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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 623 Janeiro de 2006 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Meimei Aproveita o dia e faze o me- lhor, amando sempre. Plasma a obra que vieste re- alizar entre os homens, enquan- to o apoio do tempo te favorece. Suporta com paciência as vi- cissitudes da estrada e aceita, nas circunstâncias difíceis, a justiça da vida que volta a pedir-te con- tas. Na tarefa mais obscura, apõe o selo da bondade, e, na conver- sação mais simples, modela a palavra luminosa do entendi- mento. Abraça, em cada pessoa que te cruze o caminho, alguém que te leve mais longe a mensagem de auxílio, e em cada página, por mais pequenina, que te registre o pensamento, grava o amor puro que te verte do ser. Amando sempre Observa o relógio impassí- vel. Minuto marcado é que va- lor que não torna. Terás, sim, outros minutos, mas em novo dia, em novo problema, em nova situação e em nova paisagem. Toda criatura terrestre, em- bora não perceba, vive a despe- dir-se do mundo, pouco a pou- co, despachando, cada dia, com os próprios atos, a bagagem que encontrará na estação de desti- no. Usa, desse modo, as forças que Deus te empresta, na cons- trução do bem, porque amanhã, quando a morte chegar, compre- enderás, por fim, que tudo quan- to fizeste aos outros a ti mesmo fizeste. (Mensagem extraída do livro “Ideal Espírita”, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.) Chico Xavier aos 34 anos Era uma vez um moço in- gênuo e feliz, vivendo numa ci- dadezinha ingênua e feliz, per- to de Belo Horizonte. O moço se chamava Francisco Cândido Xavier (foto) e não desmentia o nome. A cidadezinha, Pedro Leopoldo, arrastava suas horas de doce paz, entre as missas de domingo e a chegada do trem da capital. Não se sabe como, numa noite ou num dia, Chico se mostrou inquieto e desandou a escrever. Terminando, disse, apenas, à família assustada: – “Não fui eu. Alguém me em- purrava a mão”. Assim se inicia uma repor- tagem histórica assinada por David Nasser, uma das glórias do jornalismo brasileiro, publi- cada na revista “O Cruzeiro” de 12 de agosto de 1944, que re- cuperamos por intermédio da internet graças ao site Versos à mocidade A Revue Spirite há 140 anos ..... 15 Celso Martins ............................. 7 Clássicos do Espiritismo ............ 5 De coração para coração ............ 4 Divaldo responde ........................ 5 Editorial ...................................... 2 Emmanuel ................................... 2 Estudando as obras de André Luiz ........................................... 12 Geraldo Peixoto de Luna ............ 6 Gilberto Simioni ....................... 11 Jane Martins Vilela ................... 11 Joanna de Ângelis ....................... 2 Luiz Augusto Breinack ............. 12 Palestras, seminários e outros eventos ...................................... 14 Raul de Mello Franco Júnior ...... 6 Ricardo Orestes Forni ................. 7 Um minuto com Chico Xavier .. 13 Ainda nesta edição Gratidão Maria Dolores Agradeço, alma irmã, por tudo o que me deste, O auxílio fraternal, generoso e sem preço, O teto, o lume, o prato, o reconforto, a veste, Tudo isso agradeço... Sobretudo, alma boa, Deus te compense o coração amigo, Por teu olhar de paz que me alenta e abençoa Na estrada em que prossigo. Viste-me em solidão, Esperança caída sem ninguém... Deste-me apoio com teu braço irmão E ergui-me de alma nova para o bem!... Não há palavra com que te defina O reconhecimento que me invade, Ao sentir-te no amparo a presença divina Da Celeste Bondade. Deus te guarde no excelso resplendor Da luz com que me aqueces todo o ser, Porque me refizeste a certeza do amor, A bênção de servir e a força de viver. (Poema psicografado por Francisco Cândido Xavier.) Sebastião Lasneau Nós espíritas velhos e cansados, Embora tendo nalma a fé cristã Já não podemos ser os bons soldados Que os moços podem ser hoje e amanhã. Em breve hão de parar nossos arados, E é para vós, ó mocidade irmã, Que os nossos olhos hoje estão voltados, Pretendendo tornar-vos nobre e sã. Jovens irmãos, buscai o Cristianismo Pela estrada real do Espiritismo Em cujo fim esplende o Redentor! Quando um dia chegardes a ser velhos Tereis na mente a luz dos Evangelhos E tereis nalma a paz do Seu amor! www.memoriaviva.digi.com.br/ ocruzeiro. Chico Xavier contava na ocasião 34 anos de idade e vi- veria até meados de 2002, ano em que desencarnou no mesmo dia em que a seleção do Brasil se sagrou pentacampeã de futebol. Por ocasião da reportagem, fazia 12 anos que Chico havia pu- blicado sua primeira obra, “Parnaso de Além Túmulo”, e o total de sua produção psico- gráfica não passava de 20 li- vros. “Os Mensageiros”, de André Luiz, fora a última obra publicada até então, à qual se seguiram, de 1945 a 2002, qua- se 400 títulos. Iniciara-se então o célebre processo movido por familiares do escritor Humber- to de Campos, que passou, a partir do ano seguinte, a valer- se de um pseudônimo (Irmão X) para assinar suas obras. O processo, que trouxe muitas preocupações e acerbos sofrimentos ao médium de Pedro Leopoldo, fez com que seu nome e seu trabalho ga- nhassem dimensão nacional, numa época em que a televi- são não fazia ainda parte dos meios de comunicação do País. Págs. 8 e 9 O amor é tudo José Soares Cardoso Há vibrações de amor cruzando os ares Nas paisagens azuis do firmamento, No seio luminoso dos altares, No rumo das cascatas e do vento. Exulta em tudo a voz do sentimento, Indo e vindo através dos sete mares, Em notas de ternura e encantamento Que vão da Terra aos planos estelares. O amor é a voz de Deus cantando a vida! Voz que precisa no mundo ser ouvida Para o bem das humanas gerações. Somente o amor possui a força imensa De unir os homens, sem ver raça ou crença, Trazendo Deus aos nossos corações!

O IMORTAL - oconsolador.com.br · PÁGINA 2 O IMORTAL JANEIRO/2006 Editorial EMMANUEL Na abertura de mais um ano em nossas vidas, queira o leitor ami-go receber nossos votos de paz,

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 623 Janeiro de 2006 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Meimei

Aproveita o dia e faze o me-lhor, amando sempre.

Plasma a obra que vieste re-alizar entre os homens, enquan-to o apoio do tempo te favorece.

Suporta com paciência as vi-cissitudes da estrada e aceita, nascircunstâncias difíceis, a justiçada vida que volta a pedir-te con-tas.

Na tarefa mais obscura, apõeo selo da bondade, e, na conver-sação mais simples, modela apalavra luminosa do entendi-mento.

Abraça, em cada pessoa quete cruze o caminho, alguém quete leve mais longe a mensagemde auxílio, e em cada página, pormais pequenina, que te registreo pensamento, grava o amorpuro que te verte do ser.

Amando sempreObserva o relógio impassí-

vel. Minuto marcado é que va-lor que não torna. Terás, sim,outros minutos, mas em novodia, em novo problema, em novasituação e em nova paisagem.

Toda criatura terrestre, em-bora não perceba, vive a despe-dir-se do mundo, pouco a pou-co, despachando, cada dia, comos próprios atos, a bagagem queencontrará na estação de desti-no.

Usa, desse modo, as forçasque Deus te empresta, na cons-trução do bem, porque amanhã,quando a morte chegar, compre-enderás, por fim, que tudo quan-to fizeste aos outros a ti mesmofizeste.

(Mensagem extraída do livro“Ideal Espírita”, psicografadopor Francisco Cândido Xavier eWaldo Vieira.)

Chico Xavier aos 34 anosEra uma vez um moço in-

gênuo e feliz, vivendo numa ci-dadezinha ingênua e feliz, per-to de Belo Horizonte. O moçose chamava Francisco CândidoXavier (foto) e não desmentiao nome. A cidadezinha, PedroLeopoldo, arrastava suas horasde doce paz, entre as missas dedomingo e a chegada do tremda capital. Não se sabe como,numa noite ou num dia, Chicose mostrou inquieto e desandoua escrever. Terminando, disse,apenas, à família assustada: –“Não fui eu. Alguém me em-purrava a mão”.

Assim se inicia uma repor-tagem histórica assinada porDavid Nasser, uma das glóriasdo jornalismo brasileiro, publi-cada na revista “O Cruzeiro” de12 de agosto de 1944, que re-cuperamos por intermédio dainternet graças ao site

Versos àmocidade

A Revue Spirite há 140 anos ..... 15Celso Martins ............................. 7Clássicos do Espiritismo ............ 5De coração para coração ............ 4Divaldo responde ........................ 5Editorial ...................................... 2Emmanuel ................................... 2Estudando as obras de AndréLuiz ........................................... 12Geraldo Peixoto de Luna ............ 6Gilberto Simioni ....................... 11Jane Martins Vilela ................... 11Joanna de Ângelis ....................... 2Luiz Augusto Breinack ............. 12Palestras, seminários e outroseventos ...................................... 14Raul de Mello Franco Júnior ...... 6Ricardo Orestes Forni ................. 7Um minuto com Chico Xavier .. 13

Aindanesta edição

GratidãoMaria Dolores

Agradeço, alma irmã, por tudo o que me deste,O auxílio fraternal, generoso e sem preço,

O teto, o lume, o prato, o reconforto, a veste,Tudo isso agradeço...

Sobretudo, alma boa,Deus te compense o coração amigo,

Por teu olhar de paz que me alenta e abençoaNa estrada em que prossigo.

Viste-me em solidão,Esperança caída sem ninguém...

Deste-me apoio com teu braço irmãoE ergui-me de alma nova para o bem!...

Não há palavra com que te definaO reconhecimento que me invade,

Ao sentir-te no amparo a presença divinaDa Celeste Bondade.

Deus te guarde no excelso resplendorDa luz com que me aqueces todo o ser,Porque me refizeste a certeza do amor,A bênção de servir e a força de viver.

(Poema psicografado por Francisco Cândido Xavier.)

Sebastião Lasneau

Nós espíritas velhos e cansados,Embora tendo nalma a fé cristã

Já não podemos ser os bons soldadosQue os moços podem ser

hoje e amanhã.

Em breve hão de parar nossos arados,E é para vós, ó mocidade irmã,

Que os nossos olhos hoje estão voltados,

Pretendendo tornar-vos nobre e sã.

Jovens irmãos, buscai o CristianismoPela estrada real do Espiritismo

Em cujo fim esplende o Redentor!

Quando um dia chegardes a ser velhosTereis na mente a luz dos Evangelhos

E tereis nalma a paz do Seu amor!

www.memoriaviva.digi.com.br/ocruzeiro. Chico Xavier contavana ocasião 34 anos de idade e vi-veria até meados de 2002, ano emque desencarnou no mesmo diaem que a seleção do Brasil sesagrou pentacampeã de futebol.

Por ocasião da reportagem,fazia 12 anos que Chico havia pu-

blicado sua primeira obra,“Parnaso de Além Túmulo”, eo total de sua produção psico-gráfica não passava de 20 li-vros. “Os Mensageiros”, deAndré Luiz, fora a última obrapublicada até então, à qual seseguiram, de 1945 a 2002, qua-se 400 títulos. Iniciara-se entãoo célebre processo movido porfamiliares do escritor Humber-to de Campos, que passou, apartir do ano seguinte, a valer-se de um pseudônimo (IrmãoX) para assinar suas obras.

O processo, que trouxemuitas preocupações e acerbossofrimentos ao médium dePedro Leopoldo, fez com queseu nome e seu trabalho ga-nhassem dimensão nacional,numa época em que a televi-são não fazia ainda parte dosmeios de comunicação do País.Págs. 8 e 9

O amor é tudoJosé Soares Cardoso

Há vibrações de amor cruzando os aresNas paisagens azuis do firmamento,

No seio luminoso dos altares,No rumo das cascatas e do vento.

Exulta em tudo a voz do sentimento,Indo e vindo através dos sete mares,Em notas de ternura e encantamento

Que vão da Terra aos planos estelares.

O amor é a voz de Deuscantando a vida!

Voz que precisa no mundo ser ouvidaPara o bem das humanas gerações.

Somente o amor possui a força imensaDe unir os homens, sem ver

raça ou crença,Trazendo Deus aos nossos corações!

O IMORTALPÁGINA 2 JANEIRO/2006

EditorialEMMANUEL

Na abertura de mais um ano emnossas vidas, queira o leitor ami-go receber nossos votos de paz, desaúde e de prosperidade em todosos dias de 2006. Quando dizemos“prosperidade”, entenda, porém,que não utilizamos esse termo noseu sentido usual, mas no sentidoverdadeiro pelo qual ele deve serentendido – prosperidade real eefetiva, que advém da consecuçãodo programa trazido para a presen-te existência.

Como sabe o leitor, nem sem-pre as pessoas realizam no planocorpóreo o que imaginavam fazerantes do mergulho na carne.

Muitas existências na Terracompõem o que Herculano Pireschama de círculo vicioso da reen-carnação.

O desenvolvimento do ser nãoé contínuo, mas descontínuo. Emcada existência terrena o indiví-duo desenvolve certas potenciali-dades, mas a lei de inércia o re-tém numa posição determinada

Os cristãos do passado, fiéis àDoutrina pura, experimentaram oopróbrio, a calúnia, a persistenteangústia, o cárcere, o martírio... Ahistória do vero Cristianismo é asaga de toda uma comunidadesacrificada através dos tempos.

Lentamente, porém, as con-quistas humanas, culturais e soci-ais vêm banindo os métodos bár-baros de impedimentos dos ideaisnobres da Humanidade. Apesar deainda existirem presídios e ultra-jes, processos vis para extorquirinformações e atemorizar, os direi-tos humanos se vão incorporandoe as liberdades de culto, de crença,de ação, de palavra e movimentosacenam dias felizes para o futuro.Os cristãos gozam de cidadania e

Os séculos parecem reviver comseus resplendores e decadências.

Fornece o mundo a impressãodum campo onde as cenas se repe-tem constantemente.

Tudo instável.A força e o direito caminham

com alternativas de domínio. Mul-tidões esclarecidas regressam anovas alucinações. O espírito hu-mano, a seu turno, considerado iso-ladamente, demonstra recapitularas más experiências, após alcançaro bom conhecimento.

Como esclarecer a anomalia?A situação é estranhável porque, nofundo, todo homem tem sede depaz e fome de estabilidade. Impor-ta reconhecer, porém, que, no cur-so dos milênios, as criaturas huma-nas, em múltiplas existências, têmamado mais a glória terrena que aglória de Deus.

Inúmeros homens se presumemredimidos com a meditaçãocriteriosa do crepúsculo, mas... e o

Para fazer a Assinatura deste jor-nal ou renová-la, basta enviar seu pedi-do para a Caixa Postal 63 – CEP 86180-970 – Cambé-PR, ou então valer-se dotelefone número (0xx43) 3254-3261. Sepreferir, utilize a Internet. Nosso ende-reço eletrônico mudou e é agora:[email protected]

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A Assinatura múltipla custa R$30,00 (trinta reais) por mês, já incluí-das aí as despesas de correio. Ao fazê-la, o assinante receberá todos os me-ses um pacote com 10 exemplares, quepoderão ser distribuídos entre os seusamigos, familiares ou integrantes doGrupo Espírita de que faça parte. AAssinatura múltipla é a forma ideal

Ano novo, vida novapelos limites da própria culturaem que se desenvolveu.

Com a morte corporal, explicaHerculano em seu livro “Pedago-gia Espírita”, o ser volta ao mundoespiritual e tem uma nova existên-cia nesse mundo, onde suas percep-ções se ampliam permitindo-lhecompreender que sua perfectibili-dade não tem limites. Voltando en-tão a nova encarnação, podereencetar com mais eficiência odesenvolvimento de sua perfectibi-lidade, mas, se não receber na vidaterrena os estímulos necessários,poderá sentir-se novamente preso àcondição da vida anterior na Terra,estacionando numa repetição deestágio. É isso que se chama círcu-lo vicioso da reencarnação.

Ao leitor que duvida desse pen-samento, propomos que considerea estatística seguinte.

