio Oriente,na Ucrânia ou em África e da ingerênciados EUA contra o governo progressista daVenezuela, da exigência da dissolução daNATO e da solidariedade com a luta dospovos contra o imperialismo e a guerra,pela soberania e o progresso social. Par-ticular destaque mereceu a intensa acçãodo CPPC, em parceria com outras orga-nizações e movimentos, contra o mas-sacre perpetrado por Israel contra a po-pulação da Faixa de Gaza, no Verãopassado. Em várias acções realizadas em

todo o País, exigiu-se o fim da ocupaçãoisraelita e a criação do Estado daPalestina independente, soberano eviável, nas fronteiras anteriores a Junhode 1967 e com capital em JerusalémLeste.

Muito por onde crescer

Para o ano de 2015, a assembleiaaprovou um plano de acção que apontapara a consolidação e alargamento dosavanços registados nos últimos anos, quer

no que se relaciona com o reforço da ac-tividade e organização do CPPC quer noque respeita ao alargamento dos contac-tos com diversas estruturas e entidades:no primeiro destes objectivos, assumeparticular importância a consolidação dosnúcleos existentes e a criação de novosnúcleos, nomeadamente em Lisboa, noAlgarve, no Minho ou em Aveiro.Prosseguir a campanha de novas adesõese melhorar a distribuição do boletimforam outras prioridades assumidas. Quanto ao segundo objectivo, decidiu-

-se alargar a experiência de estabeleci-mento de protocolos com municípios eoutras entidades visando matérias rela-cionadas com a educação para a Paz.Assim, e para além de se prosseguir coma actividade em torno das duas ex-posições concebidas em 2014 (que per-manecem válidas), decidiu-se aindaelaborar novas mostras, designadamentesobre os 70 anos da vitória sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial,que se assinala em Maio, a luta do povosaarauí e a causa palestiniana. A luta contra o militarismo e a guerra e

a solidariedade com os povos vítimas doimperialismo continuarão a ser questõesfundamentais e estruturantes da activi-dade do CPPC.

2 Notícias da Paz

CPPC realiza 25.ª Assembleia da Paz

«Defender a Paz, Garantir o Futuro»

3 CPPC

OOCCoonncceerrttoo pela Paz, realizado noFórum Lisboa no dia 22 de No-vembro, ficará guardado na

memória de todos quantos nele partici-param como um dos mais belos momen-tos da luta pela Paz. Realizado peloCPPC, com o apoio dos municípios deLisboa e Loures, o Concerto pela Paz re-uniu um vasto leque de artistas e grupos,com diferentes percursos e estilos,unidos numa mesma causa: a defesa daPaz, do desarmamento, do respeito pelasoberania dos estados e a solidariedadecom os povos vítimas da guerra, da in-gerência e da agressão – princípios ins-critos no artigo 7.º da Constituição daRepública Portuguesa.Apresentado por Tiago Santos, ele

próprio músico e actor, o Concerto reuniunum mesmo palco a guitarra portuguesa deLLuuiissaa AAmmaarroo, os clarinetes das alunas doCCoonnsseerrvvaattóórriioo ddee AArrtteess ddee LLoouurreess, os sonstradicionais e ao mesmo tempo tão con-temporâneos de SSeebbaassttiiããoo AAnnttuunneess, dosCCllaavvee ddee LLuuaa e de PPaauulloo RRiibbeeiirroo (ccoommJJoorrggee MMoonniizz), o fado de DDuuaarrttee, o punkrock dos PPeessttee && SSiiddaa, as cantigas deSSaammuueell enquanto autor e “agente” de cul-tura, os sons do mundo das BB’’rrbbiiccaacchhoo e amusicalidade inocente da OOffiicciinnaa ddooCCaannttoo, que encerrou o programa. Pelo meio, a actriz LLuuííssaa OOrrttiiggoossoo e o

director da Companhia de Teatro de Al-mada, RRooddrriiggoo FFrraanncciissccoo, socorreram--se das palavras de Eduardo Galeano ede Ernest Hemingway para repudiar osque promovem a guerra e valorizar a cor-agem e tenacidade daqueles que, dasmais diversas formas, a combatem.

