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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 662 Abril de 2009 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Devemos publicar tudo o que vem por via mediúnica? Um bate-papo em alto nível com Sandra Borba Muitos invocam a lapidar divi- sa de Kardec no tocante à tolerân- cia, buscando aplicar essa virtude no campo das publicações de livros mediúnicos que estão sendo edita- dos sem o menor critério, tanto no que se refere ao conteúdo, quanto à forma. Será que em nome da to- lerância deve-se publicar tudo o que vem por via mediúnica? Se não há oportunidade de análise, onde situar a célebre recomenda- ção de Erasto, contida no item 230 de “O Livro dos Médiuns”? Pág. 3 Country Club fica cheio na palestra de Divaldo Franco Na conferência que proferiu no dia 9 de março no Londrina Country Club, Divaldo Franco abordou o tema saúde e quali- dade de vida. “Quando perdo- amos, temos paz!”, afirmou o estimado confrade, que atraiu ao encontro cerca de 2 mil pes- soas. A conferência durou pouco mais de uma hora – precisamente 72 minutos. Emocionadas e satis- feitas, centenas de pessoas passa- ram por ele antes e depois de sua fala para tirar fotos e pedir autó- grafo, ação essa que o médium realizou, como sempre, com bas- tante senso de humor. Pág. 6 A Conferência Estadual Espírita atrai um público numeroso Com participação de Sandra Borba, Alberto Almeida, Cosme Massi, Raul Teixeira e Divaldo Franco, que falou na abertura a um público estimado em oito mil pessoas, realizou-se de 13 a 15 de março em Pinhais (PR) a XI Conferência Estadual Espírita, tradicional evento patrocinado pela Federação Espírita do Para- (fotos). O evento, que teve como enfoque central o tema Fa- A Revue Spirite há 140 anos ............................... 15 Celso Martins ...................................................... 13 Crônicas de Além-Mar ........................................ 12 De coração para coração ....................................... 4 Divaldo responde .................................................. 6 Editorial ................................................................. 2 Emmanuel .............................................................. 2 Espiritismo para crianças .................................... 14 Eugênia Pickina ................................................... 12 Gerson Simões Monteiro .................................... 10 Grandes vultos do Espiritismo .............................. 7 Histórias que nos ensinam .................................. 13 Jane Martins Vilela .............................................. 13 Joanna de Ângelis ................................................. 2 José Viana Gonçalves .......................................... 12 Luis Roberto Scholl .............................................. 7 Milton R. Medran Moreira .................................... 5 Palestras, seminários e outros eventos ................ 11 Pedro de Almeida Lobo ...................................... 10 Rogério Coelho ..................................................... 5 Wellington Balbo ................................................ 10 Ainda nesta edição Aborto e excomunhão de volta à cena Não houve no Bra- sil assunto mais co- mentado na primeira quinzena de março do que o caso da menina de 9 anos que, ao ser engravidada por um estupro cometido por seu padrasto, acabou sendo submetida ao chamado aborto tera- pêutico, que se reali- za quando a gestação pode levar a gestante à morte. A mãe da me- nina e os médicos que realizaram o aborto foram, em seguida, excomungados pela Igreja, o que provo- cou protestos de todos os lados. Págs. 4 e 5 mília, foi um sucesso. Na noite de abertura, que foi presti- giada pelo Poder Execu- tivo local, o presidente da Federação Espírita do Paraná, Fran- cisco Ferraz Batista, anun- ciou a reto- mada da edi- toração de li- vros pela FEP e lançou, em seguida, os li- vros “Refle- xões Pedagó- gicas à Luz do Evange- lho”, de auto- ria de Sandra Borba Pereira; “Pacto Áureo – A Vitória da Fraternidade”, de autoria da Fe- deração Espírita do Paraná; e “Centro Espírita - Tendências e Tendenciosidades”, de Cezar Braga Said. No domingo, dia 15, Divaldo Franco transmitiu psicofonica- mente uma mensagem de Bezer- ra de Menezes, que emocionou e envolveu a todos, focalizando o tema Família. Pág. 16 Atual presi- dente da Federa- ção Espírita do Es- tado do Rio Gran- de do Norte, San- dra Maria Borba Pereira (foto) foi uma das atrações da XI Conferência Estadual Espírita realizada no mês passado em Pi- nhais (PR). Dias antes desse evento, ela concedeu ao nosso colaborador Orson Peter Carrara oportuna entrevista em que, entre outros assuntos, propõe que a instituição espírita se torne efetivamente uma comunidade educativa, em face da própria na- tureza pedagógica da Doutrina. Conhecida há muito tempo dos espíritas de nosso Estado, es- pecialmente por seus seminários relacionados com a evangeliza- ção infantil, Sandra acaba de pu- blicar o livro “Reflexões Peda- gógicas à Luz do Evangelho”, lançado pelo presidente da Fede- ração Espírita do Paraná na aber- tura da Conferência realizada em Pinhais. Editada pela Federação Espírita do Paraná, que volta as- sim à publicação de livros, a obra enfatiza o aspecto educativo da Doutrina Espírita e a natureza pedagógica da proposta contida na Codificação Kardequiana. Págs. 8 e 9

O IMORTAL - oconsolador.com.br · PÁGINA 2 O IMORTAL ABRIL/2009 Editorial EMMANUEL O suicídio é, sem dúvida, um flagelo da alma, além de constituir-se em um flagelo social. De

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 662 Abril de 2009 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Devemos publicar tudo oque vem por via mediúnica?

Um bate-papo em alto nível com Sandra Borba

Muitos invocam a lapidar divi-sa de Kardec no tocante à tolerân-cia, buscando aplicar essa virtudeno campo das publicações de livrosmediúnicos que estão sendo edita-dos sem o menor critério, tanto noque se refere ao conteúdo, quanto

à forma. Será que em nome da to-lerância deve-se publicar tudo oque vem por via mediúnica? Senão há oportunidade de análise,onde situar a célebre recomenda-ção de Erasto, contida no item 230de “O Livro dos Médiuns”? Pág. 3

Country Club fica cheio napalestra de Divaldo FrancoNa conferência que proferiu

no dia 9 de março no LondrinaCountry Club, Divaldo Francoabordou o tema saúde e quali-dade de vida. “Quando perdo-amos, temos paz!”, afirmou oestimado confrade, que atraiuao encontro cerca de 2 mil pes-soas.

A conferência durou poucomais de uma hora – precisamente72 minutos. Emocionadas e satis-feitas, centenas de pessoas passa-ram por ele antes e depois de suafala para tirar fotos e pedir autó-grafo, ação essa que o médiumrealizou, como sempre, com bas-tante senso de humor. Pág. 6

A Conferência Estadual Espíritaatrai um público numeroso

Com participação de SandraBorba, Alberto Almeida, CosmeMassi, Raul Teixeira e DivaldoFranco, que falou na abertura aum público estimado em oito milpessoas, realizou-se de 13 a 15de março em Pinhais (PR) a XIConferência Estadual Espírita,tradicional evento patrocinadopela Federação Espírita do Para-ná (fotos). O evento, que tevecomo enfoque central o tema Fa-

A Revue Spirite há 140 anos ............................... 15Celso Martins ...................................................... 13Crônicas de Além-Mar ........................................ 12De coração para coração ....................................... 4Divaldo responde .................................................. 6Editorial ................................................................. 2Emmanuel .............................................................. 2Espiritismo para crianças .................................... 14Eugênia Pickina ................................................... 12Gerson Simões Monteiro .................................... 10Grandes vultos do Espiritismo .............................. 7Histórias que nos ensinam .................................. 13Jane Martins Vilela .............................................. 13Joanna de Ângelis ................................................. 2José Viana Gonçalves .......................................... 12Luis Roberto Scholl .............................................. 7Milton R. Medran Moreira .................................... 5Palestras, seminários e outros eventos ................ 11Pedro de Almeida Lobo ...................................... 10Rogério Coelho ..................................................... 5Wellington Balbo ................................................ 10

Ainda nesta ediçãoAborto eexcomunhão de

volta à cenaNão houve no Bra-

sil assunto mais co-mentado na primeiraquinzena de março doque o caso da meninade 9 anos que, ao serengravidada por umestupro cometido porseu padrasto, acabousendo submetida aochamado aborto tera-

pêutico, que se reali-za quando a gestaçãopode levar a gestanteà morte. A mãe da me-nina e os médicos querealizaram o abortoforam, em seguida,excomungados pelaIgreja, o que provo-cou protestos de todosos lados. Págs. 4 e 5

mília, foi umsucesso.

Na noitede abertura,que foi presti-giada peloPoder Execu-tivo local, opresidente daF e d e r a ç ã oEspírita doParaná, Fran-

cisco FerrazBatista, anun-ciou a reto-mada da edi-toração de li-vros pela FEPe lançou, emseguida, os li-vros “Refle-xões Pedagó-gicas à Luzdo Evange-lho”, de auto-

ria de Sandra Borba Pereira;“Pacto Áureo – A Vitória daFraternidade”, de autoria da Fe-deração Espírita do Paraná; e“Centro Espírita - Tendências eTendenciosidades”, de CezarBraga Said.

No domingo, dia 15, DivaldoFranco transmitiu psicofonica-mente uma mensagem de Bezer-ra de Menezes, que emocionou eenvolveu a todos, focalizando otema Família. Pág. 16

Atual presi-dente da Federa-ção Espírita do Es-tado do Rio Gran-de do Norte, San-dra Maria BorbaPereira (foto) foiuma das atraçõesda XI ConferênciaEstadual Espíritarealizada no mêspassado em Pi-nhais (PR). Diasantes desse evento, ela concedeuao nosso colaborador Orson PeterCarrara oportuna entrevista emque, entre outros assuntos, propõeque a instituição espírita se torneefetivamente uma comunidadeeducativa, em face da própria na-tureza pedagógica da Doutrina.

Conhecida há muito tempodos espíritas de nosso Estado, es-pecialmente por seus semináriosrelacionados com a evangeliza-ção infantil, Sandra acaba de pu-

blicar o livro “Reflexões Peda-gógicas à Luz do Evangelho”,lançado pelo presidente da Fede-ração Espírita do Paraná na aber-tura da Conferência realizada emPinhais. Editada pela FederaçãoEspírita do Paraná, que volta as-sim à publicação de livros, a obraenfatiza o aspecto educativo daDoutrina Espírita e a naturezapedagógica da proposta contidana Codificação Kardequiana.Págs. 8 e 9

O IMORTALPÁGINA 2 ABRIL/2009

EditorialEMMANUEL

O suicídio é, sem dúvida, umflagelo da alma, além de constituir-se em um flagelo social. De temposem tempos, verificam-se ondas desuicídio. Isso porque os fatores so-ciais influem sobremaneira no com-portamento íntimo dos indivíduos.Os motivos que conduzem ao suicí-dio são variados, mas é possívelidentificar padrões comuns a todoseles. Desse modo, há fatores subja-centes e fatores secundários.

O Espiritismo aponta, de formaclara, para as motivações fundamen-tais. Entre os fatores secundários,temos o ócio, a saciedade, o tédio, acarência e a decepção afetivas, bemcomo o desconhecimento das leis deDeus. Entre os fatores principais,temos a falta de fé e o desespero,aliados à imperfeição humana, no-tadamente o orgulho e o egoísmo.

Os fatores secundários são assimchamados porque não são propria-mente a causa do suicídio. São comoo gatilho que desencadeia o proces-so que leva à destruição dos corposfísico e perispiritual. Os fatores prin-cipais são assim categorizados porconstituírem a causa primeira, amotivação real do suicídio. Emborapareça pouco simpática esta afirma-

Meditar é uma necessidade im-periosa que se impõe antes de qual-quer realização. Com esta atitudeacalma-se a emoção e aclara-se odiscernimento, harmonizando-se ossentimentos. Não se torna indispen-sável que haja uma alienação, emfuga dos compromissos que lhecumpre atender, face às responsa-bilidades humanas e sociais. Mas,que reserve alguns espaços mentaise de tempo, a fim de lograr o come-timento.

Começa o teu treinamento, me-ditando diariamente num pensa-mento do Cristo, fixando-o pela re-

No trato da mediunidade, não an-demos à cata de louros terrestres, nemmesmo esperemos pelo entendimentoimediato das criaturas.

Age e serve, ajuda e socorre semrecompensa.

Recordemos Jesus e os fenômenosdo espírito.

Ainda criança, ele se submete, noTemplo, ao exame de homens doutosque lhe ouvem o verbo com imensaadmiração, mas a atitude dos sábios nãopassa de êxtase improdutivo.

João Batista, o amigo eleito paraorganizar-lhe os caminhos, depois devê-lo nimbado de luz, em plena consa-gração messiânica, ante as vozes dire-tas do Plano Superior, envia mensagei-ros para lhe verificarem a idoneidade.

Dos nazarenos que lhe desfrutam aconvivência, apenas recebe zombaria edesprezo.

Dos enfermos que lhe ouvem o ser-mão do monte, buscando tocá-lo, ansi-osos, na expectativa da própria cura, nãose destaca um só para segui-lo até à cruz.

Dos setenta discípulos designadospara misteres santificantes, não há lem-brança de qualquer deles, na lealdademaior.

Dos seguidores que comeram ospães multiplicados, ninguém surge per-guntando pelo burilamento da alma.

Dos numerosos doentes por elereerguidos à bênção da saúde, nenhumaparece, nos instantes amargos, paratestemunhar-lhe agradecimento.

Nicodemos, que podia assimilar-lhe os princípios, procura-lhe a pala-vra, na sombra noturna, sem coragemde liberar-se dos preconceitos.

Dos admiradores que o saúdam emregozijo, na entrada triunfal em Jeru-

Suicídio, um equívoco etambém um flagelo da alma

ção, pode-se dizer que o suicida so-fre de egoísmo agudo. Tão envoltose encontra em seus próprios proble-mas que nada que não diga respeitoa si mesmo lhe interessa. Assim, aopraticar o ato, não se importa comas consequências, com aqueles quecompartilham com ele programasreencarnatórios que se cruzam, comos compromissos assumidos comterceiros, com a desestruturação dasrelações que dependem dele comoser atuante e comprometido com asleis da vida.

O suicida sofre uma espécie deinflamação aguda de seu orgulhoferido e, por causa disso, arroja-secontra todas as leis morais, destru-indo seu corpo físico, seu perispíritoe seus compromissos com os outrose com Deus. O modo como se pro-cessa a morte do corpo físico é en-gendrado e acompanhado por um atoda vontade, de um ato mental. Amente rege a manifestação das cria-turas. Desse modo, a forma particu-lar de provocar a destruição dos te-cidos vitais no suicídio tem reflexoautomático no corpo perispiritual,que se ressente de forma análoga,destruindo-se do mesmo modo ecom a mesma lesão praticada nesse

ato de vontade.Dessa forma, ao utilizar um cor-

rosivo fatal, o perispírito, pela ideiaplasmada pelo suicida, será lesiona-do da mesma forma e no mesmo lu-gar que o corpo físico. Se utilizaarma de fogo disparada contra o crâ-nio, o perispírito terá o cérebro dila-cerado da mesma maneira.

Emmanuel afirma que o suicidaprecisará de duas ou mais encarna-ções para reparar o tecido perispiri-tual da lesão que provocou, visto quesomente a reencarnação é capaz derealizar essa “cirurgia reparadora”Mas, além das expiações nas zonasumbralinas, ao reencarnar, dizem osEspíritos que é da Lei que o suicidaencontre, como provação na novavida, as mesmas situações secundá-rias, no mesmo período análogo àvida em que praticou o ato e que apa-rentemente causaram o suicídio.

A prevenção contra o suicídio sópode ser encontrada na convicção deque tudo o que ocorre na vida estáde acordo com a justiça e a bondadede Deus e na prática de atividadesque promovam o bem comum, quefaçam refletir sobre a necessidade decultivar laços sadios, e lançar o olharalém do personalismo destruidor.

Um minuto com Joanna de Ângelispetição e aplicando-o na condutaatravés da ação. Aumenta, a poucoe pouco, o tempo que lhe dediques,treinando o inquieto corcel mentale aquietando o corpo desacostuma-do. Sensações e continuados comi-chões que surgem, atende-os comcalma, a mente ligada à idéia cen-tral, até conseguires superá-los. Ameditação deve ser atenta, mas nãotensa, rígida. Concentra-te, assen-tado comodamente, não, porém, osuficiente para amolentar-te e con-duzir-te ao sono. Envida esforçospara vencer os desejos inferiores eas más inclinações. Escolhe um lu-

Ante a mediunidadesalém, não emerge uma voz paradefendê-lo das falsas acusações, peran-te a justiça.

Judas, que lhe conhece a intimida-de, não hesita em comprometer-lhe aobra, diante dos interesses inferiores.

Somente aqueles que modificaramas próprias vidas foram capazes de re-fleti-lo, na glória do apostolado.

Pedro, fraco, fez-se forte na fé, e,esquecendo a si mesmo, busca servi-loaté à morte.