Em 82 anos de existência doinstituto “Almas Irmãs”, umeducandário existente no PlanoEspiritual, a que André Luiz se re-

fere em seu livro “Sexo e Desti-no”, obra publicada em 1963, decada 100 alunos desencarnadosnecessitados de reeducação sexu-al que procuraram aplicar na exis-tência corpórea os ensinamentosali colhidos, eis o resultado:• 34 fracassaram, retornando à

vida espiritual onerados com no-vas dívidas

• 26 melhoraram ligeiramente,embora imperfeitamente

• 22 registraram alguma melhora• 18, somente dezoito, venceram

nos compromissos da reencar-nação.

Os desafios da existênciacorpórea não são, como se vê, algoque se vence facilmente.

Para isso é preciso dedicação,oração, vigilância e uma busca per-manente da meta a ser alcançada, queé a perfeição, um objetivo possívele, segundo Jesus, factível. Afinal,não foi ele quem disse: “Vós soisdeuses e tudo o que faço podereisfazer também e muito mais”?

Um minuto com Joanna de Ângelissuas minorias fazem-se respeitadase até mesmo amadas.

Como será possível a cada in-divíduo, porém, demonstrar o vi-gor da fidelidade aos postulados defé vivenciados?

As antigas arenas foram derru-badas e as feras estão esquecidas.Apesar disso, outros fenômenostêm lugar, convidando os decidi-dos lidadores ao heroísmo, à evo-lução. A dor íntima, os conflitosgerados na ação abnegada, asincompreensões propositadas, ocerco da maledicência e da acusa-ção indébita, os ferem e os angus-tiam, ensejando recuperação, cres-cimento para Deus, ao mesmo tem-po constituindo-se testemunho à fé.

Sob os açoites da enfermidade

Recapitulações

dia que já se foi? Na justiça miseri-cordiosa de suas decisões, Jesusconcede ao trabalhador hesitanteuma oportunidade nova. O dia vol-ta. Refunde-se a existência. Toda-via, que aproveita ao operário va-ler-se tão-somente dos bens eternos,no crepúsculo cheio de sombras?

Alguém lhe perguntará: que fi-zeste da manhã clara, do Sol arden-te, dos instrumentos que te dei?Apenas a essa altura reconhece anecessidade de gloriar-se no Todo-Poderoso. E homens e povos conti-nuarão desfazendo a obra falsa pararecomeçar o esforço outra vez.

“Porque amavam mais a glória dos homensdo que a glória de Deus.” – João, 12:43.

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Lembre que, segundo Emmanuel,a maior caridade que podemos fazer àDoutrina Espírita é a sua divulgação.Ajude-nos, pois, a divulgá-la, colabo-rando com os jornais, os programas derádio e TV e os livros espíritas.

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JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Fran-co, é autora, entre outros livros, de“Momentos de Esperança” (Edi-tora LEAL, 1988), do qual foi ex-traído o texto acima.

EMMANUEL, que foi o men-tor espiritual de Francisco Cândi-do Xavier e coordenador da obramediúnica do saudoso médiummineiro, é autor, entre outros li-vros, de “Caminho, Verdade eVida” (FEB, 1948), do qual foiextraído o texto acima.

ou excruciado pelas dores de qual-quer natureza, recorda-te da fé cris-tã, e alegra-te. Este é o teu instru-mento de flagício libertador, de quea Vida se utiliza para a tua felici-dade futura.

*Sob as chuvas de sarcasmo dos

amigos de ontem, agora persegui-dores cruéis, ou padecendo injúri-as e acusações venenosas, vitali-za-te com a fé cristã e demonstra-a na resignação e na coragem comque suportarás todas as injunções,sofrendo as “feras” multiplicadasna “arena” ampliada do teu relaci-onamento social.

O testemunho à fé chega-teagora de maneira diversa daquelaque assinalou os apóstolos e már-tires primitivos, não menos dolo-rosa, porém. Não malbarates, pois,a concessão divina do sofrimento,nem percas essa bênção que te per-mite ascender. Cristão, sofrendo, éEspírito em depuração, rumandona direção do Cristo que nos aguar-da, confiante.

O IMORTALJANEIRO/2006 PÁGINA 3

Só existe a reencarnação porqueDeus é justo e misericordioso

A reencarnação se baseia nosprincípios da misericórdia e dajustiça de Deus:

• Na misericórdia divinaporque, assim como o bom paideixa sempre uma porta aberta aseus filhos faltosos, facultando-lhes a reabilitação, também Deus– por intermédio das existênciassucessivas – dá oportunidadepara que os homens possam cor-rigir-se, evoluir e merecer o ple-no gozo de uma felicidade dura-doura.

• Na justiça divina porque oserros cometidos e os males in-fligidos ao próximo devem serreparados em novas existências,a fim de que, experimentando osmesmos sofrimentos, os homenspossam resgatar seus débitos econquistar, assim, o direito de serfelizes.

Respondendo à questão 171de “O Livro dos Espíritos” [Emque se funda a doutrina da reen-carnação?], ensinaram os Espí-ritos superiores:

“Na justiça de Deus e na re-velação, pois incessantementerepetimos: o bom pai deixa sem-pre aberta a seus filhos uma por-ta para o arrependimento. Não tediz a razão que seria injusto pri-var para sempre da felicidadeeterna todos aqueles de quemnão dependeu o melhorarem-se?Não são filhos de Deus todos oshomens? Só entre os egoístas se

THIAGO BERNARDESDe Curitiba

encontram a iniqüidade, o ódioimplacável e os castigos sem re-missão.”

A unicidade das existências é,ao contrário, injusta e ilógica,pois não atende às sábias leis doprogresso espiritual:

• É injusta porque boa partedos erros humanos são resultan-tes da ignorância e numa únicaexistência não nos é possível oresgate de nossos equívocos efalhas, principalmente quando oarrependimento nos sobrevémquase ao findar da existência. Épreciso dar oportunidades ao ar-rependido, para que ele compro-ve sua sinceridade por meio dasnecessárias reparações.

• É ilógica porque não conse-gue explicar as gritantes diferen-ças de aptidões das criaturas hu-manas desde a infância, as idéi-as inatas e os instintos precoces,bons ou maus, independentemen-te do meio em que a pessoa te-nha nascido.

A reencarnação nospermite compreender as

diferenças sociais

As reencarnações represen-tam para as criaturas imperfeitasvaliosas oportunidades de resga-te e de progresso espiritual.

Rejeitando-se a doutrina dareencarnação, perguntar-se-iainutilmente por que certos ho-mens possuem talento, sentimen-tos nobres, aspirações elevadas,enquanto muitos outros só tive-

ram em partilha tolices, paixõese instintos grosseiros.

A influência dos meios, a he-reditariedade, as diferenças deeducação – como todos sabem –não bastam para explicar essas eoutras anomalias que deparamosno contexto social, porque temosvisto membros de uma mesmafamília semelhantes pela carne epelo sangue, e educados nos mes-mos princípios, diferençarem em

inúmeros pontos.Personagens célebres e esti-

mados têm descendido de paisobscuros destituídos até mesmode valor moral, e o oposto tam-bém se tem visto, ou seja, filhosinteiramente depravados nasce-rem de pais honrados e respeitá-veis.

Por que para uns vem a for-

A doutrina da metempsicose,embora constitua um equívoco,tem sua origem num fato verda-deiro, que é a passagem da alma,em seu processo evolutivo, pelosreinos inferiores da Natureza.

Nesse processo, a alma hu-mana um dia passou pelo reinoanimal, mas a ele não volta mais,porque faz parte agora da huma-

A metempsicose é um equívocoque o Espiritismo não admite

nidade – o chamado reino hominal– e não existe nenhuma possibili-dade de reencarnar em corpos decriaturas pertencentes aos reinosinferiores àquele em que hoje seencontra.

O Espírito só chega ao períodode humanidade depois de se haverelaborado e individualizado nosdiversos graus dos seres inferiores

tuna, a felicidade constante, epara outros a miséria, a desgraçainevitável? Por que a uns é con-cedida a força, a saúde, a beleza,enquanto outros se debatem comas doenças e a fealdade? Por quea inteligência e o gênio aqui, eacolá a imbecilidade? Por queexistem raças tão diversas? Eumas são tão atrasadas que pare-cem mais próximas da animali-dade do que da humanidade! Porque pessoas nascem enfermas,cegas, com retardo mental, defi-ciências físicas ou deformidadesmorais, que parecem desmentira bondade de Deus? Por que unsmorrem ainda no berço, outros namocidade, enquanto muitos sódeixam o palco terreno na decre-pitude? Donde vêm os meninosprodígios e os superdotados, en-quanto pessoas há que não dei-xam a mediocridade nem mesmoquando se tornam adultas?

Não se pode confundira reencarnação com

a metempsicose

Questões dessa ordem podemser multiplicadas ao infinito, tra-tando não só de nossa situaçãopresente, mas também do passa-do e do que nos aguarda no futu-ro. Sem a admissão da reencar-nação, não se compreende, porexemplo, que futuro estará reser-vado a um canibal logo que fin-da sua existência corporal. Se forpara o céu, que é que fará ali? Sefor condenado ao inferno, por

que aplicar uma pena tão dura aum ser tão primitivo? E os be-bês, para onde irão depois damorte corpórea? Crescerão emsua nova morada? Aprenderão aler, progredirão, ou ficarão esta-cionados para sempre na condi-ção de bebês?

A reencarnação é o instru-mento que o Criador nos conce-de para atingirmos a meta danossa evolução, do nosso pro-gresso individual e do mundo emque vivemos. Não se deve, con-tudo, confundi-la com a metemp-sicose, porque a reencarnação dacriatura humana só se dá na es-pécie humana, enquanto a dou-trina da metempsicose, que oEspiritismo não aceita em ne-nhuma hipótese, admite a retro-gradação, ou seja, a encarnaçãoda alma humana em corpos deanimais e vice-versa.

O Espiritismo é, no tocante aesse assunto, bastante preciso: ohomem pode estacionar, masnunca retroceder na sua cami-nhada rumo à perfeição. A dou-trina da reencarnação, tal comoensinada pelo Espiritismo, sefunda na marcha ascendente daNatureza e no progresso do ho-mem, dentro de sua própria es-pécie. Ele pode, numa existên-cia futura, renascer em um meiomais humilde, mais singelo, me-nos dotado de recursos materi-ais, mas será sempre ele mesmo,com a inteligência e as virtudesadquiridas ao longo do tempopor seu Espírito.

da Criação, como é ensinado naobra de Kardec, de Gabriel De-lanne e de André Luiz.

Leia-se a respeito desse temao livro Evolução em Dois Mun-dos, de André Luiz, psicografa-do por Francisco Cândido Xaviere Waldo Vieira, bem como AEvolução Anímica, de GabrielDelanne. (Thiago Bernardes)

Capa de Evolução em Dois Mundos, deAndré Luiz, que focaliza com clareza o temaevolução anímica

O IMORTALPÁGINA 4 JANEIRO/2006

Quando lidamos com umacriança em tenra idade, dificil-mente imaginamos para ela umfuturo que não seja pelo menosigual ao nosso. Jamais nos pas-sa pela mente que esse meninoque hoje acalentamos, abraça-mos e protegemos possa tornar-se amanhã um marginal perigo-so.

As notícias veiculadas pelamídia mostram-nos, contudo,que tais coisas são possíveis esoem acontecer em grande nú-mero no mundo em que vive-mos.

Não é difícil entender essefato. Mundo de provas e expia-ções, a Terra não é, por enquan-to, morada de anjos. É uma es-cola, bendita como todas as es-colas criadas por Deus, onde sematriculam criaturas necessita-

das, pessoas difíceis, almas fra-cas e vacilantes, que necessitampor isso de forte estímulo paraavançarem no caminho da evo-lução.

As páginas dos jornais retra-tam a vida de forma nua e crua.

Aqui, é o jovem imaturoque, movido por sentimentosinsondáveis, matou pai e mãe,destruindo a paz do seu lar e aprópria vida...

Ali, é o filho de um homemadmirado em todo o mundo que,seduzido pelas ilusões do nar-cotráfico, trocou o lar pela pe-nitenciária...

Acolá, é o garoto que, bale-ado pelos próprios comparsas,foi lançado no frescor da idadea uma cadeira de rodas, conde-nado à paraplegia...

Todos eles foram crianças

um dia. Alguns tiveram vidaabastada, moravam em man-sões, ganhavam presentes ca-ros. Outros nem tanto, mas averdade é que o seu presente eo seu futuro, pelo menos na atu-al existência, tornaram-se bemamargos.

*Encontrava-me assim pen-

sando na vida, quando me veioàs mãos uma mensagem bastan-te conhecida escrita por Meimeipelas mãos de Chico Xavier, naqual a amorável educadora in-terpreta os sentimentos da cri-ança e apela para nós – nós quesomos pais, avós, professores e,com certeza, as únicas pessoasque podem auxiliá-la:

“Dizes que sou o futuro.Não me desampares no presente.Dizes que sou a esperança da paz.

Não me induzas à guerra.Dizes que sou a promessa do

bem.Não me confies ao mal.

Dizes que sou a luz dos teusolhos.

Não me abandones às trevas.Não espero somente o teu pão.

Dá-me luz e entendimento.Não desejo tão-só a festa de teu

carinho.Suplico-te amor com que me

eduques.

De coração para coraçãoASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO

De Londrina

Um apelo de Meimei em favor da criança

O Espiritismo respondeDo confrade Adilson dos Reis

veio-me a seguinte pergunta:“Existe diferença de conteúdoentre os vocábulos ressurreição ereencarnação?”

A reencarnação ou palingene-sia fazia parte dos dogmas dosjudeus, sob o nome de ressurrei-ção. Somente os saduceus (parti-dários de uma seita judia forma-da por volta do ano 248 a.C., cujofundador foi Sadoc) não acredi-tavam nisso, visto que pensavamque tudo para o homem se finda-va com a morte do corpo.

Os judeus entendiam que umhomem que vivera podia reviver,sem saberem precisamente de quemaneira o fato podia dar-se. De-signavam com o nome ressurrei-ção o que o Espiritismo chamareencarnação, que significa a vol-ta de um Espírito à existênciacorpórea, mas em outro corpo,formado especialmente para elee que nada tem de comum com oantigo.

A palavra ressurreição podiaassim aplicar-se a Lázaro ou à fi-lha de Jairo, que sofreram uma

morte aparente e voltaram a vi-ver, mas não a Elias nem aos ou-tros profetas, que os judeus ad-mitiam que poderiam retornar aocenário terreno. O vocábulo maisapropriado para designar esse re-torno é, porém, a reencarnação,palavra que pode ser assim des-dobrada, para melhor entendi-mento: “ação de reencarnar” ou“de encarnar de novo”.

Quando Jesus disse a Nicode-mos: “Em verdade, em verdade,te digo: Ninguém pode ver o rei-no de Deus se não nascer denovo”, ficou surpreso com a es-tranheza do senador dos judeusque não entendia como isso po-dia dar-se. E, admirado, obser-vou: “Pois quê! és mestre em Is-rael e ignoras estas coisas? Digo-te em verdade que não dizemossenão o que sabemos e que nãodamos testemunho, senão do quetemos visto. Entretanto, não acei-tas o nosso testemunho. Mas, senão credes, quando vos falo dascoisas da Terra, como me crereis,quando vos falo das coisas docéu?”

As orações a seguir reproduzi-das estão incorretas. Veja em se-guida, entre parênteses, as constru-ções corretas:

1. À medida em que a epide-mia se alastrava, aumentava onúmero de doentes. (“À medidaque a epidemia se alastrava, au-mentava o número de doentes.”)

2. Ela mesmo arrumou a sala.(“Ela mesma arrumou a sala.”)

3. Chamei-o, mas o mesmonão atendeu. (“Chamei-o, mas elenão atendeu.”)

4. A promoção veio de encon-tro aos seus desejos. (“A promo-ção veio ao encontro de seus dese-jos.”)

5. Comemos frango ao invésde peixe. (“Comemos frango em

Pílulas gramaticaisvez de peixe.”)

