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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 651 Maio de 2008 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas faz 150 anos Depois de publicar O Livro dos Espíritos, a primeira e mais impor- tante obra da Doutrina Espírita, Allan Kardec fundou em janeiro de 1858 a Revue Spirite e, três meses depois, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que ele dirigiu até o dia do seu falecimento. Considerada por Deolindo Amorim a primeira sociedade genuinamente espírita, a Socie- dade funcionou durante muitos anos na Passage Sainte-Anne (foto). Era um apartamento muito simples, com apenas 40 m2 de área, distribuída por quatro cômo- dos: dormitório, sala, banheiro e cozinha, onde fica a entrada prin- cipal. Conforme consta na página fi- nal da Revista Espírita de maio de 1858, Kardec deu ciência da cria- ção da Sociedade nos seguintes ter- mos: “Sociedade Parisiense de Es- tudos Espíritas. Fundada em Paris a 1 o de abril de 1858 e autorizada por portaria do Sr. Prefeito de Po- lícia, conforme o aviso de S. Ex. o Sr. Ministro do Interior e da Segu- rança Geral, em data de 13 de abril de 1858. Como dissemos, a Sociedade foi dirigida por Kardec até 31/3/ 1869, quando faleceu. Em face dis- so, foram nomeados como mem- bros de sua diretoria para o período 1869–1870 os srs. Levent, Malet, Canaguier, Ravan, Desliens, Delanne e Tailleur, incumbindo a presidência ao sr. Malet, que era, segundo o Sr. Levent, o candidato de preferência de Kardec. Pág. 16 Uma conversa especial com Divaldo Franco Com a permissão da direção da revista O Consolador publicamos neste número, na íntegra, a entre- vista que Divaldo Franco (foto) concedeu àquele periódico e foi por ele publicada na edição come- morativa de seu primeiro aniver- sário, no dia 13 de abril de 2008. Divaldo Franco, como dito naque- la oportunidade, foi um grande incentivador da criação da revista, que circula semanalmente na inter- net e já chegou a 64 países de to- dos os continentes do planeta. A entrevista, assinada por Mar- celo Borela de Oliveira, teve na sua elaboração a participação de dez pessoas, todas ligadas à equipe de redação e à direção de O Consola- dor. Os formuladores das pergun- tas foram os confrades José Passini, Ricardo Baesso de Oliveira, Arthur Bernardes de Oliveira, Jorge Hessen, José Carlos Munhoz Pin- to, Orson Peter Carrara e Astolfo O. de Oliveira Filho, todos residentes no Brasil, e as confreiras Elsa Rossi, Claudia Werdine e Katia Fabiana Fernandes, radicadas na Europa. Dividida em três blocos, a en- trevista trata de temas de natureza doutrinária, de questões e proble- mas da atualidade e de assuntos pertinentes especificamente ao movimento espírita. A entrevista compõe-se, ao todo, de 27 perguntas, das quais apresentamos os tópicos principais: O advento do mundo de re- generação: “É verdade, sim, que o advento do mundo de regenera- ção está próximo, mas não imedi- ato, e aqueles Espíritos que ainda se encontram em fase primitiva estão tendo a oportunidade de des- pertar para a realidade, dando con- A Revue Spirite há 140 anos . 15 Aiglon Fasolo ......................... 6 Clássicos do Espiritismo ......... 5 Crônicas de Além-Mar .......... 12 Divaldo responde .................... 5 Editorial .................................. 2 Emmanuel ............................... 2 Espiritismo para as crianças .. 14 Estudando as obras de André Luiz ............................ 12 Grandes vultos do Espiritismo ....................... 13 Joanna de Ângelis ................... 2 Momentos com Divaldo Franco ..................... 12 Palestras, seminários e outros eventos .................... 11 Os números da revista O Consolador Fundada em 18 de abril de 2007, a revista O Consolador co- memorou no mês passado seu pri- meiro aniversário com uma entre- vista especial concedida pelo con- frade Divaldo Franco. Na edição do dia do aniversário – 13 de abril de 2008 – foram divulgados os nú- comprovam que, no período men- cionado, foram efetuados 126.577 downloads de textos da revista e feitas 566.640 impressões de pá- ginas de O Consolador, que pode ser acessada, sem custo algum, no site www.oconsolador.com. Págs. 3 e 4 tinuidade ao processo evolutivo em outro planeta, caso não logrem fazê- lo aqui mesmo, qual ocorre periodi- camente com as grandes migrações de um para outro sistema, conforme ensina a Doutrina”. Existência de animais no pla- no espiritual: “O egrégio Codifi- cador do Espiritismo informa-nos que o período em que os animais se demoram na erraticidade é breve, logo retornando à reencarnação. Nada obstante, a mediunidade vem demonstrando que ocorrem períodos mais longos, conforme encontramos narrações nas obras ditadas pelo Espírito André Luiz ao venerando médium Francisco Cândido Xavier, assim como Charles à nobre médium Yvonne do Amaral Pereira. Essas informações não colidem com a pa- lavra do mestre de Lyon, porque o desdobramento dos estudos doutri- nários estava previsto por ele, am- pliando as informações contidas nas obras básicas. Recordo-me, por exemplo, de Sultão, o cão que acom- panhava o padre Germano, confor- me narrado nas Memórias do Padre Germano, de Amália Domingo Soler, e da vida de Dom Bosco, que era defendido por um cão, nas di- versas vezes em que atentaram con- tra a sua vida. Pessoalmente, já tive diversas experiências com animais, especialmente cães desencarnados, que permanecem na erraticidade desde há algum tempo”. Casamento entre homossexu- ais: “A questão é momentosa, em face das ocorrências desse gênero que não mais podem permanecer ignoradas pela sociedade. O ho- mossexualismo sempre esteve pre- sente no processo histórico, aceito em um período, noutro combatido, desprezado em uma ocasião e nou- tra ignorado, mas sempre presen- te... Penso que se trata de uma con- quista em relação aos direitos hu- manos a legalização de algo que permanecia à margem, dando lu- gar a situações graves e embara- çosas. Quanto à adoção de filhos, penso que, do ponto de vista psi- cológico, será gerado algum con- flito na prole em relação à imagem do pai ou da mãe, conforme o caso, que se apresentará confusa e perturbadora. O tempo demonstra- rá o acerto ou o equívoco de tal comportamento”. Atualização das obras de Kardec: “Creio que o pensamento do preclaro Codificador encontra- se firmado no seu bom senso e na percepção dos notáveis avanços que teriam a ciência e a tecnologia do futuro, conforme vem ocorren- do. Em razão disso propôs que, pelo menos uma vez em cada quar- to de século, fosse realizada uma atualização dos ensinamentos es- píritas. Nada obstante, também me pergunto como isso seria realiza- do, por exemplo, na atualidade, com tantas correntes dissonantes em nosso Movimento, pelo menos no Brasil...”. Págs. 7 a 10 meros alcançados pela publicação em 11 meses e meio de existência, ou seja, de 18/4/2007 a 31/3/2008, após 49 edições veiculadas. Havendo chegado a 64 diferen- tes países dos cinco continentes do globo, os registros da Locaweb, ad- ministradora do site da revista, Ainda nesta edição A Associação Coral Espírita Hugo Gonçalves, de Cambé, em pro- jeto patrocinado pelo Ministério da Cultura, realizará, com entrada fran- ca, quatro apresentações da peça te- atral “Brasil Coração do Mundo” nas datas e locais seguintes: dia 7 de maio de 2008, às 20h, no Teatro Zaqueu de Melo, em Londrina; no dia 30 de maio de 2008, às 20h, no Teatro de Alvorada do Sul; no dia 6 de junho de 2008, às 20h, em Cornélio Procópio e no dia 21 de junho de 2008, às 20h, no Teatro Municipal em Ibiporã. Pág. 11 Espíritas de Cambé levam peça ao teatro

O IMORTAL - oconsolador.com.br · pessoas, todas ligadas à equipe de redação e à direção de O Consola- ... movimento espírita. A entrevista compõe-se, ao todo, de 27 perguntas,

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 651 Maio de 2008 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

A Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas

faz 150 anosDepois de publicar O Livro dos

Espíritos, a primeira e mais impor-tante obra da Doutrina Espírita,Allan Kardec fundou em janeiro de1858 a Revue Spirite e, três mesesdepois, a Sociedade Parisiense deEstudos Espíritas, que ele dirigiuaté o dia do seu falecimento.

Considerada por DeolindoAmorim a primeira sociedadegenuinamente espírita, a Socie-dade funcionou durante muitosanos na Passage Sainte-Anne(foto). Era um apartamento muitosimples, com apenas 40 m2 deárea, distribuída por quatro cômo-dos: dormitório, sala, banheiro ecozinha, onde fica a entrada prin-cipal.

Conforme consta na página fi-nal da Revista Espírita de maio de1858, Kardec deu ciência da cria-ção da Sociedade nos seguintes ter-mos: “Sociedade Parisiense de Es-tudos Espíritas. Fundada em Parisa 1o de abril de 1858 e autorizadapor portaria do Sr. Prefeito de Po-lícia, conforme o aviso de S. Ex. oSr. Ministro do Interior e da Segu-

rança Geral, em data de 13 de abrilde 1858.

Como dissemos, a Sociedadefoi dirigida por Kardec até 31/3/1869, quando faleceu. Em face dis-so, foram nomeados como mem-bros de sua diretoria para o período1869–1870 os srs. Levent, Malet,Canaguier, Ravan, Desliens,Delanne e Tailleur, incumbindo apresidência ao sr. Malet, que era,segundo o Sr. Levent, o candidatode preferência de Kardec. Pág. 16

Uma conversa especial com Divaldo FrancoCom a permissão da direção da

revista O Consolador publicamosneste número, na íntegra, a entre-vista que Divaldo Franco (foto)concedeu àquele periódico e foipor ele publicada na edição come-morativa de seu primeiro aniver-sário, no dia 13 de abril de 2008.Divaldo Franco, como dito naque-la oportunidade, foi um grandeincentivador da criação da revista,que circula semanalmente na inter-net e já chegou a 64 países de to-dos os continentes do planeta.

A entrevista, assinada por Mar-celo Borela de Oliveira, teve na suaelaboração a participação de dezpessoas, todas ligadas à equipe deredação e à direção de O Consola-dor. Os formuladores das pergun-tas foram os confrades José Passini,Ricardo Baesso de Oliveira, ArthurBernardes de Oliveira, JorgeHessen, José Carlos Munhoz Pin-to, Orson Peter Carrara e Astolfo O.de Oliveira Filho, todos residentesno Brasil, e as confreiras Elsa Rossi,Claudia Werdine e Katia FabianaFernandes, radicadas na Europa.

Dividida em três blocos, a en-trevista trata de temas de naturezadoutrinária, de questões e proble-mas da atualidade e de assuntospertinentes especificamente aomovimento espírita.

A entrevista compõe-se, aotodo, de 27 perguntas, das quaisapresentamos os tópicos principais:

O advento do mundo de re-generação: “É verdade, sim, queo advento do mundo de regenera-ção está próximo, mas não imedi-ato, e aqueles Espíritos que aindase encontram em fase primitivaestão tendo a oportunidade de des-pertar para a realidade, dando con-

A Revue Spirite há 140 anos . 15Aiglon Fasolo ......................... 6Clássicos do Espiritismo ......... 5Crônicas de Além-Mar .......... 12Divaldo responde .................... 5Editorial .................................. 2Emmanuel ............................... 2Espiritismo para as crianças .. 14Estudando as obras deAndré Luiz ............................ 12Grandes vultosdo Espiritismo ....................... 13Joanna de Ângelis ................... 2Momentos comDivaldo Franco ..................... 12Palestras, semináriose outros eventos .................... 11

Os números da revista O ConsoladorFundada em 18 de abril de

2007, a revista O Consolador co-memorou no mês passado seu pri-meiro aniversário com uma entre-vista especial concedida pelo con-frade Divaldo Franco. Na ediçãodo dia do aniversário – 13 de abrilde 2008 – foram divulgados os nú-

comprovam que, no período men-cionado, foram efetuados 126.577downloads de textos da revista efeitas 566.640 impressões de pá-ginas de O Consolador, que podeser acessada, sem custo algum, nosite www.oconsolador.com. Págs.3 e 4

tinuidade ao processo evolutivo emoutro planeta, caso não logrem fazê-lo aqui mesmo, qual ocorre periodi-camente com as grandes migraçõesde um para outro sistema, conformeensina a Doutrina”.

Existência de animais no pla-no espiritual: “O egrégio Codifi-cador do Espiritismo informa-nosque o período em que os animais sedemoram na erraticidade é breve,logo retornando à reencarnação.Nada obstante, a mediunidade vemdemonstrando que ocorrem períodosmais longos, conforme encontramosnarrações nas obras ditadas peloEspírito André Luiz ao venerandomédium Francisco Cândido Xavier,assim como Charles à nobre médiumYvonne do Amaral Pereira. Essasinformações não colidem com a pa-lavra do mestre de Lyon, porque odesdobramento dos estudos doutri-nários estava previsto por ele, am-pliando as informações contidas nasobras básicas. Recordo-me, porexemplo, de Sultão, o cão que acom-panhava o padre Germano, confor-me narrado nas Memórias do PadreGermano, de Amália DomingoSoler, e da vida de Dom Bosco, queera defendido por um cão, nas di-versas vezes em que atentaram con-

tra a sua vida. Pessoalmente, já tivediversas experiências com animais,especialmente cães desencarnados,que permanecem na erraticidadedesde há algum tempo”.

Casamento entre homossexu-ais: “A questão é momentosa, emface das ocorrências desse gêneroque não mais podem permanecerignoradas pela sociedade. O ho-mossexualismo sempre esteve pre-sente no processo histórico, aceitoem um período, noutro combatido,desprezado em uma ocasião e nou-tra ignorado, mas sempre presen-te... Penso que se trata de uma con-quista em relação aos direitos hu-manos a legalização de algo quepermanecia à margem, dando lu-gar a situações graves e embara-çosas. Quanto à adoção de filhos,penso que, do ponto de vista psi-cológico, será gerado algum con-flito na prole em relação à imagemdo pai ou da mãe, conforme o caso,que se apresentará confusa eperturbadora. O tempo demonstra-rá o acerto ou o equívoco de talcomportamento”.

Atualização das obras deKardec: “Creio que o pensamentodo preclaro Codificador encontra-se firmado no seu bom senso e napercepção dos notáveis avançosque teriam a ciência e a tecnologiado futuro, conforme vem ocorren-do. Em razão disso propôs que,pelo menos uma vez em cada quar-to de século, fosse realizada umaatualização dos ensinamentos es-píritas. Nada obstante, também mepergunto como isso seria realiza-do, por exemplo, na atualidade,com tantas correntes dissonantesem nosso Movimento, pelo menosno Brasil...”. Págs. 7 a 10

meros alcançados pela publicaçãoem 11 meses e meio de existência,ou seja, de 18/4/2007 a 31/3/2008,após 49 edições veiculadas.

Havendo chegado a 64 diferen-tes países dos cinco continentes doglobo, os registros da Locaweb, ad-ministradora do site da revista,

Ainda nesta edição

A Associação Coral EspíritaHugo Gonçalves, de Cambé, em pro-jeto patrocinado pelo Ministério daCultura, realizará, com entrada fran-ca, quatro apresentações da peça te-atral “Brasil Coração do Mundo” nasdatas e locais seguintes: dia 7 demaio de 2008, às 20h, no TeatroZaqueu de Melo, em Londrina; nodia 30 de maio de 2008, às 20h, noTeatro de Alvorada do Sul; no dia 6de junho de 2008, às 20h, emCornélio Procópio e no dia 21 dejunho de 2008, às 20h, no TeatroMunicipal em Ibiporã. Pág. 11

Espíritas deCambé levampeça ao teatro

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O IMORTALPÁGINA 2 MAIO/2008

EditorialEMMANUEL

Há 150 anos, no dia 1º de Abrilde 1858, surgiu o primeiro Centro ge-nuinamente espírita, nos dizeres deDeolindo Amorim – a Sociedade Pa-risiense de Estudos Espíritas. Genui-namente espírita porque orientadopor um corpo de doutrina e especial-mente destinado ao mister mediúnico.

Kardec iniciou suas experimen-tações espíritas em grupos familiares,e deu seguimento a elas em sua pró-pria casa. Mas alguns motivos o le-varam à criação da Sociedade Parisi-ense de Estudos Espíritas. Entre eleso fato de sua casa não comportar onúmero crescente de visitantes. Noentanto, e esse fato não é indicadopelo Codificador, mas notado pornós, destaca-se a comunicação doEspírito de Verdade, na qual ele dis-se que durante um período mais oumenos longo não seria possível suacomunicação na casa de Kardec.