Palavras combativas

Na breve saudação que proferiu naabertura do Concerto, a presidente doCPPC, Ilda Figueiredo, agradeceu a pre-sença dos artistas e do público, mani- fe-stando-se convicta de que ela representaum generalizado e sincero apego aos val-ores da Paz e da solidariedade. Mas essapresença significa também a crescentepreocupação com as ameaças que pairamsobre a paz em diversas regiões do mundoe a indignação com a ingerência e as

guerras de agressão em vários pontos doglobo. Reafirmando a solidariedade do CPPC

com a luta dos povos pela paz, o progressoe a soberania, Ilda Figueiredo reafirmou adefesa da Constituição da República Por-tuguesa, que continua a consagrar, no seuartigo 7.º, o respeito pelo direito dospovos, a igualdade entre os estados, asolução pacífica dos conflitos, a não in-gerência e a cooperação visando a «eman-cipação e o progresso da humanidade».Para concretizar a soberania e inde-pendência nacionais, con-dições indis-

pensáveis ao progresso e à justiça social,a presidente do CPPC apelou à luta peladissolução da NATO. Todos estes objec-tivos serão tão mais realizáveis quantomais alargada e pujante for a luta pelaPaz, para a qual, lembrou Ilda Figueiredo,«todos não somos demais».O CPPC e o movimento da Paz por-

tuguês já realizaram, nos últimos 40 anos,muitas e grandiosas iniciativas de mas-sas. O Concerto pela Paz do passado dia22 entrou directamente para a galeria dasmais emocionantes e belas. Ines-quecível!

Concerto pela Paz no Fórum Lisboa

Um momento inesquecível

5 Notícias da Paz

FFooii este o texto que, em Março de1950, o Comité Mundial dos Par-tidários da Paz (que antecedeu o

Conselho Mundial da Paz) propôs parasubscrição generalizada nos quatro cantosdo planeta, e que rapidamente se tornariano maior plebiscito alguma vez realizado:dezenas de milhões de pessoas em todo omundo assinaram-no, numa inegável ex-pressão de repúdio pelas armas nucleares,que em Hiroxima e Nagasáqui fizeram asua bárbara aparição. Esta causa ultrapas-sou fronteiras de nacionalidade, ideologiaou religião.Nesses anos, o mundo vivia na expecta-

tiva de que uma nova e ainda maismortífera guerra pudesse deflagrar: osEUA, sustentados no poderio económico ena superioridade nuclear com que saíramda Segunda Guerra Mundial, ameaçavam aUnião Soviética, as novas democraciaspopulares do Leste da Europa e os paísesque, das cinzas do colonialismo, ence-tavam caminhos soberanos de progresso edesenvolvimento. O conflito constante emtorno da Alemanha e a guerra na Co-reia foram dois momentos particularmentetensos, em que a ameaça do recurso àbomba atómica voltou a pairar sobre ospovos do mundo.A luta dos povos pela Paz – de que a

subscrição generalizada do Apelo de Esto-colmo foi um dos mais relevantes episódios– foi decisiva para travar os ímpetos maisagressivos dos círculos dirigentes dos EUAe da NATO, apostados na política à beirado abismo, de confronto permanente com aUnião Soviética, os partidos comunistas, osmovimentos populares de resistência àopressão e à guerra e os movimentos delibertação.Apesar da repressão que se abatia sobre

quem contestasse o alinhamento da di-tadura fascista com os EUA, a Grã-Bre-tanha e a NATO, a luta pela proibição dasarmas nucleares travou-se também emPortugal, com a realização de sessões erecolhas de assinaturas. Muitos activistasforam presos.