6. Eis o texto onde se encon-tra a notícia. (“Eis o texto em quese encontra a notícia.”)

7. O pai sequer foi avisado.(“O pai nem sequer foi avisado.”)

8. Maria comprou uma TV acores. (“Maria comprou um tele-visor em cores.”)

9. O fato passou desaperce-bido. (“O fato passou despercebi-do.”)

10. Haja visto seu empenho,ele irá longe. (“Haja vista seu em-penho, ele irá longe.”)

11. Espere um pouco, que ireiconsigo. (“Espere um pouco, queirei com você.”)

*Com relação à pronúncia, ob-

serve que é fechado o timbre davogal tônica dos vocábulos seguin-tes:1. acervo (ê)2. alforje (ô)3. almeja (verbo) (ê)4. ambidestro (ê)5. canapê (pequena fatia de pão,quitute) (ê)6. choldra (ô)7. endossos (ô)8. enseja (verbo) (ê)9. envolta (adjetivo) (ô)10. enxerga (substantivo) (ê)11. escaravelho (ê)12. escolho (ô)13. esposos (ô)14. extra (ê)15. fecha (verbo) (ê)16. fecho (ê).

Não te rogo apenas brinquedos.Peço-te bons exemplos e boas

palavras.Não sou simples ornamento de

teu caminho.Sou alguém que te bate à porta

em nome de Deus.Ensina-me o trabalho e a humil-dade, o devotamento e o perdão.Compadece-te de mim e orienta-me para o que seja bom e justo...Corrige-me enquanto é tempo,

ainda que eu sofra.”

O IMORTALJANEIRO/2006 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

O Porquê da Vida (Parte 10 e final)

ANGÉLICA REISDe Londrina

Concluímos neste número apublicação do texto condensado daobra O Porquê da Vida, de LéonDenis, publicada pela Editora daFEB. As páginas citadas referem-se à 14a edição, de 1987.

*23. Para compreendermos o que

se passa em torno de nós, é preci-so, pois, que reunamos numa mes-ma concepção a lei de evolução e adas responsabilidades - a lei de cau-sa e efeito - que faz com que a con-seqüência dos atos recaia sobreaqueles que os praticam. (P. 113)

24. A ignorância dessas leis,dos deveres e das sanções que elasacarretam, entra por muito nas des-graças e sofrimentos da hora pre-sente. Se a Igreja os houvesse en-sinado sempre, provavelmente nãoveríamos abrir-se-lhe sob os pas-sos tão profundo abismo. (P. 113)

25. Pois bem; o que a Igrejanão quer ou não pode fazer, o Es-piritismo o fará. Ele abriu de parem par as portas do mundo invisí-vel que a Igreja fechara há sécu-los, e, por elas, ondas de luz, te-souros de consolação e de esperan-ça jorrarão cada vez mais sobre asaflições humanas. (P. 113)

26. Passada a tormenta, dissi-par-se-ão as nuvens sombrias quenos escurecem o céu. Um límpidoraio de sol brilhará sobre as ruínasacumuladas e uma era nova come-çará para a Humanidade. Grandescoisas então se realizarão. Almaspoderosas reencarnarão entre nóspara dar vigoroso impulso à ascen-são geral. A consciência humanase desembaraçará das peias do ma-terialismo. A Filosofia se espiritu-alizará. (PP. 113 e 114)

27. No seu artigo de ataque aoEspiritismo, já referido antes, opadre Coubé faz a apologia do in-ferno, afirmando: “O Inferno não

é em si mesmo uma crueldade,pois que a crueldade consiste emfazer sofrer um ente para gozarcom o seu sofrimento, portanto,além do que ele merece e do que aordem reclama”. Responderemosa ele: “É sempre cruel infligir aum ser sofrimentos que não te-nham a leni-los nenhuma esperan-ça e que não comportam resulta-do algum”. (P. 116)

28. Em todo o Universo, o so-frimento é sobretudo um meio edu-cativo e purificador. Considerando-o como uma expiação temporária,do ponto de vista da justiça divinae segundo o Espiritismo, ele se nosmostra como um processo de evo-lução, pois que, desenvolvendo emnós a sensibilidade, nos aumenta avida, tornando-a mais intensa, aopasso que, com as penas eternas, osofrimento não é mais do que umabaixa vingança, uma crueldade inú-til. (P. 116)

29. Ora, Deus nada faz sem ob-jetivo, e o seu objetivo é sempregrandioso, generoso, benéfico parasuas criaturas. (P. 116)

30. Aliás, o padre Coubé nãodeve ignorar que a maioria dos te-ólogos hão renunciado à teoria daspenas eternas e que já está reconhe-cido e firmado que a palavra he-bréia que se traduziu por eternonão significa sem-fim, mas apenaslonga duração. (P. 116)

31. A Terra, eis o purgatórioverdadeiro, o inferno temporário.O sofrimento do Espírito na vidado espaço não pode ser senão mo-ral. Resulta da ação da consciên-cia que desperta imperiosa, mesmoque se trate das almas mais atrasa-das. (P. 117)

32. Em meio de tantas obscuri-dades acumuladas pela Igreja nodecurso dos séculos, não admiraque a pobre Humanidade se tenhaextraviado e erre, sem bússola, àmercê das tempestades da paixão,da dúvida, do desespero. (P. 117)

33. Com o Espiritismo, nada deafirmações sem provas, porque elerepousa sobre um conjunto de fa-tos e de testemunhos que, crescen-do continuamente, lhe assegura oseu lugar na Ciência e lhe preparaesplêndido porvir. Todas as desco-bertas recentes da Física e da Quí-mica vieram confirmar suas expe-riências. (PP. 117 e 118)

34. O Espiritismo é, pois, aomesmo tempo uma ciência e umafé. Como fé, pertencemos ao Cris-tianismo, não a esse cristianismodesfigurado, apoucado, rebaixadopelo fanatismo, mas à Religião queune o homem a Deus em espírito everdade. Não nos passa pela mentefundar um novo evangelho. O de

Do livro Diretrizes de Segurança, 3a edição, pergunta 13, obra publicada pela Editora Fráter, de Niterói-RJ.

Divaldo responde– É possível ao médium dis-

tinguir as alterações psíquicas eorgânicas que lhe são próprias dasque estão procedendo dos Espí-ritos desencarnados?

Divaldo P. Franco – Um doscomportamentos iniciais do mé-dium deve ser o de estudar-se.Daí ser necessário estudar a me-diunidade. Eu, por exemplo,quando comecei o exercício damediunidade ia a uma festa e as-similava de tal forma o psiquis-mo do ambiente, que me tornavaa pessoa mais contente dali. Seia a um casamento eu ficava maisfeliz que o noivo. Se ia a um en-terro ficava mais choroso que aviúva, porque me contaminavapsiquicamente, e ficava muitodifícil saber como era a minhapersonalidade. Pois que, de acor-do com o local, havia como queum mimetismo, em que assimi-lava o efeito do ambiente.

Lentamente, estudando aminha personalidade, as minhasdificuldades e comportamentos,

ao repouso físico, porque tinhadificuldades de dormir. A vida fí-sica era-me muito ativa e, mes-mo quando o corpo caía no co-lapso, a mente continuava exci-tada, e eu me levantava no diaseguinte pior do que havia deita-do. Então, às vezes, eu preferianão deitar.

Com o tempo fui formandomeu perfil de comportamento, depersonalidade, aprendendo a as-sumir a responsabilidade dos in-sucessos e a transferir para osMentores os resultados das açõespositivas, que são sempre deDeus, enquanto os erros são sem-pre nossos. Estaremos sempreem sintonia com Espíritos decomportamento idêntico ao nos-so. Daí, o médium vai medindoas suas reações, suas mágoas, ci-úmes, invejas; as reações positi-vas, a beleza, o desejo de servirse irá identificando. Por fim,aprende a selecionar quando é elee quando são os Espíritos por seuintermédio que estão agindo.

logrei traçar o meu perfil pessoale estabelecer uma conduta medialpara que aqueles que vivem co-migo saibam como eu sou, e daípossam avaliar os meus estadosmediúnicos.

De início, o médium terá algu-mas dificuldades, porque o fenô-meno produz uma interposição depersonalidades estranhas à sua pró-pria personalidade. Somando-sevelhas dificuldades à sensibilida-de mediúnica, o sensitivo passa ater muito aguçadas as reminiscên-cias das vidas pretéritas, não o ca-ráter da consciência, mas osomatório das experiências.

Recordo-me de que, em deter-minada época de minha vida, ter-minada uma palestra ou reuniãomediúnica, eu tinha uma necessi-dade imperiosa de caminhar. Ca-minhar até a exaustão física. Quan-do naquele período claro-escuro damediunidade, sem saber exatamen-te como encontrar a paz, os Espíri-tos me receitaram trabalho físico,para que, cansado, fosse obrigado

Jesus nos basta plenamente. (P. 118)35. Se um dia o grande ideal

desejado pelos sábios e entrevistopor todos os inovadores vier a rea-lizar-se pelo acordo entre a Ciên-cia e a Fé, a Humanidade deveráisso ao Espiritismo, às suas inves-tigações laboriosas, à sua filosofiaconsoladora e elevada. Graças a eleé que se cumprirá a bela profeciade Claude Bernard: “Virá o mo-mento em que o sábio, o pensador,o poeta e o sacerdote falarão a mes-ma linguagem”. (P. 119)

36. Lançando um olhar de con-junto sobre a obra da Igreja Cató-lica Romana, podemos dizer que,malgrado as suas manchas e som-bras, é bela e grande a sua histó-

ria. Nas épocas de barbaria, foiela o asilo do pensamento e dasartes e, por séculos, a educadorado mundo. Mas a obra da Igrejateria sido incomparavelmentemais bela, mais eficaz, se houves-se ensinado sempre a verdade emtoda a sua plenitude, se houvessefeito luz completa sobre o desti-no humano. (P. 119)

37. Se isso tivesse sido feito,não veríamos a indiferença, o ce-ticismo e o materialismo se espa-lharem, nem tantas revoltas, tan-tos desesperos e suicídios. E a Ter-ra não assistiria a tantas paixões,tantas cobiças e tantos furores sedesencadearem à volta dos queaqui residem. (P. 120)

O IMORTALPÁGINA 6 JANEIRO/2006

Imagine que você aportasse emum vilarejo, oriundo de uma cidadedistante, e ali resolvesse estudar, en-tender uma doutrina filosófico-reli-giosa quase desconhecida pelos ha-bitantes do lugar. Imagine que entretais pessoas, nascidas e educadas emuma religião tradicional, existissemapenas alguns conhecedores dessadoutrina que, diferentemente daque-las apoiadas em tradições milenares,contasse com menos de cinqüentaanos. Imagine que essas novas idéi-as houvessem nascido em um paíslongínquo, divulgadas numa línguadiferente da sua e sobre a qual a gran-de maioria dos moradores da vilaapenas ouvira dizer que existia. E,para coroar este cenário de dificul-dades, imagine que tudo isto estives-se se passando no Brasil, há cemanos atrás, na primeira infância doperíodo republicano. Num contextodesses, seria você capaz de demolirconceitos religiosos arraigados eempunhar a bandeira desta novadoutrina? Teria a coragem e a ousa-dia de, apoiado por poucos, enfren-tar as autoridades religiosas dovilarejo? Mesmo sem fortuna ouabastada fonte de renda, seria capazde empenhar quase todos os seusrecursos materiais para propalar es-sas idéias, a ponto de criar, estruturare manter um jornal para publicá-las?

Acredito que poucos são os ho-mens que, verdadeiramente, poderi-am arrostar uma realidade dessas e,com palavras e vida, responder afir-mativamente a todas essas pergun-tas. Pois esta foi, resumidamente, apostura de Cairbar Schutel ante oideal de divulgação da doutrina es-pírita, no início do século XX. Ca-tólico, vindo de um grande centrourbano (Rio de Janeiro, a capital doBrasil, na época), radicou-se emMatão, onde se aprofundou nos es-

tudos da nova doutrina, apóster o seu interesse desperta-do por sonhos com os faleci-dos pais (aos 10 anos já eraórfão). Tal foi a dimensão desua descoberta que, logo em15 de julho de 1905, fundouo grupo espírita “Amantes daPobreza”. Um mês depois,fundou o jornal “O Clarim”.

Mas não tenho a preten-são, neste pequeno artigo, derepetir os fatos que marca-ram a trajetória de Cairbarpela nossa cidade e região,o que lhe valeu o cognomede “Bandeirante do Espiritismo”.Por ocasião dos cem anos da fun-dação do jornal, gostaria de teceralgumas considerações acerca daCasa Editora O Clarim. Não restadúvidas de que é mesmo impossí-vel falar deste legado sem falar nopróprio Cairbar, cujo exemplo devida não se limitou a escritos ou pu-blicações. Mas não é menos certoque, a partir do retorno de Schutelà pátria espiritual (em 30/01/1938),o seu trabalho não feneceu graças avaliosos homens e mulheres que,sem medir esforços, sempre pauta-dos pela ética, pelo profissionalis-mo, pela força vibrante do ideal es-pírita, deram continuidade às publi-cações do fundador. A farta obra li-terária de Cairbar foi reeditada inú-meras vezes. Outras tantas dezenasde títulos, de renomados autores,avolumaram o caudal dos propósi-tos de difusão do Espiritismo. Aspublicações, acompanhando a evo-lução tecnológica, ganharam qua-lidade editorial, alcançaram umuniverso ainda maior de leitores, eo dínamo de idéias criado porSchutel tomou as dimensões de ver-dadeira turbina literária. Não voucitar nomes para não incorrer, peloesquecimento ou pela ignorância,no perigo de desprezar valiosas con-tribuições dos tantos Espíritos e es-píritas que, neste século, só fizeram

engrandecer a Casa Editora O Cla-rim. Posso afiançar que, nos várioscantos onde estive, Brasil afora,ouvi com orgulho as melhores re-ferências sobre o jornal O Clarim,a RIE (Revista Internacional deEspiritismo) e as obras publicadaspela editora. Os matonenses, aliás,talvez nem imaginem o quanto estetrabalho divulga, aqui e no exteri-or, a cidade onde vivem. Ouso di-zer que nenhum “produto” deMatão, nem mesmo os consagradositens de seu parque industrial sãotão conhecidos pela intelectualida-de brasileira e internacional comoas obras dessa Casa. Um exemplodesse prestígio pôde ser sentido noevento recentemente promovidopela editora em Matão, para ondeacorreram cerca de mil pessoas,provenientes de três paises,dezenove Estados da federação,quase duzentas cidades! E isto nãose deve apenas à transição de umséculo de publicações. Quantas ini-ciativas da primeira década do sé-culo XX continuam vivas e frutifi-cando? Se isto ocorre em Matão,não é por obra do acaso. É resulta-do de dedicação sem trégua, da féque remove montanhas, a que sereferia Jesus. É a síntese dos pro-pósitos, da crença, do denodo depessoas que fizeram e fazem destadoutrina e de sua divulgação o

Se eu pudesse dizer a gratidãoQue sinto por santo carinho protetor,

Precisaria conhecer na essênciaToda a glória do amor.

Tens o segredo da bondade eterna.Deus sorriu por tua face...

Não há sábio no mundo que definaO sol quando aparece,O lírio quando nasce...

Falar da senhora, dona Dulce,Isso seria como explicar, da Terra,

Olhando a altura,A doce maravilha de uma estrelaA guiar o viajor em noite escura.

Agradeço em prece o reconhecimentoQue em meu peito humilde se extravasa,

Rogando ao Céu te envolva em rosas de ventura,Anjo sustentador de nossa casa!...

Dulce Ângela Caleffi Gonçalves

primeiro pensamento decada manhã e o último decada uma de suas noites.Gente que trabalha incansa-velmente, que gera emprego,que dá de ombros aos rumo-res e às crises. Gente que va-rou, impassível, um séculode guerras mundiais, confli-tos étnicos, religiosos, con-turbações internas e externas,governos que se ergueram edesmoronaram, ditaduras,cerceamento de idéias, igno-rando os algozes e os críti-cos da doutrina na qual acre-

ditam. Eis os braços que merecemnossas homenagens e nosso reconhe-cimento. São felizes, extremamentefelizes. Prosseguem transformandoem letras, em páginas, em livros os

seus ideais, a fim de que outros pos-sam conhecê-los e vivenciá-los.

Cairbar escolheu para o seu jor-nal o sugestivo nome de “clarim”,instrumento de sopro, de som es-tridente, utilizado para a ordenan-ça de exércitos e cavalarias. A es-piritualidade maior encarregou-sede colocar em Matão, nos rastrosdo fundador, pessoas com a habi-lidade e a embocadura necessáriaspara continuar “tocando este ins-trumento” e engrossando as filei-ras do Espiritismo. E o som destanova era pode continuar a ser ou-vido aqui, ali, alhures...