Maria de Magdala, tresmalhada naobsessão, recupera o próprio equilíbrioe, apagando-se na humildade, conver-te-se em mensageira de esperança e res-surreição.

Joana de Cusa, amolecida no con-forto doméstico, olvida as conveniên-cias humanas e acompanha-lhe os pas-sos, sem vacilar no martírio.

Paulo de Tarso, o perseguidor, acei-ta-lhe a palavra amorosa e estende-lhea Boa-Nova em suprema renúncia.

Não detenhas, assim, qualquer ilu-são à frente dos fenômenos medianí-micos.

Encontrarás sempre, e por toda par-te, muitas pessoas beneficiadas e cren-tes, como testemunhas convencidas edeslumbradas diante deles; mas, ape-nas aquelas que transfiguram a si mes-mas, aperfeiçoando-se em bases de sa-crifício pela felicidade dos outros, con-seguem aprovei-tá-los no serviço cons-tante em louvor do bem.

JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Franco,é autora, entre outros livros, de Mo-mentos de Meditação, do qual foiextraído o texto acima.

gar asseado, agradável, se possível,que se te faça habitual, enriquecen-do-lhe a psicosfera com a qualida-de superior dos teus anelos. Reser-va-te uma hora calma, em que este-jas repousado. Invade o desconhe-cido país da tua mente, a princípioreflexionando sem censurar, nemjulgar, qual observador equilibradodiante de acontecimentos que nãopode evitar.

Respira, calmamente, sentindo oar que te abençoa a vida. Procura acompanhia de pessoas moralmentesadias e sábias, que te harmonizem.Dias haverá mais difíceis para oexercício. O treinamento, entretan-to, se responsabilizará pelos resul-tados eficazes. Não lutes contra ospensamentos. Conquista-os com pa-ciência. Tão natural se te tornará arealização que, diante de qualquerdesafio ou problema, serás condu-zido à idéia predominante em ti,portanto, a de tranqüilidade, dediscernimento.

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EMMANUEL, que foi o mentor es-piritual de Francisco Cândido Xavier ecoordenador da obra mediúnica do sau-doso médium mineiro, é autor, entreoutros livros, de Seara dos Médiuns,do qual foi extraído o texto acima.

O IMORTALABRIL/2009 PÁGINA 3

Há pessoas que invocam alapidar divisa de Kardec, na par-te referente à tolerância, aplican-do essa virtude no campo daspublicações de livros que estãosendo editados sem o menor cri-tério, tanto no que se refere aoconteúdo, quanto à forma.

É evidente que a recomenda-ção do Codificador se aplica aorelacionamento entre as pessoas.Nesse sentido, há inúmeras pá-ginas de benfeitores espirituais arecomendarem o exercício cons-tante dessa virtude no trato pes-soal. Tolerância para com pesso-as, não para com suas obras. So-bre estas, Kardec sempre exerci-tou o mais severo critério, reco-mendando se fizesse o mesmo,antes de se dar algo a público, emnome do Espiritismo.

Será que em nome da tolerân-cia deve-se publicar tudo o quevem por via mediúnica? Se nãohá oportunidade de análise, ondesituar a célebre recomendação doEspírito Erasto, contida em “OLivro dos Médiuns” (230)?: “Me-lhor é repelir dez verdades do queadmitir uma única falsidade, umasó teoria errônea.”?

E como aplicar o que Kardecrecomenda no mesmo livro(266)?: “Em se submetendo to-das as comunicações a um exa-me escrupuloso, em se lhes pers-crutando e anali-sando o pensa-mento e as expressões, como éde uso fazer-se quando se tratade julgar uma obra literária,rejeitan-do-se, sem hesitação,tudo o que peque contra a lógicae o bom senso, tudo o que des-minta o caráter do Espírito quese supõe ser o que se está mani-festando, leva-se o desânimo aosEspíritos mentirosos, que acabampor se retirar, uma vez fiquem

JOSÉ [email protected]

De Juiz de Fora, MG

bem convencidos de que nãologra-rão iludir. Repetimos: estemeio é único, mas é infalível, por-que não há comunicação má queresista a uma crítica rigorosa. Osbons Espíritos nunca se ofendemcom esta, pois que eles próprios aaconselham e porque nada têm quetemer do exame. Apenas os mausse formalizam e procuram evitá-lo,porque tudo têm a perder. Só comisso provam o que são”.

Ser tolerante é dar a público tudoo que se produz mediunicamente,

sem nenhum critério?

Continuando, o Codificadorcita recomendação do Espírito SãoLuís:

“Qualquer que seja a confian-ça legítima que vos inspi-rem osEspíritos que presidem aos vossostrabalhos, uma recomendação háque nunca será demais repetir e quedeveríeis ter presente sempre navossa lembrança, quando vosentregais aos vossos estudos: é ade pesar e meditar, é a de submeterao cadinho da razão mais severatodas as comunicações quereceberdes; é a de não deixardes depedir as explicações necessárias aformardes opinião segura, desdeque um ponto vos pareça suspeito,duvidoso ou obscuro”.

Mas, recentemente, em artigotranscrito n’ “O Espírita Mineiro”,o autor confunde a tolerância quese deve ter no trato entre os mem-bros da família espírita, com a au-sência de critério na seleção daqui-lo que é dado a público em nomedo Espiritismo: “Acontece que de-pois de um século e meio, vemosainda discussões e debates quedemonstram o nosso pouco conhe-cimento das obras básicas do Es-piritismo e dos princípios evangé-licos exarados nelas, principal-mente aqueles da união e da tole-rância recíprocas entre os que tra-balham na seara cristã”.

Tolerância

Labora em lamentável equívo-co o articulista, porque se aprendeno Evangelho: “Seja, porém, ovosso falar: Sim, sim; Não, não;porque o que passa disso é de pro-cedência maligna”. (2) E com Kar-dec aprende-se a refutar comuni-cações não condizentes com a es-trutura doutrinária do Espiritismo.

Será que ser tolerante é dar apúblico tudo o que se produz me-diunicamente, sem nenhum crité-rio? E aqueles que zelam pela coe-rência, pelo nível de linguagem,pela manutenção da nobreza e dadignidade do discurso espírita se-riam tachados de intolerantes e deinquisidores?

Examinar-se uma obra – emobediência ao que ensina Kardec– é um ato de lesa-fraternidade?

No artigo citado, o autor es-correga imperceptivelmente doscomentários sobre a tolerância in-terpessoal – imprescindível paraa boa convivência no trabalho es-pírita – para o campo perigoso daausência de critério a ser obser-vado em tudo o que é apresenta-do ao público em nome do Espi-ritismo, como se examinar umaobra – em obediência ao que en-sina Kardec – fosse um ato delesa-fraternidade.

O autor cobra conhecimentodas obras de Kardec, conforme ci-tado acima. Mas será que ele leu

as obras cuja divulgação ele defen-de?

Aprende-se com André Luiz,em “Missionários da Luz”, cap. 10,que para produzir-se uma materia-lização foi necessário o concursode vinte entidades espirituais, al-gumas de altas esferas. Entre osencarnados presentes na reunião,um havia ingerido bebida alcoóli-ca e teve de ser isolado. Entretan-to, num desses livros vendidos nalivraria da UEM,é afirmado queum Espírito, sem nenhum apoio,materializa-se tomando fluidos docadáver de um bêbado, sai materi-alizado pelas ruas de Uberaba, temuma entrevista com um médicopsiquiatra – espírita habituado atrabalhos mediúnicos –, sem queseja revelada a sua identidade nema condição de desencarnado, em-bora estivesse vestido como lhe erahabitual há mais de cem anos. Eessas entrevistas se teriam repeti-do por dias seguidos, tendo o mé-dico só ficado sabendo que conver-sara com um Espírito materializa-do depois de algum tempo, numareunião mediúnica, quando esseEspírito revelou sua identidadeatravés de um médium.

Seria de se perguntar ao articu-lista o que ele responderia a umapessoa que estivesse interessadaem conhecer a Doutrina, qual ocaso de materialização verdadeira:se esse do cemitério, ou o citadopor André Luiz, ou os outros, cita-dos por William Crookes, Aksakof,Bozzano e outros?

É irresponsabilidadepublicar tudo o que se recebe

do mundo espiritual, semuma análise criteriosa

Como responderia o articulistaa quem lhe perguntasse se o crité-rio, em relação ao aborto, que se lêem “O Livro dos Espíritos”, foimudado? Ali se aprende que só élícito no caso de o nascituro pôr em

risco a vida da mãe. Numa obravendida, na citada livraria, sãoacrescentadas mais duas situa-ções: em caso de anencefalia e deestupro, com a agravante de te-rem sido essas “revelações” atri-buídas a Chico Xavier desencar-nado.

Não teria sido prudente umexame prévio dessas contradi-ções, antes de se dar a públicoessas obras? Seria falta de tole-rância?

Será que isso está incluído naafirmativa do artigo: “Os mé-diuns e escritores que se julgampárias do movimento espírita es-tão com suas obras lá. Vasculheicom os olhos, as mãos e o cére-bro tentando perceber se haviauma lógica na organização dasprateleiras de livros à venda, al-gum indicativo de “seleção” ou“exclusão” das “obras polêmi-cas”, e não percebi nada. Tenteilocalizar um índex das obras deconteúdo espírita boas das pos-síveis indexadas (reprovadas),mas minha busca foi infrutífera,nada”.

A existência de uma lista delivros condenados, isso sim, se-ria algo inadmissível dentro doscritérios espíritas, seria, de fato,uma aberração. Kardec nuncaprocedeu assim. Mas, por outrolado, nunca publicou tudo o quese produzisse, sem um examecuidadoso, criterioso. Se estives-se encarnado, ficaria calado di-ante dessas revelações mirabo-lantes, atemorizadoras, desselinguajar rasteiro, desses ataquesao Movimento Espírita, tudo issoem nome da tolerância?

É necessário que vejamos alinha sutil que separa o absurdodo Index librorum Prohibitorumdessa desmedida irresponsabili-dade de se publicar tudo o que serecebe do mundo espiritual, semuma análise criteriosa, em nomeda tolerância.

“Trabalho, solidariedade e tolerância.” Allan Kardec

José Passini

O IMORTALPÁGINA 4 ABRIL/2009

De coração para coração

O assunto mais comentado noBrasil na primeira quinzena de mar-ço foi o caso da menina de 9 anosque, ao ser engravidada por um es-tupro cometido por seu padrasto,acabou sendo submetida ao chama-do aborto terapêutico, que se reali-za quando a gestação pode levar agestante à morte. A mãe da menina,por haver autorizado o abortamento,e os médicos que o realizaram fo-ram, em seguida, excomungados

pela Igreja, o que provocou protes-tos de todos os lados, inclusive doPresidente da República. (Leia napág. 5 desta edição o artigo “Osnovos excomungados”, em que oconfrade Milton R. Medran Morei-ra analisa o assunto.)

A justificativa médica foi postacom clareza para que todos soubes-sem que o abortamento foi realiza-do com o objetivo de preservar avida da gestante, visto que sua gra-

videz foi considerada de altíssimorisco em face da pouca idade da ga-rota e de não ter ela os órgãos per-feitamente formados para dar cursoà gestação de dois bebês.

Dúvidas apareceram em nossomeio questionando a posição espí-rita sobre o assunto, que foi exami-nado por Kardec na questão 359 de“O Livro dos Espíritos”, adiantetranscrita:

– Dado o caso que o nascimentoda criança pusesse em perigo a vidada mãe dela, haverá crime em sacri-ficar-se a primeira para salvar a se-gunda? “Preferível é se sacrifique oser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.”

O motivo de tal entendimento épor demais claro. Preservando-se avida da gestante, pode esta perfeita-mente engravidar de novo. Morren-do, não. E, em caso de falecimento,se do parto nascer alguma criança,esta dependerá do favor alheio parasobreviver, crescer e ser amparadaao longo da vida.

Esclareça-se, no entanto, que oabortamento em causa se justificoupelo risco que a continuidade da ges-tação imporia à gestante, e não pelaocorrência do estupro, embora emambos os casos a legislação brasi-leira considere legal o procedimen-to. Os motivos pelos quais vários

O caso da menina vitimada por um estuproASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected]

De Londrina

A confreira Efigênia escreveu-noso seguinte: “No Anuário Espírita de2006 lemos uma matéria segundo a qualKardec e Chico Xavier são a mesmapessoa. Que você pensa disso?”

Não acreditamos nessa informa-ção. Aliás, os renomados médiuns eoradores Divaldo Franco e Raul Tei-xeira também discordam de seme-lhante idéia, que, excetuada a opiniãoparticular de alguns confrades, comoAdelino da Silveira, tem como únicafonte o médium Carlos A. Baccelli.

Aproveitando o ensejo, é semprebom, a propósito dessa e de outrasidéias propaladas nas chamadas obrasmediúnicas, ter em mente a advertên-cia feita por Kardec na Revista Espí-rita de 1864 (págs. 68 e 69), em queo Codificador do Espiritismo afirmaque só a concordância universal podedar-lhes a consagração, pois nisso seencontra o único e verdadeiro con-trole do ensino dos Espíritos.

Um princípio, seja qual for, sóadquire autenticidade pela universa-lidade do ensinamento, isto é, porinstruções idênticas, dadas em todosos lugares, por médiuns estranhosuns aos outros, livres das mesmas in-fluências, isentos de obsessões e as-sistidos por Espíritos esclarecidos.

Assim é que foram controladasas diversas partes da doutrina formu-lada no Livro dos Espíritos e no Li-vro dos Médiuns. Sem essa concor-dância, quem poderia estar seguro deter a verdade?

Uma comunicação singular – istoé, não confirmada por outras fontes –deve, pois, aguardar o momento certode sua divulgação porque sua sançãovirá com o tempo e a concordânciauniversal, que é o critério adotado peloEspiritismo, sem se menosprezar tam-bém o valor da razão, da lógica e doraciocínio, recomendados igualmentepor Kardec, que inseriu em “O Livrodos Médiuns” a célebre advertênciafirmada pelo Espírito de Erasto: “Maisvale repelir dez verdades que admitiruma só mentira, uma só teoria falsa”.

Segundo outra fonte, para nósrespeitável, Chico Xavier viveu naépoca de Kardec e nem espírita foinaquela oportunidade. Essa fonte éo médium e excepcional palestranteespírita Armando Falconi Filho, deJuiz de Fora (MG), fundador e diri-gente da Fundação Espírita AllanKardec. Obviamente, com relação àsua informação temos de adotar omesmo critério, acima referido.

Com respeito às diferenças de tem-peramento e de estilo entre Kardec eChico, é bom que o leitor releia o quePaulo da Silva Neto e Dora Incontriescreveram e este jornal publicou opor-tunamente. Os artigos citados foramtambém publicados pela revista espíri-ta “O Consolador”, disponíveis nainternet nos endereços eletrônicos se-guintes: http://www.oconsolador.com.br/ano2/71/especial.html e http://www.oconsolador.com.br /42/especial.html.

O Espiritismo responde

autores espíritas se posicionam con-tra o aborto nas demais situações,excetuado o que se efetua para sal-var a vida da gestante, já foram ob-jeto de análise neste jornal, razãopela qual não vamos, neste momen-to, examiná-los.

Curiosamente, um confrade doRio de Janeiro criticou o entendimen-to espírita constante da referida ques-tão 359, que ele considera frágil equestionável. O argumento usado porele é o fato de que a frase “Preferívelé se sacrifique o ser que ainda nãoexiste a sacrificar-se o que já existe”,anotada por Kardec, seria ambígua econtraditória, visto que, comprovadaa gravidez, não só a mãe mas tam-bém o filho já existiriam. Se a vidase inicia na fecundação, como é en-sinado pelo Espiritismo, Kardec nãopoderia aceitar tal resposta, cabendoaos médicos salvar a ambos, mãe efilho, e não sacrificar um deles.

Embora devamos respeitar asopiniões de todas as pessoas, é pre-ciso convir que o confrade carioca,além de ter sido rigoroso em sua crí-tica a Kardec, equivocou-se em suascolocações. Ora, a vida de uma cri-ança realmente se inicia na concep-ção, mas só se completa com o nas-cimento, como ensinam os imortaisna questão 344 da mesma obra, adi-ante transcrita:

– Em que momento a alma seune ao corpo? “A união começa naconcepção, mas só é completa porocasião do nascimento. Desde o ins-tante da concepção, o Espírito de-signado para habitar certo corpo aeste se liga por um laço fluídico, quecada vez mais se vai apertando atéao instante em que a criança vê a luz.O grito, que o recém-nascido solta,anuncia que ela se conta no númerodos vivos e dos servos de Deus.”

Em caso de risco para a gestan-te, a opção de salvá-la, em detrimen-to da continuidade da gestação, éuma medida óbvia, visto que o serque existe, ou seja, o ser completo éa mãe, não o nascituro, que até mes-mo em face da legislação brasileirasó terá assegurados seus direitos senascer com vida.

