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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Roberta Queli Raimundo de Souza O ENSINO DE EVOLUÇÃO: A SELEÇÃO SEXUAL NOS LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO São Paulo 2015

O ENSINO DE EVOLUÇÃO: A SELEÇÃO SEXUAL NOS ......Mizukami (1986) fala em cinco abordagens do processo de ensino distintas: a tradicional, a comportamentalista, a humanista, a cognitivista

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Roberta Queli Raimundo de Souza

O ENSINO DE EVOLUÇÃO: A SELEÇÃO SEXUAL NOS

LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO

São Paulo

2015

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ROBERTA QUELI RAIMUNDO DE SOUZA

O Ensino De Evolução: A Seleção Sexual Nos Livros Didáticos

De Biologia no Ensino Médio

Trabalho de Conclusão de Curso

(Monografia) apresentado ao Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde, da

Universidade Presbiteriana Mackenzie

como parte dos requisitos exigidos para a

conclusão do Curso de Ciências

Biológicas, Licenciatura.

Orientadora: Profª. Drª. Mônica Ponz Louro

São Paulo

2015

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Nada em biologia faz sentido a não ser sob a luz da evolução

Theodosius Dobzhansky

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Universidade Presbiteriana Mackenzie (Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde – CCBS - UPM) pela oportunidade de aprimorar meus

conhecimentos e pela base profissional que me foi concedida.

À minha orientadora, Profª. Drª.Mônica Ponz Louro, por aceitar fazer parte deste

trabalho e me apoiar durante todo o andamento desse trabalho, ora suscitando dúvidas,

ora esclarecendo-as. Obrigada pela oportunidade e especialmente pela paciência.

Aos professores da UPM, que durante estes longos anos de formação fizeram

parte da minha rotina e que me ajudaram durante todo o processo de ensino-

aprendizagem.

À minha família, por todo amor, apoio, carinho e acolhimento em todas as

dificuldades e por sempre acreditarem no meu sucesso. À minha mãe, Maria Luiza, pelo

carinho e por sempre estar comigo. A Daniela, Sabrina e Cesar, meus irmãos amados. A

Daniel Cardoso, companheiro e amigo, em todas as circunstâncias.

A todos os meus amigos e colegas, pelas palavras de incentivo.

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RESUMO

O livro didático assume papel de destaque no processo de ensino-aprendizagem,

visto que influencia a prática da maioria dos professores bem como a aprendizagem dos

alunos. A Evolução Biológica é tratada como uma temática da Biologia ao invés de

integrar as diferentes áreas de conhecimento e ser o eixo unificador das ciências

biológicas e sua presença em livros didáticos de Biologia do Ensino Médio é por vezes

suprimida e superficial, além de conter erros conceituais. Considerando que o ensino de

Evolução centra-se na teoria da Seleção Natural de Darwin, outros aspectos referentes a

essa temática são por vezes negligenciados ou sequer mencionados. A Seleção Sexual é

um processo que está relacionado com a vantagem que certos indivíduos possuem sobre

os outros do mesmo sexo. Assim, a Seleção Sexual pode acarretar na competição por

parceiros entre indivíduos de uma população, resultando no sucesso reprodutivo. O

objetivo desse estudo foi identificar a presença do conceito de Seleção Sexual em livros

didáticos de Biologia do Ensino Médio indicados no Plano Nacional do Livro Didático

(PNLD) 2015. Dos nove livros indicados no plano, quatro foram passíveis de análise e

em apenas uma obra há menção à Seleção Sexual, sendo que tal obra refere-se a Seleção

Sexual como parte da Seleção Natural e não um processo evolutivo à parte. Desse

modo, são necessários maiores estudos acerca dessa temática, visto que na Literatura,

foram encontrados poucos estudos referentes à inserção do processo de Seleção Sexual

nos livros didáticos, além do fato da Evolução ocupar pouco espaço nas obras didáticas.

Palavras chaves: Seleção Sexual; Ensino de Evolução; Livro Didático.

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ABSTRACT

The textbook takes prominent role in the teaching-learning process, as it

influences the practice of most teachers and student learning. The Biological Evolution

is treated as an issue of biology rather than integrate different areas of knowledge and

be the unifying axis of the biological sciences and their presence in textbooks high

school biology is sometimes suppressed and superficial, and contain conceptual errors.

Whereas the evolution of teaching focuses on the theory of Natural Selection Darwin,

other aspects related to this theme are sometimes overlooked or even mentioned. Sexual

selection is a process that is related to the advantage which certain individuals have over

others of the same sex. Thus, the Sexual selection can result in the competition for

partners among individuals in a population, resulting in reproductive success. The

objective of this study was to identify the presence of the concept of Sexual Selection in

textbooks high school biology indicated in the National Textbook Plan (PNLD) 2015.

Of the nine books listed in the plan, four were subject to analysis and only one work

there is mention of Sexual Selection, and such work refers to sexual selection as part of

natural selection and not an evolutionary process apart. Thus, larger studies are needed

on this theme, as in literature, found few studies concerning the insertion of Sexual

Selection process in textbooks, and the fact of evolution take up little space in the

textbooks.