Por que seria inadequado o lar doCodificador para a manifestação deentidade tão elevada? O motivo tal-vez seja o mesmo que fez tantas au-toridades espíritas indicarem a cria-ção dos Centros como ambientes ade-quados ao caráter especial das ses-sões mediúnicas. André Luiz é umadessas autoridades e, como se sabepor informações de Chico Xavier, suaobra foi coordenada por Emmanuele Bezerra de Menezes, que compar-tilham essa mesma orientação.

É certo que, por motivos variados,grandes autores espíritas insistiram em

As pessoas atropelam-se, vitima-das pela ansiedade, buscando o quejamais lograrão mediante esse pro-cesso.

Gargalham, fazendo bulha, por-que perderam a faculdade de rir. Pa-recem vencidas por um gás hilari-ante, ocultando o estado ansioso. Aomesmo tempo a sensação de vazioas atormenta, em razão de os objeti-vos cultivados haverem perdido o

A vida moderna, com suas reali-dades brilhantes, vai ensinando às co-munidades religiosas do Cristianismoque pregar é revelar a grandeza dosprincípios de Jesus nas próprias açõesdiárias.

O homem que se internou pelo ter-ritório estranho dos discursos, sematos correspondentes à elevação dapalavra, expõe-se, cada vez mais, aoridículo e à negação.

Há muitos séculos prevalece o mo-vimento de filosofias utilitaristas. E, ain-da agora, não escasseiam orientadoresque cogitam da construção de paláciosegoísticos à base do magnetismo pes-soal e psicólogos que ensinam publica-mente a sutil exploração das massas.

É nesse quadro obscuro do desen-volvimento intelectual da Terra que osaprendizes do Cristo são expoentes dafilosofia edificante da renúncia e da bon-dade, revelando em suas obras isoladasa experiência divina dAquele que pre-feriu a crucificação ao pacto com o mal.

Novos discípulos, por isso, vão sur-gindo, além do sacerdócio organizado.Irmãos dos sofredores, dos simples, dosnecessitados, os espiritistas cristãos en-contram obstáculos terríveis na culturaintoxicada do século e no espírito utili-tário das idéias comodistas.

Há quase dois mil anos, Paulo de

O Centro Espírita e sua importânciarealizar reuniões espíritas em seus la-res. No entanto, o próprio Codifica-dor defendia a criação de centros deestudos espíritas como forma de agre-gar os membros interessados e darcontinuidade aos trabalhos em ambi-ente especialmente designado para tal.

Kardec chamava de grupo o quehoje denominamos Centro, e tinhapreferência por grupos pequenos, di-zendo que era preferível dez gruposde dez pessoas a um grupo de cem,porque pequenos agrupamentos favo-recem a harmonia entre seus mem-bros, o que é essencial para o desen-rolar das sessões mediúnicas. Issoporque, no início das atividades es-píritas, o Centro era sinônimo de prá-tica medianímica. Somente mais tar-de o atendimento ao público leigo pormeio de palestras foi introduzido nointerior da França e elogiado porKardec como meio de divulgação.

O passe espírita, ou passe misto,só foi introduzido com o tempo. Kar-dec praticava o passe misto, especi-almente como meio secundário paratratamento das obsessões. Emboraalguns considerem que o passe nãoseja uma prática espírita, é precisofrisar que o chamado passe magnéti-co, oriundo do magnetismo animal,é anterior ao Espiritismo e distintodeste, porém, o passe misto, ou seja,aquele que conjuga a assistência es-piritual com os fluidos do passistaencarnado, é legitimamente espírita,e tornou-se, em especial no Brasil,

uma das formas de atendimento aopúblico no Centro Espírita.

O Centro Espírita é, a um tempo,um espaço de reunião fraterna dosespiritistas, um fórum de discussão,estudo e troca de experiências, umambiente adequado para as manifes-tações espíritas, que demandam re-colhimento, concentração e um localreservado para a instalação das apa-relhagens necessárias ao atendimen-to dos Espíritos sofredores, e é umdos suportes à divulgação e ao escla-recimento por meio dos grupos deestudos e do atendimento fraterno.

O Centro Espírita é uma célulade divulgação do Espiritismo pormeio dos grupos de estudos e daspalestras, mas é também uma casade esperança, conforto, consolação,através do atendimento fraterno aopúblico leigo e aos Espíritos infeli-zes que buscam o acolhimento dadoutrinação para integrarem os gru-pos de assistidos pela misericórdiados protetores espirituais.

A Casa Espírita tem por objeti-vo congregar pessoas e esforços parao justo entendimento da vida segun-do o corpo de doutrina erigido porKardec e pelos autores basilares.Como ambiente especialmente de-signado para a manifestação do Con-solador, essa célula espírita-cristãdeveria ser conduzida com zelo pe-los seus membros para que cumpraseu papel genuíno de Casa de Deuse abrigo dos deserdados do mundo.

Um minuto com Joanna de Ângelissentido.

A tensão emocional cresce e asimplosões tomam-lhes conta, fazen-do-as estorcegarem na dor.

*A redescoberta do sentido da

vida e da reumanização é um avan-ço histórico na busca da maturidadepsicológica, da tomada de consciên-cia de si mesmo.

Jesus, consciente da missão que

Aos discípulos

Tarso aludia ao escândalo que a atitu-de dos aprendizes espalhava entre osjudeus e à falsa impressão de loucuraque despertava nos ânimos dos gregos.

Os tempos de agora são aquelesmesmos que Jesus declarava chega-dos ao Planeta; e os judeus e gregos,atualizados hoje nos negocistas deso-nestos e nos intelectuais vaidosos,prosseguem na mesma posição do iní-cio. Entre eles, surge o continuador doMestre, transmitindo-lhes o ensina-mento com o verbo santificado pelasações testemunhais.

Aparecem dificuldades, sarcas-mos e conflitos.

O aprendiz fiel, porém, não se ate-moriza.

O comercialismo da avareza per-manecerá com o escândalo e a instru-ção envenenada demorar-se-á com osdesequilíbrios que lhe são inerentes.

Ele, contudo, seguirá adiante,amando, exemplificando e educandocom o Libertador imortal.

JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Franco,é autora, entre outros livros, deMomentos de Iluminação (Livra-ria Espírita Alvorada Editora, 1990),do qual foi extraído o texto acima.

veio desempenhar, na Terra,conclamou as massas à responsabi-lidade, aos elevados significados davida, ao mesmo tempo buscou aidentidade de cada discípulo, traba-lhando pela sua humanização e in-sistindo na valorização dos concei-tos éticos da existência, a fim delevá-lo a uma perfeita integração noprograma libertador de si próprio,primeiro, e da sociedade, depois.

O Seu triunfo não foram o aplau-so, a aceitação, a glória da mensa-gem, mas a cruz e o escárnio, ensi-nando que a consciência de si mes-mo somente é conseguida quando ohomem se imola nos madeiros daspaixões, vencendo-as de pé com osbraços abertos em atitude de frater-nidade amorosa.

“Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que éescândalo para os judeus e loucura para os

gregos.” - Paulo. (I CORÍNTIOS, 1:23.)

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EMMANUEL, que foi o mentorespiritual de Francisco CândidoXavier e coordenador da obra mediú-nica do saudoso médium mineiro, éautor, entre outros livros, de “Vinhade Luz” (Editora da FEB, 1952), deonde foi extraído o texto acima.

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O IMORTALMAIO/2008 PÁGINA 3

Foi em março de 2007 que aidéia tomou corpo e nascia, assim,três semanas depois, a revista es-pírita semanal O Consolador, quecompletou no dia 13 de abril de2008 um ano de existência, com51 edições redigidas exclusiva-mente para circulação na internet.

Lançada numa quarta-feira, dia18 de abril de 2007, quando os es-píritas do mundo todo comemora-vam os 150 anos de existência d´O Livro dos Espíritos, a revista OConsolador é fruto da cooperaçãode muitas pessoas, a começar peloconfrade José Carlos Munhoz Pin-to, co-fundador do periódico e seuprincipal dirigente.

A concepção da revista e a de-cisão de fundá-la precisaram so-mente de duas breves reuniões.Parecia que a idéia já havia sidodiscutida antes, certamente nosmomentos em que nos liberamosdo fardo físico por ocasião do sono,de modo que todas as deliberaçõesposteriores, a formação da equipe,o convite aos colaboradores doBrasil e do exterior, tudo isso sefez por meio da internet, como vemocorrendo na preparação e na pu-blicação de todas as edições.

O título deste artigo fala deum sonho. Efetivamente, pode-mos afirmar que se trata de umsonho que se concretizou porque,havendo trabalhado em váriosveículos de comunicação nos úl-timos 30 anos – jornal laico, jor-nal espírita, rádio e TV –, não tí-nhamos ainda experimentadoesse veículo extraordinário cha-mado internet, cuja dimensão nãopudemos até agora avaliar intei-ramente.

ASTOLFO O. DEOLIVEIRA FILHO

[email protected] Londrina

As impres-sões de textosda revista supe-ram a casa domeio milhão

Os resulta-dos foram, noentanto, tão ex-pressivos que épossível dizerque tudo o quehavíamos ima-ginado acabouse realizando.

Eis, em nú-meros exatos, oque a Administradora do site de OConsolador apurou em 11 mesese meio de existência da revista, ouseja, de 18 de abril de 2007 a 31 demarço de 2008, após 49 ediçõesveiculadas pela internet:• 126.577 downloads de textos darevista

Um sonho afinal concretizadoLançada no dia do aniversário de 150 anos d´O Livro dos Espíritos, a revista O Consolador comemorou no mês passado seu primeiro ano de existência

• 566.640 impressões de textos darevista• 64 países dos cinco continentesjá acessaram a revista• 25% dos leitores residem fora doBrasil.

Para conhecimento de nos-so leitor, aqui está a lista com-

ple ta dos 64países, agru-pados segundoos continentesa que perten-cem (ve ja omapa):Oceania: 2 paí-sesAustráliaNova ZelândiaÁfrica: 6 paí-sesSeychellesMoçambiqueMarrocos

África do SulCosta do MarfimAngolaÁsia: 13 paísesJapãoTurquiaChinaTailândia

Emirados Árabes UnidosVietnãIndonésiaÍndiaIsraelTaiwanCingapuraCoréia do SulSri LankaAmérica: 13 paísesBrasilEstados Unidos da AméricaCanadáArgentinaMéxicoPeruColômbiaChileUruguaiParaguaiRepública DominicanaBolíviaGuatemala. (Continua na pág. 4desta edição.)

Capa da edição comemorativa do primeiro aniversário da revista

No mapa acima, os continentes onde a revista tem sido lida

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O IMORTALPÁGINA 4 MAIO/2008

Europa: 30 paísesPortugalSuíçaÁustriaAlemanhaHolandaBélgicaItáliaNoruegaReino UnidoFrançaEspanhaSuéciaIslândiaFinlândiaEstôniaEslovêniaLuxemburgoCroáciaGréciaRomêniaBulgáriaRússiaPolôniaDinamarcaHungriaIrlandaLituâniaRepública ChecaRepública EslovacaAndorra.

A ordem acima obedece à par-ticipação de cada um dos países nonúmero total de leitores, o que per-mite ao leitor saber que na Europao líder é Portugal, na Ásia o líder éo Japão, e na América, logo depoisdo Brasil, o maior país espírita do

mundo, situam-se os Estados Uni-dos.

Acresce, no tocante a essesnúmeros, notar dois fatos impor-tantes: 1.) a revista chegou a to-dos esses lugares sem a utiliza-ção de nenhuma propaganda, e2.) a língua em que ela é redigidaé falada apenas no Brasil, emPortugal e nos países que foramum dia colônias ou possessõesportuguesas. Se o idioma fosse oinglês ou o espanhol, os núme-

Um sonho afinal concretizadoLançada no dia do aniversário de 150 anos d´O Livro dos Espíritos, a revista O Consolador comemorou no mês passado seu primeiro ano de existência

(Conclusão do artigo publicado na pág. 3 desta edição.)

A comparação ora feitanão tem outra finalidade se-não mostrar que é possível, acusto zero, pôr à disposiçãodas pessoas um volume gran-de de informações e textos in-teressantes, o que é muito di-fícil alcançar por outros mei-os que não a internet.

Resta-nos, por fim, aofazer estes registros, agra-decer a todos os compa-nheiros que, sem remune-ração alguma, sacrificandosuas horas de lazer, seengajaram neste projeto epermitiram que ele se tor-nasse uma realidade.

A revista O Consoladorsó existe porque eles nos dãoas condições necessáriaspara que a cada semana umanova edição seja posta narede mundial de computa-dores, levando a mensagem

cristã e os ensinamentos espíritas atodos os recantos do nosso globo.

A revista é de livre acesso e podeser lida, copiada e impressa, semcusto algum. Basta ao leitor acessaro site www.oconsolador.com. Paratanto, não existe assinatura nem hánecessidade de senha. (AstolfoOlegário de Oliveira Filho, deLondrina.)

A imagem que é uma espécie de logomarca da revista

Capa da edição de estréia da revista O Consolador

ros de downloads e de impressõesde textos não surpreenderiam aninguém, mas trata-se da línguaportuguesa, que constitui umabarreira difícil de transpor atémesmo para os nossos vizinhosda América do Sul.

Uma comparação curiosa,mas pertinente, com os

números da RIE

Após quase 12 meses de exis-tência desta revista, é possívelanalisá-la não só pelo aspecto dosnúmeros, mas, o que é mais impor-tante, pelo seu conteúdo.

Para isso, nada melhor doque pôr lado a lado o que OConsolador e a Revista Inter-nacional de Espiritismo, deMatão (SP), seguramente amais importante publicação es-

pírita do País, fizeram no mes-mo período.

Eis o quadro comparativo dasedições publicadas no período deabril de 2007 a março de 2008,ou seja, nos 12 números da Re-vista Internacional de Espiritis-mo (RIE) que circularam no pe-ríodo e nas 49 edições da revistaO Consolador:

Assunto publicado RIE O ConsoladorCartas ao leitor 12 49Editoriais 12 49Entrevistas 12 49Textos com notícias do Brasil 71 128Textos com notícias do exterior 48 117Artigos e textos doutrinários 217 833Páginas dirigidas à criança - 49Seções de poesia - 35Seções de notícias esperantistas - 28Questões vernáculas - 49

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O IMORTALMAIO/2008 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

O Grande Enigma (8ª Parte)ANGÉLICA REIS

[email protected] Londrina

Damos continuidade à publica-ção do texto condensado da obraO Grande Enigma, de LéonDenis. As páginas citadas referem-se à 7.a edição publicada pela Edi-tora da FEB.