Geral, simultâneo e controlado

Se o Apelo de Estocolmo foi a primeira,e particularmente bem sucedida cam-panha internacional para pôr fim às armasnucleares, esteve longe de ser a única. Aolongo das décadas seguintes, o movimentomundial da paz e outras forças pacíficas eanti-imperialistas (e numerosos países pro-gressistas) ergueram um forte movimentode contestação às armas nucleares e de exi-gência do desarmamento global, simultâ-neo e controlado. Em momentos particu-

lares, foi mesmo possível impor aos EUA eaos países da NATO a assinatura de acor-dos impondo a redução de armamentos e aproibição de ensaios nucleares (que des-respeitavam à primeira oportunidade).A cada tentativa de desenvolver novos e

mais mortíferos armamentos ou de dis-seminar bases e instalações militares emvários pontos do mundo, responderam ospovos com gigantescas mobilizações, con-vocadas e impulsionadas pelo movimentoda Paz: em Portugal, as Marchas da Paz –realizadas em 1982 e 1986, esta últimacontra a instalação no País de mísseis nu-cleares norte-americanos Pershing – trou-xeram milhares de pessoas às ruas de Lis-boa e de outras cidades em combativasdemonstrações de repúdio pela chantagemnuclear e a agressão militar. Mobilizaçõessimilares realizaram-se noutros países eu-ropeus.

Nos 65 anos do «Apelo de Estocolmo»

Pelo fim das armas nucleares!«Exigimos a interdição absolutada arma atómica, arma de terrore de extermínio em massa de populações. Exigimos o estabelecimento de umvigoroso controlo internacionalpara a aplicação dessa medida de interdição. Consideramos que o governo que primeiroutilizar a arma atómica, não importa contra que país,cometerá um crime contra a humanidade e será tratadocomo criminoso de guerra.Pedimos a todos os homens de boa vontade no mundo inteiroque assinem este apelo.»

5 CPPC

Com o desaparecimento da URSS e docampo socialista, os EUA não só nãoabrandaram a corrida aos armamentoscomo a intensificaram, procurando novospretextos que o justifiquem – da «luta con-tra o terrorismo» à «defesa dos direitos hu-manos», tudo tem servido... Hoje, o cercomilitar à Rússia e à China, a proliferaçãode bases e instalações militares no Lesteda Europa, no Extremo Oriente e no Pací-fico Sul, o desenvolvimento do projecto do(mal) chamado Escudo Anti-Míssil e areafirmação, no conceito militar dos EUAe da NATO, da utilização da arma atómicanum primeiro ataque são motivos de pre-ocupação, vigilância e mobilização. A luta pela Paz é mais necessária do que

nunca. Só ela poderá impor um desarma-mento geral, simultâneo e controlado, oúnico que serve os interesses dos povos domundo.

Cumprir os acordosSão muitos os acordos assinados ao longo dos anos com o objectivo de limitar e destruir os arsenais nucleares existentes: o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares(TNP); o Tratado para a Redução de Armas Estratégicas (START), em todas as suasversões; o Tratado para a Interdição Completa de Ensaios Nucleares (CTBT); e o TratadoAnti-Mísseis Balísticos, firmado entre os EUA e a URSS para impedir a criação de«escudos anti-míssil», do qual os EUA se desvincularam em 2002.Sendo certo que a assinatura e existência destes tratados são instrumentos de luta dospovos pela paz, não é menos verdade que não chegam. Há que prosseguir o combate pelasua efectiva concretização e, não menos importante, para impedir que eles sejamutilizados de forma contrária ao seu espírito: o TNP, por exemplo, se impede que maispaíses passem a ser detentores de armamento atómico, também impõe aos actuaisdetentores que destruam os seus arsenais.