Keywords: Sexual selection; Evolution of education; Textbook.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO _______________________ 1

2. REFERENCIAL TEÓRICO _______________________ 2

2.1. O Livro Didático _______________________ 4

2.2. Ensino de Evolução _______________________ 7

2.3. Darwinismo e Seleção Sexual _______________________ 9

3. MATERIAL E MÉTODOS _______________________ 13

4. RESULTADOS _______________________ 16

5. DISCUSSÃO _______________________ 21

6. CONCLUSÃO _______________________ 25

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

_______________________ 26

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1. Introdução

Apesar de a teoria da Evolução ser considerada comumente como o

eixo das Ciências Biológicas, por vezes não é abordada corretamente e por tal

motivo é importante a desmistificação dessa temática por meio da

desconstrução de conceitos errôneos difundidos pelo senso comum, como

também desvincular essa teoria de dogmas religiosos. Para tanto, é necessário

primariamente que o ensino contemple conceitos e termos corretos e também

que o material utilizado seja adequado. Nesse ínterim, o livro didático, por ser

frequentemente adotado como um dos principais recursos didáticos deve

abordar a teoria da Evolução de forma coerente. O objetivo do trabalho é

analisar o conteúdo de Seleção Sexual presente nos livros didáticos de

Biologia de Ensino Médio, visando à abrangência desse tema, bem como se

este é descrito corretamente.

Desse modo, o trabalho consiste no Referencial Teórico, item no qual é

discutido o histórico do livro didático ao longo do tempo, o ensino de Evolução

bem como o Darwinismo e a Seleção Sexual, mediante informações que

constam na literatura, a fim de apresentar os principais aspectos teóricos

relacionados com o modo como a teoria da Seleção Sexual é abordada nos

livros didáticos de Biologia do Ensino Médio. Assim, com o referencial teórico

pretende-se traçar um panorama geral acerca da temática trabalhada,

utilizando conceitos encontrados na literatura.

O item Material e Métodos relaciona o material usado na elaboração do

trabalho e os métodos aplicados juntamente com os instrumentos e

procedimentos adotados, com a finalidade de atingir os objetivos propostos.

Após a análise do material utilizado, os resultados obtidos são analisados e

discutidos tendo como base autores que fundamentem tais resultados.

Por fim, o item Conclusão expõe as principais considerações que o

estudo acarretou, além de contar com propostas para solucionar os problemas

expostos. Todas as referências bibliográficas utilizadas constam no final do

trabalho.

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2. Referencial Teórico

Ensinar e aprender são fenômenos presentes nas relações entre

professor e aluno, sendo processos que sofrem constante transformação,

assim como qualquer outro aspecto característico do modo de vida construído

e adotado pelo ser humano em seu processo histórico. Nessa perspectiva, a

educação é componente fundamental de qualquer política de desenvolvimento,

sendo um instrumento eficaz para o exercício da cidadania, sendo necessário

buscar alternativas para desenvolver atividades que visem o exercício pleno

desse processo (DIAS; BORTOLOZZI, 2009).

A ciência diz respeito ao conhecimento e ao entendimento, mas também

está relacionada à progressão em adquirir habilidades e desenvolver

procedimentos e, por conseguinte, o ensino de ciências deve ser cíclico para

que ocorra o desenvolvimento da aprendizagem desde que não haja repetição

sem contexto e ou conexão (WARD, 2010).

A aprendizagem pode ocorrer de diferentes formas. Pozo e Echeverría

(2001) descrevem três teorias distintas acerca da aprendizagem: a teoria

direta, a teoria interpretativa e a teoria construtiva. Na teoria direta, a

aprendizagem é a cópia fiel da realidade, sendo que a aprendizagem é um

processo de associação de conteúdos sob a forma de reprodução. Na teoria

interpretativa, a atividade pessoal do aluno resulta de processos cognitivos, tais

como motivação, atenção, aprendizagem e memória, sendo o objetivo da

aprendizagem ser uma cópia aproximada da realidade, fazendo com que o

aluno use desenvolva sua atividade mental e assim possa assimilar conteúdos.

Por fim, a teoria construtiva requer que o aluno conceba o conhecimento como

uma realidade já existente, sendo estimulado a recriá-la ao invés de produzir

cópias. Mauri (2006) relata que a teoria construtivista objetiva a construção do

conhecimento através de um processo que vise à exploração do meio físico e

social pelo aluno, além da participação ativa deste por meio de uma elaboração

pessoal do conteúdo.

Se a aprendizagem é criada por cada aluno, não é passível de

catalogação. Portanto, não há uma receita pronta em que os passos do

processo de ensino-aprendizagem são explicados e seguidos à risca. De

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acordo com Coll e Solé (2006), a teoria construtivista não é método nem

técnica e sim um referencial explicativo, tem como pressuposto que o aluno

deve aprender independente dos métodos ou da bagagem hereditária, sendo o

professor o mediador desse processo.

Mizukami (1986) fala em cinco abordagens do processo de ensino distintas:

a tradicional, a comportamentalista, a humanista, a cognitivista e a

sociocultural. Segundo a autora, na abordagem tradicional o professor é tido

como o centro do processo de ensino-aprendizagem, pois o aluno é uma

espécie de “tabula rasa” que precisa ser conduzido pelo professor, sendo que o

resultado desejado é a fixação de conceitos e posterior memorização. Na

abordagem comportamentalista, o aluno é considerado um recipiente de

informações e reflexões e cabe ao professor assegurar à aquisição do

comportamento; assim sendo, o aluno incorporaria o conhecimento mediante

reforço do mesmo podendo alcançar o objetivo visado, que é a maximização do

seu desempenho.

Já a abordagem humanista atribui ao aluno papel central na elaboração e

criação do seu conhecimento, sendo que o ensino é centrado no aluno e o

professor é tido como um facilitador da aprendizagem, que é baseada na

autoconstrução do conhecimento pelo aluno. Na abordagem cognitivista, a

aprendizagem é capacidade que o aluno tem em integrar informações e

processá-las, tornando o conhecimento uma construção contínua e que

propicia meios para o aluno adquirir uma autonomia intelectual; é o aluno quem

tem um papel ativo, enquanto o professor o orienta sem conceder respostas,

propondo desafios como alternativa à padronização e repetição de respostas,

visto que o ensino deve ser baseado no ensaio e no erro, na pesquisa, na

investigação e na solução de problemas pelo aluno, de acordo com a teoria de

Piaget (MIZUKAMI, 1986).

