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O Candomblé é uma religião que tem na natureza a base para a sua sobrevivência. Para
nós, existem muitos animais que são sagrados e venerados. Hoje vamos falar sobre das
7 mais importantes aves do Culto ao Orisa. Aves que possuem prestígio inigualável,
frente as demais: Agbe, Aluko, Lekeleke, Odidere, Akoko, Agbufon e Opere.
Uma antiga história yorùbá, diz que Olodunmare Eleda Ohun Gbogbo, o criador de
todas as coisas, disse que 06 pássaros seriam primordiais, inigualáveis e de prestígio
inquestionável no Aye. Disse que esses pássaros seriam respeitados como as próprias
Divindades.
Os Adivinhos queriam saber quais seriam os pássaros e o que os diferenciariam dos
demais. Olodunmare disse que esses pássaros seriam transformadores de Asè, ele disse
que esses pássaros carregariam o próprio Asè. Mas como eles seriam detentores de Asè,
como eles carregariam o Asè?
Olodunmare então chamou o pássaro Agbe e disse: Agbé você será detentor de Asè,
você carregará em seu corpo o próprio Asè. Agbé questionou o que deveria fazer. Você
deverá banhar sua plumagem no Aro. Agbe o fez, ganhou beleza e passou a receber
honrarias. Agbé agora é um primordial inigualável.
Mas, ainda faltavam 05 pássaros. Olodunmare então chamou o pássaro Aluko e disse:
Aluko você será detentor de Asè, você carregará em seu corpo o próprio Asè. Aluko
questionou o que deveria fazer. Você deverá banhar sua plumagem no Osun. Aluko o
fez, ganhou beleza e passou a receber honrarias. Aluko agora é um primordial
inigualável.
Mas, ainda faltavam 04 pássaros. Olodunmare então chamou o pássaro Odidere e disse:
Odidere você será detentor de Asè, você carregará em seu corpo o próprio Asè. Odidere
questionou o que deveria fazer. Você deverá banhar sua plumagem no Epo Pupa.
Odidere o fez, ganhou beleza e passou a receber honrarias. Odidere agora é um
primordial inigualável.
Mas, ainda faltavam 03 pássaros. Olodunmare então chamou o pássaro Lekeleke e
disse: Lekeleke você será detentor de Asè, você carregará em seu corpo o próprio Asè.
Lekeleke questionou o que deveria fazer. Você deverá banhar sua plumagem no Efun.
Lekeleke o fez, ganhou beleza e passou a receber honrarias. Lekeleke agora é um
primordial inigualável.
Mas, ainda faltavam 02 pássaros. Olodunmare então chamou o pássaro Akoko e disse:
Akoko você será detentor de Asè, você carregará em seu corpo o próprio Asè. Akoko
questionou o que deveria fazer. Você poderá usar a coroa vermelha. Akoko vestiu a
coroa, ganhou beleza e passou a receber honrarias. Akoko agora é um primordial
inigualável.
Mas, ainda faltava 01 pássaro. Olodunmare então chamou o pássaro Agbufon e disse:
Agbufon você será detentor de Asè, você carregará em seu corpo o próprio Asè.
Agbufon questionou o que deveria fazer. Você receberá a outra coroa. Agbufon vestiu a
coroa, ganhou beleza e passou a receber honrarias. Agbufon agora é um primordial
inigualável.
Depois disso, Olodunmare disse que nenhuma outra ave seria inigualável e de prestígio
inquestionável no Aye. Mas havia outro pássaro, que não parava de reclamar, ele queria
ser inigualável e de prestígio, esse pássaro era Opere. Olodunmare então disse que
cortassem a cauda de Opeere e que isso o diferenciaria dos demais, uma cauda muito
curta.
Assim, essas 7 aves tornaram-se importantes no culto ao Orisa, sendo veneradas. Em
outras oportunidades, abordaremos outras aves também muito importantes, como
Adaba, Akalamagbo, Tangalá, entre outras.
Que Osumare Araka continue olhando e abençoando todos!
Na categoria Candomblé | 5 Comentários
Èwé Akòkó
Fevereiro 9, 2015 por Fernando D'Osogiyan
AKOKO
A árvore do Akoko é uma das mais importantes e sagradas do culto aos Deuses
Africanos.
A folha do Akoko chegou ao Brasil por meio dos africanos que aqui aportaram e
perpetuaram a sua cultura. Seu nome científico é Newboldia Laevis. Embora não seja
uma árvore nativa do nosso País, é comum encontrar árvores de Akoko nos Terreiros de
Candomblé do Brasil, sendo que suas folhas e tronco são indispensáveis para a nossa
religião.
As folhas de Akoko são tão importantes, que são utilizadas para consagrar os títulos
honoríficos e religiosos que os seguidores do Candomblé recebem. Uma antiga cantiga
yorùbá, versa que não há título sem Akoko. Em outra cantiga diz que a consagração do
título ocorre por meio das folhas de Akoko (Akoko Ewe Oye Akoko, Ewe Oye Ni….).
Outra cantiga fala da ligação da sagrada ave Agbe com a árvore de Akoko, explicando a
ligação dela com os títulos.
As folhas de Akoko são utilizadas em diversos rituais, bem como, o seu tronco. Os seus
galhos possuem uma forte ligação com os ancestrais, uma cantiga discorre sobre isso
“Olorun Olopa….”. Nesse caso, “Olopá” faz alusão aos galhos consagrados de Akoko
para os ancestrais.
Há ainda, Divindades que moram aos pés dessa árvore. Na África, por exemplo, existem
assentamentos de Ògún, o Deus Guerreiro, aos pés dessa árvore.
Não podemos aqui, falar sobre todas as utilidades da Árvore, Folhas, Tronco e Galhos
do Akoko, mas, à exemplo do Igi Ope (Dendezeiro) é uma árvore que no Candomblé,
todas as suas partes possuem uma importante função.
O Terreiro de Òsùmàrè espera ter contribuído um pouco, para o esclarecimento dos
temas relacionados ao nosso Candomblé.
Na categoria Candomblé | 10 Comentários
Nasce o termo Ìyàwò
Fevereiro 4, 2015 por Da Ilha
O Odù Ogbè’Ògúndá revela:
Iton:
Ìyà era a filha de Oníwòó o rei de Ìwò. Ela era muito bonita e trabalhadora. Ela era
muito querida por Oníwòó. No entanto, Oníwòó resolveu ativar sua opção de um
companheiro para ela. Oníwòó queria se assegurar que qualquer um que quisesse casar
com sua filha deveria ser paciente e não deveria perder o controle facilmente. Ele
colocou a provo todos os pretendentes de sua filha e todos falharam. Òrúnmìlá então foi
a alguns de seus estudantes para consultar Ifá e determinar se ele se casaria ou não com
a filha de Oníwòó e também quis saber se a relação seria frutífera e feliz para os dois.