*124. O positivista, contudo,

jamais encara o problema da ori-gem, nem o dos fins; contenta-secom o momento presente e o ex-plora da melhor maneira. Muitoshomens, mesmo indivíduos inte-ligentes, agem de modo igual. (P.191)

125. A Ciência também vem,há meio século, contribuindo ape-nas com diminuto progresso parao pensamento moderno, mas, cu-riosamente, é o médico dos nos-sos dias, tão ligado até então aossistemas materialistas da Escola,que começa a sacudir o jugo, por-quanto é das fileiras da Medicinaatual que têm saído os doutoresmais autorizados e mais competen-tes do Espiritualismo. (P. 191)

126. A união da alma e do cor-po começa com a concepção e sófica completa na ocasião do nasci-mento. No intervalo da concepçãoao nascimento, as faculdades daalma vão, pouco a pouco, sendoaniquiladas pelo poder semprecrescente da força vital recebidados geradores, que diminui o mo-vimento vibratório do perispírito.Esta diminuição vibratória doenvoltório fluídico produz a perdada lembrança das vidas anteriores.(PP. 192 e 193)

127. As aquisições do passadosão latentes em cada alma: as fa-culdades não se destroem; têmraízes no inconsciente, e sua apa-rência depende do progresso ante-riormente capitalizado, dos conhe-cimentos, das impressões, das ima-gens, do saber e da experiência. É

o que constitui o caráter de cadaindivíduo vivo e lhe dá as aptidõesoriginais e proporcionais ao seugrau evolutivo. (P. 193)

128. A criança recebe dos paisapenas a força vital, a que é preci-so ajuntar certos elementos here-ditários. Por ocasião da encarna-ção, o perispírito une-se, moléculaa molécula, à matéria do gérmen.(P. 193)

129. É, assim, sob a influênciadessa força vital, emanada dos ge-radores, que por sua vez a recebe-ram dos antepassados, que operispírito desenvolve suas propri-edades funcionais, reproduzindo,sob a forma de movimentos, o tra-ço indelével de todos os estados daalma. De outro lado, o gérmenmaterial recebe a impressão de to-dos os estados sucessivos doperispírito: eis aí um paralelismovital absolutamente lógico e har-monioso. (P. 194)

O esquecimento do passado nãoé absoluto, nem definitivo

130. Cada encarnação perispi-ritual introduz modalidades novasna alma da criança, que reedita suavida, mas encontra o terreno já cul-tivado para isso. Platão tinha, pois,inteira razão ao dizer que aprenderé recordar. (P. 195)

131. A obliteração do passadonão é, porém, nem absoluta, nemdefinitiva. O perispírito, que regis-trou todos os conhecimentos, todasas sensações, todos os atos, acor-da. Sob a influência do hipnotis-mo, as vozes profundas do passa-do se fazem ouvir. (P. 196)

132. Fato estranho! Essa ciên-cia da origem das coisas, do ser,do destino, a Antigüidade a conhe-cia e compreendia infinitamentemelhor que nós outros. O que malcomeçamos a entender e provarcientificamente, sabiam-no por in-tuição e iniciação a Grécia, o Egi-to e o Oriente. (PP. 197 e 198)

133. A mitologia pagã possuíano mais elevado grau a inteligên-cia das origens e a noção da gêne-se vital, e sob a forma de mitospoéticos transpirava a verdade ini-cial, tal qual sob a casca da árvorese revela a seiva da vida. (P. 198)

134. Concordando com Mau-rice de Guérin, que asseverou quea mocidade é semelhante às flores-tas, Denis diz que o que caracteri-za a mocidade é a opulência, a ple-nitude da vida, a superabundânciadas coisas, o impulso para o futu-ro. A dedicação, a necessidade deamar, de nos comunicarmos, carac-teriza esse período da vida em quea alma, novamente ligada a umcorpo cujos elementos são novose fortes, se sente capaz de empre-ender vasta carreira e se promete asi mesma grandes esperanças. (P.200)

135. Evocando os bons exem-plos da Antigüidade sagrada,Denis diz que hoje tudo repousana ciência oficial – no tocante aométodo, e na democracia – paraprincípio social. Ambas, porém,estão ameaçadas. A ciência mate-rialista esvai-se na dissecação e naanálise; decompõe em lugar decriar, disseca em lugar de agir. Poroutra parte, a democracia, em suasobras vivas, traz já os germens dadecadência, preconiza a mediocri-dade em todos os gêneros, pros-creve o gênio e desconfia da for-ça. (P. 202)

Nas almas evoluídas, asgrandes obras são esboçadas

na mocidade

136. O século XX começoucom esse balanço intelectual emoral, impotente e doloroso. “Oerro - afirma Denis - foi tomar aciência por ideal e a democraciapor fim, enquanto que ambas sãomeios, apenas.” A mocidade deamanhã deverá reagir vigorosa-mente contra essas duas idolatri-as; a de hoje já começa a fazê-lo.Há entre os nossos jovens algunsEspíritos de elite, iniciados, escla-recidos, que desbravam o caminhoe preparam o êxodo e a marcha doEspírito para o futuro. São osespiritualistas de bom quilate, osque sabem que lá, onde sopra oEspírito, é que está a verdadeirabondade. (P. 202)

137. A idade madura é, por suavez, a idade de ouro da vida, por-que é a época da colheita, omessidor, em que a maturação seopera no coração, no espírito, emtodo o ser. (P. 203)

138. Nesse período da vida,uma grande desgraça ameaça, noentanto, a maior parte dos homens:o ceticismo. Infeliz daquele que sedeixa invadir por essa larva malsã,que neutraliza todas as forças damaturidade! (P. 204)

139. A idade madura é, semdúvida, menos prática, menos pri-maveril que a adolescência. As flo-

res já decaíram do seu colorido eperfume. Mas os frutos, igualan-do-se aos dos ramos de uma árvo-re, começam a aparecer na extre-midade da alma. A idade maduraé, por excelência, o período da ple-nitude; é o rio que corre com todaa força e espalha pelas campinas ariqueza e a fecundidade. (P. 204)

140. Nas almas evoluídas, ri-cas do capital acumulado nas vi-das anteriores, as grandes obras sãoescritas ou esboçadas na mocida-de. O gênio é adolescente, pode-mos exprimir-nos assim. CristóvãoColombo era ainda criança e já ovisitavam as visões do Novo Mun-do. Rafael era imortal antes deatingir a segunda mocidade. Mil-ton contava 12 anos de idade,quando germinou em sua mente aprimeira idéia do “Paraíso Perdi-do”. Mas, para a maioria dos ho-mens, visto que o gênio é a exce-ção, o talento, apenas, é a regraordinária e é na maturidade davida, no meio da floresta, comodizia Dante, que se realizam tantoos grandes pensamentos quanto asgrandes obras. (PP. 204 e 205)

141. O grande inimigo da ida-de madura, e assim o da vida in-teira, é o egoísmo. O homem sediminui e mata pela necessidade degozar. As paixões carnais e cere-brais calcinam o homem pelasduas extremidades: esvaziam océrebro e o coração. (P. 206) (Con-tinua no próximo número.)

Entrevista publicada no jornal O IMORTAL, edição de dezembro/1998, págs. 8 e 9.

Divaldo responde– No tocante ao trabalho de

Unificação do Movimento Espí-rita Brasileiro, você entende queo número das Instituições adesasjá supera o número daquelas queainda se obstinam em não parti-cipar? Nesse caso, você acha queainda está longe o tempo em quehaverá no Brasil uma unanimida-

de em torno da idéia unificacionistadefendida por Bezerra de Menezese Lins de Vasconcellos?

Divaldo: Acredito que a ade-são ao Movimento de Unificaçãoé expressiva, superando o númerode Entidades que ainda não aceita-ram essa proposta.

Igualmente creio que chegará um

dia no qual a Unificação espíritavicejará em nosso país e no mun-do, respeitando-se as diferenças deaplicação regional, nacional, emesmo opinativa, já que o objeti-vo essencial é o de reunir todas asInstituições que mourejam no Es-piritismo em torno da Obra incom-parável da Codificação.

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O IMORTALPÁGINA 6 MAIO/2008

A cisão entre os franciscanos e suasconseqüências – No tempo de DanteAlighieri, poeta florentino, autor da Di-vina Comédia, na qual faz uma crítica daépoca, a Ordem dos Frades Menores, fun-dada há pouco por São Francisco, estavamergulhada em uma crise profunda.

Logo após a morte de São Francis-co, em 1226, produziu-se uma divisãoentre os frades que queriam uma atenua-ção da regra e os mais próximos discípu-los do grande santo. Dessa divisão nas-ceu o grupo dos Espirituais franciscanos,que, por seus exageros e erros, foi con-denado por vários papas.

A cisão franciscana foi gangrenadapelas idéias de Joaquim de Fiore, queforam usadas pelos Espirituais, paraconfirmar suas teses apocalípticas, dan-do-lhes um tom claramente messiânicoe milenarista.

Dos Espirituais, cujos principais lí-deres foram Salimbene, Ângelo Clareno,Ubertino da Casale, Gerardo di BorgoSan Donino, João de Parma, destacou-seum outro grupo ainda mais radical quedeu origem à seita dos Pseudo-Apósto-los ou Fraticcelli, cujos chefes foramSegarelli e Frei Dolcino, ambos execu-tados por suas heresias e crimes.

Mais tarde, os erros dos Espirituaisderam causa a mais uma seita no seio daOrdem Terceira franciscana: a seita doschamados Beguinos ou Begardos, cujoprincipal inspirador foi o famoso Frei JoãoPedro Olivi, que coincidentemente lecio-nou em Florença, no convento de SantaCroce, entre 1287 e 1289, pouco antes daépoca em que Dante o freqüentou.

Muito provavelmente, lá ele teve oca-sião de ler não apenas as obras de Ubertinoda Casale, como também as de Olivi, as-sim como as de Joaquim de Fiore.

Os traços que essas leituras deixaramem Dante são fáceis de perceber pelo queele diz na Divina Comédia. Basta lembrar

- como já dissemos - que as heresiasfranciscanas sofreram a influência do pen-samento de Joaquim de Fiore. Ora, Dantecolocou o abade Gioacchino no paraíso,junto com os maiores padres da Igreja,apesar de ele ter sido condenado pelo IVConcílio de Latrão, em 1215. (Sobre osfranciscanos e suas seitas, recomendamosa leitura da tese do Prof. Nachman Falbel“A luta dos espirituais e sua contribuiçãopara a reformulação da teoria acerca dopoder papal”-, USP, 1976.)

Também como os franciscanos sectá-rios, Dante defendia a tese de que a Igrejadevia ser totalmente pobre, e que ela nãodevia ter supremacia sobre o Estado. Domesmo modo que esses hereges e coinci-dindo com o crer de muitas outras seitas,Dante julgava que a Igreja se corrompera,e que a causa dessa corrupção fora a doa-ção de Constantino. Segundo Mineo, emDante “talvez atuasse um certo componen-te rigorístico-franciscano, pelo que ele es-tava persuadido da necessidade de umaIgreja espiritual”. Umberto Parrichi afir-ma que “Nas disputas entre os observan-tes da regra rígida e os conventuais, Danteindubitavelmente tomou posição a favordos Espirituais”.

Os principais erros defendidos pe-los Espirituais – Como é bem sabido, vá-rias das teses dos Espirituais, favoráveis àregra rígida, foram condenadas pela Igrejacomo heréticas. E Dante, com os gibelinos,foi defensor de teses condenadas.

Segundo a igreja, os principais errosdefendidos pelos Espirituais foram:

1. Sendo São Francisco o maior san-to da História, tendo sido ele marcadocom os estigmas de Cristo, a regra queele deixou não poderia ser mudada nempelo Papa, pois a regra de São Franciscoera a lei do Evangelho, e o Papa não tempoder para mudar o Evangelho.

2. A regra da pobreza devia ser abso-luta e radicalmente obedecida, e no mes-mo grau em que São Francisco a pratica-ra. Por isso, a Ordem franciscana não po-deria ter igrejas de pedra, nem conventos.Os frades não poderiam ter livros de mis-

AIGLON FASOLOaiglon@nêmora.com.br

De Londrina

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

sa, de oração ou de estudo. Só poderiamter um hábito de saco. Este hábito deveriaser usado até cair de podre. O hábito nãopoderia chegar até os pés, pois que issoseria supérfluo e um luxo desnecessário.

3. Com Frei Hugo de Digne, FreiJoão de Parma e Frei Gerardo di BorgoSan Donino, os erros de Joaquim de Fiore(1155-1202)— que já haviam sido con-denado no IV Concílio de Latrão — en-traram na ordem franciscana.

4. São Francisco e São Domingoseram as duas testemunhas de que fala oApocalipse.

5. O Anticristo viria em 1248, —marcaram-se, depois, outras datas para aBagarre franciscana — e ele seria o Im-perador Frederico II., ou um Papaantifranciscano (Por exemplo, João XXII).

6. Haveria um grande castigo, noqual a maior parte dos homens seria eli-minada. Mesmo boa parte dos frades fran-ciscanos seria eliminada, sobrevivendoapenas um pequeno resto, que formariao reino do Espírito Santo.

7. Este reino espiritual seria o dosmonges, que substituiria a ordem dos sa-cerdotes. Viria um grande Papa — o “Pas-tor angelicus”, que vários Papas preten-deram ser — e um grande Imperador queinstaurariam o reino do Espírito Santo.

8. Assim como a Igreja substituíra aSinagoga, haveria uma Nova igreja espi-ritual, igualitária (sem hierarquia) e po-bre, sem nenhuma propriedade, parecidacom a que é preconizada pelo ex-frei Boffe Frei Betto, que substituiria a Igreja rica,fundada por Cristo.

9. A lei de Deus seria abolida, sendoinstaurada a lei do Amor.

10. O Evangelho Eterno, de que fa-lava o Abade Giochino di Fiore, seria oconjunto das obras do abade que se afir-mara profeta.

Essas idéias foram expostas na obrade Fra Gerardo di Borgo, Introductoriusad Evangelium Aeternum, publicado emParis, em 1251, e que foi condenada peloPapa Alexandre IV, em 1255. (Continuano próximo número.)

Sobre a evolução das religiões, oucomo Kardec chegou ao Espiritismo

(Parte 27)

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O IMORTALMAIO/2008 PÁGINA 7

Para comemorar o primeiroaniversário da revista espírita OConsolador, ocorrido no dia 13 deabril de 2008, nada melhor queuma entrevista especial concedidapor Divaldo Franco (foto), umamigo estimado que incentivou oprojeto de criação do citado perió-dico antes mesmo do seu lança-mento, ocorrido em 18 de abril doano passado.

Para entrevistá-lo, a direção darevista contactou seus colaborado-res mais diretos e o resultado aquiestá, expresso em 27 questões for-muladas pelos confrades JoséPassini, Ricardo Baesso de Olivei-ra, Arthur Bernardes de Oliveira,Jorge Hessen, José Carlos MunhozPinto, Orson Peter Carrara e As-tolfo O. de Oliveira Filho, todosresidentes no Brasil, e as confreirasElsa Rossi, Claudia Werdine eKatia Fabiana Fernandes, radica-das na Europa.

A entrevista foi dividida emtrês blocos: temas de natureza dou-trinária, questões e problemas daatualidade e assuntos pertinentesao movimento espírita.

Eis, na íntegra, a entrevista, queé aqui publicada com permissão dadireção de O Consolador, perió-dico que circula apenas na inter-net, no site www.oconsolador.com:

O Consolador – Nossos ani-mais de estimação ficam por al-gum tempo numa espécie de er-raticidade, no chamado mundoespiritual, ou são de imediato en-caminhados a uma nova encar-nação?

O egrégio Codificador do Es-piritismo informa-nos que o perí-

odo em que os animais se demo-ram na erraticidade é breve, logoretornando à reencarnação. Nadaobstante, a mediunidade vem de-monstrando que ocorrem períodosmais longos, conforme encontra-mos narrações nas obras ditadaspelo Espírito André Luiz ao vene-rando médium Francisco CândidoXavier, assim como Charles à no-bre médium Yvonne do AmaralPereira. Essas informações nãocolidem com a palavra do mestrede Lyon, porque o desdobramentodos estudos doutrinários estavaprevisto por ele, ampliando as in-formações contidas nas obras bá-sicas.

Recordo-me, por exemplo, deSultão, o cão que acompanhava opadre Germano, conforme narra-do nas Memórias do PadreGermano, de Amália DomingoSoler, e da vida de Dom Bosco, queera defendido por um cão, nas di-versas vezes em que atentaramcontra a sua vida.

Pessoalmente, já tive diversasexperiências com animais, especi-almente cães desencarnados, quepermanecem na erraticidade des-de há algum tempo.

O Consolador – Para havergravidez, independentemente dodesejo dos pais e do reencarnan-te, existe necessidade de autori-zação das autoridades espiritu-ais?

Certamente que sim, porquan-to no mapa da reencarnação dosfuturos pais já se encontram deli-neados os filhos que devem, quepodem ou que queiram ter. Graçasa isso, ocorrem as facilidades naconcepção ou os grandes impedi-mentos que vêm sendo vencidospela ciência, através dos tempos,facultando a ocorrência sempre sobsupervisão espiritual.

O Consolador – Você achaválida a proposta de Kardec per-tinente à atualização periódicados ensinamentos espíritas, ten-do em vista o avanço da Ciência?Se acha válida, como devemosimplementar essa medida?

Creio que o pensamento do pre-claro Codificador encontra-se fir-mado no seu bom senso e na per-cepção dos notáveis avanços queteriam a ciência e a tecnologia dofuturo, conforme vem ocorrendo.Em razão disso propôs que, pelomenos uma vez em cada quarto deséculo, fosse realizada uma atuali-zação dos ensinamentos espíritas.Nada obstante, também me pergun-to como isso seria realizado, porexemplo, na atualidade, com tantascorrentes dissonantes em nossoMovimento, pelo menos no Brasil...

O Consolador – Em sua opi-nião, os Espíritos desencarnadosmantêm relações sexuais tal qualse verifica na crosta?

Conforme a questão nº 200 deO Livro dos Espíritos, o Espíritoé, em si mesmo, assexuado, sen-do-lhe a anatomia uma contribui-ção para o fenômeno da procria-ção. Ao desencarnar, no entanto, oEspírito mantém as suas tendênci-as, especialmente aquelas de natu-reza inferior às quais aferrou-se emdemasia, prosseguindo com as

construções mentais que lhe eramhabituais. Como resultado, acredi-tam-se capazes de intercursos se-xuais nas regiões inferiores ondese encontrem, como efeito dacondensação das energias viciosasno perispírito. Frustrantes e pertur-badoras, essas relações são degra-dantes e afligentes, porquanto sãomais mentais que físicas, dandolugar a processos de loucura e deperversão...

