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Novembro 2010

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Revista Bancári@s

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Alessandro Greco Garcia - Banco do BrasilAna Luiza Smolka - Banco do BrasilAna Maria Marques - Itaú UnibancoAudrea Louback - HSBCCarl Friedrich Netto - Banco do BrasilClaudi Ayres Naizer - HSBCEdson Correia Capinski - HSBCEdna do Rocio Andreiu - HSBCElize Maria Brasil - HSBCErie Éden Zimmermann - CaixaGenivaldo Aparecido Moreira - HSBCHamilton Reffo - HSBCHerman Felix da Silva - CaixaIlze Maria Grossl - HSBCJoão Batista Melo Cavalcante - Caixa

Efetivos Suplentes

Jorge Antonio de Lima - HSBCJosé Carlos Vieira de Jesus - HSBCJosé Florêncio F. Bambil - Banco do BrasilKarin Tavares - SantanderKarla Cristiane Huning - BradescoKelson Morais Matos - BradescoLílian de Cássia Graboski - ABN/RealLuceli Paranhos Santana - Itaú UnibancoMarisa Stedile - Itaú UnibancoSalete A. Santos Mendonça Teixeira - CaixaSonia Regina Sperandio Boz - CaixaSidney Sato - Itaú UnibancoUbiratan Pedroso - HSBCValdir Lau da Silva - HSBCVanderleia de Paula - HSBC

Luiz Augusto Bortoletto - HSBCIvanício Luiz de Almeida - Itaú UnibancoDenise Ponestke de Araújo - Caixa

Deonísio Schimidt - HSBCTania Dalmau Leyva - Banco do BrasilBras Heleison Pens - Itaú Unibanco

Otávio Dias ∞ BradescoPresidê[email protected]

Carlos Alberto Kanak • HSBCSecretaria [email protected]

Antonio Luiz Fermino • CaixaSecretaria de Finanç[email protected]

Marco Aurélio Vargas Cruz • HSBCSecretaria de Organização e Suporte Administrativo [email protected]

Eustáquio Moreira dos Santos • Itaú UnibancoSecretaria de Imprensa e Comunicaçã[email protected]

Marcio M. Kieller Gonçalves • Itaú UnibancoSecretaria de Formação Sindical [email protected]

Denívia Lima Barreto • HSBCSecretaria de Igualdade e da [email protected]

Ademir Vidolin • BradescoSecretaria de Assuntos Jurídicos Coletivos e [email protected]

Margarete Segalla Mendes • HSBCSecretaria de Saúde e Condições de [email protected]

André C. B. Machado • Banco do BrasilSecretaria de Políticas Sindicais e Movimentos [email protected]

Genésio Cardoso • CaixaSecretaria de [email protected]

Júnior César Dias • Itaú UnibancoSecretaria de Mobilização e Organização da [email protected]

Pablo Sérgio M. Ruiz Diaz • Banco do BrasilSecretaria de Ass. de P. Sociais e E. Socioeconô[email protected]

Anselmo Vitelbe Farias • Itaú UnibancoSecretaria de Assuntos do Ramo [email protected]

Selio de Souza Germano • Itaú UnibancoSecretaria de Esportes e [email protected]

30 Memórias da lutaUma década após a venda do Banestado ao Itaú, pa-

ranaenses ainda pagam a conta da privatização. Dívida do estado é de R$ 9 bilhões.

08Mobilização dos trabalhadores do Banco do Brasil

conquista Plano de Carreira e Remuneração (PCR), que será implantado até março de 2011.

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Uma mulher no poder

Carreira por mérito

Cartas do leitorEditorialBancosEntrevistaCapaCidadaniaOpiniãoVida sindicalQualidade de vidaCulturaJurídicoAconteceuMemórias da lutaHumor

Eleição de Dilma Rousseff representa a continuidade do crescimento econômico aliado ao desenvolvimento social, com diminuição das desigualdades.

12 Campanha Nacional 2010Bancários fizeram a maior greve dos últimos 20 anos e con-

quistaram aumento real histórico, valorização dos pisos, melho-rias na PLR e melhores condições de trabalho.

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Os bancários e a imprensa

Todos os anos, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região inicia, junto com o lançamento da campanha salarial, um traba-lho intenso de construção do diálogo com os principais veícu-los de comunicação do Paraná. O objetivo é chamar a atenção da imprensa para a importância das reivindicações da categoria e nortear a cobertura do período mais intenso de mobilizações.

Na Campanha Nacional dos Bancários 2010 não foi dife-rente. Ao longo de dois meses, foram enviadas pautas a jor-nais, rádios e tvs. Esse trabalho possibilitou uma cobertura mais fiel da greve da categoria (o resultado você pode conferir no blog seebcuritiba.blogspot.com). No entanto, a imprensa nem sempre opta pelo viés dos trabalhadores e, em alguns ca-sos, acontecem incidentes como o relatado por uma bancária:

“[...] o Jornal Band Cidade, através de um comentário de sua apresentadora, insultou os bancários, dizendo que a nossa mobilização prejudicaria os clientes e que o nosso aumento de 11% teria como consequência para os clientes o aumento das taxas de juros. Achei um absurdo a forma com que a apre-sentadora se portou diante da greve dos bancários.”

Nesses casos, o Sindicato tenta reverter a situação, esclare-cendo os direitos e as demandas da categoria. Por isso, é tão importante a participação dos trabalhadores na comunicação junto à entidade. Se você tem críticas ou sugestões, mande um e-mail para [email protected].

Não verás país nenhumAutor: Ignácio de Loyola BrandãoPáginas: 384Editora: Global Editora

Lugares comunsGênero: DramaTempo de duração: 110 minAno de lançamento: 2002

O romance apocalíptico de Loyola Brandão, preste a com-pletar 30 anos de publicação, adianta um futuro não muito distante, colocando o leito frente às possíveis consequências que as agressões ambientais podem causar ao planeta.

A partir da busca pelo enraizamento dos mais maduros, que se sentem expulsos do próprio país pelo desemprego, a falta de perspectivas e a luta por ficar naquela que é, afinal, sua pátria, o filme discute as utopias políticas do século passado.

Conselho Editorial: Carlos Kanak, Eustáquio Moreira dos Santos, Júnior César Dias, Marcio Kieller, Marco Aurélio Cruz, Otávio Dias e Pablo Diaz

Jornalista responsável: Renata Ortega (8272-PR)Redação: Flávia Silveira, Paula Padilha e Renata Ortega

Projeto gráfico: Fabio Souza e Renata OrtegaDiagramação: Fabio Souza • Capa: Arnaldo Cruz

Revisão: Maria Cristina PérigoImpressão: Maxigráfica • Tiragem: 8.000

Contato: [email protected]

A revista Bancári@s é uma publicação bimestral doSindicato dos Bancários de Curitiba e região,

produzida pela Secretaria de Imprensa e Comunicação.Presidente: Otávio Dias • [email protected]

Sec. Imprensa: Eustáquio Moreira • [email protected]

Rua Vicente Machado, 18 • 8° andarCEP 80420-010 • Fone 41 3015.0523

www.bancariosdecuritiba.org.brOs textos assinados são de inteiraresponsabilidade de seus autores.

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Em 2010, a greve nacional dos bancários durou 15 dias. Mais de 8.200 agências ficaram fechadas em todo o país (65% de bancos privados). Em Curitiba e região, cerca de 18 mil bancários se mantiveram firmes na luta por avanços.

Quem luta conquistaAo final da Campanha Nacional 2010

e de mais esta década, nós, bancários e dirigentes sindicais, conquistamos muito mais que as assinaturas da Convenção Coletiva de Trabalho 2010/2011 ou dos Acordos Específicos dos bancos estadu-ais e federais. Enquanto categoria, con-quistamos o despertar da consciência de bancários e bancárias em todo o país, em especial daqueles de bancos privados, que definitivamente aderiram ao movi-mento grevista, quebrando o tabu de que somente trabalhadores de bancos públi-cos fazem greve.

Chegamos ao final da campanha sala-rial com mais de 8.200 agências paralisa-das em todo o Brasil. Destas, mais de 65% eram de bancos privados. Bancários que, independente da intransigência dos ban-queiros, mostraram sua força e união. É importante registrar que o Paraná, em es-pecial a base do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, foi exemplo de orga-nização e mobilização. Mais uma vez, de-monstramos a força da categoria bancária

paranaense, fazendo a diferença inclusive nas negociações nacional e específicas.

Conquistamos, ao longo destes anos, a mudança na curva salarial dos bancários, ao assinar uma CCT de vigência nacional desde 2004. Somente neste ano, arran-camos da Fenaban o maior aumento real dos últimos 10 anos e a valorização do piso da categoria, tanto na rede privada quanto na Caixa Econômica e no Banco do Brasil. Obtivemos melhorias nas re-gras da Participação nos Lucros e Resul-tados (PLR), excluindo as travas da dis-tribuição da parcela adicional, e também conseguimos a inclusão de duas cláusulas muito importantes para os trabalhadores na CCT: uma que estabelece uma política com mecanismos de prevenção e com-bate ao assédio moral e outra que me-lhora a segurança bancária.

Nos bancos públicos, as melhorias também são significativas. Após um longo debate e muita mobilização, conquistamos na Caixa um novo plano de carreiras unifi-cadas, bem como uma PLR Social para os

trabalhadores que sempre levaram a diante os projetos sociais do Governo Federal. Já os trabalhadores do Banco do Brasil garan-tiram o Plano de Carreira e Remuneração (PCR), que implanta a carreira por mérito e incorpora gradualmente as comissões às verbas salariais fixas.