Por fim, na abordagem sociocultural (sendo Paulo Freire o principal

representante), o aluno durante o processo de ensino-aprendizagem deve

superar a relação de opressor-oprimido por meio de uma educação

problematizadora que deve assumir um significado amplo através da

conscientização de si mesmo e do mundo que o cerca (MIZUKAMI, 1986).

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Nesse ínterim, o livro didático é utilizado de diferentes formas, de acordo

com a abordagem adotada. Nas abordagens tradicional e comportamentalista,

o livro didático é utilizado constantemente, sendo uma espécie de manual do

professor, e por tal motivo apresenta-se como tarefeiro. Já nas abordagens

humanista e cognitivista, o livro didático é um recurso a ser utilizado pelo aluno

para consultas e pesquisa e não como reprodução. A abordagem sociocultural

salienta a utilização do livro como um recurso que propicia ao aluno um maior

entendimento de problemas e por isso pode ser utilizado ou não, cabendo ao

aluno escolher e ao professor mediar.

2.1. O Livro Didático

Os primeiros livros chegaram ao Brasil na época da colonização com os

padres jesuítas, sendo que a primeira impressora chegou ao Brasil com a

família real portuguesa, dando inicio a produção de livros impressos no país

(HALLEWELL, 1985).

Livros didáticos são livros voltados para a área da educação e

compreende o livro propriamente dito e por vezes o manual do professor, o

caderno de atividades e demais anexos (MUNAKATA, 1997).

Dada a importância do livro didático como recurso no ensino, houve um

aumento no número de pesquisas acadêmicas tendo como objetivo o estudo

desse material, sendo que a maioria dos estudos realizados no Brasil sobre

esse tema tem como enfoque a análise do conteúdo. Porém, em meados de

1985 surgiram alguns estudos cujo intuito era o uso do livro didático pelo

professor (MÁSCULO, 2008).

A natureza da literatura escolar é considerada complexa, pois abrange

três gêneros distintos. Primeiramente, a literatura religiosa, que deu origem à

literatura escolar, por meio dos livros escolares laicos que retomam o método e

a estrutura familiar aos catecismos; segundo, a literatura didática, técnica ou

profissional surgida entre os anos 1760 e 1830 na Europa; e por último, a

literatura de lazer, que possui caráter recreativo (CHOPPIN, 2004).

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O setor escolar assume um papel considerável na economia editorial,

especialmente nos dois últimos séculos, visto que no início do século XX, no

Brasil, os livros didáticos correspondiam a dois terços dos livros publicados

(CHOPPIN, 2004). Os livros didáticos constituem atualmente o maior segmento

do mercado editorial, responsável por mais de 50% das unidades

comercializadas e do faturamento do setor, considerando que o setor editorial

brasileiro é tradicionalmente dividido em quatro principais segmentos: obras

gerais, livros didáticos, científicos, técnicos e profissionais e religiosos (quadro

1). Assim, o segmento de livros didáticos é representado pelo governo federal,

cuja demanda atende a rede pública de ensino fundamental e médio, por meio

do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), sendo que as obras didáticas

devem ser aprovadas pelo Ministério da Educação (MEC) e as obras

aprovadas estão aptas a competir no mercado governamental do PNLD e

passam a ser divulgadas e apresentadas aos docentes das escolas públicas do

Ensino Fundamental e do Ensino Médio de todo o país. Por fim, as

preferências eleitas em cada escola são encaminhadas ao MEC, que

administra a compra em grande escala e, depois de negociar o preço com as

editoras, efetua a encomenda (MELLO, 2012).

Segundo Munakata (1997), um livro didático demora cerca de 135 a 240

dias para ser composto e impresso, visto que os primeiros 30 a 60 dias são

destinados aos consultores que avaliam a obra e cerca de 30 a 60 dias são

destinados para a editoração. Durante o processo de editoração ocorre revisão

gramatical, do estilo, marcações tipológicas, divisões capitulares, digitação,

confecção de sumário, índice, uniformização das legendas de quadros, tabelas,

figuras, ilustrações, gráficos e normalização bibliográfica e de notas de rodapé

que compõem a obra. Mais 75 a 120 dias são necessários para a conclusão do

livro didático, sendo que no período final um supervisor de produção com uma

equipe encarrega-se de realizar a diagramação da obra e também a revisão

final do livro. Desse modo, desde sua concepção até a sua utilização em sala

de aula, o livro didático passa por um longo processo.

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Tendo um papel fundamental para os processos de ensino e

aprendizagem em qualquer área, o livro didático apresenta-se como mediador

cultural e pedagógico que pode auxiliar para que as diferentes áreas da

Biologia sejam trabalhadas pedagogicamente de modo que as discussões

dessas temáticas contemporâneas estejam presentes nos currículos das

escolas brasileiras (BRASIL, 2014).

Quadro 1: Características dos segmentos do setor editorial. Fonte: Mello (2012).

Na sala de aula, quando os professores por meio do livro didático

adequam os conhecimentos e os argumentos científicos aos estudantes, há

uma reconstrução do saber produzido pelos cientistas, fazendo com que o

professor faça uso de metáforas. Assim, se o tema abordado for complexo ou

distante, o professor e os livros didáticos afastam-se dos conceitos originais, o

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que pode produzir uma metaforização excessiva como estratégia pedagógica,

acarretando na memorização dos conteúdos, visto que os temas científicos

ficam distantes da realidade dos alunos (BELLINI, 2006).