“A culpa, consciente ounão, desempenha na

depressão um papel dealta relevância”

O Consolador – Como deveposicionar-se um casal espíritadiante do diagnóstico de anence-falia no filho que se encontra nafase de gestação?

Espírita ou não, o casal quegera um filho anencéfalo e cujaanomalia é detectada ainda na vidafetal, deve amar a esse Espírito queirá reencarnar-se com a problemá-tica a que faz jus em razão de atospraticados anteriormente e que lhemodelaram a forma atual. A vidafetal não pode ser interrompida,senão quando a gestante encontra-se ameaçada...

Diversos anencéfalos, mesmodiante dos prognósticos médicosde que não sobreviveriam ao nas-cimento, demoram-se despertandomais amor até o momento em queconcluem o período de que neces-sitam para a libertação.

O Consolador – Qual deveser, à luz do Espiritismo, a posi-ção de uma jovem e sua famíliadiante de uma gravidez origina-da de um estupro?

Embora lamentável e dolorosaa circunstância traumática da ocor-rência, é dever da jovem e dos seus

“O advento do mundo de regeneraçãoestá próximo, mas não imediato”

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

familiares manterem a gravidez,auxiliando o Espírito que sereencarna em situação aflitiva e an-gustiante. Compreende-se a dor davítima e dos seus familiares, no en-tanto, não se tem o direito de mataro ser reencarnante que necessita doretorno naquela maneira, a fim decrescer para Deus. Não raro, essesseres que renascem nessa conjun-tura tornam-se amorosos e profun-damente agradecidos àqueles quelhe propiciaram o recomeço terres-tre: a mãe e os familiares.

O Consolador – Como sabe-mos, a depressão é um problemaque aflige muitas pessoas nosdias atuais. Em uma obra espí-rita recente lemos que a depres-são, em qualquer de suas vari-antes, é sempre conseqüência daposição de arrogância cultivadapelo ser na aventura de superara si mesmo e aos semelhantes. Éverdade essa informação?

Sem dúvida, anuímos que nãohá enfermidades, mas enfermos,isto é: o Espírito é sempre o incursono processo de evolução, trazendoas marcas do passado que se lhemanifestam como enfermidades ouprocessos outros degenerativos deque necessita para resgatar os com-portamentos equivocados e infeli-zes. A culpa, consciente ou não,desempenha na depressão, entreoutros fatores endógenos e exóge-nos, um papel de alta relevância. Noentanto, centrar todas as causas naposição de arrogância do Espíritoparece-me algo desproposital. Esseconceito deve ter as suas raízes naopinião dos estudiosos que afirmamtratar-se a depressão de um confli-to que se deriva da necessidade deimpor-se, de dominar, e, não con-seguindo, o indivíduo tomba na ar-madilha do grave transtorno. (Con-tinua na pág. 8 deste número.)

Divaldo Franco:

Divaldo Franco

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“O advento do mundo de regeneração está próximo, mas não imediato”O Consolador – Se é verdade

que o advento do mundo de re-generação está tão próximo, qualserá a situação dos nossos ami-gos terrenos que ainda vivem tãoprimitivamente em tribos exis-tentes em muitos lugares domundo?

É verdade, sim, que o adventodo mundo de regeneração está pró-ximo, mas não imediato, e aque-les Espíritos que ainda se encon-tram em fase primitiva estão ten-do a oportunidade de despertarpara a realidade, dando continui-dade ao processo evolutivo emoutro planeta, caso não logremfazê-lo aqui mesmo, qual ocorreperiodicamente com as grandesmigrações de um para outro siste-ma, conforme ensina a Doutrina.

O Consolador – Se a Terraestá em evolução, por que aindatantos crimes hediondos aconte-cem, especialmente com crian-ças? Como explicar tantas atro-cidades?

Vivemos o momento da grandetransição de mundo de provas e deexpiações para mundo de regene-ração, que ainda se demorará ocor-rendo por algum tempo na Terra.

É natural que estejam reencar-nando-se, neste período, Espíritosinferiores que estavam retidos emregiões punitivas desde há muito,em face da crueldade de que sãoportadores. Muitos deles fizeramparte das tribos bárbaras que inva-diram a Europa: hunos, godos,visigodos, normandos e que, ago-ra, estão sendo beneficiados pelaoportunidade de optar pelo Bem.Permanecendo vinculados aoprimarismo em que se comprazem,

serão exilados para outros planetasna escala dos mundos inferiores, afim de se depurarem, retornandooportunamente, porque “o Pai nãodeseja a morte do pecador mas sima do pecado”, conforte acentuouJesus.

As atrocidades que sucedemamiúde, especialmente com crian-ças – Espíritos velhos em reencar-nação libertadora – são também umconvite à reflexão das demais pes-soas, que marcham indiferentes aosacontecimentos dolorosos em rela-ção ao seu próximo...

Resgatando os seus graves deli-tos, esses Espíritos não necessitari-am que outros fossem o instrumen-to da sua libertação, pois que a Di-vindade possui mecanismos especi-ais que dispensam o concurso des-ses infelizes, mas se utiliza do seuestado primitivo para que se execu-tem as propostas do progresso.

O Consolador – Como você vêa oficialização do casamento en-tre homossexuais e a adoção defilhos por parte deles?

A questão é momentosa, em facedas ocorrências desse gênero quenão mais podem permanecer igno-radas pela sociedade. O homosse-xualismo sempre esteve presente noprocesso histórico, aceito em umperíodo, noutro combatido, despre-zado em uma ocasião e noutra ig-norado, mas sempre presente... Pen-so que se trata de uma conquista emrelação aos direitos humanos a le-galização de algo que permanecia àmargem, dando lugar a situaçõesgraves e embaraçosas.

Quanto à adoção de filhos, pen-so que, do ponto de vista psicológi-co, será gerado algum conflito na

prole em relação à imagem do paiou da mãe, conforme o caso, que seapresentará confusa e perturbadora.O tempo demonstrará o acerto ou oequívoco de tal comportamento.

O Consolador – Qual deve sero posicionamento dos espíritas emrelação às pesquisas com células-tronco embrionárias?

A reencarnação, conforme nosensina a Doutrina Espírita, tem iní-cio no momento da fecundação doóvulo, a partir de cujo momentopassa a existir vida, seja pelo pro-cesso biológico natural, seja in vitro.Qualquer tentativa de interrupçãodo desenvolvimento do futurozigoto, que é o ser humano em for-mação, constitui um crime.

As pesquisas com as células-tronco embrionárias são de resulta-do ainda incerto, embora se apresen-tem teoricamente positivas, porquan-to não está comprovado que os re-sultados sejam os anelados, mesmoporque existe alto risco como a ge-ração de tumores, provável rejeição...

Em face dos bons resultadosconseguidos com as células-troncoadultas, é mais válido que se pro-longuem as experiências, com me-nores risos e excelentes resultadosem doenças como as leucemias, osAcidentes Vasculares Cerebrais, etc.

Continuando os esforços dospesquisadores, certamente hão desurgir outras alternativas tão bené-ficas como as que se esperam dascélulas-tronco embrionárias.

“Nunca será demais que osdirigentes espíritas e todosnós estejamos vigilantes”

O Consolador – O terrorismo

vem causando muitos males emtodos os cantos da Terra. Muitasvidas foram e continuarão sendoceifadas em nome do fanatismoreligioso. Como entender que al-guém possa morrer e matar emnome de Deus?

Infelizmente, o fanatismo dequalquer natureza responde pelapredominância da natureza animalsobre a natureza espiritual do ser(questão 742 de O Livro dos Espí-ritos), dando lugar a atrocidadesinimagináveis. Entretanto, o suicí-dio através de bombas e de outrasformas hediondas constitui o maisdegradante processo de conduta emrelação à dignidade humana, porquea vida física é sublime dom conce-dido por Deus, que ninguém tem odireito de interromper, porque facul-ta o desenvolvimento intelecto-mo-ral do Espírito.

Tal comportamento demonstra oestágio primário em que ainda sereencarnam muitos Espíritos des-vairados sem possibilidade de man-ter o equilíbrio...

O Consolador – Qual deve sera atitude dos dirigentes espíritasrelativamente a essa enxurrada deobras mediúnicas de origem du-vidosa que tem infestado o mer-cado de publicações espíritas nosúltimos tempos?

Vivemos um momento de gran-des equívocos na sociedade, emface do tumulto que ocorre em todaparte. Nesse sentido, há uma gran-de busca por notoriedade, pelafama... Pessoas imprevidentes, por-tadoras ou não de mediunidade, sãotomadas de improviso por tais in-quietações e, porque entraram emcontato com o Espiritismo, logo se

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acreditam portadoras de faculdadesextraordinárias, em razão do cam-po fértil para a credulidade e tor-nam-se, de um para outro momen-to, psicógrafos, expositores, deba-tedores de relevo. Nunca será de-mais que os dirigentes espíritas etodos nós estejamos vigilantes, ob-servando as recomendações daDoutrina, mantendo critérios cui-dadosos, a fim de não sermos en-ganados nem enganarmos a nin-guém. Por outro lado, Espíritosperversos, adversários do Bem,aproveitam-se do descalabro exis-tente e inspiram pessoas invigilan-tes, presunçosas, falsamente humil-des, mas prepotentes, tornando-asportadoras de mensagens destituí-das de autenticidade, que geramconfusão e dificuldades no movi-mento espírita. Alguns desses des-cuidados irmãos auto-elegem-seherdeiros de personalidades histó-ricas e missionários do amor, utili-zando-lhes indevidamente o nome,apropriando-se da sua herança parao exibicionismo no banquete da fa-tuidade, o que é realmente lamen-tável.

O Consolador – Como resga-tar as velhas e boas sessões práti-cas de doutrinação de Espíritosdesencarnados que tantos benefí-cios trouxeram a companheirosem dificuldade, na carne ou foradela, em face da penúria de bonsmedianeiros com que se vêm de-frontando nossos Centros Espíri-tas?

Penso que se torna inadiável odever de voltarmos à simplicidadee à humildade, evitando-se as com-plexidades que ora se apresentamem torno da mediunidade, exigin-

do-se estudos úteis, indiscutivel-mente, mas que se prolongam porvários anos, evitando-se o treina-mento edificante e salutar.

Por outro lado, um expressivonúmero de pessoas recusa-se a ser-vir de instrumento aos sofredores,aspirando ao contato com os anjose serafins, sem recordar-se de que amediunidade está a serviço da con-solação e da iluminação de consci-ências.

No silêncio do anonimato nasinstituições espíritas, sem alardenem divulgação, devem ser instala-dos os grupos sinceros de devota-dos servidores de Jesus, a fim detrabalharem em favor da doutrina-ção dos irmãos em sofrimento, porcujo meio ascendemos na direçãodo Servidor Incessante, que é Jesus.

O Consolador – Como desper-tar o interesse de jovens e adoles-centes para o estudo da DoutrinaEspírita?

O Espiritismo é, essencialmen-te, uma doutrina para jovens e ado-lescentes, tendo em vista o seu con-teúdo iluminativo, de fácil aplica-ção no cotidiano e libertador de ta-bus e influências perniciosas. Escla-recendo a mente e confortando osentimento, o Espiritismo fascina asmentes juvenis, convidando-as areflexões demoradas e a comporta-mentos saudáveis.

Infelizmente, o exemplo dospais no lar, nem sempre compatívelcom as lições ministradas pela Dou-trina Espírita, constitui um grandeimpedimento para o estudo e avivência dos postulados espiritistaspor esses candidatos juvenis.

Tomando conhecimento da filo-sofia espírita e da necessidade de

aplicação em todos os momentos,os jovens decepcionam-se no lar,quando verificam a diferença decomportamento dos pais, no que serefere àquilo em que dizem crer e amaneira pela qual se conduzem.

Desse modo, o exemplo no lar éde fundamental importância para odespertamento dos jovens e adoles-centes para o estudo e a vivência doEspiritismo, ao mesmo tempo emque instrutores jovens e sincerostornem-se líderes em relação aosdemais membros do grupo juvenil.

O Consolador – Em suas via-gens pelos continentes, qual foi asituação que mais marcou suavida?

As situações que mais me mar-caram nas diferentes viagens aoExterior foi sempre poder constatarque nunca nos encontramos a sós.Em momentos muito difíceis empaíses onde o Espiritismo era total-mente desconhecido, não falando oidioma local, sempre fui inspiradoa tomar as decisões acertadas,equacionadas as dificuldades mo-mentâneas que me constituíam de-safios. Jamais me faltou esse con-curso dos Espíritos superiores, queme proporcionaram divulgar a Dou-trina Espírita com dignidade nosmais variados pontos do planeta,deixando sempre marcas positivas,espaços abertos para os que chega-ram ou se apresentarão depois.

“Espiritizar os indivíduos é atarefa de todos aqueles que

divulgam o Espiritismo”

O Consolador – Temos vistomuitas práticas nas Casas Espí-ritas que causam dependência

entre os freqüentadores e traba-lhadores, com hábitos desnecessá-rios e muitas vezes místicos. A to-lerância fraternal nos solicitacompreender o estágio de institui-ções e confrades, uma vez que nósmesmos dela também temos ne-cessidade. Devemos dizer a essescompanheiros sobre a inutilidadede algumas práticas que possa-mos presenciar ou nos dedicar-mos simplesmente a divulgar ocorreto Espiritismo?

Acredito que ambas as formasestão corretas. No entanto, conside-ro que o amor que devemos dedicarà Doutrina esteja acima das conve-niências decorrentes das amizadese escrúpulos na abordagem das di-ficuldades que permeiam o nossoMovimento. Não raro, tais compor-tamentos inadequados que notamosem diversas Casas Espíritas são fru-tos da ignorância, do atavismo an-cestral herdado de outras religiões,que são incorporadas às práticasespíritas. Desse modo, conversan-do com lealdade e em particularcom os diretores da instituição, anós nos cumpre o dever de orientarcorretamente, apresentando a pul-critude do Espiritismo, de forma quesejam eliminados esses comporta-mentos doentios.

Como existem também aquelesindivíduos que se acreditam porta-dores do conhecimento integral enão aceitam a contribuição dos ou-tros, ajamos conforme nos recomen-da a consciência espírita, sem nospreocuparmos com as reações quevenham a ocorrer. Como a nossapreocupação não deve ser a de agra-dar, mas a de esclarecer espiritica-mente as criaturas, não receemos emser leais à Codificação, mesmo

(Continuação da entrevista de Divaldo Franco publicada na pág. 7 desta edição.)quando tenhamos que pagar o ônusda incompreensão dos menos pre-parados doutrinariamente...

O Consolador – Muitos cen-tros incentivam estudos intensossobre romances e outras obrasditas como complementares emdetrimento das obras da Codifi-cação espírita. Que conseqüênci-as doutrinárias esse comporta-mento poderá acarretar?

O dever básico do Centro Espí-rita é divulgar a doutrina conformeno-la ofereceu o egrégio Codifica-dor nas obras básicas e na RevistaEspírita entre janeiro de 1858 amarço de 1869. O estudo do Espiri-tismo deve ser realizado nas obrasfundamentais. Aquelas que sãocomplementares, por mais respeitá-veis que se apresentam, são confir-mações e ampliações das obras bá-sicas nas quais se alicerça a Doutri-na Espírita.

Como estudar romances, ditosespíritas, sem o conhecimento doEspiritismo, ou mergulhar o pensa-mento no desdobramento de pro-postas que são ignoradas na sua es-trutura inicial?

Espiritizar os indivíduos, afir-ma-me o Espírito Joanna de Ânge-lis, é a tarefa de todos aqueles quedivulgam o Espiritismo, especial-mente na instituição que lhe osten-ta o nome.

O Consolador – Doutrina re-ligiosa, sem dogmas propriamen-te ditos, sem liturgia, sem símbo-los, sem sacerdócio organizado esem rituais, ao contrário de qua-se todas as demais religiões, comoentender a prática ou adoção derituais no Centro Espírita?

A presença de quaisquer práti-cas ritualísticas no Centro Espíritadesfigura-lhe a condição de fideli-dade à Doutrina. Sendo o Espiri-tismo a religião cósmica do amor,não existem justificativas paraquaisquer comportamentos supers-ticiosos e vinculados a outros cre-dos, pois que proporciona a liga-ção da criatura com o Criador sema necessidade de intermediárioshumanos ou circunstanciais, depessoas ou de ritos extravagantese desnecessários.