Há situações em que a ciência mé-dica não tem nenhuma dúvida: se agestação continuar, a gestante morre-rá. Nesses casos, se os interessados ti-verem de fazer alguma opção, é claroque será preferível proteger a mulher,cuja morte, em muitos casos, pode acar-retar também a morte do filho agasa-lhado em seu ventre. Evidentemente,devem ser esgotados todos os recursospossíveis no intuito de preservar mãe efilho, mas são os limites estabelecidospela ciência médica que dirão, quantoao procedimento, a última palavra.

Na colocação pronominal, alémdas regras gramaticais aplicáveis acada caso, é preciso ter em contatambém a questão da eufonia, ouseja, a construção verbal deve soarbem aos nossos ouvidos.

É devido a isso que nas situa-ções abaixo impõe-se a próclise,nome que se dá à colocação do pro-nome átono antes do verbo:

• Frases que exprimem desejoou apresentam exclamação: Deuslhe pague. Bons ventos o levem.

• Gerúndio precedido do vocá-

Pílulas gramaticaisbulo “em”: Em se tratando de es-porte, João é uma negação.

• Conjunções coordenativas “nãosó”, “mas também”, “quer... quer”,“já... já”, “ou... ou”, “ora... ora”:Quer se demita, quer se esconda, eleserá processado. O velho governanteora se irritava, ora se queixava.

• Formas verbais proparoxíto-nas: Nós lhe perdoaríamos a falta.

• Pronome interrogativo: Quemlhe disse que não vamos?

*Uma curiosidade, que talvez mui-

tos ignorem, é que as conjunçõescoordenativas “mas”, “porém”,“contudo”, “todavia”, “e” e “portan-to” não atraem o pronome átono.

Assim, estão corretas as ora-ções abaixo:

• Francisco aparentemente nãose alterou, mas disse-lhe tudo o quequis dizer.

• Maria não falava nada, contu-do notei-lhe o semblante alterado.

• Ainda não recebi a resposta,portanto diga-lhe que continuo aesperar.

O IMORTALABRIL/2009 PÁGINA 5

Os novos excomungadosgo pensamento grego. Um de seusmais ilustres formuladores, um ho-landês chamado Hugo Grócio(1583-1645), ousou afirmar o Di-reito como algo inerente ao homeme não, necessariamente, provindodaquele Deus pessoal que regulavaa vida do indivíduo e da sociedade.Para escândalo de muitos, chegou adeclarar que o Direito Natural exis-tiria mesmo que Deus não existisseou que, existindo, não se envolves-se com as questões humanas. O Di-reito, a partir dali, começava a seemancipar da religião. O que nãosignificava, necessariamente, eman-cipar-se de Deus. Pelo menos paraaqueles capazes de percebê-lo naharmonia da natureza e na consci-ência do justo que repousa no ínti-mo do coração humano.

Começava ali a mais fantásticaaventura humana, com a qual, ali-ás, a religião nunca iria se concili-ar. Quando, nos dias de hoje, umpurpurado da Igreja declara exco-mungados médicos e pais de umacriança de nove anos de idade, porsubmeterem-na a um aborto, úni-ca forma reconhecida pela lei e amedicina de preservar sua vida esua dignidade, ele e a instituiçãoque representa dão clara demons-tração dessa radical inconformida-de. E dão, com isso, testemunho dotambém radical divórcio entre areligião e o ser humano. O Direitodo qual se dizem representantesdeixa de ser o Direito dos homense da natureza que os envolve. Mastambém não é o daquele Deus queo ser humano foi capaz de desco-brir nas leis naturais – e, logo, di-vinas – e na intimidade de sua pró-pria consciência.

Razão e sentimentos, conjuga-dos, geraram o novo homem. Estesó tem uma certeza: a de que a ver-dade absoluta lhe é inacessível. Esempre que, em nome da verda-de, lhe ameacem ou soneguem a

Você tem ideia do que signifi-cava para alguém, no Estadoteocrático, ser excomungado?Atente para a etimologia da pala-vra: excomunhão significa literal-mente ser retirado da comunhãocom os outros. Pois era isso mes-mo. O cristão excomungado per-dia inteiramente o direito de con-viver com quem quer que seja: coma sua família, com os seus amigos,com a Igreja e, pelo poder que to-dos reconheciam na autoridade re-ligiosa, com o próprio Deus.

Não podia haver maior desgra-ça. Aliás, aí está outra palavrinhaque talvez nos ajude a imaginar atragédia imposta a um excomunga-do: desgraça, literalmente, é a au-sência da graça. O sujeito excomun-gado perdia a graça, que era da al-çada divina. E, ora, se Deus o haviadesgraçado, afastando-o de Sua pre-sença, quem ousaria lhe oferecerqualquer forma de convivência?

Nesse tempo, a fonte do Direi-to era basicamente uma só: ele pro-vinha, dizia-se, diretamente deDeus. Seus intérpretes eram as au-toridades religiosas, que, afinal,ungidas de Deus, detinham, sóelas, a administração da verdade,que era sagrada, eterna e imutável.Por isso, também, o maior de to-dos os delitos era a descrença. Au-sência de fé, especialmente quan-do expressa concretamente pelapalavra ou a ação em desacordocom a verdade revelada por Deus– fonte absoluta do Direito –, seconstituía na ignomínia suprema,na mais vil desobediência. Passí-vel, pois, da excomunhão.

Depois, bem, depois o homemfoi iluminado pela concepção doDireito Natural, resgatada do anti-

liberdade e a dignidade conquis-tadas, reage com o que lhe restoude verdadeiramente sagrado nes-sa fantástica aventura: a sua con-dição humana.

Ela, a condição humana, per-cebe-se hoje, é a justa medida doDireito. Em seu nome, o ser hu-

mano já pode, sem qualquer temoràs suas terríveis sanções, exorcizaros antigos detentores da verdade,isolando-os em suas catedrais, paraque ali, e somente ali, cultuem suasverdades eternas e imutáveis. Éassim que, pouco a pouco, eles setornam estranhos à comunhão hu-

mana. Literalmente, excomunga-dos. Por opção própria.

O autor é Procurador de Justiçaaposentado e jornalista.

(Artigo publicado originalmen-te no jornal Zero Hora , de PortoAlegre, edição de 10/03/2009.)

Analfabetismo emocional

“Toda vez que a emoção des-ce ao estágio primevo, a sensaçãosobe à inteligência e a enlouque-ce...” Joanna de Ângelis (1)

Existem vários tipos e gradu-ações de analfabetismos... Cite-mos apenas três como exemplos:Existe o analfabetismo propria-mente dito, isto é, aquele que im-possibilita a criatura de ler e es-crever. Existe o analfabetismo fun-cional, no qual a criatura – embo-ra letrada – não possui a capaci-dade de interpretar e, consequen-temente, não logra aplicar, em seucotidiano, a essência dos ensina-mentos lidos. Existe o analfabe-tismo emocional, gerador de con-sequências mais desastrosas doque os dois tipos de analfabetis-mos citados inicialmente...

A incontinência emocionaltem gerado sofrimentos atrozespelo mundo, entre pessoas de to-das as faixas etárias e dos maisvariados níveis sociais.

O esfacelamento dos laços fa-miliares nos vórtices alucinantesda Vida hodierna tem colaboradoenormemente para a recrudescên-cia do egoísmo, tal como no-lo re-velaram os Espíritos Amigos (2).

No livro intitulado “Inteligên-cia Emocional”, lançado no Bra-sil pela Editora Objetiva, do Riode Janeiro, (www.objetiva.com.br),o Dr. Daniel Goleman, Phd pelaUniversidade de Harvard, nos en-riquece com informações valiosís-simas para fazer frente aos despau-

preferimos. Por maior que sejaesse período de dominação ne-gativa, cessará ao impositivo daevolução que jamais será detida.

Conveniente utilizar-se, des-de logo, dos antídotos poderosospara as paixões que desgovernamos homens e a época, e de que nosdão excelentes provas a químicado amor e a dinâmica da carida-de de que o Cristo Se fez para-digma por excelência...

Pequenos esforços somamresultados expressivos; migalhasreunidas formam volume respei-tável; átomos agregados consti-tuem forças atuantes e vivas: pe-queno esforço contra a ira, umamigalha de caridade logo mais,um átomo de amor que se dilata,e será formado o condicionamen-to para as arrancadas exitosascontra as grandes paixões aniqui-lantes que devem ser incessante-mente combatidas.

Um pensamento feliz, uma pa-lavra cortês, um gesto de carinho,um aperto de mão, e desabrochamos pródromos das paixões pela fra-ternidade e pelo Mundo Melhorque desde já está sendo construídopelos lutadores autênticos do Cris-to, espalhados em todos os cam-pos de atividade na Terra, esperan-do pela contribuição da boa von-tade de cada um de nós”.

Referências:(1) FRANCO, Divaldo Perei-

ra. Após a tempestade. 3 ed., Sal-vador: LEAL, 1974, capítulo 4.

(2) KARDEC, Allan. O Livrodos Espíritos. 83 ed., Rio de Ja-neiro: FEB, 1944, questão 775.

térios causados pela ignorância noâmbito das emoções. Não falece dú-vida que este é um livro indispensá-vel em nossa cabeceira, no qual po-demos nos abastecer de subsídios im-portantíssimos para bem administraro coração no mar encapelado dasprocelas emocionais.

Tem toda a razão, a queridaMentora Joanna de Ângelis ao afir-mar (1):

“(...) O ódio engendrando sórdi-das vinditas, a inveja trabalhandoinfelicidades, a cobiça atando amar-ras em volta dos passos, a cóleraespalhando a psicosfera destrutiva,a vaidade entorpecendo os sentimen-tos, a avareza enjaulando ideais, odesperdício arruinando o equilíbrioexpressam as paixões que anatema-tizam, perseguem e vitimam os queas agasalham, oferecendo amploacesso às tortuosas veredas do cri-me e das dissipações mais vis, nasquais o Espírito, aturdido pela ma-téria que o reveste, se compraz, re-tardando a liberdade que aspira,preso no estreito cárcere em que seenclausura moralmente”.

A nobre Mentora encerra o ca-pítulo (1) lecionando acerca deimportantes atitudes positivas eacenando-nos com superlativas es-peranças que se projetam para umfuturo risonho, futuro esse cujasbases podemos começar a construirdesde já.

AMAINANDO AS PROCE-LAS MORAIS

“(...) Todos estamos destinadosà imarcescível glória do Bem, quetriunfará, embora a demorada pre-sença do mal que elaboramos emnós mesmos para o suplício que

ROGÉRIO [email protected]

De Muriaé, MG

MILTON R. MEDRANMOREIRA

[email protected] Porto Alegre, RS

Além de circular com seu formato impresso, o jornal O Imor-tal pode ser visto também na internet, bastando para isso acessaro site www.oconsolador.com, em cuja página inicial há um linkque permite o acesso do leitor às últimas edições do jornal, semcusto algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve utilizareste e-mail: [email protected].

O IMORTALna internet

O IMORTALPÁGINA 6 ABRIL/2009

Divaldo Franco, o orador espírita mais co-nhecido no Brasil e renomado internacionalmen-te, proferiu mais uma de suas milhares confe-rências, desta vez em Londrina. O evento acon-teceu no último dia 9 de março no salão de fes-tas do Londrina Country Club, onde cerca de 2mil pessoas estiveram presentes lotando as de-pendências do local (fotos).

A palestra começou às 20h08 e durou pou-co mais de uma hora – precisamente 72 minu-tos. Emocionadas e satisfeitas, centenas depessoas passaram por Divaldo antes e depoisda conferência para tirar fotos e pedir que eleautografasse seus livros, ação essa que o mé-dium realizou tranquilamente e com bastantesenso de humor.

O tema da palestra foi saúde e qualidadede vida. “Quando perdoamos estamos adqui-rindo o bem-estar, quando perdoamos temospaz! Um dos maiores infortúnios do indivíduoé a culpa”, asseverou Divaldo. “O ser violentoé um covarde que procura alguém para des-carregar a sua pequenez. Perdoar não é estarde acordo nem dar razão, mas é não desenvol-ver ressentimento.”

No final da conferência, Divaldo destacoue lembrou mais uma vez a importância do amorna vida das pessoas. Segundo ele, amar é umgrande desafio, mas que é necessário que vi-vamos esse sentimento integralmente. “Amaraqueles com quem simpatizamos é muito fá-cil; precisamos amar sempre. A grande criseque abate o mundo neste momento não é a eco-nômica, mas a crise moral. Por isso amem sem-pre”, concluiu o orador. (Fernanda Borges,de Londrina.)

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

“Quando perdoamos, temos paz!”

Divaldo responde– Como deve posicionar-se

um casal espírita diante do diag-nóstico de anencefalia no filhoque se encontra na fase de gesta-ção?

Divaldo Franco – Espíritaou não, o casal que gera um fi-lho anencéfalo e cuja anomalia é

se ameaçada...Diversos anencéfalos, mesmo

diante dos prognósticos médicosde que não sobreviveriam ao nas-cimento, demoram-se despertan-do mais amor até o momento emque concluem o período de quenecessitam para a libertação.

(Extraído de entrevista concedida ao jornal O Imortal, publicada em maio de 2008.)

Divaldo Franco aborda saúde e qualidade de vida em palestra realizada peranteum público numeroso que lotou o salão de festas do Londrina Country Clube

detectada ainda na vida fetal, deveamar a esse Espírito que iráreencarnar-se com a problemáticaa que faz jus em razão de atos pra-ticados anteriormente e que lhemodelaram a forma atual. A vidafetal não pode ser interrompida,senão quando a gestante encontra-

Mesa que dirigiu os trabalhos da conferência

Aspecto geral do público que ouviu Divaldo

Divaldo cumprimenta Hugo antes da palestra em Londrina

O IMORTALABRIL/2009 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Amélia Rodrigues

Amélia A. do Sacramento Ro-drigues (26/05/1861 - 22/08/1926), filha de Félix Rodrigues ede Maria Roquelina Rodrigues, foiprofessora, teatróloga, poetisa,tradutora e conferencista, deixan-do uma grande contribuição lite-rária e cultural à História da Bahia.

Nascida na Fazenda Campos,da freguesia de Oliveira dosCampinhos, então pertencente aomunicípio baiano de Santo Amaro,atualmente município de AméliaRodrigues, desde a infância jámostrava sua elevada condição es-piritual, tendo começado a escre-ver os primeiros poemas em 1873,aos 12 anos.

A vida dessa extraordináriamulher e seu esforço em atingirseus ideais produziram muitos ad-miradores na época. Sua vocaçãopara o magistério era inata. Em1878, foi para Escola de Magisté-rio. Formada, classificou-se emprimeiro lugar em concurso públi-co para professora. A par disso, co-meçou a lecionar no Arraial daLapa. Num tempo em que os pro-fessores eram “mestres-escolas”,ou seja, praticamente inexistiamos colégios, atuando cada mestrena formação elementar dos alunos,revelou Amélia Rodrigues suavocação para o magistério.

Posteriormente lecionou emSanto Amaro da Purificação poroito anos consecutivos. Em 1879,ela iniciou publicações de textosem periódicos. Em 1891 foitransferida para Salvador e lotadana Escola Central do Bairro San-to Antônio. Um de seus alunos,

adolescente ainda, em 1905, foi se-lecionado para lecionar inglês pelosistema do filósofo Spencer. AméliaRodrigues não só o ajudou a com-preender o pensamento do filósofo,como complementou o seu apren-dizado dizendo: “O jovem precisade educação moral, que é o princí-pio fundamental da disciplina soci-al; sem apelar para o coração, edu-car é formar no homem as mais du-radouras forças da ordem social”. Opensamento de Amélia Rodrigues seidentificou com o pensamento deFénelon, contido em “O Evangelhosegundo o Espiritismo”: “Educar éformar homens de Bem, e não ape-

nas instruí-los”.Aposentada, não abdicou do

ideal de ensinar. Retornou ao ma-gistério de forma ainda mais mar-cante. Fundou o Instituto MaternalMaria Auxiliadora, que mais tardetransformou-se na “Ação dos Ex-postos”.

Dedicou-se ao jornalismocomo colaboradora das publicaçõesreligiosas “O Mensageiro da Fé”,“A Paladina” e “A Voz”. Escreveualgumas peças teatrais, entre asquais “Fausta” e “A Natividade”. Éautora dos poemas “ReligiosaClarisse” e “Bem me queres”. Pro-duziu ainda obras didáticas, litera-

Olhos castanhos, olhos azuis

Todo preconceito beira a irra-cionalidade, a ignorância e o ódio.Conceituar pessoas pelo seu aspec-to físico, classe sócioeconômica oucultural, implica em separar indi-víduos entre bons e maus, bonitose feios, superiores e inferiores, dis-criminando-os em bases irreais.

Quando uma criança expõe idéi-as preconceituosas provavelmenteestá refletindo a opinião de adultosque a cercam ou traz consigo con-ceitos próprios de experimentaçõesdas reencarnações passadas.

Certa vez uma professora deuma pequena escola interioranapreocupou-se em demonstrar oquanto é sofrida a discriminação,experienciando com seus alunosuma situação inédita.