Fazer do mundo uma ZLANAs Zonas Livres de Armas Nucleares (ZLAN) e osPresidentes de Câmara pela Paz (Mayors for Peace) sãodois movimentos unidos num mesmo clamor: a abolição doarmamento nuclear. Lançados a partir da iniciativa deTakeshi Araki, que em 1982 dirigia o município deHiroxima, estes movimentos cresceram e abrangeramcidades e regiões um pouco em todo o mundo: no caso dosMayors for Peace, integravam-no em Novembro de 2014mais de 6000 cidades em 160 países. Este movimento éreconhecido pela ONU como uma Organização Não-Governamental Oficial. Em Portugal, são 38 os municípiosaderentes. Em Portugal, o município de Sesimbra foi o primeiro aassumir-se, por deliberação própria, Zona Livre de ArmasNucleares, numa reunião da Assembleia Municipalrealizada a 12 de Abril de 1983. No ano seguinte, acolheuum Encontro de Activistas da Paz que impulsionou oalargamento do processo a muitos municípios da Penínsulade Setúbal e a outras regiões, a norte e a sul do Tejo. EmNovembro no ano passado, numa sessão pública realizadaem Sesimbra, a propósito da inauguração naquele concelhoda exposição elaborada pelo CPPC «100 anos da GrandeGuerra e a Luta pela Paz», o vice-presidente do CPPC RuiNamorado Rosa e a actual presidente da AssembleiaMunicipal lembraram o papel do município de Sesimbra noMovimento ZLAN e as acções de protesto realizadas juntoàs instalações da NATO situadas na fronteira com oconcelho do Seixal. Em 1987, realiza-se na Figueira da Foz o primeiroEncontro Nacional de Municípios ZLAN, com aparticipação de 57 câmaras municipais, 27 assembleiasmunicipais e duas juntas de freguesia. No ano seguinte, éconstituída por várias autarquias e pelo Movimento «Nãoàs Armas Nucleares», em que o CPPC participavaactivamente, a Associação do Movimento ZLAN – ZonasLivres de Armas Nucleares. Em 1993, realizou-se o VIEncontro Nacional de Municípios ZLAN, e até à data oúltimo. Reactivar este movimento e alargar, à escala mundial, aszonas livres de armamento nuclear é um objectivo queinteressa aos defensores da paz.

Nos 65 anos do «Apelo de Estocolmo»

Pelo fim das armas nucleares!

OOss bboommbbaarrddeeaammeennttoossddee HHiirrooxxiimmaa ee NNaaggaassááqquuiimmoossttrraarraamm aaoo mmuunnddoo aa iinniiqquuiiddaaddee ddaa aarrmmaa aattóómmiiccaa

A LUTA PELO FIM DE TODAS AS ARMASNUCLEARES E DEDESTRUIÇÃOMASSIVACONTINUA A SER UMACAUSA JUSTA EMOBILIZADORADE TODOSQUANTOSDESEJAMCONSTRUIR UM MUNDO DE PAZ,PROGRESSO E JUSTIÇASOCIAL. A MOBILIZAÇÃOPOPULARCONTINUA A SER OCAMINHO MAIS SEGUROPARA A SUACONCRETIZAÇÃO.

6 Notícias da Paz

AAffeelliicciiddaaddee é imensa, mas só serácompleta quando voltarem à pá-tria Gerardo, Ramón e Antonio»,

disse Fernando González aquando da sualibertação e regresso a Cuba, no dia 28 deFevereiro de 2014. Meses depois, a suafelicidade está agora completa – mas asua luta e a do povo cubano continua –,depois de no passado dia 17 de Dezem-bro, terem sido finalmente libertados osúltimos três patriotas cubanos que aindase encontravam presos nas cadeias dosEUA, pondo-se assim fim à injustiça quevinha sendo praticada sobre os Cinco, assuas famílias e o povo cubano há 16 anos,desde 12 de Setembro de 1998.Fernando González, René González,