O Consolador – Consideran-do-se que o Espiritismo é uma re-ligião eminentemente educado-ra e que o Espírito reencarnapara aperfeiçoar-se, você nãoacha que as atividades que visamà evangelização da criança nãotêm recebido o apoio na propor-ção da importância da tarefa?

É de lamentar essa constata-ção em inúmeros Centros Espí-ritas. Acreditam os seus direto-res que são imortais no corpo,sem a preocupação de preparar asnovas gerações para os substitu-írem, tanto quanto trabalhar acriança, a fim de produzir umasociedade feliz, sem vícios nemconflitos, que o Espiritismo diri-me e equilibra.

Esse infeliz comportamentotraduz a ignorância em torno daeducação, que mereceu do insigneAllan Kardec, o nobre educador,páginas de relevante beleza.

Educar a criança de hoje, é de-ver inadiável, a fim de não se terque punir o cidadão do futuro, con-forme o pensamento de nobre fi-lósofo grego... (Continua na pág.10 deste número.)

Divaldo Franco:

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O IMORTALPÁGINA 10 MAIO/2008

O Consolador – Nota-se quehá no meio espírita um verda-deiro movimento iconoclastaque tem tachado pejorativa-mente de conservadores, de do-nos da verdade e de censorestodos aqueles que se preocupamcom a manutenção do nível deequilíbrio, de sobriedade, de fi-delidade doutrinária. Será queesse movimento mundial dequestionamento de padrões éti-cos, que surgiu nas últimas dé-cadas do século vinte, está che-gando ao Movimento Espírita?

Vivemos o momento da gran-de transição e é natural que ocor-ram fenômenos dessa natureza,especialmente quando se trata dapreservação dos valores ético-morais da sociedade. O tédioemocional decorrente da exaus-tão dos sentidos no gozo da inu-tilidade e das paixões subalternasrebela-se contra tudo quanto in-vita à reflexão, à preservação dobom, do nobre, do belo, convi-dando à rebelião, às mudanças,na busca de novos estímulos paraa sobrevivência daqueles que selhe fazem vítimas.

O Espiritismo é doutrina gra-ve e profunda, que não se adaptaàs novidades com que muitos de-sejam mascará-lo, de modo a per-manecerem na futilidade e nosensacionalismo.

Aqueles espíritas sérios quezelam pela preservação dos valo-res doutrinários sobreviverão aosmodismos, porque a Doutrina per-manecerá conforme a recebemosde Allan Kardec e dos nobres Es-píritos que a Codificaram e a des-dobraram através dos anos.

O Consolador – Um fatobem peculiar em grande parteda Europa é a existência deGrupos Espíritas fundados emantidos por brasileiros, cujostrabalhadores e freqüentadoressão em sua maioria brasileiros.Poucos grupos conseguiramdespertar nos europeus a von-tade de aprender mais sobre a

Doutrina Espírita, no seu trípli-ce aspecto. O que está faltan-do?

Acredito que essa é a fase ini-cial, decorrência natural da difi-culdade de alguns grupos aindanão realizarem atividades no idi-oma do país em que se encon-tram. Por outro lado, a falta delivros traduzidos para os diver-sos idiomas – e que vem sendosolucionado pelo CEI com muitaeficiência – também contribuipara o desinteresse dos nacionais.Esse esforço dos brasileiros évalioso sob todos os aspectosconsiderados: sustenta-lhes a fé,ajuda o seu próximo e ofereceoportunidade de conhecer o Es-piritismo àquele que, por acaso,se venha a interessar.

Esse fenômeno ocorreu tam-bém com o Cristianismo emRoma, convém lembrar. Ade-mais, conheço excelentes gruposna Europa que estão encontran-do ressonância entre os nascidosnos países em que se encontramfixados. Aguardemos, confiantes,auxiliando esses admiráveis des-bravadores.

O Consolador – Como con-seguir estreitar mais estes laçose, por conseguinte, contar comaparticipação dos europeus nasatividades espíritas?

A questão é delicada, espe-cialmente em se considerandoque o Espiritismo não é doutri-na que impõe, mas que expõe.O europeu, em geral, exceçãoaos da península ibérica, onde oMovimento espírita encontra-semuito bem organizado e difun-dido, sofreu muitas guerras, ex-perimentou muitas dificuldades,cansou-se da fé religiosa que lhefoi oferecida e vive um períodode agnosticismo, senão de ma-terialismo, em alguns disfarça-do em postura religiosa vazia dereligiosidade...

Com os esforços que vêm sen-do envidados pelas sociedadesque estão conseguindo registros

oficiais e do CEI, confiamos quehaverá mais estreitamento entreos brasileiros e os europeus quesimpatizam com o Espiritismo.

“O proselitismo,conforme vem sendo

praticado por diversasseitas, tem sido maisprejudicial que útil”

O Consolador – Quandogostamos muito de uma coisa,é natural que queiramos com-partilhá-la. Por que evitarmoso proselitismo, se estamos ple-namente convencidos de que oEspiritismo seria tão benéficoe consolador para todos?

O proselitismo, conformevem sendo praticado por diver-sas seitas e doutrinas de variadadenominação, tem sido mais pre-judicial do que útil, porque fazadeptos inconscientes, fanáticos,presunçosos...

O Espiritismo não deverá re-alizar esse tipo de divulgação, ar-rastando multidões para as suasfileiras, considerando os diversosníveis psicológicos de consciên-cia em que se situam os indiví-duos, o que não permite umaaglutinação na horizontal dos in-teresses. É válida a tentativa deelucidar e conquistar novos adep-tos, isto porém se dará no mo-mento quando houver maior ama-durecimento espiritual e moraldos indivíduos, após saturar-sedas paixões dissolventes a que seaferram.

O Consolador – A todo ins-tante somos colocados diante desituações que exigem nossaimediata avaliação e inevitáveljulgamento. Que fazer, no âm-bito profissional ou familiar,para adotar o princípio cristãosem correr o risco de falharmospor omissão?

Como nos encontramos naTerra, torna-se inevitável queparticipemos dignamente das im-posições vigentes no mundo, ava-

liando e julgando. Tenhamoscomo exemplo as autoridades quedevem exercer as suas funções,os chefes de setores, os respon-sáveis por atividades que abran-gem grupos humanos e sociais...

O não julgar a que se refere oEvangelho constitui uma adver-tência a não pensarmos mal dosoutros, a não concluirmos apres-sadamente quando não conhece-mos os fatos, a não atirarmos pe-dras em nosso próximo. Dispon-do porém, de argumentos, de in-formações e dados, é-nos conce-dido o direito de avaliar e de jul-gar de maneira equilibrada, con-tribuindo para a regularização doque esteja errado, a fim de sercorrigido. Não podemos concor-dar com tudo, o que nos pode em-purrar para uma postura hipócri-ta, pusilânime ou conivente como erro...

O Consolador – Qual o me-lhor caminho para que desen-volvamos dentro de nós o amorcristão pelo próximo, a bonda-de espontânea no coração efoquemos nossas vidas mais pe-los caminhos da solidariedade,essa virtude ainda tão esqueci-da?

Confesso não conhecer essemelhor caminho. Na minha expe-riência de uma longa existência ecomo decorrência da convivênciacom os Espíritos amigos aprendia compreender o meu próximo,tentando ser melhor, mesmo que,com dificuldades, permitindo queos outros pensem de mim o quelhes aprouver, enquanto estareiprocurando pensar o melhor detodos... Tenho aprendido a nãorevidar o mal com o mal, e embo-ra sabendo que tenho inimigos –em ambos os planos da Vida – lutopara não ser inimigo de ninguém,e venho buscando cumprir com odever com que sou honrado naatual reencarnação.

O Consolador – Há um ano,quando comemorávamos 150

“O advento do mundo de regeneraçãoestá próximo, mas não imediato”

anos de existência de O Livrodos Espíritos, foi lançada OConsolador, revista redigida es-pecialmente para circular nainternet. Passados doze meses,que avaliação você faz da cria-ção da revista e da importân-cia da internet na difusão doEspiritismo no globo em que vi-vemos?

Recordo-me com imenso jú-bilo da planificação do primeironúmero da nossa cara Revistaeletrônica e acompanhei o seuprocesso de crescimento e dequalidade, graças à cooperaçãode novos articulistas, entrevista-dos e a segura direção do carosAstolfo e José Carlos.

A internet, como tudo que ohomem toca e corrompe infeliz-mente, tornou-se veículo de in-formações incorretas, de agres-sões, de desmoralizações, de in-fâmias, de degradação e de cri-me... mas também de grandiosasrealizações que dignificam o gê-nero humano e preparam a soci-edade para dias mais belos e maisfelizes. Nesse sentido, a Revistavem realizando o seu papel dedifundir o Espiritismo com ele-gância, nunca se permitindo vul-garidade, qualquer tipo de arro-gância ou de combate inútil, fielaos postulados da Codificação, oque me faz recordar os excelen-tes artigos da Revue Spirite, fun-dada e dirigida por Allan Kardecaté a data da sua desencarnação– 31-3-1869 –, cujo sesquicente-nário comemoramos desde janei-ro próximo passado.

Penso que se Allan Kardec es-tivesse reencarnado, nestes dias,utilizar-se-ia da internet com amesma nobreza com que recor-reu à imprensa do seu tempo nadivulgação e defesa do Espiritis-mo diante dos seus naturais ad-versários.

Parabéns à Revista eletrôni-ca, aos seus diretores e a todosos seus cooperadores. (Marce-lo Borela de Oliveira, de Lon-drina.)

Divaldo Franco:

(Conclusão da entrevista de Divaldo Franco publicada nas págs. 7, 8 e 9 desta edição.)

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O IMORTALMAIO/2008 PÁGINA 11

Palestras, seminários e outros eventosra seu primeiro aniversário, com pales-tra a ser proferida por Astolfo Olegáriode Oliveira Filho.– A União das Sociedades Espíritas deLondrina (USEL) promove em maiomais um ciclo de palestras. Eis a progra-mação geral: dia 2 – Sexta-feira – 20h –Centro Espírita Nosso Lar: “A Fé” – porAlceu Moraes; dia 2 – Sexta-feira – 20h– Centro Espírita Maria de Nazaré: “De-sapego”, por Leda Negrini de Almeida;dia 3 – Sábado – 20h – Centro EspíritaAmor e Caridade: “Não é trágico ser mé-dium”, por Pedro Vanderlei Paulino; dia3, Sábado – 15h – Centro Espírita CasaFabiano de Cristo: “Progredir sempre”,por Roberto Camargo; dia 4 – Domingo- 9h30 - Centro Espírita Meimei: “A vi-são”, por Lisete Cabrera; dia 9– Sexta-feira – 20h – Centro Espírita Aprendizesdo Evangelho: “Fazendo a diferença”,por Renato Panho; dia 10 – Sábado – 15h– Núcleo Espírita Hugo Gonçalves: “Es-tudando as Obras de André Luiz”, porJosé Antônio Vieira de Paula; dia 13 –Terça-feira – 20h – Sociedade Div. Es-pírita Maria de Nazaré: “O amor pelobem”, por Aldérico Natal Sposti; dia 15– Quinta-feira – 20h – Centro de Estu-dos Espirituais Vinha de Luz: “Obses-são e possessão”, por Divaldo Moreira;dia 16 – Sexta-feira – 20h – Centro Es-pírita Caminho de Damasco: “Justiça dasaflições”, por Naudemar Nascimento;dia 17 – Sábado – 16h30 - Núcleo Es-pírita Benedita Fernandes: “Meu reinonão é deste mundo”, por Marco AurélioBatyras; dia 18 – Domingo – 9h30 –Centro Espírita Anita Borela de Olivei-ra: “Irmã Scheilla”, por Efigênia A. San-tos; dia 18 – Domingo – 9h15 - GrupoEspírita Jésus Gonçalves: “O cristão e omundo”, por João Antônio da Silva Neto;dia 25 – Domingo – 9h - Comunhão Es-pírita Cristã de Londrina: “Descobertade valores”, por Oswaldo Santos; dia28 – Quarta-feira – 20h – Centro Espíri-ta Bom Samaritano: “Joanna de Ânge-lis”, por Dorotéia Ziel Silveira.

Curitiba – No dia 4 de maio, às 10 ho-ras, no teatro da FEP (Alameda Cabral,300), Sergio Hilmar Gomes da Silvaprofere palestra sobre o tema “A lei decausa e efeito”. No dia 11 seguinte, apalestra será de Marco Antônio Negrão,sobre o tema “Amor materno e filial”.– O Departamento de Infância e Juven-tude da FEP dá seqüência nos próximosdias 8 e 9 de maio, das 19h30 às 21h30,ao treinamento de Formação de evan-gelizadores – módulo 1 – A Educação,2ª parte. A Coordenação do treinamen-

Estado do ParanáCambé – O Centro Espírita AllanKardec promove todas as quartas-fei-ras, às 20h30, seu costumeiro ciclo depalestras, que apresenta em maio asseguintes palestrantes: dia 7, CileneDias Soares da Silva; dia 14, MariaEloíza Ferreira; dia 21, Jane MartinsVilela; dia 28, Rosana Voigt Silveira.– A Associação Coral Espírita HugoGonçalves, de Cambé, em projeto pa-trocinado pelo Ministério da Cultura,realizará, com entrada franca, quatroapresentações da peça teatral “BrasilCoração do Mundo” nas datas e lo-cais seguintes:Dia 7 de maio de 2008 - TeatroZaqueu de Melo - Londrina, às 20h.Dia 30 de maio de 2008 - Teatro deAlvorada do Sul, às 20h.Dia 6 de junho de 2008 - Teatro emCornélio Procópio, às 20h.Dia 21 de junho de 2008 - Teatro Mu-nicipal em Ibiporã, às 20h.

Londrina – A revista espírita O Con-solador, fundada em 18/4/2007, co-memorou no dia 13 de abril seu pri-meiro ano de existência. A revista, queé de periodicidade semanal e redigidaapenas para circulação na internet,pode ser vista no site www.oconsolador.com. A partir de maio, elatrará 5 textos em inglês e espanhol, oque facilitará sua penetração na Amé-rica Latina e em vários países do glo-bo, onde já vem sendo lida em 65 pa-íses dos cinco continentes.– O Centro Espírita Nosso Lar convidaos interessados a participarem do gru-po de canto que está se formando naCasa, com ensaios aos domingos, das15h às 16h30. Marinei Ferreira Rezendeé uma das coordenadoras do trabalho.– Com vistas a arrecadar recursos parao custeio da próxima Semana Espíri-ta de Londrina, a USEL – União dasSociedades Espíritas de Londrina pro-move no início deste mês mais umapromoção de pizzas.– O Círculo de Leitura Anita Borelade Oliveira promove no dia 4 de maiomais uma reunião confraternativa, quese inicia às 17h, desta vez na residên-cia do casal Ivanira e Hélio, que resi-dem no edifício da Associação Rural,no centro da cidade. A obra cujo estu-do se iniciará na oportunidade é o ro-mance “A Feira dos Casamentos”, deJ.W. Rochester.– No dia 8 de maio, o Centro EspíritaAnita Borela de Oliveira, situado noConjunto Parigot de Souza, comemo-

to é da equipe do DIJ. Na ocasião seráenfocado o tema “O Grande Pedagogoda Humanidade”. Informações comDarck - fone 3223-6174.

Andirá – Numa promoção da 4ª UniãoRegional Espírita, Maria Luiza Bobergfala nesta cidade, no dia 28 de maio,sobre o tema “No domínio das provas”.

Campo Mourão – Nos dias 7 e 8 dejunho, a cidade será sede do 8ºENDESP – Encontro de Dirigentes Es-píritas, promovido pela Inter-RegionalNoroeste. A coordenação do Encontroserá de Cosme Massi.

Cascavel – A 10ª. União Regional Es-pírita promove no dia 4 de julho, naFAG-Cascavel, O Seminário “ Ilumi-nação Interior”, sob a coordenação domédium e orador espírita Divaldo Pe-reira Franco. O horário será das 19 as22 horas e as inscrições estão sendo re-alizadas nas Casas Espíritas abrangidaspela União regional Espírita – 10ª URE.

Foz do Iguaçu – A 13ª União RegionalEspírita, através de seu departamentode Infância e Juventude – DIJ, promo-veu no dia 27 de abril o 4º ENPAES –Encontro de Pais Espíritas. O evento sedeu no CEPAC – Centro Espírita Paz,Amor e Caridade (R. QuintinoBocaiúva, 1156, Centro), das 8h30 às12h, e teve como tema principal “Saú-de das Relações familiares”.