Por fim, é importante registrar que passamos anos convivendo com políticas de governos em que a Contec assinava acordos com os famigerados abonos, congelando a massa salarial dos bancários em todo o país. Hoje, vivemos um outro momento, totalmente diferente, com a unidade da categoria. Isso se reverte, cada vez mais, em conquistas e vitórias. Por isso, parabenizo a todos os bancários e bancárias que, de alguma forma, con-tribuíram para que possamos comemorar diversas conquistas no final desta década. Quem luta conquista!

Otávio Dias,presidente do Sindicato dos

Bancários de Curitiba e região.

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A truculência se repete

Na Campanha Nacional 2010, os bancos, mais uma vez, optaram pela postura truculenta e pelo desrespeito aos bancários. Mesmo tentando negociar desde o mês de agosto, quando foi entregue a minuta de reivindicações, no final de setembro, os trabalha-dores foram empurrados pela intransigência da Fe-

naban para a mobilização. Mas, como já é rotineiro, as instituições financeiras não respeitaram o direito de greve. Interditos proibitóri-os, contingenciamento e muita pressão, entre outras práticas antissindicais, mar-caram a paralisação.

“O direito de greve é, ano após ano, questionado judicialmente pelos ban-cos, que utilizam todas as artimanhas possíveis na

montagem de argumentos para a obtenção de limi-nares em interditos proibitórios”, critica Otávio Dias, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região. Ao longo da paralisação, as instituições fi-nanceiras acusaram os bancários de estarem fazen-do uma greve abusiva, que carros de som e faixas caracterizam cerceamento da atividade empresarial, entre outras inverdades. Tudo isso para assegurar seu direito à propriedade privada, que em nenhum mo-mento é posta em risco pelos bancários.

BradescoNeste ano, o Bradesco obteve

alguns interditos favoráveis, mas sofreu grandes derrotas no Paraná. Em duas cidades do interior, Cornélio Procópio e Marechal Candido Rondon, o banco foi penalizado com pagamento de

DURANTE A GREVE, BANCOS UTILIZARAM INTERDITOS, CONTINGENCIAMENTO EOUTRAS PRÁTICAS ANTISSINDICAIS PARA COIBIR O DIREITO DE GREVE DOS BANCÁRIOS

multa, que chega ao valor de R$ 10 mil em favor dos sindicatos locais, por utilizar de má-fé, coagir funcionários a testemunhar inverdades e insistir nas Varas do Trabalho que as determinações judiciais não eram cumpridas.

As agências tiveram que reabrir em Curitiba, mas os bancários ficaram de braços cruzados “O Brades-co, que perdeu o 1º lugar no ranking para o Itaú Unibanco, ao invés de valorizar seus funcionários que estão migrando para o Santander em busca de melhores salários, perde seu tempo com interditos proibitórios, com o intuito de prejudicar os reajus-tes salariais. Atitude de um RH ultrapassado”, avalia Ademir Vidolin, secretário jurídico do Sindicato.

HSBCNo entanto, o campeão em intimidar seus fun-

cionários a não aderir à greve continua sendo o HSBC. Além dos interditos proibitórios e dos já conhecidos voos de helicóptero, que saíam do Parque Barigui em direção ao Centro Administrativo do Xaxim, o ban-co inglês utilizou-se de várias outras práticas antis-sindicais e muitas pressão psicológica: funcionários foram enviados para trabalhar em outros locais; de-mais trabalhadores foram obrigados ao uso do acesso remoto; tudo isso sem contar as práticas de assédio e retaliação iniciadas logo após o fim da greve.

Quanto ao uso do helicóptero no transporte aéreo de bancários, em 2010, o Sindicato obteve uma vitória judicial. O banco foi impedido de realizar os voos fretados, sob pena de multa de R$ 50 mil por viagem,

por não comprovar condições de segu-rança adequadas aos seus funcionários.

“ O direito de greveé questionadojudicialmente pelos bancos, que utilizam todas as artimanhas possíveis para aobtenção deinterditos proibitórios."

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Demais bancos privadosNos demais bancos privados, a preferência dos

banqueiros continuou sendo pela utilização da via judicial. Interditos tentaram coibir o direito de greve dos bancários no Itaú Unibanco e no Santander. Este último, inclusive, chegou a utilizar força policial para tentar impedir manifestações nas agências. Já os bancários do Itaú Unibanco conseguiram exercer seu direito de greve apenas nos primeiros dias de mo-bilização, mas logo as agências foram reabertas. Os despachos judiciais a favor do Itaú foram os que mais enfatizam o tom de “violação de propriedade”, mas as próprias decisões sinalizam que o direito de greve continua preservado.

Bancos públicosNa Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil,

100% das agências de Curitiba ficaram fechadas nos últimos dias da greve. Contudo, embora a mobiliza-ção tenda a ser mais intensa por parte dos trabalha-dores destes bancos, a truculência também é marca de suas direções. No BB, os gestores tentaram burlar a greve e usaram mensagens de celular para convocar seus subordinados ao trabalho. Já a Caixa proporcio-nou uma dose de truculência pós-greve e adiantou o horário de abertura das agências nos primeiros dias, para atender a demanda do atendimento à população.

A posição da JustiçaApesar da insistência das instituições financeiras,

neste ano, os magistrados já demonstraram cansaço diante das mesmas alegações utilizadas e não compro-vadas durante a greve. A Justiça chegou a ironizar: “Se fosse deferida a medida postulada pelos autores, onde os bancários iriam fazer suas reivindicações? Em frente ao jardim zoológico?”, destacou uma das liminares.

Para Otávio Dias, os julgamentos dos interditos foram feitos no mesmo nível que os bancos trataram seus trabalhadores. “Até mesmo o judiciário perce-beu que os banqueiros foram irônicos ao negar nosso direito de greve”, avalia. “O TST ainda não formulou jurisprudência sobre o uso de interditos proibitórios nas greves de bancários. O juiz determina a sentença de acordo com sua formação pessoal. Alguns reco-nhecem nosso direito de greve, outros não saem do lugar. É o capital novamente acima do trabalho”, ava-lia Elizeu Galvão, secretário de assuntos jurídicos da FETEC-CUT-PR.

PCRM1 - R$ 88,59M2 - R$ 177,18M3 - R$ 265,77M4 - R$ 354,36M5 - R$ 442,95M6 - R$ 531,54M7 - R$ 620,13M8 - R$ 708,72M9 - R$ 797,31

M10 - R$ 885,90M11 - R$ 974,49

M12 - R$ 1.063,08M13 - R$ 1.151,67M14 - R$ 1.240,26M15 - R$ 1.328,85M16 - R$ 1.417,44M17 - R$ 1.506,03M18 - R$ 1.594,62M19 - R$ 1.683,21M20 - R$ 1.771,80M21 - R$ 1.860,39M22 - R$ 1.948,98M23 - R$ 2.037,57M24 - R$ 2.126,16M25 - R$ 2.214,78

PCR implantacarreira de mérito

Uma das principais conquistas da Campanha Nacional dos Bancários 2010 foi o novo Plano de Carreira e Remunera-ção (PCR) do Banco do Brasil. No acordo específico assinado, o banco se compro-meteu a implantar o PCR até 31 de março de 2011, com vigência a partir de 01 de setembro de 2010 e efeitos retroativos a 2006 no que se refere à pontuação para a progressão por mérito.

Apesar de o BB não ter divulgado ainda todos os detalhes, sabe-se que o PCR, direcionado aos cargos comissio-nados, existirá junto com o Plano de Cargos e Salários (PCS), que se estende para todos os funcionários. No PCS são 12 níveis, do E1 ao E12, com reajuste de 3% a cada três anos. Já no PCR serão 25 níveis de comissionamento, do M1 ao M25, em que o funcionário incorpora R$88,59 ao salário por nível, já com os 25% da gratificação variável – o valor passa então do CTVF para o Vencimento Padrão (VP). A mudança de nível acon-tece quando o bancário atinge 1.095 pontos, o que deve acontecer em no máximo 3 anos.

“A grande conquista é que os comis-sionados terão uma incorporação gradual da verba variável às verbas salariais fi-xas”, explica Ana Smolka, representante do Paraná na mesa de negociação espe-cífica com o BB. Para ela, o PCR repre-senta sobretudo a valorização do comis-sionamento. “É uma forma de gratificar o tempo que o trabalhador ficou comis-sionado, já que a comissão pode ser reti-rada ou reduzida, pois não é uma verba

BANCO DO BRASIL SE COMPROMOTEU A IMPLANTAR O NOVO PLANO, QUE VALORIZA OS COMISSIONADOS

salarial fixa. Se o bancário for eventual-mente descomissionado, a diferença de sua renda não será tão grande”, explica.

Os pontos atribuídos por dia traba-lhado, que serão calculados pelo banco a partir de janeiro de 2006, dependem do nível de responsabilidade do cargo exercido pelo bancário e variam entre 1 e 6 pontos ao dia. O funcionário que era comissionado a partir da data estabe-lecida já acumula pontos para sua ade-quação à tabela do PCR, que começa a valer desde a data-base da categoria. Para fazer o cálculo, o bancário deve retirar do valor de seu CTVF os Ms equivalentes à sua pontuação e acrescentá-los ao seu salário referência na tabela do PCS. No entanto, o cálculo é bastante individua-lizado, pois depende dos já cargos exer-cidos por cada trabalhador e também do seu tempo de serviço.

Por se tratar de um plano de car-reira que depende de mérito pessoal, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região espera que existam outras ma-neiras de se adquirir pontos, não apenas por dia trabalhado. Pelo modelo atual, um bancário que exerce uma função que acumula um ponto diário, no final da carreira, 35 anos depois, teria alcan-çado o nível M11 dos 25 possíveis. “A busca é pelo máximo de isonomia entre os cargos. Esperamos que os critérios de ‘mérito’, caso existam, não sejam mais uma forma de cobrança de produtivi-dade e para intimidar o funcionário nas lutas coletivas”, pondera o dirigente sindical André Machado.