Parabéns a toda esta equipemaravilhosa da Casa Editora OClarim, capitaneada pelo Sr. Car-los Vital Olson. E repetidos sécu-los de pleno sucesso!

“O Clarim”, um século de idealismoRAUL DE MELLOFRANCO JÚNIOR

De Matão

GERALDO PEIXOTO DE LUNADe Londrina

Flagrante da festa comemorativa do centenário do jornal O Clarim,vendo-se no primeiro plano as confreiras Elza Guapo (à esq.) eCélia Xavier Camargo, colaboradoras deste periódico

O IMORTALJANEIRO/2006 PÁGINA 7

O cérebro de Einstein

A revista “VEJA”, edição deno 1915, de 27 de julho de 2005,traz uma reportagem comemo-rativa dos cem anos do lança-mento da teoria do gênio AlbertEinstein que modificou a manei-ra de vermos o Universo. Foi oannus mirabilis desse grandehomem de ciência e que, nempor isso, desacreditava na exis-tência de um Ser Superior comoautor de tudo o que sabemos e,principalmente, daquilo que ain-da não temos a menor condiçãode entender.

Einstein manifestou em vidaa intenção de doar o seu corpopara experiências científicas,não deixando, contudo, nadapor escrito para que não ficas-se essa decisão como algo tea-tral, conforme nos informa areferida reportagem. Mesmoass im, Thomas Harvey, olegista que realizou a autópsiano hospital de Princeton, - con-t inua a informar a revis ta“VEJA” –, decidiu por contaprópria preservar o cérebro docientista para futuros estudos.

Em 1999, neurocientistas daUniversidade Mac-Master, noCanadá, constataram que tantoo hemisfério direito como o es-querdo do cérebro de Einsteinapresentavam diferenciações emrelação ao cérebro de um ho-mem normal.

Os cientistas costumam sedividir quanto ao conceito deque as diferenças encontradas nocérebro dos seres superdotadosrepresentem a explicação para aexistência da genialidade naque-les que assim se consagraramperante os homens. No início docorrente ano, foi levantada a tesede que o cérebro privilegiado emdeterminadas regiões do consa-grado cientista justificariam amarca da sua genialidade deixa-da na história da Humanidade.

Na questão de número 71 deO Livro dos Espíritos, é escla-recido a Allan Kardec que a in-teligência e a matéria são inde-pendentes, podendo um corposem inteligência continuar vi-

vendo. Necessita, porém, a inte-ligência, de órgãos materiaispara poder se manifestar. É pre-ciso a união com o espírito paraa inteligência intelectualizar amatéria.

Vale lembrar também acercadessa reportagem em discussãoque, na questão de número 218de O Livro dos Espíritos, recebe-mos o ensinamento de que os co-nhecimentos adquiridos em cadaexistência não se perdem. “Liber-tado da matéria, o Espírito osconserva”. Se assim não fosse,continua esclarecendo o mesmolivro, o Espírito deveria recome-çar sempre para adquirir os mes-mos conhecimentos, o que, feliz-mente, não ocorre, iniciando cadaser uma nova existência exata-mente do ponto em que chegouna existência anterior.

Assim se faz necessária alembrança da questão de núme-ro 219 de O Livro dos Espíritos,onde é ensinado que as faculda-des extraordinárias de determi-nados indivíduos são lembrançasdo passado, do progresso anteri-or da alma.

Isso posto, entendemos que,sob a ótica da Doutrina Espírita,o cérebro privilegiado, anatomi-camente falando, de AlbertEinstein não era a causa da suagenialidade, mas, sim, o instru-mento adequado para que a suainteligência desenvolvida se ma-nifestasse. Tivesse ele um cére-bro sem nenhuma diferenciaçãoe cairíamos no problema de for-necer um mau instrumento mu-sical a um músico virtuoso, li-mitando a beleza de suas com-posições; ou fornecêssemos tin-ta de má qualidade e pincéis damesma natureza a um gênio dapintura e prejudicaríamos osseus quadros. A existência de al-terações em determinadas regi-ões cerebrais do consagrado ci-

entista, encontradas em sua au-tópsia, não invalida as explica-ções espíritas sobre ser a inteli-gência um atributo extramateri-al e fruto de aprendizado conse-guido em vidas anteriores.

Muitos argumentarão, em ré-plica à questão de número 219,que Einstein estudou e por issoconcebeu a sua teoria baseadanos conhecimentos adquiridosatravés dos estudos da sua atualexistência. Contra essa explica-ção, citamos um fato da vida docientista relatado na reportagemem questão: “Seus biógrafos di-zem que sua genialidade residiana capacidade única de visuali-

RICARDO ORESTES FORNIDe Tupã-SP

Lembro-me muito bem da-quela tarde de novembro de 1999.Ao perceber no metrô que me tra-zia de um bazar espírita de anti-guidades vendidas para a comprade comida e roupa para os pobresdo Rio de Janeiro, a presença deum cego que iria saltar comigona Estação da Central do Brasil,dele me aproximo e murmuro:

“- Maninho, em que possoser-lhe útil?”

Espantado, o rapaz de seus 45anos de idade me informa que iriatomar um ônibus para Duque deCaxias na rodoviária perto da fer-rovia onde eu embarcaria em umtrem para Cascadura. Assim, comcuidado subimos dois lances deescadas de um mármore encardi-do de tanto serem os degraus pi-sados pelos operários que por alipassavam todos os dias, choves-se ou fizesse sol.

No trajeto de uns 5 a 8 minu-tos, indaguei:

“- Paulo (era o seu nome),

Recordando Luiz Antonio Millecco Filhovocê conhece o Millecco?”

“- Claro que conheço e muito!Foi meu colega no curso de conta-bilidade no Instituto BenjaminConstant. Quem no Brasil não co-nhece o Millecco?”

A mesma coisa ocorreu anosantes quando, ao dar aulas de Físi-ca em uma escola do Estado doRio, ao perguntar: “- Renato, vocêconhece o Millecco?” E o cego ex-clamou: “- Claro, professor, claro!Quem não conhece, no Brasil, oMillecco?”

Pois é, no sábado de carnavalde 2005, voltou ao Grande Alémaquele deficiente visual que, como auxílio do Marcus Vinícius (tam-bém privado da visão) e do Mal,Mário Travassos, criou a SPLEB,ou seja, a Sociedade Pró-LivroEspírita em Braille, creio que em1953... Ele era musicoterapeuta ecombatia com amor intenso o abor-to. Conheci Millecco quando tinhaos cabelos negros. E pela RádioRio de Janeiro sempre o ouvia porvolta das 11 da manhã de todo do-mingo.

Com vasto conhecer da Doutri-

na Espírita e sobre os mais varia-dos assuntos, este cego de nascen-ça casou-se com sua professora deBraille, dona Iza, dando-lhe umfilho, que é ligado a uma bandamusical. Com seu violão, oMillecco era a alegria em pessoa.Musicoterapeuta, conhecia o In-glês e o Esperanto. Viúvo, casou-se com a querida Maria de FátimaRossi, do Grupo Espírita Reden-ção, do Bairro de Andaraí, zonanorte da cidade do Rio de Janeiro.

Flamenguista, suas palestraseram voz vibrante e clara em di-versos ambientes onde se fizessecampanha pela Paz Mundial oucontra o aborto provocado, tendoo cuidado de não atirar o comple-xo de culpa na mulher que o pra-ticara, ou seja, sempre andou a au-mentar a auto-estima do seme-lhante, tanto que criou e manteveao fone um centro de atendimen-to para consolar os que pensam darcabo da vida. E brejeiro dizia queconhecia uma espírita tão fiel aoCodificador, mas tão fiel que fa-zia tricô usando sempre a lã Kar-dec. Millecco, até à vista!

CELSO MARTINSDo Rio de Janeiro

zar mentalmente imagens tridi-mensionais. Por exemplo, eleimaginou-se cavalgando um raiode luz e soube tirar dali conclu-sões que iam além da física co-nhecida”.

Aí está! Alguém conhece al-guma Universidade em qualquerponto do planeta que ensine al-guém a se imaginar cavalgandoum raio de luz?

Que Universidade teria ensi-nado a Isaac Newton a racioci-nar como só ele o fez? Que fa-culdade teria ensinado a PabloPicasso o cubismo que o imor-talizou?

E assim poderíamos levantar

uma série de indagações sobre avida de cada gênio que marcoua história do progresso da Hu-manidade.

Os minerais existem, masnão possuem vida orgânica. Asplantas vivem, mas não pensam.O Espírito vive, pensa, racioci-na e desenvolve a sua inteligên-cia numa série interminável deaquisições que são demonstra-das através dos recursos materi-ais dos corpos físicos que ve-nham a revestir-se em sua jor-nada na face da Terra, constitu-indo-se na causa da genialidadeque, de tempos em tempos, re-gistra-se na nossa história.

PÁGINA 8 PÁGINA 9O IMORTAL JANEIRO/2006JANEIRO/2006

Era uma vez um moço ingênuoe feliz, vivendo numa cidadezinhaingênua e feliz, perto de Belo Ho-rizonte. O moço se chamava Fran-cisco Cândido Xavier (foto) e nãodesmentia o nome. A cidadezinha,Pedro Leopoldo, arrastava suashoras de doce paz, entre as missasde domingo e a chegada do tremda capital. Não se sabe como,numa noite ou num dia, Chico semostrou inquieto e desandou a es-crever. Terminando, disse, apenas,à família assustada: “Não fui eu.Alguém me empurrava a mão”.Desce esse dia ou essa noite, ChicoXavier perdeu o sossego e tambémo de sua cidade. Turistas chega-vam, atraídos pela fama do moço-profeta. Pedro Leopoldo ia cres-cendo e Chico Xavier ia ficandoimportante. Nunca mais teve paz.Nunca mais pôde sair pela rua, semouvir um pedido de saúde ou umaprece de gratidão. Se ao menosfosse só isto. Era mais, muito mais.Eram os curiosos do Rio, de SãoPaulo e de Belo Horizonte, pedin-do consultas ou detalhes pelo tele-fone interurbano. Era a legião derepórteres em busca de novas men-sagens. O representante da editorainsistindo por outros livros. Oscentros espíritas de todo o país so-licitando pormenores. Uma vidainfernal, agitada, barulhenta sacu-dia o pobre rapaz.

As luzes dos lampiões da cida-dezinha nunca mais dormiram sema presença de um estrangeiro, ron-dando pelas ruas dantes tão sosse-gadas.

Fixaremos, precisamente, a vi-olenta mudança de vida de ChicoXavier e da cidade de Pedro Leo-poldo. Não nos interessa, emborapareça estranho, o médium Chico

Xavier, mas a sua vida. Os seus tra-balhos psicografados – ou nãopsicografados – já foram assunto demilhares de histórias, divulgadasdesde 1935. Se são reais ou forja-das, decidam os cientistas. Se ele éinocente ou culpado dirão os juízes.Se ele é casto, instruído, bondoso,calmo, diremos nós. Porque nãosomos detetives do além.

Se os espíritos nos ouvem, elessabem que não acreditamos em suasmensagens, nem desacreditamos desuas virtudes literárias. A verdade éque não temos a bravura indispen-sável para avançar sobre o terrenopantanoso do outro mundo e anali-sar suas reais ou irreais comunica-ções utilizando aparelhos de escutacom este pálido e sensitivo ChicoCândido Xavier. Desde que saímosdaqui, levávamos a inabalável de-terminação de fazer uma reporta-gem sem complicações, apesar doassunto em sua natureza extra-terrena mostrar-se absolutamentecomplicado. Assim é que o senhor,amigo, chegará ao fim destas linhassem obter a certeza que há tantotempo procura: “É Chico Xavier umimpostor ou não é?” E dirá: – “Nãoconseguiram desvendar o mistério!”Sim, o mistério continuará por mui-to tempo. Eternamente. E ChicoXavier morrerá, sem revelar o se-gredo de sua extraordinária habili-dade ao escrever de olhos fechados,se é mágico, ou de seu fantásticovirtuosismo, ao chamar, além dasfronteiras da vida, as almas dosimortais, fazendo-os recordar osvelhos tempos da Academia. Nossaintenção é mostrar o homem. Semo espírito dentro de si, nos momen-tos vulgares, Chico Xavier é adorá-vel, cândido, maneiroso, humilde,um anjo de criatura. A frase de umavizinha define melhor: – “Sabe,moço? O Chico é um amor”. Justa-mente desse tipo desconhecido, da

parte anônima de sua devassadavida, é que tratamos, na hora e meiaque permanecemos em Pedro Leo-poldo. Para começar, diremos queChico nunca teve uma namorada.

O tempo de viagem de Belo Ho-rizonte a Pedro Leopoldo não vaialém de hora e meia. A meio cami-nho, encontramos a fazenda federalonde Chico Xavier é datilógrafo. Omotorista não quer entrar. – “Aí,não. Até os zebus são atuados”. Odiretor, Rômulo, está na horta, so-zinho. Ele nos dará, talvez, esclare-cimentos sobre a vida de Chico e,quem sabe, facilitará o encontrocom o sensitivo. Ouve o pedido. De-pois, lentamente, abana a cabeça eo seu “não” é inflexível, desde oprimeiro minuto. Alega um milhãode coisas. Que Chico anda cansadoe precisa repousar. Um de nós lem-bra a possibilidade dele, diretor, darumas férias a Chico. – “O Chicofuncionário nada tem a ver com ooutro Chico”. Apresentadas as des-pedidas, ele adverte: – “Não creioque será possível aos senhores umencontro com ele. Creio que vãoesperar até sexta-feira”.

Voltamos a deslizar pela estra-da, neste sábado negro. A cidadeaparece depois de uma curva. –“Onde fica a casa do Chico Xavi-er?” O menino aponta a igreja. –“Ali, na rua da matriz. Ele mora coma família”. Encontraríamos, em vá-rias oportunidades, a mesma desig-nação do pessoal do município: ele.Todos apontavam Chico, sem recor-rer ao nome. Ele só podia ser ele. –“Minha irmã foi curada por ele”.

Ei-lo aqui, diante de nós. Veio apé da fazenda e em sua companhiaum senhor do Rio, que algumas ve-zes vem passar semanas com o mé-dium. – “Gosto de falar com ele. Éum rapaz de cultura. Discute váriosassuntos, lê um pouco de inglês ede francês. Devora os livros com

fúria. Trouxe-lhe, há dias, “O ho-mem, esse desconhecido” e ele nãogastou mais de quatro horas e meiapara ler o volume gordo. É um pra-zer para ele. Seu único amor é o es-piritismo”.

Chico, perto de nós, não estáouvindo a palestra. Conversa comJean Manzon. Devemos esclarecerque não dissemos qual a organiza-ção jornalística em que trabalháva-mos. Queríamos ver se o espíritoadivinhava. Não houve oportunida-de.

Chico parece ser um bom sujei-to. Suas ações, mesmo fora do ter-reno religioso propriamente dito,são ações que o recomendam comoalma pura e de nobres sentimentos.Vão dizer, os espíritas, que é natu-ral: todo o espírita dever ser assim.Sei de um que não teve dúvida emabandonar a esposa, o lar, sete fi-lhos, um dos quais doente do pul-mão.

– “Na rua, entre seus irmãos deseita, – disse-me um dos filhos – elese mostrava esplêndido, generoso,cordial. Em casa, por pouco nãobotava fogo nas camas, à noite. Pa-recia um verdadeiro demônio. Guar-dava até alface no cofre-forte”.

Já o Chico não é assim. Sua no-breza de caráter principia em casa.Todos os seus irmãos e irmãs lou-vam a sua generosa e invariável li-nha de conduta, protegendo-os, horaa hora, dia a dia, através dos anos,trabalhando como um mouro. Umde seus sobrinhos sofre de paralisiainfantil. Atirado a um berço, choraeternamente. Somente o Chico vailá, fazer companhia ao garoto, àsvezes uma noite inteira.

– Chico!– Que é, meu senhor?– Você lê muito?– Não. Só revistas e jornais.– O outro disse...– Disse o quê?

– Nada.Ele nos olha,

surpreso, quando apergunta, como umbusca-pé, sai cor-rendo pela sala:

– Você, nãopensa em se casar,Chico?

– Eu, casar?(Dá uma gargalha-da) – Claro quenão.

– Não namora?– Nunca.– Por quê?– Não há ra-

zões. Não gosto.Tenho outras preo-cupações. Ora, eunamorando... Tinhagraça...