Guarapuava – “Planejamento estraté-gico prático para o serviço social espí-rita” é o tema do seminário a ser coor-denado por Marco Antônio Negrão, di-retor do Departamento de Orientaçãoao Serviço Social Espírita da FEP, nodia 3 de maio, nesta cidade, das 14 às18 horas. O local do evento será o Cen-tro Espírita A Caminho da Luz (R. Do-mingos Caetano do Amaral, 22, Bairrobatel).

Jacarezinho – Numa promoção da 4ªUnião Regional Espírita, AndersonBonacin Moura fala na cidade no dia12 de maio sobre o tema “Jesus”.

Maringá – Ubiratan Cezar Archetti,presidente da URE 14ª Região, coor-denará o seminário “O Ser Espírita –na gestão de qualidade e no exercíciodo bem”, no dia 10 de maio, na Associ-ação Espírita de Maringá – AMEM (Av.Paissandu, 1156 – Vila Operária), das14h30 às 18h.

Pato Branco – No dia 5 de julho,Divaldo Franco profere palestra nestacidade, em local ainda não divulgado.

Ponta Grossa – A Diretoria Executivada Federação Espírita do Paraná e re-presentantes de seus diversos departa-mentos estarão em Ponta Grossa no pró-ximo dia 18 de maio, participando daInter-Regional Centro, evento que sedestina aos trabalhadores espíritasabrangidos pelas 2ª e 12ª Uniões Regi-onais Espíritas. O local será o InstitutoEducacional Duque de Caxias (Rua An-tônio Frederico Zanon, 41 - JardimAmérica). Das 9h às 9h30 acontece aabertura do evento e das 9h45 às 12h30acontecem os seminários setoriais: a)Estudo da Doutrina Espírita, com ShouWen Allegretti e Luis Maurício Resen-de; b) Estudo da Mediunidade, comRegis Piovesan; c) Atendimento Espi-ritual: Maria da Graça Rozetti; d) De-partamento de Orientação ao ServiçoSocial Espírita: Marco Antônio Negrão;e) Departamento de Orientação à Infân-cia e à Juventude: Tatyanna Braga deMoraes e Karina Greca; f) Departamen-to de Unificação e Expansão do Movi-mento Espírita: José Virgílio Góes, Pau-lo César de Melo e José Miguel Silveira;g) Área Administrativa e Institucional:Luiz Henrique da Silva e DanielDallagnol. No sábado que antecede aInter-Regional Centro, dia 17, será rea-lizada reunião com os Presidentes dasCasas Espíritas localizadas na região.A reunião será na Sociedade EspíritaFrancisco de Assis (Rua SantosDumont, 640), às 20 horas.

Ribeirão do Pinhal – Em promoção da4ª União Regional Espírita, Maria LuizaBoberg fala nesta cidade no dia 9 demaio sobre o tema “No domínio dasprovas”.

Santo Antônio da Platina – A UniãoEspírita Jesus Nazareno completa 77anos de fundação no dia 30 de maio,com atividades ininterruptas de estudose divulgação da Doutrina Espírita,Evangelização Infanto-Juvenil, Atendi-mento Fraterno e Espiritual. A confrei-ra Denice Carvalho Santana é sua atualpresidente.

Sertanópolis – A Casa Espírita “O BomSamaritano” (Rua Goiás, 290) promo-ve seu Mês Espírita, ciclo de palestrasque realizará em suas dependências to-das as quintas-feiras (20h) e aos sába-dos (15h) do mês de maio. A progra-

mação, às quintas-feiras, está assimcomposta: dia 1º de maio, tema “Ca-ridade”, palestrante Júpiter VillozSilveira (Londrina); dia 8, tema “NosPassos do Evangelho”, palestranteJosé Antônio Vieira de Paula (Cam-bé); dia 15, tema “Reencarnação”, pa-lestrante Lílian Madi (Cornélio Pro-cópio); dia 22, tema “Quatro Gigan-tes da Alma”, palestrante NilzaSacomani; dia 29, tema “DiscípuloAnônimo”, palestrante Célia XavierCamargo (Rolândia). Aos sábados aspalestras observarão a seguinte pro-gramação: dia 3 de maio, tema “OPorquê Sou Como Sou”, palestranteAldérico Natal Sposti Natal; dia 10,tema “A Espera do Meu Filho”, pa-lestrante Vera Lucia; dia 19, tema“Regressei Na Hora Certa”, palestran-te Jose Carlos Angeli; dia 24, tema“O Amor Sem Dor”, palestrante Ma-ria Cândida; dia 31, tema “Buscandoa Paz”, palestrante Vandercy Aguile-ra. Mais informações podem ser ob-tidas com José Abílio Guizelini, pelotelefone (43) 9972-8608.

Uraí – Em maio realiza-se o Mês Es-pírita de Uraí. A promoção é do Cen-tro Espírita Comunidade EspíritaCristã, localizado na Avenida Brasil,1193. A palestra de abertura, dia 1ºde maio, às 20h, estará a cargo deJânio Dalla Costa, de Apucarana. Aprogramação segue dia 8, com GilsonRibeiro, presidente da União Regio-nal Espírita – URE 5ª Região; dia 15,Roselaine, de Cornélio Procópio; dia22, Lílian Madi, de Cornélio Procó-pio; dia 29, José Antônio Vieira dePaula, de Cambé; dia 5 de junho,Célia Xavier Camargo, de Rolândia.

Júpiter Villoz Silveira fará a palestra deabertura do mês espírita de Sertanópolis

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O IMORTALPÁGINA 12 MAIO/2008

ELSA [email protected]

De Londres

Todo nascimento é uma festa.Todo nascimento de uma nova insti-tuição espírita traz novos ânimos eesperanças de novas tarefas na divul-gação de nossa abençoada Doutrina.

Naquela tarde de sábado, dia 12de Abril, mês do lançamento de OLivro dos Espíritos, a alegria e a ex-pectativa se viam em cada rosto que

chegava. O local já era nosso conhe-cido, pois ali foram realizados doisEncontros Espíritas em 2005 e 2006.O local chamado de “Soccorso 118”fica na pequena cidade de Cololzio-corte, imediações de Lecco (Socorro118). Nós nos sentíamos todos comopais e mães da nova instituição – aUNIONE SPIRITICA ITALIANA. Osque acompanharam todo o processode preparação dos Estatutos, de acor-do com as leis italianas, idas e vindasao Oficio do Governo para garantir

que tudo saísse de acordo, tinham ago-ra uma satisfação e uma apreensão aomesmo tempo, chegado o dia para areunião de aprovação do estatuto daUSI – Unione Spiritica Italiana.

Foram meses e meses, que chega-ram a mais de dois anos de trabalhodiscutindo o Estatuto e tudo estariabem ao final da tarde, como de fatoaconteceu.

Dos oito Grupos Espíritas existen-tes na Itália, seis estavam presentes. OCentro Italiano Studi Spiritici de Aosta– conhecido por CISSAK de Aosta, oSentieri dello Spirito, da cidade deMilano, O Gruppo Cammino dellaLuce da cidade de Treviso, o GrupoFrancesco de Assis, que, apesar de terquase dois anos de reunião de estudos,até pouco tempo era conhecido comoVangelo no Lar, da cidade de Peschieradel Garda; presentes também os diri-gentes do Grupo fundado em Pescateem 1998, na residência de ReginaPiccoli e Evi Alborghetti, já há doisanos denominado de GLAK de Lecco,e presentes também representantes do

Crônicas de Além-Mar

Nascimento de uma nova instituição nacional

ELSA ROSSI, escritora e pales-trante espírita brasileira radicada emLondres, é 2ª Secretária do ConselhoEspírita Internacional, diretora doDepartamento de Unificação para osPaíses da Europa, organismo do Con-selho Espírita Internacional e secre-tária da British Union of SpiritistSocieties (BUSS).

Gruppo Spiritico Kardecista SpartacoGhilardi, da cidade de Cologno Mon-zese. O Gruppo NEAK de Milano, nãopodendo comparecer, enviou e-maildando o apoio à fundação da institui-ção nacional tão esperada. O Gruppodi Roma – GRAK não pôde compare-cer. Enfim, foi uma festa de alegrias,após a assinatura do “AttoConstituttivo”, oficializando assim onascimento da USI.

Os projetos já existem para que opresidente Evi Carlo Alborghetti pos-sa colocar para sua comissão de tra-balho. Depois de um dia chovendo, aofinal da tarde, o brilho do sol veioabençoar essa tarefa em prol do tra-balho espírita organizado, para divul-gação da Doutrina Espírita. Sem per-da de tempo, a USI está organizandoduas palestras públicas, os pôsteresestão prontos e uma website está sen-do criada. Os temas, que serão trata-dos nos dias 16 e 17 de maio à noite,versarão sobre “Obsessão e Mediuni-dade” e “Prova Científica da Reencar-nação e Comunicabilidade com os

Espíritos”.A Itália tem mostrado em seus jor-

nais muitos casos dessa área; então, opúblico precisa saber mais e se escla-recer e nada melhor do que uma pales-tra tranqüila, gratuita, onde todos pos-sam conhecer um pouco mais sobre ospostulados espíritas. Quem desejarmaiores contactos com a USI, pode es-crever para o e-mail: [email protected]

Enfim, o trabalho não pára, nãofalta e há sempre espaço para mais tra-balhadores que queiram engajar-seneste feixe de varas de que tanto nosfala dr. Bezerra de Menezes, seja ondefor e em que terras forem, além doscéus e dos mares.

Estudando as obrasde André Luiz

Sempre que possível, procuramosapresentar o limite existente entre aMisericórdia Divina e a sua Justiça.

Se Deus fosse unicamente justo,provavelmente a vida nos mundos in-feriores, como o nosso, seria insupor-tável, pois estaríamos entregues fria-mente às conseqüências de nossas pró-prias imperfeições; por outro lado, sefosse apenas Misericordioso, nós, al-mas infantis diante da estradaevolutiva, muito demoraríamos paraamadurecer. Assim, é extremamentegratificante observarmos como tudo éfeito de maneira que um dos atributosdivinos não obscureça o outro.

André Luiz apresenta-nos inú-meros exemplos desse tempero. Umdeles encontramos no livro “OsMensageiros”, de sua autoria, capí-tulo 50, por conta da desencarnaçãode Fernando, pessoa despreparadaespiritualmente, que direcionou todasua existência física para os praze-res do mundo, como diz Aniceto aoobservar o moribundo: “Vê-se queatravessou a vida humana obede-cendo mais ao instinto que à razão.Observam-se-lhe no mundo celularvastos complexos de indisciplina.”

Pela justiça divina – entenda-sepor justiça divina um conjunto de leisimutáveis, que sempre dará a cada umconforme suas obras -, Fernando de-veria desencarnar e naturalmente ser

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

atraído para regiões espirituais infe-riores, em torno da Terra, onde fica-ria até expurgar todos seus delitos mo-rais para, só depois de um arrependi-mento sincero e de ter concluído otempo necessário para reorganizar-seperispiritualmente, retornar a umanova oportunidade de crescimento.

Acontece que sua mãezinha, tam-bém desencarnada, repleta de créditosmorais, intercede pelo filho que tantoama. A justiça Divina confere a ela odireito de minimizar o sofrimento dofilho, mas o não merecimento deste neu-traliza em parte sua intercessão. ( Lem-bremos que o próprio autor, André, per-maneceu por oito anos em regiões desofrimento, embora a intercessão de suamãe que habita em planos superiores).

Ouçamos a mãe de Fernando:“Desejaria sacrificar-me ainda umpouco por meu desventurado filho,mas apenas obtive permissão parasocorrê-lo nos seus últimos instantes.Meus superiores prometem ajudá-lo,mas aconselharam-me a deixá-lo en-tregue a si mesmo durante algum tem-po. Fernando precisa reconsiderar opassado, identificar os valores que,infelizmente, desprezou. As lágrimase os remorsos, na solidão do arrepen-dimento, serão portadores de calmaao seu espírito irrefletido. Grande émeu desejo de conchegá-lo ao cora-ção, regressando aos dias que já seforam; todavia, não posso prejudicar,com a minha ternura materna, a mar-cha do serviço divino... Não devo con-trariar os desígnios de Deus”.

Momentos com Divaldo Franco

Eis mais um dos fatos ocorridoscom Divaldo Franco, por ele mes-mo narrado:

Em 1952 fui ao Cartório pararegistrar o meu primeiro filho.

Ele havia sido abandonado àporta da rua, em nossa “Mansão doCaminho”, em um pequeno depósi-to de lixo. Seu choro atraiu-nos aatenção. Era uma criança raquíticae seu estado de miséria era tal quenos constrangeu profundamente.

Recolhemo-lo com carinho e to-dos os cuidados lhe foram dispensa-dos.

A sua chegada, representava,porém, para toda a nossa equipe, oinício de uma nova etapa.

Tê-lo em meus braços, signifi-cava para mim o passo para aconcretização de compromissos queassumira.

Foi, portanto, com a alma emfesta que me dirigi ao Cartório a fim

psicografar, ditado por Auta de Sou-za e a mim dedicado, intitulado:AGORA.

“Agora, enquanto é hoje,eis que fulgura

O teu santo momento de ajudar!...Derrama em tornocompassivo olhar

Estende as mãos aosfilhos da amargura.

Repara! Aqui e além a desventuraCaminha ao léu, sem pão,

sem luz, sem lar,Acende o próprio amor!

Faze brilharA tua fé tranqüila, doce e pura.

Agora! Eis o minuto decisivo!...Abre teu coração ao Cristo vivo,

Não permitas que otempo marche em vão.

E ajudando eservindo sem cansaço,

Alcançarás subindo passo a passoA glória eterna da ressurreição.”

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

de registrá-lo.Obviamente, o meu intuito era o

de lhe dar o meu nome. Eu lhe seria opai, não apenas na nossa Instituição,mas, também, nos registros legais.Uma dúvida, contudo, me preocupa-va: que nome declararia como sendoo da mãe da criança? Foi, nesse mo-mento, que vi aproximar-se um Espí-rito conhecido, que me disse:

– Dá-lhe o meu nome, porquantodesencarnei há muito tempo. Chamo-me Auta de Souza. Fui, na Terra, poe-tisa potiguar.

Encantado com a sugestão e comas vibrações suaves e amoráveis comque ela me envolvia, prontamente re-gistrei Jaguarassu como meu filho ede Auta de Souza.

Anteriormente, já a a homenage-ara colocando o seu nome no setor dasnossas atividades assistenciais inicia-das em 1947, que era conhecida comoCaravana “Auta de Souza”.

Em 18 de maio de 1954, estandoem Pedro Leopoldo, tive a grata sur-presa de receber, pelas mãos de ChicoXavier, o soneto que ele acabara de

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O IMORTALMAIO/2008 PÁGINA 13

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Scheilla

Peixotinho, em Macaé (RJ), ini-ciou um trabalho de orações para asvítimas da Segunda Grande Guerra.Foi então que, de repente, chegou láe se materializou um Espírito cha-mado Rodolfo, que contou que erade uma família legitimamente espí-rita, morando na Alemanha. Ele teveque servir na guerra como oficial-médico e o pai dele, Dr. Fritz, muitoreservado, educado, severo, muitoautêntico, que passou muitas idéiashumanitárias aos filhos, havia lhedito: -Matar nunca. Ao que Rodolforespondeu: -Pai, não é isso, vou ser-vir como médico. Pois bem, em cer-ta ocasião, o Dr. Rodolfo foi cha-mado como oficial para integrar umpelotão de fuzilamento. Ele, então,disse: -A minha missão é salvar, nãomatar. E, de acordo com o regula-mento militar, ele passou a ser con-siderado criminoso, porque deixoude servir à pátria, pois a pátria pediaa ele que matasse alguém e ele senegou. Então, disseram-lhe: -Já quevocê não vai executar esse homem,você vai ficar junto dele para mor-rer como um traidor. E ele foi fuzi-lado na mesma hora. A essa altura,manifestou-se (espiritualmente) aopai e disse: -Pai, já estou na outradimensão da vida. Cumpri a pala-vra empenhada: não matei, preferimorrer.

Para que não continuasse noambiente de guerra, foi amparadoespiritualmente no Brasil, no GrupoEspírita Pedro (Macaé-RJ).Peixotinho, por ter sido militar,como espírita, tinha esse trabalho depreces em benefício das vítimas deguerra e pela paz. E esses fatos sederam no auge da Segunda GuerraMundial, quase no final. Certo dia,Rodolfo (Espírito) disse, assim, noGrupo de Oração do Peixotinho: -Orem por minha irmã, ela está cor-rendo perigo. E como a voz do ale-mão, através da voz direta, não erabem nítida, com sotaque carregado,a pronúncia do nome da sua irmã nãosaía boa, ao invés de Scheilla, saíaCeila. Passados alguns dias ele dis-se: -Minha irmã acabou dedesencarnar. Foi vítima de bombar-deio da aviação. Ela e meu pai de-sencarnaram. Dias depois, paraagradável surpresa da equipe, mate-

rializou-se uma jovem loura e disse: -Eu sou Scheilla. Foi muita alegria! Osirmãos ficaram cheios de júbilos es-pirituais.