PCSE1 - R$ 1.600,00E2 - R$ 1.648,00E3 - R$ 1.697,44E4 - R$ 1.748,36E5 - R$ 1.800,81E6 - R$ 1.854,84E7 - R$ 1.910,48E8 - R$ 1.967,80E9 - R$ 2.026,83E10 - R$ 2.087,64E11 - R$ 2.150,27E12 - R$ 2.214,77

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HSBC nãoapresenta respostas

Após a assinatura da Convenção Coleti-va de Trabalho 2010/2011, que aconteceu em 20 de outubro, já foram retomadas as discussões sobre as questões específicas no HSBC. Sob a coordenação da Contraf-CUT e da Comissão de Organização dos Empregados do HSBC, dirigentes sindi-cais de todo o país se reuniram no dia 26 de outubro, em São Paulo, para avaliar a Campanha Nacional dos Bancários 2010 e retomar as discussões da pauta específica.

O foco das negociações permanentes deve incluir discussões sobre a implanta-ção de um Plano de Previdência Comple-mentar fechado para todos os bancários do HSBC e a luta pelo não desconto dos 15% da antecipação do Programa Próprio de Remuneração 2010 (PPR), pagos em março deste ano.

Para que haja mudanças nas regras do PPR, é necessária a negociação direta com o banco, pois a lei que regulamenta a PLR (Lei nº 10.101/2000) permite a dedução do valor antecipado a título de PPR na PLR básica, que este ano chegou ao valor de 90% do salário mais R$ 1.100 fixos. A antecipação de 60% desse valor foi paga dia 27 de outubro, junto com a antecipa-ção de 50% da parcela adicional de PLR, no valor fixo de R$ 423,87, referente a 2% do lucro líquido atingido pelo banco no primeiro semestre.

Outro tema que precisa ser debatido com o HSBC são as políticas de prevenção e combate ao assédio moral, que já foram garantidas pela CCT, mas dependem de

SINDICATO ESTÁ COBRANDO AVANÇOS NAS QUESTÕES ESPECÍFICAS,COMO DISCUSSÃO SOBRE PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR, PPR E ASSÉDIO MORAL

adesão espontânea das instituições fi-nanceiras. O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região já vinha cobrando do banco a assinatura de um termo de ajuste de conduta antes mesmo da campanha salarial, em função das práticas assedia-doras. A entidade tem recebido inúmeras denúncias sobre o comportamento do diretor Sérgio Loução, responsável pelas demissões dos gerentes que não estão cumprindo suas metas.

Porém, mesmo com a pressão do Sin-dicato, o HSBC não tem dado respostas

às demandas. “Entendemos que o atual formato, de passar as pautas de reivindi-cações dos trabalhadores por um comitê, está impedindo avanços nas negociações, temos críticas a este modelo e achamos importante que a atual diretora de RH do banco, Vera Saikali, participe das reuniões com a Comissão de Empregados e, mais do que isto, encaminhe e faça valer as reivindicações dos trabalhadores perante a direção do banco”, acrescenta Carlos Alberto Kanak, coordenador nacional da COE HSBC.

Em reunião realizada no mês de agosto em Curitiba, a direção do HSBCjá havia se comprometido a estabelecer uma agenda de negociações periódicas.

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Aumento real e melhores condições de trabalho

Nesta edição, a Revista Bancári@s adotou um novo formato para a entrevista e conversou com bancários da base de Curitiba e região para saber o que de me-lhor foi conquistado pela maior greve da categoria nos últimos 20 anos. A paralisação durou 15 dias, tanto em bancos públicos como nos privados, e garantiu aos trabalhadores reajuste de 7,5% nos salários e mais de 16% nos pisos. A mobilização conquistou também avanços inéditos, como a inclusão na Convenção Cole-tiva de Trabalho 2010/2011 de cláusulas que versam sobre a prevenção e o combate ao assédio moral, tema diretamente ligado às metas abusivas praticadas pelos bancos, e sobre a segurança bancária.

Os bancários entrevista-dos (não identificados para preservação) não se omiti-ram e falaram, inclusive, sobre a utilização da via judicial pelas instituições financeiras – através de in-terditos proibitórios – na tentativa de diminuir a for-ça da mobilização e coibir o direito de greve. Confira abaixo a opinião desses tra-balhadores, que demons-tram estar preparados para

as próximas mobilizações, incentivados pelas reivin-dicações negociadas.

Bancári@s: Qual sua avaliação dos resultados da Campanha Nacional 2010?

Bancário do Centro Administrativo HSBC Hauer: O Sindicato teve uma boa atuação, como em todos os anos, dentro das expectativas dos bancários. Na minha opinião, para os funcionários do Centro Administra-tivo Vila Hauer, a melhor conquista foi o aumento no valor do piso. Eu recebia R$ 1.074 e o salário de agora é R$ 1.250. Sobre o uso de interditos proibitórios pelos bancos, considero abuso de poder, a gente se

sente coagido a não aderir à greve. Agora, espero que as negociações continuem pelo fim das metas abusi-vas. Também gostaria que acabassem os descontos do Programa Próprio de Remuneração (PPR) no valor da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

Bancári@s: Como você avalia a atuação do Sindi-cato diante das conquistas da categoria?

Outro bancário do Centro Administrativo HSBC Hauer: Do ponto de vista de lutar pelas pessoas, a atuação do Sindicato é bacana. Nessa campanha sa-larial, a melhor conquista foi o maior aumento real dos últimos anos. Eu particularmente gostei do limite do reajuste para os altos salários, acho injusto quem ganha mais ter o mesmo reajuste de quem ganha a média salarial da categoria.

Bancári@s: O que você pensa sobre as tentativas do banco para evitar a adesão à greve?

Outro bancário do Centro Administrativo HSBC Hauer: Eu acho uma 'palhaçada' os bancos utilizarem interditos proibitórios e o contingencia-mento para tentar impedir nosso direito de greve, garantido por lei. Eu tive que passar alguns dias da greve trabalhando em casa, utilizando minha luz, minha Internet, pois o banco determinou que fizesse tudo por acesso remoto. Mas quero acreditar que as denúncias de assédio moral não são generalizadas, que elas acontecem apenas com alguns gestores.

Bancári@s: Qual a melhor conquista dessa CCT 2010/2011?

Bancária de agência do Santander: Para mim, a melhor parte da campanha salarial foi a conquista do reajuste com aumento real, o maior dos últimos anos, e também o valor da PLR. Eu acho muito ba-cana a atuação do Sindicato nas negociações durante a greve. Eu sou sindicalizada e espero que o Sindicato continue sempre brigando pela gente, pois é difícil conseguir participar das paralisações sendo fun-cionária de banco privado.

Bancári@s: Qual a importância da luta do Sindi-

FUNCIONÁRIOS DE BANCOS PÚBLICOS E PRIVADOS AVALIAM A ATUAÇÃO DO SINDICATONA CAMPANHA SALARIAL E APONTAM AS MELHORES CONQUISTAS DE 2010

“ Eu particularmente gostei do limite do reajuste para os altos salários, acho injusto quem ganha mais ter o mesmo reajuste de quem ganha a média salarial da categoria.”

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cato nas negociações salariais? Bancário de agência do Bradesco:

Para nós, que somos de bancos privados, a atuação do Sindicato é decisiva, pois es-tamos sempre correndo o risco de perder o emprego. Nesse ano, por exemplo, considero que as principais conquistas da campanha foram, junto com o recorde do ganho real, o reajuste dos benefícios, em especial a manutenção do auxílio-creche.

Bancári@s: O que você pensa sobre a utilização de interditos pelos bancos privados?

Bancário de agência do Bradesco: Tenho a impressão de que, como mui-tos funcionários não aderem à greve e acabam indo trabalhar, o banco busca o interdito afirmando que o Sindicato está impedindo a entrada nas agências. Mas o Bradesco não nos obrigou a trabalhar. Quando nós vínhamos para a agência, se o Sindicato estava aqui, nós avisávamos os colegas que ainda não tinham chega-do. Eles tinham liberdade para escolher se iam ou não trabalhar.

Bancári@s: O que você pensa sobre a atuação do Sindicato na greve?

Bancária de agência do Itaú Uniban-co: Fico constrangida em falar, pois não sou sindicalizada, mas é evidente que se não fosse o Sindicato a gente não teria poder de organização. Acredito que so-zinhos iríamos ter, por exemplo, reajuste

abaixo da inflação. Se não tivesse o com-prometimento dos dirigentes sindicais, o valor da PLR não seria tão bom.

Bancári@s: Você foi impedida de aderir à greve?

Bancária de agência do Itaú Uniban-co: A gente não sofreu assédio nesse sen-tido, mas sabemos nosso lugar como fun-cionário de banco privado. Nós corremos riscos, não temos garantia de emprego, como os funcionários dos bancos públicos.

Bancári@s: No Banco do Brasil, a greve foi encerrada por uma votação aper-tada. Na sua opinião, como essa situação pode ser observada na CABB?

Bancário da Central de Atendimento do BB: Pelo que tenho conversado com meus colegas, na CABB o pessoal não ficou muito satisfeito com os valores da PLR, iguais aos de escriturários. Acredito que os bancários da Central não enten-deram direito a negociação.

Bancári@s: Os funcionários de bancos públicos realmente se sentem menos co-agidos do que os de bancos privados du-rante as negociações e após o fim da greve?

Bancário da Central de Atendimen-to do BB: O que mais desagradou foi a compensação das horas que ficamos parados, como um banco de horas. Mas o pior é que nosso gerente disse que era para escolhermos entre nossas famílias e o banco. Meus colegas que estão há

mais tempo no banco disseram que isso nunca havia acontecido antes. O gerente chegou a dizer que quem não quisesse pagar as horas da greve, podia escrever uma carta e aguentar as consequências. Isso é assédio moral, uma das pautas principais da campanha.