Antonio Guerrero Rodríguez, GerardoHernández Nordelo e Ramón LabañinoSalazar, os cinco patriotas e antiterroristascubanos, estavam infiltrados em gruposterroristas sediados em Miami – gruposque desde os anos 60 foram financiadospela CIA para perpetrar atentados terro-ristas contra Cuba e o seu povo, e que sãoaté reconhecidos pelas autoridades norte--americanas como violentos e terroristas– com o objectivo de recolher infor-mações sobre novos atentados que estes

planeavam, procurando evitá-los, quandoforam injustamente presos, acusados de«terrorismo» e «espionagem».Se injusto foi o acto do seu aprisiona-

mento, considerando os seus reais objec-tivos e o facto de ter existido partilha dainformação entre as autoridades cubanase o FBI sobre a acção que desenvolviamem solo norte-americano, injusto foi tam-bém todo o processo «judicial», mas naverdade político, pejado de atropelos àdemocracia, que caracterizou os seus jul-gamentos, as duras penas a que foramcondenados e as condições de reclusãoextremamente rigorosas e desrespeitado-ras dos direitos a que foram submetidos.

Ampla solidariedade

Mas nem só a injustiça caracterizouestes 16 anos. Ao longo de todo estetempo, um amplo movimento de soli-dariedade manifestou a sua indignação erepúdio pela injustiça cometida contraestes cinco homens e, conjuntamente como povo cubano e as famílias dos Cinco pa-triotas, interveio em favor da sua liber-tação. Este movimento contou com o apoio de

muitos milhares de cidadãos anónimos,homens, mulheres e jovens oriundos depraticamente todos os países do mundo,inclusivamente dos próprios EstadosUnidos da América, aos quais se jun-taram intelectuais e artistas, personali-dades do meio académico, científico ecultural, incluindo prémios Nobel, estru-turas sociais e humanitárias, organizaçõese movimentos pela paz (onde se inclui oConselho Português para a Paz e Cooper-ação), parlamentos e grupos parlamen-tares, entre eles o Parlamento Europeu ea Associação Parlamentar de AmizadePortugal-Cuba da Assembleia da Re-pública portuguesa. O CPPC saúda Cuba e os cinco heróis

cubanos e todos os que lutaram pela sualibertação ao longo destes anos. Final-mente foi posto fim a uma flagrante in-justiça! E reafirma a sua solidariedade eo seu empenho na continuação da lutapelo fim do criminoso bloqueio eco-nómico, comercial e financeiro norte--americano a Cuba e pelo encerramentoda base dos EUA em Guantánamo.

RRiittaa LLooppeessMembro da Direcção Nacional do CPPC

Os Cinco em liberdade

Vitória de Cuba e da solidariedade«

FFeerrnnaannddoo GGoonnzzáálleexx,,RRaammóónn LLaabbaanniiññoo,, GGeerraarrddoo

HHeerrnnáánnddeezz,, AAnnttoonniiooGGuueerrrreerroo ee RReennéé GGoonnzzáálleezz

eessttããoo ffiinnaallmmeennttee lliivvrreess ee ddeerreeggrreessssoo aaoo ppaaííss aaoo qquuaall

ddeeddiiccaarraamm aass ssuuaassiimmeennssaass ccaappaacciiddaaddeess ee

ddiissppoonniibbiilliiddaaddeess

7 notícias da paz

NNoo mmoommeennttoo em que se escreveestas linhas, entrou há poucosdias em vigor um novo cessar-