2.2. Ensino de Evolução

A escola é o espaço onde ocorre o encontro entre professores e alunos,

entre currículos, materiais de ensino e processos formativos que acarretam em

transformações dos conhecimentos biológicos em conhecimentos mais

diretamente relacionados às finalidades de ensino e significação de conteúdos.

Esse processo propicia a compreensão de como as práticas de ensino de

Biologia são articuladas com os diferentes elementos sócio-históricos. Nesse

ínterim, o ensino de Evolução deve transpor a superficialidade e integrar os

conhecimentos das diversas áreas da Biologia (MARANDINO et al., 2009;

TIDON; VIEIRA, 2009).

A Evolução Biológica comumente é tratada como uma temática da

Biologia, ao invés de assumir um papel central, já que há muito se considera as

ideias evolutivas abrangem diversas áreas das ciências biológicas, podendo

assumir um caráter transversal (MEYER; EL-HANI, 2005).

Nesse sentido, a concepção de Evolução Biológica deve ser a de eixo

unificador das ciências biológicas, possibilitando a interpretação dos diferentes

cenários que se formaram desde a origem da vida até a atualidade, além de

contextualizar a construção científica como um processo sócio-cultural

(MEGLHIORATTI et al., 2006; CÔRREA et al., 2010).

O ensino de Evolução centra-se na teoria da Seleção Natural de Darwin

e pode ser definida como o processo que atua selecionando as pequenas

variações entre os indivíduos de uma população e que possuem características

que facilitam sua sobrevivência e contribuam para que esse indivíduo consiga

chegar à idade reprodutiva, sendo que essas características tendem a passar

aos descendentes (NICOLINI et al., 2012).

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Apesar da importância da Evolução Biológica perante as outras áreas da

Biologia podem ser encontrados erros conceituais e históricos acerca desse

tema nos livros didáticos, considerando que apenas duas teorias são

mencionadas frequentemente, a de Lamarck e de Darwin sendo que Wallace

normalmente não é citado (CARMO et al., 2009). Nos séculos XVIII e XIX,

intensificaram-se os estudos referentes ao processo de diversificação dos

seres vivos, e entre os pesquisadores que contribuíram para ordenar o

pensamento evolutivo pode-se citar Lamarck, Darwin, Spencer e Haeckel,

sendo que esses últimos são conhecidos por seus estudos de sistemática

(MEGLHIORATTI et al., 2006).

A abordagem tradicional nas escolas brasileiras muitas vezes não trata

os temas evolutivos de maneira adequada, especialmente quando restringe

seus conteúdos a uma visão limitada e descontextualizada tanto em termos

históricos quanto conceituais. O estudo da Evolução acaba se restringindo à

contraposição Darwin versus Lamarck e a aproximações grosseiras de suas

principais ideias (SANTOS; CALOR, 2007a).

O ensino da Evolução Biológica no Ensino Médio pode possibilitar o

estabelecimento de diversas relações com os conteúdos abordados e assim

permitir o entendimento de processos complexos em diferentes campos,

podendo explicar conceitos de genética, zoologia e botânica bem como integrar

tais áreas sob uma mesma ótica. Para tanto, é necessário desenvolver o

ensino de Biologia tendo como eixo norteador a Evolução, atentando-se a erros

conceituais presentes nos livros didáticos, que constituem o principal material

utilizado em sala de aula (NICOLINI et al., 2012).

Deve-se considerar que apesar de ser fundamental para explicar outros

processos, o conceito de Evolução Biológica é de difícil compreensão e

aceitação, podendo ser influenciado por valores culturais e pelo entendimento

da natureza do caráter científico (MEGLHIORATTI et al., 2006).

A pouca ênfase dada ao ensino de Evolução Biológica pode dificultar o

entendimento de noções-chave das ciências, conceitos que são essenciais

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para compreender os seres vivos e suas relações (OLIVEIRA, 2009). Assim

sendo, tem-se uma possível resistência em aceitar o Evolucionismo devido ao

fato dessa teoria colocar a espécie humana ao nível animal, por vezes o ensino

de Evolução torna-se um desafio devido à influência da religião e da família.

Todavia, o ensino dessa teoria é importante visto que colabora para que os

alunos possam criar suas visões do mundo como sendo indivíduos inseridos

em uma relação mútua com o mundo (REIS et al., 2009).

De acordo com Oliveira (2009), há fatores religiosos e não religiosos

para a rejeição da teoria evolutiva, o que denota que a não aceitação não está

necessariamente atrelada ao Criacionismo. Os fatores de cunho religioso tem

como fundamento a Bíblia, que indica que Deus criou tudo, sendo que o livro

Gênesis é interpretado literalmente. Referente a razões não religiosos para a

rejeição da teoria evolutiva, fatos não científicos que são ensinados

informalmente por vezes deturpam a Evolução, como por exemplo a ideia de

que humanos e dinossauros viveram no mesmo período. Por fim, a ideia de

que a Evolução não é comprovada cientificamente, tratando-se de uma teoria e

não uma lei.

2.3. Darwinismo e Seleção Sexual

O conceito de Seleção Natural é tido como um dos pilares das Ciências

Biológicas, sendo comumente mal compreendido, pois se pensa que a Seleção

Natural explica todas as características exibidas da imensa variedade de

espécies de seres vivos. Porém, a Seleção Natural não explica algumas

características, como por exemplo, a cauda grande e colorida do pavão, o

canto chamativo dos pássaros, entre outras, pois essas características são

custosas e chamam a atenção de predadores e o que não favorece a

sobrevivência dos indivíduos (NICOLINI et al., 2012).