Os estudantes o asseguraram que seria muito bom se ele entrasse neste projeto. No
entanto ele foi aconselhado a ser muito paciente e não perder o controle. Ele estava
informado que os pais de Ìyà colocariam muitas provas em seu caminho para determinar
o nível e o tamanho de sua paciência. Então ele foi aconselhado a oferecer um galo, epo
e dinheiro (tanto ele/a devem realizar ritual para Ifá com dois ratos, peixe e dinheiro).
Ele cumpriu sua tarefa.
Quando Òrúnmìlá chegou ao palácio de Oníwòó, ele foi recebido calorosamente e foi
convidado a ir para seu quarto dormir. Desconhecido de Òrúnmìlá o quarto era uma
pocilga dos porcos de Oníwòó. Acima dele era onde as galinhas de Oníwòó ficavam.
Òrúnmìlá foi mantido dentro deste quarto sem comida e sem água. Ele fedia muito e as
galinhas defecavam sobre o seu corpo. Ele não saiu de seu quarto, não pediu comida ou
água ele não pediu para tomar banho e limpar seu corpo.
No quarto dia, Oníwòó chamou Òrúnmìlá ao palácio, quando se apresentou ele estava
completamente coberto de fezes e fedia terrivelmente. Ele perguntou se Òrúnmìlá havia
desfrutado de sua estadia no seu quarto. Òrúnmìlá disse que o quarto era como se fosse
um segundo palácio para ele. Ele pediu para Òrúnmìlá trocar de quarto e ficasse ao lado
da cozinha, ele estava se afogando no calor e na fumaça.
Ele permaneceu no quarto durante outros três dias sem comida ou bebida, no quarto dia
ele foi convidado para ir ao palácio na presença de Oníwòó. Oníwòó lhe perguntou se
ele havia desfrutado de sua estadia no novo quarto. Òrúnmìlá disse que o quarto era
muito agradável. Oníwòó pediu que Òrúnmìlá fosse alimentado pela primeira vez. Ele
comeu da comida do rei.
O próximo quarto dado a ele estava cheio de água rançosa, vermes e insetos, ele não
pôde dormir durante três dias e quando chegou o quarto dia pediram-lhe para deixar o
quarto, ele tinha muitas picadas de inseto por todo seu corpo. Quando Oníwòó lhe
perguntou se ele havia desfrutado sua estadia no novo quarto Òrúnmìlá respondeu
afirmativamente.
Durante três meses Òrúnmìlá estava passando prova em cima de prova. Ele suportou
tudo sem queixa. Os próximos três meses foram provas físicas, como reduzir árvores
imensas, limpar grandes extensões de terra e carregar cargas pesadas por longas
distancias de um lugar ao outro. Ele fez tudo sem queixa.
Depois disto Oníwòó convocou Òrúnmìlá para encontrá-lo, tomar um banho e trocar de
roupa (presente do rei). Antes que ele fosse até a corte do palácio, ele descobriu que em
todos os lugares as pessoas estavam muito felizes por ele e havia um clima festivo.
Todos estavam cantando, dançando e festejando. Oníwòó pediu a Òrúnmìlá que se
sentasse ao seu lado, ele fez. Oníwòó entregou a mão de Ìyà como esposa de Òrúnmìlá.
Oníwòó louvou a paciência de Òrúnmìlá e gentileza ao longo de todas as provas por que
passou. Ele então pediu a Òrúnmìlá para cuidar de Ìyà, já que havia se mostrado capaz
de tomar conta de uma mulher.
Òrúnmìlá estava cheio de alegria, ele havia tido êxito onde muitos haviam falhado. Ele
então disse aos seus estudantes que todas as mulheres que se casassem com um homem
e passassem a viver debaixo de sua capa deveria ser chamada de Ìyà-Ìwo ou Ìyàwò (o
sofrimento de Ìwo). Ele chamou sua nova Ìyà-Ìwo de Èrè (os ganhos para o sofrimento
do povo de Ìwo). Todos eles e também seu chefe.
Depois deste dia todas as noivas se tornaram conhecidas como Ìyàwò.
A raiva não é frutífera
Paciência é o pai do bom caráter
O ser superior possui tudo
Estas foram às declarações do oráculo de Òrúnmìlá
Quando ele ia buscar a mão de Ìyà (sofrimento).
A filha de Oníwòó (rei de Ìwò)
Ele foi aconselhado a oferecer sacrifício
Ele cumpriu.
Logo depois, não muito tempo depois.
Encontremo-nos em meio a todo iré
O sofrimento que Òrúnmìlá experimentou em Ìwó
Não merece pena.
Olhem minha Ìyàwò (o prêmio pelo sofrimento de Ìwó).
Ire Aláàfià;
—
Coletado em Ifá Dida 2.
Oluwo Popoola
Tradução Odé Gbàfáomi
Na categoria Candomblé | 24 Comentários
Òşún cura com agbo (a bebida medicinal) e o local da
cura em Ọșogbo se chama Idi Oru.
Janeiro 28, 2015 por Da Ilha
Òdí’Ìrètè – Ìdin’Ìrẹtẹ – Idin-Amileke (Nomes deste Odù) diz:
Itọn:
Nos tempos em viagens missionárias de Ọrúnmìlá a terra yorùbá de Ọșogbo, ele se
encontrou com Òşún. Ọrúnmìlá encontrou Òşún através de Alárè Ountoto que era o
Baàlè (o chefe dos pagamentos) antes de se tornar conhecido em Ọșogbo. Ifá disse que
Alárè Ountoto convidou Ọrúnmìlá para adivinhação e trabalhos espirituais.
Neste momento Alárè consultou Ifá através de Ọrúnmìlá para a paz, bem estar e
tranquilidade de pagamentos. A divinação de Ọrúnmìlá ia descrever o ebo necessário
para Alárè Ountoto. Ele manteve os rituais para o ebo. O ebo foi devidamente feito.
Como esperado, as orações de Ọrúnmìlá se inflaram e as coisas mudaram para melhor
em Ọșogbo.