-fogo no Leste da Ucrânia, assumido emMinsk em meados do mês de Fevereiro.Como estará a situação quando este bo-letim chegar às mãos do leitor é algo quenem os mais argutos especialistas ar-riscam prever. Na memória permanecebem vivo o anterior cessar-fogo, negoci-ado em Setembro do ano passado e su-cessivamente violado pelos militares àsordens de Kiev e por mercenários dosgrupos paramilitares de extrema-di-reita (como o auto-intitulado «BatalhãoAzov») que, segundo a OSCE, utilizaramem finais de Janeiro e nos primeiros diasde Fevereiro bombas de fósforo e de frag-mentação (armas proibidas pelas con-venções internacionais) sobre a popu-lação da cidade de Donetsk. Mas se há algo que permanecerá

imutável, independentemente da evo-lução da situação, é a análise do CPPC,expressa num comunicado editado no dia11 de Fevereiro, no qual se assume que«só uma solução política que respeite ademocracia, as liberdades e o direito dospovos a decidirem do seu futuro podegarantir a paz na Ucrânia e, conse-quentemente, na região e na Europa».Em coerência com este objectivo, oCPPC expressava também o seu repúdiopelo militarismo preconizado pela NATOe pelos EUA exigindo do Governo por-tuguês uma posição consentânea com osprincípios inscritos na Constituição daRepública Portuguesa.

Golpe, ingerência e guerra

A actual situação na Ucrânia, há quenão esquecer, resulta do golpe de Estadoperpetrado no dia 22 de Fevereiro de2014, com o apoio dos EUA, da NATO eda União Europeia. Ao longo de quaseum ano sucederam-se graves situaçõesantidemocráticas e ilegítimas, desig-nadamente a constituição de governosque incluíram e incluem elementos de

extrema-direita e mesmo neonazis, comosão os casos do Svoboda e do Pravy Sek-tor. Estes partidos e agrupamentos sãoresponsáveis por assaltos a sedes desindicatos, partidos e forças democráti-cas e pela perseguição, agressão e assas-sinato de sindicalistas e antifascistas: nomassacre de Odessa, perpetrado emMaio do ano passado, foram queimadasvivas dezenas de pessoas que se refu-giavam na Casa dos Sindicatos daquelacidade. A agressividade do novo poder de Kiev

contra as populações de língua russa doLeste e Sul da Ucrânia – particularmenteda Crimeia e do Donbass, onde se situamDonetsk, Lugansk e Mariupol – levou àintensificação da luta e da resistênciadas populações, movidas por sentimen-tos antifascistas e patrióticos. Como con-sequência, a população da Crimeia de-cidiu reintegrar a região na FederaçãoRussa, ao passo que o Donbass sofreu aviolenta repressão militar do governogolpista, que desembocou numa guerracivil. A resposta das (entretanto criadas)

repúblicas populares de Donetsk e Lu-gansk obrigaram ao recuo das forças

golpistas, mas não conseguiu impedirque milhares de civis tenham sido mor-tos e muitos outros tenham procurado re-fúgio noutros países, particularmente naRússia. Inúmeras casas, bens e in-fraestruturas foram destruídas.

Estratégia perigosa

A decisão da NATO de criar uma Forçade Intervenção Rápida para actuar naEuropa de Leste, constituída por seisunidades e 30 mil efectivos, é mais umpasso na política de cerco e agressão àFederação Russa que há muito vemsendo prosseguida. O próprio golpe deEstado na Ucrânia e tudo o que se lheseguiu tem que ser visto à luz desta es-tratégia dos EUA e da NATO, com todosos perigos que acarreta para a paz e a es-tabilidade na Europa.As sanções contra a Rússia, que con-

tinuam e se reforçam, e a defesa abertapor parte de sectores militares norte--americanos do apoio bélico ao governode Kiev são outros instrumentos destecerco, há muito evidente pela proli-feração de bases e instalações militaresem torno desse país.