A existência de características chamativas, que são por vezes

dispendiosas para a sobrevivência de um indivíduo pode ser explicada pela

evolução, por meio da seleção sexual. Segundo Mayr (2005), a seleção sexual

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acarreta no sucesso evolutivo decorrente da competição com integrantes da

mesma espécie.

Apesar de ser o alicerce da teoria evolutiva de Darwin, a Seleção Natural

não é capaz de explicar fenômenos microevolutivos e ou macroevolutivos,

sendo que o conceito de Seleção Natural nem sempre é suficiente para

explicar a Evolução como um todo (NICOLINI; WAIZBORT, 2013). A

macroevolução caracteriza-se por processos evolutivos em larga escala em

nível de pool gênico, isto é, ocorre de nível de espécie ou acima, como grupos

maiores e implica no total de genes. Já a microevolução caracteriza-se por

alterações genéticas nos alelos e ocorre de forma gradual e em menor escala,

dentro de uma única população.

De acordo com Ridley (2006), a seleção sexual pode ser definida como

um fator que influi no acasalamento e que pode ocorrer por meio da

competição entre os membros do mesmo sexo ou por meio da escolha

mediante características específicas, sendo que os indivíduos são favorecidos

por sua aptidão em relação aos membros do mesmo sexo. Considerando que a

seleção sexual ocorre quando há competição por parceiros sexuais, obtêm-se

diferentes sucessos reprodutivos entre indivíduos de uma população e para

tanto, é necessário que os recursos, no caso parceiros sexuais, sejam

escassos e que haja uma variação fenotípica e genotípica associada a

benefícios diferenciais (WOGEL; POMBAL JR, 2007).

De acordo com Carmo et al. (2006), Darwin argumentou que a Seleção

Sexual estava relacionada com a vantagem que certos indivíduos possuíam

sobre os outros do mesmo sexo e da mesma espécie, somente naquilo que

concernia à reprodução. Assim, segundo o naturalista, geralmente quando os

machos e fêmeas de qualquer espécie animal apresentam os mesmos hábitos

de vida, diferindo apenas sob o ponto de vista da estrutura, cor ou

ornamentação, estas diferenças são devidas quase que unicamente a seleção

sexual, considerando que estas vantagens são transmitidas de macho para

macho (CARMO et al., 2006).

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A Seleção Sexual se distingue da Seleção Natural porque não depende

da luta pela sobrevivência, mas sim da "luta travada pelos machos pela posse

das fêmeas", sendo que a Seleção Sexual pode ser considerada menos

rigorosa que a Seleção Natural (DARWIN, 2004a).

Na obra “A Origem do Homem e a Seleção Sexual”, Darwin (2004b)

relata que as fêmeas diferem dos machos no que se refere aos órgãos

destinados à alimentação ou à proteção dos filhotes, como é o caso das bolsas

abdominais dos marsupiais. Porém, quando eventualmente tal tipo de órgão é

encontrado nos machos, é tido como um diferencial. Contudo, como é o macho

que tem que procurar a fêmea, este necessita de órgãos sensórios e

locomotores bem desenvolvidos:

Há muitas outras estruturas e instintos que devem ter sido

desenvolvidos através da seleção sexual, tais como as armas de

ataque e meios de defesa dos quais os machos são dotados com a

finalidade de lutar e afugentar seus rivais, a sua coragem e

combatividade, os seus diversificados ornamentos, os órgãos que os

capacitam a cantar e produzir diversos sons, e as glândulas para

emitir odores, sendo de se lembrar que a maior parte dessas últimas

estruturas não serve senão para atrair a fêmea ou deixá-la excitada.

(DARWIN, 2004b, p. 170)

Variações na expressão de características sexuais secundárias são

comuns em machos de muitas espécies e frequentemente se apresentam de

forma descontínua, resultando na ocorrência de dois ou mais morfotipos. Em

geral, a presença de dimorfismos resulta em vantagem para algum dos machos

nas disputas por parceiras, em espécies que apresentam dois morfotipos

distintos encontram-se também estratégias alternativas para obtenção de

cópulas (SOBRAL, 2010).

Geralmente os machos fazem a corte, enquanto as fêmeas fazem a

escolha, já que é comum que machos acasalem com muitas fêmeas (ALCOCK,

2011). Desse modo, em um sistema monogâmico o indivíduo possui apenas

um parceiro e não necessita fazer corte Portanto, quando o esforço parental é

igual entre os sexos, a seleção sexual é menos intensa.

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Por fim, a teoria da Seleção Sexual pode esclarecer áreas do conflito

social tal como a divisão de gênero feminino e masculino, não sendo uma

resposta definitiva para os problemas que permeiam os conflitos entre

mulheres e homens, mas ao menos sensibilizar as decisões inerentes a essa

problemática, e por essa razão, o ensino de Evolução pode ser uma importante

ferramenta para elucidar os erros construídos ao longo do tempo (NICOLINI;

WAIZBORT, 2013).

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3. Material e Métodos

Para o levantamento bibliográfico foram utilizados artigos de periódicos

encontrados por meio de plataformas de pesquisa como o Google Acadêmico,

Scielo, CAPES, banco de teses e consulta local nas bibliotecas da

Universidade Presbiteriana Mackenzie.

As principais palavras chaves utilizadas nas pesquisas on-line foram:

ensino de Evolução, livros didáticos, livros didáticos de Biologia, Seleção

Sexual, Seleção Sexual nos livros didáticos. A busca teve como foco obras

nacionais ou em língua portuguesa.

Após essa pesquisa, o material obtido passou por uma triagem, a fim de

verificar as informações pertinentes para o trabalho e para tanto, os resumos

dos trabalhos selecionados serviram para escolher os mais adequados.