Bancári@s: O que de mais impor-tante foi conquistado com a greve?

Bancário de agência da Caixa Eco-nômica Federal: Fiquei contente com os ganhos financeiros da greve, porém, como empregado da Caixa Econômica Federal, considero que existem questões ainda mais significativas que precisam ser melhor discutidas nas negociações específicas, como a nossa luta pela iso-nomia, a reposição de perdas, o plano de carreira, o assédio moral e as condições de trabalho, que acredito serem aborda-das superficialmente nas negociações da campanha salarial. Com o fim da greve, a mim não houve qualquer imposição por parte do banco, tudo voltou ao normal após os quatro primeiros dias de atendi-mento, que foram extremamente movi-mentados. Não acompanho diretamente a ação do Sindicato, mas acredito que a categoria poderia buscar ganhos mais significativos se participasse ativamente do movimento paredista, tomando cons-ciência de sua força como grupo social e político.

“ Acredito que acategoria poderia buscar ganhos mais significativos separticipasseativamente domovimentoparedista, tomando consciênciade sua força como grupo sociale político.”

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Os frutos da união da categoria bancária

A vitória da categoria bancária nesta Campanha Nacional 2010 não foi apenas a valorização dos pisos de 16,33%, o ganho real histórico de 3,08% (7,5% de reajuste para os trabalhadores que ganham até R$ 5.250) ou a inclusão na Convenção Coletiva de Traba-lho 2010/2011, pela primeira vez, de mecanismos para combater o assédio moral no trabalho e a falta

MAIOR GREVE DOS ÚLTIMOS 20 ANOS ARRANCOU GANHO REAL DE MAIS DE 3%,VALORIZAÇÃO DOS PISOS, MELHORIAS NA PLR E MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO

de segurança nas agências. “Nosso maior ganho, com toda certeza, foi a tomada de cons-

ciência dos bancários, de bancos pú-blicos e principalmente de instituições privadas, que aderiram maciçamente à greve”, destaca Otávio Dias, presidente

do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região e membro do Comando Nacional.Segundo o levantamento realizado pela

Contraf-CUT, em 2010, a categoria bancária realizou a maior greve dos últimos 20 anos. Foram mais de 8.200 agências paralisadas

2010 20

10

16,33% nos pisos7,5% de reajustePLR melhoradaManutenção do auxílio-crecheCláusula contra assédio moralMais segurança

BBPCRValorização dos pisosCarreira por mérito

CaixaValorização dos pisosPLR SocialMelhorias no PFG

Fotos: SEEB Curitiba

novembro 201012

em todo o Brasil, 65% delas de bancos privados. No Paraná, em um só dia, mais de 600 agências da base da FETEC-CUT-PR ficaram paralisadas e cerca de 18 mil bancários cruzaram os braços. Em Curi-tiba e região, somando os trabalhadores de centros administrativos e agências, foram mais de 14 mil bancários mo-bilizados. “Cada uma das conquistas

desta campanha sa-larial é fruto da

consolidação da unidade nacional dos bancários, que desde 2004

vem sendo construída por trabalhadores de bancos públicos e privados de todo país”, destaca Otávio Dias.

Mesmo com a intransigência dos bancos, que preferiram por mais uma ano adotar a postura da truculência e do desrespeito, os bancários do Paraná foram exemplo de mobilização. “No HSBC, apesar do interdito proibitório, os funcionários exerceram seu direito de greve. Chegamos a fazer assembleias por local de trabalho, que deliberaram pela permanência da parali-sação dos centros adminis-

trativos”, relata Carlos Alberto Kanak, secretário geral do Sindicato e coorde-nador nacional da COE HSBC. Bancários do Itaú Unibanco, do Santander e do Bradesco também enfrentaram a pressão patronal para dar força à luta nacional da categoria.

Enquanto abusavam do uso dos in-terditos, do contingenciamento e da pressão para coibir o direito de greve da categoria, nas reuniões de negociação, a classe patronal insistia na não con-cessão de aumento real, além de ig-norar as reivindicações por melhores condições de trabalho. “Tivemos uma negociação muito difícil, em que to-dos os nossos limites foram colocados à prova. E após toda negociação, quando esperávamos uma proposta decente que

2009

2009

6% de reajustePLR melhoradaLicença-maternidade de 6 mesesIsonomia para homoafetivosRetomada das mesas temáticas

Bancos públicosMais contrataçõesComissões de Ética

Reajuste salarial

Valorização dos pisos

PLR

Assédio moral

Segurança bancária

Dias parados

7,5% (reposição da inflação mais 3,08% de ganho real)para salários até R$ 5.250

R$ 393,75 ou reposição da inflação (4,29%)para salários acima de R$ 5.250 (o que for maior)

Benefícios edemais verbas fixas

16,33%

16,33%Gratificação de caixa R$ 311,67

Outras verbas de caixa após 90 dias R$ 147,38Auxílio-refeição R$ 18,15

Auxílio cesta-alimentação R$ 311,08

Regra básica: 90% do salário mais R$ 1.100,80,com teto de R$ 7.181 (reajuste equivalente a 7,5%)

Parcela adicional: 2% do lucro líquido distribuídos linearmente,com teto de R$ 2.400,00 (reajuste equivalente a 14,28%)

(Caso a distribuição do lucro líquido não atinja 5%com o pagamento da regra básica, os valores serão aumentados

até chegar a 2,2 salários, com teto de R$ 15.798)Antecipação da PLR: 60% da regra básica mais 50%

da parcela adicional até 10 dias corridos após a assinatura da Convenção Coletiva

Até 90 dias:Portaria: R$ 794,98

Escritório: R$ 1.140,13Tesouraria e Caixa: R$ 1.140,13

Após 90 dias:Portaria: R$ 870,84

Escritório: R$ 1.250,00Tesouraria e Caixa: R$ 1.250,00

Prevenção de conflitos no ambiente de trabalho, que inclui definição de mecanismos de combate ao assédio moral a serem

implementados mediante adesão voluntária dossindicatos e dos bancos por meio de acordo aditivo

No caso de assalto, atendimento médicoou psicológico logo após o ocorrido

O banco registrará BO em caso de assalto, tentativa e sequestroPossibilidade de realocação para outra

agência ao bancário vítima de sequestroApresentação semestral de estatísticas

nacionais sobre assaltos e ataquesCompensação dos dias parados no prazo entre a data da

assinatura da Convenção Coletiva e 15 de dezembro de 2010,nos mesmos moldes do ano passado

Conquistas da Campanha Nacional 2010Item ItemProposta Proposta

novembro 2010 13

valorizasse os trabalhadores, recebemos apenas o descaso como resposta”, comenta Elias Jordão, pre-sidente da FETEC-CUT-PR. “Foi preciso enfrentar-mos os banqueiros e unirmos todas as forças para arrancar uma proposta descente”, completa.

O resultado foi uma campanha salarial com no-vas e importantes conquistas. Assim, desde 2004, a categoria vem somando grandes avanços na CCT e nos acordos aditivos. Com fortes mobilizações, os bancários dos bancos privados já somam um total de 26,3% de aumento real no piso e 12,3% nos salários.

Também melhoraram a PLR e incorporaram outras con-quistas, como o valor adicio-nal da PLR, a cesta-alimenta-ção e a 13ª cesta-alimentação, a ampliação da licença-ma-ternidade para 180 dias, en-tre tantos outros (acompanhe a evolução das conquistas no rodapé destas páginas).

Melhores condições de trabalho

Além de conquistar o maior aumento real dos últi-mos tempos, nesta campanha

salarial, os bancários também garantiram avanços em questões que preveem melhores condições de tra-balho, com cláusulas de prevenção e combate ao assé-dio moral e medidas de reforço à segurança bancária. “Desde o início das negociações, já tínhamos como bandeira principal os temas Saúde e Condições de trabalho, porque tão ou mais importante que a re-muneração é a qualidade de vida e o bem-estar de todos os bancários”, explica o presidente.

A CCT 2010/2011 determina que, em caso de assalto ou ataque, consumado ou não, o bancário tem direito a atendimento médico ou psicológico logo após a ocorrência, e será feita comunicação à Cipa, onde houver. O banco também fica obrigado a registrar Boletim de Ocorrência Policial (BO) em casos de assalto, tentativa ou sequestro. “Apesar de ser uma atitude óbvia, os bancos eram apenas re-comendados pela Fenaban a registrar BO, mas não havia um controle se isso era realmente realizado”, explica Otávio Dias.

Outra conquista garantida ao trabalhador é a possibilidade de realocação das vítimas de seques-tro, que podem mudar de agência caso queiram. Além disso, a Fenaban se comprometeu a divulgar estatísticas semestrais à Comissão Bipartite de Se-gurança Bancária dos casos de assalto a instituições financeiras em todo o país. “Nossa estratégia este ano foi de insistir na mesa de negociação quanto a estes temas, a tal ponto que em vários momentos os banqueiros chegaram a admitir a existência de problemas nestas áreas”, contextualiza o presidente da FETEC-CUT-PR, Elias Jordão. “Muita coisa ainda será discutida nas mesas temáticas, mas com nossa insistência já conseguimos cláusulas importantes para os trabalhadores”, finaliza.

Ainda no que diz respeito às condições de traba-lho, os bancários obtiveram uma conquista histórica. Pela primeira vez, o acordo prevê a inclusão de uma política com mecanismos para prevenir e combater o assédio moral. O Comando Nacional considera que a proposta, arrancada da Fenaban pela força da greve, é o maior avanço das últimas negociações. A cláusula aditiva para prevenção de conflitos no ambiente de tra-balho é de adesão voluntária e prevê a “valorização de todos os empregados, promovendo o

“ Nosso maior ganho, com toda certeza, foi a tomada deconsciência dos bancários, debancos públicos eprincipalmente de instituições privadas, que aderirammaciçamente à greve.”