Ọrúnmìlá ainda estava na casa de Alárè Ountoto quando Òşún ouviu falar dele e foi
visitá-lo. Chegando a casa, Òşún consultou Ifá. Ọrúnmìlá lhe disse que seu problema
era a falta de filhos e que a posse de seu marido e amor foi conseguida com inúmeros
encantos e feitiços e isto era a causa da falta de filhos. Ọrúnmìlá disse à Òşún que para
ter filhos ela deve deixar seu marido, Okokoro. Entretanto Okokoro era muito poderoso
e organizava o pagamento de Ifá, Okokoro tem muitos encantos potentes e muitos
feitiços para serem usados.
Òşún estava desesperada por filhos, ela estava preparada para assumir qualquer risco,
mesmo que isto envolvesse a ira de seu marido. Òşún teve determinação para enganar
seu marido. No entanto, enquanto ela estava pensando sobre as mensagens de Ifá, ela
estava ao mesmo tempo cheia de admiração por Ọrúnmìlá. Ela decidiu propor amizade a
ele. Ela disse à Ọrúnmìlá que havia gostado muito dele e propôs ser sua amante.
Ọrúnmìlá concordou. As coisas começaram a acontecer. Alguns meses de aventura
amorosa e Òşún engravidou, não de seu marido, mas de Ọrúnmìlá.
A gravidez de Òşún era muito inquietante para seu marido Okokoro. Antes disso,
Okokoro recebeu informações e muitas dicas sobre o que se passava entre sua esposa
Òşún e Ọrúnmìlá. Como resultado desta gravidez ele decidiu desafiar Ọrúnmìlá para
uma luta.
Okokoro estava seguro de seus poderes, encantos e magias. E que a figura de Ọrúnmìlá
não seria problema por que tudo que ele precisava fazer seria lançar todos os feitiços e
magias fortes em Ọrúnmìlá.
Durante o tempo das ameaças de Okokoro, Ọrúnmìlá havia deixado Ọșogbo para ir a
outro lugar de acordo com seu trabalho missionário.
Quando Alárè Ountoto quis fazer nova consulta a Ifá, ele mandou aviso para Ọrúnmìlá,
no entanto, antes de partir de Ọșogbo, ele já havia ouvido falar das más intenções de
Okokoro contra ele. Típico de Ọrúnmìlá, ele estava tranquilo.
Quando chegou a Ọșogbo, como de costume, ele ficou na casa de Alárè Ountoto. A
notícia de sua chegada espalhou-se rapidamente. Como um morador da cidade Okokoro
ouviu a notícia e foi ao encontro de Ọrúnmìlá. Ele encontrou Ọrúnmìlá. Ele desafiou
Ọrúnmìlá para uma luta, porém, encontrou uma parede de pedra. O fato de Ọrúnmìlá
nem demostrar que sua presença era importante o enfureceu e ele não perdeu tempo
soltando seus feitiços perigosos em Ọrúnmìlá. As magias e feitiços que foram lançadas
por Okokoro tornaram Ọrúnmìlá mais forte, porém, ele seguiu lançando.
Inicialmente Ọrúnmìlá estava calmo e tranquilo, quando Okokoro começou a se
enfurecer, porém, quando ficou claro que Okokoro não venceria, Ọrúnmìlá determinou
a ele parar com a luta e ao mesmo tempo ele o transformava em um rio. Okokoro
imediatamente foi transformado em um rio. Este rio tornou-se conhecido como Odò
Okokoro. Odò Okokoro é um rio muito conhecido em Ọșogbo. A transformação
misteriosa de Okokoro em rio significava que Òşún estava livre dele. Assim ela propôs
casamento a Ọrúnmìlá. Ọrúnmìlá aceitou e eles se casaram. Òşún deu muitos filhos a
Ọrúnmìlá em Ọșogbo. O local onde Ọrúnmìlá e Òşún tiveram seu primeiro contato
físico, mais tarde, foi designado como um local sagrado.
É conhecido como Idi Òşún, o centro de um igbà de Òşún. Este local, Idi Òşún, ainda
mantém este nome em Ọșogbo.
Embora Ọrúnmìlá tivesse família em Ọșogbo, ele não estava ligado a esta terra. Ele
continuou seu roteiro de trabalho missionário que o levou para fora de Ọșogbo e muitos
outros lugares e povos em sua missão curativa.
Uma coisa era certa, de tempos em tempos ele estava em Ọșogbo, ele sempre enchia
Òşún com medicamentos especiais de Ifá para que ela administra-se em seus numerosos
clientes enquanto ele estava longe. Ọrúnmìlá sempre se assegurava que as medicinas
(remédios) seriam suficientes até seu retorno a Ọșogbo. Estas medicinas especiais de Ifá
normalmente eram em forma de agbo (chá medicinal, que também pode ser chamado de
uma invenção nativa ou uma bebida). O uso deste agbo: bebida, banho ou guarda
bênçãos.
O lugar designado para fazer este agbo se chamou Idi Oru e agora é um local sagrado
em Ọșogbo.
O agbo que Ọrúnmìlá preparou para Òşún era particularmente muito poderoso e hábil
para vários trabalhos de cura, durante sua ausência deste povoado. Este poder de cura
trouxe Òşún para o foco, que sua proeza espiritual era sempre o assunto da cidade.
O reconhecimento do povo por Òşún foi trazido por Ọrúnmìlá que agregou respeito, por
que as pessoas sabiam que seu poder e fama vieram pela graça especial de Ọrúnmìlá.
No entanto, enquanto a maioria dos cidadãos adorava Ọrúnmìlá e esperava
ansiosamente sua próxima visita ao povoado, os Adahunse (Espiritualistas,
clarividentes, os leitores de mão, herbalista e outros nesta linha) o odiavam. Seu ódio
por Ọrúnmìlá vinha dele fazer com que todos do povoado viessem até ele para
adivinhação e sanar seus problemas físico-espirituais, sempre que ele visitava Ọșogbo.
Em vez de trabalhar para melhorar os seus difíceis serviços espirituais e ganhar o
respeito do povo, os Adahunse culpavam Ọrúnmìlá pela lentidão em seus ganhos
sempre que Ọrúnmìlá visitava o povoado. Eles viram Ọrúnmìlá como uma grave
ameaça a seus negócios. Conscientes de suas limitações espirituais, os Adahunse não
poderiam se confrontar com Ọrúnmìlá por que ele superaria seus parcos poderes. Pior
ainda, eles perceberam que qualquer confronto seria suicídio. Consequentemente eles
marcaram uma reunião para decidir o que fazer com ele. Os Adahunse consideraram
muitas opções, para adotar um plano contra Ọrúnmìlá fora de Ọșogbo, na próxima visita
que ele fizesse.