– Chico...– Que é?– É verdade que

o padre desafiouvocê para um duelo verbal?

– Ele disse pra eu ir à igreja dis-cutir. Não é lugar próprio.

– Você gosta do padre, Chico?E ele, o ingênuo e feliz Chico, res-pondeu:

– Ué, eu gosto do padre, mas elenão gosta de mim.

– Chico...– Que é?– Onde estão suas mensagens?– Um irmão levou tudo, em vis-

ta de tantas complicações.– Você vai ao Rio?– Até agora, nada resolvemos.

Possivelmente, mandarei uma pro-curação.

Numa estante, os livros deChico. Versos de Guerra Junqueiro,Tolstoi e uma porção de autoresmortos. Na sala do lado está a mesaonde ele recebe as mensagens. Umapapelada branca, pronta para sercoberta pelas mensagens do outro

mundo. Sexta-feira houve mais umasessão, desta vez presidida pelo che-fe do executivo municipal. Humber-to de Campos não compareceu maso Emmanuel, guia de Chico, lá es-tava. Quem é Emmanuel? Um ro-mano que existiu na mesma épocade Jesus e conta um mundo de coi-sas interessantes sobre a Terra, na-queles tempos de há dois mil anos.

– Ele dita?– Vou psicografando as mensa-

gens. Há outros médiuns, como umnorte-americano, que ouve as vozesdos espíritos tão alto que os presen-tes também escutam. Eu ouço. Osoutros, que estão perto, não.

– Chico...– Que é?– Já teve oportunidade de falar

com espírito de homens célebres?– Homens célebres?– Napoleão, para um exemplo,

já falou consigo?

– Que eu saiba, não. Os assun-tos bélicos não são freqüentes, nasmensagens que recebo do além. Háseis anos, entretanto, meu guia Em-manuel previu os principais acon-tecimentos que hoje revolucionama Terra. Ele disse: – “A vitória daforça é fictícia”.

O cavalheiro do Rio acode:– E o próprio Chico, meses an-

tes, previu a queda da Itália. Ele dis-se, categoricamente, que a Itália se-ria a primeira a cair. E a Itália foi aprimeira a cair.

Pedro Leopoldo é a cidadezinhade uma rua grande e uma porção deruas pequenas, convergindo para elacomo servos humildes do rio prin-cipal. A casa de Chico é uma dasmelhores do lugar. Três quartos, salae cozinha. O banheiro é lá fora, nofundo do quintal, ao lado do gali-nheiro. Chico se levanta de madru-gada e vai dar milho às galinhas.Depois, sua irmã solteira faz o café,que ele toma com pão dormido, por-que o padeiro ainda não chegou.Apanha a pasta de documentos dafazenda federal, e vai andando pelaestrada, ainda coberta pela neblina.Volta para almoçar às onze horas.O expediente se encerra às dezoitohoras, mas Chico, nestes dias demaior trabalho, faz serão. Sua vidaé frugal. – “Quero que compreen-dam o seguinte: não vivo das men-sagens de além-túmulo. Tenho ne-cessidade de trabalhar para susten-tar minha família. Se quase me de-dico inteiramente a receber as co-municações, ainda se entende. Opior, entretanto, é a onda de genteque vem do Rio, de São Paulo e detodos os Estados”.

– Peregrinos?– Mais ou menos. Não posso

deixar de recebê-los, pois fico pen-sando que vieram de longe e neces-sitam de consolo. Isto leva tempo,toma tempo. Como se não bastas-

sem essas preocupações, o telefoneinterurbano não pára dia e noite. –“Chico, Rio está chamando... Chico,Belo Horizonte está chamando...Chico, São Paulo está chamando...Chico, Cachoeira está chamando...”Evito atender, mesmo constrangido.Meu Deus! Eu não quero nada, se-não a paz dos tempos antigos, o si-lêncio de outrora. Quero ser de novoaquele Chico sossegado e tranqüiloque apenas se preocupava com ascoisas simples...

– Impossível a viagem de volta...– Impossível? Não, não é impos-

sível. Eu voltarei a ser aquele sos-segado Chico. Não tenha dúvida.O repórter imagina, a essa altura,que ele acredita na possibilidade desuas comunicações com o além se-rem repentinamente suspensas. Vaiperguntar ao Chico, mas uma senho-ra de cor negra entra na sala, carre-gando um benjamim de olhos assus-tados.

– “Trago para o senhor, SeuChico...”

Ele segura com trinta mãos,cheio de cuidados, o bebê e o bebêfaz um berreiro dos diabos, agita aspernas, sacode as pernas dentro daprisão dos braços de Chico. Ele sorrie devolve o menino à mãe.

– Meu sobrinho – explica o pro-feta Chico – é nervoso e fica destejeito. Sabe por quê? ele sofre deparalisia infantil.

– Não tratam dele?– Não temos recursos. Já deixei

claro que não recebo um centavo pe-las edições dos livros que me che-gam do além. Assino um documen-to autorizando a livraria da Federa-ção Espírita Brasileira a editá-los e,somente após ficarem impressos,recebo uns cinco ou dez exempla-res, para dar aos amigos.

Vamos atravessando a sala e en-tramos num dos quartos. Na pare-de, prateleiras repletas de livros. Re-

médios à base de homeopatia, queChico recomenda. Não sei por queos espíritos manifestam estranhaaversão pela alopatia e suas drogas,receitando sempre combinaçõeshomeopáticas. Perto dos vidros, umarmário cheio de livros. As obras deguerra contra a Santa Sé, assinadaspor Guerra Junqueiro, ainda emvida. Os livros de Flammarion e deAllan Kardec, mas não os psicogra-fados, misturados com volumes depropaganda anticlerical. Na parede,dependurado, um velho pandeiro.

– Quem toca pandeiro nestacasa?

Chico sorri o sorriso beatífico ediz que não é ele.

– Alguns espíritos?O sorriso beatífico desaparece.– Os espíritos não tocam pan-

deiro.Saímos para a rua, hoje, sábado

movimentado. O povo de PedroLeopoldo passeia diante da Igrejaque domina de forma esquisita acasa do humilde psicógrafo queClementino de Alencar, certo dia,foi roubar de sua vida serena há dezanos. Hoje, Pedro Leopoldo é a Je-rusalém do credo de Kardec. Já temhotel e telefone. O povo de lá, porestranho que possa parecer a quemnão conhece pessoalmente o nossoamigo Chico, revela invariável ami-zade. Será orgulho pela celebrida-de que ele deu ao município? Sim,porque antes de Chico, Pedro Leo-poldo nem existia nos mapas deMinas Gerais. Gostam dele, de seusmodos, de sua cara asiática, ondeum dos olhos empalideceu subita-mente, como um farol apagado empleno caminho da luz. A cidade temuns treze mil habitantes, contadasas aldeias próximas, mas, espíritas,uns quatro ou cinco. Todos apreci-am Chico, gregos e troianos. Gos-tam, mas preferem não rezar o seucatecismo. Ele não se importa. Não

Texto de David Nassere foto de Jean Manzon

procura convencer ninguém à for-ça de seu estranho e discutido po-der. Quando a carta precatória, in-timando-o a depor, chegou a PedroLeopoldo, Chico leu devagarinhoe abanou a cabeça. – “Eu não pos-so mandar uma intimação judicialàs almas!” E não deu mais impor-tância ao caso.

Até à volta, sereno Chico. Detodas as pavorosas complicações,você é o menos culpado. Pareceuma caixa de fósforo num mar bra-vio. Uma velha beata de PedroLeopoldo me disse que isto é cas-tigo: – “Castigo, sim, nhô moço...Antão, ele telefona pro inferno emanda chamar os espíritos e de-pois num quer se aborrecer?”

Já o trombonista de Pedro Le-opoldo deve pensar diferente: –“Por que será que o Chico só sabereceber mensagens escritas? Porque não recebe músicas deBeethoven, de Chopin, de CarlosGomes?”

Ele, o moço amável de PedroLeopoldo, não dá maior atençãoaos comentários e vai levandocomo pode a sua vida. É pena, en-tretanto, que ele não tenha as qua-lidades artísticas que vão além doterreno literário. Se fosse assim,Pedro Leopoldo teria, senhores,não apenas o psicógrafo Chico,mas também o músico Chico, opintor Chico, o profeta Chico. Istomesmo: o profeta Chico.

(Reportagem publicada ori-ginalmente em “O Cruzeiro” de12 de agosto de 1944, recupera-da via internet por meio do site<www.memoriaviva.digi.com.br/ocruzeiro>. Chico Xavier conta-va na ocasião 34 anos de idade.Sua desencarnação se deu em2002, no dia em que o Brasil sesagrou pentacampeão de futebolao vencer a seleção da Alemanhapor 2 a 0.)

Chico Xavier, detetive do Além

O IMORTALPÁGINA 10 JANEIRO/2006

Sobre as pesquisas psíquicas na ex-União Soviética(Parte 12 e final)

AIGLON FASOLODe Londrina

Imagem, energia, potenci-al... - O que se encontra toman-do forma é, no fundo, a tangívelmanifestação de um impulso e deum anseio universais.

Estamos na era espacial, querisso nos agrade, quer não. As nos-sas energias estão voltadas para oespaço exterior e também, obvia-mente, para o interior. Seminári-os de percepção, meditação, ex-pansão da consciência, a idade doAquário — o impulso introversoé o propulsor da época.

“A sociedade humana enfren-ta hoje o dilema de um colapsoou de um avanço no campo daconsciência humana para man-ter-se a par do avanço da ciênciae da tecnologia”, afirma o Dr.Shafica Karagulla em Bre-akthrough to Creativity. Diretorda Fundação para a Pesquisa daPercepção Sensorial Superior, naCalifórnia, o Dr. Karagulla,neuropsiquiatra conceituado,está estudando a capacidade dosmédiuns de “ler” a aura e o cor-

po energético. Ela não é típica.Ao passo que o anseio introspec-tivo domina as disciplinas aca-dêmico-científicas na Tchecoslo-váquia, na Bulgária e na Rússia,no Ocidente ele é geralmente“extrovertido”.

Talvez devêssemos estar“acumulando reservas” de mé-diuns. Os descobrimentos no ter-reno do psi, como os países doLeste os entenderam, como amaioria dos outros avanços, po-dem ser empregados em ativida-des anti-humanas. O jogo daguerra, no entanto, não é a men-sagem mais estrondosa que rece-bemos da parapsicologia orien-tal. O que veio de lá é tríplice epró-humano, pró-gente.

O descobrimento da energiainerente ao psi “será comparávelao descobrimento da energia atô-mica”, disse o Dr. LeonidVasiliev. Igor Shishkin, brilhan-te e jovem matemático russo,comparou recentemente a desco-berta das teorias do psi à desco-berta das teorias da relatividade.

Vasiliev viu algo ainda maisrevolucionário do que a nova

energia que acompanha o psi —“a experiência direta de outrapessoa”. Nunca sabemos se ou-tra pessoa está representando, as-sinala Vasiliev, ou se é capaz detransmitir o que está sentindo,mesmo que o queira. O psi pare-ce ser um elo mental, um elocorpóreo. A plena e direta expe-riência de outra pessoa é um po-tencial assustador.

A oposição à pesquisa psí-quica é ainda poderosa - Elesestão estudando as maneiras deutilizá-lo: aprimorar as capacida-des intelectuais, artísticas, inven-tivas; comunicar-se no espaço eno fundo do mar; ajudar a loca-lizarem minerais e água; predi-zer pedaços do futuro; comandaro comportamento de outra pes-soa à distância; ver à distância;lidar com os campos de forçaviva que cercam o corpo. Isso éapenas o começo.

Enquanto os cientistas mer-gulham na pesquisa do psi ori-entada para a prática, um senti-do de unidade viva, de movimen-to e variedade infinitos, está co-meçando a emergir do casulo dodesconhecido e do não visto. Istoé o homem, um ser de energianuma galáxia de energias, dina-micamente ligado a toda a vidae às forças do universo.

De um modo global, a parap-sicologia pode sintetizar-se emtrês palavras: Imagem, Energia,Potencial. O mundo da pesquisapsíquica na Tchecoslováquia, naBulgária e na Rússia foi feito deesforços para penetrar a dimen-são da energia universal, esfor-ços para soltar o potencial ilimi-tado e não usado do ser humano.Como subproduto desses esfor-ços, os parapsicologistas estão

começando a mostrar o que tal-vez seja o aspecto mais impor-tante de todos: uma imagem maisprofunda do ser humano.

Apesar de tudo a que ele pro-mete, a oposição que se faz à pes-quisa do psi ainda é poderosa,tanto no Oriente, quanto no Oci-dente.

“Entretanto, temos um bomclima para as atividades psíqui-cas na Bulgária.”

“Falava-se muito na UniãoSoviética em estudar os podereslatentes da psique do homem, osquais, como a própria ciência odemonstrou, são inusitadamentegrandes.”

“Existe uma tradição espiri-tual na Tchecoslováquia que con-duz à investigação científica nodomínio do psíquico.”

O interesse pelo estudo da di-mensão do psi também começoua manifestar-se na Polônia, naRomênia, na Alemanha.

Os orientais levaram a sé-rio a pesquisa do psi - Será re-almente a herança do Ocidentetão infecunda que tenhamos sidoprivados de visionários e sonha-dores, do interesse “pelo mundonão visto”? Ter-nos-emos torna-do, com efeito, mais ingenua-mente materialistas do que ospróprios “materialistas de cartei-rinha”?

Encarando a oposição no Oci-dente, o psiquiatra Jule Eisenbud,no livro que escreveu sobre a fo-tografia do pensamento e queintitulou The Word of Ted Séri-os, observa:

“Desconfio de que, se a re-sistência ao psi for algum dia su-perada, isso não virá do trabalhosério e paciente que se faz nos

Pedimos ao leitor deste jornal que anote e divulgue juntoaos seus amigos, radicados no Brasil ou no exterior, as infor-mações abaixo:

1a. No site www.editoraleopoldomachado.com.br você podeler, na íntegra, as últimas 20 edições do jornal “O Imortal”.

2a. No site www.neudelondrina.org.br você pode assistirao programa “Reflexão Espírita”, que é também apresentadoaos sábados, às 17h30, pela TV Tropical de Londrina (CNT).

Para enviar sugestões ou fazer perguntas sobre Espiritismo,a serem respondidas no programa “Reflexão Espírita” e na se-ção “O Espiritismo responde” do jornal “O Imortal”, utilize oe-mail [email protected].

Ligue-se e acompanhe pela internetos programas espíritas

laboratórios ou de qualquer nú-mero de palestras dirigidas a ci-entistas ou ao público culto, masda sublevação geral das classesde uma população que está ex-plodindo de muitas maneiras.”

Os cientistas orientais leva-ram a sério a pesquisa do psi.Não se tratou de uma brincadei-ra. Não se tratou da provínciados poucos entusiastas. Já nãoterá chegado o momento deolharmos também para esse ladodesconhecido do ser? Agora,hoje e amanhã, é ocasião de pes-quisas arrojadas, firmes. E já étempo de todos nós, em todos osníveis, deixarmos a covardia delado e obedecermos, corajosos,ao preceito vital. “Conhece-te aTi Mesmo”. Não é uma questãode curiosidade intelectual. Nãoé uma questão de provarmos anossa falta de preconceitos. Éuma questão de sobrevivência.A humanidade está empenhadanuma luta de vida ou morte —Eros contra Tânato, chamou-lheFreud. A dimensão psíquica temforça de vida, é o foco da criati-vidade e da inspiração. Tem li-berdade e vida para dar aos queas tomarem. Foi por isso que al-guns dos espíritos mais esplên-didos deste século — MadameCurie, Carl Gustav Jung,Franklin D. Roosevelt, WilliamButier Yeats, Thomas Edison,Winston Churchill, AlbertEinstein — se interessaram ati-vamente pelo espectro psíquico.Com o estudo ordenado dessadimensão, a parapsicologia seencontra numa junção, como aúltima pedra da pirâmide, ondepodem encontrar-se as humani-dades, a religião, a ciência e asartes.

O IMORTALJANEIRO/2006 PÁGINA 11

Perseverança

Temos lido e ouvido há tem-pos que o Brasil é o coração domundo e a pátria do Evangelho,mas o coração, como órgão docorpo físico, pode sofrer infartose não devidamente cuidado.