2008

8,15% e 10% de reajusteManutenção dos direitos

2007

2006

6% de reajuste13ª cesta-alimentação

3,5% de reajusteBB e Caixa assinam CCT

novembro 201014

respeito à diversidade, à cooperação e ao trabalho em equipe; conscientização dos empregados sobre a necessidade de construção de um ambiente de trabalho saudável; e promoção de valores éticos, morais e legais”.

O objetivo é promover a prática de ações e comportamentos adequados, que possam prevenir conflitos indesejáveis no ambiente de trabalho. Mas a adesão é voluntária e será formalizada por parte das instituições financeiras e sindicatos aderentes, por meio de Acordo Aditivo.

Bancos públicosCom a forte mobilização dos bancári-

os da Caixa Econômica Federal e do Ban-co do Brasil, os avanços também foram significativos. No BB, além dos 7,5% de reajuste para todos, os trabalhadores conquistaram a valorização dos pisos em 13%, passando a R$1.600 (8,71% de aumento real). Com o Plano de Car-reira e Remuneração (PCR), serão 25 níveis M, com valor de R$ 88,59 cada, adquiridos a cada 1.095 pontos por an-tiguidade, retroativo a 2006 (quanto ao mérito, as tabelas serão divulgadas até março de 2011). “Isso significa uma verba que não pode ser retirada nem re-duzida, pois é uma incorporação gradual do CTVF às verbas salariais fixas dos co-missionados”, avalia Ana Smolka, repre-sentante do Paraná na mesa de negocia-ção com o BB.

Nas conquistas que visam tornar o ambiente de traba-

lho mais saudável, os descomissionamen-tos sofreram uma alteração, passando de 01 para 03 o número de avaliações nega-tivas por desempenho necessárias para caracterizar a retirada da comissão. “Os avanços foram consideráveis, mas não va-mos parar de nos mobilizar. Queremos o plano de carreira com jornada de 6 horas e indenizações referentes ao passivo das sétima e oitava horas, entre muitas ou-tras demandas, que continuarão em cam-panhas futuras”, finaliza o dirigente sindi-cal André Machado.

Na Caixa, o reajuste salarial de 7,5% também foi estendido a todos os traba-lhadores, além da elevação do piso para R$1.600 e acréscimo de R$39 em todas as referências do PCS de 2008 (o que equivale a um aumento entre 8,41% e 10,19%). Outra conquista é o enquadra-mento automático dos empregados das carreiras administrativa e profissional nas referências 202 e 802 após 90 dias.

Os trabalhadores com no mínimo 180 dias trabalhados em 2009 e com condições serão promovidos em 1 refe-rência a partir de 01 de janeiro de 2010. A promoção por mérito referente a 2010 também ficou garantida e deve ser paga até março de 2011. Quanto à PLR, cada em-pregado recebeu, além da regra básica da Fenaban e da parcela adicional de 2% do lucro líquido divididos pelo número total de empregados, uma PLR Extraordinária ou Social, em que a Caixa distribuiu 4% do lucro líquido linearmente.

2005

2004

6% de reajusteIgualdade na Caixa

8,5% de reajusteCampanha salarial

nacional

novembro 2010 15

novembro 201016

novembro 2010 17

novembro 201018

Rumos incertos nogoverno de Beto Richa

Com a eleição de Beto Richa ainda no primeiro turno, nos próximos quatro anos, o Paraná será go-vernado pelo PSDB. O então candidato teve aprova-ção da maioria da população em sua gestão como prefeito de Curitiba. No entanto, como governador do Estado, sua atuação diante de movimentos soci-ais e seu comprometimento com os interesses dos trabalhadores ainda são incertos. “Há um risco, sim, da criminalização dos movimentos sociais do campo, como o MST, e do aumento da repressão ao movi-

mento sindical e estudantil, uma vez que setores de di-reita, como a UDR, forças ligadas à igreja, ao conserva-dorismo, apoiaram Richa”, analisa Ricardo Oliveira, pro-fessor de Sociologia e Ciência Política da UFPR.

O deputado estadual Tadeu Veneri, ex-bancário com dois mandatos na As-sembleia Legislativa, reeleito para mais quatro anos, ava-lia o discurso do governador eleito, de jogar duro com os movimentos sociais. “O dis-

curso da meritocracia, do choque de gestão e da desqualificação do governo anterior ainda encontra eco em alguns setores da sociedade. Porém, dizer que irá jogar duro com os movimentos sociais, que não irá tolerar o MST e que irá domesticar os sindicatos pode transformar o desafio em engodo”, acredita Tadeu Veneri.

Promessas e propostasEm seu plano de governo, Beto Richa destaca

propostas que citam termos como ‘emancipação de assentados’ ou ‘respeito a contratos juridicamente

TRABALHADORES ESPERAM DIÁLOGO COM O GOVERNADOR ELEITO,QUE DIZ QUERER CONSTRUIR “O NOVO PARANÁ”

perfeitos’. Para Ricardo Oliveira, embora pretenda implementar uma gestão estadual modernizadora, na prefeitura de Curitiba Richa não cumpriu várias promessas. “O risco é que ele possa se aproximar do parâmetro do governo Lerner, que foi baseado numa agenda de privatizações, terceirizações, desregula-mentação do serviço público e que, com isso, teve um resultado negativo”, analisa Oliveira.

“Mas devido à pressão popular e à oposição, Ri-cha já tentou pautar um novo projeto paranaense de desenvolvimento, no qual ele não privatizará e pro-curará manter algumas das principais políticas sociais do Governo Requião, como o Leite das crianças, o Luz fraterna, o salário mínimo diferenciado, que de-ram popularidade ao antigo governador”, acredita o professor da UFPR.

Para Tadeu Veneri, o novo governador está com-prometido com um segmento conservador. “Beto Richa manifestou em campanha seu compromisso com um segmento ideologicamente definido com princípios das agendas privadas no serviço público. O Estado é plural, não uma empresa privada. Possui componentes para além da vontade do governante e o diálogo se dará pela necessidade e correlação de forças. O governador terá ampla maioria na As-sembleia para aprovar tudo que desejar, e quem faz diferença são os movimentos organizados”, convoca o deputado. “Os movimentos sociais e os partidos de esquerda têm uma imensa responsabilidade na preservação de direitos durante o governo de Beto Richa”, complementa Ricardo Oliveira.

Quanto ao governo de Beto Richa se tornar oposi-cionista, Ricardo Oliveira explica que nenhum gover-nador fez oposição ao presidente Lula. “O poder do Estado depende do Governo Federal para recursos, verbas, políticas públicas. Eles foram sempre parceiros, quem faz oposição, sim, é o Congresso Nacional e a Câmara dos Deputados”, finaliza.

“ Os movimentossociais e os partidos de esquerda têmuma imensaresponsabilidadena preservaçãode direitos duranteo governo deBeto Richa.”

novembro 2010

Uma mulher no poderCom quase 56% dos votos, Dilma

Rousseff foi eleita a primeira mulher a ocupar cargo de presidente da República no Brasil. No dia 31 de outubro, mais de 55 milhões de eleitores votaram na candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), que promete dar continuidade aos projetos do Governo Lula e avançar ain-da mais. “A eleição de Dilma representa muito mais a escolha de um projeto que de uma biografia. Optou-se pelo projeto de governo que começou com Lula, que significou crescimento econômico aliado ao desenvolvimento social, com diminu-ição de desigualdades”, avalia Ricardo Oliveira, professor do Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFPR.

De acordo com o professor, foi com o Governo Lula que o Estado voltou a ter uma perspectiva nacional-desen-volvimentista, ou seja, voltou a ser fo-mentor e indutor do progresso e desen-volvimento, não deixando isso cair na responsabilidade da iniciativa privada. “O aprofundamento e a inclusão de di-reitos políticos e sociais, que se estru-

NOVA PRESIDENTE ELEITA PROMETE DAR CONTINUIDADE AODESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ASSOCIADO À INCLUSÃO SOCIAL INICIADO POR LULA

turaram com Lula, mostraram seus efei-tos na candidatura de Dilma, que teve forte apoio das classes mais pobres da sociedade, provando que esse tipo de proposta tem respaldo positivo nestes segmentos, aliados a este projeto”, com-plementa Oliveira.

Agora é a vez delasApós uma das campanhas eleitorais

em que mais foram trocadas acusações entre os candidatos, a mineira Dilma Rousseff é a primeira mulher a se tor-nar presidente no Brasil. Aos 62 anos, ela chega à Presidência trazendo em seu pas-sado um histórico de luta contra a dita-dura militar, de ter passado por cargos no governo do Rio Grande do Sul e de ter sido ministra-chefe da Casa Civil do Go-verno Lula. Mas o que isso influencia na forma de se governar um país?

Durante a campanha, Dilma já falava a respeito do olhar diferenciado da mulher, que é naturalmente mais sensível. Mas sua eleição representa mais que isso. De acordo com Ricardo Oliveira, trata-se de

19

um importante passo para a fundamen-tação da democracia brasileira. “Tivemos oito anos de governo de um líder sindi-cal, vindo da classe trabalhadora. Nesse governo, já houve uma maior sensibili-dade social, e Dilma, como mulher, e com sua trajetória esquerdista, trará uma nova perspectiva ligada à identidade política dela”, completa.

Em seu discurso de vitória, Dilma ini-ciou a fala comprometendo-se a honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até então inédito, se transforme num evento natural. Os principais objetivos de seu governo, apesar disso, caminham junto com os do Governo Lula: erradicar a miséria e dar condições para todos os brasileiros, pedindo, para isso, ajuda de todos os setores da sociedade brasileira, do empresariado à igreja, da imprensa aos políticos. “Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte”, declarou a nova presidente.