Guerra patrocinada por EUA, NATO e UE

Democracia e Paz na Ucrânia

8 Notícias da Paz

Conselho Português para a Paz e Cooperação Rua Rodrigo da Fonseca, 56 - 2.º 1250-193 Lisboa Portugal Tel. 21 386 33 75 [email protected] e www.cppc.pt

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OOCCPPPPCC, juntamente com outras or-ganizações e movimentos, dasmais variadas áreas de inter-

venção, subscreveram um manifesto desolidariedade para com os povo venezue-lano, que enfrenta corajosamente manobrasinternas e externas que visam desestabi-lizar o país para, em última análise, der-rubar o governo legítimo e, se possível,fazer retroceder o processo democrático eprogressista bolivariano que se desenvolvehá 15 anos. Este processo, lembram, temsido consecutivamente sufragado pelopovo, em múltiplos actos eleitorais.No último dia 12 de Fevereiro, foi

travada uma tentativa de golpe militar con-tra o governo de Nicolas Maduro. A ante-cedê-la esteve uma intensa «guerraeconómica» contra o Estado Venezuelano,da qual fizeram parte provocações, actosde vandalismo, contrabando, açambarca-mento e especulação de bens essenciais,tendentes a criar um clima de descon-tentamento que facilitasse os objectivos dasforças golpistas e antidemocráticas. Mas oapoio de que goza o governo da RepúblicaBolivariana da Venezuela, interno e ex-terno, tem-lhe permitido fazer frente amuitas dessas acções desestabilizadoras. Errado será, porém, pensar que os Esta-

dos Unidos da América desistirão de se in-gerir na Venezuela, instigando e provo-cando conflitos internos visando promovere disseminar uma situação de caos gener-alizado e incontrolável. Esta tentativa paraderrubar governos progressistas naAmérica Latina não é nova, nem na própriaVenezuela, nem noutros países da região.Aliás, o actual processo de ingerência e de-sestabilização na Venezuela lembra golpesocorridos nas décadas de 60 e 70, de queo derrube do governo da Unidade Popular,de Salvador Allende, no Chile – e a brutalditadura fascista que se lhe seguiu – é umdos mais salientes exemplos. Pelo progresso, a justiça social e a paz,

urge denunciar a ingerência, pugnando

para que o povo da Venezuela prossigasoberanamente a construção de um país àmedida dos seus sonhos e aspirações.

Travar a ingerência e a «guerra económica»

Solidariedade com a Venezuela

Alargar o campo da Paz Foram muitas e variadas as iniciativas realizadas pelo CPPC nos primeiros dois mesesdo ano. Para além das iniciativas realizadas em escolas e associações de norte a sul doPaís em torno das exposições «Construir e Paz com os Valores de Abril» e «100 anosdo fim da Guerra e a Luta pela Paz» – que reuniram largas centenas de pessoas, entreas quais muitos adolescentes e jovens –, o CPPC promoveu colóquios em Lisboa e noPorto sobre «A situação Internacional e a luta pela Paz», que contou com asparticipações de Ilda Figueiredo, José António Gomes, Luís Humberto Marcos, VítorPinto Basto, José Goulão, Pedro Pezarat Correia e Carlos Almeida e permitiu debateras grandes ameaças à Paz – da Síria à Ucrânia, passando pela Palestina, África eAmérica Latina – e as lutas dos povos contra a agressão e a guerra, pelo progresso e apaz. Assinalando os 70 anos sobre a libertação do Campo de Concentração de Auschwitzpelo Exército Vermelho, o CPPC emitiu um comunicado e participou numaconferência subordinada ao tema, numa escola do Marco de Canavezes. Asolidariedade com a Venezuela ficou patente com a realização, na Casa da Paz, deuma sessão evocativa do Dia da Dignidade Nacional da República Bolivariana daVenezuela, que se assinala a 4 de Fevereiro, dia em que, em 1992, teve lugar oLevantamento Cívico-Militar, embrião do processo bolivariano no qual Hugo Chávezteve um papel destacado. Nessa sessão participou o embaixador da Venezuela, LucasRincón Romero. O assassinato de mais um preso político saarauí nas prisões marroquinas deu o mote àreafirmação, pelo CPPC, da exigência da libertação dos presos e do fim da ocupação.

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