Sentimos, portanto, que o co-ração brasileiro está em sofri-mento. É difícil ligar um telejor-nal ou ler notícias sem que nosdeparemos com algo que fere amoral, a honestidade, os bonscostumes.

“É um momento de mudan-ças”, dizemos para manter aesperança acesa nas almas. “Éum momento de transição para

que tudo melhore”, pensamos.É verdade. É fato. No entanto,necessária e imperiosa a ma-nutenção da vigilância, dabrandura, da misericórdia, dospensamentos nobilitantes, daperseverança.

É preciso colocar na retina afigura luminosa do Cristo, e nocoração a lembrança de seus fei-tos e de suas palavras, para se-guir à frente.

Necessário o trabalho nobem, a oração, a fé viva e arden-te e, para o espírita, sobretudoracional, embasada em fatos, ina-balável, a casa sobre a rocha.

O homem está constantemen-te buscando satisfazer suas ne-cessidades, que se tornam cres-centes na medida em que o de-sejo se volta para a busca do su-pérfluo e não a do necessário.

Estamos vendo a toda hora asdificuldades do ser humano noplaneta Terra, com a violência ex-plodindo em toda parte expres-sando a ignorância do amor, a fra-queza do ser que não conseguevencer sua animosidade, sendo,ao contrário, dominado por ela.

Pedimos ao leitor deste jornal que anote e divulgue paraos seus amigos, radicados aqui ou no exterior, as informa-ções abaixo:

1a. No site www.editoraleopoldomachado.com.br vocêpode ler, na íntegra, as últimas 20 edições do jornal “OImortal”.

2a. No site www.neudelondrina.org.br você pode assistirao programa “Reflexão Espírita”, que é também apresentadoaos sábados, às 17h30, pela TV Tropical de Londrina (CNT).

Para enviar sugestões ou fazer perguntas sobre Espiritismo,a serem respondidas no programa “Reflexão Espírita” e na se-ção “O Espiritismo responde” do jornal “O Imortal”, utilize oe-mail [email protected].

LIGUE-SE E ACOMPANHE PELA INTER-NET OS PROGRAMAS ESPÍRITAS

“A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, é uma provade fraqueza e de dúvida de si mesmo.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 3.)

Uma vez tive a Síndrome doSenna, com inflamação do ner-vo trigêmeo e suas conseqüên-cias no olho, respiração pelo na-riz e lábio caído.

Assustado, procurei meupersonal médico, e ele, quandome viu, disse-me: “Dê-me a mão”e, ao apertá-la, sorriu e afirmou:“Você não teve derrame”.

Recebi o texto abaixo de umaamiga de Brasília, daí achar me-lhor dividi-lo com você, leitor.

*“Prevenir nunca é demais...Durante um churrasco uma

amiga tropeçou e caiu. Ela as-segurou a todos que estava mui-to bem (ofereceram-lhe chamarum médico) e que havia apenastropeçado sobre um tijolo porcausa de seus sapatos novos.Eles a limparam e lhe deram umnovo prato de comida; enquanto

No trabalho anônimo do bem,perseverança.

No cotidiano, correção.Nas atitudes, amor.Não se deixar avassalar pela

torrente das informações nega-tivas.

Exemplificar o bem.Um homem que se levanta e

permanece no trabalho edifican-te, enaltecendo as virtudes comsua atitude, é alguém que junto asi congrega outros que se levan-tam com ele.

Amigos, companheiros espí-ritas, levantemo-nos, pois, na féque abraçamos, todos os dias,

servindo anonimamente, masservindo sempre, amando e sen-do humildes, exemplificando apaz que desejaríamos ver, man-tendo a calma nas horas amar-gas e a dignidade no sofrimento,sabendo ser artífices humílimosdo Cristo na preparação para ahora da renovação que sabemoshá de chegar. Até lá, esforços nossão pedidos.

Colaboremos, pois, exempli-ficando sempre, mantendo aunião fraterna e a paz onde esti-vermos.

Paz para todos! Fraternidadeentre todos! Perseverança!

JANE MARTINS VILELADe Cambé

Como reconhecer um derrameparecia um pouco agitada, Ingridaproveitou o resto da noite. Omarido de Ingrid ligou mais tar-de dizendo a todos que sua es-posa tinha sido levada ao hospi-tal. No dia seguinte, às 18h,Ingrid faleceu; ela sofrera umderrame no churrasco; se eles ti-vessem sabido identificar os si-nais do derrame talvez Ingrid es-tivesse conosco hoje.

Leva somente um minutopara ler isto:

Como reconhecerum derrame

Um neurologista diz que, sepuder chegar a uma vítima dederrame dentro de 3 horas, podereverter totalmente os efeitosdesse derrame ... totalmente! Dis-se que o truque era ter um derra-me reconhecido e diagnosticado,e chegar ao paciente dentro de 3horas, o que é difícil.

Agradeça a Deus se puder lem-brar as 3 etapas: leia e aprenda!

Às vezes os sintomas de um

derrame são difíceis de identi-ficar. Infelizmente, a falta daconsciência leva ao desastre.A vítima do derrame pode so-frer danos no cérebro quandoas pessoas próximas falhamem reconhecer os sintomas doderrame.

Os médicos dizem que umobservador pode reconhecer umderrame fazendo três simplesações:

1o. Peça ao indivíduo paraSORRIR.

2o. Peça que LEVANTE AM-BOS OS BRAÇOS.

3o. Peça que a pessoa FALEuma SENTENÇA SIMPLES(coerentemente); por exemplo:“O dia está ensolarado”.

Se a pessoa tiver problemacom as qualquer dessas tarefas,chame um médico imediatamen-te e descreva os sintomas queconstatou.

Após ter descoberto que umgrupo de voluntários não médi-

cos poderia identificar a fraque-za facial, a fraqueza do braço eos problemas do discurso, inves-tigadores incitaram o público emgeral a aprender as três ações. Eapresentaram suas conclusões nareunião anual da associação ame-ricana de derrame, em fevereiropassado.

Difundido o uso deste teste,você poderá ajudar no diagnós-tico e no tratamento do derrame,e impedir os danos cerebrais. Umcardiologista diz que se todosque receberem este e-mail o en-viarem a 10 pessoas, pode apos-tar que ao menos uma vida seráconservada.”

GILBERTO SIMIONIDe Londrina

O IMORTALPÁGINA 12 JANEIRO/2006

O dia da caridadeLUIZ AUGUSTO BREINACK

De Piraquara-PR

A caridade é nossa lâmpadaacesa. Aos seus raios tudo esclare-ce e tudo brilha, diz Emmanuel.

A lei no 5063, de 4 de julho de1966, instituiu o “Dia da Carida-de”, a ser comemorado anualmen-te em 19 de julho, com o objetivoprimordial de difundir e incentivar,a todos, a prática da solidariedadeentre os brasileiros e os demaispovos aqui domiciliados.

Estabelece textualmente, a lei:“Art. 2o – A organização do pla-

no para as comemorações ficará acargo dos Ministérios da Saúde,

Educação e Cultura, constandoobrigatoriamente, sem prejuízo deoutras iniciativas, de visitas a hos-pitais, casas de misericórdia, asilos,orfanatos, creches, presídios e a to-dos os demais lugares onde a po-breza e a dor mais se façam sentir”.

Segundo a boa doutrina, afunção precípua do Estado é aprestação de serviços públicos. Enum Estado em que o critério deordem pública seja amplo emultiforme, em que se entendaque a paz, a ordem, a harmonia eo progresso, na ordem nacional,exigem que nenhum aspecto davida econômica, social, culturalou espiritual do povo escape à

ação disciplinadora do Estado, oconceito de serviço público deve-rá ser igualmente compreensivo edesdobrado nas mais diversas evariadas aplicações.

Daí poderemos concluir que ospoderes estatais não exorbitam desuas prerrogativas se, para a con-secução de seus elevados fins, pro-curam empregar meios fortuitos,quando dignificantes, como, nocaso em questão, o estímulo e aprática da caridade.

A caridade é a lei divina, natu-ral. Lógico, pois, que tambémconstitua preceito na legislação hu-mana. Fundado na caridade, na be-nemerência, no altruísmo, o assis-

tencialismo consiste nos cuidados,na proteção e no auxílio que indi-víduos, famílias ou grupos prestamaos mais necessitados.

Entre alguns povos, igualmen-te, evidenciou-se certa preocupa-ção com pessoas portadoras dedeficiência física, idosos, miserá-veis e outros carentes de amparo.Consta que havia normas assisten-ciais, por exemplo, no Código deManu (Índia), no Código de Ha-murabi (Babilônia), e assim pordiante. No mesmo sentido, e tão sópara ilustração, aponta-se a famo-sa Lei dos Pobres (Poor Law), edi-tada em 1601, na Inglaterra. Elaimpunha às paróquias a obrigaçãode socorrer os infortunados de suajurisdição, arrecadando, para tan-to, taxas dos respectivos membros.

Das chamadas virtudes teolo-gais tão bem detalhadas pela Igre-ja Católica Apostólica Romana, afé tem o poder de “remover mon-tanhas”. A esperança é o bálsamodos aflitos. Mas a Caridade a tudosobrepuja, porque é ela o farol queindica o porto seguro da felici-dade. Por isso que, em boa hora, acasa mater do Espiritismo no Bra-sil, a Federação Espírita Brasilei-ra, instituiu por lema: Deus, Cris-to e Caridade.

Na primeira Epístola aosCoríntios, o grande apóstolo dosgentios, Paulo, dá-nos o preciosoensinamento: “Ainda que eu falas-se as línguas dos homens e dosAnjos, se não tiver caridade, soucomo o bronze que soa, ou comoum címbalo que tine. E, ainda queeu tivesse o dom da profecia e co-nhecesse todos os mistérios e todaa ciência, e tivesse toda a fé, até aponto de transportar montes, se nãotiver caridade, não sou nada. E,ainda que distribuísse todos osmeus bens no sustento dos pobres,e entregasse o meu corpo para serqueimado, se não tiver caridade,nada disto me aproveita”. Porque,

no entendimento de Paulo, a Cari-dade é paciente e benigna, não éinvejosa nem temerária, não seensoberbece nem é ambiciosa, nãose irrita nem folga com a injustiça,tudo desculpa, tudo espera e tudosofre.

É bem verdade que a Caridadenão se tornará, num passe de má-gica, uma instituição nacional sóporque o Governo Federal estabe-leceu mais um “dia” no rol das da-tas comemorativas do país. Perce-be-se como a humanidade não setornou mais fraterna por ter sidodesignado o dia 1o de janeiro comoconsagrado à ConfraternizaçãoUniversal.

Mas o dia 19 de julho represen-ta o reconhecimento oficial da su-blimidade contida nos ensinamen-tos de Jesus e bem pode se consti-tuir no marco de uma nova era deentendimento entre todas as pes-soas de boa vontade.

Oxalá, acostumemo-nos todosos brasileiros e outros povos aquidomiciliados a dedicar integral-mente os 365 dias do ano ao in-centivo e à prática da Caridade enão só um simbólico 19 de julhoesporádico.

Isso é perfeitamente possível,por certo. Todavia, pouco prová-vel por enquanto... Que o novoGoverno do Brasil, que instituiu oFome Zero, reacenda e incentive atodos nós a pôr em prática o con-teúdo da lei no 5063, de 05.07.66.

Como diz a letra de umabelíssima música: “A Caridade é amais santa das virtudes, deve ser aatitude de todo o bom cristão”.Sabemos todos que a Caridade apa-ga uma multidão de pecados e que,além disso, “Fora da Caridade nãohá salvação”. Fazemos nossas aspalavras do beato Dom Orione: “ACaridade salvará o mundo”, e,concluindo, repetimos a frase cé-lebre do beato Luís Guanella: “Ca-ridade em tudo e com todos”.

No livro “Missionários daLuz”, o autor abre um capitulocom o título: Passes, de ondevamos tirar algumas lições paranosso aprendizado.

André pergunta a Alexan-dre quem, dos encarnados, po-deria colaborar nas atividadesdo auxílio magnético. O instru-tor amigo responde: “Todos,com maior ou menor intensi-dade, poderão prestar concur-so fraterno, nesse sentido.” Eacrescenta: “Revelada a dispo-sição fiel de cooperar a servi-ço do próximo, as autoridadesde nosso meio designam enti-dades sábias e benevolentesque orientam, indiretamente, oneófito, utilizando-lhe a boavontade e enriquecendo-lhe opróprio valor.”

André não se conformandocom a explicação, insiste, ques-tionando sobre a possibilidadede o indivíduo ser dotado de va-lores muito reduzidos para a ta-

impedem a passagem das ener-gias auxiliadoras.

O excesso de alimentaçãoproduz odores fétidos, atravésdos poros, bem como das saídasdos pulmões e do estômago, pre-judicando as faculdades radian-tes; o álcool e outras substânci-as tóxicas operam distúrbios noscentros nervosos, modificandocertas funções psíquicas e anu-lando os melhores esforços natransmissão de elementosregeneradores e salutares.”

Então André pergunta senão é necessário a pureza dequem aplica o passe. E Alexan-dre conclui:

“Se a prática do bem esti-vesse circunscrita aos Espíritoscompletamente bons, seria im-possível a redenção humana.Qualquer cota de boa vontadee espírito de serviço recebe denossa parte a melhor atenção.

Em todo lugar onde haja me-recimento nos que sofrem e boavontade nos que auxiliam, po-demos ministrar o benefício es-piritual com relativa eficiência.”

Estudando as obras de André LuizJOSÉ ANTÔNIO V. DE PAULA

De Cambé

refa. Alexandre responde dizen-do: “Desde que o interesse delenas aquisições sagradas do bemseja mantido acima de qualquerpreocupação transitória, deveesperar incessante progresso dasfaculdades radiantes, não sópelo próprio esforço, senão tam-bém pelo concurso de Mais Alto,de que se faz merecedor.”

E, mais adiante, a obra nosoferece uma lista de obstáculosao bom desempenho do trabalha-dor nas tarefas de magnetismo.Ouçamos o que diz o sábio edu-cador:

“Não é possível fornecer for-ças construtivas a alguém, aindamesmo na condição de instru-mento útil, se fazemos sistemá-tico desperdício das irradiaçõesvitais. É necessário equilibrar ocampo das emoções.

Um sistema nervoso esgota-do, oprimido, é um canal que aoresponde pelas interrupçõeshavidas.

A mágoa excessiva, a paixãodesvairada, a inquietude obsi-dente, constituem barreiras que

O IMORTALJANEIRO/2006 PÁGINA 13

Um fato extraordinárioocorrido na região do marAdriático, na Itália, entre as ci-dades de Ancona e Senigallia,movimentou a opinião italiana,chamando a atenção especial-mente dos interessados nafenomenologia espírita.

O caso foi minuciosamenterelatado pelo pesquisadorGiuseppe Lenzi em artigo pu-blicado no jornal italiano“L’Aurora”. Dr. Lenzi, quetambém é autor de vários livrossobre fenômenos mediúnicos

Deu carona a um Espíritoocorridos dentro e fora da Itá-lia, conta no texto que um jo-vem de nome Carlo regressavapara casa de carro às altas ho-ras da madrugada, quando avis-tou à beira da estrada uma jo-vem acenando. Gentilmente, orapaz encostou o veículo e deucarona à moça e, como ela re-clamara de intenso frio, empres-tou-lhe sua jaqueta de couro.

Ao saltar em sua casa, novilarejo de Ostra, próximo ao lo-cal do encontro, disse-lhe a moçaque não se preocupasse, pois iria

devolver o agasalho quando elepassasse por ali novamente, jáque eram da mesma província.Dois dias depois, acompanhadode sua mãe, o jovem dirigiu-seà casa da moça, como ficaracombinado. Foi então que umcavalheiro sisudo os recebeu àporta e, ao ouvir o relato, disseser impossível que o fato tives-se ocorrido. O motivo é que suafilha, de nome Serena, tinhamorrido há quatro meses. Paraprovar, apresentou-lhes um re-trato da moça, que foi imediata-

Um minuto com Chico Xavier

mente reconhecida pelo jovem.Sem qualquer dúvida, Carlo in-sistiu na história.

Buscando clarear o assunto,o senhor Mário – o rapaz sabiao seu nome, pois a jovem o ha-via informado – convidou-os air até o cemitério. Chegando lá,abriu, com a chave que só elepossuía, a capela mortuária dafamília, onde repousavam osrestos mortais da filha. Para sur-presa dos três, lá estava tam-bém, sobre a campa, a jaquetade couro do rapaz.