Dividiu sua classe em dois gru-pos, os dos olhos azuis e os dosolhos castanhos. No primeiro diaas crianças de olhos azuis seriamos seres inferiores. No outro dia,os de olhos castanhos seriam os daclasse inferior.

O “dia da discriminação” foirepetido todos os anos, com outrasturmas, sempre com resultadosmuito semelhantes.

O preconceito é um sentimen-to que pode estar adormecido ouativo dentro de nós. Sendo ele umentrave para o nosso progresso es-piritual, devemos, através do au-toconhecimento, buscar suas raízese eliminá-lo antes que assuma pro-porções incontroláveis.

A reencarnação suprime todosos conceitos de castas, raças, naci-onalidade, discriminação por cau-sa do sexo, cor, etimologia etc.,pois poderemos reencarnar emqualquer situação neste ou em ou-tro planeta para aprendizado e evo-lução. Brian Weiss, pesquisadornorte-americano, afirmou certa vezque a maneira mais segura dereencarnarmos em determinada re-ligião, raça ou sexo é demonstrar-mos um profundo sentimentodiscriminatório em relação a ela.

Se quisermos viver em uma so-ciedade justa e fraterna devemoserradicar a chaga do preconceito,começando o trabalho dentro denós e do nosso lar.

lizes. Os olhos azuis exerciam seupapel de “superiores” felizes, mas,aparentemente, não se mostravamtão mesquinhos como os outros, tal-vez porque já haviam sentido na pelea discriminação no dia anterior.

No terceiro dia, ocorreu um de-bate entre a professora e seus alunoscom surpreendentes resultados. Al-guns relataram que, quando na clas-se inferior, sentiam-se realmente fei-os, sujos, incapazes, sem vontade deestudar. Outros, quando superiores,verdadeiramente achavam-se pode-rosos, acima do bem e do mal, compoderes de humilhar o próximo.

Após encerrar a brincadeira, sen-tiu-se um alívio entre todos. As crian-ças analisaram que nem a cor dosolhos, da pele, a religião que profes-sam, a classe social que pertençam, ouqualquer outro fator justificam a dis-criminação entre os seres ou indicama sua índole. Todos devem ser respei-tados e amados pelo que são e não peloque têm ou o que aparentam. Conclu-íram, também, que o preconceito é al-tamente pernicioso, pois contribui paracriar e agravar julgamentos preestabe-lecidos e provocar sofrimentos e do-res sem necessidade.

tura infantil e romance.Desencarnou em Salvador em

22 de agosto de 1926. Mas no Pla-no Espiritual, continuou seus traba-lhos esclarecedores e educativos,baseados principalmente no Evan-gelho de Jesus, fonte inspiradora desuas obras quando encarnada. En-controu na Espiritualidade, searainfinita da imortalidade, maior ex-pansão para seu espírito sequioso deconhecimento e faminto de amor,dando vazão aos anseios mais no-bres.

Aprofundou-se na mensagem deJesus e, na atualidade, participa dafalange de Joanna de Ângelis, men-

tora de Divaldo Pereira Franco.Assim é que, por intermédio dafaculdade mediúnica do abnega-do medianeiro, vem trazendo pá-ginas de beleza intraduzível, queabordam os mais variados assun-tos sobre o Evangelho, seu temapredileto, de onde extrai liçõesedificantes para aqueles que estãocansados e sobrecarregados, ne-cessitados de orientação e de con-solo.

O governo do estado da Bahia,através da lei nº 182, de 4 de abrilde 1990, criou o município de“Amélia Rodrigues”, em homena-gem à educadora.

Amélia Rodrigues

LUIS ROBERTO SCHOLL [email protected]

De Santo Ângelo, RS

Com a concordância de todos,que encararam aquilo como umabrincadeira, a professora ditou asregras do jogo: como os olhos cas-tanhos são superiores, eles terão al-gumas vantagens, como exclusivida-de no uso do bebedouro, ocuparãoos melhores lugares na classe, terãoum recreio maior, preferência nosbrinquedos do parque...

Sob o protesto dos olhos azuis,inferiores, os olhos castanhos disse-ram que, por serem “mais inteligen-tes, mais bonitos, mais saudáveis eespertos”, era justo esse privilégio.

Por volta do meio-dia, notava-senitidamente quem pertencia à “raçasuperior” e quem era da “raça inferi-or”. Amizades se desfizeram, as brin-cadeiras se tornaram segregacionistas,a tal ponto que as crianças de olhosazuis estavam abatidas e desanimadas.Tudo nelas demonstrava derrota. Asoutras aparentavam felicidade, supe-rioridade, apesar de sentirem-se assus-tadas com suas próprias atitudes emrelação aos seus “antigos amigos”.

No dia seguinte, conforme ocombinado, os papeis se inverteram.Os olhos castanhos, agora inferio-res, sentiam-se amargurados e infe-

“A instituição espírita deve se tornar uma comunidade educativa, pela própria natureza pedagógica da Doutrina”

Sandra Maria Borba Pereira(foto), atual presidente da Federa-ção Espírita do Estado do Rio Gran-de do Norte, nossa entrevistada dehoje, apresenta respostas muito ri-cas para os desafios da atualidade,especialmente no enfoque didático-pedagógico para transmissão doensino espírita em nossas institui-ções. Apresentando também umperfil do estado em que vive e suasexperiências pelo Brasil, Sandrapremia os leitores com sua lucideze bom senso, em respostas consis-tentes e motivadoras.

– Trace um perfil do estado doRio Grande do Norte em termosde Movimento Espírita. Quantosmunicípios e quantas instituiçõesespíritas há no estado?

O Movimento Espírita Poti-guar é um movimento vibrante,contando com experiências signi-ficativas e trabalhadores valorososde ontem e de hoje. O Espiritismochegou aqui ainda no século daCodificação e em 1875 tínhamosum jornal que circulava com onome O ESPÍRITA. Perseguiçõese preconceitos abortaram as pri-meiras instituições e hoje a casamais antiga é a Federação Espíritado Estado (FERN), que completa-rá 83 anos em abril próximo. Con-tamos atualmente com cerca de130 núcleos (incluindo pelo menos32 grupos familiares) distribuídosem 35 municípios dos 167 do es-tado. Temos, assim, um longo tra-balho pela frente e estamos tentan-do fazer a nossa parte. No RN te-mos 14 programas radiofônicos e3 televisivos, conferência estadu-al, congresso, seminários, jorna-das, simpósios, semanas espíritas,abrigos de idosos, creches e esco-las, atividades assistenciais juntoa famílias, trabalho com presidiá-rios, dentre outras atividades quevitalizam o movimento no estado.

– Qual a experiência mais mar-cante em sua presidência na FERN?

Em primeiro lugar diria que temsido uma honra estar à frente da Fe-deração Espírita do RN, desde abrilde 2003. A visão do movimento po-tiguar multifacetado em sua dinami-cidade, as especificidades locais, adedicação dos trabalhadores que en-frentam – sobretudo no interior doestado – o velho e cruel preconceitoreligioso, a criatividade de confra-des, a capacidade de lidar com pou-cos recursos humanos e financeiros,o trabalho em equipe, são apenas al-gumas das lições positivas que bus-camos compreender e interiorizar.Ao lado dessas lições, o esforço per-manente para aprender a lidar comos antigos e persistentes problemasdos relacionamentos humanos, o quetambém representa momentos deaprendizagem na conquista da autoi-luminação que devemos ter comometa. A experiência mais marcante,porém, é a criação de uma rede deafetos tanto no interior da FERNcomo no RN e em outras fronteiras,além da alegria de exercitar a liçãode servir e passar.

– Sua atuação com jovens e cri-anças, ao longo do tempo, levou-aa que conclusão nestes tempos dedificuldades sociais com essas fai-xas etárias e também levando-seem conta a realidade do movimen-to espírita nacional?

Não creio que o trabalho da evan-gelização infanto-juvenil, ao longodo tempo, tenha sido fácil ou semproblemas, em qualquer época. Dogrupo de jovens da Federação Espí-rita Pernambucana do qual partici-pei (nos anos 70), até onde sei, só eupermaneço atuante no MovimentoEspírita. O que devemos, acredito, éter clareza dos problemas da nossacontemporaneidade: imediatismo,individualismo, ética midiática, ins-tituições resistentes a qualquer mu-dança, famílias ausentes e despreo-cupadas com a educação moral dosfilhos, muito mais opções de lazer,dentre outros. Agora, se a tudo isso

ajuntarmos, por exemplo, uma prá-tica pedagógica evangelizadoradesinteressante, apática, tipo “ditan-do normas”, sem vida, sem proble-matização, sem abertura ao diálogo,sem conteúdo doutrinário norteador– teremos um problema sem tama-nho. Creio que o caminho está numesforço coletivo – pais, educadores,dirigentes espíritas – de identifica-ção de nossas responsabilidades(quais os nossos equívocos?) e naassunção de um compromisso com acausa da educação moral nossa e dasnovas gerações.

– Em sua opinião temos pre-parado devidamente nossos jovense crianças para o trabalho espíri-ta do futuro?

De modo geral, pela experiênciapessoal que vivo, creio que hoje ojovem tem mais espaço do que nopassado, no movimento espírita. Noentanto, tem ele também muitas ou-tras solicitações e, convenhamos,adquirir estabilidade social hoje émais difícil, sobretudo em face dasexigências da vida profissional. Umcurso de graduação não tem mais omesmo peso de algumas poucas dé-cadas atrás. Isso significa que o jo-vem, no meu entender, tem menostempo do que nós tivemos para sededicar à Doutrina e ao movimento,de modo geral. Essa é uma das ra-zões pelas quais temos que investirno jovem desde os primeiros mo-mentos, especialmente quanto aosaspectos doutrinários e aqueles vol-tados para as relações interpessoais.Não podemos nos descuidar, ainda,da formação específica para as tare-fas que deverá assumir (de acordocom o perfil exigido pela tarefa), semesquecermos a postura educacional:nem afastamento do jovem pelo ri-gor e desconfiança, nem paternalis-mo e o equívoco de que o jovem tudopode. Agradeço até hoje aos que medisseram “não” e me admoestaramcom carinho e respeito.

– O avanço da tecnologia e con-sequentemente a expressiva vincu-lação de nossos jovens e crianças

com jogos virtuais e internet difi-cultam o processo educativo dosvalores morais e mesmo da educa-ção espírita, em face da ainda ina-dequação de nossas instituições?

A evangelização espírita infanto-juvenil possui uma força extraordi-nária que é a mensagem lúcida eesclarecedora da Doutrina, com re-percussões na formação da persona-lidade integral e, sobretudo, na aqui-sição de valores. Acredito que hojetodos os processos educacionais –principalmente na escola e na famí-lia – enfrentam problemas que aindanão conseguimos compreender porse constituírem de múltiplas variá-veis, e isto permanece desafiandoestudiosos e pesquisadores do mun-do todo. Na evangelização não po-deria ser diferente. Existem, porém,caminhos que a experiência já mos-trou serem válidos: conteúdos signi-ficativos, abordagem metodológicacentrada na atividade da criança e dojovem a partir da problematizaçãodas temáticas, ambiente de amorosi-dade, articulação e diálogo com afamília, integração nas atividades daCasa. Esses caminhos exigem esfor-ço coletivo, formação pedagógicacontínua do evangelizador, planeja-mento participativo, criatividade, au-tocrítica para superar resistências,respeito para com tudo o que já foifeito, atitude de mudança, compro-misso com a tarefa, etc.

– Seu gosto pelo aspecto filo-sófico, ético e pedagógico da Dou-trina Espírita encontra eco na re-alidade do movimento espírita e naatuação de nossas casas espíritas?

Sem dúvida, o aspecto ético estásempre presente na atuação dos es-píritas e qualquer um que dele seafaste, qualquer que seja a atividadeque realize (dentro ou fora do Movi-mento), está fadado ao desequilíbrioe, consequentemente, ao comprome-timento moral e espiritual. A nossatradição cultural brasileira está mui-to impregnada de uma visão de filo-sofia mais como “orientação de vida”do que no sentido acadêmico, restri-

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to. No Movimento não é diferente.Temáticas mais evangélicas são asmais presentes e percebe-se certa re-sistência aos assuntos com enfoquesmais filosóficos ou científicos. Sem-pre que podemos, porém, sugerimosa inclusão de temas filosóficos e pe-dagógicos ou abordagens que pos-sam aglutinar essas áreas, buscandoo que a própria Doutrina nos propor-ciona: um conhecimento de totalida-de, integral, a ser abordado numa lin-guagem clara, com ilustrações, semerudição pedante.

– Como sensibilizar dirigentes,trabalhadores e mesmo pais e edu-cadores espíritas para a importân-cia e valorização desses aspectostão expressivos do Espiritismo?

Acreditamos que aqueles que sededicam ao estudo do Espiritismo emsua totalidade, que se sentem afina-dos com essas temáticas, podem co-laborar através dos meios de divul-gação doutrinária. Fizemos no dia 12de janeiro último um programaradiofônico da FERN (Estação daLuz) dedicado ao grande mestrePestalozzi (seu aniversário de nas-cimento) e agradou muito. Tambémtivemos oportunidade de gravar umprograma televisivo aqui em Natal(Caminhos de Luz) sobre Educaçãoe Espiritismo, com boa repercussão

inclusive fora das lides espiritistas.Temos realizado em muitas cidadesbrasileiras seminários sobre atemática pedagógica à luz do Espiri-tismo. Percebo que há um interesseque reclama mais investimento emeventos, processos formadores,mídia, etc. Cabe-nos, portanto, abor-dar esses aspectos, escrever e publi-car textos que possam contribuir paraa divulgação desses aspectos, esti-mulando confrades, em especial jo-vens, a pesquisar, estudar, discutir.Já temos contribuições significativasnesse sentido. Citaria as ediçõestemáticas da revista REENCARNA-ÇÃO, da Federação Espírita do RioGrande do Sul e a REVISTA PEDA-GÓGICA, do IDE (SP).

– E a experiência de palestran-te, pelo país, no contato com os es-píritas e instituições, traz-lhe quededuções sobre o entendimento daDoutrina Espírita e sua propaga-ção junto ao grande público seden-to de informações que procura oEspiritismo?

Tenho tido oportunidade de rea-lizar palestras para diferentes públi-cos, diferentes faixas etárias e níveisculturais, em eventos de grandeabrangência ou em casas espíritas depoucos frequentadores, na maioriados estados brasileiros. No entanto,

ORSON PETER [email protected]

De Matão, SP

o traço mais comum que identifico éa expectativa de uma mensagem di-ferente capaz de atingir mentes ecorações, insuflando esperança eencorajamento; de um discurso cla-ro, aberto e, ao mesmo tempo, eluci-dativo das velhas questões humanas.Considero, no entanto, que há algu-mas exigências importantes para obom trabalho da divulgação: oembasamento doutrinário (esclarecerde fato à luz da Doutrina Espírita)aliado a uma linguagem clara, “leve”,encorajadora, ilustrada de exemplosreais, respeitosa para com o pensa-mento divergente e, principalmente,para com o pensamento espírita. Es-clarecer e consolar, com o respeito eos argumentos sólidos que a Doutri-na Espírita nos oferece.

– Como foi sua aproximaçãocom a Doutrina Espírita?

Tive a felicidade de frequentardois núcleos de evangelização: na in-fância frequentei o Instituto EspíritaGabriel Delanne, em Recife, e na ado-lescência, a Federação EspíritaPernambucana. Integrei-me às tarefasde evangelização aos 15 anos comoauxiliar e aos 17 comecei na exposi-ção doutrinária, continuando a serevangelizadora. O contato desde cedocom a Doutrina Espírita, além do as-pecto ético-religioso, me estimulou àleitura e à busca de informações com-plementares e facilitadoras da ampli-ação dos conhecimentos gerais e dou-trinários que buscava.

– Como encarar a extensa lis-ta de temas polêmicos da socieda-de e mesmo dentro das paredes es-píritas, em face das consequênciasque tais desajustes têm trazido aosgrupamentos humanos?

Acreditamos que o objetivo daDoutrina Espírita é esclarecer e con-solar, inclusive sobre temas polêmi-cos. Para tanto, é imperioso “enca-rar” o estudo para que possamosapresentar o pensamento espírita eisso implica, muitas vezes, por parteda sociedade e até de muitos de nos-sos confrades, a necessidade de as-sumir responsabilidades e posturas

educativas que nem sempre interes-sam aos espíritos acostumados aoimediatismo e à permanência no ego-ísmo, no orgulho, no ódio, nos seuspontos de vistas pessoais. Buscar ascausas profundas das problemáticasindividuais e sociais, dialogar e co-nhecer experiências exitosas de su-peração e/ou minimização dessasproblemáticas, propor caminhos eexemplificar esforços são possibili-dades de contribuição do Movimen-to Espírita para a sociedade em ge-ral e para os espíritas em particular.