Eles não poderiam fazer isto sozinho, eles precisariam da ajuda do Baàlè (o cabeça dos
pagamentos). Felizmente para eles, Ọrúnmìlá sempre se alojou na casa do Baàlè e foi a
ele que recorreram. Os Adahunse foram a Alárè Ountoto, seu Baàlè e contaram muitas
histórias falsas sobre Ọrúnmìlá. Eles disseram que ele era muito imprudente em
continuar a convidar Ọrúnmìlá para vir em Ọșogbo. Ao final da longa narrativa, eles
persuadiram o Baàlè a dizer a Ọrúnmìlá que da próxima vez que viesse a Ọșogbo sua
presença não era mais benvinda. Alárè Ountoto estava de acordo e lhe prometeu sua
plena cooperação.
Uma vez mais era hora e tempo de Ọrúnmìlá visitar Ọșogbo. Quando ele chegou à
cidade, ele foi direto, como de costume, aos aposentos do Alárè Ountoto. Alárè Ountoto
não poderia mandar Ọrúnmìlá voltar imediatamente sendo ele querido por tanta gente.
Devido a sua boa amizade ele permitiu que ele passasse a noite em sua casa. De acordo
com sua promessa, sem demora, ele foi até Ọrúnmìlá muito cedo na manhã seguinte e
lhe disse que seus serviços não eram mais necessários e que ele deveria deixar sua casa
e o povoado imediatamente. Ọrúnmìlá lhe pediu uma explicação para sua súbita decisão
de mandá-lo embora de seus aposentos e da cidade. Ele disse que não tinha nenhuma
explicação para lhe dar ou outra maneira de lhe falar que o queria fora de seus aposentos
e da cidade. Sem argumento ou mais alguma informação Ọrúnmìlá arrumou suas coisas
que eram basicamente seu adorno de Ifá e os colocou em seu Àmininjekun apo (sacola
sagrada de Ifá). Entretanto ele decidiu pagar as pessoas com sua própria moeda antes de
ir.
Ele pegou seu Òsòòrò Òpá (osun Ifá / Ifá pessoal) e o apontou para o òrun.
No momento em que fez isto, um eclipse súbito se apoderou do povoado inteiro e cada
espirito vivo foi dormir imediatamente. Ọrúnmìlá amaldiçoou a cidade pela plenitude
do seu tratamento ingrato e injusto para com ele através de seu Baàlè, Alárè Ountoto.
Ele deixou a cidade e foi para outro lugar.
Òşún foi a primeira pessoa a ver os sentidos da esquerda de Ọrúnmìlá. Òşún olhou em
volta e ficou assustada com o que viu.
Ela rapidamente supôs que uma calamidade havia se sobrepujado sobre a cidade. Ela
também sabia que o que aconteceu estava acima de seus poderes, ela precisava mirar o
òrun.
Porém, ela precisava mandar alguém chamar Ọrúnmìlá. Para fazer isso significava que
ela teria que recorrer a seus escravos. Ela trabalhou freneticamente com alguns deles,
porém, apenas um se prontificou. Ela se alegrou com o êxito por que ela não precisaria
usar os escravos de Alárè Ountoto, ela ficou feliz em saber que não era a única pessoa
acordada em toda a cidade. Ela enviou seu escravo aos aposentos do Alárè para ver
Ọrúnmìlá. Como um vento ele correu até os aposentos do Alárè, porém, voltou para
dizer a Òşún que Ọrúnmìlá já havia partido. Òşún supôs imediatamente que o fenômeno
antinatural que ocorreu era um tipo de punição para alguma coisa que o povo da cidade
tivesse feito. Ela também supôs que somente Ọrúnmìlá poderia controlar a situação.
Correndo contra o tempo, Òşún correu em perseguição a Ọrúnmìlá e rastreava seu
caminho pelas trilhas. Entre andar rápido e correr, Òşún alcançou Ọrúnmìlá no ponto
em que ela estava para cruzar a fronteira de Ọșogbo para outro povoado. Ela se agarrou
a Ọrúnmìlá e lhe disse que ela não permitiria que ele partisse sem que dissesse o que
havia acontecido de errado. Ọrúnmìlá lhe disse que alguns Adahunse ficaram contra ele
e ficou surpreendido com o conluio do Alárè Ountoto com eles. Ele concluiu que se os
filhos e as pessoas queriam os Adahunse para eles, eles deveriam cuidar do que havia
ocorrido com o povo. Òşún concluiu que Ọrúnmìlá era o único que poderia desfazer a
calamidade. Ela começou rogando o perdão em nome de seu povo. Ela rogou e rogou.
Logo depois, Ọrúnmìlá rendeu-se e disse que antes dele reverter à maldição, o povo
necessitava proporcionar eku, ejá e eran ao ìgbà que deveria ser: 200 eku, 200 bagres
defumados e 200 cabras e muitas outras coisas como ebo para a expiação de sua falta de
respeito com Ifá. Rapidamente todos os elementos ritualísticos foram proporcionados.
Ọrúnmìlá perdoou as pessoas de Ọșogbo e reverteu a maldição. Além disso, ele orou
para Ọșogbo e seu povo. Com grande remorso as pessoas rogaram e persuadiram
Ọrúnmìlá a regressar com eles ao povoado, porém Ọrúnmìlá se negou a ir. Ele lhes
disse que tudo estaria em ordem e o povo estaria também salvo, de fato ele fez as
pessoas experimentarem um pouco do ódio que os Adahunse sentiram dele como um
lembrete. Ele disse que Ọșogbo seria uma ótima cidade, mas teria que lidar com o
problema do ódio que nasce na inveja. Com este pedido Ọrúnmìlá partiu para Ilè Ifè e
deixou Òşún cuidando de Ọșogbo.
Tão misteriosamente como o súbito eclipse que as pessoas experimentaram, segue
crescendo na terra o local onde Ọrúnmìlá e Òşún resistiram inesperadamente. Òşún olha
para baixo e pede a nação dela para explicar a água misteriosa de Ọrúnmìlá. Ọrúnmìlá
lhe disse que ele acostumou a água a lavar a maldição que ele havia colocado no povo
muito tempo atrás e que ele havia quitado esta dívida com o ebo que foi realizado. A
água crescente logo se tornou um riacho, O riacho foi nomeado Odò Ikin-tu-okun (Ikin
Ifá-Solta a corda).