Como ocorre em localidadespequenas, o fato logo tornou-sepúblico, ganhando as páginasdos jornais provinciais, indoparar também na TV local, quefez detalhada reportagem a res-peito, chamando a atenção dosespiritistas italianos.

Ao relatar o acontecido, Dr.Giuseppe Lenzi revelou tambémo resultado de algumas investi-gações que fez. Constatou que ojovem Carlo, protagonista doepisódio, é um excelente filho erespeitado cidadão onde reside;que Serena, a jovem, quandoencarnada, possuía faculdadesmediúnicas de audição evidência, chegando, em certasoportunidades, a dialogar comsua mãe falecida. Esta revelara-lhe algo muito forte: que eladesencarnaria, ainda jovem, emmorte violenta, o que, de fato,aconteceu nas proximidades desua casa, ocasião em que, junto

Estávamos – diz AdelinoSilveira – na residência doChico. Seu estado de saúdenão lhe permitia deslocar-seaté o Centro.

A multidão se comprimialá na rua em frente.

Quando o portão se abriu,a fila de pessoas tinha algunsquarteirões. Foram passandouma a uma em frente aoChico. Pessoas de todas asidades, de todas as condiçõessociais e dos mais distanteslugares do País. Algumas di-ziam:

– Eu só queria tocá-lo...– Meu maior sonho era

conhecê-lo...– Só queria ouvir sua voz

e apertar sua mão.Uns queriam notícias de

familiares desencarnados, es-pantar uma idéia de suicídio.Outros nada diziam, nada pe-diam, só conseguiam chorar.Com uma simples palavra doChico, seus semblantes setransfiguravam, saíam sorri-dentes.

Ao ver as pessoas ansio-sas para tocá-lo, a interminá-vel fila, a maneira como eleatendia a todos fiquei pensan-do: “Meu Deus, a aura doChico é tão boa... seu mag-

netismo é tão grande, que pa-rece que pulveriza nossas do-res e ameniza nossas ansieda-des”.

De repente, ele se volta paramim e diz:

– Comove-me a bondade denossa gente em vir visitar-me.Não tenho mais nada para dar.Estou quase morto. Por quevocê acha que eles vêm?

Perguntou-me e ficou espe-rando a resposta.

Aí, pensei: Meu Deus, fren-te a um homem desses, a gentenão pode mentir nem dizerqualquer coisa que possa virofender a sua humildade (em-bora ele sempre diga que nun-ca se considerou humilde).

Comecei então a pensar quequando Jesus esteve conosco,onde quer que aparecesse, amultidão o cercava. Eram pes-soas de todas as idades, de to-das as classes sociais e dosmais distantes lugares. Muitosiam esperá-lo nas estradas, nasaldeias ou nas casas onde Elese hospedava. Onde quer queaparecesse, uma multidão ocercava. Tanto que Pedro lhedisse certa vez: “Bem vês quea multidão te comprime”.Zaqueu chegou a subir numaárvore somente para vê-lo.

JOSÉ ANTÔNIO V. DE PAULADe Cambé

Ver, tocar, ouvir era só oque queriam as pessoas.

Tudo isso passou pela mi-nha cabeça com a rapidez deum relâmpago. E como elecontinuava olhando para mimesperando a resposta, animei-me a dizer:

– Chico, acho que eles es-tão com saudades de Jesus.

Palavras tiradas do fundodo coração, penso que elasnão ofenderam sua modéstia.

A multidão continuou des-filando. Todos lhe beijavama mão e ele beijava a mão detodos.

Lá pelas tantas da noite,quando a fila havia diminuí-do sensivelmente, percebique seus lábios estavam san-grando. Ele havia beijado amão de centena de pessoas.

Fiquei com tanta pena da-quele homem, nos seus oiten-ta e oito anos, mais de seten-ta dedicados ao atendimentode pessoas, que me atrevi alhe perguntar:

– Por que você beija a mãodeles?

A humildade de sua res-posta continuará emocionan-do-me sempre:

– Porque não posso mecurvar para beijar-lhes os pés.

(Do livro “Momentos com Chico Xavier”, de Adelino da Silveira.1ª ed. 1999.)

Divulgue junto a seu círculo de amigos as notas seguintes:1a. No site www.editoraleopoldomachado.com.br você pode

ler, na íntegra, as últimas 20 edições do jornal “O Imortal”.2a. No site www.neudelondrina.org.br você pode assistir às 8

últimas edições do programa “Reflexão Espírita”, que é apresentadoaos sábados, às 17h30, pela TV Tropical de Londrina (CNT).

Leia o jornal “O Imortal” pela internet

com o irmão, foi vitimada porum acidente automobilístico.

Casos como este, de fatosmediúnicos comprovados, vi-vidos por pessoas alheias aoEspiritismo, enriquecem asfontes informativas da Doutri-na Espírita. Serena, desligadada matéria há quatro meses,encontra recursos que lhe pos-sibilitam não só tornar-se vi-sível ao jovem Carlo comotambém transportar o seu aga-salho, o que vem afirmar acontinuidade da vida, contri-buindo, assim, para diminuir adescrença e o ceticismo de al-guns que, diante desses fatos,haverão de refletir sobre a pu-jança da alma imortal.

A matéria escrita pelo Dr.Lenzi é intitulada “Gli chieseum passaggio fino a casa, poilui seppe che era defunta” (Elhe foi pedida uma carona atéa casa, depois ele soube que elaera falecida), e pode ser lida,na íntegra, na edição de núme-ro 517 do jornal “L’Aurora”,que atende a pedidos de assi-natura no endereço: LargoPietà, 9 – 62032 Camerino –Macerata-Itália, telefone0737-632401. (Boletim SEIno. 1.929, de 19/03/2005)

(Texto enviado a este jornalpela USE – União das Socie-dades Espíritas do Estado deSão Paulo Intermunicipal deAssis.)

O IMORTALPÁGINA 14 JANEIRO/2006

A ansiedade, quando intensiva e continuada, torna-se um canal para o desencadeamento de enfermidades.Quando descontrolada, começa, em primeiro lugar, adesarmonizar o psiquismo, mas também pode chegar aponto de afetar a saúde de um modo geral.

Vários são os fatores que dão início à ansiedade. Porexemplo: medo de perder o emprego, dificuldade eco-nômica para sobreviver ou para quitar uma dívida, dis-puta de cargos ou funções, insegurança individual oucoletiva, ameaça de uma iminente guerra, prepotênciaexagerada de patrões e governos inescrupulosos, anún-cios e estardalhaço sobre enfermidades e epidemias de-vastadoras, prenúncios de tragédias iminentes etc.

É claro que há circunstâncias em que a ansiedade,até certo ponto, pode ser considerada como normal, porexemplo: quando se aguarda a chegada demorada dealguém ou quando se espera uma notícia importanteque demora a se confirmar, mas desde que essa ansie-dade não se torne exagerada.

Os vícios, principalmente para com os tóxicos, po-dem ser uma das piores causas de ansiedades. Quandoa ansiedade atinge níveis como distúrbios respiratóri-os, sudoreses exageradas sem motivos claros, pertur-bações das funções digestivas, insônia, nestes estadosemocionais, a ansiedade se torna fator de perigosaspatologias, ameaçando perigosamente a saúde física emental.

É de suma importância o autodescobrimento, istoé, saber controlar as nossas necessidades, nossas emo-ções, nossas legítimas aspirações e reações, mediantecertos estímulos!

É imprescindível saber compreender a importânciados verdadeiros valores para a vida. Equilíbrio em tudosempre é a melhor opção.

A fé raciocinada, com confiança absoluta em Deuse confiança em si mesmo, constitui também importan-te antídoto às ansiedades. As idéias positivas e a buscaincessante das verdades espirituais são seguranças con-tra as doentias ansiedades.

A certeza da imortalidade e da bondade de Deus éfundamental para a expulsão de ansiedade. Conversarcom uma pessoa sensata e equilibrada ou valer-se daoração são outras tantas medidas que podem nos auxili-ar a fim de amenizar as nossas inquietações emocionais.

Longo período de ansiedade descontrolada poderádar origem, também, à enfermidade intitulada depres-são. Ensinou-nos Jesus a confiar e orar sempre ao PaiCelestial, que sabe o que é melhor para nós, nas horasdifíceis e de indecisões.

A ansiedadeCLARINDO FARINA

De Curitiba

Palestras, semináriose outros eventos

Fac-símile da capa do novo livro de José LázaroBoberg, publicado pela Editora EME

Palestras na cidade de Cambé –O Centro Espírita Allan Kardec, deCambé, promove neste mês as seguin-tes palestras: dia 4, Eurípedes Gonçal-ves; dia 11, Jane Martins Vilela; dia 18,Dorotéia Silveira e dia 25, GilbertoCoutinho. O Centro localiza-se na RuaPará, 292, e as palestras têm início às20h30, sempre às quartas-feiras.

Alexandra Torres em Londrina –Jornalista e líder no movimento espíri-ta de Pernambuco, Alexandra Torresfará duas palestras em Londrina. Espí-rita desde os 13 anos de idade, Alexan-dra começou em 1989 a freqüentar aFraternidade Espírita Missionários daLuz, em Olinda, iniciando seus traba-lhos e estudos na doutrina a partir de1996. Oradora espírita desde 1998, elaatua também no campo da arte espíritacomo vocalista do Grupo Semente deMúsica Espírita, que já lançou doisCDs, e como diretora e coreógrafa doGrupo Sáphyra de Dança. Mestre deCerimônia nos principais eventos doseu Estado, como o Fórum de DebatesEspíritas de Pernambuco (Forespe), fazparte da Associação dos Divulgadoresdo Espiritismo de Pernambuco (ADE-PE), na qual é responsável pelas dire-torias de Rádio e TV.

No dia 14, sábado, às 16h50, noCentro Espírita Nosso Lar, ela proferepalestra sobre o tema “Amor e tolerân-cia: caminhos da convivência”. No do-mingo, dia 15, será a vez do CentroEspírita Meimei recebê-la, às 9h15,para a palestra “Perdão: receita de saú-de e equilíbrio”.

Biblioteca do “Nosso Lar” – Emnovembro último, 791 livros e fitas devídeo foi o total emprestado aos sóciospela Biblioteca Américo Canezin, doCentro Espírita Nosso Lar, de Londri-na. O filme “Em busca da luz” (18 em-préstimos) e o livro “Violetas na Jane-

la” (16 empréstimos) foram os itens demaior procura no mês.

Hospital do Câncer de Londrinapede socorro – Depois que dr. NelsonDequech assumiu a direção do Hospitaldo Câncer de Londrina, obra fundadapela saudosa confreira Lucilla Ballalai,as finanças do hospital estão perto doequilíbrio. Mas, para isso, a instituiçãoprecisa da ajuda de todos. Uma das for-mas de auxílio é o débito em conta daCopel, mediante uma simples autoriza-ção. Os que quiserem cooperar podemtelefonar para (43) 3343-3300. É preci-so que todos, especialmente os espíri-tas, ajudem a manter aberto o Hospitaldo Câncer, que nos últimos 40 anos temsalvado inúmeras vidas.

Nova obra de Boberg pela EditoraEME – Saiu em novembro último a 2a

edição do livro “O Poder da Fé” (vejacapa), publicado pela Editora EME, deautoria do nosso confrade José LázaroBoberg, atual presidente da 4a URE –União Regional Espírita, sediada em Ja-carezinho (PR). Pela mesma editora, Bo-

berg lançou anteriormente os livros “Nas-cer de novo para ser feliz” e “Prontidãopara mudança”. O preço da obra para Clu-bes de Livros está bastante acessível. Osendereços da Editora EME são estes:[email protected], telefones(19) 3491-7000 e 3491-5603, Caixa Pos-tal 1820 – CEP 13360-000, Capivari (SP).O site é www.editoraeme.com.br.

GEEAG reinicia estudos no dia26 – Tendo por foco a continuação doestudo do Evangelho segundo Lucas,o Grupo de Estudos Espíritas Abel Go-mes (GEEAG), do Centro Espírita Nos-so Lar, de Londrina, reinicia as ativi-dades no dia 26, quinta-feira, às 14h. Aturma noturna retoma suas atividadesno dia 30, segunda-feira, às 20h.

Reflexão Espírita: 3o ano na CNT– O programa Reflexão Espírita iniciaeste mês seu 3o ano na TV Tropical deLondrina, emissora afiliada da Rede CNTde Televisão, na qual estreou no dia 17de janeiro de 2004. O programa é trans-mitido aos sábados a partir das 17h30 epode ser visto também pela internet nosite www.neudelondrina.org.br.

ESDE no “Vinha de Luz” reco-meça dia 25 – Após um recesso de trin-ta dias, recomeçam no dia 25 no Cen-tro de Estudos Espirituais Vinha deLuz, em Londrina, as atividades doESDE – Estudo Sistematizado de Dou-trina Espírita. As reuniões ocorrem to-das as quartas-feiras, a partir das 20h.

Círculo de Leitura Anita Borelade Oliveira – No dia 22 deste mês,domingo, às 17h, na residência do ca-sal Regina e Manoel Martinho Figuei-redo, o Círculo de Leitura Anita Bo-rela de Oliveira, de Londrina, iniciasuas atividades de 2006, ocasião emque será concluído o estudo da Revis-ta Espírita de 1867.

O IMORTALJANEIRO/2006 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1866 (Parte 1)

Iniciamos nesta edição a publica-ção do texto condensado da RevistaEspírita de 1866. As páginas citadasreferem-se à edição feita pela Edicel.

*1. As mulheres têm alma? Esse é o

tema do artigo que abre o número dejaneiro de 1866, no qual Kardec dizque, além de ter sido posta em delibe-ração num concílio, tal questão nemsempre foi resolvida pacificamente,constituindo sua negação um princípiode fé em certos povos. No artigo, eleinforma também que pouco tempoatrás ainda se discutia na França se ograu de bacharel podia ser conferido auma mulher. (Págs. 1 e 2.)

2. O Espiritismo ensina que as al-mas podem animar corpos de homense mulheres. As almas ou Espíritos nãotêm sexo; as afeições que os unemnada têm de carnal; fundam-se numasimpatia real e, por isso, são mais du-ráveis. (Págs. 2 e 3.)

3. Os sexos só existem no orga-nismo; são necessários à reproduçãodos seres materiais; mas os Espíritosnão se reproduzem uns pelos outros,razão por que os sexos seriam inúteisno mundo espiritual. (Págs. 2 e 3.)

4. A natureza fez o indivíduo dosexo feminino mais fraco que o ou-tro, porque os deveres que lhe incum-bem não exigem uma igual força mus-cular e seriam até incompatíveis coma rudeza masculina. Aos homens e àsmulheres são, assim, assinados pelaProvidência deveres especiais, igual-mente importantes na ordem das coi-sas, pois eles se completam um pelooutro. (Págs. 3 e 4.)

5. A influência que o Espírito en-carnado sofre do organismo não seapaga imediatamente após a destrui-ção do invólucro material, assim comonão perdemos instantaneamente osgostos e hábitos terrenos. Pode acon-tecer ainda que o Espírito percorrauma série de existências no mesmosexo, o que faz que durante muito tem-po possa conservar, na erraticidade, ocaráter de homem ou de mulher, cujamarca nele ficou impressa. (Pág. 4.)

6. Se essa influência se repercuteda vida corporal à vida espiritual, ofato se dá também quando o Espíritopassa da vida espiritual para a corpo-ral. Numa nova encarnação trará ocaráter e as inclinações que tinhacomo Espírito. Mudando de sexo,poderá então conservar os gostos, asinclinações e o caráter inerente aosexo que acaba de deixar. Assim seexplicam certas anomalias aparentes,notadas no caráter de certos homense de certas mulheres. (Pág. 4.)

7. Referindo-se à prece, diz Kar-

dec que o Espiritismo proclama a suautilidade, não por espírito de sistema,mas porque a observação permitiucomprovar a sua eficácia e o seu modode ação. Além da ação puramentemoral, a prece produz um efeito decerto modo material, resultante datransmissão fluídica, e sua eficácia emcertas moléstias é constatada pela ex-periência, como demonstrada pela te-oria. (Págs. 5 e 6.)