Segundo fontes espíritas, apenasduas encarnações de Scheilla são co-nhecidas: uma na França, no séculoXVI, e outra na Alemanha. Na Fran-ça, ela chamou-se Joana FranciscaFrémiot, nascida em Dijon, a 28/01/1572. Ao entrar na história, ficou maisconhecida como Santa Joana deChantal (canonizada em 1767) ouBaronesa de Chantal. Casou-se aos 20anos com o barão de Chantal. Tendomuito cedo perdido seu marido, aban-donou o mundo com seus quatro fi-lhos, partilhando o seu tempo entre asorações, às obras piedosas e os seusdeveres de mãe. Em 1604, tendo vin-do pregar em Dijon, o bispo de Gene-bra, S. Francisco de Salles, submeteu-se à sua direção espiritual. Fundaramem Annecy a congregação da Visita-ção de Maria (1610), que contava, àdata de sua morte, com 87 conventose, no primeiro século, com 6.500 reli-giosos. A baronesa de Chantal dirigiu,como superiora, de 1612 a 1619, acasa que havia fundado em Paris, nobairro de Santo Antônio. Em Paris,instalaram-se em pequena casaalugada em bairro pobre. Passarampor grandes necessidades, mas a Or-dem da Visitação (de Paris) foi aumen-tando e superou as dificuldades. Em1619, São Vicente de Paulo ficoucomo superior do Convento da Ordemda Visitação. Santa Joana de Chantaldeixou o cargo de superiora da Ordemda Visitação e voltou a Annecy, ondeficava a casa-mãe da ordem. A Santavárias vezes tornou a ver São Vicentede Paulo, seu confessor e diretor es-piritual. Em Moulins, em 13 de de-zembro de 1641, ela veio a falecer.

A outra encarnação conhecida deScheilla verificou-se na Alemanha.Com a guerra no continente Europeu,aflições e angústias assolaram a cida-de de Berlim, na Alemanha, ondeScheilla atuava como enfermeira, cui-dando das feridas físicas e, como ami-ga da caridade, tratando as chagas mo-rais dos vitimados pela guerra. Seu ab-negado Espírito não se furtou a con-viver nos ambientes belicosos, ensi-nando a paz na guerra e o amor espi-ritual na ação silenciosa, apontandopara os seus assistidos o porto seguroda fé cristã. Seu estilo simples e suameiguice espontânea muito ajudavamem sua profissão. Bonita tez clara, ca-belo muito louro, que lhe davam umar de graça muito suave. Seus olhos,

azuis esverdeados, de um brilho in-tenso, refletiam a grandeza de seu Es-pírito. Estatura mediana, sempre comseu avental branco, lá estava Scheilla,preocupada em ajudar, indistintamen-te. Esquecia-se de si mesma, pensa-va somente na sua responsabilidade;via primeiro a dor, depois a criatura...Essa moça não ouvia as terríveis ex-plosões partidas das armas destruido-ras, porque o que Scheilla ouvia era avoz de alguém que gemia de frio e dedor. Por esta razão, numa tarde ondeos soldados se misturavam ao ódio,gerado por almas sedentas de batalha,durante violento bombardeio aéreo,quando heroicamente tentou salvaruma criança, eis que tomba no solode sua pátria a jovem enfermeira, queatravés de sua coragem atravessava oscampos perigosos de batalha para so-correr, sanar os gritos que lhe vinhamde encontro. Numa tarde de plenocombate, em julho ou agosto de 1943,na cidade de Hamburgo, desencarnaScheilla, a jovem enfermeira, aos 28anos de idade.

Scheilla, desde essa época fazponte entre o céu e a terra e nós, hu-manos, já nos habituamos com a suapresença, que contabiliza ensinamen-tos, emoções e, de quando em vez, osubstrato inesquecível do perfume deuma rosa que ela bem representa. Atu-almente nossa querida mentora traba-lha na Espiritualidade, juntamentecom Cairbar Schutel, coordenador ge-ral da Colônia Espiritual AlvoradaNova, onde ela desenvolve um traba-lho forte e muito amplo, com dedica-ção ímpar, coordenando quatorzeequipes que formam o Conselho daCasa de Repouso, o qual se reúne pe-riodicamente, decidindo às questõespertinentes.

Relata R. A. Ranieri que, numadas primeiras reuniões de materiali-zação, iniciadas em 1948 pelo mé-dium Peixotinho, apareceu a figuracaridosa de Scheilla. Em Belo Hori-zonte, marcou-se uma pequena reu-nião que seria realizada com a finali-dade de submeter a tratamento donaLó de Barros Soares, esposa de JairSoares. No silêncio e na escuridãosurgiu a figura luminosa de uma mu-lher, vestida de tecidos de luz e os-tentando duas belas tranças. EraScheilla. Nas mãos trazia um apare-lho semelhante a uma pedra verde-cla-ro, ao qual se referiu dizendo tratar-se de um emissor de radioatividade,ainda desconhecido na Terra. Fez apli-cações em dona Ló. Depois de algunsminutos, levantou-se da cadeira e

proferiu uma belíssima pregaçãoevangélica com sotaque alemão e vozde mulher.

Por volta de 1954, em PedroLeopoldo, Scheilla participou muitasvezes das sessões de materialização,onde seus contatos com Chico Xaviereram freqüentes. Brilhante era a luzque inundava toda a sala, onde traziaos vários aparelhos materializados quefogem ao alcance da medicina terrena.Utilizando-se do éter, primeiramentehigienizava o recinto e as enfermida-des, e depois deixava espargir seu per-fume de jasmim e rosas que somenteEla sabe fabricar. Quando muito can-sado pelo grande número de atendi-mentos às criaturas necessitadas,Chico era imediatamente envolvidopor seu perfume, que exala esponta-neamente, e muitos já o sentiram aose aproximarem dele, em qualquerlocal ou situação.

Na obra “Chico Xavier, 40 Anosno Mundo da Mediunidade” de Ro-que Jacintho, encontramos o seguin-te depoimento: “Chico aplicava pas-ses. Ao nosso lado, ocorreu um ruído,qual se algum objeto de pequeno por-te tivesse sido arremessado, sem mui-ta violência. (- Jô - disse um médium- Scheilla deu-lhe um presente.) Logomais, procuramos ao nosso derredore vimos um caramujo grande e adora-velmente belo, estriado em deliciosascores. Apanhamo-lo, incontinenti, everificamos nele água marítima, sal-gada e gelada, com restos de uma areiafresca. Scheilla o transportara paranós. Estávamos a centenas de quilô-metros de uma nesga de mar, em ma-nhã de sol abrasador que crestava avegetação e, em nossas mãos, ocaramujo que o Espírito nos ofertara,servindo-se da mediunidade deChico!”. Na assistência reduzida, es-tava presente um cientista suíço, ma-terialista, que ali viera ter por insis-tência de seus familiares. Scheilla, em

sotaque alemão, anunciou: - Paranosso irmão que está ali - indicavao suíço -, vou dar o perfume que asua mãezinha usava, quando na Ter-ra. Despertou-lhe um soluço como-vido, pela lembrança que se lheaflorou à memória, recordando a fi-gura da mãezinha ausente. Temposdepois, um outro raro instante se deucom a presença de Scheilla. “Bissoli,Gonçalves, Isaura, entre outros,compunham a equipe de beneficia-dos, agrupando-se numa das salas dacasa de André, tendo Chico se reti-rado para o dormitório do casal,onde permaneceria em transemediúnico. Uma onda de perfumecorporifica-se Scheilla, loira e jovi-al, falando com seu forte sotaquealemão. Bissoli estabeleceu o diá-logo: -Eu me sinto mal - diz Bissoli- Você - informou Scheilla - comemuita manteiga Bissoli. Vou tiraruma radiografia de seu estômago. Apedido, nosso companheiro levan-tou a camisa. O Espírito corporifi-cado aproxima-se e entrecorre, numsentido horizontal, os seus dedossemi-abertos sobre a região do es-tômago de nosso amigo. E tal se lheincrustassem uma tela de vidro noabdômen, podíamos ver as víscerasem funcionamento. - Pronto! - dizScheilla, apagando o fenômeno. -Agora levarei a radiografia ao Pla-no Espiritual para que a estudem elhe dêem um remédio”.

Ao término destes singelosapontamentos biográficos, com mui-to respeito por esse Espírito Missi-onário, de tanta dedicação e amorem nome de Jesus, só nos resta agra-decer a assistência e amor doadospor ela, que tem seu nome vincula-do a inúmeras instituições espíritasem todo o Brasil, inclusive na cida-de de Londrina, onde funciona, hámais de vinte anos, o Núcleo Espí-rita Irmã Scheilla.

Todos os domingos, está narede mundial de computadoresmais uma edição semanal da revistaO Consolador, fundada em 18/4/2007, com artigos, entrevistas, re-portagens e noticiário do movimen-to espírita no Brasil e no exterior.

Leia e divulgue

O ConsoladorRevista Semanal de Divulgação Espírita

www.oconsolador.comA partir do mesmo site, é pos-

sível ao leitor acessar também asedições mensais do jornal “O Imor-tal”, bem como o programa de TV“Reflexão Espírita” e a programa-ção da TV CEI, produzida peloConselho Espírita Internacional.

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O IMORTALPÁGINA 14 MAIO/2008

Sacrifício maternoO pai tinha desencarnado ha-

via algum tempo, partindo para aPátria Espiri-tual, e Mane-co ficou sozi-nho com suamãe.

A vida,que até aque-la data foratranqüila enada lhes fal-tava, tornou-se difícil. Osrecursos queo pai deixaraminguavamdia a dia e,em poucosmeses, acaba-ram por com-pleto.

Maneco,porém, semperceber a si-tuação, conti-nuava na mes-

não sabia o que fazer para agradaro filho.

Não tendo dinheiro, a pobremulher recorria à bondade dos vi-zinhos e amigos, emprestando osuficiente para comprar algo me-lhor para o filho: uma fruta, umpedaço de carne, algumas batatas,algum doce.

Quando o rapazinho sentava-se à mesa e comia com apetite,a mãe sentia-se compensada deseus esforços, e fitava-o embe-vecida, satisfeita. Maneco per-guntava:

— Não vai almoçar, mamãe?Invariavelmente ela respondia,

dando uma desculpa:— Não estou com fome, meu

filho.Ou, então, alegava que já ha-

via almoça-do, ou que al-moçaria de-pois.

Certo dia,ao chegar àsua casa, Ma-neco encon-trou a mãezi-nha na cama,desfalecida.

O médicochamado àspressas, apósexaminá-la,informou:

— O esta-do de sua mãeé de fraquezaextrema. Pro-vavelmentenão come hávários dias.Precisa ali-m e n t a r - s e

melhor para poder recuperar as for-ças.

Maneco, surpreso, não sabia oque dizer. Aproximando-se do lei-to, perguntou à mãe:

— Por que não tem se alimen-tado, mamãe?

A generosa senhora, um poucoenvergonhada, nada disse; apenas

Neste mês de maio, quando sehomenageia as Mães, desejoexternar todo o meu carinho egratidão à criatura maravilhosaque você é, e a quem devo tudonesta vida.

Jovem, tendo existência tran-qüila e sem compromissos, renun-ciou a si mesma para unir-se a umrapaz, colocando sobre seus om-bros a responsabilidade de umacasa, com todos os seus afazeres.

Mais do que isso, aceitou-mecomo filho, permitindo que eurenascesse em seu lar.

Cuida de mim com infinitoamor, ampara-me e educa-mepara que eu, quando crescer, metorne alguém de bons princípios.

Mamãe, eu sei que sou chato,indisciplinado, desordeiro, pre-guiçoso e egoísta.

Talvez eu não seja o filho quevocê gostaria de ter, mamãe. Mascertamente você é a mãe que eusempre quis ter.

Posso não demonstrar, commeu jeito relaxado de ser, masamo você acima de tudo.

Você merece tudo de melhor.Por isso, neste seu dia, eu gosta-ria de vê-la acordar ao som de

uma banda e fogos de ar-

tifício , balões espa-

lhados por toda a casa e

um lindo presente . Como

não posso dar-lhe tudo isso, re-ceba esta linda cesta de flores

.

Por favor, neste Dia dasMães, releve minhas travessuras,meus erros, e aceite um abraçobem apertado com todo o meuamor.

FELIZ DIA DAS MÃES!SEU FILHO

Felicidades, Mamãe!

ma vida: estudava, brincava e diver-tia-se.

Acostumado a ter o que dese-java, sem se privar de nada, come-çou a reclamar de tudo: da comi-da, das roupas gastas, dos sapatosusados, mostrando-se exigente einsatisfeito.

A mãezinha amorosa, cujos re-cursos restringiam-se à pensão queo marido deixara ao desencarnar,

uma lágrima desceu pelo seu ros-to pálido.

Maneco, perplexo, compreen-deu enfim. Aos poucos foi ligandoos fatos, lembrando-se de tudo o quevinha acontecendo, e entendeu quea mãezinha sacrificava-se por ele.Dava o melhor de si para o filho,nada reservando para ela mesma.

E ele, insensível e prepotente,nunca percebera o sacrifício damãe.

Maneco caiu ajoelhado, em lá-grimas, ao lado do leito pobre, en-quanto lhe dizia com vozentrecortada de emoção:

— Perdoa, mãezinha, não terpercebido a nossa real situação e agrandeza da sua generosidade.Mas, nunca senti falta de nada!Como é que a senhora conseguiacomprar tudo que me oferecia?

Uma vizinha, que chegara hápouco e ouvia a conversa, respon-deu comovida:

— Sua mãe emprestava o di-nheiro de um e de outro para quenada lhe faltasse, Maneco.

— Meu Deus! Como pude sertão cego? Mamãe, eu arranjarei umemprego, pois já tenho idade paratrabalhar. Não ganharei muito, porcerto, mas o pouco que receber seráo suficiente para amenizar nossoinfortúnio. Deus nos ajudará, ma-mãe, e seremos muito felizes ain-da.

A mãe, com sorriso terno, afir-mou contente:

— Deus já nos ajudou, meu fi-lho, e considero-me muito feliz porEle ter-me dado um filho comovocê!

Tia Célia

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O IMORTALMAIO/2008 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1868 (5ª Parte)

Continuamos a publicação dotexto condensado da Revista Es-pírita de 1868. As páginas citadasreferem-se à versão publicada pelaEdicel.

*47. Kardec reproduz vários tre-

chos contidos no livro, dos quaisextraímos as informações seguin-tes: I – Há um outro modo de noscomunicarmos com os Espíritos? –Sim, pelo pensamento. II – E comopoderíamos nos entender com opensamento dos Espíritos? – Pelaconcentração. III – Como se obtéma felicidade? – Amando-vos uns aosoutros. IV - Que forma revestemos Espíritos? – A forma humana. Hádois corpos: um material, outro deluz. V – O corpo de luz é o Espíri-to? – Não; é uma agregação de éter;fluidos leves formam o corpo deluz. VI – Que é um Espírito? – Umhomem em estado de essência. VII– Qual o seu destino? – Organizaro movimento material cósmico; co-operar com Deus para a ordem e nasleis dos mundos no universo. VIII– Existem outros mundos habita-dos? – Cada globo do sistema solaré habitado por uma humanidadecomo a vossa. IX – Por que nemsempre os Espíritos vêm ao nossoapelo? – Porque estão muito ocu-pados. X – Como distinguir os Es-píritos levianos dos Espíritos séri-os? – Por suas respostas. XI – Po-dem os Espíritos tornar-se visíveis?– Algumas vezes. XII – Qual a ver-dadeira religião? – Amar-vos unsaos outros. (Págs. 122 a 124.)

48. A respeito dos trabalhos atu-ais da Sociedade Espírita de Cadiz,o correspondente da Revista diz queo grupo se reunia cinco vezes porsemana. Em cada noite a sessão eraaberta pelo Espírito do dr. Gardoqui,que fora médico na cidade. Depoisde dar conselhos aos presentes, o dr.Gardoqui visita os doentes relacio-nados pelo grupo e indica os remé-dios necessários, quase sempre comsucesso. Em seguida, comunica-seo Espírito familiar do círculo, quetraz outros Espíritos, tanto superio-res para os instruir, quanto inferio-res para serem ajudados com os con-selhos e o encorajamento dos encar-nados. (Págs. 124 a 126.)