O significado profundo de Ikin-tun-Okun é:
Ifá lava as negatividades e impurezas das pessoas.
Odò Ikin-tu-okun é muito conhecido como Odò Akintokun em Ọșogbo.
Este riacho é agora um riacho sagrado onde os Áwo de Ọșogbo realizam rituais.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Importante!
Esta história sobre a relação de Ọrúnmìlá e Òşún nunca deverá ser usada fora de
contexto.
Ọrúnmìlá é colocado na posição de condição humana, coisa que é feita na maioria dos
relatos de suas histórias.
Por: Oluwo Solagbade Popoợlà
Os Itọn e Esè do Corpus Literário de Ifá pertencem a humanidade (Unesco).
Tradução Odé Gbàfáomi.
Na categoria Candomblé | 8 Comentários
O que é Axé.
Janeiro 23, 2015 por Fernando D'Osogiyan
Axé Força vital que promove os acontecimentos.
É uma qualidade de energia latente mobilizada pelo aspecto sensível dinamizado nas
relações, daí dizer que é doada.
Energia primordial que promove a vitalidade enraizada do ser humano com o que se tem
de mais antigo dentro de si mesmo, o Orí.
É possível de ser “redistribuída” em ritual entre homens e mulheres que saibam
conservá-la como dádiva do universo.
De forma sagrada é passada de mãe para filhos, todos a possuem; é relíquia de
nascimento selada durante o parto.
Na cultura africana religiosa, esta energia se cultiva, cultua e renova numa dimensão
religiosa.
O preceito da redistribuição do axé se estende ao fundamento de criar e manter as
relações sagradas entre pessoas, amigos, ou entes que se amam.
Portanto, é considerada o arqueiro do amor entre os povos.
É o princípio que torna possível o processo vital.
O Axé é nutrido no âmago líquido, nas entranhas do nosso corpo, no sangue, força que
sustenta e move a Tradição.
A palavra Axé também pode ser pronunciada e ouvida como forma de agradecimento e
louvor.
Àse é transmitido através do hálito, do sopro e do contato físico e da energia espiritual.
Artigo de Maria Rodrigué/ Fernando D’Osogiyan
Na categoria Candomblé | 11 Comentários
Meu corpo, meu altar.
Janeiro 20, 2015 por Dayane
“A igreja diz: o corpo é uma culpa. A Ciência diz: o corpo é uma máquina. A publicidade diz: o corpo é um negócio. E o corpo diz: eu sou uma festa”. Eduardo Galeano
Ver o nascimento do orixá, perceber o desenvolvimento da interação entre filhos e seus orixás e sentir em minha própria pele uma morada para Oyá me faz perceber na vivência religiosa atos de amor e devoção onde o divino, o sagrado, não está acima, não está ao meu lado: ele está em toda parte, inclusive dentro de mim, e faz do meu corpo, do corpo de todas as filhas de santo uma festa para si e para os que veem a chegada do orixá, a presença do orixá.
Nosso corpo é um altar e como altar precisa de cuidados e preparo para receber a energia que levanta nossos poros. É por isso que desde o princípio é o nosso corpo como um todo que recebe os devidos preparos para ser purificado e facilitar a manifestação e chegada do orixá. É interessante sentir e presenciar o começo do surgimento dessa relação: as primeiras dúvidas, os primeiros medos, as primeiras reações ao sentir o desconhecido palpitando no meio do peito, que com o tempo se tornará mais do que conhecido: se tornará natural, necessário, amado. O corpo se transforma. Aos poucos, a sensação que causara algum desconforto por ser desconhecida passa a ser uma sensação de entrega, de arrebatamento, de encontro com a energia que mais converge com a nossa própria energia individual. O momento de dar as mãos ao orixá e deixar que ele tome conta do nosso corpo e dite a sua própria dança, a sua própria história e traga para este mundo tão caótico, tão cansativo, a suspensão, ainda que momentânea, das dores, dos alvoroços no meio do peito, das agonias e preocupações tão cotidianas que nós estamos fadados a passar no dia a dia.
O meu corpo é um altar e sentiria falta de Oyá se ela me faltasse. E é para que ela não me falte que eu cuido dele, é para que ela não me falte que ele é cuidado periodicamente dentro dos rituais da minha casa, dentro dos nossos preceitos.
Percebo essa questão do corpo (e quando falo corpo também incluo a cabeça) como um elemento de suma importância desde a entrada da pessoa na religião até o seu processo contínuo de renovação de axé. E isso pode ser observado para onde os rituais são direcionados: primeiro se faz as limpezas, os ebós para transferir as energias negativas para os elementos utilizados e propiciar a abertura para as energias positivas, posteriormente a isso temos o ritual da lavagem de cabeça (dentro da minha raiz) que já pegará um corpo limpo para purificar ainda mais o elemento principal nosso: nossa cabeça, para assim continuar com os rituais que já foram predeterminados pelo jogo. Falo de maneira bastante superficial dessas etapas, pois cada um tem suas particularidades, mas já aqui podemos perceber que se o cuidado com o corpo é tão intenso e presente é porque ele passa a representar algo muito importante a partir do momento que decidimos nos ligar ao axé. Isso não significa que deverá haver algum tipo de celibato ou resguardo eterno, pois o corpo não é culpa, é também nosso e serve para nos propiciar prazer também. A alegria de viver está também dentro disso.
Quando falo do corpo espero que compreendam que não falo somente da parte física, material da questão. Quando atento para a importância do corpo não é só para o fato de que ele esteja “limpo” nos momentos em que deve estar. Falo do corpo como um elo, como um elemento que foi transformado num elo e é partir dele que estabelecemos o nosso contato, a nossa conexão com o orixá não somente através da manifestação, mas do pensamento, da reza, da fala, da conversa… Tudo isso gira em torno do nosso corpo, sai de nós.
Noto que há uma necessidade, uma busca incessante de conhecimento (e isso é muito bom), mas noto também que há uma falta de responsabilidade individual enorme entre adeptos e adeptas da religião. A minha ligação mais importante é com Oyá! Não é somente com a minha casa, não é somente com a minha mãe de santo. Se nós duas estamos bem, tudo fica bem, se não estamos outros tantos problemas surgirão. Nossos principais rituais visam a construção e fortalecimento desta ligação, mas se não nos comprometemos individualmente na hora do silêncio, na hora em que estamos sozinhos em recolhimento ou em reza essa ligação não criará essência e não vai ser somente tempo de feitura que nos fará construir isso. O cuidado é contínuo.