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novembro 201020

Dilma Rousseffpresidente

No dia 31 de outubro de 2010, o Brasil deu mais um passo importante na consolidação de sua de-mocracia, reconquistada em 1985, após 21 anos de ditadura militar (nada branda como quer que seja o jornal Folha de S. Paulo). Exatos 77 anos depois da conquista do direito de votar, as mulheres brasileiras, enfim, têm uma representante no mais alto cargo da nação: a Presidência da República. Um dia que vai entrar para a história do país.

A eleição de Dilma Rousseff representa a continu-ação de um projeto iniciado em 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência, baseado na inclusão social, na recuperação do Estado como indu-tor da economia e na projeção do Brasil no cenário político e econômico internacional. O índice de aprovação acima de 80% do Governo Lula não repre-sentou a transferência direta de votos para sua candi-data e sucessora. Mas, mesmo assim, a petista foi eleita.

Considerada uma outsider dentro dos meios políti-cos tradicionais – não sendo, portanto, uma política de carreira –, Dilma, cuja trajetória vai desde opositora ao regime ditatorial dos anos 1960 até ministra-chefe da Casa Civil, provocou certa desconfiança inicialmente. No primeiro turno, teve um comportamento um tanto discreto, obliterado por denúncias contra sua substi-tuta, Erenice Guerra. Assim como na eleição de 2006, que foi para o segundo turno, o processo eleitoral deste ano possibilitou um debate mais aprofundado sobre as propostas de governo dos então candidatos.

De um lado estava o retorno ao projeto neolibe-ral de FHC e, de outro, a continuidade e aprofunda-mento das políticas de cunho democrático e popular de Lula. Praticamente uma reedição dos anos 1950 e 1960, do embate entre “nacionalistas” e “entreguis-tas”, guardadas as devidas particularidades de cada época. Ainda assim, semelhanças de embate entre um projeto popular (‘varguismo’) e um elitista, subordi-nado e excludente (‘udenismo’), tendo este último, apoio incondicional da grande imprensa.

O pré-sal, a privatização de estatais e a geração

Pablo Diaz,secretário deAssuntos de Políticas Sociais e EstudosSocioeconômicos

de empregos formais foram alguns dos temas cen-trais do embate. Mas, enquanto Dilma tentava pau-tar questões relevantes, por outro lado, José Serra (PSDB) utilizava artifícios pouco éticos, despolitizan-do o pleito e transitando entre temas como o aborto, a crença em Deus, a bola de papel, o proselitismo rasteiro e artificial. Aparentemente acuada, Dilma mostrou personalidade, serenidade e firmeza de propósito, características de uma pessoa equilibrada.

No debate da Record, em determinado momen-to, a candidata chegou a pedir ao seu opositor mais elegância, menos agressividade, menos soberba. Os ataques de Serra atingiram níveis inimagináveis. Mas, firme e propositiva, a petista conseguiu impor sua marca à campanha, a de uma mulher determinada, discreta e competente, com disposição e conheci-mento suficientes para enfrentar os desafios do país, que não são poucos.

Diferente de Lula, Dilma herda um país em me-lhores condições que seu antecessor, com uma situa-ção fiscal mais equilibrada, projetos importantes em andamento e perspectivas positivas de crescimento. Além disso, ela conta com a fantástica descoberta do pré-sal, potencial gerador de recursos que alavan-quem outros projetos nas áreas de educação, pes-quisa e desenvolvimento (sempre resguardando os interesses nacionais e o viés de inclusão social).

Além da desconfiança, Dilma superou o precon-ceito à sua história de militante e “subversiva”, à sua condição de mulher, de candidata dos “nordestinos” e dos “pobres”, do “bolsa-família”, de ser “favorável” ao aborto. Superou ataques hipócritas, diretos e in-diretos, perceptíveis e subliminares. Dentre as várias afrontas, uma que soou paradoxal foi a de Maitê Pro-ença, que conclamou todos à discriminação contra a mulher Dilma. Esta é e será capa de revistas como Carta Capital, Istoé, Exame. Aquela permanecerá ape-nas como lembrança das capas da Playboy. Sem dis-criminação. As mulheres podem mais. As mulheres brasileiras são mais. Parabéns, Dilma!

A força do movimento sindical francês

Os últimos meses na França foram marcados por ações dos movimentos so-ciais e sindical. Em protesto contra a re-forma da lei de previdência francesa, os sindicatos saíram às ruas e fizeram para-lisações nos mais diferentes setores.

Entre os pontos da reforma que cau-saram revolta, está o aumento na idade limite para aposentadoria de 60 para 62 anos e a idade para receber a pen-são completa do governo de 65 para 67 anos. A reforma já foi aprovada pelo Parlamento e passará por um conselho que analisará sua constitucionalidade, para depois ter aprovação do presidente Nicolas Sarkozy, que já se posicionou a favor das mudanças.

As greves fecharam as 12 refinarias de petróleo do país e dezenas de reservas de combustíveis, o que obrigou a França a importar gasolina de outros países. Em 30 dias de paralisação, o prejuízo previs-to pelo setor é de £$1 bilhão. O setor de transportes – trens, aeroportos e rodovias

GREVE GERAL CONTRA REFORMA DA PREVIDÊNCIA MOBILIZOU A POPULAÇÃO FRANCESA

– também aderiu ao movimento, além dos professores, que cruzaram os braços. O apoio da população foi grande: 52% eram a favor da onda de greves e 72% simpatizavam com as causas, de acordo com pesquisa do jornal Le Pariesien.

No dia 29 de outubro, dois dias de-pois da reforma ser aprovada pelo Parla-mento, foi decretado o fim da greve nas refinarias que continuavam fechadas. O Partido Socialista Francês recorreu à de-cisão, alegando que a reforma “atenta contra o princípio de igualdade”.

Histórico do movimento popularMaio de 1968 entrou para a história

como o mês de um dos movimentos revolucionários de maior importância do século XX. A greve geral que tomou a França não se restringiu a uma única ca-mada e quebrou barreiras socioculturais. De início, grupos de estudantes declara-ram greve em universidades e escolas em Paris. Logo, a paralisação se estendeu para

fábricas, com adesão de mais de 10 mi-lhões de trabalhadores, cerca de um terço do número total da classe.

Na última década, mais mobilizações foram realizadas. Em 2002, funcionários públicos se manifestaram contra o plano do governo francês de privatizar estatais e reestruturar o sistema de pensões. Em 2005, o funcionamento do transporte pú-blico foi interrompido em quase toda a França, quando se protestou contra o alto nível de desemprego e o baixo poder de compra da população. No ano seguinte, estudantes tomaram as ruas para protestar contra o Contrato de Primeiro Emprego, principalmente quanto aos prazos do período de experiência e o fim da neces-sidade de justificar a demissão. Em 2007, funcionários do transporte público volta-ram a se mobilizar, agora contra a reforma dos regimes de aposentadoria especiais do setor, e receberam o apoio de traba-lhadores das estatais de gás e eletricidade, também afetados pela medida.

novembro 2010 21

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Saindo da rotina

O estresse atinge grande parte da população ati-va, com destaque para a categoria bancária. Os sin-tomas são variados: dor de cabeça, esquecimento, coração acelerado, mau humor, choro sem motivos, isolamento, angústia, ansiedade, músculos doloridos, mãos frias e úmidas, entre outros. Para evitar estes pro-blemas, algumas medidas que melhoram a qualidade de vida devem ser adotadas.

Cuide da sua saúdeA rotina cansativa de trabalho desvia a atenção dos

pequenos gestos que podem ser realizados todos os dias para melhorar a qualidade de vida. Ter uma ali-mentação saudável, praticar exercícios com frequência e dar atenção a exames simples são algumas atitudes. É importante ter controle da pressão arterial, do peso, dos níveis de colesterol, fazer exames preventivos, vi-sitar periodicamente médicos e dentistas e manter as vacinas em dia.

Mas só isso não garante uma boa qualidade de vida. “Mudar, sair da rotina, fazer algo diferente, ter con-vívio social, conhecer pessoas e lugares novos, ter um hobbie. Tudo isso é de extrema importância”, orienta Roseli Pascoal, assistente social da Secretaria de Saúde. Ela também salienta que criar um bom ambiente de trabalho, entendendo que estão todos participando de

CUIDADOS NO DIA A DIA AJUDAM A CONTROLAR O ESTRESSE, DOENÇAQUE ATINGE MUITOS TRABALHADORES, PRINCIPALMENTE BANCÁRIOS

um mesmo processo, ajuda a prevenir o estresse.Não se renda às pressões do dia a dia: saiba definir

prioridades, não queira fazer tudo ao mesmo tempo e sozinho, delegue funções e trabalhos; saiba dizer ‘não’, não ultrapasse seus limites e, sempre que puder, ajude, mas sem deixar que os outros se aproveitem de você.

Nada de ficar paradoOs benefícios da prática de atividade física e de

lazer são sentidos por todo o organismo. Os exercícios propiciam a liberação de substâncias que ajudam no funcionamento do sistema nervoso central e causam sensação de bem-estar, além de controlar doenças cardíacas e problemas de pressão.

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região sabe da pressão e cobrança constantes por que pas-sam a categoria e se preocupa em oferecer opções de lazer e descanso à sua base. Além do Espaço Cul-tural e Esportivo e de atividades como o Cicloturismo dos Bancários, a Sede Campestre da entidade volta a funcionar, depois de grande reforma, na Temporada de Verão de 2011. Os bancários podem usufruir de piscina, churrasqueiras, salões de festa, campo de futebol e quadras de esporte. Aproveite os finais de semana, reúna seus amigos e familiares, divirta-se e mande o estresse para bem longe!