– E o progresso das ideias es-píritas na atualidade, como é vistopela sua experiência profissionalna universidade?

Por aqui ainda há muito precon-ceito no meio acadêmico em relaçãoao Espiritismo. Em outras localida-des, pelo que sei, muitas conquistasjá existem. Algumas vitórias podemser contabilizadas na área da pós-graduação, com trabalhos relevantes,verdadeiros “detonadores” dos pre-conceitos e tabus. Também na gra-duação, no curso de Ciências da Re-ligião, da Universidade Estadual doRN, por exemplo, já encontramos

algumas monografias tendo o Espi-ritismo como temática. As ideias es-píritas, porém, aí estão e, em face dapostura de respeito e serenidade dosespíritas, muitos de nós somos cha-mados a participar de eventos no in-terior das instituições superiores deensino. Há, no entanto, muito aindao que fazer, e a correta divulgaçãobem como a ocupação de alguns es-paços nos trarão frutos importantesno amanhã.

– Há uma maneira de sensibi-lizar mais a família espírita parao estudo e comprometimento coma proposta espírita?

A instituição espírita deve se tor-nar uma comunidade educativa, pelaprópria natureza pedagógica da Dou-trina. Obviamente que não lidamoscom processos invasivos na intimi-dade dos frequentadores das casasespíritas, mas podemos sensibilizaras famílias e os trabalhadores atra-vés das diversas atividades já desen-volvidas no interior das instituições,sem que nos sintamos inibidos debuscar novas práticas, respeitando obom senso que deve caracterizar nos-sos processos comunicativos e

interativos. Existe algo, porém, queprecisa urgentemente ser repensa-do entre nós: a casa espírita não éapenas o ponto de encontro de tra-balhadores mas a escola de almasde irmãos que necessitamos estrei-tar nossos laços de amizade, inclu-sive fora do espaço institucional.

– Algo mais que gostaria deacrescentar?

Gostaria apenas de agradecer aoportunidade que esta entrevista meproporcionou de refletir sobre mi-nhas próprias experiências e oquanto ainda temos que realizar nagrande Seara Espírita. Devo ao Es-piritismo o melhor que me aconte-ceu na presente existência e, tenhocerteza, por mais que fizer, não re-tribuirei o tanto de valores, ideais,conhecimentos e vivências propici-adores de uma ampla compreensãoda vida que a Doutrina me propor-cionou. Tomara que algumas des-sas ideias possam ir positivamenteao encontro de outras mentes e co-rações, pelo mundo da internet quetem proporcionado encontros dealmas que vibram na mesma emo-ção. Grata.

Entrevista: Sandra Borba

Livro de Sandra Borba é lançado durante aConferência Espírita realizada em Pinhais

Em março último os espíritasdo Paraná tiveram a rara oportuni-dade de ver reunidos em solo para-naense cinco expoentes da divul-gação da Doutrina Espírita: os ex-positores Divaldo Franco (Bahia),José Raul Teixeira (Rio de Janei-ro), Cosme Massi (Paraná), SandraBorba Pereira (Rio Grande do Nor-te) e Alberto Almeida (Pará), queestiveram em Pinhais, região me-tropolitana da capital paranaense,nos dias 13, 14 e 15 de março, aconvite da Federação Espírita doParaná, para participar da XI Con-ferência Estadual Espírita. (Leiasobre o evento a reportagempublicada na pág. 16 desta edição.)

Em sua exposição no evento,Sandra Borba iniciou a palestra so-bre o tema “Relações Pais e Filhos:Um Exercício de Amor e Cresci-mento”, recitando o “Poema Enjo-adinho”, de Vinícius de Moraes,dedicado aos filhos: “... Chupamgilete/Bebem shampoo/Ateiamfogo no quarteirão/Porém, que coi-sa/Que coisa louca/Que coisa lin-da/Que os filhos são!”. Em sua fala,ela destacou que é na família que apersonalidade se forja e a que luzda Doutrina Espírita nos auxilia acompreender melhor a função edu-cacional da família, laboratóriomoral para as experiências da evo-lução. (Da Redação)

Antes da Conferência, os expo-sitores fizeram-se presentes tambémem diversas regiões do Estado, ondeproferiram palestras organizadas pe-las Uniões Regionais Espíritas lo-cais, extensões da FEP. Assim é queSandra Borba proferiu palestras nodia 11 de março em Paranaguá e nodia 12 em Rio Negro.

Na noite de abertura da Confe-rência de Pinhais, o presidente daFederação Espírita do Paraná, Fran-cisco Ferraz Batista, noticiou a reto-mada da editoração de livros pelaFEP, que lançou na oportunidade olivro “Reflexões Pedagógicas à Luzdo Evangelho”, de autoria de SandraBorba Pereira.

Sandra Borba

O IMORTALPÁGINA 10 ABRIL/2009

Vivemos difícil período econô-mico, mercados em crise, bolsasem baixa, bancos quebrando e odesemprego rondando a vida demuita gente. Apenas para citar umexemplo, a Nissan, grande empre-sa do setor automobilístico, já de-mitiu cerca de 3.500 funcionáriosnos Estados Unidos, Japão e Eu-ropa.

A verdade é que a crise não veiocomo um furacão repentino paracausar caos na sociedade. Comotudo na vida segue padrões esta-belecidos pela natureza, com a cri-se não foi diferente. Ela veio de fi-ninho, entranhando-se em nossasvidas pelo exagero e consumismo,foi crescendo sem percebermos ehoje chega à idade adulta, firme,pujante e mal-educada, ameaçan-do seus pais, que, diga-se de pas-sagem, somos nós mesmos. Sim,fomos nós que plantamos esta cri-se mundial, nossas atitudes calca-das no alto consumo, no exagero ena busca pelo ter gerou toda estasituação em que hoje nos vemosenredados e na obrigação de solu-cionar.

A sociedade do consumo plan-tou a ilusão de que devemos tertudo de tudo, no entanto, natural-mente não temos poder aquisitivopara ter tudo de tudo. Produtos são

lançados no mercado e grande par-cela da população invade lojas detodos os segmentos para adquiriras novidades. E para que possamosser felizes e bem-sucedidos comoprega a sociedade do consumo, te-mos de comprar, por isso os crédi-tos são necessários. E fomos com-prando não com dinheiro, mas simcom créditos, que é um dinheirode “mentirinha”. Óbvio, com tan-to crédito fácil e a incansável ma-nia de exercitar o esporte do con-sumo, um dia as contas iriam ul-trapassar nossos ganhos e fatal-mente as dívidas bateriam em nos-sas portas. Natural, portanto, quepaguemos pelo que compramos.

Mas, diante da crise mundial –que alguns economistas e membrosdo governo teimam em afirmar quenão chegaram a terras tupiniquins–, os créditos foram escasseando.Há alguns meses víamos anúncios:“Compre seu carro sem entrada em99 meses”, hoje os meses estão re-duzindo-se juntamente com os cré-ditos na mesma medida em que osjuros aumentam.

Assistia dia desses à TV Sena-do e vi comentário do senadorCristovam Buarque acerca da cri-se e dos créditos: “O que ocorreufoi mesmo um freio para que pu-déssemos repensar nossas atitu-des, um absurdo financiamentos deaté 100 meses para compra de car-ros. Se a coisa continuasse comoestava, gostaria, sinceramente, de

saber onde colocaríamos todos es-ses automóveis”.

Notável o comentário do sena-dor. Acredito ser o momento de re-fletir de que não necessitamos detanto assim para viver. Nesse par-ticular há ainda importante ponto:a natureza que tanto nos concedeuestá fatigada, chegou finalmente omomento de preservá-la um pou-co mais; necessitamos, pois, vol-tar nossos olhos para a reciclagem,de modo que retiremos da nature-za somente o necessário do neces-sário. A crise é, portanto, momen-to de exercitar a criatividade e re-ver alguns valores.

Mas como sou muito curioso egosto de brincar com a imagina-ção, não raro me pego pensandocomo determinado personagemque transitou pelo nosso planetareagiria diante desta ou daquelasituação. Por exemplo, qual seriaa postura de Kardec se estivesseencarnado nos dias de hoje em re-lação à crise econômica mundial.Quais seriam suas palavras, suasiniciativas. Será que o codificadorvivendo no Brasil financiaria umcarro para pagar em parcelas de até99 meses, ou não? Confesso queisso muito me intriga. Mas toman-do como base suas idéias e seu ide-al focado na educação da alma hu-mana, não é difícil prever quaisseriam suas opiniões que, em rea-lidade, já estão impressas em OLivro dos Espíritos, mais precisa-

mente na resposta à questão de nº713, em que os Espíritos afirmamque os prazeres têm o limite traça-do pela natureza, mas os homenschegam ao extremo e são punidospela sua própria volúpia.

A crise que se instala mundi-almente é um mecanismo para quenos eduquemos e aprendamos aviver com o necessário. Não crei-am os caros leitores que faço apo-logia à miséria, nada disso, é ape-nas um apelo ao bom senso. Cer-ca de 80 milhões de brasileirosestão endividados por conta dosabusos e do consumismo, a faci-lidade do crédito concedido pelobanco dá a falsa ilusão de altopoder aquisitivo. Há muito tem-po afirmam os economistas quecartão de crédito e limite bancá-rio são utilizados como comple-mento de renda, o que equivale adizer que não sabemos viver como que ganhamos e queremos sem-pre mais. Infelizmente ainda es-tagiamos na triste realidade de nãosaber viver com o salário que re-cebemos. Queremos sempre maise incorremos em abuso. Aliás, osaltos preços de alguns bens são

Cartão de crédito e Espiritismofruto da procura frenética queempreendemos por eles. Natural,quanto mais procuramos por umbem, mais valorizado ele estará e,consequentemente, mais alto seráseu preço.

É possível viver bem e confor-tavelmente, é sim possível aprovei-tar os benefícios da tecnologia semresvalar para o consumismo quetraz grandes prejuízos não somen-te à economia, mas também à eco-logia e ao meio ambiente. Buscara vida simples sem exageros é fun-damental para espantarmos toda equalquer crise, além de evitar co-branças e dores de cabeça. Não hánada mais estressante do que cor-rer atrás de dinheiro para cobrircheque. Afinal, nossos objetivosneste planeta são muito mais am-plos e abrangentes do que se afo-gar em juros, esbaldando-se nascompras com cartão de crédito. OEspiritismo ensina-nos, pois, a vi-ver com simplicidade, basta estu-darmos atentamente as questões deO Livro dos Espíritos que teremosuma notável aula de economia e or-çamento familiar.

Pensemos nisso.

Fé para vencer a insegurança

Muitas pessoas têm medo detudo: de doenças, de furacões, dasituação econômica com a criseamericana, enfim, de coisas quepodem nunca acontecer. É claroque entrar em pânico não resolve;o que nos compete fazer é tomaras precauções para evitar o quepode ser evitado, e jamais pensaro pior. Aliás, o psicólogo inglêsEngler apurou em uma pesquisaque apenas 2% das nossas preo-cupações são justas e merecem anossa atenção. Isto significa que98% das nossas preocupações nãotêm sentido, só servindo para so-brecarregar nossa mente.

A melhor coisa para manter-

dominado pelo medo do que pos-sa acontecer. Afasta de mim qual-quer pensamento de insegurança,pois confio no Teu Eterno Amorque a tudo preside e que tudo dei-xa acontecer para o nosso bem epara o nosso progresso espiritual.

Ajuda-me a encontrar a estradaluminosa do futuro que a Tua bon-dade reserva para mim, como com-pensação por todo o bem que eu fi-zer aos meus irmãos em humanida-de. E mesmo diante dos erros e dasfraquezas humanas, que semeiamtanta descrença e insegurança emnossos caminhos, não permitas, Se-nhor, que eu jamais perca a espe-rança na vitória do bem, pois tenhoa certeza de que o bem há de triun-far sobre o mal, queiram os homensou não, porque creio em ti, Senhor,e sei que essa é a Tua determinaçãopara sempre!”

mos o equilíbrio emocional dianteda vida é orarmos em favor de nósmesmos dirigindo-nos diretamenteao Pai Celestial, isto é, sem interme-diários, para vencermos a inseguran-ça, o medo e a ansiedade. Podemosafirmar que orar é um ato de fé, deconfiança na bondade de Deus e noSeu imenso amor para todos nós,pois Ele nos criou para sermos feli-zes. Portanto, fitemos o céu queDeus pintou de azul para sempre ter-mos esperança, o céu que quando anoite chega acende estrelas até oamanhecer, e oremos assim:

“Pai de Amor e Bondade, di-ante de Tua Misericórdia Infinita,rogo a luz do entendimento paraaceitar a Tua Vontade Soberana emqualquer circunstância da vida.Concede-me, Senhor, forças e co-ragem a fim de vencer as minhasdificuldades, e que eu jamais seja

GERSON SIMÕESMONTEIRO

[email protected] Rio de Janeiro

WELLINGTON [email protected]

De Bauru, SP

Ação e reação

Exercício prático da Lei deCausa e Efeito quando se enfati-za que não há “efeito sem causa,tudo tem uma razão de ser”, por-tanto, toda “ação gera reação nosentido contrário e com a mesmaintensidade”.

Interessante. Quando se ana-lisam essas máximas legais na-turais com mais vagar, observa-se que as pessoas não se repor-tam às qualidades morais e espi-rituais de quem as recebe.

Com tudo, no tocante aosefeitos, a qualidade da reação estádiretamente proporcional ao graude elevação moral e espiritual decada ser humano.

Há pessoas que vivem estres-sadas, no dizer popular: “com osnervos à flor da pele”. Basta umapalavra não muito bem colocada,uma brincadeira, um ingênuoapelido, uma discreta insinuação,um arremedo de desprezo etc.para influenciar negativamente opsiquismo delas, cujas reações e

consequências poderão ser im-previsíveis, causando, por vezes,danos irreparáveis nos sentimen-tos e abalando relacionamentos.

Para outras mais equilibradas,poderão as mesmas coisas passardespercebidas ou ser levadas parao campo sentimental de somenosimportância, sem provocar rea-ções que causem malefícios ouvenham abalar uma amizade.

Para evitar mágoas, constran-gimentos ou aborrecimentos, é debom alvitre que se vigie o pensa-mento e se administrem bem asemoções, evitando em tudo a pre-cipitação.

Nesse contexto, o melhor éevitar certas brincadeiras, ou en-tão que se saiba com quem e aque hora podemos brincar.

O ser humano sofre mutaçõespsíquicas de acordo com o que vê,ouve e aprende. Tudo isso vai in-fluenciar no que ele pensa, sentee deseja.

Agir com bom senso é a re-gra para se esperar uma reaçãoque jornadeie pelos mesmos pa-tamares da ação, e de preferên-cia, com qualidades edificantes.

PEDRO DE ALMEIDA [email protected]

De Campo Grande, MS

O IMORTALABRIL/2009 PÁGINA 11

Cambé – Todas as quartas-feiras,às 20h30, o Centro Espírita AllanKardec promove um ciclo de pa-lestras, com palestrantes especial-mente convidados.– O Centro Espírita Allan Kardecrealiza no dia 4 de abril o 10º En-contro Poético José Soares Cardo-so, evento que reúne grupos de es-píritas de casas de Cambé e regiãopara apresentarem atividades cul-turais e artísticas. Interessados emparticipar podem se inscrever. Ocontato pode ser feito pelos tele-fones (43) 3322-1355, 3254-3261ou 9998-0234, com Terezinha.– Será realizado no dia 5 de abril apromoção do “II Arroz Carreteiro”em benefício do Lar InfantilMarília Barbosa, entidade que há56 anos atende crianças e adoles-centes carentes em Cambé. Interes-sados poderão retirar uma porçãopor R$ 15 reais, das 11h30 às13h30, na sede do Lar, Rua Dina-marca, 1.288. Mais informaçõescom Fúlvia pelos telefones (43)3338-8557 ou 9991-7102.

Curitiba – Um seminário sobre“Aspectos Psicológicos nas Rela-ções Interpessoais” foi realizadono dia 29 de março, sob a coorde-nação de Márcio Cruz dos Santose Marcelo Garcia Kolling, na So-ciedade Espírita Leocádio JoséCorreia, na Rua Bocaiuva, 461,Santa Quitéria.

Londrina – O confrade DivaldoFranco iniciou no dia 9 de março, às20h, no Country Clube de Londrinauma série de conferências em cida-des do Paraná. (Leia na pág. 6 destaedição outras informações sobre apalestra de Divaldo em Londrina.)– O Grupo de Estudos EspíritasAbel Gomes (GEEAG) inicia nodia 2 de abril, quinta-feira, às 14h,no miniauditório do Centro Espí-rita Nosso Lar, o estudo metódicodo livro “A Caminho da Luz”, deEmmanuel, psicografado por Fran-cisco Cândido Xavier. O mesmoestudo é realizado na terça-feira,às 18h30, sob a direção de AstolfoO. de Oliveira Filho.