Axé,
Dayane de Oyá
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Candomblé – A origem do nome
Janeiro 13, 2015 por Fernando D'Osogiyan
“Ka Nzo Ndombe”!!!
“Ka Ndombe”!!!
“Candomblé”!!!
Prometemos que a partir de julho voltaríamos com publicações quem tenham por
objetivo, esclarecer alguns temas relacionados a Religião dos Òrìsàs e, para iniciar essa
nova série de postagens, escolhemos falar sobre a origem do nome “Candomblé”, bem
como, compreender o motivo que fez com que essa expressão fosse escolhida para
denominar a Religião dos Deuses Africanos no Brasil, ao passo que essa denominação é
desconhecida em terras yorùbá. Vale salientar que esse termo surgiu na Bahia, sendo
que em outros Estados, o “Candomblé” originalmente recebeu outras denominações.
Exemplificamos com o “Xangô” (Recife) ou Batuque (Rio Grande do Sul).
Há algumas teorias para a etimologia do termo “Candomblé”. Para nós, o que parece
fundamentalmente plausível é que a expressão seja a corruptela de uma frase do idioma
Kimbundo, falado em Angola por milhões de pessoas. A frase seria: “Ka Nzo
Ndombe”.
“Ka Nzo Ndombe” significa em Kimbundo “Pequena Casa de Negros” ou “Pequena
Casa de Nativos”. O “Ka” é utilizado como diminutivo. “Nzo” significa “Casa” (vide o
nome de diversos Terreiros de origem Angola, que carregam em seus nomes a palavra
“Nzo”) e por fim, “Ndombe” (Negro/Nativo).
Assim, acreditamos que o “Ka Nzo Ndombe” tornou-se “Ka Ndombe”, até popularizar-
se como conhecemos e falamos hoje “Candomblé”.
Desse modo, não é difícil imaginar um grupo de negros provindos de Angola, dizer:
“Vamos ao Ka Nzo Ndombe”. Afinal, eles deixaram como herança para o português do
Brasil, uma infinidade de termos e expressões que tem na sua origem, o Kimbundo.
Exemplificamos: “Marimbondo”, “Quitanda” (Kitanda), “Farofa” (Falofa) e tantas
outras palavras.
Também não é difícil de imaginar, que nos primórdios do Candomblé na Bahia, os
lugares de louvação aos Deuses Africanos fossem casebres em lugares distantes do
comércio, onde se agrupavam os negros nativos, ou seja, “Ka Nzo Ndombe” (Pequena
Casa de Negros/Nativos).
Mas fica a questão da razão da utilização de um termo Kimbundo para nomear uma
religião, não somente dos negros de Angola, mas Yoruba, Dahome (Jeji), Egba, etc.
Sobre isso, é importante destacar que no Brasil, originou-se um fenômeno de irmandade
e de laços étnico-religiosos que no continente africano, a princípio era inexistente.
Inexistente por questões como a distância física entre Angola e Nigéria (mais de 2 mil
quilômetros), bem como, as disputas territoriais entre Nigéria e Dahome (Benin). Esse
conglomerado religioso e de respeito mútuo emergente no Brasil, dificilmente pode ser
imaginado no continente africano.
Isso é, sem dúvidas, um aspecto cultural que nos diferencia. Esse respeito e ligação
entre os povos são identificados igualmente em alguns cânticos. Basta observar, como
exemplo, aquele que se tornou um hino no Brasil para as casas de origem Yorùbá, que
diz que os Filhos do Alaketu (Rei de Ketu) devem-se abraçar (…Omo Alaketu
Famora…)
Essa união ora edificada pelos negros religiosos que aqui se estabeleceram responde a
questão do surgimento do termo “Candomblé”, bem como, sua utilização por povos
distintos à origem Angola. Mas se a expressão “Candomblé” nasceu no Brasil, qual
então é o nome para a religião dos Òrìsàs em terra yorùbá? No ventre da nossa cultura, a
Religião dos Òrìsàs é conhecida como “Isese Lagba” (Ixéxé Lagba) ou ainda como
“Esin Ibile Yoruba”.
O Terreiro de Òsùmàrè espera ter contribuído um pouco, para o esclarecimento dos
temas relacionados ao nosso Candomblé.
Que Òsùmàrè Araka abençoe todos com paz, saúde e felicidades!!!
Texto: Casa de Òsùmàrè
Na categoria Candomblé | 9 Comentários
Aroni, A Divindade que Mora no Âmago da Floresta
Janeiro 8, 2015 por Fernando D'Osogiyan
Na magnífica Religião dos Òrìsàs, acreditamos que existe um conjunto de espíritos que
moram no âmago da floresta. Esse conjunto de espíritos é chamado de Ajáà. Um desses
espíritos e, talvez, um dos mais temidos é Aroni, que mora na parte mais escura da
floresta, onde mesmo a luz do sol não consegue penetrar.
Acreditamos que ele guarda seus poderes… em um pedaço de carvão vegetal, o qual ele
usa para potencializar as propriedades mágicas das ervas. O conhecimento de Aroni
acerca das propriedades mágicas e medicinais das folhas é gigantesco, prova disso, é
que Aroni foi um dos mestres da botânica de Osanyin.
Aroni é temido até mesmo pelos Òrìsàs, primeiro pelo seu elevado conhecimento sobre
a magia das folhas e, segundo, pelo seu aspecto inumano. Acreditamos que Aroni seja
um espírito com cabeça e cauda de cachorro. Cremos, ainda que, em razão de Aroni
sempre estar agachado à busca das ervas mais preciosas ele acabou ficando corcunda.
Existem histórias Nàgó que discorrem que quando alguém se atreve a entrar no âmago
da floresta, sem oferecer as oferendas corretas e pronunciar os Ofós (palavras mágicas)
corretamente, Aroni as toma para si. Nesse âmbito, Aroni pega essa pessoa que passa a
morar com ele na parte mais escura da floresta e, com ele, aprende os segredos mais
poderosos das folhas, sendo novamente devolvido para o convívio com a humanidade,
somente após ter aprendido o uso e magias de todas as ervas.
Aroni fuma constantemente um cachimbo feito com a casca do Igbin, o qual ele também
usa para potencializar as propriedades das folhas e encantar as pessoas que se deparam
com ele.
Em verdade, a floresta é um lugar sagrado, mas muito perigoso e todo cuidado deve ser
tomado ao adentrá-la, por isso, inúmeros preceitos são realizados para pode entrar na
morada dessas Divindades.