8. Rejeitar a prece é, portanto, pri-var o homem de seu mais poderososuporte moral na adversidade, vistoque pela prece ele eleva sua alma,entra em comunhão com Deus, iden-tifica-se com o mundo espiritual edesmaterializa-se, condição essenci-al de sua felicidade futura. (Pág. 6.)

Nenhum princípio espíritaé fruto de opiniões pessoais

9. Concluindo o artigo sobre a pre-ce, o Codificador lembra que o quefaz a principal autoridade da doutrinaé que não há um só de seus princípiosque seja produto de uma idéia precon-cebida ou de uma opinião pessoal: to-dos, sem exceção, são o resultado daobservação dos fatos. (Págs. 8 e 9.)

10. A Revista noticia o falecimen-to em 2 de dezembro de 1865 do sr.Didier, membro-fundador da Socieda-de Espírita de Paris e editor das obrasde Kardec. No momento do faleci-mento, a editora do sr. Didier impri-mia a 14a edição d’O Livro dos Espí-ritos. (Págs. 9 e 10.)

11. No dia 8 de dezembro, na So-ciedade de Paris, Kardec pronunciouuma alocução em que teceu palavrasde reconhecimento pelo trabalho rea-lizado pelo amigo recém-desencarna-do, cujo desprendimento foi devida-mente destacado pelo Codificador.(Págs. 11 e 12.)

12. Em seu discurso, Kardec ex-plicou por que não usara a palavra noenterro do amigo, ocasião em que sereuniram muitas pessoas pouco sim-páticas e mesmo hostis à causa espí-rita. Considerando o momento inade-quado, ele se absteve e, ao esclarecero fato, aproveitou para fazer impor-tante advertência, quando afirmou queo Espiritismo ganhará sempre maiscom a estrita observação das conve-niências. (Pág. 12.)

13. Não devemos esquecer – disseKardec – que o Espiritismo visa ao co-ração e seus meios de sedução são adoçura, a consolação e a esperança. Suamoderação e seu espírito conciliador nospõem em relevo. “Não percamos suapreciosa vantagem”, aditou o Codifica-dor. “Procuremos os corações aflitos, asalmas atormentadas pela dúvida: seu nú-mero é grande; lá estarão os nossos maisúteis auxiliares; com eles faremos maisprosélitos do que com reclames e exi-bição.” (Pág. 12.)

14. A Revista transcreve carta dosr. T. Jaubert, vice-presidente do Tri-bunal de Carcassone, em que omissivista destaca as inúmeras reali-zações que o ano de 1865 havia trazi-do ao Espiritismo. Quatro livros foramentão mencionados pelo sr. Jaubert:Pluralidade dos mundos habitados, deCamille Flammarion; Pluralidade dasexistências da alma, de André Pezzani;O Céu e o Inferno, de Kardec, e a no-vela Espírita, de Théophile Gautier.(Págs. 14 a 16.)

15. Jaubert refere-se também emsua carta ao caso Davenport, que eleconsiderava menos causa do que pre-texto para a cruzada instaurada naqueleano contra a doutrina espírita e osespiritistas. E apóia, por fim, a defini-ção posta por Kardec no último núme-ro da Revista: “Quem quer que creiana existência e na sobrevivência dasalmas, e na possibilidade de relaçãoentre os homens e o mundo espiritual,é espírita”. (Pág. 16.)

16. Com dezesseis anos e meio,Luísa B... morava com seus pais nolugar chamado le Bondru (Seine-et-Marne). Em conseqüência de violentopesar causado pela morte de uma irmã,Luísa caíra num sono letárgico, quedurara 56 horas, após o que despertoupara uma existência estranha. Duran-te o dia inteiro, ela ficava imóvel numacadeira. Chegada a noite, entrava numestado cataléptico, caracterizado pelarigidez dos membros e pela fixidez doolhar. A jovem adquiria então o domda segunda vista e o da segunda audi-ção, ouvindo palavras proferidas per-to ou longe dela. (Pág. 17.)

A emancipação da alma énormal durante o sono

17. Nas mãos da cataléptica cadaobjeto apresentava para ela uma ima-gem dupla. Ela podia ver, assim, nãoapenas o exterior, mas a representaçãode seu interior. Transportada a um ce-mitério, Luísa via e descrevia as pes-soas cujos despojos tinham sido ali se-pultados. (Págs. 17 a 20.)

18. Comentando o fato, Kardec dizque nada nele existe de excepcional.Trata-se de um fenômeno bastante co-mum e explicável pelos atributos daalma, em que se encontra a sede detodas as percepções e de todas as sen-sações. Durante a sua união com ocorpo, a alma percebe por meio dossentidos e transmite o pensamento coma ajuda do cérebro. Separada do cor-po, ela percebe diretamente e pensa li-vremente. (Págs. 20 e 21.)

19. Esse estado, que chamamosemancipação da alma, ocorre normal eperiodicamente durante o sono, quan-do o corpo repousa, para recuperar asperdas materiais. Mas pode ocorrertambém todas as vezes que uma causapatológica ou simplesmente fisiológi-

ca produz a inatividade total ou parcialdos órgãos da sensação ou da locomo-ção, como se dá na catalepsia, na letar-gia e no sonambulismo. (Pág. 22.)

20. O desprendimento da alma étanto maior quanto mais absoluta ainércia do corpo. Nesse estado, a almanão mais percebe pelos sentidos ma-teriais, mas, se assim podemos dizer,pelo sentido psíquico; eis por que suaspercepções ultrapassam nesses casosos limites ordinários. Essa é a causada segunda vista, da visão a distância,da lucidez sonambúlica etc. A formacorpórea que Luísa via nas pessoasmortas é o que na doutrina espírita sechama perispírito, envoltório fluídicoque reveste a alma de todos os sereshumanos. (Págs. 22 e 23.)

21. Concluindo suas explicações,Kardec adverte que casos como o dajovem Luísa B... exigem muito tato eprudência, pois, nesse estado de ex-cessiva suscetibilidade, a menor co-moção pode ser funesta. É que a alma,feliz por estar desprendida do corpo,a este se liga por um fio, que um nadapode romper irremediavelmente. “Emcasos semelhantes – assevera Kardec–, experiências feitas sem cuidado po-dem matar.” (Pág. 23.)

22. De Alfred de Musset (Espíri-to) a Revista transcreve dois poemas,que a crítica considerou dignos de umpoeta de primeira ordem, como oindigitado autor espiritual. “É a ma-neira de Musset, sua linguagem encan-tadora, sua desenvoltura de cavalhei-ro, seu encanto e sua graciosa atitu-de”, escreveu um dos redatores do jor-nal Monde Illustré, sr. Júnior, que nãoera espírita. (Págs. 24 a 28.)

23. A Revista comenta o surgimen-to em Paris do Novo Dicionário Uni-versal, uma nova enciclopédia ilustra-da por Maurice Lachâtre, que contavacom o concurso de cientistas, artistas eescritores, encabeçados por Allan Kar-dec. Segundo o prospecto de divulga-ção da enciclopédia, esta era fruto daanálise de mais de 400.000 obras e po-dia ser considerada como o mais vastorepertório de conhecimentos humanosaté então publicado. Todos os termosespeciais do vocabulário espírita, refe-re Kardec, ali se achavam, não com umasimples definição, mas com todos osdesenvolvimentos que comportam. Atranscrição do texto pertinente ao ver-bete ALMA – feita pela Revista – dáuma boa mostra da profundeza da pu-blicação e do respeito que seus edito-res revelavam pela doutrina espírita,que conquistava desse modo relevanteposição entre as doutrinas filosóficasda época. (Págs. 28 a 32.)

Destaque dado ao Espiritismo porjornal de Bruxelas

24. Sob o título “O Espiritismosegundo os espíritas”, o semanário

La Discussion, impresso em Bruxe-las, edição de 31/12/1865, publicouum artigo em que o autor diz que osvocábulos Espíritas e Espiritismo setornaram muito conhecidos e esta-vam sendo freqüentemente emprega-dos, embora muitas pessoas não sou-bessem o que eles exatamente signi-ficavam. O articulista transcreve, en-tão, diversas referências colhidasjunto a um amigo seu, partidário dasidéias espíritas, adiante resumidas: I– O Espiritismo é uma ciência ou,melhor dito, uma filosofiaespiritualista, que ensina a moral. II– Os médiuns são dotados de umafaculdade natural que os torna aptosa servir de intermediários aos Espí-ritos e a produzir com eles os fenô-menos que passam por milagres oupor prestidigitação aos olhos de quemignore a sua explicação. III – Os Es-píritos não se comunicam com o úni-co objetivo de provar aos vivos a suaexistência: eles ditaram e desenvol-vem diariamente a filosofiaespiritualista. IV – É assim que o Es-piritismo demonstra, entre outras coi-sas, a natureza da alma, seu destino,a causa de nossa existência aqui, edesvenda o mistério da morte e o por-quê dos vícios e das virtudes do ho-mem. V – Esse sistema repousa emprovas lógicas e irrefutáveis, que têmcomo base fatos palpáveis e a maispura razão. VI – Em todas as teoriasque expõe, ele age como a ciência enão adianta um ponto senão quandoo precedente esteja completamentecertificado. VII – O ensinamentomoral que prega não é senão a moralcristã, a moral que está escrita no co-ração de todo ser humano. VIII – Amoral espírita ensina-nos a suportara desgraça sem a desprezar, a gozara felicidade sem a ela nos apegarmos,e nos explica que todas as vantagenscom que somos favorecidos são ou-tras tantas forças que nos são confia-das e de que deveremos prestar con-tas. (Págs. 33 a 36.)

25. A 28 de janeiro de 1866, o se-manário – que não é especializado emassuntos filosóficos ou religiosos, maspolíticos e financeiros – voltou ao as-sunto para dizer que o artigo prece-dente havia provocado numerosas per-guntas e ilações descabidas, como aque sugeriu tivesse o periódico setransformado em um órgão espírita.Em face disso, seu editor tornou bemclaro que o jornal estava aberto a to-das as idéias progressivas, o que écoisa diferente de assumir a paterni-dade dessa ou daquela doutrina. “Po-mos a idéia em evidência em toda asua verdade. Se for boa, fará o seu ca-minho e nós lhe teremos aberto a por-ta; se for má, teremos fornecido omeio de ser julgada com conhecimen-to de causa”, explicou o editor. (Pág.37.) (Continua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

De Londrina

O IMORTALPÁGINA 16 JANEIRO/2006

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

A convite da USEL – Uniãodas Sociedades Espíritas de Lon-drina, estiveram em Londrina nomês de novembro último osconfrades e professores de Físicana Universidade Federal de SãoCarlos (SP) Maristela OlzonMonteiro D. de Souza e SylvioDionysio de Souza, que ministra-ram no Centro Espírita Nosso Larseminário sobre a Estrutura Di-dática do Livro dos Espíritos.

A reportagem d´O Imortal sefez presente ao evento, ocasiãoem que Sylvio Dionysio de Sou-za (foto) concedeu a entrevistaque se segue:

O Imortal - Qual foi a influ-

ência de Pestalozzi na formaçãode Allan Kardec?

Sylvio Dionysio de Souza -Pestalozzi era um famoso educa-dor, precursor da moderna edu-cação (escola ativa).

Entre outros pontos, Kardecconviveu em Yverdon com a li-berdade de pensamento; a liber-dade religiosa; o gosto pela ob-servação experimental dos fenô-menos naturais; com o desenvol-vimento da linguagem e a edu-

“Toda a elaboração da codificação espíritaobedeceu aos critérios científicos”

ROBERTO CAMARGODe Londrina

cação pelo amor.Vê-se por essaamostragem, quea convivênciacom Pestalozzireavivou em Kar-dec sua bagagemespiritual acumu-lada, adquirindooutras que por-ventura fossemnecessárias ao seutrabalho comoCodificador.

O Imortal - Acontribuição deKardec para aelaboração do Livro dos Espíri-tos ficou restrita à organizaçãometódica, como ele próprio afir-ma nos Prolegômenos?

Sylvio - A contribuição e pre-sença de Kardec é muito maior doque sua humildade permitiu-lhedizer. De comum, Kardec refaziaas informações vindas dos Espíri-tos e depois as submetia à aprecia-ção dos mesmos. Outras vezes, fa-zia uma pergunta e após receber aresposta, dividi-a em partes orga-nizando perguntas para uma des-sas partes, tudo para aumentar aclareza do assunto tratado. Outrasvezes ainda, formulava perguntas

para aproveitarmensagens dita-das ou trechosdelas.

O Imortal -E s t u d i o s o safirmam que oEspiritismo éuma ciência,na acepçãoampla do ter-mo. Tal afir-mação susten-ta-se naquilo

que, reconhecidamente, compõeuma ciência?

Sylvio – Em primeiro lugar es-clarecemos que a definição de Ci-ência não é a opinião de uma pes-soa em particular, mas a definiçãodada pela Filosofia das Ciências,que é uma disciplina da Filosofia.

Realmente, segundo essa defi-nição, que chamamos de moderna,a Ciência tem duas acepções: Ci-ência no sentido restrito (CiênciasAcadêmicas - Química, Física eBiologia) e Ciência no sentidoamplo, que é toda investigação decertos fenômenos ou fatos, à luzda razão. Tanto em um como emoutro sentido, a classificação como“ciência” tem que obedecer aosmesmos critérios. É possível veri-ficar que o Espiritismo, cumpreesses critérios e se encaixa na se-gunda acepção, sendo pois umaCiência, no sentido amplo. Vale apena ressaltar que o objeto de es-tudo das Ciências Acadêmicas é amatéria, mas o objeto de estudo doEspiritismo é o espírito.

O Imortal - Podemos ver umexemplo de aplicação do méto-do científico na elaboração do

Livro dos Espíri-tos?

Sylvio – Narealidade toda aelaboração da co-dificação espíritaobedeceu aos cri-térios científicos,porém na investi-gação dos fenôme-nos mediúnicos, ométodo científicoé mais evidente,pois Kardec ba-seou todas as suasanálises e conclu-sões na observa-ção e experimenta-

ção. O método experimental é a es-sência do método científico.

O Imortal - Como pode serentendida a divisão do Livro dosEspíritos em 4 partes, e que re-lação se pode estabelecer entreessa divisão e o conjunto dasobras básicas do Espiritismo?

Sylvio – Kardec afirma em “AGênese” (cap. I, item 14), que aelaboração do Espiritismo segueexatamente o método experimen-tal, utilizado pela Ciência. “Fa-tos de ordem nova se apresentam,que não podem ser explicadospelas leis conhecidas; ele as ob-serva, compara, analisa e, partin-do dos efeitos às causas, chega àlei que os rege; depois deduz asconseqüências e busca as aplica-ções úteis.”

Comparemos o texto de Kar-dec, no qual explica qual o pro-cedimento que ele utilizou na ela-boração do Livro dos Espíritos:1 - Fatos de ordem nova se apre-sentam, ...– OBJETO - escolhado objeto a ser estudado; 2 - ob-serva, compara, analisa ...– MÉ-TODO - análise detalhada do uni-verso ou domínio a ser estudado

(parte experimental do Espiri-tismo); 3 - chega à lei que osrege; ...– TEORIA – conceitosfundamentais e suas relaçõessão explicados; 4 - deduz-lhe asconseqüências ... aplicaçõesúteis. – CONCLUSÕES – apli-cações das leis ao objeto de do-mínio, previsões e explicações.

Vê-se claramente que ele se-gue os critérios básicos que de-finem modernamente uma Ciên-cia. Observando agora “O Livrodos Espíritos”, vemos que ele secompõe de quatro partes, as quaissão desenvolvidas nos quatro li-vros restantes da Codificação doEspiritismo. Assim temos:

1a parte do Livro dos Espí-ritos – Das causas primárias(Objeto de estudo)à A Gênese.

2a parte do L.E. – Mundoespírita ou Mundo dos Espíri-tos (Método de pesquisa)à OLivro dos Médiuns.

3a parte do L.E. – As LeisMorais (Teoria, conceitosfundamentais)à O Evangelho se-gundo o Espiritismo.

4a parte do L.E. – Esperan-ças e Consolações (Conclusões,aplicações)à O Céu e o Inferno.

Entrevista: Sylvio Dionysio de Souza

O confrade Sylvio quando do seminário sobre “O Livro dosEspíritos” por ele ministrado

Sylvio Dionysio de Souza, de São Carlos-SP

Capa de “O Livro dos Espíritos”, cujaestrutura didática é objeto da entrevistaao lado