Dorotéia Silveira falará sobre“Bem aventurados os mansos”, às20h, no Centro Espírita Allan Kar-dec; e, por fim, dia 25, às 15h,Maria Eloiza Ferreira falará sobre“Limitações do Passe” na Comu-nhão Espírita Cristã de Londrina.– Começou no dia 28 de março, noCentro Espírita Meimei (Rua Iapó,130 – Vila Nova), mais um grupode Estudos da Doutrina Espírita. In-teressados podem comparecer nolocal todos os sábados, às 14h45,sem inscrição prévia. Mais informa-ções no telefone (43) 9987-8011.

Cascavel – O conselheiro da FEPAlan Robertson Archetti coordena-rá o seminário “Saúde Integral” nodia 4 de abril, na Sociedade Espí-rita Amor e Caridade. Serão abor-dadas a condição da energia vital,doença e doente, além da influên-cia do psiquismo no organismo eanálise das enfermidades da alma.

Paranavaí – Realizar-se-á no dia5 de abril, no Centro Espírita Fé,Amor e Caridade (Rua Guaporé,1.576), das 8h30 às 12h30, o se-minário “Pais e Evangelização:Desafio de Urgência”, sob a coor-denação do DIJ da FEP. Serãoabordados assuntos como a forma-ção do lar e missão dos pais, edu-cação à luz da Doutrina Espírita, oapoio indispensável dos pais natarefa da evangelização, além daação conjunta da família e Insti-tuição Espírita.

São José dos Pinhais – Realiza-seno dia 4 de abril, no Centro EspíritaCaminho do Evangelho, o seminá-rio “Jesus, Modelo e Guia na Co-municação Social”, que será coor-denado por Maria Helena Marcon.

– A União das Sociedades Espíritasde Londrina (USEL) promove emabril mais um Ciclo de Palestras nascasas espíritas adesas. Eis a progra-mação completa: dia 3, no “NossoLar”, às 20h, Antônio José Savianifalará sobre “O Excesso e Você”; nomesmo dia 3, no Centro EspíritaMaria de Nazaré, às 20h, Gilson LuizRibeiro falará sobre “Fora da Cari-dade não há Salvação”; dia 4, noCentro Espírita Casa Fabiano deCristo, às 15h, José Miguel Silveirafalará sobre “Que é o Espiritismo?”;no mesmo dia 4, no Centro EspíritaAmor e Caridade, às 20h, MarceloSeneda falará sobre “O Pensamen-to”; dia 5, no Centro Espírita Meimei(Rua Iapó, 130, Vila Nova), às 9h30,a palestra “O administrador infiel”,com Pedro Vanderlei Paulino; dia 10,às 20h, no Centro Espírita Aprendi-zes do Evangelho, a palestra “Bemaventurados os misericordiosos”,com Carlos Alberto Babugia; dia 14às 20h, Dogomar Ferraz dos Santosvai falar sobre “Nada por nada”, naSociedade de Divulgação EspíritaMaria de Nazaré; dia 16, às 19h50,Déia Walter abordará o tema “OConsolador prometido”, no Centrode Estudos Espirituais Vinha de Luz;dia 17, às 20h, Naudemar Nascimen-to falará sobre “Educar-se para apaz”, no Centro Espírita Caminho deDamasco; dia 18, às 10h, no NúcleoEspírita Benedita Fernandes, JonatasBeranger falará sobre “A felicidadenão é deste mundo”; às 15h, no Nú-cleo Espírita Hugo Gonçalves, JoséAntonio Vieira de Paula vai falarsobre “Temas doutrinários”, e às20h, no Centro Espírita Anita Borelade Oliveira, Edson Ronque falará so-bre o tema “Conversação”; dia 21,

Palestras, seminários e outros eventos

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

José Miguel (de pé) será um dospalestrantes do Ciclo promovido pela

USEL em Londrina

O IMORTALPÁGINA 12 ABRIL/2009

ELSA [email protected]

De Londres (Reino Unido)

Num desses belos dias de solquentinho de inverno londrino,estava eu com uma amiga rumandoa determinado endereço, para pro-ceder a um atendimento fraternofora da Casa Espírita. Pela neces-sidade que a situação se apresen-tava, resolvemos ir até à pessoa quenos solicitara.

Normalmente pede-se à pessoainteressada que vá à Casa Espíri-ta, ao Centro Espírita para melhor

ser atendida, já que é uma Escola,um Hospital de almas, um abrigode luz preparado para todos osatendimentos. Mas sabíamos queo amparo espiritual nos ofereciaoportunidade de ajudar uma vezmais.

Todo o preparo para o diálogofraterno e, de repente, ouve-se: NEM VEM QUE NÃO TEM!!! Era um dos membros da famíliaque estava nos informando que vi-via dizendo à moça para a qual es-távamos dando especial atenção,que ela deveria falar uma frase queele houvera lido na traseira de um

caminhão: “Nem vem que nãotem”. (Até parece pedaço de mú-sica, mas é um ditado popular.)

Havia naquela família simplesmuita falta de conhecimento dabeleza esclarecedora do Espiritis-mo. Eram pessoas que não tinhamreligiosidade, mas tinham medo deEspíritos. Tratavam até então a si-tuação como entendiam fosse amelhor maneira.

São poucos os que entendemque a mediunidade existe largamen-te. Que não é com uma simples fra-se que se comanda a situação ou semanda o Espírito embora.

Crônicas de Além-Mar

Nem vem que não tem!

ELSA ROSSI, escritora e pales-trante espírita brasileira radicada emLondres, é 2ª Secretária do Conse-lho Espírita Internacional, diretorado Departamento de Unificaçãopara os Países da Europa, organis-mo do Conselho Espírita Internaci-onal e secretária da British Unionof Spiritist Societies (BUSS).

Não pudemos deixar de acharinteressante e até cômico a formacomo ainda são vistos certos pro-blemas em famílias e o parco re-curso que muitas pessoas têm paralidar ou sanar problemas ou sabercomo conviver com eles, ou mes-mo contorná-los. Não é de nossaalçada julgar, nem levar soluçõesprontas, mas sim oferecer o quetivermos de melhor conosco.

Ao voltarmos de nossa tarefade amor, avaliamos o que levamose o que trouxemos. Com certezatrouxemos a “certeza de que deve-mos estar atentos e procurar falarcom o nosso próximo numa lingua-gem que ele possa entender me-lhor”. E que muitas vezes o abra-

ço falará mais do que mil palavras.Assim, mantenho na bolsa o

folder do Conselho Espírita Inter-nacional: CONHECA O ESPIRI-TISMO, para que o “NEM VEMQUE NÃO TEM” possa ser tradu-zido para “VEM QUE TEM” aju-da e esclarecimento na Casa Espí-rita.

Ultracrepidários

Perceber-se como viageiroem si mesmo, sabemos, não édado a todos.

Há pessoas instaladas, seden-tárias e que parecem desprezar asoportunidades dadas pelo tempo-espaço. São quase naturalmentealheias à aventura de sondar-se oumapear-se, pois ancoradas na ati-tude ultracrepidária (que supõecompreender o suficiente paraopinar e julgar sobre tudo), insen-síveis ao fato de que “não deve osapateiro julgar além da sandá-lia”. (*)

O desdém de tais indivíduospelas divisas e paisagens do simesmo faz muitas vezes que suatopografia se afirme soberba e,em consequência, está justifica-do um não-querer percorrer ou-tras direções e novidades, pois aeles bastam a plana superfícieplena de coisas. Nada procuramem si mesmos e por isso nuncaviajam, supondo as distânciasdesprezíveis. Assim, permane-cem sombreados pelas barreirasdo desconhecido, saturados pelasfendas que, no interior, obrigam-

aberto ao visível-invisível e emprocesso de autodiferenciaçãoporque trabalhada em “campo depresença” (Merleau-Ponty).

Não nos esqueçamos, porém,dos homens ultracrepidários...Segundo creem e julgam, elesapenas transitam no exterior deum mundo, pois o interior se tor-na fossilizado ou enrijecido. Nãotêm sonhos tais homens. Dor-mem como as pedras, ignorandosua abertura e profundidade e vi-vem sem viajar, alojados nos con-dicionamentos que amarram suasestórias e onde outros tudo apro-ximam, neles só é real a presen-ça de um mundo raso, circunscri-to pelos limites da sandália.

(*) Nota. A palavra ultracre-pidário é tecida por dois vocábu-los latinos de onde ela deriva -ultra crepidam, que significa, li-teralmente, “além da sandália”.Essas duas palavras fazem parteda famosa máxima latina Ne sutorultra crepidam [judicaret] (“nãodeve o sapateiro julgar além dasandália”). Para saber mais con-sulte o site de Cláudio Moreno:http://www.sualingua.com.br/[Vale a pena para os apreciadoresdas palavras...].

se à renúncia aos trânsitos, poisesquecidas sob a aparência daideia, cultivada pelo habitante-es-tranho, de supor ele saber-se portoda parte da casa...

Sim. A sólida unidade dessemundo estranho embaraça qual-quer movimento distinto e o indi-víduo sucumbe à rotina de habitarem um espaço que só lhe causasensações de fome, de sono, desexo ou oscilação entre sossego-desassossego, que lhe ressuma in-diferente. Ele vive voltado parafora e aprisionado pela ignorân-cia de si mesmo.

Nada mais controverso do queaveriguar lugares que sugerem, nointerior do campo, pontos impre-cisos, ou seja, uma atitude de“olhar bem”. Dito de modo diver-so: se próximo é o que está perto econhecido, é prudente afastar-sedas cercanias para buscar-se nosarredores de si mesmo as comuni-cações e passagens que revelariamcoexistências aparentemente não-articuladas: o fora e o dentro.

De fato! Dar passagem de si asi para, diante dessa presença-dan-çarina, recolher os traços de outrasconfigurações possíveis que exis-tem sob a máscara e sob a sombra,contudo em um terreno incerto,

EUGÊNIA PICKINA [email protected]

De LondrinaDor e dívidas

Trazendo angústia, desespero e pranto,Toda esta dor que me faz padecer

São dívidas que fiz, e eu sei quanto,Em vidas já vividas por meu ser.

Mas desse sofrimento a dor espantoAo procurar em tudo o bem fazer,

E um desconto no débito, portanto,É minha recompensa a receber.

Eu sei que é pela dor que se redime!Então, eu que sou réu de tanto crimeMe curvo humilde aos ditames da Lei.

Se coisas boas deixei de fazê-lasE as más que fiz, foi por não entendê-las,

Hoje não erro mais, porque eu já sei!

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

Além de circular com seu formato impresso, o jornal O Imortalpode ser visto também na internet, bastando para isso acessar o sitewww.oconsolador.com, em cuja página inicial há um link que permi-te o acesso do leitor às últimas edições do jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve utilizareste e-mail: [email protected].

O IMORTAL na internet

O IMORTALABRIL/2009 PÁGINA 13

“...A vingança é um indício cer-to do estado atrasado dos homensque a ela se entregam, e dos espíri-tos que podem ainda inspirá-la. Por-tanto, meus amigos, esse sentimen-to não deve jamais fazer vibrar ocoração de quem se diga e se afirmeespírita...” (“O Evangelho Segundoo Espiritismo”, Cap. XII)

Quanto mais analisamos os sen-timentos do ser humano, mais vemosque ainda levará um tempo para sair-mos da condição de Planeta de Pro-vas e Expiações e atingirmos o tãoalmejado estágio de Planeta de Re-generação. Mas estamos a caminho– a fase de mudanças se processa va-garosamente à medida que a huma-nidade progride.

A violência e sentimentos con-

trários ao amor estagiam por toda aparte, mas já mostra um progressoaquele que consegue racionalmentelutar contra as suas más tendências.

Esses dias tivemos a oportunida-de de presenciar essa gama de senti-mentos contrários ao amor ser tra-balhada pelo conhecimento. Bendi-ta a orientação do Espírito de Verda-de: “Espíritas, amai-vos, eis o pri-meiro mandamento, instruí-vos, eiso segundo”.

Estávamos num Centro Espíritaem Londrina, num grupo de estudodo Evangelho Segundo o Espiritismo,quando, segundo a proposta vigentenesse estudo, a pessoa tem que se co-locar dentro da página do Evangelholida e avaliar-se no íntimo comovivencia na alma o ensinamento.

As pessoas realmente colocamsuas emoções. Funciona quase comouma terapia de grupo, e ficamos im-pressionados com as dificuldades in-

teriores que revelam ter e a belezado modo honesto que colocam isso,quase como os cristãos primitivos“se confessando uns com os outros”.

A página do dia foi “A vingan-ça”, e cada um colocou sua dificul-dade, a luta que trava para melho-rar.

Um depoimento chamou nossaatenção, porque rimos muito com ele.Mas, ao mesmo tempo, mostra a lutaprofunda do ser contra si mesmo. Pe-dimos permissão para colocar essedepoimento aqui no Jornal, omitin-do o nome de nosso amigo em ques-tão. Afinal, ele teve a humildade de,perante todos, contar a história.

Disse ele que, num dia chuvoso,foi à Feira da Lua (de sete em setedias), próxima ao Zerão (área delazer e esporte), em Londrina, ecomprou, numa banca, um guarda-chuva por 10 reais. Quando abriu oguarda-chuva e saiu, à medida quecaminhava, a água ia entrando peloguarda-chuva, de modo que eleachou que estava se molhando maiscom o guarda-chuva do que sem ele.Voltou à banca e devolveu o guar-da-chuva, dizendo que não estavabom e pedindo a devolução do di-nheiro. O dono da banca, muito alto,levantou-se e rispidamente disse aele que ele tinha comprado e estavacomprado, que não havia devoluçãodo dinheiro e nem troca de merca-doria.

Ele se sentiu humilhado com otrato e pelo modo como as pessoasao redor olhavam. Saiu dali sem oguarda-chuva, mas com a raiva “ru-minando” em sua cabeça. “Aqueleitaliano me paga”, pensou ele.

Não sossegou enquanto não des-cobriu qual era o carro do italianoda banca. Achou um menino, des-ses que ficam nas proximidades des-sas feiras e lhe disse: “Menino, eute dou quarenta reais para você fu-rar os quatro pneus desse carro.”

Enquanto ele foi buscar os pre-gos, pois morava ali perto, ele pen-sou: “Meu Deus, o que é isso queestou querendo fazer? Eu, espírita,trabalhador, voluntário, agindo as-sim? Que vergonha, meu Deus!”

Voltou a trás e disse ao menino:“Toma aqui cinco reais para você es-quecer a história toda”.

Foi o cair em si, quando o co-nhecimento o ajudou a combater osentimento negativo que seassenhoreou dele. Mas a história nãoacaba aí.

A indignação que ele estava sen-tindo com a atitude do italiano nãopassava. Aquilo o ficava perseguin-do de tal modo que, duas semanasapós, ele pensou: “O jeito é ir falarcom esse italiano.”

Foi de novo à Feira da Lua. Che-gando perto do italiano, este o reco-nheceu e já se pôs na defensiva.

O nosso confrade lhe disse:

Necessário desculparJANE MARTINS VILELA

[email protected] Cambé

“Olhe, meu irmão, estou aqui por-que estou incomodado todos essesdias com o que aconteceu. Vim aquipara nos reconciliar-mos e deixaressa história para trás. Queria pedirdesculpas ao senhor por causa doguarda-chuva, e pedir que o senhorme dê um abraço e que façamos aspazes.”

O italiano ficou surpreso e es-tendeu-lhe a mão, apertando. Apósisso, disse-lhe, apontando a banca:“Agora o senhor pode escolher oguarda-chuva que quiser.”

Ele respondeu que não tinha idoali por aquele motivo – “Mas eu façoquestão”, disse o italiano, pegandolá uma sombrinha.

Ele acabou saindo levando a som-brinha, que sua esposa usa até hoje. Eele e o italiano ficaram amigos.

Nós rimos muito com o modocomo ele contou a história. Aindabem que o bom senso prevaleceu.Mais vale a reconciliação e o per-dão do que ódio e vingança.

Essa lição é preciosa porquepode acontecer com qualquer um, sedesavisado, num momento de cóle-ra contra alguém.

Tenhamos em mente sempre aslições do Evangelho para não nosdeixarmos cair num momento deinvigilância, porque o orgulho ain-da assedia muito as criaturas nascondições em que nos encontramosnessa nossa Terra.

Histórias que nos ensinam

Em meados do século passado,um judeu-americano, Schölen-Ash,escreveu, de forma bastante inspira-da, uma série de livros sobre a vidados tempos de Jesus. Entre eles, “Je-sus”, “Paulo, O apóstolo” e “Maria”.No livro “Maria”, ele narra o queteria sido a vida de Jesus na sua ado-lescência até iniciar seu messianato.Em determinado momento da obra,narra o iluminado encontro entre umLeproso, que procurava o Messias,com Maria, a mãe de Jesus.

Tentaremos aqui lembrar, o maisfielmente possível, esse maravilho-so trecho da história.