Esperamos uma vez mais, ter contribuído para o esclarecimento e disseminação da
nossa rica e importante cultura.
Texto: Terreiro de Òsùmàrè
Particularmente entendo que a magia Ossayin transcende e vai além, caipora, saci
pererê, duente, anãozinho, etc, transforma-se e confunde, sua camuflagem está na
poeira, num rastro, nos bolos de folhagens, nas sombras frias da floresta e participa
ativamente na proteção da liturgia de um Axé. Assim podemos chamá-lo de Ossayin,
Agué, Akaká,Agá, Aroni, Orô e tantos outros nomes. Dividi-se e sub-dividi-se com uma
ou duas pernas ao mesmo tempo. Holá Ossaiyn! Um lagarto, um carijó, um bom vinho,
cachimbinho de barro com fumo de rolo, mel, fradinho torrado, sapucaia, moedas. Ewé
Ásà ò!
Texto: Fernando D’Osogiyan
Na categoria Candomblé | 18 Comentários
Uma mensagem para 2015.
Janeiro 3, 2015 por Da Ilha
Amigos,
Encontramos diversos Odù e òrìsà regendo o ano de nossas vidas em vários sites e blog
na web, seria o caso de analisarmos o que realmente nos pertence e o que é apenas uma
mensagem.
O que lhe pertence é o jogo que você irá fazer e lhe dizer, dentro do seu universo
pessoal, qual a energia que poderá lhe apoiar dentro deste ano que se inicia.
A mensagem é aquilo que podemos extrair e confrontar com nosso modo de vida,
nossas, atitudes, nossos pensamentos e desejos inconfessáveis.
Eu encontrei esta mensagem que fala muito sobre algo que estamos sempre alertando os
iniciados, abìan e simpatizantes da religião, o Caráter.
Aquilo que é olhado dentro de você pelo òrìsà, com ou sem a sua aprovação.
Não há desejos inconfessáveis e vacas sagradas para Ọlódùmarè.
Como diz Ọrùnmìlá, tudo será exposto, mais dia menos dia.
Que possamos aprender com o Corpus Literário de Ifá, nossa Escritura Sagrada, e
evoluir dentro deste corpo físico e para nos libertarmos em nossa casa permanente e
verdadeira que se chama Ợrùn.
Da Ilha.
==============================================================
===================================
Òsá’túrá – Odù do ano de 2015 (Revelado para o Ilè Àse do autor da matéria).
A energia ou Odù vai fazer uma aliança com você durante todo o ano “Òsá’túrá”. A
vibração vai iluminar aqueles que querem alcançar um grande sucesso, prosperidade,
saúde, proteção divina e amor divino.
Òsá’túrá é a energia que cobre toda a existência do homem na criação. Ele fala de
verdade, honestidade e dignidade. Ọlódùmarè e suas inúmeras Divindades deve
favorecer aqueles que falam a verdade. Este ano, todos os filhos de Erinwo (Ọrùnmìlá)
devem se planejar para ter uma mudança de caráter e começar a dizer a verdade, para
que a sua consciência vai se libertando do rancor e outras vibrações negativas da
criação. Verdade de acordo com Ifá é a linguagem de Deus, a força da vida e do poder
de divindades.
Ifa diz que a verdade é o alicerce sobre o qual milagres, mistérios e maravilhas da vida
são estabelecidos.
A verdade garante a proteção de divindades e o apoio do poder cósmico.
A verdade do universo é a maioria das energias manifestadas e as forças não
manifestadas, que se movem em torno do cosmos para dar a todos o desejo secreto de
seu coração e os seus passos invisíveis (secretos) no mundo da matéria.
Verdade é a sua oração, o seu sacrifício, o seu ritual e passo espiritual que você dá para
reverter todos os dissabores em fortuna.
A verdade é o passo para buscar a face de Ọlódùmarè e suas divindades.
A verdade é a sabedoria que você adquiriu de Ifá transformando em bom caráter a ajuda
e apoio de outras energias no cosmos.
A verdade é a ousadia e o poder que move você e suas alianças na cara dos desafios.
A verdade é o poder e a compreensão de que você não é apenas um ser humano no
corpo físico, mas a essência completa da energia abundante de Deus com o espírito,
alma e poder cósmico vulnerável apenas à luz da bondade, mas intransponível para o
poder das trevas e da energia dos Ajogùn do Ợrùn (o cavaleiro punitivo da desgraça
celeste).
A verdade é o poder que libera a justiça para aqueles que são ignorantes das leis divinas
e regras espirituais e regulamentação de trabalho no cosmos.
A verdade é o significado da existência do universo que gira em torno do poder de
Ọlódùmarè, nada está além e nada está fora deste ciclo misterioso e divino. Tudo o que
é criado e visto ou organismos invisíveis que se manifestam dentro deste perímetro
reúne a comunidade da consciência divina.
Verdade é o entendimento de que Você é um pequeno cosmos dentro de si mesmo,
manifestando o poder do sol, lua, estrelas e outros objetos de iluminação dentro do
ambiente cósmico.
A verdade é a ousadia e a precisão espiritual que todas as coisas vão trabalhar a seu
favor.
A verdade é a sensação de poder e energia abundante de tudo o que foi criado, visível e
invisível e irá atuar também na sua direção e mudar todos os dissabores em glória,
sucesso e felicidade.
A verdade é o preço que temos de pagar, sempre, pela ignorância e a insensatez. Sempre
que sentirmos a dor ou o sofrimento, a etapa divina, a sabedoria espiritual e
entendimento espiritual humano do poder de Ifá e Òlódùmarè nos dará a paz de manter
a calma diante dos desafios e das ondas do mar de problemas.
A verdade é a sabedoria da presença das divindades dirigindo nossas vidas, quando elas
não são vistas fisicamente com nossos olhos nus, uma vez que temos a sabedoria que a
mais profunda e as vibrações mais fortes são energias invisíveis que operam na ordem
universal das coisas.
A verdade está esperando pacientemente para receber a bênção de Ọlódùmarè, e a
verdade nos ensina que os eventos mais profundos ou acontecimentos de nossas vidas,
muitas vezes acabam por ser os eventos mais inconsequentes ou mesquinhos.
A verdade é que todo o universo é formado por milagres, maravilhas e os mistérios
como base do fundamento de Ọlódùmarè.
A verdade é a moralidade, o bom caráter e a espiritualidade levando a disciplina
espiritual, física, emocional e divina, que nos transforma para se tornar um verdadeiro
discípulo de Ọlódùmarè e seus mensageiros mais especificamente Ọrúnmìlá.