Além do levantamento bibliográfico acerca da relevância do ensino de

Evolução, e mais especificamente, a abordagem do tema seleção sexual no

panorama do Ensino de Evolução, foi feita a análise de livros didáticos.

Os livros escolhidos como materiais didáticos a serem estudados nesse

trabalho foram selecionados com base nas recomendações do Plano Nacional

do Livro Didático 2015 (PNLD) de Biologia (BRASIL, 2014), que lista nove

coleções de livros didáticos de Biologia de Ensino Médio (quadro 2), a serem

adotadas por professores e escolas de acordo com critérios estabelecidos para

o componente curricular de Biologia.

Para cada livro analisado, foi contatada sua respectiva editora por

telefone e e-mail e também visita ao local para verificar a disponibilidade para

doação do livro em questão ou então a permissão para consultá-los. Das cinco

editoras, três aceitaram fazer doação dos livros, AJS, Ática e Moderna. A

editora SM não fez doação nem permitiu consulta por não ter o material

disponível, pois após a impressão dos livros do PNLD, os mesmos são

distribuídos às escolas. Já a editora Saraiva não respondeu ao contato e em

visita a sede, foi informado que não é possível fazer consulta dos livros.

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Quadro 2. Informações sobre as obras utilizadas na análise de livros didáticos. Nome da obra,

autoria e editora.

Nome da Coleção Autores Editora

Bio Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes

Sergio Rosso

Saraiva

Biologia Vivian Lavander Mendonça AJS

Biologia César da Silva Júnior

Sezar Sasson

Nelson Caldini Júnior

Saraiva

Biologia em Contexto

José Mariano Amabis

Gilberto Rodrigues Martho

Moderna

Biologia Hoje Sérgio de Vasconcelos Linhares

Fernando Gewandsznadjer

Ática

Biologia Unidade e Diversidade

José Arnaldo Favaretto Saraiva

Conexões com a Biologia

Rita Helena Bröckelmann Moderna

Novas Bases da Biologia

Nélio Marco Vincenzo Bizzo Ática

Ser Protagonista – Biologia

Márcia Regina Takeuchi Tereza Costa Osorio

SM

Também foi verificado no acervo da Biblioteca Municipal Mário de

Andrade e no acervo de outras bibliotecas públicas a disponibilidade dos livros,

porém as edições constantes das obras são anteriores a 2013. Por se tratar de

coleções de livros, o volume escolhido para análise foi aquele que retrata a

teoria evolutiva, dispensando assim a aquisição/consulta de todos os livros.

Porém, as editoras doaram a coleção toda.

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A leitura dos livros teve como foco os capítulos que continham

informações pertinentes à temática do Ensino de Evolução, com ênfase na

Teoria de Seleção Sexual, sendo que tanto o texto base quanto os exercícios e

o livro do professor foram analisados, com o intuito de constatar a abordagem

do tema e também encontrar erros conceituais.

O cálculo da quantidade de texto dedicada a Seleção Sexual foi

realizado utilizando o número de palavras constantes nos textos referentes à

seleção sexual. Assim, por meio da estimativa do número de palavras poder-

se-á traçar o espaço dado a esse tema nos livros didáticos de Biologia.

Também foram analisadas a presença e a quantidade de imagens

acerca da Seleção Sexual a fim de ilustrar e exemplificar conceitos e se estas

imagens são pertinentes ao texto, contextualizando-o ou então estão dispersas.

Desse modo, foi feito um comparativo, sendo que a análise foi qualitativa e

quantitativa.

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4. Resultados

O quadro 3 fornece informações sobre as obras didáticas estudadas. Dos

nove livros constantes do PNLD 2015, quatro foram analisados, devido à

disponibilidade das obras nas editoras. Vale ressaltar que todos os livros

consultados foram exemplares do professor, doados pelas suas respectivas

editoras.

Quadro 3. Dados sobre os livros do PNLD 2015 analisados. Nome da obra, autoria, editora,

ano de publicação e volume.

Nome da

Coleção

Autores Editora Ano de

Publicação

Volume

Biologia Vivian Lavander Mendonça

AJS 2013 3

Biologia em Contexto

José Mariano Amabis

Gilberto Rodrigues Martho

Moderna 2013 2

Biologia Hoje

Sérgio de Vasconcelos Linhares

Fernando Gewandsznadjer

Ática 2012 3

Novas Bases da Biologia

Nélio Marco Vincenzo Bizzo

Ática 2011 3

4.1. Em Mendonça (2013) - Livro 1

A temática de Evolução é retratada no volume 3 (296 páginas) da coleção,

unidade 3, capítulos 12 e 13, totalizando 43 páginas.

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O capitulo 12, denominado "Evolução: conceito e evidências" trabalha as

relações de parentesco, fósseis, cladogramas, teorias evolutivas (Lamarck,

Darwin e Wallace), seleção natural, irradiação adaptativa e evolução

convergente, potencial biótico e resistência do meio, deriva genética.

O capítulo 13, intitulado "Teoria sintética da evolução, especiação e

genética de populações", retrata a variabilidade dentro de uma população,

sendo que se baseia no neodarwinismo. Conceitos como mutação gênica,

recombinação gênica, migração, seleção natural, genética de populações,

especiação, anagênese, cladogênese fazem parte desse capítulo.

Desse modo, nessa obra não há referência à Seleção Sexual.

4.2. Em Amabis e Matho (2013) - Livro 2

A temática de Evolução é retratada no volume 2 da coleção (320 páginas),

no Módulo 4, denominado "A evolução biológica", dividido em 3 capítulos,

totalizando 105 páginas.