Desde que Jesus partira, em todoanoitecer Maria cumpria seu mesmoritual. Ia até a varanda, colocava umacandeia acesa, e se recolhia para re-pousar, na esperança de reencontrarseu filho amado, e matar a saudade quea corroía. Certa noite, escutou um ba-rulho, como de sinos, e ao abrir a por-ta deparou-se com um vulto há algunsmetros de distância. Na penumbra dacandeia podia apenas visualizar suaspernas, e ver que estavam totalmenteulceradas. Era um leproso.

Tomada de comiseração, aco-lheu-o dentro de sua casa, pensousuas feridas, serviu-lhe um caldo eperguntou para onde ele ia. O enfer-mo respondeu que saíra das Geenas– depósito de lixo, na periferia deJerusalém, onde viviam escondidosos leprosos - e que buscava um pro-feta de Deus que diziam limpar asferidas de um imundo.

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

Maria emocionou-se e viu-o par-tir. Passados uns três dias, o fato serepetiu: o som da sineta, as pernasulceradas na penumbra... Fê-lo no-vamente entrar e, enquanto fazia oscurativos e lhe servia outro caldoquente, compadecida por vê-lo ain-da enfermo, concluiu que ele nãohavia encontrado seu filho. Mas,para sua surpresa, o doente estavatransformado, sorridente, irradiandoum atmosfera de felicidade inalcan-çável. Confirmou ter encontrado oMessias e ouvido sua mensagem devida eterna.

Disse: “Enquanto Ele falava,suas palavras conduziam uma vibra-ção tão sublime de esperança, quemais que a cura de meu corpo, vi queele havia curado meu espírito, poisacabara de arrancar de mim todas astristezas, todo o pessimismo, toda adesesperança.

Senhora, quando se aproximoude mim olhou-me com tamanha do-çura e piedade que senti-me diantedos céus e me joguei ao chão. Elelevantou-me e me perguntou o queeu desejava, e eu lhe respondi quenada, pois já estava curado. Ele mesorriu e disse: Então vá a teus irmãose conta tudo isso que ouvistes. Se eudeixasse que ele me curasse, comoconfortar meus irmãos que continu-ariam doentes!...”

E Maria sorriu e agradeceu aoPai a benção de ter o Messias comoseu filho.

Diz Allan Kardec, em “O Evan-gelho segundo o Espiritismo”, cap.V, item 13: “Conforme a maneira dever a vida, o homem pode abrandarou agravar os seus padecimentos”.

Crise econômica mundial

Ouvi, ou melhor dito, li algo so-bre a crise econômica mundial de1929, em 64, aos meus 22 anos deidade. Lia, na época, segundanista deHistória Natural, na Faculdade de Fi-losofia, Ciências e Letras da antigaUniversidade do então Estado daGuanabara, um livro onde era relata-da a dificuldade de Flemming emobter verbas do Governo Norte-Ame-ricano para ampliar suas pesquisassobre a penicilina, por ele descobertanaquele ano. Só depois da II Guerraé que o mundo conheceu o primeiroantibiótico. Em 44, minha mãe Maura(1923-1997) ficou curada de pneumo-nia graças a Belladona. Mas isto éoutra história de minha vida.

Ontem, 9 de fevereiro de 2009,depois das 23h, cansadíssimo, maispelo calor carioca do que de traba-lho, assisti ao presidente Obama, naprimeira entrevista à imprensa inter-nacional, através do Canal 40, Jor-nal das 10, pela TV News.

onde denunciava o que li em “A uto-pia ou a morte”, de René Dumont.Um norte-americano (ianque) médiogastava por ano mais com o seu ca-chorro do que o indiano. Tenho emcasa a Bibi, neta que Silvana nosdeu. Dois anos de idade e dois kg debagunça 30h por dia, Yorkshire no 0.Claro, damos-lhe comida, vacinas emuito amor. E ela só falta falar. (Eeu só me falta latir!) Mas, convenha-mos. Cão é cão. Gente é gente, em-bora o ex-ministro do Trabalho,Magri (Governo de Collor de Melo),tenha afirmado que cachorro é gen-te. É possível... para o veterinário,quem sabe?

Nos EUA há miséria, sim. Video Harlem, em Nova Iorque. Vide ocataclismo recente, assolando NovaOrleans. Mas lá há muito desperdí-cio, sustentado pelo resto da Huma-nidade. Termino com Jesus, o Mes-tre dos Mestres, a preconizar a sim-plicidade, ele mesmo nascendonuma simples manjedoura. Que mediz você, hein? (Caixa Postal 61003,Vila Militar, Rio de Janeiro, RJ, CEP21615-970.)

CELSO [email protected]

Do Rio de Janeiro

Nada entendo de Economia, cursoque a Neli, minha cara-metade, come-çou a fazer mas desistiu por ser justonoturno, na Faculdade de Economia damesma antiga Universidade. Foi em 63,e era mais ou menos materialista. Ca-tólica, não entendia, a então professo-ra primária da Escola Normal CarmelaDutra, como é que Deus é bom nummesmo lar nascendo uma criança per-feita e outra estropiada. No ano seguin-te, conhece o Espiritismo e tudo se ex-plicou com a reencarnação, aliás anun-ciada várias vezes por Jesus, sobretu-do com o seu diálogo com Nicodemos.

Nada entendo de Economia, em-bora Neli e meus filhos Celso eSilvana sejam econômicos, fugindodos cartões de crédito e do tal de che-que especial. Mas acho entender deBiologia, e já escrevi um livro sobreEcologia, ora em 8ª edição, premiadoem 73 pelo antigo Ministério da Edu-cação e Cultura, agora desatualizadopor ter dados sobre o que não existemais, como Floresta Amazônica eMata Atlântica.

Em 75 escrevi no Correio da La-voura (Nova Iguaçu, RJ) longo artigo

O IMORTALPÁGINA 14 ABRIL/2009

O Menino e oConsolodor Prometido

Há muito, muito tempo atrás,Deus, Criador do Universo e Paide todos nós, enviou Jesus ao nos-so planeta para instruir-nos nassuas Leis.

Em virtude da necessidade deprogresso, chegara o momento doshomens receberem novas orienta-ções.

Jesus nos falou, entre tantasoutras coisas no seu Evangelho,que pediria ao Pai e Ele, mais tar-de, mandaria outro Consolador,para nos instruir e ajudar, relem-brando tudo o que ele tinha dito eensinando muitas coisas mais.

Assim, tudo foi muito bem pre-parado.

Foi escolhido um espírito degrande elevação e competênciapara a missão de preparar a vindado Consolador.

Para que ele reencarnasse nomundo, aqueles que seriam seuspais eram espíritos elevados e ami-gos escolhidos para ajudá-lo, poiso grande missionário não poderianascer num lar qualquer.

Quando tudo estava preparado,o missionário nasceu no início doséculo 19, na França.

A chegada do bebê foi cercadade muita expectativa pela mamãeJeanne Louise e pelo papai Jean-Baptiste, que o receberam cheiosde amor e de atenções.

Por isso, desde pequenino, opai Jean-Baptiste já se preocupavacom o futuro do filho, escolhendoa escola para a qual o mandariaquando crescesse. Afinal, decidiu-se por uma que existia na Suíça,do notável educador Pestalozzi efamosa em todo o mundo.

Dessa forma, ao chegar a hora,apesar de família tradicionalmen-te católica, o menino foi mandadopara um país protestante, tornan-do-se um dos mais conhecidos dis-cípulos do mestre Pestalozzi.

Hippolyte Léon era uma crian-ça muito viva, inteligente, de raci-ocínio claro, que apreendia logo osmais difíceis ensinamentos. Alémdisso, era dotado de bom coração,caráter reto e bons princípios. Aosquatorze anos, pelas suas qualida-des, já substituía seu mestre, emmomentos de necessidade.

Concluindo seus estudos,Hippolyte Léon retornou à Fran-ça, dedicando-se a dar aulas e fa-zer traduções. Escreveu diversoslivros e fundou uma escola ondeeducava crianças e jovens para setornarem homens dignos e respei-táveis como ele. Casou-se comAmélie Boudet.

Era chegado o momento de ini-ciar sua tarefa.

Por essa época, o mundo se en-contrava agitado pelas manifesta-ções dos Espíritos, que queriammostrar sua presença, para a chega-da do Consolador à face do planeta.

O professor Rivail começou apesquisar o assunto e percebeu aimportância desses fenômenos.

Sempre disposto a aprender,aberto a novas ideias, logo se tor-nou um foco de luz para a socieda-de em que vivia. Pesquisou as ma-nifestações dos espíritos, comparoucom as comunicações que lhe man-daram de diversos países, selecio-nou por assunto, colocando tudo emordem e formando um corpo dedoutrina, a que deu o nome de Dou-trina Espírita, ou Espiritismo.

Percebeu a grandeza dessesconhecimentos que vinham doMundo Espiritual para esclareceros homens na Terra sobre a reali-dade da Verdadeira Vida mostran-

Olá, meu amiguinho!Estamos chegando na Páscoa! É

um dia muito feliz porque logo lem-bramos de presentes, de coelhinhose de ovos de chocolate!

Porém, a verdadeira Páscoa nãoé nada disso.

Você sabe o que representa aPáscoa?

Originalmente, a Páscoa é umafesta anual dos hebreus, que come-moram a saída do seu povo do ca-tiveiro no Egito.

Muito tempodepois, tornou-seuma festa anualdos cristãos, por-que foi exatamen-te na Páscoa ju-daica que Jesusfoi preso, julgadoe condenado amorrer na cruz,entre dois ladrões.Era sexta-feira.

No domingo,Maria Madalena e outras duas mu-lheres, levando aromas e ervas paraembalsamar o corpo de Jesus, fo-ram até o túmulo e o encontraramvazio. Depois, Maria Madalena viuJesus e conversou com ele, compre-endendo que ele tinha ressuscitado.

Então, em memória de Jesus,que retornou em espírito e verdadeapós a sua morte, os cristãos pas-saram a comemorar a Páscoa.

Esse fato, conhecido como aRessurreição de Jesus, é dos acon-tecimentos mais importantes e de-

Páscoa

Era um menino! Deram-lhe onome de Hippolyte Léon DenizardRivail.

Abraçados, os pais se debruça-vam sobre o berço e contemplavamembevecidos seu lindo filhinho, eo papai se perguntava: — Comoserá nosso bebê? O que será nossofilho quando crescer?

E a mamãe, terna e amorosa,respondia: — Não sei, querido.

Porém, sinto que ele será um ho-mem muito bom e vai ajudar mui-ta gente.

Naquela época, a educação erarara e existiam poucas escolas. Eranatural que o pai se preocupassecom o futuro do seu filho. Ele erajuiz de direito e vinha de uma fa-mília de pessoas inteligentes e cul-tas que valorizavam o conhecimen-to, a educação.

cisivos, pois representa a prova daimortalidade da alma, que o Cristotanto havia pregado.

Quanto ao costume de presen-tear com ovos, vem dos temposantigos, quando os pagãos celebra-vam a volta da primavera oferecen-do uns aos outros ovos de galinha,pintados de cores vivas, hábito queainda existe em certos países.

E o que é que o coelho tem comisso?

Muitos povos têm o coelho comosímbolo da fertili-dade, representan-do a renovação davida, assim comoo próprio ovo.

E os ovos dechocolate, tãogostosos?

Para incenti-var as vendas noperíodo que ante-cede à Páscoa, al-guém uniu o útil

ao agradável. Inventou os ovos dechocolate, que os comerciantes pas-saram a vender com grande sucesso.

Podemos ganhar e comer ovosde chocolate, sem culpa. Não po-demos nos esquecer, porém, de queo significado da Páscoa é muitoimportante para nós, cristãos.

Nesse domingo de Páscoa, en-tão, vamos nos lembrar de Jesus,agradecendo a ele pela sua vida,pelo exemplo que nos deixou e peloseu Evangelho, que é luz em nos-sas almas.

do-lhes: a existência de Deus, aimortalidade da alma, a comuni-cação entre os dois mundos, as vi-das sucessivas e a pluralidade dosmundos habitados. Assim, em 18de abril de 1857 publicou a obra“O Livro dos Espíritos” que con-tém toda a Doutrina Espírita, sobo pseudônimo de Allan Kardec.

Como Mensageiro de Jesus,viria para transformar o mundoauxiliado pelos Espíritos, levandoesclarecimento, consolação, fé eesperança a todas as criaturas.

Era o Consolador Prometidopor Jesus que, na época prevista,

chegara a Terra, trazendo um novosalto evolutivo.

Assim, nesse dia 18 de abril de2009, quando a Doutrina Espíritacompleta 152 anos, a nossa grati-dão eterna a Allan Kardec pelamissão que tão bem desempenhou.

Certamente aqueles que foramseus pais na última existência de-vem sentir-se felizes e realizados,gratos a Deus pelo filho, um dosgrandes homens da Humanidade detodos os tempos, luz que resplan-dece no infinito como estrela de bri-lho intenso que jamais se apagará.

Tia Célia

O IMORTALABRIL/2009 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1869 (4ª Parte)

Continuamos a publicar o textocondensado da Revista Espírita de1869, último ano em que esteve, atéa edição de abril, sob a responsabili-dade de Allan Kardec. As páginas ci-tadas referem-se à versão publicadapela Edicel.

*48. Diversas notícias recebidas da

Ilha Maurícia indicavam que o estadodessa infeliz região seguia exatamen-te as fases anunciadas nas Revistas dejulho de 1867 e novembro de 1868.Surgira agora um novo fato na ilha: ocorrespondente da Revista disse queprecisou cortar em seu jardim váriasárvores muito grandes provenientes daÍndia e chamadas multiplicantes. Es-sas árvores gozavam de reputaçãomuito má na região, porque dizem se-rem elas assombradas por maus Espí-ritos. A partir do corte, então, tornou-se quase impossível um dia de repou-so na casa. Batidas por todos os lados,portas que se abrem e fecham, suspi-ros, palavras confusas, móveis mexen-do-se – tudo isto passou a ocorrer, oque fez com que o correspondente pas-sasse a orar muito e a evocar os Espí-ritos perturbadores, que, no entanto, sórespondiam por injúrias e ameaças aosapelos da doutrinação. A reunião espí-rita realizava-se nessa época uma vezpor semana, mas era praticamente im-possível fazê-las, tais as traquinagense perturbações dos Espíritos, que, à ex-ceção de um deles, não puderam sermoralizados, dada a sua maldade edureza. Em face disso, as sessões es-píritas tiveram que ser suspensas e,mais tarde, transferidas para o jardim,onde a perturbação era menor do quedentro de casa. (Págs. 77 a 79)

49. A questão dos lugares assom-brados, diz Kardec, é um fato com-provado. Barulhos e perturbaçõescausados pelos Espíritos são coisasconhecidas. Mas teriam certas árvo-res, como as multiplicantes, um po-der atrativo particular? Levada a ques-tão à Sociedade Espírita de Paris, oEspírito de Clélie Duplantier transmi-tiu a 19-2-1869 as explicações que seseguem: I – Todas as lendas, por maisridículas que pareçam, repousamnuma base real, numa verdade incon-testável. II – As multiplicantes foram,sobretudo na Ilha Maurícia, e aindaeram, pontos indicados para as reuni-ões noturnas, porque, acomodadasjunto a seu tronco, as pessoas podemabrigar-se sob sua folhagem. III – Oshomens conservam, ao desencarnar,seus hábitos terrenos e muitos, por-tanto, continuam a reunir-se debaixo

dessas árvores. Eis por que há luga-res mais particularmente assombra-dos: os Espíritos que ali se reúnem jáos frequentavam em vida. IV – Asmultiplicantes não são, pois, mais pro-pícias à habitação dos Espíritos infe-riores do que outros lugares. A natu-reza do abrigo, seu aspecto lúgubre,nada tem que ver com isso; trata-sesimplesmente de uma questão de bem-estar. Desalojam-se dali os Espíritose eles se vingam. V – Como são ain-da muito atrasados e materializados,vingam-se materialmente, batendonas paredes, movendo objetos e coi-sas desse tipo. (Págs. 79 e 80)

50. Sob o título de: O Espiritismoante a Ciência, o Sr. Chevillard pro-nunciou em janeiro último uma confe-rência pública muito aguardada. O ora-dor limitou-se, no entanto, ao examede alguns fenômenos materiais, igno-rando por completo o que, em essên-cia, constitui o Espiritismo – a partefilosófica e moral – sem a qual o Espi-ritismo não estaria implantado em to-das as partes do mundo. Adversário doEspiritismo, o Sr. Chevillard não negaos fatos; ao contrário, eles os admite.Apenas os explica a seu modo, negan-do, evidentemente, a intervenção dosEspíritos. (Págs. 80 a 83)

A influência da música sobre aalma e sobre o seu progresso éreconhecida por todo o mundo

51. Comentando o caso, Kardecdiz que falar do Espiritismo, não im-porta em que sentido, “é fazer propa-ganda em seu proveito”. A experiên-cia prova a verdade dessa assertiva. Porisso, não há o que lamentar por causadas palavras proferidas pelo Sr.Chevillard. “Mais tarde, sem a menordúvida, vindo o momento oportuno, oEspiritismo também terá os seus ora-dores simpáticos”, asseverou o Codi-ficador. “Apenas lhes recomendare-mos que não caiam no erro dos adver-sários, isto é, que estudem a questão afundo, a fim de falar com perfeito co-nhecimento de causa.” (Págs. 83 e 84)

52. A música e as harmonias celes-tes são o tema de duas comunicaçõestransmitidas por Rossini em reuniõesrealizadas em janeiro de 1869 em Pa-ris, das quais extraímos resumidamen-te os conceitos que se seguem: I – Paraser músico não basta alinhar notas so-bre um pentagrama; assim só se conse-gue produzir ruídos agradáveis. Para daralma à música, para fazê-la chorar, rir,uivar, é preciso que ele próprio tenhaexperimentado esses diferentes senti-mentos, dores, alegria, cólera. II – A har-monia é difícil de definir e muitas ve-zes a confundem com a música, comos sons resultantes de um arranjo de no-tas e das vibrações dos instrumentos.