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novembro 2010 23

Sétima arteTendo em vista seu papel na promoção do bem

viver, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região disponibiliza, a partir de dezembro, mais uma opção de cultura e lazer para seus associados. A entidade tornou-se associada à Programadora Brasil, órgão da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, e obteve direitos de exibição não comercial de clás-sicos do cinema nacional.

De acordo com Genésio Cardoso, secretário de Cultura do Sindicato, a exibição dos filmes será mais um canal de debates, com a divulgação do cinema nacional para propor formação política, cultural e promover a cidadania. “Queremos dar destaque ao cinema alternativo, que acontece fora do grande cir-cuito de exibições, preservando os direitos autorais. Além disso, iremos promover debates dos temas após as exibições”, explica o dirigente. Desta forma, o

POR MEIO DE PARCERIA, SINDICATO IRÁ EXIBIR FILMES BRASILEIROS NO ESPAÇO CULTURAL

Sindicato também contribui com o objetivo da Pro-gramadora Brasil, de fomentar o pensamento crítico em torno da produção nacional, contribuir com a formação intelectual, social e cultural dos brasileiros.

Sessões de cinemaAs sessões, que serão realizadas às quintas-feiras, a

partir das 19 horas, estão previstas para ter início em 16 de dezembro, com a exibição do filme “Aleluia Gretchen”, produzido em 1976, pelo diretor Sylvio Back. O filme conta a saga de uma família de imigran-tes alemães que fogem do nazismo para o sul do Brasil. A produção foi realizada durante a ditadura militar e mostra as ligações da Ação Integralista Brasileira com Hitler utilizando linguagem polêmica e ousada. Os in-gressos, gratuitos, serão distribuídos com antecedência aos bancários sindicalizados que tenham interesse.

• Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha, 1964)• O Homem que Virou Suco (João Batista de Andrade, 1979)• A saga da Asa Branca (Lula Gonzaga, 1979)• Sargento Getúlio (Hermano Penna, 1983)• Novembrada (Eduardo Paredes, 1998)• Aleluia Gretchen (Sylvio Back, 1976)• Delmiro Gouveia: o homem e a terra (Ruy Santos, 1971)• Coronel Delmiro Gouveia (Geraldo Sarno, 1978)• Os matadores (Beto Brant, 1997)• Sinistro (René Sampaio, 2001)• Uma questão de terra (Manfredo Caldas, 1988)• A Pedra da Riqueza (Vladimir Carvalho, 1976)• O velho: a história de Luís Carlos Prestes (Toni Venturi, 1997)• Os anos JK: uma trajetória política (Silvio Tendler, 1980)• Cafundó (Clóvis Bueno e Paulo Betti, 2005)• Três irmãos de sangue (Angela Patricia Reiniger, 2006)• Leucemia (Noilton Nunes, 1978)• Vlado, trinta anos depois (João Batista de Andrade, 2005)• Marimbás (Vladimir Herzog, 1963)Mais informações em www.bancariosdecuritiba.org.br

Filmes que serão exibidos

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Comunicação deAcidente de Trabalho

A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um comunicado que deve ser emitido e enviado ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em caso de acidente de trabalho, incluindo acidente típico, acidente de trajeto ou doença profissional. Sua emissão é importante para notificação de acidentes de trabalho ou doenças que tenham relação com o trabalho, mas também para que o trabalhador possa receber os benefícios acidentários, ser readaptado em outra função quando necessário ou ser auxiliado em uma possível ação trabalhista e indenizatória contra o empregador.

A Convenção Coletiva de Trabalho 2010/2011 es-tabelece que os bancos remeterão aos sindicatos pro-fissionais convenentes, mensalmente, as CATs.

Quando emitir CAT?A CAT deve ser emitida até o primeiro dia útil

ou em 48 horas da ocorrência do acidente de tra-balho e, em caso de morte, de imediato à autori-dade competente.

No caso da doença profissional ou do trabalho, a CAT deve ser emitida na data do início da incapa-cidade laborativa para o exercício da atividade habi-tual ou no prazo de 15 dias, ou ainda no dia em que foi realizado o diagnóstico (valendo o que ocorrer primeiro). Pois no caso de doença, o órgão que tem competência para estabelecer o nexo da patologia com as atividades desenvolvidas é o INSS, ou seja, o perito com o CAT tem mais probabilidade de reco-nhecer a doença como sendo do trabalho.

O acidente de trabalho é um fato que pode ocor-rer em todas as empresas, independentemente de seu grau de risco ou de sua organização e estrutura em relação à Segurança e Medicina do Trabalho. No caso de bancos e instituições financeiras, é obrigatória a emissão de CAT para cada assalto, tentativa de roubo ou sequestro, independente do intervalo entre eles.

SECRETARIAS DE SAÚDE E JURÍDICA ESCLARECEM PRINCIPAISDÚVIDAS SOBRE A EMISSÃO E IMPORTÂNCIA DAS CATS

Quem deve emitir a CAT?A Lei nº 8.213/91 determina, no Artigo 22, que

todo acidente do trabalho ou doença profissional de-verá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão. Caso o empregador se negue a emitir o comunicado, a CAT pode também ser emitida pelo médico que atendeu o trabalhador, o sindicato que o representa, qualquer autoridade pública ou o próprio bancário.

Caso seja necessário o afastamento por período superior a 15 dias, o empregado deverá solicitar ao banco o encaminhamento ao INSS ou o próprio tra-balhador pode agendar a perícia via 135 ou www.mpas.gov.br. No dia da perícia, ele deve apresentar-se ao INSS com a CAT preenchida, atestados médicos, documentos pessoais e documentação do banco in-formando o último dia trabalhado.

Mesmo não existindo necessidade de afastamento do trabalho, a CAT deve ser emitida pelo banco e re-gistrada no INSS, principalmente em casos de acidente típico ou de trajeto. Portanto, vale lembrar que CAT com afastamento do trabalho só dará estabilidade de emprego se o trabalhador passar por uma perícia médica na Previdência Social e ser reconhecido seu beneficio como Acidente de Trabalho (B91).

Qual o objetivo da CAT?A CAT tem como principal objetivo servir para

notificação de fins epidemiológicos e estatísticos de acidente de trabalho (trajeto, típico e doença), além de contribuir com a reabilitação profissional e garan-tir a estabilidade de 12 meses após alta de retorno do INSS. O comunicado possui ainda fins trabalhis-tas (em caso de ação indenizatória por danos mo-rais, físicos e patrimoniais e de reintegração) e serve como contribuição do FGTS por parte do emprega-dor, no período que o trabalhador se manter afastado do trabalho.

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04.08.2010

24.08.2010

19.08.2010

Delegados sindicaisda Caixa tomam posse

Bancários do BB protestam contra assédio moral

Novos delegados sindicais não libera-dos da Caixa Econômica Federal foram empossados no dia 04 de agosto, no Espaço Cultural e Esportivo. As eleições foram realizadas entre os dias 24 de maio e 14 de junho, para cumprir mandato até 11 de junho de 2011. Os delegados sindicais são escolhidos por todos os bancários, mas concorrem somente os

No dia 24 de agosto, o Sindicato fechou a agência Hugo Lange do Banco do Brasil para protestar contra a política de atuação e a postura intransigente do novo gerente, Antonio Pacholoki. A enti-dade recebeu diversas denúncias anôni-mas de que estavam ocorrendo reuniões fora do horário de trabalho, humilha-ções, ameaças e assédio moral contra os

sindicalizados. Os eleitos continuam den-tro das agências e atuam representando os trabalhadores junto ao Sindicato, or-ganizando reivindicações, críticas e su-gestões para melhorar as condições de trabalho. O delegado sindical tem esta-bilidade garantida pela CLT durante seu mandato. Foram empossados 26 delega-dos na Caixa em Curitiba e região.

funcionários. O banco foi reaberto após conversas com o administrador da Su-perintendência Carlos Segatto.

Antes do fechamento da agência, o Sindicato já havia informado o banco sobre as denúncias e a Superintendência se comprometeu a reorientar o gerente, que alegou que a versão dele dos fatos é diferente do que foi denunciado.

Formação para osdelegados sindicais do BB

Ao longo de 2010, o Sindicato tem promovido encontros com os dirigentes sindicais liberados e não liberados do Banco do Brasil, para refletir e discutir sobre as formas de ação desses dirigen-tes. “A função do delegado sindical é muito formal e burocrática. O Sindicato deve dar as diretrizes sobre como pro-ceder nessa função, que é responsável

pela organização no local de trabalho”, orienta Pablo Diaz, dirigente do BB. O curso tem o objetivo de preparar o dele-gado como um ser político. No primei-ro encontro, foram exibidos documen-tários que tratam do Sistema Financeiro Nacional e Internacional, com o debate apontando as contradições. Outros três encontros já foram realizados.

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Sorteio premia participantes da Campanha de Filiação 2010

Reunião nacional sobreassédio moral no HSBC

No dia 27 de agosto, o Sindicato re-alizou o segundo sorteio da Campanha de Filiação 2010. Os ganhadores de oito Nintendos Wii foram: Jaqueline Bettio-llo, Fernanda Benetolo, Francieli Cam-pos, José Alcir Zen, Márcia Maestri Milak, Eleni Fibla, Luana Kuchinie e Gislayne Pantussi. A bancária da Caixa Suely Zu-lato foi a ganhadora de uma TV LDC 42’.

Em 30 de agosto, a direção do HSBC se reuniu com dirigentes do Sindicato, da FETEC-CUT-PR e da Contraf-CUT, no Palácio Avenida, em Curitiba, para esclarecer denúncias de assédio moral praticado pelos gestores do banco e para tratar de políticas de prevenção e combate a esta prática. Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Fi-

Show com Almir Sater comemora Dia do Bancário

Para celebrar o Dia do Bancário, comemorado em 28 de agosto, o Sindi-cato promoveu um show com o músico Almir Sater. Mais de 4 mil bancários e familiares compareceram ao Expotrade Pinhais para prestigiar a festa. Após o fim da apresentação de músicas de viola, o grupo Na Medida encerrou a noite.