O capítulo 9, "Os fundamentos da evolução biológica", aborda mitos de

criação, pensamento evolucionista, ideias evolucionistas de Lamarck e Darwin,

seleção natural, evidências da evolução, fósseis e anatomia comparada, teoria

sintética da evolução, mutação gênica, recombinação gênica, adaptação e

evolução, melanismo, camuflagem e mimetismo.

O capítulo 10, "A origem de novas espécies e dos grandes grupos de seres

vivos", retrata o processo evolutivo e a diversificação da vida, árvore

filogenética, anagênese e cladogênese, espécie biológica, especiação,

isolamento reprodutivo, origem dos grandes grupos de seres vivos, deriva

continental.

O capítulo 11, "Evolução humana", discorre sobre o parentesco evolutivo do

ser humano com os grandes primatas, história evolutiva dos primatas e

ancestralidade humana.

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Nessa obra não há menção acerca da Seleção Sexual.

4.3. Em Linhares e Gewandsznadjer (2012) - Livro 3

O conteúdo de Evolução consta no volume 3 da coleção (432 páginas),

unidade 2, capítulos 9, 10, 11, 12 e 13, totalizando 95 páginas referentes a

essa temática.

O capitulo 9, "Evolução: as primeiras teorias" discorre acerca das ideias de

Lamarck, Darwin e Wallace.

O capítulo 10, "A teoria sintética: variedade genética e seleção natural" é

sobre a história do neodarwinismo, mutações, variedade genética, reprodução

sexuada, seleção natural, seleção sexual.

O capitulo 11, “A teoria sintética: genética das populações e formação de

novas espécies” trata da mudança na frequência de alelos da população, lei de

Hardy-Weinberg, deriva genética, formação de novas espécies, isolamento

geográfico e reprodutivo, especiação sem isolamento geográfico.

O capitulo 12, “Evolução: métodos de estudo”, retrata a utilização de fósseis

para o estudo da evolução, relações de embriologia e anatomia comparadas e

semelhanças embrionárias e moleculares.

O capitulo 13, “A história dos seres vivos”, refere-se à origem e evolução

dos primeiros seres vivos, teorias sobre a origem da vida, evolução dos

animais e das plantas, evolução da espécie humana.

O conteúdo sobre seleção sexual está localizado na página 181, tendo 4

parágrafos, 265 palavras e uma imagem (figura 1).

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Figura 1: Conteúdo de Seleção Sexual presente no livro 3. Página inteira.

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4.4. Em Bizzo (2011) - Livro 4

O conteúdo de Evolução consta no volume 3 da coleção (262 páginas),

unidade 3, 'Evolução Biológica", capítulos 6 e 7, sendo destinado a essa

temática 79 páginas.

O capitulo 6, "Biologia molecular e biotecnologia" trata da genética

relacionada com a evolução, tendo como base a expressão gênica, mutação,

epigenética, biotecnologia e organismos geneticamente modificados.

O capítulo 7, "Pensamento evolutivo" discorre sobre as teorias evolutivas de

Lamarck e Darwin, neolamarquismo e neodarwinismo, origem da variabilidade,

evolução humana.

Não há menção à Seleção Sexual.

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5. Discussão

Os resultados mostraram que apenas um, entre quatro livros analisados,

apresenta em seu conteúdo sobre Evolução, o tema da Seleção Sexual.

Apesar da pequena amostragem, pode-se constatar que o ensino sobre a

evolução biológica, baseado no conteúdo de livros didáticos recomendados no

Plano Nacional do Livro Didático 2015 (PNLD) de Biologia (BRASIL, 2014), se

faz de forma pouco abrangente. Vale ressaltar que os livros constantes no

PNLD são distribuídos gratuitamente nas escolas e não podem ser vendidos.

Tendo em vista que os livros didáticos influenciam fortemente a prática da

maioria dos professores e a aprendizagem dos estudantes, representando

frequentemente um dos principais determinantes do currículo em ação, deve-se

considerar que além de acessível, os livros didáticos precisam ser estruturados

com conteúdos corretos e de fácil assimilação, sendo por vezes tidos como

mediadores do conhecimento presente na ciência escolar (BITTENCOURT-

DOS-SANTOS; EL-HANI, 2013).

Segundo Cicillini (1991 apud DIAS; BORTOLOZZI, 2009), os livros didáticos

de Biologia seguem geralmente a mesma sequência, com poucas variações,

iniciando-se com o estudo da célula, seguido de conteúdos acerca de tecidos,

seres vivos e por fim os tópicos de Genética, Evolução e Ecologia.

Nicolini e Waizbort (2013), em um estudo sobre Seleção Sexual no qual

analisaram sete de nove livros indicados pelo PNLEM 2009, chegaram aos

seguintes resultados: todos os livros analisados dedicavam menos de 10% de

seu conteúdo para a Unidade de Evolução, enquanto que em quatro livros o

conceito de Seleção Sexual não é citado e nos demais é tratado como um tipo

especial de Seleção Natural, sendo que seu mecanismo de ação não é

explicado adequadamente.

Mesmo quando considerados os resultados obtidos mediante análise do

Livro 3, Biologia Hoje (LINHARES; GEWANDSZNADJER, 2012), pode-se dizer

que os exemplos biológicos citados pelos autores a fim de explicar os

mecanismos da Seleção Sexual são restritos. Nessa obra, cita-se que as

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“características como a cauda do pavão e o colorido das penas de muitos

pássaros", são características escolhidas pelas fêmeas no que se refere a um

parceiro saudável.