Mas a harmonia não é isto, como a cha-ma não é a luz. III – A chama resulta dacombinação de dois gases e é tangível.A luz que ela projeta é um efeito dessacombinação e é intangível, mas o efeitoé superior à causa. IV – Dá-se o mesmocom a harmonia, que resulta de um ar-ranjo musical e é um feito igualmentesuperior à causa. V – Pode-se concebera luz sem a chama e a harmonia sem amúsica. A harmonia é um sentido ínti-mo da alma e é percebida em razão dodesenvolvimento desse sentido. VI –Fora do mundo material, a luz e a har-monia são de essência divina. A harmo-nia do espaço é tão complexa e tem tan-tos graus, que muitos me são ocultos.VII – O Espírito produz efeitos musi-cais agindo sobre o éter e obtém os sonsque deseja. VIII – A harmonia, a ciênciae a virtude são as três grandes concep-ções do Espírito. A primeira o deslum-bra, a segunda o esclarece, a terceira oeleva. IX – A harmonia é, contudo, tãoindefinível quanto a felicidade, o medo,a cólera: é um sentimento, que não secompreende senão quando se possui, enão se possui senão quando se adquiriu.X – A música, que é a causa secundáriada harmonia percebida, penetra e trans-porta alguns, enquanto deixa outros fri-os e indiferentes. XI – Evidentemente,o homem que goza as delícias da har-monia é mais elevado, mais depuradoque aquele que ela não consegue pene-trar. Sua alma está mais apta para sentir,desprende-se mais facilmente da maté-ria e a harmonia a ajuda a desprender-se, de onde se conclui que a música éessencialmente moralizadora, desde queleva a harmonia às almas e a harmoniaas eleva e engrandece. XII – A influên-cia da música sobre a alma e sobre o seuprogresso é reconhecida por todo o mun-do. A razão dessa influência é que é ig-norada: a harmonia coloca a alma sob opoder um sentimento que a desmateria-liza. XIII – Se a música exerce uma in-fluência benéfica sobre a alma, a almaque a concebe exerce igualmente influ-ência sobre a música. É assim que a almavirtuosa, imbuída do sentimento do bem,do belo, do grande, e que adquiriu har-monia, produzirá obras-primas capazesde penetrar as almas mais encouraçadase comovê-las. XIV – Se o compositorestiver terra-a-terra, como expressará avirtude que desdenha, o belo que ignorae a grandeza que não compreende? Suascomposições serão o reflexo de seusgostos sensuais, de sua leviandade, desua despreocupação. XV – Moralizan-do as criaturas, o Espiritismo exerceráentão uma grande influência sobre a mú-sica, produzindo mais compositores vir-tuosos que comunicarão suas virtudesàs suas composições e aos que as ouvi-rem. XVI – O Espiritismo terá, ninguémduvide, grande influência sobre a músi-ca futura. Seu advento mudará a arte,

depurando-a. Como sua fonte é divina,tornar-se-á o ideal e o objetivo dos ar-tistas, que lhe pedirão suas inspirações.(Págs. 84 a 90)

Sob a forma intuitiva, cadaum está em relação com várias

influências espirituais, quepodem ser boas ou más

53. Mensagem assinada pelo Espí-rito de Halévy e dada em Paris no dia16-2-1869 encerra o número de março.Examinando o tema: A mediunidade ea inspiração, diz o comunicante: I – Amediunidade abarca a humanidade in-teira, como um feixe ao qual ninguémpode escapar. II – Não há um só homemque possa dizer: Não fui, não sou ou nãoserei médium. III – Sob a forma intuiti-va, cada um está em relação com váriasinfluências espirituais, que podem serboas ou más. IV – Quando o homemfaz mais do que ocupar-se de pequenosdetalhes de sua existência e quando setrata de trabalhos que veio realizar maisespecialmente, de provas decisivas quedeva suportar, ou de obras destinadas àinstrução e elevação gerais, a intuição –também chamada de voz da consciên-cia – não se limita aos conselhos, masatrai o Espírito para certos assuntos, pro-voca certos estudos e colabora na obra,fazendo ressoar certos compartimentoscerebrais pela inspiração. V – A obraserá, pois, coletiva, embora só um devaassiná-la. Mas que importa isso? A obrajamais é uma criação; é sempre uma des-coberta. Por muito tempo o músico ou-viu a cotovia e o rouxinol antes de in-ventar a música. VI – Sob este ponto devista, é-se médium de todos, é-se mé-dium da natureza, médium da verdade,e por vezes médium muito imperfeito,porque ela aparece de tal modo desfi-gurada pela tradução, que se tornairreconhecível. (Págs. 91 e 92)

54. Um aviso muito importante abreo número de abril de 1869: a partir de1o. de abril o escritório da Revista Espí-rita seria o mesmo da Livraria Espírita,na rua de Lille, no 7, onde seriam reali-zadas também as sessões da SociedadeEspírita de Paris O domicílio pessoal deKardec ficaria, a partir da mesma data,na Avenue et Villa Ségur, no 39, atrásdos Inválidos. (N.R.: Como já vimos, onúmero de abril foi escrito antes da de-sencarnação de Kardec, ocorrida a 31-3-1869.) (Pág. 95)

55. A criação da Livraria Espíritaé noticiada em seguida. Diz Kardecque o interesse cada vez maior que asideias espíritas tinham despertado in-dicou a necessidade de uma casa es-pecial para a concentração dos docu-mentos concernentes ao Espiritismo.Fora das obras fundamentais da dou-trina espírita havia um grande núme-ro de livros, antigos e modernos, úteis

ao complemento desses estudos e queeram ignorados do grande público.Foi visando preencher essa lacuna quese fundou a Livraria Espírita, uma em-presa de caráter não comercial, cria-da por uma sociedade de espíritas querenunciavam, pelo contrato que osliga, a toda especulação pessoal. Oslucros auferidos pela Livraria perten-ceriam à Caixa Geral do Espiritismo.(Págs. 95 e 96)

As comunicações recebidas dosEspíritos não são necessariamente

verdades infalíveis

56. A Revista reproduz do jornalSalut, de Nova Orléans, Estados Uni-dos, a declaração de princípios apro-vada na 5a. Convenção Nacional ouAssembleia dos delegados dos espí-ritas de diversas cidades dos EstadosUnidos. A declaração é composta de19 itens, dos quais destacamos, deforma resumida, os seguintes: I – Ohomem tem uma natureza espirituale uma natureza corporal; ele é, naverdade, um Espírito revestido de umaforma orgânica. II – O Espírito é imor-tal. III – Há um mundo ou estado es-piritual, com suas realidades objeti-vas e subjetivas. IV – A morte nãotransforma a constituição mental ouo caráter moral de nenhuma pessoa.V – A felicidade, tanto no estado es-piritual quanto neste, depende do ca-ráter, das aspirações e do grau de har-monia do indivíduo com a lei divina.VI – O crescimento, o desenvolvi-mento e a progressão são o destinoinfinito do espírito humano. VII – Omundo espiritual não está afastado denós, mas nos rodeia; por conseguinteestamos constantemente sob a vigilân-cia dos seres espirituais. VIII – Há noestado espiritual todos os graus decaracteres, desde o mais baixo ao maiselevado de desenvolvimento intelec-tual e moral. IX – Cada indivíduogravita em seu próprio lugar, por umalei natural de afinidade; o céu e o in-ferno, a felicidade e a infelicidade de-pendem antes dos sentimentos íntimosque das circunstâncias exteriores. X– As comunicações recebidas dos Es-píritos não são necessariamente ver-dades infalíveis. XI – Todos os seresangélicos ou demoníacos que se ma-nifestaram nos negócios dos homens,no passado, eram simples Espíritoshumanos desencarnados, em diversosgraus de progressão. XII – Os cha-mados milagres dos tempos passados,a cura das moléstias pela imposiçãodas mãos, a ressurreição dos que es-tavam aparentemente mortos etc. fo-ram produzidos em harmonia com asleis universais e podem repetir-se emtodos os tempos. (Págs. 96 a 99)(Continua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

O IMORTALPÁGINA 16

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Durante o período de 9 a 16 demarço a comunidade espírita teve aoportunidade ímpar de ver reunidos emsolo paranaense expoentes da atualida-de da divulgação da Doutrina Espírita.

Apesar da agenda sobrecarregadapelas atividades que se estendem alémdas fronteiras nacionais, os exposito-res Divaldo Franco (Bahia), José RaulTeixeira (Rio de Janeiro), CosmeMassi (Paraná), Sandra Borba Pereira(Rio Grande do Norte) e Alberto Al-meida (Pará) estiveram na capital pa-ranaense durante os dias 13, 14 e 15de março, a convite da Federação Es-pírita do Paraná – FEP, para participa-rem da XI Conferência Estadual Espí-rita, que teve como enfoque central otema Família (fotos).

Previamente à Conferência, osexpositores fizeram-se presentestambém em diversas regiões do Es-tado, onde proferiram palestras or-ganizadas pelas Uniões RegionaisEspíritas locais, extensões da FEP.

A jornada dos expositores teve iní-cio no dia 9 de março, com palestra deDivaldo Franco na cidade de Londri-na, seguindo o mesmo expositor no dia10 para palestra em Maringá, no dia11 em Francisco Beltrão e dia 12 emPato Branco. Após sua participação naConferência Estadual, Divaldo aindaproferiu no dia 16 de março palestrana cidade de Ponta Grossa.

Paralelamente, Raul Teixeira,proferiu palestras nas cidades deApucarana dia 10; em Paranavaí dia11, e em Campo Mourão dia 12, en-quanto que Sandra Borba proferiupalestras no dia 11 em Paranaguá edia 12 em Rio Negro.

Na abertura da ConferênciaDivaldo falou a um público

aproximado de oito mil pessoas

Incansáveis, os expositores reuni-ram-se na noite do dia 13 no Expotra-de, em Pinhais, região metropolitanade Curitiba, para a abertura da XI Con-ferência Estadual Espírita, que contouainda com a presença de representan-tes do Poder Executivo local e de di-versas instituições espíritas.

Na noite de abertura, o presiden-te da Federação Espírita do Paraná,

CLAUDIA ROJAS [email protected]

De Curitiba

Francisco Ferraz Batista, saudou o pú-blico presente, noticiando a retomadada editoração de livros pela FEP quelançou na ocasião os livros “ReflexõesPedagógicas à Luz do Evangelho”, deautoria de Sandra Borba Pereira; “Pac-to Áureo – A Vitória da Fraternidade”,de autoria da Federação Espírita doParaná; e “Centro Espírita - Tendên-cias e Tendenciosidades”, de CezarBraga Said.

O presidente da Federação EspíritaBrasileira (FEB) dirigiu também brevemensagem aos participantes do evento,seguindo-se a palestra de Divaldo Fran-co que falou a um público aproximadode oito mil pessoas sobre o tema “Vida:Desafios e Soluções”. Nessa oportuni-dade, recordou que a vida é o hálito deDeus convidando-nos a reflexões pro-fundas em torno do amor, enquanto quea temática central da Conferência, “Fa-mília”, convida-nos a reflexões em tor-no da vida. Viver é a proposta do Paicelestial, bem viver é a diretriz que de-vemos colocar em nosso caminho, agra-decendo a Deus a oportunidade da re-encarnação para esculpir lições de luzpara o futuro.

Seguindo a programação do even-to, Cosme Massi abordou na manhã

de sábado o tema “Primeiras Liçõesde Moral da Infância”, pontuando con-ceitos de ética e moral, embasando nasquestões 629 e 893 de O Livro dos Es-píritos e aprofundando no estudo dotexto publicado na Revista Espírita defevereiro de 1864, cujo título deunome à exposição, salientando que afamília é uma célula da sociedade e oque acontece nessa célula acontecerátambém na sociedade.

Os corpos dos filhos foram geradospelos corpos dos pais, mas suas

almas provêm de Deus

Sandra Borba, presidente da Fe-deração Espírita do Rio Grande doNorte, pedagoga, mestre em Filosofiae doutoranda em Educação, iniciousua exposição “Relações Pais e Filhos:Um Exercício de Amor e Crescimen-to”, recitando o “Poema Enjoadinho”,de Vinícius de Moraes, dedicado aosfilhos: “... Chupam gilete/Bebemshampoo/Ateiam fogo no quarteirão/Porém, que coisa/Que coisa louca/Quecoisa linda/Que os filhos são!”. Des-tacou que é na família que a persona-lidade se forja e a que luz da DoutrinaEspírita nos auxilia a compreender

melhor a função educacional da famí-lia, laboratório moral para as experi-ências da evolução.

“Transformando Nós em Laços:Como Qualificar as Relações Famili-ares” foi o título da exposição reali-zada por Alberto Almeida, médico atu-ante junto à AME-Pará. Recordandoo poema de Olavo Bilac, “Ora (direis)ouvir estrelas!”, introduziu o assuntoobservando que temos atração pelaluminosidade, pois somos claridade e,à medida que somos, descobrimos queo outro também é luz, e a claridade étão portentosa que temos saudades denós e nos debruçamos na chama, nafogueira, à procura do outro. Discor-reu ainda sobre a influência dos paissobre os filhos e a questão 208 de “OLivro dos Espíritos”, lembrando ain-da que seus corpos foram gerados porseus corpos mas suas almas provêmde Deus, como retratado por KhalilGibran em “O Profeta”.

A programação da tarde de sábadoteve seguimento com o seminário deDivaldo Franco acerca do tema “Cons-telação Familiar”, no qual traçou umavisão sobre a evolução histórica da edu-cação no mundo, findando por afirmarque a família é o elo de união em cujo

reduto doméstico construímos umasociedade feliz.

É preciso lembrar que temosa família que merecemos e

que nos é necessária

Discorrendo sobre o tema “Emtorno de uma Ética Familiar”, o ora-dor Raul Teixeira iniciou a conferên-cia da noite, destacando que a famí-lia é a primeira escola que Deus nosdeu, nos contatos familiares limamosas dificuldades recíprocas, salientan-do a importância de contextualizar-mos a família, entendendo-se porcontextualizar a análise do conjuntode fatos e circunstâncias que cercamdada ocorrência. E, para uma con-textualização salutar, há que buscarem Deus a inspiração, recordandoque temos a família que merecemose que nos é necessária.

Na manhã de domingo Raul Tei-xeira discorreu ainda sobre “UmaProposta de Educação Espírita”, en-fatizando mais uma vez a importân-cia da educação em família, passan-do-se logo depois à conclusão dostemas, momento em que cada umdos expositores proferiu suas consi-derações finais, registrando-se ain-da o destaque dado por Cosme Massiaos 150 anos da obra “O que é o Es-piritismo”, lançada em 1859.

Alberto Almeida observou quetodos temos limitações e competên-cias e ajustar-nos na caverna do laré o desafio, é o poder de nos darmosconta que o outro tem o necessáriode que podemos nos valer para onosso processo evolutivo.

Divaldo Franco comparou aalma a uma chama velada, quandocolocamos os santos olhos do amorela esplende, mas quando descuida-mos disso debilita-se, perde poten-cialidade, deixando de brilhar.

A Conferência foi encerrada commensagem de Bezerra de Menezes,por meio da psicofonia de DivaldoFranco, que a todos emocionou e en-volveu, acerca de tema tão urgente epalpitante - Família, cuja importân-cia é de forma clara retratada pelaDoutrina Espírita na questão 775 de“O Livro dos Espíritos”, citada emtodas as exposições do evento: “Qualseria, para a sociedade, o resultadodo relaxamento dos laços de família?- Uma recrudescência do egoísmo.”

Um sucesso a XI Conferência Estadual EspíritaCom participação de Sandra Borba, Alberto Almeida, Cosme Massi, Raul Teixeira e Divaldo Franco, que falou na abertura a um

público estimado em oito mil pessoas, o evento patrocinado pela Federação Espírita do Paraná cumpriu o que dele se esperava

ABRIL/2009

Abertura da Conferência Estadual Espírita Coral canta na Conferência Estadual Espírita

Flagrante da conferência de Raul Teixeira Momento dos autógrafos