A verdade é a nossa consciência como indivíduo, a extensão real do todo universal,
perfeito, completo e infinito que é chamado de Òlódùmarè.
De acordo com Odù ” Òsá’túrá ”, a verdade é a consciência que estabelece a presença
de Ọlódùmarè na vida de um homem.
A verdade é o líquido amargo que bebemos na manhã do nosso destino que dá e suaviza
a nossa vida nos últimos anos dela.
Quem diz a verdade sempre recebe o apoio das divindades. Dizer a verdade para si
mesmo, como forma de corrigir o seu mau hábito ou caráter através da sabedoria de
Ọlódùmarè é o fundamento da maior glória e manifestação do que Ifá chama de Ợmợ
Erinwo (os filhos da verdade).
Portanto a verdade é a sua vida.
A verdade é o bom caráter dentro de você para o universo e a resposta do universo será
a mesma verdade que vai melhorar a sua vida na ordem universal das coisas, a verdade
é plantada, a verdade é colhida, o que você planta deve ser o mesmo que você colhe.
A verdade é o que quer que você plante, tornar-se o vosso fruto de recompensas no
futuro, a verdade é tudo o que foi bem plantado, será colhido também no final.
A verdade é que, a vida vem do desconhecido e vai para o invisível, a morada de
Ọlódùmarè e suas inúmeras divindades no cosmos.
A verdade é tudo o que gira em torno de seu ser e nada fora de você pode causar o seu
problema ou azar se você não o merece (mesmo trabalhos de magia má, podem ser
repelidos por esta energia).
A verdade é o seu ser, o seu caráter e o seu hábito.
Moldar o seu hábito e caráter, irá moldar o seu destino e o destino do que está para vir, a
geração que ainda não nasceu.
A verdade é o mecanismo de vigilância e sabedoria, força e energia de Ọlódùmarè
manifestado na palavra, na vida, na alma e com o espírito de tudo o que se manifesta e o
que não se manifesta.
Ifá diz: seja sincero e reconheça que a verdade é o carácter que será exibido no início do
ano que cederá a recompensa máxima no meio e no final dele.
Pegue um copo de água limpa e fale a verdade para ela antes de beber e você verá e
testemunhará o milagre, o mistério e a maravilha de Ǫlódùmarè em sua vida este ano,
este mês, hoje, nesta hora e neste minuto. Sua vida não vai permanecer do mesmo jeito,
a bênção de Ǫlódùmarè será atraída através da palavra e do Odù Ifá.
Ifá é uma atração e você estará atraindo o seu sucesso, o seu progresso, o seu amor, a
sua vitória, sua boa saúde, sua riqueza, sua prosperidade, a bênção de maior dimensão e
entendimento das coisas, de harmonia, de paz, de serenidade, de vida longa e dignidade,
desde que haja a aparição do Sol (a luz dentro de você, traduzindo o poder de
Osalá/Ợbàtálá).
Repita o verso abaixo e conclua com estes pedidos, reze segurando este copo com água.
Àse
De acordo com o Odù (Fonte do verso de Ifa, uma adivinhação completa por Ayo
Salami, pp 556 publicado em 2002)
Aquele que entra no rio
Gostaria de saber a profundidade da água
Aquele que grita em voz alta por ajuda
Será que amplia sua visão do ợrùn?
Ifá foi lançado para Ọrùnmìlá (Foi feito jogo divinatório).
No dia em que ele estava perguntando dos segredos de Ọlódùmarè
Será que vou descobrir o segredo de tudo sobre a Terra?
Ele perguntou.
Disseram-lhe para executar o sacrifício.
Mas ele deve ir e colocar seu sacrifício aos pés do oceano que é a praia.
Ọrùnmìlá realizou o sacrificio
Ele levou o seu sacrifício e foi para a praia (do mar)
Quando estava prestes a colocar seu sacrifício
Ọlódùmarè havia retirado seu pano
Ele estava completamente nu
Mas a parte sólida da nádega de Ọlódùmarè é o oceano
Conforme Ọlódùmarè inala
A corrente marinha é a brisa da Terra.
Ifá respira dentro e fora de Ọlódùmarè
É a razão para a circulação da corrente do oceano
Conforme Ọrùnmìlá estava prestes a colocar o sacrifício
Ọlódùmarè ficou desconfiado
Você, Ọrùnmìlá
Hiin, Ọrùnmìlá respondeu.
Você não viu o meu segredo?
Ele perguntou.
Eu apenas vi a parte robusta de suas nádegas.
Respondeu Ọrùnmìlá.
Não haverá mais nada, que você não conhecerá, a partir de agora.
Ọrùnmìlá se alegrou.
Ele estava elogiando seu babalawo.
Seu babalawo estava louvando Ifá.
Ele disse que foi exatamente como seu Babalawo havia dito.
Aquele que entra no rio
Gostaria de saber a profundidade da água.
Aquele que solta um grito de ajuda
Será que amplia sua visão do ợrùn?
Ifá foi lançado para Ọrùnmìlá
No dia em que estava perguntando sobre os segredos de Olodumare
É você e nós
Realmente é você e nós.
Ifá Ọrùnmìlá deixe-me saber todos os segredos da vida através de sua sabedoria e ter a
coragem de viver de acordo com as regras.
Deus nunca permita que seu discípulo e seu devoto seja confundido (seja maltratado)
durante este ano.
Èlá, o mistério e o ancião dos dias, que todos os devotos de Ifá/Òrìşà atraiam grandes
bênçãos e vitórias este ano.
Àse.
Então, beba a água, você pode repetir este passo espiritual duas vezes por mês e vinte e
quatro vezes em um ano, com o apoio de Ọlódùmarè e suas inúmeras divindades, você
será vitorioso.
Chief Ogunsina Babatúnde Olayinka Adewuyi.
Tradução: Odé Gbàfáomi.
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"Tudo o que é bom e justo emana de um único Deus, que hoje pode ter muitos
nomes e cultos. Mas, seus princípios foram antes cultuados por um único povo;
primordial e resistente, criado à sua imagem e semelhança.
São esses factos que nos fazem ter tanta dificuldade em entender a intolerância,
o preconceito e a violência praticados em nome de Deus (?), contra os religiosos
do Candomblé e da Umbanda ou de qualquer outra religião. A religiosidade
Africana é a prática de uma doutrina baseada em valores de Paz, Justiça, Amor
fraterno e Sacralização da vida".
Babalawo Ivanir dos Santos
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