O grupo das aves é o grupo no qual os efeitos da Seleção Sexual são mais

notórios, devido ao desenvolvimento tanto de penas coloridas e cantos

agradáveis, como comportamentos excepcionais (NICOLINI; WAIZBORT,

2013). Muitas vezes, o grupo das aves é usado como exemplo da Seleção

Sexual, porém, enquanto é comum encontrar menções sobre a coloração

diferenciada de penas, informações sobre o canto, que também representa

uma função adaptativa no que se refere à atração e à cópula, são pouco

exploradas. De acordo com Dias (2009), as aves são conhecidas pelo uso

proeminente de sinais acústicos utilizados na comunicação, denominados de

cantos ou vocalizações, tendo diversas funções, incluindo atração de parceiros.

Assim, a Seleção Sexual nas aves não se restringe apenas à coloração das

plumas, já que as variações vocais são esperadas dentro de uma mesma

espécie.

Outros grupos de animais podem ser usados como exemplo da Seleção

Sexual, tal como peixes, mamíferos e insetos, nos quais os machos

comportam-se agressivamente em relação a outro membro do mesmo sexo,

visto que machos de animais desenvolveram armas na forma de cornos,

presas, chifres, caudas claviformes e pernas grandes e espinhosas que eles

usam em lutas com outros machos pelas fêmeas (ALCOCK, 2011). Desse

modo, é possível utilizar distintos grupos para exemplificar o processo de

Seleção Sexual.

Sob outro ponto de vista, no livro de Linhares e Gewandsznadjer (2012),

comenta-se que “a Seleção Sexual pode ser considerada um caso especial do

conceito mais amplo de Seleção Natural”. Dessa forma, constata-se a ideia de

que a Seleção Natural é passível de explicar todas as características físicas e

comportamentais adaptativas de todas as espécies (NICOLINI; WAIZBORT,

2013).

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Darwin detalhou suas ideias sobre a origem e modificação das espécies ao

longo do tempo através do processo de Seleção Natural, porém, dadas

características (como a cauda do pavão, canto dos pássaros e cores brilhantes

em insetos, por exemplo), não são características que favorecem a

sobrevivência dos indivíduos. A Seleção Natural é incapaz de explicar por si só

os dimorfismos sexuais secundários, ou seja, as eventuais diferenças

fenotípicas e comportamentais entre machos e fêmeas, diferenças essas não

diretamente associadas aos órgãos genitais (NICOLINI et al., 2012).

Uma vez que a Seleção Natural é responsável por formas produzidas pelos

processos desenvolvimentais, a evolução e o desenvolvimento se influenciam

mutuamente, embora representem processos distintos que atuam em níveis de

organização e escalas temporais diferentes (BITTENCOURT-DOS-SANTOS;

EL-HANI, 2013). Desse modo, há características que não favorecem a

sobrevivência, e, portanto, não são resultados da Seleção Natural causando

maior vulnerabilidade a predadores e custos no desenvolvimento, mas que

podem ser explicadas pela Seleção Sexual (ALCOCK, 2011).

Nesse interim, o estudo da Seleção Sexual e sua abordagem nos livros

didáticos de Biologia se faz necessário devido ao fato de a Seleção Sexual ser

considerada como uma força seletiva fundamental na evolução do

comportamento social, pois ela é capaz de afetar uma série de fenômenos

biológicos como o grau de cuidado parental e de dimorfismo sexual, o tipo de

sistema de acasalamento, a idade para a maturação sexual, a variação na

proporção sexual, dentre outros (WOGEL; POMBAL JR, 2007).

Santos e Calor (2007b) propõem a utilização da sistemática filogenética no

Ensino de Evolução, já que a idéia da Evolução como transformação linear de

um grupo mais simples em outro com maior grau de complexidade contraria as

proposições originais de Darwin e Wallace, porém está arraigada no senso

comum. Logo. tendo por base o conceito de Evolução como descendência com

modificação a partir de um ancestral comum, isto é, ramificação no tempo,

pode-se começar a repensar o Ensino de Biologia dentro de um arcabouço

evolutivo. Uma prova da ideia de progresso relacionada com a teoria evolutiva

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é o exemplo da fila indiana da evolução humana, o que comprova a

permanência de falsas concepções científicas e contribui para a disseminação

de equívocos relacionados a teoria da Evolução. Isto posto, é possível eliminar

do senso comum exemplos errôneos usando cladogramas, modelos de

relações filogenéticas.

Por fim, o livro didático de Biologia, dado seu papel na seleção e sequência

de conteúdos, atividades de aprendizagem, abordagens de avaliação, deve

contemplar não apenas os conteúdos conceituais a priori, pois a Biologia é

parte do cotidiano da população, mas o ensino desta encontra-se distanciado

da realidade, impossibilitando que se façam relações entre o que é estudado e

o que é vivenciado (DIAS; BORTOLOZZI, 2009; BITTENCOURT-DOS-

SANTOS; EL-HANI, 2013).

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6. Conclusão

O presente estudo mostrou que a maior parte dos livros didáticos de Ensino

Médio de Biologia recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático

(PNLD) 2015 que foram analisados não abordam o tema da Seleção Sexual.

De nove livros indicados no PNLD 2015, quatro foram analisados e apenas

uma continha o conceito essa temática. Desse modo, mesmo quando os livros

abordam o assunto, são poucos os poucos exemplos biológicos utilizados,

sendo esses os mais evidentes e comumente conhecidos e os conceitos são

simplificados.

A fim de solucionar esse problema, fazem-se necessários outros estudos

referentes à presença da Seleção Sexual em obras didáticas, que mostrem a

partir de um maior número de obras analisadas, a situação crítica sobre o

assunto. Essa seria uma forma de sensibilizar os educadores, os programas

governamentais, os autores e as editoras, de forma ampla, sendo estes os

agentes responsáveis por mudanças necessárias neste sentido.

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