49. Finalizando o artigo, Kardecobserva que o pioneirismo de Cadizno tocante aos estudos espíritas émais uma prova de que o movimen-to regenerador recebe seu impulsode mais alto que a terra e que seufoco está em toda a parte, sendo poistemerário tentar abafá-lo, visto que,em falta de uma saída, há mil outraspelas quais será feita a luz. Para queservem as barreiras contra aquilo quevem do alto? (Pág. 126.)

50. Comunicação mediúnica re-cebida em Joinville, Haute-Marne,a 10 de março de 1868, diz que sooua hora da libertação da mulher, quedeseja ser livre e para isto precisalibertar sua inteligência dos erros edos preconceitos do passado. Escla-rece o instrutor espiritual que é peloestudo que ela alargará o círculo deseus conhecimentos estreitos e mes-quinhos. Conhecendo as leis queregem os mundos, ela compreende-rá Deus de modo diferente do quelhe ensinam, e não mais acreditaráem um Deus vingador, parcial e cru-el, porquanto sua razão lhe dirá quea vingança, a parcialidade e a cru-eldade não podem conciliar-se coma justiça e a bondade. Finalizandoa mensagem, o amigo espiritual dis-se estas palavras proféticas: “Ela re-clama sua parte de atividade inte-lectual, e a obterá, porque há umalei mais poderosa do que todas asleis humanas; é a lei do progresso,à qual toda a criação está submeti-da”. (Págs. 126 e 127.)

O Espiritismo – disse Lavater– será, um dia, a fé universal

51. Na abertura da Revista demaio lê-se a sexta e última cartaenviada por Lavater à ImperatrizMaria. Com a carta, Lavater enviouuma longa mensagem mediúnicadatada de 1798 em que o comuni-cante fala das relações existentesentre os Espíritos e os seres queeles amaram na Terra. Segundo ele,existem relações imperecíveis en-tre os mundos visível e invisível euma ação benéfica recíproca decada um desses mundos sobre ooutro. (Págs. 129 a 135.)

52. Seria supérfluo, diz Kardec,ressaltar a importância das cartasde Lavater, que, por toda a parte,excitaram o mais vivo interesse.Elas atestam não só o conhecimen-to dos princípios fundamentais doEspiritismo, mas uma justa apre-ciação de suas conseqüências mo-

rais. Apenas sobre alguns pontos asidéias de Lavater diferiam das queo Espiritismo ensina, fato reconhe-cido pelo próprio Lavater em co-municação dada verbalmente a 13de março de 1868 na Sociedade Es-pírita de Paris. (Págs. 135 e 136.)

53. Nessa comunicação, Lava-ter diz que os estudos realizadospelos Espíritos são mais vastos queos estudos dos homens, mas partemsempre dos conhecimentos adquiri-dos e do ponto culminante do pro-gresso moral e intelectual do tempoe do meio em que vivem. O Espiri-tismo, diz Lavater, não foi reveladoabruptamente, mas desenvolveu-selenta, segura e progressivamente. OEspiritismo – que está fadado a fa-zer muito grandes revoluções – será,um dia, a fé universal, e os povosadmirar-se-ão de que não tenha sidosempre assim. (Págs. 136 a 140.)

54. Em Caen, uma senhora esuas três filhas, querendo estudar adoutrina espírita, não podiam lerduas páginas sem sentir um mal-es-tar, de que não davam conta. Um dia,uma jovem médium, posta em esta-do sonambúlico, viu na casa um Es-pírito de um padre da localidade,morto havia dez anos. Era ele queimpedia a família de ler. Algum tem-po depois, devidamente esclarecidono grupo espírita da cidade, ele setransformou por completo, a pontode exclamar: “Sim, agora sou espí-rita, dizei-o a todos os que ensinam.Ah! eu queria que compreendesseDeus como este anjo mo fez conhe-cer!” O ex-padre referia-se a Cárita,que tinha vindo até ele e diante daqual prostrou-se de joelhos, dizen-do dela que não era um Espírito, masum anjo. (Págs. 140 e 141.)

55. Este caso e um outro perti-nente ao Espírito do dr. X..., que foraum médico céptico e se transforma-ra após a morte com os esclareci-mentos recebidos no grupo espíritade Caen, confirmam três grandesprincípios revelados pelo Espiritis-mo: 1o – Que a alma conserva nomundo espiritual, por um tempomais ou menos longo, as idéias e ospreconceitos que tinha na vida ter-restre. 2o – Que ela se modifica, pro-gride e adquire novos conhecimen-tos no mundo dos Espíritos. 3o – Queos encarnados podem contribuirpara o progresso dos Espíritos de-sencarnados. (Págs. 141 e 142.)

56. Progredindo o Espírito forada encarnação, disso resulta que, ao

voltar à Terra, ele traz o produto doque adquiriu nas existências anteri-ores e no estado de erraticidade. Éassim que se realiza o progresso dasgerações. Quando o médico e o pa-dre citados acima reencarnarem, tra-rão idéias e opiniões diversas dasque tinham na existência recém-fin-da. Um não será mais fanático, ooutro não será mais materialista, eambos serão espíritas. Há, pois, uti-lidade para o futuro da sociedade emnos ocuparmos também com a edu-cação dos Espíritos. (Pág. 142.)

Um ex-médico disse queao desencarnar, apesarde morto, sentia-se vivo

57. Numa reunião íntima de fa-mília, em que se faziam exercíciosde tiptologia, manifestou-se um mé-dico distinto, morto há pouco e que,em vida, fizera abertamente profis-são do mais absoluto materialismo.O médico (designado pelo pseudô-nimo Philippeau) fez diversas per-guntas, que foram respondidas poroutro Espírito, que assinou SainteVictoire. A primeira pergunta domédico foi: “O Espiritismo me en-sina que é preciso esperar, amar, per-doar; eu faria tudo isto se soubessecomo me haver para começar. É pre-ciso esperar o quê? Perdoar o quê ea quem? Amar a quem?” A respostafoi bem clara: “Há que esperar namisericórdia de Deus, que é infini-ta; há que perdoar aos que vos ofen-deram; há que amar ao próximocomo a si mesmo; há que amar aDeus, a fim de que Deus vos ame evos perdoe; há que orar e lhe rendergraças por todas as suas bondades,por todas as vossas misérias, por-que miséria e bondade, tudo nosvem dele, isto é, tudo nos vem deleconforme o que tenhamos mereci-do”. (Págs. 142 e 143.)

58. Philippeau disse que iria ten-tar fazer o que lhe foi aconselhado,embora temesse não consegui-lo.Em seguida, referiu-se às impres-sões que tivera ao adentrar a vidaespiritual, quando, apesar de mor-to, materialmente falando, sentia-sevivo. “Assim se passaram três dias;eu estava desaparecido do mundo,e me sentia mais vivo que nunca”,informou o médico. Depois, ao to-mar conhecimento dos ensinamen-tos espíritas, percebeu que não maisera um homem, mas um Espírito, eque agora tinha que recomeçar, vis-to que, dominado pela ambição, fi-

zera na Terra tudo ao contrário doque devia: “Aprendi, cursei a ciên-cia, não por amor à ciência, mas porambição, para ser mais que os ou-tros, para que falassem de mim”.“Tratei do próximo, não para o ali-viar, mas para me enriquecer. Numapalavra, fui todo para a matéria,quando se deve ser todo para o Es-pírito. Quais são hoje as minhasobras? A riqueza, a ciência; nada!nada! Tudo está para refazer.”(Págs. 143 e 144.)

59. A literatura da época, diz Kar-dec, impregnava-se diariamente dasidéias espíritas, de que são exemplosos folhetins A Condessa de Monte-Cristo, publicado pela Petite Presse,e O Calabouço da Torre dos Pinhei-ros, publicado pela Liberté, bemcomo o artigo publicado pelo Progrèsde Lyon, sob a forma de uma cartasupostamente escrita de outro mun-do pelo convencional Clootz, sobreos quais a Revista tece ligeiras con-siderações. (Págs. 145 a 150.)

60. Outra prova de que as idéiasespíritas estavam no ar é o discursoproferido pelo sr. Jules Adenis, emnome da Sociedade dos Autores Dra-máticos, no enterro do sr. MarcMichel. Segundo o jornal Temps, de27 de março de 1868, o orador lem-brou na ocasião outro escritor recen-temente falecido, Ferdinand Langlé,cuja alma – disse ele – provavelmen-te viera receber Marc Michel no “li-miar da eternidade”, um pensamen-to tipicamente espírita que não erae não é aceito pela doutrina oficialda Igreja e das religiões protestan-tes. (Págs. 150 e 151.)

61. Um interessante caso depremonição obtida em um sonhofoi relatado pelo Figaro de 12 deabril de 1868 e reproduzido pelaRevista. Dez anos depois, quandoo exército francês desembarcou naCriméia, o sonho se realizou inte-gralmente, sem faltar nenhuma desuas minúcias. (Págs. 151 e 152.)

62. Notícia sobre fenômenosde pancadas numa casa da Rússia,extraída do Courrier Russe, de SãoPetersburgo, é transcrita pela Re-vista. Todas as noites, diz o jornalrusso, pelas dez horas, começavamos exercícios, com transporte deobjetos e batidas. Tendo o mora-dor recorrido à polícia, um solda-do passou várias noites na casa,mas a desordem não cessou. (Págs.153 e 154.) (Continua no próximonúmero.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

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O IMORTALPÁGINA 16 MAIO/2008

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

No dia 1o de abril de 1858,menos de um ano após o lança-mento da primeira edição d´OLivro dos Espíritos, Allan Kardecfundou a Sociedade Parisiense deEstudos Espíritas, a primeira en-tidade espírita oficialmente cons-tituída.

Conforme consta na páginafinal da Revista Espírita de maiode 1858, Kardec deu ciência dacriação da Sociedade nos seguin-tes termos: “Sociedade Parisien-se de Estudos Espíritas. Fundadaem Paris a 1o de abril de 1858 eautorizada por portaria do Sr. Pre-feito de Polícia, conforme o avi-so de S. Ex. o Sr. Ministro do In-terior e da Segurança Geral, emdata de 13 de abril de 18583 .

A Sociedade ficou definitiva-mente instalada em um imóvelalugado em Paris, para onde maistarde também foi transferida a re-dação da Revista Espírita. As ati-vidades realizadas na época po-dem ser conhecidas pela leiturado Boletim, usualmente inseridona Revista Espírita.

Kardec criou um Regulamen-to que tratava dos fins, adminis-tração, sessões, entre outras dis-posições da sociedade, e exigiaextrema seriedade dos participan-tes, o que deu credibilidade à ins-tituição. A sociedade passou pordiversas dificuldades, mas tor-nou-se certamente exemplo paratantas outras que surgiriam pos-teriormente.

Por ocasião das comemora-ções do Bicentenário de Nasci-mento de Allan Kardec, duranteo IV Congresso Espírita Mundialrealizado em Paris de 2 a 5 deoutubro de 2004, foram apresen-tados alguns documentos inéditose pessoais do Codificador, os

ANGÉLICA [email protected]

De Londrina

quais faziam parte doacervo reunido pelo es-tudioso escritor espiri-tista Dr. Sylvino Canu-to Abreu. Cedidos peloInstituto Canuto Abreuao CEI, cujo SecretárioGeral, Dr. Nestor JoãoMasotti, os divulgou noreferido Congresso, es-ses documentos consti-tuem uma expressivafonte de investigaçãobibliográfica.

Antes deconstituir-se

em Sociedade,o grupo

chamava-seCírculo Parisien-

se de EstudosEspíritas

Eis o original fran-cês de um desses docu-mentos: um ofício diri-gido pelo Codificador àautoridade policial in-cumbida de deliberarsobre a constituição da Sociedade:

«A Monsieur le Préfet de Policede la ville de Paris.

Monsieur le Préfet:Les membres fondateurs du

Cercle Parisienne des ÉtudesSpirites qui ont sollicité auprès devous l’autorisation nécessaire pourse constituer en Société, ontl’honneur de vous prier de vouloirbien leur permettre des réunionspréparatoires en attendantl’obtention de l’autorisationrégulière.

J’ai l’honneur d’être avec leplus profond respect, Monsieur lePréfet, votre très humble et trèsobéissant serviteur,

H. L. D. Rivail dit Allan Kar-dec. Rue des Martyrs nº 8.».

Traduzido para o nosso idioma,o ofício diz o seguinte:

«Ao Sr. Prefeito de Polícia dacidade de Paris.

Sr. Prefeito:Os membros fundadores do

Círculo Parisiense de Estudos Es-píritas, que solicitaram junto a vósa autorização necessária para cons-tituir-se em Sociedade, temos ahonra de pedir-vos que consintaispermitir-nos reuniões preparatóri-as, enquanto esperamos a autori-zação regular.

Com o mais profundo respei-to, Sr. Prefeito, tenho a honra deser vosso muito humilde e muitoobediente servidor,

H. L. D. Rivail, dito Allan Kar-dec. Rua dos Mártires nº 8.»

Observa-se, então, que, antesda constituição da Sociedade, ogrupo utilizava um nome provi-sório - Cercle Parisienne desÉtudes Spirites – e foi assimque se reunia todas as terças-fei-ras na Rua dos Mártires nº 8, naresidência particular de Rivail

Faz 150 anos que surgiu a SociedadeParisiense de Estudos Espíritas

Após publicar O Livro dos Espíritos, a primeira e mais importante obra da Doutrina Espírita, Kardec fundou em janeiro de 1858a Revue Spirite e, três meses depois, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que dirigiu até o dia de seu falecimento

em Paris, por um pe-ríodo aproximado deseis meses antes dafundação da SociétéParisienne des ÉtudesSpirites.

Constituída a Soci-edade, as reuniões pas-saram a realizar-se numlocal alugado no Palá-cio Real, galeria Valois,onde esteve por umano, de 1o de abril de1858 a 1o de abril de1859. Não conseguindopermanecer nesse localpor mais tempo, passoua reunir-se todas as sex-tas-feiras em um dossalões do restauranteDouix, no Palais-Ro-yal, galeria Montpensi-er, de 1o de abril de1859 a 1o de abril de1860, época em que seinstalou num local pró-prio na Passage Sain-te-Anne, 1º andar

(foto), onde funcionou de 1860 até30 de março de 1869.

Para Deolindo Amorima Sociedade fundada

por Kardec foi aprimeira sociedadeespírita do mundo

A Passage tem entrada pela rueSainte-Anne nº 59. O apartamentoera muito simples. Com apenas 40m2 de área, constituía-se somentede quatro cômodos: dormitório,sala, banheiro e cozinha, onde ficaa entrada principal. O dormitóriotinha dois pequenos armários em-butidos que também serviam deestante.

Teria sido a Sociedade Parisi-ense de Estudos Espíritas a pri-meira Sociedade espírita do mun-do? Segundo Deolindo Amorim,a resposta é sim. Obviamente,muito antes de haver Allan Kar-dec fundado a sociedade, surgi-

ram, tanto na América do Nortecomo na Europa, diversas soci-edades de investigações psíqui-cas. Nos Estados Unidos, porexemplo, logo depois dos céle-bres fenômenos de Hydesville,em 1848, fundaram-se muitoscentros de investigações. Há re-latos de que apenas dois anosdepois o número de grupos es-píritas naquele país se contavaàs centenas. Mas foi certamentea Sociedade Parisiense de Estu-dos Espíritas a primeira socieda-de de caráter “espírita”, isto é,uma sociedade fundada e orien-tada com base na doutrina espí-rita, algo inexistente antes de 18de abril de 1857, quando surgiuem Paris O Livro dos Espíritos,que deu início à Codificação doEspiritismo.

As sociedades fundadas an-teriormente, aliás em grandenúmero, não tinham ainda “ca-ráter espírita” porque não ha-via sido codificada a doutrinaespírita. Eram apenas socieda-des em que se faziam sessõesexperimentais de mediunismo,porque havia médiuns, maselas não tinham nem podiamter orientação doutrinária, umavez que não existiam então asObras que compõem a Doutri-na Espírita.

Com a desencarnação deKardec em 31 de março de1869, a Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas nomeoucomo membros de sua direto-ria para o período 1869–1870os srs. Levent, Malet, Canagui-er, Ravan, Desliens, Delanne eTailleur, incumbindo a presi-dência ao sr. Malet, que era, se-gundo o Sr. Levent, o candida-to de preferência de Kardec. Aposse do novo presidente, cujodiscurso foi transcrito no nú-mero de maio, ocorreu no dia9-4-1869.

Passage Sainte-Anne, onde funcionou a Sociedade Espírita de Paris