“Além de lutar pelos direitos da ca-

O próximo sorteio será dia 20 de dezembro e todos os sindicalizados concorrerão a oito notebooks Posi-tivo 14’. A Campanha visa fortalecer a luta da categoria e a manutenção das atividades do Sindicato. Quem indicar 10 bancários que efetivarem a filiação também soma pontos para ganhar uma bicicleta 18 marchas.

tegoria, é dever também do Sindicato promover momentos de lazer e descon-tração, que possam aliviar o estresse da rotina bancária”, destaca Otávio Dias, presidente da entidade. A data comemo-rativa teve início na greve dos bancários de 1951, em São Paulo. Foram 69 dias de mobilização contra a tentativa dos ban-queiros de tirar direitos trabalhistas.

nanceiro da Contraf-CUT, defendeu que a postura para evitar o assédio deve par-tir do banco. “O movimento sindical exige que o HSBC assuma uma postura pró-ativa, não permitindo essa prática”. O banco informou que já toma medidas reparatórias e se comprometeu a tratar dos casos que se comprove o assédio e estabelecer uma agenda de reuniões. SE

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31.08.2010

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03.09.2010

Bancários do HSBCprotestam contra assédio

Dia Nacional de Lutapressiona negociações

Após a reunião nacional realizada em Curitiba, os dirigentes do Sindicato foram até o Centro Administrativo HSBC Xaxim para informar aos trabalhadores sobre as promessas do banco de combate ao assédio moral. Os bancários foram lembrados que a entidade atua ativa-mente contra essas práticas e que os tra-balhadores que sofrerem assédio devem

A categoria bancária realizou, em 21 de setembro, um Dia Nacional de Luta para pressionar as negociações da Cam-panha Nacional 2010, que ocorreram semanalmente com temas específicos. O Comando Nacional e a Fenaban trataram separadamente das reivindicações de saúde e condições de trabalho, emprego, segurança bancária e remuneração.

denunciar, para que o HSBC seja cobrado caso permita que seus gestores utilizem dessa política na cobrança de metas.

No dia 01 de setembro, o Sindicato se reuniu com a Superintendência Re-gional do HSBC para discutir denúncias específicas, que incluem a forma de co-brança de metas. A entidade cobrou do banco solução para as denúncias.

Em Curitiba e região metropolitana, os trabalhadores acompanharam as ne-gociações com mobilização a cada sema-na. O Dia Nacional de Luta foi realizado em defesa dos direitos dos trabalhadores, alertando a população sobre as negocia-ções e a possibilidade de greve, caso os debates não gerassem uma proposta sa-tisfatória para os bancários.

Eleitos para Comitê de Ética do BB são empossados

Os bancários eleitos para o Comitê de Ética do Banco do Brasil, Luiz Pizetta (titular), do CSL, e Gerson Vieira (su-plente), do CSO, tomaram posse no dia 03 de setembro. A implantação do Co-mitê foi uma conquista oficializada na campanha salarial de 2009.

O Comitê é formado por cinco pes-soas, um eleito pelos funcionários e ou-

tros quatro indicados pelo banco, e irá en-caminhar denúncias de assédio e desvios de conduta ética, visando a solução dos problemas. Ana Smolka, representante do Paraná na Comissão de Funcionários do BB, encaminhou ao banco um pedido para que as eleições para o Comitê não sejam excludentes e que tenham o mes-mo número de eleitos e indicados.

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29.09.2010

15.10.2010

08.10.2010

Sindicato proíbe HSBC derealizar transporte aéreo

Agência do BB emColombo é fechada

Já no primeiro dia de greve da Cam-panha Nacional dos Bancários 2010, em Curitiba, o HSBC utilizou helicópteros para transporte de funcionários ao Cen-tro Administrativo do Xaxim. Foram três dias de prática antissindical para coibir o direito de greve dos bancários, que eram convocados via celular para o contingenciamento.

Após o término da greve dos bancári-os, no dia 15 de outubro, a agência do Banco do Brasil em Colombo ficou fechada até 10h30, em protesto contra práticas antissindicais da gerente local. O Sindicato recebeu denúncias anônimas sobre assédio e pressão aos funcionários para burlar a greve. A agência do BB foi a única da cidade que funcionou para

Sindicato promove festa no Dia das Crianças

Cerca de 200 crianças da creche Pequeninos de Cristo e da Escola Mu-nicipal Laís Perante participaram de uma comemoração ao Dia das Crianças pro-movida pela Secretaria de Saúde do Sin-dicato. Foram realizadas atividades edu-cativas, montadas oficinas de beleza e de artes para realização de atividades recre-ativas e distribuídos lanches. As meninas

No dia 01 de outubro, uma liminar obtida pelo Sindicato impediu o trans-porte, por não garantir a segurança dos trabalhadores nos voos. Moradores lo-cais disparavam fogos de artifício con-tra as aeronaves em protesto ao barulho dos voos, realizados a cada três minutos. O banco seria multado em R$ 50 mil (por voo) caso descumprisse a liminar.

foram maquiadas e puderam cortar o cabelo gratuitamente. As crianças tam-bém brincaram na piscina de bolinhas, cama elástica e quadra esportiva da Sede Campestre. A Secretaria Municipal Anti-drogas levou cães farejadores para explicar às crianças como é feito o trei-namento e o trabalho dos cachorros no combate às drogas.

atender clientes “preferenciais” (com maior aplicação financeira) durante a greve. “No Dia dos Professores nós fo-mos até a gerente para ensinar algumas práticas didáticas sobre legislação do direito de greve”, relembra Pablo Diaz, dirigente do BB. A Superintendência do BB informou que a gerente foi orientada a se reposicionar.

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A privatizaçãodo Banestado

Em 17 de outubro de 2000, o Banco do Estado do Paraná (Banestado) estava sendo vendido ao Itaú, pelo valor de R$ 1,6 bilhão. Para comparar o valor ir-risório desse repasse, em nove meses, o Itaú Unibanco lucrou R$ 9,6 bi.

Os bancários ainda não esqueceram as consequências trágicas da privatização. O banco chegou a ter 15 mil funcionários. Na época da privatização, eram mais de 8 mil. Hoje, restam 1,6 mil trabalhando no Itaú Unibanco. “O discurso político da época era de que o banco estava que-brado, mas temos que contextualizar que o Paraná assumiu uma dívida que só será quitada em 2026, e que a privatização co-locou na rua quase 7 mil famílias”, avalia o dirigente sindical Marcio Kieller.

Dez anos após a venda do banco, Jai-me Lerner divulgou um artigo em que defendeu sua posição diante da privatiza-ção. Disse ser uma “decisão inescapável”, causada pelas perdas que os bancos estatais tiveram com o fim da inflação após a implan-tação do Plano Real.

Para Roberto Von der Osten, secretário de Finanças da Con-traf-CUT, a decisão foi política e ideológica. “As questões centrais alegadas pelo governo Lerner não resistem às análises históricas. A privatização foi tra-çada pela escolha neo-

liberal do governo FHC em abrir apetito-sos espaços na economia para a iniciativa privada ampliar os seus lucros”, afirma.

Ainda em 1994, o Banco Central in-formou que pretendia intervir no Banes-tado. Lerner se comprometeu a sanear o banco, financiando R$ 5,6 bi do Governo Federal, que exigia como contrapartida a federalização ou a privatização. Lerner optou pela privatização. O valor pago no leilão entrou diretamente nos cofres do Tesouro Nacional, quitando 20% da dí-vida. Até abril de 2010, o Paraná quitou R$ 6 bi e ainda deve R$ 9 bi.

O governo estadual ainda incluiu no leilão 21% das ações da Copel como ga-rantia de pagamento dos chamados tí-tulos podres (emitidos pelos estados de Alagoas, Pernambuco e Santa Catarina, e pelas cidades de Guarulhos e Osasco, no final da década de 1990). Declarados nu-los por decisões judiciais, o Itaú exigiu que o Paraná adquirisse esses títulos.

Ao deixar de pagar ao Itaú R$ 456 milhões pe-los títulos, a Secretaria do Tesouro Nacional aplicou multa ao Governo Esta-dual, que ficou sem rece-ber repasses de recursos

UMA DÉCADA APÓS A VENDA CRIMINOSA DO BANCO, PROMOVIDA PELOS ANOSNEOLIBERAIS DE FHC E LERNER, MAIS DE 6,4 MIL BANCÁRIOS PERDERAM SEUS EMPREGOS

federais de novembro de 2004 a abril de 2010, quando o Senado Federal apro-vou por unanimidade o fim da multa. O Paraná deixou de receber R$ 262 mi.

A luta da categoria bancáriaNo dia 5 de outubro de 2000, os fun-

cionários do Banestado entraram em greve para reivindicar garantia de emprego, ma-nutenção do fundo de pensão, do plano de saúde e o não fechamento de agências e do centro administrativo. O banco ale-gou no TST que a greve era uma tentativa de impedir o processo de privatização e obteve liminar, com o argumento de que a paralisação era abusiva. O Banestado foi vendido 13 dias após o início da greve.

Marisa Stedile, secretária geral da CUT-PR, exercia o cargo de Conselheira Eleita pelos funcionários do Banestado na época e acredita que a única saída era a mobilização popular, que não aconte-ceu. “A bancada Lernista na Assembleia Legislativa era maioria. O Judiciário não acatou nenhuma das ações propostas contra a privatização. A imprensa estava totalmente a favor e não questionou as ilegalidades do processo”, relembra.

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